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Temos aqui o que são, essencialmente, as duas mesmas categorias de impressões

enfatizadas por Robert: as triviais e as que não foram trabalhadas. Delage, contudo, dá à situação
uma interpretação diferente, pois sustenta que é por não terem sido trabalhadas que essas
impressões são passíveis de produzir sonhos, e não por serem triviais. É verdade, num certo
sentido, que também as impressões triviais não foram completamente trabalhadas; sendo da
ordem das impressões novas, elas são “autant de ressorts tendus” que se soltam durante o sono.
Uma impressão poderosa que tenha esbarrado casualmente em algum obstáculo no processo de
ser trabalhada, ou que tenha sido deliberadamente refreada, tem mais justificativa para
desempenhar algum papel nos sonhos do que a impressão que seja fraca e quase despercebida.
A energia psíquica armazenada durante o dia mediante inibição e supressão torna-se a força
motriz dos sonhos durante a noite. O material psíquico que foi suprimido vem à luz nos sonhos.
[Ibid., 1891, 43.]
Nessa altura, infelizmente, Delage interrompe sua seqüência de idéias. Nos sonhos, só
consegue atribuir a mais ínfima parcela a qualquer atividade psíquica independente; e assim alinha
sua teoria com a teoria dominante do despertar parcial do cérebro: “En somme le rêve est le
produit de la pensée errante, sans but et sans direction, se fixant successivement sur les souvenirs,
qui ont gardé assez d’intensité pour se placer sur sa route et l’arrêter au passage, établissant entre
eux un lien tantôt faible et indécis, tantôt plus fort et plus serré, selon que l’activité actuelle du
cerveau est plus ou moins abolie par le sommeil.” [Ibid., 46.]
(3) Podemos situar num terceiro grupo as teorias que atribuem à mente no sonho uma
capacidade de inclinação para desenvolver atividades psíquicas especiais de que, na vida de
vigília, ela é total ou basicamente incapaz. A ativação dessas faculdades costuma conferir aos
sonhos uma função utilitária. A maioria das opiniões do sonhar dadas pelos autores antigos no
campo da psicologia enquadra-se nessa classe. Basta-me, porém, citar uma frase de Burdach
(1838, 512). O sonhar, escreve ele, “é uma atividade natural da mente que não é limitada pelo
poder da individualidade, não é interrompida pela consciência de si mesma e não é dirigida pela
autodeterminação, mas que é a vitalidade dos centros sensoriais atuando livremente.”
Esse deleite da psique no livre emprego de suas próprias forças é evidentemente
encarado por Burdach e pelos demais como uma condição em que a mente se revigora e reúne
novas forças para o trabalho diurno ,- na qual, de fato, ela desfruta de uma espécie de feriado.
Assim, Burdach [ibid., 514] cita com aprovação as encantadoras palavras com que o poeta Novalis
louva o reino dos sonhos: “Os sonhos são um escudo contra a enfadonha monotonia da vida:
libertam a imaginação de seus grilhões, para que ela possa confundir todos os quadros da
existência cotidiana e irromper na permanente gravidade dos adultos com o brinquedo alegre da
criança. Sem sonhos, por certo envelheceríamos mais cedo; assim, podemos contemplá-los, não,
talvez, como uma dádiva do céu, mas como uma recreação preciosa, como companheiros amáveis
em nossa peregrinação para o túmulo.” [Heinrich von Ofterdingen (1802), Parte I, Cap. 1.]
A função curativa e revigorante dos sonhos é descrita com insistência ainda maior por

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