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Conceito de sucessão

Na opinião do professor Galvão Telles dá-se sucessão ou transmissão quando uma pessoa fica
investida num direito ou numa obrigação ou num conjunto de direitos e obrigações que antes
pertenciam a outra pessoa sendo os direitos e as obrigações do novo sujeito considerados os
mesmos do sujeito anterior e tratados como tais.

Interessa a esta unidade curricular o conceito ou sentido da sucessão mortis causa e não uma
transmissão ou sucessão em sentido abrangente já que esta tanto pode significar que se
operou em vida ou por morte. Falaremos de direito das sucessões quando em relação a um
universo de direitos e obrigações há uma pessoa que deixa de ser titular e outra que os
adquire por se ter verificado a morte da primeira. Digamos que os direitos e as obrigações se
desligam de um sujeito e prendem-se a outro (ou outros).

Sucessão em vida, distingue-se da sucessão mortis causa porque a primeira pressupõem que a
morte não seja causa para a transmissão de bens ou de uma mudança na titularidade das
dividas ou de direitos sobre esses bens. Na sucessão intervivos a transmissão produz-se de
alguém que está vivo a outro que recebe os direitos e/ou as obrigações enquanto na sucessão
mortis causa o sucessível (aquele que sucede) ocupa a posição do autor da sucessão (de cuiús
ou de cujus) substituindo-o na titularidade dos direitos e das obrigações porque a sua morte os
deixou vagos.

Direitos transmissíveis e intransmissíveis

Deste binómio resulta o objeto da vocação sucessória. O âmbito da sucessão, ou seja, em que
se sucede, a que relações ou posições jurídicas são os sucessíveis chamados, o que compõe o
acervo hereditário, é esta a forma de determinar pois o objeto da vocação sucessória.

A esfera jurídica ou o universo de direitos de que um sujeito é titular comporta direitos


pessoais (ligados à personalidade do sujeito) e patrimoniais (direitos de crédito e direitos
reais). Em regra, os direitos de natureza estritamente pessoal, porque refletem uma especial
ligação ao sujeito que os detém dele não se podem desligar e como tal não entram no
comercio jurídico. Não são, pois, em regra transmissível. Ao invés os direitos de conteúdo
patrimonial desligam-se do sujeito de faleceu e como tal são transmissíveis mortis causa.

Também por regra um direito transmissível ou intransmissível em vida também o é por morte.
Por exemplo o direito real de habitação é intransmissível em vida e consequentemente o é por
morte. Já o direito de usufruto é transmissível em vida e já não é transmissível mortis causa.

No âmbito dos direitos de natureza pessoal os direitos de autor são exemplo de


intransmissibilidade em vida e de transmissibilidade por morte. Tais direitos de autor são
inseparáveis do autor da sucessão enquanto for vivo mesmo que tenha alienado os direitos
patrimoniais sobre a obra, mas transmitem-se aos seus herdeiros.

Justificação da intransmissibilidade

As razoes que se apontam para explicar a intransmissibilidade de alguns direitos são validas no
seu oposto sentido para justificar a transmissibilidade dos restantes. Há direitos que são
constituídos para satisfação de necessidades especificas de alguém de tal modo que o
conteúdo do direito foi modelado tendo em consideração as necessidades próprias e
concretas, razão pela qual estes direitos são conhecidos como intuitus personae.

Assim não faria sentido mesmo que em causa estejamos a falar de direitos patrimoniais que o
sujeito que detém um direito “à sua medida” pudesse aliená-lo pois certamente não satisfaria
necessidades alheias com o mesmo ajustamento. É o caso do direito de alimentos 2003, 2004,
e 2012º CC que são proporcionados a certa pessoa em função das suas concretas
necessidades.

É ainda exemplo o direito real de habitação nos termos atras referidos art 1484º a 1486º e
1488º CC. Estes dois direitos são absolutamente intransmissíveis quer em vida quer por morte.
O usufruto “parente próximo do direito de habitaçao2 é intransmissível por morte, mas não o
é em vida uma vez que o vínculo que se estabeleceu com o seu titular não foi motivado por
uma particular necessidade desse sujeito.

Por vezes o direito é intransmissível por depender de motivações subjetivas do seu titular. Por
exemplo ninguém pode suceder ao doador no direito de invalidar uma doação por ingratidão
do donatário 974º e ss CC pois só ele pode “sentir” as ofensas que lhe foram dirigidas.

Espécies de sucessão

Dispõe o artigo 2026º CC que a sucessão é deferida por lei, testamento ou contrato.

Falamos, pois, de sucessão legal e voluntária. A primeira decorre de normal legal e a segunda
da declaração de vontade do autor da sucessão. Por sua vez a sucessão legal compreende a
sucessão legitima que é meramente supletiva face à ausência de vontade do autor da sucessão
e a sucessão legitimaria que resulta ed norma imperativa. A sucessão voluntaria subdivide-se
em sucessão contratual (admitida muito excecionalmente) e a sucessão testamentaria, ou seja,
a que resulta de testamento.

- A sucessão voluntaria

A vontade neste caso normalmente referida como última vontade é o que se pretende
proteger dando tutela à ideia de influência e continuidade do autor da sucessão nas suas
relações jurídicas que agora se transmitem por sua morte. Para tanto é necessário que o autor
da sucessão unilateralmente (testamento) ou bilateralmente (sucessão contratual) manifeste
essa sua vontade. A sucessão contratual esta residualmente admitida no nosso ordenamento
jurídico a propósito das doações mortis causa feitas em convenção antenupcial.

- A sucessão contratual

São proibidos os contratos sucessórios e entre eles as doações por morte e a renuncia à
sucessão de pessoa viva (também conhecidos como pactos prenunciativos e dispositivos)
venda de herança própria, com exceção dos admitidos na lei. A lei apenas admite os contratos
sucessórios nas convenções antenupciais 1700º. Resume-se assim a sucessão contratual à
doação mortis causa prevista naquele art. 1700º e ss CC. Prevalece sempre sobre anterior ou
posterior disposição testamentaria e são sempre irrevogáveis (ao contrário do testamento).
- A sucessão testamentária

Existe sucessão testamentaria 2024 a 2030º e 2179º e ss CC quando o autor da sucessão


manifesta a sua vontade sobre o destino da sua herança quando não tenha herdeiros
legitimários ou apena sobre parte dela (quota disponível) se os houver.

Testamento nas palavras da lei é o ato unilateral e revogável pelo qual uma pessoa dispõe para
depois da morte de todos os seus bens ou de parte deles.

-A sucessão legal

Sucessão legitimaria

A sucessão legitimaria decorre imperativamente da lei e por isso não pode ser afastada por
vontade do autor da sucessão 2026º 2027º e 2156º e ss CC. Havendo herdeiros legitimários
(cônjuge, descendentes e ascendentes 2157º CC) não poderá o autor da sucessão dispor de
uma parcela dos seus bens que a lei destina obrigatoriamente a aqueles herdeiros 2158º a
2161º CC estamos pois a falar da quota indisponível. Será então quota disponível aquela que
apesar da existência de herdeiros legitimários pode o autor da sucessão dispor desde que
esses atos de disposição em vida (doações) ou por morte (doações por morte) e testamento
não afetem a parte da herança destinada aqueles herdeiros.

- Sucessão legitima

A sucessão legitima tem previsão legal nos arts. 2026º, 2027º e 2131 e ss CC. Tal como
a sucessão legitimaria é deferida pela lei. Porém e ao contrário da legitimaria pode ser
afastada por completo pelo autor da sucessão. As normas da sucessão legitima são supletivas
exatamente porque dão destino aos bens do autor a sucessão quando este por sua vontade
não o fez. Portanto há lugar à sucessão legitima quando não havendo herdeiros legitimários ou
havendo-os tenham sido compostas as quotas legitimarias de tais herdeiros o autor da
sucessão não tenha em vida, ou por morte, valida e eficazmente disposto dos bens de que
podia dispor.

1. A herança

1.1 O herdeiro

Todo aquele que sucede na totalidade ou numa quota parte do património do falecido define-
se como herdeiro art.2030 nº2 e 3. Essa sua qualificação é independente da sucessão legal ou
testamentária. Por outras palavras, quando o sucessor vai suceder em bens que não estão
previamente determinados por vontade do autor da sucessão abrangendo quer a totalidade
do património quer uma indeterminada quota parte temos uma situação de herança e
consequente qualificação de herdeiro. A isto é chamado critério da indeterminação dos bens
sucessíveis.

2. Legado

2.1 Legatário
Ao invés tem-se por legatário aquele que é chamado a suceder em bens certos e determinados
ou determináveis com exclusão de outros bens. Os legados são quase todos instituídos por
vontade do autor da sucessão em testamento e só residualmente resultam da lei. É o caso do
direito que o cônjuge sobrevivo tem no uso dos moveis da casa de morada de família.

Por vezes surgem problemas na interpretação da vontade do testador pois há legados em que
as coisas não estão especificadas, mas estão determinadas e a determinação é o critério único
para apurar da existência ou não de um legado. É visível este problema no que toca às
universalidades de facto nas quais pode o sucessível ser chamado a suceder excluindo-se
outros bens do autor da sucessão embora não tenham sido especificados em concreto quais os
elementos da universalidade de facto que preenchem o legado. ex. deixo ficar ao meu amigo
João 10 ovelhas do meu rebanho.

Legado em substituição de legitima subjetiva

Legitima subjetiva não é mais do que a quota indisponível. A legitima subjetiva é a parcela da
legitima objetiva que cabe a cada herdeiro legitimário. O autor da sucessão pode nos termos
do art.2165 CC legar ao herdeiro legitimário coisa que substitua a sua legitima ou seja que
substituía a parcela da herança que não lhe pode ser retirada por se tratar de herdeiro
legitimário. Ao aceitar este legado em substituição da legitima determina a perda da legitima o
herdeiro legitimário agora também legatário no momento da aceitação da herança terá de
fazer uma opção qual seja a de aceitar ou não o legado. aceitando perde o direito á legitima
repudiando o legado continua a ser o herdeiro legitimário.

A designação sucessória

Generalidades

A designação sucessória consiste na determinação antes da morte do autor da sucessão como


seu sucessível ou sucessíveis certa pessoa ou certa categoria de pessoas por mero efeito da lei
quer se trate de norma imperativa (sucessão legitimária) quer se trate de norma supletiva
(sucessão legitima) ou ainda por força de vontade corporizada em testamento ou
excecionalmente em doação mortis causa.

Para prevenir eventuais lapsos de continuidade, pois o que se pretende é assegurar que a
herança não permaneça ad etarnum isto é que os direitos nela contidos fiquem sem titular a
lei designa antes da morte do autor da sucessão quais são os seus possíveis sucessores e
havendo vontade do autor da sucessão define as regras dentro dos quais a vontade pode ser
exercida

hierarquia

as designações sucessórias são múltiplas podendo confrontar-se. Daí a necessidade das as


hierarquizar anulando conflitos de interesse e tornando previsível e estável a futura sucessão
aos olhos dos interessados. Antes da morte do autor da sucessão surgem-nos designadas por
força da lei ou da vontade deste, certas pessoas como seus possíveis sucessores de forma a
garantir que as relações jurídicas do de quios tenham continuidade nalguma ou nalgumas
pessoas designadas legal ou voluntariamente. Dir-se-á que a morte pode surgir em qualquer
momento interrompendo a titularidade das relações jurídicas de um qualquer sujeito embora
se assegure em qualquer caso a prévia determinação de alguém como sendo o mais bem
posicionado para continuar as ditas relações jurídicas do que faleceu.

Assim hierarquicamente temos:

a) Sucessíveis legitimários
b) Sucessíveis contratuais (donatários mortis causa)
c) Sucessíveis testamentários
d) Sucessíveis legítimos

Sucessíveis e legitimários

Os sucessíveis legitimários designados por normas de caracter imperativo art.2026 e 2027º e


2156 e ss estão no topo da hierarquia da designação sucessória. a sucessão legitimária é
aquela que não pode ser afastada pelo autor da sucessão. Esta traduz a determinação antes da
morte do autor da sucessão como sendo seus sucessíveis certas pessoas ou categorias de
pessoas por imposição legal e consequentemente inderrogável por manifestação de vontade.
A estes sucessíveis legitimários destina-se a quota indisponível do autor da sucessão que não
pode ser ferida por um qualquer ato dispositivo gratuito do autor da sucessão. Pode até o
autor da sucessão mesmo sabendo que tem sucessíveis legitimários ter disposto entre vivos ou
por morte da totalidade dos seus bens de forma gratuita. Contudo existem mecanismos de
proteção da quota indisponível ou legitima dos herdeiros legitimários como é exemplo a
redução das liberalidades por inoficiosidade. As liberalidades sejam elas doações entre vivos,
doações mortis causa ou disposições testamentárias são após a morte do autor da sucessão
suscetíveis de redução a recremento dos herdeiros legitimários na exata medida do que for
necessário para proteger a legitima dos herdeiros legitimários.

Este mecanismo da redução por inoficiosidade funciona quando se verifica a ofensa da quota
indisponível art.2168 reduzindo-se a liberalidade em tanto quanto for necessário para que a
legitima seja assegurada. Esta redução abrange não só as liberalidades que produzem efeitos
após a morte do autor da sucessão (testamento e doações mortis causa) mas também as que
produzem efeitos em vida (entre vivos).

Art.2162º H(herança) =R(bens deixados)+D(doações)-P (passivos)

Os sucesseis contratuais

Os sucessíveis contratuais (donatários mortis causa) são admitidos a título excecional. Falamos
das doações feitas em convenção antenupcial pelas quais se dispõe por morte de certos bens
ou quotas partes deles a favor do futuro cônjuge ou de terceiros. A sucessão contratual
prevalece então sobre a sucessão testamentária revogando até anteriores disposições
testamentárias com ela conflituantes.

Se um testamento pode ser revogado por um outro posterior facilmente se compreende que
também o possa ser por contrato como seja a doação mortis causa. Para alem disso são os
art.1701 e 1705 nº1 que nos confirmam que em regra o pacto sucessório (sucessão contratual)
é irrevogável dai que apos a sua celebração não se pode admitir a sua revogação por um
testamento que contem apenas uma declaração negocial.

Sucessíveis testamentários

Os sucessíveis testamentários são resultado da expressa vontade do autor da sucessão.


Contudo esta vontade do autor da sucessão está “condicionada” á obrigação de não por em
causa as normas imperativas da sucessão legitimária e das limitações decorrentes de eventuais
doações mortis causa art.2026, 2027, 2131 e 2179º. Estes sucessíveis testamentários podem
ser herdeiros ou legatários consoante sucedam na totalidade ou quota parte indefinida do
património ou em bens determinados, respetivamente. Entre herdeiros e legatários tem
prevalência estes últimos pelo facto de a lei qualificar o herdeiro testamentário como
responsável pelo cumprimento dos legados art. 2068, 2070, 2265º. o princípio da liberdade
testamentária permite ao autor da sucessão a possibilidade de ditar em testamento regras de
sucessibilidade nomeadamente criando classes de sucessíveis como é o caso das substituições
sucessorias.

Sucessíveis legítimos

Os sucessíveis legítimos que são apenas chamados se o falecido não tiver disposto valida e
eficazmente por ato gratuito entre vivos ou mortis causa de toda a sua quota disponível. Estes
estão elencados no art.2133º e em classes sucessíveis.

A sucessão legitimária

A designação legitimária é a determinação antes da morte do autor da sucessão de certas


pessoas como seus sucessíveis por força de norma imperativa. A designação sucessória
legitimária inicia-se pela conjunção da existência física do designado e do seu enquadramento
nas classes legitimárias previstas na lei tendo por base a expetativa jurídica de vir a adquirir a
sua legitima. O de cuiús (autor da sucessão) não pode alterar o elenco dos herdeiros
legitimários nem a ordem pela qual são chamados. Igualmente não pode modificar a porção da
legitima (subjetiva) pré-fixada na lei nem tao pouco sujeitá-la a encargos art2163.

O mecanismo da deserdação 2166 não traduz o princípio que o autor da sucessão pode dispor
livremente do seu património. É antes resultado da incapacidade sucessória por parte do
futuro deserdado.

Herdeiros legitimários

São herdeiros legitimários o cônjuge, os descendentes e os ascendentes pela ordem e segundo


as regras estabelecidas para a sucessão legitima. A expressa remissão do 2157 para o 2133
leva nos ao encontro de duas classes de sucessíveis legitimários. No nº1 a) temos o cônjuge e
os descendentes e no nº1 b) o cônjuge e os ascendentes. Entre estas duas classes prevalece a
primeira por força do disposto no art.2134 sendo apenas chamados os sucessíveis da segunda
classe senão houver descendentes, dentro de cada classe e de acordo com o art.2135º
prevalece o parente de grau mais próximo face aos mais afastados pelo que existindo por
exemplo um filho se afasta a chamada de um neto ou existindo um pai não se chama o avô.

Quota indisponível

A lei no seu art.2156 chama-lhe legitima (tambem conhecida como legitima global ou objetiva)
e corresponde á porção de bens de que o autor da sucessão não pode dispor por ser destinada
aos herdeiros legitimários. A medida da legitima varia não apenas em função da classe do
legitimário como tambem do tipo de legitimário e ainda do numero de legitimário. Por
exemplo e respetivamente os descendentes dao origem a uma legitima objetiva maior do que
a dos ascendentes ; o cônjuge tem posição privilegiada face a outros herdeiros legitimários e a
legitima dos filhos é diferente em função do número.
Será de 2/3 a legitima objetiva quando:

a) Em concurso estão cônjuge e filhos ou uma ou mais estirpes de descendentes do autor


da sucessão 2158 e 2160
b) Não havendo cônjuge, mas sobreviverem ao autor da sucessão dois ou mais filhos
2159 nº2 ou duas ou mais estirpes de descendentes 2160
c) Não havendo descendentes do autor da sucessão se concorrerem á sucessão o
cônjuge com um ou mais ascendentes qualquer que seja o grau de parentesco 2161

Nota: estirpes

Trata-se de um ramo sucessório constituído pelos descendentes de um parente do autor da


sucessão filho ou irmão que tenha falecido previamente ou que tenha repudiado.

A legitima objetiva será de metade quando:

a) O único herdeiro legitimário for o cônjuge sobrevivo 2158


b) Não havendo cônjuge sobrevivo, se sobreviver apenas um filho 2159 nº2 ou uma só
estirpe de descendentes 2160
c) Não sobrevivendo o cônjuge nem descendentes do autor da sucessão a herança se
devolver a um ou a ambos os pais do autor da sucessão 2161 nº2 1º parte.

Será de 1/3 a legitima objetiva quando na falta de cônjuge descendentes e pais do autor da
sucessão forem chamados um ou vários dos seus ascendentes do segundo grau e seguintes
2161 nº2 2º parte.

A legitima objetiva ou global reservada para o conjunto dos herdeiros legitimários fixa-se no
momento da abertura da sucessão contando se para determinação da parcela que a constitui a
totalidade dos herdeiros legitimários independentemente de poderem ou não aceitar a
herança.

A defesa da legitima

O autor da herança pode em vida fazer dos seus bens o que quiser e teoricamente nada deixar
de herança a quem quer que seja. É o caso de alienar onerosamente todos os seus bens e
gastar o produto dessa alienação sem ter de atender ás espectativas sucessórias dos
presuntivos herdeiros legitimários. Porem, quando o autor da sucessão faz doações em vida
(sem receber nada em troca como é característico de qualquer doação) está com isso a afetar
a legitima dos possíveis herdeiros legitimários uma vez que são eles os escolhidos pela lei
enquanto beneficiários privilegiados.

De modo a proteger a legitima dos herdeiros legitimários a lei apresenta um conjunto de


mecanismos quais sejam:

a) a redução por inoficiosidade 2168 e 2169 das liberalidades entre vivos ou mortis causa
que tenham valor superior ao que o autor da sucessão livremente poderia dispor e por
via disso impossibilitar que os herdeiros legitimários possam receber a sua legitima. A
redução é feita até ao exato montante da legitima objetiva ou global;
b) a proibição de no testamento serem impostos encargos sobre alguma ou algumas das
legitimas objetivas ou até a proibição de impor que a legitima subjetiva seja
preenchida com determinados bens da herança contra a vontade do herdeiro;
c) o mecanismo de defesa é designado por cautela sociniana art.2164, isto é, se o
testador deixar o usufruto ou constituir pensam vitalícia que atinja ou ofenda a
legitima podem os herdeiros legitimários cumprir o legado mas tao somente na parte
incorporável na quota disponível.

A legitima subjetiva

A legitima subjetiva ou individual é a porção ou quota parte que cada um dos herdeiros
legitimários chamados á sucessão tem na legitima global. É, pois, uma parcela da quota
indisponível do autor da sucessão que cabe a cada herdeiro legitimário.

A designação contratual

Como resulta de contrato estamos perante um acordo de vontades contraditórias e


divergentes entre si mas que tendem a um resultado comum os efeitos da doação mortis
causa para alem do seu carater bilateral tem eficácia reforçada face ao testamento que é
unilateral e livremente revogável. A regra portante neste tipo de vocação ou designação é a da
irrevogabilidade apos aceitação art.1701 nº1 e 1705 nº1.

O que se pretende dizer com a posição de superioridade hierárquica desta designação quando
comparada com a testamentária apenas se coloca quando haja manifesto conflito de interesse.
Haverá por exemplo esse conflito quando determinada coisa doada mortis causa constava já
ou viria a contar a favor de pessoa diferente em testamento. Nesses casos prevalece o efeito
da doação mortis causa preterindo o do testamento.

A designação testamentária

Bem se ve que se trata de um negocio jurídico onde existe a vontade única do autor da
sucessão quer no ato dispositivo de todos os bens ou parte deles quer no ato revogatório de
testamentos anteriores. Art.2179 2311 e 2312. Porem nem só de disposições de caracter
patrimonial pode tratar um testamento 2179 nº2. São os casos das disposições a favor da alma
2224, testamentaria 2320, destino final do seu cadáver e perfilhação 1853 b) entre outras.

O testamento é um negocio jurídico unilateral mortis causa uma vez que os seus efeits são
produzidos após a morte do testador não ficando este por ele limitado já que a todo o tempo o
pode revogar (com exceção do ato de perfilhação).

É de salientar ainda o caracter pessoalíssimo do testamento 2182 na medida em que é um ato


pessoal insuscetível de ser feito por meio de representante ou de ficar dependente do arbítrio
de outrem. Mais adiante analisaremos as poucas exceçoes quando estudarmos a substituição
pupilar e quase pupilar. Diferente disto é o caracter individual ou singular do testamento uma
vez que o seu autor apenas pode ser pessoa isolada e não duas ou mais 2181. Todavia tal
proibição não prejudica que duas ou mais pessoas façam testamentos recíprocos ou a favor do
mesmo ou de diversos terceiros em diversos documentos ainda que realizados no mesmo dia.

Temos ainda que esclarecer que a unipessoalidade atras falada em nada fica perturbada pela
eventual intervenção no testamento do cônjuge do testador quando em causa estejam bens
comuns do casal 1685 nº3 b).
Quanto á forma diz-se que o testamento é um negocio jurídico formal 2204 e 2210 e ss uma
vez que a sua validade depende de uma das formas tipificadas na lei. Tal exigência formal
prende-se com a necessidade de proteger o testador de eventuais precipitações obrigando-o a
uma obvia ponderação e tal só é possível se for reduzido a escrito-

Capacidade testamentária

Podem testar todos os indivíduos que a lei não declare incapazes de o fazer 2188. Logo no
art.2189 se declaram incapazes de testar os menores não emancipados 2189 a) 132 e os
incapazes por anomalia psíquica. A sanção prevista pela lei para o testamento feito por incapaz
é a nulidade dispõe o 2191 que a capacidade do testador determina-se pela data do
testamento. No caso do testamento publico 2205, e no dos testamentos especiais 2210 e ss a
sua data é fácil de determinar o mesmo não se passando com o testamento cerrado que
possui duas datas, a data em que doi escrito pelo seu autor e a data de aprovação pelo notário
2207.

Não se confundindo com a incapacidade para testar a lei prevê alguns casos de
indisponibilidade relativa em virtude da proibição de estabelecer deixas testamentárias a favor
de determinadas pessoas 2192 e ss, assim são nulas as disposições testamentárias feitas pelo
interdito (ou agora pelo sujeito maior acompanhado) a favor do seu representante legal; o
testador a favor do seu medico enfermeiro ou sacerdote que lhe esteja a prestar assistência
medica ou espiritual respetivamente desde que o testamento tenha sido feito durante a
doença e tenha vindo a morrer dela; do testador casado a favor da pessoa com quem cometeu
adultério; do testador a favor do notário que lavrou o testamento etc. estas indisponibilidades
visam proteger o testador mais de si mesmo do que de terceiros em virtude da eventual
dependência, fraqueza ou temor reverencial que o possa afetar.

O objeto testamentário

É nulo o testamento cujo o objeto seja física ou legalmente impossível contrário á lei,
indeterminável, contrário á ordem publica ou ofensivo dos costumes. A vigilância das normas
gerais só se aceita porem naquilo em que não contrariem com as normas especiais e no
testamento temos as seguintes 2186 2230 2232 2233 e 2245.

Forma do testamento

Como atrás dissemos o testamento é o negócio jurídico formal sendo que o desrespeito pela
forma exigida conduz á nulidade 220. As formas legais admitidas no nosso ordenamento
jurídico são na sua forma comum o testamento publico e o testamento cerrado 2204.

O testamento publico

Diz-nos o art2205 que é publico o testamento escrito por notário no seu livro de notas 2205. A
redação do testamento publico é confiado ao notário na presença de duas testemunhas com
vista a garantir com segurança a reprodução fiel da vontade do testador livre de quaisquer
pressões ou intimidações. Diminui-se assim o risco de se escrever algo com significado dúbio
ou mesmo diferente do que se pretendia. Este testamento é publico pois é lavrado por
entidade dotada de fé publica ficando arquivado no cartório. Porem, este documento
autentico só se torna publico após a morte do testador. Esse facto (morte) é posteriormente
averbado no próprio testamento. Em vida do testador só ele terá acesso ao testamento ou um
procurador dele com poderes especiais para o efeito.

O testamento cerrado

O testamento cerrado é manuscrito (pode ser manuscrito) e até ser assinado por outra pessoa
a pedido do testador (igual a rogo do testador) se este não souber escrever nem assinar) e é
assinado pelo testador que o terá de apresentar ao notário para obter aprovação. Não se exige
que o testador saiba escrever, mas tem de saber ler uma vez que terá ele próprio de ter
capacidade para se inteirar do conteúdo do testamento sem a ajuda de terceiros. São assim
inábeis para testar sobre esta forma os analfabetos os cegos e as pessoas que por doença não
possam ler. A aprovação do testamento cerrado funciona como meio de evitar que este seja
inválido por falta de forma assegurando-se assim que fique expressa a ultima vontade do
testador. Este testamento pode ficar ou não á guarda do notário já que se trata de um
documento particular embora com caracter mais sigiloso (não há testemunhas e o seu
conteúdo so o conhece quem o testador quiser). Após a morte do testador o testamento
cerrado tem necessariamente que ser apresentado para abertura formal quer esteja cosido,
lacrado, encerrado ou aberto

Formas especiais de testamento

Sinteticamente estas formas admitem-se em virtude das circunstancias anómalas que as


justificam e que impossibilitam o recurso ás formas comuns (testamento publico e cerrado).
Temos assim o testamento militar 2217º, o testamento marítimo 2214º a 2218, o testamento
feito a bordo de aeronave 2219º e o testamento feito em caso de calamidade pública 2220º.
Cada uma destas formas especiais de testamento obedece a pressupostos e formalidades
próprias em regra previstas naqueles normativos.

Interpretação do testamento

O sentido e alcance de qualquer disposição testamentária tem em vista determinar a vontade


real do testador. O interprete deve procurar o sentido mais ajustado á intenção do testador o
que se justifica porque o testamento é um negocio jurídico unilateral gratuito revogável e de
ultima vontade. Em relação ás regras gerais de interpretação dos negócios jurídicos aprendidas
em teoria geral do direito civil há aqui um desvio á teoria consagrada no art.236 nº1. Aplica-se
antes o disposto no 2187º. Para uma atenta busca da vontade do testador o interprete não
pode ter apenas em conta o texto que esteja parcialmente a analisar mas sim o conteúdo
global do testamento, uma vez que a unidade do testamento tem um sentido próprio.
Contudo esta visão subjetivista que quase atribui ao exercício interpretativo o poder de
“penetrar na alma do testador” é limitada pelo 2187 nº2 que nos diz não prevalecer a vontade
do testador que não tenha no contexto um mínimo de correspondência ainda que
imperfeitamente expressa.

A interpretação do testamento pode levar-nos a mais do que um resultado. Entre dois sentidos
possíveis deve prevalecer aquele que for menos gravoso para o testador e que
simultaneamente torne exequível as disposições testamentárias.

Conteúdo do testamento

Usualmente o testamento é composto por disposições de caracter patrimonial é pois, em regra


são as relações jurídicas patrimoniais as que são suscetíveis de serem “continuadas” pelos
herdeiros do autor da sucessão. A lei contudo prevê diversas disposições de caracter não
patrimonial que podem constar do testamento admitindo-se até que o testamento possa
apenas conter disposições dessa natureza 2179 nº2. Podem constar do testamento disposições
sobre a publicação ou não das suas cartas, das suas memorias da divulgação da sua imagem ou
até de factos íntimos da sua vida privada.

Dentro das disposições de conteúdo ou caracter patrimonial encontramos a disposição a titulo


de herança e a disposição a titulo de legado. Na primeira o testador dispõe de todo o seu
património ou de uma quota parte desse património.

Na segunda diz-se que são legados 2030 nº2 as deixas testamentárias que incidam sobre bens
determinados e podem revestir diversas modalidades:

a) legado de coisa determinada, mas não especificada;


b) legado de usufruto;
c) legado por conta da legitima;
d) legado em substituição da legitima.

Quanto ao legado de usufruto porque muito comum tanto pode incidir sobre a totalidade da
herança como sobre uma quota parte dela ou ainda sobre uma ou varias coisas do património
hereditário adquirindo assim um ou vários herdeiros a raiz ou a nua propriedade das coisas e
um ou mais legatários o usufruto dessas mesmas coisas.

Por se mostrar igualmente comum mas não tanto quanto o legado de usufruto encontramos
os legados pios. Estes legados pios são todas as deixas testamentárias destinadas a fins
religiosos ou á criação, manutenção ou de desenvolvimento de obras de assistência,
previdência ou afins análogos bem como os encargos de natureza idêntica que constem no
mesmo testamento.

Trata-se de deixa testamentária por exemplo tendo como beneficiárias instituições


particulares de solidariedade social como são por exemplo as santas Casas da Misericórdia.

Clausulas acessórias típicas

a) gerais. Correspondem no testamento ao que se passa na generalidade dos outros


negócios jurídicos como sejam a condição o termo o encargo e a clausula penal;
b) especiais são clausulas não comuns aos demais negócios jurídicos pois exclusivas da
sucessão testamentária e da contratual.

1º substituição direta ou vulgar- o testador prevendo a hipótese do herdeiro ou do legatário


não poderem ou não quererem aceitar a herança ou o legado nomeia um substituto que irá
suceder como herdeiro ou legatário respetivamente. Os substitutos sucedem nos direitos e
obrigações em que sucederiam os substituídos exceto se outra for a vontade do testador.

A substituição direta pode ser simples quando há um único instituído e um único substituto
2281 e 2285 nº1; plural quando há vários substitutos para um instituído ou vários instituídos
com um só substituto 2282 e 2285 nº1 e pode ainda ser reciproca se os vários herdeiros
instituídos por um lado ou os vários legatários instituídos por outro se substituírem entre si
por determinação do testador 2283 e 2285nº1.

2º substituição fideicomissária ou fideicomisso

A substituição fideicomissária é a convenção testamentária pela qual o testador impõe ao


herdeiro instituído ou ao legatário nomeado (fiduciários) o encargo de conservar a herança ou
o legado respetivamente para que revertam no futuro por morte de tais beneficiários a favor
de outrem (fideicomissário) também ele já identificado no mesmo testamento art.2286º a
2296º.

As substituições fideicomissárias embora possam ser simultaneamente plurais, isto é,


admitindo mais do que um fiduciário e/ou mais do que um fideicomissário apenas podem
conter uma só substituição sucessiva, ou seja, uma do autor da sucessão para o fiduciário e
outra deste para o fideicomissário.

3º substituição pupilar ou quase pupilar

A substituição pupilar acontece quando o progenitor se substitui aos filhos menores na


atribuição da herança destes art2297º. Não se trata aqui de vocação anómala ou indireta já
que não é a sucessão do pai que está em causa mas sim a do filho ou a dos filhos. Os
sucessores (herdeiros ou legatários) que o pai nomeia em substituição aos filhos são
sucessores deste e é em relação a estes filhos que se devem verificar os requisitos de que
depende a atribuição da herança ou do legado.

No eu diz respeito á substituição quase pupilar esta tem um regime paralelo ao da substituição
pupilar com a diferença de que o filho é substituído qualquer que seja a sua idade desde que
esteja incapacitado de testar.

A revogação testamentária

O testamento é um negocio jurídico livre e absolutamente revogável, alias, direito esse ao qual
o testador não pode renunciar. Quer isto dizer que o testador a todo o tempo pode dar sem
efeito total ou parcialmente um ou os vários testamentos anteriores sem que possa haver
interferência de quem quer se seja.

A revogação testamentária pode ser expressa, tácita ou real. A revogação é expressa quando o
testador declara num outro testamento que revoga no todo ou em parte um testamento
anterior 2312º. A revogação diz se tacita quando o testador ao proferir determinadas
declarações testamentárias contidas em testamento posterior afastam disposições anteriores
por se mostrarem incompatíveis entre si. A revogação real de um testamento tem lugar
quando o testador por mero ato material ou jurídico revela comportamento do qual se
consegue presumir a revogação. São exemplos disso a inutilização do testamento cerrado
(queimar, rasgar, riscar etc) assim como a alienação do objeto ou a sua transformação em algo
diverso do descrito no testamento.

A designação legitima

Já sabemos que esta modalidade de sucessão está condicionada pela sucessão legitimária e
pela sucessão voluntária que se sobrepõem hierarquicamente. Havendo sucessíveis
legitimários a sucessão legitima fica desde logo limitada á quota disponível. Não os havendo a
sucessão legitima pode abranger a herança toda. Por outro lado se o autor da sucessão dispôs
em vida ou mortis causa da referida quota disponível ou da referida herança consoante o caso
prevalece a posição dos sucessíveis designados seja em testamento seja em sucessão
contratual /doação mortis causa. Em suma, a sucessão legitima abre-se quando não se verificar
a sucessão legitimária e ou voluntária.
Ordem da designação legitima 2133º

A primeira classe de sucessíveis abrange o cônjuge e os descendentes. A segunda abrange o


cônjuge e os ascendentes. A terceira abrange os irmaos e os seus descendentes. A quarta
outros colaterais até ao quarto grau. A quinta tem como sucessor o estado a), b),c), d) e e) do
nº1 2133º.

A sucessão legitima estabelece 3 principios gerais que a ordenam 2134,2135 e 2136 e que
são tambem aplicáveis á sucessão legitimária por força da parte final do 2157º. Esses
princípios são :

a) preferências de classes
b) preferência de grau
c) sucessão por cabeça

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