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Parecer sobre a proposta de um Programa de Demissão

Voluntária para o Poder Executivo Estadual

Edmar Roberto Prandini


edmarprandini@seplag.mt.gov.br
Gestor Governamental
Junho de 2019

Processo 256188/2019 – 31/05/2019 – Minuta PDV – Programa de Demissão Voluntária

A presente manifestação tem a pretensão de oferecer uma contribuição à discussão sobre as


dificuldades para o equacionamento das despesas salariais da Administração Pública
Estadual, no que se refere ao Poder Executivo, frente às limitações fixadas na Lei de
Responsabilidade Fiscal para as despesas de pessoal na proporção da Receita Corrente
Líquida.

Nesta manifestação, assentamos algumas premissas que consideramos não passíveis de


reformulação, a partir do questionamento sobre a proposição de um Programa de Demissão
Voluntária dos servidores efetivos do Poder Executivo estadual.

A saber:

A) A estratégia relativa à política de gestão de pessoas para a administração pública estadual


não pode ser meramente reativa a uma conjuntura econômica particular, como a que se
efetivou desde o final de 2014, em que o PIB nacional sofreu uma depressão, cuja
consequência, em função da redução da atividade econômica, foi a perda de receitas
tributárias pelos três níveis de governo. Obviamente, uma recessão econômica não pode ser
desprezada na formulação da política de gestão de pessoas, mas não é possível que o
Governo Estadual despreze o fato de que em cenário de recuperação da atividade
econômica, o quadro de pessoal terá seu custeio potencialmente equacionado, de modo que
a mera reação à conjuntura não pode nortear os processos decisórios.

B) Há que se considerar que a estratégia de gestão de pessoas deve ser construída tendo
em vista cenários futuros da Gestão Pública, de modo que o desafio não é o passado ou o
presente, mas planejar o quadro de recursos humanos para o atendimento das necessidades
ainda em processo de desenvolvimento. Considerando o desenvolvimento das tecnologias,
as características dos processos de inovação gerencial, as perspectivas futuras da
administração pública brasileira, quais são os perfis dos profissionais de que o Estado
necessitará daqui três, cinco, dez anos?

C) Uma política de demissão voluntária não pode destroçar a retenção dos profissionais de
mais qualidade em nome de uma modicidade de custos. É relativamente comum considerar
que os profissionais que aderem a programas dessa natureza tendem a ser precisamente
aqueles que possuem maior capacidade adaptativa, maior percepção empreendedora e uma
maior capacidade para enfrentar os desafios de localizar-se profissionalmente em ambientes
em transição. Ora, tais são precisamente as aptidões mais prementes na seleção do quadro
de pessoal necessário para a administração pública atual. Se, então, um Programa de
Demissão Voluntário exclusivamente considerar o aspecto financeiro e contábil, é possível
que o Estado exonere precisamente os melhores dentre os integrantes do quadro de pessoal
de que necessitará no decorrer dos próximos anos, o que seria contraproducente e ainda
mais oneroso, em termos de efetividade e eficácia da administração pública estadual;

D) A política de demissão voluntária deve ser compreendida como uma parte da estratégia
de revisão do conjunto de política de pessoal, servindo a esta política, e não a uma resposta
conjuntural imediatista. Assim, a título de exemplo, caberia perguntar:

a) Todas as carreiras para qual as pessoas são empregadas no Governo Estadual são
efetivamente necessárias? Há carreiras que poderiam ser aglutinadas a outras? Há carreiras
que precisariam de desmembramentos?

b) Há carreiras que possuem quadros de nível superior e nível médio. Considerando


as atividades desenvolvidas, testadas nos anos recentes, todas as carreiras efetivamente
precisam de profissionais dos dois níveis? Há carreiras que deveriam ser compostas apenas
por servidores com nível superior de graduação? Há carreiras que poderiam ser compostas
apenas por profissionais de nível médio?

c) Os níveis e classes salariais para cada uma das carreiras hoje existentes
encontram justificativas em argumentos solidamente construídos? Ou haveria a possibilidade
de ajustes no modelo de progressões? Seria razoável desenhar outras carreiras para
substituir as atuais de tal modo que para a seleção futura de pessoal houvesse outro tipo de
enquadramento e progressão, até a substituição gradativa do atual quadro de pessoal?

d) Dadas as disparidades salariais entre as classes e níveis na mesma carreira, há


possibilidade de produzir alterações legais que harmonizem mais o pertencimento dos
integrantes da mesma carreira em condições mais isonômicas entre eles?

Tendo presente estes questionamentos, frente a outros que podem ser apresentados,
evidencia-se suficientemente que a política de demissão voluntária seria razoável se utilizada
para possibilitar ao Estado promover melhorias no quadro de pessoal alinhada a uma política
de gestão de pessoas que considere o futuro da administração pública.

Assim, por exemplo, suponha que na carreira “N” haja clareza hoje de que não há
necessidade de profissionais de nível superior para seu desempenho, dada a simplicidade
dos procedimentos a que de dedica e ao quantum que os recursos tecnológicos permitem
realizar em substituição à necessidade de elaboração cotidiana das atividades: a demissão
voluntária poderia estimular os quadros de nível superior dessa carreira ao desligamento,
adequando o perfil ocupacional à efetiva necessidade da administração pública; ou, ao
contrário, determinado grupo de profissionais de nível médio não podem cumprir com tarefas
dada a complexidade intelectiva necessária ou exigências da legislação, em constante
evolução, por exemplo. A política de demissão voluntária poderia ser aplicada aos
profissionais de nível médio daquela carreira determinada, ajusta o quadro às condições do
ambiente ocupacional existente.
E) A estrutura organizacional do Poder Executivo estadual possui uma gama ampla de
unidades organizacionais (superintendências, coordenadorias e gerências) nem sempre
realmente necessárias, com a multiplicação da concessão de status hierárquicos muitas
vezes difíceis de defender, abrindo espaço para a compreensão de que o incremento nos
dispêndios salariais de algumas pessoas ou a expressão de acordos políticos com atores
exógenos sejam a razão de sua existência. Qual a razão para que os níveis hierárquicos no
Estado sejam dez (10) quando no Governo Federal, muito mais complexo, são apenas seis
(6)? Suprimir níveis hierárquicos e unidades administrativas desnecessárias pode gerar
pequena economia, em termos monetários, mas tende a incrementar a fluidez dos processos
e a execução das tarefas, pela maior identificação das responsabilidades dos detentores dos
cargos hierárquicos.

F) O comando constitucional acerca da irredutibilidade salarial dos servidores públicos, ainda


que haja um grupo de defensores do oposto, só encontra guarida na ausência de capacidade
para enfrentar a adversidade conjuntural da administração pública e na incompetência para
orientar a disponibilidade dos recursos humanos contratados em complexos e sofisticados
processos de seleção por concurso públicos para os objetivos do Estado brasileiro, na
implementação de suas políticas públicas. Gestores públicos e autoridades governamentais
mais consequentes e orientados para o futuro do desenvolvimento da sociedade brasileira
alocarão os quadros de pessoal em políticas públicas mais afetas às necessidades da
sociedade, com a necessária eficácia no sequenciamento operacional, com adequação de
custos fixos e variáveis, de modo que os possíveis excedentes de pessoal servirão para a
ampliação da produtividade operacional do serviço público, sem que haja necessidade de
sua demissão. Demissões por motivos salariais encontram razões na incapacidade de
governança das autoridades eleitas e não nos níveis salariais dos servidores públicos.

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