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A INOVAÇÃO ATRAVÉS DO APRENDIZADO COLETIVO EM UM

CONTEXTO PÓS-MODERNO.

AUTOR: DURVAL CORRÊA MEIRELLES(*)


* ADMINISTRADOR E ECONOMISTA, MESTRE PELA FGV-RJ E DOUTOR
PELA -UFRRJ.

INTRODUÇÃO
A necessidade de políticas de modernização das economias vem ao encontro da atual
condição de sociedade pós-moderna, caracterizada sobretudo pela complexidade das
relações econômicas e no entendimento das grandes transformações econômicas
globais, tais como:
 a reforma do papel do Estado;
 a desregulamentação dos mercados;
 a reestruturação produtiva internacional;
 a velocidade da informação;
 a revolução do conhecimento;
 pelas mudanças das relações de trabalho, dentre outras.

Esta situação, chamada por Beck & Giddens (1997) de “radicalização da


modernidade”, aliada aos problemas já vividos pelo capitalismo nos anos setenta,
oitenta e noventa do século XX, deflagra nos dias atuais, uma série de fenômenos
contraditórios, à luz do desenvolvimento econômico projetado pela economia de
mercado.
Uma análise mais profunda desse contexto nos leva a crer em uma possível
desorganização do capitalismo moderno, com um avanço sem fronteiras do capital
financeiro em detrimento de uma reestruturação saudável da produção e do mercado
de trabalho, a nível global.
Neste contexto de elevada incerteza, risco e competição, as empresas procuram
desesperadamente por um lado, acumular informações, para obtenção de vantagem
competitiva e por outro, inovar como meio de evolução e ou de sobrevivência.
As grandes empresas tem procurado novos mercados e para isso procuram pesquisar
os hábitos e costumes em outros países adequando seus investimentos de P&D ao
atendimento das necessidades locais e globais, sobretudo na produção de bens e
serviços que de fato venham a contribuir para o contínuo desenvolvimento
tecnológico, cada vez mais requisitado pela sociedade pós-moderna.
Por sua vez, as pequenas e médias empresas procuram se inserir aos novos mercados
buscando soluções criativas como por exemplo, as iniciativas de aprendizado coletivo
e processos associativos, que visam em última análise a produção de conhecimentos
novos, os quais possam se transformar em novos produtos, processos ou serviços,
desejados pelos consumidores/mercados.
Nesse sentido, há um grande interesse nos estudos relacionados a uma visão mais
coletiva de inovação, uma vez que a associação das pequenas e micro empresas e a
formação de redes de conhecimento, se tornam fundamental para o crescimento e
desenvolvimento econômico de qualquer sistema econômico.
Assim sendo, esse capítulo procurará identificar contribuições dos neo-
schumpeterianos e de outras correntes que buscam dentre outras coisas, identificar o
aprendizado coletivo como forma de acesso à inovação, a inclusão social e
desenvolvimento econômico, com mais ética e justiça social.

ARGUMENTAÇÃO
Não há como negar a grande contribuição de Schumpeter para o estudo do
desenvolvimento econômico e em particular o papel das inovações e do empresário
inovador. Também se destaca em sua obra(1), a diferença entre crescimento e
desenvolvimento econômico, além dos ciclos da atividade econômica, conceitos
fundamentais no mundo contemporâneo e que deveriam estar sendo mais explorados
para o entendimento das consequências de todo o processo de globalização e
inovação tecnológica em curso. A relação entre a inovação, a criação de novos
mercados e a ação empreendedora são também bem exploradas por Schumpeter.

Segundo Schumpeter(1934) “as inovações no sistema econômico


não aparecem, via de regra, de tal maneira que primeiramente as
novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e
então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. Não
negamos a presença desse nexo. Entretanto, é o produtor que, via de
regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados
por ele, se necessário, são por assim dizer, ensinados a querer coisas
novas ou coisas que diferem em um ou outro daquelas que tinham o
hábito de usar”.

Uma característica marcante na visão do autor, era a de que a inovação tecnológica


seria dada pela oferta, deixando em segundo plano, o papel da demanda. Também
vale destacar sua argumentação com relação à diferenciação de inovações radicais e
incrementais. As mais radicais seriam normalmente realizadas por grandes empresas
e seus investimentos em P&D poderiam levar a um processo de “destruição criativa”
normalmente associada às estruturas econômicas preexistentes. As incrementais
levariam a novas formas de produção, armazenamento, venda e distribuição e
poderiam ser praticadas por empresas menores ou por redes de pequenas empresas.
Com relação à importância e magnitude das inovações, Schumpeter entendia que as
grandes inovações definiriam novos espaços econômicos, afastando o sistema do
equilíbrio, diferentemente da teoria neoclássica que trata das pequenas ou chamadas
inovações marginais, onde a firma inovadora estaria apenas reagindo à concorrência
que seria dada pelo mercado. Esta visão, encontrada, sobretudo nas análises de curto
prazo e modelo concorrencial onde a empresa é observada em um papel passivo, não
se encaixa mais em um mundo onde as firmas encontram grande número de
informações cada vez mais complexas e de difícil interpretação.
Na obra de Schumpeter, também vale salientar as chamadas “novas combinações”
que poderiam melhorar o processo produtivo e apareceriam de forma grandiosa ou

1
(1934) Teoria do Desenvolvimento Econômico. Tradução. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
modesta, proporcionando inovações através de mudanças espontâneas e descontínuas
do denominado fluxo circular.(2)
Para o autor as inovações que impulsionariam o desenvolvimento econômico
poderiam surgir em função de alguns fatores, como por exemplo:
 Introdução de um novo bem;
 Um novo método de produção;
 Abertura de um novo mercado;
 Nova fonte de oferta de matéria-prima e
 Nova forma de organização.

A corrente neoschumpeteriana ou evolucionista, assim chamada por considerar como


Schumpeter que o progresso técnico é fundamental para o desenvolvimento
econômico, destaca diferentemente dele, que no mundo moderno outros fatores
poderiam levar a um processo contínuo de progresso técnico e inovação tecnológica.
Quais seriam estes fatores? Segundo esta corrente, poder-se-iam destacar, as
múltiplas relações internas e externas mantidas pelas empresas, como também as
inter-relações empresariais com as universidades, fornecedores e clientes, ou com
outras empresas e instituições responsáveis pela pesquisa, armazenamento e
distribuição do conhecimento.(3)
Essa tese se coaduna bem em um mundo empresarial onde, a fixação de marcas
internacionalmente, a inovação, o acesso às novas tecnologias de produção e de
comercialização são vitais para a sobrevivência empresarial em um mercado cada vez
mais concorrido.
Segundo Cooke(1999), a idéia isolada de inovação concebida por Schumpeter em sua
teoria do desenvolvimento econômico parece cada vez mais distante da atualidade.
Em função disso, procura explorar o crescimento das pequenas e médias empresas,
dentro de um contexto maior de investimento no capital social, definido como um
processo coletivo de aprendizado contínuo. Segundo o autor, “a interação de diversos
atores e conhecimentos é o que levaria a conjugação de processos inovadores
combinados com as novas tecnologias de produtos, processos e serviços”.
Mas, o que seria isso? A inovação surgiria de ações e programas coletivos oriundos
da sociedade, governo e empresas e incluiria uma série de grupos e desenvolvimento
do capital humano.
Estudiosos como Granovetter(1985), Polanyi(1944) e Wilkinson(4) entendem que as
sociedades que investem dentre outros fatores, em capital social conseguem alcançar
as capacidades e habilidades necessárias à criação de um ambiente inovador,
propiciando com mais facilidade a criação e difusão do conhecimento.
Diferentemente de Schumpeter que enfatizava o progresso tecnológico como um
processo de oferta que afetaria o equilíbrio do fluxo circular, Freeman(1994)
corroborando com as idéias de Cooke, defende que o avanço tecnológico decorreria
das múltiplas relações externas mantidas por uma firma, seja em seu ambiente

2
O fluxo circular da vida econômica por circunstâncias dadas, ver no capítulo I da Teoria do Desenvolvimento Econômico.
Tradução. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
3
Ver em LUNDVALL, B. A . Innovation as na Interactive process: from user-producer interaction to the national system of
innovation. In :Dosi et al. Technical Change and Economic Theory, Pinter:London, 1988, cap 17, pp349-369.

4
Notas e observações de aula de John Wilkinson Professor do Doutorado CPDA/UFRRJ.
externo ou em parcerias com outras empresas. O autor destaca ainda a parceria
universidade/empresa como grande estimuladora do desenvolvimento de novos
produtos, sobretudo no caso de inovações incrementais e radicais. Por outro lado,
destaca a importância da acumulação de conhecimento pela formação de mão-de-obra
mais especializada nas universidades, bem como a preocupação das estratégias
empresariais e das políticas públicas, além dos desenvolvimentos de redes de
relacionamentos entre seus usuários.
Já Lundvall(1988), destaca que os processos de inovação são desencadeados dentro
de um contínuo e interativo aprendizado por parte das firmas em seu relacionamento
interno e externo. Também destaca em sua obra, que os processos de aprendizado dos
trabalhadores e acumulação de conhecimento tem se materializado também nos
processos informais com treinamento learning by doing, learning by using, learning
by interactive.
O autor destaca ainda que o principal desafio seria o de como assegurar a execução de
um desenvolvimento econômico e social sustentável, levando-se em consideração as
necessidades para uma sociedade nova baseada cada vez mais no conhecimento e na
capacidade de aprendizagem contínua, que permita ao mesmo tempo:
 a criação de novos postos de trabalho;
 aumentar o nível de competitividade das organizações;
 lutar contra a exclusão social;
 assegurar a proteção do meio ambiente;
 a qualidade de vida de seus cidadãos,
Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida por Lundvall, tem contribuído para ampliar os
debates e fornecer aos gestores de políticas nacionais e regionais, especialmente no
mercado Europeu, novos conhecimentos sobre a importância da tecnologia e sobre o
papel da inovação para a implementação de políticas que permitam o
desenvolvimento econômico.
Dentre algumas questões levantadas pela pesquisa do autor, destacar-se-iam:
 Qual é o impacto das políticas da inovação em conseqüência de uma economia
global, baseada cada vez mais no conhecimento e na aprendizagem?
 Quais seriam os efeitos da globalização, em sistemas nacionais da inovação?
 Os sistemas da inovação estariam fortalecendo a integração econômica ou não?
 Quais seriam os mecanismos que permitiriam um melhor aproveitamento das
políticas de pesquisa e de desenvolvimento que examinam o fenômeno da
globalização e da aprendizagem?
 Qual seria o nível político mais apropriado de intervenção neste contexto novo?
As conclusões da pesquisa desenvolvida pelo autor mostram a necessidade de uma
coordenação maior das várias políticas, não somente no campo nacional, mas também
no nível transnacional, com vistas a uma melhor interpretação dos desafios da
globalização.
Segundo Lundvall(1997) “sem dúvida nos últimos anos com a liberalização e a
desregulamentação dos mercados, é possível notar que houve uma integração rápida
dos fluxos financeiros e um crescimento importante do comércio internacional, tendo
como consequência grandes transformações nos fluxos de moeda nos mercados
financeiros. No entanto, com relação à produção e a distribuição do conhecimento,
caberia uma reflexão sobre todo o processo, que se encaixa em um contexto maior de
exclusão social.”
Concordando com o autor, é inegável que o percentual de pessoas engajadas na
produção de bens tangíveis vem caindo, o exemplo maior é o número de
desempregados que duplicou em toda a década de noventa, sobretudo nos países
industrializados e que há um crescimento no número de pessoas que se dedicam à
produção, distribuição e em processamento do conhecimento.
Em sua obra Lundvall destaca que nessa nova economia de aprendizagem, a
capacidade de se desenvolver dependeria da potencialidade das pessoas, das empresas
e até de países em sua forma de produção e difusão do conhecimento, como também
da adaptação as novas combinações dos fatores em um ambiente de mudança cada
vez mais competitivo.
Nesse contexto, ao discutir o papel do conhecimento e da produção do conhecimento
na atividade econômica é importante distinguir entre o conhecimento tácito e
codificado.
Segundo Polanyi(1966) o codificado relaciona-se ao grau a que as partes do
conhecimento podem ser escritas para baixo e transferidas. Já Lundvall(1997)
enfatiza que a codificação do conhecimento implica que ele se transformou “em
informação” e que pode facilmente ser transmitido com a infra-estrutura necessária.
Segundo o autor seria um processo de redução e de conversão que rende a
transmissão, a verificação, o armazenamento e a reprodução do conhecimento. Sendo
assim o conhecimento codificado pode normalmente ser transferido sobre distâncias
longas e através dos limites organizacionais
Em contraste ao conhecimento codificado, o conhecimento tácito é o conhecimento
que não pode facilmente ser transferido porque não se baseia em um formulário
explícito. Um tipo importante de conhecimento tácito é habilidade. Um outro tipo
importante do conhecimento tácito e o das modalidades implícitas, mas
compartilhadas da interpretação que fazem uma comunicação inteligente possível.
De acordo com Polanyi(1966), a única maneira transferir este tipo do conhecimento é
com um tipo específico da interação social similar aos relacionamentos do
aprendizado. Isto implica que não se pode ser vendido e comprado no mercado e que
sua transferência é extremamente sensível ao contexto social. Estas características
distintas do conhecimento como um recurso econômico determina o contexto em que
as mudanças dramáticas na geração e no uso do conhecimento estão ocorrendo.
Isto significa que o fator o mais importante para as empresas individuais não é apenas
descobrir as habilidades, mas retê-las e se possível adquirir novas. Neste sentido,
aprender transformou-se na chave às operações bem sucedidas econômicas e do
mercado em anos recentes. A capacidade de aprender e transformar neste contexto
novo, seria um fator crucial da competitividade.
Há uma necessidade definitiva de reconstruir constantemente as habilidades do
indivíduo e das competências tecnológicas das empresas e das organizações. Isto
implica, naturalmente, uma definição larga do conhecimento e da aprendizagem.
O conhecimento inclui as habilidades práticas estabelecidas com a aprendizagem,
como as potencialidades adquiridas com a instrução formal e treinamento, incluindo
as habilidades de gerência aprendidas na prática assim como as novas produzidas por
P&D.
A economia de aprendizagem não valeria apenas para a produção de tecnologia
elevada, ela seria fundamental em economias onde a habilidade de aprender seja
crucial para o sucesso econômico dos indivíduos, das firmas, das regiões e de
economias nacionais. Isto quer dizer que o aprendizado deveria ocorrer em todas as
partes da economia, incluindo setores de alta tecnologia e também setores
tradicionais.(baixa tecnologia)
De fato, em economias altamente desenvolvidas a ocorrência de aprendizagem em
setores tradicionais de baixa tecnologia pode ser mais importante para o crescimento
econômico do que ocorrer de aprendizagem em um número pequeno das firmas
isoladas de alta tecnologia. O potencial de aprendizagem pode diferir entre setores e
tecnologias, mas em todos os setores ele deverá ser explorado.
Finalmente, o autor enfatiza que todos os trabalhadores têm algumas habilidades e
potencialidades a aprender, mesmo aqueles “trabalhadores inábeis”. O conceito chave
é o que enfatiza a taxa elevada da mudança econômica, social e técnica que
continuamente leva ao conhecimento especializado. O mais importante é a habilidade
de aprender e não o estoque do conhecimento.
A razão principal porque aprender se tornou mais importante tem haver com a
dialética entre a aprendizagem e a mudança. A mudança rápida implica uma
necessidade para a aprendizagem rápida, e aquelas envolvidas na aprendizagem
rápida impõem a mudança no ambiente e nos povos.
A verdade é que, as novas tecnologias de informação e de comunicação, além dos
acontecimentos do mundo moderno, como a abertura comercial, o processo de
globalização, desregulamentação e liberalização, ajudaram a construir um ambiente
altamente competitivo favorável às organizações e indivíduos mais preparados e
orientados para o momento.
Assim sendo, esse ambiente inovador e competitivo vem sendo construído pelos
atores mais preparados e mais envolvidos no processo, como resposta às mudanças e
a todo processo de aprendizagem. No nível individual, a resposta veio como uma
preparação contínua do indivíduo para uma economia do conhecimento. No caso da
empresa individualmente, a busca contínua por inovações, a meu ver como estratégia
até de sobrevivência.
Em um contexto mais amplo Lundvall sugere o desenvolvimento de estratégias para a
coletividade. Sendo assim, enfatiza a necessidade da coordenação e calibragem em
três áreas.
i) políticas para apressar a mudança(economia, competição e comércio)
ii) políticas que afetam a habilidade de absorção(desenvolvimento intelectual e
inovação)
iii)políticas para os perdedores/excluídos(sociais, redistributivas e regionais)
Para o autor a coordenação e calibragem dessas políticas definiriam o sucesso para o
crescimento econômico com inclusão e coesão social. Se bem sucedida, essa
estratégia aumentaria o bem-estar aumentando a possibilidade e a potencialidade da
economia de aprendizagem superando os problemas de subemprego, crescimento
lento da produtividade e a polarização social e regional.
O incentivo as novas formas de cooperação entre as empresas e as redes que elas
operam, os investimentos em pesquisa, a relação universidade/empresa, a formação
de clusters e incubadoras de empresas, seriam exemplos de novos pólos regionais de
desenvolvimento que deveriam ser mais bem coordenados e formariam um sistema
nacional de inovação.
Na nova economia de aprendizado com enfoque na inovação, o papel do Estado seria
fundamental na coordenação, na divisão de responsabilidades dos governos centrais e
regionais, na interação com o mercado em todo o processo e, sobretudo como usuário
final.(5)
O autor enfatiza, no entanto, que todo este processo deveria ser analisado e estudado
por cientistas, professores e pesquisadores, no sentido de possibilitar uma grande
reflexão sobre as consequências dessa nova economia de aprendizado e que a partir
daí, surjam novas estratégias de crescimento econômico, que possam contribuir para
todos os tomadores de decisão que operem neste campo, especialmente em países
subdesenvolvidos. Para Lundvall a inovação social seria a base para a inovação
tecnológica “ na atualidade as inovações sociais podem tornar-se mais importantes
para a riqueza das nações do que inovações técnicas” .
Outras abordagens que vem surgindo enfocam a necessidade da criação de ambientes
inovadores. Maillat(1996) sugere que iniciativas locais devem ser incentivadas com
intuito de fortalecer pequenos territórios de empresas competitivas denominadas
“sistemas produtivos locais” que traduzam um conjunto de relações sociais capazes
de coordenar os agentes envolvidos e potencializar os resultados.
Como exemplo o autor destaca que as regiões mais desenvolvidas seriam aquelas
caracterizadas uma densa teia de relações entre serviços, iniciativas empresariais,
organizações públicas e associações da comunidade civil.
Storper(1997) já defende como Lundvall, que a capacidade de acumulação de
conhecimento dependeria de fluxos de conhecimento tácitos que não podem ser
codificados, resultantes de diferentes formas de ação coletiva, que facilitariam a
criação de um ambiente inovador, permitindo as empresas sucessivos ganhos
tecnológicos e a formação de clusters, ou aglomerados de empresas com os mesmos
objetivos.
Segundo Maillat(1996) apesar da existência de uma grande variedade de casos de
aglomerados existentes poder-se-ia especular que algumas características seriam
comuns, como por exemplo:
 os sistemas locais são especializados a partir de um produto ou atividade;
 as atividades são desenvolvidas a partir de conhecimentos adquiridos na região;
 normalmente essas atividades são desenvolvidas por pequenas empresas;
 interdependência de informações formando redes produtivas e de inovação.

Além dessas características, uma de grande importância que extrapolaria a dimensão


econômica, seria a existência de relações com base no contexto histórico e social
específicos, que permitiriam o estabelecimento de ligações fundamentais de
confiança mútua.
Pyke e Sengenberger(1992) destacam que a presença das características apresentada
por Maillat teria dado origem aos distritos industriais europeus como um modelo de
organização sócio-econômica.
Finalmente, Igliori(2001) destaca a possibilidade da existência de políticas que
estimulem a capacidade inovativa de uma região. “O importante seria garantir o
5
O autor exemplifica como principal usuário do sistema nacional de inovação os complexos militares dos EUA e da URSS
envolvimento de diversos atores que participam dos sistemas produtivos, estimulando
as sinergias e desenvolvendo benefícios de proximidade e capacidade coletiva para a
mudança”.

CONCLUSÃO
Não há ainda consenso sobre as recentes discussões ou teorias sobre a melhor forma
de produção de tecnologia pelas empresas ou de melhores processos que levem a
inovação. No entanto em um mundo cada vez mais complexo, as saídas
individualistas não têm se mostrado as mais eficientes para um melhor
aproveitamento das potencialidades econômicas e sociais.
Analisando os fenômenos sociais e seus reflexos econômicos, numa visão biunívoca,
Jones (1975) afirmou que “todo período histórico parece ter sido associado a um
desafio econômico proeminente, que ultrapassa os limites da discussão especializada
e se torna tema de interesse público”.
Polanyi (1944) já destacava em sua clássica obra, que a “insensibilidade e ganância
dos capitalistas em busca de lucro poderia levar a uma grande devastação social e a
um sistema incontrolável, a economia de mercado”.
A contradição reside no fato de que a hegemonia de mercado e suas exigências
atingiram um nível tal intensidade nos dias de hoje, que se trata de uma sociedade que
substituiu a exploração pela exclusão, contribuindo para que em diversas economias
os ciclos de declínio econômico se intensificassem. Em resposta a isso, surgiram
novos movimentos sociais, que apesar de tratarem mais de autogestão e democracia
interna do que a antiga luta pela tomada pelo poder, verifica-se em alguns casos mais
complexos, que em alguns países o poder do Estado com relação à segurança de seus
cidadãos, já esteja em cheque.(6)
De certa forma, o que encontramos na sociedade liberal atual é a decomposição da
ação coletiva que não é mais capaz de contestar a apropriação privada dos meios de
produção e refugia-se cada vez mais no consumismo fácil e incontrolável da
economia de mercado. Na verdade, a visão liberal ignora os excluídos do processo
mostrando claramente uma visão míope de desenvolvimento.
Em contraposição a essa doutrina liberal, a visão de Sen (1999) sugere um
desenvolvimento econômico mais amplo e com mais liberdade. Enfoca que o apoio a
políticas públicas que invistam na formação das gerações futuras, no sentido de dar-
lhes capacidade de ter uma vida mais digna, assim como possam interferir e se
vincular mais adequadamente nos aspectos econômicos, sociais e políticos.
De outra forma, Castells (1999) também chama atenção para a possibilidade de uma
exclusão não só de pessoas e empresas, mas até de países, caso não consigam se ligar
ao sistema global que chama de sociedade em rede. O autor enfoca que as economias
modernas devem construir ou acumular competências competitivas, tais como:
 capacidade tecnológica;
 investimentos em P&D;
 investimentos em capital humano;
 acesso ao mercado internacional e;
 instituições privadas e públicas fortes.

6
Em alguns países nota-se a divisão do poder por grupos de revolucionários, paramilitares ou do tráfico.
Segundo o autor “a busca pela produtividade e competitividade e lucratividade
deveriam criar condições para economias cooperarem mais e se tornarem
complementares e não puramente competitivas”. Para ele, a diferença de sucesso
entre as economias estaria na maior ou menor defasagem entre a descoberta,
transferência e absorção das novas tecnologias por empresas e pessoas, tendo
reservado para o Estado um papel relevante, como coordenador dessa tarefa.
Assim sendo, as economias menos desenvolvidas poderiam adotar estratégias para se
tornarem mais competitivas neste mundo pós-moderno, investindo em setores e áreas
que poderiam contribuir para torná-las mais competitivas em âmbito internacional.
Essa tese defendida pelos autores citados no texto que defendem o aprendizado
coletivo como forma de acesso de pequenas e médias empresas ao mercado global,
parece mais adequado para economias desenvolvidas e uma miragem para países em
desenvolvimento.
Nos países mais atrasados deveria haver uma preocupação inicial na construção de
um projeto que permitisse, o mapeamento das atividades ligadas a inovação e em
seguida fossem implementadas políticas de investimento em infraestrutura adequada
com vistas a permitir as parcerias defendidas pelos autores citados no texto. Em
segundo lugar, deveriam ser incentivadas com recursos mais pesquisas sobre o
assunto, bem como mais recursos deveriam ser alocados pelo Estado e pelas empresas
na formação do capital humano.
A lógica individualista de mercado parece perder força neste momento de grandes
preocupações econômicas, políticas e sociais. Será que surgirá uma nova lógica? Será
que surgirá uma nova parceria entre setor privado, público e a sociedade em geral? O
papel do Estado será revitalizado? Surgirão novas formas de organização coletiva
para suprir as falhas existentes neste modelo individualista/liberal?
Na verdade o que todos esperam é que surja uma nova via, senão for apelidada de
“terceira via”7 que sirva para uma nova discussão sobre as conseqüências desse
processo esquizofrênico modernizante, especialmente sobre os países menos
desenvolvidos, cujas transformações vem massacrando sociedades em todo o mundo.

BIBLIOGRAFIA
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