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A saber:
B) Há que se considerar que a estratégia de gestão de pessoas deve ser construída tendo
em vista cenários futuros da Gestão Pública, de modo que o desafio não é o passado ou o
presente, mas planejar o quadro de recursos humanos para o atendimento das necessidades
ainda em processo de desenvolvimento. Considerando o desenvolvimento das tecnologias,
as características dos processos de inovação gerencial, as perspectivas futuras da
administração pública brasileira, quais são os perfis dos profissionais de que o Estado
necessitará daqui três, cinco, dez anos?
C) Uma política de demissão voluntária não pode destroçar a retenção dos profissionais de
mais qualidade em nome de uma modicidade de custos. É relativamente comum considerar
que os profissionais que aderem a programas dessa natureza tendem a ser precisamente
aqueles que possuem maior capacidade adaptativa, maior percepção empreendedora e uma
maior capacidade para enfrentar os desafios de localizar-se profissionalmente em ambientes
em transição. Ora, tais são precisamente as aptidões mais prementes na seleção do quadro
de pessoal necessário para a administração pública atual. Se, então, um Programa de
Demissão Voluntário exclusivamente considerar o aspecto financeiro e contábil, é possível
que o Estado exonere precisamente os melhores dentre os integrantes do quadro de pessoal
de que necessitará no decorrer dos próximos anos, o que seria contraproducente e ainda
mais oneroso, em termos de efetividade e eficácia da administração pública estadual;
D) A política de demissão voluntária deve ser compreendida como uma parte da estratégia
de revisão do conjunto de política de pessoal, servindo a esta política, e não a uma resposta
conjuntural imediatista. Assim, a título de exemplo, caberia perguntar:
a) Todas as carreiras para qual as pessoas são empregadas no Governo Estadual são
efetivamente necessárias? Há carreiras que poderiam ser aglutinadas a outras? Há carreiras
que precisariam de desmembramentos?
c) Os níveis e classes salariais para cada uma das carreiras hoje existentes
encontram justificativas em argumentos solidamente construídos? Ou haveria a possibilidade
de ajustes no modelo de progressões? Seria razoável desenhar outras carreiras para
substituir as atuais de tal modo que para a seleção futura de pessoal houvesse outro tipo de
enquadramento e progressão, até a substituição gradativa do atual quadro de pessoal?
Tendo presente estes questionamentos, frente a outros que podem ser apresentados,
evidencia-se suficientemente que a política de demissão voluntária seria razoável se utilizada
para possibilitar ao Estado promover melhorias no quadro de pessoal alinhada a uma política
de gestão de pessoas que considere o futuro da administração pública.
Assim, por exemplo, suponha que na carreira “N” haja clareza hoje de que não há
necessidade de profissionais de nível superior para seu desempenho, dada a simplicidade
dos procedimentos a que de dedica e ao quantum que os recursos tecnológicos permitem
realizar em substituição à necessidade de elaboração cotidiana das atividades: a demissão
voluntária poderia estimular os quadros de nível superior dessa carreira ao desligamento,
adequando o perfil ocupacional à efetiva necessidade da administração pública; ou, ao
contrário, determinado grupo de profissionais de nível médio não podem cumprir com tarefas
dada a complexidade intelectiva necessária ou exigências da legislação, em constante
evolução, por exemplo. A política de demissão voluntária poderia ser aplicada aos
profissionais de nível médio daquela carreira determinada, ajusta o quadro às condições do
ambiente ocupacional existente.
E) A estrutura organizacional do Poder Executivo estadual possui uma gama ampla de
unidades organizacionais (superintendências, coordenadorias e gerências) nem sempre
realmente necessárias, com a multiplicação da concessão de status hierárquicos muitas
vezes difíceis de defender, abrindo espaço para a compreensão de que o incremento nos
dispêndios salariais de algumas pessoas ou a expressão de acordos políticos com atores
exógenos sejam a razão de sua existência. Qual a razão para que os níveis hierárquicos no
Estado sejam dez (10) quando no Governo Federal, muito mais complexo, são apenas seis
(6)? Suprimir níveis hierárquicos e unidades administrativas desnecessárias pode gerar
pequena economia, em termos monetários, mas tende a incrementar a fluidez dos processos
e a execução das tarefas, pela maior identificação das responsabilidades dos detentores dos
cargos hierárquicos.