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UniversidadePedagógica - Maxixe

Departamento de Ciências Sociais

Curso de Historia

Cadeira: Economia Política


Apontamentos
Politica económica conceito
Economia e Economia Politica
Objecto de economia política
Noção e conceito de economia política
O estudo de economia política como ciência da riqueza e da produção, encarada apenas sob
ponto de vista da técnica de produção, dissimula o carácter histórico das leis económicas, exige
antes demais o esclarecimento do seu objecto, método e as matérias que a mesma aborda. É de
salientar que o significado atribuído à economia política não foge muito ao que é atribuído a
economia, havendo uma coincidência nos seus conceitos científicos. Assim de um modo geral
enquanto a economia consagrar o emprego racional dos bens disponíveis numa determinada
sociedade a economia política trata do desenvolvimento das relações que se estabelecem entre os
diversos agentes no âmbito da produção, troca, distribuição e consumo de bens.
Por isso mesmo dizer se que a economia como ciência estuda os aspectos da vida material do
homem em sociedade, desde a produção até ao consumo dos bens que constitui sua fonte de
sobrevivência.
A economia política enfrenta os problemas que se colocam à sociedade, cabendo ao Governo
juntamente com os seus agentes económicos a responsabilidade de encontrar as soluções para
toda a sociedade. Surge então aqui a relação entre o Estado e os particulares no âmbito da
actividade económica com a criação de leis que regem a produção, a distribuição, o consumo dos
bens materiais nas diferentes etapas do desenvolvimento da sociedade, é aqui que a economia
política surge ainda para criar essas teorias que ajudem nessa relação.
Definição de economia e economia política
Para trazermos uma definição acabada de economia e economia seria muito difícil, devido a
amplitude, juventude destes como ciência assim como a sua delimitação rigorosa do seu objecto
de estudo.
Etimologicamente a expressão economia politica significa Administração do património da
cidade (do património do estado, património público), uma vez que tem a sua raiz nas palavras
gregas Oikomia (oikos- casa, património, nomos- ordem, lei, administração) e política (relativa a
polis, a cidade- estado dos gregos).
Poderemos nos aliar a alguns estudiosos que conceituaram e definiram a economia e a economia
política para tentarmos nos aproximar à aquilo que seria uma definição que nos ajudaria a
compreende-los. Começando por Adam Smith cientista inglês na sua obra a Riqueza da Nações
designava a economia como sendo a ciência que estuda a origem e as causas da riqueza das
nações. (época de grande crescimento económico, época da revolução industrial na Europa
surgimento da máquina a vapor sec XVII - XIX). Ve se aqui a ideia segundo Adam Smith que o
trabalhão era a verdadeira fonte de riqueza, negando assim a ideia dos fisiocratas que colocavam
a terra como a única fonte de produção. Punha se aqui uma ideia da liberalização económica,
interesse individual e a livre concorrência no comércio interno e internacional eram elementos
fundamentais que tornavam a economia mais perfeita. É a partir deste pressuposto que se
desenvolveu a teoria do laisserfairelaisserpasser que desembocou no liberalismo que caracteriza
as economias capitalistas contemporâneas, que defendia a liberdade da empresa e da realização
da actividade económica sem a interferência extrema do Estado. Depois houve alguns que se
opuseram e que exigiram a intervenção do Estado como uma peça importante para evitar o que
chamaram de descalabro dos valores morais e éticos da sociedade (classe burguesa dominante,
para uma distribuição equitativa da riqueza).
É de grande importância referir que a ciência económica nasce verdadeiramente no século XVIII,
com o advento do capitalismo como sistema produtivo (como modo de produção autónomo, se
quisermos utilizar a linguagem de Marx), durante o período em que a sociedade capitalista
emergente se contrapunha à velha sociedade feudal, fazendo caminho à custa da transformação e
da destruição desta.
Para Stuart Mill, a economia é a ciência que estuda a produção e a distribuição da riqueza. Este
vê a ciência económica como uma ciência baseada em factos concretos da vida real.
Comentário: isto é, se não haver produção não de ver redistribuição (essa distribuição não a
distribuição da produção), é a distribuição da riqueza isto depois de ter havido consumo.
Pigou, a economia é a ciência que estuda os preços e as leis do mercado. Enfoque nas leis da
procura e oferta. Peca por não falar de aspectos como produção.
Comentário: as leis do mercado que pigou se refere são as leis da procura e da oferta. A oferta é
aquilo que é produzido, isto ’é corresponde aos produtores.
Lange, define a economia política como sendo a ciência da leis sociais que regulam a produção,
distribuição dos meios materiais necessários para satisfazer as necessidades humanas.Ve se
nesta definição de Lange o objecto da economia, pois, a produção constitui factor principal para
a satisfação das necessidades humanas. Mas esta deve obedecer as leis estas que por sua vez
regem as pessoas em sociedade, estamos a falar das leis económica e sociais, abrindo espaço
para o direito económico que é o ramo que cuida ou regula a actividade económica na
perspectiva geral.
Barre. A economia política é a ciência da administração dos recursos escassos numa sociedade
humana. Nesta vinca se o estudo do comportamento humano, desejos ilimitados recursos
escassos.
De um modo geral podemos definir a economia politica como a ciência do desenvolvimento das
relações económicas entre os homens numa sociedade organizada. Esta esclarece as leis que
regem a produção dos bens materiais em diferentes etapas do desenvolvimento da sociedade
humana. Ou

 A economia política é a ciência do desenvolvimento das relações sociais de produção, isto


é, das relações económicas entre os homens. Elucida as leis que regem a produção e a
distribuição dos bens materiais na sociedade humana nos diferentes graus do seu
desenvolvimento.

Objecto da economia política


O que estuda a economia política
Antes de iniciar o estudo da economia política temos que esclarecer o seu objecto, método e
tarefa, o seu lugar entre as ciências sociais, isto é, o papel da economia política. Daí pertinente
estudar e enumerar as questões fundamentais da economia política tais como:
a) a produção dos bens materiais, base da vida da sociedade humana. As forças produtivas e
as relações de produção.
b) O modo de produção;
c) A definição do objectos da economia politica;
d) As leis económicas e seu carácter objectivo;
e) O método da economia política.
A produção dos bens materiais, base da vida da sociedade humana. As forças produtivas e as
relações de produção. O modo da produção da vida material condiciona o processo da vida
social, politica e espiritual, em geral.
Marx escreveu o seguinte: Não é a consciência dos homens que determina o seu ser mas, pelo
contrario, é o ser social que determina a sua consciência.
Todas as mudanças essenciais ocorridas na esfera social, politica e ideológica reside nas
mudanças do modo de produção da vida material. Indutivo do particular para o geral
(João, Mário são mortais, ele são
homens, logo todos os homens são
mortais).

Dedutivo do Geral para o


particulargeral (o homem é mortal,
Mário e João são Homens, logo o eles
A METODOLOGIA ECONÓMICA são mortais);
O relevo das questões metodológicas – Interesse do métodoem economia
O método é o caminho a seguir na descoberta da verdade. Constitui um processo lógico que
conduz não só à formulação das leis científicas mas também ao estabelecimento de quaisquer
relações entre fenómenos.
Da definição de método se infere o interesse do método adoptado, ou a adoptar, para o progresso
de qualquer investigação, para o progresso de qualquer ciência. Já houve quem defendesse que o
importante seria investigar, por qualquer método, por qualquer forma, já que todos os métodos
conduziriam à verdade. No entanto, o problema da opção metodológica consiste, precisamente,
em saber qual o método que conduz com maior celeridade e segurança de resultados, aos fins em
vista.
A adopção do método melhor ajustado coloca-se a todas as ciências, mas para a economia
levantam-se dificuldades acrescidas em tal matéria devido às dúvidas que se mantêm quanto ao
objecto e quanto à natureza deste ramo do conhecimento.
Alguns economistas tenderam a circunscrever as questões metodológicas à ciência económica
(em sentido restrito). Mas uma visão abrangente dos problemas económicos, exige um
tratamento global das questões metodológicas que os problemas económicos suscitam.
Dedução e indução em economia
O conflito tradicional dos métodos dividiu, no século XIX, os economistas quanto a saber se os
problemas económicos deveriam ser analisados por via dedutiva ou por via indutiva.
Entendiam os precursores do método dedutivo que importava partir do geral para o particular,
deduzindo dos princípios formulados conclusões individuais.
Já os precursores do método indutivo entendiam que a Economia não dispunha de princípios
suficientemente vigorosos para enveredar pela via dedutiva. Entendiam que era necessário
analisar materiais para, com base neles, tentar induzir princípios.
Os primeiros, julgando que já tinham apreendido e formulado as leis naturais imutáveis no
espaço e no tempo, universais, que regiam a vida económica, pretendiam dessas leis extrair,
dedutivamente, soluções individuais.
Os segundos, duvidando da existência dessas leis, punham em relevo a necessidade de,
constantemente, auscultar a vontade e os sentimentos dos grupos humanos, variáveis no tempo e
no espaço, para, desses sentimentos e vontade, induzir soluções.
Escola clássica x Escola histórica Alemã
A tendência dedutiva foi representada pela escola clássica que partia do princípio que o homem
procede sempre racionalmente, sob o impulso do seu interesse pessoal. Daí extraíram de forma
abstracta e dedutiva diversas conclusões lógicas, de rigor implacável, sem preocupação de as
confrontar com as realidades objectivas.
A escola Histórica Alemã, por seu lado, opôs ao homem abstracto (oeconomicus) dos clássicos, o
seu homem real (com as suas virtudes e os seus vícios, orientado pelo seu interesse pessoal e
também pelas suas vinculações sociais e morais, movido por hábitos e tendências variáveis com
o tempo e os lugares). Em consequência, os comportamentos económicos desse homem real não
podiam ser estudados dedutivamente, mas sim indutivamente, através de uma observação
constante dos fenómenos que se vão sucedendo no tempo e no espaço.
Eclectismo metodológico na análise económica
O panorama actual
Embora, na actualidade, o conflito tradicional dos métodos se mantenha com alguma acuidade,
em geral aceita-se a conjugação dos dois métodos, predominando o mais adequado a cada
situação.
As próprias debilidades da economia política, que se projectam até na dificuldade em definir o
seu objecto, hão-de aconselhar que os princípios estabelecidos, assentes em generalizações,
sejam revistos com frequência à luz dos fenómenos, recentes ou remotos que se vão apurando, os
quais muitas vezes imporão que, indutivamente, se estabeleçam outros princípios destinados a
substituir os anteriores.
A nova escola histórica Alemã
A nova escola histórica alemã, procurando corrigir os erros da anterior reconheceu que a indução
e a dedução eram tão necessários para raciocinar como as duas pernas para andar.
Entendem eles que o vício metodológico não se acha na dedução mas sim nos processos
dedutivos baseados em princípios superficiais e insuficientes.
A escola psicológica Austríaca
A escola psicológica austríaca foi mais longe na atitude conciliatória face à querela dos métodos:
A economia pura constituiria campo reservado à dedução, enquanto a economia aplicada ficaria
aberta às induções.
A economia Marxista
Também a economia marxista se mostra ecléctica(junção de boas ideias e formular uma só).
Embora assente em hipóteses – hipótese materialista e hipótese dialéctica – o marxismo procurou
realizar uma interpretação económica da história na base do estudo do homem segundo a função
social que lhe teriam reservado os distintos modos de produção que se sucederam ao longo dos
tempos. Neste plano, a construção marxista assentou na indução.
Indutivismo da história e da estatística
Os problemas metodológicos da Economia política não se circunscrevem a optar entre os
processos dedutivos e indutivos. Porque estes processos admitem mais de um método:
Indutivismo Histórico: Largamente utilizado pela escola alemã do século XIX (escola histórica
alemã). Embora os dados históricos obtidos na base de uma análise crítica adequada constituam
sempre elementos preciosos para as ciências sociais e, talvez especialmente, para a economia
política, o facto de ter acumulado abundantes materiais sem conseguir, na base deles, uma visão
de conjunto contribuiu para um relativo desprestígio do método adoptado.
A imutabilidade da natureza humana torna actuais, porque intemporais, muitas das atitudes que
os homens assumiram, em épocas mesmo remotas, face à raridade dos bens e do desejo de as
alcançar.
Indutivismo Estatístico:Alguns defeitos apontados ao método histórico encaminharam diversas
correntes dos séculos XIX e XX para a sua rejeição, frequentemente substituído pelo método
estatístico.
Este tem sido, nas últimas décadas o método mais correntemente utilizado pelos economistas. E
é com efeito o método mais ajustado para a investigação de fenómenos económicos,
particularmente aqueles cuja análise depende de aspectos quantitativos.
No entanto embora os fenómenos de massa, passíveis de análises quantitativas, ocupem um largo
espaço da economia, não a esgotam.
As influências de ordem pessoal na vida económica, mais acentuadas na actualidade do que no
passado, escapam por completo à observação estatística.
A utilização de dados estatísticos pelos economistas deve pressupor uma ampla capacidade
crítica relativamente aos processos pelos quais esses dados foram obtidos.
Indutivismo dos institucionalistas e dos universalistas
O Institucionalismo: Nos anos 40 do século passado desenvolveu-se uma corrente, designada
por institucionalista, que reagiu contra as abstracções dos economistas dedutivistas, incluindo os
matemáticos.
Para o institucionalismo, as sociedades, através das instituições que nela se integram, modificam
o comportamento psicológico do indivíduo. Em consequência, não interessará ao economista
debruçar-se sobre esquemas abstractos, irreais, de comportamento psicológico, como se ele fosse
imutável. Importará, antes, o estudo das questões económicas, a observação directa dos
comportamentos, variáveis com o tempo e os lugares, por pressões institucionais das sociedades
respectivas.
O universalismo: O universalismo reflecte uma concepção integral da vida que leva o seu anti-
individualismo a uma posição extrema. É uma concepção idealista, orgânica, teleológica e
cinética da vida em sociedade.
No plano económico admite-se o sacrifício das satisfações materiais em benefício do
desenvolvimento da cultura.
Do ponto de vista metodológico o universalismo aproxima-se do institucionalismo ao afastar-se
das abstracções e das generalizações e assentar na indução de todos os factos inseridos no devir
das sociedades, embora não se tenha aproximado dos processos indutivos de carácter
quantitativo.
Indutivismo de orientação barométrica: A orientação indutiva quantitativa, levada às últimas
consequências, abriu caminho ao chamado método barométrico. Este método assenta na ideia de
que os dados estatísticos não permitem apenas obter índices das situações económicas, mas, até
mesmo, uma previsão rigorosa das condições futuras. Com a vantagem de essa previsão, de
base estatística, se abstrair de qualquer apriorismo, de qualquer coeficiente pessoal, de qualquer
influência subjectiva.
Esta ideia dominou rapidamente o mundo dos negócios nos EUA. Agências privadas de previsão
construíram os seu barómetros económicos na base de dados estatísticos respeitantes ao
movimento de negócios (compensações de clearing, volumes de vendas, distribuição de
dividendos, falências, etc.), à situação monetária e ao mercado financeiro.
O método barométrico pretendeu prever os fenómenos económicos sem tentar qualquer
interpretação para o respectivo encadeamento. Interessava-lhe saber o que vai acontecer, mas não
as razões lógicas e científicas da sucessão dos acontecimentos.
A principal crítica a fazer ao método barométrico, não está na sua falência prática, reside antes
na sua carência de explicação lógica e causal dos fenómenos.
Dedutivismo psicológico e matemático
Os clássicos procuraram deduzir toda a sua construção económica de um número limitado de
princípios, extraídos de uma suposta ordem natural. Não importava saber se eram de raiz
psicológica ou de raiz diversa
Nos fins do século XIX assistiu-se a uma renovação do dedutivismo clássico, à responsabilidade
da escola psicológica de Viena e da escola matemática de Lausane.
Dedutivismo psicológico: Assentou numa pura abstracção, o “homo oeconomicus”, actuando
rigorosamente segundo as leis económicas.
Diz-se que a escola psicológica não chegou a criar uma psicologia económica, assente no homem
real, mas apenas uma lógica económica, deduzida de um esquema de raiz psicológica.
No fundo, a escola psicológica de Viena não se afastaria da abstracção e do apriorismo retirado
dos clássicos.
Dedutivismo matemático: Foi utilizado pela primeira vez, sistematicamente, na investigação
económica, pela escola de Lausane.
Suscita algumas questões muito sérias, particularmente se os processos matemáticos serão
admissíveis na economia, já que os aspectos quantitativos da vida económica são precedidos de
processos dependentes da vontade humana, não mensuráveis.
Os economistas matemáticos têm sustentado que o recursos a métodos matemáticos facilitou o
progresso das mais diversas ciências. Mas poderá objectar-se que essas eram ciências naturais e
não sociais.
Sincretismo econométrico: Se apenas se atendesse à raiz etimológica da palavra, a econometria
consistiria na medição dos fenómenos económicos. Porém, o conceito é mais lato: Ela tem sido
definida como a síntese de três disciplinas – economia, matemática e estatística – articuladas
para a solução de problemas concretos. Consiste no estudo, através de métodos matemáticos e
estatísticos, de fenómenos económicos
A econometria procurou conciliar a economia matemática e a economia positiva do
institucionalismo, dissociando a matemática da economia abstracta.
Ao contrário do institucionalismo em que a matemática era um instrumento de raciocínio
dedutivo na análise económica, com a econometria ela passaria a ser apenas um elemento de um
sistema metodológico que não exclui o raciocínio indutivo.
Método dos modelos: O método dos modelos tem-se confundido, frequentemente, com o
institucionalismo e com a econometria. Ele recebeu muitos contributos dessas duas correntes que
também mantêm entre si muitas relações. No entanto, nem sempre os estudos institucionalistas
ou os econométricos levaram à construção de modelos.
Modelos são representações simbólicas. Eles retêm em si as suas características genéricas e
envolvem alguns pontos específicos que respeitam à natureza quantitativa das representações.
O modelo económico depende sempre de um certo número de convenções respeitantes às
condições em que o fenómeno se desenvolve (meio, tempo, circunstâncias especiais, etc.).
Depois de se ter limitado o modelo por essas convenções ainda há que se estabelecer
pressupostos (uns constantes, outros variáveis) cujo número e natureza dependem muito da
vontade do seu construtor.
Assim, um modelo nunca será construído em moldes puramente objectivos.
Os modelos podem classificar-se em modelos teóricos, modelos históricos e modelos de
previsão.
Metodologia microeconómica e macroeconómica: Os clássicos estudaram comportamentos
económicos individuais. Situaram-se no plano da microeconómica e entenderam que as soluções
da macroeconomia haviam de resultar dos somatórios dos dados microeconómicos.
Os economistas modernos aperceberam-se dos grandes problemas da agregação e ainda tentaram
substituir os somatórios por médias e normais. A teoria microeconómica do plano projectar-se-ia
na teoria macroeconómica do desenvolvimento.
Actualmente, tende a predominar a posição segundo a qual não é possível projectar as soluções
microeconómicas no plano macroeconómico. Assim, aceitando essa impossibilidade, impõe-se
ao economista a análise de uma e de outra.
A par da teoria microeconómica da empresa importará construir as teorias macroeconómicas do
desenvolvimento, das flutuações, ou dos ciclos.
Metodologia das expectativas económicas: Para a teoria das expectativas os comportamentos
económicos não dependem da teoria das probabilidades, de uma visão estocástica de objectivos a
atingir, baseada em dados estatísticos e na respectiva extrapolação.
As expectativas económicas visam, muito frequentemente, situações raras ou únicas para as
quais as probabilidades assentes na experiência e na lei dos grandes números não oferecem
elementos valiosos.
As teorias das expectativas subjectivas exigem uma metodologia própria em relação à micro
análise económica. Essa metodologia vai buscar aos métodos psicológico e histórico as bases
para as conclusões quanto aos comportamentos característicos de cada tipo de sujeito económico.
Mas não descarta os métodos de base objectiva e quantitativa aos quais vai buscar elementos de
decisão de alguns tipos de sujeitos económicos.
Relativamente à análise microeconómica, os elementos reunidos em torno das expectativas
subjectivas, conjugados com os ensinamentos da teoria dos jogos, quando o número de sujeitos
económicos torne possível que a ela se recorra, permitirão ao economista estabelecer
preferências quanto à via metodológica a adoptar. Mas, aceite a dicotomia entre micro e
macroeconomia, importará saber se os métodos a seguir não deverão ser distintos.
Relativamente à análise microeconómica, os elementos reunidos em torno das expectativas
subjectivas, conjugados com os ensinamentos da teoria dos jogos, quando o número de sujeitos
económicos torne possível que a ela se recorra, permitirão ao economista estabelecer
preferências quanto à via metodológica a adoptar. Mas, aceite a dicotomia entre micro e
macroeconomia importará saber se, quanto a esta, os métodos a seguir não deverão ser distintos.
Se a análise for retrospectiva o método estatístico, desde que correctamente criticados os dados,
poderá oferecer um amplo plano de análise, susceptível de tratamento matemático de síntese.
Maiores dificuldades terão de reconhecer-se quanto à análise macroeconómica em antecipação.
As antecipações macros dependem do conhecimento do tipo de estruturas económicas em
observação. Desaparecidas as características nucleares que se atribuíram a situações económicas
do passado torna-se arriscado reduzir as antecipações macroeconómicas à extrapolação de
médias e normais. Porque estas pressupõem comportamentos independentes e equivalentes de
um número muito elevado de sujeitos económicos.
Comportamentos preponderantes, receptividade das massas e metodologia
Análise económica “ex-post” e “ex-ante”
Se a análise for retrospectiva, ou “ex-post”, o método estatístico poderá oferecer um amplo plano
de análise, susceptível de tratamento matemático de síntese.
Se a análise económica for de antecipação, ou “ex-ante”, haverá maior dificuldade de adopção
de uma metodologia de investigação. As antecipações macroeconómicas dependerão muito do
conhecimento do tipo de estrutura económica em observação.
Comportamentos económicos preponderantes e dominantes
Na actualidade os poderes concentrados no Estado, em sindicatos e em grandes empresas
multinacionais, servidos por pressões irresistíveis, exercidas tanto por cerceamento de liberdades
individuais e coacçãodirecta como, indirectamente, pelos meios publicitários ao serviço daqueles
poderes, colocaram no centro das actividades económicas alguns sujeitos económicos
dominantes cuja vontade arrasta todos os outros.
Se esse arrastamento fosse completo a análise macroeconómica resultaria da soma das decisões
microeconómicas dos sujeitos dominantes. Mas não é assim, já que o arrastamento dominante
encontra limites que físicos, quer de vontades.
A análise macroeconómica e o quadro de sujeitos preponderantes
A análise macroeconómica e a respectiva metodologia reclamam que se estabeleça o quadro dos
sujeitos económicos preponderantes numa dada sociedade e num determinado momento.
A concorrência e o ajustamento entre sujeitos preponderantes
A concorrência, por vezes admissível, de sujeitos preponderantes suscita problemas de estratégia
económica que raramente corresponderão aos esquemas da teoria dos jogos
Os planos daqueles sujeitos são normalmente incompatíveis, só se ajustando pela sobreposição
de um deles.
Normalmente essa sobreposição resulta de um acordo, de uma transigência e implica
compensações.
A receptividade das massas face às opções preponderantes
Os comportamentos preponderantes, só por si, não definem as variações agregativas. Há outro
elemento que também as define – a receptividade das massas.
As massas não têm capacidade de resistir aos comportamentos preponderantes. Deixam-se
arrastar. Mas o grau de arrastamento é muito variável porque as massas são mais ou menos
receptivas aos comportamentos preponderantes.
Dependendo a macroeconomia das opções preponderantes e da receptividade das massas, a
metodologia macroeconómica terá que aliar aos instrumentos adequados à análise daquelas
opções, os meios de definir esses graus de receptividade.
OS CONCEITOS ECONÓMICOS FUNDAMENTAIS
Necessidades económicas e bens económicos
As necessidades humanas constituem a causa de toda a actividade económica. É assim quando
esta actividade depende de decisões individuais, mas também o é quando essa actividade
depende de definição de uma autoridade governamental. As necessidades de cada indivíduo,
dependentes dele e satisfeitas por ele, são tão humanas como as necessidades colectivas. Porque
só os homens sentem fome, frio, sede, calor, ambições intelectuais e estéticas, etc..

Noção económica de necessidade – por necessidade económica entende-se o estado psicológico


de insatisfação, consciente quanto à existência e à acessibilidade de um meio adequado de fazer
cessar aquele estado e orientado para obter esse meio.
De acordo com a definição anterior os elementos essenciais do conceito são:
 Insatisfação psicológica;
 Existência de um meio susceptível de fazer cessar essa insatisfação;
 Acessibilidade a esse meio;
 Determinação de o possuir.
Classificação das necessidades económicas
As necessidades económicas podem subdividir-se segundo diversas tipologias.
Segundo o grau de importância das necessidades a satisfazer dividem-se em necessidades
essenciais (primarias, fundamentais ou de existência) e secundárias (civilização):
As necessidades essenciais, também chamadas primárias, fundamentais, ou de existência,
resultam da natureza do organismo humano. A sua satisfação é indispensável para evitar graves
perturbações do mesmo, ou até a morte. As necessidades secundárias também chamadas de
necessidades de civilização, são as demais. Não resultam da natureza do organismo humano.
Segundo o critério de quantos as sentem, as necessidades dividem-se em necessidades
individuais e colectivas:
Segundo o critério de origem: as necessidades individuais decorrem da condição humana e as
necessidades colectivas decorrem da integração social;
Segundo o critério da satisfação: as necessidades individuais são satisfeitas pelos indivíduos e
as necessidades colectivas são satisfeitas pelo esforço comum da sociedade;
Segundo a forma de satisfaçãoas necessidades dividem-se em necessidades positivas e
negativas:
As necessidades positivas satisfazem-se pela obtenção da sensação de prazer enquanto as
necessidades negativas satisfazem-se pela remoção de sensações dolorosas.
Características gerais das necessidades económicas
As necessidades económicas são extensíveis e ilimitadas. Todos os dias sentimos novas
necessidades, seja porque nos estamos a adaptar a uma nova tecnologia, seja porque as condições
naturais da nossa existência se modificou. Seria impossível determinar o número presente de
necessidades económicas, ou prever o número de necessidades futuras.
As necessidades económicas são saciáveis. Porque a sua intensidade baixa à medida que lhe é
dada satisfação, até se extinguirem ou ser atingido o ponto de saciedade. A utilização do meio
adequado de satisfazer uma necessidade para além do ponto de saciedade, pode determinar até
uma sensação dolorosa.
As necessidades económicas são substituíveis. Normalmente, uma mesma necessidade pode ser
satisfeita utilizando-se meios distintos. Por exemplo, a necessidade de beber satisfaz-se pelo
consumo de líquidos diferentes. É esta característica que traduz a possibilidade de existência de
bens sucedâneos.
Bens económicos
Conceito de bem económico: Bem económico será todo o objecto que se repute adequado à
satisfação de uma necessidade, desde que seja acessível disponível e raro. A disponibilidade ou
acessibilidade pressupõe que o bem seja susceptível de apropriação.
Bens livres: Quando os objectos adequados à satisfação de uma necessidade existam em
quantidade e em condições tais que cada indivíduo os possa obter sem esforço, estamos perante
bens livres. Nas condições habituais da vida há certos bens que se encontram em quantidades
superiores às exigências normais das necessidades a satisfazer e em condições de fácil utilização.
A esses bens cabe a designação de bens livres.
Bens imateriais ou serviços: Os meios adequados à satisfação de necessidades que não
constituem objectos físicos (materiais) são designados bens imateriais.
Bens naturais e bens produzidos: São bens naturais aqueles cuja produção e emprego não
carecem de actividade humana. Os bens produzidos são os que resultam da acção exercida pelo
homem.
Bens directos e bens indirectos: Os bens podem ser utilizados directa ou indirectamente. No
primeiro caso dizem-se directos, ou de gozo e, no segundo, bens indirectos ou de produção.
Bens de uso e de consumo: Os bens de uso perduram através da sua própria utilização. Os bens
de consumo satisfazem necessidades através da sua própria destruição.
Matérias-primas e bens instrumentais: Os bens indirectos repartem-se em matérias-primas
(que transformadas resultam em novos bens, aptos a satisfazerem necessidades) e bens
instrumentais que servem para a produção de outros bens (máquinas, ferramentas, etc.).
Bens duradouros e não duradouros: Alternativa, à classificação que reparte os bens em “de
uso” e “de consumo” existe a classificação que os reparte em bens duradouros e não duradouros.
Esta última classificação diz respeito a todos os bens (directos e indirectos) enquanto aquela
respeita exclusivamente aos bens directos.
Bens presentes e futuros Também, por vezes, se distinguem os bens presentes dos bens futuros.
Os primeiros existem num momento determinado e acham-se aptos nesse momento para
satisfação de necessidades. Os bens futuros não têm ainda existência, ou aptidão bastante, num
momento considerado. Mas são esperados. Conta-se com eles para, num momento futuro,
satisfazer necessidades.
Bens sucedâneos: são aqueles susceptíveis de ser usados em vez de outros, embora só
permitindo um menor grau de satisfaçãoBens complementares: são os adequados à satisfação de
necessidades apenas quando empregues conjuntamente com outros bens. Em consequência a
complementaridade é relativa (i. é, um bem é complementar a outro e vice-versa).
Utilidade económica
Noção económica de utilidade
Os bens económicos constituem meios adequados à satisfação de necessidades económicas.
A capacidade dos bens económicos satisfazerem necessidades designa-se por utilidade
económica.
A ideia de utilidade económica afasta-se, às vezes do sentido corrente da expressão “utilidade”.
A noção económica de utilidade apresenta-se, geralmente, alheia dos efeitos úteis ou prejudiciais
do emprego de um bem.
O uso de determinado bem pode ser nocivo. No entanto, havendo desejo de obtê-lo, nada obstará
ao reconhecimento da sua utilidade económica. A noção económica de utilidade deve estar
desligada de qualquer juízo de valor moral.
Utilidade marginal e teorias marginalistas
A intensidade das necessidades tende a diminuir à medida que doses sucessivas de um
determinado bem são aplicadas à sua satisfação.
As primeiras doses de um bem aplicadas na satisfação de uma determinada necessidade tornam
essa necessidade mais intensa. A partir de determinado nível a intensidade da necessidade, e
portanto a utilidade das doses, passa a ser decrescente. Se continuar a dar-se doses desse bem
atinge-se um nível em que a necessidade está saciada e, a partir daí, o sujeito económico passará
a experimentar não uma sensação de prazer mas uma sensação dolorosa que se irá acentuando.

Graficamente:
Y

k l
a b c d e f g h i j x
mn o p
No eixo dos “yy” foram assinaladas as intensidades sucessivas da necessidade.
No eixo dos “xx” foi assinalado o emprego sucessivo das doses do bem aplicadas.
A utilidade total seria: a + b + c + d + e + f + g + h + i + j + k + l, isto é, a soma de todas as doses
empregues até atingir o ponto de saciedade.
Mas, porque os bens económicos são escassos, na maior parte das vezes o sujeito económico em
questão não poderá dispor da utilidade total, ou seja, não poderá atingir o ponto de saciedade. E,
desde que não alcance a saciedade, a última dose empregue terá ainda uma utilidade positiva.
Essa última dose empregue designa-se por dose marginal, final ou limite.
Poderá, pois, definir-se como sendo utilidade marginal a utilidade correspondente à última dose
de um bem empregue na satisfação de uma necessidade, ou a utilidade da última dose de um bem
disponível para satisfação de uma necessidade.
Concepção marginalista
Na concepção marginalista é a utilidade marginal que fixa o valor de cada uma das doses
empregues ou disponíveis, porquanto sendo todas essas doses iguais, qualquer delas terá o valor
da dose marginal.

Custo económico
Noção de custo económico
A utilidade dos bens económicos tem o seu reverso no respectivo custo de aquisição. Esse custo
é da mesma natureza dos bens económicos: quando não custam a adquirir são livres, ou “não
económicos”.
O custo de um bem económico é constituído pelas renúncias, pelo cansaço, pelo sofrimento que
o homem tem de suportar para adquirir esse bem.
No custo integram-se dois elementos: um positivo – correspondendo à energia desenvolvida para
a obtenção do bem; Outro negativo, correspondendo à renúncia a prazeres, ao repouso que o
esforço desenvolvido impõe.
Tal como a utilidade, também o custo é, essencialmente, subjectivo. Varia de indivíduo para
indivíduo, segundo a sua aptidão física e a sua conformação psicológica.
Desutilidade, desutilidade marginal e utilidade ponderada
A sensação penosa que acompanha o desenvolvimento de uma actividade orientada para a
produção de bens económicos designa-se por desutilidade.
Tal como a utilidade varia, à medida que se satisfaz uma necessidade, também a desutilidade
varia, com o prolongamento do esforço desenvolvido.
Mas, enquanto a utilidade decresce com o emprego de doses sucessivas do bem, a desutilidade
aumenta com a continuidade do esforço.
Representando a curva de utilidade e a correspondente curva de desutilidade obter-se-á o gráfico
seguinte:

Ou, através de barras paralelas, noutra representação gráfica:

a b c d e f g h i j
a b c d e f' g h i' j'
' ' ' ' ' ' ' X
Para produzir a dose a de um certo bem, um sujeito económico teve de suportar o esforço a’.
Para produzir a dose b, o esforço suportado foi b’. A partir da dose d, a utilidade das doses
sucessivas passou a diminuir enquanto os esforços continuaram a crescer. A partir de certo
momento o esforço consentido para produzir nova dose desse bem iguala-se à sua utilidade (e =
e’). A partir desse momento não interessa produzir esse bem porque a sua utilidade não cobre o
seu custo. A produção económica deixa de ter interesse.
Da relação estabelecida entre utilidade e desutilidade resulta o conceito de utilidade ponderada
que é a razão cujo numerador é a utilidade e cujo denominador é a desutilidade, ou custo (u/d).
Quando esta relação é igual ou inferior a 1 deixa de haver motivos económicos para a produção.
À semelhança da utilidade, pode-se também distinguir uma desutilidade inicial, uma desutilidade
total e uma desutilidade marginal. A desutilidade inicial corresponde ao esforço despendido para
a produção da primeira dose do bem. A desutilidade total corresponderá ao somatório dos
esforços despendidos para a produção de todas as doses (a’ + b’ + c’ + ... + j’). A desutilidade
marginal, ou custo marginal, corresponderá ao esforço despendido na laboração da última dose
do bem (j’).

Valor económico
O problema do valor
Diz-se que o valor é uma relação entre um sujeito e um bem. Outras vezes diz-se que se trata da
apreciação de um sujeito económico, ou grupo social, sobre determinado bem. Assim, o
problema do valor consistirá em determinar os factores de que depende esses juízo.
Certas opiniões defendem que tal apreciação depende do custo, outras da utilidade, outras ainda
do conjunto (custo e utilidade).
A teoria económica contemporânea orienta-se, de preferência neste sentido.
Valores de uso e de troca
O conceito de valor não é unívoco: pode-se distinguir valor de uso e valor de troca.
O valor de uso situa-se no plano individual, subjectivo. Trata-se da apreciação de uma pessoa
sobre o interesse que para ela oferece um certo bem.
O valor de troca corresponde a uma apreciação comum, de uma generalidade de indivíduos,
acerca do interesse que um bem terá para cada um deles e para todos. Se o bem interessa a
vários, aquele que o possui poderá trocá-lo. Daí a designação de valor de troca.
Explicação do valor pela utilidade
Segundo esta teoria a medida do valor de um bem é dada pela sua utilidade
Contudo, esta teoria é criticada suscitando o designado “paradoxo do valor”: se o valor dos bens
dependesse da sua utilidade, a água ou o pão seriam mais valiosos que o ouro e os diamantes.
Explicação do valor pela utilidade e pela raridade
Segundo esta teoria, para além da utilidade, os bens têm valor porque são raros. Assim, um
diamante seria mais valioso que um pão porque, embora menos útil, é mais raro.
A teoria do valor económico intrínseco
De acordo com esta teoria os bens económicos teriam um valor próprio, intrínseco à sua natureza
e não à raridade relativa, ou a qualquer apreciação humana sobre a sua utilidade. Esse valor seria
medido pelo poder produtivo da terra e do trabalho.
Noção clássica de valor económico
Os economistas clássicos, afastando-se das teorias segundo as quais o valor dos bens assenta na
utilidade, concluíram que o valor dos bens só pode depender do custo de produção.
Relativamente aos bens não reprodutíveis (obras de arte, peças de colecção, etc.), o seu valor
dependeria da raridade e dos gostos.
Os bens reprodutíveis teriam um valor corrente – fixado nos mercados e corresponderia ao seu
preço – e um valor normal (coincidente com o custo de produção). O valor corrente tenderia a
aproximar-se do valor normal e coincidiria com o mais alto custo de produção.
Teoria do custo de reprodução
Segundo esta teoria o custo de reprodução constitui um facto histórico, pertence ao passado. E,
por isso, não determinará o valor dos bens. Se for possível, no futuro, produzir os mesmos bens a
um custo inferior será esse custo menor (custo de reprodução) que há de fixar o valor. Mas, se
pelo contrário, esse custo futuro previsível for maior, também esse há de determinar o valor dos
bens já produzidos no passado.
As concepções marginalistas do valor
Para esta corrente, o valor dos bens é determinada pela sua utilidade marginal.
A concepção marginalista permitiu explicar como se combinam os elementos de utilidade e
raridade na determinação do valor económico.
Os marginalistas, em oposição aos clássicos, procuraram definir o valor pelo prisma da procura
A visão marxista do valor
Os marxistas explicam o valor dos bens pela quantidade de trabalho neles incorporada. O capital,
a terra e o valor da empresa contribuem apenas por força de instituições jurídicas vigentes em
regime capitalista e não por imposição de realidades económicas. Para eles o único factor de
produção é o trabalho.
As teorias sincréticas do valor
Na actualidade, as soluções pragmáticas do problema do valor implicam uma visão sincrética,
dependendo tanto da utilidade como do custo. As economia monetáriasprojectam,
necessariamente, o valor dos bens no plano dos preços que se estabelecem nos mercados. Esses
preços resultam de um encontro entre vendedores e compradores, entre a oferta e a procura. Os
vendedores estão limitados na sua aceitação dos preços, ao custo dos bens enquanto que os
compradores estão limitados à utilidade que esperam desses mesmos bens.
Hoje é praticamente ponto assente que, sendo o preço a expressão monetária do valor, as causas
das variações dos preços hãode coincidir com as causas das variações do valor.
O valor resultará, assim e também, das pressões da oferta, da procura, do custo (que condiciona a
oferta) e da utilidade (que condiciona a procura).

Evolução do pensamento económico e factos económicos


A economia medieval
O cristianismo e as concepções económicas
O cristianismo transformou as concepções económicas dos povos convertidos, pelo seu ideal de
desprendimento das riquezas materiais. A esse ideal correspondem os conselhos de perfeição
quanto à pobreza, à castidade e à obediência. Mas, foi a partir do século XIII da nossa era que
essas modificações assumiram um corpo doutrinário, fundamentalmente através das obras de S.
Alberto Magno e S. Tomás de Aquino.
Segundo os doutores da Igreja Católica os bens materiais foram criados por Deus para benefício
de todos os homens, não devendo, por isso, ninguém apropriar-se deles para seu benefício
exclusivo. Mas, dada a imperfeição da natureza humana aqueles bens não têm que ser possuídos
e administrados confusamente por todos. Daí que a propriedade privada é apontada como o
regime mais conveniente e adequado para a defesa das liberdades dos homens, porque estimula
as actividades e contribui para a realização da ordem social.
O direito de propriedade defendido pelo cristianismo não se confunde com a noção romana do
“jus utendi, fruendiacabutendi(direito de usufruto, gozo, usar)”. Para os cristãos, os direitos de
propriedade ficam condicionados pelos fins naturais dos bens respectivos.
O trabalho manual foi dignificado pelo cristianismo que não deixou de admitir a diversidade de
condições sociais. Mesmo a escravatura, embora considerada uma instituição menos perfeita cuja
supressão seria desejável 1, não foi condenada, em absoluto, pelo cristianismo. Sobretudo porque
entendiam que, debaixo de certas condições e no pressuposto de os seus senhores cumprirem
com as suas obrigações de cristãos, os escravos teriam melhor situação que os trabalhadores
livres2. A escravatura só devia ser admitida em relação àqueles que não se achassem nas
condições necessárias para se integrarem plenamente numa comunidade e pressupunha que ela se

1
- Já era essa a ideia de Aristóteles, para o qual a escravatura só se deveria admitir, quando necessária,
justa e útil, na base de um interesse comum, de uma reciprocidade benévola.
2
- Enquanto que os escravos tinham um senhor sobre quem recaía a responsabilidade de os alimentar e
abrigar, os trabalhadores livres, realizadas as suas tarefas não tinham quem deles cuidasse,
particularmente nas épocas em que faltasse o trabalho.
realizasse como forma de protecção do escravo, como um meio de integração social progressiva
e nunca como um meio de exploração.
Foi em relação aos regimes de propriedade e do trabalho que o cristianismo exerceu mais directa
influência no plano dos problemas económicos. Mas a concepção de vida cristã projectou-se em
todos os aspectos da actividade económica.
As doutrinas do justo preço e do justo salário
Através dos seus estudos de Moral e de Direito os escolásticos desenvolveram as doutrinas
medievais do justo preço e do justo salário.
O justo preço constitui a remuneração equitativa, correspondente ao serviço prestado pelo bem
vendido ao respectivo comprador e que permite também ao vendedor que o produziu e que vive
dessa actividade manter um nível de vida conveniente segundo a sua condição.
O justo salário será aquele que permita ao trabalhador e à sua família viverem em harmonia
com a sua condição, com margem bastante para constituir pequenos pecúlios destinados a cobrir
eventualidades futuras.
Estes dois conceitos obedecem a preocupações, dominantes na idade média, de moderação nos
gozos materiais. Tal moderação não exclui modificações de nível económico, em função de
mudanças de condições sociais. Mas essas mudanças deviam processar-se em benefício da
comunidade, como recompensa e estímulo pelos serviços prestados à sociedade e deveriam
servir também o interesse geral.
A condenação do juro
A igreja cristã condenou o juro porque este transformaria a moeda, de simples intermediário
geral das trocas, em uma fonte de rendimentos, pela utilização de um bem comum dado a todos
os homens – o tempo.
Segundo os doutores da igreja, o juro era algo contra natura e contrário à caridade cristã. Ele
constituiria uma forma de exploração do pobre pelo rico.
As razões de ordem pragmática da condenação do juro encontram cobertura doutrinária na
afirmação “pecunia non paritpecuniam”3.
É importante ressaltar que a condenação do juro respeitou sempre a bens fungíveis, a capitais
circulantes, em especial à moeda. Quanto aos bens não fungíveis (substituíveis), aos capitais
fixos (casas, oficinas, etc.) sempre se admitiu que fossem alugados e por essa via produzissem
rendimento 4.

3
- Que significa literalmente “moeda não gera moeda”.
4
- Mesmo relativamente a capitais circulantes a igreja admitiu que certas circunstâncias, alheias à
natureza do empréstimo, justificavam o direito do credor a uma compensação. Essas
circunstâncias estariam relacionadas com as hipóteses de “damnumemergens” (prejuízo
resultante do empréstimo) e “lucrumcessans” (perda de lucro como consequência do
empréstimo).
O valor da moeda na doutrina medieval
Entre os problemas que mereceram interesse no pensamento medieval contam-se os monetários.
A obra de D. Nicolau Oresme (séc. XIV) revela sólidos conhecimentos acerca das funções da
moeda, dos materiais em que deve ser cunhada, da sua forma, do poder de emissão, das
possibilidades de alteração do respectivo valor e dos limites impostos a essas possibilidades.
Desta base concluiu Nicolau Oresme da injustiça das alterações do valor da moeda de que
resultassem rendimentos para o monarca, porque seriam resultantes do empobrecimento dos
súbditos. Tal conclusão levou a uma condenação mais veemente do que a que incidia sobre a
usura porque tal prática seria menos perceptível e por isso mais perigosa. Alterar o valor da
moeda seria no entender de Nicolau Oresme coisa própria de tiranos.
Com este entendimento, Nicolau Oresme rejeitou a concepção nominalista da moeda segundo a
qual o seu valor provém do poder político que envolve o direito de cunhá-la. À moeda
corresponderia um valor intrínseco, correspondente ao da mercadoria nela incorporada (teoria
metalista).
O pensamento económico de IBN KHALDÜN
A literatura árabe não oferece, pelo menos até há relativamente pouco tempo, grande campo de
investigação sobre temas económicos. Mesmo os filósofos árabes que mais se mostraram
influenciados por Aristóteles não se ocuparam de questões económicas. Exceptua-seIbnKhaldün
para quem a sociedade é um fenómeno natural que depende de dois factores determinantes: a
segurança e a economia.
Tendo atribuído tal importância à economia, usou também um critério económico para dividir a
população por três tipos: os artífices – habitando as cidades constituiriam núcleos decadentes,
debilitados pelo sedentarismo e pelas comodidades da vida citadina 5; ii) os agricultores; iii) os
nómadas.
IbnKhaldün mostrou-se favorável a uma estrutura económica estável, defendeu o padrão
metálico da moeda e as restrições ao crédito. Em relação às indústrias preconizou que fossem
rigorosamente regulamentadas, por forma a deixar pequena margem à inciativa privada. Parecia
recear que o progresso económico acarretasse, inevitavelmente, a corrupção e o despotismo, já
que, segundo ele, o homem teria sempre que escolher entre a independência na pobreza e a
abundância na submissão.
Na base da sua concepção sociológica de base económica atribuiu as características psicológicas
dos povos às suas condições materiais de vida e este foi o ponto em que o pensamento
económico de I. Khaldün mais se aproximou do marxismo.

5
- O juízo desfavorável de IbnKhaldün em relação às cidades levou-o a aconselhar aos nobres e aos
guerreiros que não as habitassem, para não perderem nem as suas virtudes nem o respeito da
população.
A evolução dos condicionalismos económicos medievais
A época medieval, principalmente a europeia, é caracterizada pela existência de estruturas
fechadas, de base acentuadamente agrícola. A origem dessas estruturas encontra-se nas invasões
de povos bárbaros e na instabilidade social subsequente. A insegurança conduziu ao
encerramento dos mercados, tornando os movimentos comerciais muito limitados. O
enraizamento dos povos bárbaros e a sua conversão ao cristianismo nas diversas regiões do
império romano não pôs termo à insegurança. Resultam dessa insegurança e instabilidade o
feudalismo e a economia de castelo.
Enquanto os tempos eram extremamente incertos, só as muralhas dos castelos senhoriais
ofereciam às populações vizinhas garantias mínimas. O domínio senhorial constituía um centro
produtor e consumidor.
Mas os tempos melhoraram e os períodos de paz tornaram-se mais longos e estáveis. Com eles a
organização feudal policiou caminhos e aniquilou, ou comprou a paz com povos inimigos.
Nalguma regiões a organização feudal e a acção do cristianismo permitiram a formação de
cidades que já não eram de base militar. Nessas cidades, artesãos e comerciantes alinharam as
suas tendas e oficinas deixando de produzir exclusivamente para o senhor feudal, recebendo
encomendas de diversos consumidores.
As cruzadas abriram novas perspectivas a essas cidades de comerciantes. Tinham dado a
conhecer à Europa os produtos do Oriente. A obtenção desses produtos porém, implicava que se
aumentasse a produção europeia para possibilitar as trocas.
A esta fase de relativa segurança e incremento da produção das trocas e do consumo,
corresponde, no Ocidente, à organização corporativa. A Idade Média não foi favorável a
actividades económicas alheias a regras de disciplina. Pretendia-se que os artífices dessem
garantias de idoneidade profissional e fossem moderados nos ganhos, subordinados ao princípio
do preço justo. Mas nem sempre foi possível assegurar as condições de disciplina corporativa da
produção. Os germes do capitalismo que já tinham abalado a cidade antiga foram conhecidos na
Idade Média. E aqueles mesmos germes capitalistas haviam de contaminar as sociedades cristãs
através da Renascença e da Reforma, nos séculos XV e XVI.

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