Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Agradeço a minha mulher e a meus colegas, aos professores Robert Darnton, Natalie
Davis, Felix Gílbert, Charles Gillispie, Theodore Rabb, Carl Schorske e muitos outros
por suas críticas valiosas durante a escrita do primeiro esboço deste ensaio. Acatei a
maioria das sugestões, mas a responsabilidade pelo resultado final é toda minha.
Estes "novos historiadores" recentes não devem ser confundidos com os "novos histo-
riadores" norte-americanos de uma geração mais antiga, como Charles Beard eJames
Harvey Robinson.
STON E 9
A primeira é o que se entende aqui por "narrativa" A narrativa significa aqui a
organização do material em uma ordem sequencial cronológica) com o con-
teúdo direcionado para um relato único e coerente) não obstante se sirva de
tramas secundárias. Os dois modos essenciais pelos quais a história narrativa
difere da história estrutural são: seu arranjo é mais descritivo que analítico e
seu foco está no homem) não nas circunstâncias. Assim) ela lida antes com
o particular e específico no lugar do coletivo e estatístico. A narrativa é um
modo de escrita histórica) mas um modo que afeta conteúdo e método e)em
contrapartida, deixa-se afetar por eles.
O tipo de narrativa que tenho em mente não é o de um mero antiquário
ou analista. É uma narrativa dirigida por algum princípio "cheio de potencial"
e que dispõe de tema e argumento. O tema de Tucídides eram as Guerras do
Peloponeso e seus efeitos desastrosos sobre a política e a sociedade gregas;
o de Gíbbon, a ascensão e a queda do Império Romano; o de Macaulay; o
surgimento de uma constituição participativa e liberal em meio às tensões da
política revolucionária. Os biógrafos contam a história de uma vida) do nasci-
mento à morte. Nenhum historiador narrativo) como os tenho definido, evita
a análise, mas esta não constitui o esqueleto em tomo do qual seus trabalhos
se fazem. Por fim) eles estão profundamente preocupados com os aspectos
retóricos de sua apresentação. Bem-sucedidos ou não em suas tentativas, cer-
tamente aspiram ao estilo elegante, à concisão, à inteligência. Não basta que
lancem palavras sobre uma página e deixem-nas ali à sua sorte) segundo a
noção de que, sendo ciência, a história não necessita de arte que a auxilie.
As tendências aqui indicadas não devem ser entendidas como se disses-
sem respeito à maioria dos historiadores. Tudo que se tenta aqui é apontar
uma notável guinada de conteúdo, método e estilo em um bem pequeno,
porém desproporcionalmente proeminente, núcleo da atividade historio-
gráfica como um todo. A história sempre teve muitos solares, que permane-
2 Sobre a história da narrativa, cf. L. Gossman, "Augustin Thierry and the Liberal H ísto-
riography". Historyand Theory, n. 4, Beiheft xv, 1979; Hayden V. White, Metahistory:
'lhe HistoricalImagination in the Nineteenth Century. Baltimore: The Johns Hopkins
University Press, 1973 [ed. bras.: Meta-história: A imaginaçãohistórica doséculo XIX, trad.
José Lourêncio de Melo . São Paulo: Edusp, 1995]. Agradeço ao professor Randolph
Starn por ter chamado minha atenção para o último.
II
STON E "
distintos de "história científica', todos baseados não apenas em novos dados,
mas em novos modelos e novos métodos: o modelo econômico marxista, o
modelo ecológico / demográfico francês e a metodologia "cliom étrica" norte-
-americana. Segundo o velho modelo marxista, a história se move em pro-
cesso dialético de tese e antítese mediante uma luta de classes, as quais foram
criadas pelas próprias transformações no controle dos meios de produção.
Nos anos 1930, essa ideia resultou em um determinismo econômico e social
bem simplista que afetou muitos jovens historiadores no período. Era uma no-
ção de "história científica" muito defendida por marxistas até o final dos anos
1950. Deve-se, contudo, notar que a geração atual de "neomarxístas" parece ter
abandonado a maioria dos princípios dos historiadore marxistas tradicionais
dos anos 1930. Eles mostram-se, agora, preocupados com o Estado, a política,
a religião e a ideologia como seus pares não marxistas: no processo, parece
que abandonaram a perseguição a uma "história científica':
O segundo sentido de "história científica" é o usado desde 1945 pela
Escola dos Annales dos historiadores franceses, entre os quais Emmanuel
Le Roy Ladurie pode surgir como porta-voz, não obstante seja um radical.
Segundo ele, a variável-chave na história está nas mudanças do equilíbrio
ecológico entre suprimentos alimentares e população, um equilíbrio que se
determina necessariamente pelos estudos quantitativos de longa duração da
produtividade agrícola, das mudanças demográficas e do preço dos alimen-
tos . Esse tipo de "história científica" emergiu da combinação de um interesse
francês de longa data na geografia e demografia históricas associado com a
metodologia de quantificação. Le Roy Ladurie nos diz categoricamente que
a "história que não seja quantificável não pode almejar a cíêncía'.'
O terceiro significado de "hi stória científica" é de origem norte-ameri-
cana e pauta-se pela ideia, expres sa em alto e bom som pelos "cliom etr ístas",
de que só sua muito especial metodologia quantitativa pode arrogar-se o sta-
tus de ci ência.' Segundo eles, a comunidade histórica pode ser dividida em
3 Emmanuel Le Roy Ladurie, lhe Territory of lheHisiorian [1975], trad. Ben e Siân Reynolds .
Hassocks: Harvester, 1979, p. 15 e parte I passim.
+ Um artigo inédito de Robert William Fogel, "Scientific History and Traditional History"
[1979 J, oferece o exemplo mais consistente des sa ideia de uma história verdadeiramente
"científica". Continuo, contudo, long e de ser convencido.
8 TONE 13
história. O estruturalismo parsoniano, precedido pela Scientific Theory oi Cul-
ture de Malinowski,' teve sequência, apesar de seu fracasso em oferecer uma
explicação para a mudança com o tempo e do fato óbvio de a adequação en-
tre as necessidades materiais e biológicas de uma sociedade e as instituições
e valores segundo os quais ela vive ter sido sempre muito pouco satisfatória,
para não dizer pobre. Tanto o estruturalismo quanto o funcionalismo ofere-
ceram valiosas intuições, mas nenhum deles chegou sequer perto de dar aos
historiadores uma explicação abrangente sobre a mudança histórica.
Esses três grupos de "historiadores científicos", que floresceram respecti-
vamente dos anos 1930 aos anos 1950, dos anos 1950 a meados dos anos 1970
e dos anos 1960 ao início dos anos 1970, confiaram demasiadamente na ideia
de que os maiores problemas da explicação histórica seriam solúveis e que,
após algum tempo) poderiam resolvê-los. Soluções rigorosas surgiriam final-
mente, segundo afirmavam, para explicar questões obscuras como as causas
das "grandes revoluções " ou a passagem do sistema feudal para o capitalista
e das sociedades tradicionais para as modernas. Tal otimismo inebriante en-
tre os dois primeiros grupos de "historiadores científicos", tão visível dos
anos 1930 aos anos 1960, ganhava o reforço da crença de que as condições
materiais - tais como as mudanças no relacionamento entre população
e oferta de alimentos ou nos meios de produção e os conflitos de classe -
eram as forças motrizes da história. Muitos, mas não todos, entendiam os
desenvolvimentos intelectuais, culturais, religiosos, psicológicos, legais ou
mesmo políticos como meros epifenômenos. Uma vez que o determinismo
econômico ou demográfico ditava amplamente o conteúdo do novo gênero
de pesquisa histórica, as modalidades analíticas, não as narrativas, eram mais
adequadas para organizar e apresentar os dados, e os próprios dados tinham
de ser, tanto quanto possível, de natureza quantitativa.
Os historiadores franceses, que nos anos 1950 e 1960 estiveram à frente
desse bravo empreendimento, promoveram um arranjo hierárquico: em
primeiro lugar, e em ordem de importância, vinham os fatos econômicos e
demográficos; depois, a estrutura social; e, por fim, os processos intelectuais,
5 Bron islaw Malinowski, A Scientific Theory Df Culture, and Other Essays. Chapei Hill :
The University ofNorth Carolina Press, 1944 [ed. bras.: Uma teoria cientifica da cultura,
3~ ed., trad.jos éAuto . Rio de Janeiro: Zahar, 197sJ.
STONE 15
III
8 Robert Damton, "InteUectual and Cultural H ístory", in M. Kammen (org .), ThePastBe-
fore Us: Contemporary Historical Writing in the UnitedStates. Ithaca : Cornell University
Press, 1980, pp. 327-54 .
9 Michael Zuckerman, "Drearns that Men Dare to Dream: The Role ofIdeas in Westem
Modemization". SocialScience Hisiory, n. 3, v. 2, 1978, pp. 332-4 5.
10 Fran çois Furet eJacques Ozouf, Lire et écrire. Paris: Minuit, 1978, 2 v. Ver também Ken-
neth A. Lockridg e, Literacy in Colonial N ew England: An Enquiry into the SocialContext
ofLiteracyin theEarlyModern West. Nova York: Norton, 1974.
STONE 17
manda da Inglaterra em 1066 e provavelmente também a divergência dos ca-
minhos econômicos e sociais tomados pela Europa Oriental, pelo Noroeste
europeu e pela Inglaterra nos séculos XVI e XVII." Sem dúvida} os historiado-
res futuros criticarão duramente os novos historiadores dos anos 1950 e 1960
por não terem dado a devida atenção ao poder: à organização e à tomada de
decisões políticas e aos caprichos das batalhas e do cerco militar, da destrui-
ção e da conquista. Civilizações ascenderam e caíram graças às flutuações da
autoridade política e às víradas do destino na guerra, e é extraordinário que
tais matérias tenham sido ignoradas por tanto tempo po r aqueles que se reco-
nheciam na linha de frente da profissão de historiador. Na prática , a maioria
dos historiadores continuou preocupada com a história política, tal como sem-
pre foi, mas não foi essa a impressão geralmente dada pela vanguarda do ofício.
Um reconhecimento atrasado da importância do poder, das decisões políticas
individuais, das oportunidades da batalha tem forçado historiadores a retomar
o modo narrativo}quer gostem ou não. Para usar termos de Maquiavel, nem a
virtú - atributo individual- nem a fortuna - acidente feliz ou não - podem ser
capturadas por algo que não seja a narrativa ou mesmo uma anedota.
A terceira questão relacionada aos golpes recebidos pela história analí-
tica ou estrutural é o registro incerto quanto à datação no uso do que deve
ser sua maior característica metodológica - a quantificação. A quantificação
sem dúvida tem amadurecido e hoje se estabeleceu como uma metodologia
essencial em muitas áreas da investigação histórica} especialmente da histó-
ria demográfica, da história da estrutura e da mobilidade sociais, da história
econômica e da história dos modos de votação e do comportamento do elei-
tor em sistemas políticos democráticos. Seu uso tem enriquecido bastante
a qualidade geral do discurso histórico, exigindo a citação de números pre-
cisos em lugar da utilização difusa de palavras} como outrora. Os historia-
dores não podem mais sair impunes dizendo "mais", "m en os", "crescendo",
"decaindo", que implicam comparações numéricas, sem citar explicitamente
as bases estatísticas para tais afirmações. Ela também promove, mediante
exemplos, argumentos que de outro modo pareceriam pouco confiáveis. Os
críticos exigem o embasamento em evidências estatísticas para mostrar que
11 Refiro-me ao debate incitado por Robert Brenner, "Agrarían Class Structure and Econo-
mie Development in Pre-Industrial Europe". Pastand Present, n. 70, fev. 1976, pp. 30-75.
STONE 19
destruiu ou colocou em dúvida muitas das conclusões. Todos conhecemos
pessoas cuja falha no registro de urna informação no estágio de codificação
levou à perda de importantes resultados. Todos conhecemos ainda aqueles
cujas fontes de informação são tão pouco confiáveis que podemos estar se-
guros de que certeza alguma pode ser atribuída às suas conclusões baseadas
na manipulação quantitativa. Registres paroquiais são um exemplo clássico:
um enorme esforço é dedicado a eles em muitos países, e apenas alguns de-
les são capazes de fornecer bons resultados.
A despeito de suas inquestionáveis realizações, não se pode negar que
a quantificação não correspondeu às altas esperanças de vinte ano s atrás.
A maioria dos grandes problemas da história continua insolúvel como sem-
pre, se não ainda mais. O consenso sobre as causas das revoluções inglesa,
francesa e americana está tão longe quanto sempre esteve, apesar do enorme
esforço empregado para a elucidação de suas origens econômicas e sociais.
Trinta anos de intensa pesquisa da história demográfica têm nos deixado
mais, em vez de menos, confusos. Não sabemos por que a população pa-
rou de crescer na maioria das regiões da Europa entre os anos 1640 e 1740;
não sabemos por que voltou a crescer a partir de 1740, ou se a causa foi o
aumento dos nascimentos ou a queda da mortalidade. A quantificação nos
contou uma série de o quês sobre a história demográfica, mas relativamente
muito pouco sobre os por quês. As maiores questões relacionadas à escravi-
dão norte-americana permanecem, como sempre, sem resposta, ainda que
se tenha direcionado a ela um dos mais intensos e sofisticados estudos já ela-
borados. A publicação de seus achados, longe de resolver problemas, apenas
aumentou a temperatura do debate." Ela teve o lado positivo de concentrar
a atenção em importantes pontos, como a dieta, a higiene, a saúde e a estru-
tura familiar dos negros norte-americanos sob a escravidão, mas também
tirou o foco dos efeitos psicológicos igualmente ou ainda mais importantes
da escravidão seja sobre escravos seja sobre senhores, simplesmente porque
12. Rob ert William Fogel e Stanley L. Engerman, Tim e on the Cross: 'IheEconomics ofAme-
rican NegroSlavery.Boston: Little Brown, 1974; PaulA. David et al., Reckoningwith Sla-
very:A CriticaiStudy in the Quantitative Historyof Am erican Negro Slavery. Nova York:
Oxford University Press, 1976. Herbert G. Gutman, Slavery and the Numb ers Game:
A CritiqueofTime on the Cross. Urbana, Illinois: University ofTIlinois Press, 1975.
STONE 21
Merton sugeriu há algum tempo, na melhor das hipóteses apenas generali-
zações de médio alcance são possíveis em se tratando de história. O modelo
macroeconômico é uma ilusão; a "história cient ífica", um mito. Explicações
monocausais simplesmente não funcionam. O uso de modelos responsivos
de explicação, construídos ao estilo das "afinidades eletivas" de Weber, pa-
rece oferecer melhores ferram entas para revelar parte da verdade ardilosa
acerca das causalidades históricas, especialmente quando abandonamos
qualquer reivindicação de cientificidade a esse método.
A desilusão com o determinismo econômico ou demográfico mono-
causal, ou com a quantificação, fez com que os historiadores começassem
a formular um novo conjunto de questões, muitas delas anteriormente obs-
truídas pela preocupação com a metodologia específica, estrutural, de coleta
de dados e estatística. Mais e mais os "novos historiadores" estão tentando
descobrir o que pensavam as pessoas no passado ou como viviam - ques-
tões que inevitavelmente levam ao uso da narrativa.
Um subgrupo de destaque da grande escola francesa de historiadores
conduzida por Lucien Febvre tem sempre considerado as mudanças intelec-
tuais, psicológicas e culturais como variáveis independentes de fundamental
importância. Mas, por muito tempo, eles foram minoria, deixada para trás
enquanto a "história científica", econômica e social no conteúdo, estrutural
na organização e quantitativa na meto dologia, seguia em frente. Os tópicos
pelos quais se inte ressavam tornaram-se subitamente o centro das discus-
sões; as questões propostas, contudo, já não são as mesmas, muitas vezes
vindas da antropologia. Na prática, se não na teoria, a antropologia tende
a ser uma das disciplinas mais a-históricas , dada a sua ausência de interesse
pela mudança ao longo do tempo. Não obstante, ela tem ensinado como
sistemas sociais inteiros e conjuntos de valores podem ser esclarecidos de
maneira brilhante pelo método acurado de registrar em detalhes um único
acontecimento, desde que seja muito cuidadosamente contextualizado e
analisado em seu sentido cultural. O modelo arquetípico dessa "descrição
densa" é o clássico relato da rinha de galo balinesa de CWIord Geertz." Nós,
STONE 23
disciplina da história da imprensa, do livro e do letramento, e seus efeitos
sobre a difusão de ideias e a transformação de valores.
Outra razão para que alguns "novos historiadores" estejam retomando
a narrativa parece ser o desejo de tornar seus achados acessíveis a um pú-
blico inteligente, porém não especializado, ansioso para aprender o que es-
sas questões inovado ras, esses métodos e dados têm a revelar, mas que não
suporta tabelas e estatísticas, argumentos analíticos secos e prosa cheia de
jargão. Cada vez mais os historiadores analíticos, estruturais e quantitativos
se veem falando entre si e com mais ninguém. Seus achados aparecem em
periódicos especializados, ou em monografias tão caras e com tão baixa tira-
gem (menos de mil exemplares) que têm sido quase inteiramente compra-
das pelas bibliotecas. E ainda, o sucesso dos periódicos populares de histó-
ria, como History Today e L'Histoire, prova que existe uma ampla audiência
pronta a lê-los, sendo que os "novos historiadores" estão agora ansiosos para
falar a essa audiência, em vez de deixá-Ia ser alimen tada no pasto das bio-
grafias po pulares e dos manuai s. As ques tões levantadas pelos "novos histo-
riadores" são, por fim, aqu elas que nos preocupam hoje em dia: a natureza
do poder, da autoridade e do poder carismático ; a relação das instituições
políticas que jazem sob padrões sociais e sistemas de valor; posturas so-
bre a juventude, velhice, doença e morte; sexo, casamento e concubinato;
nascimento, contracepção e aborto; trabalho, lazer e consumo conspícuo;
a relação de religião, ciência e magia como modelos de explicação da reali-
dade; a força e a direção de emoções como amor, medo, luxúria e ódio; o
impacto do letramento e da educação sobre a vida das pessoas e os modos
de olhar o mundo; a importância relativa atribuída aos diferentes grupos
sociais, como família, parentesco, comunidade, classe, nação e raça; a força
e o sentido dos rituais, dos costumes e dos símbolos como fatores de coe-
são da comunidade; perspectivas filosóficas e morais do crime e do castigo;
os padrões de deferência e florescimento da igualdade, conflitos estrutu-
rais entre grupos e status ou classes; os meios, possibilidades e limitações
da mobilidade social; a natureza e o significado do protesto popular e das
esperanças milenaristas; a mudança do equilíbrio ecológico entre homem
e natureza; as causas e efeitos da doença. Todos esses são tópicos canden-
tes que, no momento, relacionam-se mais com as massas que com as eli-
tes. Eles são mais "relevantes" à nossa própria vida do que os feitos dos reis
mortos, presidentes e generais.
IS David P.Jordan, The King's Trial: TheFrenchRevolution vs. Louis XVI. Berkeley: Un iver-
sity of Califomia Press, 1979j resenhado em Publishers Weekly, 13/08 /1979.
16 Norbert Elias, über den Prozess der Zivilisation. Basileia: Haus zum Falken, 1939, 2 v.:
traduzido para o inglês por Edmund Jephcott corno The Civilizing ProcessoNova York:
Urizen Books, 1978, 2 v. Cedob ras.: O processo civilizador, trad. Ruy Jungmann. Rio de
J aneiro : Zahar, 1995, 2 v.].
17 Theodore Zeldin, France, 1848-1945. Oxford: Clarendon, 1973-77. Oxford History ofMo-
dem Europe Series, 2 v.j traduzido para o fran cês corno Histoire despassionsfrançaises:
1848-1945. Paris: Seuil, 1978. Ver também Robert Mandrou, Introduction à la France mo-
derne, 1500-1640. Essai depsychologie hisiorique. Paris: Albin Michel, 1961.
18 Phillipe Afies, L'Homme devant la morto Paris: Seuil, 1977 [ed, bras.: O homem diante da
morte, 2~ ed., trad. Luiza Ribeiro . Rio de Janeiro: Fran cisco Alves, 1989-90].
STONE 25
uma indústria em ascensão em todo o mundo} como a história da família}
incluindo a da infância} da adolescência} da velhice}das mulheres e da sexua-
lidade (os dois últimos tópicos em sério risco de sofrer uma estafa intelec-
tual). Um exemplo excelente da trajetória que os estudos históricos tendem
a assumir nos últimos vinte anos encontramos na evolução dos temas de
pesquisa de Jean Delumeau. Ele começou em 1957 com o estudo de uma
sociedade (romana]: seguiu) em 1962} com o de um produto econ ómico (o
alúmen) i em 1971} de uma religião (o catolicismo) j em 1976} de um compor-
tamento coletivo (Ies pays de Cocagne [países da CocanhaJ) i e finalmente}
em 1979} de uma emoção (o medo) ."
O francê s tem uma palavra para descrever o novo tópico - mentaliié - )
mas infelizmente ela não é nem bem definida} nem facilmente traduzível
para o inglês. De qualquer forma }a história contada} a narrativa circunstan-
cial com grande detalhamento de um ou mais acontecimentos baseado no
testemunho ocular e na participação} é claramente um modo de recapturar
algo das manifestações exteriores da mentalité do passado. A análise certa-
mente permanece a parte essencial do empreendimento}que se baseia em
uma interpretação antropológica da cultura com pretensões sistemáticas e
científicas. Isso} contudo} não esconde o papel do estudo da mentalité no res-
surgimento de modos não analíticos de escrita histórica} da qual a história
contada é uma representante.
Evidentemente} a narrativa não é a única maneira de escrever a história
da menialit éque se fez possível pela desilus ão com a análise estrutural. To-
memos} por exemplo) a mais brilhante reconstrução de um conjunto mental
do passado: a evocação do mundo da Antiguidade tardia por Peter Brown."
Ela ignora as claras categorias analíticas mais usuais - população} economia}
estrutura social) sistema político) cultura etc. Em seu lugar} Brown constrói
19 J ean Delum eau, Vie écollomique et sociale de Rome dans la seconde moitié du XVI' sitie/e.
Paris: De Boccard , 1957-59, 1. v.: L'Alun de Rome, X"'-XL""" sitie/e. Paris: SEVPEN, 19 62j Le
Catholicume elltre Luther et Voitail'e. Paris: P UF , 1971j La ,\-fort despays de Cocaglle: Com-
portement.< colleetifs de la Renaissallceà I'âgec1assique. Paris: Sorbo nne, 1976; L'Histoirede
la peur. Paris, 1979 [ed. bras.: História do medo 110 Ocidente, trad, Maria Lucia Machado .
São Paulo: Compa nhia das Let ras, 1990 ].
20 Peter Brown, 'Ihe !'Vorld of Lat e Ant iquity: From AJal'C1/s Aure/ius to Muti ammad. Lon-
dres: Thames & Hudson, 1971.
U eira pontiihista de escrever a hist ória. Mas isso também foi estimulado
STONE 27
vagueia pelo pensamento das pessoas. Não é acidental que essa seja, preci-
samente) uma das maneiras pelas quais o romance moderno difere do de
tempos passados. Mais recentemente, Le Roy Ladurie contou a história de
um singular e sangrento acontecimento ocorrido em um pe qu en o vilarejo
no Sul da França em lS80, usando-o para revelar as correntes subjacentes
de ódio que desfaziam o tecido soc ial local," Cario M. Cipolla, que até
hoje é um dos mais sisudos estruturalistas econ ómicos e demográficos, pu-
blicou um livro que se apresenta mais preocupado com uma reconstrução
evocativa das reações individuais à terrível catástrofe de uma pandemia do
que com o estabelecimento de estatísticas de morbidade e mortalidade.
Pela primeira vez, ele conta uma história." Eric Hobsbawm descreveu a
vida curta, imunda e embrutecida de rebeldes e ladrões ao redor do mundo
a fim de definir a natureza e os objetivos dos "rebeldes primitivos" e dos
"bandidos sociais'." Edward Thompson contou a história de uma luta) no
início do século XV III, en tre invasores de terra e as autoridades inglesas
no bosque de Windsor para tornar mais consistente seu ponto de vista
sobre o choque entre plebeus e patrícios no período." O último livro de
Robert Darnton conta como a grande Ency áop édie francesa veio a ser pu-
blicada) esclarecendo o processo de difusão do pensamento iluminista no
século XVIII e tratando, inclusive, dos meandros da produção livreira e dos
STON E 29
contêm transcrições de testemunhos inteiros de indivíduos sob interroga-
tório e exame. (O outro uso moderno de registros criminais) para mapear
o aumento e a queda quantitativos de vários tipos de desvio) parece-me um
esforço quase inteiramente fútil) pois não se consi dera o número de crimes
perpetrados) mas de criminosos que foram presos c julgados) coi sa mu ito
diferente. Não há razão para supor que crime e criminosos tenham um re-
lacionamento constante ao longo do tempo.) Em qua rto lugar) eles mui tas
vezes contam histórias de forma distinta daquela de Homero) Dickens ou
Balzac. Sob a influência do romance moderno e das ideias freudianas) explo-
ram com vivacidade o subconsciente e não se atêm aos fatos pura e simples-
mente; e sob a influência dos antropólogos) tentam usar o comportamento
para revelar significados simbólicos. Em quinto, eles contam a história de
um indivíduo) um julgamento ou um episódio dramático não por si sós) mas
para lançar luzes sobre as operações internas de uma cultura passada ou de
uma sociedade.
.=e , critivo para responder a nova s que stõe s. Alguns dele s não parecem
iáo preocupados com questõ es de poder - reis e primeiros-ministros,
.s e diplom acia -, dando, como os "novos historiadores", mais atenção
ia privada de pessoas obscuras. A causa dessa tendência, se é que pode
. ia rnada assim, não é clara, a inspiração, contudo, parece ser o desejo de
tar um a boa história e, ao fazê-lo, revelar as idio ssincrasias da personali-
.:e e a intimidade em um tempo e cultura di versos. Alguns historiadores
. icionais já faziam isso há algum tempo. Em 1958, G. R . Elton publicou um
) aseado em histórias de levantes e revoltas na Inglaterra do século XV I,
tr aíd as dos regi stras da Star Cha mb er,> Em 1946, Hugh Tre vor-Roper
. .o nstruiu brilhantemente os últimos dia s de Hitler. " Recentemente, ele
"' >t igou a extraordinária carreira de um ob scuro cole cionado r de manus-
. ritos inglês, vigari sta e pornógrafo secreto, que viveu na China nos últimos
anos do século Xx.JS O objetivo de escrever sobre esse caso divertido parece
~-:'í sido o puro prazer de contar histórias em si, partindo da bu sca e da cap-
'm ,: de um tipo hist órico extravagante. A técni ca é qua se idêntica à usada,
ano , atrás, por J. A. Symons em seu clássico nu Qy est for Corvo," enquanto
.:! motivação parece bem similar à que inspirou Richard Cobb a registrar com
.' _ Simon Schama , Patriots and Liberators: Revolution in theNetherl ande, 1780'l S13. Londres:
Collins, ' 977.
. . Geoffrey R. Elton , Star Chamoer Storíes. Lon dres : Methuen, 1958.
.; .;. H ugh R. Trevor -Rop er, The Last Days of Hitler. Londres: M acmillan, 1947.
"s Id., A H idden L ife: TheEnigma of Sir Edmund Backhouse. Londres: Ma cmillan, 1976; edi-
ção norte-americana, Hermit of Peking, 'Ihe Hidden Life of Sir Edmund Backhouse. Nova
York: Knopf, 1977-
, 6 Alphonse J. A. Symo ns, The Quest f or Corvo: An Experiment in BiograpllY. Londres: Cas-
sell,1934.
37 Richard Cobb, The Police and the People: French Popular Protest, 1789-1820. Oxford: Cla-
rendon, 1970j R. Co bb, Death in Paris: The Records of the Basse-Geõle de la Seine, October
5TONE 31
Muito diferentes no que diz respeito ao conteúdo, método e objetivo são
os escritos da nova escola britânica de jovens antiquários empiristas. Eles es-
crevem detalhadas narrativas políticas que implicitamente negam qualquer
sentido profundo subjacente à história, exceto os caprichos fortuitos do des-
tino e da personalidade. Liderados por Conrad Russell e John Kenyon, sob
os augúrios de Geoffrey Elton) eles se ocupam agora de remover qualquer
sentido ideológico ou idealista das duas revoluções inglesas do século XVII. J8
Não resta dúvida de que eles, ou outros como eles, logo se concentrarão em
outros pontos. Ainda que suas premissas nunca sejam explicitadas) sua pers-
pectiva é de um puro neonamierismo, justamente em um tempo em que o
namierismo está morrendo como modo de entender a política inglesa do
século XVIII. Pode-se perguntar se sua postura em relação à história política
poderia, não subconscientemente, derivar de um senso de desilu são com a
capacidade do sistema parlamentar moderno de lidar com o inexorável de-
clínio econ ómico e de poder da Grã-Bretanha. De todo modo, eles são cro-
nistas dos menores acontecimentos, de l'histoire événemeniiell e, muito erudi-
tos e inteligentes, e assim formam uma das muitas correntes que alimentam
o ressurgimento da narrativa.
A razão fundamental para esta viragem, entre os "novos historiadores",
da modalidade analítica para a descritiva é uma mudança maior na postura
sobre o que é prioritariamente o objeto central da história. E isso, por sua
vez, depende de concepções filosóficas prévias sobre o papel do livre-arbí-
trio humano em sua interação com as forças da natureza. Os polos contras-
tantes do pensamento podem ficar mais bem revelados por meio de cita -
ções, uma de um lado e duas do outro. Em 1973, Le Roy Ladurie intitulou
uma seção de um livro de ensaios de "History without People"? Em con-
traste, por sua vez, meio século atrás, Lucien Febvre anunciou: "Meu alvo é
rem 2 5 circunstâncias, mas o homem nas circunst ânci as"." Hoje, o ideal
. ist ória de Febvre está ganhando espaço em muitos círculos, ao me smo
-" J () que estudos analíticos estruturais de forças impe ssoais continuam
STONE 33
quivos do governo central. Por outro lado, a nova tendência é a antítese dos
estudos de história local, pois abandona a história total de uma sociedade,
ainda que pequena, considerando-a uma impossibilidade, e instituem a his-
tória de pequenas células.
O segundo problema que surge do uso de exemplos detalhados para ilus-
trar a mentalité é distinguir o normal do excêntrico. Uma vez que o homem é
o nosso alvo, a narrativa detalhada de um único incidente ou personalidade
pode fazer sentido e indicar boa leitura. Mas assim será apenas se as histórias
não se limitarem a um episódio arrebatador, porém irrelevante, de estupro
ou revolta, ou à vida de algum larápio excêntrico, bandido ou místico, mas
forem selecionadas segundo a luz que podem lançar sobre certos aspectos
da cultura do passado. Isso significa que os casos retratados precisam ser tí-
picos, e, ainda assim, o uso amplo de registros de litígios transforma essa
questão da "tipicidade" em algo bem difícil de resolver. Pessoas levadas à
corte são por definição atípicas, mas o mundo que é exposto tão cruamente
em seu testemunho não é necessariamente assim. A salvaguarda recai, en-
tão, no exame dos documentos não tanto pelas evidências que trazem sobre
o comportamento excêntrico do acusado, mas pela luz que lançam sobre a
vida e as opiniões dos envolvidos no incidente em questão.
O terceiro problema, ainda mais difícil de resolver, concerne à interpreta-
ção. Desde que o historiador permaneça ciente dos possíveis acidentes, contar
histórias talvez seja um modo tão bom quanto qualquer outro de obter uma
visão instantânea do homem no passad o, ou tentar chegar a seu pensamento.
O problema é que, se conseguir chegar lá, o narrador precisará de toda a habi-
lidade, experiência e conhecimento adq uiridos na prática da história analítica
da sociedade, da economia e da cultura caso deseje prover uma explicação
plausível para algumas das coisas estranhas que ele provavelmente encontrará.
Ele pode precisar inclusive de certa psicologia amadora para ajudá-lo, mas a
psicologia amadora é um material extremamente fugidio, dificultando um ma-
nuseio bem-sucedido. Alguns diriam ser o êxito impossível.
Outro perigo óbvio é que o ressurgimento da narrativa pode levar ao
retorno do puro antiquarianismo, à narrativa por si só. Também há o risco
de que volte a atenção ao sensacional, obscurecendo, assim, os elementos
enfadonhos e banais da vida da vasta maioria. Tanto os textos de Trevor-
-Roper quanto os de Richard Cobb são muito agradáveis de ler, mas são
amplamente vulneráveis à crítica de ambos os lados. Muitos praticantes
43 R. Darnton, "Intellectual and Cultural Histo ry", in Michael Kamm en (o rg.), Tne Past
BeforeUs: Contemporary Hisiorical Writing in the Uniied Staies, op. cit., pp. 327-54.
STüN E 35
cunstâncias que cercam o homem ao homem nas circunstâncias; aos proble-
mas estudados} dos económicos e demográficos aos culturais e emocionais;
às fontes primárias de influência} da sociologia, economia e demografia à
antropologia e psicologia; ao assunto, do grupo ao indivíduo; aos modelos
de explicação da transformação histórica, do estratificado e monocausal ao
interconectado e multicausal: à metodologia} da quantificação do grupo
ao exemplo individual; à organização} da análise à descrição; e à concei-
tualízação da função do historiador, do aspecto científico ao literário. Essas
mudanças multifacetadas quanto a conteúdo} objetivo, método e estilo de
escrita histórica} que acontecem todas de uma vez, têm afinidades -clara-
mente eletivas entre si: elas todas casam muito bem. Nenhuma palavra é
capaz de resumi-las; assim} por hora, "narrativa" nos servirá como palavra-
-chave}pois é a que está à mão, para o que está acontecendo.
Publicado originalmen te como "The Revival of Narrative: Ref lexions on a New Old
Hist ory'' Past and Present, n. 85, pp. 3-24.Tradução de Bru no Gambarotto.
1. EmmanueI Le Roy Ladurie et al., L'Histoire et ses méthodes. Lille: Presse s Uni versitair es
de Lille, 1981, pp. 90'91.
MARTIN E BOURDÉ 39
Deixando de lado toda e qualquer intenção polêmica e relegando a ou-
tros o trabalho de descrever, com talento e humor, os curiosos costumes da
tribo dos intelectocratas, limitar-nos-emos, numa postura mais clássica, a
descrever os apoios institucionais de que dispõe a nova história, a analisar
as referências mais corriqueiras de seus adeptos, a apreender os objetos de
suas pesquisas e, enfim} a evocar sua arte consumada na releitura dos docu-
mentos e na reciclagem dos materiais antigos a serviço de problemáticas up-
-to-date. No decorrer desse trajeto, assinalaremos também as inflexões que a
nova história provocou no espírito dos Annales, tal como estes se apresenta-
vam em seus primeiros tempos.
M ARTI N E BOUR DÉ 41
o grupo dos Annales conta com outros apoios, extrauniversitários. Na ver-
dade, seus responsáveis dispõem de posições nas editoras. Pierre Nora dirige
a coleção "Bíblíothêque des Histoires", da editora Gallimard, que seleciona
obras que vinculem a história a outras ciências humanas (exemplos: Emma-
nuel Le Roy Ladurie, Montaiúou, Michel Foucault, História da loucura). Jac-
ques Le Goff é o inspirador da coleção "Ethnologie historique', da editora
Flammarion, que privilegia os estudos sobre costumes, usos, hábitos (exem-
plos: Martine Segalen, Mari etfemme dans lasociété paysannej André Burguíêre,
LesBretons dePlozévet). Joseph Goy cuida da série "Scíence" (seção de histó-
ria) da editora Flammarion, na qual são publicadas as grandes teses em versão
resumida (exemplos: Pierre Goubert, Centmille provinciaux au XVII' siêcle; An-
nie Kriegel, LesOrigines du communismefrançais). Pierre Nora e Jacques Revel
dirigem a coleção "Archives", da Gallimard, na qual cada tema é tratado sob a
forma de uma montagem de documentos apresentados por um especialista
(exemplos: Georges Duby, LJ\.n mil; René Étiemble, Les]ésuites en Chine, Jac-
ques Rougerie, Procés des communards). A revista H. Histoire, lançada em 1979
pela editora Hachette, deseja recorrer à história a fim de compreender mais
profundamente a atualidade (exemplos: "Les Juifs en France", n. 3j "Les États-
-Unis', n. 4)j essa publicação é patrocinada pelo grupo dos Annales, preocu-
pado em não abandonar a seus rivais o mercado das revistas de história desti-
nadas ao grande público. Por outro lado, o grupo ocupa posições na mídia de
massa. Seus colaboradores resenham obras de história em certos periódicos
diários e semanais. Emmanuel Le Roy Ladurie e Emmanuel Todd exprimem
suas opiniões no jornal Le Monde, François Furet, Jacques e Mona Ozouf pu-
blicam seus comentários na revista LeNouvel Observateur. Além disso, Jacques
Le Goff e Denis Richet apresentam um programa de rádio intitulado LesLun-
dis de l'histoire, no qual os historiadores falam de suas obras. Na televisão, os
representantes dos Annales não têm o controle de nenhum canal de expressão,
porém, ainda assim, aparecem com frequência em programas nos quais são
promovidos debates históricos, políticos ou literários. Como disse Jean Ches-
neaux, a holding dos Annales é um dos centros do poder intelectual na França.
No início dos anos 1970, Fernand Braudel faz a partilha de sua herança
entre os sucessores, notadamente Jacques Le Goff e Emmanuel Le Roy
Ladurie. O novo grupo se encarrega de fazer um balanço dos Annales, por
ocasião de seu cinquentenário. Em 1974, Jacques Le Goff e Pierre Nora reú-
nem, sob o título Paire de l'histoire, três coletâneas de artigos que levantam
MA RT IN E BOURD É 43
II. O CULTO DOS ANCESTRAIS
5 "L'H istoíre nouvelle", in J. Le Goff (org.), La Nouvelle Histoire, op. cit., pp. 210-14.
6 Alusão ao dia em que ocorreu a qu ebra da Bolsa de Nova York. [N. T.]
7 Tradicional exame e concurso da vida universitária francesa, pelo qual são admitidos
no corpo dos professores universitários os suplentes (sem mestrado ou doutorado) i
o statu s de agrégé gozava, ainda há p ouco, de grande prestígio nas univ ersidades fran-
cesas. [N. T.]
MARTIN ~ 30 URDÉ 45
La Nouvelle Histoire. Raros foram os colaboradores que não se desfizeram
em elogios ao autor de O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de
Filipe II. OS alunos de uma universidade do interior da França compreende-
ram rapidamente o que tinham de fazer e, em 1978, simplesmente canoniza-
ram Fernand Braudel, pondo em exposição na biblioteca da instituição sua
bela efígie e passando a lhe dirigir fervorosas orações ("São Fernand Braudel,
padroeiro da nova história, dai-nos a graça do sucesso em nosso exame de
epistemologia") j chegaram também a lhe oferecer enternecedores ex-votos
(cartões-postais, manuais de história, cadernos com anotações de aulas etc.) ,
como prova de gratidão.
Tentemos ser imparciais quanto à versão idealizada que a corrente dos
Annales oferece de seu início e de seus triunfos. O engrandecimento épico
pode ser compreendido vindo daqueles que, como Jacques Le Goff sempre
ocuparam a vanguarda do combate contra os setores mais conservadores da
disciplina histórica. A autossatisfação e a perpétua invocação de algumas
grandes figuras só podem, por outro lado, chocar os pesquisadores que não
têm acesso, por cooptação, a essa meritocracia, e que se recusam a ver sua
venerável disciplina submetida à lei do star system. Posto isso, os dois herdei-
ros André Burguiêre e Jacques Revel dão mostras, nos artigos mencionados,
de uma corajosa objetividade. O primeiro chega até a dizer que Marc Bloch
e Lucien Febvre também faziam parte do establishment universitário e que,
no fundo, a originalidade de ambos se devia mais "à maneira pela qual afir-
mavam seu programa do que pelo programa em si".Michel Morineau pode
não gostar muito disso, mas é preciso dizer que os discípulos nem sempre
são tão dóceis a ponto de exclamar, diante de uma verdade incômoda: "Ap a-
guem a luz! ".
III. NEM JESUS, NEM MAO, NEM TOYNBEE; UM POUCO DE MARX E O MÁXIMO
POSSíVEL DE CIÊNCIA
MA RTIN E BOUR DÉ 47
Como seus confrades de outras disciplinas, o historiador constrói seu ob-
jeto de análise constituindo um corpus de documentos de natureza diversa
(textos, objetos, fotografias, imagens, entrevistas etc.), com a finalidade de
responder a uma qu.estão que é endereçada ao passado (Teria a invasão
dória ocorrido de fato? Quando se constituiu a crença no purgatório? Seria
o sentimento da infância um dado natural ou antes uma aquisição cultural
dos tempos modernos? etc.). É a história-problemas, obra de um analista
e não mais de um narrador ou profeta. Em função da questão colocada,
o historiador se esforça por propor uma interpretação racional dos dados
(previamente homogeneizados), que lhe fornece seu corpus. Ele "elabora,
com documentos, o pensável", como nos diz Michel de Certeau, ourives
nessa matéria.
Nessa busca do pensável, o historiador recorre a técnicas de ponta que
só podem lhe facilitar o acesso ao status - tão desejado! - de homem de
ciência. A lista das ciências auxiliares que ele utiliza aumentou conside-
ravelmente desde a época de Langlois e Seígnobos, e mesmo desde 1929:
dendrocronologia, estudo dos polens fósseis, datação pelo radiocarbono,
arqueologia aérea, tratamento informático de dados, análise automática do
discurso, para o novo historiador, nada é impossível! Desde os anos 1950,
os Annales estão repletos de séries numéricas. Caso elas estejam maculadas
por alguns erros, isso não tem importância: "números falsos, curvas verda-
deiras': Nos anos 1970, o computer fascina, e vemos alguns de nossos mais
eminentes modernistas cederem aos encantos da New Economic History,
cujos mestres Fogel e Engerman reduzem o desenvolvimento económico
passado a modelos hipotético-dedutivos e recorrem, para a sua verifica-
ção, a hipóteses contrafactuais. Por exemplo: como fazer para determinar
o efeito económico de uma inovação? Cria-se um modelo de sociedade
sem essa inovação e, em seguida, medem-se as diferenças observadas. De-
rivando para a história-ficção, os cliometristas ousam até mesmo imaginar
os Estados Unidos sem ferrovias (e nos ensinam que estas não eram ne-
cessárias ao crescimento) e o Sul sem escravos (os quais se constituíam
"um investimento extremamente rentável"). Tais conclusões, apresenta-
das ainda há pouco como verdades objetivas porque fundamentadas em
números, são vistas atualmente com bastante ceticismo. Le Goff e Nora
passam a desconfiar do omnipotens ordinator e insistem nos "riscos de uma
subordinação ao mensurável". O que de modo algum impede a análise fa-
aos olh os dos historiadores ma rxistas. Pierre Vilar con side ra que o m érito
:-.rincipal de Simiand, Febvre e Bloch foi o de terem sabido retornar a cer-
' 0 5 ensinam en tos essen ciais de Marx." Quanto a Guy Bo is, em "Marxisme
ê" Histoire nouvelle" ele diz claramente que as teses centrais e as car acterís-
M ARTi N E BOUROÉ 49
implicitamente nos grandes livros recentes} mesmo quando a terminolo-
gia clássica do marxismo não é adotada e os autores se abstêm de fazer
qualquer referência explícita ao materialismo dialético. Há sem dúvida
uma confluência das duas grandes correntes da historiografia contempo-
rânea} o que não impede de modo algum que os historiadores marxistas
continuem a desempenhar um papel original (por exemplo) na análise do
discurso e na história quantitativa das mentalidades), e tampouco põe um
termo a um saldo de discórdia que permanece bastante significativo. Pois,
segundo o que nos diz Guy Bois} algumas práticas da nova história consti-
tuem armadilhas aos olhos dos marxistas. A sacrossanta quantificação} por
exemplo: não é ela prisioneira do estado das fontes? E não incorre no risco
de privilegiar as realidades sociais que emergem (tais como os dados de-
mográficos) em detrimento de outras} igualmente essenciais, que perma-
necem veladas (por exemplo, os mecanismos da mais-valia)? A sucessão
dos estudos seriais (o livro no século XVIII) os ex-votos dos marinheiros
e seus familiares na região das ilhas do Ponant, os retábulos das almas do
purgatório do século xv ao xx) não acarretaria o risco de atomização da
realidade histórica} de fragmentação das perspectivas e de} finalmente,
proibição do recurso ao conceito unificador de modo de produção? A im-
portância dada às profundezas mentais} que adquirem às vezes o status de
infraestruturas determinantes nos trabalhos dos novos historiadores} não
viria na verdade perverter os princípios marxistas, fazendo que se perca
de vista a primazia das relações de produção? Enfim} pode-se perguntar
se as novas ciências não se apresentam antes como inimigas do marxismo,
como é o caso de uma certa etno-história que, de tanto insistir nos temas
do inconsciente coletivo, da sociabilidade e outros comportamentos pere-
nes dos grupos humanos, acaba desvalorizando a explicação por meio das
relações de classe: uma etno-hist ória que, por vezes, prefere até mesmo in-
sistir nas relações de parentesco em detrimento das relações de produção.
Compreendendo o alcance de tais perigos, Guy Bois exorta os marxistas
autênticos a enfrentarem o desafio da nova história, dando provas de uma
fidelidade intacta em relação aos conceitos centrais do marxismo} os úni-
cos capazes de permitir, segundo ele, que se pense o passado de maneira
coerente, total e dinâmica.
Esse conceito-chave, para não ter de usar essa expressão mágica que é "nova
história", apresentou e continua a apresentar diversas faces distintas, às vezes
quase opostas.
A nova história sempre esteve em busca da apreensão dos grandes espa-
ços e das grandes massas históricas, por fidelidade a Voltaire e a Michelet,
sem dúvida alguma, mas também devido à influência da escola geográfica
francesa e da geo-híst óría braudeliana. Testemunha disso é o papel essencial
atribuído, nos Annales) à cartografia histórica que visualiza os fenômenos
maciços de longa duração. Ela não somente é descritiva) como ainda per-
mite lançar novas questões e contribuir para o avanço da interpretação dos
fenômenos. É com razão que o historiador holandês W. den Boer sublinha,
entre os elementos constitutivos do paradigma dos Annales, o fato de que "a
estatística e a semiologia gráfica substituem a crítica filológica dos textos, às
vezes com menor argúcia': Essa última reflexão, pouco amistosa) não leva em
conta o fato de que a cartografia estatística teve amiúde a função de traduzir
em imagens o conteúdo dos documentos, de estendê-lo (no sentido pró-
prio do termo), antes de chegar ao estágio da interpretação. Para provar isso)
pode-se citar) por exemplo, o estudo de Emmanuel Le Roy Ladurie, "Ex-
ploitation quantitative et cartographique des archives militaires françaises
(1819-1826)':" Esses arquivos) de que se trata aqui) fornecem as seguintes in-
formações sobre os recrutas: ofício, estatura, anomalias físicas) alfabetização)
eventual vocação eclesiástica. O conjunto é ainda mais precioso pelo fato de
ainda não existirem, naquela época, estatísticas nacionais detalhadas) com
exceção de alguns setares. Daí um possível estudo de antropologia compa-
rada dos recrutas franceses, de acordo com sua região de origem, pelo trata-
mento informático dos dados e pelo estabelecimento de imagens cartográfi-
cas. Constata-se) por exemplo) que as elites (jovens formados nas melhores
escolas" de nível superior, docentes ... ) situam-se fundamentalmente no
Nordeste, ou seja) a França desenvolvida e instruída. Quanto aos estudantes
MA RTIN E BOURDÉ 51
eclesiásticos, eles são originá rios sobretudo da Bretanha, ou das regiões po-
bre s e montanhosas do Sul (Pireneus, Maciço Central, Alpes) e do Leste, o
que pr efigura o mapa da prática religiosa no século xx. Qu and o se considera
a estat ura dos recrutas, vê-se que os mais altos estão concentrados ao no r-
deste de uma linha entre Saint-Maio e Gene bra, ao passo que os mais baixos
são das regiões Oeste , Centro e Sul. Quando se apela para outros critéri os
(repartição socioprofissional, entre outros ), aparece o contraste en tre duas
Franças: os fatore s ligados ao desenvolvimento e à modernização estão loca-
lizados no Norte; ao contrário, os traços de "subdesenvolvimento" e às vezes
até mesmo de arcaísmo estão agrupados no Sul, no Centro e no Oeste. Os
resultados são em si mesmos muito sugestivos, porém o que fazem é, sobre-
tudo, abrir caminho para múltiplas correla ções com outros dados reunidos
pelos sócio-historiadores do século XIX.
Quanto à preocupação com as massas, ela se manifestou inicialmente
com o florescimento da demografia histó rica. Segundo François Furet é a
única produção rigorosa da nova história qu e soube , no caso, amolda r-se
de acord o com "a fôrma de uma outra disciplina, sem mo dificar seus obje-
tos, conceitos e procedimentos de pesquisa': Por out ro lado, ele dá mostras
de maio res reservas para com a história sociológica na qua l, segundo diz,
o historiador não tom a de empréstimo um sistema rigoroso de conceitos,
mas somente guia-se por sua curiosidade, o que o leva a promover o homem
comum (o médico, o sacerdote, o professor primário) e a analisar o funcio-
namento de organizações de massa (ver a tese de Antoine Pro st sobre Les
Anciens combattants,1914-194D ). O apelo lançado no século XIX por Michelet,
Auguste Comte e Bourdeau, seu discípul o tão esqueci do, que desejavam o
exame dos desq ualificados da história, foi plenamen te atendido pelos Anna-
les e por outros pesquisadores próximos a eles.
A aspiração ao global se manifesta também na preocupação braudeliana
em evocar as diferentes cadências do tempo histórico e em "recostur á-las"
num tempo único. Pois a famo sa distinção entre as três durações corres-
ponde, de fato, a trê s patamares de observação sucessivos. Em eguida, é
preciso mostrar a interferência dessas durações num a conjuntura única, "o
tempo imperio o do mundo': Disso, os discípulos de Braud el conservaram,
em especial, a primazia da longa duração, a ponto de chegar a conceber uma
história imóvel (no caso, a da França rural entre 1300 e 17 20) e a negligenciar a
tu rbulenta história contemporânea, que se enco ntrava em posição de ho nra
Df)'N afia urbana e aldeã, ora com o recurso a diversas equipes especializadas
e m l.es Bretons de Plozévei, sob o comando de André Burguiere, os bretões
,. r em examinados de frente, de costas e de perfil), ora fazendo que uma plu-
'2lidade de abordagens convergisse num documento único (para extrair a
nui ntess ên cia dos depoimentos dos habitantes de Montaillou feitos diante
lo inquisidor, Le Roy Ladurie sabe ser sucessivamente geógrafo, demógrafo,
-,,Suista, etnólogo, num show espetacular). A expressão "antropologia his-
il'r ica", cada vez mais utilizada, exprime muito bem essa aspiração a apreen-
J :' f os homens do passado em relação ao seu meio ambiente, ao mesmo
MARTIN E BOURDÉ 53
tempo ecológico, tecnológico, afetivo, simbólico etc. Tarefa semelhante só
pode ser levada a cabo no âmbito de uma base espacial restrita.
Outra via da história global se definiu igualmente em referência ao fato
social global segundo Marcel Mauss: entendamos isso como um fato social
particular que remete ao conjunto de um sistema e que revela suas estrutu-
ras profundas. Viu-se o florescimento de histórias aparentemente setoriais,
que remetem na verdade "ao todo de uma sociedade" e que fazem que in-
tervenham hipóteses bastante amplas: assim o evergetismo grego e romano,
que Paul Veyne analisa em Le Pain et le cirque, está estreitamente ligado ao
modo de circulação das riquezas na sociedade antiga e constitui uma forma
de redistribuição de parte do excedente apropriado pelos dominantes. À se-
melhança de Paul Veyne, outros historiadores definiram objetos de pesquisa
globalizantes, situados na intersecção de fenômenos sociais múltiplos, como
o incastel1amento ("encastelamento") das populações rurais da Itália central
no início do século XI, estudado por Pierre Toubert.
Alguns novos historiadores se abstêm, contudo, de adotar uma perspec-
tiva global e tentam cuidar da coerência de séries documentais de longa du-
ração, como Jean-Claude Schmitt, que em Le Saint Lévrier" analisa a perma-
nência e as modificações do culto ao cão santo Guinefort no período que vai
do século XIII ao xx, num cantão isolado da região de Dombes. Tal estudo
revela que há uma temporalidade própria aos comportamentos supersti-
cioso s, espantosamente rígidos, que é muito independente das evoluções e
das turbulências que afetam as esferas do econômico e do político. Muitos
jovens historiadores levariam ao extremo a fórmula empregada por Ernest
Labrousse: "O social sempre está atrasado em relação ao económico, e o
mental em relação ao social': Essa nova concepção do fato histórico foi siste-
matizada por François Furet num artigo intitulado "L'Hi stoire quantitative
et la construction du fait hístorique', 16 que pode ser visto como uma espécie
de manifesto da história serial. Esta pode se definir como uma conceptua-
lização do passado, esforçando-se por "constituir o fato histórico em séries
temporais de unidades homogêneas e comparáveis, e por poder assim medir
~
18 Cf. Jean-Paul Aron, "La Cuisine, un menu au XIX e siêcle", in]. Le Goff e Pierre Nora
(orgs.), Pairede /'histoire. Paris: Gallimard/NRF, t. III, 1974, pp. 192 ss [ed. bras.: História:
Novos problemas, 4~ ed., trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995].
19 A palavra carême quer dizer "quaresma". [N. T.]
MARTIN E BOURDÉ 59
contre-analyse de la société", em que fica claro que o filme não deve ser
20
20 M arc Ferro, "Le Film: Une contre-analyse de la société", in Paire de t'hisioire, op. cit.,
t. III} pp. 236-56.
~.::. re: as obras são na maioria dos casos decompostas em elementos, atomi-
: o" em vez de serem analisadas em sua coerência profunda. Verificam-se
, , 1 maior frequência as comparações entre Maria, José, Pedro ou Paulo nos
Pub licado originalmente como "L'Histoire nouvel le, heri tiêre de l'école des 'Annales''',
in Les Écoles histor iques. Par is : Seuil , 1983. Tradu ção de Flávia Nasc imen t o.
22 Monge beneditino que viveu no século XVII i historiador, escreveu sobr e a vida de Saint
Émilion na qual relata como este santo foi tentado por Satanás po r meio de elogios
excessivos. [N. T.]
Claro, trata-se de uma morte lenta, que passa despercebida, camuflada pela
sobrevivência das instituições: os Annales ESC continuam a ser publicados
com seu costumeiro atraso, a EHESS erige-se hoje na esquina do Boulevard
Raspaíl com a Rue du Cherche-Midí, alguns novos historiadores são vistos
de tempos em tempos no programa Apostrophes.3 Mas o impulso intelectual
e o espírito conquistador dos anos 1960-70 cederam lugar à dúvida e à ro-
tina. No plano universitário}a EHESS continua voraz, como sempre, em seu
consumo de verbas e de pessoal qualificado, mas ela não é mais a colmeia
superativa que foi a Sexta Seção. Evidentemente, continua-se a trabalhar ali,
COUTAU- BÉGARIE 65
mas sem um plano conjunto) e apenas o laboratório de demografia histórica
prossegue nas grandes pesquisas que tanto contribuíram para a reputação
da casa. As publicações da École diminuíram de modo espetacular: suas di-
ferentes coleções produziram) de 1980 a 1987) apenas setenta títulos) o que
sugere que na década de 1980 o total de livros publicados não ultrapassará
os oitenta) ou quem sabe pouco mais ) ao passo que na década de 1970 conta-
ram-se 120 publicações e, na de 1960, duzentas. Pode-se obviamente evocar
o argumento da alta dos custos da edição. Mas isso não explica tudo: pois,
como explicar o fato de assistirmos hoje a uma expansão tão surpreendente
das publicações da Quarta Seção da École Pratique des Hautes Étudesi" Du-
rante os anos 1960) a Quarta Seção publicou apenas uma trintena de obras,
o que significa que a proporção era então de 1 para 7. Hoje, ela é de somente
1 para 1,5 quando se comparam as duas seções: a Quarta Seção praticamente
mantém o páreo com sua poderosíssima rival) e isso sem que a despropor-
ção com respeito aos recursos entre as duas instituições tenha se atenua-
do.' Manifestamente, a política voluntarista dos anos 1950-60 se desvaneceu.
A qualidade sofreu os efeitos disso. Isso não significa) obviamente, que os
trabalhos atuais sejam medíocres) mas depois de Bordeaux et le Sud-ouesi,
de Jean-Pierre Pousou, publicado em 1983/ a École praticamente não publi-
cou mais nenhuma grande tese. O desprezo pelas teses, qualificadas, aliás,
como entulho arcaico) produz hoje em dia seus efeitos: a quarta geração não
contribuiu com obras-primas individuais com a mesma qualidade daquelas
que construíram a reputação da Escola dos Annales. À ascese imposta por
dez ou quinze anos de suje ição à pesquisa em arquivos) ela preferiu a via
mais rápida dos artigos, das comunicações nos colóquios e dos projetos co-
letivos. Mas nem todo mundo nasceu para Louis Henry ou François Furet,
e é raro que esses trabalhos mais curtos cheguem a compensar a ausência
de teses. Ora, estas continuam sendo, contra ventos e marés, o meio privi-
4 O ensino uni versitário franc ês é dividido em diversas "se ções" disciplinares (hoje
contando com 74 seções oficiais), nas quais atu am os docentes pesquisadores; a di-
visão sofreu mudanças (notadamente com acréscimo s e reorganização) ao longo do
tempo. [N. T.]
5 O orçamento da EHESS elevou-se, em 19 87 , a 21,5 milhões de francos; o da Quarta Seção
não chegava a atingir 1 milhão.
6 A tese de Jean-Pierre Bardet não foi publicada pela École.
o Dictionnairedes sciences historiques (org, André Burguíere. Paris: PUF, 1986 [ed. bras.:
Dicionário das ciências históricas, trad. Henrique de Araújo Mesquita. Rio de Janeiro:
Imago, 1993]) consagra verbetes substanciais às principais escolas nacionais (britânica,
alemã, americana, italiana...), mas também reserva um espaço importante aos trabalhos
estrangeiros nos verbetes gerais, o que não ocorria, sete anos antes, em La Nouvelle His-
toire (ed.Jacques Le Goff et al. Paris: Retz, 1978 [ed. bras.: A história nova, trad. Eduardo
Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1990]).
Histoirede France, organizada porJean Favier, foi publicada em seis volumes pela Fayard
(Paris, 1984-88) . Histoire d~ France, cm cinco volumes (alguns ainda no prelo), Paris:
Hachette. L'Identiié de la France, de Femand Braudel, Paris: Flammarion (um tomo em
três volumes já publicado; restam outros dois tomos) [ed. bras.: A identidadeda França,
trad. Lygia Araújo Watanabe. Rio de Janeiro: Globo, 1989]. L'Obscure mémoire de la
France: De la premiêre pierre à l'an mil/e, de Pierre Chaunu, Paris: Perrin (primeiro tomo
de Histoire de Fral1ce, que deveria perfazer três tomos), 1988. Histoirede Frnnce de Fran-
çois Lebrun eJean Carpentier. Paris: Seuil, 1987, sem esquecer certos gêneros um tanto
diferentes como o de Les Lieux de mémoire, em três tomos, com organização de Pierre
Nora. Paris: GaIlimard, 1984; e os três enormes volumes de Géopolitiques deFrance, obra
organizada por Yves Lacoste (Paris : Fayard, 1986), um trabalho redigido por geógrafos.
COUTAU- BÉGARIE 67
fias, cujo sucesso só faz aumentar. Nos dois últimos anos, o Grand Prix de
história Moét-Henessy contemplou sucessivamente Louis XIV) de François
Bluche, e LavaI, de Fred Kupferman. Diante do triunfo do Rei-Sol, François
Lebrun não encontrou outra coisa a fazer que não redigir um verdadeiro
discurso de defesa da nova história, cujo tom miserabilista dá o que pen-
sar: "seria deplorável que essa revanche da história tradicional acarretasse o
esquecimento ou o descrédito de uma forma de história que conseguiu ar-
rancar do esquecimento os verdadeiros atores do passado': 9 Onde foi parar a
segurança, tantas vezes matizada de arrogância, característica dos anos 1970?
Contudo, nem todos os novos historiadores se trancam numa reprova-
ção dolorosa, e alguns deles tiram proveito desse retorno do grande homem
e do acontecimento. Marc Ferro se lança numa biografia de Pétain, com a
aprovação de Braudel, que lhe declara: "Bom, você tem que fazer, sobretudo,
uma boa narrativa) porque ... entende? Um livro sobre Pétain ... é preciso
que a gente possa, depois, compreender todo o restante". Imagina-se o es-
panto de seu interlocutor, que fica "boquiaberto": "Claro, eu tinha a inten-
ção de proceder assim mesmo, mas não imaginava que o pai da longa du-
ração) o crítico feroz da história acontecimental fizesse) antes de mais nada)
esse coment ário'i" Diversos novos historiadores merecidamente ilustres
começam a preparar uma Histoire de Pran ce, cuja advertência ao leitor) redi-
gida por Georges Duby, indica bem o propósito do trabalho: "O projeto que
construimos, Emmanuel Le Roy Ladurie, François Furet, Maurice Agulhon
e eu, implica que o discurso se concentre na política. Não hesitei) inicial-
mente, em me deter diante de alguns acontecimentos ... pelo acontecimento)
é da própria vida que tratamos"." O tomo II) confiado a Emmanuel Le Roy
Ladurie, é ritmado pela história política) como demonstram os títulos de
suas três partes: "Les Valois florissants", "Les Valois décadents", "La verdeur
du Bourbon", e não se sabe ao certo se podemos concordar com o autor
quando este afirma que "a presente obra se situa na esteira das contribuições
anteriores que ele produziu para a Histoire économique et sociale de la France,
organizada por Fernand Braudel e Ernest Labrousse, para a Histoire de la
9 François Lebrun, "Louis XIV et vingt millions de Français ". L'Histoire, n. 97, fev. 1987, p. 87.
10 Mare Ferro, Pétain. Paris: Fayard, 19871 p. 10.
II Georges Dub y, Histoire deFrance, t. I (LeMoyenAge). Paris: Ha chette, 1987, p. 9.
i2 Emmanuel Le Roy Ladurie, Histoire de Francc, t. II (L'État Royal: de Louis XI a Henri IV,
14-6 0-16 10) . Paris: H achett e, 1987, p. 356.
13 Le Monde, 12/ 11 /19 87.
l-l- E. Le Roy Ladur ie, Panorama. France Culture , 03 / u /1 987.
COUTAU- BEGAR!E 69
Henrique nr." Temos a impressão de estar sonhando quando o vemos expres-
sar, no programa Apostrophes, logo ele, antigo militante do Partido Comunista
francês (mas trata-se de crime prescrito, explica ele num programa da rádio
France Culture), sua admiração por. .. Luís XIV ! Lembramo-nos, no entanto,
do quadro sombrio que pintava outro analista, Pierre Goubert, em seu livro
Louis XlV et 20 millions de Français. Também se pode confrontar com espanto
o novo Duby com o outro, de 1973, que escreveu Le Dimanche deBouvines: "O
que viria a fazer, a favor de uma história que durante tanto tempo lutou, e tão
justamente, para se livrar dos entraves do acontecimental, o relato da batalha
de Bouvines no ensino infantil de uma Europa unificada? Nosso tempo ex-
pulsa as batalhas da memória. E ele tem razão '." Indo no sentido contrário de
sua própria tese de desmistificação de Bouvines, tese em que Georges Duby
pregava que tal batalha era um não acontecimento, agora o mesmo Duby es-
creve que "Bouvínes foi uma verdadeira batalha', uma "vitória esmagadora","
"A batalha de Bouvines, o centro de meu livro, tem um sentido fundador "
(programa televisivo Apostrophes, 13 de novembro de 1987):8
o que François Dosse não vê é que os novos historiadores podem não ter
permanecido fiéis ao projeto dos fundadores, mas uma coisa é certa: eles
conservaram pelo menos a inteligência estratégica que tanto colaborou para
seu sucesso. De resto, não é verdade que eles foram encorajados pelo exem-
pio dado por Fernand Braudel em pessoa? Sua obra póstuma e inacabada,
L'Identité de la France, obteve um sucesso de vendas inusitado, mas "su r-
preendeu e incomodou muitos de seus leitores, e em especial aqueles para
os quais ele era mais familiar - historiadores e geógrafos à frente de todos -
nante, muitas vezes impregnado de nostalgia, mas mesmo assim algo ines~
perado sob a pena do autor de Escritos sobre a história. Quanto ao conteúdo,
como não ser tomado por sobressaltos ao ver com que entusiasmo o autor
reverencia o "sempre apaixonante Manuel historique de politique étrangere
de Émile Bourgeois", >l após recordarmos os ferozes sarcasmos de Lucien
Febvre?" Como não ficar perplexo diante desta afirmação, que poderia ter
sido assinada por Pierre Gaxotte: "Ao lado da administração monárquica, o
exército tornou-se portanto a ferramenta mais ativa da formação unitária da
França"?" Reconhecimento tardio da história militar tão maltratada pelos
4-\nnales em outros tempos. Como não ficar dividido entre a estupefação e
a vontade de rir ao ler a narrativa (palavra terrível .. . ) do cerco de Toulon,"
que se resume na mais pura história-batalha? As batalhas deixam, assim, de
COUTAU- B t GARIE 71
ser uma agitação superficial e se veem contempladas com o reconhecimento
dos efeitos criadores. São assim evocadas: "a Gália merovíngia que surge, de
forma um pouco improvisada, com as vitórias de Clóvis (contra Syagríus,
em Soíssons, ano 486; contra os alamanos, em Tolbiac, ano 496j contra os
visigodos, em Vouillé, ano 507)";25 "a Gália carolíngia [que] se define, em
primeira instância, pela sucessão de acontecimentos considerados tradicio-
nalmente importantes: ano 687, a batalha de Tertry (vitória da Austr ásia),
tendo como consequência uma mudança nas regras do jogo; ano 732 ou 733,
no campo de batalha de Poitiers, o verdadeiro fundador da nova dinastia
dos carolíngios - Charles Martel- obriga à retirada a cavalaria leve dos in-
vasores muçulmanos'l" Visivelmente, Braudel não gosta dessa apresentação
tradicional, mas, contra os que afirmam que não houve Império Carolíngio,
ele observa que: "o Império só dá certa impressão de força entre os anos 800
e 840 (e olhe lá): desde a morte de Carlos Magno, o navio está à deriva","
o que é uma surpreendente homenagem ao grande imperador, o qual teria,
portanto, feito mais pelo poder do Império do que os determinismos eco-
nômicos e sociais. O desenvolvimento europeu a partir do ano 1000 é expli-
cado pela "forma mais elementar de crescimento: a extensão do espaço geo -
gráfico conquistado pela economia europeia que, então, se dilata em todas
as direções [ 1212, a grande, a decisiva vitória de Las Navas de Tolosa","
o •• ]
A guerra econômica entre Gênova e Veneza perde impulso, não pelas osci-
lações dos preços ou pelo deslocamento dos grandes eixos comerciais, mas
sim por uma vulgar batalha: "apenas no final do século XIV, após sua vitória
no término da guerra dramática de Chioggía (1383), é que Veneza se verá
enfim livre do rival genovês "! 9Reabilitação do acontecimento que encontra,
assim, um Significado, graças à noção bastante curiosa de "acontecimento
longo, isto é, um acontecimento que tem consequências de longo termo e
anexa a si mesmo, desse modo, um tempo muito superior ao de sua própria
30 Id., L'Ideniit éde la France, t. I, V.1, op. cit., p. 103 e nota 220 .
31 Femand Braudel, Ecrits sur l'hisioire. Paris:Flammaríon, 1969 , p. 45 [ed. bras.: Escritosso-
brea história, trad.]acó Guinsburg e Teresa C. S.da Mota. São Paulo: Perspectiva, 1992].
32 Id., L'Identii éde la France, t. I, V. 2, op. cit., p. 214.
33 Id., ibid., p. 185.
34 Id., ibid., p. 222.
35 Id., ibid., p. 240.
36 Id., ibíd., p. 175.
37 Id., ibíd.,p. 429.
COUTAU- BÉGARIE 73
dificuldade para se livrar dos ouropéis que restam da ideologia. Porém, suas
inflexões epistemológicas parecem mais significativas que sua continuidade
ideo lógica. Que o grande mestre da nova história tenha podido a tal ponto
questionar suas análises anteriores, eis algo revelador da ruptu ra que se pro-
du ziu no decorrer dos anos 1970, e que levou Charles-Olivier Carbonnel a
estabelecer uma distinção entre duas novas histórias: "De que 'Nova H istó-
ria' estamos falando? A dos Allllales, que tem cinquenta anos de idade, e na
qual se sucederam trê gerações, ou da 'Nova nova hist ória, surgida há cerca
de dez anos, e cujas características são às vezes bem diferentes daquelas en-
con tradas nas ideias da primeira e da segunda geração dos Amlales?,:38
Por que e como uma evolução assim pôde se produzir? A resposta é evi-
dente: a nova história não escapou ao desgaste do tempo. As premissas do
declínio já eram perceptíveis no final dos anos 1970, quando era celebrado
com grande ruído o cinquentenário. Félix Torres notou com perspicácia que
"a leva de estudos sobre os Annales, notadamente por ocasião do aniversário
de cinquenta anos, a constituição de uma genealogia retrospectiva na enci-
clopédia La Nouvelle Histoire (1978), a assimilação um pouco forçada, a esta,
do passado e do presente da pesquisa histórica na França sobrevinham num
momento em que a hegemonia da escola estava 'em nítido recuo em compa-
ração a 1965":39 Do mesmo modo como Platão teorizava sobre a cidade-Es-
tado ideal no momento em que esta se encontrava prestes a capitular diante
do império, Jacques Le Goff e seus colaboradores compunham, sem saber,
uma pavana para uma escola defunta.
Annie Kriegel foi sem dúvida a primeira a sublinhar os efeitos nocivos
dessa "longa duração" da Escola dos Annales, num artigo publicado em 1972
na Revue Française de Sociologie: "que a Nova História tenha sido um mo-
mento necessário e produtivo na evolução epistemológica da disciplina, isso
40 Annie Kriegel, "D u Bon Usage de la crise". RevueFrançaise de Soci%gie, n. 4, v. 13, oul.-
-dez. 1972, p. 461.
41 Emmanuel Todd, "La Vie intellectuelle française: Du néant à l' être". Le Débat, n. 4, set,
1980, p. 85.
42 Lawrence Stone, "Retour au récit ou réflexions sur une nouvelle vieille hístoíre " [1979],
trad. Louis Évrard. Le Débat, n. 4, set, 1980, p. 122.
COUTAU- Bt:GARIE 75
intuição, alguns dos novos historiadores se deixam levar rumo ao segundo
modo de interpretação do passado'i"
No mesmo ano, Alain Besançon, que já se havia retirado da psico-história,
se distancia dos Annales num prefácio em que distingue dois tipos de histó-
ria: a história narrativa, "maneira espontânea e primeira de escrever a história",
praticada por Michelet e hoje por "Le Roy Ladurie e outros bons e merecida-
mente populares novos historiadores" e a história sistemática, na qual não é
difícil reconhecer os Annales:
E para que não persista nenhuma dúvida) Besançon aponta, como caso
exemplar de sociologismo, a bem conhecida formulação "econ om ia, socie-
dade, civilízação'l'" Não seria possível ser mais claro do que isso.
Em 1982, um novo golpe atinge o projeto braudeliano, vindo daquele
que poderia ter estado entre as primeiras fileiJ:as de seus defensores: Fran-
çois Furet, que presidia então a École des Hautes Études en Sciences Socia-
leso Ele não pronuncia nenhuma condenação retrospectiva) mas assume a
dissolução do grupo que, mesmo sem esgotar seu capital, havia, segundo
ele, perdido seu objeto social. "À pergunta 'O que é a Escola dos Annales?'
os fundadores deram respostas brilhantes, e Fernand Braudel igualmente,
depois deles. Mais precisamente: eles as elaboraram. Todas essas batalhas
43 Id., ibid., p. 132. Esse parágrafo foi retomado sem modificações em relação à primeira
edição, p. 31S.
44 Alaín Besançon, prefácio a Martin Malia , Comprendre la Révolution russe. Paris: Seuíl,
19So, p. 9.
COUTAU- BÉ GARIE 77
de uma 'ciência' em devir. Ela não nos fornece modelos, nem definições ou
regras tendenciais, dós quais já tivéssemos necessídade.l" Projeto estra-
tégico e epistemológico ao mesmo tempo: não se fala mais de leis, sequer
de constantes, mas as eufemizantes "regras tendenciais" passam a exprimir
a mesma ideia. Para François Furet, ao contrário, não há mais sentido em
prosseguir na luta a partir do momento em que o adversário depõe suas ar-
mas : "Mas o que passa a ser, enfim, a Escola dos Annales a partir do mo-
mento em que o território que ela reivindicou para a história se tornou um
domínio público?,:~9 Sucesso, portanto, no interior da corporação. Mas, ao
mesmo tempo, foi preciso reconhecer que entre "a boa e velha história nar-
rativa, aquela que reconstitui os fatos verdadeiros segundo a lógica cronoló-
gica do romance, e a história que se auto denomina 'nova' porque empresta
uma parte de sua bagagem a disciplinas vizinhas, a oposição não é nem tão
nítida nem tão real como a segunda dessas histórias pretende insinuar.
A confusão resulta do fato de que a renovação e a extens ão dos assuntos da
história - coisas sobre as quais todos os historiadores estão de acordo hoje -
não acarretam forçosamente a transformação da matéria">' O mesmo dito
de outro modo: do ponto de vista epistemológico, os Annales não trazem
nada de novo. Mas do ponto de vista do campo dos estudos históricos, sim.
E é possível que se limitem a isso.
Temos a mesma constatação no que diz respeito às ciências sociais. O
projeto Bloch-Febvre-Braudel devolveu à história sua legitimidade e evitou
que fosse marginalizada. Durante os anos 1930, os historiadores não se en-
centravam envolvidos nas tentativas de organização das ciências sociais, e
se viram à frente da Sexta Seção um pouco por acaso, mas puderam pere-
nizar sua dominação graças à ruptura que operaram com o positivismo e
à vontade de impor um novo status à história. Ao mesmo tempo, porém, a
interlocução com as ciências sociais deu-se, amplamente, em sentido único:
a história se enriqueceu muitíssimo em contato com a sociologia ou a etno-
logia, ao passo que não se pode dizer o mesmo no sentido contrário. Charles
Mas eis que é chegada a hora, para os novos historiadores, de entrar na li-
nha. Renunciando, no final dos anos 1970, ao projeto que lhes tinha servido
de estandarte, eles perdem a auctoritas. E, ao abandonarem, em 1985, a pre-
sidência da EHESS pelo fato de não contarem com nenhum representante
da quarta geração que possuísse os títulos necessários para suceder à Fran-
çois Furet, eles perdem a potestas. Claro} resta-lhes o conforto da situação
e da reputação adquirida. Porém, do mesmo modo que os durkheimianos
haviam reinado na Sorbonne de 1902 a 1955, mesmo que a escola tenha se
estendido durante a Segunda Guerra Mundial, " depois de ser abalada uma
primeira vez pela Grande Guerra, a Nova História não é senão um astro
morto, semelhante a essas estrelas cuja luz continua a chegar até nós muito
tnnpo após sua extinç ão.
A especificidade da época braudeliana aparece então em todo o seu al-
cance. Inovador em seus discursos e escolhas, Fernand Braudel foi também
um grande "mandarim" - talvez o último da linhagem -, seguindo a trad ição
degente como Meillet ou Roques. Soberano absoluto, soberbamente desde-
nhoso de quaisquer conselhos e regulamentos, ele govern ava sozinho, ser-
rido por seus três mais importantes subalternos (Heller, Velay, Marzocchi),
que a ele tudo deviam e que apenas a ele tinham contas a prestar. Pródigo
no gasto de verbas qu e não transitavam pelas vias contábeis normais, ele
dispunha de meios de pressão de que lançava mão amplamente. Os orienta-
dores de pesquisas que integraram a Sexta Seção no período de 1950 a 1972
Charles Tilly, "Anthropology, H istory an d th e Ann a/es". Review, n. 3-4, v. I, 1978,p. 213.
. • Cf. Victor Karady, "D u rkh eim, les sciences so ciales et l'Université: Bilan d 'un se mi-
-échec", Revue Prançaise de Sociologie, ab r./jun.1976, n. 109, p. 310, e Brigitte Mazon, "La
Fondation Ro ckefeller et les sciences sociales en Fran ce, 1925-194 0". Revue Française de
Sociologie, m ar./ abr. 1985, p. 340.
COUTA U- BÉ GA RIE 79
foram todos escolhidos por ele, e a eleição pelo conselho da seção não pas-
sava de formalidade. Aquele que ousasse se candidatar contra sua vontade
não tinha a mínima chance; Pierre Chaunu, por exemplo, viveu essa expe-
riência." Tal sistema acarretava, às vezes, injustiças flagrantes, mas era eficaz,
como prova o volume de publicações da Sexta Seção. Depois da saída de
Braudel, os costumes da casa se burocratizaram, o controle da pesquisa se
tornou inexistente, as repartições orçamentárias e as eleições passaram a ser
feitas nos conselhos, porém ao cabo de arbitragens sempre muito difíceis,
opondo grupos rivais ... A existência desse modo de proceder foi sugerida
por Brigitte Mazon, quando ela colocou como epígrafe de sua tese uma frase
atribuída a Hegel: "A função da ideia é criar uma instituição: a função da
instituição é destruir a ideia que a criou':s4 Fórmula que poderia ser comple-
tada pela aplicação das leis de Parkinson: do mesmo modo que Versalhes foi
edificado pela monarquia absoluta em pleno declínio, a Sexta Seção dotou-
-se de novos estatutos e de amplos recintos no momento preciso em que sua
vitalidade intelectual estava se esgotando.
Também é preciso falar da especificidade da fase Braudel com relação ao
período dos fundadores. O fenômeno da nova história só emerge realmente
a partir do momento em que as duas dimensões, a intelectual e a institu-
cional, atingem a "massa crítica de transformação", para retomar uma noção
da física contemporânea cara a Pierre Chaunu. Antes da guerra, tal massa
não fora, manifestamente, atingida, mesmo sendo um exagero o que declara
Braudel sobre o número de leitores de que dispunham os Annales então: de
apenas três a quatrocentos." Institucionalmente, o acontecimento decisivo
foi a criação da Sexta Seção da École Pratique des Hautes Études, em 1947.
Intelectualmente, O Mediterrâneo de Braudel marca a passagem dos Annales
a um estágio superior, pois esse livro será o primeiro, antes mesmo daque-
les de Bloch e Pebvre, a conquistar repercussão internacional. Desse modo,
para retomar a reflexão de Maurice Aymard, os Annales são os Annales mais
S3 Ele se candidatou para um cargo de orientador de pesquisas em meados dos anos 19S0,
contra a vontade de Braudel, e foi vencido porJean Malaurie.
S4 Brigitte Mazon, Aux Origines de I'EHESS: Le Rôle du mécénataméricain (1920-1960). Paris:
Cerf, 1988, p. 9·
SS F. Braudel, "En Guise de conclusíon", Review, n. 3-4, v. I, 1978, p. 247.
~ ~ N A L E S E NOVA HISTÓRIA
Este prefácio se choca com uma objeção que muitas vezes foi levantada
desde sua primeira edição. Conforme me escreveu um dos membros mais
conhecidos do grupo: ''A assimilação da Nova História à Escola dos Anna-
les é falsa. A Nova História é uma empreitada de Le Goff e está ao mesmo
tempo aquém e além dos Annales".5 8 Diversos novos historiadores (ou
annalistes) criticaram-me por essa identificação} inclusive dois colabora-
dores de La Nouvelle Histoire de Le Goff o que não deixou de me desc~n
certar. Caso as duas denominações devessem realmente ser distinguidas}
teria cabido aos principais interessados reagir contra tal confusão} em vez
de lhe dar seu aval} explícito ou implícito} de acordo com os diferentes
casos. É verdade que este livro foi inicialmente concebido como uma res-
posta ao dicionário de Jacques Le Goff. Mas este último contou com a
colaboração de tantas assinaturas prestigiosas que pareceu difícil ver nisso
uma iniciativa marginal.
S6 M. Aymard, "Les Annales et l'Italie", Mélanges de l'École française de Rome, Moyen Âge -
Temps modemes, v. I, 1981, p. 402.
57 Febvre transmitiu seus poderes a Braudel a partir do início dos anos 1950. Jaime Vicens
Vives notou, em 1957, que "a orientação metodológica do grupo parecia lhe escapar",
Pierre Chaunu, por sua vez, confirmou em depoimento a mim concedido que, no plano
institucional, ele podia conservar o direito de veto, mas que havia deixado a Braudel a
gestão dos assuntos correntes.
58 Por razões evidentes, a fonte de informações recolhidas durante conversas privadas não
é mencionada, com exceção da reação de Femand Braudel.
COUTAU-BÉGARIE 81
De resto, haveria algum fundamento em querer estabelecer uma distin-
ção entre a Escola dos Annales e a Nova História, definindo a primeira, como
fez um de meus interlocutores, por um critério institucional, e a segunda por
critérios "ideológico-históricos"? & duas dimensões do fenômeno coexis-
tem desde muito cedo (no mínimo desde 1947), ao passo que a denomina-
ção Nova História é de criação recente: Annie Kriegel a empregou de modo
furtivo em 1972,59 ela não aparece na obra Faire de l'histoire" e parece ter sido
empregada pela primeira vez em 1978, quase simultaneamente nos Estados
Unidos - por diversos participantes de um colóquio sobre os Annales or-
ganizado pelo Femand Braudel Center de Nova York - e na França - pelo
sociólogo André Béjin, num artigo sobre as ciências sociais de 1968 a 1978.61
A fortuna da expressão não é devida a uma extensão ou a uma superação da
Escola dos Annales, mas sim à exploração midiática. Como a referida escola,
animada por uma constante necessidade de expansão, jamais teve fronteiras
precisas, salvo em seus primeiros anos - o que, aliás, lhe confere originali-
dade em relação à escola durkheímiana, por exemplo -, não há razão alguma
para proceder a tal distinção e transgredir o princípio de parcimônia que
Guillaume de Occam assim formulava: "As entidades não existem para que
sejam multiplicadas sem necessidade"
É esse mesmo princípio de parcimônia que me faz manter a unidade
da Nova História, de seu início até os anos 1970. Diversos de meus inter-
locutores contestaram a hipótese de que pudesse haver uma unidade entre
três gerações em que convivem, por sinal, temperamentos muito diferen-
1 Na verdade o texto exato de Descartes é: "dividir cada uma das dificuldades que eu exa-
minava em tantas parcelas quanto fosse po ssível, e em tantas quantas fosse requerido
para melhor resolvê-las".
63 Raymond Aron, citado por François Hartog, "Un Geme nouveau, ou un document d'un
nouveau geme?", Le Débat, n. 49, mar-abr, 1988, p. 129.
+ Philippe Besnard, apresentação do número sobre "Les Durkheímíens", Revue Française
de Sociologie, n. 1, v. 20, 1979, P: 3.
COUTAU-BÉG ARIE 83
positivista e "historizante" E eles realmente tiveram uma estratégia}mesmo
sendo fato que a maioria quase não teve consciência disso, porque ela se
elaborava e conduzia no topo da hierarquia, de modo muito monárquico.
Fernand Braudel me recebeu após a publicação da primeira edição para pro-
testar com veemência contra essa visão das coisas.
o senhor diz que tivemos uma estratégia de poder. Ora, isso é completa-
mente falso. O senhor fez dos positivistas os perseguidos. Pois os persegui-
dos, meu caro amigo, éramos precisamente nós, e os malvados eram eles.
Impediram-me de entrar na Sorbonne, recusaram-me as subvenções neces-
sárias para a impressão de minha tese. Quanto aos outros, permitiam-nos
ir para a Sexta Seção, mas para eles esta era como uma espécie de depósito
que tudo podia abrigar. Ainda hoje} a Maison des Sciences de l'Homme só
está de pé porque continuo lá. Aliás, se não fosse por isso eu teria partido
há muito tempo ."
6S Femand Braudel me recebeu no dia 27 de junho de 1983J num final de tarde. Retranscre-
vi imediatamente o texto dessa entrevista.
66 F. Dosse, L'Histoire en miettes: Des "Annales" à la "nouvelle histoire", Paris: La Découverte,
1987, p. 69 [ed. bras .: A história em migalhas: Dos Annale s à Nova História, trad . Dulce
OliveriaAmarante dos Santos, ed. rev, Bauru (sp) : Edusc, 2003].
COUTAU - BÉGARI E 85
A ação dos novos historiadores, e em especial a de Febvre e Braudel, foi
decisiva para o devir de sua disciplina, e essa ação, longe de se limitar uni-
camente ao domínio intelectual, ainda teve influência sobre as estruturas e
as instituições. Pondo em execução a insígnia de Marx, eles não se conten-
taram somente em pensar a história, mas tentaram também transformá-la.
Pierre Bourdieu condenou esse tipo de análise, qualificada como "co-
nhecimento semicientífico [ ... ] que, impossibilitado de chegar ao princípio
oculto das práticas, limita-se à denunciação anedótica dos responsáveis apa-
rentes e acaba engrandecendo os supostos autores dos 'complôs' denuncia-
dos, fazendo de cada um deles o sujeito cínico de todas as ações detestadas,
e antes de tudo em sua própria grandeza': E para que não haja dúvida alguma
quanto à pessoa visada, uma nota fornece a precisão: "Entre outros, pode-se
citar O mais recente adepto desse veio, Hervé Coutau-Bégarie, cujas análises
sobre a Escola dos Annales deixam entrever, com a mais completa ingenui-
dade, a violência recalcada que suscita a exclusão intelectual sobreposta à
distância províncíana'i" Entretanto, um historiador com certeza muito mais
próximo (do ponto de vista ideológico) de Bourdieu do que de mim apre-
sentou, recentemente, uma análise inspirada por esta que é aqui proposta,
mesmo se abstendo de citá-la de modo claro.
72 Pierre Bourdieu, Homo academicus. Paris: Minuit, 19841 p. 13. Parece-me inútil responder-
-lhe. A resenha que Georges Dumézil se dispôs a escrever sobre este livro o faz por mim.
COUTAU - BÉGARIE 87
REFLEXÕES SOBRE ALGUMAS CRíTICAS
Ainda assim, isso não significa que o texto da primeira edição possa ser reto-
mado tal como foi publicado inicialmente. Há cinco anos, novas fontes, em
meio às quais é preciso citar a riquíssima tese de Brígítte Mazon, o colóquio
de Estrasburgo sobre o nascimento dos Annales, os Essais d'ego-histoire reu-
nidos por Pierre Nora, a descoberta de textos mais antigos que haviam esca-
pado à minha observação, contatos com inúmeros historiadores, "novos" ou
não, o trabalho realizado em conjunto quando da conferência de historio-
grafia contemporânea na Quarta Seção da École Pratique des Hautes Études,
tudo isso veio modificar diversos pontos de minha visão sobre o "fenômeno
nova história", o que me permite hoje precisar, retificar ou completar minha
apresentação. Poucas páginas escaparam a esses remanejamentos, mais ou
menos importantes, mas que afetaram sobretudo o último capítulo, graças à
tese de Brigitte Mazon e à descoberta inesperada de uma coleção privada de
atas de assembleias da Associação Marc Bloch. Os dois primeiros capítulos,
que tratam da dimensão intelectual do fenômeno, foram comparativamente
menos transformados. Não que a evolução no decorrer dos últimos anos
tenha sido pouco perceptível, ao contrário: com o abandono do projeto, en-
contramo-nos hoje na presença de outra história, que não pertence mais ao
fenômeno aqui analisado. Talvez ela venha a ser objeto, mais tarde, de outro
livro. Mas deve ficar claro que a nova história de que se trata aqui extinguiu-
-se no início dos anos 1980: indiquei, aqui e acolá, alguns prolongamentos
dela, mas apenas a impossibilidade de estabelecer uma data verdadeira-
mente evocadora (entre 1979 e 1985, pelo menos, seria possívelindicarvários
momentos) impediu que eu destacasse num subtítulo datas-limite. Como
restam ainda alguns exemplares da primeira edição, o leitor (mítico ... )
preocupado em avaliar minha evolução não terá dificuldade alguma para
fazê-lo. Indicarei aqui somente dois ou três pontos importantes.
Inicialmente, creio agora que, de modo bastante paradoxal, superestimei
um pouco o impacto do grupo. Um de meus interlocutores tratou de me
criticar gentilmente por isso: "Seu livro me faz pensar num antissemita que
só aceitaria o tratamento prescrito por um médico judeu pelo fato de julgá-
-lo mais competente". Philippe Contamine observou o mesmo em termos
mais acadêmicos, em sua resenha publicada pela Revue Historique: "Sem
dúvida não foi inútil lembrar que a Escola dos Annales não poderia ter a
-l'io por Georges Pagês, e Braudel sempre desprezou Renouvin por causa
: 2 eleição de Gaston Zeller, que representava para ele um entrave para o
~ . esso à cátedra de história moderna." Foi por motivos como esses que a
)o rbonne e a Sexta Seção mantiveram relações difíceis até os anos 1960. Os
3:-_sacordos intelectuais não chegavam a proibir toda e qualquer coopera-
:.~~. Victor-Lucien Tapié lembrou-se disso em 1954: "Que estejamos neste
; :-upo ou fora dele (e por razões nem sempre doutrinais), temos para com ela
: história existencial de Bloch e de Febvre, HCB) dívidas incontest áveis'."
~ Pierre Chaunu confirmou o mesmo recentemente: "Creio que exageraram
;c rivalidade que existia entre a École des Hautes Études e a Sorbonne, entre
COUTAU- B ÉGARIE 89
artificial, decorria de velhos mal-entendidos, de rancores antediluvianos e
de feridas mal cicatrizadas'l" Essa luta simbólica só se extinguiu no final dos
anos 1960: Alphonse Dupront pôde então presidir a nova universidade Paris
IV, herdeira da antiga Faculté des Lettres, ao mesmo tempo que ocupava um
cargo de orientador de pesquisas na Sexta Seção.
Enfim, sem mudar o estilo da obra (para isso teria sido necessário rees-
crevê-la), corrigi "algu ns desvios de pena", que me foram amigavelmente
indicados pelas críticas de Félix Torres." Para dizer a verdade, não suprimi
muita coisa. Posso dizer que pratiquei a ironia e a impertinência, mas creio
que me abstive da maledicência. Meu verbo caracterizou-se às vezes pela
ferocidade, mas não mudo nada do que escrevi sobre Jean Lacouture: a ce-
gueira era por demais comum nos anos 1950 para servir de acusação a quem
quer que fosse, mas ela deixou de poder ser desculpada depois de tantas
experiências, e seu livro Vietnam) voyage à travers une victoire (1977) é inad-
missível. Por outro lado, lamento a agressividade injusta de minhas palavras
sobre Pierre Nora, que reproduziam sem prudência um testemunho oral
que se revelou, posteriormente, pleno de informações inexatas, que corrigi
nesta edição. Quanto ao resto) não creio ter sido agressivo ou descortez, não
apresentei uma coleção de anedotas saborosas ou retratos impiedosos como
fez Jean-Paul Aron, orientador de pesquisas da Sexta Seção, que se vingou
do mestre por meio de uma execução sumária: "Braudel acumula os pode-
res, presidindo a banca do exame de Agrégation, reinando no CNRS (Centre
National de la Recherche Scientífique), mais astucioso que uma raposa, mal-
vado com seus adversários como um cão de fila, bonachão com possíveis
clientes que não lhe dão mostras de adulação nem de esforços para obter um
bocadinho de influência em seus domínios, Rei-Sol a partir de 1960, man-
tendo sua corte na Rue de Varennes e na Rue de la Baume, deslocando-se de
um lugar para outro, tal como Luís XIV do Louvre a Saint-Germain, a Fon-
tainebleau, antes da inauguração de Versalhes, que nesse caso é a Maison des
Sciences de l'Homme, situada no Boulevard Raspail e da qual ele se declara
81 Pierre Chaunu, "Le Fils de la mort", in Pierre Nora (org.), Essais d'ego-histoire. Paris:
Gallimard, 1987, p. 88 [ed. port.: Ensaios de ego-história, trad . A. C. Cunha. Lisboa: Edi-
ções 70, 1987].
82 F. Torres, Déjà vu, op. cit., p. 356.
=::JJb des Annales, 2~ ed. Paris: Economica, 1989, pp. VII-XXVIII . Traduçào de Flávia
COUTAU-BÉGARIE 91
- 11 todas as sociedades têm naturalmente consciência de sua dimensão
t órica. Ernest Gellner estabelece uma distinção "entre as sociedades his-
. ' : ,05e as sociedades a-históricas. Grosso modo, seria possível utili zar como
" é~io o fato de que uma sociedade acumula um número cada vez maior de
. ~ ; 6 e s na medida em que o tempo passa, o fato de que o mundo ordin ário,
. ~ m do horizonte, se amplia com o tempo, ou o fato contrário, isto é: que a
_ . . ensâo da planície aquém do horizonte permane ce constante, o que ocorre
_..ndo um esquecimento sistemático age de modo a fazer que o número de
.:' -::. ~ õ e s que separam o present e do Pai Fundador permaneça constante':'
O caso do Ocidente não é problema: "é claro que somos uma sociedade
. r órica [ ... ] Situ amo-nos, sem dúvid a alguma, numa sequência temporal
escente e cumulativa, que não rejeita as inform açõe s ocult ando-as, mas, ao
- er ário, as registra. Evidentemente, essa é a primeira razão, e a mais geral,
in teresse que atribuímos à história.' Essa con sciência histórica é extre -
m ente antiga. Geo rges Dum ézil, em seus apaixonantes trabalhos sob re
" do-europ eus, mo strou muito bem como os romanos historicizaram o
::rnest Gellner, "Notre sens de l'h istoire", em L'H istorien entreI'eihnologue et le[uturoto-
,' lI e, Paris: Mouto n, 19 72, p. 13.
COUT4U- BÉGARI E 93
mito da guerra de fundação, ao passo que os indianos fizeram dele uma epo-
peia cósmica: "os romanos pensam historicamente, enquanto os indianos
pensam fabulosamente'l'
Essa consciência histórica ocidental é hoje objeto de análises opostas.
Por um lado, há aqueles que estimam que estamos perdendo lentamente
nossa dimensão histórica: para Jacques Ellul, "passam os a uma verdadeira
cultura do esquecimento, no duplo sentido da palavra, o que quer dizer que
as instâncias sociais cultivam o esquecimento, arrastam-nos para ele, con-
duzem-nos a esquecer e, ao mesmo tempo, constrói-se uma cultura, no sen-
tido intelectual e artístico, baseada no esquecímento'i - Mircea Eliade, por
outro lado, horroriza-se com "o interesse apaixonado, quase monstruoso,
do homem moderno pela história. Esse interesse se manifesta em dois pla-
nos, aliás, solidários: o primeiro é o que poderíamos chamar de paixão pela
historiografia, o desejo de conhecer sempre mais completa e exatamente o
passado da humanidade, e em especial o do mundo ocidental; no segundo
plano, o interesse pela história se manifesta na filosofia ocidental contem-
porânea: é a tendência a definir o homem sobretudo como ser histórico, ser
condicionado, no final das contas, criado pela História. O que foi chamado
de historicismo, Historismus, storicismo, tanto quanto o marxismo e algumas
correntes existencialistas,' são filosofias que, num sentido ou em outro, atri-
buem uma importância fundamental à História e ao movimento hístórico'"
Essas duas teses são apenas aparentemente contraditórias. O sistema téc-
nico leva efetivamente ao esquecimento, e os mass media só difundem uma
3 Georges Dum ézíl, La Religion romaine archaique: Avec un appendice sur la religion des
étrusques, 2~ ed. Paris: Payot, 1974, p. 129.
4 J acques Ellul citado porJean Lebrun, "L'Aménagernent du territoire de l'h istorien". Pro-
jet, n. 125, maio 1978, p. 529.
5 Sobre a qu estão do histe ricismo, cf. Karl Popper, Misere de l'historicisme [. 94 4 ], trad.
H ervé Rousseau . Paris: Plon, 1956 [cd. bras.: A miséria do historicismo, trad. O ctany S.
da Mo ta e Le ónidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix / Edu sp, 1980 ] e La Société olll'e,'te
et ses ellllclllis [1945], trad.Jacqueline Bernard e Philippe Monod. Paris: Seuil, 1979, 2 v.
[ed. bras.: A sociedadeaberta e seus inimigos, trad. Amado Milton. Belo Horizon te /São
Paulo : Itatiaia/ Edusp, 1974] .
6 Mircea Elíade, "Syrnb olisme religieux et valorisation de I' angoisse", in Mythes, rêveset
mystêres. Paris: GaIlimard, 1957, p. 63 [ed. port.: Mitos] sonhos e mistérios, trad. Samuel
Soares. Lisboa : Edições 70, 1989].
94 ~ NT R OD U ÇÃO
adtura do instante. Esta sociedade concede um lugar cada vez menor à eter-
lllidade, tal como testemunha o declínio da arte monumental - a pirâmide
jo Louvre certamente não tem o mesmo valor que as pirâmides do Egito :
I:mlpouco terá a mesma longevidade. Mas, devido a um reflexo instintivo) "o
J.omem, o homem comum, diante da aceleração da história, deseja escapar
i angústia de se tornar órfão do passado, de não ter raízes': Ele cuida dos
.anumentos "históricos" como ninguém o fizera antes) e se interessa pela
-.:ória, que é "a única capaz de permitir) num mundo em estado de instabi-
5dade definitiva) que vivamos com reflexos outros que não aqueles criados
pelomedo':7
Essa paixão leva a uma mutação do conhecimento histórico: "onde existe
.ma historiografia tradicional - é o caso da China ou dos países de cultura
islâmica - , ela sempre desempenhou a função de modelo exemplar", ao
passo que) hoje em dia, "é uma paixão científica que visa ao conhecimento
aaustivo de todas as aventuras já vividas pela humanidade, esforçando-se
por reconstituir o passado total da espécie e por fazer que tomemos cons-
ciência dele':s
O objetivo da historiografia, doravante, não é mais fazer o inventário
dos grandes feitos - bem como dos atos menos nobres - de uma linhagem
de príncipes, como fizeram há 4 mil anos os sacerdotes de Amon, que nos
transmitiram a lista das trinta dinastias de faraós que reinaram no Egíto, e
como faziam também ainda há menos de um século - isso se acreditarmos
DO que dizem alguns novos historiadores - os adeptos da história "histori-
- Lucien Febvre, "Face au vent ", manife sto dos novos Annales, 1946, retomado em Com-
batspour l'histoire. Paris: Armand Colin, 1953, p. 41.
_ M. Eliade, op. cít., p. 64.
- A N ewHistory seria depois praticada por dois grandes historiadores: Charles Beard e
James H. Robin son.
COU TAU - B ~ G A RI E 95
A partir de 1900, Henri Berr abre caminho para essa inovação com a fun-
dação da Revue de Synthêse Historioue; esta ataca violentamente os dogmas
da história positivista então dominante, ao mesmo tempo que enceta uma
colaboração com a sociologia durkheimiana. A certidão de nascimento "ofi-
cial" da nova história data de 1929, com a criação, em Estrasburgo, por Marc
Bloch e Lucien Febvre, dos Annales d'Histoire Économique et Sociale, que da-
rão nome à escola que originará a nova história. Os objetivos de Bloch e
Febvre são claros: "inicialmente, extrair a história dos sendeiros da rotina,
e em especial de seu encerramento atrás de grades estritamente disciplina-
res [ ... ] Afirmar duas direções inovadoras, manifestas no título da revista:
'História econômica e social"." E, acima de tudo, lutar contra a história po-
lítica, "que é por um lado uma história-narrativa e, por outro, uma história
de acontecimentos} uma história acontecimental, teatro de aparências que
mascara a verdadeira representação que ocorre no palco da história'?' Enfim}
proceder à "implacável crítica da noção de fato histórico. Não existe uma
realidade histórica pronta para ser utilizada} que se propusesse por si mesma
ao historiador':" Em pouquíssimo tempo, Bloch e Febvre se instalam em Pa-
ris} e os Annales com eles. O grupo pode então desenvolver a sua audiência.
Marc Bloch foi morto em 1944, e Lucien Febvre prosseguiu a obra co-
mum. Em volta dele, formou-se um grupo que seria o cerne dessa história
nova: Fernand Braudel, Charles Morazé, Georges Friedmann..a segunda
geração dos Annales. A partir de 1946} o grupo passa a se chamar Annales:
Économies, Sociétés, Civilisaiions, "nova denominação que sublinha uma am-
pliação de horizontes'l" Em 1947, a fundação da Sexta Seção da École Pra-
tique des Hautes Études dá ao grupo as bases que lhe faltavam, bem como
os meios materiais requeridos por suas ambições. A partir de então, a con-
quista da universidade pode se organizar, e o sucesso será crescente. A morte
de Lucien Febvre, em 19S6} não interrompe essa progressão. Fernand Brau-
deI recebe a herança e saberá tirar dela bons frutos.
10 Jacques Le Goff et alo (orgs.), La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978, p. 214 [ed. bras.:
A história nova, trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1990].
11 Id., ibid., p. 215
12 Id., ibid., p. 216.
13 Id., ibid., p. 217.
96 INTRODUÇÃO
No final dos anos 1960 o sucesso está consolidado. Com honrarias, Brau-
dei é apresentado como o maior historiador vivo e exerce uma irresistível au-
IIDridade sobre grande parte da produção histórica francesa. Em sua esteira, a
Inceira geração - Emmanuel Le Roy Ladurie, Pierre Chaunu - está pronta
para substituí-lo. A nova história pode então se debruçar com satisfação so-
bre a obra realizada, enumerando suas conquistas: "novos problemas vêm
questionar a própria hist ória, mas abordagens modificam, enriquecem, sub-
.mem os setores tradicionais da história: novos objetos, enfim, aparecem
DO campo epistemológico da história'," A história como um todo foi atin-
~: "a história nova não se contenta com esses avanços. Ela se diz história
p;lobal, total, e reivindica a renovação do campo inteiro da história':', Em 1979,
o cinquentenário dos Annales é celebrado com pompa. Emmanuel Le Roy
Laduríe escreve: "fundada por dois pesquisadores franceses, Marc Bloch e
Lncien Febvre, uma nova escola histórica chamada dos Annales conquistaria
em seguida uma hegemonia quase total - intelectual, muito mais do que
~strativa ou burocrática. Essa hegemonia se impôs inicialmente na
França, o que em si não foi essencial: mas ganhou também o universo inter-
nacional dos historiadores, quer nos países de língua inglesa (Reino Unido,
Estados Unidos), quer nos países latinos ou na Polônia e Hungria'." Antes
de concluir, sem modéstia excessiva, afirma que: "esses franceses frustrados
produziram, apesar de tudo, entre 1930 e 1965, sem se dar muito bem conta
disso, os melhores historiadores do mundo. Graças aos Annales~17 Dizendo
as coisas de outro modo: felizmente, num século de miséria e decrepitude, a
França conta com os novos historiadores.
Triunfalismo deslocado ou simples expressão da realidade? Deixando
de lado o caráter ditirâmbico de uma declaração como essa, é preciso re-
conhecer que não deixa de ter fundamento: a Escola dos Annales produziu
com efeito obras-primas, não somente até 1965 - aliás, por que essa data?
COUTAU- BÉGA Ri E 97
Porque a tese de Emmanuel Le Roy Ladurie foi publicada em 1966, modéstia
pouco comum, pela qual podemos cumprimentá-lo. O prestígio da Escola
dos Annales é efetivamente internacional. É um americano, Jack Hexter, que
fala de uma "admiração universal, algo como um consenso segundo o qual a
história, na França, é realmente a número 1 ~18 Tamanho prestígio internacio-
nal é excepcional o bastante para merecer um exame mais demorado e uma
tentativa de explicação,
Até o final dos anos 1970, nenhum autor francês tinha se arriscado a
tanto. Contudo, um historiador norte-americano, Jack Hexter, havia des-
crito com muita precisão, já em 1972, as estruturas institucionais sobre as
quais se apoiara Braudel para fazer que suas ideias triunfassem. Mas seu
cáustico artigo quase não produziu ecos. Aureolada pelo sucesso, a Escola
dos Annales estava então no apogeu da glória, a ponto de se identificar com
toda a história. Os paradigmas definidos pelos fundadores tinham se tor-
nado, de ~cordo com os sucessores, "um hábito incômodo de pensamento,
tão profundamente incrustado no espírito dos crentes que muito raramente
era submetido a um exame crítico'l" O problema exposto por Hexter é, no
entanto, central. Quem são os novos historiadores? Que história fazem eles?
Como foi que chegaram ao sucesso? Perguntas para as quais os novos histo-
riadores não deram resposta alguma, pelo menos até a "implosão" do final
dos anos 1970.
Sim, os novos historiadores produziram, durante os anos 1970, mui-
tos manifestos e balanços do trabalho feito. Podem ser lembradas aqui,
em especial, as coletâneas de artigos de Emmanuel Le Roy Ladurie'? e
de Pierre Chaunu," mas principalmente as duas obras coletivas Paire de
l'histoire e La Nouvelle Histoire:" Porém, nenhum desses livros se caracte-
riza por uma perspectiva crítica exageradamente desenvolvida - o que é
18 Jack Hexter, "Fern and Braudel and th e monde braud élien", [ournal of Modern History,
n. 4, 1972 , p. 4 83.
19 Id., íbid., p. 483.
20 E. Le Roy Ladurie, Le Territoire de l'historien. Paris: Gallimard, t. I, 1973, e t. II, 1978.
21 Pierre Chaunu, Histoire quantitative, histoire sérielle. Paris: Armand Colín, 1978.
22 Jacques Le Goff e Pierre Nora (orgs.) , Faire de I'histoire- I. Nouveaux problêmes - II.
Nouvelles approches - III. Nouveaux objets, op. cit., 1974; Jacques Le Goff et alo (orgs.), La
NouvelleHistoire, op. cito
98 INTRODUÇÃO
~ :n preensível - e, sob retudo} tod os apre sentam a nova história partindo
interior, colo can do-s e num ponto de vis ta estritame nte historiográ-
~ : 0 : eles se interessam apenas pelo "p ro duto"} sem se perguntar como ele
- 1 ['à bricado. Atitude normal}me smo sendo po ssível, por parte de algum
. ' O fen ômeno se desin tegrou ao longo desses últim os ano s, e não volta rei atrás sobre o
que disse n o pr efácio. A utili zação do presente do indi cativo na primeira edição podia
ser to ma da ao pé da letra, ao passo que, aqui, o uso desse temp o verbal tem ap en as
valor narrat ivo,
COUTtl U- BÉGARIE 99
também foram reeditadas em livros de bolso. O sucesso é óbvio, em todos
os níveis. Como explicá-lo?
Há evidentemente essa sede de história que Mircea Eliade constatou.
Mas isso não é o bastante para explicar um êxito tão impressionante. De
forma modesta, Emmanuel Le Roy Ladurie falou em hegemonia "intelec-
tual, muito mais do que administrativa ou burocrática," sendo uma maneira
elegante de resolver o problema: "é muito simples : fomos os melhores, e o
sucesso veio naturalmente':
Simples demais. O talento pode ser uma condição necessária para o su-
cesso, mas não é suficiente. Georges Dumézil era mais talentoso que qual-
quer outro historiador, sua obra é incomparável pela originalidade e riqueza.
Ele teve de esperar o final dos anos 1970 para que ela fosse enfim reconhe-
cida além do círculo dos especialistas. E seu exemplo não é único. Também
podem ser citados aqui Philippe Aries, cujo renome foi tardio, ou Bertrand
Gille e Alphonse Dupront, cujas obras consideráveis jamais foram conheci-
das além do âmbito estreito dos especialistas.
O sucesso raramente vem sozinho. É preciso encorajá-lo tratando de
preparar condições favoráveis. Isso vale para os indivíduos - com algumas
exceções - porém ainda mais para os grupos. A ascensão a uma posição he-
gemônica não é somente uma recompensa do talento, por maior que ele seja.
Ela sublinha também, e acima de tudo, o sucesso de uma estratégia. De uma
estratégia de tomada do poder. A explicação do sucesso da nova história está
nisso, na conjunção de circunstâncias favoráveis e inteligência estratégica de
seus chefes.
Circunstâncias favoráveis, tanto estruturais quanto conjunturais. Estrutu-
rais: trata-se do problema fundamental, e no entanto sempre negligenciado,
da localização do movimento. É um norte-americano que faz a pergunta:
"Por que a França? Por que não os Estados Unidos, com seus enormes recur-
sos, com a tradicional postura coletiva de seus historiadores profissionais,
muito menos rigidamente confinados nas fronteiras nacionais do que qual-
quer outro grupo equivalente? Em meio a certos historiadores norte-ameri-
canos dos anos 1930 e 1940 prevalecia uma visão similar, em muitos aspectos,
à dos annalistes. E eram historiadores da qualidade de um Febvre, de um
~4 E. Le Roy Ladurie, "Les Mousque taires de la nouvelle histoire", op. cit., p. 58.
100 !,\jTRCOUÇkO
Braudel'." A nova história pôde se impor graças à estrutura extremamente
centralizada da universidade francesa, o que permitiu a difusão generalizada
a todas as universidades das ideias dos novos historiadores a partir de alguns
postos-chave."
Nos Estados Unidos, ao contrário, a independência de cada universidade
é um obstáculo para a extensão da influência de uma escola. Jack Hexter
insiste na ideia de que esse policentrismo teria impedido Braudel, caso ele
fosse norte-americano, de atingir uma posição comparável à que conquistou
na França: "todas as estruturas da instituição universitária e 'educativa' que
favoreceram a Escola dos Annales na França estavam ausentes nos Estados
Unidos';" Foram essas estruturas que fizeram da nova história um fenômeno
essencialmente francês.
Circunstâncias favoráveis também existiram de um ponto de vista con-
juntural: a nova história chegava na hora certa. No final dos anos 1920, a his-
tória não se encontrava mais na fase que Kuhn chama de ciência normal."
Uma crise se anunciava: os paradigmas positivistas de Langlois e Seignobos
começavam a ser questionados - na França, a Revue de Synihése Historique
partia em guerra contra eles; na Alemanha, a Revista Trimestral de História
Social e Econômica sugeria novos campos de estudo. Marc Bloch e Lucien
25 J. Hexter, "Fem and Braudel and the monde braudélien", op. cit., p. 58.
26 Convém relativizar o argumento de J. Hexter, lembrando que a estrutura centralizada
da universidade tamb ém oferece um obstáculo às novid ades, que só podem se implantar
depois de uma longa maturação. Em seguid a, após alguns centros vitais terem sido con-
quistados, pelo menos parcialmente, a difusão pode ser feita muito rapidamente. Foi o
que passou no caso da nova história, cuja implantação se fez lentamente entre os anos
1930 e 1950, antes de sua aceleração a partir dos anos 1960.
27 J. Hexter, "Fern and Braudel and the monde braudélien", op. cit., p. 497. Isso também
vale no caso da Grã-Bretanha. Cf.James Obelkevich, "Past and Present: Marxisme ethis-
toire en Grande-Bretagne". LeDébat, n. 17, dez. 1981, p. 104. Emmanuel Le Roy Laduri e
reconhece que a vitó ria total do s Annales n a universid ade francesa "tom ou-se po ssível
graças às estrutu ras centralizadas, que ne ste caso pelo menos foram bastante úte is, da
univer sidade. Elas não obrigatoriamente exist em em outros países". Entrevi sta em His-
toireMagazine, n. 3,1980, p. 95.
28 Thomas Kuhn, La Structure des révolutions scientifiques [1962], trad . Laure M eyer. Paris:
Flammarion , 1972, p. 40 [ed. bras.: A estrutura das revoluções científicas, trad. Beatriz
Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 1975].
102 INTRODUÇÃO
_oiversit ária foi prolongada por uma estratégia de obtenção da chefia do
- und o da edição e da m ídia , o que visava controlar a alavanca de comando
~ produ ção histórica destinada ao público.
Essa estratégia interna se situ a num ní vel muito mais institucional do
. ue intelectu al. Mas está diretamente relacionada ao projeto} pois do valor
..: es te depende a importância da dimensão estratégica interna. Ou seja: se
: rojeto representar um progresso subs tan cial e não der motivo para crí-
. - : ' 5, ele haverá de se impor por si mesmo}na medida em que forem desa-
33 André Burguíêre (org.), Diciionnaire des sciences historiques, verbete "Philipp e Ari ês",
Paris : PUF, 1986, p. 68 [ed, bras .: Dicionário das ciências históricas, trad. Henrique de
Araújo Mesquita. Rio de Janeiro: Imago , 1993].
34 François Furet em L'Historien entre l'ethnologue et lefuturologue, op. cit., pp. 64-65.
35 Id ., ibid.
36 Raymond Aron em L'Historien entre l'ethnologue et lefuturologu e, op . cit., p. 65.
37 Jean Baechler, Qu'est-ce quel'idéologíe? Paris: Gallimard, 1976, p. 22.
106 INTRODUÇÃO
C onsiderad a nesse sen tid o limitado, a ideologia tem amiúde uma conota-
:,20 pejorativa: para Ja cques Ellul, a id eologia é a forma degradada de uma
do utrin a pol ítica." Ao estudar o conteúdo ideológico da ciência econ ómica,
.~j a i n Wolfesperger propôs cinco definições qu e consideram como ideoló-
; iCl toda proposição superficial ou posta a serviço de uma causa política e
social, ou que se apo ie numa filosofia p ol ítica. " É concebível que François
Furet rejeite a ideia de tal conteúdo id eológico. De acordo com uma expres-
siva definição de Raymond Ar on, a ideologia é a teoria do adv ers ário."
Uma acepç ão m ais ampla é, porém , po ssível, não limitando a ideologia
d '.) político: para Georges Dum ézil, a ideologia é a estrutura conceptual, per-
: ept ível ou inconsciente) em que se embasa uma so ciedade - é ness e senti do
~u e ele fala da ideologia tripartite do s indo -europeus:" para Louis Dumont, a
id eologia é "o conjunto da s idei as e valores comuns numa sociedade'. " Assim
.o rnpreendida, a ideologia perde seu co nte úd o pej orativo e, sobretudo, torna-
. ,;: um intermediário obrigatório ao qu al ninguém pode se subtrair: "todas as
tor m as de consciência são semelhantes no sentido em qu e nenhuma opera
sem uma 'grade' atr avés da qual tomamos conhecimento do que é dado e, ao
mesmo tempo, deixamos de lado uma parte de ssa matéria. Não há consciên -
'12 direta e exaustiva de coi sa algum a. N a vida de todos os dias, é ini cialmente
Do r interm édio da ideologia de nossa so ciedade que no s tornamos conscien-
:es de qualquer coisa'." Re sulta disso o fato de que a ciênci a e a ideologia se
encontram tão estreitamente ligadas a ponto de ser impossível distingui-las."
.;.> J. Ellul, L 'Idéologie marxiste chr étienne. Paris: Le Ce nturion, 1979, pp. S-6.
,9 Alain Wo lfesperger, "Le Conte nu idéologique de la science éconorn ique", in Je an-Ja c-
ques Rosa e Florin Aftalion (orgs.) , L'Économioue retrouvée: Vieilles critiqueset nouvelles
(j l1alyses. Paris: Econ omica, 1977, pp. 13-16.
.! .)Citado por Alain Wo lfesperger, "Le Conten u idéologique de la science éconornique", in
L' Écononucue retrouvée, op. cit., p. 12 .
_ ! G. Dum ézil, L'Idé% gie tripartiiedesindo-européens. Bruxelas: Latomu s/Revue d' Étu des
Latines, 1958.
'-" Louis Dumont, Homo e quaiis - 1 Genese et épanouissement de l'idéologie économique.
Paris: Gallim ard, 1976, p. 66 [ed. bras.: H omo «ouali«: Gênese e plenitude da ideologia
ecollómica, trad.José Leonardo Nascimento. Bauru (sr): Edusc, 2000 ].
f 'Id., ibíd., p. 27.
• . Id., ibid., p. 31; J. Ellul, La Parole humiii ée. Paris: Seuil, 1981, p . 29 7 [ed, br as.: A palavra
humilhada, trad . M aria Cecília de 1\1. Duprat. São Paulo: Paulin as, 1984 ] .
45 Julien Freund, prefácio a Carl Schmitt, La Notion depolitique [1932], trad . Marie-Louise
Steinhauser. Paris : Calmann-Lévy, 1972, pp. 52-53 [ed, bras.: O conceito do político, trad.
Alvaro L. M. Valls. Petrópolis (nj). Vozes, 1992].
108 INTRODUÇÃO
Do que foi dito até agora, pode-se deduzir o que será este livro. E mesmo
o que ele não será.
Ele não será uma história dos Annales. Um trabalho assim ainda está por
ser feito, e seria extremamente útil. Todavia, pressupõe o acesso aos arqui-
yos da revista, bem como aos dos membros mais eminentes do grupo, o que
por enquanto é dificilmente imaginável.
Este livro tampouco será um estudo sociológico dos Annales, porque
tal ângulo de abordagem seria inadequado: tanto do ponto de vista das
origens quanto da formação universitária, nada é mais semelhante a um
novo historiador do que um ... historiador, apenas. Uma abordagem so-
ciológica deveria englobar o conjunto da corporação dos historiadores
universitários, e não somente uma parte dela, a qual, desse ponto de vista,
quase não apresenta características originais, sendo, portanto, difícil de
ser isolada.
Enfim - e acima de tudo -, não será um ensaio de epistemologia histó-
rica buscando opor novas concepções - ou reabilitar uma linha tradicio-
nal- à concepção da nova história. O objetivo não é propor uma "história
de substituição", mas sim uma leitura da nova história, diferente daquela,
estritamente historiográfica, que nos é proposta pelos novos historiadores.
A análise será desenvolvida em três planos:
COUTAU-BÉGARI E 109
engajado em alguma posição filosófica ou ideológica'r" Mas também
porque a dimensão ideológica condiciona a estratégia: um grupo que
aspira a uma posição dominante nãopode ir contra a ideologia dominan-
te. A ideologia permite "decodificar" o balanço historiográfico: ela
explica o sucesso - os novos historiadores propuseram uma história
que a mídia estava prestes a apoiar - mas também os limites da nova
história - esta não pode tratar de assuntos que não caibam em sua
"grade" ideológica.
3. A análise ideológica} porém} não basta para explicar o sucesso dos
novos historiadores. É preciso, assim, que intervenha nessa reflexão
um terceiro plano, sobre o qual geralmente nada se tem dito, que é
o da estratégia interna. Isso permitirá que se compreenda como os
novos historiadores conseguiram garantir posições importantes den -
tro da universidade e, depois, controlar a vulgarização histórica de
alto nível.
Nem é preciso dizer que uma leitura como essa, isto é, em termos de estra-
tégia e ideologia, não tem a pretensão de ser a única possível sobre a nova
história. Ela visa somente à apresentação de uma análise diferente da inter-
pretação historiográfica tradicional, feita de um ângulo que nos parece per-
mitir uma boa compreensão do fenômeno. Isso não significa que os novos
historiadores tenham sido exclusivamente guiados por preocupações de
ordem estratégica. Quando Jacques Ellul estuda a arte contemporânea em
sua relação com o sistema t écnico," ele faz questão de observar que a arte
de que trata não se r~duz a essa relação, mas que lhe parece fundamental
para compreender o como e o porquê dessa arte. No caso de que tratamos, a
nova história é antes de tudo um fenômeno epistemológico que se traduziu
por uma renovação extremamente fecunda. Aplicando-lhe os métodos de
análise das ideia s políticas, este estudo não almeja desvalorizar essa reno-
vação, mas simplesmente explicar as razões de seu sucesso e de seus limites,
demonstrando sua estratégia e revelando a ideologia em que se ernbasa, o
que é uma resposta à preocupação de Georges Duby, que sublinha "a neces-
46 J ean Piaget, ÉpisténlOlogie des sciences de l'homme. Paris: Gallima rd, 19 7 1, p. 81.
47 Em L 'Empire dl l non·sellS: l'art et la société technicienne. Paris: P UF, 1980.
.d Georges Duby, "Le Mental et le fonc tio n nement des scien ces humain es", L'Arc, n. 72,
1978, p. 9 2 •
+9 Pierre Cha telus, "La Mé m oire au plur iel". Él éments, n. 32, 1979, pp . 4 2-57.
112 INTRODUÇÃO
115- e que uma "descrição sem deferência contém em si o risco de provo-
car um esc ândalo";"
Resta-nos ainda uma questão prévia. Quando falamos da estratégia dos
IIOVOS historiadores ou da sua ideologia, postulamos a existência de uma
mesão forte o bastante para dar ao grupo uma unidade que se exprime
por essa estratégia e por essa ideologia comuns. Ora, isso não é, de modo
~,óbvio.
É um colaborador do próprio Jacques Le Goff, ele mesmo novo histo-
riildor, portanto, e ainda por cima marxista, que diz: "não existe uma 'nova
história: Pode-se certamente defini-la sumariamente por algumas preocu-
pações dominantes: a ampliação do campo de observação do historiador
por meio da descoberta de 'novos objetos', o recurso a um conjunto de
ciências humanas (antropologia, ciência econômica, sociologia, psica-
nálise), a elaboração e adoção de métodos quantitativos cada vez mais
sofisticados tendo como base uma documentação serial. Mas seria isso
suficiente para lhe dar uma unidade mínima?,:s3Até o sucesso dos Annales
acarretou uma alteração do "rótulo": "eis a 'história nova', lançada como
uma marca de sabão em pó! No caso daqueles que ainda queiram per-
manecer apegados a uma história historizante, unilinear e estreitamente
acontecimental, basta proclamar-se adepto da 'nova economia' a fim de
tomar o produto mais vendável'i>
Felizmente, Jacques Le Goff está aí para nos lembrar uma verdade pri-
mordial: "há uma história nova".ssMas não é "aquela de uma equipe ou de
uma escola', e é necessário até mesmo recusar a ideia de uma "pretensa Es-
cola dos Annales': "Claro, não há aqui ortodoxia alguma, sendo ela a mais
Werta:'s6A coesão da nova história resultaria, antes, da "convergência de
formações, de preocupações, de desígnios semelhantes'l" Uma afirmação
como essa, quando tomada ao pé da letra, implica que basta ter passado
-. Jules Monnerot, LesFaits sociaux nesont pas des choses. Paris: Gallímardrca õ,p. 84.
:3 Guy Bois, "M arxism e et histoire nouvelle", inJacques Le Goff et alo(orgs. ), La Nouvelle
Histoire, op. cit., p. 377.
. . Id., ibid., p. 378.
.. J. Le Goff et alo(orgs. ), La Nouvelle Histoire, op. cit., p. 211.
J. Le Goff e P. Nora (org s.), Faire de l'histoire, t. I, op. cít., p. IX.
Id., ibid., p. X.
C O U TA U - B ~ G A RI E 113
pela Sexta Seção ou ter se dedicado à história social para ser um novo his-
toriador. Mas Le Goff se recusa a ir tão longe: <ta marca nova história não
poderia se referir a nenhuma produção histórica, menos ainda a uma his-
tória tradicional mal remodelada com alguns toques rápidos de sociologia,
ciência política, economia, psicologia ou algo equivalente': Seu sucessor na
presidência da EH ESS, Fran çois Furet, denuncia "a ide ia falsa segun do a qual
o grupo do s hist oriadore dos Annales partilharia um a concepç ão comum
e unificada da disciplina, por oposição à tradi ção [ ... ]. Os histo riadores da
École strictosensu trabalham seguindo dire ções por demais diferentes para
qu e sejam facilmente agrupados sob um estandarte intelec tual comum';"
Pierre Goubert, outro novo historiador conhecido, pensa o mesmo; fala de
"grupos do s Annales (decididamen te, não há uma 'E scola' dos Annale: )".59
Então, será que no ssa tentativa de identificar um a estratégia e uma ideologia
comuns está fadada ao fracasso?
Felizmente para nós} as inúmeras declarações dos novos historiadores es-
tão aí para nos tranquilizar: Paul Veyne fala da "nossa Escola dos Annales~6o
sendo imitado por Emmanuel Le Roy Ladurie," Pierre Chaunu'" e André
Burgui êre." A negação da existência de uma Escola dos Annales foi feita} não
por poucos, por razõe s diferentes, mas explicáveis: as palavras, antes citadas,
de François Furet foram escritas em 1982, quando a unidade do grupo se de-
sintegrou e o projeto do s fundado res deu lugar a uma história fragmentad a.
Pierre Goubert se situa, como a mai oria do s ex-alunos de Labrousse, um
pouco à margem do núcleo. Quanto a Jacques Le Goff, os manifestos que
concebeu queriam passar uma imagem aberta da nova história} que favore-
ceria a sua recuperação. Ele obedecia a um imperativo estratégico ao deixar
114 I NT RODUCÃO
_': vincular a história nova a uma escola. Isso lhe permitiu incluir Louis Che-
rlier na história nova," quando na verdade este é um adversário assumido
~ O ' Al1l1a/es. Mas exatamente como os outros) Jacques Le Goff quando
?",!1sa em "nova história", pensa, antes de mais nada, nos Annales.
Na realidade) a Escola - ou o grupoÓS - dos Annoles sempre foi muito
".z"da ao seu chefe, primeiramente Lucien Febvre, depois Fernand Braudel.
~ lícito) portanto, falar de uma estratégia comum (até os anos 1970). Quanto
'!o conteúdo) H. R. Trevor-Roper menciona uma "filosofia comum [que]
oode ser distinguida, sob formas variáveis, evidentemente) em todos os alu-
[I(1 S da Escola dos Al1l1a/es".66 Jacques Revel segue a mesma linha: "Há) con-
COUTAU-BÉGARIE 115
dem se dividir sobre questões importantes, por exemplo, as relações com o
marxismo. De maneira geral, as relações internas do grupo da nova história
são complexas e às vezes difíceis. As ambições universitárias, os engaja-
mentos políticos e, mais simplesmente, as inimizades pessoais dão origem
a numerosas rivalidades entre pessoas e instituições - por exemplo, entre a
École des Hautes Études en Sciences Sociales, acusada de monopolizar as
atenções, e as universidades. As fraturas não devem ser dissimuladas. Isso,
porém, não pôs em dúvida a unidade resultante da presença dos chefes
incontestes, como Febvre e Braudel, até que viesse a explosão dos anos
1970. E para além das divergências manifestas, pode-se verificar um con-
senso em relação a alguns temas fundamentais que deram à nova história
sua unidade.
Porém - e eis um ponto capital - é preciso sempre ter em mente a am-
biguidade fundamental da noção de nova história. Esta pode ser de fato en-
tendida de duas maneiras completamente diferentes. Num sentido muito
amplo, a nova história é, antes de mais nada, um estado de espírito que pode
ser considerado vitorioso praticamente entre todos os historiadores france-
ses (e estrangeiros), pelo menos na universidade: hoje, não há mais ninguém
que faça uma história semelhante à dos anos 1920. Num sentido mais restrito,
porém, a nova história designa o grupo de herdeiros de Marc Bloch e Lu-
cien Febvre que reivindicou a paternidade dessa renovação. Naturalmente, é
esta última acepção que nos interessa aqui, refletindo a posição de Jacques
Le Goff e seus colaboradores, que atribuíam a si mesmos o monopólio da
marca. Essa ambiguidade transparecerá neste livro, pois certo número de
contribuições de Bloch, Febvre, Labrousse ou Braudel passou a fazer parte
do patrimônio comum dos historiadores franceses. Mas que fique claro: va-
mos nos concentrar na estratégia e na ideologia do grupo. Teremos, aliás, a
oportunidade de ver que este construiu sua estratégia justamente a partir da
exploração dessa ambiguidade.
Na maioria das vezes, as críticas apresentadas aqui nada terão de origi-
nais. Contentei-me em reuni-las e desenvolvê-las. As citações são numerosas,
o que não se deve a um vão desejo de erudição, mas sim à necessidade de
mostrar que os limites da nova história já tinham sido percebidos anterior-
mente, ainda que na maior parte das vezes de maneira furtiva e parciaL
E finalmente ... para além do espírito "inquisitorial" que o anima, por seu
estilo, que pode lembrar o dos "debates e combates" dos Annales em seus
116 INTRODUÇÃO
~ rim órd io s, por sua vontade de ir mais longe do que produzir uma mera
- arrativa do êxito dos novos historiadores a fim de lançar a questão: "Como
~ que eles conseguiram?", pela importância atribuída ao inconsciente - à
-: 201ogia -, por sua pluridisciplinaridade - mistura de história e de ciência
~ ol ítica -, é lícito perguntar: não seria, em alguma medida, este livro, ele
~ ~ mb ém, da nova história?
preensão e resistência por algum tempo,' mas seu triunfo nas universidades
norte-americanas é indiscutível, e isso a despeito do fato de muitos de seus
~adores norte-americanos não conseguirem ler o periódico francês e
Para uma bibliografia seleta, ver Peter Burke, lhe French Historical Revolution. lhe
.,Annales" SchooI1929-1989. Stanford: Stanford University Press, 1990 [ed . bras .: A revo-
lução francesa da historiografia: A Escola dosAnnales (1929-1989), trad. Nilo Odalia. São
Paulo: Unesp, 1998]. Burke foca nos principais trabalhos dos historiadores dos Annales
e faz análises judiciosas deles. Meu texto está centrado na revista. Pode ser lido como
complemento ao livro de Burke.
: Michael Erbe, Zur neueren franzosischen. Sozialgeschichtsforschung. Darmstadt, 1979.
Erbe é especialmente astuto ao descrever a resistência germânica aos Annales nos anos
da Guerra Fria. A monografia de Erbe pode muito bem ser considerada o estudo mais
acurado e cuidadoso dos Annales em qualquer língua. Inclui uma boa bibliografia.
3 Entre numerosas antologias, citaria Marc Ferro (org. ), Social Historians in Contemporary
France. Essaysfrom "A nnales". Nova York: Harper Torch Books, 1972, e P. Burke (org.),
A N ewKind ofHistory and otherEssays, trad. K Folca. No va York: Harper & Row, 1973.
4 P. Burke, lhe French Historical Revolution, op. cit., 1990, fornece uma sele ção atualizad a
dos melhores livros dos annalistes em tradução para o inglês.
: _-: muitos dos pesados volumes que encontram seu lugar nas bibliografias
rnnvencíon ais são produzidos como teses de doutoramento. Esses volumes
oc es os, que representam de dez a vinte anos de trabalho árduo em arquivos
--:':1ceses, dispõem de poucas qualidades ligadas aos Annales. Raramente
ao comp arativos ou experimentais, e seu estilo tende ao usual rigor mortis
"Xip do das teses acadêmicas. Também é verdade que muitas dessas thêses
:. -: pen dem exclusivamente de arquivos franceses. Lendo-as, pode-se razoa-
:·.mente concluir, com Peter Burke," que o horizonte dos historiadores dos :';,\1'
HU PPERT 121
para o inglês, mas a verdade é que os Annales, de seus primórdios, têm sido
sempre ferozmente) agressivamente) globais em seu propósito) tanto em seu
recrutamento de colaboradores quanto em sua escolha de tópicos a explo-
rar. Desde os anos 1930) o periódico tem fomentado uma prática de artigos
comissionados e resenhas de acadêmicos de primeira ordem não necessa-
riamente associados aos departamentos de história das universidades fran-
cesas: norte-americanos) italianos) poloneses) emigrados sem postos univer-
sitários) sociólogos) antropólogos ou administradores coloniais. Os editores
têm o costume de investigar tópicos não necessariamente de interesse da
Sorbonne, como a coletivização da agricultura na União Soviética) a origem
das ferrovias) a função das universidades islâmicas) demografia histórica ou
postura diante da morte. Esses não são os assuntos aos quais os periódicos
acadêmicos comuns dedicam muito interesse) até recentemente) quando
mesmo o mais insosso deles começou a imitar os Annales.
Não penso nos Annales como uma publicação acadêmica entre outras.
A qualidade especial dos Annales, até recentemente) não é fácil de definir.
Lembro meu primeiro encontro) em 1957 ou 1958) com os volumes grossos)
bem encadernados) nas prateleiras da sala de leitura da Universidade da
Califórnia) em Berkeley; onde era estudante de graduação. Eu caminhava
à luz do sol por entre eucaliptos para pegar o mais recente exemplar do
periódico) que acabava de ganhar o novo design de capa) um tanto peremp-
tório. Fui embora) para o bem ou para o mal) tendo encontrado minha vo-
cação como historiador.
Na época) o periódico começava a chamar a atenção em Cambridge,
Nova York, Chicago e Berkeley) ainda que já existisse por mais de trinta
anos - e) muito antes disso) em 1914) os futuros editores) Lucien Febvre e
Marc Bloch, já dissessem e escrevessem muito do que eles diriam ou escre-
veriam posteriormente. O espírito dos Annales é dos primeiros anos do sé-
culo. Se há um único livro) um único trabalho acadêmico original) que in-
corpore, mais do que qualquer outro.as qualidades veneradas por aqueles
que admiram o tipo de história dos Annales) esse é Philippe II et La Pranche
Comté, publicado em 1912.
A revista que veio a existir pelas mãos de Febvre e Bloch nos anos 1920
mudou de maneira importante) depois de 1945. Ela iria mudar muitas ve-
zes ao longo de sua história) com cada novo lançamento fazendo-se com-
preender com memoráveis manifestos escritos por Febvre - e finalmente)
=",' vre, com notável constância, dos primeiros anos do século ao último
_-.0 de sua vida. Esses objetivos foram reafirmados por Braudel na entrada
:t..!2nto fosse burguês - palavra com que queria expressar tudo que fosse
.z ute loso, acanhado, apático e associado à Sorbonne. Nisso, e em sua fasei-
&lo? -.1 0 por culturas não ocidentais - produto, afinal, de "povos tão distantes
: ': tudo que seja burgu ês'? - , ele pertenceu à vanguarda. Em harmonia com
J:' pintores experimentais, compositores e romancistas de sua juventude, re-
HUPP ERT 1 23
ocultas que moldam os destinos humanos. Descrever eventos políticos em
ordem cronológica parecia a Febvre tão limitado e sem sentido quanto se-
ria uma tentativa de entender paisagens sem levar em conta as forças geol~
gicas que as moldaram. Seu próprio Pranche Comté era, entre outras coisas,
uma demonstração eloquente dos usos da geologia e da geografia nas mãos
dos historiadores.
A estratégia de Febvre de tomar a pesquisa histórica daqueles que ridi-
cularizara como "esp ecialistas de ninharias" incluía alianças com geógrafos,
sociólogos e antropólogos, com estudantes de mitologia comparada, com
economistas e linguistas. Não apenas seus amigos nesses campos tinham in-
teresse em apoiar suas inclinações heréticas, como eles se empenharam em
formas de investigação que, por definição, favoreciam a busca por realidades
há muito ocultadas. É realmente notável que Febvre, dados seus objetívos,
não tenha se tornado presa das atrações do marxismo, ao qual muitos de
seus amigos e colegas sucumbiram. Já no início da década de 1920, contudo,
Febvre deu cabo de todo tipo de cenário pronto para a explicação de tudo,"
Os Annales iriam se livrar de fórmulas pré-fabricadas. Não era a intenção
esposar doutrinas, nem fazer uma "escola': A ideia era permanecer, como um
dos mais antigos e prontos aliados de Febvre, o sociólogo Georges Fried-
mann, afirmou, "un chantier d'hommes iibres'? Uma vez rejeitadas as antigas
formas de fazer história, o grupo dos Annales buscou uma maneira fácil de
comunicar seu experimento. Febvre sabia como ridicularizar a Velha Guarda,
os "perdedores de 1870 ': Ele viu o que estava errado, o que faltava, nos livros
que resenhava - uma história das cidades, por exemplo, cujo autor escrevia
sobre prédios e plantas sem mencionar seres humanos. Mas como ele expli-
caria o tipo de história que imaginara, já que ela não existia e não passava de
um experimento em curso?
Qualquer tentativa de reduzir a abordagem dos Annales a uma fórmula
está perto de cair em erro. Sim, a ênfase, nos anos 1930, era dizer-se em
busca da história econômica e social] como o próprio título já dizia: An-
nales d'Histoire Économique et Sociale. Mas Febvre tinha claro em seu pen-
8 Em sua pa lestra inaugural na Un iversid ade de Estra sbur go, publicad o na R evtle d,-
Synthise Historique, 1920, v. 30, pp. 1-15.
9 Ann ales, 1957, p. 4 ·
10 L. Febvr e, Combats pOllr l'histoire [ 1952]. Paris: Ar mand Colin, 1965, p. 19 : "II ri'y a p as, à
proprernen t parler, d'hi stoire économ ique et sociale",
Cita do por Pierr e Vilar, A nnales, 1973, p. 165.
12 "Et diso ns: L' érud ictio n po m l'éru dict ion, jam ais", citado por M. Erbe, op. cit., n. 4, E' 48.
I} L. Febv re, op. cit., p. 55.
.- UPP=RT 125
artistas e poetas nos anos 1920: oferecer uma base para rebeldes que uniam
esforços em oposição à cultura oficial.
Não que os colaboradores dos Annales, nos anos 1930, e menos ainda
nos últimos anos, fossem claramente identificados como rebeldes. Eles
eram em sua maioria professores universitários de meia-idade, moderados,
alguns poucos deles membros da elite mais restrita que se pode imaginar, a
composta de graduados na École Normale Supérieure. Os Annales foram
fundados no momento da nomeação de Febvre ao mais desejado posto da
educação superior francesa, uma cadeira no College de France, e Febvre
fez tudo para que, depois, seu sucessor escolhido para dirigir os Annales,
Fernand Braudel, herdasse sua cadeira após sua aposentadoria, do mesmo
modo que Braudel, por sua vez, ajudou Le Roy Ladurie a herdar seu posto.
Se, a despeito do inegável status de elite de seus membros-chefes, os An-
nales tiveram uma reputação de periódico radical, o mérito pertence inteira-
mente à novidade das ideias expressas em suas páginas, não a alguma imagi-
nada obediência a uma agenda política, sem mencionar um partido político,
ainda que seja fato que os Annales eram, quando encarados de modo geral,
terminantemente de esquerda enquanto Febvre dominou suas políticas edi-
toriais. Especialmente estranho aos acadêmicos conservadores era a preocu-
pação de seus editores com o presente, seu desejo claramente expresso de
influenciar acontecimentos.
O momento decisivo para o periódico e para o próprio Febvre chegou
às vésperas da Segunda Guerra Mundial, quando ele, ao que parece, rom-
peu com sua editora e quase acabou com a vida da publicação com o in-
tuito de responder com propriedade ao triunfo dos regimes nazista e fas-
cista." Tomar posições contra o fascismo era relativamente fácil, mesmo
que isso significasse realizar publicações caseiras. Mas fazer isso sem se
apoiar nas fileiras marxistas requeria rara independência de pensamento.
Febvre identificava a emergência dos movimentos totalitários de massa
como o tópico mais crítico para ser enfrentado pelos intelectuais. Era,
portanto, dever dos Annales explicar esse fenômeno. "Na porta ao lado",
ele escreveu, "um mundo se acaba. Um novo mundo está tomando seu
lugar:' Para explicar e assim conter sua ameaça, novas ferramentas con-
14 Peter Schõttler, Lucie Varga: Les autorités invisibles. Paris: Cerf 1991.
HU PPE RT 127
crença populares (mentalités). O Religião de Rabelais de Febvre colocaria a
questão: seria possível} com o sistema de crenças do século XVI} ser ateu?
Esse estudo foi concebido} inicialmente} em colaboração com Lucie Varga.
É até possível detectar o germe da tese de Febvre, a saber} que Rabelais não
era ateu} na dissertação de Varga."
Depois da derrota dos regimes fascista e nazista, os mais importantes
problemas a serem encarados pelos europeus, na análise de Febvre, eram
os criados pelos séculos de expansão colonial usurpadora na África, na Ásia
e na América do Sul. Os Annales começaram então a dar sistematicamente
lugar a artigos e relatos sobre o mundo exterior à Europa. Um problema re-
lacionado que preocupava os editores nos anos 1950 era o da explosão po-
pulacional no Terceiro Mundo, uma vez que a revista passava a se interessar
cada vez mais por demografia histórica," Nos anos posteriores à guerra, sob
a liderança de Febvre, o pequeno periódico herético, conhecido apenas de
entendidos} experimentava uma ascensão impetuosa. Seu tamanho aumen-
tou, ele saía com mais frequência, e o grupo de colaboradores cresceu, como
sua lista de assinaturas e sua influência."
Febvre estava apto a participar da construção de novos centros de pes-
quisa encabeçada pelo governo francês. Ele foi nomeado presidente do novo
departamento de ciências sociais, a Sexta Seção, na antiga École Pratique
des Hautes Études. Estabeleceu um Centro de Pesquisa Histórica, liderado
por Fernand Braudel, e vários outros centros, não abundantemente servidos
de recursos, mas capazes de oferecer uma modesta base institucional para
o grupo dos Annales. Foram forjadas alianças com o Centro Nacional de
Pesquisa Científica, o Instituto Nacional de Estudos Populacionais, entre
outros. Os Annales agora tinham um orçamento. Muitos dos historiadores
e cientistas sociais associados aos Annales tiveram oportunidades de prestar
serviço permanente como pesquisadores nesses novos institutos.
17 Id., ibid.
18 O interesse no Terceiro Mundo começou em Febvre nos anos 1930 e institucionalizou-
-se com a direção editorial de Braudel em um regular e sempre mais importante título
sob o chapéu Le Monde saufl'Burope.
19 M. Erbe, op. cit., p. 49. Em 1946, 400 páginas por volume, em 19S8, 800j em 1960,1200-
e seis números por ano: em 1970, perto de 1800 páginas.
HUPPERT 129
livros sobre os Annales como Peter Burke parece estar!' Gostaria de rever
as críticas dirigidas aos Annales durante os anos 1960 antes de descrever as
realizações genuínas que, em minha opinião, ainda fazem os Annales perma-
necer vigentes.
Talvez a crítica mais comumente ouvida seja a de que os Annales assumi-
ram uma postura positivista ingênua, afirmando que apenas as coisas passí-
veis de serem contadas valeriam o estudo. É uma crítica certamente válida.
Houve um tempo, entre os anos 1960 e 1970, em que os Annales focavam
quase exclusivamente nos tópicos que se prestavam à quantificação, ao es-
tudo da demografia histórica (por exemplo), dos preços dos grãos, da to-
nelagem que passava pelos portos do Atlântico. Contar em larga escala era
uma técnica aplicada também a problemas a princípio menos apropriados, a
mensuração do fervor religioso) por exemplo, na base de um grande número
de testamentos, ou o estudo do letramento ou da produção de livros.
Não há nada de errado nisso, e quase todas as instâncias, os incansáveis
ratos de calculadora, poderiam dizer) e com razão, que estavam apenas obe-
decendo a ordens, as ordens do general Febvre, que especificava o grupo
de trabalho, a busca de tendências de longa duração e o uso sistemático de
evidências como testamentos para chegar à história das mentalités coletivas.
O problema com o modo como as ordens dos fundadores tardios foram cum-
pridas é que elas eram levadas a cabo mecanicamente. Como Franco Venturi
apontou, de passagem, mas gentilmente, os annalistes dos anos 1960, em seu
entusiasmo pela "história científica", chegaram a graus absurdos, "usando um
cíclotron para quebrar uma noz'?' e fazendo pronunciamentos teóricos de
natureza cómica: "De um ponto de vista científico, a única história social é a
história quantitativa'l" É difícil escapar ao sentimento de que os normaliens
que se viram permanentemente empregados na Sexta Seção, depois de um
aprendizado nas células comunistas da École Normale, eram condicionados
21 P. Burke, The Prendi Historical Revolution, op. cit., pp. 106-07: "O movimento efetiva-
mente acabou" e "isso é quase como escrever um obituário".
22 F. Venturi, Utopia and Reform in the Enlightenment. Cambridge: Cambridge University
Press, 1971, pp. 9-10.
23 Adeline Daumard e François Furet em Annales, 1959, p. 676: "Scíentífiquernent parlant,
nn' est d'histoire sociale que quantitatif'.
~ Um exemplo: Lucette Valensi, que iria ocupar uma vaga no conselho editorial finalmen-
te, escreveu: "L'explícítatíon du non-événementiel suivant une perspective de longuc
durée", Em sua pscudolinguagem, palavras como "événem entieI" e expressões como
"longue durée" são transformadas em conceitos "científicos". Não à toa, ela também fala
sem inibição em "l'école des Annales" (Annales, 1974, p. 1309).
:!5 P. Burke,TheFrench Historical Revolution, op. cit., p. 24 .
HUPPERT 131
muito do conteúdo do periódico foi produzido por membros do seu quadro
de funcionários que, em alguns casos, sequer haviam publicado uma tese de
doutoramento, sem falar um trabalho acadêmico de peso. Começaram do
fundo, na casa que Braudel construiu, a Maison des Sciences de l'Homme,
e passaram, do porão ao sótão, por assim dizer, fazendo seu caminho entre
ferozes intrigas de escritório. Devem toda sua reputação a sua conexão com
os Annales.
A despeito dessas mudanças, do preço do sucesso, pode-se dizer, os An-
nales ainda retêm muito de seu apelo original. Isso acontece por causa do
extraordinário senso de continuidade, de ligação filial, de lealdade sectária
que mantém o grupo unido. "L es Annales coniinuent" era o título do edi-
torial de Braudel, em 1957, dizendo que haveria algumas questões para que
o periódico continuasse a existir, depois da morte de Febvre, ainda que a
vie matérielle da publicação fosse mais segura do que nunca a essas alturas.
A presença espiritual dos fundadores é óbvia em cada artigo dos Annales.
Bloch e Febvre são invocados sempre, comemorados a cada oportunidade,
e do mesmo modo seus pares e apóstolos. O desejo mínimo de mudança
das perspectivas do periódico, por parte dos editores, é claramente expresso.
O senso de missão apostólica de Braudel nunca lhe faltou, e sua autoridade
permaneceu firme até que os eventos de maio de 1968 (e a ausência tempo-
rária do patrono, em Chicago) ofereceram a oportunidade de uma pequena
revolução palaciana que levou a uma partilha do poder e a um estilo de di-
retório na governança que, desde então, tem levado a queixas apocalípticas
sobre a queda do império: l'histoire en miettes.
É preciso estudar a composição do conselho editorial ao longo dos anos
para ver que o pulso firme de Febvre pouco enfraqueceu, mesmo após 1968.
Vinte e cinco anos depois de sua morte o conselho ainda era dominado por
seus camaradas mais próximos, alguns dos quais ocupando o lugar desde os
anos 1930. A escolha de tópicos para pesquisa mantinha muito do velho es-
pírito. O volume de 1960, por exemplo, incluía estudos das práticas agrícolas
dos iorubas, das minas de ouro da Bósnia, dos camelos do norte da África
no período romano, da economia do Chile no século XVIII, de experimen-
tos técnicos com colhedoras mecânicas na antiguidade. No mesmo volume
Jacques Le Goff publicou um primeiro esboço de seu estudo das concepções
medievais de tempo, Claude Lévi-Strauss refletiu sobre a antropologia e a
história, Lucien Goldmann escreveu sobre Chagall, Robert Mandrou sobre
HUPPERT 135
permanecer aberto a novos desenvolvimentos, novas oportunidades e no-
vos interesses. Rubricas tradicionais com o Le Monde sauf l'Europe, Débats a
Combats, Enquêies en Cours juntaram-se a novas, como Fronti êres Nouvel
Domaines Contemporains, Inter-Sciences, Temps Présent, Mentalités. Lad o
lado com categorias mais ou menos permanentes, os organizadores publi-
caram números especiais sobre tópicos como Famille et Sociéié, Histoire d
Psychanalyse, Histoire et Sexualité, Histoire et Environement ou Histoire No.
-Écriie, por exemplo.
"Pour une histoire anthropologique", no volume de 1974, é um bom exem-
plo de esforço feito pelos organizadores para oferecer um fundamento racio-
nal para explorações interdisciplinares. Escrevi "fundamentos consistentes-
para evitar a palavra "teoria". Os fundadores não viam utilidade na teoria,
Como o sociólogo Georges Friedmann recordaria, em 1953, em ocasião do
75'?aniversário de Lucien Febvre, foi sua aversão saudável à teoria, nos anos
1930, que tornou o grupo dos Annales atrativo àqueles que estavam fartos de
teorização no campo marxista. Em vez de "racionalizações, as pol émicas, as
disputas escolásticas, a suspeita, as críticas sem fim na ausência de quaisquer
tentativas de originalidade", eles descobriram} no campo de Febvre, "um
espírito de pesqui sa e cooperação". "Nós pre cisávam os de um espírito de
equipe", escreveu Friedmann, "e nós não queríamos parte daquele esprit th
syst ême que prevalecia entre os socíó logos.?"
O próprio Friedmann, com Charles Morazé e Fernand Braudel, consti-
tuiu o núcleo do conselho editorial por quase toda a história do periódico.
Eles atuaram como um Conselho de Censores, mantendo os olhos aten-
tos ao entusiasmo da geração mais nova, e, ocasionalmente, expuseram a
fragilidade dessas construções. Morazé, Friedmann, entre outros} evitaram
que os Annales se tornassem uma escola, sopesando, de tempos em tempos,
ensaios editoriais de cunho filosófico e fornecendo discretos movimentos
corretivos de timoneiro quando o barco parecia correr pelo mar de Sarga-
ços da teoria.
Um ótimo exemplo desse tipo de intervenção é o ensaio de Charles
Morazé sobre "L'Histoire et l'unité des sciences de l'homme" no volume de
1968.Sentindo o perigo de os Annales tornarem-se um objeto de idolatria - e
27 Allnales, 1957, p. 4 .
~t~ significativa para os que querem acreditar que a história é uma ciência
r enas recentemente desenvolvida nos laboratórios do Boulevard Raspail.
( '. hábitos mentais alimentados pelo marxismo acadêmico não são facil-
me nte compatíveis com a visão humanista de Morazé, Priedmann, Braudel
~ Febvre ou Bloch. Isso) me parece, é a fonte principal da tensão entre uma
Zêf2Ção de annalistes e a seguinte. Foi o mérito especial de Fernand Braudel
esreri d er uma ponte entre a cultivada e cosmopolita Velha Guarda e os téc-
aicos especialistas que estavam sob seu comando.
Braudel manteve acesa a chama. Ele observou as diretrizes estabelecidas
oo início do século para a boa condução da revista e suas atividades adjun-
:c.s seminários de pesquisa) conferências) séries monográficas. Ele preser-
vou o espírito daqueles primeiros anos) certificando-se de que a história)
trrn a história viva) como Febvre sempre quis, reinaria soberana na família
: 2.S ciências sociais, confraternizando com outras disciplinas) emprestando
HUPPERT 137
Terceira República, engajado, uma arte, dispensando o homo academicus que
residia na Sorbonne com julgamentos pungentes, monossilábicos, impubli-
cáveis. Ele deu boas-vindas a jovens discípulos de maneira a um só tempo
aristocrática e informal, abraçando-os e dirigindo-se a eles com o familiar
tu. Ele sempre evocava sua amizade longa e calorosa com Febvre, selada no
caminho de uma viagem lenta através do Atlântico Sul, a bordo do vapor
Campana, em novembro de 1937. Seus tributos publicados a Febvre, espe-
cialmente o luminoso ensaio que, sob o título de "Presence de Lucien Fe-
bvre", serve como introdução ao Festschrift de 1953, são os mais autênticos
guias do espírito dos Annales.
Lendo aquelas páginas, mais de uma vez, e escutando a fala de Braudel-
ele falava como um livro, suas palestras, gravadas em estenógrafo, podiam
sair direto para a impressora -, era claro que suas palavras conservavam um
estilo passado, o delicado estilo arcaico do intelectual francês da década
de 1930. Ouvindo Braudel, podia-se às vezes escutar Febvre ao fundo, não
Febvre sozinho, mas o som daquela belle épooue, já uma memória histórica.,
mas viva, ainda, por um desígnio especial. Braudel entendeu que a substân-
cia da realização dos Annales não seria encontrada na adoção de técnicas
astutas, mas no credo pessoal que Febvre partilhava com Bloch: a pura pai-
xão pela erudição estruturada por um profundo envolvimento nas questões
entre mundo e amizades estreitas com outros" esprits risqueurs et originaux".
"Dividir a vida de alguém em duas partes: definir uma pelo trabalho, feito
sem amor, e reservar a outra às maiores necessidades: isso é abominável",
escreveu Febvre, explicando sua paixão por seu métier, que ele não separava
de suas mais profundas convicções. "Eu estou muito sozinho, estou traba-
lhando", escreveu em mais de uma ocasião. Trabalho incessante, solidão re-
forçada, a condição, em uma palavra, da vida do acadêmico. Mas quando ele
não estava em sua mesa, você encontraria o professor Febvre em ótima com-
panhia, viajando a França em um venerável Bugarti dirigido por Léon Werth
e de propriedade parcial de Saint-Exupéry. O tributo de Braudel nos lembra
da multidão ampla e excepcionalmente diversa e talentosa dos amigos de
Febvre, aqueles a quem permanecia "romanticamente leal',"
HUPPERT 139
manuais con ven cionais inclu ind o seçõ es sob re m entalités. A história soc:_
com pitadas de ant ropologia à maneira do s Amwl es se tornou um do s mai
estimados gêneros de escrita histórica. Não se trata de modi smo. Esse é
ponto : o experim ento do s Annales está conosco para o bem. Ele está era
sintonia com nosso século. Quaisquer que sejam as reservas que POSS2. L~
ser alimentadas em relação a este ou aquele aspecto dos Annaies, é verd ade
qu e um co njunto co mpleto do periód ico é um a ferramenta indispens áve
para demon strar a varie dade da prática históri ca do século xx e par a mo stre,
qu anto os historiadores e os cientistas sociais espelham as tensõe s e as m n
dan ças do no sso tempo.
Publicad o originalm ent e como "The Anno les Experiment ", in Michael Bentley (or 0
Compon ion to Historiograp hy . Londres: Rout ledge, 1997, pp. 873-88. Traduç ão oe
Bruno Gambarotto.
RA PHA EL 143
(a disciplina das grandes ihêses], as experiências profissionais (como profes-
sor de história na província) e finalmente sobre a.especialização profissional,
que conservou intacto o mundo do historiador profissional francês. Há que
se aguardar para saber se as certezas do hábito profissional foram também
abaladas com a mudança radical do sistema educacional nos anos 1970.
Tal versão revê, em primeiro lugar, a retórica da ruptura e da revolução
permanente, que se tornou a marca registrada da nouvelle histoire. Ainda em
1987, um historiador dos Annales transferiu, cheio de convicção, o título de
um livro sobre o México no século xx, México} cincuenta afios de revolución,
para a corrente dos Annales, sem ao menos, exercendo a autocrítica, conside-
rar que o "parti do revolucionário institucional" daquele país produzira um
rico material ilustrativo sobre as contradições de um partido revolucioná-
rio pós-revolução, entre a consolidação do poder e a retórica revolucionária
permanente.' Destarte, a comparação é} também, mais uma vez elucidativa:
na medida em que as inovações intelectuais dos Annales ganharam solidez
institucional, o movimento se transformou em cenário de conflitos espe-
cíficos do campo, entre inovação da pesquisa e cultivo datradição. Vimos
como a concorrência entre as instituições (Sexta Seção ver~us'Sorbonne)
retrocedeu diante de uma nova divisão das zona s de influência acadêmicas
e das áreas de poder, o que, no sistema francês de educação altamente cen-
tralizado, levou a uma convivência mais ou menos amistosa do grupo dos
Annales com as escolas menores e tradições mais antigas. A concorrência
pluralista de ideias sempre repousa também em convenções corroboradas
pelo poder. Em resumo, a norma da concorrência e da crítica radicais, im-
pulsionadora do processo da ciência moderna, não só encontrou, também
no campo dos historiadores bem-sucedidos dos Annales, partidários entu-
siasmados, mas da mesma forma levou a reações da garantia dos bens adqui-
ridos e do saber, na medida em que conseguia alcançar prestígio intelectual
e poder acadêmico. Vimos como a força propulsora das ideias dos Annales-
concretamente, a mobilização contínua da força de trabalho intelectual para
programas de pesquisa em comum - esmoreceu e, com isso, as inovações
que partiam desse empreendimento tornaram-se, igualmente, mais raras.
Ver Frédéric Mauro, "L'H isto ire face aux sciences soci ales: L'Évolu tion de la rech erche
historique". Critica Storica, n. 24, 1987, p. 166.
RAPHAEL 145
tempo) o repúdio à atividade política) assim como a alta avaliação da com-
petência científica) orientaram-se em ideais de liberalidade e objetividade
que foram transformados pelos fundadores da ciência universitária da ~
tória na França em ideias condutoras da nova profissão. A pluralidade polí-
tica dos historiadores contrastou contudo durante muito tempo com a es-
treiteza metodológica e temática da nova escola científica. Essa propensão
para a convencionalidade técnica esteve em ligação íntima com as tarefas
acadêmicas e nacional-políticas que os historiadores universitários assumi-
ram na Terceira República. Os annalistes reformadores levaram adiante o
processo da cientificização da história) na medida em que contrapuseram
fortemente a orientação autônoma da pesquisa à automodéstia acadê-
mica e à mera reprodução de um saber formalmente profissional. Graças
a Febvre, Bloch, Braudel e Labrousse o trabalho de pesquisa ganhou im-
portância maior no campo da historiografia francesa - nas suas decisões
político-científicas) eles implementaram de forma concreta essa norma tão
incontestável quanto abstrata, na medida em que sempre estimularam no-
vos projetos de pesquisa e fomentaram os pesquisadores independentes.
"Salvar o essencial) isto é, a liberdade de expressão e o interesse apaixonado
pela pesquisa" - a formulação de Braudel de seus objetivos científicos após
os acontecimentos de maio de 1968 expressa) ao meu ver) de forma concisa
os objetivos que os representantes dos Annales, em suá política científica,
transformaram mais em um hábito na ciência da história. Mais fortemente
talvez que as obras dos grandes indivíduos) mostram as marcas desse im-
pulso os empenhos coletivos dos anos 1950 e 1960) no âmbito da história
econ ómica, social e da mentalidade. As mudanças estruturais em virtude
da reforma do ensino superior) da crise das novas universidades de massa
e dos novos modelos do movimento cultural desde os anos 1970 tomaram,
/ '
RAPHAEL 147
da mesma forma que o sistema educacional, a origem social, as normas coi-
turais fundamentais permanecem estáveis, ou são expostos apenas a lenta
mudanças. A acumulação silenciosa dos resultados de pesquisa, dos "fatos
históricos" que hoje são criticados de bom grado devido a suas antigas S&-
peravaliações enganosas fundadas em velhas teorias do conhecimento, &-
tos esses contidos nos registros familiares e cotidianos sobre o progresso da
pesquisa histórica, fornece assim um segundo exemplo que sugere à história
especializada uma exegese que segue menos as autotematizações espetacula-
res nas controvérsias de historiadores e instituições acadêmicas, e tem mais
em conta a variedade curiosamente consistente que há mais de cem anos ca-
racteriza uma história cientificízante. Em um processo de desenvolvimento
tão longo e heterogêneo, a historiografia dos Annales tem um lugar tanto
mais estável quanto menos espetacular.
Também resultam deste estudo novas perspectivas sobre os aspectos
"teórico-históricos" da história da historiografia. A análise mostrou que na
corrente dos Annales as diversas ideias condutoras da prática da pesquisa
histórica e os pressupostos básicos da especificidade do seu objeto, o pas-
sado, se associaram. Parece-me interessante utilizar, para a descrição dessa
mistura de ideias, o modelo de pensamento que John G. A. Pocock desen-
volveu para as ideias políticas do início da Época Moderna. Pocock parte da
ideia de que os diversos textos dos discursos políticos pertencem a determi-
nados jogos de linguagem, que se baseiam em contextos tanto intelectuais
quanto institucionais; nesses contextos, a maioria das situações discursivas
no mundo das ideias políticas do início da Época Moderna, examinado por
ele, são, nesse sentido, multilinguísticas.' A produção dos Annales também
se mostra multilinguÍstica: a linguagem dos Annales do entreguerras era
sobretudo uma "contra"-linguagem, contrária ao consenso dominante; na
medida em que, no seu interior, podiam conviver lado a lado ideias-chave
tão heterogêneas quanto "orientação de problemas", "referência à atuali-
dade" e "vida", que, por sua vez, se referiam a outras diversas linguagens
4 J. G. A. Pocock, "The Concept of a Language and the mêtier d'historien: Some Comi-
derations on Pratice", in Anthony Pagden (org.), The Languages of Politicai Theory ill
Early-Modem Europe. Cambridge/Londres/Nova York: Cambridge University Press ,
1987, pp. 19-38.
;;., _ pesquisa hist órica que caíram sob suspeita da irrelevân cia e ficaram
: reserva qu ant o ao puramente subjetivo. Essa área da histór ia tornou-
e, sobretu do no período de Fernand Braudel, a "espuma do s dias " (Bo-
o;:; Vian), o imp ério das sombras das transito riedades banidas. Salta aos
lhos que ) com Fernand Braudel e Ernest Labrousse, a tensão de base já
w ritlcável em Bloch e Febvre tenha se man tido perseverante) qual seja) a
. ens ão entre uma perspectiva centrada no m étodo racionalista e um pen-
o arnento histórico orientado por configuraçõe s totalizantes, influenciadas
RJlPHAEL 149
Também ficou claro que a influência dessas duas linguagens fez surgir
uma nova tensão entre os historiadores dos Annales que formularam p~
cessos em categorias de desenvolvimento histórico, ou como etapas de
um contexto que aglutinava a história mundial e os que conceberam a
mudanças de época como rompimentos ou mutações de estruturas e ras-
cunharam modelos de equilíbrio cíclico, e postularam a contiguidade das
espaços-tempo não integráveis. A marcha triunfal do relativismo cultunl
desde os anos 1970 enriqueceu sobretudo o ultimamente denominado
idioma com aquelas figuras do pensamento - "marginal" e "estrangeiro" -,
provenientes da filosofia e da antropologia, o que conduziu ao idioma da
nouvelle histoire. Essas diversas linguagens especializadas coexistiram lado
a lado em relativa paz na historiografia dos Annales, porque a maioria de
seus historiadores, enquanto empiristas céticos, desconfiava da disputa
por conceitos e dava-se por satisfeita com o aparecimento em primeiro
plano das diversas linguagens teóricas, desde os anos 1960. O sincretismo
do idioma dos Annales mostrou-se, ao mesmo tempo, como força e fra-
queza: fez nascer uma língua franca que se manteve aberta para novas
abordagens de pesquisa e novos temas e foi profícua para a exploração e a
inovação. Ao mesmo tempo, o referido sincretismo propendeu a ignorar
fraquezas teóricas e imprecisão nas suas próprias fileiras.
Agora, esse trato com teorias e conceitos não é de maneira nenhuma tão
incomum, como às vezes sugere uma história da historiografia voltada para
problemas teóricos e metodológicos; ele poderia corresponder à prática da
maior parte dos colegas estrangeiros também, no século xx. Já o último ca-
pítulo mostrou que a postura defensiva exigida pela Escola dos Annales, con-
tra novos princípios para a integração da história política, representou uma
particularidade que estreitou as fronteiras para a exportação das suas ideias,
Entretanto, do ponto de vista das outras "linguagens", outras análises compa-
rativas me parecem particularmente fazer sentido, pois que os caminhos da
história da recepção já deram início à produção de alguns balanços. A impor-
tância relativamente reduzida das teorias explícitas na prática da pesquisa su-
gere uma análise comparativa mais forte naquela área de conceitos e ideias de
alcance médio, que também influenciam de forma duradoura as abordagens
de pesquisa. Ou seja, tal análise poderia atentar para aquelas "ideias históri-
cas" menos abstratas, para aqueles "princípios explicativos", os quais, como
formula Siegfried Kracauer, revelam, "como que de um só golpe, conexões
RAPHAEL 151
A crise da clássica história nacional política marca} sem dúvida} em p ,,-:
pectiva internacional} o ponto de partida em comum das novas abordage ,
historiográficas, na primeira metade do século xx. Os impulsos intelectua
dos Annales também provêm dessa situação emergente. Ela está ligada à c ~
ção da nova figura social do intelectual autónomo, por volta de 1900, n"-
perfil} na França} estava estreitamente vinculado a um novo consenso entre
os eruditos da universidade. Como muitos dos seus colegas} agora de rm
neira mais clara do que no passado, os historiadores universitários tamb éa
mantinham distância em relação às elites políticas e económicas, e a rnai
ria republicana se orientava por normas universalistas. Nesse contexto, é
meu ponto de vista} fica mais fácil examinar os problemas que se levantas
com a pergunta pelas referências sociais ou político-ideológicas da corre nte
dos Annales. Pois ela procurou sempre} de forma bem peculiar} equilibra. e
distanciamento científico com o engajamento político-moral. Vimos com
também a tendência manifestamente apolítica dos Annales construiu- se
sobre um silencioso consenso "republicano"} quer dizer} social-liberal e '''-~
cialista, que só excepcionalmente admitia em suas fileiras historiadores Of
cididamente conservadores. Essa orientação político-moral criou aquela rrx
tivação, sem o que mal ter-se-ia realizado tão intensivamente pesquisas em
história econômica e social quantitativa que vieram a se tornar a marca regi.,,.
trada da escola. Nesse ponto} a entrada das massas na política marca tamb ém
o início da história social dos Annales. Ernst Breisach indicou que} ma is °
tardar com as experiências da Primeira Guerra Mundial} a busca pelo "p 2~
sado coletivo das pessoas de todas as classes sociais"? tornou-se referênc ia
evidente da exposição historiográfica. Contudo} os historiadores dos Anna le:
separavam mais fortemente o engajamento político e o distanciamento cien
tífico do que a maioria do restante dos historiadores sociais} que} enquanto
marxistas} socialistas} reformistas sociais liberais ou nacionalistas étnic o,
7 "After World War I this emancipation no longe r was a hope or a specter but increasingi-
a reality. Scholars had to take note of it and the historians among them tried to find the
proper historiographical expression for the new reality. lhe task proved to be formidabl ~
as it meant to less than to discover the collective past ofthe people of all social strata and
link it with the democratic present and an ill-defined future." Ernst Breisach, Ilistoriog-c
phy, Ancient, Medieval and Modem. Chicago: University of Chicago Press, 1983, p. 324 .
RAPHAEL 153
resultado essencial dos mais de trinta anos de pesquisa social e cultural de. '
Annales é que transformaram o worldwe have lost de Laslett em um compo-
nente básico de uma "herança cultural" nacional, a qual, no outro lado da
história das elites culturais e políticas, também encontra agora, no encalçe
de uma variada France profonde, elementos incluídos no processo de instíns-
ção da identidade nacional. De modo geral) satisfizeram com isso alguma
nece ssidades de orientação relacionadas à nacionalidade, as quais foram ar-
ticuladas pelas elites culturais e políticas do país. Nessa consideração, a fase
da escritura da história social de traços nacionais integra o modelo funda-
mental do serviço histórico para a nação, que moldou o processo de p~
fissionalização da história científica no século XIX. As orientações polítíco-
-ideológicas, assim como os conhecimentos especializados da maioria dos
historiadores dos Annales, mantiveram-se assim relacionados à moldura da
história nacional. As continuidades dessa conexão em uma corrente hísto-
riográfica que, como os Annales, supostamente rejeitou) em sua programá-
tica, tal limitação nos fazem lembrar que essa herança do século XIX ainda
está muito viva na história da historiografia do século xx.
Assim, parece-me ser muito cedo para julgar a medida e a profundidade
da ampliação da perspectiva antropológica que se desenvolveu largamente
com a nouvelle hisioire dos anos 1970, cujas pistas no entanto podem ser OD-
servadas precocemente nos Annales. Em uma perspectiva de longo prazo,
parece-me que a contribuição da tendência dos Annales é notável, sobre-
tudo na direção de uma sequente desconstrução do ponto de vista antro-
pomórfico e centrado na atualidade. Como Norbert Elias, eles também se
interessaram pelo "trabalho sobre uma imagem do ser humano [ ... ] que se
oriente menos pelos próprios sentimentos e pelas valorações a eles ligadas
e mais pelos próprios seres humanos enquanto objeto do seu próprio pen-
samento e observaç ão'" Assim, as perspectivas antropológicas dos Annales
levaram adiante também o processo fundamental da historicização, em cujo
fim estava a renúncia a um humanismo eurocêntrico. Em uma escrit a histó-
rica relacionada à humanidade e sem páthos como a nouvelle histoire, pers-
Pub licado originalm ent e como "Ausblick: Die Anna les in der Histo riog raph ieges-
chichte des 20. Jah rhundert s", in O/e erbe n von Bloch und Febvre. Annales G es c~
chte ssc hreib ung un d nou velle hist oire in Fra nkre ich, 1945-1 980 . Stu t tg art: Kle(i-
-Cot t a , 1994, pp. 505-1 7. Tradução de Alexandre Dal Farra e Adriana Ardito.
158 OS ANNA LES. o " NÃO CONFORM ISMO" E O MITO DA ETERNA J UVENTU DE
de dez anos) pelos historiadores) que podem ser considerados, enquanto
membros do atual comitê de redação da revista, os sucessores em "linh a di-
reta" de seus fundadores. Os artigos publicados pelos Annales na ocasião de
seu quinquagésimo aniversário' ilustravam) parece-me, uma nova maneira)
para um movimento intelectual) de encarar seu próprio passado. Rompendo
deliberadamente com as forma s diretas ou indiretas de celebração) tais estu-
dos propunham instrumentos de análise crítica destinados a alimentar uma
reflexão científica sobre a história de sua própria tradição de pensamento.
Aideia central esboçada nesses textos era que) para além de seus méritos pro-
priamente intelectuais) o sucesso da revista não podia se explicar sem uma
referência às estratégias de poder' e às formas de justificação desenvolvidas
pelos responsáveis por sua promo ção.' Tal abordagem supunha que se pri-
vilegiasse o estudo das práticas dos historiadores engajados na aventura dos
1\rmales, pondo em operação um programa de pesquisas sociológicas, mais
do que prosseguir na interpretação de seu discurso.' Quando se examinam
mais de perto os artigos publicados dez anos depois) por ocasião do sexagé-
André Burguíere, "Hi stoire d 'une histoire: La naissance de s Annales". Annales ESC, no v.-
-dez . 1979, pp. 134 4-59, e Jacques Revel, "H istoire et sciences sociales: Le s paradigmes
des Annales".A nnales ESC, no v.-d ez. 1979, pp. 1360-75.
"N a realidade, todo projeto científico é inseparável dc um projeto de poder", A Burguie-
re, op. cit., p. 1353. Sente-se, nesses estudos, a influênci a das tese s de Michel Foucault e,
mais ainda, da s reflexões sob re a história de senvolvidas alguns anos antes por Michel
de Certeau, L'Écriture de l'histoire. Paris: Gallimard, 1975 [ed. bras.: A escrita da história,
tr ad . Maria de Lourdes Menezes. Rio deJaneiro: Forense Universitária, 2011].
"Como toda corrente de pensamento que deve justificar suas escolhas c inflexões reme-
tendo-as a uma doutrina fundadora, a 'escola' do s Annales tem hoje em dia sua própria
tradição escrituraI", A. Burgui êre, op . cit., p. 1347. O autor acrescenta: "O ra, é claro que a
originalidade do movimento inici ado por Marc Bloch e Lucien Febvre está mais na ma-
neira pela qual afirmaram seu programa do que no pr óprio programa". Annales ES C, nov.-
-dez, 1979, p. 13so.Jacques Revel, evo cando os propósito s de Fernand Braudel por ocasião
do quadragésimo aniver sário da revista, sublinh a as contradições de uma argumentação
quc visa constantemente lembrar os m éritos dos pa is fundadores ao mesmo tempo que
celebra, a cada aniversário, o advento de "n ovos novos Annales", op. cit., p. 1361.
.;. Jacques Revel precisa que o objetivo de seu estudo é "refletir sobre as condições práticas
do trabalho do h istoriador", e sublinha que apenas uma investigação sistemática permi-
tirá (o emprego do futuro assinala aqui a dimensão programática do artigo) levar a cabo
a indispensável análi se sociológica do movimento, ibid ., p. 1362.
NDIRIEL 159
simo aniversário da revista/ é forçoso constatar que este programa de modo
algum continua na ordem do dia. A sociologia histórica dos Annales deixou
lugar a uma "epistemologia" que privilegia a reflexão sobre os "regimes de
historicidade" e as análises críticas sobre a relação da revista com seu pas-
sado foram substituídas por engajamentos que visam o futuro. O editorial
"tentemos a experiência" anunci a o advento de "novos novos novos Annales·,
reatando assim com a tradição dos discursos de aniversário, que os leitores
tinham sido incitados a questionar dez anos antes. Ainda que os historia-
dores associados à revista tenham amplamente contribuído para o floresci-
mento de tantas pesquisas feitas no decorrer dos últimos quinze anos sobre
as história dos Annales / ao que parece eles encontraram um obstáculo que já
fora claramente identificado nos artigos do quinquagésimo aniversário. Os
"pais fundadores " do movimento pediram a seus sucessores que conciliassem
as duas dimensões contraditórias da herança. De um lado, era preciso preser-
var "o espírito dos Annales", defendendo a ideia de que a ciência só progride
por iniciativa de pensadores "marginais" e "anticonform istas", que cultivam
a polêmica por "quebrar a crosta da prudência universitária que [sufoca] o
debate de ideias e [torna] praticamente impossível, porque inconveniente,
a discussão sobre a produção cientííica'" Mas, por outro lado, os herdeiros
também deveriam assumir o sucesso da revista : Afinal, os fundadores e os
primeiros continuadores do movimento tinham lutado a vida inteira para
que sua concepção da história deixasse de ser marginal, para que ela con-
quistasse posições institucionais e reconhecimento público. Não tinham
sido estes os objetivos visados? Objetivos que os Annales, ao envelhecer, ti-
nham alcançado bem além do que se teria esperado. Porém, como justificar
a posição central ocupada doravante pela revista e, ao mesmo tempo, fazer
a apologia da "marginalidade criativa"? Como gerenciar os consensos e os
compromissos inerentes a todas as posições de poder afirmando, ao mesmo
tempo, que não há discussão científica possível sem polêmicas e questio-
160 OS ANNAL ES, O " NÃO CON FORM IS MO' E O M ITO DA ETER A J UVENTUDE
namentos? Como explicar a continuidade pela ruptura, a maturidade pela
Juventude) a centralidade pela marginalidade, a tradição pela inovação? Em
suma, melhor dizendo: como conceber a autocrítica e a autoanálise quando
se ocupa uma posição hegemónica? Essa questão) evidentemente) não diz
respeito somente aos Annales. É preciso tomá-la como uma interrogação vá-
lida para todas as disciplinas. Ela se coloca antes de mais nada para os Anna-
ies porque os fundadores e os herdeiros do movimento foram os primeiros
a nos encorajar a tratar deste problema: coisa que nenhuma outra corrente
importante da pesquisa em ciências sociais jamais ousou fazer até hoje. Essa
minha contribuição analisa mais particularmente o papel que Lucien Febvre
desempenhou na elaboração da "tradição escrituraI" própria ao movimento
historiográfico para a fundação do qual ele contribuiu.
AS REGRAS DO JOGO
Uma das principais razões que explicam que os Annales tenham ainda hoje
dificuldade para assumir completamente sua herança vem do fato de que os
fundadores do movimento) e em especial Lucien Febvre, apresentaram sua
empreitada) retrospectivamente) sob a forma de uma narrativa "heroica", des-
tinada a persuadir leitores) sucessores e admiradores de que a contribuição
que haviam dado para o desenvolvimento do conhecimento histórico só fora
obtida mediante um preço: a rejeição das "regras do jogo" acadêmico elabo-
radas por seus antecessores. No preâmbulo redigido em 1952 para apresentar
a coletânea de artigos publicada com o significativo título de Combatspour
l'histoire, Lucien Febvre pinta um retrato de si mesmo que ilustra de modo
impressionante sua maneira de conceber o progresso científico. Segundo ele)
o verdadeiro sábio emprega toda sua energia não a serviço de seus próprios
interesses) mas sim em defesa de sua causa (a história). "Nunca lutei a meu
próprio favor, nem contra este ou aquele indivíduo) do ponto de vista pessoal.
Combates pela história? Sim) pois foi exatamente por ela que) durante a vida
inteira, travei tantas lutas:' O verdadeiro sábio deve combater sem repouso
a fim de impor suas ideias num mundo hostil e incapaz de compreendê-lo.
Quando ainda não passava de um estudante (entre 1895 e 1902), diante das
"trémulas prudências" de uma história dominada pelo "culto laborioso) mas
intelectualmente preguiçoso", do "fato", continua Lucien Febvre: "reagi ins-
NülRIEL 161
tintivamente e quase sem apoio algum no campo dos historiadores [ ... ].
Sozinho na arena, fiz o melhor que pude". Infelizmente, "a sorte do pioneiro
é decepcionante: ou sua geração lhe dá quase imediatamente razão e absorve
num grande esforço coletivo seu esforço isolado como pesquisador, ou en-
tão ela resiste e deixa para a geração seguinte o cuidado em fazer brotar a
semente que fora lançada aos sulcos prematuramente'" Não se trata aqui de
negar os méritos de Lucien Febvre, nem de subestimar as oposições que suas
novas ideias sobre a história encontraram no meio profissional dos historia-
dores. Mas, para compreender como é que essas ideias puder-am conquistar
um lugar, é preciso aban donar a perspectiva "idealista" sobre o conhecimento
ilustrado por esses propósitos, para recolocar sua obra no contexto das práti-
cas que regiam a disciplina no início do século xx. Isso é ainda mais necessá-
rio pelo fato de Lucien Febvre pertencer à primeira geração de historiadores
completamente "profissionalizados", isto é, que aprenderam as regras do ofí-
cio em seu primeiro estágio de formaç ão."
A partir do final do século XIX, todo indivíduo desejoso de exercer a pro-
fissão de historiador tem que se submeter a um processo de nomeação que
compreende, no caso francês, três procedimentos de avaliação: o chamado
exame de Agrégation, o doutorado e a contratação num cargo de professor
universitário. Esses três momentos importantes nas relações de poder que
definem a disciplina têm, todos eles, o objetivo de avaliar, de acordo com
modalidades variáveis, competências que dizem respeito ao mesmo tempo à
pesquisa (saber científico) e ao ensino (m em ória).
A reforma da Agrégation, impulsionada por Ernest Lavisse, desempenhou
um papel essencial na consolidação das particularidades do sistema univer-
sitário francês. Ao decidir que a partir de então todo candidato à Agrégation
deveria ser titular de um diploma de pesquisa, Lavisse reforça os elos entre os
ensinos secundário e superior, estabelecidos desde o primeiro Império, e faz
8 L. Febvre, Combatspour l'hisio ire [1952] . Paris: Armand Colin, 1992, pp. V-VIII (todas as
minhas citações são desta edição). Evocando Proudhon, ele acrescenta : "N ós, franc o-
-condeses, não som os de modo algum conformistas", precisando ainda que outra carac-
terística das pessoas desta região é que "aprenderam muito cedo duas coisas: saber fazer
e saber parar". [N. T.: Febvre nasceu na Lorena, mas dizia-se, por adoção, franco-condês].
9 Os historiadores "metodistas" "inventaram " essas regras do jogo ; porém, por definição,
não as aprenderam eles mesmos.
10 Sob re o que está em jogo nos program as e nos manua is de ciências exatas, cf. N orb ert
Elias, "Scient ific Establishm ents", in N . Elias, H erm inio Martins e Rich ard Wh itle y
(or gs.), Scierz tific Estabüshmentsand Hiera rcliies. Dordrecht: Re ídel, 1982, pp . 3-69.
NDIRIEc 163
concurso também tem um papel essencial na "reunião" da comunidade profis-
sional dos historiadores devido às atividades geradas por sua preparação. Para
todas as universidades da França, trata-se de um objetivo importantíssimo.
O dinamismo, quando não mesmo o valor, dos professores-pesquisadores"
de um departamento de história é medido} com muita frequência} pelos ín-
dices de alunos aprovados na Agrégation. Dada a importância do que está em
jogo e da seletividade do concurso, trata-se de um momento privilegiado
de leitura, não somente para os estudantes, como também para os professo-
res encarregados dos cursos preparatórios. A Agrégation permite assim uma
recepção dos "produtos" da ciência histórica} muito mais "profissional" 00
que a recepção mais distanciada que domina em meio ao "grande público':
Essa atividade de consumo da pesquisa científica é o meio essencial graças
ao qual a comunidade dos historiadores franceses chegou a conservar uma
relativa unidade} sem sentir a necessidade de se estruturar em associação
profissional como em diversos outros países. Mas ao mesmo tempo o peso
desse encargo pedagógico sempre foi grande o bastante para colocar entra-
ves no desenvolvimento da própria pesquisa científica. Por um lado} desde
o final do século XIX} a preparação da Agrégation mobiliza uma parte consi-
derável da energia dos universitários} em detrimento de seus próprios traba-
lhos. Por outro} o mercado -lucrativo - das obras pedagógicas desvia muito
amiúde os historiadores da pesquisa científica, " em proveito de produtos
de vulgarização que contribuam para perenizar essa "história de professores"
encarnada por Charles Seignobos.
A Agrégation tem sobretudo como objetivo avaliar "a atividade da me-
mória" do futuro historiador} ao passo que a segunda prova em que ele deve
imperativamente obter êxito} a tese, serve para mensurar suas competências
164 OS AN NAL fS . O "N ÃO CON FORM ISMO " E o M iT O DA ET ERNA JUV ENTUDE
científicas. Isso explica que a avaliação seja confiada a uma banca especia-
lizada no campo de estudos escolhido pelo candidato. Ainda assim, como
vimos nos capítulos precedentes, essa prova visa também, pelo menos era
o caso no início do século xx, verificar suas aptidões "pedagógicas" e, para
além delas, seu respeito às normas que dominam a profissão.
Com a terceira etapa, o futuro historiador entra na fase de contratação
propriamente dita . É sem dúvida nesse nível que os jogos de poder mais
aparecem. Por um lado a criação de um cargo universitário sempre supõe a
intervenção da administração central (a atribuição das vagas é subordinada
à publicação delas no Bulletín oificiel pelo Ministério da Educação nacional) .
Por outro, o processo de contratação dá lugar, com muita frequência, a con-
flitos entre professores desejosos de encontrar colocação para seus protegi-
dos, de estender sua esfera de influência etc." A nomeação para um cargo
universitário constitui apenas o primeiro estágio dessa terceira etapa. A hie-
rarquia das funções estabelecida pela Terceira República aumentou muito o
número de escalões pelos quais o historiador deve passar até que chegue ao
topo da carreira, isto é, a cátedra na Sorbonne, posto máximo na época de
Lucien Febvre e Marc Bloch.
É preciso mencionar uma quarta etapa na formação dos historiadores
franceses, existente desde o final do século XIX, mesmo sendo verdade que
ela só diz respeito a um pequeno número de casos. Depois de ter mobilizado
toda sua energia para melhorar sua posição na profissão, o historiador deve
então se esforçar por sair dela, para visar uma consagração mais ampla, que
é a proporcionada pela entrada nas mais prestigiosas instituições da nação,
notadamente a Academia Francesa. Nesse plano, como observava Gabriel
Monod, não é tanto o pesquisador mas sim o escritor que a República quer
honrar na figura do historiador. Mais que sua competência cientifica, é a
contribuição dada à cultura e à memória nacionais que os árbitros que com-
põem essas nobres assembleias (políticos, homens de letras, jornalistas) são
encarregados de avaliar.
Definindo as grandes linhas das "regras do jogo" que todo historiador
deve respeitar caso queira realmente desempenhar seu papel até o topo, a
13 Não é útil entrar aqui nos detalh es desses conflitos que opõe m, frequ entemente, as instân-
cias locais de contratação (no nível do próp rio estabel ecimento) e as instâncias nacion ais.
NOIR1EL 165
Terceira República fixou as características nacionais da profissão} tal como
ela é praticada na França há um século. A imbricação} muito mais impor-
tante do que em outras paragens} entre as atividades do saber e as da me-
mória} a forte centralização e a estatização das relações de poder explicam
que} a despeito da diversificação e do desenvolvimento da disciplina, a co-
munidade't dos historiadores franceses conservou uma unidade e uma ho-
mogeneidade que não se encontra em outros domínios do conhecimento
universitário, nem entre os historiadores dos países vizinhos.
14 Evocando as publicações coletivas que vem dirigindo desde os anos 1970, Pierre Nora
escreveu: "Existe uma comunidade historiadora, uma koiné, que une a corporação para
além de suas diferenças. Em nenhuma outra disciplina teria sido possível agrupar his-
toriadores de orientação diversa, pois sequer um consenso mínimo existia", in Essais
d'ego-histoire. Paris: Gallimard, 1987, p. 363 [ed. bras.: Ensaios de ego-história, trad. A. C.
Cunha. Rio de Janeiro: Edições 70, 1987]. Ainda que um pouco mais crítico sobre tal
consenso, Jean-Claude Passeron confirma esta análise: entre os historiadores, obser-
va ele, "o controle cruzado no e pelo grupo de pares dispõe de índices suficientes de
profissionalidade admitidos por todos para que um consenso superficial possa se es-
tabelecer e atenuar diplomaticamente os conflitos de avaliação e de "reconhecimento
entre escolas", J.-c. Passeron, Le Raisonnement sociologique. L'Espace non-popperien du
raisonnement nature!. Paris: Nathan, 1991, p. 67.
15 E conservaram sempre estreitos vínculos com as sociedades científicas que reúnem
muitos professores do ensino médio. As primeiras pesquisas coletivas dos Annales se
apoiaram significativamente nesses professores.
16 Lucien Febvre obteve a cátedra de história modema em 1919, e Marc Bloch a de história
medieval em 1927. Dado que o primeiro nasceu em 1878 e o segundo em 1886, eles ocu -
param as mesma s funções com as mesmas idades. Tendo entrado aos 33 ano s no ensino
superior, tiveram acesso ao topo da pir âmide universitária provincial aos 41 anos.
17 L. Febvr e, op. cit., p. VIII.
18 Vimos , no capítulo anterior, que a tese de Lucien Febvre era uma perfeita aplicação do
"método histórico", A conferência dada por Marc Bloch em 1914 sobre "a crítica histórica
e a crítica do testemunho" ("Critique historique et critique du témoígnage", publicada
nos Annales ESC, 1950, pp. 1-18) mostra que ele ainda compartilhava, na época, do essen-
cial da conc epção histórica desenvolvida por Langlois e Seignobos.
21 M. Bloch, L. Febvre et les Annales d'Histoire Écono mique et Sociale, Correspondance, tome
premia . 1928.1933, ed. estabelecida, apresent ada e anotada por Bertrand M üller, Paris:
Fayard, 1994. CE.também C. Charle e C. Delangle, "La Campagne électo rale de Lucien
Febvre au Co llege de France, 1929-1932: lettre s à Edm ond Faral". Histoire de l'Éducation,
n. 34, maio 1987, pp. 49 -6 9.
NO!RIEL 169
na maioria das vezes. A inovação científica incomoda os poderes em vigor
exatamente pelo fato de questionar aquilo que a geração que a antecede - ou
seja, a dos que julgam - tentou pacientemente construir. Nessas condições,
é evidente, sobretudo em períodos de cargos raros , que os candidatos me-
nos "subversivos', os que se situam no "centro", têm mais chances, como se
dá na política, de obter mais votos. Claro, as circunstâncias e as qualidades
pessoais dos juízes podem contribuir para fazer com que essa regra admita
exceções. Mas elas supõem que o candidato saiba se adaptar ao jogo que
lhe é imposto: o que o obriga a ferir muitas vezes a imagem da "ciência pura"
que, no entanto, faz questão de defender em seus discursos. O ideal de so-
lidariedade profissional não resiste, em geral, à ferocidade da competição
que opõe, muito frequentemente, candidatos "amigos há trinta anos" (ou
até mesmo há quarenta), que frequentaram as mesmas instituições e que
possuem os mesmos títulos. Como constata Lucien Febvre: "todas as elei-
ções no College, ou quase, [questionam] relações de camaradagem", O que
explica que, em tais ocasiões, a amizade "se destrua por si mesma"." Quanto
ao ideal de franqueza (de "sin ceridade"), ele não resiste à necessidade de
se conformar ao ritual da "visita': Para aumentar suas chances, o candidato
precisa encontrar cada membro do corpo eleitoral. As cartas em que Lucien
Febvre evoca esse ritual mostram muito bem que não é o conteúdo cientí-
fico do programa que prevalece em tais ocasiões, mas sim outras considera-
ções. O postulante tem que se dar a conhecer "fisicam ente" e, por um com-
portamento e conversação amáveis, dar garantias sobre sua personalidade,
pois a comunidade científica deseja estar certa de que aquele que talvez seja
para ela no futuro um colega não será um elemento perturbador para a vida
coletiva da instituição, alguém capaz de um comportamento ou de propó-
sitos inconsiderados (ou incontroláveis). Os antigos alunos brilhantes, que
muito depressa se resignam à ideia de que o êxito estará à altura dos méritos,
só podem viver num grande mal -estar essa lógica de nomeação na qual os
elementos "objetivos" de apreciação de seu valor intelectual são margina-
lizados. As confidências de Lucien Febvre a Marc Bloch são quanto a isso
22 Correspondance, op. cit., p. 384 . Lucien Febvre relata aqui o que disse a Femand Grenier,
concorrente de Marc Bloch. É sabido que até a amizade entre Feb vre e Bloch ficará
abalada por essa concorrência.
170 OS ANNAl ES, O " NÃ O CON FORMISMO " E O MITO OA ETERNA JU VEN TUO E
muito reveladoras. Evocando os membros da nobre assembleia à qual soli-
cita sufrágios em seu favor, ele escreve: "Falta ainda ver a metade deles. Seis
por dia, isso é o máximo, e eles são 4S! [ ... ] Que trabalheira, e que aflição!':
Sem dúvida é para conseguir suportar essa situação insuportável que ele não
pode impedir, ao sair de tais visitas, de julgar ele mesmo seus juízes, deles
produzindo retratos da maior impiedade que ilustram a consideração que
tem pela instituição à qual, no entanto, tenta desesperadamente se integrar,"
O ideal do cientista corajoso e "anticonformista" tampouco resiste à
obrigação de estabelecer compromissos com os juízes a fim de recolher o
maior número possível de votos. Uma das razões que explicam o sucesso
de Lucien Febvre (em sua terceira tentativa) e o fracasso de Marc Bloch no
College de France'" é a diferença da estratégia que cada um adota para de-
fender sua própria candidatura. O título do projeto científico apresentado
pelo postulante diante da assembleia dos pares é de uma importância de-
cisiva pois, como todo programa eleitoral, constitui um poderoso instru-
mento para reunir votos. Ao intitular seu projeto de "História da civiliza-
ção moderna', e não "História geral e método histórico" (que correspondia
ao verdadeiro conteúdo daquilo que ele pretendia ensinar, como dirá ele
mesmo por ocasião de sua aula inaugural), Lucien Febvre aceita um com-
promisso que lhe permite apresentar-se como o continuador de Michelet,
isto é, como o defensor da tradição da história moderna francesa: referên-
cia à "civilização" sendo o que lhe permite angariar os votos dos eleitores
pertencentes às disciplinas literárias e às "humanidades': Marc Bloch, ao
contrário, recusa esse tipo de comprometimento. Ele defende um projeto de
"história comparada das sociedades europeias" que faz explodir ao mesmo
tempo os limites cronológicos e os nacionais, e persiste em sua escolha, ape-
sar de os amigos lhe áconselharem a substituição do adjetivo "europeia" por
"medieval". "Não sou do tipo que aprecia as mudanças nos cerimoniais, nem
23 Id., ibid., p. 307. Seria preciso estudar também em maiores detalhes o papel dos "rumo-
res" sobre a "cotação dos candidatos" nessas relações de poder. Lembrando um mem-
bro da assembleia "que não compreende de modo algum como alguém que era medío-
cre em junho pôde se tornar um gênio em outubro", Febvre escreve a Bloch: "Como vê,
ele realmente ainda não adquiriu o espírito do College de France" (p. 320).
24 Lucien Febvre foi eleito em 1932. Marc Bloch fracassou por duas vezes. Ele consegue
entrar na Sorbonne em 1936.
NülRIEL 171
quando esses cerimoniais se apresentam como hábeis, ou acreditam sê-lo.?'
Se essa obstinação é assim suicida, é porque a própria identidade de boa
parte dos juízes é produto de uma institucionalização anterior desses recor-
tes para cuja imposição eles muitas vezes contribuíram, o que explica que
se definam como "medievalistas", "modernistas" etc. Desfazer tais recortes é
não somente ir contra aqueles que se identificam com eles (e que só podem
assim questionar a "pretensão" do candidato), mas também afastar qualquer
chance de mobilizar as redes (e portanto as "toneladas de votos") estrutu-
radas por tais quadros institucionais." O que vem ilustrar assim o exemplo
dos fundadores dos Annales é que o lado absurdo e doloroso das lutas pelos
cargos não impede os historiadores, nem mesmo os mais "conformistas", de
perseverar, no decorrer de toda sua carreira, em suas atividades ligadas ao
poder. Depois do College de France, Lucien Febvre será candidato à Aca-
demia de Ciências Morais e Políticas. Quanto a Marc Bloch, mal tendo sido
eleito na Sorbonne, ele se lança num novo combate para dirigir a École Nor-
male, enfrentando diretamente seu amigo Maurice Halbwachs, apoiado por
Lucien Febvre."
25 Sobre isso, cf O. Dumoulin, "Changer l'histoire", in H.Atsma eA. Burguiêre (orgs.), op.
cit., p. 96. Esse rigor não impede Marc Bloch de admitir, ele também, a neces sidade de
alguns comprometimentos. Evocando as páginas um tanto critica s que redigiu, para os
Annales, sobre os trabalhos de François Simiand (que era então membro do College de
France), escreve: "Se eu for candidato, essas páginas estarão de qualquer modo destina-
das à gaveta durante algum tempo", Correspondance, op. cit., p. 359.
26 A importância dessas entidades coletivas salta aos olhos quando se lê a correspondên -
cia entre os fundadores dos Annales. Por exem plo, Lucien Febvre adverte Marc Bloch
sob re o perigo de uma ofensiva dos "literários" (p. 357). Ele escre ve: "Alb ertini vai votar
a favor da 'An tiguidade', e não contra sua candidatura" (p, 459 ) . Febvre con seguiu ser
eleito, e isso ocorreu não somente porque ele conseguiu mobilizar esses quadros disci-
plinares, mas também porque se apoiou nas redes constituídas a partir de outros tipos
de filiações: religiosas, políticas etc. Para conquistar os votos dos cientistas, não poupou
esforços em direção dos círculo s que denominou, ele mesmo, numa carta, de gôche e de
"dir eitos humanos" (p. 320). [N. T.: para se referir à esquerda, Febvre utiliza com certo
humor ou ironia uma corruptela da palavra francesa "gauche".]
27 Cf. sobre isso C. Fink, MarcBloch, op. cit., p. 201. [N . O.: Carole Fink (Mark Bloch, a Life
in Histo ry. Cambridge: Cambridge University Press, 1989, p. 201) esclarece: L. Febvre
apoiava M. Halbwachs.]
NüiRIEL 173
lugares e tempos diferentes." Mas esse trabalho assume aqui uma importância
realmente excepcional. Lucien Febvre explica, numa advertência ao leitor, que
procedeu a "algu m as modificações de forma" (enxugamentos, retificações de
títulos, acré scimos bibliográficos), "para melhor sublinhar o espírito" de seus
artigos. Confrontando sistematicamente os artigos originais e os reproduzidos"
seria possível avaliar mais precisamente a extensão dessas transformações. Uma
visão de conjunto basta, contudo, para compreender o objetivo disso. A maioria
dos estudos agrupados na segunda parte do livro, intitulada significativamente
"C ontra ou a favor ", apresenta-se como "manifestos": "Pela síntese contra a his-
tória-quadro" ("Pour la Synthese contre l'histoire-tableau', p. 70), "Contra o vão
torneio das ideias" ("Contre le vain tournoi des id ées", p. 75); tais títulos de s-
toam dos originais, que eram bem menos ofensivos. Por exemplo, o artigo inti-
tulado inicialmente "Entre a história-tese e a história-manual. Dois esboços re-
centes da história da França: sr. Benda e sr. Seignobos" ("Entre l'histoire à th êse
et l'histoire-manuel. Deux esquisses récentes d'histoire de France: M. Benda e
M. Seígnobos"), publicado na Revue de Synthese, vai se tornar: "N em história-
-tese, nem história de manual. Entre Benda e Seígnobos" ("Ni histoire à these,
ni histoire-manuel. Entre Benda et Seignobos', p. 80). Suprimindo as marcas de
deferência ("senhor"), e substituindo a palavra "entre" por "nem/ nem', Feb vre
lapida a imagem da qual os herdeiros se encarregarão de cuidar. A outra técnica
de reescritura visa a apagar as pistas cronológicas das publicações. A ordem de
apresentação dos artigos e a classificação "tem ática" mantidas traçam uma tra-
jetória intelectual que começa com uma "profissão de fé nos primórdios" (pri-
meira parte) e termina com "as esperanças na chegada" (sexta parte). Mas trata-
-se de uma trajetória que se situa unicamente no nível do pensamento e não no
da carreira real de Febvre. Todos os textos que ele reúne em sua "profissão de fé
nos primórdios" são posteriores à sua entrada para o College de France, em 1932.
NOIRI EL 175
tais ataques, fazer um acerto de contas pessoal (principalmente devido a seu
fracasso em 1926 quando e candidatou à cátedra de Seignobos na Sorbonne},
ele teria evitado essas críticas caricaturais às quais Marc Bloch não aderiu,
como sublinha Antoine Prost." Ainda mai s que a severidade dos julgamentos
destoa dos compromissos que ele assume, na mesma época, com ou tros au-
tores , na tentativa de tirar os Amwles do isolamento a que os confinava o fato
de estarem sed iados em Estrasburgo. Tendo conseguido, depois de muitos
e forço s, atrair André Siegfried para o comitê de redação da revista , Lucien
Febv re só podia fazer elogios às obras publicadas por aquele que qualificou de
"observador cheio de talento do s Estados Unidos dos dias de hoje" (p. 239). A
análises de Siegfried sobre a "psicologia e a fisiologia nacionais" - que os his-
toriadores consideram atualmente como "elucubrações" que não deixam de
ser "um tanto matizadas de racismo?" - são louvadas por Febvre devido a "seu
tom extremamente justo, [sua] constante moderação no julgamento" (p. 241).
34 A Prost, "Seignobos revísít é", Vingtieme Siêcle. Revue d'histoire, v. 43, n. 43,1994, pp . 100-
-18. Em A apologia, Marc Bloch recorda-se de sua dívida para com o mestre, e faz sua a
ideia de uma história "sincera" defendida por Seignobos, ideia que Febvre tenta ridicula-
rizar em sua resenha. Para uma "reabilitação" de Seignobos, cf também o prefácio de M.
Rébérioux a Charles Victor Langlois e C. Seignobos, Introduetion to the Study ofHistory,
trad. George Godfrey Berry. Nova York: Holt, 1904.
3S J. Le Goff, prefácio a M. Bloch, L'Apologie pour l'histoire ou Métier d'historien. Paris: Ar-
mand Colin, 1993, p. 31 [ed, bras .: Apologiada história ou O ojfeio do historiador, trad.
Andr éTelles. Rio de Janeiro: Zahar, 2002].
176 OS ANNA LES . O "NÃO CONFORM ISM O" E O MITO DA ETERNA JU VEN TUD E
pectiva, para um pequeno número de textos (ou mesmo de citações) consi-
derados como "inovadores" ou "tradicionais", mas para o conjunto dos escri-
tos profissionais produzidos pelo autor. A análise se concentra então num
corpus que reúne ao mesmo tempo o que poderia ser chamado de "escritos
relativos à esfera do poder" (em geral inéditos eresultantes do desempenho
de funções de direç ão, gestão e avaliações na qualidade de especialista assu-
midas por esse historiador no decorrer de sua vida profissional), os "escritos
relativos à esfera do saber" ("escritos científicos"), que correspondem aos
trabalhos de "primeira mão" (tese, relatórios de pesquisa, artigos para revis -
tas acadêmicas, resenhas, obras de fundo), e os "escritos de memória', forma-
dos por todos os textos de vulgarização, eles mesmos divididos em escritos
pedagógicos (manuais escolares) e escritos destinados ao "gran d e público"
(obras de síntese, artigos de jornais, entrevistas etc.). Esse método permite
pôr em evidência a diversidade dos "perfis" possíveis numa carreira, pois
toda escritura é também vestígio de um conjunto de atividades. Ele permite
o estabelecimento de uma tipologia das trajetórias profissionais apoiada em
argumentos tangíveis, em campos em que muito amiú de reina a polêmica e
a vontade de prejudicar. Nessa perspectiva, é exatamente a combinação dos
escritos produzidos nas esferas do "saber", da "m em ória" e do "poder" que
faz a originalidade do "p erfil" de cada historiador. De maneira geral, os textos
da esfera do "sab er" são publicados sobretudo na primeira parte da carreira, e
os relativos à da "memória" e à do "poder" na segunda parte; mas, de acordo
com as individualidades, a combinação de tais atividades varia sígníficatí-
varnente: em função da concepção que cada um tem da ciência, da contri-
buição que acredita poder fornecer, como também das oportunidades que
são oferecidas a cada qual. Encarando assim as coisas, Lucien Febvre teria
podido criticar Seignobos apoiando-se em argumentos irrefutáveis. Febvre
foi um verdadeiro "cientista", o que é devido ao fato de o essencial de seus
textos estar inscrito na esfera das atividades do "saber": uma enorme tese, di-
versas obras de fundo e, sobretudo, uma inacreditável quantidade de artigos
e resenhas em revistas profissionais (e antes de tudo nos Annales). Ao contrá-
rio, Charles Seignobos contentou-se principalmente em publicar escritos de
"memória" (manuais escolares e obras destinadas ao grande público), quase
jamais tendo posto em prática, ele mesmo, o famoso "método histórico" que
impôs aos outros. A pequena quantidade de escritos de vulgarização no con-
junto das obras de Lucien Febvre e Marc Bloch aparece, contudo, como pro-
Nü lRI EL 177
duto de uma conjuntura especialmente desfavorável a esse tipo de publicação,
mais do que como uma escolha deliberada. Lucien Febvre concordou, com
entusiasmo, em dirigir os trabalhos de redação de L'EncyclopédieFrançaise, o
que consumiu uma parte considerável de sua energia durante vários anos.
Finalmente, se ele acabou não publicando sua própria "história da França",
acalentou por muito tempo tal projeto. A geração seguinte, favorecida pelo
novo desenvolvimento da edição escolar e comercial, viria confirmar, se é
que havia ainda necessidade, que todos os historiadores aplicam as mes-
mas regras do jogo. Braudel foi um "homem de ciência", sobretudo graças à
grande tese sobre o Mediterrâneo, mas foi também um "homem de poder",
enquanto presidente da Sexta Seção da EPHE e da MS H, e igualmente um
"homem de memória", trabalhando em prol da transformação do programa
da Agrégation, organizando publicações coletivas de manuais escolares, sem
negligenciar os artigos na imprensa e as obras de síntese.
Outro inconveniente maior que apresenta a concepção "idealista" do co-
nhecimento histórico, para a propagação com a qual Lucien Febvre contri-
buiu, vem do fato de que ela não nos permite compreender como se produ-
zem, na prática, as inovações. Em seus Combats, Febvre completa a imagem
do herói "anticonform ísta" que ele teria gostado de ser (como todos nós)
com aquela do gênio "onisciente", capaz, unicamente graças ao prodígio de
seu espírito, de ser ao mesmo tempo filósofo, psicó logo, linguista, cientista
político, geógrafo, sociólogo etc. É claro que, diferentemente dos historiado-
res-epistemologistas dos anos 1970, Lucien Febvre, e ainda mais Marc Bloch,
encararam suas relações com as outras disciplinas seja num processo de em-
préstimos recíprocos, seja como uma colaboração entre especialidades dis-
tintas. Ainda assim, recusando-se a apreender a "interdiscíplinaridade" sob o
ângulo das relações de poder universitárias, eles legitimaram - principal-
mente Lucien Febvre - o posterior extravio num discurso "epistemol ógico"
Se chamávamos a "interdisciplinaridade" de simples fato, para o historiador,
de mobilizar em seu próprio trabalho novidades surgidas em outros campos
do saber, então é evidente que a história sempre foi "interdisciplinar"
O "método histórico', fixado em suas grandes linhas por Niebuhr no início
do século XIX, combina as contribuições da hermenêutica, da gramática
comparada, da filologia. Em seguida, os historiadores se esforçaram cons-
tantemente para integrar as inovações externas, transformando-as em ins-
trumentos a serviço de sua disciplina. Era nessa perspectiva, como vimos,
NOIRIEL 179
trário, jamais aceitarão as análises de Símiand, a despeito de seu caráter his-
tórico e do lugar que ele atribui ao estudo dos arquivos. Eles sempre consi-
derarão o estilo de Simiand "abstrato demais",suas preocupações "filosóficas"
demais, suas análises excessivamente "descarn adas". Para compreender
como o próprio Simiand pôde se tornar, uma trintena de anos mais tarde,
uma das principais referências brandidas pelos Annales, a tal ponto que sua
feroz crítica de Seignobos tenha sido reeditada na revista em 1960,>8 é pre-
ciso considerar o imenso trabalho levado a cabo pelos historiadores situados
na ponta da inovação, capazes de "traduzir" as descobertas sociológicas de
Simiand para a linguagem normal dos historiadores dando a elas, por isso
mesmo, um novo sentido e novas virtudes heurísticas. Na maioria das vezes,
os historiadores interdisciplinares tornam explícito apenas um aspecto de
seus méritos, evocando as disciplinas, os autores, as "teorias" em que se
apoiaram para forjar seu próprio saber. Mas esquecem quase sempre de nos
explicar como eles fizeram para que seus colegas historiadores acabassem
aceitando tais estranhezas e parassem de rejeitá-los lançando mão do inexo-
rável argumento: "isso não é história': Para dar esclarecimentos sobre esse
processo, "importa compreender por que um conjunto de questões assume
pouco a pouco sentido e valor no mercado das ideias, e como, também, um
grupo de intelectuais se apropria desses questionários e desses problemas
para deles fazer a própria trama de sua vida', pois é "assim [que] se constitui
um modo comunitário de compreensão nas circunstâncias e nas ocasiões'l>
A fim de analisar nessa perspectiva o sucesso dos Annales, é preciso partir de
um fato essencial: a corrente designada sob o rótulo "hi stória econômica e
social" só pôde triunfar graças a um poderoso movimento de renovação de
toda uma geração. Foi a aposentadoria simultânea, entre 1935 e 1937, de uma
importante fração de historiadores da Sorbonne que haviam começado suas
carreiras no final do século XIX, que permitiu o aparecimento de novas for-
ças, processo cuja melhor ilustração é o acesso de Marc Bloch à cátedra de
história econôrnica. Mal fora nela instalado, ele obteve a criação de um cer-
38 F. Sirniand , "M éthode historique et sciences socíales", Annales ESC, n. I, 1960, op. cito
39 D. Roch e, "D e I'hi stoire sociale à I'histoire des cultur es: Le métier que je fais", in Les
Républicains des Letires. Gensde culture et Lwnieres au xvttr siecle. Paris: Fayard, 1988, p. 9.
180 OS A NNAL ES, O "NÃO CON FORM iSMO " E O M ITO DA ETE RNA J UVENTUOE
tificado de estudos em história econômica para os alunos de Licence" e a
fundação do Institut d'Hístoire Économique et Sociale." A partir disso, bru-
talmente a história econômica torna-se algo de relevância em jogo na pes-
quisa científica e no ensino universitário. Em 1945, Ernest Labrousse sucede
Marc Bloch na cátedra que ocupará até 1967. O papel excepcional desempe-
nhado por Labrousse no desenvolvimento dessa nova perspectiva histórica
se explica por duas razões de força maior. Em primeiro lugar, ele dispõe de
meios incomparavelmente superiores àqueles que existiam durante o pe-
ríodo entre as duas guerras mundiais. Além de sua posição institucional cen-
tral, ele podia se apoiar nos recursos humanos e materiais que lhe eram for-
necidos pelo CNRS (Centre National de Recherche Scientifique), criado em
1936, e pela Sexta Seção ("econômica e social") da EPHE (École Pratique des
Hautes Études). A história econômica e social é assim encorajada graças a
periódicos como os Annales e a revista Le Mouvement Social (fundada por
Labrousse), e ainda graças a colóquios e projetes de pesquisa internacio-
nais. Labrousse se beneficia também de uma conjuntura única, dado que
chega às funções de direção numa época em que os "mestres" ainda são
poucos, ao mesmo tempo que o fluxo de cargos, por conseguinte o de discí-
pulos, não para de aumentar. O fato de sublinhar que a história econômica e
social se beneficiou do extraordinário crescimento institucional por que
passaram as universidades nas décadas ulteriores à guerra não Significa, de
modo algum, diminuir seus méritos. Já unicamente por meio de sua ativi-
dade de orientador, Labrousse pôde aplicar amplamente, graças às pesquisas
empíricas de seus orientandos, a nova perspectiva histórica que ele contri-
buíra para elaborar. Mas Labrousse ocupa uma posição excepcional também
por outra razão. De fato, ele não é um produto puro da instituição historia-
dora. No início, foi como economista que ele seguiu e compreendeu os ensi-
namentos de Simiand na EPHE e no College de France. Ele só foi reconhecido
pelos historiadores como um dos seus graças aos esforços dos colaboradores
Nü lRIEL 181
dos Annales, em especial os de Georges Lefebvre." Essa integração precisou de
uma verdadeira "tradução" do pensamento de Simiand de modo a torná-lo
compatível com as "regras do jogo" da disciplina histórica. Sem poder insistir
demasiadamente, aqui, sobre esse exemplo, lembremos os elementos mais
importantes de tal trabalho. Em primeiro lugar, Labrousse abandona a lin-
guagem "esotérica" de Simiand para entrar em conformidade com as normas
linguísticas do meio histórico. Em seguida, ao invés de tentar isolar relações
universais, como queriam fazer os durkheimíanos, ele restabelece a perspec-
tiva monográfica, o Zusammenhang, caro aos historiadores de todas as épo-
cas. Progressivamente, a história econômica e social pregada por Labrousse
vai se apresentar como uma história "total", construída em volta de uma ma-
triz: "economia-sociedade-civilização', o famoso subtítulo dos Annales, sufi-
cientemente flexível para satisfazer às exigências de todos os combates que
deve travar o historiador desejoso de lutar até o fim pelas ideias em que crê.
Essa matriz constitui um plano cômodo, ao mesmo tempo, tanto para os tra-
balhos minuciosos e de grande envergadura (em particular as teses), como
para os trabalhos de vulgarização. Ela permite à nova geração que se oponha,
ponto por ponto, ao "paradigma" histórico hegemônico até então. Não é a
política que é o fator decisivo, mas sim a economia. A história não é feita
pelos "grandes homens", mas sim pelas "massas": não são os métodos "her-
menêuticos" que são verdadeiramente científicos, mas sim os métodos
"quantitativos': Uma tal abordagem só podia seduzir a nova geração de histo-
riadores, ansiosa por marcar sua diferença e provar sua inteligência. Graças a
esse novo "paradigma', ao mesmo tempo que respeitavam as regras do ofício
(pesquisar os arquivos, fazer uma tese monográfica etc.), os novos recrutas
podiam inovar tanto pelas técnicas utilizadas quanto pelas explicações conce-
bidas e pelos objetos estudados. Além do mais, a inspiração de cunho mar-
xista dessa história econômica e social- Labrousse jamais ocultou seu engaja-
mento à esquerda - lhe permite estar em bom entendimento com o humor
político então reinante numa parte do mundo intelectual francês. Retraduzi-
dos na linguagem dos historiadores, os argumentos "progressistas" assim for-
necidos aos jovens pesquisadores que ocupam "os escalões mais baixos" vão
NülRIEL 183
çado pelos mesmos que contribuíram para o sucesso do antigo "paradigma "
aplicando-o em suas próprias pe squisas. De fato, depois da defesa da tese e
da obtenção de um cargo na docência universit ária , liberados de sua depen-
d ência em relação a um "m estre", os historiadores aspiram a am pliar seu s
horizontes. Como explicou Maurice Agulhon: se o projeto labroussiano de
conhecimento integral da história da França por meio da proliferação de tra-
balhos monográficos fracassou}isso se deu porque, depois de terem po sto
um ponto final em suas teses, os historiadores ma is ambicioso s não podiam
se contentar em ser considerados os melhores especialistas mundiais da hi s-
tória de regiões francesas como o Loir-ei-Cher ou o Var. 44 Eles precisavam
adquirir uma "visibilidade" nacional ou internacional tratando dos "grandes
ternas", colaborando na redação de "histórias da Fran ça" produzindo com
destino ao grande público leituras originais da história) propondo a seus alu-
no s "novas perspectivas", muito diver sas - e amiúde até mesmo radicalmente
opostas - da história econ ómica e social que haviam frequentado assidua-
mente durante a juventude.
44 M. Agulhon , "Vu des coulisses", in P. Nora (org.), Essais d'ego-histoire, op. cit.
Charles Tilly, "lhe Old New Social History and the New Old Social H ístory", Review
(periódico do Femand Braudel Center) , v. 7, 1984, pp. 363-406.
1 James Harvey Robinson, lhe New History: Essays Illustrating the Modern Historical Ou-
tlook [1912]. Nova York: Free Press, 1965, pp. 132, 8, 24.
H. G. Wells, lhe Outline ofHistory, Being a Plain History ofLife and Mankind [1920]. Gar-
den City: Doubleday, 1971, pp. 779-80 [ed. bras.: História universal, trad. Anísio Teixeira,
2~ ed. São Paulo: Nacional, 1939].
+ Ibid. (1 ~ ed.), prefácio.
HIMMELFARB 187
"federação mundial", inauguraria uma era verdadeiramente universal e de-
mocr ática.' Se aquela profecia hoje soa absurda, outras fantasias de Wells
chegariam até nós. Em 1900 ele ofereceria um "projeto" para uma história da
humanidade, levando em conta todas as forças da mudança social: biológi-
cas, demográficas, geográficas, econômicas. Mais tarde}em sua autobiogra-
fia, Wells assinalaria que, se fosse um multimilionário, instituiria "professo-
rados de história analítica" para formar um novo ramo de historiadores - os
"ecologistas humanos'"
Os franceses já haviam começado a criar esse novo ramo. Os Annales
d'Histoire Économique et Sociale foram fundados em 1929, em oposição aos
historiadores da política e da diplomacia que dominavam o meio acadê-
mico - os sorbonnistes, como eram chamados com menosprezo. O epíteto
perdeu um pouco de sua força quando os Annales se mudaram de Estras-
burgo para Paris, onde um de seus diretores (Marc Bloch) ingressou no
corpo docente da Sorbonne, e outro (Lucien Pebvre), no College de France .
Com a fundação} após a guerra, da Sexta Seção da École Pratique des Hautes
Études, os annalistes conquistaram uma poderosa base institucional, e, sob a
direção de Fernand Braudel, seu periódico tornou-se a mais influente publi-
cação historiográfica da França, possivelmente do mundo.' Ela também se
5 Carl L. Becker, "M r. Wells and the New History" [192.1], reimpresso em C. L. Becker,
Everyrnan His Own Historian:Essays onHistory and Poliiics [1935J. Chicago: Quadrangle
Books, 1966, pp. 169-90.
6 H. G. Wells, Experirnent ín Autobiography: Díscoveries and Conclusions ofa VeryOrdinary
Brain. Nova York: V. GoHancz/The Cresset Press, 1934, pp. 551-52.
7 O título do periódico mudou diversas vezes; hoje em dia é Annales: Économies, Soci éiés,
Cívi/isatíons. Quanto às bibliografias francesas sobre essa escola, ver Hervé Coutau-Béga-
rie, Le Phénoméne "Nouvelle Histoire", Stratégíe et idéologíe desnouveaux historiens. Paris:
Económica, 1983; e Traian Stoianovich, French Hisiorical Method: 'IheAnnalesParadigm.
Ithaca : Cornell University Press, 1976. Uma das primeiras críticas sérias publicadas nos
Estados Unidos foi a de Bernard Bailyn, "Braudel's Geohistory - A Reconsideration".
Journal of Econornic History, v. 11, 1951, pp. 277-82. Entre os notáveis críticos britânicos,
estão Richard Cobb, "Nous des Annales" [1966 J, reimpresso em Cobb, A Second Identity:
Essays onFrance and French Hisiory , Londres/Nova York: Oxford University Press, 1969;
J. H. Hexter, "Fernand Braudel and the Monde Braudellien". [ournal ofModern History,
n. 4, v. 44, 1972, pp. 480-539; Samuel Kínser, "Annaliste Paradigm? The Geohistorical
Structuralism ofFernand Braudel".Arnerican Historical Review, n.r, v. 86, 1981,pp. 63-105;
188 INTRODUÇÃO
provou particularmente inovadora. Conduzindo-se com desenvoltura além
das formas mais tradicionais de história social e econ ómica, hoje seus obje-
tos e métodos são derivados da antropologia, da sociologia, da demografia,
da geografia, da psicologia e mesmo da semiótica e da linguística.
Apesar de os norte-americanos terem desenvolvido suas próprias moda-
lidades de nova história - econométrica e cliométrica, negra e étnica, femi-
nista e sexual, psicanalítica e populista -, eles foram bastante influenciados
por seus colegas do além-mar. Um amplo contingente de historiadores pode
ser encontrado em peregrinações anuais ou sabáticas a Paris para se instruir
com seus mestres. Outros vão à Grã-Bretanha, em busca de inspiração, espe-
cialmente os marxistas, cujo trabalho tem servido para fortalecer a tradição
local de história radical (tipificada por um aluno e colaborador de Robin-
son, Charles E. Beard), Desse modo, Aformação da classe operária inglesa,
de Edward Palmer Thompson, tomou-se modelo para a formação da classe
trabalhadora norte-americana, o conceito de "rebeldes primitivos", cunhado
por Hobsbawm, é tomado como protótipo das gangues urb anas: e a versão
de Perry Anderson para o marxismo "althusseriano" fez-se ponto de partida
para discussões teóricas e metodológicas do marxismo.
David Gress, "lhe Pride and Prejudice ofFemand Braude!". New Criterion, abro 1983, pp.
7-13. Alguns desses autores (Kin ser, por exemplo) balanceiam suas críticas com elogios
efusivos, e outros lidam mais com Braudel do que com os annalistes em geral.
8 Mason Wade (org.), 'lhe Journals ofPrancis Parkman. Nova York: Harp er, 194 7, p. XI.
Um "clássico" mais recente com a mesma característica é a obra de Walter Prescott
Webb , 'lhe GreatPlains (Boston: Ginn & Company, 1931), em que os protagonistas são
9
.
o solo e o clima.
G. R. Elton, "Two Kinds of History", in Robert William Foge! e G. R. Elton, WhichRoad
to the Past?Two Views ofHistory. New Havcn : Yale University Press, 1983, p. 83.
190 INTRODUCÃO
afirmação se rebelem contra seus mestres. (Na profissão) isso é conhecido
como revisionismo.) Na verdade) essa moda em particular tem sobrevivido
a muitas gerações e se tornado mais e mais forte com o passar do tempo.
Hoje em dia) existem historiadores - sérios) experientes) de grande repu-
tação - que não conhecem) nem poderiam praticar) outro tipo de história.
Para eles) a nova história perdeu seu caráter distintivo. Eles não reconhecem
crítica legítima ao gênero como tal) mas apenas críticas à história propria-
mente dita. Ao argumento de que a história quantitativa) por exemplo) tem a
tendência de valorizar o método em detrimento da substância) permitindo à
estatística definir o objeto, eles responderão afirmando que ela não difere da
história constitucional) que obtém seus assuntos de quaisquer documentos
à disposição. Como resposta à acusação de que a história social tende a se
preocupar em excesso com as rninúcias da vida cotidiana) eles mencionarão
as não menos tediosas maquinações que constituem boa parte da história
política. A questão) dizem eles) não está na nova ou velha história) mas na
boa ou má história.
Essa é uma solução tentadora para o problema. Quem poderia recusar
o apelo relacionado a uma boa história? Quem poderia negar que há muita
coisa boa na nova e muita coisa ruim na velha? Quem poderia ser tão ignóbil
a ponto de reavivar velhas disputas e resistir ao chamado da reaproximação?
Quem) com exceção talvez de um historiador intelectual que acredite que
ideias não podem ser facilmente conciliadas) que há importantes questões
em jogo ainda não resolvidas) que os dois modos de história implicam dife-
renças de método e objeto equivalentes a diferentes concepções de história)
e que a nova história tem consequências significativas não apenas para a his-
tória da historiografia) mas também para a história das ideias?
10 Emmanucl Le Roy Lad urie de screveu essa h istória total como se exercesse um a "heg e-
monia qu ase tot al". H ervé C outau -B égarie, Le Pn énom êne "Nouvelle H isioire ", op . cit .,
1983, p. 16.
11 A mericcl11 H isiorical Review, n. 5, v. 90, 1985. Ver tamb ém os assuntos do núm ero de abril
de 1986 (n . 2, v. 91) : "Cotton Milk P eopl e: Wo rk, C om m unity, and Pr ot est in th e T ex-
tile South, 1880-1940"j "Atrocíous Mi sery: Th e African Origins ofFamine in N orthern
So malia, 1839-1884"; "An glo-Indian M edical Theory and the Origin s of Segregation in
W est África": "Psych oh istory as H isto ry",
192 INTRODUÇÃO
o capítulo sobre a "Nova história" enfoca a quanto-história e a psico-his-
tória} com seus respectivos determinismos e seus próprios problemas meto-
dológicos. "Duas nações ou cinco classes" descreve um exercício de história
sociológica e contrapõe as abstrações e os modelos desse tipo de história à
'imaginação moral" dos vitorianos. "O grupo" lida com a influente escola in-
glesa da história marxista: suas origens no Partido Comunista} seus compro-
missos ideológicos e suas estratégias revisionistas, sua relação com a história
não marxista e com a nova história.
Os ensaios reunidos nos capítulos seguintes analisam trabalhos e te-
mas específicos da nova história. O primeiro} sobre a história social} con-
sidera as perspectivas de dois fundadores do gênero e tece considerações
sobre seu atual status. O segundo apresenta interpretações psico-histó-
ricas de dois grandes pensadores ingleses} que servem como estudo de
caso do próprio método. O terceiro} comparando trabalhos recentes de
historiografia sobre a França e a Inglaterra} conclui que uma das supostas
vítimas da nova história} a história nacional} não está tão defunta quanto
se costuma dizer.
O contraponto à nova história é em geral entendido como história whig,
que é predominantemente política quanto ao assunto e narrativa na forma.
'Quem lê Macaulay hoje?" assinala o fato de que historiadores vitorianos
com todo tipo de orientação política} tanto tories e radicais quanto whigs}
compartilhavam a ideia de que a história de um povo é antes de mais nada
a narrativa de sua herança política} e que a história inglesa} em especial} é
o enredo de uma "descendência liberal': "História e a ideia de progresso"
traz um conceito muitas vezes associado à história whig, mas que é, na ver-
dade} característico de uma longa linhagem de pensadores que discordam
quanto ao que constituiu o progresso} porém partilham o pensamento de
que um conceito de progresso seria necessário para dar sentido à histó-
ria} estabelecendo um continuum entre o passado, o presente e o futuro.
'A história faz sentido?" sugere que o desafio da história tradicional não
vem apenas da nova história: o filósofo conservador Michael Oakeshott é,
a esse respeito} mais radical do que Nietzsche, e Nietzsche mais whig que
Oakeshott, pois a musa histórica de Nietzsche confere sentido ao passado
falando sobre nossas preocupações presentes, enquanto a de Oakeshott é
uma querida amante que não consegue "fazer sentido" porque o passado
em si está morto.
HIMMELFARB 193
A maioria dos capítulos deste livro foi publicada nos anos 1980; o mais an-
tigo, "Clio e a nova história", em 1975. O ensaio "A francesidade da França"
não foi anteriormente publicado, e uma versão levemente modificada do
artigo sobre Macaulay aparece em meu livro Marriage and MoraIs among
the Victorians. Todos os ensaios, exceto um, foram reeditados, expandidos
e em alguns casos extensivamente reescritos. A única exceção é "H istória
com a política deixada de fora ", que se apresenta aqui essencialmente em
sua forma original. Quando foi publicado pela primeira vez, em 1984, pro-
vocou uma boa controvérsia, e em vez de abrandar suas questões mediante
revisão, escolhi manter o original intacto e adicionar um pós-escrito à guisa
de comentário.
As respostas apaixonadas àquele ensaio, as favoráveis e as desfavoráveis,
levaram-me a reconsiderar uma opinião que havia sustentado alguns anos an-
tes. Em 1980, em uma resenha de The PastBefore Us (um volume de ensaios
historiográficos patrocinado pela American Historical Assocíation], escrevi
sobre as "insinua ções", nesse volume e em outros lugares, de que alguns no-
vos historiadores se tornaram suscetíveis às preocupações de historiadores
tradicionais. Predizia, na ocasião, que "a 'h um anização' da história social le-
varia, por fim, não à restauração da velha história, mas a uma acomodação
na qual a velha e a nova poderiam conviver';" Cheguei a essa conclusão a
despeito de outras insin uações, nesse mesmo trabalho, de que alguns novos
historiadores não só passavam longe dessa acomodação como estavam em-
barcando em missões ainda mais radicais. Em sua contribuição a esse volume,
Carl Degler observou que, apesar de bastante atenção estar sendo dirigida à
história das mulheres e da família, esses assuntos ainda não haviam sido pro-
priamente integrados à história "d omi nan te", e que isso só poderia ser alcan-
çado se alterássemos nossa concepção de história e nossa ideia de passado:
"Em suma, o que se quer dizer com história ou passado terá de ser modificado
antes de essas duas subdisciplinas tornarem-se parte integral dela'i"
12 Gertrude Himmelfarb, resenha de "lhe Past Before Us, lhe NewYork Times ". Book
Review, 17/08/1980, p. 3.
13 Carl Degler, "Women and the Pamíly", in Michael Kammen (org.). lhe PastBefore Us:
ContemporaryHistorical Writing in the United States. Ithaca: Cornell University Press,
1980, p. 326.
l j"-: recida por Theodore Zeldin (dis cutida no capítulo 7)j participando da
revo lu ção histórica, Zeldin bu sca, com o seu termo, a liberação da história
ern relação a todas as categorias e conceitos (causa, tempo) classe, nação)
~" J e ainda a subjugam.
~ I e sm o algun s dos annalistes começam a suspeitar que desencadearam
. :TI processo que são incapazes de controlar. Mesmo as disciplinas que usa-
Colin Lucas, "Intrc duction", inJacqu es Le Golf e Pierre Nora (o rgs.) . CO llstructing the
Past:Essays in HistoricaI Methodology. Cambridge: Cambri dge Univ ersity Pr ess, 1985, p .lO.
Lucas cita a introdução de Le Golf e Nora à compilação de quatro volumes de ensaios
[" irede l'histoire (Paris: Gallimard /NRF, 1974 [ed . br as.: História: Novosproblemas, 4~ ed.,
[sic], trad. The o Santiago . Rio de Ja neiro : Franc isco Alves, 1995] ), da qual Constructing the
P'ISt faz parte.
15 Pierre Nora, "Le Retour de l'événement", inFaire de l'histoire, t. I, op. cit., p. 227. O "retor-
no do acontecimento" - neste sentido específico de "acontecimento" - era um assunto
muito discutido entre os annalistes na época. T. Stoianovich, French Historical Method, op.
cit., 1976, pp. 228-31. O "retomo da política" também tem sido anunciado por um proemi-
nente annaliste - mas, de novo, com um sentido muito especial (ver cap. 1, n. 6).
196 INTROOUÇÃO
É tentador afirmar (como certa vez o fiz) que podemos agora aguardar
a real acomodação do velho e do novo} uma mistura do melhor dos dois.
É uma perspectiva agradável} mas um tanto incerta. Em um tempo em que
o "velho novo" historiador rejeita de forma categórica as pequenas e experi-
mentais intervenções de um "novo velho" historiador} dificilmente se pode
nutrir esperanças de reconciliação com o "velho velho" historiador. Há
muito em jogo} não apenas em termos de interesses profissionais (carreiras
que dependem de assuntos específicos) métodos e afiliações institucionais],
como de convicções filosóficas - ideias sobre história} política} sociedade
e mesmo sobre a natureza humana. O novo historiador não pode ceder à
precedência da política em sentido aristotélico} supondo que o homem seja
um "animal político" j nem o velho historiador pode admitir a superioridade}
para não dizer a totalidade} de uma modalidade de história que considera
o homem um "animal social". Também não pode o novo historiador dei-
xar de lado seu.desprezo por uma história que insiste em estudar "pessoas
importantes, acontecimentos significativos e movimentos históricos bem-
-sucedidos"," nem o velho historiador pode deixar de estranhar que deter-
minados assuntos sejam motivo de chacota} e que l'histoire historisante seja
uma expressão utilizada com certo rancor," Enquanto alguns dos novos
historiadores afirmam que "o Mickey Mouse pode realmente ser mais im-
portante para o entendimento dos anos 1930 do que Franklin Roosevelt","
ou que a "história da menarca" seja considerada "igual em importância à
história da monarquía'j'? historiadores tradicionais se sentirão convencidos
do enorme abismo que separa essas duas modalidades de história.
16 Perspectives [boletim da American Historical Association J, fev. 1986. Relato dos comen-
tários por E. J. Hobsbawm, durante uma conferência na N ew School for Social Research,
30 out. 1985.
17 Frase geralmente atribuída a Henri Berr. Ver Fernand Braudel, "Personal Testi-
mony".Journal ofModern History, n. 4, v. 44, 1972, p. 467; id., OnHistory [1969J, trad.
Sarah Matthews. Chicago: University of Chicago Press, 1980, p. 64 [ed. bras.: Escritos
sobre a história, trad.]acó Guinsburg e Tereza Cristina Silveira da Mota. São Paulo:
Perspectiva, 1978 J.
IS Warren I. Susrnan, Culture as History: lhe Transformation of American Society in the
Twentieth Century. Nova York: Pantheon Books, 1984, pp. 103, 197·
!9 Peter N. Steams, "Corníng of Age". Journal ofSocial History, n. 2, v. io, 1976, p. 250.
HIMMELFARB 197
Alguém poderia pensar que a própria realidade inevitavehnente cuidará para
que se produza uma história mais atenciosa e realista. Mas isso também não
pode servir de alento. Afinal de contas, foi durante o mais catastrófico acon-
tecimento dos tempos modernos que dois dos maiores annalistes afirmaram
sua fé em uma doutrina que apequenava os acontecimentos e associava a
realidade às "forças impessoais" da história. Em seu relato comovente sobre
a queda da França em 1940, Marc Bloch aludia à teoria da história que con-
tribuía para o sentimento dominante de "letargia intelectual".
Mesmo então Bloch não levava em conta a possibilidade de que essa teoria
"cósmica" pudesse ela mesma falsear a história, de que ela não era apenas po-
liticamente fraca, mas historicamente estulta. Muitos se perguntam se essa
possibilidade teria lhe ocorrido quando, mais tarde, uniu-se à Resistência -
e entregou-lhe a vida.
Foi o mesmo acontecimento trágico, a queda da França, que ironica-
mente ofereceu a outro historiador a oportunidade de atacar a l'histoire évé-
nementielle," Os historiadores são gratos a Fernand Braudel, que escreveu
o primeiro esboço de seu trabalho monumental, O Mediterrâneo e o mundo
mediterrânico na época de Filipe II, enquanto era prisioneiro dos alemães du-
rante a Segunda Guerra. Esse trabalho exalta alongue durée: as forças "inani-
l O Marc Bloch, Strange Defeat: A Statement of Evidence in 1940 [1946], trad. Gerard Hop-
kins. Nova York: Norton, 1968, pp . 171-73.
li Braudel atribui a criação desse termo a Paul Lacombe e François Símíand, ver seu "Per-
sonal Testímony", p. 46 7, e On History, op. cit., p. 27.
198 INTRODUÇÃO
madas" da geografia, da demografia e da economia que eram as "realidades
profundas" da história, em comparação às quais as paixões de Filipe II e as
ideias da Renascença se tornavam meras "conchas" à mercê das águas da his-
tória." O livro, de fato, constituía urna realização impressionante, mas tam-
bémprofundamente irânica, se não perversa. Isso porque foi escrito quando
a Europa se convulsionava pelas paixões de um único homem e ideias que
chegaram perto de destruir um povo e uma religião de considerável durée.
O próprio Braudel dizia ter escrito o livro, na prisão, em parte como "res-
posta existencial direta aos tempos trágicos que vivia".
Todas as ocorrências que nos arrebatavam, trazidas pelo rádio e pelos jor-
nais de nossos inimigos, ou mesmo as notícias de Londres que nossos in-
terceptadores clandestinos nos davam, tive de afastá-las,rejeitá-las, negá-las.
Abaixo as ocorrências, especialmente as vexatórias! Tinha de acreditar que
a história, o destino, era escrita com um sentido mais profundo."
HIMMELFARB 199
acontecimentos, ainda que contingentes e efêmeros. Por terem respeitado o
sentido dos acontecimentos, os existencialistas também respeitaram a inte-
gridade dos indivíduos neles envolvidos - indivíduos conscientes} respon-
sáveis e autônomos, cujas ações fundavam-se no livre-arbítrio, e mesmo na
"gratuidade" Braudel, negando a realidade subjacente aos acontecimentos,
negava a eficácia dos indivíduos e a possibilidade de liberdade. O Mediter-
râneo termina afirmando o triunfo da longa duração sobre os indivíduos,
condenados a viver na curta duração.
~lJ bli cado or iginalmente com o "Intr oduc t ion', in Gertr ude Himmelfa rb. The New
'--!istory and the Old: Crit ica i Essays and Reappra iso ls. Camb ridge (M."): The Belknap
Press of Harvard University Press, 1987, pp. 1- 12.Tradução de Bruno Gambarott o.
François Furet, "Introduct íon", in ln the Workshop of History [1981J, trad. Jonathan
Mandelbaum. Chicago : University of Chicago Press, 1984 i Lawrence Stone, "The Revi-
vai ofNarrative: Reflections on a New Old History" [197 9J, reimpresso em ThePastand
thePresento Boston: Routledge & K. Paul, 1981. Ne sta antologia, pp. 8-36.
1 Carl Becker, Everyman His Own Historian: Essays onHistoryand Politics [1935]. Chicago:
Quadrangle Books, 1966.
HIMMELFAR B 205
ou o curso da Revolução Francesa)? O que acontece quando essa modali-
dade de história se torna dominante} quando ela não se pratica mais na pe-
riferia do ofício} mas em seu centro} não como um campo auxiliar} mas o
principal- de fato} como alguns historiadores dizem} como história "total"?'
Quais as implicações disso no sentido do presente e do passado}em um pas-
sado e um presente norte-americanos privados dos princípios de liberdade
e direito, de mecanismo de verificação e equilíbrio;' de autogoverno e bom
governo} que foram de início enunciados por seus fundadores e incorpora-
dos na Constituição?
3 Emmanuel Le Roy Ladurie, The Peasants ofLanguedoc [1966], trad.John Day. Urbana:
University ofIllinois Press, 1974, p. 8; Peter Stearns, "Corníng ofAge". [oumal of Social
History, n. 2, v. 10, 1976, p. 246, e "The New Social History: An Overview", inJames B.
Gardner e George Rollie Adams (orgs.), Ordinary People and Everyday Life: Perspectives
on the New Social History. Nashville: American Association for State and Local History,
1983, p. 7; F. Furet, "In troduction", inln theWorkshop ofHistory, op. cit., pp . 5-6; Traian
Stoianovich, French HistoricalMethod: TheAnnalesParadigm. Ithaca: Cornell University
Pres s, 1976, pp. 102 SS.; Hervé Coutau-Bégarie, Le Ph énomêne "Nouvelle Histoire": sira-
tégie et idéologie desnouveauxhistoriens. Paris : Economica, 1983, pp. 92 ss. Um annaliste,
Pierre Vilar, conclui sua discussão sobre história marxista observando que ela também,
como toda "história verdadeira", precisa se tornar "nova história", e então "história to-
tal". "Qualquer 'nova' história que não tenha ambição de ser total em seu escopo é uma
história obsoleta antes mesmo de começar." P. Vilar, "Constructing Marxist History", in
Jacques Le Goff e Pierre Nora (orgs.}, Constructing the Past: Essays in Historical Metho-
dology. Cambridge: Cambridge University Press, 1985, p. 80.
4 No original, checks ~nd btllan~es :. _~érte de limitações e inspeções dentro do sistema go-
vernamental cuja tarefa é manter o equilíbrio entre as diversas facções e impedir que
uma delas obtenha poder em excesso. [N. T.]
5 George M. Trevelyan, English Social History: A Survey of Six Ceniuries, Chaucer to Queen
Victoria. Londres/Nova York: Longmans/Green, 1942, p. VII.
6 Herbert Butterfield, lhe Whig Interpretation ofHistory. Londres : G. Bell & Sons, 1931.
HIMMELFARB 207
Antes, apenas os marxistas viam a política como "epifenô meno" da história}
a "superestru tura" ou "reflexo" da economia fundamental e da "infraestru-
tura" social. Atualmente, essa perspectiva da política aparece tão entranhada
em nossa cultura que poderíamos muito bem dizer: "Somos todos marxis-
tas agora" Tendo falhado em tantos aspectos - em fornecer um exemplo de
sociedade comunista que não seja tirânica ou autoritária, em tornar consis-
tentes as previsões de Marx sobre a pauperização do proletariado e proleta-
rização da pequena burguesia e sobre o colapso do capitalismo e o triunfo
de uma revolução mundial - }o marxismo teve êxito em diminuir e difamar
acontecimentos políticos} instituições} atividades e ideias.
Sob certo aspecto, o novo historiador social vai ainda além do marxista,
Enquanto o marxista considera necessário provar} ou pelo menos afirmar}
uma relação causal entre a economia e a política, o novo historiador pode
simplesmente ignorar a dimensão política} tornando a realidade social tão
ampla e onipresente a ponto de qualquer forma de governo} lei ou institui-
ção política ser automaticamente percebida como um modo de "controle
social': No lugar da clássica infraestrutura marxista - o modo de produção
e as relações sociais derivadas desse modo -} a nova infraestrutura passa a
ser a vida cotidiana das pessoas comuns: as relações dos sexos tanto quanto
das classes} as condições envolvendo os criminosos e loucos tanto quanto os
trabalhadores e camponeses.
Para os historiadores sociais}contudo} e para os marxistas}a infraestru-
tura é o que o historiador imagina que ela seja, não aquilo que os contempo-
râneos podem ter julgado como os mais importantes aspectos de sua vida e
de seu tempo. Como o marxista, o historiador social considera fácil acusar
aqueles que são seus objetos de estudo de "falsa consciência", de não com-
preensão de sua própria realidade. Se ele, de algum modo, nota a discrepân-
cia entre seu relato do passado e o daqueles que viveram aquele tempo}passa
a julgar-se mais sábio do que eles}afirmando que seu olhar distanciado e as
mais avançadas técnicas analíticas - econometria, prosopografia, psicologia
ou qualquer outra - oferecem-lhe uma perspectiva mais acurada e objetiva
da realidade social. A sua é a "verdadeira" consci ência: a deles, a "falsa".
O historiador social faz tudo isso com boa-fé} pois a realidade que ele
atribui ao passado é a realidade que ele reconhece no presente. Se ele leva
em conta tanto o trabalho e o lazer como o sexo e a infância, é porque essas
são as coisas que o instigam em sua própria cultura, que ele acredita serem
7 Ver, por exemplo,Jacques Le Goff, "Is Politics Still the Backbone of H ístory?". Daeda-
lus, n. I, v. 100,1971, pp. 1-19j Allan G. Bogue, "lhe New PoliticaI History in the 1970'S",
in Michael Kammen (org.), ThePast Before Us: Contemporary Historical Writing in the
UnitedStates. Ithaca: Cornell University Press, 1980, pp. 231-51j Samuel P. Hays, "Politícs
and Social History: Toward a New Synthesís", inJ. B. Gardner e G. R. Adams (orgs.),
Ordinary People and Everyday Life, op. cit., pp. 164-66; J. Morgan Kousser, "Restoring
Politics to Politicai History". [ournal of Interdisciplinary History, n. 4, v. 12, primavera,
1982, pp. 569-95, e comentários sobre esse artigo feitos por Paul F. Bourke e Donald
DeBats no mesmo periódico, inverno, 1985j Philip R. Vandermeer, "lhe New Politícal
History: Progress and Prospects", in Georg G. Iggers e Harold T. Parker (orgs.), Inter-
nationalHandbook of Historical Studies: Contemporary Research and Theory. Westport:
Greenwood Press, 1979, pp. 87-108; Alan Brinkley, "W riting the History of Contem-
porary America: Dilemmas and Challenges". Daedalus, v. 113, verão, 1984, pp. 121-41j
"Political History in the 1980'S", in Theodore K Rabb e Robert L Rotberg (orgs.), The
New History: The 1980'S and Beyond. Princeton: Princeton University Press, 1982, pp. 29-
-4 4. Um annaliste foi mais longe a ponto de clamar por um "retorno à política". Mas ele
seguiu definindo a nova história política, que incorpora a economia política, a geografia
política, a ciência política, a sociologia política e a etnografia política. Ver Jacques Jul-
liard, "La Politique", inJacques Le Goff e Pierre Nora (orgs.), Paire de l'hisioire. Paris:
Gallimard /NRF, t. II, 1974, pp. 227-50 [ed. bras.: Hist éria: Novos problemas, 4~ ed., trad.
lheo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995]. Mesmo o tributo de David Pot-
ter a Roy Nichols, "reabilitação da história política", também tem esse caráter, com a
reabilitação envolvendo o rebaixamento da história tradicional ou convencional, consi-
derada como estreita, superficial, seca - "uma miscelânea de cronologia pontuada com
anedotas". Ver David Potter, "Roy Nichols and the Rehabilitation of American Political
Hístory" [1971], in Don E. Fehrenbacher (org.), Historyand AmericanSociety: Essays of
David M. Potter. Nova York: Oxford University Press, 1973, pp . 194, 206-07.
HIMMELFARB 211
deria acusar de ser um velho historiador ranzinza, segue explicando por que
escolheu aquele título estranho.
Mais uma vez preciso dizer - e nunca será demais - que não é o assunto ou
o método da história social o que está em questão} mas seu domínio, que
reflete a pretensão, incrivelmente comum no meio, de acreditar que esses as-
suntos e métodos representam uma forma mais elevada de história, mais real
e significativa, mais essencial e elementar do que a velha história. Sobre essa
HIMMELFARB 215
uma questão descrita no boletim da American Historical Association
como "tópico central';" Uma questão similar do exame de história euro-
peia falava sobre a criação das crianças na Inglaterra entre os séculos XVI
e XVIII: 4 Mais uma vez, não importa a propriedade de tais questões, mas
sua proeminência. Esses exames mandam mensagens às escolas de ensino
médio de todo o país indicando qual tipo de história deve ser ensinada se
seus estudantes quiserem competir com boas chances pela admissão na fa-
culdade; de fato, estabelecem algo bem próximo de um currículo nacional.
E dado o tempo limitado para o estudo da história em nossas escolas, os
novos assuntos não apenas suplementam os antigos; eles inevitavelmente
os suplantam.
Os adeptos da história social dirão: "E já não era sem tempo" Por que mu-
lheres e crianças não deveriam suplantar reis e políticos? Por que o modo
como pessoas comuns viviam, amavam, trabalhavam e morriam não deveria
ganhar precedência sobre o modo como eram governadas? Tal reordenação
de prioridades seria eminentemente razoável e humana não fosse pelo custo
de tal ação, um custo que recairia sobre aquela gente comum com a qual esses
historiadores são tão cuidadosos. Se as pessoas comuns estão sendo "resgata-
das do esquecimento', como se tem dito, pela nova "história vinda de baixo",
elas também estão sendo rebaixadas, privadas daqueles aspectos de sua vida
que as elevavam em relação ao comum, que as conduziam a relacionamentos
dotados de algo maior do que sua vida cotidiana, que as faziam sentir-se parte
da política mesmo quando não estavam nela representadas e que as levavam a
lutar com determinação pela representação exatamente por atribuírem muita
importância a seu status político.
I~ Thomas Macaulay, lhe Works ofLo rdMacaulay, complete, ed. Lady Trevelyan. Londres:
Longmans / Green, t. I, 1866, p. 3. Sobre a "digni dade da história", ver também Lord
Bolingbroke, Letters on theStudyand Use ofHistory [1738J. Nova York: Garland, t. I, 1970,
p. 159 (carta 5) .
Resenha de Roy Porter publicada em New Society, 15 jul. 1982, p. 110.
: ÔS- ESCRITO
história'~ como mostrei em outro lugar deste volume) diverge tão pouco da
nova história convencional que não consegue trazer à luz as questões que
Irnho levantado.
Outros historiadores que fizeram advertências contra a nova história
tiveram essa atitude justamente porque estão incomodados com sua hege-
monia no ofício. Em seu pronunciamento presidencial à American Histo-
rical Association, em 1982, Gordon Craig descreveu a postura dominante
cm relação à história política de um modo geral) e à história diplomática
cm particular) como se variasse "entre a condescendência e a antipatia"
Dizia ele que, na meia dúzia de encontros anuais anteriores da associação)
as relações internacionais somaram cinco de 128 sessões ." Uma análise de
programas mais recentes poderia mostrar uma desproporção ainda maior;
c as poucas sessões de fato voltadas à história política e diplomática são) na
maioria das vezes) exercícios de história social disfarçada de história política
ou diplomática. Um dos colegas de Stone, também historiador social) mos-
tra evidências do mesmo efeito (ainda que não munido de espírito crítico).
Analisando os cursos de história oferecidos em oito universidades norte-
-americanas entre 1948 e 1978, Robert Darnton concluiu que o número de
cursos de história política caiu em relação ao total de cursos disponíveis) en-
quanto o número de cursos de história social subiu de maneira exagerada."
23 Michael S. Henry, "lhe Intellectual Origins and Impact of the Document-Based Ques-
tion", Perspectives, n. 2, v. 24, fev. 1986, pp. 15-16.
Não se sabe qual seria a maior distorção histórica: ter feministas como repre-
sentantes de um grupo alemão do século XIX} entre liberais} conservadores}
:"9 Carl Degier, "D o Historians Use Cov ering Laws?", in Sidne y Hook (org.), Philosophy
and H istory, Nova York: New York University Press, 1963, pp. 20 5-11.
30 H erbert Butterfield, George III and the H istorians. Londres: Collins, 1957, p. 206.
-uoli cado originalment e como "Histo ry With th e Polit ics Left Out" in Gertru de Him-
~- elíar b, The New History ond the Dld: Critica i Essoys ond Reopp rois ols. Cambri dge
,): The Belknap Press of Harvard Universit y Press, 1987, pp. 13- 32. Tradução de
: funo Gamba rotto.
HI MM ELFARB 227
·- historiografia do século xx apresenta ao hi stori ador um probl ema novo
- _...te campo) a saber) um imenso pluralismo que parece desafiar uma expo si-
.~ coerente dessa historiografia. Ela não pode ser descrit a da mesma forma
:l:n-; o a do século anterior que era constru ída como se seguisse dois modelos,
. '-'-"3eliano e o rankeano, no s quais a política atuava como a fonte de coer ên-
.' ~ extra-h ist órica para a hist ória e a histor iografia daquele século com vistas
_ urna posterior história da histor iografia, Pelo contrário) o histori cismo lega
. .:1.1 pluralism o de modelos e métodos) não um ou doi s) e estes modelos e
KRIEGER 229
A evidência de uma prática histórica pluralista é forte demais para com-
portar um ponto de vista como esse. Não há um único elemento de coerên-
cia sintética na historiografia do século :xx que seja capaz de associar satis-
fatoriamente os esforços de um Meinecke ou de um Toynbee aos, digamos,
de Foucault.
Permanece entretanto a hipótese dessa história de que, não obstante his-
toriadores aparentemente tão opostos quanto Meinecke e Foucault, perten-
çam a uma única história da prática histórica do século :xx. Ainda que os his-
toriadores do século :xx tenham enfrentado de modo desigualo problema
com que o historicismo deparou - o problema da dissolução dos valores
universais - e assim, no' caso do historicisrno, tenham enfrentado a crise
anunciada de maneiras muito variadas, esses historiadores e muitos exem-
plos de suas respectivas práticas históricas ainda pertencem a uma tem-
poralidade pós-historícista, ao mesmo século, e, pelo menos segundo um
importante aspecto, à mesma experiência histórica, conscientes ou não de
que assim fosse. Partilham de uma historicidade comum, mesmo que não
tenham conseguido reconhecê-la ou preferissem ignorá-la, ou tivessem le-
vado às últimas consequências o fato de que o historicismo foi efetivamente
a nota dominante na experiência histórica desse século, com sua evocação
da noção moderna de crise. Isso é tão verdadeiro para a prática histórica
quanto para a vida econôrnica, social e política do século xx.
Assim, o historiador tradicional poderia muito bem lamentar o fato
de que a questão da gênese da coerência de seu trabalho não seria levada
adiante por seus colegas, não poderia ser uma preocupação explícita do tra-
balho desses colegas, nem ser escrupulosamente definida e rigorosa e cons-
cientemente empregada em benefício de uma ciência histórica. Mas isso
seria apenas lamentar o fracasso de nosso século ter produzido uma razão
especificamente histórica, há muito prometida pelos idealistas da disciplina,
segundo a qual a história seria definida e praticada de maneira uniforme,
quando na verdade não poderia existir tal leito de Pro custo da razão histó-
rica. Há, de fato, uma variedade de histórias para serem aprendidas e uma
pluralidade de métodos históricos para serem praticados; e, necessariamente,
algum elemento histórico que permanece além do escopo da razão histórica.
Não resta dúvida de que ainda há de existir uma razão histórica específica,
ou um verdadeiro historicismo. Mas que, por si, nunca será um substituto
para a definição pluralista de prática histórica. Não obstante, como este livro
.i .2S da natureza coletiva do homem, para que se chegue à sua ind ividuali-
· sde, é resolvido aqui pela ênfase comum na história social e no que stiona-
_. ento da un idad e do tempo histórico.
O exemplo da externação do princípio de coerência, tal como aplicado
õM) estudo da história, cheg a a nós em meado s do século xx, vindo da filo-
~! d . O papel uni versal da razão, mas não a razão em si, tornou-se subor-
.: nado, mas não anulado, pelo s rom ânticos do século XIX. Esse exemplo
a nerge dos grandes choques das dua s guerras mundiais, e da experiência do
znrbulento período entreguerras, com um dinamismo político, social, cultu-
. J :: econ ómico dilacerante e que não podia ser assimilado à tradição. Foi
- o campo da filosofia, no qual a ênfase inglesa, norte-americana e austríaca
- _ an álise e na lógica histo ricamente ind iferente substituiu a preocupação
KRIEGER 231
francesa, italiana e alemã de um existencialismo historicamente engajad o,
que a razão intra-histórica (autorracional) cedeu espaço para um cânone de
racionalidade a-histórica.
Positi vistas lógicos e filósofos analíticos são representantes da postura,
encontrada no século xx, que dá maior importância à epistemologia do
que ao processo - à escrita mais do que à história vivida - , e, apesar de SU ê.
classificação não ser muito surpreendente, ela confirma a persistência dê.
tradição racionalista e historística na fase contemporâne a da abordagem
histórica. De acordo com a passagem da sub stância ao conhecimento, o
tipo de razão que esse grupo procura na história transitou do padrão a
explicação, da continuidade do processo à conexão que denota o sentido
de um acontecimento. Como esses filósofos estenderam suas ideia s a urna
história obstinada, entre outros campos, eles procuraram explicar os mais
variados tipos de realidade. O que ch amamos de tipo s racionalísticos e
historístico s de abordagem do problema da razão na história, signi ficand o
uma racionalidade que não é tão peculiar a ela, encontra expressão na po s-
tura de oposição daqueles que esposam as "lei s universais" para história
e daqueles que insistem nos princípios explicativos mai s próximos do
procedimento de historiadores independentes. O modelo de lei univers al,
que sustenta que historiadores devem recorrer a uniformidades expre ssas
por leis gerais pa ra formular suas explicações, quer eles concordem ou
não com esse procedimento, faz o balanceamento da racionalidade his -
tórica com a extra-histórica, nas palavras de uma autoridade do porte de
Carl Hempel, um do s criadores do modelo. Ele escreveu categoricamente
que "a natureza do entendimento, no sentido de a explicação visar ofer e-
cer um entendimento dos fen ômenos empíricos, é basicamente a mesma
em todas as área s da investigação científica [ ... ]. Nossos esquemas exi-
bem [ .. . ] um importante aspecto da unidade metodológica de todas as
ciên cias empíricas".' Deve-se notar que Karl Popper, um importante crí-
tico da história racionalista do século XIX, rejeitou, no que diz respeito às
ciências naturais e à lógica histórica - e, assim, partindo da perspectiva de
sua próp ria racionalidade histórica - , o tipo de indução generalizante no
Carl H emp el, "Explanation in Scien ce and H isto ry", in William H . Dray (org.), Philoso-
phica/ Ana/ysis and H istory. Nova York: H arp er, 1966, pp . 123-24.
Karl Popp er, The Poverty of Historicism. No va York: Harper & Row, 1961, pp. 62-64, 98,
i:;o-31, 143-45 [ed. bra s.: A miséria do historicismo, trad. Oc tany S. da Mota e Leonidas
Hegenberg. São Paulo: Cultrix / Edusp, 1980].
William Dray, Laws and Explanation in H istory. Londres: Oxford University Press, 1957,
Fp· 123-26.
Sobre essa alternativa, ver Patr ick Gardiner, The Na ture ofHistorical Explanation. Lon-
dres: Oxford Uni versity Press , 1953,pp. 182-218; Robert F. Berkhofer JI., A Behavioral
.'ipproach to Historical Analysis. Nova York : Free Press, 1969, pp. SI-59.
.Arthur C. Danto, Ana lytical Philosophy of History. Cambridge: Cambridge University
Press, 1968, pp. 233-66.
KRIEGER 233
também produziram discussões de equivalentes historísticos em favor de
uma razão mais distinta. Se o modelo de lei universal é o limite concebí-
vel à externação do princípio de coerência tal qual se aplica ao campo da
historiografia, como aqui se propôs, então certamente a discussão sobre os
equivalentes historísticos dessa lei precisa continuar, tendo em vista a con-
firmação dessa proposição.
Esses exemplos, vistos aqui em seus pontos centrais, não obstante, repre-
sentam os esforços mais significativos de nosso século em restabelecer, em
nome da questão da coerência histórica, uma base de certeza que é externa
à própria história, apoiados em uma suposta compreensão universal da na-
tureza de nosso entendimento dos fenômenos empíricos. Feliz ou infeliz-
mente, dependendo da perspectiva da natureza necessariamente pluralista
do trabalho historiográfico, essa gênese externa de uma coerência histórica
é precisamente o tipo de realização que os fenômenos do historicismo mos-
traram ser sempre problemático. Antes de nos- aprofundarmos mais, con-
tudo, dois exemplos de historiadores que insistiram nos princípios de ex-
plicação e coerência mais próximos dos procedimentos dos historiadores
independentes serão instrutivos. Pois, a bem da verdade, a historiografia de
nosso século revela uma maior proliferação de existencialismos historica-
mente engajados em comparação com uma aderência a qualquer lógica his-
toricamente indiferente.
Friedrich Meinecke, cuja longa vida e carreira englobaram a época ante-
rior à Primeira Guerra Mundial, o entreguerras e o período após a Segunda
Guerra Mundial, foi um historiador profissional cuja teorização sobre a his-
tória pertencia em essência à segunda das épocas," Ele era um historicista
convicto, que observava a história em si, como processo e como modo de
conhecimento, para gerar a coerência ligando eventos individuais e for-
mas que seriam a essência da história. "O cerne do histericismo", escreveu,
"consiste na substituição de um tratamento generalista das forças históricas
6 O próprio Meinecke se refere a seu artigo "Causality and Values", de 1925, como sua
teoria da história. Até então, ele havia se dedicado à escrita da história concreta. Hans
Herzfeld, "Priedrich Meinecke: Der Geschíchts-Denker", in Richard Dietrich~rg.),
Historische Theorie und Geschichtsforschung der Gegenwart. Berlim: De Gruyter, 1964,
pp. 99-101.
KRIEGER 235
induzidos com base na história) selando sua factualidade com generalidade e
construindo uma unidade para acontecimentos históricos) assim como para
um sentido filosófico do historiador." Segundo) ele foi o primeiro a conside-
rar o historicismo algo bem-vindo. Enquanto outros, como Troeltsch e Man-
nheim, notaram a importância cultural do historicismo, mas ainda o viam em
essência como um "problema") como um tipo de relativismo a ser superado}
Meinecke, longe de negar o sentido fundamentalmente individualizante do
historicismo e a questão da "anarquia de valores" que ele inevitavelmente le-
vantava, o caracterizou como "o mais alto estágio que já se alcançou no en-
tendimento das questões humanas", e escreveu, abordando sua gênese) um
de seus principais livros, tentando resolver as questões que levantava em seus
próprios termos." Ele não poderia aceitar as tentativas literais de Troeltsch de
resolver o problema da "confusão" do historicismo criado pelo "infinito plu-
ralismo dos valores individuais" precisamente porque era mais historiador, e,
assim) mais empírico que o teólogo) e porque} ainda que não admitisse, de-
monstrava maior aceitação do historicismo do que Troeltsch, com seu inces-
sante esforço para "superá-lo". Em Die Idee der Staatsráson (1924), Meinecke
tomou por tema "a polaridade da natureza física e do intelecto", e aceitou am-
bos os lados como a substância de sua história, incluindo as implicações de
um nexo causal naturalista em oposição à teleologia ideal." Perto do fim de
sua vida, ademais, afirmou que observava "uma síntese inteiramente nova do
historicismo e da lei natural" e admitia "o típico" e "o recorrente" na associa-
ção com o evento único como uma parte integral do próprio historicismo."
KRIEGER 237
história com sua preferência pela ideia de individualidade (que ele associava
a Burckhardt) em lugar da ideia de desenvolvimento (que ele associou a
Ranke), Na verdade} o pessimismo cultural de Burckhardt estava mais para
seu gosto} no pós-guerra, do que o otimismo histórico de Ranke, mas o fato
é que ele permaneceu seguro quanto às implicações coerentes de sua nova
ideia de individualidade mesmo sem a companhia de sua n~ção de desen-
volvimento histórico, confirmando assim a gênese extra-histórica de sua fé
na individualidade das formas da vida."
Como Meinecke, Arnold Toynbee, um dos mais proeminentes historia-
dores de nosso tempo} embora pouco representativo dessa época} teve uma
longa carreira} que atingiu seu clímax com o trabalho escrito e publicado du-
rante os anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial} trabalho que real-
mente pertence, por seu pensamento histórico} ao período entreguerras."
Mas} diferentemente de Meinecke, Toynbee parece pertencer ao campo
anti-historista, já que ele atribuía explicitamente ao "histericismo" - ou ao
Historismus, como ele insistia em chamá-lo - a crença no caráter único dos
acontecimentos históricos e em sua consequente incomensurabilidade} que
ele em princípio rejeitava." Contudo} ele próprio foi um produto da ênfase
historicista, como aqui é definida} pois admitia que a generalização de qual-
quer forma sempre fora o problema da história} que a indução com base na
história é tão adequada ou inadequada quanto a indução em geral," Desse
modo, a ênfase de Toynbee na sujeição dos historiadores às condições de
seu tempo} na consequente relatividade dos resultados e no uso do método
15 F. Meinecke, "Ranke and Burckhardt", in Hans Kohn (org.), German History: Some
New German Views, trad. Herbert H. Rowen. Boston: Beacon Press, 1954, pp. 145, 154i
Meinecke a L. Dehio, 21 jul. 1947, e Meinecke a Kâhler, 16 abr. 1947, em F. Meinecke,
Augswiihlter Briefwechsel, op. cit., pp. 282, 514.
16 Sua reflexão tardia é posterior à Segunda Guerra Mundial. Porém, A Study ofHistory, a base
real de sua fama, retoma ao periodo imediatamente posterior à Primeira Guerra Mundial
para buscar inspiração. Os primeiros seis volumes foram publicados por volta de 1939; os
outros quatro, que encerram a essência do trabalho, logo após o término da Segunda Guerra
Mundial, de 1946 a 1954, e os dois volumes de considerações finais, em 1961.
17 Arnold Toynbee, A Study ofHistory. Nova York: Oxford University Press, 1961, v. 12, pp.
16,562 [ed. bras.: Um estudo da história, trad. Isa Silveira Leal e Miroe1 Silveira, 2~ ed.
Brasília/São Paulo: usa/Marnns Fontes, 1987].
18 Id., ibid., v. 9 (1954), pp. 173-216j v. 12, pp. 22-68.
KRIEGER 239
"alternação rítmica entre duas atividades antitéticas porém complementa-
res} que é nativa ao pensamento em geral e ao pensamento histórico em
particular} é também nativa à própria História","
Mais tarde} contudo} Toynbee chegou a admitir que diferentes tipos de
atividades poderiam adicionar-se à história em vez de estar compreendidas
nela. "É preciso ser livre para recorrer aos diferentes métodos do poeta} do
cientista e do historiador} segundo a natureza de cada ponto da tarefa"} es-
creveu} elaborando sua máxima para defender o fato de que o pensamento
histórico estava tão sujeito à prioridade da hipótese e à desproporção entre
teoria e indução quanto qualquer tipo de conhecimento científico." O que
é preciso admitir} portanto) além das restrições às generalizações impostas
por Toynbee, proferidas contra ele por historiadores com uma tendência
h~storicista individualizante} é que} enquanto ele prosseguia} e enquanto} de
fato} sua convicção quanto a uma intervenção divina nos assuntos humanos
crescia} sua admissão da qualidade intrusiva das generalizações e de sua gê-
nese vitalista evoluía rapidamente. Sua ênfase vinha de dentro para fora no
que diz respeito ao processo histórico para a validação de suas generaliza-
ções históricas.
Como os "novos historiadores" norte-americanos} por outro lado} Toyn-
bee ajudou a preencher a distância entre a ênfase interna científica dos fran-
ceses e as explicações filosóficas externas dos alemães} no que se refere à
superação da crise trazida pelo impacto cáustico do historicismo. Os "novos
historiadores" norte-americanos} juntamente com os inovadores e influen-
tes annalistes franceses} merecem agora discussão.
A "nova história", que se caracterizou pela abordagem inovadora de his-
toriadores perto da virada de nosso século} foi, ainda que possa parecer ter
ocorrido o contrário} baseada no historicismo e na dissolução de valores
universais. A história estritamente política} especializada e factual} que eles
deploravam abertamente, tinha} como vimos} princípios estáveis} se não ex-
trapolíticos, em suas premissas. O ponto alto da nova história foi aceitar a
mobilização e} assim} a historicização de toda a realidade humana cognoscí-
vel, construindo uma síntese estável} geralmente com a ajuda da ciência e de
.} .oe rente "seleção de fatos históricos e sua inte rpretação'i" Quando os jo-
~ n s protagoni sta s da "nova história" (Becker e Beard eram alunos de James
:·i :.rvey Robinson) se des vencilharam da ênfase original na or ientação do
::.s sado em di reção ao presente, foram atraídos, cada qual de sua form a ini-
mit ável, ainda mai s profundamente pelos trabalhos do historicismo. Becker
- 2'':U SOU assistê ncia exterior e, enfatizando que, "deixados a si me smos, os fa-
23o, reagiu com vigor contra o determinism o natural-cientificista que sur giu
32 tais pad rõ es e voltou-se cada vez m ais aos esquemas europeus contine n-
:",.i, ligados a um a supervenç ão filosófica do histo ricismo, na linha de Croce,
ieínecke e M annheim, para enc ontrar saídas para seu imp asse intel ectual."
Com o uma versã o mais no va da no va história, a abordagem de Karl
'. amprecht, que se engajou em uma MetllOdenstreit aberta com seus colegas
__x tod oxos no iníci o do século, uniu em sua campanha uma in sistên cia na
aist óría coletiva e unitária e uma cândida confiança na psicologia. Prescrevia
~u e "0 tipo geral de desenvolvimento do s po vos necessita ser descoberto" e
J ames Harvey Robinson, The New Hi story: Essays IlIustrating the Modem H istorical
Outlook (nova edição) . Nova York: Free Press, 1965 } pp. 15, 24} 4 8-10 0.
Carl L. Becker, Everyman His Own Historian: Essays on History and Politics. No va York:
F. S. Crofts & c., 1935, p. 251.
- ;\lorton G. Wh ite, SocialThought in Am erica: The Revolt againstFormalism. No va York:
Viking Press, 194 9, pp . 22-35i Cushing Strout, The PragmaticRevolt in Am erican History:
Cl rl Becker and Charles Beard. N ew H aven : Yale University Press , 1958, pp . 50 -61.
KRIEGER 241
postulava tanto uma comunidade psíquica nas raízes do desenvolvimento
histórico da cultura genérica de uma nação quanto um relacionamento estri-
tamente causal entre suas expressões como seus motivos."
Mas a nova safra de historiadores norte-americanos e alemães teve pouca
influência fora do continente norte-americano. Sem dúvida, dos historiado-
res profissionais que refletiram sobre o impacto do historicismo na virada
do século, os dois mais representativos foram Henri Berr, da França, e Frie-
drich Meinecke, da Alemanha, e se, como no caso da filosofia idealista do
século xx, considerarmos haver um continuum na historiografia significativa
entre a era anterior à Primeira Guerra Mundial e o período entreguerras
(incluindo os anos que seguem imediatamente a Segunda Guerra Mundial),
então devemos acrescentar os "novos historiadores" norte-americanos con-
temporâneos e Marc Bloch e Lucien Febvre dos Annales como extensões
de Berr e dos contemporâneos independentes, e Johan Huizinga e Arnold
Toynbee relacionados a Meinecke, como comentadores históricos explícitos
do historicismo.
Sendo assim, o principal canal de influência de Berr foi organizacional.
Em 1900 ele fundou e dirigiu um periódico marcante sob o título Revue
de Synihêse Historique (em 1931, o título foi mudado para Revue de Synthêse,
e o periódico continuou tendo esse título até sua saída de circulação, em
1951) e a partir de 1920 passou a ser o diretor da coleção The Evolution of
Humanity (L'Évolution de l'humanit é}, que almejava incluir cem volumes sin-
téticos sobre a história da civilização humana e que realmente patrocinou
a publicação de 65 obras até a morte de Berr, em 1954. Mas Berr também
deixou uma extensa formulação escrita de suas ideias em seu livro Synthesis
in History (La Synthêse en hisioire}, que publicou originalmente em 1911 e
depois republicou, sem mudanças, exceto por um novo prefácio e apêndice,
em 1953. Nesse trabalho, expandiu e fundamentou o programa preliminar,
que foi esboçado no primeiro volume de sua revista, em que considerava
que a sociologia e a psicologia eram componentes indispensáveis para uma
ciência histórica, com ênfase na primeira, e insistiu na indissolubilidade da
associação de tese e análise, enquanto enfatizava novamente a preeminên-
28 Karl We int raub, Visions of Culture. Chicago: Univ ersity of Chicago Press, 1966, pp . 162- 77.
=9 Henri Berr, "About Our Program", in Fritz Stern (org.), Varieties of History: From Vol-
taireto thePresent [1956], trad. Deborah H. Roberts (nova edição). Nova York: Vintage
Books, 1973, pp. 250-55i H. Stuart Hughes, TheObstructed Path:French Social Thoughtin
theYears ofDesperation, 1930-1960. Nova York: Harper & Row, 1968, pp. 26-27.
30 Henri Berr, La Synthese en histoire: Son rapportavec la synihêse générale [1911] (nova edi-
ção). Paris: Albin Michel, 1953, pp. 5-23. Destaque no originaL
31 Id., ibid., pp. 15-42, 138-401.
KRIEGER 243
nar os fatos", que o relacionamento entre natureza e história equivalia à rela-
ção entre "unidade" e processo de "un ificação"} que os conceitos que fora m
pensados juntamente com as ciências da natureza, como "lei", "necessidade'
e "l ógica', eram também suficientemente flexíveis em sua essência - ou seja
individuais e temporais - para serem compatíveis com uma ciência da hist ó-
ria. Logo, em sua essência} uma lei da natureza sempre fora temporalmente
condicionada} e em sua aplicação histórica ela sempre propicia} portant
uma lei de desenvolvimento. A causalidade científica é essencialmente plu -
ral e própria à lei. Ela busca uniformidades} e em su a roupageJ.ll hist órica
busca descobrir "a relação entre fatos contingentes e outros tipos de causas"
É por "o espírito humano rejeitar a desordem" que a contingência só pode ser
entendida em relação à ordem. Em geral} pois} a contingência está sempre
misturada à ordem; o caso particular da história como ciência promove o
estudo "da interação e os reajustes das causas': O estudo da necessidade no s
assuntos humanos é o estudo da sociologia, mas o estudo da sociedade} que
é o assunto da sociologia, é por definição parcial}e a síntese histórica estuda
a necessidade social em sua relação onipresente com a individualidade} uma
da s formas de contingência} como parte de sua obrigação geral. A evolução
social é necessária porque é lógica} mas é o tipo de lógica que é inventada por
indivíduos e estudada pela história sintética."
Mas} se Berr tentou interiorizar a ordem na história} ele também} no
mesmo sentido - e em sua segunda alegação - , entronizou uma ciência
que estava tanto na história quanto fora dela. Por diversas vezes, em sua
Synthêse en histoire, Berr declaradamente rejeitou a ideia de que a história
fosse uma "ciência sui generis". Enfatizava a comunhão de todas as ciências
em detrimento da particularidade da subci ência histórica, e sublinhava
especialmente a exigência por parte da história de afirmações lógicas que
se "impõem talvez a todo acadêmico'." A tendência de Berr de expandir a
abordagem histórica, alcançando a síntese científica, no tratamento da sín-
tese científica como tal, se confirmava pelo novo subtítulo de seu reeditado
Synthése en histoire - a saber, San rapport avec la synthêse g én érale - e pela
mudança no título de sua revista em 1931, de Revue de Synthêse Historioue
32 Ido, ibid., pp. 30 -32, 4 8-53. 63-68, 109-11, 113-14, 151-52, 168- 75.
33 Ido, ibid., pp. 138-44, 226- 27, 250-51.
~ ~ 'ida de que o período de 1929 a 1939 tenha sido único." Febvre e Bloch,
--::mdadores e diretores dos Annales, partilhavam com Berr a reverência por
Jo! . kheim} a preferência pela síntese histórica sobre os fatos históricos} a
_. nvicçâo quanto à unidade conquistada no que concerne a método cientí-
~ :"0 e conceitos e à consequente ambiguidade do papel da ciência histórica
: ~ n é rica na construção de padrões de síntese que integrassem os fatos da
-::,ória. Assim} eles perpetuaram} no período inicial dos Annales, a ambiva-
...c !1 cia social e científica entre a ordem interna das coerências históricas e a
-:: ~ o s iç ão externa das leis científicas gerais} e também a predileção pela pri-
- =;ra, que havia sido característica da história social francesa durante este
=rulo. De fato} eles enfatizaram} mais que Berr, a posição privilegiada da
&:ú tória como o foco preferencial da pesquisa nas ciências sociais." Assim}
:= ~:)\' r e não apenas intitulou uma coleção de seus ensaios de Combats pour
istoire, não apenas confessou sempre ter sido um historiador "por prazer
H . Berr, "Au Bout de trente ans", Revue de Synthêse, n. I, 1931, pp. 3-5.
35 Fernand Braude1, "Personal Testimony". Journal of Modern History, n. 4, v. 44, 1972,
p.46 1.
Id., ibid., p. 463.
37 Lucien Febvre, Combatspour l'histoire. Pari s: Armand Colín, 1953, pp . v, 12-13, 17-18,31.
38 George G. Iggers, New Directions in European Historiography. Middletown: We sleyan
University Press, 1975, pp. 73-77.
39 Marc Bloch, FeudalSociety [1939], trad . L. A. Manyon. Chicago: University of Chicago
Press, 1961, pp. XVII, xx [ed, port.: A sociedadefeudal, 2~ cd., trad. Liz Silva. Lisboa: Edi-
ções 70, 2001].
40 H. Berr e L. Febvre, "History", in Edwin R. Seligman e Alvin S.Johnson (orgs. ), Ency-
clopedia of the SocialSciences. No va York: The Macmillan Company, 1935, v. 7, p. 361j M.
Bloch, The Hi siorian 's Craft [1949], trad. Pete r Putnam. Nova York : Knopf, 1953, p.135
[ed, bras.: Apologia da história ou O ofício de historiador, trad. André Telles. Rio deJanei-
ro: Zahar, 2 0 0 1]j Annalesd'Histoire Économiqueet Sociale, v. 1, 1929, pp. 1-2.
~ L. Febvre, Combats pour I'histoire, op. cit., pp. 24, 30- 33, 55-60.
.p. Id., A New Kind ofHistory: From the Writings ojPebvre, ed. Peter Burke, trad. K Folca.
Nova York: Harper & Row, 1973, p. 42j Edwin Robert Anderson Seligman e Alvin]ohn-
son (orgs.), Encyclopedia ofSocialSciences. No va York: Macmillan, 1959, p. 361. Destaque
no original.
KRIEGER 247
estava ligada ao estreitamento de sua natureza infinitamente individual e suz
rejeição à insistência tradicionalista em discutir os fatos particulares do Pê.:; -
sado. Febvre associou a adesão necessária do homem a grupos sociais com
sua mensurabilidade por "problem as" e "teorias" que constituíam o n ív
mediano dos estudos humanos no qual os historiadores deveriam se posi-
cionar. "Fatos [ .. . ] são tantas abstra ções", as quai s são chamadas à realida de
pelos historiadores a serviço de questões e hipóteses que formulam e r és-
pondem a partir de seu material, a fim de explicar a sociedade presente com
a ajuda do passado.'] A história promove "uma classificação racional e um a
progressiva inteligibilidade': H Assim, a preferência de Bloch e Febvre pela
"síntese histórica" est ava ligada ao papel necessariamente intermediário dê
síntese na ambiguidade entre a gênese externa da história padronizada e sua
autonomia interna, uma ambiguidade que eles, deliberadamente, implanta-
ram em sua abordagem da continuidade da história. Viam a síntese como o
coração, a um só tempo, de uma "ciência sui generis", ou seja, de uma ci ên-
cia eminentemente histórica, e, no geral, de uma "síntese científica, [ ... ] o
esforço de generalizar, de desenrolar uma causalidade complexa para desc o-
brir fatores gerais, sem eliminá-los a priori".» Sua insistência em uma síntese
que deveria ser histórica, era garantida por sua insistência na temporalidad e.
Quando Bloch propôs "seguir a linha do tempo na direção oposta" - ou
seja, voltar no tempo, indo dos resultados das coisas às sua s origens - , não
começou pelo presente distintamente temporal para interpretar o passado
qualitativamente distinto, mas sim pelo "passado recente", para "ilum inar
um passado muito particular" - ou seja, por meio de uma conexão entre
polos temporalmente homog éneos."
Contudo, Febvre não tinha certeza sobre o cerne histórico de sua síntese
científica. Ele estava certo de que uma história propriamente definida po-
deria pegar de empréstimo conceitos e técnicas de disciplinas vizinhas, m as
43 L. Febvre, Cambats paur l'histoire, op . cit., pp. 12-15, 20- 25, 30, 117,2 24 .
4 4 M. B1och, lhe Historian's Craft, op. cit., p. 10.
45 L. Febvre, em E. R. A Seligman e A Johnson (org s.), Encyclopedia of SocialSciences, op.
cit., p. 361.
46 M. Bloch, Les Caracteres originaux de I'histoire ruralefrançaise [1931J (nova edi ção).
Paris: Armand Colin, 1968, pp. IX-X, XIV.
.' cismo e deixados por ele em aberto. A mais recente ocupação da "nova
~st ó ria", que tomou a forma de uma ênfase inovadora no s aspectos sociais,
- L Febvre, Combats pour l'histoire, op. cit., pp . 14, 32-33, 282, 291-94, 30 0 -01, 313.
_~ Fernand Braudel, Écrits sur l'histoire. Paris: Flamm arion , 1969 , p. 10 3 [ed. bras.: Escritos
sobre a história, trad .Jacó Guinsburg e Teresa C. S. da Mota. São Paulo : Persp ectiva,
; 9 92]. "Com eles [...] a história estava na posse de todas as ciências do homem."
~ Palm er A. Throop, "Lucien Febvre: 187 8-1956 ", in S. William H alperin (o rg.), Some
Twentieth-Century H isiori ans: Essa)'s on Eminent Europeans. Chicago : University of Chi-
cago Press, 1961, pp . 280 -97.
50 Sobre o uso corrente da expressão "nova história" por acadêmicos radicais, ver a análise
de Jean Glenisson, "France", in Georg G. Iggers e Harold Parker (orgs.), Intemational
Handbook of Historical Studies: Contemporary Researck and Theory. We stpo rt : Green-
wood Press, 1979, pp. 178-79, e Jacques Le Goff e Pierre Nora (orgs.) , Paire de l'histoire.
Paris: Gallimard/NRF, t. I, 1974, 3 v., pp. X-XIII [ed, bras.: História: Novos problemas,
trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995]; a apresentação desse livro
foi puhlicadanesta antologia, v.r, pp. 122-27· Ver também o manual de Allan]. Lichtman
e Valer íe French, Historians and the Living Past: 'Ihe Theory and Practice of Historical
Study. Arlington Heights: ARM Pub. Corp., 1978, pp. 122-24.
~.t Para obter um exemp lo de convergência eur ope ia, ver Eric J. H obsb awm, "From Social
H isto ry to the Hi sto ry of Society". Daedalus, n. I, v. 100 , 1971, pp. 2 0-431 em que a da-
tação da histór ia social apenas a pa rtir da década de 1950 obviame nte tem a ver com a
convergência de radicalismo social e acadêmi co po r parte de H obsb awm.
K RIEGER 251
de m étodos mai s confiáveis e con ceitos raci onalmente veri ficáveis de ou tra
ciências para a história qu anto o são com a exploraçã o de novos tipos de ..~
dos. Assim, um gru po de represent antes da história socia l qu antitati vam enr-
orientada argumenta qu e "a abordagem das ciênc ias sociais [ ... ] pr essupõe
qu e existem un iformidade s do comportamento humano qu e tran scen dere
o tempo e o lugar e podem ser estudadas como tais; e o historiad or COrn 1.
cientista social escolh e seus problemas com o ob jetivo de descobrir, verifi-
car ou esclare cer tais uniforrnidades'l" Outro gru po sustenta que , "do p onto
de vista do historiador, o valor da pesquisa técni ca consiste na luz que po ss~
lanç ar sobre problemas gera is de interpretaçã o histórica, send o igualm ent.:
det erminado por ela':s3 Um terceiro representant e dirige queixas sobre ~.
voga corrente da "pesquisa imp ressionista", bem com o suas pr óp rias propos-
tas de urna "historiografia gen uinamente cien tífica" para a identificação f:
formulação de "hipó teses potencialm ente verificáveis': a serv iço de "teorias
gerais válidas" que alinhem a história com outras ciências sociais. Ainda qu e
esse representante em particular recomende uma pluralidade de histórias f:
con sidere a históri a um elem ento essencial para a construção de uma ciên-
cia social viável m ais do que o reverso, parece claro não apenas que essa re-
comendação para organizar a histór ia de conceito s e "métodos sistemá ticos
de pesquisa" tem sua raiz em outras ciências socia is, m as também que esses
m étodos rep resentam o "equivalen te fun cional" nas ciên cias sociais para o
tip o de investigação característica das ciênci as naturais."
A ani m osidade co ntr a a narrativa na hi stó ria corno síntese não exami-
nada da histór ia tradicional confirma a or ientação primeira do s historiado-
res ligados às ciências sociais, visando ao paradigma mai s do que aos fatos
da velha hist ória." Essa animosid ade remonta à hostilidade expressada por
Lucien Febvre qu anto à prim azia de acontecim entos d iscretos na história
52 David S. Land es c Charles T il1y (orgs.), History as Social Sciencc. Eng!ewoo d Cliffs:
Prentice-H all, 19 71, pp. 271-73.
S3 William O. Aydelotte, Allan G. Bogue e Rob ert William Foge! (orgs.), 'Ihe Dimensiofl>
of QlIantitative Research iiI History. Princet on: Prince ton University Pr ess, 19 72 , p. 7.
54 Lee Benson, Toward the Scien tific Study of History: Selected Essays. Filadélfia: Lippin cott ,
1972 , pp. 2- 8, 196 -201, 2SS-S8, 312-26.
SS Por exemplo, Rob ert F. Berkho ferJr.,A BelzavioralApproaclz to Historical Atralysis. Nova
York: Free Press, 1969, pp. 271-73 .
-"sr ória empírica em nome de suas ideias de integração, como sua invocação
R 1\ larx e Max Weber - os santos padroeiros de suas teorias - pode atestar. 56
. ' . estru turalism o foi associado primeiramente aos escritos de Roland Bar-
:'S, na literatura, e de Claude L évi-Strauss, em antropologia. Os escritos de
: ,,:hes têm sido em geral indiferentes à história - ele tende a rejeitar a histó-
literária em favor da análise estrutural dos tr abalhos literários e dar maior
oo rt ància ao "tempo épico" sobre o "tem po histórico" - , e assim ambas as
: si . óes são irrelevantes para nossa consideração. Mas precisamos notar que a
: ';'0 de Barthes da realidade era no mínimo compatível com a história apro-
_llo"!(.h e estruturalmente elaborada." Barthes afirmava sua antipatia pela cro-
'tgia como ferramenta da ciência histórica, atribuindo apenas categorias lin-
_ ' ti .as e estruturais ao historiador Michelet e ao campo da história em geral
-- seu ensaio "H istorical Discourse', além de confirmar sua aceitação quanto
'; • historiadores que lidam com estruturas e não com cronologias" em sua
:t_f:i .ipa ção em um seminário de dois anos organizado pela Sexta Seção da
:: .o le Pratique de s Hautes Études, em Paris, dominada por historiadores."
Roland Barthes, Essais critiques. Pari s: Seuil, 1964, pp . lO- l1 j H ans Rob ertJ auss, "Ge s-
chichte der Kun st und Historie ", in Von Reinh art Koselleck e Wolf-D ieter Stemp el
( orgs.), Gcschichie: Ereignis und Erz âuiung. Munique: W. Fink,19 73, pp. 199-203.
Roland Barthes (org .), Michelet par lui-même. Pari s: Seuil, 1954, pp . io-n: "Historical
Discourse", in Mi chael Lane (o rg.) , l ntrod uction to Stru cturalism . Nova York: Basic
Books, 1970, pp . 145'55.
V,P'IEGER 255
Mas o desenvolvimento de Lévi-Strauss chegava mais perto do aspe c
histórico específico, mostrando a convergência de estruturalismo e hist óre
do lado do estruturalismo. O próprio Claude Lévi-Strauss, cuja antropolos _
estrutural havia servido como modelo de estruturalismo anti-hist órico, a bec
da verdade colocou-se em ambos os lados da questão histórica, depende _:..
do tipo de história que se debatia. Basicamente, sua posição era a da conforte
dade com a tradição do historismo: por suas formas de coerência, a hist ória e
genética, mas compatível com a antropologia. Sua posição inicial em relação '"
história, tomada antes de ficar a par da história estrutural- cuja estrutura __:
afirmava ser emprestada da antropologia - , reiterava a compatibilidade de U iT
história dedicada à consciência, e assim aos fatos ) com uma antropologia cu'
ponto forte estava na análise cultural dos fenômenos conectivos inconsciec
tes." As expressões mais recentes de Lévi-Strauss contra a história não são .-
rigidas exatamente contra a história, mas contra um tipo específico de hist ória,
A postura anti-histórica de Lévi-Strauss, expressa na diatribe final con tra
a Crítica da razão diaiética, de Jean-Paul Sartre, no último capítulo de O p~
sarnento selvagem, e confirmada pelas acusações de Jean Piaget a Lévi-Strauss
como "a-histórico" em seu relato, é na verdade dirigida a uma historiografia
individualizante e à doutrina "derivativa" como "con tin uidad e abstrata, ano-
lítica", que havia sido filosoficamente imposta a esse tipo de história para lhe
emprestar coer ência." Desse ponto de vista, "a história biográfica ou ane
dótica [ ... ] é uma história desprovida de poder, que não é inteligível em , '
mesma e apenas consegue sê-lo quando transferida em bloco a uma for ma
62 Claude Lévi-Strauss, Structural Antllropology [1958], trad . Claire J acobson e Bro oke
Grundfest Schoepf. Nova York: Basic Books, 1963, v. I , pp. 1-25 ledobra s.: A ntropoloçi«
estrutural, trad . Beatriz Perrone-Moi sés. São Paulo : Cosac Naify, 2008].
63 Id., Tne Savage Mind , trad. George Weidenfield and Nicolson. Chicago : University 0:-
Chicago Press, 1966, pp. 245-69, esp. P: 263 ledo bras .: O pensamento selvagem, trad . >\L.-
ria Cele ste da Costa e Souza e Almir de Oliveira Aguiar . São Paulo: Companhia Edit ora
Nacional /Universidade de São Paulo , 1970]. Essa é uma tradução par a o inglês de L;
Pensée sauvage, originalmente publicado em 1962. Ver tamhémJean Piaget, Struct!<1\:-
lism [1968], ed. e trad. Chaninah Maschler. Nova York: Basic Books, 1970, pp. 108,111
[ed. bras.: O estruturalismo, trad. Moacir R. de Amorim. São Paulo: Difel, 1970] , e Ma r,
Gaboriau, "Structural Anthropology and History", in M. Lane (org.), lniroduction to
Structurali sm, op . cit., pp. 156-69.
70 Ainda qu e não fale po r si, o própr io Braud el confirmo u form alm ente a existên cia d ~
perío dos distin to s na histórí a dos Anllales. Fernand Braudel, Thelv fediterraneml and th:
Mediterralleall World in theAge of Philip II [ 194 9], trad . Siân Reynolds. N ova York: H ar
per & Row, 1972, V. 1, p. IS [ed. bras.: O M editerrãneo e o mundo mediterrânico lia época â~
FilipeII. São Paulo: Martins Fontes, 1984 ].
7 1 Id., ibid .
!'o 1as as duas fases permanecem interligadas o bastante para que Braudel
- . : :~ reter algo da ambiguidade original dos Annales e permanecer distinto
:'": ~era ção posterior de annalistes, com sua inequívoca devoção à historiei-
~..:. :-: dos paradigmas históricos.
•~ principal ênfase do Braudel posterior voltava-se ao veio historístico, su-
. -'~" i d o no início dos Annales. Dessa forma , ele passava a afirmar a partícula-
- .:."",Je e a individualidade do empreendimento histórico com mais vigor que
: ;::-':':0: e Febvre. Equilibrava essa afirmação com sua outra ênfase, insistindo
_::-,:J das histórias sociais. Também tendia a ver as relações da história com
ou tras ciências humanas mais como um problema do que como uma reali-
:-i ' : "Precisamos de uma nova m úsica"> O antigo Braudel é infinitamente
- zis interessado em estabelecer a primazia da história - "Não seria a história,
. mo dialética da duração, uma explicaç ão, a seu modo, da realidade total da
- ~ ,:. social?'? ' -, e, assim, da internalidade do paradigma histórico.
O efeito da ambiguidade de Braudel tem sido sua crescente aceitação
: :: "estruturas de longa duração" na história, a despeito de sua preferência
: d.2 média duração ou "história conjuntural". Como os primeiros annalis-
- e especialmente como seu mentor, Lucien Febvre -, Braudel defendia
_ . história total" ou sintética (histoire totale) e ainda reiterava que a história
"'-~ uma ciência destinada a cooperar com outras ciências sociais; contudo,
: ~ sou a sustentar muito mais enfaticamente do que outrora a historicidade
-~-rutável da totalidade e a centralidade da história entre as ciências sociais."
-;imb érn como os primeiros annalistes, ele se voltava decisivamente contra
'. hist ória tradicional de acontecimentos de curta duração, aos quais O Me-
~:~:Iàneo era tão dedicado. Obviamente opta pela história intermediária de
KRIEGER 259
média duração das "conjunturas" ou ciclos "com o o formato de um esquema
explicativo no qual a história pode ser encaixada", e que é um meio natural
para "um novo modo de narrativa hist órica'." Braudel deixava claro que ao
usar o termo "global" queria dizer "total", "sintética" ou "unit ária", e para "a
unificação de diversas ciências do homem", incluindo a "ciência global" ~
história, ele ainda invocava a assistência necessária "de todas as ciências hn-
manas" e, em especial, a influência homogeneizadora do aspecto "social" do
passado e do presente."
A história de longa duração das "estruturas" consiste precisamente na
organização comparativamente estável de fatores sociais e materiais, cons-
tituindo a cena da confrontação entre a história e as outras ciências sociais,
com a abordagem da "coerência" conduzindo da melhor maneira à historíza-
ção dessas ciências sociais e, assim, à internalização das conexões históricas.~
Desse modo, na revisão de O Mediterrâneo que empreendeu depois, durante
os anos 1960, Braudel admitiu que "por temperamento sou um estrutura-
lista", e isso se deu no mesmo período em que ele saudava Lévi-Strauss em
detrimento de Sartre." Ao mesmo tempo, revia sua perspectiva dos aspec-
tos geográficos da primeira seç ão, excluindo-os da história, já que agora
ele parecia se referir a "realidades atemporais". Ele também excluiu o nível
de acontecimentos discretos de sua noção de história, pois agora identifi-
cava "lentos e rápidos níveis " com "estrutura e conjuntura" e com esses dois
itens defendia uma "história estrutural", agora identificada com a mudança
muito gradual de relacionamentos econômicos e sociais," Como todos os
estruturalistas pró-história, que, é possível dizer, em geral representavam o
que havia de mais característico no pensamento social francês mais recente,
Braudel procurou transformar uma coerência historicamente distinta em
paradigma ou "m odelo" - para usar sua terminologia - para todos os tipos
77 Id., íbíd., pp. 498-5 10; F. Braudel, "H istory and Social Sciences", in Peter Burke (org.),
Economy and Society in Early Modem Europe, op . cít., pp . 16-18.
78 F. Braudel, Ecrits sur l'histoire, op . cit., pp . 103-14.
79 Id., "H istory and Social Sciences", in Peter Burke Corg.), Economy and Society in Early
Modem Europe, op. cit., p. 17.
80 Id., TheMediterranean..., op. cit., v. 2, p. 1244.
81 Id ., íbid., pp. 1239-42 , citado po r]. H. Hexter, "Fern and Braudel and the Monde Brau-
dellíen", [ournal ofModem History, n. 4, v. 44, dez. 1972, p. 504.
KRIEGER 261
e do triunfo do comportamentalismo não histórico nas ciências humanas.':
Como resultado}os historiadores foram abandonados a seus próprios recur-
sos) e) pela primeira vez) houve o desenvolvimento de teorias que estabel e-
cem a autonomia dos modelos no passado e a gênese de fatos a partir deles.
A confusão na historiografia francesa pode ser esclarecida se admitirmos
dois pontos: primeiro}os representantes da atual Escola dos Annales - La-
durie, Furet, Le Goff - fornecem uma linha de continuidade através do labi-
rinto; segundo, eles rivalizam apenas com as noções pós-estruturalistas de
figuras como L évy, Foucault e Derrida." Assim) Le Goff e Nora falavam de
uma nova história, que eles se recusavam a definir, dizendo apenas que ela
envolvia uma definição inteiramente nova de trabalho historiográfico, o qual
descartava o conceito de continuidade da história como uma interpolação
inválida de significado produzida por historiadores anteriores. Lévy, parafra-
seando Certeau, afirmava que os remanescentes da continuidade na inter-
pretação da história acreditavam que toda a história era fictícia} que ela "não
existia'." Nessa celebração pós-estruturalista do relativismo histórico, duas
coisas são claras: primeiro} que a média duração, ou a história conjuntural,
foi eliminada em favor de uma nova ênfase na longa duração e no aconte ci-
mento como componentes necessários da nova história; e}ao mesmo tempo,
que tanto Febvre como Braudel são vistos como representantes de uma his-
toriografia passada que tem pouco a dizer às tendências atuais."
84 Lawrence Stone, "History and the Social Science s in the Twentieth Cenrury", in Char -
les Delzell (org. ), The Future of History: Essays in the Vanderbilt Universiiy Centennial
Symposium. Nashville: Vanderbilt University Press, 1977, pp. 7-10, iz, 29, 38j René Wel-
lek, "The Fall ofLiterary History", in Von Reinhart Koselleck e Wolf-Dieter Stempel
(orgs.), Geschichte: Ereignis und Erz ãhlung, op. cit., pp. 428 , 439 -40.
85 J. Le Goff e Pierre P. Nora (orgs.) , Faire de l'histoire, op. cit., t. I, p. XlIIi Michel de Cer-
teau, L'Écriturede l'histoire. Paris: Gallimard, 1975, pp. 9-23 [ed , bras.: A escrita da história,
trad . Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro : For ense Universitária, 1982] j Bernard-
-Henri Lévy, La Barbarie ti visage humain. Paris: B. Grasset, 1977, pp. 61-73j versão em
inglês: Barbarism with a Human Face, trad . George Holoch. No va York: Harper & Row,
1979, pp. 44-54 iJ. Glenisson, "France", in G. G. Iggers e H. Parker (orgs.) , lntemational
Handbook ofHistoricaI Siudies, op. cit., pp. 178-90 .
86 R-H. Lévy, Barbarism with a Human Face, op. cit., p. 54.
87 Por exemplo, sobre o afastamento em relação a Febvre, ver M. de Certeau, L'Écriturede
l'histoire, op. cit., pp . 18-19.
zrralista justificada por sua ênfase na mudança histórica) nas mudanças cu1-
Emmanuel Le Roy Ladurie, Tne T erritory 01the Historian [1975J, trad . Ben e Siân Rey-
nolds. Ha ssocks: Harvester, 1979, p. 18.
ld ., ibid. A esse respeito) ver também o belo ensaio de François Furet, "Beyond th e Ano
id es". [ournal 01Modem History, n. 3) v. 55, 1983, pp. 389-410) esp. pp. 409-1 0.
ld ., ibid., pp. vnr, 7, 282.
Pierre Chaunu, Histoire quaniitaiive,histoire s érieúe. Paris: Armand Colin, 1978; François
Furet, "Quantitative History", in Felix Gilbert e Stephen R Graubard (orgs. ), Historical
St!ldies Today. Nova York: W. W. Norton) 1972, pp . 4 7-48.
KRIEGER 263
turais que ele chamava "epistemes", e não nas constantes históricas que eram
a reserva de mercado dos estruturalistas." Foucault não apenas enfatizou a
descontinuidade das coisas em seus trabalhos teóricos, como seus trabalhos
empíricos - lidando com o tratamento sucessivo da loucura no período
clássico entre os séculos XVI e XVIII/ 3 as origens do tratamento clínico mo-
derno e a prisão nos séculos XVIII e XIX, e com a história da sexualidade hu-
mana ao longo dos tempos - enfocam a mudança de uma ordem antiga das
coisas, imposta, para uma nova ordem interna, humana, que se apresenta no
início da era moderna."
A abordagem teórica de Foucault é esclarecida, e sua popularidade se
torna indício de um papel representativo quando suas propostas são vis-
92 Sobre Foucault, ver especialmente Allan Megill, "Fo ucault, Structuralism and the
Ends of History". [ournal of Modem History, n. 3, v. 51, 1979, pp. 452-503; Mark Poster,
"Foucault's Troe D íscourse", Humanities in Society, v. 2, 1979, pp. 155-56, com referência
especifica ao recente The History ofSexuality [1976J, v.a, trad. Robert Burty. Nova York;
Pantheon Books, 1978 [ed. bras.: Históriada sexualidade, trad. Maria Thereza da Co sta
Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 3 v., 1977-85J, e Hayden V. White, "Foucault Deco-
ded: Notes from Underground". History and Theory, n, I, V. 12, 1973, pp. 24, 27-28, 45, 49,
ou os próprios textos teóricos de Foucault, em The Orderof Things:AnArchaeology of the
Human Sciences [1966J, trad. Alan Sheridan. Nova York: Pantheon Books, 1971,pp. XIV,
XVII -XXIII [ed, br as.: As palavras e as coisas: Uma arqueologia dasciências humanas, trad.
Salma Tannus Muchail, 4~ ed. São Paulo: Martins Fontes, 1987J, e TheArchaeology of
Knowledge [1969J, trad. A. M. Sheridan Smith. Nova York: Pantheon Books, 1972,pp. 15-
-17 [ed, bras.: A arqueologia dosaber, 3~ed., trad. Luiz Felipe BaetaNeves. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1987].
93 Para conferir a minha posição sobre a interpretação de Foucault nes se caso, ver meu An
Essay on the Theory ofEnlightened Despotism. Chicago: University of Chicago Press, 1975,
p·55.
94 M. Foucault, The Order of Things, op. cít., p. 7 j Madness and Civilization: A History of
Insanity in theAge ofReason [1961J, trad. Richard Howard. Nova York: Pantheon Books,
1965 [ed. bras. : História da loucura na Idade Clássica, 7~ ed., trad. Antonio de Padua Da-
nesi. São Paulo: Perspectiva, 2004Jj TheBirth of the Clinic: An Archaeologyof Medical
Perception [1963J, trad. A. M. Sheridan Smith. Nova York: Pantheon Books, 1973 [ed,
bras.: Nascimento da clínica, trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Univer-
sit ária, 1977J; Discipline and Punish: The Birth of the Prison [1975J, tr ad . A. M. Sheridan
Smith . Nova York: Vintage Books,1979 [ed, bras.: Vigiar epunir: Nascimentoda prisão,
trad. Lígia M. Pondé Vassallo. Petrópolis: Vozes, 1977Jj TheHistory oj Sexuality, op . cito
KR IEGER 265
intervenção e fiel ao imediato'." As implicações desse estabelecimento da
ordem histórica acima das condições da liberdade histórica foram explícita-
das na História da loucura de Foucault, em que o autor sublinhou que o tra-
tamento moderno da insanidade estava a serviço da razão dominante, que
"a angústia repressora da responsabilidade" era a condição libertária do asilo
para a própria afirmação individual da "gran de continuidade da moralidade
social ",representada pelo asilo em seu relacionamento fundamental de des-
continuidade com um passado autoritário."
Dizer, como Foucault, que só existe um mundo do passado, que esse
mundo é habitado apenas por vestígios que são o fundamento da história e
que o dever do historiador é construir uma unidade, um conjunto de regu-
laridades discursivas apropriadas ao caráter descontínuo do passado histó-
rico - este é, certamente, o limite concebível da internalização da história.
Por fim, isso conclui a questão, abordada por este capítulo, de colocar em
linha um conjunto de várias posições teóricas, todas sustentadas por proe-
minentes historiadores do século xx, acerca da coerência na historiografia
e na história.
Concluindo, portanto, pode-se dizer com segurança que os historiadores
do século xx não têm sido os historiadores do historicismo e que nenhum
historicismo verdadeiro emergiu desse trabalho. O s historiadores mais ou
menos contemporâneos à crise que se manifestou pelo historicismo respon-
deram de duas formas opostas, porém análogas, não se tornando, contudo,
historicistas, e os resultados de seus esforços estendem-se entre a externali-
zação e a total internalização do princípio da coerência. A fragmentação e a
disjunção poderiam ser as inevitáveis condições da ordem intelectual que
eles criaram. Explícita ou implicitamente, ambos os grupos reconheceram
a força cáustica da crise cultural exercida sobre a e;tabilidade requerida dos
processos e valores universais. Como vimos, os historiadores mais inclina-
dos à filosofia tenderam a respeitar a fragmentação da realidade e a avaliar as
novas abordagens que a levavam em consideração, avançando à maneira da
versão historicista da filosofia da história e segundo a resposta exemplar dos
historicistas à dissolução dos universais, sacrificando novos pontos de vista
97 Id., The Birtlt of the cu,«, op. cit., pp. 25-26, 29-30, 51, 88-122.
98 Id., Madness and Civilization, op. cit., pp . 243-6 9.
KRIEGER 267
serem explicadas. Ou seja) os historiadores encararam uma realidade frag-
mentada como um ponto de partida) não como uma condição da realidade
a ser explicada. Os historiadores de nosso século enfatizaram a síntese his-
tórica como condição inevitável da ordem intelectual que buscavam criar
ou) mais frequentemente e de forma bem menos significativa, ignoraram
toda a questão da crise cultural. Não obstante) explícita ou implicitamente,
julgados pela relação de coerência entre seu trabalho e as fontes) os filóso-
fos e historiadores que foram aqui discutidos reconhecem que a dissolu ção
dos universais é o desafio dominante destes tempos e que a transcendência
dessa dissolução mediante a fixação de um modelo de alguma forma com-
patível com ela está na ordem do dia. Mas) em ambos os casos, eles aceita-
ram a fragmentação de sua realidade como um dado e seguem, com suas
fontes de coerência) nesse trabalho fincado pela metade na história e com
suas raízes balançando no ar) aceitando o tempo todo a heterogeneidade da
realidade humana.
Publi cado or iginalment e como "Hi st orical Coherence in the Twenti eth Century", in
Leonard Krieger, Time's Reasons: Philosophies of History Old and New. Chicago:The
Univers it y of Chicago Press, 1989, pp. 137- 63.Tradução de Bruno Gambaro t to .
Este texto não é uma transcrição nem resumo da exposição do professor Geremek. É um
desenvolvimento literário, efetuado porJosé Andrés-Gallego e completado por Ignacio
Olábarri Gortázar, com base no roteiro da conferência, obtido por ambos. A versão final
foi aprovada pelo professor Geremek.
GEREME K 271
Assim}para os homens da nouvelle histoire, a história social apresentava-
-se como forma de história total, globalizadora. Compreendia o propria-
mente social, mas também o cultural ... todo o humano. Além da história
social, entendida dessa maneira} não poderia existir nada. De fato, foi so-
cial, na parte fundamental} o desenvolvimento historiográfico a partir dos
anos 1960.
Karl Lamprecht já propusera algo semelhante no final do século XIX,
provocando grande controvérsia na Alemanha (a Methodensreit) [sic]. Pro-
clamara, à nossa maneira, o direito de estudar o social, e não só os acon-
tecimentos, os fatos fortuitos, e com isso o problema das relações entre o
coletivo e o individual, e o determinismo.
Apesar da falta de relação entre ambos os processos) consequência de
um verdadeiro "corte" entre duas culturas historiográficas, a identidade das
preocupações de historiadores alemães e franceses perfilava-se, claramente,
nessa circunstância. No caso francês, os principais representantes das novas
tendências foram François Simiand e Paul Lacombe. Lucien Febvre incor-
porou essas tendências ao falar do direito dos deserdados da história à his-
tória, do social como primogênito da história e da história como disciplina
eminentemente social.
Naqueles anos, G. M. Trevelyan definia a história social como "a histó-
ria inteira, excluindo a política". Mais importante que a sua definição foi sua
atividade: o estudo da vida cotidiana, da organi zação social da vida inteira
do homem. Na Alemanha} George Kubler traçava a "história das coisas". As
"coisas" (os objetos) também mudam -lembrou-nos -) e disso pode dar tes-
temunho} por exemplo, a moda.
Sem dúvida} os Annales ESC acolheram essas preocupações. Contudo,
primeiro tomaram o rumo da história econômica. Concretamente, a macro-
-história e a história regional.
Muito rápido, ainda que de forma paulatina, constatou-se sua aproxima-
ção da história social}nos temas das teses de doutoramento que se liam na
França. Com Labrousse, a história social também pôde apreender a conjun-
tura social, apresentou-se como o reverso da história econômica. E chegou ,
assim, à explicação das revoluções como resultado da economia. Desse
modo seria reinterpretado o Quatre-vingt-neuf
Não se tratava de estudar só o social como exclusivamente social, mas
de averiguar todas as suas implicações. Dessa maneira} com a comparação
272 ENT RE o INDI VID UAL E o COLET IVO: HISTÓRIA SOCIAL OU HISTÓRIA MORA L?
de séries quantitativas e o estabelecimento de ciclos referentes aos diversos
tipos de acontecimentos} introduziu-se a história social nos Annales. Seriam
Hamilton e Braudel os que aplicaram, de forma esplêndida, o modelo. Em
seguida, não obstante, veio a procura por outras fontes. Como os testamen-
tos e os cadastros (como o de Florença de 1427000), que tornaram possível a
reconstrução não só da economia, mas da família e da casa.
Certamente, nessa quantificação do social havia um obstáculo: o privi-
légio (as ordens privilegiadas, que escapavam de tantas outras fontes e, apa-
rentemente, não pareciam passíveis de quantificação).
Juntamente com os Annales é preciso mencionar a social history inglesa
e norte-americana, formada, em parte}em torno dos estudiosos da história
da família, liderados por Peter Laslett. Foram precedidos por demógrafos e
historiadores da sociedade.
Nesse âmbito, a criminalidade converteu-se em um dos objetos preferidos
dos estudiosos da Baixa Idade Média e da Era Moderna. Isso porque, desde o
século XIV, tornou-se possível elaborar estatísticas. Algo fundamentaL
Apesar de fundamental, também não era confiável} porque a estatística
não expressava a frequência do crime, apenas a da repressão, que dependia
da qualidade da polícia, entre outros fatores. Pode-se comprovar, historica-
mente, que uma simples mudança de funcionários levou, muitas vezes, à al-
teração da estatística criminal . Sendo assim, como conhecer a criminalidade
"real" (o crime "negro", oculto)? O historiador desses objetos tinha - e tem -
a sensação de que lhe faltam meios.
Na Alemanha, Otto Brunner tentaria captar a família como conceito-
-chave da história social: a família camponesa, principalmente, em torno da
casa, do lar, do pátio, o que permitia}também, estudar a economia doméstica.
*
Com isso, vemos que a história social foi desenvolvida por diversos expe-
rimentos, em diversos países. Seria preciso falar, ainda} de Vicens Vives, na
Espanha, mesmo que para seus seguidores e para muitos outros as tentativas
tenham obtido mais êxito no campo da história económica do que} propria-
mente, no da social.
GEREMEK 273
Todos esses são enfoques consecutivos para se aproximar mais da his-
tória social: afinal} o social é a grande interrogação da nouvelle histoire. Mas
existe} realmente} a sociedade? A sociedade é um objeto?
Braudel procurou uma resposta com a tentativa de organização que
houve na distinção entre longa duração e acontecimentos (événements). As
mudanças de longa duração seriam} na essência} elementos constitutivos da
civilização, correspondendo à estrutura. Já os acontecimentos equivaleriam
à conjuntura e, nesta, o social não apareceria. O conceito de "civilização" pa-
rece válido} enquanto o de "sociedade" é um conceito criado pelos historia-
dores. Temos uma "civilização ibérica" ou uma "civilização barroca"} que sa-
bemos definir. Mas a "sociedade modema" ou a "sociedade contemporânea"
são criações dos historiadores} criações destinadas a situar a ação humana.
No entanto} isso implica outra dúvida: o homem atua em sociedade. Então}
como se operam as mudanças se não no eventual (événem entiel)?
*
Este é o problema-chave da reflexão dos novos historiadores: a nouvelle his-
toire já está em crise porque não tem consenso a respeito de como se dá a
mudança. Entre a sociedade que denominamos moderna e a que denomina-
mos contemporânea houve uma mudança. Mas onde? Não aparece.
Alguns recorreram à matemática de R. Thom, convidando os historiado-
res a seguir esse caminho. Eles, porém, não aceitaram o convite. A história
social continua sendo uma história de classes sociais. Com a peculiaridade
de que, em grande parte} isso é fruto da reflexão marxista sobre a luta de
classes} instrumento em decadência como meio de an álise. O próprio con-
ceito de classe também se encontra em crise}é cada vez menos eficiente para
as explicações.
Assim}os Os camponeses do Languedoc, de Le Roy Ladurie, não contêm
uma exposição sobre classe social nem sobre um conjunto de classes, mas
sobre um conjunto de homens em comunidade} definidos menos pelo re-
curso comum a técnicas que pelas condições comuns da vida camponesa.
Da mesma forma} em seu admirável livro sobre a formação da classe
trabalhadora na Inglaterra} Thompson também não apresentou uma classe
*
Com isso quero dizer que não há sentido em estudar uma classe social?
Também não. O que me nego a admitir é o estudo de uma suposta ou real
dicotomia social: a classe dominante contra a classe dominada e)portanto, o
conflito entre ambas. Isso é inaceitável para um estudioso da história social.
O que, desde logo, quer dizer que a história social tem o mesmo pro-
blema de método que o conceito de classe social. O medievalista Maurice
Lombard estudou o Islã medieval e, especificamente, a classe mercantil. Ex-
plica como, nos séculos xv e XVI, a classe mercantil e a corte islâmica foram
realidades expansivas, estendidas até o Sudão, graças, principalmente, ao co-
mércio de escravos. Em Beirute, havia um centro de castração dos servos ...
Também descobriu belas histórias, por exemplo, a da linda escrava sudanesa
que chegou a ser rainha e a do banqueiro assassinado ... Às vezes, sua obra
parece um quadro impressionista. Isso é exatamente o que Kolakowski afir-
GEREMEK 275
mou: a abordagem do historiador é uma aproximação impressionista. No en-
tanto, não é isso o que consideramos história de uma classe social.
Qual a solução? Medir? Sem dúvida, é preciso medir tudo que é mensu-
rável. O historiador não tem o direito de dizer "muito" se pode dizer quanto.
Às vezes é possível criar o mensurável. É o que fez Lawrence Stone na cha-
mada prosopografia social (que não contradiz o método weberiano dos "ti-
pos ideais" e que, na realidade, já fora aplicada, em meados do século XIX,
ao estudo do cursus honorum dos funcionários romanos). É possível e até
necessário aplicar isso aos mais diversos níveis da sociedade, para definir
quem são os membros de um grupo, o que possuem, quais são suas fun-
ções, quem são seus filhos ...
Na verdade, tudo isso não contraria a importância da história social. Ao
contrário. Só explicita a complexidade das relações que existem por trás
das classes e dos grupos. Meu livro sobre a pobreza e as atitudes diante da
pobreza trata de um assunto apaixonante. Refere-se, rigorosamente, ao que
continua sendo a grande vergonha da Europa do século xx e do mundo con-
temporâneo no seu conjunto: a existência da pobreza e nossa incapacidade
para resolver as carências. É um fenômeno hoje agravado pela crise da cari-
dade cristã; um fenômeno que faz que a solução dessas questões dependa
da capacidade de influir na política, entendida como uma ação a serviço do
cidadão, não como um simples jogo de poder.
*
É precisamente disto que quero falar por último: da sociedade e da política.
Foucault acreditava que a sociedade tradicional excluía os loucos, os
pobres, aqueles, por isso mesmo, marginalizados. Mesmo que isso fosse
verdadeiro, também o era o fato de que, simultaneamente, a sociedade se
formava - forma-se - por meio de exclusões. Exclusões que servem para
afirmar a coesão dos grupos e, por isso, são e foram, frequentemente, ex-
clusões de grupos: a exclusão de estrangeiros reforça a coesão da nação, a
evolução dos vagabundos e dos desocupados, nos países protestantes, tem
a ver com isso. Nesses locais, o trabalho era considerado uma obrigação
também religiosa.
GEREMEK 277
*
Para concluir: a história social, tal como é escrita hoje, sob o rótulo da nou-
velle histoire, tem grande influência na vida social e política. O Estado se dá
conta de que tem diante de si uma sociedade civil, com sua históri a e com
capacidade de organizar-se por si mesma.
É esta a verdadeira lição ética sobre o comportamento do homem, que
tem como consequê ncia o declínio do determinismo: a liberd ade dos ho-
mens, o descobrimento de sua capacidade de escolha.
Napoleão III dizia que a história é a guerra. Acredito que a história é a
paz. Ou que é a paz e a guerra. Em último caso, é a manifestação da diferença
de opção entre os indivíduos, uma diferença que implica ser o mundo dos
valores um espaço de escolha. Nesse sentido, podemos afirmar que a histó-
ria raramente ensina como fazer as coisas bem, mas sim como não devem
ser feitas.
Publicado or iginalment e como "Entre lo ind ivid ua l y lo colect ivo: Hist oria soc ial o his -
t or ia moral?", in José And rés- Gall ego (erg) , New history, nouvelle histoire: Hocio uno
nuevohistorio . Madri: Editorial Actas, 1993, pp. 83 -90 .Tradução de Maria Elena Ort iz.
CARBDNELL 281
Às vezes, o historiador reconhece sua dívida em relação a uma obra COIr
creta: Jean-Claude Schmítt, por exemplo, estudou o suicídio na Idade Média
(Annales, janeiro de 1976) com base em um artigo de antropologia de Mar-
cel Mauss sobre a ideia da morte. Michel Sot, em sua pesquisa sobre o epis-
copado pós-carolíngio, partindo das gesta episcoporum, confessava: "Afinal, o
que informa minha abordagem e o que a vem informando há alguns anos?
É a presença da antropologia':'
Tampouco} os historiadores franceses de hoje não hesitam em afirmar,
uns, o triunfo da etno-história: outros, o da antropologia histórica. François
Dosse fala de uma "etnologízação do discurso hist órico'? e assegura que "o
historiador dos Annales calça as botas do etnólogo e relega o econ ómico, o
social e a rnudança'l'
Mais próximos de nós} em um balanço sobre L'Histoire médiévale en
France (1992), Jacques Berlioz e Jacques Le Goff resenham, no capítulo "An-
thropologie et histoire", mais de 120 títulos publicados nos últimos vinte
anos e comentam) portanto, "a relação privilegiada que se estabeleceu entre
história e antropologia, de 1968 até nossos dias':
Essa convergência das duas disciplinas não é nova. Só se surpreendem
aqueles que ignoram que a história e a etnologia, tal como as definimos, for-
mam um par nascido do mesmo pai, Heródoto, cuja obra Istoria é indiferen-
temente chamada de "História" ou "Pesquisa':
EXPLICAÇÕES
sociais.
A história considera os indivíduos como os únicos agentes do devir hu-
man o: dedica-se, pois, a resenhar o que procede do arbítrio humano e se
manifest a em acontecimentos únicos. Cr ónica de príncipes, de estados, de
batalh as ou biografia de heróis de exceç ão, a história estuda o individual, o
contingente) o eventual.
A antropologia) ao contrário, postula que o social é irredutível ao indivi-
dual , estuda as formas prementes da vida coletiva, ambiciona deduzir leis
(l eis de evolução ou leis de estrutura) . Ao contrário da ciência histórica,
compara e analisa.
As diferenças de método acabam por aprofundar o fosso: o etnólogo usa
fontes orais e, como Heródoto, pratica o opsis e o acoe) o visto e o ouvido.
O historiador emprega fontes escritas e os porões dos arquivos convertem-
-se em laboratórios onde se elabora o conhecimento científico do passado.
Hoje) já vimos, não só o fosso está coberto, como as duas disciplinas) re-
conciliadas, às vezes parecem confundir-se em uma só.
Como, por que essa interdisciplinaridade exemplar) indistinta?
Obedece) talvez, à própria natureza da "nouvelle histoire" e à sua história.
Combatendo arduamente a história "positivista", a nouvelle histoire transfor-
mou-se em história social: com isso, renunciou aos traços mais antiantro-
pológicos da história "p ositivista': Os historiadores da historiografia fizeram
notar que os novos historiadores, depois de meio século de existência, não
deixaram de praticar a bidisciplinaridade (a íntima colaboração com outra
ciência) nem deixaram de mudar de partenaire. André Burguiére ressalta:
depois da geografia, da sociologia, da economia e da demografia, hoje é a
antropologia a "n ova etapa da carreira predadora do pensamento histórico
CARBONELL 285
Não é menos claro que o debate Braudel-Lévi-Strauss testemunhou uma
sensibilização quase geral dos historiadores franceses em relação à aborda-
gem antropológica do real. Essa sensibilização}que parece manifestar-se no
final dos anos 1950} era de fato fruto de uma vasta evolução que afetava a
Europa: crise do eurocentrismo (resultante da Segunda Guerra e da de sco-
lonização), crise dos mitos europeus} do mito do Progresso} em particular.
Nesse sentido} a mudança do título da revista Annales, tribuna dos novos
historiadores, é reveladora. Em 1945, os Annales d'Histoire Économique et 50-
ciale convertem-se em Annales: Économies, Sociéiés, Civilisations. O plural ex-
pressa claramente uma mudança de atitude e a ampliação das curiosidades:
como o etnólogo} o historiador interessa-se por povos que acreditava não
ter história e quanto aos quais descobre um passado rico em fatos, "m óvel" e
"cognoscível" A crise de 1968 esteve na origem da fortuna da etno-história. É,
pelo menos} a hipótese defendida por François Furet em L'Atelier de l'histoire
(1982) . "N ão é casualidade", escreve, "que esse tipo de história tenha tido seu
ápice nos últimos dez ou vinte anos} numa sociedade francesa que se encon-
trava violentamente desgarrada de seu passado pelo crescimento econ ôrníco
e que, em compensação} nutria um mundo de nostalgias:' Daí "essa paixão
por nós mesmos, como se emoções, crenças e representações de nossos an-
cestrais pudessem reviver'"
François Dosse dá outra explicação para o que chama "a etnologização
do discurso histórico". Em A históriaem migalhas (1987), afirma que "esse re-
tomo a tempos imóveis antigos é sintoma de um devir relegado à lógica pura,
talvez insana, de um desenvolvimento das forças produtivas". E prossegue:
"encerrada entre as contradições Norte-Sul e Leste-Oeste, nossa sociedade
prefere refluir para o exotismo oferecido pelas gerações precedentes, revi-
vidas pela memória popular, rumo a uma história etnográfica que não tem
sentido, uma vez negada sua relação com o devir'f
Qualquer que seja sua explicação, o efeito permanecei a antropologia his-
tórica triunfa e, com ela, uma história diferente.
CARBüNELL 287
tudes diante da vida e da morte ... ) J eis alguns aportes da antropologia ao
insaciável historiador.
A antropologia econômica orientará o historiador para a gestação e a evo-
lução das atitudes econômicas; tornará evidentes as lógicas não econômi-
cas, inclusive as antieconômicas, que condicionam, hoje como ontem, aqui
e ali, os hábitos econômicos. É emprestando de Mauss a teoria da dádiva e
de Sahlins a do gasto ostentat ório, como Georges Duby a reinterpretou, em
Guerriers et paysansJ a história econômica da alta Idade Média; pegando em-
prestado de Polanyi o conceito de economia camponesaJ E. Patlagean rein-
terpretou a de Bizâncio. Pegando emprestado de Evans-Pritchard o conceito
de sociedade fragmentária, Lucette Valensi reinterpretou a da Tunísia dos
séculos XVIII e XIX. A lista está longe de ser completada ...
A antropologia cultural e política desempenhará a mesma função reve-
ladora para o historiador, tanto quando ele estuda as crenças populares, os
gestos cotidianos, nos quais verá o reflexo de uma representação do mundo,
como quando se interessa pela relação entre o "alto" e o "baixo', a cultura
savante e a cultura popular, as ideias políticas e os mitos. Enquanto Nathalie
Davis descobre as categorias elementares de uma cultura popular na França,
Vernat, Vidal-Naquet e Détienne demonstram que na Grécia antiga a polí-
tica não era filha das ideias produzidas pelas elites conscientes e ampliadas
de cima para baixo, mas sim fruto de mitos compartilhados por todos e inse-
paráveis de uma visão comum do cosmos.
Assim, a antropologia histórica permitirá a revanche do irracional (o sa-
grado, as pulsões, os mitos) sobre o racional. O banal, o cotidiano, sobre o
excepcional; o "baixo" (os esquecidos, os marginalizados) sobre o "alto':A an-
tropologia histórica será como o reverso (e, por isso, o complemento) das ve-
lhas historiografias. Uma historiografia diferente ou algo diferente da história ?
CARBDNELL 289
D e fato, po de -se ressaltar qu e, quan do um etnólog o ou um an tropólog o
remonta ao pa ssad o, faz histó ria, m as n ão se torna hi storiado r; já o h isto -
riad or qu e se arrisca como antropólogo só p od e ter êxito n esse caminho se
renunciar à sua personalid ade científica.
Ass im, qu ando "novos" novos historiadores prati cam a antro po log ia, fazem
qu e a nouvelle histoire perca algumas marcas de ide ntidade: a problem áti ca e
a macro -hi stória, p or exemplo.
À h istória-problem a}tão cara aos novos historiadores da p rim eira e da se-
gu nda geração (de Lu cien Feb vre a Fernand Braud el}, su cede uma história
impressionista, qu e m ultiplica os qu ad ros descritivos dos cos tumes, do saber
fazer, do sab er viver. A m eno s que, com os qu esti on am entos} ocorra u m a
modelização vinda de fora, na qu al o historiador se esforçará pa ra recolher os
retalhos do passad o.
À macro-história da s áreas e das eras, totalizante e am b iciosa, su cedem as
m onografias qu e frag m entam o real em partes imóveis. lvIontaillou) povoado
occitânico está lo nge do Mediterrâneo de Filipe I I. O qu e n ão signi fica que
Montailloll seja uma obra m ed íoc re. Em absoluto.
E então ? Morte da N ova Hi stória, traíd a e desfigu rad a pelos m esmos
que se dizem seus herdeiros? Isso seria dramati zação infundada. Como res-
salta Fr an çois Furet, "n ão bas ta qu e a história apele a outra disciplin a para
se constituir em um tipo de saber diferente do qu e era há cin qu en ta anos.
Essa reivindicação, ou essa afirm ação, pode apenas significar que am plio u
seu campo, não que tr an sformou sua aproxim ação in tele ctua l ao p assado".
De fato, seria m ais justo distinguir entre a hi stó ria antropológica do s histo-
riadores e a antro po logia h istórica do s an tro p ólog os.
Essa di stinção mereceria, por certo, captar n ossa atenção longamente;
tão longamente a ponto de ultrapa ssar os limites de uma sim ples aul a, que
não tinha outra preten são a não ser des crever um m omento da hi storiografia
francesa.
Publicad o origina lment e como "Antropologia , et nología e histo ria: La te rcera ge-
ner ación en Francia'; in José Andr és-Gall ego (erg) , New his tory, nouvell e hi stoire:
Hocia una nueva his tor ia. Madr i: Edit orial Acta s, 1993, pp. 91- 100. Tradução de
Maria Elena Ort iz.
Emmanuel Le Roy Ladurie, m e T erritory of the H isiorian [1975], trad. Ben e Siân Rey-
nolds. Ha ssocks: H arvester, 1979, p. 223.
HAMEROW 299
da experiência histórica. Havia algo de excitante nessa ideia. Mesmo Henry
Stuart Hughes, cujo campo era o da história intelectual, tão fora de moda,
foi tomado de entusiasmo pela iminente descoberta. A tarefa do historiador,
ele declarou, não se encerrava quando o conteúdo dos documentos tinha
sido estabelecido. Pelo contrário, apenas começava. "Os verdadeiros proble-
mas estimulantes de interpretação - de cuja mera existência o mais fraco
entre nós mal suspeita - residem quase todos no futuro:' Esses problemas
só poderiam ser resolvidos por uma síntese entre arte e ciência no campo
da história, e ainda assim muitos historiadores ficariam desorientados pelo
caráter intermediário da disciplina.
HA MEROW 301
Mas as técnicas cliométricas também eram empregadas em outros campos
da história. O livro lhe [acobins, de Crane Brinton, com o precoce subtítulo
An Essay in the New History, surgido em 1930, era uma tentativa de analisar-
os fundamentos sociais de uma ideologia política; e lhe AtlanticMigratiora.,
de Marcus Lee Hansen, publicado em 1940, examinava o movimento po~
lacional da Europa em direção aos Estados Unidos anterior à Guerra Civil
Resumindo}não havia nada de novo, teoricamente falando, quanto à quan-
tificação.Já em 1804, Schlõzer argumentava que o conhecimento de reinos,
sucessões, guerras, batalhas, revoluções e alianças não era suficiente para
permitir ao historiador um entendimento do modo de vida de uma nação,
ou seja, "se ela era feliz ou miserável; qual era a situação da agricultura, do
seu comércio e outras formas de sustento; como se estabelecia sua indústria,
ou se ela naufragava em indol ência" Não obstante, escrevia ele, todas essas
questões mereciam consideração em qualquer relato acadêmico do desen-
volvimento de um país. "O historiador precisa lidar com elas em virtude da
posição que sustenta; ele precisa, portanto, ser um estatístico. Em outras pa-
lavras} a história é o todo, e a estatística é parte dela."
O que distinguia o movimento cIiométrico que surgiu depois da Se-
gunda Guerra Mundial era uma aplicação mais ampla dessa técnica e uma
formulação mais rigorosa de seu método. Primeiro, áreas que, no passado,
eram consideradas além do seu escopo - a história política, cultural, social,
religiosa ou mesmo biográfica - eram agora reexaminadas à luz da análise
estatística. Segundo, os processos de avaliação quantitativa se tornaram
mais exatos e complexos} a ponto de só um especialista em cIiometria ser
capaz de rigorosamente entender alguns deles. Sua justificativa era a de
que eles poderiam revelar conexões e padrões na evidência histórica que
permaneceriam não descobertos por outras técnicas. Uma forma diferente
e mais interessante de estudar o passado parecia emergir, conduzindo a
conclusões mais abrangentes, verdades mais profundas e recompensas
mais satisfatórias. Uma geração de jovens acadêmicos, armada de logarit-
mos, coeficientes, índices e regressões, com eçava a pesquisar conjuntos de
dados estatísticos dos quais se extraía um entendimento mais preciso da
experiência coletiva. Alguns deles estavam aptos a oferecer contribuições
significativas ao saber, mas outros caíam em uma aridez abstrusa que não
era mais esclarecedora do que antigas e empoeiradas monografias baseadas
em documentos diplomáticos ou legais. Em muitos casos, a cliometria dei-
4 A. L. Schlôzer, 'Iheorie der Statistik, op. cit., pp. 92-93j William O. Aydelotte, Allan G.
Bogue e Robert William Fogel (orgs.), "Introductíon", in 'lhe Dimensions 01Quanti-
tative Research in History. Princeton: Princeton University Press, 1972, pp. 4, 8, lO-11j
William O. Aydelotte, Quantification in History. Reading: Addison-Wesley, 1971, pp. 3,
14,20,31, 96-97.
HAMEROW 305
o apelo de Aydelott e à aceitação metodológica era tão sim pático que se
tornava qu ase irresistível. Era emine nteme nte razoável e soava muíto justo.
Mas nem todos os quantificadores falavam com a doce voz da razão. Havia
os mais coléricos, que caçoavam da modéstia demonstrada pelos modera-
dos . A cliometria era não só uma nova técnica erudita; era uma técnica aca-
demicamente superior. Os resultados que ela oferecia eram mais precisos, a
conclusões, mais confiáveis , as verdades, mais profundas. Os historiadore
que faziam essas afirma ções não apresentavam falsa modéstia; eles não he-
sitavam em fazer uma distinção pouco amistosa entre a tradição tediosa e a
inovação estimulante. Edward Shorter, por exemplo, em seu manual sobre
o uso do computador na pesquisa acad émica, declarava com arrogância qu e
"este guia permitia ao historiador, cuja experiência anterior se limitava à im-
pies Velha História, experimentar moderna tecnologia eletr ônica"
Na mesma linha, Le Roy Ladurie admitia que alguns campos da história
ainda não haviam alcançado o estágio que permitiria que fossem estuda-
dos pela diometria, porque eles não haviam atingido seu desenvolvimento
completo. Disciplinas promissoras como a psicologia histórica, para dar
um exemplo, permaneciam resolutamente qualitativas. Elas ainda concei-
tualizavam suas abordagens, construindo modelo coerentes e adquirindo
as credenciais que são essenciais para a análise estatística. Ma , cedo ou
tarde, "mesmo nos mais esotéricos ramo da história, chega o tempo em
que o historiador, tendo trabalhado com uma sólida base conceitual, sen-
tirá a necessidade de começar a contar: de registrar frequências, repetições
significativas ou porcentagens". Apenas os cálculos, por mais tediosos ou
elementares que possam parecer, poderiam validar os dados reunidos, mos -
trando se teriam ido além do anedótico, chegando ao típico ou represen-
tativo. "Considerando-a em sua forma mai extrema (e é um extremo tão
remoto e que, em alguns casos, está tão além do escopo da pesquisa em
questão que parece imaginário), a história que não é quantificável não pode
ser considerada científica:'
David H erlihy foi ainda mais longe. Para ele, a quantificação foi um es-
tágio avançado na evolução do saber histórico, ao qual todos os membros
do ofício deveriam se adaptar para que a disciplina se to rn asse mais exata
e sofisticada. Era uma ferramenta de pesquisa que o acadêmico precisava
dominar para poder estar à altura de suas responsabilidades. "O historiador
da década de 1980 não precisa ser um programador, mas ele precisará saber
HAMEROW 307
tendência muito mais pronunciada à quantificação. O número médio de ta-
belas no Journal of Southern History foi de duas entre 1961 e 1964 e entre 1965
e 1969 a quatro entre 1970 e 1973 e seis entre 1974 e 1978j no William andMary
Quarterly) de duas a quatro) seis e cinco: no Journal of American Hisiory, de
menos de 0)5 a duas) seis e oito. Os dados sugerem que) enquanto as técnicas
quantitativas cresciam em todos os campos, sua influência havia sido signifi-
cantemente maior na história norte-americana do que na europeia.'
A aceitação rápida da cliometria refletia o entusiasmo gerado pelos mais
empenhados quantificadores) mas sua realização propriamente dita parecia
mais ligada à predição dos moderados. A nova metodologia provou-se va-
liosa em certos campos da história) como a demografia) a urbanização e a
industrialização. Em outros, teve papel importante, mas não indispensável
- opinião pública) comportamento político e padrões de voto, por exemplo.
Na maioria dos campos) contudo) ela era de pouca ou nenhuma serventia.
Em alguns chegou a ser contraprodutíva, desviando energias e fundos que
poderiam ser mais bem empregados em outras modalidades. A c1iometria
sem dúvida teve um profundo efeito sobre o estudo da história: ganhou um
lugar entre as metodologias aceitas da disciplina. Contudo) apesar de ter sido
frutuosa em algumas áreas de pesquisa) em outras ela conduz a confusão
e de~apontamento. Pode haver discordância quanto a seus efeitos a longo
prazo, mas poucos acadêmicos sustentarão que ela foi coerente em relação
a todas as afirmações feitas nos anos iniciais de sua juventude exuberante.
O desencantamento com uma técnica que havia sido inicialmente sau-
dada com toda a pompa e honrarias suscitou considerável Schadenfreude
entre os membros da velha guarda) que sempre disseram que a quantifica-
ção prometia mais do que podia realizar. Seu medo fora que a c1iometria
pudesse minar os fundamentos humanísticos e literários da disciplina. Carl
Bridenbaugh expressou esse temor em 1962) durante seu pronunciamento
5 Edward Shorter, TheHistorian and the Computer: A Practical Guide, Englewood Cliffs:
Prentice-Hall, 1971, p. VIIi E. Le Roy Ladurie, 1he Territory of the Historian, op. cit., p. 15;
David Herlihy, "Q uantification in the 1980s: Numerical and Formal Analysis in Euro-
pean Hístory", [ournal of Interdisciplinary History, n. I, v. 12, 1981-82, p. 135; J. Morgan
Kousser, "Quantitative Social-Sc íentífic Hístory", in Michael Kammen (org.), The Past
Before Us: Contemporary Historical Writingin the United States. Ithaca: Cornell Univer-
sity Press, 1980, pp. 437-38.
HAMEROW 309
o entendimento de acadêmicos muito conhecidos que outrora haviam par-
tilhado de sua fé? David S. Landes, por muito tempo partidário da nova
história} usara suas técnicas e inspirações em seu próprio trabalho. Em seu
pronunciamento presidencial à Economical Historical Association em 1977}
ele expressou dúvidas quanto a alguns pontos centrais da quantificação.
"Os dados da história econ ómica consistem em grande parte em matéria
qualitativa} não quantificável}que sempre tem sido a preocupação e o pra-
zer do historiador tradicional", lembrou. "Aseleção e a contagem podem vir
depois} mas alguém precisa encontrar e relatar a matéria bruta que há em
tabelas e séries temporais." Surpreendendo ainda mais} chegou a admitir
que "muitas}se não a maioria}das questões significativas com as quais te-
mos de lidar não se prestam - pelo menos não ainda - ao tratamento quan-
titativo". Havia obstáculos técnicos à análise estatística. "Às vezes faltam
dado s numéricos. Existem áreas inteiras da história em que provavelmente
nunca encontraremos os números de que precisamos. Às vezes}temos os
números} mas eles não dizem o suficiente." Ainda mais relevantes eram as
limitações inerentes à cliometria. "Os métodos quantitativos são apenas
ferramentas; não chegam ao cerne da matéria. O coração da matéria está
nos fins, não nos meios:'
Landes conclui com uma exortação que poderia ter saído da boca dos
membros mais conservadores da velha guarda: "Não devemos nos preocu-
par apenas com os processos de adquirir e gastar} com cartas e tabelas e con-
juntos e médias}mas também com pessoas}com empregados e trabalhado-
res} mercadores}industriais e artesãos} com o conhecimento e a ignorância}
a razão e a paixão presentes nos centros decisórios da economia em todos os
níveis". Nem mesmo Bridenbaugh discordaria disso.
A mais comovente confissão de fé perdida}contudo} veio em 1979} feita
por Lawrence Stone, que} embora jamais tivesse sido um seguidor cego
da quantificação} havia partilhado de suas esperanças e adotado seus mé-
todos. "Justam en te os projetos que mais se serviram de recursos} os mais
ambiciosos no armazenamento imenso de dados por verdadeiros exércitos
de pesquisadores assalariados} os mais cientificamente processados pelas
últimas tecnologias da informática} os mais matematicamente sofisticados
na apresentação são exatamente os que depois levaram às maiores frustra-
ções:' Ele lamentava que} vinte anos depois do surgimento da cliometria,
depois de terem sido gastos milhões de dólares} libras e francos} apenas
Pode ser que tenha chegado, para o historiador, o tempo de reafirmar a im-
portância do concreto, do particular e do circunstancial,bem como do mode-
lo teórico genérico e da sensibilidade quanto aos procedimentos; de ser mais
desconfiado da quantificação pela quantificação; de suspeitar de enormes
projetas de cooperação e seus altos custos; de frisar a importância crítica de
uma avaliação estrita da confiabilidade das fontes; de ser) apaixonadamente,
determinado a combinar dados quantitativos e qualitativos e métodos como
HAMERO W 311
o único caminho confiável para que nos aproximemos da verdade relativa a
essa criatura tão estranha e imprevisível que é o homem; e de mostrar uma
apropriada modéstia quanto à validade de nossas descobertas nessa tão di-
fícil das disciplinas.
7 Da vid S. Lan des e Ch arles Tilly (orgs.), History as Social Science. Engl ewood Cliffs:
Prentice-H all, 197 1, pp. 1-2, 74 -75, 91-92, 14 2-4 3.
8 Charl es Tilly, As Sociology Meets History. N ova York: Academic Press, 1981, pp. XII-XlIIi
Lawrence Stone, lhe Past and the Presento Boston : Routledge & K. Paul, 1981, p. xi, Na-
talie Zem on Davis, Societyand Culiure in Early Modern France: Eight Essays. Stanford:
Stan ford Uni versity Press, 1975, pp. XV-XVII [ed. br as.: Culturas do povo: Sociedade e
cultura no início da França moderna - oito ensaios, tr ad. Mariza Correa. Rio de J ane iro:
Paz e T erra, 1990 ].
HAMEROW 319
Os acadêmicos estruturais, analíticos e quantitativos tinham, portanto, t.:
lado até então entre si e com mais ninguém. "Seus achados aparecem em ~
riódicos especializados, ou em publicações de monografias tão caras e aa
tão baixa tiragem (menos de mil exemplares) que têm sido quase inte~
mente compradas pelas bibliotecas." A única forma de interromper esse m0-
vimento em direção ao abismo, como sugeria Stone, era retomar o estilo da
narrativa literária que havia tradicionalmente caracterizado o saber históricn.
A metodologia das ciências sociais, contudo} ainda sofre de outra b-
queza}mais séria do que o esoterismo. Mais do que a quantificação, ela se
pauta por um débil corpo de dados. Os registros históricos que o passado
nos deixa refletem a estrutura oligárquica, autoritária e hierárquica da socie-
dade pré-industrial. Ainda que geralmente de maneira inadequada} eles li-
dam bem mais com classes dominantes do que com subordinadas. Contam-
-nos muito sobre reis e generais, mas pouco sobre camponeses e artesãos.
Concentram-se no comportamento público}não no privado. A aplicação de
técnicas de pesquisa ainda mais sofisticadas a um corpo de evidências ine-
xato e incorreto não consegue corrigir distorções e omissões.
O historiador cientista social ligado às ciências sociais é como o curador
de arte antiga que tenta juntar os pedaços de um mosaico romano a partir de
um punhado de fragmentos dispersos. O resultado pode ser plausível} mas
ele nunca passa de uma reconstrução imaginária. A metodologia empregada
leva a conclusões que são frequentemente engenhosas e persuasivas} po-
dendo até ser válidas. Mas podemos estar certos de que elas representam
uma realidade objetiva e não uma percepção subjetiva? Os fragmentos e in-
formações dispersas sobre a vida das classes baixas na França do século XVI
sustentam claramente a noção de que o charivari em. frente à casa de al-
gum velho viúvo que casara com uma moça fora motivado por um desejo
de demonstrar apoio à falecida esposa} mostrar preocupação com os filhos
do primeiro casamento e, acima de tudo, expressar ressentimento quanto à
imprópria diminuição do grupo de moças aptas ao casamento? Os diários
de Samuel Pepys, Robert Hooke, William Byrd, Sylas Nelville e James Bos-
well são suficientemente representativos para formar uma base sólida para
generalizações a respeito do comportamento sexual de cavalheiros ingleses
durante os séculos XVII e XVIII? Qualquer jornal alemão, na primeira me-
tade do século XIX}mesmo o Augsburger Allgemeine Zeitung - de dezesseis
páginas ou menos, preocupado com diplomacia ou política} indiferente a
9 Isaiah Berlin, "History and lheory: lhe Concept of Scientific History". History and
'Iheory, n. I, v. I, 1960, p. 31j C. Vann Woodward, "History and the lhird Culture". Jour-
nal of Contemporary History, n. 2, v. 3, 1968, pp. 34-35j E. J. Hobsbawm, "From Social
Historyto the History of Socíety", op. cit., pp. 42-43j L. Stone, "lhe Revival ofNarrati-
ve", op. cit., p. 15j Richard Tilly, "Popular Disorders in Nineteenth Century Germany:
A Preliminary Survey". Journal of Social History, n. 1, v. 4, 1970, p. 20.
HAMEROW 321
aprender a aplicar as descobertas da psicologia ao estudo de importantes
personagens do passado. "O historiador psicologista moderno que aceitar
a interpretação de Carlyle relativa à história precisará rever a famosa frase
que diz que 'a história é a biografia coletiva, entendendo que a história é
o registro da 'sublimação coletiva de neuroses e psicoses' de suas grandes
personalidades, dizia ele. "Torna-se} portanto} muito evidente que nós não
podemos de forma alguma escapar à necessidade de aplicar novos mecanis-
mos psicológicos ao estudo das grandes personalidades} pelo menos as dos
tempos modernos} em relação às quais temos um conjunto seguro de evi-
dências para servir-nos de base de investigação:' Podemos não ser capazes
de ir muito além da "fronteira da exploração" na análise do inconsciente de
pessoas que não estão mais vivas} mas sem saber pelo menos um pouco a
respeito de seus complexos básicos nosso entendimento do significado e da
causa de seus pensamentos e ações permaneceria imperfeito.
A maioria dos historiadores} infelizmente} não acreditava que deveria
se preocupar com os problemas de interpretação. Barnes queixava-se} e
mesmo aqueles que o faziam provavelmente seguiriam por um bom tempo
rejeitando surpreendentes inovações como "a psicologia dos instintos} o be-
haviorismo e} principalmente, a nova psicologia dinâmica do inconsciente':
Mas não havia razão para desespero} considerando uma disciplina que avan-
çara de Gregório de Tours, no século VI} a grandes mestres no século xx,
como FrederickJackson Turner}James Harvey Robinson eJames Thomson
Shotwell. "Podemos até mesmo acreditar que daqui a um século o conheci-
mento do ramo da psicologia que Freud e seus seguidores elaboraram será
considerado uma ferramenta tão indispensável ao sucesso do historiador
quanto [um manual de diplomática] é hoje para um estudante de documen-
tos históricos:'
Era claro para Barnes que os novos métodos e paradigmas} derivados da
"moderna psicologia dinâmica", haveriam de ser adotados pela disciplina bio-
gráfica interpretativa caso se tornassem mais do que uma contribuição para
a literatura descritiva. ''A biografia vital deve lidar com as marcas íntimas da
vida privada que revelam os mais profundos complexos da personalidade} e
não pode se limitar a uma apresentação superficial de certas realizações obje-
tivas nem aceitar como válidas expressões de doutrina que poderiam ser so-
mente formas elaboradas de disfarce ou racionalizações secundárias estendi-
das:' Experiências da infância em particular deveriam.receber maior atenção}
10 H arry Elmer Barnes, "Psychology and History: Some Reasons for Predicting Their
More Active Cooperation in the Future". American[ournalojPsychology, v. 30, 1919, pp.
362, 375-76, e "Some Reflections on th e Possible Service of AnalyticaI Psychology to
History". Psychoanalytical Review, v. 8, 1921, p. 27; W. L. Langer, "The N ext Assignment".
American Historical Review, v. 63, 1957-58, pp . 284-87j Hans Meyerhoff "On Psychoa-
naIysis as History". Psychoanoiysis and PsychoanalyticReview, n. 2, v. 49, 1962, p. 4; Bruce
Mazlish (org. ) J "Introductíon", in Psychoanalysis and History. Englewood Cliffs: Prenti-
ce-Hall, 1963, p. 2j H. S. Hughes, HistoryasArt and as Science, op. cit., pp. 47-48.
HA M EROW 329
psicanal ítica na história são poucas e, muitas vezes, especulativas . Algumas
são produto da imaginação poética". Robert G. L. Waite, autor de um es-
tudo psico-histórico sobre Hitler, reclamava de "colegas bem-intencionados
[que] tentavam demonstrar em seus escritos não a complexidade da história,
mas sua aparente simplicidade': Tão sedutora era a psicanálise, "pelo menos
para o recém-convertido amador", que os aspectos intricados do passado
histórico ficaram reduzidos à análise psicológica simplista. "Resumindo,
qualquer historiador sabe quanto material histórico ruim se produziu por
aqueles que são muito entendidos da teoria psicológica, mas pouco da evi-
dência histórica:'
Mesmo Erikson, a estrela dessa escola, declarou que havia usado o termo
"psico-história" apenas entre "aspas tácitas", pois "não gostaria de ser asso-
ciado com tudo que se fez em nome desse termo': Ele havia lido algumas
análises de grandes figuras} como Jefferson, que "tratavam o que essas pes-
soas diziam ou escreviam como se suas frases tivessem sido livres associa-
ções no curso de confissões mais ou menos voluntárias e admissão daquilo
que pacientes fazem no contexto clínico': Simplesmente uma péssima meto-
dologia. A pessoa interior de uma figura histórica, "em toda a sua unicidade
e ainda com seus conflitos e fracassos", tinha de ser vista, bem ou mal, como
protótipo de seu tempo} e preenchendo necessidades específicas na vida da-
queles que seguiam seus caminhos.
Esses fatos levantaram questões problemáticas. Por que a aplicação da
psicanálise à história} que a princípio parecia tão promissora, mostrou-se
tão infrutífera? Por que os psico-historiadores, que procuravam ampliar e
aprofundar o entendimento histórico, acabaram constituindo uma pequena
e isolada corte? O problema parece residir em uma diferença metodológica
básica} entre tratar os sintomas de um paciente com quem o terapeuta pode
interagir e ao qual pode responder, e examinar as ações de uma figura histó-
rica que podem ser estudadas apenas por meio de incompletos e, às vezes,
enganadores documentos materiais.
Oscar Handlin, um crítico perceptivo da nova história, lembrou a distin-
ção crucial entre o psicanalista e o psico-historiador. "O modo fundamental
de análise é indisponível para o historiador", apontou ele. "O paciente não
está lá para responder às questões. O processo de diagnóstico já é difícil para
o terapeuta habilidoso, que pode perguntar e ouvir as respostas, depois passar
por um longo aprendizado e período de análise, e que, mesmo assim, pode
HA M EROW 331
mento entre psicanálise e história. "Muitas dificuldades são encontradas
quando os métodos psicanalíticos são aplicados a qualquer outra disciplina',
ele advertia, "e eles se tornam particularmente problemáticos quando aplica-
dos à história." Olhar para qualquer fenômeno psicanaliticamente significa
investigá-lo do ponto de vista da motivação inconsciente, de fato, a psicaná-
lise era o único método que tornava a investigação do inconsciente possível
Não foi, portanto, surpreendente que, apesar de as disciplinas da psicanálise
e da história terem muito em comum, a aplicação das técnicas psicanalíticas
aos problemas da ~stória tivesse permànecido casual e frequentemente insa-
tisfatória. "Aprincipal razão para isso é que a psicanálise requer a cooperação
de um indivíduo vivo. Os fragmentos da informação factual ou os produtos da
imaginação à disposição do historiador nunca são um substituto para o mate-
rial, tremendamente rico, que é extraído após a psicanálise de um Indivíduo"
Tratava-se basicamente de uma "dificuldade insuperável', ainda que alguns re-
sultados valiosos pudessem ser alcançados se os historiadores se familiarizas-
sem com "certa gesmír tfpica', conhecida e compreendida pelos psicanalistas.
Resumindo, a tensão criativa entre o analista e o analisando, estabelecida
à custa de muito tempo e esforço e que muitas vezes leva à resolução de con-
flitos psicológicos, não pode ser reproduzida na relação do historiador com
seus dados. Incapaz de penetrar o véu de racionalizações e possibilidades
com o qual seu objeto disfarça sua motivação (subjacente), o psico-historia-
dor é muitas vezes forçado a recuar às regras dos manuais e às teorias de sala
de aula. Seus achados não podem ser testados, como na análise clínica, pelo
estado de saúde do paciente. Eles não podem ser refutados ou confirmados,
aprovados ou reprovados. Para serem aceitos, dependem da fé. A psico-his-
tória parece às vezes mais próxima em espírito à especulação metafísica ou à
disputa teológica do que à erudição emp írica,"
12 W. L. Langer, "Foreword", op. cit., p. IX; L. Stone, "The Reviva! of Narrative", op. cit., p. 14;
Rob ert Wae1der, "Psychoana!ysis and History: Application ofPsychoana!ysis to Historio-
graph y", in B. B. Wohnan (org. ), The PsychoanalyticInterpretation oj History, op. cit., p. 3;
Robert G. L. Waite, "Adolf Hitler's Anti-Semitism : A Study in History and Psychoanalysis",
in íd.,ibid., p. 192; ErikH. Eríkson, Dimensions of a New Identity: 'Ihe 1972 Jefferson Lectures
on theHumanities. Nova York: Norton, 1974, pp. 12, 14; O. H andlin, TruthinHisiory, op. cit.,
pp. 273-74; H . E. Bam es, "Psychology and Hístory", op. cít., p. 361; Fritz Schm ídl, "Psychoa-
na!ysis and History". PsychoanalyticQuarter/y, v. 31, 1962, pp . 535-36, 545.
Outros acadêmicos lembram esses anos com menos nostalgia. Mas há,
pelo menos, concordância ampla quanto à entrada da nova história em
um período de retraimento, introspecção defensiva e rigidez. O próprio
Stone admite que "pairam sinais alertando sobre as ameaças de um novo
dogmatismo teórico e de um novo escolasticismo metodológico". Não é
cedo, portanto, para tentar traçar o esboço de uma avaliação dos resulta-
dos da grande transformação que o saber histórico experimentou desde a
Segunda Guerra Mundial.
1958 19 6 8 197 8
História social 6,8 10,4 27,1
História negra 2,1 4,9
L ii graç ão e etnia 1,5 1,9 2,8
História do trabalho 0,4 1,9 3
História urbana 0,4 0,5 2,8
Fonte: Robe rt Damton, "Intellectual and Cultural Histor y", in Michael Kammen (org.), The
Past Before Us: ContemporaryHistorical Writing in the United States. Ithaca: Cornell University
Press, 1980, p. 353.
13 L. Stone, 'Ihe Past and the Present, op. cit., p. XI, e "H istory and Social Sciences in the
Twentieth Century", in Charles F. Delzell (org.), The Future of History, op. cit., p. 40j
Robert Darnton, "lntellectual and Cultural History", in Michael Kammen (org.), The
Past Before Us, op. cit., p. 353; L. Stone, "The Reviva!of Narrative ", op . cit., p. 15.
Publi cado or iginalmente como "The New Hist ory and t he Old", in Theodore S. Hame-
row, Reflect ions on Hist ory and Historian s. Madiso n: The University of Wisconsin
Press, 1987, pp. 162-20 4.Tradu ção de Bru no Gamba rotto.
14 Herbert Heaton, "lhe Economic Impact on Hístory", inJacques Barzun et al., 'lhe Inter-
pretationofHistory. Princ eton: Princeton University Press, 1943, p. 104; Pierre Goubert,
"Local H ístory", Daedalus, n. I, v. 100, 1971, pp . 122-23; C. H. McIlwain, "lhe Historian's
Part in a Changing World". AmericanHistorical Review, n. 2, v. 42, 1937, p. 207; Allan N e-
vins, "Not Capulets, not Montagus". AmericanHistorical Review, n. 2, v. óS, 19óO, P: 270;
L. Stone, "His tory and Social Sciences in the Twentieth Century", in Charles F. Delzell
(org .), 'lhe Futureoj History, op. cit., p. 40; O. Handlin, Truth in History, op. cit., p. 22.
Sobre a história dos Annales, ver Peter Burke, lhe French Historical Revolution: lhe An -
nales SchooI19 29-89. Stanford: Stanford University Press : 1990 Cedobras.: A revolução
francesa da historiografia: A Escola dosAnnales (1929-1989), trad. Odália Nilo. São Paulo :
Unesp, 1991J; também Troian Stoianovich, French Historical Method: lh e Amlales Pa-
radigm. Ithaca: Cornell University Press, 1976.
1 Sobre Bloch, ver a biografia de Carol Fink, Marc Bloch. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1989. Para referência mais recente, ver Ulrich Raulff, Ein Historikerim 2 0.
Jahrhundert: MarcBloch. Frankfurt: S. Fischer, 1995.
.; Ver Lutz Raphael, "His torikerkeon troversen irn Spannugsfeld zwisehen Berufshahitus
Pãcherkonkurrenz und sozialen Deutungsmustern, Lampreeht-Streit und franzõsischer
Methodenstreit der Jahrhundertwende in vergleichender Perspektive". Historiche Zeiis-
chrift, 251,199°, p. 352.
~ François Simiand, "Méthode histo rique et scienees soeiales". Revue de Synthêse Histori-
que, n. 6, 1993, pp. 1-22.
IGGERS 343
Febvre e Bloch construíram os fundamentos intelectuais dos Annales
muito antes da criação da revista. Os livros Phillipe II et la Franche-Comti
(1911), de Febvre, e Os reis taumaturgos (1924) ,s de Marc Bloch, que tratava
das artes mágicas de cura dos reis ingleses e franceses na Idade Média, foram
lançados antes da fundação da revista em 1929J assim como o livro de Febvre
Un Desiin: Martin Luther? Os Annales nunca aprese ntaram uma doutrina
claramente definida. Imitando, em parte, o título da revista Vierteljahrschrift
jür Sozial und Wirtschaftsgeschichte, a mais antiga e respeitada publicação no
campo, os Annales inicialmente receberam o título Annales d'Hisioire Éco-
nomiqueet Sociale, apesar de seus historiadores verem neles, desde o início,
uma proposta bem diferente da Vierteljahrschrift.7 Depois de 1946, o título
foi mudado para Annales: Êconomies, Societés, Civilisations, enfatizando assim
sua natureza interdisciplinar. Para os Annales, a história ocupava um lugar
central nas ciências que lidam com o homem} mas atribuíam a ela um papel
diferente daquele conferido pelo historicismo clássico. Enquanto a história
clássica elevara o Estado ao papel de instituição-chave, à qual eram subordi-
nadas todas as outras áreas da sociedade e da cultura, os Annales aboliram
as fronteiras entre as disciplinas tradicionais e as integraram sob o termo
"ciências do homem" [sciences de l'homme]. Usou-se o plural de propósito,
para enfatizar a pluralidade das ciências. Os Annales, evitando os modelos
dogmáticos do fragmentário Ranke ou os do sistemático Droysen," não for-
mularam nenhuma teoria da história ou da historiografia - nem mesmo no
livro de Bloch Apologia da história, que consiste de anotações feitas no front
5 Marc Bloch, LesRoisthaumaturges. Paris: Gallimard, 1924 [ed, bras.: Osreis taumaturgos:
O carátersobrenatural dopoderrégio, FrançaeInglaterra, trad. Júlia Mainard. São Paulo:
Companhia das Letras,1993J.
6 Lucien Febvre, UnDestin: MartinLuther. Paris: Rieder, 1928.
7 Numa carta ao historiador holandês Johan Huízinga, de 2 de outubro de 1933, Lucien
Febvre diz que os Annales substituíram a Vierteljahrschrift, que se tornou uma publi-
cação muito alemã, com uma visão da história social muito diferente dos Annales. Ver
J.Huizinga. Briefwisseling, v. 2. Utrecht, 1990, p. 484.
S O livro mais recente sobre Droysen em inglês é Robert Southard, Droysen and the Prus-
sian School of History. Lexington: Kentu cky University Press, 1995. O livro concentra-se,
contudo, na relevância política do pensamento de Dro ysen. A melhor discussão de sua
teoria histórica se encontra emJõrn R üsen, Begri.ffenne Geschichte: Genesis und Begriin-
dungderGeschichtssiheorie J. G Droysen. Kõln: Paderborn, 1969.
9 Mare Bloeh, Apologie pour l'histoire ouMétierd'historien. Paris: Armand Colin, 1949. Em
inglês, lhe Historian's Craft, trad. Peter Putnam, Nova York: Vintage Books,1953, p.140
[ed, bras.: ApolOgia da história ou O ofício dehistoriador, trad. André Telles. Rio de Janei-
ro:Jorge Zahar.zoor] .
10 "Anos lecteurs", Annalesd'Histoire Économique et Sociale, n. 1,1929,pp. 1-2.
11 Febvre foi para o College de France e Bloch para a Sorbonne substituindo Henri Hauser
como professor de história econ ôrnica e social.
u Publicado postumamente da mesma forma que La Sociét éféoda/e . Paris: Albin Michel,
1930-40, 2 v. A tradução inglesa foi publicada em Londres, em 1949 [ed, port.: A socieda-
defeudal, 2~ ed ., trad. Liz Silva. Lisboa: Edições 70, 2001].
IGGERS 345
e treinar pesquisadores. Na Quarta Seção, centrada nos estudos históricos}
introduziram-se seminários que seguiam o modelo de Ranke. A Sexta Se-
ção, reorganizada em 1972 e intitulada École des Hautes Études en Sciences
Sociales (EHESS)} tinha o compromisso de integrar a história e as disciplinas
de ciências sociais sob o termo abrangente de "ciên cia do homem" (science
de l'hommei, que incluiria não apenas as tradicionais ciências sociais} tão im-
portantes nos primeiros anos da revista - economia}sociologia e antropolo-
gia -} mas também linguística} semiótica; as ciências da literatura e das artes
e a psicanálise. Graças ao financiamento que a École recebia do Conselho
Nacional de Pesquisa Científica e de fundações norte-americanas}ela foi ca-
paz de exercer influência nas pesquisas na França.
Essa institucionalização teve efeitos conflitantes. Favorecia a pesquisa
interdisciplinar} e} por isso} muitas vezes favorecia também a nova postura
de abertura. A institucionalização tornou possível o trabalho coordenado}
e surgiram vários projetos que} cada vez mais, faziam uso de novas ferra-
mentas tecnológicas de processamento de dados. Assim} nos anos 1960 e
1970} aconteceram, nos Annales, as grandes sínteses de Fernand Braudel,
Pierre Goubert, Jacques Le Goff, Georges Duby, Emmanuel Le Roy La-
durie e Robert Mandrou. Em compensação} havia artigos muito especia-
lizados) escritos num jargão incompreensível para quem não participasse
daquele universo.
À despeito da grande variedade de abordagens metodológicas e concei-
tuais no presente) há cerca de oitenta anos) quando da publicação do livro de
Lucien Febvre sobre o Franco-Condado (1911») as obras dos historiadores
dos Annales possuem muito em comum, Para ilustrar isso) vamos analisar
brevemente vários dos trabalhos importantes que foram publicados entre
1911 e os anos 1980. Febvre, Philippe II et La Franche-Comté (1911)j Bloch,
A sociedade feudal (1939-40) j 13 Febvre, O problema da incredulidade no sé-
culo XVI: A religião de Rabelais (1942) j14 Fernand Braudel, O Mediterrâneo e o
13 Id., ibid. Em inglês, Feudal Society. Londres/ Chicago: University ofChicago Press, 1961.
14 LeProblême del'incroyance au XVI' siêcle: La religion deRabelais. Paris: Albin Michel, 1942
( 2~ ed. rev., 1947) [ed. bras.: O problema da incredulidade no século XVI : A religião deRa-
belais, trad . Maria Lucia Machado. São Paulo : Companhia das Letras, 2009].
15 La M éditerran ée et le monde méditerranéen à l' époque dePhilippe II. Paris: Arm and Colin,
1949 [ed, bras.: O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. São Paulo:
Martins Fontes, 1984].
16 LesPaysans du Languedoc. Paris: SEV PEN, 1966, 2 v.
17 Montaillou, vil/age occitan. Paris: Gallimard, 1975 [ed, br as.: Montail/ou, povoado occitâni-
co: 1294-1324, trad. Maria Lucia Ma chado. São Paulo: Companhia das Letra s, 1997] .
18 Femand Braudel, Civilisation mat ériel, économie ei capiialisme. Paris: Armand Colin,
1979-8 7, 3 v. Em inglês, Civilizat ion and Capitalism. Berkeley: University of Califomia
Press, 1992 [ed. bras. : Civilização material, economia e capitalismo - séculos XV- XVIII. São
Paulo: Martins Fontes, 1995-96 , 3v.].
19 L'ldentit éde laFrance. Paris : Plammarion, 1986-8 7, 3 v. [ed . bras.: A identidadeda França,
2~ ed., trad. Lygia Araujo Watanabe. São Paulo: Globo , 1991].
\ IGGERS 347
geográfico quase atemporal da região mediterrânica e sua estrutura social e
econômica que mudava lentamente. Os indivíduos reaparecem na pequ ena
aldeia de heréticos do início do século XIV, Montaillou, descrita por Le Ro
Ladurie. Aqui, eles são o foco de uma incursão pela antropologia históri
onde uma série de narrativas retrata homens e mulheres enraizados numa
antiquíssima cultura popular.
Como já foi dito, os historiadores dos Annales introduziram um novo
conce ito de tempo histórico. Seus estudos, incluindo Philippe II et La Pran-
che-Comté e O problema da incredulidade tIO século ..\."VI: A religião de Rabelais,
ambos de Febvre, A sociedadefeudal, de B1och, o livro de Braudel sobre o
Mediterrâneo e Montaillou, de Ladurie, estão mais intere ssados em produzir
o retrato de uma cultura ou de uma época, independe nte do fluxo histór ic
do que em relatar um processo de mudança ao longo dos anos. Os histor ia-
dores de quem falamo s praticamente abandonaram a ideia de uma hi t ó-
ria linear, direcional , típica de grande parte do pensamento histórico desde
o período descrito por Reinhart Koselleck como a transição entre as eras
pré -moderna e moderna, que ocorreu entre 1750 e 1850.20 Michel Foucault
considera que a ideia de uma única narrativa histórica seja uma invenção
da modernidade, que já acabou. A maioria dos historiadores dos Annales
concordaria. No lugar de um só tempo histórico, veem uma pluralidade de
tempos que coexistem, não apenas em civilizações diversas como no inte-
rior de cada civilização. Essa ideia é desenvolvida de forma mais clara na
estrutura do livro de Braudel sobre o Med iterrâneo, qu e diferencia entre
três tempos, cada um com sua própria velocidade: o tempo qua se parado
do Mediterrâneo enquanto espaço geográfico (longu e durée), o tempo lento
das mudanças nas estruturas econ ôrnicas e sociais (conjonctures) e o temp o
acelerado de evento s políticos (événements). Baseado nisso,Jacques Le Goff
escreveu seu clássico ensaio "Merchant's Time and Church's Time in th e
Middle Ages':"
20 Ver Reinhart Koselleck, Futures Past: 0 11 the Semalltics of H istorica/ Tim e. Cambridge
( MA): MIT Press, 1985.
21 Reimpresso em]acques Le C off T ime, Work and Culture ill the Midd/e Ages. Chica -
go: Chicago Uni versity Pre ss, 1980 [ed. oríg .: Pour tlll autre Moyen Âge. Pa ris: Galli-
m ard ,1 978].
11 Por exemplo, Pierre Goubert, Beauvais et le Beauvaisis de 1600 à 1730. Paris: SEVPEN,
1960 ; René Baehrel, Une Croissance: La Basse-Provence rurale. Paris: EHESS, 1961, e Ladu-
rie, Paysans du Languedoc, op. cito
23 F. Braudel, Siructuresof Everyday Life: TheLimits of Possible. Londres: Collins, 1981 [ed.
bras.: Civilização material, economia e capitalismo - séculos XV-XVIll, v. I, As estruturas do
cotidiano. São Paulo : Martins Fontes, 1995]. O livro é uma versão do primeiro volum e
de Civilization and Capitalismo
IGGERS 349
reram no pensamento histórico durante o século xx, mas deram a elas um
cunho próprio. Como eles exerceram grande influência sobre a escrita
histórica no mundo todo no século xx, acabaram também contribuindo
para mudanças na perspectiva histórica. Podemos) talvez} identificar qur
tro fases na historiografia dos Annales que refletem as quatro gerações de
historiadores desde os primeiros trabalhos de Febvre, mas não se pode es-
quecer que cada geração}por sua vez} sofreu alterações em sua visão} alte-
rações essas que refletem mudanças no ambiente intelectual no qual traba-
lhavam. Assim} os primeiros trabalhos de Febvre têm semelhanças com os
trabalhos de historiadores franceses e alemães que tentavam escrever uma
história social e econôrnica integrada de uma região geográfica e histórica
sem ignorar os aspectos políticos. A geografia é um segmento importante
da historiografia dos Annales) mas aparece sempre como uma "geografia hu-
mana', ciente da interação entre a cultura e o espaço físico. Por exemplo,
em L'Histoire rurale française (1931)24 - no qual Bloch reconstrói o modo
como a terra era utilizada na Idade Média e analisa as consequências cul-
turais resultantes desse uso) que ficam evidentes em fotografias aéreas -) o
autor inicia a tradição de interesse por fatores materiais. É notável em mui-
tos trabalhos dos Annales a grande atenção dada aos fenômenos religiosos,
vistos por um olhar antropológico como parte de uma mentalidade coletiva.
O empenho em entender os pensadores religiosos da virada da moderni-
dade é especialmente evidente na preocupação de Febvre com as crenças
de Lutero e com a suposta descrença de Rabelais. A tradição da antropolo-
gia cultural francesa ) de Marcel Mauss e Lévy-Bruhl a L évi-Strauss, adqui-
riu função cada vez mais importante no pensamento de Febvre, assim como
a abordagem linguística e semiótica. Para Febvre, a questão da descrença
no século XVI não é primordialmente relacionada às ideias que Rabelais e
outros articulavam. Ela é} na verdade} uma das "ferramentas mentais" com
as quais eles trabalhavam) da qual a linguagem é a principal. Este estudo)
portanto) possui aspectos arqueológicos. A linguagem) nessa visão) é menos
uma criação consciente de homens e mulheres que a falam do que um sis-
tema interligado de significados dentro do qual cada geração nasce) e que
molda seus processos mentais.
24 M arc B1och, Les Caracteresoriginaux de I'IJistoire ruralefrançaise. Paris: Armand Co lin, 19 31.
25 Id., "lhe Advent and Triumph of the Watermill", in Land and Work in Medieval Europe:
SelectedPapeis. Berkeley: University of California Press, 1967.
26 Ernest Labrousse, Histoire économique et sociale de la France. Paris: PUF, 1970-80, 4 v.
IGGERS 351
xima daquela praticada por economistas políticos clássicos do que da eSCllia 1
alemã, mas sem a fé que esses economistas têm na persistência e desejai»-
dade do crescimento. I
Nos anos 1960, o fascínio por quantificações, que marcava as ciências s0-
ciais, também atingiu os Annales. Cada vez mais, eles queriam ser cientistas,
Muitas vezes, chamavam seus centros de pesquisa de laboratórios, e falavam
da história como uma ciência - uma ciência social, sem dúvida, mas ainda . .
sim uma ciência, que devia trabalhar quantitativamente se pretendia de fato
ser considerada científica," Nos anos 1960, boa parte dos estudos de história
social na França fundamentava-se na quantificação, como os estudos demo-
gráficos já citados, que, baseados em um grande volume de dados, buscavam
apresentar uma "história total" (histoire totale) de uma região. Esses estudos
abordam questões mais amplas sobre a sexualidade, analisando dados esta-
tísticos gerados a partir de arquivos paroquiais sobre comportamento rege-
nerativo. Talvez o estudo quantitativo mais ambicioso dos anos 1960 seja
Les Paysans du Languedoc (1966), de Le Roy Ladurie. Por longos trechos, o
livro é uma "história sem pessoas",28 uma análise estatística da relação entre
longos ciclos de crescimento populacional e preços dos alimentos, alimen-
tada por pressuposições malthusianas. Ladurie lançou o livro no mesmo ano
em que publicou sua história do clima desde o ano 1000,29 para o qual ele
estudou os anéis dos troncos das árvores, também demonstrando sua prefe-
rência por dados concretos.
Mas Les Paysans du Languedoc paradoxalmente também representou um
desvio da "história sem pessoas " - um termo inventado de Le Roy Ladurie -
e seguiu em direção a uma nova história da consciência. A história da cons-
ciência sempre foi importante para os Annales. A sociedade feudal também
foi, numa versão mais simples, uma história da consciência, na qual Bloch
analisou um sistema social e as atitudes e pontos de vista pelos quais esse
27 Ver Emmanuel Le Roy Ladurie, 'Ihe Territory of the Historian . Chic ago: University
of Chicago Press, 1979 [ed. orig.: Le Territoire de Yhistorien. Paris : Gallimard, 1973) ;
François Furet, "Quantitative History", in Felix Gilbert (org.), Historical Siudies Today.
Nova York: Norton, 1972; Pierre Chaunu, Histoire quantitative, histoire s érielle. Paris :
Colin, 1978.
28 E. Le Roy Ladurie, op. cit., p. 285.
29 Id., Histoire du climat. Paris: Flammarion, 1967.
30 Philippe Afies, L'Enfant et la viefamiliale sous I'ancienrégime. Paris: Plon, 1960. Em inglês,
Centuries of Childhood. Nova York: 1965.
31 Id., L'Homme devant la morto Paris: Seuil, 1977. Em inglês, The Hour of Our Death. Lon-
dres: Vintage Books, 1981.
32 Robert Mandrou, Magistrats et sorciers en Francedu XII' siêde. Paris: Plon, 1968j Les Fug-
gers, propriétairesfonciers en Souabe 1500-1618, Étude de comportementssocio-économique
à lafin du XVI' siécle. Paris: Plon, 1968.
33 Jacques Le Goff, Time, Work and Culture in the Middle Ages, op. cit., The Birth ofPurga-
tol)'. Londres! Chicago: lhe University of Chicago Press, 1984 [ed. orig.: La Naissance
du purgatoire. Paris: Gallimard, 1981].
34 Por exemplo, Georges Duby, The Knight, the Lady and the Priest: TheMaking ofModern
Marriage in Medieval France. Chicago: University of Chicago Press, 1993j The ThreeOr-
dersoj Feudal SocietyImagined. Chicago: University ofChicago Press, 1982. Sobre a bata-
lha de Bouvines e seu papel na memória histórica da França, ver The Legend ofBouvines.
Berkeley: University of Califomia Press, 1990.
35 Ver Pierre Chaunu, La Mort à Paris aux XVI', XVII' et XVII' siicles. Paris: Fayard, 1978; e
"Hístoíre quantitative ou histoire sérielle". CahiersVilfredo Pareto. Genebra: Droz, 1964.
36 Michel Vovelle, Piété baroqueet déchristianisation. Attitudes provençales devant la mort au
siécle des Lumiêres. Paris: Plon, 1973; e também Idéologies et mentalités. Paris: Maspero,
1982 Em inglês, Ideologies and Mentalities. Chicago: University of Chicago Press, 1990.
IGGERS 353
historiadores do s Annales não ap ontaram no vo s caminhos, ma s se fizerac
presentes no que se tornara um m ovimento forte nas pe squisas de hi st óri
-ci ên cia social. A qu antificação não foi fruto dos Allnales, ma s tinha U iT
base firme na s tradições, com ênfa se nos fundamentos m ateriais da cult ura
Contudo, essas me sm as trad içõe s, nas suas ab ordagens ant ropológicas, tan
bém apontavam em direção a uma hi stória da consciên cia) que era aberta 1
questõe s existenciais e exp erienciais da vida . Les Paysans du Languedoc i-e
um livro representativo do uso de modelo s teóricos na hi stória quantitativa,
M as ao me smo tempo co ntém uma reconstrução narrativa muito dramáti -,~
do ma ssacre de católicos na s m ãos d e protestantes no Carnaval de Rorn an
em 1580 , que o autor explica, em parte, como o resulta do de p ressõe s de-
mográficas e econ óm icas que se deram entre uma classe de burgueses P [(~
te stantes e as classe s de camponeses e artífices empob recidos. Mas a lut..
em si foi feita de açõ es simbó licas agressivas, repl eta s de insinuações sexuais
que só poderiam ser compreendidas por meio da psican álise. Ne sse case
demografia e econ om ia foram subs tituídas, ou ao menos reforçadas, pel a s:"-
miótica e pela psicologia profunda. A demanda por uma história que desse
conta das expe riências existenciais de seres humanos, e a atitude crítica 2.
uma abo rdagem de hi stória-ciência social, qu e se concentrava em estruturas
e processo s) expressou -se na descoberta pelos hi storiadore s do s Annoles da
história do cotidiano. Nove anos depois de Les Paysans du Languedoc, Le
Roy Ladurie escreveu Montaillou [197SJ, que trata de uma pequena ald eia
no sul da Fran ça, cujos habitantes foram investigados pel a Inquisição, no sé-
culo XIV, por suspeita de heresia. Por meio de depoimentos dos camponeses,
o autor tenta reconstruir os detalhes mais íntimos e particulares da vida e do
pensamento de pe ssoas comuns.
A terceira geração de hi storiadores do s A nnales já est á aposentada ou
quase, tendo viv id o o entusiasmo geral pela ciência so cial quantitati va
incontestável e, então, como no caso de Ladurie, adotado a antropol ogia
hi stórica. Na quarta gera ção, que inclui Jacques Revel, André Burguiere e
Bernard Lepetit, diluiu-se a ideia de uma ori entação esp ecífica para os A n-
nales, e sua h istoriografia agora está seguind o caminhos variad os. Indica-
tivo das mudanças que estão ocorrendo nos Ann ales é a mudança de seu
sub título de Économies, Soci ét és, Civilisaiions para Histoire, Sciences Sociales.
Q sub título anterior enfatizava todos os intere sses, ma s refletia a tendência
contra a hi stóri a política. Essa tendência também incluía uma preferência
354 F RA N ÇA OS ANN AL f S
por estudar sociedades mais simples, pré-modernas) que) em comparação
às sociedade s mai s complexas) industriais e p ós-industriais) facilit avam a
aplicação dos m étodos etnológicos.
Na verda de, os A nnales já foram até mesmo criticados por não saber lidar
com a Era Moderna. De fato a histo riografia do s A nnales se concentra na
Idade Média e no Antigo Regime) mas o grupo nunca ignorou por completo
a Era M oderna, No s ano s 1930) discuti ram os problemas da sociedade indus-
trial moderna nas cidades grandes) tanto no mundo desenvolvido qu anto
no s países que na época eram col ónias." Vários artigos discutem fascismo)
bolchevismo e o New Deal, mas para grand e surpresa nenhum tr ata do na-
zism o. L'Étrange défait e foi uma reconciliação importantíssima com a Ter-
ceira República. Muitos estudos import antes sobre a socieda de franc esa
do século X IX sur giram nos an os 19 50 e 19 6 0 , incluindo La Bourgeoisie pari-
sienne de 1815-1848/ de Adeline Daumard, Cr édit lyonnais de 1863 à 1882,39 de
Jean Bouvier, Les Bourgeois conquérants,4 0 de Charles Moraz é, e Classes labou-
rieuses ei classes dangéreuses à Paris pendantla premiére moitiédu X l xe" iC si écle;"
de Louis Chevalier, este último publicado fora do grupo dos Annales. A pri-
mazia das categorias econômica e sociológica nesses livros foi totalmente
substituída pelas preocupações antropológicas de Maurice Agulhorr" e
Mona OZOU( 4J que examin aram as tradi ções republicanas por meio de seus
símb olos. Dur ante várias décad as, Marc Ferro con centrou sua atenção no
IGGERS 355
século xx, estudando a Primeira Guerra Mundial" e a Rússia bolchevique.s
Desde a metade dos anos 1970, François Furet vem se dedicando a fazer uma
história da Revolução Francesa que rejeita as categorias marxistas de classe
e dá destaque à política, ideias e cultura."
O que se mantém distintivo nos escritos dos Annales no que diz respeito
aos estudos sobre o mundo moderno e contemporâneo é a dedicação à coi-
tura e a símbolos para compreender as tradições políticas modernas, como
nos volumes de Les Líeux des mémoíres (1984-86)/7 um trabalho coletivo
sobre os símbolos, monumentos e santuários da modema consciência na-
cional francesa. Apesar de os Annales serem um movimento profundamente
enraizado nas tradições acadêmicas francesas, talvez nenhum outro movi-
mento acadêmico no século xx tenha tido tamanho impacto internacional
ao servir de modelo para novos caminhos na investigação histórica da cul-
tura e da sociedade. Sua influência se estendeu até mesmo aos países socia-
listas, onde os historiadores perceberam que os métodos dos Annales pro-
porcionavam acesso mais aberto à cultura material e aos fatos do dia a dia
do que o marxismo dogmático. Por isso surgiram livros na União Sovética
como Categoríes ofMedíeval Culture." escrito em 1971 por Aaron Gurevich.
O livro evita a linguagem e o esquema marxistas da história e se constrói a
partir da tradição de Marc Bloch. Gurevich não foi o único: nos anos 1980,
um pequeno mas significativo grupo de historiadores inspirados nos Anna-
les começou a se formar na União Soviética. Na Polônia, onde os livros bá-
sicos de Bloch, Febvre e Braudel começaram a ser publicados nos anos 1970,
o impacto dos Annales foi ainda maior," Por sua vez, os Annales publicaram
trabalhos dos mais importantes historiadores econômicos e sociais da Polô-
44 Marc Ferro, La GrandeGuérre 1914-1918. Paris: 1969 [ed. port.: Agrande guerra: 1914-1918,
trad. Stella Lourenço. Lisboa: Edições 70, 1990]'
4S Id., La Révolution russe de 1917. Paris: Flammarion, 1967 [ed. bras.: A revoluçãorussa de
1917, trad. Maria P. V. Resende. São Paulo: Perspectiva, 1974].
46 François Furet, Penser la révolution française. Paris: Gallimard, 1978. Em inglês, Interpre-
tingthe FrenchRevolution. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.
47 Pierre Nora (org.), Les Lieux desmémoires. Paris: Gallimard, 1986.
48 Aaron Gurevich, Categories of Medieval Culture. Londres: Routledge, 1985.
49 Ver Georg G. Iggers, New Directions in European Historiography. Middleton: Wesleyan,
1984, pp . 138-42.
356 F RA N ÇA ; OS A N NA L ES
Dia. o que sem dúvida contribuiu para sua influência foi o fato de que, por
um lado, os historiadores dos Annales estavam comprometidos a ter o que
entendiam como uma abordagem científica ao passado histórico, e, por ou-
tro, trabalhavam com concepções de história e de sociedade que eram muito
mais amplas e abertas do que a visão de outra historiografia norteada pelas
ciências sociais no Ocidente, ou o marxismo oficial no Oriente.
A complexidade e o pluralismo de suas abordagens, contudo, também
gerou sérias contradições na sua temática. Assim, como vimos, especial-
mente nas três décadas que se seguiram à Segunda GuerraMundíal, muitos
historiadores dos Annales ficaram fascinados pelas abordagens das ciências
sociais, que prometiam um conhecimento seguro e objetivo. A importância
que Braudel atribui a estruturas resistentes e às bases materiais da cultura
não estava a salvo do cientificismo, Por outro lado, como também vimos,
havia uma tradição firmemente representada por Bloch, Febvre até Le Goff
e Duby, que se baseava fortemente em fontes como arte, folclore e hábitos,
e portanto encorajava modos de pensar mais sutis e qualitativos. Os traba-
lhos desses historiadores ajudaram a diminuir a distância entre história e
literatura. Sua forte abordagem antropológica contribuiu para evitar que as
principais correntes historiográficas dos Annales sucumbissem ao cientifi-
cismo típico de boa parte do pensamento das ciências sociais. Ao longo de
sua história, os Annales se mantiveram notavelmente livres da confiança ex-
cessiva na superioridade da civilização ocidental e sua construção com base
na ciência e tecnologia, e livres também dos conceitos de modernização tão
importantes para a teoria das ciências sociais. Ao contrário, se concentra-
ram intensamente no mundo pré-moderno. Talvez isso ajude a explicar o
interesse repentino nos Annales, depois dos anos 1970, por parte do resto do
mundo, dado o momento de questionamento das principais pressuposições
da história-ciência social.
Nos últimos anos} ouve-se com frequência que estamos vivendo uma era
pó, -his t órica, que a história}tal como a conhecemos, chegou ao fim,' O que
e quer dizer com isso não é}obviamente}que o tempo parou, mas que não
é mais possível criar uma grande narrativa que dê coerência e sentido à his-
tória. Vem sendo questionada a ideia central da fé judaico-cristã, desde a
antiguidade bíblica} de que a história tem uma direção e fins transmundanos.
O Iluminismo secularizou essa fé} e inseriu o eschaton histórico dentro do
próprio processo da história humana. Celebrou a civilização do Ocidente
moderno como o ponto alto} e quase a realização de uma ordem social dese-
jável} em que a liberdade humana e a cultura seriam garantidas. Mais recen-
temente} Francis Fukuyama reiterou essa crença otimista.'
O século XIX foi o ápice da fé nos benefícios do desenvolvimento his-
tórico} mas ao mesmo tempo marcou o início de uma incerteza profunda
sobre a qualidade da cultura moderna. As primeiras vozes críticas a se pro-
Ver Lutz N iethammer, Posthistoire: Has H istory Come to an End] Lond res: Verso Books,
199 2 .
2 Francis Fukuyama, TIlC End 01 H istory and ihe Last 1111all. Nova York: Free Press, 19 9 2.
IGGERS 359
nunciar vinham daqueles que suspeitavam das próprias noções de racions.
lidade científica, de progresso técnico, de direitos humanos, tão altamente
valorizada pela civilização do século XIX. Eram não só pensadores nostâ-
gicos de um mundo pré-moderno, pré-industrial, mas também aqueles qor
queriam ir além desse mundo. Essa crítica, muitas vezes antidemocrática, se
voltava contra a visão de um mundo no qual o Iluminismo libertaria 1»-
mens e mulheres da maldição antiquíssima da subordinação, da pobreza e
da violência. O que perturbava Kierkegaard, Nietzsche, Burckhardt, Dos-
toiévski e Baudelaire era menos a violência e a injustiça inerentes ao mundo
europeu moderno, que tanto perturbara outros pensadores como Alexandre
Herzen, do que o que sentiam ser a vulgarização dos valores no processo de
massificação e o declínio do heroísmo que a acompanhava. Às vésperas das
revoluções de 1848, Kierkegaard lamentou que o homem tivesse perdido a
capacidade para a violência heroica.' Elites antiquadas haviam sido elimi-
nadas em meio às transformações políticas e sociais que criaram o mundo
dos negócios do século XIX, supostamente sem que novas elites cultural-
mente criativas as substituíssem. Um grupo cada vez maior de pensadores
via a ciência e a tecnologia como as consequências finais de um processo
de racionalização que destruía os elementos míticos e poéticos que davam
sentido à vida, processo que agora confrontava o homem com o nada e o ab-
surdo da existência. Procedendo desse pessimismo com relação à civilização
moderna, o pensamento histórico seguiu em duas direções contraditórias:
uma era conscientemente elitista e antidemocr ática; seus representantes tar-
dios, tais como Ernst ]ünger e Carl Schmitt, fantasiariam sobre a renovação
de uma comunidade nacional (Volksgemeinschaft) num mundo de guerra
tecnológica e de violência. A outra incluía pensadores que vieram depois
de 1945, que sem dúvida rejeitavam essa atitude elitista, mas que utilizaram
muitos dos argumentos contra a ciência e a tecnologia como parte de suas
críticas ao capitalismo. Eram pensadores que viam na ciência e na tecnologia
instrumentos para a destruição de um mundo humanitário.
Nesse processo, perderam credibilidade ideias de importância crucial
para a concepção moderna de história. A leitura da história que emergiu
no século XVIII e se tornou dominante no século XIX se baseava em várias
3 Seren Aahye Kierkegaard, lhe Present Age. Nova York: Harper Torchhooks, 1962.
+ J. G. Dro ysen, Outlineof the PrincipiesofHistory. Boston : Boston, Ginn & Co., 1893.
5 Oswald Spengler, TheDecline of the West. Nova York: Knopf, 1926-28, 2 v.
6 Arnold Toynbee, A Study Df History. Nova York /Londres: Oxford University Pre ss,
1947-57,10 v. [ed, bras.: Um estudo da história, trad. Isa Silveira Leal e Miroel Silveira,
2~ ed. Brasília/São Paulo: uxa/Martíns Fontes, 1987] .
7 Ver Eric Wolf, Europe and the Peoplewithout History. Berkeley: University of California
Press, 1982.
IGGERS 361
há agora um pluralis m o de narrativas qu e tocam exp eriências existenci ais Ó ~
vida de muitos grupos diferentes.
Emb ora este livro argume nte a favor da legitimidade da mi cr o-hist óri ~
também m ostrou com o ela nunca pôd e escap ar ao fun cionamento de estru-
turas ma iores e transformações em que essa história se situa. Como vim os
qu ase todo s os micro -historiadore s se confro ntara m com processos de mo -
dernização por causa do seu impacto no s pequen os grupos sociais aos qu ais
esses histo riadores se dedicaram. O conceito de modernização perdeu seu,
aspectos normativos, mas ainda assim continua a denotar processos que são
op erativos no mundo moderno. O historiador é ciente do quanto a mod er-
nização nã o é um processo unitário) mas sim que se expressa de maneira
diferente em contextos sociais com tradiçõe s culturais diversas. No melhor
dos caso s) a modernização se torna um tipo id eal por m eio do qu al mudan-
ças concreta s podem ser comparadas a condições concret as. Co ntudo, o
estad o atual de consc iênc ia histórica, longe de ter dad o "fim" à história, ge-
rou uma sofisti cação cada vez maior, em que tanto o contexto m ais amplo
quanto as diversidades individuais têm o seu lugar.
8 Ver Peter Novick, That Noble Dream. Cambridge: Camb ridge University Press, 1988_
9 Natalie Davis, TheReturn ofMartin Guerre. Cambridge (MA): Harvard University Press,
1983 [ed, bras.: Retorno deMartin Guerre, trad . Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1987].
10 Ver a apresentação de Hans Kellner, ainda não publicada, no Congresso de Ciências
Históricas, em Montreal, em 1995. Ver também seu livro Language and Hisiorical Repte-
sentation: Gettingthe Story Crooked. Madison: University ofWisconsin Press, 1989.
11 F. A. Ankersmit, "Historicism: An attempt at Synthesis". Historyand Theory, n. 34, 1995,
p.lSS ·
IGGERS 363
pode almejar nada mais que a plausibilidade." A plausibilidade não se ba-
seia na invenção arbitrária de um relato histórico, mas envolve estratégias
racionais para determinar o que, de fato, é plausível. Ela presume que a
narrativa histórica relata uma realidade histórica, não importa o quão com-
plexo e indireto seja o processo por meio do qual o historiador se aproxima
dessa realidade. Assim, embora muitos historiadores tenham levado a sério
linguística, semiótica e teoria literária, na prática, eles não aceitaram a ideia
de que os textos com os quais trabalham não têm nenhuma referência com
a realidade. Certamente todo relato histórico é uma construção, mas uma
construção que vem do diálogo entre o historiador e o passado, que não
acontece num vácuo, mas dentro de uma comunidade de mentes inquisití-
vas que compartilham os critérios da plausibilidade.
IGGERS 365
o caminho do iluminismo até Auschwitz foi infinitamente mais com-
plexo do que Adorno ou Foucault fizeram parecer, e também deve muito
ao antimodernismo daqueles que eram contrários a ele. A história desse
século nos ensinou muito sobre a ambiguidade das concepções iluminis-
tas de direitos humanos e racionalidade. O pensamento pós-moderno con-
tribuiu muito para discussões históricas contemporâneas ao nos advertir
sobre a utopia e os conceitos de progresso. Isso devia nos levar, entretanto,
não a abandonar ou repudiar a herança iluminista, mas a examiná-la criti-
camente. Essa também tem sido a intenção por trás da nova história social
e cultural examinada neste livro. A alternativa ao iluminismo, mesmo mo-
derado, é a barbárie.
Pub licado or iginalment e como "Concl ud ing Rema rks", in Georg G. Iggers, Historio -
graphy in th e Twent ieth Century: From Scient ific Object ivity to t he Post modern Chel-
lenge [1993]. Hanover (NH) : Universit y of New England, 1997, pp. 141- 47. Traduç ão
de Luiza Mel lo Franco.
Charles V. Langlois e Charles Scignobos, Introduction to the Study of History [1É!98], trad.
G. G. Berry, Londres: Cass, 1966 [ed. bras.: Introdução aos estudos históricos, trad. Laerte
A. Morais. São Paulo: Renascença, 1946].
BREISACH 369
nal e muito menos inflamado do que Febvre, cuja natureza passional nunca
se adequou aos moldes teóricos: era da opinião de que "falando em termos
gerais [ ... ] não é uma boa coisa para o historiador refletir muito sobre a
história. Sempre que o faz} seu trabalho empaca. E o filósofo (cujo trabalho,
a bem da verdade, é esse) cruza os braços. Isso faz que dois homem não
trabalhem'" Mas a praticidade do livro de Bloch o impressionou: "Este livro
é um sistema da história? Nem um pouco. Ele consiste em reflexões pseu-
dofilosóficas sobre a história? Não. Ele corrige conceitos falsos e obsoletos?
Talvez. Este livro é, acima de tudo, uma revisão crítica de modos incorretos
de pensar e praticar a hist ória'" Assim, havia um número considerável de
ingredientes teóricos na historiografia dos Annales, mas poucos livros sobre
teoria. Em seu Apologia da história,8 Bloch percebeu a teoricamente com-
plexa tarefa que os annalistes deveriam enfrentar, quando afirmou que os
historiadores precisavam ir além dos documentos escritos e orais, os quais
falavam apenas das intenções dos indivíduos, e utilizar um amplo conjunto
de fontes, possibilitando aos historiadores o entendimento de fatos sociais
passados, tal como as instituições.
Mesmo antes de 1945, os trabalhos de Febvre e Bloch anunciaram mui-
tos dos temas tratados posteriormente pela Escola dos Annales. Febvre
demonstrou uma aproximação da história total em Philippe II et la Pranche-
-Comté (1911), o valor do aspecto geográfico em seu La Terre et l'évolution
humaine (1922) e a importância das explicações psicológicas em Un Desiin:
Martin Luther (1928) e O problema da incredulidade no século XVI (1982).9
Bloch explorou a crença medieval no poder de cura do toque real no caso
da escrófula ( Os reis taumaturgos, 1924), mas, acima de tudo, lidou de modo
10 M. Bloch , Les Rois thaumaturg es. Estrasburgo /Londres /Nova York: Istra /H. Mil-
ford/ Oxford University Press, 19 2 4 [ed, bras.: Os reis taumaturgos: O carátersobrena-
tural do poder régio, França e Inglaterra, trad .Júlia Maina rd. São Paulo: Companhia das
Letras, 1993J; La Sociétéf éodale. Paris: Albin Michel, 1939 [ed . port.: A sociedadefeudal,
2~ ed., trad. Liz Silva. Lisboa: Edições 7 0 , 2 001 ].
BREISACH 371
arranjo escolhido; uma permuta das partes segundo muitos arranjos possí-
veis. Ele representava o código que governava o pensamento e as ações do
grupo. Ninguém sabia por que aquele código específico tinha sido escolhido
entre muitos. Kant ainda pensava que suas categorias para o entendimento
dos fenômenos formavam um código válido para todos os seres humanos.
Mas ele vivera no mundo da física de Newton: cujas certezas há muito ti-
nham sido abandonadas. Não obstante) era verdadeiro que o código prece-
desse suas manifestações; as pessoas não escolhiam seus códigos livremente.
Do mesmo modo) os franceses estruturalistas) influenciados pela semiología
e sua interpretação da vida como comunicação) afirmavam: o código pre-
cede a mensagem.
L évi-Strauss transferiu os teoremas estruturalistas a uma disciplina que
nos ano s recentes adquiriu um relacionamento especial com a história: a
antropologia. Para ele) a vida social de um grupo era moldada por trocas
governadas pelo código especial do grupo; este) por sua vez) estava ligado
ao código universal de toda a vida humana) que estava ancorado 'em uma
natureza humana comum (fig. 1).
Neste esquema) os seres humanos desapareceram como ateres, de-
cidindo e decisivos. Toda a pesquisa estava agora dirigida à finalidade de
descobrir as estruturas intemporais) invisíveis e impessoais - as chaves do
comportamento humano. A estrutura do mundo humano tanto quanto o
objetivo da pesquisa tomavam-se a-históricos. A busca das estruturas invi-
síveis poderia ser mais bem conduzida pela análise de suas manifestações
específicas) sem recurso aos registros comumente incompletos do passado.
Não havia problema em rejeitar o passado) pois os estruturalistas recusavam
as explicações genéticas) ou seja) negavam as manifestações passadas das es-
truturas que moldavam as do presente. Todas as mudanças ocorreriam se-
gundo as próprias regras de transformação do sistema. Assim, a condição
humana não poderia mais ser estudada diacronicarnente, ou seja, pelo re-
conhecimento da importância da sucessão temporal. Os estudos históricos
seriam substituídos pela análise sincrônica no presente.
Pode-se dizer que os historiadores dos Annales encontraram em sua afirma-
ção dos vários ritmos de mudança uma solução mais adequada ao problema
perene de ter de conciliar mudança e continuidade do que os estruturalistas,
com sua solução intrinsecamente estática, na qual a mudança continuava
sendo uma área negligenciável dos fenômenos) talvez apenas um desconforto.
2 3
o código universal : Códigos específicos Os códigos tornam-se
. atemporal, estável, de grupos: variantes visíveis em relações
independente do código universal específicas entre os
da vontade e da que governa o reais participantes;
consciência humana! comportamento eles são temporais e
visível em elementos humano. mutantes.
invariantes de todos os
códigos específicos.
)
Hierarquia geral dos códi gos
BREISACH 373
Já se argumentou} num sentido mais amplo} que os acadêmicos liga-
dos aos Annales desejaram criar um humanisme historique, um humanismo
que reconhecia o impacto de forças de larga escala sobre a vida humana ao
mesmo tempo que respeitava o papel do indivíduo. Contudo}com sua de-
terminação de rejeitar a historiografia tradicional, a historiografia annaliste
tendia}na prática}a negligenciar o individual. Sua tipologia de história eco-
n ômica e social} com forte ênfase coletivista e ambiental) sistematicamente
colocou o conceito de ordem acima da atuação e decisão individuais.
Fernand Braudel chegaria bem perto de um esquema explicativo com-
pleto para a história total. Em 1956} ele herdou a liderança institucional
de Febvre e acrescentou a ela a posição da nova Maison des Sciences de
l'Homme. Como acadêmico) estabeleceu seu status propriamente com O
Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II (edição original
de 1949)," no qual pretendeu mostrar tudo sobre a vida da região em de-
terminado período. Para tanto) desenvolveu um imenso e inovador trabalho}
com o intuito de descobrir e utilizar estruturas integrativas. Seu apreço por
tais estruturas foi estimulado pela geografia humana de Vidal de La Blache
e pelo estruturalismo inicial (anos 1940) de Gaston Roupnel. As estrutu-
ras de Braudel derivavam de um fato central: tudo no mundo muda) mas
de acordo com três ritmos diferentes. Terra) mar} clima e vegetação mudam
tão lentamente que nos parecem imóveis - têm a qualidade da longue durée
(longa duração). Os annalistes tornaram-se particularmente fascinados por
esses elementos quase estáveis) talvez porque muitos deles houvessem es-
tudado o início do período moderno seguindo o "ritmo lento) imóvel} duro}
denso} geológico) da sociedade tradicional"." E um ritmo mais rápido de mu-
dança caracteriza os fenômenos com um aspecto cíclico (lentementrythmés).
Alguns ciclos ocorrem no período da vida humana} muitos o transcendem.
Historiadores annalistes têm muito frequentemente estudado os ciclos que
governam os aspectos econômicos e demográficos da vida. Eles se referem
11 Fernand Braudel, lhe Mediterranean and the Mediterranean World in the Age of Philip
II [1949], trad. Siân Reynolds. Londres: Collins, 1972-73 [ed. bras.: O Mediterrâneo e o
mundo mediterrânico na época deFilipe II. São Paulo : Martins Fontes}1984] .
12 Pierre Chaunu, "L'Histoire g éographique". Revue de l'Enseignement Sup érieur, n. 44-45.
1969,P·67.
BREISACH 375
A atenção com as estruturas econômicas foi facilitada por um importante
trabalho de interpretação econômica da história feito nos anos 1930 por Fran-
çois Simiand e Ernest Labrousse. Ambos estavam preocupados com os desen-
volvimentos de longo prazo. Sirniand encontrou neles uma mudança rítmica
de uma fase A expansiva para uma fase B contrativa. Labrousse ligou as alte-
rações dos preços às agitações sociais da França. Em suas investigações do
desenvolvimento econômico que precedeu a Revolução Francesa, ele utilizou
a ferramenta analítica de efeito multiplicador (desenvolvida então por John
Maynard Keynes) para avaliar a economia francesa. Uma ênfase fortemente
quantitativa marcou os primeiros trabalhos dos annalistes, como os de Em-
manuel Le Roy Ladurie. Para Braudel, os padrões de desenvolvimento eco-
nômico eram as conjonctures mais importantes. Já o estudo massivo de Pierre
e Huguette Chaunu, Séville et l'Atlantique) 1504-1650 (1955-59),15 de muitas for-
mas, representava a síntese de muitas dessas abordagens (história serial).
De importância considerável foi a reafirmação do papel da consciência
pela afirmação das estruturas psicológicas. Com a preferência pelas estrutu-
ras de larga escala) a psicologia dos indivíduos foi julgada insuficiente para
explicar os fenômenos sociais. Febvre, que ficara impressionado com o es-
tudo de L évy-Bruhl sobre a "mentalidade primitiva", explorou o fenômeno
psicológico em suas manifestações coletivas. O conceito-chave mentalité
dizia respeito às estruturas mentais que definiam um conjunto de pensa-
mentos e conceitos à disposição de um grupo em determinada época, deli-
mitando as possibilidades do que poderia ser pensado e compreendido em
uma cultura, em certo tempo. Depois de 1950, apareceu uma série de estu-
dos baseados nas variações do conceito de mentalité: os estudos de Gabriel
Le Bras sobre a mente religiosa; as análises de Jacques Le Goff dos conceitos
de tempo e purgatório no contexto da igreja medieval; o trabalho de Robert
Mandrou sobre a "Bíblíoth êque bleue" (uma série popular de cordéis) ; e
os estudos de Philippe Ariês, um acadêmico com afinidade com os Annales,
mas não ligado a eles, sobre a percepção da infância e da morte. Relaciona-
dos a esses trabalhos) havia os estudos quantitativos sobre livros) letramento
e tradição literária (François Furet, Adeline Daumard e Jacques Ozouf) e
sobre imaginação cultural (Reger Chartier).
15 Pierre e Huguette Chaunu, Séville et I'Atlantique, 1504-1650 . Paris: Armand Colin, 1955-59.
BREI8ACH 377
produzido trabalhos que excitaram a imaginação e esclareceram muito d _
que era desconhecido sobre o passado.
A diversidade da Escola dos Annales se espelhou em suas múltiplas in-
fluências sobre a historiografia de outros países. Poucas historiografias n-.:.
cionais não mostram as marcas da escola.
Publicado or iginalm ent e como "The Annales School". in Ern st Breisach. Historiogn -
phy Ancient, Medi eval & Modem . Chicago: Chicago Universlty Press, 1994, pp. 37C- i f.
Tradução de Bruno Gam barotto.
I
I
não é passível de ser convertida em uma tecnologia. Muitos historiadores
chegaram a concordar com George Macaulay Trevelyan quando afirmou
que a história não deveria tentar se parecer com a tecnologia porque "ela não
I
I
tem utilidade prática como as ciências físicas. Ninguém pode) por meio de
I
382 EPí l OGO: H ISTORIOGRA FIA N A NOVA VIR ADA DE SÉCULO
ro nhecimento da história, ainda que profundo, inventar uma máquina
_;X1r, iluminar uma cidade, curar o câncer ou fazer o trigo crescer perto
.A.. tico"' Ele poderia ter incluído: ou modelar um a sociedade perfeita. Os
.oriadores não poderiam juntar-se à celebração do triunfo da técnica so-
~ .2 ') interp retações fundamentais porque seu estudo do passado os fez não
reconhecer que a vida humana era muito mais complexa do que os mo-
..-.l' assumidos nas ciências sociais, mas, acima de tudo, quanto era ilusória
-:'; ação da mudança fundamental. A experi ência humana do passado - às
êS bem recente - contradiz a afirmação de que o destino humano é uma
=I! -: tição sem fim do mesmo roteiro com diferentes atores e diferente cen á-
ou de que suas mudan ças fundamentais chegaram miraculosamente ao
~.. no século xx.
Assim, nos ano s 1970, a ilusão de uma era atemporal da técnica e da tec-
. ')!ogia começou a se desfazer. A ordem comunista}em vez de se conduzir
. pe rfei ção, mo strou muitas característica s desagrad áveis da "velha ordem",
.• depois de 1989, começou a se desintegrar. Ao redor do globo, as confi-
'Drações sociais} econ ômicas e políticas passaram a enfrentar tensões cres-
.::"iltes: sociedades industriais experimentaram graves pr oblemas ecol ógicos,
ociedades afluentes foram acometidas de téd io existencial: genocídios! ter-
rorismo e novo s despotismos continuavam a existir; e o mundo inteiro con -
aontou-se com as incertezas da era nuclear. Quando o futuro não pôde mais
er percebido como um presente mais afinado ou um estado de perfeição! a
2..!~ rmação de que a modernidade e a tradição têm pouco a dizer uma a outra
«'.mbém perdeu muito de seu poder de convicção. Na medida em que as ex-
plicações com característica estática e caráter tecnológico se enfraqueciam!
2. historiografia podia retomar sua influência e sua força. De fato! as mesmas
George M. T revelyan, C/io, a lvIuse and Other Essays Litera,.y and Pedestrian. Lon-
dres/Nova York: Longmans/Green Co., 1913, p. 14 3.
BREI8ACH 385
nas - até hoje -, de tal forma que esses métodos possam atuar como urct
barreira contra o conto fantasioso, a distorção tendenciosa e o erro hon es,
e como um instrumento suficientemente confiável para a busca da verdad,
Mesmo a atual e reconhecida onipresença da imaginação criativa em to d ~.
as fases da busca da verdade histórica - o que Maurice Mandelbaum chan:...
de "fonte do relativismo" - não anula a habilidade da historiografia de F ê
zer resultados úteis - úteis no sentido de serem suficientemente pr óxim c
aos processos da vida ao ponto de oferecer conhecimento com alto vaia;
de verdade. A presença da imaginação deixa intacta a necessidade de um;
base factual criticamente assegurada tanto quanto a dos requisitos de h.•
bilidade, trabalho artesanal e integridade. Apenas se os historiadores ( 0 '
tarem com tal base para o trabalho historiográfico) existirá uma dist ân cls
adequada entre as fantasias dos visionários}fanáticos e propagandistas e c
I
trabalho dos historiadores.
II A segunda tarefa do historiador}nesse sentido}é criar modelos con cei
tuais integrativos que reflitam as experiências e as mudanças do século XÁ.
Na época em que vivemos} a visão de história como progresso} por mu ito
tempo garantidora de certezas e continuidades, está sendo questionad a on
mesmo completamente rejeitada por alguns acadêmicos. Para lidar com essa
tendência} a história da historiografia oferece mais uma vez uma perspective
fundamental: teorias interpretativas da história constituídas por acadêmicos
fornecendo ideias inovadoras} e esquemas interpretativos da história} interli-
gados à vida das sociedades} são de uma natureza diferente} mas intrincavel-
mente conectados. O senso dominante da história de dada sociedade, que
dificilmente forma um todo sistemático, muda pelo resultado de ser testada
repetidamente no curso da vida coletiva. Nesse processo de transformações
muito lentas} interpretações da história feitas por acadêmicos têm agido
como úteis vigilantes da fraqueza} das contradições e de possíveis enrique-
cimentos no sentido coletivo da história. Todas as vezes em que a interlo-
cução entre a teoria historiográfica e a práxis coletiva foi rompida} a vida
promoveu correções ainda mais drásticas. O comunismo oferece um ótimo
exemplo de esquema explicativo da história que interrompeu novos enten-
dimentos no desenvolvimento humano e persistiu fundamentando seu en-
tendimento histórico numa compreensão da história segundo um modelo
interpretativo congelado. E muitas outras teorias da história, que possuíam
grande distância da vida real} tiveram vida curta, pois trabalhavam com de-
BREISACH 387
história, mas os alerta a não tratar o conceito de progresso, em sua rea~
ção da história ocidental, como uma ilusão ou um grande engano.
Em seu próprio trabalho de revisão historiográfica, os historiadores un.
de reconhecer a predileção progressista de sua sociedade. Mesmo os ~
dêmicos que clamam mais ardentemente pela liberdade de valores apo~
pelo menos um valor: a liberdade de explorar o passado e formular interpm!
tações sem restrições, uma liberdade oferecida apenas em Estados ao meDOl
minimamente democráticos. Os Estados modernos totalitários garantirasa
aos historiadores o privilégio menor de citar e escrever notas de rodapé se·
gundo as regras, prescrevendo a eles o que importa: seus temas de pesquisa
suas abordagens e interpretações. Uma historiografia relativamente livre de
valores só pode existir enquanto os indivíduos forem livres para investigill
e formular suas próprias conclusões. Assim, paradoxalmente, o objetivo de
manter uma neutralidade de valores só pode ser preservado se os historiado
res contemporâneos defenderem o conceito de uma sociedade democr ática
ela própria um fenômeno hi stórico e carregado de valores. Qualquer novo
papel público do historiador deverá estar baseado nessa visão.
Nesta outra virada de século, os historiadores encaram uma série de ta-
refas complexas. Dentre elas, a descoberta de um papel público apropriado
para a história, a consecução de um denominador comum sobre o papel da
imaginação criativa na historiografia, sobre um equilíbrio apropriado entre
os indivíduos livres e uma ordem determinada para os relatos históricos, e
o reconhecimento de uma história verdadeiramente global, sem a erosão in-
devida de tradições nacionais. Essas são as tarefas mais desafiadoras. Porém
em vez de se desesperar, os historiadores deveriam comemorar, pois a ilusão
de uma atemporalidade já não existe, e eles mais uma vez são convocados a
assumir o papel-chave na interpretação. E a tarefa reafirma o que a história
da historiografia mostra tão claramente: nenhuma outra disciplina corres-
ponde tão bem quanto a história às necessidades peculíares.dos seres huma-
nos, entre os quais a temporalidade da vida distribui os papéis de emigrantes
do passado, habitantes do presente e imigrantes do futuro.
Pub lic ado original ment e como "Hit or iography at t he New Turn of Centu ries", ln
Ernst Breisach, Hist oriography : Ancient , Med ieval & Modem . Chicago: Chicag o Unl-
versity Press, 1994, pp. 404 - 1O.Tradu ção de Bruno Gam barotto.
MINHA ÉPOCA
Afora a leitura séria, minha educação inicial em história europeia foi levada a
cabo no college com os vinte volumes da "Langer Series ",que organiza o câ-
none norte-americano formado antes, durante e depois da Segunda Guerra
Mundial. Minhas lembranças de Harvard remontam aos últimos anos do
triunvirato que se aposentou de uma só vez: Frederick Merk, discípulo de
FrederickJackson Turner e professor do famoso curso sobre "Vaqueiros e
índios" ("O movimento em direção ao Oeste"); Arthur SchlesingerJr., que
ainda conduzia seu trabalho inovador em história social; Samuel Eliot Mo-
rison, que ainda vestia seu uniforme em classe, trancava a porta antes de
começar suas palestras e caminhava pela Mass. Avenue para dar palestras
em separado para as "meninas" do Radcli.ffe; e também Arthur Schlesinger
Jr. e Oscar Handlin, cuja filha seria mais tarde minha amiga e colega. Em
história antiga havia Sterling Dow e Mason Hammond; em história russa,
Michael Karpovich (que certa vez encenou uma sessão-piada da Interna-
cional Comunista ao estilo do serviço bizantino, enfatizando fatores de
continuidade em face da violenta revolução secular) e Martin Malia (que
deu no meio de seu curso um minicurso de Kremlinologia uma semana de-
pois da morte de St álin): e em literatura Perry Miller, Howard Mumford
Jones, Douglas Bush, Harry Levin, Walter Jackson Bate e Albert Guerard.
Contudo, eu estava mais inclinado à história europeia, ou melhor, "H istó-
ria e Lit ,", e tive a sorte de ouvir, entre outros, William Langer, Sidney Fay
(saído de sua aposentadoria para terminar o curso quando Langer retornou
a Washington), sobre o século XIX, H. Stuart Hughes e Carl Schorske; tam-
bém Helen Cam e Bryce Lyon sobre a Idade Média (o último oferecendo
Thomas Wolfe, OfTime and the River, II , VII, "Young Paustu s",
KELLEY 391
visões da historiografia medieval, especialmente a que concerne a Pirenne,
que era o mentor de seu mentor, Carl Stephenson) j Crane Brinton sobre o
iluminismo (entre outras coisas), Donald McKay sobre a França moderna,
David Owen sobre a história modema inglesa, e especialmente Myron Gil-
more, que me levou posteriormente, como tantos outros, à história do Re-
nascimento e à historiografia.
Historiograficamente, portanto, venho da década de 1950, quando duas
ortodoxias pareciam prevalecer, uma a tendência dominante da história
acadêmica, com ênfase política, institucional e diplomática, e a outra a his-
tória marxista, que focava a base material da sociedade, se não a promessa
revolucionária. Depois do college fui levado à Alemanha pelo serviço militar,
seguindo James Conant, que deixou a presidência de Harvard para se tor-
nar alto comissário dos Estados Unidos, em 1953. Tendo cumprido em 1955
meus deveres militares (e guarnecido a primeira instalação nuclear na Eu-
ropa), para a pós-graduação em Columbia, onde não encampei plenamente
nenhuma dessas linhas, ainda que me inclinasse à pesquisa em arquivos e à
teoria social e à filosofia da história pós-marxista. Segui as convenções pro-
fissionais ao ponto de me voltar à história legal para chegar ao pensamento
social e à realidade social, embora meu tipo especial de viragem linguística,
por assim dizer, tenha conferido a esse percurso uma reviravolta pouco orto-
doxa. A opção radical me parecia mais um impedimento do que uma ajuda
ao entendimento hist órico, nem meus amigos marxistas de Nova York e de-
pois de Rochester desfizeram minhas dúvidas. Seriam minha depressão pós-
-militar ou o compromisso mantido com a literatura e a crítica que me dei-
xaram fora das barricadas intelectuais? Ainda menos do que pela agenda da
nova esquerda, eu era atraído pelas "novas" histórias econômica e social, ou
pelas aventuras da psico-história (a despeito de uma fascinação juvenil por
Freud e pela psicanálise vicária através da experiência de amigos), embora
meus"olhos estivessem mais tarde abertos à história das mulheres, graças a
algumas colegas, incluindo Renate Bridenthal e especialmente minha futura
mulher) Bonnie Smith.
Como bolsista da Fulbright em Paris no fim dos anos 1950, assisti ao se-
minário de Fernand Braudel, mas seu enfoque econômico e no comércio
do Mediterrâneo no período não me interessou, como qualquer coisa tão
próxima à "nova história" quanto o trabalho de Roland Mousnier (a cujas
aulas também assisti) ou o trabalho sobre os preços espanhóis de Earl Ha-
2 O ano de 1959 deve ter sido o auge da primeira história francesa modema, um a vez que
meus colegas bolsistas da Fulbright em Paris incluem Orest Ranum, Lionel Rothkrug e
Sam Kinser, que era então colaborador no campo da historiografia, antes de se voltar a
campos mais verdes.
KELLEY 393
ponto de vista e compromisso com conhecimentos locais me mantivessem
nas profundezas de meu mapa intelectual. Com uma formação não redimida
de origem operária}e pleno do tempo de fábrica atrás de mim} nunca fui
atraído pela história das classes oper árias: enviado bem cedo a uma igreja
fundamentalista, fui rapidamente dissuadido de causas dogmáticas} de es-
querda} direita} centro ou além; e tinha uma suspeita geral do Jellybismo
de Dickens [literatura lacrimejante de literatura] - "filantropia telescópica" -
especialmente fomentada nos pomares da academia. Nem fui alguma vez
atraído pelo s reducionismos da história política, social e econ ôrnica, e}en-
quanto a "nova" história cultural levava para longe esses projetas antiqua-
dos} todo esse movimento de autopromoção parecia muitas vezes um modo
desorganizado de preencher o vácuo intelectual deixado na esteira do mar-
xismo mudando as palavras} mas retendo a música ideológica e a esperança
do ativismo, ou pelo menos algum substituto acadêmico ou retórico} que
poderia permitir aos historiadores serem não apenas críticos} como parti-
cipantes potenciais. Mesmo assim, suponho} estava inclinado a reverter o
conselho do eixo central da décima primeira tese de Marx sobre Feuerbach,
de interpretar o mundo} mais do que mudá-lo - difícil o bastante de captar
corretamente mesmo a primeira} o que poucos da minha geração o fizeram}
como se evidenciá pela perspectiva dos anos 1990.
Meu campo inicial de interesse foi "Renascimento-Reforma', nos dias do
debate escolástico sobre a natureza (guid sit?) ou mesmo a existência (an
sit?) do Renascimento} sendo minha preferência explorar as continuidades
com a Idade Média. Meus pontos de partida foram definidos por dois de
meus mentores que, na época, dominavam o campo: a abordagem estri-
tamente acadêmica e de valores livres de Paul Kristeller derivava o huma-
nismo da Rena scença da faculdade das artes (studia humanitatisy, enquanto
o enfoque de Hans Baron estava no "humanismo cívico" (Bürgerhumanis-
mus) como um produto da "crise" do início do Renascimento italiano}com
encarnações posteriores rastreadas por John Pocock e outros. Minha pró-
pria ideia era combinar ou conciliar essas perspectivas rivais (Ranke versus
Burckhardt, na fórmula de Meinecke e Gilbert) e persegui-las em áreas do
conhecimento histórico} amplamente concebidas. De Baron divergia enfa-
tizando a importância da tradição legal - o que chamava de "humanismo
civil" -, enquanto me afastava de Kristeller explorando a lei civil como uma
disciplina humanista e em suas relações com a gramática, a retórica e, espe-
Ver meu "Garrett Mattingly, Bernard De Voto and the Craft of History", Annals 01Scho-
larship, n. 2, 1981, pp. 15-29.
4 Donald R. Kelley, The Beginning oj Ideology: Consciousness and Society in the French Re-
jormation. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.
Id., Historians and the Law in Postrevolutionary France. Princeton: Princeton University
Press, 1981.
6 Id., The Human Measure: Western Social Thought and the Legal Tradition. Cambridge
(MA): Harvard University Press, 1990.
KELLEY 395
Sebastian de Grazia, Robert Palmer} Lawrence Stone, Jerrold Seígel, Thee-
dare Rabb, Robert Darnton e Quentin Skinner,'
Meu estágio em docência foi feito} principalmente} na SUNY Binghamtoa,
onde Norman Cantor estava na cadeira do departamento de história, um
pouco antes de sua ambição tê-lo levado a outro lugar, e na Universidade
de Rochester, onde o departamento de história estava sob a controversa ~
derança de Eugene Genovese, que tinha uma carreira ainda mais viva. Em
ambas as instituições fiz amigos íntimos} especialmente Charles Freedeman
e Sanford Elwitt, mas minha verdadeira comunidade intelectual estava dis-
persa pelo mundo, o que era outro motivo, além da pesquisa} para minha
viagem pela Europa.
Nos anos 1980 eu havia feito da história intelectual meu retiro quando (não
contando as excursões ao meio selvagem dos estudos de Vico) fui eleito edi-
tor do Journal of History of Ideas (no qual publicara meu primeiro artigo) e
transferido logo depois para a Rutgers.' Desde os tempos de Arthur Lovejoy
esse havia sido um campo interdisciplinar} embora cada vez mais suplantado
por periódicos mais especializados sobre história da filosofia, literatura, arte,
música, ciências humanas e naturais e historiografia. Continuava a perseguir
interesses interdisciplinares de outra forma, mais especialmente em um se-
minário que dava na Biblioteca Folger nos anos 1990 sobre um velho tema
que me havia sido apresentado anos antes por Paul Kristeller, a saber, a clas-
sificação do conhecimento - cuja consequência, além de um volume publi-
cado, foi a formação de uma Sociedade Internacional da História Intelectual
encabeçada por Constance Blackwell,? Nos anos recentes a história intelec-
7 EIliot e Skinner mudaram-se, desde então, de volta à Inglaterra, onde se tomaram pro-
fessores régios de história em Oxford e Cambridge, respectivamente.
g Donald R Kelley (org.), The History of Ideas: Canon and Variations. Rochester: Univer-
sity ofRochester Press, 1990.
9 Id., History and Disciplines: The Reclassification ofKnowledge in Barly Modern Burope.
Rochester: University ofRochester Press, 1997. Inspirado por Constance Blackwell,
o seminário incluiu Ann Blair, Ulrich Schneider, Martin Mulsow, Peter Miller, Ann
Moyer, Paula Findlen e Heíkkí Mikkeli, bem como visitantes como]. B. Schnee-
wind, Donald Verene, Anthony Pagden, Anthony Grafton, Nicholas Jardine e Lon-
da Schiebinger.
10 Id., lhe Descent of l deas: The History of lntellectual H istory . Londres: Ashgate Pub Ltd,
2 0 02.
KE LLEY 397
positórios da curiosidade. Contudo, tais perspectivas globais, na med ida em
que (como a história das "ideias" universais) podem permitir estudos com-
parativos e conjecturais, todas transcendem o conhecimento local e dessa
forma a disciplina da investigação estritamente histórica.
Mas a história da história sempre foi minha maior preocupação. Minha
introdução ao tema ocorreu, como para a maioria dos estudantes de Har-
vard, através do Idea of History de Collingwood (1946), ainda que poucos
tivessem qualquer ideia da tradições de saber que eram subjacentes a este
grande estudo (do mito, Heródoto, Tucídides e Políbio, aos historiadores
medievai e renascentistas e ao histericismo, incluindo Vico, Herder, Win-
delband, Ricker t, Simrnel, Dilthey, Me yer, Spengler, Bergson e, especi al-
mente, Croce ) e se contentassem em aceitar essa epistemol ogia ingênua que
se baseava no velho - e rom ântico - princípio hermenêutico das "rerníni .
cências da experiência passada", o paradigma de Hercule Poirot como in-
vestigador histórico e o objetivo do auto conhecimento humano. Através de
Collingwood e Meinecke também encontrei debates sobre o "histericismo",
novo e antigo; e a bu sca das raízes, ou fragmentos, do historicismo tornou-
-se um objetivo central em meus estudos de historiografia europeia no Re-
nascimento. Esses interesses foram refor çados por contatos frutuosos com
acadêmicos ao redor do mundo, incluindo Hans -Georg Gadamer, Arnaldo
Momigliano, Reinhart Koselleck, Paolo Gro si, J6m Rüsen, H ans Tro je,
Georg Iggers, Richard Popkin, Charles Schmidt, lsaiah Berlin, Giorgio
Tagliacozzo, Robert Kingdon, Nanc y Roelker, Donald Verene, Peter Munz,
Quentin Skinner, Anthony Pagden, Peter Burke, Ulrich Schneider, Martin
Mulsow, Jonathan Israel e, especialmente, J G. A. Pocock, cujas trilhas pal-
milhei, muitas vezes inadvertidamente ou por acidente.
O estudo da própria historiografia, associado ainda com o método his-
tórico, havia se estabelecido há muito tempo como campo quando iniciei
minha pós -graduação em 1955, e foi mais e mais se aproximando de preocu-
pações teóricas, sempre incluindo a filosofia, mas também as ciências sociais
e a crítica literária. Também manteve seus laços com uma erudição pesada,
como, entre outros, no estudo de Pocock sobre "a constituição antiga", na
história do início da modernidade italiana de Eric Cochrane, na escrita his-
tórica inglesa de Antonia Gransden, nos Antigos e Modernos de Joseph Le-
vine, na história da historiografia alemã de Georg Iggers e Horst Blanke, e
emJoachim Knape ao tratar do termo "Historie" e seus campos semânticos,
11 Id ., Facesoj History: Historical Inquiryfrom Herodotus to Herder. New Haven: Yale Uni-
versity Pres s, 1998, e Fortunes ojHistory : Historicallnquiry fram Herder to Huizinga. New
Ha ven: Yale University Press, 2003.
KELLEY 399
ocidental tal como as coletâneas interpretativas do tempo de Bodin a Fueter
o vêm progressivamente moldando. De fato (para invocar um clichê do pós-
-modernismo), não há "grande narrativa", pois existem tantas histórias, com
tantos enredos e protagonistas, e a acumulação de livros, artigos e resenhas
tem multiplicado as "faces" da história, complicado sua "fortuna", aberto
fronteiras e, pelo menos da perspectiva do novo milênio, produzido um es-
tado presente de fragmentação.
Eu era um jovem (de fato ante literam) devoto do "giro linguístico", es-
tudante de teoria crítica literária, ainda que menos inclinado às fontes de-
rivativas da moda francesa do que aos originais alemães. Lendo Nietzsche,
colocava-me no caminho da "interp retação" e sua insatisfação e do ponto
de vista da hermenêutica pós-romântica, moderna, tal como formulada pos -
teriormente por Heidegger e Gadamer. Meu ponto de partida tornou-se o
horizonte estrutural fenomenológico da experiência, sem esquecer o aviso
de Nietzsche de que "além desse horizonte permanecem homens, paixões,
doutrinas e prop ósitos';" Não obstante, a atenção precisava ainda ser dedi-
cada ao ponto de vista autoral, com a investigação histórica sendo levada
à fronteira cultural, definida por encontros com culturas e linguagens nada
familiares. Isso pode ser oposto à pressão da história mundial que tentou
rejeitar centrismos - ego-, etno-, americo- e eurocentrismo - , mas, ainda
que nunca quisesse ser um historiador nacional, nunca acreditei que o histo-
riador pudesse ser um observador onísciente, isto é, pudesse, sob a preten-
são de evitar os vieses ou preconceitos e finalmente atingir a "objetividade",
escapar a sua situação cultural e tomar a perspectiva de uma estrela distante,
exceto talvez filosoficamente, metaforicamente, conjecturalmente ou para
fins pedagógicos; e para a história ou para a investigação histórica prefiro evi-
tar essa falácia. Como na narrativa joyceana e nas implicações da hermenêu-
tica, a "objetívidade" histórica pode ser abordada apenas pela multiplicação
dos "pontos de vista" particulares.
Mas, mesmo com ajuda disciplinar, como pode a interpretação ser tra-
balhada a partir do centro de um círculo cultural particular? Para mim a
hermenêutica não significa a ideia romântica ou collingwoodiana de empa-
12 Friedrich Nietzsche, On theAdvantage and Disadvantage of History for Life, trad. Peter
Preuss. Indianapolis: Hackett Pub Co., 1980, p. 11.
KELL EY 401
de restauração (antiquários modernos) ou de revivescência (Collingwoc u
el claro) de "revisão" (quase todo jovem historiador em certo ponto) i mas
essas são metáforas para uma operação menos conjectural que emprega UIT~
retórica de alteridade que estabelece um relacionamento entre nós - autor .:
leitor - e um "outro" cujo comportamento nunca podemos trazer de volte. _
vida e cujas ideias nunca podemos de fato "repensar" em nossos horizontes
linguísticos e culturais. A despeito da manipulação e da evasão pós-mo der
nista permanecemos parte de uma tradição de interpretação, de uma bus ca
por autcconhecimento, que nos leva) através do uso linguístico herdado) o:'
volta a Heródoto e seus predecessores poéticos."
o GIRO LINGuíSTICO
o que talvez seja mais notável sobre os estudos históricos (e das ciências hu-
manas em geral) no último quarto do século XX é o giro linguístico) ou o giro
literário) vivido por muitos acadêmicos engajados na investigação histórica.
Em sua forma mais elementar) significa um retorno à narrativa no sentido da
concepção de Macaulay e Trevelyan (e da redescoberta de Lawrence Stone)
da história como uma arte e o pedido de Allan N evins (que tinha formação
jornalística) não histórica), repetido muitas vezes desde então) por um es-
forço de historiadores profissionais para buscar uma leitura popular. I? Essa
postura foi apresentada de maneira mais sofisticada por Peter Gay, que fez
comentários sobre alguns poucos historiadores do século XIX em termos de
estilo) transformando a famosa frase deBuífon (le style est l'homme même)
em uma hipótese de que "o estilo é o historiador" e antecipando a ênfase
ulterior na retórica e na "representação") como o fez Jack H. Hexter," Gib-
bon era capaz de equilibrar o estudo profundo das fontes com uma visão
16 Ver meu artigo "Between History and System" in Gianna Pomata e Nancy G. Siraisi
(orgs.) I Historia: Empiricismand Erudition in Ear/y Modern Europe. Cambridge (MA):
MIT Press, 20051 pp. 211-37.
17 Lawrence Stone, "lhe Revival ofNarrative: Reflections on a New Old History". Past
and Present, n. 85, 19791 pp. 3-24; Allan N evins, The Gateway to History. Nova York, 1938.
18 Peter GaYI Stylein History. Nova York, 1974, p. 2171 e ver Jack H. Hexter, "lhe Rhetoric
of History", in DoingHistory. Londres.aç-n, pp. 15-16.
19 Kenneth Burke, Attitudes ioward History. Boston, 1937, e A Rhetoric of Motives. Nova
York, 1950 ; também Robert We ss, Kenneth Burke: Rhetoríe Subjeetivity,Postmodernism.
Cambridg e: Cambridge University Press, 1996, e Charles Perelman e L. Olbrechts-
-Tyteca, lh e N ew Rhetorie: A Treatise on Argumentation. Notre Dame: University of
Notre Dame Press, 1969; também FrankAnkersmit, HistoricalRepresentation. Stanford:
Stanford University Press, 2001.
20 F. Ankersmit, NarrativeLogic, a SemaniicAnalysis of theHistorian'sLanguage. H aia, 1983,
resenhada por mim , ARR, 10l, 1996, p. 447, e ver seu Historieal Represeniation, op. cit.
KELLEY 403
heurística, mas da escolha e da manipulação da terminologia, dos topoi, do
tempo verbal e das ligações entre sujeito e predicado.
O exemplo mais celebrado desse giro literário (e, para os historiadores,
expressão do giro linguístico) é Metahistory de Hayden White, hoje um clás-
sico da interpretação da historiografia do século XIX baseado na formação de
um cânone literário (não diferentemente de Great Tradiiion, de F. R. Leavis)
julgado segundo uma concepção mais "formalista" e elaborada de estilo do
que a de Gay. O livro de White busca sentido através de categorias literárias
tomadas, via Croce e Northrop Frye, da crítica literária clássica e da retórica,
e aplicadas à estrutura literária de obras de Michelet, Ranke, Burckhardt,
Marx e outros. O que preocupa White é o conhecimento histórico, especial-
mente através da "estrutura profunda" meta-histórica, intuída, da represen-
tação historiográfica tal como se configura em bem conhecidos trabalhos -
o preexistente "conteúdo" das "formas'." Ele vai além da distinção clássica
e croceana entre crônica e história para sentidos mais profundos baseados
em modos de "enredo", "argumento" e "implicação ideol ógica', inerentes à
linguagem literária empregada por esses autores ao tratar "eventos " de outra
forma nunca problematizados (as disputas de acadêmicos profissionais são
irrelevantes para esses significados mais elevados) . Para White, historiado-
res "formistas" [formist] como Herder, Niebuhr e Mommsen aplicam seus
argumentos às descrições vívidas de acontecimentos: historiadores "organi-
cistas" como Treitschke, Stubbs e Maitland, à coerência e às leis da história
como um proceSSOj historiadores "mecanicistas" como Tocqueville, Buckle,
Marx e Taine, a agentes extra-hist óricos, e historiadores "contextu alistas"
como Heródoto, Burckhardt e Huizinga, a uma perspectiva combinatória de
fenômenos relativos ao momento histórico particular. Segundo o esquema
neoescolástico de White, essas modalidades, que podem aparecer combina-
das em qualquer autor em particular, também estão associadas a quatro incli-
nações ideológicas (anarquista, conservador, radical e liberal), quatro modos
de enredo (romântico, trágico, cômico e satírico) e quatro tropos básicos
(metáfora, metonímia, sinédoque e ironia), que - os três primeiros, de todo
KELLEY 405
tematicamente? Temos estudos biográficos, psicobiográficos e literários dr
Michelet, mas nenhum que eu conheça, incluindo a análise "meta-histórica"
de White, examina sua prática heurística.
Observações similares são ainda mais apropriadas ao caso de Ranke,
cuja grande pretensão à fama (sem dúvida exagerada) baseava-se em seu
uso pioneiro de materiais de arquivo, especialmente de Veneza. O comen-
tário sempre lembrado de Ranke sobre descrever a história "com o ela real-
mente foi" (wie es eigentlich gewesen) quase nunca é avaliado, pois, afora ser
um velho e pisado topos da retórica herdado da tradição clássica (Luciano:
"colocar os fatos " etc.}, a frase, entendida em seu contexto, não pretende ser
um mero princípio epistemológico, como as palavras subsequentes deixam
claro: "M as onde obter as fontes para tal investigação? A base do presente
trabalho [História das nações latinas e teut õnicas J, as fontes desse material.
são memóri as, diários, cartas, relatos diplomáticos e narrativas originais
de testemunhas [ ... J" - outro eco de Luciano (e Tucídides) e das "artes
da história" da Renascença. Ranke queria dizer que tais fontes - de infor-
mação privada, não de conhecimento público - eram de outra ordem, não
dos relatos seguidos acriticamente por historiadores como Guicciardini e
Sleidan, que Ranke criticou com dureza. Para ele o modo como as coisas
realmente aconteceram era o modo como homens de poder e influência as
julgaram ser ; e assim ele era um prisioneiro de suas fontes tanto quanto da
linguagem e da herança filosófica e religiosa. Mais uma vez, contudo, essa
realidade era particular, não (no que diz respeito à nêmese de Ranke, He-
gel) geral: der liebe Gatt wahnt in derEinzelheit - Deus (se não o dem ônío)
está nos detalhes. Por fim, deveríamos conseguir captar essa realidade de
primeira ordem corretamente - ainda que as referências luteranas de Ranke
o conduzissem à crença de que fosse capaz de discernir do me smo modo
paradigmas ma is amplos.
Burckhardt é um caso diferente, em que, contudo, as questões heurísticas
ocupam uma po sição central. Foi em uma reação mais ou menos consciente
à história rankeana que Burckhardt se voltou às belas artes e às linhas estéti-
cas de investigação e a um diferente nível de realidade histórica - Kulturges-
chichte. Sem dúvida, a realização meta-histórica de Burckhardt, como as de
Michelet e Ranke, pode ser expressa em termos literários, mas sua filosofia da
história implícita estava baseada mais consciente e metodologicamente em
sua escolha de fontes, ligada por sua vez a noções do que interessava à inves-
"Dite teria acrescentado os liter ários): mas suas posturas heurísticas suge-
mIl uma diferença ainda maior. Para Ranke todas as eras poderiam ser iguais
perante Deus (unm ittelbar zum Goti, como os Estados Germânicos haviam
sido unmittelbar z um Reich)) mas para ele) também) cada uma dessas idades
era) a princípio) passível de descrição, e elas todas constituíam uma história
aniversal determinável. Sobre tais questões, Burckhardt era não apenas um
pessimista e um elitista, mas também um relativista (que considero difícil de
conciliar com a classificação de "realista" feita por White). "Para cada olhar,
talvez', Burckhardt inicia seu mais famoso livro) "as linhas gerais de uma civi-
lização apresentem uma figura diferente :' Tudo isso depende de o que se pro-
cura, e de que fontes são.escolhidas - e apenas de modo secundário, parece-
-me, de uma forma de expressão literária. Parafraseando Burckhardt, de fato)
poderia sugerir que "para cada olhar" as linhas gerais de uma dada história
narrativa também apresentam uma diferente figuraj isso porque a figura de-
pende irreversivelmente da heurística.
Dominick LaCapra não tem sido menos influente do que White nas dis-
cussões recentes da teoria histórica, que leva ainda mais adiante das ques-
tões convencionais da historiografia. De certa forma ) ele ainda está travando
a velha batalha contra a história ingênua, objetivista, "científica", ainda que
a bem da verdade ele o tenha feito valendo-se das novas ferramentas deri -
vadas da filosofia continental (sobretudo francesa) tanto quanto da teoria
literária." A estratégia de LaCapra tem sido insistir primeiro no caráter dia-
lógico da investigação histórica e no lugar legítimo das "interpretações do
historiador" em no ssos diálogos com os mortos e segundo sua distinção -
que vem de Heidegger - entre aspectos "documentários" e "trabalhados"
dos textos, o último designando as leituras literalistas em busca dos fatos do
KELLEY 407
senhor Gradgrind e do professor Ranke (pelo menos tal como vistos pelo.
olhos dos acadêmicos anglófonos) e o primeiro sugerindo uma dimensâ:
heideggeriana da Arte e suas origens meta-históricas. Esses argumentos W :-
respondem bastante a uma perspectiva crítica da história depois do fim de-
antigos ideais de objetividade, "história total", e o rankeanismo vulgar d:
Wiss enschaft. Do ponto de vista do trabalho do historiador, contudo, as fC':-
mulações de LaCapra deixam algo a desejar - e de alguns modos parecer=.
nos encorajar a deixar a caça dos historiadores e lançar nossas fichas na cri-
tica literária (e "cultural"), como LaCapra faz com bastante frequência.
Seguindo LaCapra (aonde não estou certo de que LaCapra tenha real-
mente ido), Kellner parece negar o status de narrativa a "arquivos ou m o-
numentos do passado" - ainda que tenha sido precisamente nos arquivos
que Natalie Davis encontrou um veio rico de "ficção" e onde há, na minha
experiência, uma "estrutura profunda" da escrita hist órica.':' Para aceitar,
como Kellner, que a narrativa "é um produto de formas culturais complexas
e convenções linguísticas profundamente sedimentadas que têm tradicio-
nalmente sido chamadas de narrativa', não deveriam implicar que ela seja
reserva exclusiva de artistas literários ou acadêmicos altamente instruídos -
esse seria o verdadeiro "con ceito de erudição" de Vico e um princípio do
mais desabonador para o entendimento das "fontes" e assim da história em
qualquer sentido. O "retorn o da literatura" tem lembrado os historiadores
do papel essencial da imaginação na reconstrução histórica e no sentido
meta-histórico, mas por fim não pode haver nenhuma "história imaginada"
(ainda que seja um oxímoro útil) , pelo menos não sem notas de rodapé e
bibliografia, não mais do que pode haver uma "história elaborada" ou uma
"hi stória lembrada". Só pode haver narrativas ou argumentos ou conjuntos
menos formais de informação derivados da leitura das fontes - palavras, por
fim, sobre palavras. Não obstante, enquanto o juízo histórico pode muito
bem se aproximar da imaginação, do senso comum e da experiência - in-
cluindo não apenas a experiência irrefletida da vida, mas aquilo que Gada-
mer chamou de "exp eriência da tradição" que a formação histórica sup osta-
mente oferece - , ele está sempre circunscrito pelas fontes que são acessíveis
24 Hans Kellner , Lan guage and H istorical R epresentation: Getting the Story Crooked. Madi-
son : University ofWiscon sin Press, 1989.
KELLEY 409
Seria agradável talvez pensar qu e as obras históricas de Michelet e Rar
poderiam ser lid as do mesmo modo e no s m esmos termos que as obras
rárias de Balzac ou Mann, e de fato os pr im eiros autores têm sido lidos , ~
amb as as linhas de inte rpretação. Contudo, os escritos imparciais de Mi ch-
(e os de R anke, ainda mais imparciais) foram muito mai s governados e i
pirado s pela "experiência da tr adi ção " que eles perseguiam ob sessivam er .
talvez ingenuamen te, e com descaso em relação à literatura. Po r vinte ai
M ichelet gastou boa parte de seu tempo em arquivos nacionais em co m ~
nhi a daqueles que ele chamava "Messíeureles moris", cujos testemunhos e r,~ no
essen ciais a seu proj eto de "ressurreição" e de "biografizar a história': A mei
cam inho de sua History of France os envolvim entos políticos de Mi chelet e
sua arrogância fizeram-no p erder sua cadeira na universidade e seu aces,
aos arquivos, o qu e era outra forma de morte: "Suspensão", escreveu suc iru..
mente, "sepultamento".'; Ma s seu orgulho não o abandonou e ele, evid ente-
mente) continuou escrevendo) a partir das fontes sempre que possíveL
É uma pena que os debates sobre a heurística sejam polarizados e discuti-
dos em um nível tão baixo e animoso - de um lado) figuras como Elton, Rim-
melfarb, Handlin e o grupo de Hunt-jacob-Appleby, cheios de verdades; de
outro) críticos literários condescendentes como Ankersmit, LaCapra e KeIl-
ner. Esse debate promotor de carreiras também opôs um "velho historicismo"
estereotipado a um "novo historicismo" sociável que cobre uma variedade
de práticas literárias e uma miscelânea de visões postas em uma retórica da
inovação que nega) em níveis ep istemológico e ideológico, a possibilidade
de uma simples "história unitária" e volta-se) em seu lugar) a um novo tipo de
anedotismo." Essa "contra-história") como Catherine Gallagher e Stephen
Greenblatt a chamam, justifica a "prática" sem teoria) a "representação" sem
uma base heurística e a incoerência em nome de uma rica diversidade e de
uma curiosidade histórica expansiva como "um a rebelião social no estudo da
cultura"; aproximando-se de argumentos filosóficos e antropológicos) bem
como literários) históricos e artístico-históricos) e admitindo dívidas em
particular para com E. P. Thompson) Raymond Williams e Clifford Geertz,
KELL EY 411
o mundo que ela descreve, e assim reforçar a mudança da história polítíca,
que se pauta pela cronologia e pelos registros irrefletidos dos eventos, para
a história cultural, que tem uma postura imaginativa, sintética e literária, ou
pictórica, diante da evidência hist órica," A retórica - onde textualistas e lin-
guistas se encontram - é de muitas formas a chave para a nova filosofia da
história, e aqui Kellner invoca não somente Vico, Nietzsche e White, mas
também os antigos sofistas, que ele chama de "os primeiros relativistas cul-
turais, os primeiros historícistas a seu modo" Essa retórica rejeita não apenas
o mentalmente elevado platonismo, mas também o realismo vulgar da his-
tória rankeana, e entende, em seu lugar, no campo do discurso e da inter-
pretação, não do argumento abstrato, da "pesquisa avançada" e da busca por
um sentido final. Na tradição clássica a história era virtualmente relacionada
à retórica, que ali preservava seus laços com a verdade, e nunca pôde aco-
modar a ideia de verdade absoluta no sentido de uma só história necessária
sobre o passado. Há muito tempo, Vann lembra, J. H. Hexter remodelou a
fórmula conhecida de Ranke, wíeeseígentlích gewesen, como "a história mais
provável que se p.ossa sustentar mediante evidência extrínseca relevante':
A nova filosofia da história estende essa afirmação cautelosa questionando
noções não somente de relevância, mas também de evidência extrínseca, e
segue sugerindo que esses elementos estão igualmente no domínio da ima-
ginação histórica criativa.
A ironia, que é também um conceito romântico (com antecedentes clás-
sicos), é um tropo suscitado, ou ressuscitado, quando a coruja de Hegel co-
meça a levantar voo. A ironia traz a autoconsciência e um distanciamento
entre presente e passado - entre o eu e o outro - especialmente no ato da es-
crita, e como tal é quase uma forma de consciência histórica, ainda que sem
uma aceitação temporal de tempo perdido e encontrado. Para muitos desses
autores a maior manifestação da ironia é a restauração do sujeito, do "eu' na
linha de frente ", nas palavras de Carrard, discutindo a retórica centrada no
ego- (ou no nós) da Escola dos Annales. " Sob a influência annaliste (ela pró-
28 Ann Rigncy, The Rhetoric ofRepresentation: 'Ihree N arrative Histories of the French Revo-
lution. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
19 Ver seu Poetics of New History: French Historical Discourse from Braudel to Chartier. Bal-
timore:Johns Hopkins University Press, 1991.
KELLEY 413
ao encalço do argumento pós-moderno de Lyotard e de fato o segue até •
fim, negando mesmo a possibilidade de uma narrativa unificada e univera-
lista ao longo das linhas simples de qualquer ponto de vista ideológico, se;.
conservador, liberal ou radical: "é impossível e mesmo indesejável", Megi1I
acredita, "h omogeneizar ou sintetizar a diversidade", a diJférance de Derrida,
que o fim do século XX nos revelou. Na base dessa crítica ao projeto m0-
dernista, Megill registra algumas regras um tanto quanto universais sobre
como evitar as mentiras da História como História Única: a saber, rejeita
qualquer noção de um único método ou objeto autorizados, opera em ter-
mos interdisciplinares, reconhece os aspectos ficcionais da escrita história
e, por fim e paradoxalmente (parafraseando o "historicizar sempre!" - hoje
superado ou talvez desacreditado - de Frederic jameson), "Teorizar sem-
pre!" Mas - questão perene - como transformar essa teoria em prática his-
toriográfica? E que tal (perto de chegar à ll~ tese de Marx sobre Feuerbach)
"Sem pre inquirir!"? Pois alguma história, de qualquer ponto de vista, está
. sempre apenas começando.
KELLEY 415
Desde Cícero e antes, a história tem sido associada e mesmo identificada
com a memória, mas também com a imaginação; e a introdução da egop-
sicologia e do "psicologismo" na investigação histórica convida à confusão.
Esse é um dos legados do trabalho pioneiro de Halbwachs sobre a memória
coletiva, no surgimento da marca de razão sociológica de Durkheim. Esse
trabalho tem dado uma base material mais específica ao movimento enca-
beçado por Pierre Nora sobre "os lugares da memória", que se expandiu da
França para outras tradições nacionais. Tentativas de ler as fontes escritas
com vistas à cultura oral prosseguem com crescente audácia e engenhosi-
dade, com exemplos arbitrários, como o fundamento de Jan Assmann ao re-
cuperar vestígios da civilização egípcia no Ocidente, o trabalho de Gordon
Shrimpton sobre a historiografia antiga como uma forma de comemoração
pública e transmitida (e de julgamento da "verdade"), o exame filosófico
feito por Janet Coleman da memória antiga e medieval, a jornada "da me-
mória ao texto escrito" de Michael T. Clanchy, o estudo de Patrick Geary
dos nomes medievais e de outros sinais de lembrança refletidos nos regis-
tros e nas histórias, o trabalho de Mary Carruthers sobre as artes medievais
da memória e os hábitos de leitura, a exploração do letramento medieval e
da comunicação escrita, por Rosamond McKitterick, e a ênfase de Elisabeth
van Houts no contexto cultural da historiografia medieval." Os estudos da
memória também fizeram seu caminho pelas histórias política, diplomática
e militar recentes, sem mencionar o Holocausto, as perspectivas revisionis-
tas do nazismo e do comunismo, e a mudança da ideia de Europa.v Ainda
KELLEY 417
dando enfoque a "práticas" (fantasma da "práxis" marxista) - "historia": •
res não fazem literatura" - , mas a tela de interpretação e julgamento critic
permanece em seu lugar,"
Não obstante, essa mudança de dimensão é) sobretudo, uma questão c:
retórica e tema, e a pesquisa continua a enfocar fenômenos sociais - ou s;:-c
representações de fenômenos sociais -, da nacionalidade aos espet ácuk .
públicos e ao cotidiano. A distância entre o mundo e o local - macro- e IL
cro-história - é maior do que nunca) com poucas maneiras de desfazer S L~,
separação; e o ganho nas esferas geográfica e cultural tem sido de muitas fe'-
mas compensado por um estreitamento da perspectiva, de modo que nerr,
os profissionais de história mundial, nem historiadores da cultura po ssar.-
manipular uma perspectiva profunda em suas próprias fontes e práticas. Nc
que diz respeito à historiografia, a tendência tem sido uns poucos críticos ;;
teóricos autorizados enfocarem as modas e opiniões contemporâneas) CO:T1
outros artesãos e artesãs da história sendo recolhidos, na melhor das hipó-
teses, às bibliografias, que nos dias de hoje significam a lixeira da disciplina.
Na história intelectual tem havido uma pronunciada viragem das dou-
trinas e das escolas à recepção, interpretação (e tradução) e transmissão
dos autores aos leitores, e assim uma retomada dos campos modernos de.
retórica e da hermen êutica." Juntamente com essa consciência da dist ância
entre a mensagem concebida e enviada e a mensagem recebida tem apar e-
cido um interesse renovado na questão da verdade e suas várias facetas - ou
melhor, "o que se passa por verdade" em contextos particulares." Outro
36 Ver Roger Chartier, On theEdge of the Cliff History, Language and Pradices, trad. Lydia
G. Cochrane. Baltimore:Johns Hopkins University Press,1997, pp. 19, 26; e C. Gallagher
e S. Greenblatt. PraaicingNew Hisioricism, op. cito
37 Ver, por exemplo, Kathy Eden, Hermeneutics and the Rhetoric Tradition: Chapters in
theAncientLegacyand Its Humanist Reception. New Haven: Yale University Press, 1997;
Ruth Morse, Truth and Convention in theMiddleAges: Rhetoric, Representation and &a-
lity. Cambridge: Cambridge University Press, 1991; e Rita Copeland, Rhetoric, Herme-
neutics, and Translation in the Middle Ages: Academic Traditions and Ve~nacular Texts.
Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
38 Marcel Détienne, 'Ihe Masters of Truth in Archaic Greece, trad. Janet Uoyd. Nova York,
1996, e Christopher Gill e T. P. Wisemen (orgs.), Lies and Fiction in the Ancient World.
Austin : University ofTexas Pre ss, 1993.
39 Raymo nd Williams, Tlie Long Revotution. H armond sworth: Chatto & W indus, 1961.
40 S. C. Hu mph reys, A nthropology and the Greeks. Londres, 1978.
41 Fra nçois Ha rt og, The M irror of Herodotus: 'Ihe Representation of the Other in the W ri-
ting of History . Berkeley: University of California Pr ess, 1988, e Memories of Odysseus:
Frontier T alesfrom An cient Crcece, Chicago: University of Chicago Pre ss, 20 01, amb os
traduzidos porJ anet Lloyd.
~ E L LE Y 419
da América, têm sido vistas do mesmo modo como projeções de um "ni:J5-
cultural fixado tentando construir um sentido etnográfico do estranho "eles:
A busca de Outros culturais é um passatempo popular dos primeiros modes-
nistas, ainda que mais uma vez a primazia da representação sobre o encoe-
tro direto é aparente no reconhecimento de uma retórica convencional da
alteridade designada para celebrar o maravilhoso, o excêntrico e o sem ~
cedentes. Lorraine Daston e Katherine Park forneceram um levantamento
das "maravilhas" da natureza - milagres, monstros, prodígios} curiosidades.
relíquias, erros e brincadeiras da natureza - que desafiam a "ciência normal",
mas também expandem os horizontes dos aspectos imaginativos terrificae-
tes do conhecimento."
Se a história precisa confiar na conjectura e.na imaginação para sondar
o passado, ambas são igualmente necessárias para conceitualizar os espaços
da atividade humana, que, mais do que o tempo, oferecem um convite para
que se solicitem outras ciências humanas, mais estáticas, para seu auxílio,"
Outra área controversa do espaço histórico é a "esfera pública", que, no sur-
gimento da brilhante Habilitationsschift de Jürgen Habermas, de 1962, tem
sido longamente debatida não apenas por teóricos sociais e políticos, mas
também por historiadores, especialmente dix-huitiémistes," Essa análise
clássica de Habermas é hoje um produto já datado da Escola de Frankfurt.
uma forma revisionista de marxismo, e designado como parte de um ramo
datado da "transição do feudalismo ao capitalismo" que não tem sido igno-
rado por críticos e admiradores. Para Habermas a "opinião pública" (oifentli-
che Meinnung, opinion publique) é uma criação da nova "esfera pública" que
4 2 Lorraine Daston e Katherine Park, Wonders and the Order of Nature, 1150-1750 . Nova
York: Zone Books, 1998,
43 Ver Theodore M. Porter e Dorothy Ross (orgs.), TheCambridge History ojScience, v. VIII:
'IheModem Social Sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
44 Jürgen Habermas, The Structural Transformation in the Public Sphere:An Inquiry into a
Category ofBourgeois Society, trad. Thomas Burger. Cambridge ( MA): MIT Press, 1989;
Craig Calhoun (org .), Hab ermas and the PublicSphere. Cambridge (MA): MIT Press,
1992; Peter Uwe Hohendahl, "Critícal Theory, Public Sphere, and CuIture: Jürgen Ha-
bermas and His Crit ics", in 'Ihe lnstitution of Criticism, trad. Marc Silverman. Ithaca:
Comell University Press, 1982; eJames Van Horn MeIton, TheRise of the Publicin En-
lightenment Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 20 01.
48 Erich Auerbach, Literary Languageand Its PublicLate Latin Antiquity in the Middle Age,.
trad. Ralph Manheim. Nova York: Pantheon Books, 1965.
49 Rosamond Mckítterick, The Carolingians and the Written Word) op. cit., e ido (org.), Tn:
Uses of Literacy in Ear/yMedievalEurope, op. cito
50 Sophia Menache, The Vox Dei: Communication in the Middle Ages. Nova York, 1990.
51 R. Scholz, Die Publizistik zur Zeit Philippe des Schônen und Bonifaz VIII. Stuttgart, 1903 .
52 G. A. di Cennaro, Respublica jurisconsultorum_ Nápoles) 1752.
outras partes da esfera pública europeia. Segundo Melanchthon, "é pela elo-
quência [oratio] que [direitos, religiões, casamentos legítimos e outros laços
da sociedade humana] são mantidos em comunídades'í» Mas, se a retórica
contribuiu para a solidariedade social e para as formas públicas de virtude,
ela poderia também, quando divorciada da verdade, produzir revoluções e
desordem pública. "A retórica é uma ferramenta inventada para manipular o
populacho e os baderneiros [ ... ] em Estados doentes [ ... ] como em Atenas,
Rodes e Roma [ ... ], onde as coisas iam de mal a pior e quando as tempesta-
des das guerras civis as agítavam.?" Isso era o lado obscuro da esfera pública,
que também atraiu os historiadores modernos.
O que colocou a República das Letras no mapa, além da itinera acadê-
mica e da correspondência erudita, foi o extraordinário aumento de livros
impressos e periódicos nos séculos XVI e XVII. Entender as fundações his-
tóricas da esfera pública é útil para lembrar a mais do que debatida porém
pouco entendida tese de Elizabeth Eisenstein sobre a imprensa como agente
S3 Rob erto Wei ss, TheDawn ofHum anism in Italy. Londres: s.n., 1947, e Donald R. Kelley,
RenaissaneeHumanism. Boston, 1997.
54 Ver o artigo clássico de Hans Baron, "lhe Memory of Cícero's Roman Civic Spírít in
the Medieval enturies and in the Florentine Renaissance", in ln Seareh ofFlorentine Civie
Humanism,v. I, op . cit., pp. 94-133.
SS Citado por Brian Vickers, ln DefenseofRheioric. Oxford: Oxford University Press, 1998,
p.194·
56 Citado por Mare Fumaroli em James 1: Murphey (org.) J RenaissanceEloquenee. Berke-
ley: University of California Press , 1983, p. 255i e ver M. Fumaroli, L'Agede l'éloquence:
Bh étorioue et "res /iteraria" dela Renaissanee au seuii de l'époque classique. Paris: Librairie
DroZ,1980 .
KELLEY 423
de mudança," No século XVI a imprensa havia se transformado em rede c:.
mercial tanto quanto em arte de uma elite intelectual. A arte tipográfica eD
uma fonte de esclarecimento e subversão, de saber humanista e de protes1D
popular: e foi ao mesmo tempo promovida e reprimida pelo saber huma-
nista e pelo protesto popular, e foi ao mesmo tempo promovida e reprimida
pelo Estado. Desde os humanistas da Renascença, reforçada pela visão dr
Bacon, a chegada do livro impresso fascina historiadores, e esse fenômeno
tem sido engrandecido pelo trabalho de Lucien Febvre, Henri Jean Martia
e Elizabeth Eisenstein, seguidos por uma nova geração de bibliófilos histó-
ricos, incluindo Roger Chartier, Robert Darnton, Carlo Ginzburg, Anthony
Grafton, Ann Blair, Jacob SoU e Adrien Johns. Nascida da ciência biblio-
gráfica e biblioteconômica, a história do livro passa pela história cultural
e intelectual para se tornar uma disciplina própria, ocupada do Ietramento,
das práticas de leitura, da autoria, da publicação e da recepção. O alerta de
Chartier, escrevendo à sombra de Foucault, é que o estudo dos textos não
deve ser confundido com o estudo dos pensamentos e das ações que estão
subjacentes a esses textos, mas que também seja o resultado da experiência e
da cultura histórica que toca ao livro em suas muitas formas, impressas e di-
gitais. Não obstante, permanece verdadeiro que a história do livro e seus de-
rivados em periódicos permaneçam ligados a eventos maiores, incluindo a
Reforma, a Nova Ciência, a Revolução Francesa e as disputas de um caráter
doutrinal ou público - ainda que não, é claro, como fatores especificamente
"causais" seguidos pelos argumentos de Eisenstein."
O livro impresso é apenas um aspecto de um campo mais amplo que se-
ria posteriormente chamado de moedia, da qual a parte mais conspícua é o
jornalismo, popular e letrado) que é quase tão antigo quanto o livro impresso
e que também produziu uma nova disciplina, ou subdisciplina, que é a his-
tória do jornalismo, que pode remontar aos tempos medievais." Há alguns
60 Donald R. Kelley, The Beginningof Ideology: Consciousness and Society in the French
Reforrnation. Cambridge: Cambridge University Press, 1981,pp. :).13-52j Jack Censer, 'Ihe
French Press in theAge ofEnlightenrnent. Londres: Routledge, 1994.
61 Françoise Waquet, Le Modelefrançais et l'Iialiesavante (1660-1750). Roma: École Fran-
çaise de Rorne, 1989.
62 Brendan Dooley, TheSocial HistoryofSkeptícisrn: Experíence andDoubt in EarlyModern
Culture. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1999.
63 Ver os artigos de Ann Blair e outros no Journal of the HistoryofIdeas, 64, n, 2, 2003.
64 Marshall McLuhan, TheGutenberg Galaxy. Toronto: University ofToronto Press, 1962,
P·27 8.
KELLEY 425
em que vivemos e oferece} segundo um comentador} dois pesadelos, um e.
que tudo se perde e o segundo em que tudo se guarda - tudo, ou seja, exceID
pela sabedoria que a perspectiva história traz. Como a tipografia produziu tu.
sentido de história no Ocidente (uma hipérbole comum entre os historiado-
res do livro e da mídía), a nova tecnologia da informação poderia criar um
ambiente em que a história se toma impossível, irrelevante ou inútil, à medida
que desaparece no solvente universal da linguagem do computador.
O outro lado do espaço público é a esfera privada, o mundo doméstico e
o lugar do eu e do sujeito, onde padrões sociais são formados pelas relações
familiares} a vida em casa, a idade, a intimidade, a sexualidade, a criação de
crianças} a doença, a morte e o luto. Na história tradicional esse era o campo
das mulheres} e também da história das mulheres, ainda que com a onipre-
sença do gênero nos estudos culturais recentes, essa visão hostil mudou. Em
todo caso a conclusão tem sido reforçar a orientação da história como vida
e investigação - como campo da experiência e como campo da interpreta-
ção e da representação. Do tempo de Herder e do fim da vida de Ranke, os
historiadores têm se oposto às convenções idealistas dos filósofos, e no sé-
culo xx esse problema aparece em oposição à postura espiritualista da fe-
nomenologia, como é evidente na intencionalidade de Husserl e no Dasein
de Heidegger, especialmente na viragem da atenção de Merleau-Ponty da
mente (a alma) para o corpo como loeus e encarnação da percepção, da ex-
periência, do subjetivismo, do "estar-no-mundo" e da "filosofia da vida~6:;
Os historiadores, como sempre} chegaram atrasados para esclarecer com
mais detalhe essa virada epistemológica e colocá-la em um contexto cultural
o FIM DA HISTÓRIA
66 Ver, por exemplo, Norman Cohn, lhe Pursuit of theMilIenium. Londres, 1957, e Kathari-
ne R. Firth, lhe Apoca/yptic Tradition in Reformation Britain, 1530-1645. Oxford: Oxford
University Press , 1979.
67 Ver KrzysztofPomian, L'Ordre du temps. Paris: Gallimard, 1984; Donald R. Kelley,
"Periodization in the West" (no prelo).
68 Pannwitz, DieKrisis dereurop ãischen Ku/tur. Nümberg, 1917, p. 674.
69 Albrecht Wellman, Zur Dia/ektik vonModerne und Postmoderne. Frankfurt: Suhrkamp,
1985, p. 4 8.
KELLEY 427
acima, ou além, do processo da história (a despeito da implicação temporal
do afixo "pós-"). A cronologia se torna irrelevante: nas palavras de Lyotard-
que definiu a "condição pós-moderna", mas não a localizou no tempo - ·0
ensaio (Montaígne) é pós-moderno, e o fragmento (o Athenaeum [dos
Sch1egeIJ) é moderno'." O pós-modernismo é um começo, podemos dizes;
que é definido como um fim: uma categoria histórica que procura a negr
ção da história. É uma espécie de vida da mente depois da morte do sujeito
e o fim das metanarrativas confortantes que costumavam dar sentido - um
único e estável sentido - à vida humana.
Muitos autores empregaram o termo entre o tempo de Pannwitz e o de
Toynbee, que o usou (com um ponto de interrogação) para nomear o pe-
ríodo que se seguiu à era moderna, começando em 1875, no qual Toynbee
pensou abrir um novo capítulo na história de no ssa civilização. Seu argu-
mento, formulado em 1934, era que o industrialismo e o nacionalismo ope-
raram a construção de grandes potências antes de 1875 e então se voltaram
contra elas depois, mas o termo "p ós-m oderno" não apareceu até a versão
abreviada de seu Study of History em 1946j e os usos atuais do termo têm
crescido logaritmicamente. "O que nós chamamos de pós-modernidade?",
pergunta Foucault, "não estou atualizado,"" Para essa questão não há "nós",
e a minha opinião certamente é a de uma minoria. No meu modo de ver,
o pó s-modernismo é um produto dos excessos do modernismo, e é difícil
estabelecer uma linha (ou encontrar um ponto de viragem) entre os dois,
especialmente enquanto o primeiro resiste às definições de tipo historiei-
zante sugeridas pela primeira parte do próprio termo. Como São Paulo, o
pós-modernismo é todas as coisas para todos os homens (e mulheres), e
assim o ex-marxista Seidman, na base de uma guinada pessoal, associa-o à
liberação homossexual - e enquanto puder ser um termo útil e irresistível
para sugerir os problemas do mundo nos primeiros anos deste milênio, ele
KELLEY 429
profundas raízes e foram dominados por personalidades patológicas que
impuseram uma agenda pessoal em um programa político e social: e os his-
toriadores}mesmo aqueles não ligados à historiografia contemporânea, têm
de manobrar entre esses extremos} deixando para trás um vasto apanhado
de literatura contaminada adequada apenas para se tomar material de exame
e diagn óstico." Como a erudição medievalista na Alemanha foi infectada
pelos excessos do nacionalismo anacr ónico e do racismo} a historiografia
da França revolucionária experimentou uma revisão de esquerda à luz da
revolução russa} e é claro que os historiadores do século xx (histoire contem-
poraine, Zeitgeschichte) foram pegos pelos redemoinhos da ideologia e dos
revisionismos do pós-guerra que moveram profissionais dentro e fora do
serviço público. O que sobrevive} é claro}são os nacionalismos que colorem
e distorcem os globalismos do período que sucede a desagregação do Im-
pério Soviético} a formação da União Europeia e o surgimento do que boa
parte do mundo reconhece como um novo imperialismo norte-americano.
A impressão de Daniel Bell é a de que o "fim da ideologia" parece ainda mais
apropriado do que durante a Guerra Fria.
A história é sempre passado (como de fato é sua escrita}, mas ela tem
um fim? No campo imaginário do pós-modernismo a resposta é talvez
sim (mas com a pergunta seguinte) para quemj ), é de fato mais do que um
fim, por enquanto a grande narrativa imaginada não apenas não termina (a
implicação do argumento de Lyotard) como não existe} as mininarrativas
fragmentárias construídas em contextos particulares e de pontos de vista
particulares devem todas acabar e ser suplantadas - e suplantadas} de fato}
por outra guinada da "história" Assim} se pós-moderno e pós-humano} por
que não "pó s-hist ória", um termo e conceito que de fato apareceu} ou reapa-
receu, no fim de nosso mil énio?" Este parece marcar um fim das guinadas}
mas há uma história para a pós-história também. Durante o período nazista
77 L. Niethammer, Posthistorie, op. cit., e G. Vattimo, lhe End ofModernity, op. cit.
78 Georg Wilhelm Friedrich Hegel, lhe Philosophy of History, trad. J. Sibree. Nova York:
Dover, 1944, p. 442 [ed . bras .: Filosofia da hist ôria, 2~ ed., trad . Maria Rodrigues e Hans
Harden. Brasília: UNB , 2008].
KE LLEY 431
foi concebida como a soma das histórias nacional ou especial, ou mais re-
centemente civilizações, e depois a humanidade heterogênea foi concebida
em diferentes organizações formais e informais do imperial (Roma e seus
êmulos) ao ecumênico e aos modernos "sistemas mundiais"; mas em uma
era de globalismo, "metageografia" e história ecológica, os acadêmicos ten-
tam dar a ela uma forma mais específica, como é usual com a ajuda de outras
disciplinas e métodos e com a atenção a fenômenos internacionais como
migração, comércio, doenças e trocas culturais.
O espaço histórico se expandiu enormemente com a abertura de fron-
teiras extraterrestres, e o mesmo pode-se dizer sobre o tempo, com o sur-
gimento e o desenvolvimento retrospectivo da pré-história; mas aqui a
"última fronteira" permanece o futuro, e aqui a rejeição de Tucídides à "ar-
queologia" e o foco em eventos contemporâneos e próximos da contempo-
raneidade entram em questão - muito embora "escrever à sombra do ama-
nhã", nas palavras de Huizinga, leva o historiador a confrontar o futuro, e a
"futurologia" ainda não tem sido aceita entre as ciências auxiliares da história.
A história corrente é definida em termos não apenas de tempo, como de uti-
lidade, "interesse" e relevância prática (na tradição da "história pragmática"
de Políbío}, visto que os estágios iniciais da experi ência humana oferecem,
na melhor das hipóteses, um tipo reflexivo de sabedoria ou consolação, se
não de pessimismo e desespero. Para a descoberta científica poderia haver
um "papel para a história", como argumentou Thomas Kuhn, mas para as
estratégias sociais e políticas a história parece menos imediatamente rele-
vante. Mas como se pode interpretar a história contemporânea de modo
geral exceto por projeções do passado ou recursos artificiais a outras disci-
plinas e à teoria? Um modo é descer aos estreitos horizontes da memória ou
da autobiografia e estender a visão histórica especulativamente a uma visão
do mundo, como Winston Churchill (que, como alguém apontou, escreveu
sua autobiografia e a chamou de The World Crisis), mas isso é uma perspec-
tiva negada à maioria dos humanos, exceto na ficção, à qual de fato muitos
historiadores têm recorrido como forma superior de invocar a experiência
do passado.
Na medida em que os horizontes geográficos se expandem, surge o de-
sejo de uma história mundial sintética acima do nível de evolução biológica
conjectural e da abstração demográfica. O globalismo se pauta por conexões
e encontros, mas não por qualquer tipo de unidade que possa dar forma às
KELLEY 433
mentos e historiografias nacionais na Pol ónia, na Tchecoslováquia (dua s ;:~~
díções), Hungria} Romênia e Iugoslávia}com a última fragmentada dep l _
da morte de Tito em 1980.79 O falso universalismo criado pela sovíetízaç.e
da escrita histórica foi suplantado pela livre investigação em tradições naci ~
nais, com o estilo de pesquisa do Ocidente e a crítica encorajada pelos coe
tatos internacionais e conferências e o renascimento de velhos debates sob rt
mitos nacionais} por exemplo} a noção das conexões dos romenos com ~
antigos dácios do Império Romano} que fazem retomar a filologia crític a. o
a arqueologia. Mas historiograficamente esse não é o trabalho costumeiro
pois os historiadores também precisam confrontar as experiências traum án -
cas mais recentes criadas pelo fascismo} pelo comunismo soviético} pelo Ho-
locausto e por outros fenômenos xenófobos do século passado [século xx
que geraram todos os movimentos posteriores de "revisão':
O globalismo no início do terceiro milênio tem muitas implicações qu ~
afetam a prática e a teoria da história} começando pelo anacronismo do Es
tado nacional e a ideia de ordem internacional que o abarca em um mundo
sem fronteiras no qual o meio ambiente e os conflitos étnicos não mais figu-
ram como um mero pano de fundo." Não obstante} os conflitos étnicos são
complicados pelo crescimento populacional} especialmente em áreas urb a-
nas, pelas migrações "empur radas" ou "puxadas" pelos interesses econ ôrni-
cos e pela manipulação política; e os velhos ideais da democracia liberal do
Ocidente e o papel do direito se tornam ainda mais remotos no contexto
atual. O mundo está encolhendo e se expandindo ao mesmo tempo, tor-
nando parte da vida cotidiana não apenas a viagem e a troca de informação,
mas o imperialismo cultural e o terror. Esses e outros fatores nos trouxeram -
a nós e aos "outros" -} pelo marco de uma mídia que tudo abrange} um tipo
de homogeneização cultural e} também} um fim à possibilidade de grandes
narrativas e de um entendimento histórico unificado.
Assim, o problema do conhecimento tomou uma forma diversa neste
novo milênio - o problema do conhecimento no sentido não da epistemolo-
KELLEY 435
história baseada na leitura de livros antigos e na escrita de novos. Esse é UOI
modo de a história chegar a um fim}não com estrondo ou sussurro}mas
com uma rendição sem reflexão à sobrecarga de informação? Mas mesmo
então} como Hans Blumenberg pergunta sobre os esforços para a extirpação
do mito} "e se ainda houver alguma coisa a dizer} depois de tudO?,:81
PROSPECÇÃO
Assim} pela última vez} o que é a história? Minha resposta de inspiração her-
menêutica e antropológica tem sido sempre: a história é o que os historiado-
res fazem - têm feito ~ e isso me levou (euro- e egocentricamente) de Acton
a Vico, à arte renascentista e à ciência moderna da história}e a várias "n ovas
histórias", e daí para trás, em uma mais ampla perspectiva} a um largo pano-
rama de modos antigos e medievais de investigação e mais recentemente aos
herdeiros modernos e pós-modernos desse legado complexo} contraditório,
formado de inúmeras camadas} com todos os seus diferentes objetivos, mé-
todos, perspectivas e contextos. Ao fim dessa peregrinação} penso sobre a
reflexão de Rilke:
Assim} depois dessas reflexões} o que é a história? Para mim} a resposta ainda
está em processo de elaboração.
Mas e a historiografia em suas últimas modalidades? Para alguns ela
ainda está em "crise"} ainda que os argumentos para isso sejam meros lu-
81 Hans Blum enberg, Work onMyth, trad. Rob ert M. Wallace. Cambridge (MA) : MIT Press,
1985, p. 636j e ver Joseph Mali, Mythistory: TheMaking ofModem Historiography. Chica-
go: University of Chicago Press, 2003.
82 Rainer Maria Rilke, Selected Poems ofRainer Maria Rilke, trad. Robert Bly. No va York:
Harper Perennial, 1981, p. 13.
83 Gérard Noiriel, Sur la "Crise" de I'histoire. Paris, 1996j e ver Lutz Raph ael, Geschichts-
wissenschaft im Zeitalter der Extreme: Theorien, Methoden, Tendenzen von 1990 bis zur
Gegenwart. Munique: Beck, 2003.
KELLEY 437
conceitos}qu e ch amo à baila repres entam um a espécie de taquigrafia histo-
riográfica mais do que simplificada; o ponto é qu e nós faríamo s bem em [ ç.
conhecer seu caráter problemático e} acima de tudo}ficcion al. Com eço com
um texto de um velho e memorável clássico, 1066 and All Tliat: "A hist ória
não é o qu e você pensou. É o que você pode lembrar': Esse é um ótimo c n-
selho para estu dant es, ma s para escritores da história ele pode ser alterado
par a: "A história não é aquilo que aconteceu. É o que você pode descobrir -
respeito': D eixe-m e elaborar sobre essa afirmação algumas outras afirma çõ es
sob re o ofício da história.
84 Paul Ricceur, Tempset r écit, 1. I. Paris: Seuil, 1983 [ed, bras. : Tempo e narrativa} v. 1, trad.
Claudi a Berliner. São Paulo: WMF-Martins Fontes, 2 01 0] .
8S Alan Garfinkel, Forms of Explanation: Rethinking the Questions in Social Theory. New
Haven: Yale University Press, 1981.
86 Barry Allen, Truth in Philosophy. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1993,
pp. 46-47.
KELLEY 439
retórica que camufla o trabalho histórico do que é mais precisamente
trabalho da con strução imaginativa.
7. Não existe "história". Quero dizer não apenas passado algum , rr
nenhuma experiência coleti va compartilh ada pel a espécie hu mar
exceto sua existência em um meio ambiente hostil no interior de insu
tu ições de parente sco. A história não pode "dizer" exceto através de un
ventriloquia humana) e (para invocar a crítica pós-moderna de Lyotai ~
não pode existir "metanarrativa" que capture "a natureza e o destin o c
homem". Tais metanarrativas que temos) é claro - fund amentadas r
todo tipo de ideologia e utopia - ) apen as como estruturas para a hist
ria humana) elas cedo ou tarde) creio, malogram.
KELLEY 441
rica e conclusões, ela reside em uma fundação mítica e meta-histórica q_:
muito transcende os horizontes do estudo histórico e chega perto da ..~ _
t ópsia" em que se pautava a investigação de Heródoto. A história perman-:: :r
conhecimento "local" - et tout le rest est littérature (se não "história" em u:-
sentido pejorativo). Contudo, como Heródoto estamos livres para entrar r
mundo do mito, da conjectura e da especulação, de modo que, como di-' e
Certeau, "a história é provavelmente nosso mito" - talvez mesmo) con rrr
Hans Blumenberg e os sonhos filosóficos, nosso "último mito'."
Publ icado originalm ent e como "Circunspe ct and Prospect", in Donald Reed Keil"
Fron tiers of Histo ry : His torica l Inquiry in t he Twent ieth Centu ry . New Haven: Vii ~
Univers ity Press, 2006, pp. 206- 42.Tradução de Bruno Gamb arotto.
87 Michel de Certeau, lhe Writing of History, trad. Tom Conley. Nova York, 1988, p. 21
[ed. orig.: L'Écriture de l'hisioire. Paris: Gallimard, 1975; ed. bras .: A escrita da história,
trad. Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011]j e cf H.
Blumenberg, Work on Myth, op. cito
Assim, minha trilogia sobre a investigação histórica ao longo das épocas chega
ao fim: Faces of History colocava a história da historiografia ocidental em ampla
perspectiva e a fazia retomar até o século XVIIIj Fortunes of History seguiu no
encalço de uma narrativa que se tomava cada vez mais complexa à medida que
caminhávamos do iluminismo à Primeira Guerra Mundial, e Frontiers"ofHistory
examina de modo mais pessoal, partindo da própria auto avaliação do autor e
seu "ponto de vista', o período que se estende daquela época à primeira década
do novo rnilênio. "Um homem empreende a construção de seu próprio mundo',
Borges escreveu. "Com o passar dos anos, ele povoa um espaço com imagens de
províncias, reinos, montanhas, baías, navios, ilhas, peixes, salas, instrumentos,
estrelas, cavalos e indivíduos. Pouco tempo antes de morrer, descobre que o la-
birinto paciente de linhas traça os contorn os de seu próprio rosto:"
1 J orge Luis Borges, Collected Fictions, tra d. Andrew Hu rley. Nova York: Penguin Books,
1998, p. 32 7.
444 CONCLUs Ao
Não que minha construção seja original, pois ela não está baseada no
8IIldo, mas em histórias ensaiadas muitas vezes antes com padrões recor-
IImtes, se não constantes. No início do terceiro milênio da Era Cristã (se-
JUOdo o esquema cronológico herdado do Venerável Beda}, como tantas
lIrZeS antes, a história escrita se equilibra entre dois polos - entre a fragmen-
KELLEY 445
vejo -me em consulta a dicionário s, enciclopédias e compêndios de h istorio-
grafia, que são, em sum a, bibliografias qu e fornecem listas de au tor es, text
e outro s vestíg ios do comportam ento human o no passad o - e esses, é elai
na s principais línguas europeias. A consulta à int ernet só pode suplem en t
tal p esquisa (ou isso é o que parece a alguém da minha ger ação). Exist ere
muitos trabalhos clássic os em muitas línguas, certamente, m as poucos Ir _
du zid os ou abs orv id os p ela hi st ori ografia dominante, para a qu al o mund
inteiro é a Cí tia, se não Marte. D e qualquer forma, a impressão é que a hi sro-
ria, que na sceu em "listas" está ret omando ess e gên ero antigo.
Em rel ação à Europa Ocidental, o caso, à p arte das insti tuições ec o nó-
m icas e das ações além da esfer a p olít ica, continu a a ser o de co nsolidar e
exp andir os Estad os nacionais tomando o espaç o, ou assum indo o poder, de
min orias marginalizadas, en qu anto na Europ a Central e Oriental (um a re-
gião o u du as?) , o problem a tem sido de peq ue nas naci onalidades, sujeitas
a gr andes poderes, que comb ate m e se sob rep õem umas às outras, d e "im
p érios" de signados oficialm ente o u não.' Outro problema er a a ausê ncia de
correlação entre identidades étni cas e n acionais, como no caso do s muçul-
man os do s Balcãs, que er am reconhecidos como grup o religio so apenas De
Sérvi a e na Cro ácia.' De qualquer form a, os Est ados menores já não querem
ser as "arraias-m iúdas", com o colo cava Traian Sto ian ovich, mas também as
"águias ", os "ursos" e os "le ôes'':' A última da s estruturas imperiais, a União
Soviética, carregou consigo uma visão de história que acompanhou o comu-
nismo internacional, mas essa visão não so b reviveu a 1989, exce to em áreas
de de scontentamento social. Começando como fantasma, o comunismo era
um cadáv er, uma Babel estilhaçada; e mais uma vez o na cionalismo em vá-
2 Jenó Szúcs, Les Trois Europes. Paris: L'Harrnattan, 1985, com pr efácio de Braud el.
3 Francine Friedman, The Bosnian M uslims: Denial of a Nation. Boulder: Westview Press,
1996, eJean Forward, EndangeredPeoples ofEurope:Struggles to Surviveand Thrive. West-
port : Greenwood, 2 001.
4 Traian Stoianovic h, BetweenEast and W est: The Balkans and the Mediierranean Worlds,
v. IV. No va Rochelle: A. D. Caratzas, 1995, p. 84j e ver Ben edict Andersen, Imagined
Communities. Londres: Ver so, 1983j Eric Hobsbawm e Terence Range r (orgs.), 'lhe In-
vention of Tradiiion. Cambridge: Cambridge University Pres s, 1983, e Mikul ás Teich e
Roy Porter (orgs.), The Na iional QJ<estion in Europe in Historical Contexto Camb ridge :
Cambridge University Press, 199 3.
446 CC N CLUS 40
- , ~ formas veio a dominar a cena na Europa Oriental (ainda mais violenta-
- ente nos Bálcãs, mas também no Báltico), na África e na América Latina.
=:.: m a independência política assegurada, os Estados menores puderam
, car nos avanços sociais e ideológicos através da historiografia à moda oci-
~ ental e da construção de tradições nacionais - ainda em um modo profis-
-.mal e crítico que evitava os excessos partidários e românticos, mantendo-
, ~ abertos à ideia de uma comunidade global.
O modelo ocidental de historiografia nacional tem sido imitado, ou to-
mado por baliza, por muitas tradições culturais de vários níveis de realização
:- olítica. Rússia, China, Índia, Japão, Coreia, Vietnã , Indonésia, o mundo is-
ãrnico, a Turquia e outros grupos linguísticos, tanto quanto as áreas angló-
;'o nas do Canadá, a Austrália , a Nova Zelândia, a África do Sul e a Polinésia,
i ~ m tradições historiográficas que geralmente seguem o modelo progressivo,
. orneçando pela interpretação de mitos, crônicas, poemas e registres, a iden-
ríficação de fundadores intelectuais, geralmente associados a ressurgimentos
nacionais nos séculos XIX e XX , o estabelecimento de métodos científicos
muitas vezes invocando a figura paternal de Ranke), o ensino universitário,
as distorções das ideologias oficial e subversiva , controvérsias revisionistas,
especialmente sobre as origens, continuidade, periodização, a participação
parcíal na pesquisa internacional e publicações e esforços de encontrar um
iugar na história globats O padrão se repete em outros grupos, ainda que de
maneiras menos centradas, como nos Estados da Ásia Central, que muitas
vezes se veem carentes de fontes para construções de tradições independen-
tes de China ou Rússia, ou África, sobre as quais um autor recente pergunta,
"Qual história, para que Ãfricai'" Essa pergunta pode ser dirigida a todos os
continentes, que se veem envolvidos em problemas com a nova disciplina
KELLEY 447
da "metageografia'" O fator moldante final certamente permanece a idenlii-
cação e o emprego de fontes materiais.
A história é um capricho de povos sedentários e organizados: grupol
migratórios e de diáspora veem dificuldade de estabelecer suas raízes e -..
ventar" suas nações. É extraordinário considerar o alcance e a quantidade
de grupos linguísticos e nacionalidades potenciais em nossa ideia global dr
realidade. Estima-se que existem mais de 4 mil línguas distintas} distribui-
das em famílias (ainda que os relacionamentos permaneçam muitas vezes
problemáticos no estado presente da linguística histórica, um campo de
não muita credibilidade hoje em dia), e - ainda que as línguas morram em
uma média comparável às espécies biológicas - a questão é se isso signí-
fica que há um número potencial ou incipiente ou interpolado}bem como
em disputa}de historiografias." Quando o mapa linguístico é desenhado, os
contornos e histórias adjuntas são, no mais das vezes, confundidos, respon-
dendo poucas vezes à interpretação geral}exceto talvez a um evolucionismo
vulgar transplantado" - e, em termos humanos, simplificação Significaelimi-
nação de interesse na construção conjectural. Esse é o outro lado da moeda
globalista, e ela representa um desafio crescente às velhas convenções da
narrativa histórica.
Então, o que vem depois? A história aponta ao passado, mas ocupa um
contínuo que está ligado ao futuro, e o futuro, ainda que inacessível, pode
ser antecipado e muitas vezes esperado. Ainda que a história tenha uma es-
trutura horizontal e partilhe de um ponto de vista, é óbvio que ela foi ra-
dicalmente globalizada nas duas últimas gerações (ainda que fundada em
um esforço anterior) e está se acostumando ao que não é familiar. Contudo,
os efeitos dessa globaliza ção são muito mais quantitativos que conceituais,
por causa da necessidade de acomodar povos de centenas de continentes
448 CONCLUSÃO
talando milhares de línguas, incluindo os que migram ou estão em díáspora,
110 que, em uma reminiscência de nossa terra achatada do passado, nós po-
demos chamar de quatro cantos do mundo." Os materiais da história do
mesmo modo se transformaram quantitativamente, à medida que foram
dispostos em linha e reunidos em categorias plausíveis e em elementos dis-
cerníveis não de sentido, mas de informação, que velhos historiadores po-
dem reorganizar da maneira que achem adequado, com ou sem enredo, mas
ainda segundo um cânone interpretativo formado a partir de línguas ainda
não (a despeito das maravilhas da tradução mecânica) acomodadas às per-
mutas eletrônicas. Esse é um mundo que se torna familiar para alguns, mas
verdadeiramente estranho para outros, mesmo que livros convencionais,
bibliotecas e editores ainda deem aval às nossas práticas de saber histórico,
pelo menos até agora.
O presente também está se tornando um país estrangeiro e ainda, en-
quanto passa} convida à investigação de Heródoto tanto quanto à análise de
Tucídides. O que surge em nosso horizonte de expectativa? Um modo ainda
em voga de prover o futuro se dá pelo culto da novidade, que surgiu no iní-
cio dos tempos modernos e foi reforçado pela galáxia de Gutenberg e pelo
comércio e pela divulgação de livros, cartas} panfletos e periódicos. Somente
depois de passado o século XVI os pensadores puderam conceber a filosofia
não meramente como um legado a ser trabalhado e ensinado e como um
projeto que clamava por novos (e melhores) pontos de partida. Nova filoso-
fia} nova ciência} nova história e "novidades" simples eram todas os produtos
da expansão da cultura impressa e os arautos de nossos perigos históricos
atuais e de nosso pandemônio historiográfico. Para Michel de Certeau, a
história é "um deus fragmentado [ ... ]} falando sem parar - em todo lugar,
nas notícias, nas estatísticas} nos documentos, nas eleições [ ... ] formando
assim a teia retorcida de 'nossa' história'."
Um resultado da inovação foi a substituição ou a ocultação de velhos tra-
balhos por novos (e enriquecidos do jargão comercial}, resultando em ideias,
KELLEY 449
argumentos e conclusões que precisam ser continuamente reafirmados como
novas descobertas - produzindo, nas palavras de Sorokin, sempre "novos Ce-
lombos", inadvertidamente plagiários e copiadores, empreendendo novas ~
gens de descobrimento que se fazem sempre esquecer. Por ora, deveríamos ter
aprendido melhor; tendo descartado as revoluções copernicana, darwniana e
freudiana, não deveríamos nos surpreender por termos sido marginalizados e
fragmentados em nome de um sentido de história profunda. Pensar no pre-
sente momento como o clímax da história é "um dos mais destrutivos hábitos
do pensamento moderno", escreve Foucault, que completa: "É preciso encon-
trar a humildade de admitir que o tempo de uma vida não é o momento único,
simples e revolucionário da história, em que tudo começa e termina'."
Contudo, não podemos evitar a renovação contínua, se não a singula-
ridade, de nossa perspectiva e tanto a impossibilidade de conhecer o su-
ficiente quanto as desvantagens de saber demais. Em um pequeno ensaio
publicado em 1939, Jorge Luis Borges imaginou uma instituição, a chamada
"Biblioteca Total", que era a um só tempo divina e diabólica, utópica e ab-
surda. Sua visão pode ter sido inspirada pela famosa hipótese de um grupo
de macacos que, com tempo suficiente, poderia afinal datilografar as obras
completas de Dickens; pois ele aponta em uma nota que, "rigorosam ente fa-
lando, um macaco imortal poderia bastar". Em todo caso, a Biblioteca Total
de Borges, transcendendo o esforço simiesco, poderia ser de "proporções
astronómicas" e incluir absolutamente "tudo", não apenas o catálogo da pró-
pria biblioteca em todas as línguas, mas também entradas de infinita diver-
sidade, como uma história detalhada do futuro, a enciclopédia que Novalis
pensou compilar, os paradoxos que o.bispo Berkeley não publicou, a prova
do teorema de Fermat} os capítulos não escritos de Edwin Drood e coisas
triviais, reais e possíveis, sem fim. Esse "h orro r subalterno", como Borges o
chama, pode assombrar a imaginação dos historiadores e dos poetas; nem é
qualquer tecnologia engenhosa que nos deixa escapar dessas visões bruxu-
leantes de o que o tempo esconde e de o que os hominídeos podem produ-
zir. Loucura e verdade são as filhas do tempo.
Os historiadores já não podem evitar a condição permanente de "sobre-
carga de informação", que (diferentemente da expansão das fontes históri-
12 Foucauli Live ( Int er views, 1966 -1984), trad.JohnJohnston. Nova York, 1989, p. 251.
13 Michael E. Hobart e Zachary Schiffman, Information Ages: Literacy, Num eracy, and the
ComputerRevolution. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1998, e sobre a "sobre-
carga de informação", ver os artigos reunidos por Ann Blair no [ournalof the History of
Ideas, 64, 2003, pp . 1-72.
14 Mar shall McLuhan, 'Ihe Gutenberg Galaxy: 'IheMaking of TypographicMan. Toronto :
University ofToronto Press, 1962, p. 46.
15 Ver Stephen G. Mestroví é, The Balkanizaiion of the West: The Confluence of Postmoder-
nism and Post Communism. Londres: Routledge, 1994.
KELLEY 451
cos trazidos pelos "estudos cultu rais': Para muitos historiadores, cansad o, -.
visada jornalística da política e seus porta-vo zes) mexericos e escândalo; _
"p olítica cultural" pare ce um alvo mais desafiador, se não mais tangível, c -
estru turas e polos de poder refletidos em criaç ões e manifestaçõe s, tanto r _
blicas quanto privad as. Algumas delas resultam da atenção dada à hi st ór-_
da s mulheres, é claro, entretanto, que existem raízes m ais profundas, cora
mostram alguns dos historiadores da cultura que chegam até o sé culo xv t
O que Katherine Hayle s diz sob re literatura, qu e esta não pode ser separ c.:: _
d a materialidade e dos meios de co mun icaçã o que a cercam, pode se ar-
car à própria hi st ória, especialmente quando ela p assa o foco das pala vr'-
às co isas, como os hi storiadores da arte têm feito h á gerações.16 Quanto _
"histó ria das ideias", h á muito colocada por alguns hi storiadores no cen r.:
da mudança histórica, ela tem sido relegada, explícita ou implicitamente, _
história do pensamento político, religioso e científico, bem como à literatur;
ou seja, às línguas dess as di sciplinas.
A busca de uma ciên cia que esteja além da s confusõ es e contradições d:
vida e da linguagem no no vo m ilênio continua, e as teorias do caos e da com-
plexidade parecem de fato ser os equivalentes so fisticad os da ciência estat ís
tica do século XIX - ain da buscando reduzir o conhecimento local à teoria
global e determinar regularidades, se não previ sõ es por trás do fluxo) me smo
que de modo não line ar e fragme ntá rio, segun do, talvez, os ditames do "p ós-
-modernismo cultural"," Para H ayle s, essa condição de "desordem ordenada
tem se produzido p ela suc essiva "desn aturalização" da linguagem, do con-
texto e do tempo, sujeitando -os à interpretação construcionista , sep arand o
o tempo da sequê ncia e da causalidade e antecipando a própria de snaturali-
zação do ser humano. Assim, a hi stória, em sua forma clássica, está reduzida
a histórias lo cais e lin eare s - talvez "complementares" - no interior de urna
estru tur a que mina sua form a temporal e a proj et a co m vistas a modos "sis-
temáticos" de entendimento e representação - qu e podem sugerir modo s dê
16 Katherine Hayle s, Writing Machines. Cambridge (MA): MIT Press, 20 02; e ver Geo rge
Kubler, 'Ihe Shape ofTime: Remarks on the History of Things. Ne w H aven: Yale Un iver-
sity Press, 196 2.
17 Ver, entre muitos outros, Kathe rine Hayles, Chaos Bound: Orderly Disorder in Contem-
poraryLiteratureand Science. Itha ca: Cornell Un iversity Press, 199 0, p. 266 .
4 5 2 CONCLUSÃO
construir pontes entre a micro e a macro-hist ória." Ainda assim muito disso
é levado em espírito de brincadeira - a "cultura da divers ão" pós-moderna -
que, como Huizinga apontou, é mais abarcadora que a seriedade, já que a
primeira inclui a segunda, e não vice -versa.
Em algumas áreas do estudo histórico, evidentemente, ainda se traba-
fila como usualmente. A história do livro impresso é uma linha muito ativa
de pesquisa, ao mesmo tempo que seu futuro na forma convencional está
sendo posto em questão pela "sobrecarga de informação" e pelas pressões
econômicas. Não que a quantidade de livros impressos vá decair em um
futuro próximo, especialmente no campo da historiografia, mas as dificul-
dades, geradas pelos dicursos quanto ao acesso à informação essencial, tor-
nam os velhos métodos de pesquisa cada vez mais ineficientes e irrelevantes.
A vida de estante dos livros impressos será drasticamente tolhida, e muito
embora a pesquisa bibliográfica vá ganhar facilidades, ela também será cad a
vez mais arbitrária devido aos intermediários técnicos entre escritores e lei-
tores. Haverá mudanças, também, no meio institucional, que irá tender não
mais à sala de aulas ou à mesa com caneta, máquina de escrever e papel,
mas ao espaço do computador para ler, escrever e retomar, com doce ironia,
às antigas técnicas dos papiros, à marginália hipertextual e às trocas ante-
riores à palavra impressa - deixando a cultura impressa sobretudo a uma
leitura pública mais ampla e ao mercado de manuais.
O impulso enciclopédico, contudo, continua, ao ponto de que parece-
mos ser levados a uma nova fase da Summa medieval, demonstrada pela pro-
liferação não apenas de manuais, mas também de dicionários, enciclopédias,
"com pêndios", comentários e produções semelhantes - muitas delas também
em rede. Sob essas condições não há mais muitas fontes originais para que
historiadores as explorem, apenas informação (não fatos individuais, mas
"dados" quantificáveis) e um aparato processado por técnicos, que adicio -
nam outro complicador à epistemologia histórica, enquanto pontos de vista
e vieses já se apresentam incrustados nas fontes em outro nível. Em termos
suficientemente gerais e por questões pedagógicas, isso talvez não faça di-
feren ça - e, de fato, em certo sentido isso é marca do progresso em relação
K ~LL EY 453
ao impressionismo de outrora -, mas então onde estão as premissas para ~
qualificação histórica e a crítica que vá além dos lugares -comuns culturais
e das pré-estruturas ideológicas? A hegemonia da tecnologia dos computa-
dores ameaça transformar o próprio tecido do tempo humano) de tal modo
que, segundo Arno Borst, que invocava o acadêmico ligado às questões do
tempo J. T. Fraser, "a teia global do presente [ ... ] tem destruído mais e mais
a complexidade das ordens do passado e estreitou a escala de variações entre
o trabalho e o lazer, a velhice e a juventude, os desenvolvimentos biol ógicos,
intelectuais e sociais 'i" Nós estamos de fato "perdendo tempo':
O "p ós-m odern ism o" captura essas condições da erudição histórica
moderna? Esse termo, aceito amplamente e construído não menos am-
plamente e ainda sem mostrar sinais de envelhecimento, tornou-se um
guarda-chuva para modas intelectuais contemporâneas que queiram iden-
tificar algo além do mais que usado e intimidador rótulo de "modernismo",
mesmo em seus mais perversos excessos. De fato, o pós-modernismo segue
o padrão geracional comum de revolta contra a tradição, mas levanta seus
estandartes questionando as convenções do próprio tempo, elevando-se
acima dele. Isso se realiza através de estratégias retóricas que não podem
ser extraídas da linguagem ou da experiência histórica: e o efeito, se não o
objetivo, é privilegiar interpretações imaginativas e - cortando laços com
questões de cronologia e a autoridade da erudição histórica convencional
- elevar acadêmicos e escritores à posição de juízes, "críticos culturais" e
mesmo profetas." Para historiadores não teóricos, o pós-modernismo é
uma licença de pesca para alvos e opiniões exóticos, quando não uma nova
maneira de injetar vida em velhos objetos." Claro que não há nada de es-
pecialmente novo nisso - e ainda cabe aos historiadores a "historicização"
de tais esforços tanto quanto do rótulo (não chamo de conceito) de pós-
-modernismo. Há mais de um século Nietzsche profetizou "N osso novo in-
454 CONCLUSÃO
"~ito '~querendo dizer que "o mundo tornou-se mais uma vez infinito para
nós: tanto quanto não podemos rejeitar a possibilidade de que isso inclui
infinitas interpretações" - e o corolário segundo o qual "toda ação requer
esquecimento"." É isso um convite ou resignação em face da conjectura e
da opinião sem fim) uma antecipação da "teoria do caos" ou uma negação
de que possa haver algo assim?
Sob tais condições) qual será a utilidade da história? As prescrições an-
tigas para a verdade, o lucro e o prazer ainda se aplicam, mas em diferentes
formas na moderna sociedade de massa sob condições de mudança tecno-
lógica e a ameaça de balcanizaçâo, que pode ser de fato "interpretada" me-
diante a rubrica genérica total de "pós-modernismo". Mais tocante, talvez,
seja a pluralidade de perspectivas à disposição dos leitores modernos, isto é,
a multiplicidade de passados, históricos e pré-históricos) que livros impres-
sos trazem e que são elaborados na cultura eletrônica. O século XVIII viu
a emergência da hermenêutica moderna e o conceito de "ponto de vista",
que mais tarde seria incorporado ao método histórico e minou a noção de
uma única narrativa da experiência humana, fosse providencial ou secu-
lar. "Para cada olho", como Burckhardt começou seu grande livro sobre a
Renascença) "os contornos de uma civilização [Kultur] apresentam uma
figura diferente", e essa percepção impressionista tornou-se uma premissa
definidora da história pós-moderna. Contudo, a "cultura" também foi plu-
ralizada e fragmentada; um século antes de Burckhardt, os acadêmicos in-
vestigavam não só a alta cultura) mas a "cultura material", e as preocupações
não somente das elites dominantes) como a história das classes médias e
trabalhadoras e de grupos subalternos, mulheres, crianças, homossexuais)
idosos) deficientes, criminosos, animais) elementos da cultura material (in-
cluindo livros como mercadoria) e o meio ambiente, e assim a cadeia da
vida humana. A isso se deve acrescentar a experiência da "alteridade", en-
quanto os contatos com o Oriente e o novo mundo complicavam a história
eurocêntrica e minavam a velha narrativa de Adão (e Eva). Certamente, as
convenções da história universal - da velha estrutura bíblica para o evolu-
cionismo e as mais sofisticadas filosofias da história - muitas vezes associa-
22 Fried rich Nietzsche, On ihe Advantage and Disadvantage of Historyf or Life, trad. Peter
Preuss. Indianapolis : Hackett Pub CD., 198 0, p. 10.
456 CONCLUSÃO
tidamente, padrões antigos, talvez esquecidos, sem reconhecimento signifi-
cativo até que a historiografia revele constantes, continuidades e repetições.
Isso não significa dizer que não experimentaremos ou proclamaremos novi-
dades, pois o conhecimento histórico é sempre novo, e estamos sempre na
fronteira, olhando para a frente tanto quanto para trás. O historiador parti-
lha isso com o homem (e, agora é necessário acrescentar, com a mulher) em
geral, sobre o que Pope escreveu seu aforismo:
Pub lica do originalm ent e como "Conclusic n" in Dona ld Reed Kel ley, Front iers of His -
tory : Historicol lnquiry in the Twent iet h Centu ry , New Haven: Yale University Press,
2006, pp. 243- 52.Tradução de Bru no Garnbarot t o.
23 "Seu conheàrnento medido por seu lugar e posse; / Seu tempo um momento, e um ponto
seu espaço". Essay onMan, pp. 71-72.
KELLEY 457
o valor e a extensão da influência de Marx sobre a historiografia moderna
são raramente negados} mesmo por aqueles que rejeitam seu pensamento
económico, político e filosófico: No entanto} é mais difícil especificar a na-
tureza exata do impacto e da influência de Marx sobre historiadores mar-
xistas posteriores ou sobre os historiadores em geral. Muitas vezes a teoria
da história de Marx (o "materialismo histórico") é reduzida a uma ênfase
geral na importância da luta de classes ou no papel do "fator económico';'
É impossível} no espaço aqui disponível} oferecer um balanço completo da
Karl Popper, The Open Society and its Enemies. Londres: Routledge, 1966, pp. 106-10j
Leszek Kolakowski, Main Currents of Marxism. Oxford, 1978, v. I, pp. 369-70, V. III,
p. 524j Gordon Leff, The Tyranny of Concepts, 2~ ed. Londres: Merlin Press, 1961, p. 7;
Stephen Henry Rigby, "Marxism and the Middle Ages", in A. Ryan et aI. (orgs.), After
the End of History. Londres: Collins & Brown, 1992, p. 14.
2 Eric Hobsbawm, "Karl Marx's Contribution to Hístoríography", in Robin Blackburn
(org.), Ideology in Social Science: Readings in Criticai Social Theory. Londres: Pantheon
Books, 1972. Como sugeriram, de forma perspicaz, os marxistas, o "determinismo eco-
nômico" não é um pecado exclusivo dos historiadores marxistas: Christopher Hill, So-
ciety and Puritanismo Londres, 1968, p. 21j E. P. Thompson, "The Moral Economy of the
English Crowd in the Eighteenth Century", Past and Present, n. 50, 1971, p. 78; Eugene
D. Genovese, ln Red andBlack. Nova York, 1972, p. 319.
RIGBY 459
historiografia marxista, o que seria quase o equivalente a escrever a história
do mundo. Em vez disso, este capítulo examina as principais afirmações de
Marx a respeito de estrutura social e de mudança histórica, explora como e
em que medida a produção histórica marxista difere da historiografia orto-
doxa e oferece um balanço geral da abordagem marxista.
3 Sobre a natureza contraditória da herança de Marx e Engels, ver Alvin Ward Gouldner,
TIre TwoMarxisms. Londres: Macmil!an, 1980.
4 K. Marx e F. Engels, ColIected Works, v. 1-6. Londres: Lawrence & Wishart, 1975-76, V.2,
p. 476, v. 3, pp. 172-74, 395,419-4 2,463-72,475-76,485,491-92, 499j H elmut Fleischer,
Marxism and History. Harmondsworth, 1975, pp . 12-16j Walter L. Adamson, "M arx's
Four Histories: An Approach to his Intellectual Developrnent", History and 'Iheory, n. 20,
19 81 j Marx and the Disillusionment of Marxism. Berkeley: Universi ty of California Press,
1985, cap. 1j Paul Til!ich, "M arx's View ofH ístory: A Study in the Hi story of the Philo so-
phy of History", in S. Diamond (org.), Culture in History. Nova York, 1970j S. H. Rigby,
Engels and the Formation of Marxism. Manchester: Manchester Universíty Press, ~992j
John Maguire, Marx's Paris Writings:An Analysis. Dublin: Gil! & Macmil!an, 1972j Phi-
lip J.Kain, "Marx, Method, Epist emology and Humanism: A Study in the Development
ofhis Thought". Sovietica 48, Dordrecht/Lancaster, 1986.
5 H. Fleischer, Marxism andHistory, op. cít., p. 13j ver também K Marx e F. Engels, Collected
Works, op. cit., 1975-76, v. 4, pp . 93, 298, 583; v·5, pp. 36-37, 39-41,56-59, 88 j Collected Works,
v. 38.Londres, 1982, p. 12j Se1ectedWorks, v. 1.Moscou, 1962,p. 24 7 j S. H. Rigby, Engels and
theFormation ofMarxism, op. cit., pp. 47-63j Ted Benton, Phiwsophical Foundations ofthe
Three Sociologies. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1977,pp. 151-53j James Miller, History
andHumanExisience: From MarxtoMerleau-Ponty. Berkeley: University of California Press,
1979, pp. 29-32; Philip]. Kain, "Marx, Method, Epistemology and Humanism: A Study in the
Development ofhis Thought", op. cit., cap. 2.
6 K Marx e F. Engels, Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, pp. 37, 39, 51-52, 76-78, 183, 215,
323,329,375-76,378-79,410,413,436 -38,442,464, 479-80 j Jon Elster, Making Sense of
Marx. Cambridge, 1985,pp. 5, 7, 109-10.Para disc~ssões a respeito de Elster, ver artigos
em Inquiry, 29, 1986,v. 29, pp . 3-77, e Theory and Society, n. 11, 1982, V. 11, pp . 483 -539 j c ver
Alex Callinicos, MakingHistory :Agency, Structure and Change in Social Theory. Cambrid-
ge, 1987- Alan Carling apresenta o individualismo metodológico de Elster como parte
central do su rgimento do "marxismo da escolha racional", que substituiu o estruturalis-
mo francês como paradigma dominante dentro do marxismo e que trabalha a partir do
pressuposto de que "os atores decidem o que fazer aplicando princípios de otimização a
um conjunto de alternativas para a a ção", A Carling, Social Division. Londres, 1991, p. 27.
Ver A. Carling, "Rational Choice Marxism", New LeftReview, n. 160, 1986j A Levine et al.,
"Marxism and Methodological Individualism", New Left Review, n. 162, 1987j A. Carling,
"ln Defence ofRational Choice: A Reply to Ellen Meiskins Wood". New Left Review 184,
1990; A Callinicos, "The Lirnits of 'Politicai Marxism '", New Left Review, n. 184, 1990j
E. M. Wood, "Explaining Evcrything or Nothing". N ew Left Review, n. 184, 1990; S. H.
Rigby, "Review of Carling 1991". Social History, n. 18,1993.
RIGBY 461
Marx e Engels) como O Capital (1867) e Anti-Dühring (1878)} também ado-
tam uma perspectiva "nomol ógica" segundo a qual o desenvolvimento hist ó..
rico é visto como análogo a processos naturais que se desenrolam de acordo
com "leis internas ocultas" cuja revelação cabe ao historiador.' Nelas a ênfase
na ação humana} típica da perspectiva pragmatol ógíca, é substituída por um,"!
abordagem estruturalista que vê o desenvolvimento da formação econ ómica
da sociedade como "um processo de história natural" e pela qual os ind iví-
duos são apresentados como "a personificação de categorias econ ómicas, os
portadores de interesses e relações de classes particulares'" Essa perspectiva
foi generalizada por marxistas posteriores no sistema filosófico do "materia
lismo dial ético' , mas devemos chamar a atenção para o fato de que tal mate-
rialismo dialético não era nem cronológica nem logicamente anterior à teoria
7 H. Fleischer, Marxism and History, op. cit., p. 13; Leonard Krieger, "Marx and Engels as
Historians", Journal ofthe Historyoj Ideas 14, 1953, pp. 386-87, 403j K. Marx e F. Engels,
Selected Works, op. cit., 1962, p. 246j Selected Works, v. II. Moscou, 1949, pp. 153,354-55; K.
Marx, Capital, 3 v. Hannondsworth, 1976-81, 1, pp . 90-93, 101-02, 928-30j F. Engels, Herr
Eugen Dühríng's Revolution in Science. Londres, s. d., pp. 15, 147-61, 209-10, 305; K. Marx
e F. Engels, Selected Correspondence. Moscou, 1975, pp. 442, 445j David McLellan, Karl
Marx: His Lifeand Thought. St. Albans, 1976, p. 423. George Lichtheim, Marxism:An His-
torical and Criticai Study, 2~ ed. rev. Londres, 1964, pp . 236, 243j S. H. Rigby, Engels and
the Formation of Marxism, op. cit., pp. 187-95j P. J. Kain, "Marx, Method, Epistemology
and Humanism, op. cit., cap. 3 e pp. 419-86 . Essa ênfase na história enquanto processo
regulado por leis foi a base da historiografia marxista soviética. Ver Edward Acton, Re-
thinkingthe Russian Revolution. Londres: Bloomsbury Academic, 1990, cap. 2 e 3.
8 K. Marx, Capital, op. cit., 1976, v. II, p. 92j Louis Althusser e Étienne Balibar, Reading
Capital. Londres, 1975, p. 180; Vai Burris, "lhe Neo-Marxist Synthesis ofMarx and We-
ber on Class", in N. WIley (org.), TheMarx WeberDebate. Newbury Park, 1987. O de-
bate entre Miliband e Poulantzas a respeito da natureza classista do Estado capitalista
oferece um exemplo clássico do confronto entre as concepções pragmatológica e es-
truturalista de ação. Ver Ralph Miliband, The State in Capitalism Society. Londres, 1973j
N. Poulantzas, "lhe Problem of the Capitalist State", in Blackburn (org.). Ideology in
Social Science: Readings in Criticai Social Theory. Londres, 1972 e E. Laclau, Politícs and
Ideology in Marxist Theory. Londres, 1979, cap. 2. Ver também Ralph Miliband, Class
Power and StatePower. Londres, 1983, p. 26. A ênfase pragmatológica na ação formou a
base do ataque de E. P. lhompson às noções estruturalistas de classe. Ver E. M. Wood,
"E. P. Thompson and his Critics". Studies in Politicai Economy, n. 9, 1982, e as referências
na nota 147.
RIGBY 463
Palmer Thompson," a metodologia e a epistemologia do materialismo his-
tórico não é diferente do procedimento histórico ortodoxo de formular hi-
póteses que podem ser testadas por evidências empíricas) os historiadores
marxistas podem ser distinguidos de seus colegas não marxistas por seu vo-
cabulário e conceitos comuns) e seu conjunto compartilhado de interesses)
questões) hipóteses e ênfases históricos.
Em A ideologia alemã (escrita com Engels em 1845-46) e no "Prefácio" de
Contribuição à crítica da economia política (1859), Marx ofereceu uma explica-
ção abrangente da estrutura social e da mudança histórica. Para Marx) toda
vida social é baseada na produção material necessária à satisfação das necessi-
dades de subsistência humana. Esse processo envolve a transformação de ma-
téria-prima específica por meio de instrumentos de produção) da força de tra-
balho humana e do conhecimento científico e tecnológico) no interior de uma
divisão técnica do trabalho específica, isto é) por meio das "forças produtivas"
da sociedade!' Um nível particular de desenvolvimento dessas forças produti-
vas forma a base para "relações de produção" específicas, isto é) relações entre
pessoas (como no caso da relação de classe entre um empregador e seus em-
pregados), ou entre pessoas e forças produtivas (como no caso de uma fábrica
que é propriedade do empregador). Essas relações de produção, ou relações de
propriedade) determinam o acesso das pessoas às forças produtivas (por exem-
plo) o acesso do trabalhador assalariado às forças produtivas depende de ele ser
empregado pelo capitalista) e aos produtos do processo de trabalho (na forma
de salário, no caso do trabalhador, ou como propriedade daqueles produtos
que são vendidos com lucro) no caso do empregador) .]3
Apesar de a terminologia do próprio Marx não ser consistente) os marxis-
tas se referem a uma combinação de relações de produção específicas com
um nível (ou níveis) específicos de desenvolvimento das forças produtivas
12 K. Marx e F. Engels , Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, pp. 41-42; K. Marx, A Con-
tribuiion to the Critique ofPoliticalEconorny. Londres, 1971, pp. 19-23; K. Marx, Capital,
op. cit., v. I, pp . 284-90; K. Marx, Grundrisse. Harmondsworth, 1974, pp. 56o, 699; John
McMurtry, The Structure of Marx's World View. Princeton, 1978, p. 55; G. A Cohen,
KarlMarx's Theory ofHistory: A Defence. Oxford, 1978, p. 32.
13 R. Hilferding, "The Materialist Conception of Hístory", op. cit., 1981, p. 127; G. A. Cohen,
KarlMarx's Theory of History: A Defence, op. cit., p. 3.
14 R. Mishra, "T echn ology and Social Strueture in Marx's lheory - An Exploratory Analy-
sís". Science and Society, n. 43, 1979. Para o uso variado do próprio Marx do termo "modo
de produção", ver K Marx e F. Engels, Selected Correspondence, op. cit., 1975, v. 5, pp. 43,
53; Collected Works, op. cit., 1976,v. 6, p. 175. K Marx, A Contribution to the Critique of
PoliticaiEconomy, op. cit., p. 203; K Marx, Capital, op. cit., v. I, pp. 196, SoS; v. 3, 373,734,
753,755,759, 1019-21;K Marx:, 'Iheories ofSurplus Value, 3 v. Londres, 1968, pp. 429-30.
IS K Marx, Capital, op. cit., v. I, pp. 313, 324-2S, 34S-48j V. III, pp. 763-6S, 917-S0j K. Marx
e F. Engels, Selected Correspondence, op. cit., v. 5, p. 409. O conceito de exploração tem
sido assunto de um debate extremamente abstrato entre teóricos marxistas. Ver J. E.
Roerner, A General'IheoryofExploitation and C/ass. Cambridge (MA), 1982j S. Lukes,
Marxism and Morality. Oxford, 198s; e M. Cohen et aI. (orgs.), Marx, Justice and His-
tory. Princeton, 1980. Para orientação bibliográfica ver N. Geras, "lhe Controversy
about Marx and justice", New Left Review, 150;1985, e Carling, SocialDivi sion, op. cit.,
1991, cap. S e 6. Se, como Croce e Roemer enfatizaram, a noção de exploração envolve
implicitamente o con ceito de algum arranjo social alternativo, não baseado na explo-
ração, o conceito supostamente objetivo, cuja existência seria mensurável, de "explora-
ção " se torna uma ideia mais problemática do que os próprios Marx e Engels se deram
conta. Ver B. Croce, HistoricalMaterialism and the Economics of Karl Marx, op. cít.,
p. 127; J. E. Roemer "What is exploitation?" Reply to ]effrey Reima". Philosophy and
PublicA.ffairs, n. 18,1989;G. Dalton, "H ow Exactly are Pea sants 'exploited'?". American
Anthropologist, n. 76, 1974 (e ver o debate subsequente, em Am ericanAnthropologist,
v. 77-79); S. H . Rigby, Engels and the Formation ofMarxism, op. cit., pp. 214-19.
16 K. Marx e F. Engels, Collected Works, op . cit., 1975-76, v. 6, pp. 482-8Sj Selected Corres-
pondence, op. cit., p. 307; K. Marx, Capital, op. cit., v. I, pp. 344, SS3-S4, 699-700j G. E. M.
de Ste. Croíx, "Class in Marx's Conception ofHistory, Ancient and Modem". New Left
Review, n. 146, 1984,pp. 99-100.
RIGBY 465
suas forças produtivas," uma afirmaç ão que ilustraram para cad a estágio _
desenvolvim ento histó rico, do modo de produção do comunismo primiri
ao capitalista," passando pelo antigo asiático" e feudal." Na me dida em c _
a sociedade adquire no vas forças produtivas, uma tendência trans-h ist ór _
que Marx e Engels praticamente pr essupuseram," atinge-se ao fim um _
tágio n o qu al suas relações de produção se tornam defasadas em rela ção
suas forças produtivas em desenvolvimento e se tornam seus grilhões. P.~
que as forças produtivas possam cont inuar a se desenvolver) as relações de r:
dução antiquadas são colocadas de lado e novas relações de produção surg;:-:-
um processo acompanhado por revolução social, tal como as revoluçõe s bl:!:'-
guesas que marcaram o triunfo da classe capitalista sobre a aristocracia feudal,>
17 K Marx e F. Engels, Col/eetedWorks, op . cit., 1975-76, v.5 , pp . 35-36, 4 3, 59-60 , 63, 81-82, 89. 2 ' •
K Marx, Grundrisse, op. cit., p. 89i K Ma rx, A Contriouiionto the CritiqueofPolitical EcollO';.
op. cit ., 1971, pp. 20, 220j K Marx, Capital, op. cit., v. I, pp. 286, 352j idoWage Laborand Capit:'
M oscou, 1970, p. 2Sj K. M arx, The Poveny ofPhilosophy. Mos cou, 1973, pp. 95, 106-07, 156- ~
161, 171i K Ma rx e F. Engels, Se/eeted Correspondence, op . cít., 1975, pp. 356-441 j J. M clvlurt ry,
The StructureofM arx's WorldVicw, op . cít., cap. 8i S. H. Rigby, Mar:dsm and History: A Cnn-
cal lntroduction. Mancheste r, 1987, cap. 3; A. W. Wood, Karllvlarx. Lon dres, 1981, pp. 68-79.
IS K. M arx e F. En gels, Col/eetedWorks, op . cit., 1975-76, V. 5, pp. 32-33; K. M arx, Grundrissc,
op. cit., 1974, p. 4 9 6; F . Engels, The Origin of the Family, Private Property and the Statô,
Moscou, 196 5, pp. 20-28.
19 K. Marx 1969, p. 384 ; K. Ma rx, Grundrisse, op. cit., pp. 277, 699.
20 K. M arx e F. Engels, Col/eeted Works, op. cit., 1975-76 , V.5, p p. 33, 159i F. Engels, Herr El"
gen Diihring's Revolution ;nScience, op. ci t., pp. 182-83; F. En gels, The Origin of the Family,
Private Property and the State, op. cit ., p p. 157-6 0.
21 K. Marx, Capital, op. cit., V.1, pp. 173, 4 79; id., TheRevolutionsOf1948. O rg. D . Fembach.
H armondsworth, 1973, pp . 83, 30 4- 06.
22 K. Marx e F. En gels, Col/eeted Works, op. cit., v. 5, pp . 74- 75i K. M arx, Capital, op. cit., v. 3.
pp. 929 -30 .
23 K. Marx e F. Engel s, Collected Works, op . cit., 1975-76, v. 5, pp . 52-53, 82-83, 89 i K. Marx,
A Contribuiion to the Critique of Politicai Eeonomy, op. cit ., pp. 20-21 j K. M arx, The
Poverty of Philosophy, op . cit., 1973, pp . 96 , 107, 157i G. A. Co he n, Karl Marx's Theory of
History: A Deje nce, op . cit., p. 3 1j W . H . Shaw, Ma rx's Theory of H istory, Londres, 1978,
p. 65i J. McMurtry, The Structure of Marx 's World \/iew, op . cit., p. 65.
24 K. M arx e F. En gels, ColIected Works, op. cit., 1975- 76, v. 5, pp. 33-34, 52, 74, 82 j v. 6,
pp . 212, 33i K. Ma rx, TIu Poverty of Philosophy, op. cit., 1973, pp . 10 6- 0 7; K. Ma rx, Gnl1l -
drisse, op. cit., p . 540i K. M arx e F. En gels, The Communist Manifesto. H arm ondsworth,
196 7, p. 85i K. Marx, The Revolutions of 184 8, D. Fernbach (org.) . H armondsworth, 19 73,
pp. 19 2-93j id., A Contribution to the Critique ofPoliticalEconomy, op . cit., 1971, p. 21j id.,
Capital, op. cit., v. I, p. 875, v. III, pp. 449-52, 1023 -24j F. Engels, Herr Eugen Dvhring's
Revolution in Science, op. cit., p. 300j lhe Origin of the Family, PrivateProperty and the
State, op. cit., p. 6 j id., "Introduction", in Socialism: Utopianand Scientific. Moscou, 1978,
pp. 19-24j M. Bertrand, Le Marxisme et l'histoire. Paris, 1979, pp. 71-72, 185-86j F. Furet,
Marx and the Prendi Revolution. Chicago, 1988, cap. 2j M. Lowy, "The Poetry of th e
Past': Marx and the French Revolution". New LeftReview, n. 177, 1989.
25 K Marx, A Contribution to the Critique ofPoliticai Economy, op. cit., pp. 20-21; K Marx e
F. Engels, Collected Works, op . cit., 1975-76, v. 5, pp. 53, 55, 57, 89, 329, 355-56, 373. A me-
táfora da base e superestrutura também está implícita nas críticas de Marx e Engels
à "inversão" hegeliana entre consciência humana e atividade social. Ver, por exemplo,
K Ma rx e F. Engels, CoIlected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, pp. 30, 36, 61, 107-09, 126, 159.
26 K Marx, Capital, op. cit., v. I, p. 95 j id., lh eFirstlnternational andAfter. D. Fembach (org.).
Harmondsworth, 1974, p. 156; id., lhe Revolution,s of 1848, op. cit.; id., Surveysfram Exile,
Harmondsworth, 1973, p. 250; K Marx e F. Engels, Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5,
pp. 36, 52, 59, 90, 193, 196, 250, 356}410, 420, 463i id., Selected Correspondence, op. cit., p. 400.
27 K Marx e F. Engels, Collected Works, op . cit., 1975-76, v. 5, pp. 52, 90 , 92, 329, 355-56, 359,
361; F. Engels, lhe Origin ofthe Family, PrivatePropertyand the State, op. cit., 1968, p. 168j
K Marx, lhe Class Struggles in France, 1848 to 18S0. Moscou, 1972, pp. 28, 30 , 32, 35, 81,
102, 121-23j K Marx, lhe Poverty of Philosophy, op . cit., p. 137i K Marx e F. Engels, lhe
CommunistManifesto, op . cit., pp . 85, 100, 137; K Marx, lhe Revolutions of 1848 , op. cít.,
p. 261; K Marx, lhe Eighteenth Brumaire ofLouisBonaparte. Mo scou, 1972, p. 105.
28 K Marx, A Contributionto the Critique of Politicai Economy, op. cit., pp . 20-21j K Marx,
lhe Povertyof Philasophy, op. cit., pp. 95, 100, 109; K Marx e F. Engels, CoIlected Warks,
op. cit., 1975-76, v. 5, pp . 36-37, 74, 159, 183, 250, 438, 462j K. Marx, Grundrisse, op . cit.,
p. 540 j K Marx e F. Engels, Seleaed Correspondence, op. cit., p. 401j F. Engels, HerrEugen
Dvhring's Revolution in Science, op. cit., p. 23; K. Marx, lheEighteenth Brumaireof Louis
Bonaparte, op. cit., pp. 37-38, 40 j id., lhe ClassStruggles in France, op. cit., 1972, pp. 33, 48.
RIGBY 467
Marx e Engels, assim, oferecem um modelo de estrutura social em tris
camadas (as forças produtivas; as relações de produção; e a superestrutum
política e ideológica), e fornecem uma "explicação funcional" das relações
entre esses três níveis. Uma explicação funcionalista é aquela que explica a
existência de um arranjo ou processo particular em termos de seus efeit05
benéficos para alguma outra coisa, como quando o pescoço longo da girafar
explicado por suas vantagens para sua sobrevivência e reprodução ou quando
a dança da chuva dos índios Hopi é explicada por sua tendência a promover
coesão social." Para Marx, as relações de produção da sociedade são exp5-
cadas de forma funcionalista pelo desenvolvimento das forças produtivas:
"para que " a sociedade não seja: privada dos benefícios do crescimento das
forças produtivas, as relações de produção correspondentes ao novo nível de
desenvolvimento da produtividade social devem ser criadas." Da mesma ror
neira, o marxismo oferece uma explicação funcional da superestrutura polí-
tica e ideológica em termos de seus benefícios para as relações de classe da
sociedade que o Estado e a ideologia ajudam a estabilizar e legitimar,"
HISTORIOGRAFIA MARXISTA
29 S. H. Rigby, Marxism and History: A CriticaiIntroduction, op. cit., cap. 6. Sobre explica-
ção funcionalista em Marx, ver A. Giddens, Central Problemsin Social Theory. Londres,
1979, especialmente pp . 210-14, e G. A. Cohen, KarlMarx's Theory ofHístory: A Defence,
op . cit., esp. cap. 9 e 10. Para explica ção fun cionalista em geral, ver R. K Merton, Social
Theory and Social Structure. Glencoe, 1962, pp . 19-84.
30 K Marx, ThePoverty of Philosophy, op. cit., P: 197; id., A Coniribution to the Critique of
Politicai Economy, op . cit., p. 21.
31 Ver referências a Estado e ideologia acima, e G. A Cohen, KarlMarx's Theory ofHístory:
A Defence, op. cit., pp. 216-80.
32 K Kautsky, Ethics and theMaterialist Conception of History, 4~ ed., Chicago, s. d., pp.120-
-37,144-45,161-71;id., TheMaterialistConception ofHistory. New Haven, 1988, pp. XXXVIII-IX,
227; G. V. Plekhanov, The Development of the Monist Conception of History. Moscou, 1972,
pp. 123-33, 147,159-72,216-18,262;id., Fundamental Problems ofMarxism. Londres, 1969,pp.
49,62,64; Lênin, The 'Ihree Sources and Componeni Parts ofMarxism. Moscou, 1969, pp. 7,
21-3; Trótski, Marxism inourTime. Nova York, 1970, p. 9; id., ThePermanent Revolution and
Results andProspects. Londres, 1971, p.169; Bukharin, HistoricalMaterialism. Nova York, 1969,
pp. 120,134, 140, 249, 257; J. Stálin, Dialectical and Historical Materialism, op. cit., pp. 33-
56; G. A Cohen, Karl Marx's Theory of History: A Defence, op. cit., cap. 6; id., History,
Labourand Freedom. Oxford, 1988, cap. 1,5, 6, 8, 9; E. Loone, SovietMarxism andAnaly-
tical Philosophies ofHistory. Londres, 1992,p. 163;W. H. Shaw, Marx's Theory of History,
op. cit., cap. 2, id., '''The Handmill Gives you the Feudal Lord' : Marx's Technological
Determinism", Historyand Theory, n. 18, 1979. Ver também A Callinicos, Making His-
tory: Agency, Structure and Change in Social Theory, op. cit., 1987,pp. 91-95; D. Sayer, The
Violence ofAbstraction. Oxford, 1987,pp. 31-35.
33 Para a tentativa do arqueólogo V. G. Childe de aplicar essa abordagem ao desenvolvi-
mento histórico, ver V. G. Childe, History. Londres, 1947, especialmente cap. 2 e 7; id.,
Man MakesHimself. Londres, 1941,p. 6; id., What Happened in History. Harmondsworth,
1954, pp. 23-26; S. Green, Prehistorian: A Biography of V. Gordon Chi/de. Bradford-on-
-Avon, 1981, esp. pp. 78-83.
34 K. Marx, A Contributlon to the Critique ofPoliticai Economy, op . cit., 1971, pp . 20-21; R. W .
Miller, "Social and Political Theory: Class, State and Revolution", in T. Carver (org.),
RIGBY 469
colocar em Marx o fardo de visõe s que eles me smo s não podem aceu
taram até me sm o neg ar que Marx tivesse jam ais afirmado a prim azia
das forças produtivas, para começo de con ver sa,"
Longe de enfatizar uma tendência inexor ável à expansão e dese..
menta das forças produtivas, historiadores mar xistas levaram a sério 2. ~~
tênci a de Marx segundo a qu al é errado aplicar a todos os modos de pro":
as leis de desenvolvimento própri as da sociedade capitalista. Diferenterr..
do capitalismo, onde há uma tendência poderosa, inclusive sem prece de-
históricos, ao desenvolvimento das forças produtivas, todos os mod os ~
-capitalistas de produção eram, como afirmou o próprio Marx , inerenterne
con servadores." Na pr ática, é o controle que as relações de produção da
ciedade exercem sobre as forças produtivas e as lutas de classe que resultam ~
relações particulares de produção, mais do que o desenvolvimento aut ónomo
das forças produtivas, que ocupam lugar de destaque nas análises de mudanca
e crise no int erior, e as transições entre modos particulares de produ ção."
Materialism and the Role ofthe Economic Factor". History, n. 36, 1951; L. Althusser e
E. Balibar, ReadingCapital, op. cit., 1975, p. 235; B. Hindess e P. Q Hirst, Pre-capiialist
Modes of Production. Londres, 1975, pp . 9-12; R. H . Hilton et aI. The Transitionfrom
Feudalism to Capitalism, op. cit., p. 115; "Feudalism in Europe: Problems for Historical
Materialists". New Left Review, n. 147, 1984, p. 88; R. Brenner, "Agrar ían Class Struc-
ture and Economic Development in Pr é-industrial Europe". Past and Present, n. 70,
1976; P. Dockês, Medieval Slavery and Liberation. Londres, 1982, p. 182; LJoshua, La
Facecach ée du ]"10yell Ãge. Montreal, 1988, esp. pp. 361-68; S. H. Rigby, Marxism aliei
History:A Criticai lntroduction, op. cit., cap. 8;]. Larrain, A Reconstructioll ofHistorical
Materialism. Londres, 1986, pp. 82-89; E. M. Wood, "Rational Choice Marxism: Is the
Game Worth the Candle?". New Left Review, 1989, pp. 59-60; C. Katz, FromFeudalism
to Capitalism: Marxian Theories of Class Struggle and SocialChange, op. cit., pp. 173-83;
Z.A.Jordan, TheEvolution ofDial ecticalMaterialism, op . cit., p. 94í]. S. Cohen, "Re-
view ofG. A. Cohen 1978". [ournal ofPhilosophy, n. 79, 1982; A. Levine e E. O. Wright,
"Ration ality and Class Struggle". New Left Review, n. 123, 1980; A. A. Smith, "Two Theo-
ries ofHistorical Materialism". Theory and Society, n. 13, 1984; E. D. Genovese, ln Red
and Black, op . cit., p. 324 .
RIGBY 471
no mia de escala." Assim, apesar de os historiadores sob regimes stalic
serem obrigados a explicar o fim do Império Romano a partir da lei IJ -
sal da expansão das forças produtivas," a maioria das análises mar xista
mundo antigo enfatizaram o fracasso do desenvolvimento das força s P'
tivas e ofereceram uma explicação histórica específica de tal estagnação
regressão em termos das relações de produção da sociedade."
A explicação de Robert Brenner da crise do feudalismo também rejeiIa
qualquer tendência ao desenvolvimento inerente às forças produtivas e ~
senta as relações sociais feudais como um freio poderoso ao crescimento tia
produtividade social. Para Brenner, as relações de produção feudais eotR
camponeses e senhores inibiam a inovação agrícola, gerando a tendência ~
superpopulação, o declínio dos padrões de vida e a crise demográfica qur
historiadores malthusianos e neorricardianos veem como típicos do Cm-
dalismo. Diferentemente do capitalismo, que não apenas permite mas, por-
meio da competição no mercado, encoraja o avanço produtivo, o feudalismo
oferecia pouco estímulo ao investimento ou à inovação. De um lado, os cam-
poneses não dispunham de recursos ou incentivos para inovar. De outro, 05
senhores feudais, com os poderes de coerção extraeconômicos da servidão
e da propriedade senhorial disponíveis em seu favor, eram capazes de au-
mentar sua parcela do produto social ao alargar sua parcela da produção
total, por meio do aumento de aluguéis, arrendamentos e taxas de permis-
são de uso da terra, em vez de aumentos no investimento em produtividade.
Nos termos de Marx, recorriam ao trabalho excedente "absoluto" em vez de
"relativo"," Da mesma maneira, para Genovese, as "contradições imanentes'
1989, pp. 288-90 . Ver tamb émR, H . Hilton, 'Ihe English Peasantry in the LaterMiddle
Ages. Oxford, 1975, cap.10j e C. Wi ckham, Barly Medieval Italy:CentralPowerand Local
Society, 400-1000. Londres, 1981, pp. 92-93. P ara a distinção de Marx entre valor exce-
dente "abs olu to" e "relativo", ver K Marx, Capital, op . cit., v. I, pp. 64 3-72. A respeito
da crise do feudalismo, ver também E. Kominsky, "Evolution offeudal rent in England
from the eleventh century to the fifteenth century", Past and Preseni, n. 7, 1955; C. Dyer,
Standards of Living in the Later MiddleAges. Cambridge, 1989, pp. 6-7, I09-40j G. Boi s,
Crise def éodalisme. Paris; 1976. Para uma crítica a Bois, ver R. Brenner, "Th e Agrarian
Roots ofEuropean Capitalism", op . cit., pp. 41-60.
42 E. D. Genovese, ThePoliticai Economy of Slavery. Nova York, 1965, pp. 3, 8-9, 43-61,158.
43 R. Brenner, "Th e Origins of Capitalist Development: A Critique ofNeo-Sm ith ian Mar-
xism ", op . cit., pp. 31-38, 52j W. Kula, An Economie Theory of the Feudal System. Londres,
1976, pp. 54-56, l07-11j E. M. Wood, "M arxisrn and the Course ofHistory". N ew Left
Review, n. 147, 1984,pp. 97-98, 101.
44 Perry Anderson, Passages from Antiquity to Feudalism. Londres, 1977,p. 204.
45 E. M. Wood, Democracy against Capitalism, op . cit., pp. 122-40. Para Hobsbawm ("The
crisis of the seventeenth century", in T. Aston (org.), Crisis in Europe, 1560-1660 . Lon-
RIGBY 473
e não forças externas, que criam crise social e transição. O Império Romano,
por exemplo, não entrou em colapso por causa das invasões bárbaras, mas
por causa de suas próprias contradições internas." Paul Sweezy se revelou
um marxista um pouco incomum quando procurou uma explicação para
a dissolução do feudalismo e para a transição ao capitalismo em "causas
externas ao sistema",tais como o desenvolvimento das cidades e do comér-
cio." A maioria dos marxistas preferiu encontrar algum impulso interno
primário à transição, tal como a ineficiência do modo feudal e sua tendên-
cia inerente à crise, ou os efeitos da luta de classes feudal."
dr es, 1965) , esse agrilhoamento subjazia à "crise geral" do século XVII, "a última fase" da
transição do feudalismo ao capitalismo.
46 J. S. Cohen, "Th e Achievements ofEconorníc History: The Marxist School". Journal of
EconomicHistory, n. 38, 1978, pp. 29-57, KarlMarx's 'Iheory ofHistory:A Dejence, op. cit.,
1978, pp . 30-31; E. O. Wright et al., Reconstructing Marxism. Londres, 1992, pp. 57 -58j K
Marx e F. Engels, Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, pp. 32, 83-85j P. Dock ês, Medieval
Slavery and Liberation, op. cit., p. 159.
47 P. Sweezy, "A Critique", in R. H. Hilton et alolhe Transitionfrom Feudalism to Capita-
lism, op . cit, 1976j R. H. Hilton et al., lhe Transition from Feudalism to Capitalism, op. cit.,
p. U5j M . Dobb, Studies in theDevelopmentofCapitalism. Londres, 1963, pp. 39-6 7, 124-26j
R. Brenner, "The Origins of Capitalist Development: A Critique of Neo-Sm ithian
Marxisrn", op. cit., pp. 38- 53j id ., "Agrarian Class Structure and Economic Develop-
ment in Pre-industrial Europe", op. cit., pp. 31-32. De maneira paradoxal, os que re-
jeitam o papel das cidades e do comércio como motores primários d a transição ao
capitalismo também tendem a negar seu st atu s externo em relação ao feudalismo. Ver
F. Merrington, "Th e Transition from Feudalism to Capítalísm", in R. H. Hilton et al.,
lhe Transitionfrom Feudalism to Capitalism, op. cit., 1976j id., Class ConjIict and the Cri-
sisof Feudalism. Londres, 1985, cap. 13j id., English and French Towns in FeudalSociety.
Cambridge, 1992, em especial cap. 1 e 2j A B. H ibbert, "Th e Origíns of the Medieval
Town Patriciate", in P. Abrams e E.AWrigley (orgs.), Towns in Societies. Cambridge,
1978, pp. 91-104. Para tentativas de reconciliar a ênfase de Sweezy no papel da s cidad es
e do comércio na transição ao capitalismo com aqueles que enfatizam o papel int egral
da s cidades no interior da sociedade feudal, ver I. Katznelson, Marxism and the City.
Oxford, 1992, pp. 161-63, 175-91, e J. Torras, "Class Struggle in Catalonia: A Note on
Brenner", Review, n. 4, 1980.
48 A. Callínícos, 'Iheories and Narratives: RejIections on ihe Philosophy of History, op. cit.,
pp. u6-i5, argumenta que mesmo conflitos interssocietários, tais como a competição
militar, podem ser relacionados ao padrão do desenvolvimento econ ómico e a relações
de classe internas da sociedade.
RIGBY 475
des africanas ou pré-colombianas, e uma vez que o monopólio da te.
Estado nã o pode ser encontrado de forma alguma em todas as scc ieé
asiática s pr é-industri ais, "asiático" talvez não seja o melhor termo p 2.~'~
modo de produ ção."
Outro tópico controverso entre historiadores marxistas são as re - -
de classe e os modo s de produção dominantes no mund o antigo. T'
cionalmente, ape sar das re ferências de Marx e Engels à propried ad- -
vel (m ercadoria) d as antigas cidades-Estado, os marxist as enfatizaraz
escravid ão enquanto base das relaçõe s de classe do mundo antigo e, c
na análi se de Walb ank, como o ob stáculo principal ao avanço produrí
A. W Wood desafiou essa abordagem baseado no fato de que a mai or ~ :.:
da população do mu ndo anti go era de camponeses e de artes ãos ind c ~ _
dentes, e não de escravos." N o entanto, De Ste. Croix, em uma tentsti
am biciosa de mo strar a utilidad e do m arxismo para o estudo do mu ndo ~
tigo, afirm a que a questão central da cara cterização da natureza das relac óe
de classe no mundo antigo não é simplesmente a das ocupações da m aioria
da população}mas a da form a dominante de trabalho excedente da Q U 2._ .
classe de proprietários obtinha su a renda.v' Seu argum ento enfrenta d .
53 M. Godeli er, Perspectives in Marxist Anthropology. Cambridge, 1977, pp. 64, 116-17; iii-
"lhe Asiatic Mode of Production", in A M. Bailey e J. R. Llobera (orgs.), The Asiatic
Mode ofProduction. Londres. r çêr, pp. 264- 67.
54 K Marx e F. Engels, Collected Works, op. cít., 1975-76, v. 5, pp. 32-33, 84, 89; K. Marx, Ca-
pital, op. cit.,v. 3, pp. 449-50j F. Engels, The Origin of the Family, PrivateProperty and tM
State, op. cit., pp. 145-4 7; F. W.Walbank, 'IheDecline oftheRomanEmpire in the West, op.
cít., pp. 24-2 7; TheAwful Revolution, op. cit., 1969, pp. 42-47, 104; P. Andersen, Passages
from Antiquity to Feudalism, op. cit., p. 22.
55 A W. Wood, Karl Marx, op. cito Ver também R. H. Hilton, Bond MenMade Free. Lon-
dres, 1977, p. 10; K Marx, Capital, op. cit., v. 3, p. 942.
56 G. E. M . de Ste. Croix, "Karl Marx and the Histo ry of Classical Antiquity". Arethusa
8, 1975, p. 16 (toda a edição de 1975 de A rethusa é dedicada à qu estão do marxismo e
o mundo antigo); id., "Class in Marx's Con ception of His tory, Ancient and Modem",
op. cit., p. I07j íd., The Class Struggle in the AncÚnt Greek World. Londres, 1981, espe-
cialmente pp. 52, 54 , 1I3, 173, 179 . Para críticas, ver R. Browning, "lhe Class Struggle
inAncicnt Greece ". Past and Preseni, n. uoo, 1981; P. Anderson, "Class Strugglc in the
Ancient Wo rld". History Workshop, n. 16, 1983; P. A Brunt, "AMarxist View ofRoman
Histo ry", Journal of Roman History, n. 72, 1982. Bois afirma que , no sentido em que a
RIGBY 477
vez que a propriedade na forma de terra pressupõe o monopólio de certas
pessoas sobre certas partes do globo e a exclusão de outros} o pagamento de
aluguel pelos camponeses deveria ser visto como um resultado de sua sepa-
ração dos meios de produção e a servidão} no lugar de ser uma característica
definidora constitutiva universal do feudalismo}exige uma explicação his-
toricamente específica."
A análise de Marx do capitalismo em termos da teoria do valor trabalho
foi alvo de muita crítica} mesmo daqueles que são simpáticos à sua perspec-
tiva geral." Os marxistas preservaram a distinção de Marx entre o período
de "rnanufatura", que para ele prevaleceu de meados do século XVI ao final
do XVIII, e a era do capitalismo industrial que o sucedeu. No primeiro} a
produção se baseia ainda na manufatura, mas os artesãos independentes
são substituídos por diversos trabalhadores assalariados concentrados em
uma única oficina. No início} os trabalhadores ainda produzem um pro-
duto inteiro, apesar de agora trabalharem sob a supervisão de um único
capitalista (a submissão "formal" do trabalho ao capital) e de haver, ao fim,
uma tendência a que a concentração da produção seja acompanhada pela
intensificação da divisão do trabalho por processos. Essa submissão "real"
do trabalho ao capital alcança sua forma extrema com a mecanização e a
63 K. Marx, Capital, op. cit., v. 1, pp. 429, 445 -48 , 453, 456, 480-81, 492 , 590.
64 P. Kriedte et al., Industrialization beforeIndustrialization. Cambridge, 1981, pp. 1-11. Para
críticas, ver P. Hudson, "Proto-industrialisation: 1he Case of the West Riding Wool
Textile Industry in the Eighteenth and Early Nineteenth Centuríes", HistoryWorkshop,
n. 12, 1981; D. C. Coleman, "Proto-índustríalízatíon: A Concept too Many", Economic
History Review, 2~ ser., n. 36, 1983.
65 E. Hobsbawm, TheAgeofRevolution, 1789-1848, Nova York, 1962, pp. 45-46; id., lndusiry
andEmpire. Harmondsworth, 1969, pp. 68-72, 109-10; R. Samuel, "The Workshop ofthe
World: Steam Power and Hand Technology in Mid-Victorian Britain", History Work-
shop, n. 3, 1977.
66 De Ste. Croix, TheCiass Struggle in theAncient GreekWorld, op. cit., p. 44.
RIGBY 479
agitação. A respeito do período medieval) Hilton", Dyer" e Razi" criticam
os historiadores que veem as relações sociais feudais em termos de consen-
sos e argumentam que conflitos de classe eram a consequência inevitável das
relações sociais medievais tanto nas cidades quanto no campo. De maneira se-
melhante, Christopher Hi1l7 0 argumentou que a hostilidade de classe era um
"simples fato" do mundo social da Inglaterra dos séculos XVI e XVII. Mesmo no
sul dos Estados Unidos, que prescindia das rebeliões de escravos encontradas
no Brasil e no Caribe e onde os escravos eram vistos como submetidos à bru-
talização ou subjugados por meio de subornos, os capatazes e os proprietários
de plantations não detinham poder absoluto, já que os escravos sulistas exibiam
de fato "uma impressionante resistência coletiva aos seus senhores': O "pater-
nalismo" dos senhores de escravo não significava apenas obediência dos escra-
vos, mas envolvia um conjunto negociado de práticas que tinham que levar em
conta a habilidade dos escravos de frustrar os desejos de seus senhores,"
67 R. H. Hilton, Class Conflict and the Crisis ofFeudalism, op. cit., pp. 7, 9,11, 17; id., Bond
Men Made Free, op. cit., 1977, passim: id., The English Peasantry in the LaterMiddleAges.
Oxford, 1975,cap. 4; id., A Medieval Society, op. cit., pp. 154-61; íd., "Unjust Taxation and
Popular Resistance", New Left Review, n. 180, 1990, pp. 183-84; id., English and French
Towns in FeudalSociety, op. cít., cap. 6j C. Dyer C"A Redistribution ofIncomes in Fif-
teenth-Century England?", in R. H. Hilton Carg.), Peasants, Knightsand Heretics. Cam-
bridge/Nova York, 1981; id., "Small-town Conflict in the Later Middle Ages: Events at
Shipston-on-Stour". UrbanHistory, n. 19,1992.
68 C. Dyer, "A Redistribution of Incomes in Fifteenth-Century England", op. cit.; id.,
"Small-town Conflit in the Later Middle Ages", op. cit., 1992.
69 Z. Razi, "lhe Toronto School's Reconstitution ofMedieval Peasant Society: A Critical
View", Past and Preseni, n. 85, 1979j id., "lhe Struggles Between the Abbots of Haleso-
wen and lheir Tenants in the Thirteenth and Fourteenth Centuries", in T. H. Aston et
alo Corgs.), Social Re1ations and Ideas. Cambridge, 1983.
70 Christopher Hill, Change and Continuityin Seventeenth Century England. Londres, 1974,
p.181; id., The Century ofRevolution, 1603-1714. Londres, 1974.
71 H. J. Kaye, "Totality: Its Application to Historical and Social Analysis by Wallerstein and
Genovese". Historical Reflections/Réflexions Historioues, n. 6,1979, pp. 413-14; E. D. Ge-
novese, Roll, Jordan, Roll: The World the Slaves Made. Nova York, 1974, pp. 3-7, 585-660;
íd., FromRebellion to Revolution. Baton Rouge, 1979, pp. XVI, XVII, 4-42. Para o Caribe,
ver C. L. R.James, The Black[acobins. Nova York, 1969; R. Blackburn, The Overthrow of
Colonial Slavery, 1776-1848. Londres, 1988,pp. 161-260;S. Campbell, "Carníval, Calypso
and Class Struggle in Nineteenth-Century Trinidad". HistoryWorkshop, n. 26, 1988.
72 J. Foster, Class Struggle andtheIndustrial Revolution. Londres, 1974, pp. 6-7, 74, 99-100. Para
críticas da esquerda e da direita, ver G. S. Jones, Languages 01Class: Studies in English Wor-
kingClass Cuiture, 1832-1982. Londres, 1987, pp. 62-75, e E. Musson, "Class Struggle and the
Labour Aristocracy, 1830-60". Social History, n.r, 1976, com uma resposta de J. Foster, "Some
Comments on 'Class Struggle and the Labour Aristocracy, 1830-60"'. Social History, n.r, 1976.
73 Tim Mason, "The Workers' opposition in Nazi Gennany". History Workshop, n. 11, 1981;
F. Engels, lhe Condition 01the Working Class in England. Londres, 1969, pp. 30-35j V. L
Lênin, Imperialism, the HighestStage 01Capitalismo Moscou, 1966, pp. 99-102; id., Impe-
rialism and the Split in Socialismo Moscou, 1966, pp. 8-17j E. Hobsbawm, Labouring Men.
Londres, 1964, cap. 15j id., "Lenin and the 'Aristocracy of Labour'". Marxism Today, juL
1970j J. Foster, Class Struggle and theIndustrial Revolution. Londres, 1974, pp. 203-04, 228-
29,237-38,246,254; R. Gray, lhe LabourAristocracy in Victorian Edinburgh. Oxford, 1976,
pp. 1-4, 184-90j G. Crossick, An ArtisanElitein Vidorian Society. Londres, 1980, pp. 14-20,
199-211, 251-54j R. Gray, lhe Aristocracy 01 Labour in Nineteenth-Century Britain, C.1850-
1900. Basíngstoke, 1981.Para críticas da tese da aristocracia operária, ver H. F. Moorhouse,
"lhe Marxist Theory of the Labour Aristocracy". Social History, n. 3, 1978, e E. Musson,
"Class Struggle and the Labour Aristocracy, 1830-60". Social History, n. 1, 1976.
RIGBY 481
No geral, no entanto, a historiografia marxista das lutas populares tem
sido abertamente celebratória, procurando, como na famosa formulação de
E. P. Thompson, resgatar o tecelão manual "obsoleto', o artesão "utópico" e
o seguidor "desiludido" de Joanna Southcott "da gigantesca condescendên-
cia da posteridade'l> Assim, para Rodney Hilton, os valores modernos de
igualdade, liberdade e autonomia são uma contribuição à história mundial
não da burguesia, mas têm sua origem na resistência camponesa à domina-
ção feudal." George Rudé criticou os historiadores que veem a "multidão",
a forma típica do protesto popular no século XVIII e início do XIX, como
uma turba irracional composta de indivíduos à margem da sociedade. Os
participantes dos distúrbios de "Swing" na Inglaterra ou os parisienses que
invadiram a Bastilha se revelaram principalmente trabalhadores e artesão
respeitáveis, com domicílio e ocupação fixOS. 76 Igualmente, para Thomp-
son, os distúrbios por escassez de comida do século XVIII não eram sim-
plesmente uma de sculpa para o crime ou uma reação instintiva à fome, mas
77 E. P. Thompson, "The Moral Economy of the English Crowd in the Eighteenth Cen-
tury ", op. cit., pp . 76-79, 131-36.
78 E. M. Wood, Democracy against Capitalismo Renewing Historical Materialism, op. cit., pp.
52-53, 108-11j B. Manning, TheEnglish People and theEnglish Revoluiion 1640-49. Londres,
1976j ido (org.), Politics, Religion and theEnglish CivilWar. Londres, 1973, pp. 76,80,82,
122-23; id., "The Outbreak of the English Civil War", in R. H. Parry (org.), The English
CivilWar andAfier. Londres, 1970. Ver também D. Montgomery, The Fali of the House
ofLabour. Cambridge, 1987, pp. 1, 7, para uma ênfase no papel do conflito de classes na
formação da América modema.
79 R. H. Hilton, 'IheDecline ofSerjdom in Medieval England. Londres, 1969, pp. 32-43, 57.
80 R. Brenner, "Agrarían Class Structure and Economic Development in Pre-industrial
Europe", op. cit., pp. 47-75.
81 J. E. Martin, Feudalismto Capitalism, op. cit., pp. 56-57j ver também C. Dyer, nA Red is-
tribution ofIncomes in Fifteenth-Century England?", in R. H. Hilton (org.), Peasants,
Knights and Hereiics, op. cit., 1981, p. 194; S. H. Rigby, English Society in theLaterMiddle
Ages: Class,Statusanil Gender. Basingstoke, 1995, pp. 124-44.
RIGBY 483
nuição da população. Em vez disso, argumentam que foram os diversos re-
sultados das lutas entre camponeses e senhores o que determinou o rumo
de desenvolvimento social e econômico em regiões específicas da Europa
no fim da Idade Média e no início da modernidade: servidão no Leste eu-
ropeu, um campesinato independente e absolutismo na França, capitalismo
agrário na Inglaterra."
Um exemplo clássico da defesa marxista da importância histórica da luta
de classes é a interpretação de Marx e Engels de eventos como a Guerra Ci-
vil inglesa e a Revolução Francesa como "revoluções burguesas', movimen-
tos por meio dos quais, com sua destruição das relações feudais de proprie-
dade, a burguesia criou uma nova ordem social. Os historiadores marxistas
procuraram defender as explicações de Marx e Engels para tais movimentos.
Christopher Hill, por exemplo, argumentou que a Guerra Civil inglesa foi
não apenas um conflito constitucional ou uma disputa religiosa, mas
82 C. Lis e H. Soly, Poverty and Capitalism inPre-Industrial Europe. Brighton, 1982, pp. 97-1°4.
83 C. Hill, The English Revolution, 1640. Londres, 1940, pp. 9, 25, 29-30; id., Reformation
to Industrial Revolution. Harmondsworth, 1969, pp. 132-34; íd., Puritanism and Revolu-
tion. Londres, 1958, pp. 154-55; 1947h, pp. 11-16j id., "lhe Bourgeois Revolution in Soviet
Scholarship", New Left Review, n. 155,1986, p. 111. Ver também M. Dobb, Studiesin the
Development of Capitalism, op. cit., pp. 161-76; id., "Frorn Feudalism to Capítalísm", op.
cit., 1976, pp. 62-64; B. Manning, "lhe Nobles, the People and the Constitution", in T .
Aston (org.), Crisis in Europe, 1560-1660, op. cit., pp. 252-54. Trabalhando com uma defi-
nição geral semelhante de revolução burguesa, modelada na experiência francesa, Perry
Anderson considerou a Guerra Civil inglesa"a revolução burguesa menos pura de todos
RIGBY 485
tas tradicionais do papel determinante do modo de produção da sociedade,
muitos dos historiadores marxistas mais eminentes, tais como Christopher
Hill, são mais conhecidos por suas análises de mudanças religiosas e políticas
do que por suas contribuições originais à história económica." Certamente,
dado esse interesse pela "superestrutura" da sociedade, seria errado retratar
a historiografia marxista simplesmente como "história vista de baixo': Afinal
de contas, Hill elaborou não apenas análíses simpáticas dos Diggers [escava-
dores] e de outras seitas radicais da Guerra Civil inglesa, como uma biogra-
fia de Oliver Cromwell e um estudo dos problemas econ ômicos da Igreja
anglicana e de como suas tentativas de resolver tais problemas contribuíram
para a aliança entre ambos os lados na Guerra Civi1. 87
Como vimos, Marx e Engels descreveram o Estado e a consciência social
como uma superestrutura que corresponde à base econ ómica da sociedade.
Em geral, viram o Estado como o instrumento dos proprietários, o meio pelo
qual a classe economicamente dominante se toma a classe politicamente do-
minante. Marx e Engels, no entanto, também argumentaram que o Estado po-
dia, em determinados períodos, atingir um certo grau de independência em
relação à classe proprietária dominante. Esse era o caso, em particular, daque-
les períodos nos quais duas classes rivais neutralizavam uma à outra, como
nos Estados absolutistas do início da era modema europeia, cujos governan-
tes usavam a burguesia emergente como contrapeso contra a nobreza feudal.
No entanto, apesar de o Estado gozar de autonomia social anormal durante
tais períodos, essa autonomia é ela própria socialmente determinada,"
ros Stuart era "o principal apoiador da classe proprietária", que se via
diante da ameaça de desordem popular," Num espírito similar Anderson
até mesmo questionou as afirmações de Marx e Engels a respeito da au-
tonomia dos Estados absolutistas do início da modernidade da Europa
Ocidental. Tais Estados eram não o produto do equilíbrio de classes entre
aristocracia e burguesia, mas antes forneciam uma "carapuça política" para
a nobreza, que, com o declínio da servidão, havia perdido muito de sua in-
íl"lallifesto, op. cit., p. 10 2; id., Selected Correspondance, op. cit., 1975, p. 166; F. Engels,
Germany: RCVO/rl tiOIl and Counter-Revolution. Londres, 196 9, pp. 21-23, 33; K. Marx, The
CivilWar in France. Peking, 1970, pp. 65-66, 72, 137, 16 2, 165,167; TheEiglltccntil Brumaire
of Louts Bonaparte, op. cit., pp. 39, 88 -91, 103-05,11 2-13; F. Engels, nJC Origin ofthe Family,
Pri~'ll tc Property ali/i the State, op. cit., pp. 168· 69; J. Elster, Making SenseofMarx, op. cit.,
cap. 7; H. Draper, KarlMarx's TheoryofRevolution. Nova York, 1977, pp. 327-29 , 417-54.
89 R. Miliband, Marxism and Poliiies. Oxford, 1979, p. 74 ; G. Therborn, What Does the Ru-
Ung Class Do When it Rules? Londres, 1980, p. 132.
90 R. H. Hilton, AMedievalSociety, op. cit., pp. 218-19,240-41; BondMenMadeFree, op. cit.,
p.lSI.
91 C. Hill, Changeand Continuity in Seventeenih CenturyEngland. Londres, 1974, pp. 186-87;
id., "A Comrnent ", in Hilton et al., 'Ihe Transitionfrom Feudalism to Capitalism, op. cit.,
1976, pp. 118-21.
RIGBY 487
fluência local e dependia crescentemente da extraç ão centralizada de exce-
dente dos camponeses na forma de impostos."
Apesar dessa ênfase no Estado como um Estado de classe; E. P. Thomp-
son advertiu contra a tentação de ver a política e o direito em termos sim-
plesmente instrumentais, como se fosse uma conspiração dos ricos . O direito,
certamente, funcionava como a ideologia central de legitimação na Ingla-
terra do século XVIII e, de uma perspectiva mais prática, reforçava relações
de classe contemporâneas que favoreceram a classe dominante, como mos-
trou o estudo do próprio Thompson do BlackAct [Lei Negra] de 1723, que,
em resposta a distúrbios nas florestas do sul da Inglaterra, criou mais de cin-
quenta novos crimes capitais. Mas, ironicamente, a fim de desempenhar tais
funções, a lei teve de "mostrar-se independente de manipulações grosseiras".
Ao fazê-lo}ajudou a encorajar a ideia do "inglês livre por nascimento" que go-
zava de igualdade perante a lei e de proteção em relação ao absolutismo, uma
concepção que se tornou parte central da retórica do radicalismo plebeu."
Assim como os marxistas abordaram o Estado e o direito em termos de
classes sociais, também interpretaram formas particulares de consciência social,
de ideologias religiosas a programas políticos e teorias econ ómicas, em termos
92 P. And erson, Lineages of tire Absolutist Statc, op. cit., p. 1. Ver tamb ém V. G. Kiern an,
"Foreígn Merc enar ies and Absolute Mcnarchy", in T. Aston ( org.), Crisis iII Europe,
1560-1660, op. cit., pp. 117, 150. Para out ras interpre tações marxistas do absolutismo, ver
G. M. Littlejohn, "An Introduction to Lublinska ya". ECOIIOIIIY and Society, n, I, 1972;
A. D. Lublinskaya, "The Contcmporary Bou rgeo ís Conception of Absolut e Monar-
chy". Ecollonzy and Society, n. I, 1972; id., Frencli Absoiutism: The Crucial PIJasc,1620-1629.
Cambridge, 1968 (c riticado por D. Parker, "The Social Foundation of French Absolu -
tism, 1610-30 ". Past and Present, n. 53,1971) ; B. Porshnev, Les Soulêvements populaires
en Fra nce de 1623 à 1648. Paris, 1963, pp. 43,563 (trechos da obra de Porshn ev estão tra-
duzidos em P.J. Coveney (org.), Franze in Crisis 1620-1675. Londres, 1977, pp. 78-135) ;
D. Parker, "French Absolut ism, th e English State and the Utili ty of the Base-Supcrs-
tructure Model ". Social History, n. IS, 1990; R. Miliband, Class Power and State Power,
op. cit., pp. 56-62; R. Brenner, "Agrarian Class Structur e and Economic Development
in Pre-industrial Europe", op. cit., pp. 68-72; id., "The Agrarian Roots ofEuropean Ca-
pitalísm", op. cit., pp. 77-83.
93 E. P. Thompson, WIJ igs and Hunters, Londres, 1975, pp . 158-69; ver também D. Hay,
"Property, Authori ty and the Criminal Law", in D. Hay (org.), Albion'sFatal Tree: Crime
and Society iII Eighteellth-Cell/ury England. Nova York, 1975.
94 K Marx e F. Engels} Collected Works, op. cit., v. 5, pp. 36-37, 154, 183, 250; K Marx, lhe
Eighteenth Brumaire ojLouisBonaparte, op. cit., p. 37.
95 P. Collinson, lhe Religion ofProtestants. Oxford; 1982, p. 241j id., "Englísh Puritanism".
Historical Association Pamphlet, n. 106, 1983, pp. 5-6.
96 F. Engels, lhe Peasani War in Germany. Londres, 1965, pp. 41-42j 19-20j K Marx, Capital,
op. cit., v. 1, pp. 387, 882j id., Grundrisse, op. cit., p. 232j G. A Cohen, KarlMarx's Theory
ofHistory:A Defence, op. cit., p. 279.
97 C. Hill, lhe English Revolution, 1640, op. cit., pp. 44-45j Puritanism and Revoluiion, op.
cit., p. 21j Change and Continuity in Seventeenth Century EnglandJ op. cit., pp. 82, 89j Re-
formation to IndustrialRevolution, op. cit., pp. 131, 142, 145, 494-95. E. Fromm, diferen-
temente de C. Hill, argumenta que, enquanto o protestantismo era uma resposta às
ansiedades sociais produzidas pela ascensão do capitalismo, era no geral uma resposta
conservadora e que, como afirmou Weber, o estimulo do protestantismo ao capitalismo
era uma consequência não intencional de suas doutrinas. Ver E. Fromm, lhe Fear of
Freedom. Londres, 1975, pp. 53, 62, 68, 74, 78, 86-88j M. Weber, lhe Protestant Ethicand
the Spiritof Capitalismo Londres, 1976, p. 90.
RIGBY 489
Apesar de Marx usar a metáfora das ideias enquanto "reflexos" do ser social,
a teoria marxista da ideologia não significa que as ideias são simplesmente
um produto passivo de condições sociais." Hill argumenta, ao contrário,
que o puritanismo era uma força histórica ativa, que facilitou a transição de
uma sociedade na qual a pobreza não era mais vista como uma condição
sagrada mas como um sinal de que o pobre não estava entre os eleitos [teo-
ria da predestinação], e na qual o pecado da avareza havia se transformado
na virtude da parcimônia. De maneira semelhante, a eclosão da Revolução
Inglesa "não poderia ter acontecido" sem os ideais e os novos sistemas de
pensamento exigidos para que homens se dispusessem a arriscar suas vidas
pela criação de uma nova ordem. Para 'Hill, não apenas a fé individualista
do calvinismo como a ciência de Sir Francis Bacon, a história de Sir Walter
Ralegh e a interpretação do direito oferecida por Sir Edward Coke ajudaram
a pavimentar o caminho para a revolu ção."
A abordagem marxista da ideologia não exige que os "rep resentantes"
intelectuais de uma classe específica sejam eles mesmos membros daquela
classe,'?" apesar de os marxistas terem, eventualmente, adotado essa visão
de perspectivas ideológicas específicas,'? ' Em vez disso, formas particulares
de ideologia atraem grupos específicos e tais grupos interpretam tradições
intelectuais, religiosas ou culturais em sua maneira socialmente específica.
É por isso que a insistência puritana na fé interior se mostrou útil para uma
variedade de grupos sociais em sua resistência a diversas formas de autori-
dade tradicional, para a pequena nobreza rebelde da Escócia ou da Hungria
98 H .J. Kaye (org.), History, Classesand Naiion Staies: Selected Writings ofV. C. Kiernan.
Cambridge, 1988, p. 37. A herança da metáfora problemática do reflexo combinada à
consciência do papel histórico po sitivo das ideias levou alguns marxistas a até mesmo
afirmar a existência de "reflexos atívos". Ver M. Dobb, "H istorical Materialism and the
Role ofthe Economic Factor", op. cit ., p. 4i E.John, "Some Questions on the Materialist
lnterpretation ofHistory". History, n. 38, 1953, p. 4 .
99 C. Hill, Puritanism and Revolution, op. cit., p. 215i id., 'IheIntellectual Origins oftheEnglish
Revolution. Londres, 1972, pp. 1-3.
100 A Hauser, "Propaganda, Art and Ideology", in L Mészaros (org.), Aspects ofHistory and
Class Consciousness. Londres, 1971, pp. 137-38.
101 A. Howkins, "Edwardian Liberalism and Industrial Unrest: A Class View of the Decline
ofLiberalism", History Workshop, n. 4, 1977, pp. 158-59.
102 K. Marx, The Eighteenth Brumaire ofLou is Bonaparte, op.cit., pp. 40-41; C. Hill, Purita-
nism and Revolution, op. cit., p. 92; id., Change and Continuity in Seventeenth Century En-
gland, op. cit., p. 99; id., Antichristin Seventeentn CenturyEngland. Londres, 1971, p. 101;
id., "God and the English Revolution". History Workshop, n. 17, 1984, pp. 19-20.
103 D. Laurenson e A. Swingewood, The Sociology of Literature. Londres, 1972, pp. 63-77;
D. Forgacs, "Marxist Literary Theorie s", in A. Jefferson e D. Robey (o rgs.), Modem Lii e-
raryTheory. Londres, 1986, pp. 183-87; L. Goldmann, Racine. Cambridge, 1972; M. Evans,
Lucien Goldmann. An Introduction. Brighton, 1981, cap. 3.
104 R. H. Hilton (org.), Peasants, Knights and Heretics, op. cit., pp. 221, 232-35; id., BondMen
MadeFreei op. cit., p. 211; id., "Robin des Bois". L'Histoire, n. 38, 1980; P. R. Coss, "Aspects
of Cultural Diffusion in Medie val England ". Pastand Preseni, n. 108, 1985. Para urna crí-
tica de Hilton, que situa as balada s em um contexto social diferente, ver J. C. Holt, "The
Origins and Audience of the Bal1ads of Robin Hood", in R. H. Hilton (org.), Peasants,
Knights and Heretics, op. cit., e RobinHood. Londres, 1989, especialmente cap. 6. Para a
resposta de Hilton, ver sua resenha do livro de Holt no TimesLiterary Supplement, 11 de
junho de 1982. Para o conceit o do "b andido social", ver E. Hobsbawm, Primitive Rebels.
Manchester, 1971, cap. 2, e Bandits. Harmondsworth, 1982, especialm ente caps. 1 e 3.
RIGBY 491
viveu, podem ser mais bem entendidos quando vistos no contexto político
de sua época, para não mencionar as obras de um participante ativo da Re-
volução Inglesa tal como John Milton,'?'
Às vezes os próprios comentários de Marx parecem presumir que ideo-
logias são apenas fraudes cínicas elaboradas para defender interesses par-
ticulares.'?" No entanto, em outras passagens, o próprio Marx negou que
esse fosse o caso. Como disse, a respeito da pequena burguesia francesa de
meados do século XIX, as classes tendem a acreditar que as condições so-
ciais que lhes são favoráveis são também as mais apropriadas para a socie-
dade como um todo."? No entanto, Marx e Engels acreditavam que as clas-
ses proprietárias propagariam ideologias que ajudam a justificar e manter
seu poder e seus privilégios: as relações sociais feudais eram apresentadas
como se estabelecidas por vontade divina, ou o capitalismo como a expres-
são da natureza humana ou de "leis naturais invioláveis"'" Marx e Engels
chegaram mesmo a afirmar que "as ideias predominantes em cada época
foram sempre as ideias da classe dominante",109 apesar de essa afirmação po-
der ser interpretada de duas maneiras diferentes. Em primeiro lugar, em sua
versão mais fraca, significa apenas que as ideias da classe dominante são as
ideias oficiais da época, em vez de que tais ideias são amplamente aceitas
naquela sociedade. Afinal, Marx e Engels eram altamente críticos dos pen-
sadores que acreditavam que "o domínio de certa classe é apenas o domínio
105 C. Hill, Puritanism and Revolution, op. cit., pp. 324-25 ; id., Milton and the English Revo-
lution. Londres, 1977, p. 4.
106 K Marx, The Eighteenth Brumaire of LouisBonaparte, op. cit., pp. 97-98 .
107 K Marx e F. Engels, Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, pp. 290, 410-14; K Marx, The
Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte, op. cit., p. 40. C. Hill afirma que a concepção
que vê as ideias como irrelevantes para a história ou como formas de hipocrisia ou racio-
nalização deve mais aos historiadores da escola de Namier do que às obras de Marx. Ver
C. Hill, The IntellectualOrigins of theElIglishRevolution. Londres, 1972, p. 3, e R. Brenner,
Merchantsand Revolution: CommercíalChange, PoliticaiConflict and London's Overseas
Traders, l550-lÓ53, op. cit., p. 645 .
108 F. Engels, HerrEugen Dühríllg's Revolution in Scíence, op. cit., p. 353; K Marx, 'Ihe Civil
War iII France. Pekíng, 1970, pp. 100-02; Collected Works, op. cit., 1975-76, v. 5, p. 154; F.
Engels, The Peasallt War in Germany, op. cit., pp. 41-42; K Marx, Grundrisse, op. cit., pp.
85-87; ThePovertyofPhilosophy, op. cit., pp. lOS-06.
109 K Marx e F. En gels, Collected Works, op . cít., 1975-76 , v. 5, p. 59.
RIGBY 493
nando o indivíduo ao sistema social." Da mesma maneira, na Inglaterra dos
Tudor e nos primeiros Stuart,
115 L. Althusser,Lenin and Philosophy and Other Essays, op. cit., pp. 143-53j A. Gurevich,
Categories ofMedieval Culture. Londres, 1985, pp. 10, 299-301.
116 C. Hill,Change and Continuity in Seventeenth CenturyEngland, op. cit., p. 189; id., The
Century ofRevolution, 1603-1714, op. cit., p. 189.
117 E. P. Thompson, TheMaking of the English Working Class, op. cit., p. 663.
118 Perry Anderson, ArgumentswithinEnglish Marxism. Londres, 1980, pp. 37-38.
119 R. S. N eale, Writing Marxisf History. Oxford, 19Bs, p. 8Sj R. Brenner, Merchants and Re-
volution: Commercial Change, PoliticaiConflict and London's OverseasTraders, 1550-1653,
op. cít., pp. 640-43, 648-49. Para uma pesquisa ampla, ver A. L. Hughes, 'Ihe Causesof
theEnglish CivilWar. Basingstoke, 1991, p. 3.
120 Sobr e o debate ver T. C. W. Blanning, 'IheFrenchRevolution: Aristocrats versus Bourgeoisi
Londres, 1987, e G. Lewis, TheFrench Revolution: Rethinking theDebate. Londres, 1993.
121 C. Hill, A Bourgeois Revolution", in]. G. A. Pocock (o rg.), Three British Revolutions:
U
1641,1688,1776. Princeton, 1980, pp. uo-n: H.]. Kaye, TheBritishMarxist Historians, op.
cit., p. 116. Como disse Hobsbawm sobre a Revolução Francesa, ela foi uma revolução
burguesa, "apesar de que ninguém pretendia que fosse" (E. Hobsbawm, Echoes of the
Marseillaise: Two CenturiesLookBack on theFrencn Revolution, op. cít., p. Bj ver também
A. L. Morton, "Pilgrim 's Progress, a Cornmemoration". History Workshop, n. S, 1978,
p. 4) . Callíni cos, portanto, define revoluções burguesas como aquelas que "promovem
o capitalismo ", e não as que são feitas de maneira consciente por capitalistas. A Revolu-
ção Francesa foi, ele acredita, "levada a cabo pela liderança burguesa", mas, em geral, é
"excepcional que a classe capitalista tenha o papel de liderança em revoluções burguesas"
RIGBY 495
de constituir o ponto de inflexão decisivo na transição para o capitalismo, ~
Revoluçã o foi o reflexo político do fato de qu e a sociedade já era capitalista."
Marxi stas como Régine Robin e Althusser levantaram dúvidas sem elhante ,
a respeito da existência de um conflito de classe inerente entre nobreza e bur-
guesia na França do século XVIII. A dificuldade de identificar um a burguesia
capitali sta na França pré-revolucionária levou Comninel a admitir que a vali-
dade da interpretação mar xista tradicional da Revolução Francesa havia sido
"explodida'l'" D e forma mais geral}Woodu 4 argum enta que o con ceito de re-
volução burguesa "esconde tanto quanto revela ... A fórmula no s diz pouco .õ
respeito das causas dessas revolu ções ou a respeito das forças sociais qu e as
geraram': A ênfase marxista é crescenteme nte na longue durée da transição do
capitalismo mais do que na suposta ruptura da revolução burguesa. "
(A. Call inicos, "Bourgeois Revo lu tion an d H ist orical Ma terialism", ln iernationai 50-
cialism, n. 4 3, 1989, pp. 122-25) . Mooers também tenta reabilitar a ideia da Revolução
Francesa com o uma revolução burguesa em termos das consequênc ias benéficas que
ela gero u p ara o d ese nvo lvime nto d o capitalism o agrário (c. Mooers, Tne Making 0.1
Bourgeois Europe. Lon d res, 1981, pp . 2-3, 61, 64-72,1 76) .
122 R. Bren ner, "Dob b on the Transition from Feu dalism to Capitalism", Cambridge[ournal
of Economics 2, 1978j id., "Bou rgeoís Revolutio n an d T ransition to C apitalism", op. cit.,
1989, pp. 296- 304.
123 M . Gre no n e R. Robin , "A Propos de la po lémique sur l'anc ien régime et la Révolu tion :
pour une pr oblém atiqu e de la tra nsi tion", La Pens ée, n. 167, 1976 , citado em T . C. "\T.
Blanning, The French Revolution:A ristocrats versus Bourgeois ?, op. cit., p . 16j L. Althusser,
Politics and History: Mo ntesquieu}Rousseau, Hegel and M arx. Lo ndres, 1972, pp . 99-106j
G. Comninel, Rethinking the French Revolution. Lond res, 1987, pp . 3, 19-20, 180, 195, 203,
2 05j R. Price, A Concise History of France. Cambridge, 1993, p. 82. A visão orto doxa é
defen dida por P. McGarr, "The Gr eat French Revolution ". ln ternational Socialism, n. 43,
1989. Se ne m mes mo a França é vista com o tendo sofrido um a revo lução burguesa clás-
sica, segue-se que não se pode mais explicar o curso específico da história moderna da
Alemanh a em termos do fato de ela não ter passado por tal revol ução. Ver D. Black-
bourn e G. Eley, The Peculiarities of German H istoT)'. Oxford, 1984, pp . 7- 21, 39-43, SI-59,
167-76, 287-88.
124 E. M . Woo d, The Pristive Culture of Capitalismo Londres, 1991, p . 160.
125 P. Co rrigan e D. Sayer, The Great Arch: English State Formation as Cultural Revolution.
Oxford, 1985, pp. 85-86 ; R. Brenn er, Merchants and Revolution: Commercial Challge, Po-
liticai Conjlict and London 's Overseas Traders, 1550-1653, op . cit., pp . 648 -49i T. C. W.
Blann ing, The French Revolution: Aristocrats versus Bourgeois?, op. cit., p. 16.
126 G.A Cohen, KarlMarx's Theory ofHistory: A Defence, op. cit., caps. 9}10; id., "Functional
Explanation: Replyto Elster". Politicai Studies, n. 28}1980, pp. 129-30j id., "Functional Ex-
planatíon, Consequence Explanation and Marxism". Inquiry, n. 25, 1982} p. 30; id., "Reply
to Elster on 'Marxism, Functionalist and Game Theory'''. Theory andSociety, n. n, 1982, p.
486j P. van Parijs, MarxismRecycled. Cambridge.aoçj, pp. 7, 29·
127 A Giddens, A Contemporary Critique ofHistoricalMaterialism. Londres, 1981, pp. 17, 215j
id., Central Problems in Social Theory, op. cít., pp. 7, uo-ry, 2U-14j id., Studiesin Social
andPoliticai Theory. Londres, 1979, pp. 17, 25j J.Elster, Ulysses and the Sirens. Cambridge,
1979, cap. 1j P. Halfpenny, "A Refutation ofHistorical Materialism". Social Science Infor-
mation, n. 22,1983. O artigo de Halfpenny está incluído em P. Wetherly (org.), Marx's
Theory ofHistory: The Contemporary Debate. Aldershot, 1992, junto com diversos outros
artigos sobre explicação funcional e marxismo. Para explicação funcional e as ciências
biológicas, ver H. G. Frankfort e B. Poole, "FunctionalAnalysis in Biology". British[our-
nalfor the Philosophy of Science, n. 17, 1966-67. Um problema particular é que; ao passo
que a teoria da evolução especifica o "mecanismo de feedback" [retroalímentação, retor-
no] (variação genética aleatória e a sobrevivência do mais apto) que permite explicar
o desenvolvimento evolucionário de uma espécie particular em termos de seus efeitos
funcionais, cientistas sociais (sejam marxistas ou não) não dispõem de um mecanismo
RIGBY 497
análises do mercado da escola de Chicago, em termos muito parecidos aos
usados por biólogos para explicar a evolução natural, explicações funcionais
não são, perse, inválidas nas ciências sociais. " Sua pertinência em qualquer
exemplo particular só pode, assim, ser avaliada empiricamente, e o materia-
lismo histórico não é inerentemente invalidado por seu uso.??
Em segundo lugar, mesmo que aceitemos que o ser social pode ser de-
finido independentemente da consciência social, de maneira a podermos
dizer que o primeiro determina o último, o marxismo tem sido criticado por
identificar ser social e posição de classe. Sociólogos da tradição weberiana
argumentaram, assim, que a classe econômica é apenas um fundamento
possível para "exclusão social " e que outras formas de exclusão, como raça,
gênero, status e ordem, que não são absolutamente redutíveis a desigualda-
des de classe, podem ser igualmente importantes. Existe assim uma diversi-
dade de formas e fundamentos do poder social (económico, político e ideo-
lógico), e não se pode pressupor que nenhum deles tenha primazia social
130 M . Weber, Economyand society. 2 v. Berkeley, 1978, v. 1,p. S77, v. II, p. 926; G. Neuwirth,
"A Weberian Outline of a Theory of Community: Its Application to the 'Dark Ghet-
to ". British [ournal of Sociology, n. 20, 1969; R. Murphy, Social Closure. Oxford, 1988j
R. Collins, ConJIict Sociology. Nova York, 1975; F. Parkin ( org.), The Social Analysis of
Class Structure. Londres, 1974, pp. 1-18; id., Marxism and Class Theory. Londres, 1979j
id ., "Social Stratífication", in T. Bottomore e R. Ni sbet (orgs.), A History of Sociological
An alysis. Londres, 1979; id., Max Weber. Londres, 1982, pp. 100-02j W. C. Runciman,
"Th e Three Dimensions ofSocial Inequality", in A. Béteille (org.), Social Inequality. Har-
mondsworth, 1969j id., "T owards a Theory ofSocial Stratification", in F. Parkin (org.),
The SocialAnalysis of Class Sirudure, op. cit., pp . SS-61j id., A Treatise on Social Theory,
3 v. Cambridge, 1983-89, pp. 2-24j M. Mann, 'Ihe Sources of SocialPower, v. 1. Cambridge,
1986; A. Giddens, A Contemporary Critique of HistoricalMat erialism, op. cit., Para res-
postas de autores marxistas, ver G. Mackenzie, "Review ofParkin 1979a", British[ournal
of Sociology, n. 31, 1980, pp. 582-84j J. M. Barbalet, "Social Closure in Class Analysis: A
C ritique ofParkin". Sociology, n.16, 1982jWright, "Gíddens's C ritique ofMarxísrn". N ew
Left Review, n. 138, 1983; C. Wickham, ." Historical Materialism, Historical Sociology".
N ew Left Review, n. 171,1988 (sobre Mann): id., "Systactic Structures: Social Theory for
Historians". Past and Present, n. 132, 1991(sobre Runciman).
131 K Marx e F. Engels, Selected Correspondence, op. cit., v. 5, pp . 69, 73, 89-90j M. Godelier,
TheMental and theMat erial. Londres, 1988, pp . 24S-S2.
132 Ver, por exemplo, C. M íddleton, "The Sexual Division ofLabour in Feudal England".
N ew Left Review, n. 113-14, 1979j id. , "Peasants, Patriarchy and the Feudal Mode of
Production in England". Sociological Review, n. 29, 1981j id. , "W o m en's Labour an d
the Transition to Pre-industrial Capitalísm ", in L. Charles e L. Duffin (orgs.) , Wom en
and Work in Pre-industrialEngland. Londres, 1985j R. H . Hilton, ClassConjlict and the
Crisis of Feudalism, op . cit., caps. 15 e 16j id., TheEnglish Peasantry in the LaterMiddle
Ages, op. cit., cap. 6j E. Hobsbawm, The Age of Empire, 1875-1914. Londres, 1989, cap.
8. Muitas explicações marxistas das desigualdades de gênero são um debate implícito
ou explícito com F. Engels, The Origin of the Famiiy, Private Property and the State,
op. cito Para uma avaliação da abordagem de Engels, ver artigos em]. Sayers et al.,
Engels Revisited. Londres, 1987j S. Coontz e P. Henderson, Women's Work and M en's
Property. Londres, 1986; S. H. Rigby, Engels and the Formation of Marxism, op. cit.,
pp. 198-204j L. Voge1, Marxism and the Oppression ofWomen. Londres, 1983, cap . 6j
RIGBY 499
como argumentaram historiadoras e sociólogas feministas, que os marxis-
tas tenderam a oferecer explicações funcionais das relações sociais patriar-
cais em termos de seus benefícios para a reprodução de modos particulares
de produç ão.'> O patriarcado é, assim, considerado secundário e derivado
do modo de produção da sociedade em vez de ser apresentado como uma
forma de desigualdade social autônoma.?" ou mesmo, como alguns prefe-
rem vê-lo, como se embutidos no modo de produção da sociedade como
uma de suas características definidoras. "
Em terceiro lugar, muitas das críticas ao materialismo histórico se con-
centraram na questão da interpenetração de base e superestrutura, ou seja,
M. Bloch, Marxism and Anthropology. Oxford, 1983, pp. 66, 75-76; Godelier, TheM en-
tal and theMaterial, op. cit., p. 103.
133 C. Middleton, "Peasants, Patriarchy and the Feudal Mode ofProduction in England ", op.
cit., pp . 151-52; O. Adamson et al., "Women's Oppression under Capitalísm". Revoluiio-
nary Communist, n. 5, 1976; M. Gimenez, "Marxist and non-Marxíst Elements in Engels'
Views on the Oppression of Wornen", inJ. Sayers et al., Engels Revisited, op. cit., p. 48;
M. Barrett, Women's Oppression Today. Londres, 1984, pp. 132-33; C. Cockbum, "1he Re-
lations ofTechnology: What Implications for 1heories ofSex and Class", in R. Crornp-
ton e M. Mann (org s.), Genderand Stratification. Cambridge, 1986, pp. 81-82.
134 S. de Beauvoir, The Second Sexo Harmondsworth, 1974, p. 87j S. Firestone, TheDialectic
of Sexo Londres, 1979, p. ISj K Millett, Sexual Politics. Londres, 1985, p. 38j C. Delphy,
Close to Home. Londres, 1984, pp. 38-39, 74-7S j R. McDonough e R. Harrison, "Patriar-
chy and Relations of Productíon", in A Kuhn e A. Wolpe (orgs.), FeminismandMateria-
lism. Londres, 1978, pp. 31-32; A. Davin, "Feminism and Labour H istory", in R. Samuel
(org.), People' s History and Socialist Theory. Londres, 1981, p. 180.
135 H. Hartmann, "1he Unhappy Marriage of Marxism and Feminism: Towards a More
Progressive Union", in L. Sargent (org.), Women and Revolution: A Discussion of the
Unhappy Marriage ofMarxism and Feminism. Londres, 1981, pp. 10-11,17-19, 29; C. Mid-
dleton, "Sexual Inequality and Stratification Theory", in F. Parkin (org.), The Social
Analysis of Class Structure, op. cit., 1974j C. Middleton, "Patriarchal Exploitation and
the Rise ofEnglish Cap ítalism ", in E. Gamarnikow, D. Morgan,J. Purvis e D. Taylor-
son (orgs.), Gender, Class and Work. Londres, 1983, pp. 13-14j Z. Eisenstein, "D evelo-
ping a 1heory ofCapitalist Patriarchy and Socialist Ferninism", in Z. Eisenstein (org.),
Capiialist Patriarchy and the Case for Socialist Feminism. Nova York, 1979, pp. 5, 28j W.
Seccombe, "Marxísm and Demography", New Left Review, n. 137, 1983, p. 19; J. Heam,
"Gender: Biology, Nature and Capitalísm", in T . Carver (org.), The Cambridge Compa-
nionto Marx, op. cít., p. 239j E. Fox-Genovese, "Placing Women's History in History".
New LeftReview, n. 133, 1982, p. IS.
136 Ironicamente, o próprio Engels defendia em suas obras filosóficas a noção de interpe-
netração dialética, ao mesmo tempo que adotava uma noção mais limit ada de interação
entre base e superestrutura em sua defesa do materialismo histórico . Ver F. Engels, Herr
Eugen Dühring's Revolution in Science, op. cit., pp. 28-29; id., Dialedics ofNature. Moscou,
1964, pp. 17, 93, 214-S4, 264; K Marx e F. Engels, Selected Correspondence, op. cit., pp.
394-9S, 399, 401, 442; F.Jakubowski, Ideology andSuperstructure in HistoricalMaterialism.
Londres, 1976, p. 38; S. H. Rigby, Engels and the Formation ofMarxism, op. cit.,pp. 112-13,
126-27,13 2-34.
137 H. B. Acton, TheIllusion ofthe Epoch. Londres, 19S5, pp. 164-6 8, 177, 2S8;]. P. Plamenatz,
Man and Society: A Criticai Examination of SomeImportant Social and Politicai Theories
from Machiavelli to Marx, 2 v. Londres, 1963, pp. 283-89, 34S; G. Leff The Tyranny of
Concepts, op. cit., pp. 144-S1; R. Wolder, "Rousseau and Marx", in D. Miller e L. Síeden-
top (orgs.), TheNature of Politicai Theory. Oxford, 1983, pp. 231-37; A W. Wood, Karl
Marx, op. cit.; S. Lukes, "Can the Base be Distinguished from the Superstructure?",
in D. Miller e L. Siedentop (orgs.), TheNature of Politicai Theory, op. cit., pp. 103-19.
Graham distingue utilmente duas leituras separadas da posição de Acton e Plamenatz.
A primeira é que base e superestnitura são conceitualmente inseparáveis; a segunda é
que, mesmo que as duas possam ser distinguidas, coexistem e interagem, o que mina a
afirmação de prioridade da assim chamada base.
RIGBY 501
damente condenam como "idealista" quando deles lançam mão os hegelia-
nos. Ironicamente, o que se apresenta como a mais materialista das análises
da sociedade se revela, em uma ironia verdadeiramente dial ética, seu exato
oposto: puro idealismo.?"
Em resposta, certos marxistas tentaram oferecer uma defesa da distinção
marxista "tradicionalista" entre a base econômica e a superestrutura política
e ideol ógica.v" No entanto, defesas tradicionalistas como essas da distin-
ção entre base e estrutura geralmente parecem menos do que convincentes,
mesmo para aqueles no interior da tradição marxista. Afinal, Marx e maneis-
tas posteriores aceitaram explicitamente a existência dessa interpenetraç ãn'v
quando, por exemplo, apresentam as relações de produção do modo asiático
de produção e das sociedades feudal e antiga como constituídas por meio
de coerção "extraecon ômi ca'i'" e veem o próprio Estado como o principal
138 K M arx e F. Engels, Se/ectedCorrespondence, op. cit., p. 434; K Marx e F. Engels, Col-
lected Works, op. cít., 1975-76, v. 4, pp. 7; 59-60, 82, 159,192; v. 5, pp. 29, 36-37, 44 -45, 55,
57,59-62,128-34,144-45,159-60,168,176, 236,269, 274-75, 282, 287, 419, 434; S. H. Rigby,
Engelsand the Formation ofMarxísm, op . cit., pp. 174- 75·
139 G. A. Cohen, "Being, Consciousness and Roles: On the Foundation ofHistorical Mate-
rialism", in C. Abramsky e B. J.Williams (orgs.), Essays in HonourofE. H. Carro Londres,
1974, p. 88; íd., "On some Criticism ofHistorical Materialism", Proceedings of the Aris-
tote/ian Society, n. 44 (suplemento), 1970, pp. 121-24; id., Karl Mar x's Theory of History:
A Dejence, op. cit., p. 223; id ., Hisiory, Labour and Freedom. Oxford, 1988, caps . 2 e 3;
C. Lowe, "Cohen and Lukes on Rights and Power". PoliticaIStudies, n. 33, 1985.
140 K Kautsky, TheMaterialist Conception ofHistory, op. cit., pp. 228-30; R. Hilferding, "The
Materialist Conception ofHisto ry", op. cit., p . 131; E. D . Genovese, l n Red and Black, op.
cit., pp. 21, 32-33, 323-24.
141 K Marx, Capital, op. cit., V. 3, pp. 926-27; Leka s, Marx on Classical Ant iquity: Problems
of Historical M etllOdology, op . cit., pp . 3, 81, 153, cap . 8; R. H . H ilton, Class COllflict and
the Crisis of Feudalism, op . cit., p . 123; "Feudalism in Europe: Pro blems for H istor ical
Materialists", op . cit., pp. 85-86; R. S. Gottlieb, "Feudalism and Hi storical Materialism;
a Critique and a Synthesis". Science and Society, n. 48, 1984, pp . 4, 36; J. M. Bak, "Serfs
and Serfdom: Wo rds and Things". Review, n. 4, 1980, pp. 13-14; S. Amin, Unequal DL'VelO-
pment. Hassocks, 1976, pp. 13-21; B. H indess e P. Q Hirst, Pre-capiialisi ModesofProduc -
tiOll, op . cit., pp . 82-91; J. Given, "lhe Economic Consequence of the English Conquest
ofGwynedd". Speculum, n. 64,1984, p. II ; C. Wickham, 111eMountainsand the City: 111e
Tuscall Ape/lllilles iII the Barl)'ldiddleAges. Oxford, 1988, p. 76.
142 C. Wickham, "lhe Uniqueness of the East", in ] , Baechl er et aL (orgs.), Europe and the
Rise of Capitalismo Oxford, 1978, p. 72j id., "lhe Other Transition: From the Ancient
World to Feudalism". Past and Preseni, n. 103,1984,pp. 9, 20, 27-28; R. Brenner, "Agrarian
Class Structure and Econornic Development in Pre-industrial Europe", op. cit., 1976, pp.
68-69; P. Anderson, Lineages oftheAbsolutist Staie, op. cit., cap.lj De Ste. Croix, "Class in
Marx's Conception of Hístory, Ancient and Modem", op. cit., pp . IOS-06j]. Given, "lhe
Econornic Consequences of the English Conquest of Gwynedd", op. cit., p. 44 .
143 Para aqueles que preferem a metáfora da sociedade como uma totalidade ou uma totali-
dade org ânica, em op osição a base e superestrutura, ver M. Rader, Marx's lnterpretation
of History. Nova York, 1979,cap. 2; M. Jay, Marxism and Totality. Cambridge, 1984j A.
Gram sci, Selectionsfrom the PrisonNotebooks. ~ Hoare e G. N. Smith (orgs.). Londres,
1977, p. 377j F. Jakubowski, ldeology and Superstructure in HistoricalMaterialism, op. cit.,
pp. 102-03j G. Luk ács, History and Class Consciousness. Londres, 1974; K Korsch, Karl
Ma rx, op . cít., p. 241j L. Althusser e E. Balibar, Reading Capital, op . cit., p. 98j S. Hall,
"Re-thinking the Base and Superstructure Metaphor", in J. Blcomfield (org.), Ciass, Har-
mony and Party. Londres, 1977j H .]. Kaye, "Totality: its Application to Historical and
Social Analysis by Wallerstein and Genovese", op. cit., pp. 405-19; id., The BritishMarxist
Historians, op . cit., pp . 56-57, 107, n6-17, 159, 220; E. D. Genovese, ln Red and Black, op.
cit., pp. 322-23j C. Hill, Puritanism and Revolution, op. cit., p. 39 j]. S. Cohen, "lhe Ach íe-
vernents ofEconornic History: lhe Marxist School", op. cit., p. 31; D. Sayer, 'IheViolence
ofAbstraction, op. cit., p. 14Sj M. Ryan, Marxism and Deconstrudion. Baltimore, 1986,pp.
83-87,98-100 ; P. Corrigan e D . Sayer, 'IheGreatArch: English State Formation asCultural
Revolution, op . cit., p. 2; B. Ollman, Alienation. Cambridge, 1972, p. 15; G. Williams , "ln
Defence ofHistory". History Worlcshop, n. 7, 1979, p. n8j S. Clarke, "Socialist Humanism
and the Critique of Economism", HistoryWorlcshop, n. 8, 1979.
144 R. Williams, "Base and Superstructure in Marxist Cultural Theory". New LeftReview, n. 82,
1973, p. 7 j S. H . Rigby, "Making History". Historyof European Ideas, n. 12, 1990, p. 829 j
G. Hellman, "Historical Materialism ", in]. Mepham e D. HilIeI-Ruben (orgs. ), lssues
RIGBY 503
Uma resposta provavelmente mais útil para o problema da interpenetra-
ção de base e superestrutura é a reformulação de Godelier da metáfora de
Marx) de base e superestrutura em uma afirmação da primazia das relações
de produção da sociedade) concebida no sentido mais amplo) em relação
àqueles aspectos políticos}jurídicos e ideológicos que não são elementos
constitutivos das relações de classe. A base da sociedade) assim}inclui aque-
les aspectos políticos e jurídicos} tais como os poderes senhoriais, na socie-
dade medieval) que são elementos definidores de relaçõe s de classe coevas.
São essas relações ) definidas de maneira ampla} que constituem a base para
aqueles elementos jurídicos} políticos e ideológicos residuais que formam a
superestrutura social. Base e superestrutura não mais são vistas como insti-
tuições separadas) mas definidas por suas diferentes [unç õesr»
Em quarto e último lugar) se a abordagem de Godelier oferece uma res-
posta àqueles críticos que levantaram o problema da interpenetração de
base e superestrutura, o materialismo histórico enfrenta dificuldades ainda
maiores quando confrontado com a questão muito mais direta da interação
de base e superestrutura. Desde A ideologia alemã) Marx e Engels se refe-
riram à "a ção recíproca" de forças produtivas) relações de classe) política
e ideologia) mas) uma vez que descrevem a superestrutura da sociedade
como a "expressão" ou o "reflexo" de sua base económica, seus críticos po-
diam facilmente acusá-los de apresentar o fato r econômico como o único
fator determinante e de ignorar o papel histórico ativo desempenhado pela
política e pelas ideias. Desde as famosas cartas de Engels dos anos 1890 so-
bre o materialismo) os marxistas se veem assim obrigados a rejeitar a acusa-
ção de reducionismo econômico e a reconhecer a "interação dial ética" que
ocorre entre base e superestrutura (seja definida no sentido tradicional ou
no de Godelier) "46
History, op. cit., pp. 229, 232-33; A Gramsci, Se!ections from the Prison Notebooks, op. cit.,
pp. 407, 437; E. D. Genovese, InR.edandBlack, op. cit., p. 322; E. Loone, SovietMarxism
andAnalyticalPhilosophies ofHisiory, op. cit., pp. 164-65. Marxistas preocupados em re-
jeitar as acusações de reducionismo ainda hoje apelam para as cartas de Engels. Ver R. H.
Hilton, "Unjust Taxation and Popular Resistance", op. cit., p. 178; E. P. Thompson, The
Poverty of 'Iheory, op. cit., p. 261; S. Delany, Medieval Literary Politícs. Manchester, 1990,
p. 43; N. Kirk, "Hístory, Language, Ideas and Post-Modernism: A Materialist Víew",
Social History, n. 19, 1994, pp. 222, 227-28.
147 T. Lovell, Pictures ofReality: Aesthetícs, Politics and Pleasure. Londres, 1980, pp. 27-28;
E. P. Thompson, The Poverty of Theory, op. cít., pp. 254, 355, 360; L. Althusser e E. Ba-
libar, ReadingCapital, op. cit., pp. 97, 100, 104-05, 177-78, 183, 187, 220-24; L. Althusser,
For Marx. Londres, 1977, pp. 96-101, 113; N. Gordy, "Reading Althusser: Time and
the Social Whole". History and Theory, n. 22, 1983. Althuss,er é apresentado como um
antirreducionista em R. Blackburn e G. S.Jones, "Louis Althusser and the Struggle
for Marxism", in D. Howard e K E. KIare (orgs.), 'Ihe Unknown Dimension: European
Marxism since Lenin. Nova York, 1972, pp. 369-74; S. Hall, "Re-thinking the Base and
Superstructure Metaphor", op. cit., Bennett, Formalism and Marxism. Londres, 1979,
pp. 40-41; P. Anderson, Arguments within English Marxism, op. cit., pp. 66-77; P. Q
Hirst, Marxism and Historical Writing. Londres, 1985, pp. 22-23; A. Milner, "Conside-
rations ofEnglish Marxism". Labour History, n. 41, 1981, p. 8. Existe hoje uma enorme
RIGBY 505
essa visão. Mais uma vez, no entanto, é simplesmente difícil ver o que há.
de distintamente marxista nela . Em outras palavras, o problema do reducio-
nismo não pode ser resolvido de forma simples pelo recurso ao conceito da
"autonomia relativa" do Estado e da ídeologia '" (mesmo que qualificada por
uma determinação pelo econ ómico "em última instância'T':" Tampouco
seria uma solução simplesmente abandonar a metáfora de base e superes-
trutura, talvez por culpar Engels mais do que o próprio Marx.?" Não é a me-
táfora de base e superestrutura o problema, mas antes a ideia que ela procura
expressar, isto é, a afirmação de uma hierarquia de elementos sociais ou de
assimetrias causais que deram ao marxismo sua especificidade e identidade
à parte enquanto uma forma de teoria social. "
of M arxísm", in R. Miliband et aI. ( orgs.) , The Socialist Register. Londres, 1990, pp. 9-11;
P. Anderson, Arguments wiihin EnglishMarxism, op . cit., pp. 66, 81j E. D . G enovese, ln
RedandBlack, op . cít., 1972, pp. 19, 323; id., TheWorld theSlaveholders Make, op . cit., 1969,
p. IX; J. Haldon, "Th e Ottoman State and the Questions of State Autonomy: Compara-
tive Perspectives". [ournal ofPeasantStudies, n.18 , 1991, p. 28; K. M cDonneIl e K. Robins ,
"M arxist Cultural The ory : The Althusserian Smokescreen", in S. Clarke et al., On e-Dim en-
sional Marxism, op. cito,p . 215; A W. Wood, KarlMarx, op. cit, pp. 64-6 5; R. W. Miller,
"Social and PoliticaI Theory: Cla ss, State and Revolution", op. cit, p. 101;E. D. Genovese ,
ln RedandBlack, op. cito, 1972,p . 324; P. van Parijs , "From Contradiction to Catastrophe".
New LeftReview, n. 115, 1979, pp. 87, 91;V. G. Kiernan, "Problems ofMarxist Hístory", op.
cit., p. 107; E. Hobsbawm, "M arx and Hi story". New LeftRevielv, n. 143,1984, pp . 44-46;
E. O. Wright et al., Reconsiructing Marxism. Londres, 1992, caps. 3 e 6.
RIGBY 507
uma explicação e se torna, ele mesmo, algo a ser explicado em termos de di-
versos fatores." Há um pluralismo semelhante em funcionamento na aná-
lise de Brenner de como uma forte propriedade camponesa e o Estado ab-
solutista nos primórdios da era moderna na França se desenvolveram "em
dependência mútua", o que sugere que o absolutismo era mais do que sim-
plesmente "expressão" de mudança social, como Brenner também afirma,
mas era ele próprio um agente ativo de tal mudança. "
Esse pluralismo tampouco é exclusivo da obra de Brenner. Na verdade,
ele pode ser visto na explicação de Corrigan e Sayer'>' sobre por que o ca-
pitalismo triunfou primeiro na Inglaterra em termos da "singularidade do
processo de formação e das forma s do Estado inglês" e na tentativa de Ge-
novese '" de encontrar a quadratura do círculo na estratégia de afirmar que
a superestrutura social é "gerada" pela base do modo de produção mas que
ela também se desenvolve segundo uma lógica própria e reage, por sua vez,
à base. De maneira semelhante, Parker, em um ensaio explicitamente diri-
gido à defesa da metáfora da base e superestrutura, argumenta que o mo-
tor da mudança histórica no início da era moderna não se encontra na luta
de classes ou em qualquer aspecto da economia, "mas nas atividades do
Estado", em particular, "a ascensão do Estado absolutista sob a pressão da
guerra e de antagonismos relígiosos '?" Na prática, tais análises nos apresen-
tam uma multiplicidade de forças em interação, uma "variedade infinita de
152 R. Brenner, "Agrarian Class Stru cture and Economic Development in Pre-industrial
Europe", op. cit., pp. 57-60; id., "lhe Agrariari. Roots of European Capitalism", op. cít.,
pp. 72-76. Guy Bois reclama do pluralismo implícito de Brenner em "Against the Neo-
-Malthusian Ortodoxy." Past and Present, n. 79, 1978, p. 67.
153 R. Brenner, "Agrarian Class Structure and Economic Development in Pre-industrial
Europe ", op. cit., p. 71; id., "lhe Agrarian Roots ofEuropean Cap ítalisrn", op. cit., p. 81.
154 P. Corrigan e D. Sayer, The Great Arch:English State Formation as Cultural Revolution,
op. cit., p. 85.
155 E. D. Genovese, ln Red and Black, op. cít., 1972, pp. 322-23.
156 D. Parker, "French Absolutism, the English State and the Utility of the Base-Supers-
tructure Model", op. cit., pp. 287, 297-98; id., TheMaking ofFrenchAbsolutism. Londres,
1983, pp. 60-64, 74 , 147-49. Parker recomenda a aplicação, à Europa oriental, da análise
de P. Anderson da ascensão do absolutismo do Leste europeu em termos de rivalidade
internacional (D . Parker, TheMakingofFrench Absolutism, op. cit., pp. 297-98; P. Ander-
son, Lineages of theAbsolutistState, op. cit., pp. 195-202, 212-16).
157 J. Haldon, "lhe Ottoman State and the Questions of State Autonomy: Comparative
Perspectives", op. cit., pp. 88-89.Essa variedade de fatores locais pode ser vista no trata-
mento do papel do s "h omens ilustres" na história, onde a ênfase de historiadores mar-
xistas no papel indispensável de determinados indivíduos contrasta com a afirmação
(impossível de ser verificada) de Engels de que "se Napoleão não tivesse existido, outro
indivíduo teria ocupado seu lugar" (K.Marx e F. Engels, Selected Correspondence, op. cit.,
p. 442j L D eutscher, The ProphetArmed, Trotsky:1879-1921, p. VIlj op . cit., M. Rodinson,
Mohammed. Harmondsworth, 1973, pp. IX-X, 298).
158 M. Bailey, A Marginal Economy? Cambridge, 1989, pp. 1, 321-22j P. Glennie, "lhe T ran -
sition from Feudalism to Capitalism as a Problem for Historical Geography". Journal of
HistoricalGeography, n. 13, 1987, p. 300 j id., "ln Search of Agrarian Capitalism: Manorial
Land Markets and the Acquisition ofLand in the Lea Valley, c. 1450-1560". Continuity
and Change, n.15, 1988, pp. 33-36;R.J. Holton, 'Ihe TransitionfromFeudalism to Capita-
lism. Basingstoke, 1985, pp. 220-21.
159 G. Kitching, Karl Marx and the Philosophy of Praxis. Londres, 1988, p. 225;J. Breuilly
("lhe Making ofthe German Working Class ", Archivfür Sozialgeschichte, n. 27, 1987) le-
vanta uma questão semelhante a respeito das análises marxistas pluralistas da formação
da classe trabalhadora alemã de jürgen Kocka e Hartmut Zwahr .
160 E. M. Wood, Democraey against Capitalismo Renewing HistoricalMaterialism. Cambridge,
1995, p. 175; E. D. Genovese, The World the Slaveholders Made, op. cit., 1969, pp. IX, 19,
103j id., ln Red and Black, op. cit., pp. 323-24j H .J. Kaye, "T otalíty: Its Application to His-
torical and Social Analysis by Wallerstein and Genovese", op. cit., pp. 415-19 j S. Clarke,
"Socíalíst Humanism and the Critique of Econornism", op. cit., p. 144j G. Williams, "ln
RIGBY 509
marxista que en!~tiza o papel !~ndamental das relações de produção e da
luta de classes em vez das forças produtivas." Na verdade, esse pluralismo é
um problema insolúvel para toda versão do marxismo que rejeita o reducio-
nismo e que procura explicar a mudança histórica em termos da interação
de uma multiplicidade de forças históricas,"? Como argumentaram filósofos
na tradição de John Stuart Mill, é impossível afirmar a primazia explicativa
objetiva de qualquer um dos múltiplos fatores que resultam em um evento
particular. Causas têm existência objetiva no mundo real) mas qual delas
escolhemos enfatizar e qual assumimos como dada dependerá de nossos
propósitos subjetivos, do conhecimento que atribuímos ao público a que
nos dirigimos) ou em alguma nova peça do quebra-cabeça histórico que
identificamos e ao qual queremos chamar a atenção.r" Nessa perspectiva,
Defence of History", op. cit, p. 118j H.J. Kaye, TheBritish Marxist Historians, op. cit.,
pp. 232-41j E. P. Thompson, TheMaking of the English Working Class, op. cit., pp. 9-11j
id., ThePoverty ofTheory, op. cit., pp. 85, 298-99. Quando a classe se torna um fenômeno
econômico, social, político, psicológico e cultural (E. D. Genovese, ln Red and Black,
op. cit" 1972, pp. 323-24), há o perigo de esse conceito "se transformar em sinônimo da
própria estrutura social, eventualmente se mascarando de uma de suas partes principais"
(F. Parkin, Marxism and Class Theory, op. cit., p. 8).
161 G. McLennan, "The Historical Materialism Debate". Radical Philosophy, n. 50, 1980,
pp. 39-40j id., Marxism,Pluralism and Beyond. Cambridge, 1989, pp. 70-77.
162 L. Johnston, Marxism, Class Analysis and Socialist Pluralismo Londres, 1986, pp. 8, 50,
66-67, 69, 80-81, 122. Uma vez que "reducionísmo" é uma expressão depreciativa que
ninguém aplica a si próprio, isso Significa, na verdade, todas as formas de marxismo.
Afinal, mesmo Stálin, em seu Materialismo dialético e histórico, enfatizava a influência
"recíproca" da superestrutura social sobre a base econômica e argumentava que, longe
de negar o papel do Estado e da ideologia na história, o marxismo "enfatiza o papel
importante e a relevância desses fatores na vida da sociedade" a. Stálin, Dialectical and
Historical Materialism, op. cito, pp. 26-97).
163 J. S. Mill, A System of Logic. Londres, 1970, pp. 214-17; J. Hospers, An lntroduction to
Philosophical Analysis. Londres, 1973, pp. 292-96j A. Ryan, J. S. Mil/. Londres, 1974, pp.
74-79j J. Skorupski, John Stuart Mil/. Londres, 1989, pp. 175-57j A. Ryan, ThePhilosophy
ofJohn StuartMil/. Londres, 1987, pp. 41-50; H. L. A. Hart e T. Honoré, Causation in the
Law. Oxford, 1985, pp. XXXIII, 15-22, 28, 33-37; G. Ryle, The Conceptof Mind. Londres,
1963, pp. 50, 88-9, 113-14; W. G. Runciman, A Treatise on Social Theory, op. cit., p. 193;
S. Gorovitz, "Causaljudgernents and Causal Explanations". Journal ofPhilosophy, n. 62,
1965, pp. 701-02j P. Veyne, Writing History. Manchester, 1984, pp. 91-92, 101; F. Dretske,
"Contrastive Staternents". Philosophical Review, n. 81, 1972j P. Gardiner, TheNature of
Publi cado orig inalmente como "Marxist Histori ography", in Michael Bentley (org) ,
Compa nion to Historiography. Londr eslN ova York: Routled ge, 1997, pp. 889-915.
Tradução de Joaquim Toledo Jr.
RIGBY 511
Em 1972, o professor Hexter publicou um amplo e bem divulgado artigo in-
titulado "Fernand Braudel and the Monde Braudellien .. .'~ em que analisava
O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II (1949), do mes-
tre dos Annales, desde a concepção tripartite do tempo -longa, média e curta
duração - que o próprio Braudel havia definido: Incluído depois no livro On
Historians, o artigo - a que não faltava espírito critico - foi considerado por
Braudel, em carta a Hexter, como o estudo que melhor entendera a sua figura.'
Nas exposições habituais sobre o que "longa duração" significava para
Braudel, os autores costumam se concentrar nas estruturas geo-históricas,
GORTÁZAR 513
demográficas e econômicas. Contudo) o próprio Braudel, em uma de suas
mais importantes peças teóricas (o artigo sobre longa duração) publicado
em 1958 nos Annales], lembrava que também era possível perceber o tempo
longo no que denominava "o imenso campo do cultural": a prolongação da
civilização latina do Baixo Império até os séculos XIII e XIV) estudada por
Curtius: a "ferramenta mental" dos europeus) tal como a demonstra Fébvre
em seu Rabelais, a permanência de um espaço pictórico "geométrico" do
Renascimento até o início do nosso século [século xx], destacada por Fran-
castel, Estes são alguns exemplos desse longo tempo "cultural" que o próprio
Braudel assinala no artigo citado.'
Nestas páginas gostaria de sublinhar como) a meu ver) essa forma de his-
toriar denominada "histoire nouvelle" é um fenômeno cultural em que, além
de conjunturas e acontecimentos) de tempos médios e tempos curtos) pode-
-se observar a conformação e a longa vida de uma estrutura de tipo intelec-
tual. Prefiro usar este termo) "estrutura', ou a expressão "fenômeno de longa
duração") tão inusitados nos estudos de história da historiografia) porque a
conceitualização dominante hoje - baseada no conceito de paradigma - não
me parece aplicável às ciências humanas e sociais) ao menos no sentido que
Kuhn deu ao termo e às expressões a ele vinculadas (mudança de paradigma,
ciência normal etc.), Com Hollinger, Veit-Brause, entre outros/ acredito
II
GORTÁZAR 517
Não é de estranhar, portanto, que a expressão ainda se empregue, atual-
mente, num sentido bem amplo, para se referir a qualquer aproximação,
pretensa ou verdadeiramente "nova", da investigação histórica. É o caso,
por exemplo, do polêmico livro de Gertrude Himmelfarb, The New History
and the Old. Não é de estranhar que muitos autores tenham feito mala-
1O
nova, trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1990 ], dirigida pelo próprio
Le Goff,J. Revel e R. Chartier),]acques Le Goff afirma que existe urna "hisioirenouvelle"
e que um de seus pioneiros, Henri BeIT, já empregava o termo em 1930 (o grifo é meu).
Faz isso no torno 50, p. 19, da Revuede Synthêse Historique, para referir-se ao movimento
da N ew History, iniciado em 1912, nos Estados Unidos, e, em particular, para falar de
H. E. Bames, que, em 1919, publicara Psyehology and History (Nova York: The Century
Company) e apresentara novamente o movimento em sua obra TheNew Historyand the
Social Sciences (Nova York: The Century Cornpany), publicada em 1925.
10 Cf. G. Himmelfarb, TheNew Historyand the Old. Cambridge: Belknap Press (H arvard
University Press}, 1987.
11 UneLeçon d'hisioire deFernand Braudel: Ch âteauvallon, Journées Fernand Braudel, 18, 19
et 20 oetobre 1985. Paris: Arthaud/Flammarion, 1986, pp. 221-22 [ed, bras.: Uma lição de
história de Fernand Braudel, trad. Lucy Magalhães. Rio de]aneiro: Zahar, 1989] (corno
é sabido, essa observação de Braudel não se resume a um mero sarcasmo ocasional:
nest a mesma obra, p. 162, Braudel afirma que entre ele e seus "discípulos", seus suces-
sares}existe, certamente, uma grande, profunda ruptura; nesse sentido, como escreveu
F. Dosse, Braude! acabou sendo e vendo a si próprio como "um homem solitário": ef.
Dos se, L'Histoire en miettes: Des "Annales" à la "nouvelle histoire". Paris: La D écouverte,
1987 [ed. bras .: A história em migalhas: Dos Anna!es à Nova História, trad. Dulce Olive-
ria Amarante dos Santos, ed. rev. Bauru (sr-). Edusc, 2003]); G. Himmelfarb, "Some
Reflections on the New Hístory". AHR, n. 94, 19891 pp. 661-70; L. Stone, "lhe Revival
ofNarrative: Reflections on a New Old History". Past and Present [doravante pp], n. 85,
1979, pp. 3-24 [nesta antologia, pp. 8-36].
12 J. Le Gofl'.e P. Nora (orgs.), Paire del'histoire. Paris: Gallimard/NRF, 1974, 3 v. [ed, bras.:
História: Novosproblemas, trad. 'Iheo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995].
13 J. Le Goff, J. Revel e R. Chartier (orgs.}, La Nouvelle Histoire, op. cit.
14 J. Le Goff, "La Nouvelle Histoire", in ibid., pp. 210-39 [nesta antologia, V.1, pp. 128-76] .
GORTÁZAR 519
a fundação, em 1929, dos Annales d'Histoire Économique et Sociale, por Lu-
cien Febvre e Marc Bloch, que começa a tradição da nova história. De certa
forma, ela foi "refundada", em 1946 - depois da morte de Marc Bloch -,
com a incorporação de Fernand Braudel ao comitê diretivo dos Annales, o
qual, além de apresentar ao grupo sua " chefd'oeuvre", inspirou - juntamente
com Lucien Febvre (este até 1956) e as principais figuras que seriam mais
tarde chamadas de "terceira geração dos Annales" - a linha da revista, e os
trabalhos da Sexta Seção da EPHE (fundada em 1947 e redenominada EHE5S
em 1975) e da Maison des Sciences de l'Homme, principais meios institu-
cionais que teve à sua disposição.
Em breves parágrafos de seu ensaio, Le Goff parece estranhar algo que
os leitores também devem ter estranhado: "Parece que a nova história é,
essencialmente, uma história francesa': E continua: "e, em grande parte, é
isso o que ocorre". Ele aventa duas hipóteses para explicar o tão estranho
fenômeno: a primeira é que a história desempenhou, na França, desde o sé-
culo XIX, um papel dominante e pioneiro entre as ciências humanas ou so-
ciais; e a segunda, a França é a única das grandes nações modernas com uma
tradição historiográfica antiga, contínua e afastada da esterilizante influência
da filosofia e do direito. No entanto, Le Goff, querendo evitar o erro em que
já havia incorrido, assegura que isso não pode levar a uma concepção "ridi-
culamente nacionalista" da "histoire nouvelle". Não é possível esquecer a con-
tribuição à gênese dessa história de estrangeiros como Pirenne ou Huizinga,
sem falar de Marx, mas, sobretudo, é preciso lembrar que a "histoirenouvelle"
também se faz fora da França, de forma brilhante e pioneira. Em seguida, Le
Goff cita uma série de revistas e historiadores os quais nem sempre foram
"aprendizes" dos franceses.
Acabamos de ver como, para Le Goff, Marx desempenha um papel im-
portante na gênese da "nouvelle histoire". Mas que relações a historiografia
marxista mantém com a história nova? Le Goff observa semelhanças em
pontos essenciais - a periodização marxista não passa de uma teoria da
longa duração, há concordância quanto à importância das estruturas da his-
tória - e uma diferença fundamental no que se refere a historiadores marxis-
tas que postulam um tosco primado do econômico na explicação histórica e
que creem em um modelo de história linear, "evolucionista': Em conclusão,
a resposta à questão parece afirmativa: Le Goff afirma que Pierre Vilar pro-
vou, em suas obras, que é possível ser, ao mesmo tempo, discípulo de Marx
IS Cf. L. Stone, "H istory and the Social Sciences in the Twentieth Century", em C. Delzell
(org.), 'Ihe Future ofHistory: Essays in the VanderbiltUniversity Centennial Symposium.
Nashville: Vanderbilt University Press, 1977, p. 20, incluído em Stone, ThePastand the
Present Revisiied, Londres/Nova York: Routledge & Kegan Paul, 1987, pp. 3-44. Stone
cita os números extraordinários do Time Literary Supplement, 7-IV, 28-VIl e 8-IX, de
1966, sobre os New Ways in History como o ponto de ruptura da New History no seu
país (cf p.lS).
16 I. Olábarri, "La recepción en Espana de la 'revolución historiográfica' dei siglo xx", in V.
Vásquez de Pra da, I. Olábarri e A Floristán Imízcoz (orgs.), La historiografía enOcciden-
te desde 1945. Pamplona: Ediciones Universidad de Navarra, 1985, pp. 87-109.
GORTÁZAR 521
I II
IV
17 Sobre essas estratégias, estudadas num caso de espetacular triunfo como é o da Escola
dos A nnales, ver H. Coutau-Bégarie, Le Ph énom êne "NouvelleH istoire": strat égie et idéo-
logie des nouveaux historiens. Paris: Economica, 1983J e a bibliografia citada por ele.
GORTÁZAR 523
tema dominante de relações dentro da sociedade - um sistema hierár-
quico, conflitivo e em perpétua mudança."
A "social scientific history", anglo-saxã e, em particular, norte-americana,
tem um precedente claro no programa enunciado por James Harvey Ro-
binson, no citado livro The New History, que, aliás, não se restringiu a um
simples programa. Até a Segunda Guerra Mundial, os "progressive histo-
rians", estudados, entre outros, por Hofstadter (homens como Beard, Tur-
ner, Becker, Parríngton), ocuparam importante lugar na historiografia dos
Estados Unidos." Novamente, desde os anos 1950, o neopos ítívismo, o
funcionalismo e o behaviorismo influenciaram um número crescente de
acadêmicos que se consideravam - e se consideram - "social-scieniiiic his-
torians". A autodefinição consciente de boa parte dos historiadores norte-
-americanos como "cientistas sociais", e sua decorrente separação dos que
continuam considerando-se "hum anistas", não se atenuou desde aquela
época, muito pelo contrário. No final da década de 1960, George H. Nadel,
diretor da revista History and Theory, escrevia, ao anunciar um próximo
colóquio sobre "História e Ciência Social": "a abertura de novas linhas,
o desenvolvimento de novas técnicas de investigação histórica (muitas
delas oriundas das ciências sociais) chegaram tão longe que é legítimo
questionar se a noção de 'história' como uma disciplina ainda tem algum
sentido, tal a variedade dos significados a ela atribuídos". Na mesma época,
quando o governo dos Estados Unidos iniciou uma pesquisa sobre o Es-
tado, as necessidades e perspectivas de futuro das diferentes disciplinas
científicas, as diferenças entre os historiadores "hum ani stas" e aqueles
que se consideravam "cientistas sociais" eram tão agudas que não foi pos-
sível apresentar um único relatório; David Landes e Charles Tilly dirigi-
ram o relatório encomendado pelo Behavorial and Social Sciences Survey
Cornmittee, publicado em 1971, em cujas primeiras páginas indicavam o
20 G. H. Nagel, citado por C. Vann Woodward, "H istory and the Third Culture". [oumal
of ContemporaryHistory [doravante leR], n. 2, V.3, abr o196 8, p. 24 ; D. Lande s e C. Tilly
(o rgs.), History asSocial Sciencc. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1971, pp. $- 21.
GORTÃZA R 525
v
22 M. Cedronio, "Profilo delle 'An n ales' attraverso le pagine delle 'An n ales'", in M. Cedro-
nio , F. Diaz e C. Russo , Storíografiafrancesedi ieri edi oggí. Nápoles: Guida, 1977, pp . 18-
-30; A. Burguíêre: "His tory of mentality in the Annales". Comparatíve Siudiesin Society
and Hístory [doravante CSSH ], n. 24, 1982, pp . 4 24 -37, e "La Notion des 'm en talités' chez
M. Bloch et L. Febvre: Deux conceptíons, deuxfiliations", Revue deSynth êse, n. 104,1983,
pp . 333-4 8; M. Mastrogregori, II genío dello storico, op. cito
23 O próprio Febvre recordaria, em 1952, a Semana de Síntese (organizada por H . Berr)
dedicada, em 1933, a no çõe s de ciência e lei científica, como uma das mai s rica s de ssas
"sema nas" anuais que Berr organizava, com base no Centro Internacional de Síntese, e
ressaltaria que, naquela ocasião, o grande avanço da física modema fizer a verdadeiros
estragos em seus preconceitos (e nos de todos os assist entes) e lhe mostrara a harmonia
fundamental entre os diferentes sab eres humanos. Cf. L. Febvre, Combatspour l'histoíre,
2~ ed. Paris: Armand Colin, 19651pp. 341-42 .
24 L. Febvre, Combatspour I'histoire, op . cit., p. 7.
GORTÁZAR 527
Oexle e a italiana Cedronio descobrem uma "matriz kantiana" no pensa-
mento dos fundadores dos Annales."
Diretamente relacionada com esse postulado está outra série de afirma-
ções frequentes dos fundadores dos Annales, como: a história que é proble-
mática e não "automática" i a exigência de formalização da linguagem histo-
rio~áfica; a necessidade de pesquisas coletivas com base em questionário
minucioso, como peça fundamental do método histórico; e, por fim, a per-
manente relação dialética entre o presente e o passado."
O segundo postulado - como dizíamos - propõe a necessidade de uma
história total} expressa com esse termo pela primeira vez (que eu saiba) em
uma carta de Marc Bloch a Henri Pirenne em 1932.'7 Total, totalitária - como
GORTÁZA R 529
início do século separa a história dos especialistas em ciências sociais e, em
particular, dos sociólogos; trata-se - ainda que respeitando a "legítima espe-
cialização" - de derrubar os muros entre as diversas disciplinas e instaurar
uma comunidade das ciências humanas e sociais.
Outras ideias reiteradamente expostas por Febvre e Bloch, associadas
ao segundo postulado, são: o combate contra o primado da história poli-
tica, que impede de levar em conta e explicar a totalidade; a ampliação do
campo do documento histórico ao mesmo tempo que a do território do
historiador; mais, a caracterização da história como ciência social, como a
ciência das sociedades humanas no passado; a busca de generalizações, re-
gularidades e, inclusive, "leis', entendidas em termos probabilísticos (assim
como as entendia a filosofia da ciência naqueles anos), que tornariam
possível certo grau de previsão do futuro (um dos capítulos do projeto da
Apologia que Bloch não chegou a escrever); o interesse especial pelo com-
ponente coletivo das realidades humanas, visto que não existe ciência sem
o geral; na mesma linha, a preferência pela longa duração (já patente no
Bloch de Les Rois thaumaturges e de Les Caracteres originaux); finalmente, o
emprego sistemático do método comparado e das séries estatísticas (histó-
ria quantitativa, desde os anos 1960).
Esse programa tão resumidamente exposto seria fruto da genialidade dos
historiadores franceses que casualmente se encontraram, depois da Grande
Guerra, na Universidade de Estrasburgo? Revel e Chartier são taxativos: "o
programa fora traçado, muito antes do nascimento formal dos Annales, pelo
sociólogo François Simiand, em artigo publicado, em 1903, sob o título: 'Me-
thode historique et science sociale'" (que, significativamente, voltaria a ser
publicado nos Annales, em 1960): nele, trata-se de mostrar "a identidade do
objeto (os fatos sociais) e de método que deve permitir alinhar a prática dos
historiadores com a dos sociólogos, economistas ou geógrafos no interior de
uma ciência social unificada no modelo da sociologia': É - concluem Revel
e Chartier - o programa que se encontra nas origens dos Annales, em 1929,
porém proposto por historiadores que colocaram, no centro do dispositivo,
a história no lugar da sociologia, " Essa modificação final do programa - falo
"clássico" de Simiand foi republicado pelos AESC (n, IS, 1960, pp. 83-119) "para que os jo-
vens historiadores possam medir o caminho percorrido em meio século e compreender
melhor esse diálogo da história com as ciências sociais que continua sendo o objetivo
e a razão de ser de nossa revist a". Nele , Sirniand impugnava a teoria da Zasammenhang
tal como a propunham os historiadores Seignobos e H auser, porque limitavam seus
estudos a ape nas uma so ciedade, e o caso ún ico não é cientificamente explicável; por
outro lado, mostrava-se partid ário de um plano de inve stigação analítica e comparativa.
Sobre a controvérsia, ver M. Reb érioux, "Le Débat de 1903: historiens et soc íologues",
in O. C. Carbonell e G. Livet (orgs.),Au Berceau desAnnales. Toulouse: Presses del'rar,
1983, pp. 219-30 . Para um contexto mais amplo, em que aparecem outras chaves para o
entendimento da form ação do programa do s Annales, ver W. R. Keylor, Academy and
Community: TheFoundation of the French H istorical Profession. Cambridge (MA) : Har-
vard Uni versity Pre ss, 1975; L. Allegra e A. Torre, La nascita dellastoria socialein Francia,
op. cit.; M. Mastrogregori, II geniodello storico, op. cit., pp . 29-124j G. Gemelli, "T ra due
crisi: la formazione del metodo delle scienze storico-sociali nella Francia reppublicana".
Atti della Academia delle Scienze del1'Istituto di Bologna, n. 66, 1977-78, pp. 165-236.
32 C. Morazé, "lhe Appli cation of the Social Sciences to Hi sto ry". JCH, n. 2, v. 3, abr o1968,
p. 208. Para conhecer a obra e o pensamento de Simiand é de grande utilidade aextensa
antologia selecionada e apresentada por M. Cedronio: François Simiand. méthode histo-
riqueet science sociale. Paris: Éditions des Archives Co ntemporaines, 1987 [ed. bras.: Mé-
todo histórico e ciência social, trad.José Leonardo do Nascimento. Bauru: Edusc, 2003].
33 W . M. Simon, European Positivism in the Nineteenth Century: An Essay in Intellectual His-
tory. Ithaca: Comell University Press, 1963, pp . 144-46. A mais ampl a e detalhada, dentre
as biografi as recentes de Durkheim, é a de S. Lukes, ÉmileDurkheim. Su viday su obra:
estudio histórico-crítico [ed. original inglesa, 1974 J, trad. Alberto Cardín Gara y e Isabel
Martínez. Madri: Centro de Investigaciones Sociológicas, 1984 j ver também E. A. Tiyc-
kian, "Ém ile Durkheim", in T. Bottomore e R. Nisbet (orgs.). Historiadeipensamiento
sociológico [1978J, trad. L. Wolfson, L. Espinosa e A. Bignami. Buenos Aires: Arnorror-
tu , 1988, pp. 218-72 [ed. bras.: História da análise sociológica, trad. Waltensir Dutra. Rio
de Janeiro: Zahar, 1980]. Também: R. A. Nisbet, Émile Durkheim. Englewood Cliffs:
Prentice-Hallrc õg.
GORTÁZ A R 531
o fez como descendente direto de Comte" Isso não quer dizer - precisa
Simon - que a influência de Comte fosse a única ou necessariamente a
dominante em Durkheim: a de seu próprio mestre, Émile Boutroux, e a
da trad ição neocrítica da qual derivava - que, por sua vez, tem certas afini-
dades com o positivismo comtiano>' - naturalmente tiveram maior pesoj
mas Durkheim via Comte ao mesmo tempo mais ou menos como funda-
dor da disciplina que ele estava inaugurando oficialmente. Mais porque
Durkheim começou a seguir Comte em questões tais como o sujeito e
o método da disciplina (derivadas, é claro, da classificação comtiana das
ciências) e, inclusive, em assuntos mais concretos, como a visão do social
como algo distinto da natureza econômica da organização do trabalho ou
da natureza da própria sociedade, ponto em que defendia Comte contra
Spencer, menos porque atribuía a Saint-Simon as ideias fundamentais que
constituíram a "ciência da socíología'l" A necessária e sempre difícil rela-
36 Sobre o pensamento de Comte, além da bibliografia citada, ver J.M. Petit Sullá, Filosofia,
políticay religión enAugusto Comte. Barcelona: Acervo, 1978; J.J. Sanguíneti, Augusto
Comte, op. cit.; e o artigo revisionista de W. Schmaus, "A Reappraisal of Comte's Three-
-State Law". HT, n. 21, 1982, pp. 248-66.
GORTÁZAR 533
creveram na revista: Bóutroux, Lamprecht, Lacombe, Xénopol, Durkheim,
Rickert, Croce, Simiand e Mantoux), especialmente nos primeiros anos
do século xx. Para Berr, era necessário criar uma "nouvelle histoire" sem re-
tornar aos antigos "erro s" das antigas filosofias da história; era necessário
construir uma ponte entre o presente e o passado; buscar sempre a unidade
e a integração do conhecimento; era necessário, enfim, nada menos que
uma ciência da "realidade total" da unidade humanidade, convertendo as
demais ciências sociais em auxiliares da história. Como Siegel conclui, "no
característico sabor francês de seus pontos de vista, percebe-se o eco da
ilustração) de Augusto Comte e do positivismo) de Renan, de Taine, Fus-
tel de Coulanges e Émile Durkheim" Nesse sentido, pode-se dizer que Berr
serviu à Terceira República ao oferecer à França do século XX uma concep-
ção de ciência e de história dinâmicas e unificadas) intimamente ligadas à
tradição intelectual francesa." Seus esforços não foram em vão) tal como
escrevia Lucien Febvre em 1925) na própria Revue: "éram os um grupo de
jovens historiadores da École Normale que começávamos a considerar ba-
nais nossos estudos e quase pensávamos em abandoná-los quando, em 1900,
nosso interesse pela história voltou a florescer com o aparecimento da Revue
de Synthese Historique':38 Sua influência sobre o movimento dos Annales foi
decisiva, como afirma Siegel, citando Braudel; nos anos 1920 era como se ti-
vesse produzido uma espécie de "revolta" dos mais jovens do "gru po': Além
disso, Berr sentia que o "círculo familiar " do movimento de síntese estava
seriamente deteriorado por causa do aparecimento dos ARES; mesmo assim,
"ao menos no nível filosófico" - conclui Siegel -) "o programa dos Annales
37 M. Siegel, "He nri Berr 's Revue de Synthêse Historic ue", HT, n. 9, 1970 ) pp. 333-34 . Sobre
Berr, ver também Siegel, "H enri Berr et la Revue de Synthêse Hisioriou e", in C. O. Carbo-
nell e G. Livet (o rgs.), Au berceau..., op. cit., pp . 20 5- 18j sobre sua influência no espírito
interdisciplinar da "recup erada" Univ ersidade de Estr asburgo, cf. J . H . Craíg, "Ha lb-
wachs à Strasbourg", op. cit ., p. 276 ; o testemunho de Febvre, "Hommage a Henri Berr:
de la Revue de Synthêse auxAnnales", foi publicado em AESC, n. 7, 1952, e incluído em
Combats..., op. cit., pp. 339-42. Além de L'Avenir e suas contribuiçõe s à Revue, é funda-
mental, para entender o pensamento de Berr, seu livro La síntesis en historia: su relaci6n
conla historia general, trad.José Almoina. México: Uteha, 1961, publi cado pela primeira
vez em 1912 e com uma segunda edição francesa de 1952.
38 Citado por M. Siegel, "H enri Berr 's...", op. cit., p. 328.
534 A." NOVA. \-\\ST6 RIA.". UMA. ESTRUTU R A DE LONG A.O\JR A.CÃO
mantém-se fiel ao paradigma sintético e interdisciplinar que foi a força mo-
triz da carreira de Henri Berr">
Será que não pode ser encontrado nenhum historiador entre os mestres
dos fundadores dos Annales? Todos conhecemos a dura crítica de Febvre
e Bloch em relação aos historiadores "historicizantes" (expressão que to-
mariam de Berr), também em relação à "histoirie événemeniielle" e à histó-
ria "positiviste'l'" Sabemos que a historiografia "no poder" sempre é mais
duramente criticada - inclusive caricaturada - por aqueles que propõem
uma nova fórmula que deve triunfar sobre a anterior (aqueles que, às ve-
zes, recorrem aos "avós" como autoridades contra os "pais"). Sabemos que
Febvre e) principalmente, Bloch (ao fim e ao cabo, filho de um conhecido
historiador da Antiguidade) sentiram-se sempre muito agradecidos a alguns
39 Id ., ibid. , pp. 213-14; a sugestão de Braudel, feita em conversa pessoal com Siegel (22-
VI-1978). Talvez Berr fosse - como R. Aron também dizia a Síegel, loc. cit. - "um em-
presário da erudição mais que um historiador-filósofo de primeira linha ", mas é bem
conhecida a influência que, na história intelectual, esse tipo de figura pode chegar a
adquirir.
40 O professor Carbonell talvez tenha sido o primeiro a manifestar o equívoco criado pelo
uso da expressão "história positivista" para referir-se a um tipo de história - a represen-
tada, na França, pela geraçào dos fundado res da RevueHistorique- muito afastada dos
princípios do positivismo com tiano e daqueles historiadores dos mais diversos países
( Buckle, os irmão s Adams, Larnprecht ou o teórico Bourdeau) que seguiram sua dou-
trina. Nem Fustel de Coulanges (um dos mestres de Durkhe ím), nem Renan, sequer
Taine seriam positivistas no sentido comtiano do termo. Para evitar a confusão, Car-
bonell prefere - ao referir-se aos historiad ores tão difamados pelos annalistes - evitar
o emprego da expressão "história positivista" e substituí-Ia por "escola metódica" ou
"história posi tiva". Cf. C. O. CarboneJl, Histoire et historiens: une muiation idéologioue
eles hisioriens[cançats (1865' 1885) . Toulouse: Privat, 1976, pp. 299-315, 401 -02, 406-08j
"L'Histoire dite positiviste en Fran ce ", Romalltisme, n. 21-22, 1978, pp. 173-185; "Histoi-
re narrative et histoire structurelle dans I'historiographie positiviste du XIX e sí êcle", 5S,
n. 10, 1986, pp. 153"61. Encont ramos a mesma advertência em E. Breisach, Historiography:
Allciellt, Medieval, & Modem . Chicago : University of Chicago Press, 1983, p. 276. É inte -
ressante notar que Carbonell, depois de insistir sobre a pouca influência de Taine sobre
a historiografia francesa (s ua "história experimentar, form ula da em 1866, per manece
uma quimera sem continuidade), ressalta a an tecipaçã o, por Taine, do estruturalismo
ou, ao menos, da teoria febvriana da Zusammenhang, e que seu resumo da teoria posi-
tivista da historiografia de Bordeau ( 1888) convida claramente à busca de paralelismos
com as ideias dos homens dos Annales.
GORTÁZAR 535
de seus professores. Porém, só consideraram um deles como mestre" (como
também Braudel, ainda que apenas o conhecera pessoalmente): refiro-me,
como é notório, ao historiador belga Henri Pirenne, autor de Les Villes du
Moyen Age, de Histoire de I'Europe, de Mahomet et Charlemagne, de Histoire
de Belgique, um dos grandes nomes, sem dúvida, da ciência histórica mun-
dial durante o primeiro terço do século xx."
Pirenne - permitam-me insistir - também era um "historiador sem
ideias"? A esse respeito, existe uma consideração que paira acima de qual-
quer outra: apesar de Pirenne ter aprendido muito com os melhores histo-
riadores belgas, franceses e alemães nos seus anos de formação, quem mais
influenciou sua atitude diante da história e respectiva metodologia foi Karl
Lamprecht, o protagonista - no último decênio do século XIX - do "Metho-
41 Cf. L. Febvre, "Henri Pirenne à travers deux de ses oeuvres", ampla resenha crítica in-
cluída em seus Combate, repletos} como em Pourunehistoire à part eniiére, de referências
ao historiador belga. Para mais informações sobre Marc Bloch e Pirenne, cf Carole
Fink, MareBloeh: A LifeinHistory, Cambridge: Cambridge University Press, 1989; sobre
Braudel e Pirenne, cf UneLeçon..., op. cit., pp. 64-6S; e P. Braudel, "Les Origines inteIlec-
tueIles de Femand Braudel: un témoignage". AESC, n. 47,1922, p. 247. É fundamental a
já citada biografia de B. Lyon: HenriPirenne..., assim como a correspondência, também
citada, publicada por B. eM. Lyon, entre H. Pirenne, L. Febvre e M. Bloch. É interessan-
te a contribuição de R. Demoulin, "Henri Pirenne et les Annales", in O. C. CarboneIl e
G. Livest (orgs.),Au bereeau..., op. cit., pp. 271-77. Em 1938, Febvre escreveu que Pirenne
era "um mestre da história viva"; em 1932, Bloch,para quem Pirenne era não só seu mes-
tre, mas modelo de sua própria obra, denominou'Pirenne, nos ARES, de "um historiador
integral". A revista Annales teria sido dirigida por Pirenne se ele não tivesse recusado a
proposta de Febvre e Bloch por causa de suas múltiplas ocupações.
42 A bibliografia sobre Pirenne é abundante, mas a obra mais importante é, sem dúvida, a
citada biografia de B. Lyon: Henri Pirenne... Vale a pena consultar a rigorosa síntese de
um de seus mais valiosos e conhecidos discípulos) F. L. Ganshof, "Pírenne (Henri)".
Biographie nationale publiée par l'Académie Royale de Sciences, deLettres et des BeauxArts,
n. 30) 19S9, pp. 671-723. Ver também a breve biografia da medievalista inglesa - e grande
amiga de Marc Bloch - Eileen Power, Modem Historians and the Study ofHistory:Essays
and Papers. Londres: Odhams Press, 19S5} pp. 96-108. Vai muito além do que o título
sugere, servindo de contraste em relação à obra de Lyon e da maior parte dos estudos
dedicados a Pirenne, o artigo de J. Dhondt: "Henri Pirenne, historien des institutions
urbaínes", Annali della Fondazione Italianaper la StoriaAmministrativa,n. 3, 1968} pp. 81-
-129. O autor, também belga, é muito crítico à obra de Pirenne.
GORTÃZAR 537
Para Lamprecht, as forças históricas coletivas determinavam, em grande
parte) os destinos individuais) embora ele não ignorasse o papel do indi ví-
duo na história. Nesse sentido) mesmo afirmando que a ciência era única,
considerava que o historiador não poderia estabelecer "leis sociais" simila-
res em rigidez às leis das ciências naturais. Apesar de tudo, a "lei" não era
a única forma do "típico", e mesmo que o historiador fosse obrigado a ob-
servar regularidades na história, o papel da liberdade individual o impedia
de cair numa visão monista e determinista. Na busca de tais regularidades,
eram fundamentais os estudos comparativos entre as distintas nações que
constituíam os objetos primários de estudo do historiador.
Muito influenciado por essas ideias) mas sendo um homem de persona-
lidade muito definida e cuja técnica era mais depurada que a de Lamprecht
(cujos erros factuais e lucubrações sem fundamento explicam, em parte) por
que seus pontos de vista só tinham seguidores em seu país), Pirenne não acei-
tou Lamprecht por completo. Em carta de 1931) escrita a Heinrich Sproen-
berg - o único historiador alemão com quem teve contato depois da Grande
Guerra -) Pirenne reconhecia a influência fundamental de Lamprecht sobre
ele) mas afirmava que nunca se interessara por essa espécie de filosofia da
cultura baseada na distinção de diversas fases ou graus de desenvolvimento
psicossocial pela qual Lamprecht ficou tão conhecido e foi tão atacado. r'
Contudo) da reelaboração e do amadurecimento das ideias de Lamprecht
surgiram conceitos e diretrizes para a prática historiográfica que não podiam
deixar de despertar o interesse de Febvre e Bloch: assim) no prólogo do pri-
meiro tomo de Histoire de Belgique) afirmava que seu método consistia em
repudiar a história entendida como uma cadeia de biografias) como simples
cronologia) um relato de guerra e política) e, ao contrário, procurava mos-
trar a história como a totalidade de esforços e desenvolvimentos coletivos
de um povo) como trama inter-relacionada de fenômenos coletivos. Sempre
considerou a síntese como a verdadeira finalidade de toda investigação. Par-
ticularmente depois de seu cativeiro na Alemanha entre 1916 e 1918) Pirenne
insistiu na necessidade de empregar o método comparativo para evitar os
nacionalismos e escrever sempre a história de um ponto de vista universal:
manteve seu interesse em entrelaçar as demais ciências sociais e explicar os
GOr:;:-ÂZAR 539
VI
Mas a pergunta fundamental - para a nossa exposição - ainda está sem res-
posta: existe um marco de postulados comuns às diversas "novas histórias" a
que me referi (Annales, marxismo, história-ciência social norte-americana,
Escola de Bielefeld)? O professor Rüsen responde afirmativamente, assegu-
rando que o novo elemento de racionalidade comum a esses movimentos é
o uso de construções teóricas para a interpretação histórica. Aliás, não fal-
taram, nos últimos anos, historiadores que abordaram, de diversas formas,
esse mesmo ponto.
Assim, Bernard Bailyn distinguiu" três tendências generalizadas na his-
toriografia atual, que teriam por objetivo, respectivamente, a fusão de acon-
tecimentos manifestos e latentes, quando se trata de entender o passado; a
descrição de esferas de amplo alcance, de sistemas organizados em núcleos
e periferias; e, por último, as descrições dos estados internos da mente e de
suas relações com as circunstâncias e fatos internos. Para o interesse contem-
porâneo por esses três tipos de preocupações teriam contribuído a Escola
dos Annales, a historiografia marxista, a construção de Toynbee e de muitos
historiadores europeus e americanos. Algumas ideias deles já aparecem em
Burckhardt, Lamprecht ou na "New History" norte-americana.
(Villari) que, pretendendo fazer da história uma ciência, influenciados pelo pensamento
de Comte, recusam, ao mesmo tempo, sua filosofia da história e criticam aqueles que,
como Bruckle, mais que fazer história pretendem seguir Comte em sua filosofia da his-
tória. Entre filosofia positivista e historiografia positivista produz-se, assim, uma relação
muito similar à que existe entre a filosofia hegeliana e a história rankiana. Tessitore con-
sidera incorretas as posições daqueles que acreditam haver infidelidade da historiogra-
fia positivista em relação aos princípios teóricos e metodológicos do positivismo ou as
daqueles que negam que, a rigor, exista uma historiografia positivista. Tessitore afirma-
com razão - "que seria preciso concluir, então, que não existe também uma historiografia
idealista que corresponda, com precisão, aos princípios do idealismo filosófico [...]. Cla-
ramente, o historiador é quem sabe construir e interpretar o ocorrido sem 'empacotá-lo'
num esquema prévio. Contudo, isso não significa que não existam distinções ou diferen-
ças, até radicais, entre uma e outra historiografia. Por exemplo", conclui, "qualquer que
seja a 'imaginação simpatética' demonstrada por Taine em suas obras, nem por isso estas
deixam de ser grandes exemplos de historiografia e de historiografia positivista" (p. 86).
47 Em "lhe Challenge ofModem Historiography". AHR, n. 87, 1982, pp. 1-24.
48 L. Stone, "History and the Social Sciences ... ", in Charles Delzell (org.), TheFutureof
History, op. cít.,pp. 3-42.
49 Stone cita concretamente: ComparativeStudies in Society and History;Journal of Inierdis-
ciplinary History;Journal ofSocial History; Computers and Humaniiies, Historical Methods
N ewsletter; The History of Childhood Q!Jarterly; 'IheJournal ofPsycho-History e 'IheFamily
in Historical Perspective Newsletter. Desde 1975, o número de "novas" revistas continuou
crescendo, dentro e fora dos Estados Un idos . Para saber mais sobre esse assunto, além
de muitos outros, é de grande utilidade a obra de M. F. Stieg, The Origin andDevelopment
of Scholarly Historical Periodicals. Tuscaloosa : University of Alabama Press, 1986.
GORTÁZA R 541
Só quatro anos depois, Stone constatava - em artigo que teve ampla di-
vulgação (e alguma oposição) - que os "new historians" já não faziam o que
vinham fazendo no último meio século. Falaremos disso mais adiante. Agora,
interessa-nos a nova e sintética apresentação que Stone faz da "New History"
em seu artigo." Para ele, a primeira "história científica" foi a formulada por
Ranke no século XIX e buscava, por meio de estudo crítico de documen-
tos dos arquivos públicos, estabelecer, definitivamente, os fatos da história
política. Nos últimos trinta anos - continua Stone -, apareceram três tipos
de história científica muito diferentes do anterior, baseados não em novos
dados, mas em novos métodos ou novos modelos: o modelo marxista, o
ecológico-demográfico dos Annales e o "cliométrico" norte-americano. Os
três - conclui Stone - coincidem em parte, mas são suficientemente distin-
tos, sobretudo para quem os põe em prática, para justificar a criação dessa
tipologia tripartite.
Como é sabido, nem Bailyn nem Stone são historiadores da historiogra-
fia. Ambos, como tantos historiadores em momentos de crise - aparente ou
real-, "reinterpretaram', em seus já citados ensaios, a evolução historiográ-
fica contemporânea, ao mesmo tempo que buscam e oferecem novos cami-
nhos. Contrariamente, foi um conhecido especialista na história da nossa
disciplina, Ernst Breisach, quem, em 1987, propôs uma comparação explo-
ratória entre "duas Novas Histórias": a "N ew History" norte-americana do
primeiro terço do século xx e a "nouvelle histoire", nascida da tradição dos
Annales.51 Menos ambicioso e mais bem fundamentado nos dados disponí-
veis, o ensaio de Breisach, além de muito útil, marca um modelo de trabalho
ainda pouco desenvolvido.
De minha parte, com base no elenco de "novas histórias" coletado no
início e na advertência quanto ao caráter provisório da tentativa que exige
muitos estudos monográficos e comparados ao mesmo tempo, na linha de
Breisach, creio que os seguintes são alguns dos elementos básicos comuns
a essas "novas hi st órias", pelos quais podemos considerá-las um fenômeno
intelectual de longa duração.
SO L. Stone, "Th e Re vival of Narra tive ", op . cit., pp. 74-96 [nes ta an tologia, pp . 8-36].
51 E. Breisach, "Two N ew H istories", em B. P. Dauenhauer (o rg.) , At the Nex lIs af Philoso-
plIy and Hist01Y, op . cit., pp . 133-S6.
542 A "N OVi' f-!ISTÓRIA". U tv'P, ESTR UTUR,ó DE LO,' 1G,ó DU RACAO
o primeiro deles sem dúvida é que todas as "novas histórias" consideram
nossa disciplina como uma ciência no sentido forte da palavra, isto é, uma
ciência similar às chamadas ciências sociais, que, por sua vez, nos poucos sé-
culos - em alguns casos, decênios - que têm de vida, sempre se espelharam
nas ciências naturais.
Todas elas também coincidem na necessidade de uma prática interdisci-
plinar real, de uma relação permanente com as demais ciências sociais, com
as quais partilham um mesmo objeto - as sociedades humanas -, ainda que
de perspectivas diferentes.
O afã totalizador de seu objeto é especialmente intenso entre os anna-
listes e os historiadores marxistas, mas, também para a Escola de Bíelefeld,
sua "história da sociedade" equivale à totalidade da história. As mesmas as-
pirações estão presentes no neopositivismo, no funcionalismo e no beha-
viorismo, que tanto influenciaram a "social-saentijic history", "made in uSA',
apesar de ali não existir um centro de coordenação de esforços em busca da
unidade das ciências sociais e da explicação da totalidade social."
Todas as "novas histórias" interessam-se, prioritariamente, pelos fenô-
menos coletivos, na tentativa de explicar as manifestações históricas da di-
mensão social do homem, mesmo que não anulem totalmente o papel cria-
dor do indivíduo. Nesse sentido, e referindo-se concretamente aos Annales,
1hrevor-Roper qualificava a filosofia profunda do movimento como um tipo
de determinismo social limitado pelo reconhecimento de uma vitalidade
humana independente,"
GORTÃZ AR 543
A concepção annaliste da Zusammenhang corresponde à preocupação
marxista com a relação entre a infraestrutura e a superestrutura e com
a união de todos os fatores na única "história da sociedade" de WeWer e
Kocka, os fundadores da Escola de Bielefeld, e explica a atração de todas
as "novas histórias" pelo estruturalismo dos anos 1960 e 1970. Aqui tam-
bém a história ciência-social norte-americana fica em segundo plano - se
não na teoria, de fat0 54 - , tanto pelo altíssimo grau de especialização (e con-
sequente fragmentação) por ela alcançado como pela falta de uma "escola-
com suficiente potência para agregar um número significativo dos milhares
de historiadores do país.
Com base na concepção de história como ciência, no sentido forte da
palavra, nos quatro casos pretende-se estabelecer não leis, mas generaliza-
ções, regularidades, enunciados gerais de conteúdo específico para que a
analogia (via método comparado) e até certa capacidade de fazer previsões
sejam poss íveis,"
Em todas as "novas histórias" é fundamental a dialética presente-pas-
sado, com projeção por meio da previsão, se não da predição, em relação ao
futuro. Cada presente escreve seu passado, levando em conta as perspecti-
vas de seu futuro.
Todas elas admitem o relativismo moral e cultural, mas não o cognitivo.
A afirmação do relativismo está ligada à visão historicista do homem, que se
pode resumir na consideração do homem, da humanidade, como um perpé-
tuo fluxo. O historicismo é inerente ao marxismo, ao positivismo, e desem-
penha papel importante entre os estudiosos dos Annales, que, por isso, es-
tão convencidos de que a história deve ser a rainha das ciências do homem/"
54 Nesse ponto, Lee Benson, em Towardthe Scientific Study ofHistory, op. cit., é muito cla-
ro: "a história é uma ciência social, centrada na conduta humana do passado para, assim,
contribuir para um estudo onicompreensivo da conduta humana, passada e presente"
(o grifo é meu). É preciso notar que Benson era) nos anos 1960 e 1970, um historiador
prestigiado e influente, com quem muitos outros social-scientific historians norte-ame-
ricanos concordavam.
55 Cf. D. Landes e C. Tilly, History asSocial Science, op. cit., pp. 5-21.
56 Já me referi ao componente historicista dos Annales no artigo "En torno al objeto y
carácter de la ciencia histórica", Anuario Filosófico, Pamplona, n. 17, 1984, pp . 157-72.
A reiteração de testemunhos não deixa lugar a dúvidas. No artigo "Lucien Febvre et
l'histoire vivante" (RH, 1957, pp. 2-17), Moraz é observa que Febvre estava, fundamental-
mente, atraído pelas mudanças}pela ide ia de que o homem (apenas o homem) é ação,
de que o homem define o tempo (cf p. 8), de que "viver é mudar ", o que - comenta
Morazé - implicava uma revolução intelectual, uma no va classificação das ciên cias na
qual a história deveria estar no topo. O objetivo foi alcançado depois de 1945: por isso -
conclui Morazé - o Febvre dos anos 1950, instalado no centro do forte, er a um Febvre
vencedor (cf. p. 17). No entanto, seu historicismo não é absoluto, já que tanto Febvre
como Blo ch e Braudel acreditavam em fatores de universalidade próprios da natureza
humana. Acreditavam em uma natureza humana imutável, vista no marco ma is amplo
do mundo físico. Cf. M. Cedronío, "P rofilo delle 'Ann ales' attraverso le pagine delle
'Annales'", in M. C edronio, F. Diaz e C. Ru sso, Storiografia francesedi ieri e di oggi, op. cit.,
pp. 3-7, 15-17, 19, 40, 69, e F. Dosse, L'Histoire en mieties, op. cit ., p. 16. Como o próprio
Dosse demonstrou (op. cit., pp . 180 ss.) , a influência de Foucault tomou mais extrema
a perspectiva historicista das principais figuras da terceira geração dos Annales, embora
existam exceções, como é o caso de Delumeau (pp. 2.05-06).
57 Para um desenvolvimento fundamentado e com apoio bibliográfico dessas afirmações,
ver o meu "En tomo ai objeto...", op. cit.
GORTÁZAR 545
nascidos com a Ilustração. Essa é uma característica evidente na historiogra-
fia marxista, na "Escola de Bielefeld" (muito influenciada pelos pensadores
da Escola de Frankfurt, em particular Jürgen Habermas), na "social-scientific
history" (interessada, como vimos, na previsão dos fatos sociais ou, como
no caso de Benson, em "ajudar o desenvolvimento de leis gerais da conduta
humana que permitam aos seres humanos identificar as vias de a ção alter-
nativas que possam seguir, em tipos específicos de situações, assim como
fazer escolhas racionais, entre diversas opções, para conseguir os melhores
resultados possíveis") e também na Escola dos Annales: como demonstrou
Breisach, embora houvesse grande distância entre a cândida e absoluta
crença no progresso do gênero humano da "NewHistory" estadunidense do
começo do século e as posições dos annalistes, tanto em Febvre como em
Braudel, encontram-se intermitentes afirmações ancoradas na ideia do pro-
gresso, por mais matizadas que sejam, e por mais firme que, na teoria, seja a
recusa da história teleológica pela Escola dos Annaies."
VII
Atualmente, todas as "novas histórias" que, como vimos, são histórias "mo-
dernas" parecem em crise, como se a própria modernidade agonizasse. Nos
três últimos lustros, como em tantos outros âmbitos e disciplinas, surgiu
uma historiografia pós -moderna. Entretanto, como há pouco tempo desta-
cou o professor Ballesteros," é preciso analisar o que se entende por pós-
-modernidade - e, em nosso caso, o que Se entende por história pós-mo-
derna. Mesmo que a bibliografia sobre o pós-moderno seja abundante e que
a polêmica sobre o caráter e a validade da historiografia pós-moderna tenha
chegado aos últimos números de revistas como History and Theory e Past
and Presentf" também é certo que ainda não podemos facilmente diagnos-
GORTÁZAR 547
Também os diagnósticos em tomo do impacto da pós-modernidade so-
bre a historiografia são muito diversos, e, sem dúvida, as posições diante da
nova situação são contraditórias: a tal ponto que, se dizem que nossa dis-
ciplina está em uma crise como não se conhecia nos últimos cem anos, eu
me atreveria a olhar para trás e afirmar que a história, hoje, sofre uma crise
que nunca existiu desde sua própria constituição como disciplina científica,
pelos fundadores da escola histórica alemã, ou, pelo menos, desde o apare-
cimento dos postulados teóricos dessas "novas histórias" de longa duração,
às quais acabo de me referir.
Apesar da complexidade do problema, atrever-me-ia a reduzir a dois os
pilares básicos da historiografia que habitualmente chamamos "pós-mo-
dema": primeiro, as implicações que resultaram do chamado "giro linguís-
tico" e, em particular, do "giro desconstrucionista" dos últimos quinze anos;
segundo, a crescente fragmentação do objeto de estudo, unida, em muitos
casos, à consciência do fim do projeto universalista da ilustração, fim ao qual
Lyotard se referiu como "metanarrativas"." Sobre o primeiro, nos falará o
professor Hexter. Por isso, limitar-me-ei a dizer algumas palavras sobre o
contexto histórico-filosófico que, nos anos 1970, levou ao chamado "giro
linguístico" ou "giro desconstrucionista" na cultura euro-americana e sobre
como isso afetou os historiadores dos Annales.
Como vimos - embora centrando-nos, por oportunidade, na durante de-
cênios tão influente e sempre escorregadia "Escola dos Annales" - , as "novas
histórias" que constituíram, tomadas em conjunto, a vanguarda historiográ-
fica do século xx têm suas raízes em filosofias da ciência e da história nitida-
mente "modernas": a crítica kantiana do conhecimento, o positivismo e suas
sequelas no século xx, o marxismo, o estruturalismo. Desde o século XIX,
porém, uma série de pensadores levaram o princípio que fundamenta a fi-
Nessa mesma linha de considera çõe s, ver a excelente análise de A Llano, La nueva
sensibilidad. Madri: Espasa Calpe, 1988. Entendida nesse sentido , nã o existe uma
caracterização da historiografia pós-moderna, emb ora abundem muitos exemplos
de obras que poderiam ser incluídas nela.
62 J .-F. Lyotard, La condición postmoderna: informe sobre el saber [1979J, trad. Mariano
Antolín Rato . Madri : Cátedra, 1984 [ed, bras .: A condiçãopós-moderna, trad. Ricardo
Co rrêa Barbosa, .s~ ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998].
63 R. Yepes, Qué es eso de lafilosofía : De P/atón a hoy. Barcelona: Drac, 1989, pp. 48-49'
O autor, em su a interpretação de Descartes e de toda a filosofia moderna, parte do
estudo do "vo lun tarism o cartesiano" de L. Polo em Evidencia y realidad en Descartes.
Madri: Ríalp, 1963. Ver também R. Yepes, "Leon ardo Polo y la historia de la filosofia" .
Anuario Filosófico, n. 25, 1992, pp. 101-24.
64 Além da análise de Ballesteros, já citado, é significativo que o próprio Lyotard fale do
"pós-moderno escondido no moderno", que 1. Hassan (The Postmodern Tum : Essays in
Modem Theory and Culture. Columbus: Ohio State University Press, 1987) insista no fato
de que o moderno e o pós-moderno não estão separados por uma cortina de aço nem por
uma muralha chinesa. Como observa Lützeler, "certam ente cada elemento pós-moderno
GORTÁZAR 549
Por outro lado} não se pode deixar de observar uma relação entre o "giro
linguístico" pós-moderno e a epistemologia dos fundadores daquela "nou-
velle histoire" que quisemos estudar com mais apuro - e que} no entanto}não
diferia} essencialmente} da de Comte, como vimos. Febvre e Bloch falavam,
nos anos 1920 e 1930} da "constru ção do objeto pelo historiador", como ocor-
ria - asseguravam - com os demais cientistas. Isso não os impedia de afirmar}
sem embaraço} que o propósito último do historiador era alcançar a verdade
("dilexitveritatem" foi a escolha de Bloch para seu epitáfio).
Depois de muitas vicissitudes e} sem dúvida} não sem relação com o auge
do pensamento pós-moderno} nos últimos anos as figuras mais represen-
tativas dos Annales só têm levado às últimas consequências o pensamento
dos "pais fundadores ". Em artigo de 1990} André Burguiere afirma que a re-
volução silenciosa dos Annales consistira na substituição da arte da narração
pela ciência da interpretação. Já que não podemos acumular mais testemu-
nhos} recorramos ao editorial- intitulado "Tentons l'expérience" - que abre
o número seis, de 1989, da revista, dedicado monograficamente à busca de
soluções para o que os annalistes chamam" un tournant critique" da história
e das ciências sociais. "Com o todo discurso científico", afirma o editorial, "a
história só produz comentários, modelos de inteligibilidade [ ... J. A história
inventa seus problemas, constrói seus objetos. É o próprio desenvolvimento
da investigação, são os procedimentos da experimentação que constroem e
tornam inteligível o objeto da história. Por isso é necessário, no que se refere
aos métodos, dedicar atenção particular ao papel que o observador e seus
instrumentos desempenham na elaboração da análisef'"
Corno se vê, muitos passos foram dados no'caminho iniciado por Bloch
e sobretudo por Febvre: mas não se nega, abertamente, a existência de uma
realidade que transcende o sujeito cognoscente. Para Lawrence Stone, ainda
VIII
Assim como nesse ponto - relativamente ao hoje tão citado "giro linguístico"
ou "desconstru cionísta" da cultura e, portanto, também da historiografia -, a
corrente seguiu na linha em que sempre esteve o periódico [Annales] , e a se-
gunda das características da chamada "historiografia pós-moderna" parece
chocar-se frontalmente com a aspiração "modern a" ao entendimento da to-
talidade. Hoje, temos diante dos olhos uma história fragmentada, uma "his-
tória em migalhas" como a qualificou Desse." ''A história", de que nos fala o
professor Rüsen como um ideal da Ilustração (se bem que, na perspectiva
do que antes era denominado "história sagrada" e ho je "história da salvação',
remonta ao aparecimento do judaísmo), a história - ressalta - explodiu nas
nossas mãos.
Esse foi um fenômeno devido, de certa forma, simplesmente ao cresci-
mento e consequente divisão de trabalho em nossa disciplina, o que deter-
mina, em muitos casos, que tenha desaparecido qualquer laço de união en-
tre historiadores que tratam de temas distintos para épocas e países também
distintos. Parece-me suficiente um único exemplo significativo: segundo
Philip Curtin (em sua contribuição ao volume lhe Past Before Us, coorde-
GORTÁZ AR 551
nado por Michael Kammen), em meados dos anos 1950, nos Estados Unidos,
existiam menos do que meia dúzia de especialistas em história da África;
em 1980, eram, aproximadamente, seiscentos," Como Novick afirma, a pro-
dução historiográfica supera o historiador a tal ponto que, de fato, toma-se
impossível- um empenho quixotesco - a síntese," tantas vezes proclamada
nos últimos anos - com razão - como o principal desafio da historiografia
atual" e sem a qual a já escassa relação entre o historiador profissional e o
público culto - com que lheodore Hamerow" tanto se preocupa - pode
acabar desaparecendo totalmente.
Um segundo fator desse "esmigalhamento" da história foi, sem dúvida,
o efeito da crise que afetou todas as grandes concepções pretensamente
científicas do mundo e do homem desenvolvidas nos últimos duzentos
anos. A ele une-se a ausência de uma filosofia amplamente aceita que jus-
tifique o caráter histórico da natureza humana, da universalidade e do des-
tino comum do gênero humano. Essa crise, por sua vez, está ligada à crise
de valores e ideias da modernidade, que não foram substituídos por outros
valores e ideias, mas que - embora haja exceções - deram lugar a um ceti-
cismo generalizado.
72 L. Stone, "1he Revival ofNarrative", op. cito As primei ras críticas apareceram nos núme-
ros seguintes da revista: E.]. Hobsbawm, "The RevivalofNarrative: Some Comments",
n. 86, fev. 1980, pp, 3-8; P. Abrams, "History, Sociology, Historical Sociology". PP, n.
PP,
87, maio 1980, pp. 3-16. Pouco depois, Abrams publicou seu Historical Sociology. Shepton
Mallet: Open Books, 1982.
73 Já sintetizamos a apresentação da New History feita por Stone em 1976. Seu artigo de
1979 parece uma contestação dialética à sua análise anterior, ao dizer: "Está claro que
uma única palavra como 'narrativa', especialmente quando, como neste caso, tem his-
tó ria tão complicada por trás, é inadequada para des crever o que na realidade é um
amplo conj unto de mudanças na nature za do discu rso histórico. Existem sinais de mu -
dan ça em relação ao problema central da hist ória, das circunstâncias que rodeiam o
homem, e ao homem e suas circunstâncias; nos problemas estudados, dos econ ómicos
e demográficos aos culturais e emo cion ais; nas principais fontes de influência, da so-
ciologia, a economia e a demografia à ant ropologia e psicologia; no sujeito objeto de
estudo, do grupo ao indivíduo; nos modelos explicativos de mudança histórica, dos
monocausaís e estratificados aos interconectados e multica usaís, na metodologia, da
quantificação de grupos ao exemplo do individual; na organização, do analítico ao des-
GORTÃZA R 553
porque a narração e a conceitualização, em história, não se excluem, necessi-
tam-se mutuamente: o mesmo ocorre com a descrição e a an álise: o modelo
de explicação da mudança histórica interconectado e multicausal já era pra-
ticado por muitos dos historiadores dos Annales e "new historians", em geral,
antes de 1979 etc.
O mesmo Stone publicou, em maio de 1991, uma breve nota sobre "His-
toriografia e pós-modernidade", em que considerava que a linguística, de
Saussure a Derrida, a antropologia simbólica de Geertz e a escola norte-
-americana de historiadores da literatura, encabeçada por Greenblatt - os
chamados "new historicists" -, colocavam em questão as próprias bases
da ciência histórica e teriam provocado, sobretudo na França e na Amé-
rica do Norte, uma grande crise de autoconfiança. Um ano depois, em
breve artigo que parece encerrar a polêmica gerada pela sua primeira nota,
Stone reconhece, implicitamente, que a tal nota poderia ter motivado in-
terpretações errôneas. Falava dos méritos do "giro linguístico" e da antro-
pologia de seu amigo Geertz. Concluía afirmando que - salvo nos raros
casos dos que mantêm a tese de que o gênero histórico se restringe a uma
criação completamente subjetiva do historiador - existia uma plataforma
comum à maioria dos historiadores de sua geração ("new historians") e
aos "p ós-m odernos'." .
Existem, portanto, razões para pensar que entre o que denominamos
"historiografia moderna" e a "histori ografia pós-moderna" (como Stone,
utilizo esses termos como code-words), entre a "macro-história" e a "micro-
-história", a oposição não é total e, em certos aspectos, existe continuidade
entre uma e outra. Bastará para demonstrá-lo ter em conta algumas realida-
des concretas da história que se escreve atualmente.
GORTÁZAR 555
a Femand Braudel, publicado em 197377 - , toma cada vez mais altas as fron-
teiras entre as especialidades dos diversos setores históricos e distancia, cada
vez mais, a perspectiva de uma história total científica. François Furet foi dos
primeiros a perceber isso. A história quantitativa - escrevia em 1971 - precisa
de séries de fatos homogêneos para poder trabalhar com rigor, e, mesmo
sendo verdade que é possível interpretar um subsistema ou um sistema
pela conjugação e comparação de diversas séries) faltam-nos, hoje, elemen-
tos para uma análise do que se poderia chamar o "sistema dos sistemas": a
realidade global." Raymond Aron chegava à mesma conclusão: na falta de
uma teoria sobre a coordenação entre os diversos setores (política, cultura,
economia etc.) que distinguimos na realidade social, é impossível dar uma
explicação científica da totalidade,"
Encerrava-se assim - partindo dos próprios Annales - a possibilidade da
história global? Para Braudel, até 1985 a lição dos Annales (com maiúscula)
consistia em incorporar todas as ciências humanas e sociais) sendo conver-
tidas em ciências auxiliares da história, como única estratégia possível para
alcançar o objetivo da "história global'~ tal como era entendida pelos fim-
dadores dos Annales.80 Para Braudel, a história global não se confundia com
a história universal, mas no horizonte de suas esperanças incluía a possibi-
lidade (mais ainda, a necessidade) de escrever uma história global univer-
sal. O caminho para consegui-lo teria de ser, concretamente, a elaboração
de uma história comparada das civilizações. Febvre e Bloch pensavam da
mesma forma, e, de fato, dirigiram ou projetaram obras importantes de his-
tória universal.
No entanto, a "história global" e a "história universal" não são termos
homônimos nem na linguagem de Febvre, Bloch ou Braudel. Basta lembrar
a definição que já demos de "história global'~ mas devemos comprovar isso
na prática historiográfica dos fundadores dos Annales.
77 P. Léon, "H istoire économique et histoire social en France: probl érnes et perspectives",
in Mélanges en l'honneur deFernand Braudel. Toulouse: Privar, v. II, 1973, pp. 3°3-15.
78 F. Furet, "L'H istoire quantitative et la construction de fait hístoríque". AESC, n. 26, 1971,
pp. 63-75; incluído em seu L'Atelierde l'histoire. Paris: Flammarion, 1982.
79 R. Aron, "Postface ", em]. Dumoulin e D. Moisi (orgs.), lhe Historian beiween the Eth-
nologist and the Futurologist. Paris: Mouton, 1973.
80 UneLeçon d'histoire..., pp. 162-63 e 221-22.
81 F. Irsigler, "Zu den gemeinsamen Wurzeln von 'hísto íre régionale comparative' und
'vergleichender Landesgeschichte' in Frankreich und Deutschland", in H. Atsma e A.
Burguiêre (orgs.), Mare Bloeh auiourd'hui, op . cit., pp. 73-85.
82 L. Febvre, Le Franehe-Comté. Paris: Cerf 1905, co1."Les Régions de la France", t. IV, pu -
blicação da Revuede Synthêse Historique. Na m esma cole ção, M . Bloch, L'Íie-de-Erance
(Ies pays autour de Paris). Paris: Cerf 1913. A tese de doutoramento de Febvre: Philippe
II et le Franche-Comt é: la crise de 1567, sesorigines et sesconséquences. Étude d'histoire poli-
GORTÁZAR 557
lou de Le Roy Ladurie "manifesta muito bem", ressalta, "o desejo totalizante
da história nova':8s
É certo que nem Le Dimanchede Bouvines, de Duby, nem Montaillou, de
Le Roy Ladurie, levaram a revista Annales a formular, de forma rigorosa, a
relação entre a nova perspectiva dessas obras e a tradição da escola. É como
se desde meados dos anos 1960 até o final dos anos 1980 o aporte teórico e a
função de liderança da revista estivessem esgotados." Só em 1988 um breve
editorial intitulado "Hístoire et sciences sociales. Un tournant critique?" pa-
receu soar o alarme, ao que denominou "o tempo das incertezas", para que,
em trabalho coletivo, os métodos do historiador fossem repensados e novas
alianças interdisciplinares procuradas,"
Embora o "cerrar fileiras" continuasse, já em 1989 os Annales dedicaram
um número monográfico a oferecer respostas àquelas incertezas, no editorial,
ficava claro o que significava para eles a aproximação micro-histórica: não
deve existir oposição entre macro e micro-história, pois as duas respondem
a diferentes escalas de análise - complementares e não opostas entre si -, se-
lecionadas de acordo com o tipo e as condições da investigação. Assim se
consegue - concluem - um enriquecimento dos modelos históricos, única
maneira de reconhecer a complexidade dos processos sociais,"
Um segundo testemunho de como os atuais annalistes compreendem o
ideal da "história global" encontra-se no primeiro número da revista de 1992.
No artigo "Os Annales vistos de Moscou", o soviético Bessmertny - ainda
85 J. Le Goff, "La Nouvelle Histoire", in Le Goff et aI. Corgs.), La Nouvelle Histoire, op.
cit., p. 212. A essa "hist ória local ", entendida como forma de fazer "história total", re-
feriram-se, entre outros, L. Stone, "H istory and the Social Sciences in the Twentieth
Century", in Charles Delzell (org.), TheFuture ofHistory, op . cit ., p. 26, e M.Aymard,
"H ístoire e cornparaison", in H. Astma e B. Burgui êre Corgs.), Marc Bloch ..., op. cit. ,
pp. 274-75·
86 Foram anos em que a "Escola dos Annales" - se é que alguma vez existiu como tal -
mal podia manter algumas marcas de identidade, como assinalou Furet no prefácio ao
seu l/Atelier..., op . cito Sobre a "desintegração do paradigma dos Annales" - que acon-
teceu, como também comenta Furet, no momento do apogeu -, ver L. Hunt, "French
History in the Last Twenty Years: lhe Rise and Fall of Annales Paradigm". JCH, n. 21 ,
1986, pp. 209 -24 .
87 "H istoire et sciences sociales. Un tournant critique?". AESC, n. 43, 1988, pp . 291-93.
88 "T entons l'experience". AESC, n. 44, 1989, pp. 1317-23, especialmente p. 1323.
89 Y. Bessrnertny, "Les Annalesvues de Moscou". AESC, n. 47, 1992, pp. 245-59j B. Lepetit e
J. Revel, "L'Exp érimentation contre l' arbitraire", AESC, n. 4 7, 1992, pp . 261-65.
GORTÀZA R 559
XI
GORTÀZAR 561
Não se trata apenas - e isso é o mais significativo - de estarmos presen-
dando a coexistência - dentro de uma espécie de "guerra fria" historiográ-
fica - de "macro e micro-história". Em um de seus últimos artigos;" N. Z.
Davis, depois de estabelecer nítida oposição entre (e aqui observamos uma
nova estratégia linguística) a "classic social history" e a "newer social history",
admite que levou as diferenças ao extremo por razões retóricas, mas que
existem, claramente, "muitos cruzamentos entre ambas". M. Bloch - co-
menta - já estava produzindo "história social mais nova" em 1927, com Les
Rois thaumaturges. Le Carnaval de Romans, de Le Roy Ladurie, já estava es-
boçado em seu Les Paysans du Languedoc. William Sewell redigiu seu newer
livro sobre a linguagem do trabalho na França ao mesmo tempo que escre-
via um livro "clássico" sobre Marselha no século XIX. Lynn Hunt utiliza os
dois enfoques em Politics, Culiure, and Class in the French Revolution, e ela
também - conclui - fez o mesmo em Sacred and the Body Social in Sixteenth-
-Ceniury Lyon." O artigo conclui com uma defesa, não da compatibilidade,
mas da complementaridade dos dois tipos de análise, e instigando a procu-
rar modos de exposição ou narração que possam dar expressão efetiva às
"interações e tensões entre o grande e o pequeno, entre o social e o cultural"
(no sentido antropológico do termo)."
Não há dúvida de que existem notáveis diferenças entre a historiografia
moderna e a pós-moderna, entre macro-história e micro-história (sempre
entendidas como code-words), que ficarão evidentes no transcorrer desses
trabalhos. No entanto, não podemos ignorar os elementos de continui-
dade entre ambas. Como já comentamos, as coincidências entre os postu-
lados de uma e outra são praticamente totais no caso dos últimos Annales
e da "micro-história" italiana, em cujas peculiaridades se vê uma forma
de "new history", uma conjuntura da estrutura de longa duração que é a
"nouvelle histoire". Quanto às outras manifestações da historiografia pós-
-moderna, é importante ressaltar que todas elas também são partidárias da
interdisciplinaridade; que - em outra escala e com outros fins - buscam
inter-relacionar fatores de ordem distinta; que partilham o relativismo
94 N. Z. Davis, "lhe Shapes of Social History", 55} n. 17, 1990, pp. 28-34.
9S Id., ibid., p. 29: ali está a referência bibliográfica completa das obras citadas.
96 u, ibld., pp . 33-34.
XII
97 O "sejamos todos neokantianos " de Fou cault, ao apre sentar o livro de Cassirer (La
Q!âll:willc Litt éraire, n. 8, 1966, p. 3), po de ser estendido, como vemos, a quase toda s
as form as de II CIV history e de IIC IV Il elV history, cf. M . Cedronio, "Profilo delle 'Annales'
attraverso le pagine delle 'An nales", in M. Cedronio, F. Diaz e C. Russo, StoriogmJia
franccse di ieri e di oggi, op. cit., pp . 64-65.
98 S. Scham a, Dead Certainties(Unwarranted Speculations). Nova York: Knopf, 1991. A po s-
tura de tone (que conclui sua nota afirmando que sua única obje çâo às implicações
do /illguistic tUnl reside nas afirma ções de que não existe realidade externa, de que tudo
é criação subjetiva do historiador, de que é a linguagem que cria o sentido que , por
sua vez, cria no ssa imagem do real; tudo que elimina a diferenç a entre fato e ficção,
converte o trabalho do hist oriador em algo completamente inútil, mas "todos, exceto
talvez Scham a, est ão abandonando essa posição"). Em sua segunda nota sobre "His tory
and Postmoderni sm", PP, n. 135, maio 1992, pp . 192-94, Stone procura reforçar sua pró -
pria opinião "remetendo às fortes objeções a esse novo modelo de hist ória", feitas po r
GORTÀZA R 563
entre os quais se destaca, por sua elegante beligerância, Gertrude Himmel-
farb, não faz distinção entre a "new history" e a historiografia p ós-moderna,
opondo-se a ambas com argumentos que, apesar de serem, muitas vezes,
argumentos "ad hominem", não deixam de ser atraentes. Há vinte anos - es-
crevia a citada autora em 1989 99 - , um dos grandes mestres da "riova histó-
ria" pôde afirmar com segurança: "O historiador do amanhã precisará ser
capaz de programar um computador para sobreviver"; "a história que não
seja quantificável não pode se considerar científica'l'" Seis anos depois de fa-
zer tais afirmações, dois anos depois de tê-las reimpresso e, paradoxalmente,
quatro anos depois de aparecerem numa tradução inglesa, Le Roy Ladurie
publicou outro livro, que está muito longe desse tipo de história científica,
quantitativa, além do que se pode imaginar. Seu Montaillou foi imediata-
mente aclamado como um clássico da história das mentalidades. As sim tam-
bém ocorreu com outras variedades da "nova história':
Para Himmelfarb, o processo de fragmentação e desconstrução da histó-
ria não procede apenas dos desconstrucionistas confessos ("new new histo-
rians"), mas também de muitos dos "novos historiadores sociais"!" Segundo
ela, a essencial distinção entre "a história de sempre" e qualquer tipo de nova
história refere-se ao diferente tipo de relação com o passado de cada uma.
A nova história - explica - coloca-se fora da opinião recebida - a opinião
dos contemporâneos e dos historiadores tradicionais - , e está predisposta a
564 A " NOVA HI STÓRIA", UMA ESTR UTURA DE LONG A DUR ACÃO
considerá-la falsa. A história tradicional trabalha partindo da opinião rece-
bida, tentando compreendê-la tal como o fizeram os contemporâneos, para
descobrir por que pensavam o que pensavam, por que tais convicções lhes
pareciam dignas de ser sustentadas, para obter, em suma, uma interp retação
irrefutável de suas experi ências,'?'
No entanto, entre essas duas atitudes extremas (qualificativo queJ neste
caso, não quer conotar um juízo de valor) estão outras duas: a primeira, a
daqueles que continuam trabalhando independentemente do que digam fi-
lósofos e teóricos da história ("objetivistas empíricos", como os chamaria
Novick), sem a consciência, talvez, de que muito provavelmente a linha de
trabalho que desenvolvem não teria vindo à luz, nem se entenderia plena-
mente, sem que conhecessem o pensamento de algum "teórico" anterior a
seu próprio acesso à vida científica. Por fim, estão os que apenas recebem
criticamente as novidades e incorporam a seu acervo o que lhes parece inte-
ressante para seu trabalho, enquanto recusam posições extremas que, a seu
ver, levam à destruição da história.
Essa última postura é, em minha opinião, a mais construtiva. Entre-
tanto, quando se leem artigos mais recentes de Stone, Hollinger, MacHardy,
Burke, Spiegel, Chartier, Burgui êre, Levi, Ginzburg e um longo et cetera, a
sensação passada pelo conjunto é a da recusa (voltando à terminologia de
Ballesteros) da "pós-modernidade como decadência" desde a modernidade:
precisamente no pensamento da modernidade (de Descartes a Habermas,
"o último ilustrado") estão as raízes da "pós-moderni dade decadente" que
eles recusam.
102 "A nova história", conclui Himmelfarb, "tem muito que ensinar à tradicional, mas essa
é uma lição que a história tradicional pode ensinar à nova." G. Himmelfarb, "Some
Reflections...", op. cít., pp. 669 -70. Além do caso de Le Roy Ladurie, Himmelfarb cita
alguns outros para terminar com uma observação que - no que se refere à relação en -
tre história e outras disciplinas humanísticas e sociais - parece-me acertada: "foi dito
que J quando uma ideia morre na França, rebrota na Améric a; poder-se-ia acrescentar que ,
quando uma teoria toma-se ultrapassada em outras disciplinas, é tardiamente adotada
pelos historiadores".
GORTÀZ AR 565
XIII
103 Concordo com Charles Morazé (La Logique de l'histoire; Paris: Gallimard, 1967, pp. 28-
-29 [ed, bras.: Lógica da história, trad. Maria Yedda Linhares. São Paulo : Difel,197oJ)
em que a antropologia é "a disciplina central de todas as ciências do homem" e que "o
caminho que conduz a um tratado de antropologia geral passa por uma antropologia
histórica ".
104 Ver, além do seu já clássico livro The German Conception of History, op. cit., o esclare-
cedor artigo "H istoricism (a Comrnent) ". 55, n. 10,1986, pp. 131-44. Ver também meu
artigo "En tomo ai objeto.. ", citado na nota 56.
105 No lúcido artigo de L. Krieger (autor de um m agistral livro sobre Ranke: The Meaning
of H istory, Chicago: University of Chicago Press, 1977), "Elements ofEarly Historicism
Experien ce, Theory and History in Ranke". HT, n. 4 (Beiheft 14), 1975,pp.1-l4, definem -
-se as diferenças entre earlyhistoricism ou liistorism de Ranke e o historicismo do último
terço do século XIX e o primeiro do xx. Foi empregada a dicotomia "histori cismo objeti-
vo - historicismo subjetivo" para referir-se a esses dois momentos e posições, e também
se falou do "historicismo hermen êutico" da escola histórica alemã para distingui-lo dos
de Comte, Marx e seus seguidores nos séculos XIX e xx.
106 J. Ortega y Gasset, Historia comosistema, 2~ ed. Madri: Revista de Occidente, 1942, p. 63.
É como se todas as ciências positivas do homem e da sociedade, ao desligar-se do tronco
comum da filosofia, tivessem nascido cada uma com seu "pecado original" característi-
co: hist ória-hístoric ísmo, economia-economicismo, psicologia-psicologismo, sociolo-
gia-sociologismo...
GORTÁZAR 567
Veyne, constitui o objeto de nossa disciplina,"? algo que só pode ser feito na
perspectiva filosófica já apontada. Na mesma perspectiva, e com o mesmo
empenho de "recuperação e reclassificação" de todo o conhecido, teremos
de nos confrontar novamente com o objetivo de escrever História universal,
algo que, contra o que crê Lyotard e como bem assinalou Momigliano, não
procede da ilustração, mas que "é uma expressão essencial de nossa dupla
herança judaica e grega~108
Como Sir Herbert Butterfield escreveu há mais de três décadas, "nas
ciências naturais, o mundo ocidental foi muito além do que a Grécia ou a
China antigas poderiam ter imaginado, mas o Ocidente também é único no
desenvolvimento que deu à história e ao pensamento histórico. Ambas as
conquistas pertencem aos últimos trezentos anos aproximadamente e ne-
nhuma das duas pode ser entendida simplesmente por meio de buscas num
passado mais remoto; são mais o resultado dos próprios empenhos do ho-
mem moderno com a experiência. Se é preciso entender a nós mesmos e
a nosso próprio mundo intelectual, ambos imponentes aspectos de nossa
civilização - o pensamento histórico e o científico - têm de ser estudados
ao mesmo tempo. Nesse sentido, a História da História pode ser correlativa
à História da Ciência, e o estudo da Revolução Historiográfica poderia ser
paralelo ao estudo da 'Revolução Científica?" A obra, publicada em 1681,De
Re Diplomatica, do maurista Mabillon, foi tachada de verdadeira "revolução
copernicana" Marc Bloch, em sua Apologia da história, considera esse ano
"verdadeiramente uma grande data na história do espírito humano" e com-
107 P. Veyne, L'Inveniaire desdifférences: Leçon inaugurale au College deFrance. Paris: Seuil,
1976 [ed. bras.: O inventário das diferenças, trad. Sônia Salzestein. São Paulo: Brasilien-
se, 1983].
108 A. Momigliano, "Two Types ofUniversal Hi stories: The Cases ofE. A. Freeman and
Max Weber". JMH, n. 58, 1986, p. 235.
109 H . Butterfield, "The Hi story ofthe Writing ofHístory", Comité Intemational des Scien-
ces H istoriques, XI e Congres Intemational des Sciences H istoriques, Estocolmo, 21-28
ago.1960. Rapports, Gõteborg /Estocolmo /Uppsala, n.j, 1960, p. 27. Ver também - em-
bora seja um texto distinto - seu "The History ofHístoriography", em Man on HisPast:
lhe Study of the Historyof Historical Scholarship. Londres: Cambridge University Press,
1969, pp . 1-31.
110 M . Bloch, Apologie pour l'histoire ou M étier d'historien, 5~ed. Paris: Armand Colín, 1964,
pp. 36-38 [ed. bras.: Apologia da história ou O ofício de historiador, trad. André Telles.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001]. A geração de Mabillon, Papebroeck, Richard Si-
mon e Spinoza é - afirma Bloch - a geração que nasce no momento em que aparece o
Discours de la m éthode. Certamente, não é que Mabillon seja um cartesiano. Mas, "p ara
que uma filosofia impregne toda uma época, não é necessário que atue exatamente
segundo sua letra, nem que a maior parte dos espíritos esteja sujeita a sua influência
por uma espécie de osmose, frequen tem en te de forma semi-inconscíente", A crítica
do testemunho histórico assemelha-se à ciência cartesiana porque faz da crença tábua
rasa: porque só procede à derrubada implacável dos valores antigos se for para chegar a
novas certezas (ou grandes probabilidades), devidamente provadas, porque a idei a que
a in spira supõe uma mudança quase total de antigas concepções sob re a dúvida que - é
possível avaliar agora - , dirigida racionalmente, pode se converter em instrumento de
conhecimento. "É uma ideia cujo aparecimento ocorre em momento muito preciso da
história do pensamento."
III P. Chaunu, Historia, ciencia social: la duración, elespacio y el hombre en la época moderna
[1974 ], trad. Isaac González. Madri: Encuentro, 1986, p. 77 [ed. bras.: A história como
ciênciasocial: A duração, o espaço e o homemna época moderna, trad. Fernando Ferro. Rio
de Janeiro: Zahar, 1976]. O verdadeiro "giro copernícano", obra dos "antiquários" do
último terço do século XVII, adquire mais importância se for considerada a opinião dos
filósofos do século sobre a história: o próprio Descartes teria planejado (1648) "escrever
um tratado sobre erudição que teria sido certamente" - comenta Chaunu - "um tratado
contra a erudição": ainda em 1694, Bernard Lamy, discípulo de Malebranche, escrevia:
"a história é um monte de bobagens sobre os homens e suas virtudes. O que aconte-
ce com uma pessoa que engole, sem digerir, todas essas coisas considerando-as juízos
fundamentados? Causam em seu espírito uma espécie de indigestão". CE. P. Chaunu,
Historia, cienciasocial, op . cít., pp. 71-74.
GORTÁZAR 569
Hoje, nem o homem ocidental, nem tampouco os homens de outras lati-
tudes - como os melan ésios'" estudados por Tromph que combinaram sua
cosmogonia e sua tradição histórica oral com a visão linear e universalista
transmitida pela cultura ocidental - podem viver sem uma explicação glo-
bal de seu passado que dê sentido ao presente e promova o discernimento
quanto aos caminhos do futuro. A historiografia pós-moderna pode ser uma
saudável cura para ambições intelectuais excessivas ou mal digeridas, desde
as de Hegel, Comte ou Marx até as de Febvre, Braudel, WehlerJ Benson ou
Vilar: contudo, se arrancássemos da mente dos historiadores "pós-moder-
nos" todo o sentido de evolução do mundo (dos "mundos", se preferirem)
e de nosso lugar nele (neles), se amputássemos toda sua consciência histó-
rica, fruto da prolongada experiência universalista da cultura europeia, eles
não poderiam sequer entender o sentido de suas próprias obras oUJ simples-
menteJ não poderiam escrevê-las.
A "nova história", a história como a ciência do homem, as "novas hist órias",
de Ranke até Schama, têm um fundo comum evidente, porque partem da
mesma matriz epistemológica cujo esgotamento os pós-modernos demonstra-
ram, sem poder superá-la. No entanto, se todas as versões de nossa disciplina,
entendida como uma ciência ao longo dos últimos duzentos anos, convergem
em pontos fundamentais (que, em sua medida, deram lastro ao avanço de uma
comunidade historiográfica que trabalhou, ao longo desses dois século s, com
denodo e obteve consideráveis êxitos parciais, que não podemos desperdiçar),
isso significaria, a rigor, que hoje só contamos com uma forma - uma velha
forma de muitas faces - de entender a história como ciência? Dado que ne-
nhuma dessas faces nos satisfaz, a solução estaria no retorno a uma tradição
historiográfica de ainda mais longa duração - de Heródoto e Tucídides no sé-
culo v aC até Voltaire e Gibbon no século XVIII - J que entende a história como
um gênero literário destinado, principalmente, à educação moral e cívica?
Sem de sdenhar a história como manifestação da razão prática, minha res-
posta não pode ser positiva. Nossa disciplina é uma ci ência, não tanto por
seu método - como muitos dos defensores da "old history" ou história tradi-
cional podem ter pensado - mas, principalmente, por seu objeto: a descrição
113 CE. P. Veyne, Cómo se escribe la historia: ensayo de epistemología [1971], trad. Mariano
Muâoz Alonso. Madri: Fragua, 1972. Em 1976, apareceu uma versão abreviada, com o
acréscimo de um ensaio denominado Foucaultrevolutionnel'histoire, traduzido para o
espanhol: Foucaultrevoluciona la historia, trad. Joaquina Aguil ar. Madri: Alianza, 1984
[ed. bras .: Como se escreve a hist ôria; Foucaultrevoluciona a história, trad. Alda Baltar e
Maria Auxiliadora Kneipp. Brasília: UNB, 1982]j R. Aron, "Comment l'historien écrit
l'épistémologie: À propos du livre de Paul Veyne". ARSC, n. 26, 1971, pp. 919-1354j M .
Certeau, "U n e épistemologie de transition". ARSC, n. 26, 1972, pp. 1317-27j P. Veyne,
"L' H istoire conceptualisante", inJ. Le Goff e P. Nora (orgs.), Faire de I'histoire, op. cit.,
t. I, pp. 62-92j do me smo autor, o já citado L 'Inventaire des différences; F. Hartog, "Paul
Veyne naturaliste: I'histoire est un herbíer". ARSC, n. 33, 1978, pp. 326-30j A. Morales
Moya, "Notas críticas a la epistemología histórica de Paul Veyne", Revista de Filosofía,
Madri, 2~ serie, n. 9, jul.-dez. 1986, pp. 159-8oj do mesmo autor, "La epistemologia histó-
rica de Paul Veyne ", Arbor, n. 487, t.125, jul. 1986, pp. 79-95.
GO RTÁZAR 571
possa evitar a ilusão cíentificísta (como a história narrativa deve evitar o
"post hoc: propter hoc").
Quanto às ciências sociais, a história - afinna Furet - constitui uma
forma de conhecimento especialmente valiosa porque) ao tratar da ação hu-
mana no nível em que mais se manifesta sua liberdade de ação, é o melhor
antídoto contra simplificações abusivas e o rigor ilusório inerente à noção
de uma "ciência da sociedade"; um antídoto que se torna ainda melhor ao
descartar as prevenções tradicionais contra as hipóteses e as ideias, algumas
delas tomadas das ciências sociais, podendo, assim, avaliar seu poder expli-
cativo. Por outro lado, a história nunca perdeu de vista o fato de que parte
de sua curiosidade está ancorada no presente, e a explícita discussão de sua
relação com o presente é um exercício intelectual que lhe permite entender
sua própria "objetividade" Aceita os limites da objetividade histórica para
abandonar, com clareza, a falácia do "fazer reviver" a história ou a tentação
de 'simplesmente contar uma história. Por último, utiliza a experiência do
presente para entender o problema central da análise histórica que é o pro-
blema da mudança e a interpretação dessa mudança.v'
Ofício e conceitualização, consciência das limitações do conhecimento
"objetivo" do passado e paixão por descrever e explicar a mudança do ho-
mem no tempo: são, a meu juízo, pontos de partida lúcidos e atraentes para
entender melhor nosso trabalho e começar a sair do "impasse" em que, há
quase duas décadas, parece estar nossa disciplina.
Publicado originalmente como "La nueva hist or ia, una est ructu ra de larga dura-
ción", in José Andrés-Gall ego (org.), New histo ry, nouvel1e histoire: Hacia una nueva
hist or ia. Madri : Editorial Actas , 1993, pp. 29-8 1.Tradução de Maria Elena Ort iz.
114 C[ F. Fure t, "Pr éface" ao seu L'A telier de l'histoire, op. cit., pp. 5-34 ; parc ialme nte vertido
para o inglês em "Beyond the Annales", JAIR} n. 55, 198.)} pp. 389 -410 .
HAYDEN WHITE : Bem, vim a Roma com uma bolsa da Fundação Full-
bright para escrever minha tese de doutorado sobre história eclesiástica
medieval, sobre as reformas gregorianas da Igreja no século XI e no início
do século XII. O motivo para eu estar trabalhando com história medieval,
e em especial com a Igreja, era que a Igreja Católica Romana era algo a
respeito do qual eu não sabia absolutamente nada na época em que entrei
na universidade. Achei espantoso que uma instituição fundamentada em
um milagre, que é algo que por definição não pode ser compreendido a
não ser pela fé, pudesse preservar-se e exercer dominação até mesmo sobre
Esta entrevista foi realizada em Rom a, Itália, em setemb ro de 2 00 7 . T rechos dela foram
publicados em ARR-IdéIJistorisk tidsskrift 19 J n. +, 2007, pp. 104 - 11.
ER: Nos parágrafos finais de seu ensaio sobre Christopher Dawson há uma
referência a KarlJaspers e Gabriel Marcel. Vir para a Itália e descobrir o exis-
tencialismo e outras tradições continentais foi também uma influência?
ER: Se voltarmos aos Estados Unidos, então, Peter Novick descreveu a histo-
riografia americana, em uma fórmula que ficou famosa, como um século de
defesa e crítica "daquele nobre sonho" da objetividade. Você reconhece esse
cenário, olhando retrospectivamente para o início de sua carreira? Você con-
segue ver-se nesse enredo, por assim dizer?
ER: Nos decênios de 1960 e 1970 parecia) para muitos) ser um problema arti-
cular esta forma de visão da sociedade e da humanidade e)ao mesmo tempo,
:manter a visão estruturalista ou pós-estruturalista da linguagem. Você se viu
tendo de negociar entre essas duas posições mesmo quando lidando com
questões teóricas relativas à linguagem - como um distanciamento de seus
sistemas fechados?
HW: Não) penso que não. É interessante a forma como você coloca a questão.
O que o estruturalismo me ensinou foi que a situação é sempre estruturada.
E assim como a linguagem, é desde sempre estruturada arbitrariamente) ou
é estruturada para a vantagem de certos grupos na totalidade. As próprias
regras são também instituídas arbitrariamente. Elas também possibilitam a
comunicação. Mas uma das regras do uso da linguagem e da condição social
é que os homens não só podem viver segundo regras) mas eles as podem
transformar) e podem distinguir entre atividades governadas por regras e
atividades que alteram regras. Existem situações cuja pressão é forçar-nos
a chegar a uma mesma e única conclusão a respeito do que fazer. Mas na
realidade estamos carregados de todas as outras obrigações) de maneira que
é sempre necessário pensar dialeticamente.
Penso que o estruturalismo é fundamentalmente crítico das sociedades
altamente estruturadas. Ele tenta explicar como são possíveis e como fun-
cionam os sistemas sociais) mas atrás dessas questões sempre esteve o pro-
blema da mudança dos sistemas sociais. E foi com isso que o pós-estrutura-
lismo lidou: como os ruídos no sistema se acumulam a ponto de explodi-lo?
É disso que tratam Jacques Derrida, Michel Poucault, Roland Barthes eJac-
ques Lacan. O pós-estruturalismo é um suplemento) ou complemento) ne-
HW: É, eu entendo o que você quer dizer. Fiquei muito impressionado, mui-
tos anos atrás, pela ideia de Bertolt Brecht de que a coerência narrativa e
o relato são aristotélicos; que pressupõem o tipo de tema e o tipo de subs-
tância que Aristóteles pressupunha em sua discussão sobre indivíduos. Fer-
nand Braudel ataca a narrativa porque, diz, ela não é portadora de ideologia;
ela é ideologia. E eu estava interessado na noção de Barthes segundo a qual
história e mito têm muito em comum, porque ambos usam narrativa. En-
tão passei a suspeitar da narrativa, e foi isso que me conduziu ao estudo da
teoria literária e a procurar modelos em obras literárias. Penso que os pós-
-estruturalistas, ao atacarem o estruturalismo, também atacaram a narrativa,
enquanto forma de discurso estruturada que funciona na direção do fecha-
mento mais do que da abertura e da obra aberta.
Mas, quanto mais lia Paul Ricoeur e outros, mais me dava conta de que há
muito mais a ser dito sobre a narrativa, e que existem muitas variedades de
narrativas. A narrativa modernista, como na obra de Gertrude Stein, ainda
é narrativa, mas gera uma obra aberta. Veja, ela não exige que o autor exclua
todo o resto e coloque ali sua marca, transformando o leitor em um receptor
passivo. Quando lemos Virginia Woolf ou Proust e escritores de sua cepa, a
natureza fragmentária das passagens permite que o leitor participe. E isso se
torna uma espécie de instrução sobre como construir sentido.
HW: É, você está certo. De fato, isso é verdade. Quando se impôs uma vi-
são narrativizada do mundo sobre o mundo, eu chamo de narrativização.
O modernismo abandona a narrativa interna do realismo do século XIX,
mas isso não significa que abandone a narração. A narração é o ato de
falar. Agora, existe um sentido em que isso é verdadeiro: sempre que fa-
lamos em primeira pessoa sobre algo no mundo enquanto uma forma de
existência em terceira pessoa, estamos narrando. Mas narrativizar é outra
coisa. A desconstrução, ou, eu diria, o pós-estruturalismo, desnarrativiza
o mito, a história, e assim por diante e nesse sentido é o complemento da
narrativização.
ER: Eu gostaria agora de trazer para a discussão dois outros aspectos espe-
cíficos de seu trabalho, nomeadamente, sua preferência pelo modernismo
como modelo para a historiografia, por um lado, e o tema do sublime, por
outro - a consciência histórica sublime da qual você tratou em 1982 em
"Apolítica da interpretação histórica: disciplina e des-ublimação" Esses são
dois temas interligados, mas desenvolvidos no entanto separadamente nos
seus ensaios.
HW: Bem, fico feliz por você ter inserido uma data aí, porque sempre tenho
que lembrar às pessoas que escrevo há cerca de cinquenta anos, e o que
HW: É verdade, e é por isso que cabe às pessoas que estudam a história) mai s
do que simplesmente o passado) dotá-la de sentido. E os historiadores o fa-
zem por simbolização, segundo o leque ou o repertório de símbolos que têm
à sua disposição para produzir sua própria versão da história. Agora) o que
penso estar errado na escrita profissional dá História é que ela não enfrenta
mais esse desafio. Os grandes historiados) Maquiavel, Vico, Burckhardt -
Ranke! - o enfrentaram. Seus escritos históricos eram uma forma, penso eu,
de dotar sentido à hist ória: eles julgam o ter encontrado. Não Burckhardt,
mas Ranke pensou que tinha achado esse sentido. Mas você sabe) essa é uma
ilusão necessária característica de um certo tipo de artista. Portanto, minha
visão é que a historiografia profissional moderna recusa a tarefa atribuída
ao historiador após a morte da religião, após a metafísica ter-se tornado im-
possível, quando tudo que restou é a história. Quando queremos fazer a per-
gunta que Kant disse ser a quarta questão, "o que é o homemi", "was ist der
Mensch" , tudo que temos é a história! Os grandes historiadores foram os
que tentaram dar ao tempo alguma espécie de forma ou coerência. Tanto o
ER: Achoque você escreveu um artigo em History and Theory muito tocante
quando ele faleceu ...
HW: Oh! Ele era um intelectual muito generoso. Lia de tudo. Não sei como
encontrava tempo para escrever. E lia tudo de forma muito cuidadosa. Ele é
um dos grandes sintetizadores. Tenho um grande respeito por ele, e penso
que as nossas diferenças têm a ver com as diferenças entre as nossas cultu-
ras, nossa Bildung. Mas eu gostava muito dele, também, enquanto pessoa,
porque era um homem de muita sagacidade. Ricceur era dotado de uma
ironia muito sagaz, e tinha a serenidade de alguém que tem fé. Ele aceitava
todas as espécies de pontos de vista, porque sabia que toda fé é dotada de
fundamentos. Então ele podia levar em consideração as ideias mais malucas
sem se transtornar. Sabe, ele não era como esses fanáticos que querem er-
radicar o erro. Ele estava interessado na intensidade das nossas convicções,
fossem elas diferentes das dele ou não.
ER: Você nunca mais tratou do sublime depois de <tA política da interpreta-
ção histórica"...
HW: Bem, François Lyotard tratou disso ao final de Le Dijférend, assim como
Frank Ankersrnit. Mas a ideia não é minha, afinal de contas. Eu realmente
a coloquei em um contexto político naquele momento, um momento no
qual , como você sabe, o Ocidente estava se autocongratulando pela vitó-
ria sobre o comunismo. Todo aquele debate sobre o fracasso da esquerda
europeia me interessou muito. Nunca tivemos uma esquerda nos Estados
Unidos: tivemos um centro e uma direita. Mas eu sempre estive politica-
mente à esquerda, e acho que precisamos abrir as perspectivas mais do que
apoiar a doxa.
HW: Bem, isso me interessa muito. Antes de mais nada, eu posso entender
que o que experimentamos é mais uma perda da presença do que uma perda
de sentido. Era isso que Eelco Runia tinha em mente quando escreveu o
artigo "Presença" em History and Theory. Mas a ideia de que a experiência de
um fenômeno passado seria possível - uma experiência da presença do pas-
sado - só pode ser uma ilusão. É uma contradição em termos. Porque, por
definição, o passado já se foi, é o que já não está presente, certo?
Mas seria possível ter a ilusão da presença, e é isso que Ankersmit, penso,
tem em mente. Ankersmit já não fala sobre ter experiência da história: ele
2 "O evento histórico", di.fferences:A Journal of Feminisi Cultural Studies 19, n. 2 , 2008, pp. 9-34 .
HW: Acho mais responsável do que esta falsa clareza. Acho mais responsá-
vel porqu e transfere o ónu s ao leitor. Peguntaram uma vez a mim e a Eric
Hob sbawm o que seria pre ciso para que a história nos oferecesse alguma
compreensão do futu ro. Eu disse: "Mais imagina ção!", e Hobsbawm disse:
"Não, mais racion alidade". Imaginação em excesso levou ao nazismo. Ele é
um homem do Iluminismo.
Oslo) Noruega .
Pub licado origina lment e como "The Aim of Int erpret at ion is t o Creat e Perplexity in
t he Face of th e Real: Hayden Whit e in Conversat ion wit h Erlend Rogne". Hist ory and
Theory, n. 48. Malden (MA): Wesleyan Universit y, fev. 2009, pp. 63- 75. Tradução de
Joaquim Toledo J r.
HERVÉMARTIN
Professor aposentado da Universidade de Rennes II, especializou-se no
estudo da vida religiosa medieval. Publicou) entre outros, Les Ordres men-
dianis en Bretagne (v. 1230-v. 1530). Pauvreté volontaire et prédicaiion à lafin
du Moyen Âge (1975), Le Métier de prédicateur en France à lafin du Moyen
Âge (1988)) além de Mentalités m édi évales, xr '-xv' siêcle e Mentalités m édi éva-
les II. Représentations collectives du XI ' au xv' siêde (1996-2001).
GUYBOURDÉ
Formado em história) especializou-se em história da América Latina. Publi-
cou) entre outros, Urbanisation et imigration en Am érique Latine: Buenos Ai-
res, XIx' et xx: siêdes (1974), La Défaite du FrontPopulaire (197 7) e La Classe
ouvriêre argentine, 1929-69 (1984-1987) .
597
GEORGE HUPPERT
Professor de história moderna na University ofIllinois at Chicago. Publicou
entre outros, lhe Idea of Perfect History: Hisiorical Erudition and Historicat
Phílosophy in Renaíssance France (1970) , Les Bourgeois Geniilshommes - A li
Essay on the Definítion of Elites in Renaissance Fran ce (1977), After the Blacl:
Death: A Socíal Hístory of Early Modem Europe (1986) e TIu Style of Paris:
Renaissance Ongins of the French Enlighienment (1999).
LUTZ RAPHAEL
Professor na Universidade de Trier. Fez estudos de história) roman ística,
sociologia e filosofia, em Münster e Paris, entre 1974 e 1984. Especialista
em história do trabalho, notabilizou-se também pelas suas contribuições à
história institucional da historiografia. Publicou, entre outros, Geschichts-
wissenschaft ím Zeítalter der Extreme (2003), Ideen aisgesellschaftlíche Gestal-
tungskraft im Europa der Neuzeit: Beitrãgefür eine erneuerte Geístesgeschíchte
( 2006) . Organizou) juntamente com Ilaria Porciani, o Atlas of theInstituiion s
ofEuropean Historíography 1800-2005 (2006).
GÉRARD NOIRIEL
Membro da École des Hautes Études en Sciences Sociales, especializou-se
em história do trabalho e da imigração, além de epistemologia do conhe-
cimento histórico. Até 1980, foi membro militante do Partido Comunista
Francês, do qual se desligou após uma série de críticas. Publicou, entre ou -
tros, Longwy) immigrés et prolétaíres ( 1880-1980) (1984 ), Le Creuset françaís.
Hístoíre de l'immigration (xnc-xx< siêdes} (1988) , Construction des nationali-
t és et immigration dans la France contemporaine (1997), Les Fils maudits de
la Républíque. L'avenír des inteiiectuels en France (2005 ) e Immigration, anii-
s émitisme et racisme en Prance (xix -xx' si êd es}: Discours publics, humiliations
prívées (2007).
GERTRUDE HIMMELFARB
Professora emérita da Universidade de Nova York. Formou-se pelo Brooklin
College em 1942 e obte ve o doutorado em 1950, na Univer sidade de Chicago,
especializando-se no estudo da era vit oriana. Editou coletâneas de autores
como Lord Acton, John Stuart Mill e Alexis de Tocqueville. Publicou, en-
tre outros, Lord Acton: A Study of Conscíence and Polítícs (1952), Víetorian
598
Minds (1968), On Liberty and Liberalism: The Case ofJohn Stuart Mill (1974),
The Idea ofPoverty: Englandin the EarlyIndustrial Age (1984)J Marriage and
Morais Among the Victorians (1986), Poverty and Compassion: TheMoralIma-
gination of the Late Victorians (1991) e The Roads to Modernity: 'Ihe British)
Prench, andAmericanEnlightenments (2004).
599
Storia della storiografia. Publicou, entre outros, Histoire et historiens, une
mutation idéologique des historiens jrançais, 1865-1885 (1976)} Les Temps de
l'Europe, em dois volumes (1993)} Les Sciences historiques d'Hérodote ti nos
jours (1994), De l'Europe: identités, m émoires et mémoire (1996) e Une histoire
européenne de I'Europe, em dois volumes (1999). Em português, foi publi-
cado Historiografia (1981).
THEonORES.HAMEROW
Formou-se no City College de Nova York e nas universidades de Columbia e
Yale.Viveu sua infância na Alemanha entre 1921-24 e na Polônia entre 1924-30.
Especialista em história da Alemanha} notadamente dos séculos XIX e xx, foi
professor na Universidade de Illinois, Chicago (1952-58) e na de Wisconsin
(1958-91). Publicou, entre outros, Restauraiion, Revolution, Reaction (1958),
The Social Foundations of German Uniiication, 1858-1871 (1969)} The Age ofBis-
marck (1973), lhe Birth of a New Europe: State and Society in the Nineteenth
Century (1983)} Reflections on History and Historians (1987)} On the Road to
the Wolfs Lair: German Resistance to Hitler (1999) e Why We Watched: Europe,
America, and theHolocaust (2008).
GEORG G. IGGERS
Foi professor na Universidade de Buffalo (1965-97) e especialista em história
da historiografia} notadamente do historismo alemão. Com seus pais, emi-
grou da Alemanha em 1938 para os Estados Unidos. Formou-se pelas uni-
versidades de Richmond e Chicago, onde obteve o doutorado em 1951. De
1950 a 1963, foi docente em Little Rock e Nova Orleans, em col1eges para afro-
-americanos, onde se engajou na luta pelas igualdades civis. Publicou, entre
outros, lhe Cult of Authority. lhe Politicai Philosophy of the Saint-simonians.
A Chapter in the Intel1ectual History of Totalitarianism (1958), lhe German
Conception of History. lhe National Tradition of Historical lhought from Her-
der to the Present (1968)} New Directions in European Historiography (1975),
Marxismus und Geschichtswissenschaft heute (1995), Geschichtswissenschaft im
20. Jahrhundert. Ein kritischer überblick im internationalen Zusammenhang
(1996) e A Global History of Modem Historiography (2008). Com Wilma A.
Iggers, publicou a autobiografia Zwei Seiten der Geschichte. Lebensbericht aus
unruhigen Zeiten (2002).
600
ERNST BREISACH
Professor na Western Michigan University, obteve o doutorado em 1946 pela
Universidade de Viena. Publicou, entre outros, Introduction to Modern Exis-
tentialism (1960) JCaterina Sforza. A Renaissance Virago (1968) JRenaissance
Europe (1973)J Historiography: Ancieni, MedievalJ 140dern (1983), American
ProgressiveHistory: An ExperimentinModernization (1993) e On theFuture of
History: The Postmodernist Challenge and Its Aftermath (2003).
HAYDEN WHITE
Foi professor de literatura comparada na Universidade de Stanford e atual-
mente é professor emérito da Universidade da Califórnia, Santa Cruz. Autor
de, entre outros, Meta-história. A imaginação histórica na Europa do século XIX
(1973)JTrópicos do discurso. Ensaios sobre a crítica da cultura (1978) JThe Con-
tent of the Form: Narrative Discourse and Historical Representation (1987)J Fi-
gural realismo Studies in the Mimesis Effect (1999) e The Fiction of Narrative:
Essays on History, Literature and Theory (2010). .
601
SOBRE OS ORGANIZADORES
FERNANDO ANTONIO NOVAIS
Graduou-se em história pela Faculdade de Filosofia} Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo. Entre 1958 e 1964 foi um dos integrantes do semi-
nário Marx} que reuniu} entre outros intelectuais}José Arthur Giannotti, Fer-
nando Henrique Cardoso} Paul Singer, Bento Prado Jr. e Roberto Schwarz.
Defendida em 1973 e publicada em 1979} sua tese de doutorado} Portugal e
Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1S0S)} lançou as bases para uma
nova compreensão do período e da dinâmica entre metrópole e colônia. Foi
organizador geral dos quatro volumes da coleção História da vidaprivada no
Brasil (1997-98). Foi professor no departamento de história da Faculdade
de Filosofia} Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Em
1986, transferiu-se para o Instituto de Economia da Universidade de Campi-
nas. Lecionou também na Universidade do Texas} no Instituto de Estudos da
America Latina (Paris) e nas universidades de Louvain, Coimbra e Lisboa.
Em 2005} a Cosac Naify reuniu seus ensaios e resenhas no volume Aproxima-
ções - Estudos de história e historiografia.
603
íNDICE ONOMÁSTICO
A Bardet,Jean-Pierre 64, 66n
Abrams, Philip 474n, 553n Bames, Harry Elmer 321-23, 325n, 331, 332n,
Acton, Lord 436, 462n, 501,50lll, 696 399, 456, 518n
Adler, Alfred 331 Baroja, Julio Caro 275
Adorno, Theodor 364, 365n, 366 Baron, Hans 394, 421, 42lll, 423n
Agambem, Gíorgío 580 Barthes, Roland 133, 255, 255n, 405, 547n,
Agulhou, Maurice 68, 184, 184n, 355,355n 579-81
Allen, Barry 439, 439n, 441 Bate, WalterJackson 391
Althusser, Louis 462n, 47lll, 493, 493n, Battifol, M. Louis 135n
494n , 496, 496n, 503n , 505, 505-06n, Baudelaire, Charles 360
555n Beard, Charles E.9n, 95n, 189, 204, 241,
Andersen, Perry 189,473, 473n, 475-77n, 24m, 524, 524n
4 84- 86n, 48 7, 4 88n , 494, 494n, 503n, Becker, Carl 187, 188n, 205, 205n, 241, 24Ill,
505n, 507-08n, 511n, 561 524
Andrés-Gallego, José 270n, 278, 290, 513n, Beer, Samuel 315
572 Béjin, André 82, 82n
Ankersmit, Frank R. 363, 363n, 4°3, 403n, Bell, Daniel 430
4°9-10, 4 1lll, 4 13n, 54 6-47n, 589 Benda, M . 174
Appleby, Joyce 410 Bendix, Reinhard 561
Aquino, São Tomás de 219n Bentham, Jeremy 209
Arendt, Hanah 218n Bergson, Henri 398, 533,539
Arles, Phillipe 25, 25n, 43, 74n, 89n, 100, Berkeley (bispo de ) 450
lOS, 105n , 106, 353,353n, 376 Berkhofer, Robert 233n, 252n, 411, 411n, 413
Aristóteles 23, 218-19, 218-19n, 226, 578, 581 Berlin, Isaiah 184, 318,321,398, 439
Aron,Jean-Paul 43, 58, 58n, 61, 90, 9111 Berlioz, Jacques 282
Aron, Raymond 83, 83n, 104, 104n, 106-07, Bernal, Martin 415,415n
106n, 535n, 556, 556n, 57Ill Berque,Jacques 131
Assman,Jan 416, 416n Berr, Henri 43-44, 82n, 95-96, 197n, 242-45,
Aulard, Alphonse 57 243n , 245-46n, 247, 342, 368, 517, 517-
Aydelotte, William O. 252n, 303, 305n 18n, 526, 527n, 533, 534-35, 534-35n, 537,
Aymard, Maurice 71, 7Ill, 80, Sm, 558n, 539,557
56 m Besançon, Alain 41, 76, 76n
Bessmertny, Yuri 558, 559n
8 Bismarck, Otto von 224-25
Bacon, Francis 424, 490, 49 3 Blackwell, Constance 396, 396n
Baechler,Jean 106n , 503n, Blair, An 396n, 424, 425n, 45Ill
Baehrel, René 349n, 557, 557n Blanke,Horst398,456
Bailyn, Bernard 23, 188n, 540, 542, 552n, Bloch, Marc 39, 44, 46 -47, 49, 59, 75, 78, 80,
555,555n, 83,88-89,96-9 7,101-03,112,115-16,120,
Ballesteros,]. 546, 54 6n, 547, 547n, 549n, 122-23,131-32,135, 135n, 137-38, 146, 149,
563,5 65 153, 155-56, 155n, 158,159n, 165, 167-73,
Balzac, Honoré de 30, 410 167n, 169-73n, 175-76n, 176-78, 180-81,
Bancroft, George 190 188, 198, 198n, 242, 245-49 , 246n, 248n,
605
254, 259, 263, 281, 287}342-53, 34 2n, 34 4- -37, 536-37n , 543n, 545n , 54 6, 553, 555-56,
45n, 350n , 356-57, 368-7°, 369-7 m, 4 °9, 555-56n, 559, 570, 581
500n, 520, 523, 526, 526-29n, 528-30, 533, Bre cht, Bertold 581
535, 536n , 538-39, 545n, 550, 555n, 556-57, Brei sach , Ernst 152, 152n, 378, 388, 516n,
557-58n, 559, 562, 568, 569n 535n, 54 2, 542n, 546,546n
Blondel, Françoi s 526 Brejnev, Leonid 45
Bluche, Françoi s 68 Brenner, Robert 18n, 463n, 471-74n, 472,
Blumenberg, Hans 436, 436n, 44 2, 442n, 477 n , 4 83,4 83n, 488n, 492n,495,495'
444 -96n , 503n, 507-08, 508n
Bodin,]ean 4°0,431 Breysig, Kurt 525
Bo er, Pim d er 399 Brídenbaugh, Carl 308 -10, 312n
Boer, W. Den 39, 51 Bridenthal, R enate 392
Bogue, Allan G. 21On, 252n, 303, 305n, Brinton, Crane 302, 392
543n Brown, Peter 26, 26n
Bois}Guy 49-50, 49n, 113n, 473n, 476-nn, Brunner, Otto 273
508n Buffon, Georges Louis Leclerc (con d e de )
Bois.jean-Pierre 67 4 °2
Bonaparte, N apoleão 187,278, 509n, 590 Bukharin, Nikolai 469, 46 9n
Bonifácio VIII 4 22 Burckhardt.jacob 149, 186, 189, 237-38,
Bonte, Pierre 280 238n, 36o, 394, 4°4, 4° 6-°7, 4°9, 439,
Borges,]orge Lui s 444, 444n, 450 455, 516n, 537, 54 0, 586
Borkenau, Franz 127 Burguier e, André 39, 40, 42 -43, 45-4 6, 53,
Borst, Arno 454, 454n 67, 67n , 77, 87n , 105n, 114}114-15n, 159,
Bossombrook, William J. 577 159-60n, 168n, 172n, 280-81, 283-84}354,
Boswell, James 320 526-27,55°, 550n, 557-s8n} 565
Bouglé, Céle stin 175n Burke, Keneth 403, 403 n
Bourdieu, Pierre 40 , 86, 86n , çm Burke, Peter 119-20n, 121, 12m, 130, 13°-3m,
Bourgeois, Émile 71, 7m 189, 247n, 257n , 259-60n, 34 m, 369n,
Boutroux, Émile 532-34 398, 552,5 60,5 65
Bouvier, J ean 355,355n Burke, Edmund 585
Braudel, Fern an d 15,15n, 40-46, 49, 52, 64, Bush, Douglas 391
67-68, 7° -73, 7m , n n, 75-82} 77- 78n, Bush, George "v.580
80 -8m, 84- 87, 84n, 89-91,89n , 96, 98-99 , Butterfield, Herbert 20 7, 207n, 226, 226n ,
98n}101-02, 101n, 105-06, 111 -12, 115-16, 568
115n, 120-21, 123, 126, 128-29}128n, 132, Byrd, William 320
134-39, 138n, 143, 146, 146n, 149, 151, 153,
159n, 178, 183, 186n, 188, 188-89 n, 190, C
197n, 198-200, 198-199n, 245n, 249 n, Calhoun, John C. 225
254-55}257-63, 257-6m , 270, 273-74, Cam , Helen 391
281, 284-86, 284 -85n, 289-90, 346 -49, Cantor, Norman 395-96
347 n , 349n, 351,356-57}374 -76, 374-75n} Capet, Hugues 69
392-93, 4 °9, 412n}446n, 513-14, 513-14 n, Carb onell, Charle s-Oliver 399, 513n, 53m,
518-20, 518-19n, 523, 529, 534, 535n, 536- 535-36n
606
Carême, Ant onin 58 Co m te, Auguste 52, 361, 532, 532n, 533, 533n,
Carl ing , Alan 461, 46 In, 465n 534, 537,539-4 0, 545, 549-50, 56 7n, 570
Carlos I 483, 484, 495 C onant, James 392
Carlos v 294 Condorcet, m arqu ês de 365, 365n, 381
Carlyle, Thomas 322 C ontamine, Philippe 88
Carrard, Phillippe 412 C orrigan, Philip 496, 5°3, 508, 508n
Carruthers, M ary 416, 416n Coulanges, Fu stel de 38, 534, 535n, 539n
Cassirer, Ern st 435, 533 n Co urnot, Antoine 431
Cavillac, Michel 527 Co utau-B égarie, H erv é 86, 91,117, lS8n,
Ced ronio , Ma rina 526, 527-28n, 528, 53In, 192n, 206n, 522n
545 n, 555n, 563n Craig, Gor do n 221, 22In
Censer,Jack 425, 425n Cro ce, Benedetto ..p , 241, 398, 404, 463n,
Certeau, Michel de 41, 43, 48, 159n, 262, 4 65n, 534
262n, 442, 442n, 449, 449 n, 57In Cr oix, Alain 53
Ch agall, Marc 132 Cro mwe ll, Oli ver 486, 486n
Ch amboredon, Jean- Claude 174n Crouze t, Denis 67
Chartier, Roge r 38, 43, 45, 376, 412n, 418n) Crouzet, François 84, 85n
4 24, 518-19n, 530, 530n, 560n, 565 Crozie r, M iche l 85, 85n
Chateaubriand, Fran çois-Ren ê de 44, 519 Culler, Jo nathan 40 3
Chatelus, Pierre 111, 11m Curtin, Philip 551, 552n
Chaunu, Huguette 376, 376n Curtius, Ernst Robert 514
Chaunu, Pierre 64, 65, 65n, 67n, So, 81,82,
89, 90n, 91, 97-98, 98n, 99, 112, 114, 114n, D
254, 261, 263, 263n, 352n,353,353n , 374, Danet , Amand 62
376, 376n, 569, 569n D anto, Arthur 233n, 577
Chesne aux, Jean 42 Darnton, Robert 9n, 16n, 28, 29n, 35n, 221,
Chevalier, Louis 103, 104, 355, 355n 22m, 334-35, 337, 396, 424-25, 552n, 560n
Cícero 416 Da ston, Lorrain e 420, 420n
Cip olla, Carl° M. 28, 28n, 196 D aumard, Adeline 130n, 355, 355n, 376
Cl agett, Marshall 395 D avis, Natalie Zemon 9, 29, 29n, 288, 316-
Clanchy, Michael T. 416 -17, 318n, 363, 363n, 408, 56o, 560n, 562,
Clio 61, 86, 114n, 194, 288, 380, 383n 562n
Clough, Shepard 395 D awson, Christopher 575-76
Clóvis 69, 72 Day, John 120, 206n
C obb, Richard 31, 3In, 34-35, 188n De Gaulle, Ch arles 41
Cochrane, Eri c 393, 398 D e Voto, Bernard 395, 395n
Cohen, Gerald Allan 484n, 46 6n, 468n) Dean, Herbert 395
469, 46 9n, 470- 7In, 489n, 49 7n, 49Sn, Degler, Carl 194, 194n, 225, 225n
50 2n D eleuz e, Gill es 547n
Coke, Edward 49 0 DeLillo, Don 593
Coleman,Janet 416, 416n D elumeau, Je an 26, 26n, 53, 61, 545n
Collingwood, Robin Ge orge 398, 402 D errida, Jacques 261-62, 265n, 365,414,
Cornninel, George 496, 496n 453n, 547n, 549,554, 579
607
Descartes, René 83n, 40 5, 4 29, 4 29n, 549, Ellul,Jacques 94, 94n, 107, 107n, no
549n , 565, 569n Elst er.jon 461, 46m, 487n, 497-98n
Détienne, Marcel 288, 418n Elton, Geoffrey R . 31-32, jm, 190n, 211,
Dewey, John 95 21m, 212-13, 410, 55m
Dickens, Charles 30, 394, 450 Elwitt, Sanford 396
Dilthey, Wilhelm 149, 398, 539 Engels, Friedrich 217, 460-66, 460-67n,
Diocleciano 471 4 68-69 , 47 0n, 472n, 474-75n , 475-76,
Dion, Roger 131 4 81, 48m, 484 -87, 4 86-8 7n, 489, 489n,
Dom, Walter 395 492-93, 492-93n , 49 8n, 499, 499 -502n,
Dosse, François 70, 70n, 84, 84n, 87n, 282, 501, 504, 504-06n, 506, 509n, 5nn
282n, 286, 286n, 519n, 545n, 551, 55m , Engerman, Stanle y 20n, 48
sssn Erbe, Mich ael u çn, 125n, 128n
Dostoiévski, Fiódor 360 Erikson, Erik H. 327-31,328n, 332n
Douglas, Mary 23 Ernst, Wolfang 591
Dow, Sterling 391 Étiemble, Ren é 42
Dray, William 232-33n, 233, 5nn Evan s-Pritchard, Edward Evan 23, 288
Drood, Edwin 450
Droysen ,]ohan Gustav jaa, 344n, 361, F
36m , 4 09 Fau connet, Paul 175n
Duby, Georges 27, 27n, 4 2, 45, 53, 60, 68- Fay, Sidney 391
-70, 68n, 70n, 82n, 99, no, um, 112, 151, Febvre, Lucien 22, 32, 33, 39-41, 43-44,
281,287-88, 34 6, 353, 353n, 357,371, 409, 46-47, 49,59,71,75,78,80-81, 8m, 83,
557-58, 557n 85-86, 89, 95n, 96-97, 100-03, 105, n z,
Duchamp, M arc el 584 115-16,1 21-39, 125n, 128n, 138n, 146, 149,
Dumézil, George 43, 86, 93, 94, 100, 107, 153, 155-56, 158,159n, 161-62,162n, 165-79,
107n, 131, 695 167n, 169-76n, 179n, 188, 242, 245-49,
Dumont, Louis 107, 107n 246-49n, 252, 254, 258-59, 261-63, 261-
Dumoulin, Olivier 87, 87n, 160, 168, 168n, -62n, 271-72, 284-85, 290, 342-46, 344-
172, 18m, 284n, 556 -45 n, 348-51, 356-57, 368-71, 36 9-70n, 374,
Dupront, Alphonse 90, 100 376, 409 , 4 24, 514, 520-21, 523,526-34,
Durkheim, Émile 79n, 83, 109, 174, 245, 526-29n, 532n, 534n, 535, 536n, 538-39,
343, 416, 531-34, 531-32n, 535n, 537, 539 544-45 n , 546, 550, 555n, 556-57,557n, 570
Duverger, Maurice 69 Féis, Hebert 301
Fermat, Pierre de 450
E Ferro, Marc 40-41, 43, 45, 59-60, 60n, 68,
Eggleston, Edward 516n 68n, izon, 223, 223n, 355,356
Eichman n, Adolph 580 Feuerbach, Ludwig 394, 414
Eísenstadt, S. N. 561 Filipe IV 422
Eisenstein, Elizab eth 4 23-24, 4 24n Findlen, Paul a 396n
Eliade, Mircea 94, 94n, 100, 131 Finlay, Robert S60, s60n
Elias 576 Fisch, Max 393
Elias, Nobert 25, 25n, 154, 154n, 163n, 281 Fish, Stanley S64n
Ellíot, John 395, 396n , 506 Pleíscher, Helmut 460, 460-62n
608
Fogu, Claudio 590 Gelbart, Nina 425
Fossier, Robert 53 Gel1ner, Ernest 93, 930
Foster,John 481, 481ll Genovese, Eugene 217, 218o, 396, 459, 471ll,
Foucault, Michel ij, 42, 1590, 1790, 230, 472,4730,4800,4860,4930,5°00,5°2-
262-66, 264-650, 276, 348,365-66, 411, -030, 505-100, 6540
4 24, 4 28, 4 280, 450, 45° 0, 545, 549, Gentile, Giovanni 590
5550, 5630, 571ll, 579 Geremek, Bronislaw 139,269-77,2700,
Fox-Geoovese, Elisabeth 217, 2180,5000 5130
Francastel, Pierre 514 Gernet, Louis 131
Franklin, Julian 395 Gibbon, Edward 9-10,516,570
Fraser,]. T. 454 Giesey, Ralph 395
Freedeman, Charles 396 Gilbert, Felix 9, 2630, 3520, 394, 395
Freud, Sigmund 127, 133, 226, 322-23,331, Gille, Bertrand 100
392,5 83 Gillispie, Charles 9
Friedberg, Erhardt 85, 850 Gilmore, Myron 392
Friedmann, Georges 41, 96, 124, 136-37 Ginzburg, Carlo 27, 270, 33,28o, 424
Fromm, Erich 4890 Glénísson, Jean 103,1030
Fueter, Eduard 393, 399-400 Gõdel, Kurt 429
Fukuyama, Francis 359, 3590, 413, 430-31 Godelier, Maurice 475, 4760, 499-5000,
Furet, François 170, 38, 41-43, 52-54, 540, 5°4, 504n, 509
66, 68, 76, 770, 78-79, 780, 850, 1040, Goldmann, Lucíen 132, 491, 491ll
106-07, 1060, 114,1140,1300, 2°4, 2040, Goody, Jack 281, 283
2060, 223,2240, 226, 2270, 254, 261-63, Gortázar, Ign ácio Olábarri 27°0, 512-71
2630, 280-81, 286, 2860, 290, 3520, 356, Goubert, Pierre 15,15n, 42, 70, 75, 114,
3560, 376, 4300, 4670, 4850, 556, 5580, 1140, 337, 3390, 34 6, 349 0 , 375,3750,
571-72,57 20 557,557n
Furtado, Celso 40 Gouesse, jean-Marie 40
Goy,Joseph 42
G Grafton, Anthooy 3960, 424
Gadamer, Haos-Georg 398, 400-01, 5640 Gramsci, Antonio 209, 5030, 505n
Galilei, Galileu 33, 133, 583 Gransden, Antonia 398
Gallagher, Catherine 410, 4100, 4180 Grazia, Sebastian de 396
Gandhí, Mahatma 547 Green.john Richard 187
Gant, Eugeoe 390 Greenblatt, Steven 403, 410, 4100, 4180,
Garraty, john A. 326, 3280 554
Gatterer,Johan Christoph 2930 Grenier, Fernand 1700
Gaxotte, Pierre 71 Guenée, Bernard 377
Gay, Peter 402, 4020, 404 Guerard, Albert 391
Geary, Patrick 416, 4160 Guicciardini, Francesco 406
Geertz, Clifford 22-23, 220, 395, 410, 554, Guízot, François 44, 190, 287, 5160, 519
564 0 Gurevích, Aaron 356, 3560, 4940
GeW,Jürgeo 135 Gutenberg.johanes 425, 435, 449 , 451
Gehlen, Arnold 431 Guyot, Raymond 168
609
H Hilton, Rodney H oward 463, 47m , 473n,
Haberm as, J ürge n 420, 420 n, 546 474n, 4i 6 -i Sn , 48o, 480n , 482-83, 482-
H albwachs, Ma ur ice 1i2, 1i 2n, 416, 526, -83n , 487n, 491, 49 m , 493, 493n, 49 9n,
532n 502,505n
H alfpenny, Pete r 4 9i n Himmelfarb, G ertrude 185-22i, 518,518-
Hamerow, Th eodore S. 291-339, 552, 552n -19n, 553, 564, 564- 65n
H amilton, Earl]. 45, 2i 3, 301 Hindess, Barry 4illl, 4i 5, 475n, 4i7, 4ii-
H ammond, Mason 391 -78n, 502n, 506n
H andlin, O scar 3°9 , 312n, 330, 332n, 339, Hintze, Otto 525
339n, 391, 410 Hir sch, E. D. 440
H ansen, M arcus Lee 302 Hirst, P. Q 4i m, 4i5 , 475n, 4i7, 4i7-78n,
H arrington, James 21, 311 502n, 505-06n
H artog, François 83, 419, 419n, Sim Hitler, Adolph 31, jin , 330, 332n
H auser, Arnold 49 0n, 53111 H obsbawm, Eric 28, 28n, 35, 189,1 96, 19i n,
H auser, H enri 345n 224, 224n, 25m , 296, 30m, 319, 321n,
H ayes, Gile s 222 4 4 6n, 459n, 4i 3n, 475n, 479n, 481-82n,
H ayles, Katherine 429n 4 84, 4 85n, 49m, 495n, 499n, 507n, 523,
H eat on , Herbert 33i , 339n 524n, 553n, 593
H egel, Friedrich 47, 80,213,229, 231, 361, Hofstadter, Richard 226, 524, 524n
4 12,419, 431, 43111, 496n, 516n, 570 Hollinger, D. A. 514, 514n, 565
H eidegger, M artin 265, 364, 400-01, 40 i , H oIt,]. C. 49111
4° 9, 426, 4 29, 583 H omans, Geo rge 315
H eisenberg, Werne r 429 Homero 30
H eller, Cl em ens i 9, 511n H ooke, Rob ert 320
H empel, Carl 232, 232n Horkh eimer, Max 364, 365n
H enrique III 69-iO Hotrnan, François 395
H enrique IV 52i Houts, Elisabeth van 416, 416n
H enrique VIII 395 Hughes, H enry Stu art 243, 300-01, 30111,
H enry, Loui s 66, 375 324- 25 ,3 27, 328n, 391
H erder,Johan Gottfríed 398-99, 399n, 404, Huizinga, Johan 149, 235n, 242, 344 n,
415, 426, 516n 399, 399n, 404, 4° 9, 432, 453, 516n,
Herlihy, D avid 306, 308n 520
Heródoto 137, 282-83, 398-99, 4°2, 4°4, Hume, D avid 440, 516
4 13, 4 15, 4 19,43 1, 44 2, 445, 44 9, 45i , Hunt, Lynn 410, 558n, 562
516,570 Husserl, Edmund Gustav Albrecht 426
H erzen, Alexandre 360
H exter, Jack 98, 98n, 101, 10m, 188n, 259-
-60 n, 395, 4° 2, 402 n, 412,513, 513n, 548, Iggers, Georg G. 21On, 246 n, 250n, 262n,
555, 555n 398, 514ll, 515, 516n , 537n, 567
Heyne, Christian Gottlob 419 Institorís, Heinrich 62
Hill , Christopher 459, 48o, 480n, 484, Irsigler, Franz 55i, 557n
4 84n , 486, 486n , 487, 48in, 489 -90, Israel, Jo nathan 395, 398
4 89- 95n, 493, 495, 503n Izard, Michel z.So
610
J Kierkegaard, Seren 36o, 360n
Jacob, Margaret 410 Kingdon, Robert 398
Jameson, Frederic 414, 547n Kin ser, Samuel 188-89n, 393, 393n
Jardine, Nicholas 396n Kitching, Gavin 5°9, 509 n
Ja spers, Karl 576-77 Kna pe. joachírn 398
j aur és, Jea n 523 Kock a, Jürgen 5°911, 544
Jay, Martin 503n, 564n Kolak ows ki, Leszek 275, 459n
Jefferso n, Thomas 325-26, 329-30 Ko selleck, Reinhart 255n, 262n, 348, 34 8n,
j ohns, Adrien 424 39 8
J oh n son, Alvin S. 246-48n Kousser, J. M organ 210n, 307, 308n, 543,
Johnson, Rich ard 48m, 4 86n 55m
J olas, Tina 58 Koyr é, Ale xan dre 133
J oli ot-Curie, Fré déric 175n Kra cau er, Siegfried IS0, 151ll
J on es, Gar eth Stedm an 4 81ll, 505-06n KriegeI, Ann ie 4 2, 74, 75n, 82, 8211
j ones, H oward M u mford 391 Kristeller, Paul 394 , 396
Jo ne s,J uan Pab lo 516 Kubler, Geo rge 272, 452n
J onson, Ben 390 Kuhn, Th omas 101,10m , 432, 514, 514n, 515
Jordan, Dav id P. 25, 25n, 46 3n, 471ll Kupferm an, Fred 68
J osé II 325
J oyce, Davis D. 517n, 524n L
Joyce,James 391, 399-4 00, 413 La B1ache , Pau l Vidal de 343, 374, 526
Joyce , P. 547n Labrou sse, Ernest 4 1,49, 54, 68, 7811, 102,
Julia , D omin iq ue 43 112, 114 , u6, 125, 143, 146, 149, 181-83, 272,
Juliá, San to s 561, 561ll 351, 35m, 376
Jung, C arl Gu stav 331 Lacan, J acq ues 261, 579
J ünger, Ernst 360 LaCapra, D om inick 4 ° 3, 4° 7, 407n, 4 08-
10, 56011
K Lacombe, Pa ul 198n , 272, 534
Kafka, Franz 226, 391 Lacouture, Jean 90
Kam men, Michae l 16n , 35n, 19411, 210n , Ladurie, Emmanu el Le Roy 12,12n, 15,
221ll, 308n, 335, 337n, 552, 552n 15n , 21, ain , 27, 27n, 28, 32, 32n, 35, 35n,
Kant, Immanu eI 372, 419, 528, 532n, 533, 39n , 4 0-43, 45, 51, 51ll,53, 64, 69, 69n,
545, 54 8-49 ,563, 563n, 585-86 75-76, 82n, 97, 9711, 98, 9811, 99-100, 100-
Karady, V. 79n , 83 -oin, 112, U2n, 114, 114n, 120, 126,
Karpovich, M ichael 391 151, 192n, 196, 20 611, 254, 261-62, 26311,
Kautsky, Karl 469, 469n, som, 504n, 506n 274, 277, 287,294, 295n, 299, 301ll,
Kehr, Eckart 525 30 6, 30 8n , 34 6-4 8, 349n, 352, 352n, 354,
Kelln er, H an s 363n, 403, 40 8, 408n, 409- 376-77, 518, 557, 557n , 558, 562, 564,
-ro, 4 un, 412, 4 13n 56 4-65n
Kelly, C. 547n Lamprecht, Karl 95, 102, 186-87, 241, 272,
Kcrnpe, M argery 217 34 2, 4 ° 9, 516, 516-17n, 523, 525, 534, 535n,
Kenyo n,Joh n 32, 32n 536-37, 537n , 538-4 0
Keynes, J oh n Maynard 376 Lamy, Bernard 56911
611
Landes, David S. 2S2n, 310,312n,31Sn, 524, Lucas, Colin 195n
525n, 544n Luciano 406
Langer, William L. 323-24, 325n, 326, 328, Luís VI169
328n, 332n, 391 Luís XIV70, 90, 294
Langlois, Charles-Victor 48, 101, 106, 167n, Luís XVI25,325
176n, 368, 368n Lukács, Georg 503n, 581
Laslett, Peter 154, 273 Lukes,S. 465n, 501,som, 53m
Lavin, Irving 395, 417n Lutero, Martin 328-29, 350
Lavisse, Ernest 62, 69, 162 Lützeler, Paul Michael 549n
Lavoisier, Antoine 583 Lyon, Bryce 29, 29n, 39m, 528n, 536-38n
Le Bras, Gabriel 376 Lyon, M. 528n, 536n
Le Goff,Jacques 29n, 38n, 40-44, 44n, 45- Lyotard,Jean-François 365, 414, 428, 4280,
-49, 49n, 53,56, 58n, 59, 61,67, 67n, 74, 430,440, 547n, 54 8, 548-49n, 568, 589
81, 82n, çin, 96-98n, 113, 113n, 114,114n,
115, 115n, 116, 132, 176n, 195n, 206n, 21On, M
250n, 262, 262n, 280-82, 299, 30m, 346, Mabillon,Jean 62, 568, 569n,
34 8, 348n, 353,353n, 357,375-76, 4°9, Macauley, Thomas Babington 189
518n, 519, 519n, 520-22, 530n, 557,558n, MacHardy, K. J. 550n, 564n, 565
561,56m, 57m Magno, Carlos 69, 72, 536
Lebrun, Jean 94n Maier, David P. 552n
Lebrun, François 53, 67n, 68, 68n Mailer, Norman 391
Lefebvre, Georges 182, 463n, 484, 48sn Maim ônides, Moisés 591
Letf, Gordon 459n, 501,som MaIaurie,Jean 80n
L ênin, Vladimir Ilitch 217, 326, 365, 469, Malebranche, Nicolas 569n
469n, 48m, 523n Malia, Martin 76n, 391
Léon, Pierre 555,556n Malinowski, Bronislaw 14, I4n, 127
Lepetit, Bernard 182n, 354, 559, 559n Mandelbaum, Maurice 204n, 386
Levi, Giovanni 56o, 560-6m, 565 Mandrou, Robert 25n, 40, 132, 346, 353,
Levin, Harry 391 353n, 376
Levine, A. 46m, 470-7m Mann, Hans-Dieter 555n
Levine,Joseph 398 Mann, Michael 499n, soon
L évi-Strauss, Claude 132, 255-56, 256n, 257, Mann, Thomas 391, 410
257n, 258, 260-61, 285-86, 350, 372, 555, Mannheím, Karl 236, 241
555n, 580, 591 Manning, Brian 483, 483-84n
L évy-Bruhl, Lucien 175n, 350, 376, 526, Mantoux, Paul 528n, 534
532n Mao Tsé-Tung 46
Lincoln, Abraham 326 Maquiavel, Niccol õ 18, 211, 586
Lívio, Tito 413 Marcel, Gabriel 576-77
Lombard, Maurice 275 Marcuse, Herbert 365
Loon~E.469,469n,505n Marquardt, üdo 401, 40m
Lopez, Robert 120 Marrou, Henrí-Irénée 39, 47
Lovejoy, Arthur 396-97 Martel, Charles 72
L õwith , Karl 576 Martin, HenriJean 424
612
Martin, John E. 478n , 483, 483n Michelet,Jules 44, 51-52, 76, 139, 171, 190,
Marvell, Andrew 491 255, 270,293,401,4°4-06, 4 1O- U, 413,519
Marx, Karl n-rz, 17, 38, 46-47, 49-50,73,76, Mikkeli, Heikki 396n
83, 86, 94 , U3, u 6, 124, 126-27, 131, 136-37, Miliband, Ralph 46211, 487-88n, 506-o7n
149, 151-52, 182,187, 189, 193,206n, 208, Miliukov, Pavel zxa
217-18,253,270-71, 274, 325,34 1, 351,356- Mill,John Stuart 510,510n
57,3 61, 365, 377, 382, 387, 392, 394- Miller, D. som
-95, 397, 404, 414, 418, 420-21, 428-29, Miller,James 46m
451,458-5u , 520 -23, 525, 529, 537,540, Miller, Perry 391
542-46, 548-49, 559-60, 56m, 567n, 570, Miller, Peter 391, 396n
576, 58o, 588 Miller, R. H. 469-70n, 507n
Marzocchi, René 79 Millet, Hélene 49
Mason, Tim 481, 48m Millett, K. 500n
M astrogregori, Massimo 526, 526-27n, 53m Milsky, C. 41
Mathiez, Albert 57 Milton, John 492
M attingly, Catarina de Aragão de 395 Mitterrand, François 223
Mattingly, Garrett 395 Mornigliano, Arnaldo 398, 568, s68n
Mauss , M arcel 54, 109, 151, 175n, 282, 288, Mornrnsen, Theodore 293, 404
350,52 6,5 29 Monnerot, Jules 112, ujn
Mazlísh, Bruce 253n, 324, 325n Monod, Gabriel 94n, 165, 167
Mazon, Brig itte 79n, So, 80n, 8sn, 87, 87n, Montaigne, Michel de 137, 428, 435
88 Moore, Bar rington 315, 561
M cIlwain, Charles Howard 338, 339n Morazé, Ch arles 96, 136-37, 355,35Sn, 531,
McKay, Donald 392 S3m, 54sn, s66n
McKitterick, Rosamond 416, 416n , 422, Morineau, Míchel a s, 45n, 46
4 22n Morison, Samuel Eliot 391
McLuhan, M arshall 425, 425n, 435, 451, Mousnier, Roland 371, 392-93
45ill M oyer, Ann 396
Megíll, Allan 264-65n, 413, 413n, 414, 417n Müller, Bertrand 160n, 169, 169n, 174n,
Meillet, Antoine 79 528n
Meinecke, Friedrich 230, 234, 234-35n, 236, Müll er, J an-Werner 416n
236n, 237, 237n, 238, 238n, 241-42, 394, Mulsow, Martin 396n, 398
398, 409 , 422 Mumford Jones, Howard 391
Melanchthon, Philipp 423 Mundy,John 395
M enache, Sophia 422, 422n, 424n Munz, Peter 398
Merk, Frederick 391 Muratorí, Ludovico Antonio 516
Merleau-Ponty, Maurice 426, 42 6n, 576
Merton, Robert K. 22, 46 8n N
Meuvret, Jean 41,375 NadeI, G eorge H. 524
Meyer, Donald B. 328 Namier, Lewis 32, 226, 492n
Meyer, Eduard 398 N apoleão III 278
Meyerhoff, Hans 324, 325n Neale, R . S. 495, 495n
M eyerson, Ignace 529 Nelville, Sylas 320
613
Ne vins, All an 338, 339n, 395, 402 , 402n Pégu y, C harles 91, 370n
Newto n , Isaac 133, 372, 583 Pep ys, Sam ue l 320
Nichols, Roy 210n Perroy, Ed ouard 131
Nicholson, Marjorie 395 P étain, Philip p e 68
Nieb uh r, R einhold 178, 404, 516 Piaget, Je an 110n , 256, 256n
Nietzsch e, Fr iedrich 193, 226, 36o, 364, Pirenne, H enri 44, 131, 287, 392, 520, 528,
4° °, 4 00n , 4 01, 40 m , 412, 427, 429, 441, 528n , 536, 536n, 537-39
454, 455n, 549 n , 577, 584, 59 2 Plam enatz, john Petrov 501, 50 m
Nisbe t, R ob ert 200 , 200n, 499 n, 53m Pl atâo 23, 74, 133
No ra, Pi erre 42-43, 47-4 8, 58n, 67n, 82n, 88, Plekhanov, G ueorgui Valentin ovich 469 ,
90, 90-9 m , 97-98n, 113-14n, 166n , 184n, 4 69 n
195, 195-96n, 206n, 2100, 250n, 262, 262n, Pocock. john G.A 24, 148, 148n, 394, 398,
356n , 40 1, 416,519, 519n , 56m , 57m 495n
Novalís 450 Poirot , H ercu le 398
Novick, Peter 362n, 363, 364 n, 4170, 552, Polan yi, Karl 281, 288, 561
5520,565,5 77 Políb io 398, 431-32
Pope, Ale xand er 457
o Popkin, D ick 395
Oakes h ott, Michael 193 Po pkin, J eremy 425
Occam, Guillaume de 82 Popkin, Richard 398
Orr, Linda 4 03 Popp er, Karl 94n, 232, 2330, 277, 459n , 511n
Ortega y Gasset, J osé 567, 567n Po tte r, David 210n
O wen, D avid 392 Po ulant zas, Nicos 462n
O zou f,Jacq ues 17n, 376 Pound , Ez ra 585
Ozouf, Mona 42, 57-58, 355, 355n Po uss ou, j can-P ierre 64, 66
Pr az, Mario 575
p Prescott, William H . 293
Padover, Saul K. 325-26, 328n Prost, Antoin e 52, 176, 176 n
Pag de n, Anthony 148n, 396n, 398, 42m Pr oudhon , Pi erre-Joseph
Pages, Ge or ges 89 Pro ust, Marcel 391, 581, 584
Palmer, R ob ert 396 Pync h o n, Th omas 593
Pan nwitz, Rud olf 427, 427n, 4 28
Pano fsky, Erw in 417 R
Paret , Peter 395 Rabb, Theodo re çn, 2100 , 396, 552n
Park, Kathe rine 420, 420n R abelais, François 128, 350-51
Parker, D. 4 88n, 508, 50 8n Ra cine , J ean 133, 491
Par ker, Harold T. 21On, 250n, 262n R alegh, Wa lte r 490
Parkin, F. 499-500n , 510n Randall,]. H . 385
Parki ns o n, Cyril N orthcote 80 Ranke, Leop old von 11, 125, 145, 189, 229,
Parkman, Fran cis 190, 293 237-38,2 93, 341,344, 346,361 -63, 394,
Pascal, Blais e 491 40 4, 406-08,410-13,4 26, 447,516,516n,
Passeron, J ean- Cl aude 166n 526, 54 2, 545, 56 7, 56 7n, 570, 586,
Patlagean , Évelyne 288 R anum, Orest 393, 393n
614
Ratzel, Friedrich 343 Sartre, Jean-Paul 84, 256, 260-61, 576-77, 580
Razi, Z. 480, 480n Saussure, Ferdinand de 371,554
Reelus, Elisée 139 Savigny, Friedrich Carl von 395
Renan, Ernst 534, 535n Sayer, Derek 469, 469n, 496n, 503n, 506n,
Renaudet, Augustin 89, 89n 508,508n
Renouvin, Pierre 89, 89n Sayers,J.499-500n
Revel,Jacques 38n, 39-40, 42-43, 45-46, 77, Schama, Simon 31, 3m, 563, 563-64ll, 570
115, 115n, 159n, 179, 179n, 354, 518n, 519, Schevill, Ferdinand 390
519n, 530, 530n, 559, 559n, 56m Schiebinger, Londa 396
Richet, Denis 40, 42 SchJesingerJ~,J\rthur391
Rickert, Henrichjçê, 5H Schlõzer, Ludwig von 293, 293n, 302, 305n,
Ricceur, Paul 47, 401, 438, 438n, 581, 587 516
Rigney, Ann 411, 412n Schmídl, Fritz 331, 332n
Rilke, Rainer Maria 436, 436n Schrnidt, Charles 398
Ritter, Carl 343 Schrnitt, Carl ioên, 360
Robespierre, Maxirnilien François Marie Schrnitt,Jean-Claude 43, 45, 54, 59, UO, 282
Isidore de 365 Schnapp, A. 43
Robin, R égíne 496, 496n, Schneewind,J. B. 396n
Robins, K. 507n Schneider, Ulrich 396n, 398
Robinson, James Harvey çn, 95n, 186-87, Schorske, Carl çn, 391
187n, 189, 204, 241, 24m, 322, 337, 478n, Schõttler, Peter izõn, 129,129n
516, 517n, 524 Schulín, Ernst 142
Roche, Daniel 43, I80n, 183, 183 Sebald, W. G.593 -94
RoeIker, Nancy 398 Segalen, Martine 42
Roemer,John 465n Seidman, Steven 427-28
Roosevelt, Franklin 197 Seigel,]errold 396
Roques, Mario 79 Seígnobos, Charles, Robert William 48,
Rothkrug, Lionel j çjn 101,106,164,167, 167n, 168, 174-75, 175n,
Rougerie,Jacques 42 176, 176n, 177,179-80, 183, 284, 345, 368,
Roupnel, Gaston 374 368n,53In
Rud é, George 28n, 482, 48m, 484, 485n Sêneca 219n
Runia, David T. 590 Se~ell,VVilIiam562
Rüsen,Jõrn 344, 398, 513n, 522- 23, 54 0, 551 Shaw, George Bernard 477n
Russell, Bertrand 32n, 200 Shaw, W. H. 466n, 469, 469n
Russell, Conrad 32 Shorter, Edward 306, 308n
Shotwell.james Thomson 322
S Shrimpton, Gordon 416, 416n
Sahlins,Marshall288 Siegel,Jerry 5l7, 517n, 5H, 5H-35n
Ste. Croix, G. E. M. de 465n, 476, 476n, Siegfried, André 176
479, 479 n, 503n Simiand, François 43-45, 49, 172n, 175n,
Saint-Exupéry, Antoine de 138 179, 179n, 180, 180n, 181-82, 198n, 249,
Salmon, John 395 263,272,343, 343n, 376, 519, 526, 530-31,
Salomão 435 53In,533-34
615
Simmel, Georg 398 Tarde, Gabriel 75
Simon, Richard 569n Tawney, Richard Henry 390
Simon, W. M. 531, 532n Tessitore,Joe 539-40n
Skinner, Quentin 23,396n, 398 1hierry, Augustín ion, 109ll, 190, 411
Skocpol, Theda 561,56m Thom, René Frédéric 274
Sleidan, Johann 406 Thomas, Keith 29, 29ll
Smith,J\.i\.471n Thompson, Edward Palmer 28, 28n, 35, 67,
Smith, Bonnie 392 189, 196, 274, 277, 4 10, 459ll, 462ll, 464,
Smith, G. N. 503n 464ll, 482, 482-83ll, 485-86n, 488, 488ll,
Soboul, Albert 484, 485n 494-95, 505, 505-06ll, SlOn
Soll,Jacob 424 Thompson, James Westfall399
Sorokím, Pitirim 315 Thou, jacques-Auguste de 393
Sot, MiChel282 Tilly, Charles 79, 79ll, 186, 186n, 252n, 315,
Southcott,Joanna 482 315n, 318ll, 524, 525n, 544n, 561,56m
Spengler, Oswald 361,36m, 398, 427 Tilly, Richard 32m
Spiegel, G. M. 547n, 565 Tocqueville, Alexis de 21,311, 404
Spinoza, Baruch 569n Todd, Ernmanuel e.z, 75, 75ll
Sprenger,Jacques 62 Tolstói, Live 413
Sproenberg, Heinrich 538 Torres, Félix 74, 74n, 90, 90n
Stálin,Joseph 326,391, 463n, 469, 469n, Toubert, Pierre 53-54
472,5 1On Toulmin, Stephen 147, 147n
Stearn s, Peter 197n, 203, 206n Touraine, Alain 41
Stein, Gertrude 581 Tours, Gregório de 322
Stephenson, Carl 392 Toynbee, Arnold ], 47, 230, 238, 238n, 239,
Stockhausen, Karlheinz 592 239n, 240, 242, 361,36m, 390, 428, 433,
Stoianovich, Traian 77, 77n, 188n, 196n, 54°,575
206n, 342n, 446, 446n, 529n , 555n Trevelyan, George Macauley 192,206-07,
Stone, Lawrence 29n, 75, 75n, 186, 196, 204, 207n, 217ll, 272, 382, 383n, 402
204n, 220-21, 22m, 262n, 276, 298, 30m, Trevor-Roper, Hugh 31, 3m , 33, 33n, 35, 115,
310-11, 312n,315, 318n, 319-2°, 32m, 329, 115n
332n, 333-34,336-37n, 338, 339n, 396, Trexler, Richard 41
402, 402n, 518, 519n, 52m, 541, 54m, 542, Troeltsch, Ernst 236
542n, 547, 550, 553,553n, 554, 554n, 558n, Trollope, Anthony 413
563, 563n, 565, 567 Tromph, G. W. 570, 570n
Sweezy, Paul 474, 474n, 478 Tr ótski, Leon 469, 469n, 485n
Syagrius 72 Tucídides 9-10, 398, 406, 414, 431-32, 449,
Syrnons, J. A 31, 3m 457,57°
Turner, FrederickJackson 95, 322, 391, 524
T Turner, Victor 23
Tácito 9
Thackeray, William Makepeace 413 V
Tagliacozzo, Giorgio 398-99 Vaihinger, Hans 429
Tapié, Victor-Lucien 89 Valensi, Lucette 13m, 288
616
Varga, Lucie 126n, 127-28 Windelband, Wilhelm 398
Veít-Brause, Irrnline 514, 514n Wittke, Roxane 393
Velay, Louis 79 Wolfe, Thomas 390-91, 39m
Verene, Donald 396n, 398 Wolfesperger, Alain 107, 107n
Veyne, Paul 54, 82n, 83,114,114n, 439, 410n, Wolff, Philippe 377
568, 568n, 571, 57ill Wood, A. W. 466, 476, 476n, som, S04n,
Vian, Boris 149 S07n
Víco, Giambattista 47,2°3,396,398-99, Wood, E. M. 461-62n, 470-7111, 473n, 477n,
4 08, 4 12, 4 19, 43 6, 575,586 483n,496,496n,509n
Vídal-Naquet, Pierre 288 Wood, G. 564n
Vilar, Pierre 41, 49, 49n, 125n, 206n, 520, Woodward, Comer Vann 319, 32m, S2sn
529,57° Woolf, Virginia S81, S8S
Villari, Pasquale 540n Wundt, Wihelm S37
Vílle, Georges 41 Xénopol, Alexandru Dimitrie S34
Vives, Jaime Vicens 8m, 273n
Voisin de la Popelíniêre, Lancelot Szn Z
Voltaire 44, 51,405, 516,519, 570 Zeldin, Theodore 2sn, 19S
Vonnegut,Kurt 593 Zeller, Gaston 89
Vovelle, Michel aj, 353,353n Zunz, Olivier S61, s6m
Zwahr, Hartmut S09n
W Zysberg, André 67
Wachtel, Nathan 59
Waelder, Robert 329, 332n
Waite, Robert G. L. 330, 332n
walbank, Frank William 471, 472n, 476,
476n
Wallerstein, Immanuel Szn, 480n, 503n,
509n, 561
Waquet, François 425, 425n
Weber, Max 22,95,102,169,253,276,341,
343, 462n, 4 89n, 498, 499n, 5°9, 525,
539, 568, 577, 580
Wehler, Hans-Ulrich 253-54n, 544, 570
Weintraub, Jerry 242n, 516, 516n
Wells, Hebert George 187,187n, 188, 188n,
39°
Werth, Léon 138
White, Hayden ion, 235n, 24m, 264n, 4°3,
4°4, 4 04 n, 405-07, 4°9, 412
White, Morton 395
Wilde, Oscar 585
Williams, Raymond 410, 419, 419n, 503n,
506n
617
BIBLIOGRAFIA GERAL
VOLUME 1 - PROPOSTAS E DESDOBRAMENTOS
INTRODUÇÃO
ANDERSON, Per ry. A criseda crise do marxismo, introdução a um debate contemporâneo, trad .
D eni se Bottmann. São Paulo : Brasiliens e, 1983.
___ _ _ . Considerations on Westertl lvIarxism. Lond res: New Left Books, 1976 ledo
bras.: Conside rações sobre o marxismo ocidental, tr ad. Marcelo Levy. São Pau lo : Brasi-
liense, 1989].
_ _ _ _ o O fim da história de Hegel a Fukuyama, tr ad. Álva ro Cab ral. Rio de Janeiro :
Jorge Zahar, 1992, pp . 81-118.
ANDRÉs-GALLEGo,José (o rg.). N ew History, Nouvelle Histoire: Hacia una mu va Historia.
Madri : Ac tas, 1993.
ARO N, Raymond. Lecciones sobrela Historia - Cursos dei College de France, trad . esp . M é-
xico: Fondo de Cultura Eco nómica, 1996.
ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica, teoria e método, tr ad . Andréa D óre. Bauru (sr-) :
Edusc, 2006.
BAHNERS, Patrick. "National Unific ation and Narrative Unity: The Ca se of Rankes Ger-
man Hisiory" , in S. Berger & M . Donovan (orgs.) . Writing National Histories: Western
Europe since 18 0 0 . Londres / N ova York: Ro utl edge, 2002, pp. 57-68.
BAKHTINE, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de
François Rabelais, trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo : Hucitec, 1996.
BARNES, Ha rr y Elmer. A History of Historical Writing. Nova York: University ofOklahoma
Pre ss, 1937.
_ _ _ _ (org.). Tne History and the Prospects of the Social Sciences. Nova York: Alfred
Knopf, 1925.
BERLIN, Isaiah. Liberdady necesidad en la Historia, trad. esp. Madri : Revi sta de Occidente,
1974·
BERR, H enri. La siniesis en Historia, tr ad. esp. Mé xico: Uteha, 1961 ledobras.: A síntese em
história. São Paul o : Renas cença, 1946].
B1ARD, Agnes: BOUREL, Domini que & Eric BRlAN (orgs.) . Henri Berr et la culture du xx'
si êcle, histoire, science et phitosophie. Ac te s du Colloque International, out. , 1994. Paris:
Albin Miche l, 1997.
BIZIERE, Jean-Maurice & Pie rre VAYSSI ERE. Histoire et Historiem: Antiquité, Moyen Âge,
Fran ceModerne et contemporaine. Pari s: H ach ett e, 1995.
BLOCH, Marc. Apologie pour l'histoire ou Métier d'historien , ed. crítica, Étienne Bloch
(org.) . Paris: Armand Colin, 1993 [ed, bras.: Apologia da história, trad. André Telles. Rio
deJaneiro : Zah ar, 2002 ].
_ _ _ _ _ . Les Caracteres originaux de l'histoire ruralefrançaise. Paris: Ar m an d Colin,
1952 .
BOURDIEU, Pierre; CHAMBoREDoN,Jean-Clau de &Jean-Claude PASSERON (or gs.) . El ofi-
cio de sociólogo: Presupuestosepistemológicos, trad. esp . México: Siglo XXI, 1993.
619
BRINTON, Crane. Anatomia das revoluções. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1958.
BURRE, Peter. "O uverture: The New History, its past and its future", in Peter Burke (org.),
New Perspectives on Historical Writing. University Park: Pennsylvania State University
Press, 1995, pp. 1-23.
_ _ _ _,. A Revolução Francesa da historiografia:A Escola dos Annales (1929'1989 ),trad.
Nilo Odália. São Paulo: Unesp, 1992.
BURROW, John. History of Histories: Epics, Chronicles, Romances and Inquires from Herodo-
tus and Thucydides to the Twentieth Century. Nova York: AlfredA. Knopf, 2008.
CANTIMORI, Delio . "Lucien Febvre", in Los historiadores y la historia, trad. esp. Barcelona:
Península, 1985, pp. 149-87.
CARBONELL, Charles-Olivier, Histoire et historiem, une mutation idéologique deshistoriem
français, 1865'1885. Toulouse: Privat, 1976.
_ _ _ _.L'Historiographie. Paris: PUF, 1981 [ed. port.: Historiografia. Lisboa: Teorema,
1992].
CARBONELL, Charles-Olivier &Jean WALCH (orgs.). LesSciences historiques de l'antiquité à
nosjours. Paris: Larousse, 1994.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Ensaios racionalistas: Filosofia, ciências naturais e histôria. Rio
deJaneiro: Campus, 1988.
CARPEAUX, Otto Maria. Hist6ria da literatura ocidental, 3~ ed. Brasília: Senado Federal,
2008,4 v.
CERTEAU, Michel de. L'Écriture de L'histoire. Paris : Gallimard, 1975.
CHRISTIAN, David. Big History: The Big Bang, Life on Earth, and the Rise of Humanity.
Chantilly (Virgínia): The Teaching Company, 2008.
_ _ _ _o Maps of Time: An Introduction to BigHistory. Berkeley: University of Califor-
nia Press, 2004.
CLARK, George. "General Introduction: History and the Modem Historían", in]. R. Poter
(org .). New Cambridge Modem History, The Renaissance. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1971, v. 1, pp. XVII-XXXVI.
CLARK, Gregory. A Farewell to Alms: A Brief Economic History of the World. Princeton:
Princeton University Press, 2007.
CLARK, Stuart (org.). TheAnnalesSchool- Criticai Assessments. Londres: Routledge, 1999,
4v.
COBBAN, Alfred . A interpretação social da Revolução Francesa, trad. Ana Falcão Bastos . Lis-
boa: Gradiva, 1988.
COSTELLO, Paul. History and Theory - Theme Issue 34 - World Historiam and their Goals.
Middletown: Wesleyan University, 1995.
_ _____.: World Historians and their Goals, Twentieth-Century Answersto Modernism.
DeKalb (Illinois): Northern Illinois University Press, 1994.
COUTAU-BÉGARIE, Hervé. Le Phénoméne nouvelle histoire - grandeur et decadence de I'École
des Annales. Paris: Economica, 1989.
CROCE, Benedetto. Storia della storiografia italiana nel secolo decimonono. Bari: Laterza,
1921.
620
_ _ _ _o Teoria e storia della storiografia. Bari: Laterza, 1973.
DALÉSSIO, Márcia Mansor. "Memória: leituras de M . Halbwachs e P. Nora". RevistaBra-
sileira de História. Memória, História, Historiografia. Dossiê ensino de história. São
Paulo: ANPUH / Marco Zero, 1993, v. 13, n. 25-26, pp. 97-103.
DAIX, Pierre. Braudel. Paris : Flammarion, 1995.
DERRIDA, Jacques. De la gramatologie. Paris: Gallimard, 1967 [ed. bras.: Gramatologia,
trad. Miriam Chnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 1973].
Historia social/sociologia histórica. Madri: Siglo XXI, 1989.
DIAZ, Santos Juliá.
DILTHEY, Wilhelm. ''Acerca dei estudio de la Historia de las ciencias del hombre, de la
sociedad y dei Estado", in Psicología y teoria deiconocimiento, trad. esp. México: Fondo
de Cultura Económica, 1951, pp. 373-410.
_ _ _ _ o Introducción a las ciencias dei espíritu, trad. esp. México: Fondo de Cultura
Económica, 1949.
DOSSE, François. Histoire en mieties, des "Annales" à la "nouvelle histoire". Paris: La Décou-
verte, 1987 [ed. bras.: A história em migalhas, dos Annales à Nova História, trad. Dulce
Oliveira Amarante Santos e José Leonardo do Nascimento. Bauru (se) . Edusc, 2003].
DU]OVNE, Leon. EI pensamiento histórico de Benedetto Croce. Buenos Aires: Santiago
Rueda, 1968.
FENTRESS, James & Chris WICKHAM. Memóriasocial: Novasperspectivas sobre o passado,
trad. TeIma Costa. Lisboa: Teorema, 1994.
FERGUSON, Niall (org.). Virtual History: Alternatives and Counterfactuals. Londres: Mac-
Millan, 1998.
FINK, Carole. Marc Bloch - A lifein history. Cambridge: Cambridge University Press, 1989
[ed, port.: MarcBloch: Uma vida na história. Oeiras: Celta, 1995].
FOGEL, Robert William. Los[errocarriles y el crecimiento económico de Estados Unidos: En-
sayos dehistoria econométrica, trad. esp. Madri: Tecnos, 1972.
_ _ _ _.lCual de los caminos ai pasado? Dos visiones de la historia, trad. esp. México:
Fondo de Cultura Económica, 1989.
FOGEL, Robert William & Stanley L. ENGERMAN. Time on the Cross: lhe Economics of
AmericanNegro Slavery. Nova York: W W. Norton, 1989.
FONTANA, Josep. Historia : Análisis deiposadoy proyecto social. Barcelona: Grijalbo, 1982
[ed. bras.: História: Análise do passado e projeto social, trad. Luiz Roncari. Bauru (sr).
Edusc, 1998].
FUETER, Eduard. Geschichte derNeueren Historiographie. Trad. fra., 1914. Trad. esp., 1953.
FUKUYAMA, Francis. O fim da história e o último homem, trad. Aulyde Soares Rodrigues.
Rio de Janeiro: Rocco, 1992.
GOLDMANNI Lucien. Ciências humanas efilosofia, trad. Lupe Cotrim Garaude e José Ar-
thur Giannotti. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970.
_ _ _ _.Le Dieu cach é, étude sur la vision tragique dans les Pensées de Pascal et dans le
th éãtre deRacine. Paris: Gallirnard, 1959.
GORTÁZAR, Ignacio Olábarri. "La Nueva História, una estructura de larga duración", in
José Andrés Gallego (org.). New History, Nouvelle Histoire: hacia una nueva Historia.
621
M adri: Actas, 1993, pp. 29-83. Tr ad . ing.: "New ' N ew Hi story : ALon gue Durée Str uc-
tu re" History and Theory, v. 34, n . 1, 1995, pp . 1-29.
G RA NT, M ich ael (org.) . TheAncient Historiam. Nova York : Barnes & No ble Books, 19 94 .
GREEN, Anna & Kathleen T ROUP (orgs.) . TheHouses of History: A Criticai Reader in Tweli-
iieth -Century History and Theorv. N ova York: N ew Yor k University Press, 1999.
H AL BWACHS, Maur ice. A memória coleiiva, trad. Laurent Leon Schaffter. São Paulo: Vér-
tice, 1990.
HAN D LIN, Os car. Truth in History. C ambridge ( MA ) : H arvard University Press, 1979 [ed.
bras.: A verdade na História. São Paul o: Martins Font es, 1982].
H ER ODO TOS. História, trad., introdução e notas de M ári o da Gama Kury. Brasília: UN B,
19 88.
HERSA NT, Yves & Fab ienne D URAND - BO GAERT. Europes, de l'Antiquité a li xx siecle. Paris:
Rob ert Lafon t, 20 0 0 .
H OB SBAW M, E.J. "Introduction : inven ting tra ditio ns",in E.J. Hobsbaw m & Terenc e R an-
ger (orgs.) . TIu Iltve11tion of Tradition. Ca mbri dge: Cambridge U ni versity Pre ss, 1994,
pp . 1-14 [ed. b ras.: A illl'etJção das tradições, trad. Ce lina Cardim C ava1canti. 4~ ed. São
Paulo: Paz e Terra, 20 06 ].
_ _ _ _o On History. Londres : Weidenfeld & N icho lson, 1997 [ed. bras.: Sobre história,
trad. Cid Knipel Moreira. São Paulo : Companhia das Letras, 1998 ].
_ _ _ _ et ai. (orgs.), História do marxismo, trad. Carlos Nelson Coutinho e Nemesio
Salles. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1979, v. I. 12 v.
HORNBLOWER, Simon (org.). GreekHistoriography. Oxford: Clarendon Press, 1996.
HUIZINGA, Johan. El concepto de la Historia, trad. esp. México: Fondo de Cultura Econ ó-
. mica, 1946.
HUNT, Lynn (org.). 'IheNew Cultural History. Los Angeles: University of California Press,
1989.
IGGERS, Georg G. "Introducci ón",in La ciencia histórica en elsiglo xx: lastendeneias actua-
les, trad. esp. Barcelona: Idea Books, 1998, pp. 14-2.3.
_ _ _ _o "The Middle Phase: The Challenge ofthe Social Sciences", in Historiography
in the Twentieth Century. Hanover (New Hampshire): Wesleyan University Press, 1997,
pp. 49-96.
JENKINS, Keith (org.) . ThePostmodern HistoryReader. Londres: Routledge, 1997.
KATES, Gary. Monsieur d'Eon é mulher: Um caso de intrigapolítica e embuste sexual, trad.
Rubens Figueiredo. São Paulo : Companhia das Letras, 1996.
KELLEY, Donald Reed (org.). Versions of Historyfrom Antiquity to ihe Enlightenment. New
Haven: Yale University Press, 1991.
_ _ _ _o Facesof Historyfrom Herodotus to Herder. New Haven: Yale University Press,
199 8.
KIRK, J. S. El mito: Su significado y funeiones en las distintas culturas, trad. esp. Barcelona:
Barrai, 1971.
_ _ _ _ .TheNature of GreekMyths. Londres: Penguin, 1974.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Montail/ou, vil/age aceitan. Paris: Gallimard, 1975.
622
LE GO FF, Jacques. "Intro dução", in Marc Bloch. Les Rois ihaumaiurges. Paris: Gallimard ,
1983, pp. X-XXXVIII.
_____. Memória-História - Enciclopédia Einaudi, trad . porto Lisboa: Imprensa Na·
cio nal, 1984, v. 1.
LE GOF F, Jacques & Pierr e NORA. "Aprese ntaçã o', in História: Novosproblemas, trad. Theo
Santi ago. Rio de Janeiro: Franci sco Alves, 1979 , pp. 11-17.
_ _ _ _ (orgs.) . Faire de I'histoire. Paris: Gallimard, 1974, 3 v.
LEFEBVRE, G eor ges. EI nacimiento de la hisioriograjia modema, trad. esp. Barcelona: Ma r-
tíne z Ro ca, 1974.
L EVRA ULT, Léon . L'Hisioire, évolution du genre. Pari s: Lib rairie Clas siqu e Paul Delaplan e,
190 5.
LOWE NTHAL, David. The Past is a Foreign Country. Ca m bridge : Cambridge Univer sit y
Pre ss, 1995.
MASTROGREGORI, Massimo. II genio dello storico: Le considerazioni sul/a storia di Ma rc
Bioch e Lucien Febl're e la tradizione metodologica francese. Nápol es: Ed izioni Scientifi-
ch e Italiane , 1987.
MEINECK E, Friedrich. EIhistoricism o y su g énesis, trad. esp. M éxico: Fondo de Cultura Eco-
nóm ica, 1943.
ME RQ UIOR, Jo sé Guilherme. Western Marxism. Lond res: Paladi n Paperback, 1986 [ed.
bras.: O marxismo ocidental, trad. Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
19 87].
MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica, trad. Walte nsir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar,
1965.
M IN OIS , Georges. Histoire de l'athéisme. Paris: Fayard, 1998, pp. 10 7-29.
M OMI GLI ANO, A. Ensayos de historiografia antigua y moderna, tr ad . esp. M éxico : Fondo de
Cultura Económ ica, 1993.
M O N E GAL ,Em ir Rodrigu ez. Jorge Luis Borgesficcio nario: Una antologia de sus textos. M é-
xico: Fondo de Cultura Ec onómica, 1997.
M OO RE ]R., Barrington. Social Origins of Dictatorship and Democracy. Boston: Beacon
Pr ess, 196 7 [cd . bras.: As origens sociais da ditadura e da democracia, trad. Maria F. L.
Couto. São Paulo: Ma rtins Fontes, 19 83].
MORIN, Edgar. A cabeça benfeita, repensara ref orma, reformar o pensamento, trad. Eloá jaco-
bin a. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2001, pp. 62-63.
MÜLLER, Bertrand. Lucien Feb vre, lecteur et critique. Paris: Albin Michel, 2003.
NADE R, Pedro Eduard o Po rtilho. Os fa tos que se contam: Saberes e historiadores de uma
história à outra. São Paulo: F FL CH- USP, 1994.
NAGEL , Ernst. ''Alguns problemas da lógic a da análi se histórica", in Patrick Gardiner
(org.) . Teorias da história, trad. Vitor Matos e Sá. Lisboa: Fundação C alouste Gul -
benkian, 1985, pp. 4 57-72.
Historia como sistema, 4~ ed . M adri : Rev ista de Oc cidente, 1962.
ORTE GA Y GASSE T, José.
PASCAL, Blaise. Pensamentos, trad. Sérgio Milliet. São Paulo : Difusão Europeia do Livro,
196 1.
623
PlAGET, Jean et alo Epistemología delasciencias humanas, trad. esp. Buenos Aires: Proteo, 1972-
PIRENNE, Henri. Histoire de l'Europe. Paris: Alcan, 1936.
POMIAN, Krzysztof. L'Ordredu temps. Paris: Gallimard, 1984.
_ _ _ _.. Sur I'Histoire. Paris: Gallimard, 1999.
PORTE,Roy & Mikulas TEICH (orgs.). Revolution in History. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1987.
RAIlB, Theodore K. & Robert I. ROTBERG (orgs.). TheNew History: 'Ihe 1980S and beyond:
Studies in Interdisciplinary History. Princeton: Princeton University Press, 1982.
RAPHAEL, Lutz. DieErben vonBloch und Febvre: Annales-Geschichtsschreibung und nouvelle
histoire in Frankreich, 1945-1980. Srtutgart: Klett-Cotta, 1994.
REBÉRlOUX, Madeleine. "Pr éface",in Charles-Victor Langlois & Charles Seignobos.lntro-
duetion aux études historiqucs [1898]. Paris: Kimé, 1992, pp. 7-16.
REIS, José Carlos. A história entre afilosofia e a ciência. São Paulo: Ática, 1996.
RÉMOND, René (org.). "Introduction" e "U n e Histoire présente", in PouruneHistoire poli-
. tique. Paris: Seuil, 1988, pp. 7-33.
REVEL,Jacques (org.). Fernand Braudel et I'Histoire. Paris: Hachette, 1999.
_ _ _ _o"Histoire et Sciences Sociales: Une confrontation instable", inJean Boutier
& Dorninique Julia (orgs.). Passés recomposés, champs et chantiers de l'Hisioire. Paris: Au-
trement, 1995, pp. 69-82 [ed, bras.: Passados recompostos, campos e canteiros da história.
Rio de Janeiro: UFRJ,1998].
RlCCEUR, Paul. La Mémoire, l'Hísioire, l'oubli. Paris: Seuil, 2000 [ed. bras.: A memória} a
história, o esquecimento, trad. Alain François et alo Campinas: Unicamp, 2007J.
ROBERTS, David D. Benedetto Croce and the Uses of Historicism. Los Angeles: University of
California Press, 1978.
ROBINSON, James Harvey. The New History: Essays il/ustrating the Modern Historical Ou-
tlook [1911J.Nova York : The Free Press, 1965.
ROLL, Eric. A History ofEconomic Thought. Londres: Faber & Faber, 1961 [ed, bras.: Histó-
ria das doutrinas econômicas, trad. Cid Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacio-
nal,19 62].
RORTY, Richard M. (org.) . The Linguistic Turn: Essays in Philosophical Method. Chicago:
The University of Chicago Press, 1992.
ROSENBERG, Harold. 'Ihe Tradition of theNew [1959J. Nova York: Da Capo Press, 1994·
SAHLINS, Marshall D. Ilhas de história, trad. Barbara Sette. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
_ _ _ _o Sociedades tribais, trad. Yvonne Maggie A. Velho. Rio deJaneiro: Zahar, 1970.
SAMARAN, Charles (org.). L'Histoire et sesméthodes. Paris: Gallirnard, 1961.
SARTRE, J.-P. Q14estão de método, trad. Bento Prado Jr. São Paulo: Difel, 1979.
SHOTWELL, J. T. Historia de la historia en elmundo aniiguo, trad. esp. México: Fondo de
Cultura Económica, 1982.
SILVA, Manuel Isaías Abúndio da. A história através da História. Porto: Typographya Uni-
versal de José Figueirinhas Júnior, 1904.
SILVA, Rogerio Forastieri da. História da historiografia. Capítulos para uma história dashis-
tórias da historiografia. Bauru (sr): Edusc, 2001.
624
SOFRI, Gianni, El modo deproducción asiático- Historia de una controversia marxista, trad.
esp. Barcelona: Península, 1971.
STERN, Fritz (org.). The Varieties ofHistoryfrom Voltaireto thePresent. No va York: Vintage
Books, 1972.
THOMPSON, Edward Palmer. "La sociedad inglesa dei siglo XVIII: ~ Lu cha de clases sin
clases?", in Tradiciôn, revuelta y consciencia de clase: Estudios sobre la crisis de la sociedad
preindustrial, trad. esp. Barcelona: Editorial Crítica, 1989, pp. 13-61.
_ _ __ . The Making of the English Working Class. Nova York: Vin tage Books, 1966
[ed. bras.: Aformação da classe operária inglesa, trad. Denise Bottmann, Renato Busatto
Neto e Cláudia Rocha de Almeida. São Paul o : Paz e Terra , 1987, 3 v.].
THOMPSON,James Westfall. A Historyof HistoricalWriting. Nova York: MacMillan, 1942.
TORSTHENDAHL, Rol f (org.) . A s A ssessment of Twentieth-Century Historiography. Esto-
colm o : The Royal Academy ofLetters, History and Antiquities, 2000.
TUCKER, Aviezer. "Historiographical counterfactuals and hi storical contingency", in Niall
Ferguson (o rg.). History and Theory - Studies in the Philosophy of History, v. 38, n. 2 .
Middletown (Connecticut) , 1999, pp. 264- 76.
VALADE, Bernard. "Les Mythologies et les rít es', inJacques Dumont &Jean-Bapti ste Ba-
ronian (or gs.) . L'Anthropologie. Paris: Marabout, Di ctionnaires M arabout Université,
1972,s. v., pp. 436-59.
VEYNE, Paul. ''L'Hist oire conceptualísante", inJacques Le Goff & Pierre Nora (orgs.).
Faire de l'histoire. Par is: Gallirnard, 1974, v. 1, pp . 94-134.
_ _ _ _o Comment on écrit l'histoire - Essai d'épistémologie. Paris: Seuil, 1971 [ed. bra s.:
Como se escreve a história.Foucault revoluciona a história, 4~ ed., trad . Alda Baltar e Maria
Auxiliadora Kneipp. Brasília: UNB, 1998].
VOVELLE, Michel. Id éologieset menialii és. Paris: La D écouverte, 1985 [ed. bras. : Ideologias e
mentalidades, trad. Maria Júlia Goldwasser. São Paulo: Brasiliense, 1987].
VRYONIS ]UNIOR, Speros (org.) . Readings in M edieval Historiography. Boston: Houghton
Mifilin Company, 1968.
WALcH,Jean. Historiographie structurale. Pari s: Ma sson, 1990.
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Org. H. H . Gerth & C. Wright Mill s, trad. Waltensir
Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
_ _ __ oEssais sur la th éorie de la stience, tr ad. fr. Par is: Plon, 1965.
_ _ __ o Le Savant et lepolitique, trad. fr. Paris: Plon, 1959 [ed. bras.: Ciência e política,
4~ ed., trad . Max Ha genberg e Oc tan y Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, s. d.].
WHITE, Hayden. Metahistória:A imaginação históricano século X IX. São Paulo: Edusp, 1992.
_ _ __ o The Content of the Form: Narrative Discourse and Historical Representation.
Baltimore: Johns Hopkins University Pre ss, 1987.
_ _ _ _o Trópicos do discurso: Ensaiossobrea crítica da cultura, trad. Alípio Correia de
Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994.
625
PROPOSTAS
a TA DO S ORGA N I ZA DOR ES
BALLANCHE, Pierre Simon. Essais depa/illgéllésie sociale [ 1827 ]. Paris: Jules Didot Ainé, 1827.
DESC HAM PS, Hubert. Le Séllégal et la Gambie. Paris: PUF, 1975 .
KAT ES, Gary. MOlIsieur d'Eon is a Woman: A Tale of Politicai Intrigue and Sexual Masqm -
rade. Nova York: H arp er & Colli n s, 19 95 [ed. bras.: M OlIsieurd'Eon é mulher: Um ca Sl;
de intriga política e embuste sexual, trad . Rubens Figueired o. São Paul o: Co mpanhia das
Let ras, 19 96 ].
LER IC HE, Ren é. La Chirurgie de la douleur [ 1937 ]. Paris: Mass on et Cie, 19 4 9 .
_ _ __ La Chirurgie, discipline de la collnaissallce [1949]. N ice : La Dia ne Françai se,
o
19 4 9 ·
SILVA, Roger io Foras tieri da. História da historiografia: Capítulospara uma história das his-
tórias da historiografia. Bauru (sr). Edusc, 2001.
626
COURTIN, René. La Civílisation écorlOmique du Brésíl. Paris: Lib rair ie de M édicis , 1941.
CURTIUS, Ern st Ro b ert. Europãisclie Liieraturund lateinisches Mittelalter. Bern a, 1948; t rad .
fr.: La Littérature européerme et le Moyen Âge latinoParis: PUF, 1956 [ed. bras.: Literatura
europeia e Idade Média latina, trad. Teodoro Cabral e Paulo Ró n ai. São Paulo: H u ci-
tec / Edusp, 1996].
DIAMOND, Sigm und. Tne Reputation oftheAmerican BlIsinessman. Camb ridge (MA) : H ar-
var d University Press, 1955.
DUPRONT, Alphonse. Le Mythe des Croisades. Essai de sociologie religieuse. Tese datil ogra-
fada . Paris : Sorbo nne, 1959.
FEBVRE, Lucien. Le Probleme de i'incroyance au XVI' siede: La religion de Rabelais. Paris:
Albin Mich el, 194 3.
FOURAsTIÉ,Jean. Critique, n. 51, out. 1951.
FRANCASTEL, Pi err e. Peinture et socl été. Naissance et destruction d'un espace plastioue, de la
Renaissance au cubisme. Lyon : Au din, 1951 [ed, b ras. : Pintura e sociedade, trad . Ed uardo
Brandão. São Pa ulo : M artins Fontes, 1990].
FRERE, Suzan ne & C h arles BETTELHEIM."U n e Ville françaisc moyenne, Auxe rre en 1950':
Cahiers des SCietlCes Politiques, n. 17. Par is: Armand Colin, 1951.
GRANGER, G illes. " Évén ernent et str uc ture d ans les sciences d e l'hornme " Cahiers de
l'lnsiitut de Science ÉconomiqlleAppliquée, série M, n. 1.
GURVITCH, Georges. D éterminismes sociaux et liberté humaine. Paris: PUF, 1955 [ed, b ras.:
Determinismos sociais e liberdade humana, t rad. H erib aldo Dias da Costa. Rio de Ja-
ne iro : Foren se, 1968].
HALPHEN, Lo u is. ln troduction à l'histoíre. Par is : PUF, 1946 .
HARTUNG, F. Historische Zeitschriit, t. 180, n. 1.
LABROUSSE, Ernest. Esquisse du mOllVement des prix et des revenusen France au XVIII' siêcle.
Pari s: Dallo z, 1933, 2 V.
_ _ _ "Introduction', in La Crise de l'économie française à la veille de la Révolution
_ o
627
_ _ "Q uestions d e rn éthod e" Les TempsModem es, n. 139-4 0, 1957 [ed. bras. Ques-
_ _o
CERT EAU, Michel d e. "Paire de l'hístoire'' Recherches de Science Religieuse, t. LVIII, 1970, pp.
4 81-520.
ABEL, Wilhelm. Die Wiistungen des Ausgeívenden Mittelalters [1943], 3~ ed. Stu ttga rt: G . F.
Verlag, 1976.
AGULHON, M aurice. Pénitentsetfrancs-maçonsde i'an cienne Provenre, essai sur la sociabilité
m éridionale. Par is: Fayard, 1968.
_ _ _ _ et al. (orgs. ) . Et/mologie et histoire. Pari s: Édi tions Soc iales, 1975.
ALLE GRA , Luciano & An gelo TORRE . La Ilascità della storia sociale in FI'aneiadalla Comwle
alle"A llnales". Turim: Fondazione Lu igi-Einaudi, 1977.
ARl ES, Ph ilipp e. L'Homme devani la mortoPar is: Seuil, 1977 [ed, b ras.: O homem diante da
morte, 2~ ed., trad. Luiza Ribe iro. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1989-90 ].
ARON, Jean-P aul. Essai sur la sensibilité alimentaire à Paris ali XIX"' siecle. Pari s: Ar m and Co o
lin,l9 67.
AURIGEM MA , Lu igi. Le Signe zodiacal du scorpion dans les traditions occidentales de
l'Antiquitégréco-Iatine à la Renaissance. Paris / Ha ia: Mo uton, 1976.
BARNES, Ha rr y Elmer, Psychology and History [1919]. S.l.: Ce ntury, 1925.
BEAU]OUAN, Gu y. "Le Tem ps h ístoriq ue", in Cha rles Sara m an (org .). L'Histoire et ses mé-
thodes. Paris: Gallim ard, 1961.
BERR , H enri. L'Histoire traditionneile et la synthese historioue. Paris: Alca n, 1921.
_ _ Revue de Synthese Historioue, t. 50.
_ _o
BESAN ÇO N, Alain. UHistoire psychanalytioue. Uneanthologie. Paris / H aia: Mou ton, 1974.
628
_ _ _ _ oLa Méditerranée et le monde méditerranéen à l'époquede PhilippeII. Paris: Ar-
mand Colin, 1976 Cedobras.: O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe
u. São Paulo: Martins Fontes, 1983].
CENTRO DE ROYAUMONT. L'Unitéde l'homme. Invariants biologiques et universaux culturels.
Paris: Seuil, 1974 Cedo bras.: A unidadedo homem:Invariantes biológicos e universais cultu-
rais, trad. Heloysa d,e Lima Dantas. São Paulo: Cultrix / Edusp, 1978].
CHAUNU, Pierre. La Mort à Paris aux xvr, XVII' et XVIII' siecles. Paris: Fayard, 1978.
_ _ _ _o "Un Nouveau Champ pom l'histoire sérielle: le quantitatif au troisiême ni-
veau", in Me1anges en l'honneur de Fernand Braudel. Toulouse: Prívat, 1973, t, II.
CHEVALIER, Louis. Classes laborieuses et classes dangereuses à Paris dans la premiére moitié
du XIX' siecle. Paris: Plon , 1958.
CONTAMINE, Philippe. Guerre, état et société à lafin du MoyenÂge.Étudessur les armées des
rois de France (1337-1494). Paris / Haia: Mouton, 1972.
DUBY, Georges. "Histoire des mentalités', in C. Samaran (org.). L'Histoireet sesméthodes.
Paris: Gallimard, 1961.
_ _ _ _o"Hi stoire sociale et idéologie des soci étés', in Faire de l'histoire. Paris: Galli-
rnard, 1974, t. I.
_ _ _ _oLe Tempsdes cath édrales. Paris: Gallimard, 1976.
_ _ _ Saint Bernard et l'art cistercien. Paris: Arts et Métiers graphiques, 1970 [ed.
_ o
bras.: São Bernardo e a arte cisterciense, trad. Eduardo Brandão e Roberto Leal Ferreira.
São Paulo: Martins Fontes, 1990].
DUPRONT, Alphonse. "Problém es et méthodes d'une histoire de la psychologie collective"
Annales ESC, 1961.
EHRARD, Jean & Guy P. PALMADE. L'Histoire. Paris: Armand Colin,1964.
ELIAS, Norbert. ÜberdenProzess derZivilisation [1939] j trad. fr.: La Civilisation desmoeurs.
Paris: Calmann-L évy, 1974, t. I [ed . bras.: O processo civilizador. Uma história doscostu-
mes, trad. RuyJungrnann. Rio de Janeiro : Zahar, 1995,V. I].
EVANS-PRITCHARD, Edward. Anthropology and History [1961]j trad. fr.: "An thro pologie et
histoire",in LesAnthropologues face à l'histoire. Paris: PUF, 1974.
FEBVRE, Lucien. Combatspour Yhistoire [1952]. Paris: Armand Colin, 1992.
. "Comment reconstituer la vie affeetive d'autrefo ís" Annales d'Histoire Sociale,
- - --
V. III, 1941.
_ _ _ _o"D eux amis g éographes " Annales d'Histoire Sociale, V. III, 1941.Reed. in Com-
batspour l'histoire [1952]. Paris: Armand Colin, 1992.
_ _ La Terre et l'évolution humaine. Paris: Albin Michel, 1922.
_ _ o
629
_ __ "Vers une aut re histoire" Revue deAfétaphysique et deMorale, 194 9.
_ o
F O UCAULT, Michel. L'Arch éologie du savoir. Paris: Gallimard, 1969 [ed. bras.: A arqueologil1
do saber, 7 ~ ed., trad. Luiz Felipe B. Neves. Rio de Janeiro: Foren se Universitária, 2007].
FRIEDMANN, Georges . De la Sainte Russie a['U RS S Paris: Gallimard, 1938.
_ _ _ _o La Crise du progr ês. Paris: Gallimard, 1936.
F URE T, François. "L'Histoire et l'h omme sauvage', in Historien entre l'ethnologie et le[utu-
rologie. Paris, 1971, pp. 231-3 7.
_ _ _ "Le Quantitatif en histoire', in Paire de I'histoírc. Paris: Gallimard, 1974, t. I.
_ o
GE RE M EK, Broni slaw. Les Afarginaux parisiens aux XIV" et xv' siêdes. Paris: Flammari on ,
1976.
GOUBERT, Pierre. Beauvais et leBeauvaisis de 1600 à 1730 . Paris: SEVPEN, 1960. Reed. como
Cent mil/eprovinciaux au XVII" siêcle. Paris: Flammarion, 1968.
_ _ _ _o Louis XIV et vingtmil/ions de Français. Paris: Fayard, 1966 .
GUÉNÉE, Bernard (org.). Le Métier d'historien au Moyen Âge.Études SUl' l'historiographie
médiévale. Paris: Sorbonne, 1977.
GURVITCH, Georges . La Multiplicité destempssociaux. Paris: CDU, 1958.
HALBWACHS, Maurice. Les Cadres soeiaux de la mémoire. Paris: Alcan, 1925.
HEMARDINQUER, Jean-Jacques (org.). Pour une histoire de l'alimentation. Paris: Armand
Colin, 1970.
HINCKER, François & Antoine CASANOVA (orgs.), Aujourd'hui l'histoire. Paris: Éditions
Sociales, 1974.
JACOB, François. La Logique du vivant. Unehistoire de l'hérédité. Paris: Gallirnard, 1970 [ed.
bras.: A lógica da vida: Uma história da hereditariedade, trad. Ângela Loureiro de Souza.
Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983].
KANTOROWICZ, Ernst. KaiserFriedrich derzweite. Berlim: G. Bond í, 1927-1931, 2 V.
KULA, Witold. Les Mesures et les hommes, trad. Joanna Ritt. Paris: Éditions de la Maison
des Sciences de l'Homme, 1984 (ed. pol.: Miary i ludzie, 1970).
____.. Théorie économique du systêmeféodaI. Pour un modele de l'économie polonaise,
xvT-XVIt' siêáes [1962 J, trad. fr. Paris / Haia: Mouton, 1970 .
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Le Territoire de l'historien. Paris: Gallimard, 1978, t. II.
_ _ _ _o Histoire du climatdepuis l'an mil. Paris: Flammarion, 1967.
_ _ _ _o Montaillou, village occitan de 1294 à 1324. Paris: Gallimard, 1975 [ed. bras.: Mon-
iaillou, povoado oceitânico: 1294-1324, trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1997] .
LANGLOIS, Charles V. & Charles SEIGNOBOS. lntroduction aux études historiques. Paris,
1898 [ed. bras.: Introdução aosestudos históricos, trad. Laerte A. Morais. São Paulo : Re-
nascença, 1946J.
LE GOFF, Jacques. "Documento / monumento", in Eneiclopedia Einaudi, 1978, t. IV [ed .
bras.: "D ocum ento / monumento", in História e memória, trad. Bernardo Leitão et ai.
Campinas: Unicamp, 1990, pp. 535-49] .
_ _ _ _o "Is Politics Still the Backbone of Hístory'", in Felix Gilbert & Stephen R. Grau-
bard (orgs.) . Historical Studies Today. Nova York: W.W. Norton & Co., 1972, pp. 335-37.
630
_ _ _ _ ''L' Hi storien et I'homme quotidíen",in L'Historienentre l'ethnologueet lefuturo-
o
logue. Pari s / Haia: Mouton, 1972; versão revista publicada em Mélangesen l'honneur de
Pernand Braudei. Toulouse: Privat, 1973, t. II: "M étho dologie de l'histoire et des scien-
ces humaines", pp . 227-44.
_ _ __ "Les Mentalités, une histoire arnbiguê', in Paire de l'histoire. Paris: Gallimard,
o
1974, t. III.
_ _ _ _o "Temps de l'Êglíse et temps du marchand" Annales ESC, 1960. Reed. in Pourun
autreMoyenÃge. Paris: Gallimard, 1978.
LEROI-GOURHAN, André. "Les Voies de I'histoire avant l'écriture", inJacques Le Goff e
Pierre Nora (orgs.) . Paire de l'hisioire: Paris: Gallimard, 1974, t. I [ed. bras.: "Os cami-
nhos da história antes da escrita", in História: Novosproblemas, 4~ ed., trad. Theo San-
tiago. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1995].
LHOMME,Jem. Économie et histoire. Genebra: Droz, 1967.
LOMBARD, Maurice. "Les Terrains de l'Islam, espaces et r éseaux", in L'Islam dans sa pre-
miêregrandeur (VIII'-xr siêdes). Paris: Flammarion, 1971.
MANDROU, Robert. "L'Hi stoire des mentalit és", in Encyclopadia Universalis. Paris, 1968,
v.8.
MAUSS, Marcel. "Les Techniques du corps" Journal dePsychologie, 1935. Reed. in Sociologie
et anthropologie. Paris: PUF, 1950, pp. 363-86 [ed. bra s.: "A técni cas d o co rpo", in Sociolo-
gia e antropologia, trad. Paulo N eve s. São Paul o : Cosac Naify, 200 7, pp. 399- 4 22J.
MEILLET, Antoine. Introduction à l'étude comparative des langues indo-europ éennes [1912].
Alabama: University ofAlabama Press, 1964.
MORAZÉ, Charles. Les Bourgeois conquérants. Paris: Armand Colin, 1957. Reed. Bruxelas:
Complexe, 1985. CoI. Historique [ed, bras.: Os burgueses à conquista do mundo, 1780-
1895, trad. Maria Antonieta Magalhães Godinho. Rio de janeiro: Cosmos, 1965J.
NORA, Pierre. "Le Retour de lév énement", in Paire de I'histoire. Paris: Gallimard, 1974, t. I.
PlRENNE, Henri. Histoire de I'Europe. Paris: Alcan, 1936.
REVEL, J. & J.-P. PETER. "Le corps: L'hornme malade et son histoíre", in Paire de l'histoire.
Paris: Gallimard, 1974, t. III [ed, bras. : História: Novos objetos, 3~ ed ., trad. Teresinha
Marinho. Rio de janeiro: Franciscc Alves, 1988].
RUFFIÉ,]acques. De la biologie à Iaculture. Paris: Flammarion, 1976.
SAMARAN, Charles (org.) . UHistoire et sesméthodes. Paris: Gallimard, 1961.
SEIGNOBOS, Charles. Méthode historique appliquéeaux sciencessociales. Paris, 1909.
SIMIAND, François, "Mé thod e historique et science sociale" Revue de Synthêse Historioue,
1903; publicado também nos Annales, 1960 [ed. bras.: Método histórico e ciência social,
trad.José Leonardo do Nascimento. Bauru (sr) : Edusc, 2003].
STOUFF, Louis. Ravitaillementet alimentation enProvenceaux x rv' et x v' siêdes. Paris / Haia:
Mouton, 1970.
TENENTI,Alberto. La Vie et Iamort à travers l'aridu xv' siede. Paris: Armand Colin, 1952.
TERÊNCIO. Heauiontimoroumenos, I, 1.
TOUBERT, Pierre. Les Structures du Latium médiéval. Roma: École Française de Rome,
1973·
631
TOUBERT, Pierre & Jacques LE GO FF. "Une Histoire totale du Moyen Age est-elle possi-
ble? ~ in Actes du Ceniiême CongrêsNat ional des Sociéi és Savantes. Paris: Biblíotheque
Nationale, 1975, t , I, 1977.
TOYNBEE, Arnold. A Study ofHistory. Londres, 1934-1961,12 V. [ed, bras.: Um estudo da his-
tória, 2~ ed., trad . Isa Silveira Leal e Mirocl Silveira, Brasília / São Paulo: UNB / Martins
Fontes, 1987].
_ _ _ _o L'Histoire, un essai d'interprétation. Paris: Gallirnard, 1951.
_ _ _-'o L'Histoire. Paris / Bruxelas: Elsevier, 1978.
VEYNE, Paul. Le Pain et le cirque, sociologie historique d'unpluralisme politique. Paris: Seuil,
1976.
VILAR,Pierre. La Catalogne dans l'Espagne moderne, recherchessur lesfondements économi-
quesdesstructures nationales. Paris: SEVP EN, 1962, 3 v. Ed. reduzid a: Paris: Plamm arion,
1977·
VOVELLE, Michel. Mourir autrefois: Attitudes collectives devant la mort, XVII ' XVIII' si êcles.
Paris: Gallimard / Jul1iard, 1974.
_ _ _ _o Piété baroque et d échristianisation. Attitudesprovençalesdevant la mort au siecle
desLum iêres. Paris: Plon, 197 3.
WACHTEL, Nathan . La Vision desvaincus. Paris: Gallimard, 1971.
WALLON, Henri. Principes de psychologie appliquée. Paris: Armand Colin, 1930 [ed. bras.:
Principios de psychologia applicada, trad. João da Cunha Caldeira Filho. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 193 5].
NOTAS
ARBELLOT, G.j LEP ETIT, B. &]. BERTRAND. Atlas de la Révolution Française, v. 1. Routeset
communications. Paris: EHES S, 1987.
ARNOLD, Odile. Le Corps et láme, la vie desreligieuses au xIX' siêde. Paris: Seuil, 1984 .
BACZKO, Bronislaw. Lumiêres de l'utopie. Paris: Payot, 19 7 8.
BEAUNE, Colette. Naissance de la nationFrance. Paris: Gallimard, 198 6 .
BERTIN, Jacques. La Graphique et le traitementgraphique de l'information. Paris: Flamma-
rion, 19 7 7.
BONIN, Serge. "Graphíque",in André Burgui êre (org.). Dictionnaire dessciences historiques.
Paris: PUF, 198 6, pp. 306-11 [ed, bras.: Dicionário dasciências históricas, trad. Henrique de
Araujo Mesquita. Rio deJaneiro : Imago, 1993].
BRAUDEL, Fernand. Espace et histoire, t. II . Paris: Arthaud-Flammarion, 1986, 2 v.
632
CORBIN, Alain. Le Miasme et la jonquille. Paris: Auber, 1982 [ed, bras.: Saberes e odores: O
olfato e o imaginário social nosséculos XVIII e XIX, trad. Lygia Watanabe. São Paulo: Com-
panhia das Letras , 1987].
DAGRON, G. Constantinople imaginaire. Étudessur lerecueil des"Patria". Paris: PUF, 1984.
DUBY, Georges (org.). "LAmour et la sexualit é" L'Histoire, 1984.
_ __ _
. "La Rencontre avec Robert Mandrou et l'élaboration de la notion d'histoire
o
1985·
MOREAU, Th érêse, Le Sangde l'histoire. Michelet, l'histoire et l'idée de lafemme au XIX' siêde.
Paris: Flammarion, 1982.
NITSCHKE, A. Historische Verhaltungsforschung. Stuttgart: Ulmer, 1981.
NORA, Pierre. Les Lieux de mémoire, t. I: La Républiquej t. II: La Nation (3 v.) j t. III: La
France. Paris: Gallimard, 1984-92.
POMIAN, Krzysztof. "L'Homme de la science et l'histoire de l'hístoire" Annales ESC, v. xxx,
n. 5, 1975, pp. 935-52.
_ _ _ _o L'Ordre du temps. Paris: Gallimard, 1984.
POUCHELLE, Marie-Chrístíne. Corps et chirurgie à l'apogée du Moyen Age. Paris: Flamma-
rion, 1983.
633
REDON DI , Pietro (org.) . Science: TheRenaissance of a History (Proceedings of th e Interna-
tional Co nferen ce Alexandre Koyr é). Paris: Coll ege de France, 1986.
R OSANVALL O N, Pierre. LeMoment Guizot. Paris: Gallimard , 1985.
ROUSSELLE, Aline. Porneia. De la mattrise du corps à la privationsensorielle. U' -I v' s. de l'ere
chr éiienne. Paris: P UF, 1983.
SC H MI TI, J. Cl. (org.). Hístory and Anthropology, v. I, n. I, Gestures, n ovo 1984.
SISSA, Giulia. Le Corps virginal. La Vírginitéféminine en Grece ancienne. Paris: Vrin, 1987.
VIGARELLO, Geor ges. Le Propre et le sale. L'Hygiene du corps depuis le Moyen Âge. Paris:
Seuil, 1985 [ed. bra s.: O limpo e o sujo, trad. Monica Stah el. São Paulo: M artins Fontes.
1996].
VOVELLE, M ich el. Iconographie et hisioire des mentalités. Paris: Éditions du CN RS, 1979.
_ _ _ _oIdéologie et mentalités. Par is: François Mas p éro, 1982 [ed. bras.: Ideologias ,
mentalidades, 2~ ed., trad. Mari aJuli a Co ttvasser. São Paulo : Brasilien se, 1991].
DESDOBRAMENTOS
ACKERMAN, Bruce A. SocialJustice íntheLiberal State. New Haven: YaleUniversity Press, 1980.
ALTHUSSER, Louis. Eléments d'autoaitique. Paris : Hachette, 1974.
_ _ _'o "Est- íl Simple d'être marxiste en phílosophíei" La Pens ée, Paris, n. 183, out. 1975-
_-:------'. "Idé ologíe et appareils íd éologíques d'Êtat" [1970]. Positions, 1964-1975. Paris:
Éditions Sociales, 1976.
_ _ _,o PourMarx. Paris: F. Maspero, 1965 [ed. bras .: A favor de Marx, trad. Dirceu Lin-
doso. Rio deJaneiro: Zahar, 1979].
____,. Réponse à JohnLewis. Paris: F. M aspero, 1973.
_ _ _ _o "Sur le rapport de Marx à Hegel" Hegel et la pensée moderne. Séminaire sur
Hegel dirigé par Jean Hyppolite au Col1ége de France (1967-1968). Textespubliés sous la
direction deJacques d'Hondt. Paris: PUF, 1970.
ALTHUSSER, Louis & Étienne BALIBAR. Lire le Capital. Paris: F. Maspero, 2 V., 1968 [ed,
bras .: Ler o Capital, trad. Nathanael C. Carneiro. Rio de Janeiro: Zahar,1979] .
ANDERSON, Perry. Argumentswithin EnglishMarxism. Londres: New Left Books, 1980.
- - -. Considerations on Western Marxism. Londres: New Left Books, 1976 [ed. bras. :
Considerações sobre o marxismo ocidental, 2~ ed ., trad. Marcelo Levy. São Paulo : Brasi-
liens e, 1999].
_ _ _o ln the Tracks ofHistoricalMaterialism. Londres: Verso, 1983 [ed. bras .: Conside-
rações sobre o marxismoocidental: Nas trilhasdo materialismo histórico, trad. Isa Tavares.
São Paulo: Boítempo, 2004].
_ _ _o Lineages of the Absolutist Staie. Londres: New Left Books, 1974 [ed. bras.: Li-
nhagens do estado absolutista, 3~ ed., trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo : Bra-
siliense, 2004].
634
APEL, Karl-Otto; von BORMANN, Claus; BUBNER, Rüdiger; GADAMER, Hans-Georg; GIE-
GEL, Hans Joachim & Jürgen HABERMAS. Hermeneutik und Ideologiekritik. Frankfurt:
Suhrkamp Verlag, 1971.
ARENDT, Hannah. lhe Human Condition. Chicago: University of Chicago Press, 1958 [ed.
bras.: A condição humana, trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2010].
AYER, AlfredJules. "Man as a Subject for Scíence" [1964], in P. Laslett, W G. Runcirnan &
Q Skinner (orgs.). Philosophy, Politics and Society. Oxford: Blackwell, V. 3, 1968.
AYNARD, Maurice. "lhe Arrnales and French Historiography (1929-1972)':Journal ofEuro-
pean Economic History, Roma, a. 1,n. 2, 1972,pp. 491-511.
BAILYN, Bernard. "Braudel's Geohistory - A Reconsíderation" Journal of Economic His-
tory, Cambridge, V. 11, n. 3,1951, pp. 277-82.
BALIBAR, Etienne. "From Bachelard to Althusser: lhe Concept of 'Epistemological
Break", Economyand Society, v. 7, n. 3, 1978,pp. 207-37.
BARNES, Barry. Interests and the GrowthofKnowledge. Londres / Boston: Routledge & Ke-
gan Paul, 1977.
_ _ _o Scient!fic Knowledge and Sociological 'Iheory. Londres / Boston: Routledge & Ke-
gan Paul, 1974.
_ _ _o T. S. Kuhn and Social Science. Nova York: Columbia University Press, 1982.
BARNES, Barry & David BLOOR. "Relativism, Rationalism and the Sociology of Know-
ledge", in M. Hollis & S. Lukes (orgs.). Rationality and Relativism. Oxford: Blackwell,
1982.
BARRY, Brian. Politicai Argument. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1965.
_ _ _ _o lhe Liberal Theory ofJustice: A Criticai Examinationof the Principal Doctrines in
A Theory ofJustice byJohnRawls. Oxford: Clarendon Press, 1973.
BARTHES, Roland. Éléments de sémiologie. Paris: Seuil, 1964 [ed. bras.: Elementos de semio-
logia, trad. lzidoro Blikstein, 16~ed. São Paulo: Cultríx.cooõ].
_ _ _o "Le Discours de l'histoire" Social Science Information, V. 6, n. 4, ago. 1967,
pp. 63-75·
BAUMAN, Zygmunt. Hermeneutics and Social Science: Approaches to Understanding. Lon-
dres: Huthinson, 1978.
BELL, Daniel. The End of Ideology: On the Exhaustion of Politicai Ideas in the Fifties. Glen-
coe (IL): Free Pass, 1960 [ed. bras.: O fim da ideologia, trad. Sérgio Bath. Brasília: UNB,
1980 ].
BENTHAM, Jeremy. A Fragment on Government and An Introduction to the Principies of Mo-
rais and Legisiaiion. Oxford: Basil Blackwell, 1948.
BENTON, Ted. Philosophical Foundations of the Three Sociologies. Londres / Boston: Rou-
tledge & Kegan Paul, 1977.
_ _ _o lhe Rise and Fall of StructuralMarxism: Althusser and his Influence. Londres:
Macmillan, 1984.
BERGER, Peter L. & lhomas LUCKMANN. The Social Construction ofReality: A Treatise in
the Sociology of Knowledge. Londres: Penguin, 1967 [ed, bras.: A construção social da
635
realidade: Tratado de sociologia do conhecimento, trad. Flo riano d e Souza Fernand es;
Pet rópolis: Vozes, 1010 J.
BERNSTEIN, Richard. Beyond Objectit'ism and Relativism: Science, Hermeneutics, and Pra:m..
Oxford : Basil Blackwell, 1983.
_ _ _ _o The Restructuring of Social and Politicai Theory. Nova York : H arcourt Brace .!to.
vanovich, 1976.
BETI' I, Em ilio. Die Hermeneutik ais allgemeine Methodií: der Geisteswissenschaften. T übin-
gen :J. c. B. Mohr, 1961.
BHASKAR, Roy. A Realist 'Iheory of Sciellce [1975]. H asso cks, Sussex/ Atlan ti c Híghlan d s.
H arvester Pre ss / (NJ): Humanities Press, 1978.
_ _ TnePossibility oj N aturalism . H assocks, Sussex : Harvester Press, 1979.
_ _o
lin , 1949 [ed, bras.: O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. São
Pau lo : Martins Fo n tes, 2 v., 1984 ].
BRODBECK, M ay. "M eaning and Act ion", in M. Brodbeck (org.) . Readings in thePhilosoph»
of the Social Sciences. Nova York: Macrnillan, 1968.
BUBKER, Rüdiger : Konrad CRAMER & Rein er W IEHL. Hermeneu tik: und Dialektik. H. -G.
Gadamerzum 70 Geburtstag. Tüb ingen : M chr, 1 v., 1970.
BURGUIERE , André. "H istoire et str ucture" Annales ES C. Paris: Armand Co lin, n. 3, m ai.-
-jun.1971.
BURKE, E dmun d. Reflectiom on the Revoluiion il1 France. Nova York : Dolphin Bo oks,
1961 [ed . bras. : Reflexões sobre a revluç ão na Fra nça, l~ ed., trad. Renato de Ass ump ção
636
Faria, Denis Fontes de Souza Pinto, Carmen Lidia Richter Ribeiro Moura. Brasília:
UNB,1997] .
BURKE, Peter (org.). A New Kind of History: lrom the Writings of Pebvre. Londres: Rou-
tledge & Kegan Paul, 1973.
- - - . "Reflections on the Historical Revolution in France: The Annales School and
British Social History" Review, Nova York, v. 1, n. 3/4,1978, pp. 147-56.
CALLINICOS, Alex. Althusser's Marxism. Londres: Pluto Press, 1976.
_ _ _o Is There a FutureforMarxism? Londres: Macrnillan, 1982.
CAVELL, Stanley.Must WeMean What We Say? Cambridge/Nova York: Cambridge Uni-
versity Press, 1976.
CEDARBAUM, Daniel Goldman. "Paradigms", Studies in the History and Philosophy of
Science, V. 14, n. 3, set. 1983, pp. 173 -213.
CHARTIER, Roger. "Intellectu al History or Sociocultural History? The French Trajecto-
ries", in D. LaCapra & S. L. Kaplan (orgs.). Modem European Inte/lectual History: Reap-
praisals and New Perspectives. Ithaca/ Londres: Cornell University Press, 1982.
CLÉMENT, Catherine. Vies et légendes de Jacques Lacan. Paris: B. Grasset, 1981 [ed. bras .:
Vidase lendas deJacques Lacan, trad. Maria Clara Kneese . São Paulo: Moraes, 1983].
COHEN, Gerald Allan. KarlMarx's Theory ofHistory: A Defence. Princeton: Princeton Uni-
versity Press, 1978.
CONNERTON, Paul. 'Ihe Tragedy ofEn/ightenment: An Essay on the Frankfurt School. Cam-
bridge / Nova York: Cambridge University Press, 1980.
CONNOLLY, William E. Appearance and Reality in Po/itics. Cambridge / Nova York: Cam-
bridge University Press, 1981.
CULLER, Jonathan. "Presupposit íon and Intertextualíty" MLN, Baltimore, n. 91, 19 76,
pp. 1380-96.
_ _ _o 'Ihe Pursuitof Signs: Semiotics, Literature, Deconstruction. Londres/ Ithaca: Rou-
tledge & Kegan Paul/ Comell University Press, 1981.
DALLMAYR, Fred R. & Thomas A. MCCARTHY (orgs.). Understanding and Social Inquiry.
Notre Dame: University ofNotre Dame Press, 1977.
DANIELS, Norman (org.). Reading Rawls: Criticai Studies on Rawls' A Theory of Justice.
Oxford: Blackwell, 1975.
DAVIDSON, Donald. Inquiries into Truth and lnierprdation: Oxford (Oxfordshire)/ Nova
York: Clarendon Press / Oxford University Press, 1984.
DERRlDA, Jacques. "Envoi" Archives des lettres modernes: Étudesde critique et d'histoire lit-
téraire, V. 2, 1976.
_ _ _"o Éperons: LesStyles de Nietzsche. Paris: Flammarion, 1978.
_ _ _o Jacques Derrida: De la Grammatologie. Paris: Éditions de Minuit, 1967 [ed. bras.:
Gramatologia, trad. Miriam Chnaidcrman e Renato Janine Ribeiro, 2~ ed. São Paulo:
Perspectiva, 2008] .
- - -. La Dissémination. Paris: Seuil, 1972.
_ _ _o La Voix et le ph énomêne: Introduction auprobleme du signe danslaphénoménologie
de Husserl. Paris : Presses Universitaires de France , 1967 [ed. bras. : A voz e o fenômeno:
637
Introdução aoproblemado signo naf enomenologia de Husserl, trad. Lucy Magalhães. Rio
de Jan eiro :Jorge Zah ar, 1994 ].
_ _ _ L'Écriture et la différence. Paris: Seuil, 196 7 [cd. bra s.: A escritura e a diferença,
o
trad. Mari a Beatriz Ma rqu es N izza da Silva, 3~ ed. São Paulo : Perspectiva, 2005].
_ _ _ "Limited ln c a b c ..." . Gl)'ph, No va York, V. 2, 1977, pp. 161-254 .
o
_ _ _o Marges de la philosophie. Par is: Éditio ns de Minuit, 1972 [ed . bras.: Margens da
filosofia, trad. Joaqu im Torres Co sta e An to nio M agalhães. Campinas: Papirus, 1991J.
_ _ _ Positions. Eniretiens avec Henri ROlISe, [ulia Kristeva, Jean-Louis Houdebine, Gli/
o
Scarpetta. Pari s: Édition s de Minuit, 1972 [ed , br as.: Posições, tr ad. Tomaz Tadeu da
Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 20 01].
DI] KST ERHUIS, Eduard Jan. DeMechanisering van het Wereldheeld. Am stcrdam: J. M. M eu-
lenhoff, 1950.
DILTHEY, W ilhelm. Gesammeite Schriften: DerAuJbau der geschichtlichen Welt in den Geis-
teswissenschaften [ 1958]. Leipz ig / Berlim: Teubn er, V. 7, 1927.
DREYFU S, Hubert. L. & Paul RAB IN OW. Michel Fouca uit: Beyond Struciuralism and Herme-
lIeutics. H assocks, Sussex: H arvester Press, 1982 [ed. bra s.: Miche! Foucault, uma trajetó-
riafilosófica:para além do estruturalismo e da hen nen êutica, trad. Vera Porto Carrero. Ri o
de Janeiro : Forense Universitária, 2005 ].
D U CR OT, Oswald & Tzvetan TODOROV (orgs.) . Dictioll1l aireencyclop édioue des sciences du
langage. Paris: Seuil, 1972 [ed. bras.: Dicionário enciclopédico das ciências da linguagem,
3~ ed ., trad. Alice Kyoko Miyashiro ct aI. São Paulo: Perspectiva, 2010].
D UNN, John. Politicai Obligation in Its Historical ContextoCa mb ridge / No va York: Ca m-
bridge University Press, 1980.
_ _ _ "Understan ding Revoluti on s" Eihics, Ch icago, v. 92, n . 2, jan . 1982, pp. 299-315.
o
_ _ _ Westem Politicai Tneory in the Face of the Future. Cambridge / No va York: Cam-
o
a sério, trad. Nel son Boeira. São Paulo : M artins Fontes, 20 0 2].
ECO, Umb erto. "Social Life as a Sign Systern" [1972J, in D. Robey (org .). Structura lism : An
lntroduction. N ova York: Oxford University Press, 1973.
ELS T ER , J on. Logic and Society: Contradíctions and Possible Worlds. Chich ester / N ova
York: Wiley, 1978.
_ _ _o Ulyssesand the Sirens: Studies in Rationality and Irrationaiity. Ca mbridge / No va
York : Cambridg e Un iversity Pre ss, 1979.
FEBVRE, Lucien Paul Victor. La Terre et l'évolution humaine: Iniroduciion géographique ii
l'histoire. Paris: Renaissance du Livr e, 1922 .
- - - . Le Probleme de l'incroyance au xvr siecle: La religion de Rabelais. Paris: Alb in
Michel, 194 2.
638
_ _ _ o"Marxism, Functionalism and Game Theory: A D ebate - lhe Case for Metho-
dological Indívidualism" Theory and Society, v. 11, n. 4, jul. 1982, pp. 453-82.
_ _ _o Sour Grapes: Studies in the Subversion of Rationality. Cambridge / Nova
York / Paris: Cambridge University Pr ess / Éd itions de la Maison de s Sciences de
I'Hornme, 1983.
_ _ _ o"Vers une Autre Histoire" Revue de Métaphysique et de Morale, Paris, jul.-out.
1949·
_ _ _o"Un livre qui grandit: La Méditerranée et le monde méditerranéen à l' époque
de Philippe II". RevueHistorique, Paris, n. 2°3, 1950, pp .16-24.
FEYERABEND, Paul. Against Method: Outline of an Anarchistic Tlteory of Knowledge. Lon-
dres / Atlantic Highlands: New Left Books / Humanities Press, 1975 ledo bras.: Contra
o método, trad. Octanny S. da Mota e Leonidas Hegenberg. Rio de Janeiro: Livraria
Francisco Alves, 1977].
_ _ _oRealism, Rationalism, and ScientificMetlJOd. Cambridge / Nova York: Cambridge
University Press, V. 1, 1981.
FI SH , Stanle y. Is There a Text in this C1ass?: TheAuthority oflnterpretive Communities. Cam-
bridge (MA): Harvard University Press, 1980.
FLE CK , Ludwig. Entstehung und Entwicklung einerWissenschaftlichen Tatsache. Frankfurt:
Suhrkamp, 1980.
FOUCAULT, Michel. "About the Concept of the 'Dangerous Individual' in rçth-Century
Legal Psychiatry" International [ournal of Law and Psychiatry, V. 1, fev. 1978, pp. 1-1S.
_ _ _o ''Afterword ( 19S3 ) '~ in H. L. Dre yfus & P. Rabinow, Michel Foucault: Beyond
Structuralism and Hermeneutics. Ch icago: University of Chicago Pre ss, 1983 [ed, bras.:
MichelFoucault, uma trajetóriajilosójica: para além do estruturalismo e da hermenêutica,
trad . Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 2005].
_-----:-_. Folie et déraison: Histoire de la f olie à l'âge classique. Paris: Union Générale
d' Éditions, 1961 [ed. bras. : Históriada loucura: Na idade clássica, trad.José Teixeira Co-
elho Netto. São Paulo : Perspectiva, 2010].
639
_ __ Naissance de la clinique: Une Archéologie du regard médical. Paris : PUF, 19 63 [cd.
o
bras.: O nascimento da clínica, trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Univer-
sitária, 1994].
_ _ _o Power/ Knowledge: Selecied lnterviews and Other Writings) 1972-1977. Brigton,
Sussex: Harvester Press, 1980.
_ _ _o "Qu estions ofMethod: An Interview with Michel Poucault" ldeology and Cons-
ciousness, Spring, n. 8, 1981.
_ _ _o Surveilleretpunir:Naissancede laprison. Paris: Gallirnard, 1975 [ed. bras.: Vigiar
epunir: Nascimentoda prisão, trad. Ligia M . Ponde Vassallo. Petrópolis: Vozes, 1991J.
_ _ _ _o "Th e Subject and Power", posfácio a H . L. Dreyfus & P. Rabinow, Miche1
Foucault: Beyond Structuralism and Hermeneutics. Hassocks, Su sse x: Harvester
Press, 1982 [ed. bras.: Miche1 Foucault, uma trajet ôria filosófica: Para além do estru-
turalismo e da hermenêutica, trad. Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Uni-
versit ária.uooç] .
FRIED, Charles. Rightand Wrong. Cambridge (MA) : Harvard Univers ity Press, 1978.
FULLINWIDER, Robert K. "A Chronological Bibliography ofWorks onJohn Rawls' The-
ory ofjustíce" Politicai Theory, v. 5, n. 4, novo1977, pp. 561-70.
FURET, François. "Beyon d the Annales" [ournal of Modem History, Chicago, V. 55, n. 3,
1983, pp. 389-410.
GADAMER, Hans-Georg. "Hermeneutics and Social Science" Philosophy e'7 Social Criti-
cism, V. 2, n. 4, dez. 1975, pp. 307-16.
_ _ _o Kleine Schriften. Tübingen: Mohr, 4 v., 1967-77.
_ _ _o Philosophical Hermeneuiics. Berkeley: University of California Press, 1976.
_ _ _o Reason in theAge ofScience. Cambridge (MA): MIT Press, 1981 [ed, bras.: Razão
na época da ciência, trad. Ângela Dias . Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1983J.
_ _ _o Wahrheit undMéthode.Grundzüge einir philosophischen Hermeneutik. Tübingen:
Mohr, 4~ ed ., 1975 [ed, bras.: Verdade e método, trad, Flávio Paulo Meuer, Petrópolis:
Vozes, 1999, 2 v.].
GADAMER, Hans-Georg & Gottfried BÔEHM. Seminar: Philosophische Hermeneutik. Frank-
furt: Suhrkamp, 1976 .
GEERTZ, Clifford. "D ístínguísh ed Lecture: Anti Anti-Relatívísm" Am erican Anthropologist,
V. 86, n. 2, jun. 1984, pp. 263-78.
_ _ _.. Local Knowledge: FurtherEssays in lnterpretive Anthropology. Nova York: Basic
Books, 1983 [ed. bras. : O saberlocal: Novosensaios em antropologia interpretativa, 4~ ed .,
trad. Vera Mello Jo scelyne. Petrópolis: Vozes, 2001J .
_ _ _oNegara: The Theatre State in N ineteenth-Ceniury Bali. Princeton (N]) : Princeton
University Press, 1980.
GELLNER, Ernest. "The New Idealism: Cau se and Meaning in the Social Sciences", in A.
Giddens. Positivism and Sociology. Londres: Heinemann, 1974.
GEUSS, Raymond. The Idea of a Criticai 'Iheory: Habermas and the FrankfurtSchool. Cam-
bridge / Nova York: Cambridge University Press, 1981 [ed. bras.: Teoria crítica: Haber-
mas e a Escola de Frankfurt, trad. Bento Itamar Borges. Campinas: Papirus, 1988].
640
GID DENS, Anthony. Central Problems in Social Theory: Action}Structure, and Contradia ion
in Social Analysis. Londres: Macmillan, 1979.
_ _ _ New Rules of Sociologica l Metnod: A Positive Critique of lnierpretative Sociologies.
o
Londres: Hutchinson , 1976 [ed . bra s.: Novas regras do método sociológico : Uma crítica
positiva das sociologiascompreensivas, trad. Maria Jo sé da Silva Lindoso. Rio de Janeiro :
Zahar, 1978 ].
_ _ _o Profiles and Critiques in Socia l Theory. Berkeley: University of California Press,
1979·
_ __ o "D er Universalitàts anspruch der Hermeneutik', in R. Bubner et aI. (orgs.). H er-
meneuiik und Dialektik. Tübingen: Mohr, V. I, 1970.
_ __ oErkenntnis und Interesse. Frankfurt: Suhrkamp, 1968 [ed, bras. : Conhecimento e
interesse, trad. José H. Neck . Rio de Janeiro: Guanabara}1987].
_ __ Legitimationsprobleme im Spãtkapitalismus. Frankfurt: Suhrkamp, 1973 [ed .
'o
bras.: A crise de legitimaçãono capitalismo tardio, trad. Vamireh Chacon. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1980].
_ __ . "Moderníty versus Postmodernity" New German Critique, Ithaca (NY), n. 22,
641
HART, Herbert LionelAdolphus. "Between Utility and Rights", inA. Ryan (org.). The ld :«
of Freedom: Essays in Honour of Isaiah Berlin. Oxford / Nova York: Oxford Universitv
Press, 1979.
_ _ _o Punishment and Responsibility: Essays in the Philosophy of Law. Nova York:
Oxford University Press, 1968.
_ _ __ o "Rawls on Liberty and its Priority", in N. Daniels. ReadingRawls: Criticai St,!-
dies on Rawls' A Theory ofJustice. Oxford: Blackwell, 1975, pp. 230-52.
____o The Concept ofLaw. Oxford: Clarendon Press, 1961 ledo bras.: O conceito de di-
reito, trad. Antônio de Oliveira Sette-Câmara. São Paulo: Martins Fontes, 2009].
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Phiinomenologie des Geistes [1807]. Frankfurt :
Suhrkamp, 1973 ledo bras.: Fenomenologia do espírito, trad. Paulo Meneses e José N o-
gueira Machado. Rio de Janeiro: Vozes, 1998].
HEIDEGGER, Martin. BriefüberdenHumanismus. Frankfurt: Vittorio Klosterrnann, 1947 [eG.
bras.: Carta sobre o humanismo, trad. Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Moraes, 1991].
____oSein und Zeit. Tübingen: Niemeyer, 1927 ledo bras.: Ser e tempo, trad. Marcia de
Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1995J.
HELD, David. Introduction to Criticai Theory: Horkheimer to Habermas. Londres: Hutchin-
son, 1980.
HEMPEL, Carl Gustav. Aspectsof Scientific Explanation, and OtherEssays in the Philosophy [li
Science. Nova York: Free Pass, 1965.
HESSE, Mary. "Haberrnas' Consensus Theory ofTruth". Proceedings of the 1978 BiennialM ,',
etingof the Philosophy of Science Association, v. 2, 1979, pp. 373-96.
HEXTER, Jack H. "Fernand Braudel and the Monde Braudellien..". Journal of Modern His-
tory, v. 44, n. 4, dez. 1972, pp. 480-539.
HIRSCH, Eric Donald Jr. Validity in Interpretation. New Haven: Yale University Press, 196 7.
HIRST, Paul. "Althusser and the Theory of Ideology". Economy and Society, V. 5, 197 6, pp .
3 85-4 12 •
HOLLIS, Martin. Models ofMan: Philosophical Thoughts on SocialAction. Cambridge / Nova
York: Cambridge University Press, 1977.
----
· "The Social Destruction of Reality", in M. Hollis & S. Lukes (orgs.). Rationality
and Relativism. Oxford: Blackwell, 1982.
HOLLIS, Martin & Steven LUKES. "Introduction" Rationality and Relativism. Oxford: Bla-
ckwell, 1982.
HOY, David Couzens. "Deciding Derrida" London Review ofBooks, V. 4, n. 3, 18/02/1982,
pp. 3-5·
____o"Forgetting the Text: Derrida's Critique ofHeidegger", in W. V. Spanos: P. A.
Bové & D. O'Hara (orgs.). The Question ofTextuality. Bloomington: Indiana University
Press, 1982.
----
· "Herrneneutics" Social Research, v. 47, n. 4, 1980, pp. 649-71.
----
· "Must We Say What We Mean? The Grammatological Critique of Herrneneu-
tics", in S. Kresic (org.). Contemporary LiteraryHermeneutics and Interpretation of Clas-
sical Texts. Ottawa: Ottawa University Press, 1981.
642
_ _ _o "Philosophy as Rigorous Philology? Nietzsche and Poststructuralísm" New
YorkLiteraryForum, V. 8-9, 1981, pp. 171-85.
_ _ _o The Criticai Cirele: Literaiure, History, and Philosophical Hermeneutics. Berkeley:
University of California Press, 1978.
HUGHES, Henry Stuart. 'Ihe Obstructed Path:French Social Thoughtin the Years of Despera-
tion, 1930-1960. Nova York: Harper & Row, 1968.
HUME, David. "O f th e Original Contract" Essays, Moral and Politicai [1741]. Edimburgo:
A. Kincaid, 1742.
HUSSERL, Edmund. DieKrisis derEuropãischenWissenschaften und die transzendentale Phã-
nomenologie: EineEinleitung in diephãnomenologische Philosophie. Den Haag: Martinus
Nijhoff,1954.
IGGERS, Georg G. New Directions in European Historiography. Middletown, Conn.: Wes-
leyan University Press, 1975.
IZARD, Michel & Pierre SMITH (orgs.). La Fonction symbolique. Essais d'anthropologie. Pa-
ris: Gallimard, 1979.
JAMES, Susan. 'Ihe Contentof Social Explanation. Cambridge / Nova York: Cambridge Uni-
versity Press, 1984.
JAY, Martin. Marxism and Totality: 'Ihe Adventuresof a Conceptfrom Luk âcs to Habermas.
Cambridge: Polity, 1984.
KEANE, John. "On Tools and Language: Habermas on Work and Interaction" New Ger-
man Critique, n. 6, 1975, pp. 82-100.
KEDOURIE, Elie. "New Histories for Old" 'lhe TimesLiterary Supplemeni, 07/03 /1975.
KELLNER, Hans. "Disorderly Conduct: B.raudel's Mediterranean Satíre" History and 'Ihe-
ory, v. 18,n. 2, mai. 1979, pp. 197-222.
KINSER, Samuel. "Analiste Paradigm? 1he Geohistorical Structuralism ofFernand Brau-
del " AmericanJ-Íistorical Review, V. 86, n. 1, fev. 1981, pp. 63-105.
KRISTEVA,Julia. Sêmeiõtiké: Recherches pour unes émanalyse. Paris: Seuil,1969 [ed. bras.: In-
trodução à seman âlise, trad. Lúcia Helena França Ferraz. São Paulo: Perspectiva, 1974].
KUHN, Thomas S. Black-Body Theory and the Quantum Discontinuiiy, 1894-1912.
Oxford / Nova York: Clarendon Press / Oxford University Press, 1978.
_ _ _o "Sadí Carnot and the Cagnard Engíne" Isis, n. 52, 1961, pp. 367-74.
_ _ _o The Copernican Revolution: Planetary Astronomy in the Developmentof Western
Thought. Cambridge: Harvard University Press, 1957.
_ _ _o 'Ihe Essential Tension: Selected Studies in Scientijic Tradition and Change. Chi-
cago: University of Chicago Press , 1977.
_ __ "The Function of Dogma in Scientific Research", in A. C. Crombie (org.).
o
643
LADURIE, Em manue l Le R oy. Le Terriioire de l'historien. Paris: Gallim ard, 1973-78, 2 v.
_ _ _o LesPaysans de Languedoc, 2~ ed. Paris: Flammario n, 196 9.
LAING, Ronald D avid. TheDividedSe/f: A Study ofSanity andMadness. Londres: Tavistock
Pu blicati ons, 19 6 0 [ed. b ras. : O eu dividido: Estudo existencial da sanidade e da loucura,
trad. Áurea Brito Weis senberg. Petrópo lis : Vozes, 19 75l
LAKATOS, Imre. "Falsíficatíon and th e Methodology of Scientífic Research Programm es",
in 1. Lak atos & A. Musgrave (orgs.) . Criticism and ihe GrowtlJ of Knowledge. Ca m bridg e.
Camb ridge University Press, 1970 .
LANG, Wieslaw. "M arxisrn, Lib eralism an dJustice", in E. Kamenka & A . Erh-Scon -Tay
(o rgs.) . Justice. Lo ndres: E. Arnold, 1979, pp. 116-4 8.
LASLETT, Peter. "Introduction', in P. Laslett : W. G. Ru nci m an & Q Skin ner (orgs .) . Phi!o-
sopIJy, Politics and Society. Oxford : Blackwell, 1956.
LE GOFF, Jacqu es. "Is Polit ics Still the Backbone of History ?', Dacdalus, n. 100, v. 1, 1971,
pp . 1-19·
LEMERT, Charl es C. & Ga rth GILLAN. Mie/lei Foucault: Social Theory as Transgression.
No va York : C olumbia Universi ty Press, 1982.
LÉVI-STRAUSS, Claude. A ntltropologie structurale. Paris: Plon, 1958 [ed. bras.: Antropologia
cultural, trad. Chaim Sam uel Katz. Rio de Janeiro : Tem po Brasileiro, 196 7l
_ _ __ Anihropologie structurale deux: Avec 13 schémas dans le texte. Paris: Plon, 1973
o
[ed. bras.: Antropologia estrutural dois, tr ad. Ma ria do Carmo Pan d olfo. Ri o de Ja neiro:
Tempo Brasileiro, 1976 ].
_ __ La Pensée saU1Jage. Paris: Plon, 196 2 [ed. bras.: O pensamento selvagem, tra d. Ta-
o
elementares doparentesco, trad. Mariano Fe rre ira. Pe trópo!is / São Paul o: Vozes / Edu sp,
197 6 l
_ _ _ _o Mythologiques. 1: Le Cru et le cuit. Paris: Plon, 1964 [ed, br as.: O cru e o cozido,
tra d. Beat riz Perron e-M ois és, São Pau lo : Cos ac Naify, 2004 l
____.1'vIytIJologiques. 2 : Du Miel aux cendres. Paris: Plon, 196 6 [ed, b ras.: Do mel às
cinzas, tra d. Carlos Eugênio Ma rco ndes de Mo ura . São Paulo : Cosac N aify, 2004].
_ _ _o Mytltologiques. 3: L'Originedes manieres de table. Paris: Plon, 1968 [ed, bras.: A 01'1-
gem dos modos ti mesa, trad. Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo : Cosac Na ify, 2006].
_ _ _. lvIytllOlogiques. 4 : UHomme IlU . Paris: Plon , 1971.
_ _ Paroles données. Paris: Plon, 1984 .
_ o
_ _ _o Tristes tropiques. Paris: Plon, 1955 [ed , b ras.: Tristes trópicos, trad. Wil son M ar-
tins. São Paulo : Anhemb i, 1957].
LIPSET, Sey mo ur Ma rti n. Politicai Man: The Social Bases of Politics. Lo ndres: H einemann ,
1960 [ed. b ras.: O homem político, trad. Álvaro Ca b ral. Rio de Janeiro: Za har, 196 7].
644
LOCKE, J ohn . Two Treatises of GOl'erlllnent, 2~ ed. Lon d res: Ca m bridge, 1967 [ed. bras.:
Dois tratados sobreogoverno, trad .J ulio Fisch er. São Paulo: Ma rtins Fo ntes, 2001].
LU KE S, Steven. Emile Durkheim: His Life and Work: A Historical and Criticai Study. Lon-
dr es: All en Lan e, 1973.
_ _ _ "Power an d Structure", in Essaysin Social Theory. Londres: Macmillan, 1977.
o
_ _ _ "Relativisrn in Its Place', in M . H ollis & S. Luk es (orgs.). Rationality and Relati-
o
645
_ _ _ _o Personalities and Powers Londres: H. Hamilton, 1955.
NOZICK, Robert. Anarchy, State and Utopia. Nova York: Basic Books, 1974 [ed, bras.: Anar-
quia, estado e utopia, trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991].
OUTHWAITE, William. ConceptFormation in Social Science. Londres / Boston: Routledge
& Kegan Paul, 1983.
_ _ _o Understanding Social Life: TheMethod Cal/ed Verstehen. Londres: George Allen
& Unwin, 1975 [ed. bras.: Entendendo a vida social: O método chamado Verstehen, trad .
Alfredo Leoni. Brasília: UNB, 1985].
PALMER, Richard E. Hermeneutics: Interpretation Theory in Schleiermacher, Dilthey, Heideg-
gel} Gadamer. Evanston (IL): Northwestern University Press,1969.
PARFIT, Derek. Reasons and Persons. Oxford: Clarendon Press, 1984.
PASSMORE, John Arthur. Mans Responsibility for Nature: Ecological Problems and Westem
Traditions. Londres: Duckworth, 1974.
PEARS, David Frances. Motivated Irrationality. Oxford / Nova York: Clarendon
Press / Oxford University Press, 1984.
PETTIT, Philip. The Concept of Structuralism: A Criticai Analysis. Dublin: Gill & Macmillan
1975·
PIAGET, Jean. Le Jugement moral chez l'enfant [1932]. Paris: PUF, 1957 [ed. bras.: O juízo
moralna criança, trad. Elzon Lenardon. São Paulo: Summus, 1994].
POPPER, Karl Raimund. The Open Society and its Enemies. Londres: G. Routledge, 1945
[ed. bras.: Sociedade aberta e seus inimigos, trad. Milton Amado. Belo Horizonte / São
Paulo: Itatiaia / Edusp,1974].
_ _ _o The Logic ofScientificDiscovery. Nova York: Basic Books,1959 [ed. bras.: Lógim
da pesquisa cientifica, trad. Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira Mota. São Paulo:
Cultrix, 1972].
POSTER, Mark. ExistentialMarxism in PostwarFrance. Princeton (NJ): Princeton Univer-
sity Press, 1975.
POULANTZAS, Nicos. Pouvoir politique et classes sociales de l'étatcapitaliste. Paris: F. Mas-
pero, 1968 [ed. bras.: Poderpolitico e classes sociais, trad. Francisco da Silva. São Paulo:
Martins Fontes, 1977].
PRINS, Gwyn (org.). Defended to Death: A Study of the Nuclear Arms Race. Harmon-
dsworth, Middlesex / Nova York: Penguin Books, 1983.
PUTNAM, Hilary. Meaning and the Moral Sciences. Londres / Boston: Routledge & Kegan
Paul,1978.
_ _ _ _o Reason, Truth, and History. Cambridge / Nova York: Cambridge University
Press, 1981.
QUINE, Willard van Orman. From a LogicalPoint ofView: 9 Logico-Philosophical Essavs.
Cambridge: Harvard University Press, 1953 [ed. bras.: De um ponto de vista lógico, trad.
João Paulo Monteiro et a]. São Paulo: Abril Cultural, 1975].
RACEVSKIS, Karlis. Michel Foucault and the Subversion of Intel/ect. Ithaca (NY): Cornell
University Press, 1983.
RANCrERE, Jacques. "On the Theory ofIdeology". RadicalPhilosophy, V. 7, 1974,pp. 2-15.
646
RAWLs,John. A Tneory of Justice. Cambridge (MA): Belknap Pres s of Ha rvard Uni versity
Press, 1971 [ed. bras.: Uma teoria da justiça , trad, Alm iro Pisetta e Lenita M. R . Esteves.
São Paulo: Ma rtin s Pontes, 1997].
_ _ _o "Constitutional Liberty and the Co nce pt ofJu stice '; in C. J. Priedrich & ]. W.
Chapma n (o rgs.) . Justice. Nova York: Lieber-Atherton, 1963.
_ _ _o "Di stributive j ustice", in P. Laslett: W. G. Runciman & QSkinner (orgs .) . Phílo-
sophy, Poliiics and Society. Oxford : Blackwell, 1967.
_ _ _ "Fairness to Goodness". TIJe Philosophical Review, V. 84, n. 4 , o u t. 19 75,
_ o
pp. 536-54.
_ _ _o "J usti ce as Paímess" ThePhilosophical Revíew, V. 67, n. 2, abro 1958, pp . 164-94.
_ _ "Kantian Constructivism in Moral Theory" The[ournal ofPhilosophy, V. 77, n. 9,
_ o
647
Press, 1976 ledobra s.: Cultura e razão prática, trad . Sérgio Tadeu de N iem eyer Lama rão.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003].
SAUSSURE , Ferdinand de. Cours de /inguistiqllegénéra /e. Lausanne: Payot , 1916 [ed, br as.:
Curso de linguística geral, trad. Antôn io Chelini,Jo sé Paulo Paes e Izidoro Blikstein . São
Paulo: Cultnx.uç õç] .
SCANLO N, Thomas Mich ael. "Contractualisrn and Utilítarianism", in A. K. Sen & B.
Williams (orgs.). Utilitarianism and Beyond. Cambridge / No va York: Cambridge Un i-
versity Press, 1982..
SCHEFFLER, Samuel. The Rejection of Consequentialism: A Philosophical Investigation of the
Considerations Under/ying Rival Moral Conceptio ns. Oxford / Nova York: Clarendon
Press, Oxford University Pre ss, 1982..
SCH ILPP, Paul Arthur. The Philosophy of Bertrand Russeli. Evanston / Chicago: Northwes-
tern University, 1944.
SC HÜTZ, Alfred. Der sinnhafteAujbau der sozia/en Welt: Eine Einleitung in die verstehende
Soziologie. Viena: J. Sp ringer, 1932.
SC RU TON, Roger. TheMeaning of Conservatism. Londres: M acmillan / Penguin, 1980.
SE N, Amartya Kum ar. Poverty and Famines: An Essay 0 11 Entitlement and Deprivation.
Oxford / Nova York: Clarendon Pre ss, Oxford Univer sity Press, 1981.
SEN, Amartya Kum ar & Bernard WILLIAMS (orgs. ). Utilitarianism and Beyond. Cam-
bridge / Nova York: Cambridge University Press, 1982.
SHERIDAN, Alan . MichelFoucault: The Will to Truth. Londres / Nova York: Tavistock, 1980.
S ING ER , Milton B. Man's Glassy Essence: Explorations in SemioticAnthropology. Blooming-
ton : Indi ana University Pres s, 1984.
SK INNER, Quentin. "Meaning and Un ders tan ding in th e Hi story of Idea s" History and
Tlleory, v. 8, n. 1,19 69, pp. 3-53.
_ _ _ "The End of Phil osophy ?" The New YorkReview of Books, v. 28, n. 4, 19/03/1981,
o
pp. 46-48.
_ _ _o"The Ide a of N egative Liberty: Philosophical an d Historical Perspectives'; in R.
Rorty, J. Schneewind & Q Skinner (orgs.) . Philosophy in History. Cambridge /Nova
York: Cambridge Uni versity Pres s, 1984.
SKOCPO L, Theda. States and Social Revolutions: A ComparativeAnalysis of France, Russia,
and China. Cambridge / Nova York: Cambridge University Press, 1979.
SMART, Barry. Foucauit, Marxism and Critique. Londres / Boston: Routl edge & Kegan
Paul, 1983.
SM ART, John Jamieson Carswel! & Bern ard WILLIAM S. Utilitarianism: For and Against.
Cambridge: Cambridge Uni versity Press, 1973.
ST EG MÜ LLE R, Wolfgang . The Struciure and Dynamics of Theories. Nova York : Sp ringer-
-Verlag, 1976.
STOIANOVICH, Traian. French HistoricalMethod: 'IheAnnales Paradigm. Ithaca (NY): Cor-
nell University Press, 1976.
ST RAWSON, Peter Frederick. "A Pro blem ab out Truth: A Reply to Mr. Warn ock", in G.
Pitcher (org.). Truth. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall, 1964.
648
SUMNE R, Leon ard Wayne. Abcrtion and Moral Theory. Princeton (NJ ) : Princeton Univer-
sity Press, 19 81.
TAWN EY, Rich ard Henry. Equality. Londres: G. Allen & Unwin, 19 31.
TAYLOR, Charles. "In terpretatio n and the Scien ces of Man". Review of Metaphysics, v. 25,
n. I, 1971, pp . 3'51.
_ _ _ "N eutrality in Politicai Science ", in P. Laslett : W. G. Runcim an & Q Skinne r
o
649
ciasociale sua relação com afilosofia, tr ad . Anísio Teixeira e Ver a Freit as de C astro. São
Paul o : Na cional, 1970 ].
WITIGENSTEIN, Ludw ig. Philosophicai ItlVestigations, trad . G. E. M . Anscombe. O xfo rd :
Basil Blackwell, 1953 [ed . bras.: Investigações filosófi cas, tr ad . C arlos G. M ontagn oli e
Em ma n uel C arneiro Leão. Petróp olis: Vozes , 1994].
WOLFF,Ja ne t. Hermeneutic Philosoplty and the Sociology of Art: An Approach to Some of tlic
Epistemological Problems of the Sociology of Knowledge and the Sociology of A rt and Lite-
raiure. Londres! Nova York: R outl ed ge & Keg an Pa ul, 1975 [ed, b ras.: Produçãosoci,li
da arte, trad. W alt en sir Dutra. Ri o de J aneiro: Zahar, 1982].
WOLFF, Robert Paul. Understanding Rawls: A Reconstruction and Critique of A Theory of
Justice. Princeto n (NJ): Princ et on Uni ve rsity Press, 1977.
que de l'Amérique lat ine aux XIX· et xx" si êcles" Revue Hisiorioue, fascículo 496, out.-
-dez. 1970, pp. 357-74.
_ _ __ "Dynarnique conjoncturelle et histoire s éríelle" Industrie, n, 6, Bruxelas,
o
jun.1960.
_ _ _----'o "En Marge du Beauvaisis exemplaire. Problémes de fait et de m éthode". Ann a-
650
_ _ _ _o "Histoire qu antitative ou histoire s ér íelle" Cahiers Vi/fredo Pareio, Genebra,
D roz, t. III, 1964, pp . 165-76 ;
_ _ Histoire Scien ce Sociale - La Dur ée, l'espace et l'homme ii l'époque moderne. Paris:
_ _ o
são europeiado século XIII ao xv, trad. José Carlos Araújo. São Paulo: Pioneira, 1978].
_ _ Conqu éte et exploitation desnouveaux mondes. Par is, 196 9 [ed. bras.: Conquista
_ _ o
e exploração dos novos mundos: Século XVI, tr ad. Jardino Assis do s Santos M arques e
M aur ílio J osé de Oli veira Camello. São Paulo: Pioneira / Edusp, 19 84].
_ _ "L'Hí stoíre géographique". Revue de l'Enseignement Supérieur, n. 4 4 -4 5, 19 6 9,
_ _ o
pp. 66-n
_ _ _ _o "Le Climat et l'histoire à propos d'un livr e r écent " Revue Historique, t .
CCXXXVIII, fase. 484, 1967, pp. 365- 76.
_ _ _ _ . "Le Renversement de la tendanc e m ajeure des activités et de s prix au XVII'
si êcle", in Studi in onore di AmintoreFanfani. Mil ão: A . Giuffré, 19 6 2, t. IV, pp. 221-57.
_ __ "Le XV II' siêcle. Probl êmes de conjoncture", in MélangesAntony Babel. Gene-
_ o
bra, 19 63,
_ _ _ "Le s Enqu êtes du centre de recherches qu antitat ives de Caen. Bilans et pers-
_ o
pectives ... '; in Colloque du CNRS deLyon, ociobre1970, Industrialisation enEurope au XIx'
siecle, cartographie typologie. Paris: CNRS, 1972, pp. 285 -304.
_ _ _ "Les Espagne s périphériques dans le monde moderne" Revue d'Histoire Écono-
_ o
_ _ _ _ o "Place et r ôle du Brésil dan s les syst êrnes de co mmunicatio n et dan s les méca-
nismes de la croissance de l'économie du XV1' si êcle" RHES, t. XLVIII, n. 4, pp. 460-82.
_ ___.. Revue Historique, abr.-jun. 1970.
____ . S éville et l'Atlantique, pa rte II, 2 t. em 4 v. Pari s: SEVPEN, 1960.
_ _ _ _o "U n nouveau ch am p pour l' histoire s érielle, le quantitatif au troí si ême ni veau",
in Me1anges en l'honneur de FernandBraudel. Toulouse: Privat, 1972, t. II , pp. 105-26.
_ _ _ _o "Une Hi sto ire religieuse s érielle" Revue d'Histoire Moderne et Contemporaine,
n. 1, 1965. pp. 5-34.
CLAMAGERAN, Jean-Jules. Histoire de l'impôt en France. Paris: Guillaumin et Ci e, 186 7-76,
3V.
COUT URlER, Marcel. "Vers un e nouvelle rnéthodologie mécanographique. La préparation
de s donn ées" Annales ESC, n. 4, jul.-ago. 196 6, pp. 76 9 -78.
651
CRO UZ ET, Francois. "Th e Economic History of Modern Europe': TheJournal oj Economic
History, v. XXX I, n. I, m ar. 1971, pp. 135-52.
DAVENE L, Vicomte Georges. Histoire economique de la proprW e, des salaires, des denrees et
de tous les prix en general, depuis uo o jusqu'a l'an 180 0 . Pari s, 1894-1926, 7 v.
DEANE, Phyllis & William A. COLE . BritishEconomic Growth, 1688-1959 . Cambridge: Cam-
bridge University Pres s, Unive rsity of Ca mb ridge Department of Applied Economics
Monographs, 1964.
ESTI VALS, Robert. La Statistique bibliographique de la Fran ce sous la monarchie au X VII I'
siecle. Paris / H aia: Mouton, 1965.
____. Le DepOt legal sous l'Ancien Regime de 1537 cl 1791. Paris: Marcel Riviere, 196I.
FEBVRE, Lucien. L'Apparition du livre. Pari s: Albin Michel, 1958 [ed. bras.: 0 aparecimento
do livro, trad. Fulvi a M. L. Moretto. Sao Pau Io: Un esp, 1992 ].
FOHLEN, Cl aude. Qu'est-ce que la revolution industrielle] Paris : Robert Laffont, 19 7I.
FREIDEL, Frank. America in the Twentieth Century. Nova York : A. A. Knopf, 1960.
FURET, Francois et aI. Livre et societe dam la France du XVIII' siecle. Paris / Haia: Mouton,
t. II.
1965, t. I j 1970,
GODI NH O, Vitorino M agalhaes, L'Economie de l'Empire Portugais aux xv c et xvt ' siecles. Pa-
ris: SEVPE N, 1969 (acabado em 195 8, publicado em 1969) .
GOUBERT, Pierre. Beauvais et leBeauvaisis de 16 0 0 cl 1730. Contribution cl l'hisioire sociale de
la France au XVII ' siecle. Paris: SEVP EN, 2 V.
GO UHIER, P. La Population de la Normandie du XIII' au xis: siede, tese em preparacao.
GOY, ]oseph & Emmanuel Le Ro y LADURI E. Les Fluctuations du produit de la dime. COIl-
ioncture decimate et domaniale de la fin du Moyen Age all xvtu' siec1e. Paris / H aia: Mou-
ton, 1972.
HAUSER, Henri, "Un cornite international d'enquete sur l'histoire des pri x" Annales
d'Histoire Economique et Sociale, 1930, t. H, pp. 38 4 -8 5.
HARTWELL, Ronald Max. "Th e Causes of the Industrial Revolution in England', in Peter
Mathias. Debates in Economic History. Londres: Methuen, 1967 e 197 0 .
IMBERT, Gaston. Des mouvementsde longu e duree Kondratieff. Aix-en-Provence : La Pen se
universitaire, 1959.
KONDRATIEFF, NikoIai D. "Die Iangen Wellen der Konjonktur" Archivju r Sozial-Wissel1s-
chaft, 1926.
LABROUSSE, Ernest. Histoire economique et socialede la France. Paris : PUF , 197 0 , t. H .
---- . La Crise de l'economie fran~aise cl la fin de l'Ancien Regime et au debutde la Revo-
lution. Paris: PUF , 1944.
____. L'Esouisse du mouvement des prix et des revenus en France au XVII I' siicle. Pari s:
Dalloz, 1933, 2 V.
LAD URIE, EmmanueI Le Roy. Histoire du climat depuis lan mil. Pari s: FIammarion, 1967.
_ _ _ _ ' LesPaysans de Languedoc. Paris: SEVPEN, 1966, 2 V.
LANDES, David S. The Unbound Prometheus. Technological Change and IndustrialDevelo-
pment in Western Europefrom 175 0 to the Present. Cambridge: Cambridge University
Press, 2003 [ed. bras.: Prometeu desacorrentado: Transjormacao tecnol6gica e desenvol-
652
vimento industrial na Europa Ocidental de 1750 ate os dias de hOje, 2 ~ ed . Rio de Janeiro :
Campus, 2005].
LEBOYER, Maurice Levy. "La NewEconomic History".Annales ESC , n. 5, 1969 , pp . 1035-69.
LEBRUN, Fran cois, Les Hommes et la mort enAnjou aux XVII' et XV III ' siecles. Essai de demo-
graphic et depsychologie historicues. Paris / Haia: Mouton, 1971.
LEVASSEUR, Emile . Histoire des classes oUl'rieres et de l'industrie en Fran ce avant 1789, 2~ ed.
rev. Paris : Rousseau, 1900- 07, 5 v.
a
MARCZEWSKI, Jean. Introdu ction Thistoire quantitative de Yiccnom tefrml~ais e . ISEA, Paris,
115, AF n. I, pp. I-LIV. Re ed . in "Bu ts et meth cdes de l'histoire quantitative': Cahiers Vil-
fredoPm'eto, Genebra, Droz, t. IlI, 1964.
MARTIN, Henri). Livre, pouvoir et societC aParis au XVII' siecle ( 1598- 1701) . Genebra: Droz,
1969 ,2 V.
MAURO, Frederic. Le Portugal et l'A tlantique au XVII ' siecle ( 1570 -1670) . Etude economique.
Paris : SEVPEN, 1960 .
MORINEAU, M ichel. "Les Faux-semblants du dernarrage ec ono rni qu e" Cahierdes Annales,
n, 30, Paris , 1971.
POSTAN, Michael Moisse y. Cambridge Economic History of Europe. Cambridge : Cam-
bridge Un iversity Pr ess, 1941, t. Ij 2 ~ ed. , 196 6, pp . 337-55.
RENOUARD, Yves. "La Notion d e generation en histoire" RevueHistorique, t. CCIX, n. 425,
jan.-mar. 1953, pp. 1-23.
____. Etudes d'histoire midievale. Pari s: SEVPEN,1968, t. I, pp. 1-23.
ROGERs,James Edwin Thorald. A History ofAgriculture and Prices in Englandfrom the Yea r
aft er the Oxf ordParliament to the Commencement of the ContinentalWar [1793]. Oxford:
Clarendon Press, 1866 -1902. 7 v.
____. Six Centuriesoj"Work and Wages. Londres: Swan Sonnenschein, 1884, 2 v.
ROSTOW, W ait Whitman . Les Etapes de la croissance t!conomique [196o]. Pa ris : Seuil, 1963
[ed. bras.: Etapas do desenvolvimeuto economico: Um manifesto niio comunista, 6~ ed. ,
trad. Octavio Alves Velho. Rio de J aneiro: Zahar, 1978].
SIMIAND, Franc ois, Les Fluctuations economiques a longueperiodeet la crise mondiale. Paris:
Alcan, 1932.
TAl'IE, Victor-Lucien et al. Enquetesur les retables. Paris : Centre de Recherches sur la Civi-
lisat ion de l'Europe M oderne, 1972, 2 V.
VILAR, Pierre. La Catalogne dans l'Espagne moderne. Recherchessur les[ondements economi-
ques desstructures nationales. Paris: SEVPEN, 1962, 3 V.
VOVELLE, Michel. PietC baroqueet dechristianisaiion. Attitudesprovencales devani la mort au
siCcle des Lumieres. Paris: Pion, 1973.
WAILLY, Natalis de. Memoire sur les variations de la livre tournois depuis le temps de Saint
Louis jusqu'a l'etablissemeni de la monnaie decimole. Paris, 1857.
WIEBE, Georg. Zur Geschichte der Preisrevoiution des XVI und XVII. [ahrhunderts . Leipzig :
Duncker & Humblot, 1895.
ZOLLA, Daniel. "Les Variatio ns du revenu et du p rix d es terres en France aux XVII' et
XVIII' siecles'. Annalesde l'Ecole Libredes Sciences Politiques, Paris, 1893-94.
653
8. MA URICE AYMARD Hist 6ria econ6m ica
BOIS, Guy. Crise dujeodalisme. Paris: Presses de la Fondat ion Natio na le des Scie nces Pc -
lit iques, 1976.
BRAUDEL, Fernan d. La Mediterrallt?e et le monde mediterraneen cl l'epoque de Philippe H. Pa-
ris: Arman d C olin, 194 9 [ed . bras.: 0 Mediterraneo e o mundo mediterranico na epoca dt'
Filipe H. Sao Paulo: M artins Pontes, 1984].
DEANE, Ph yll is &W illia m A . COLE. British Economic Growth, 1688-1959. Ca m b ridge : Ca m-
bridge University Press, 1964.
GOR,,\1EZANO, ].-M.j MARCZEWSKI, J ean & Je an -Claude TOUTAIN. "L'H istoire qu ant itative
de l'eco nomie francaise" Cahiersde I'ISEA, Paris, 1961-69.
GOY, J oseph & Em manuel Le R oy LADURIE. Les Fluctuations du produit de la dime. Con-
[onciure decimate et domaniale de lafin du Moyen Age all XVIII' siecle. Paris / H aia: Mou-
ton, 1972.
KULA, W ito ld. Theorie economique du systemefeodal. Pourlln modele de l'economiepolonaise ;
XVI'-xvIII'siecles. Paris / H aia: Mou to n, 1970.
LABROUSSE, Ernest . Esqllisse du 1Il0Ul'ement des prix et des rel'enus en France au XVIII' siecle.
Par is: D alloz, 1933.
____. La Crise de l'economie fran ~aise cl lafin de l'Ancien Regime et au debut de la Revo-
lution. Pa ris: p u p, 1944 .
MARCZEWSKI, J ean . Introduction cl l'histoire qllatztitative. Ge ne bra: Droz, 1965.
PERRoT, Jean -Claud e. Genese d'une ville moderne. Caen au )(l/ III' siecle. Paris: Publicat io n s
de l'EHESS / M out on , 1975.
SIMIAND, Francois. Les Fluctllations econollliqlles cl tongue periode et la aise mondiale. Paris:
FelixAlcan, 1932.
____. Recherches anciennes et nouvelles sur le mouvement general desprix du xvr au XIX'
siecle. Paris, 1933.
WALLERSTEIN, Imrnanuel. The Modem World-System. CapitalisticAgriculture and the Ori-
gins of the ElIropean World. Economy ill the Sixteenth Century. Nova York: Academic
Press, 1974 .
9. EMMANUEL LE ROY LADUR IE Aco nt ecime nto e longa du racao na hi st6ri a social: 0
AGULHON, M aurice. Le Cerde dans la France bourgeoise. Paris: Armand Colin, 1977.
___ _. Penitents etfra ncs- m a ~ ons de l'ancienne Provence. Paris: Fayard, 1968.
BONNET, Padre S. Prieres secretes des Fra n ~a is d'aujourd'hui. Paris: Ce rf, 1976.
DUBY, G eorges. Guerriers et paysans. Paris: Ga llima rd, 1973.
654
DUPAQUIER, Jacques. Introduction ala demographie historique. Paris / Tournai / Montreal:
Gamma, 1974.
ELlAS, Norbert. La Civilisation des moeurs. Paris : Calmann-Levy, 1976 [ed. bras.: 0 processo
civilizador. Uma historia dos costumes, trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Zahar, 1995, v. 1J.
_ _ __,. La Societe descours. Paris: Calmann-Levy, 1977 [ed. bras.: A sociedade de corte:
Investiga~ao sobre a sociologia da realeza e da arisiocracia de corte, trad. Pedro Siissekind.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001].
FORSTER, R. "Achievements of the Annales School". The Journal of Economic History,
XXXVllI, n. 1, mar. 1978, pp. 58-76.
G1RARDET, Raoul. L'Idee coloniale enFrance, 1871-1962. Paris: La Table Ronde, 1972.
GOUBERT, Pierre. Beauvais et le Beauvaisis de 1600 a 1730. Contribution cl l'histoire sociale
de la France du XVII' siede. Paris: SEVPEN, 1960j ed . resumida: Cent milleprovinciaux au
XVItsiecle. Paris: Flammarion, 1968.
LE GOFF, Jacques. "Tem ps de l'Eglise et temps des marchands", in Pour un autre Moyen
Age. Paris: Gallimard, 1978.
____. Pourun autreMoyenAge. Paris: Gallimard, 1978.
MANDROU, Robert. Magistmts et sorciers en France au xvtr siede. Paris: PIon, 1968 [ed,
bras.: Magistrados efeiticeiros na Fran ra do seculo XVII: Uma analise de psicologia histo-
rica, trad. Nicolau Sevcenko e Jac6 Guinsburg. Sao Paulo: Perspectiva, 1979].
MEUVRET,]. "Etu d es d'histoire economique'l Annuies, 32, 1971.
_ _ _ _ . "Les Crises de subsistances et la demographic de la France de ll\ncien Re-
gime': Population, 1946.
STONE, Lawrence. "History and the Social Sciences in the Twentieth Century", in C. F.
Delzell (org.). TheFeature ofHistory. Nashville: Vanderbilt University Press, 1977.
655
BRAUDEL, Fernand. Vie materielle et capitalisme. Paris: Armand Colin, 1967.
BURGUIimE, Andre. "Endogamic et com munaute villageoise : la p ratique m atrim oniale:
Ro ma inville au XVIII' siecle" Quadernistorici, 1976.
a
_ __ _. "D e Malthus Weber: le mariage tardif et l'esprit d'entre prise" Annales ESC, 1972.
CASTAN, Yves. Honneteteet relations sociales ell Languedoc. Paris: PIon, 1975.
a
DEPAUW, Ja cq ues. "Amour illegitime et so ciete N antes" An nales ES C, 1972.
DUBY, Ge orgcs. Guerriers et paysans. Paris: Gallim ard , 1974.
_ _ _ _ . La Societe aux xr et XII' dans la region nu1connaise. Paris: Armand Colin, 1954.
ELlAS, Norbert. La Civilisation des moeurs. Paris: Calmann-Le vy, 1974 [ed . bras.: 0 processo
civilizador. Uma historia dos costumes, v. I, trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro : Zahar.
1995].
FEBVRE, Lucien. "Folklore et folkloristes ". Annales, 1939.
FLANDRIN, j ean-Louis . "Contracep tion, mariage et relati on s am our euses dans l'Occident
chre tien" Annales ES C, 1969.
FOUCAULT, Michel . La Volonti desavoir. Paris: Gallimard, 1976 [cd. b ras.: Historia da sexua-
lidade. A vontade de sober, v. I , 13~ ed., trad. Maria Th ereza Alb uq uerque e Jose August o
G. Alb uquerq ue. Rio de Janeiro: Gr aal, 1999].
FRANKLlN, Alfre d. La Vie privee d'autrefois. Paris: PIon, 1890, 12 V.
FURET, Fran cois & Jacques OZOUF. Lire et ecrire. Paris: Minuit, 1978, 2 V.
GOUBERT, Pier re. Beauvais et le Beauvaisis. Paris: SEVPEN, 19 60. Re ed. co rn 0 titul o Cent
milleprovinciauxau XVII' site/e. Paris: Flammarion, 1968.
GOUESSE, Jean-Marie. "Paren te, famille et mariage en Norman die aux XVII' et XVIII'
siecles" Annales ESC , 1972.
GRMEK, Mirko D. "Prelirni naires d'une et ude hi storique de s mala dies ': Annales ESC, 1969.
HEMARD INQUER, Je an -J acques. "Pour une histoire de l'alimentation" Cahier des Annates,
n. 28, 1970.
HENRY, 1. AncielllJes famillesgenevoises. Paris: PUF, 1956.
HENRY, Lou is & C laude LEVY. "Dues et pa irs de France sous lAncien Regime" Population,
1960 .
LADURIE, Em manuel Le Roy. "L'Unification microbienne du mo nde". Revue Suisse
d'Histoire, 1973.
_ __ _,. Le Territoire de i'hisiorien. Paris: Gallimard, 1975, v. 2 .
_ _ _ _ ,. Les Paysans du Languedoc. Paris: Flam marion, 196 9.
_ __ _. Montaillou, village occitan. Paris : Gallimard, 1975 [ed. b ras.: Montaillou, povo-
ado occitanico: 1294-1324 , trad . Maria Lucia Macha do . Sao Paulo : Companhia das Le-
tras, 1997].
LADURIE, Em ma nue l Le Roy & J.-P. ARON et al. L'Antlzropologie du conscritfran fais. Pa-
ris / H aia: Mouto n, 1972..
LE GOFF, Jacques . "Culture clericale et tradition s folkloriques dans la civilisation rner ovin-
gie nn e". A nnales ESC, 1967.
_ __ _ ., "Temps de l'Eglise et temps du marchand', Annales ESC, 1960 . R eed . in Pourun
autreMoyen Age. Paris : Gallimard, 1978.
656
_ _ _ _. "Temps du travail dans la crise du XIV' siecle", in Le Moyen Age, LXIX, 1963.
Reed. in Pourun autreMoyenAge. Paris: Gallimard, 1978.
LE GOFF, Jacques & Emmanuel Le Roy LADURIE. "Melusine matemelle et defricheuse"
Annales ESC, 1971.
LEGOFF,Jacques & Pierre VIDAL-NACQUET. "Levi-Strauss en Broceliande" Critique, 1975.
MARTINO, Emesto de. La Terre des remords. Paris: Gallimard, 1966.
MEUVRET, Jean. "Recoltes et populations" Population. Paris, INED, 1946.
OZOUF, Mona. La Fete revolutionnaire. Paris: Gallimard, 1976.
PERRENOUD, Alfred. "Malthusianisme et protestantisme". AnnalesESC, 1974.
ROSSIAUD, Jacques. "Prostitution, jeunesse et societe dans les villes du Sud-Est au XV'
siecle" Annales ESC, 1976.
SEGALEN, Martine. Nuptialite et alliance: Le choix du conjoint dans une communede l'Eure.
Paris: Maisonneuve et Laisse, 1972.
SEIGNOBOS, Charles. Methode historique appliquee aux sciences sociales. Paris: Felix Alcan,
1901.
SEIGNOBOS, Charles & Charles-Victor LANGLOIS. Introduction aux etudeshistoriques. Pa-
ris: Hachette, 1898 [ed. bras.: lniroducao aos estudos hist6ricos, trad. Laerte A. Morais.
Sao Paulo: Renascenca, 1946].
VOVELLE, Michel. LesMetamorphoses de lafete en Provence. Paris: Flammarion, 1976.
ZONABEND, Francoise. "Parler famille". L'Homme, 1970.
BABCOCK, Barbara A. (org.). The Reversible World. Symbolic Inversion in Art and Society.
Ithaca: Comell University Press, 1978.
BARTH, Fredrik (org.). Ethnic Groups and Boundaries. The Social Organization of Culture
Difference. Bergen / Oslo: Universitetsforlaget, 1969.
BERLIN, Ira. "Time, Space and the Evolution of Afro-American Society on British Main-
land North America': AmericanHistorical Review, LXXXV, 1980, pp. 44-78.
BLOCH, Marc. La Societefeodale. Paris: Albin Michel, 1939.
BOYER, Paul & Stephen NISSENBAUM. Salem Possessed: The Social Origins of Witchcraft·
Cambridge (MA): Harvard University Press, 1974.
BROWN, Peter. "The Rise and Function of the Holy Man in Late Antiquity': Journal of
Roman Studies, LXI,1972, pp. 80-101.
____' The Making of Late Antiquity. Cambridge (MA): Harvard University Press,
1978.
CHRISTIAN JR., William. LocalReligion in Sixteenth-Century New Castile. Princeton: Prin-
ceton University Press, 1981.
____. Person and God in a Spanish Valley. Nova York: Seminar Press, 1972.
COHEN, Abner (org.). Urban Ethnicity. Londres: Tavistock Publications, 1974.
COLMAN, Rebecca v: "Reason and Unreason in Early Medieval Law". Journal of Interdisci-
plinaryHistory, IV, 1974, pp. 571-92.
657
DAVIS, Natalie Z. Society and Culture in Early Modern France. Stanford: Stanford Univer-
sity Press, 1975 [ed. bras.: Culturas do povo: Sociedade e cultura no inicio da Fran~a mo-
derna. Sao Paulo: Paz e Terra, 1990].
DE VOS) George. Japan's Invisible Race. Caste in Culture and Personality. Berkeley: Univer-
sity of California Press, 1966.
DIX, Gregory. The Shape of Liturgy, 2~ed. Londres: Dacre Press, 1945.
DOODY, Margaret. '''How shall we sing the Lord's song uppon an alien soil?': The New
Episcopalian Liturgy", in Christopher Ricks & Leonard Michaels (orgs.). The State of
the Language. Berkeley: University of California Press, 1979,pp. 108-24.
DOUGLAS, Mary. Purity and Danget: Harmondsworth: Penguin, 1966 [ed. bras.: PUreZi]
e perigo, trad. Monica Siqueira de Barros e Zilda Zakia Pinto. Sao Paulo: Perspectiva,
1976].
DOVER, Kenneth R. Greek Homosexuality. Nova York: Penguin, 1980.
DUBY, Georges. Guerriers et paysans: VII'-XII' siecies. Premier essor de l'economie europeene.
Paris: Gallimard, 1973.
DUPONT-BOUCHAT, Marie-Sylvie: FRIJHOFF, Willem & Robert MUCHEMBLED. Propheies
et sorciers dans lePays-Bas) XVI'-XVIII' siecle. Paris: Hachette, 1978.
FINLEY, Moses 1. The World of Odysseus. Nova York: Viking Press, 1965.
FREEMAN, Susan Tax. The Pasiegos. Spaniards in No Man's Land. Chicago: University of
Chicago Press, 1979.
GARRET, Clarke. "Witches and Cunning Folk in the Old Regime", in Jacques Beauroy,
Marc Bertrand & Edward T. Gargan (orgs.). The Wolf and the Lamb. Popular Culture
in France from the Old Regimeto the Twentieth Century. Stanford: Stanford French and
Italian Studies, 1976.
____. Respectable Folly: Millenarians and the French Revolution in France andEngland.
Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1975.
GEERTZ, Clifford. Agricultural Involution: The Processes of Ecological Change in Indonesia.
Berkeley: University of California Press, 1963.
____,. Interpretation of Cultures. Nova York, 1973 [ed, bras.: A interpretacao das cultu-
ras. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989].
_ _ _ _. "Suq: The Bazaar Economy in Sefrou", in C. Geertz, Hildred Geertz & La-
wrence Rosen. Meaning and Orderin Moroccan Society. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1979,pp. 123-313.
- - - -. Peddlers and Princes: Social Change and Economic Modernization in Two Indo-
nesian Towns. Chicago: University of Chicago Press, 1963.
____. The Interpretation of Cultures. Nova York: Basic Books, 1973, pp. 142-69.
____. TheReligion ofJava. Glencoe: Free Press, 1960.
____. TheSocial Historyof an Indonesian Town. Cambridge (MA): MIT Press, 1963.
GEERTZ, H. & Keith THOMAS. ''AnAnthropology of Religion and Magic': Journal of Inter-
disciplinary History, VIII, 1975, pp. 71-109.
GINZBURG, Carlo. I Benandanti. Ricerche sullastregoneria e sui cultiagrari tra Cinquecento e
Seicento. Turim: Einaudt icee [ed, bras.: Os andarilhos do bem: Peiticaria e cultos agra-
658
rios nosseculos XVI e XVII, trad. jonatas Batista Neto. Sao Paulo: Companhia das Letras,
1988] .
GOODY,Jack (org.). Literacy and TraditionalSociety. Cambridge: Cambridge University
Press, 1968.
GOODY,Jackj THIRSK,]oan & P. THOMPSON (orgs.), Family and Inheritance. RuralSociety
in Western Europe, 1200-1800. Cambridge: Cambridge University Press , 1976.
GUREVICH, A. Y."Wealth and Gift-Bestowal among the Ancient Scandinavians" Scandi-
navica, VII, 1968, pp. 126-38.
HERODOTO. 'The Persian Wars. Nova York: The Modern Library, 1942.
HORSLEY, Richard A. "Who were the Witches? The Social Roles of the Accused in the
European Witch Trials" Journal ofInterdisciplinary History, IX, 1979, pp. 689-716.
KAPPERER, Bruce. "Ritual, Audience and Reflexivity: Sri Lanka Exorcist Rites ", in John
MacAloon (org.). Rite,Drama, Festival) Spectacle:Rehearsals toward a 'Theory of Cultural
Peformance. Filadelfia: Institute for the Study of Human Issues, 1984.
KEENAN, Elinor. "N orm -M aker s, Norm-Breakers: Uses of Speech by Men and Wo-
men in a Malagasy Community", in Richard Bauman & Joel Sherzer (orgs.). Ex-
plorations in the Ethnographyof Speaking. Cambridge: Cambridge Un iversity Press,
1974, pp. 125-4 3.
KELLY, Raymond C. "W itch craft and Sexual Relations. An Exploration in the Social and
Semantic Implications of the Structure of Belief", in Paula Brown & Georgeda Buch-
binder (orgs.). Man and Woman in the New Guinea Highlands. Washington: American
Anthopological Association Publications, 1976, pp. 36-53.
KLAPISCH-ZUBER, Christiane. "The Medieval Italian Mattinata" Journal of Family History,
v, 1980, pp. 2-27.
KREISER, B. Robert. Miracles, Convulsions and Ecclesiastical Politics in Early Eighteenth-
-CenturyParis. Princeton: Princeton University Press, 1978.
KRIEGEL, Maurice. Les Juifs cl lafin du Moyen Age dans l'Europe mediterraneenne. Pari s:
Hachette, 1979.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Montaillou, village occitan de 1294 cl 1324. Paris: Gallimard,
1975 [ed, bras.: Montaillou, povoado occitdnico: 1294-1324, trad. Maria Lucia Machado.
Sao Paulo: Companhia das Letras, 1997].
LITTLE, Lester. Religious Poverty and theProfitEconomy in Medieval Europe. Ithaca: Cornell
University Press, 1978.
LORD, Albert B. 'The Si;ger of the Tales. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1960.
MACPARLANE, AIan. Witchcraft in Tudorand Stuart England. Londres: Routledge & Kee-
gan Paul, 1970 .
MANGIN, William (org.). Peasants in Cities. Readings in the Anthropology of Urbanization.
Boston: Houghton Mifflin, 1970.
MAUSS, Marcel. 'The Gif - Forms and Functions of Exchange in Archaic Societies. Londres:
Routledge & Keegan Paul, 1969.
MEILLASSOUX, Claude (org.). 'The Development of Indigenous Trade and Markets in West
Africa. Londres: Oxford University Press, 1971.
659
MESSENGER JR.,Lord. John C. "The Role of Proverbs in a Nigerian Judicial System", in
Alan Dundes (org.). The Study ojFolklore. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall, 1965,
pp. 299-3 07.
METRAUX, Alfred. Le Vaudou haitien. Paris: Gallimard, 1958.
MINTZ, Sidney W. "Slavery and the Rise of Peas an tries". Historical Reflections, VI, 1979, pp.
213-42 .
_ _ _ _. "Time, Sugar, and Sweetness". Marxist Perspectives, n, 1979-80, pp. 56-72.
MINTZ, Sidney & Eric WOLF. "An Analysis of Ritual Coparenthood (Compadrazgo)". Sou-
thwestern Journal ojAnthropology, VI, 1950, pp. 341-68.
MINTZ, Sidney & Richard PRICE. An Anthropological Approachto the AJro-american Past:
A Caribbean Perspective. Filadelfia: The Institute for the Study of Human Issues, 1976.
MURPHY, Yolanda & Robert F. MURPHY. Women oj the Forest. Nova York: Columbia Uni-
versity Press, 1974.
PI TT-RIVERS, Julian. The Fate oj Schechem, or the Politics oj Sex. Cambridge: Cambridge
University Press, 1977.
RADING, Charles. "Superstition to Science: Nature, Fortune and the Passing of the Medie-
val Ordeal". AmericanHistorical Review, LXXXIV, 1979, pp. 945-69.
RAPPAPORT) Roy. Ecology, Meaningand Religion. Richmond: North Atlantic, 1978.
____. Pigs jor theAncestors. Ritual in the Ecology oj a New Guinea People. New Haven:
Yale University Press, 1968.
RED FIELD, Robert. The Folk Culture ojYucatan. Chicago: University of Chicago Press, 1941.
ROSALDO, Michelle Z. Knowlegde and Passion. Ilongot Notions oj Selfand Social Life. Cam-
bridge: Cambridge University Press, 1980.
ROSALDO, Michelle Z. &Jane M. ATKINSON. "Man the Hunter and Woman. Metaphors
for the Sexes in Ilongot Magical Spells", in Roy Willis (org.). The Interpretation oj Sym-
bolism. Londres: Melaby, 1975, pp. 43-75.
ROSALDO, Renato. Ilongot Headhunting, 1883-1974. Stanford: Stanford University Press, 1980.
ROSENBERG, Carroll Smith. "Sex as Symbol in Victorian Purity: An Ethnohistorical
Analysis of Jacksonian America", in John Demos & Sarane Spence Boocock (orgs.).
TurningPoints: Historical and Sociological Essays on the Family. Chicago: University of
Chicago Press, 1978.
SAHLINS, Marshall. Culture andPractical Reason. Chicago: University of Chicago Press, 1976
[ed, bras.: Cultura e razaopratica, trad. Luis L. M. Lamerao, Rio de Janeiro: Zahar, 1979].
____. Stone Age Economics. Chicago: Aldine-Atherton, 1972.
SCHMITT, Jean-Claude. Le Saint levrier, Guineiort, guerisseur d'enjants depuis le XIII' sire/e.
Paris: Flammarion, 1979.
SILVERMAN, Sydel. Three Bells oj Civilization. The Life oj an Italian Hill Town. Nova York:
Columbia University Press, 1975.
SINGER, Milton, When a Great Tradition Modernizes. An Anthropological Approach to In-
dian Civilization. Nova York: Praeger, 1972.
STRATHERN, Marilyn. Women in Between. Female Roles in a Male World: Mount Hagen,
New Guinea. Londres: Seminar Press, 1972.
660
THOMAS, Keith. Religion and the Decline of Magic. Londres: Weidenfeld & Nicholson, 1971
led. bras.: Religiao e 0 declinio da magia, trad. Denise Bottmann e Tornas Rosa Bueno.
Sao Paulo: Companhia das Letras, 1991].
THOMPSON, Edward P. "Anthropology and the Discipline of Historical Context". Midland
History, I, 1972, pp. 41-55.
TREXLER, Richard. "Florentine Religious Experience: The Sacred Image". Studies in the
Renaissance, XIX, 1972, pp. 7-41.
____. Public Life in Renaissance Florence. Nova York: Academic Press, 1980.
TRUMBACH, Randolph. "London's Sodomites: Homosexual Behavior and Western Cul-
ture in the Eighteenth Century". Journal of Social History, XI, 1977, pp. 1-33.
TURNER, Victor. TheForest of Symbols. Aspects of Ndembu Ritual. Ithaca: Cornell Univer-
sity Press, 1967.
____. The Ritual Process. Chicago: Aldine, 1969.
UDOVITCH, A. L. "Formalism and Informalism in the Social and Economic Institutions of
the Medieval Islamic World", in Speros Vryonis & Amin Banani (orgs.). Individualism
and Conformity in Classical Islam. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1977, pp. 61-81.
UNDERHILL, Evelyn. Worship. Nova York: Harper & Row, 1936.
WEINER, Annette B. Women of Value, Men of Renown. New Perspectives in Trobriand Ex-
change. Austin: The University of Texas Press, 1976.
WHITE, Helen C. The TudorBooksof Private Devotion. Madison: University ofWisconsin
Press, 1951.
WOLF, Eric R. Peasants. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall, 1966.
ZONABEND, Francoise, "La Parente baptismale aMinot [Cote-D'Or]". Annales, XXXIII,
1978, pp. 656-76.
ACTON, Lord. "Inaugural Lecture on the Study of History'; in John Neville Figgis & Reginald
VereLaurence (orgs.). Lectures onModern History [1906]. Londres: Macmillan, 1950.
AULARD, Alphonse. Taine: Historien de la Revolution fran~aise. Paris: Armand Colin, 1907.
BAUDELAlRE, Charles. "Les Fleurs du Mal", in Y.-G. Le Dantec (org.). Oeuvres completes,
Paris: Pleiade, 1961 led. bras.: As flares do Mal, trad. IvanJunqueira. Sao Paulo: Nova
Fronteira, 1985].
BLOCH, Marc. Les Rois Thaumaturges: Etudes sur la caractere surnaturel aiiribue ala puis-
sance royale, particulieremeni en France et enAngleterre. Estrasburgo, 1924 [ed, bras.: Os
reis taumaturgos: 0 cardter sobrenatural do poder regia, Fran~a e Inglaterra, trad. julia
Mainardi. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2005].
____. TheHistorian's Craft, trad. Peter Putnam. Nova York: Vintage Books, 1953 [ed,
bras.: Apologiada historu: ou 0 oficio de historiador, trad. Andre Telles. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001].
BONGIOVANNI, Bruno & Luciano GUERCI (orgs.). Lalberodella Rivoluzione: Le inierpreta-
zioni della RivoluzioniFrancese. Turim: Einaudi, 1989.
661
DAVIS, Natalie Zemon. "On the Lame': American Historical Review, 93, jun.1988.
_ _ _ _,. TheReturn ofMartin Guerre. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1983.
_ _ _ _. "History's Two Bodies". American Historical Review, 93, fev. 1988.
FERRAJOLI, Luigi. Diritto e ragione: Teoria delgarantismo penale. Roma: Laterza, 1989 [ed.
bras.: Direito e razao: teoriado garantismo penal, trad. Ana Paula Zomer Sica. Sao Paulo:
Revista dos Tribunais, 2006].
____. Il Manifesto. 23-24 fev., 1983.
FINLAY, Robert. "The Refashioning of Martin Guerre" American Historical Review, n. 93,
jun. 1988,pp. 553-71.
FRUGONI, Arsenio. Arnaldo della Brescia nellefonti del secolo XII [1954]. Turim: Einaudi,
1989.
FURET, F. "Pour une Definition des classes inferieures a l'epoque moderne" Annales:Eco-
nomies, SocietCs, Civilisations, n. 18, mai.-jun. 1963.
FURET, Francois & Mona OZOUF. Dictionnaire critique de la Revolution Franfaise. Pari s:
Flammarion, 1988.
GAUCHET, Michel. "Les Lettressur l'histoire de France d'Augustin Thierry", in Pierre Nora
(org.). Les Lieux de memoire. Paris: Gallimard, 1986, v, 2)pt. 1) pp. 247-316.
GINZBURG, Carlo. "Clues: Roots of an Evidential Paradigm" e "The Inquisitor as Anthro-
pologist", in Clues, Myths, and the Historical Method) trad. John e Anne C. Tedeschi.
Baltimore: The Johns Hopkins University Press) 1989 [ed. bras.: Mites, emblemas, sinais:
Morfologia e hisioria, trad. Federico Carotti. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2003J.
_ _ _ _,. "Introdutione", in Peter Burke. Cultura popolare nell'Europa moderna, trad.
Federico Canobbio-Codelli. Milao: A. Monadori, 1980 [ed. bras.: Cultura popular na
IdadeModerna, trad. Denise Bottmann. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1989].
_ _ _ _. "Just One Witness", in Saul Friedlander (org.). Probingthe Limits of Represen-
tation:Nazism and the FinalSolution. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1992.
_ _ _ _. "Montrer et citer: La verite de l'histoire" Le Deoat, n. 56, set.-out. 1989,pp. 43-59.
_ _ _ _. "Proofs and Possibilities: In the Margins ofNatalie Zemon Davis' The Return
of Martin Guerre". Yearbook of Comparative and General Literature, trad. Anthony Gu-
neratne, n. 37,1988,pp. 114-27.
- - - _ .. I benandanti. Turirn: Einaudi, 1966 [ed, bras.: Os andarilhosdo bem:Feiiicaria e
cultos agrdrios no seculo XVI e XVII. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2001].
____. Ilformaggio e i vermi:Il cosmo di un mugnaio del '500. Turim: Einaudi.acv« [ed,
bras.: 0 queijo e os vermes, trad. Maria Betania Amoroso e Jose Paulo Paes. Sao Paulo:
Companhia das Letras, 1987].
____.ngiudice e 10 storico: Considerazioni in marginealprocesso Sofri. Turim: Einaudi,
1991.
GODECHOT, Jacques. Un Jurypour la Revolution. Paris: Robert Laffont, 1974.
GOSSMAN, Lionel. Augustin Thierry and LiberalHistoriography, suplementar a History and
Theory, n. IS, 1976,pp. 1-83.
GRIFFET, Henri. Traite des differentes sortes de preuves qui servent cl Ctablir la veritC de
l'histoire, 2~ ed. Liege: Bassompierre, 1770.
662
GUERCI, Luciano. "Georges Lefebvre", in Bruno Bongiovanni & Luciano Guerci (orgs.),
Lalbero della Rivoluzione. Le interpretazioni della Rivoluzioni Francese. Turim: Einaudi, 1989.
HAGGARD, Henry Rider. She} a History of Adventure. Londres, 1887 [ed, bras.: Ela, trad.
Adriano de Abreu. Sao Paulo : Nacional, 1984].
HARTOG, Francois. Le Miroir d'Herodote. Essai sur la representation de l'auire. Paris : Galli-
mard, 1980 [ed. bras.: 0 espelho de Her6doto: Ensaio sobre a representaciio do outro, trad.
Jacyntho Lins Brandao, Belo Horizonte: UFMG, 1999].
HEGEL, G. W F. "H eidelberger Enziklopadie", § 448, Vorlesungen uoerdie Philosophie der
Geschichte, in Eva Moldenhauer & Karl Markus Michel (orgs.). Werke in zwanzig Ban-
den, v. 12 Frankfurt: Suhrkamp, 1970 [ed. bras.: Filosofia da hist6ria, trad. Maria Rodri-
gues e Hans Harden. Brasilia. UNB, 1995).
____. Enzyklopadie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse, § 548, V. 10
[S~ ed. Frankfurt: Suhrkarnp, 2003).
____. Grundlinien derPhilosophie desRechts [1911], § HO, v. 7 [2~ ed . Berlim: Akade-
rnie.zoog].
____.. Werke in zwanzig Banden. Frankfurt: Suhrkamp, 1971.
JOHNSON, AlIen. Historian and Historical Evidence. Nova York: Charles Scribner's Sons,
1926.
KOSELLECK, Reinhart. Futures Past: On the Semantics of Historical Time, trad. Keith Tribe.
Cambridge (MA): MIT Press, 1985 [ed, bras.: Futuro passado: Coniribuicao semanticaa
do tempohist6rico, trad. Wilma Patricia Maas e Carlos Alrneida Pereira. Rio de Janeiro:
Contraponto, 2006] .
KOSSOK, Manfred (org .). Sitzungberichte der Akademie der Wissenschaften, Eine Juryfur
[acques Roux: Dem Wirken WaiterMarkovsgewidmet. Berlim: Akademie-Verlag, 1981.
LADURIE, Emrnanuel Le Roy. Montaillou, vii/age occitan de 1294 a1314. Paris: Gallimard,
1975 [ed. bras.: Montaillou} povoado occitanico: 1294-1324, trad. Maria Lucia Machado.
Sao Paulo: Companhia das Letras, 1997).
LEFEBVRE, Georges. La Grande Peur de 1789 . Paris: Armand Colin, 1932 red . bras.:
o grande medo de 1789: Os camponeses e a Revolucao Francesa, trad. Carlos Eduardo de
Castro Leal. Rio de Janeiro: Campus, 1979).
LEVl, Giovanni. "Les Usages de la biographie" Annales: Economies}SocietCs} Civilisations, n.
44, nov.-dez. 1989, pp. 325-36.
LOWITH, Karl. Meaningin History. Chicago: Chicago University Press, 1949.
MATHIEZ, Albert. La Corruption parlementaire sousla Terreur, 2~ ed. Paris, 1927.
.Vie chere et lemouvement social sous la Terreur. Paris, 1927.
---'
MAUSS, Marcel. "Rapp orts reels et pratiques de la psychologie et de la sociologie', in Socio-
logie et anthropologie. Paris: PUF, 1960, pp. 281-310, trad. ing. Ben Brewster, Sociology and
Psycology: Essays. Boston, 1979 [ed. bras.: "Relacoes reais e praticas entre a psicologia e
a antropologia", in Sociologia e antropologia, trad. Paulo Neves. Sao Paulo: Cosac Naify,
200 5).
MOMIGLIANO, Arnaldo. "An cient Historian and the Antiquarian", in Contributo alia storia
degli studi classici. Roma: Edizioni di Storia e Letteratura, 1955, pp. 67-106.
663
_ _ __ . "History between Medicine and Rhetoric", in Ottavocontributo aliastoria deglz
studi classici e del mondo antico, trad. Ricardo Di Donato. Roma: Edizioni di Storia e
Letteratura, 1987, pp. 14-25.
____. Sesto contributo aliastoria deglz studi classici e delmondoantico. Roma: Edizioni
di Storia e Letteratura, 1980, pp. 231-84.
_ _ _ _ . The Developmentof Greek Biography. Cambridge (MA): Harvard University
Press, 1971.
POSTAN, M. M.j RICH, E. E. & Edward MILLER (orgs.). A Economic Organization and Po-
licies in the Middle Ages. The Cambridge Economic History of Europe. Cambridge: Cam-
bridge University Press, 1965, v. 3.
POWER, Eileen. "On Medieval History as a Social Study': Economica, n. s. I, fev. 1934, pp. 20-21.
____.Medieval People [1924 J. Boston / Nova York: Houghton Miftlin Company, 1935.
SPENCE,Jonathan. The Death of Woman Wang. Nova York: Viking Press, 1978.
THIERRY, Augustin. "Essai sur l'historie de la formation e du progres du Tiers Etat". Le Cen-
seurEuropeen, 12 /05/1820. Reed. in Dix ansd'etudes historiques. Paris, 1835i Miiao, 1842.
____. Scritti storici. Turim: Einaudi, 1983.
VIALLANEUX, Paul. "Preface", in Jules Michelet, La Sorciere. Paris: Garnier-Flammarion,
1966 [ed, bras.: A feiticeira, trad. Maria Luiza A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
199 2 J.
WOOLF, Virginia. Orlando: A Biography. Nova York: C. Gaige, 1928 [ed. bras.: Orlando,
trad. Cecilia Meireles. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983].
14. JOYCE APPLEBY, LYNN HUNT E MARGARET JACOB lntroducao a Telling the Truth
about History
664
ARoN,Jean-Paul ; DUMONT, Paul & Emmanuel Le Roy LADURIE. Anthropologie du conscrit
frall ~a is d'apres les comptesnumeriqueset sommaires du recrutement de l'armee (1829-1830 ).
Paris / Haia: Mouton, 1972.
BAEHREL, Ren e, Ulle croissance: La Basse-Provence depuis lafin du x v' siedejusqua la vei/le
de la Revolution. Pari s: SEVPEN, 1961.
BAKHT1NE, M ikh ail. L'Q3uvre de Fran ~o is Rabelais et la culture populaire du Moyen Age et
sous la Renaissance [196 5]. Paris: Gall imard, 1970 [ed. bras.: Cultura popular na Idade
Media e no Renascimento: 0 contexto de Fra ll ~ois Rabelais, 6~ ed., trad. Yara Frateschi
Vieira. Br asilia: Hucitec / UNB, 2008 ].
BARDET,J.-P.j CHAUNU, P.j DESERT, G.; GOUHlER, P. & H . NEVEUX. Le Btltiment. Enquiie
d'histoire economique ( XV I' -Xlx' siecies} , Paris / Haia: Mouton, 1971.
sots, Pau!. Paysans de l'Ouest, des structures economiques et sociales aux optiolls politiques
depuis I'epoque revolutionnaire. Pari s / Haia: Mouton , 19 7 0 j ed. resumida: Paris, 1971.
BOUCHARD, Gerard. LeVillage immobile: Senilely enSologneau XVIII' siecle. Paris: PIon , 1972.
BOUVIER, J ean. Initiation au vocabulaire et aux mecanismes economiques contemporaills
(xlx'-rr siicles}. Paris: SEDES, 1969 .
a
BRAUDEL, Fernand. La Miditerranee et le monde mediterraneen I'epooue dePhilippe II. Pa-
ris: Armand Colin, 1976 [ed . bras.: 0 Mediterraneoeo mundo mediterranico na epoca de
Filipe II. Sao Paulo : Martins Pontes, 1984].
CHAUNU, Pierre. "L'h istoi re geographique". Revue de i'Enseignement Superieur, n. 44-45,
1969, pp. 66-n
. La Mort aParis, xvr, xvrr, XVIII' siecles. Pa ris: Fayard, 1978.
-- - -
____. Seville et l'A tlantique entre 1504 et 1650. Paris : SEVPEN, 1956-60.
DAVIS, Natalie Zemon. Society and Culture ill Early Modern France. Stanford: Stanford
Uni ver sity Pre ss, 1975.
DEYON, Pierr e. A miens} capitate provinciale. Etude sur la societe urbaine au ;I.-VII' siede. Pa-
ris / Haia: Mouton, 1967.
FEBVRE, Lucien. Le Probleme de l'illcroyance au XVI ' siede: La religion de Rabela is. Paris:
Albin M ichel, 1962.
FURET, Franco is & Denis RICHET. La Revolution Fran ~a ise. Paris: Hachette, 1965, 2 V.
GAIGNEBET, Claude & M arie-Claude FLORENTIN. Le Carnaval, essais de mythologiepopu-
laire. Paris: Payot, 1974.
GARDEN, Maurice. Lyon et leslyonnais au XVIII' siicle. Paris : Le s Belles Lettres, 1970.
GILLET, M . Techniques de l'histoire economique. Pari s: CDU,196 2, 2 fase.
GINZBURG, Carlo. I benandanti, stregoneria e culti agrari in CinqueceIlto e Seicento. Turim:
Einaudi, 1966 [ed. bras.: Os andarilhos do bem: Feiti~aria e culios agrarios nos sewlos XVI e
,XVI I, 2~
ed., trad.Jonatas Batista Neto. Sao PauIo: Companhia da s Letras, 2001].
____,.11formaggio e i vermi: 11 cosmo di un mugnaio. Turi m: Einaudi, 1976 [ed, bras.: 0
queijo e os vermes: 0 cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisi~ao, 3~ ed.,
trad. Maria Betan ia Amoroso, Sao Paul o: Companhia das Letras, 20 02].
GOUBERT, Pierre. Beauvais et le Beauvaisis de 1600 a1730 . Par is: SEVPEN, 1960; ed, resu -
mida: Cent »I me provinciaux au XVII' siecle. Par is: Flammarion, 1968.
665
HOBSBA\VM, Eric]. The Primitive Rebels. Manchester: Manchester University Press, 1959;
trad. fr.: LesPrimitifs de la revolte dans l'Europe modern. Preficio Jacques Le Goff. Paris:
Fayard, 1966 [ed. bras.: Rebeldes primitivos: Estudos sobre formas arcaicas de movimentos
sociais nosseculos XIX e xx, trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1978J.
IMBERT, G. DesMouvements de longue duree, Kondratieff Aix-en-Provence: La Pensee Uni-
versitaire, 1959.
JOUTARD, Philippe. La Ugende des Camtsards, une sensibilite au passe. Paris: Gallimard.
1977·
L'Histoire sociale. Sources et methodes, col6quio da ENS de Saint-Cloud, 15-16 mai. 1965.
Paris: PUF, 1967.
LABROUSSE, Ernest. "1848-1830-1789. Comment naissent les revolutions', in Actesdu Con-
gres Historique du centenaire de la Revolution de 1848. Paris: PUF, 1948.
____. Esquisse du mouvementdes salaires et des prix au XVIII' siecle. Paris: Dalloz, 1932.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. "Anthropologie de la jeunesse masculine en France (1819-
1830t. Annales ESC, 1976.Reed. in Le Territoire de l'historien. Paris: Gallimard, 1978.
____. L'Histoire du climatdepuis l'an mil. Paris: Flammarion, 1967.
_ _ _ _. "L'Histoire immobile", aula inaugural no College de France, 30/11/1973, in Le
Territoire de l'historien. Paris: Gallimard, 1978,t. n.
LASLETT, Peter. Un Monde que nousavons perdu [1965J, trad. fr. Paris: Flammarion, 1969.
LE GOFF,]. & P. NORA (orgs.). Faire del'histoire. Paris: Gallimard,1974, t. I led. bras.: Hisioria.
Novos problemas, 4~ ed., trad. Theo Santiago. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1995, t. I].
MANDROU, Robert. De la Culture populaire aux XVII' et XVIII' siecles: La Bibiioihcoue blei«
de Troyes. Paris: Stock, 1964i nova ed., 1975.
MEISS, Millard. Paintingin Florence and Siena afterthe BlackDeath, Arts, Religion and So-
ciety in the Mid-Fourteenth Century. Nova York: Harper Torchbooks, 1964.
MOUSNIER, Roland. Fureurs paysannes, les paysans dans les revoltes du XVII' siecle (France.
Russie, Chine). Paris: Calmann-Levy, 1967.
OZOUF, Mona. La Fete revoiutionnaire, 1789-1799. Paris: Gallimard, 1976.
PORCHNEV, Boris. Les Soulevements populaires en France au XVIII' siecle [1948]. Paris: SE-
VPEN, 1963 (trad. resumida, 1972).
ROMANO, R. & P. COURBIN. Villages desertcs et histoire economique. Paris: SEVPEN, 1965.
ROUPNEL, Gaston. La Ville et la campagne au XVII' siicle. Etude sur les populations du pays
dijonnais [1922]. Paris: Armand Colin, 1955.
SIEGFRIED, Andre, Tableau politique de la France de l'Ouest sous la nrRepuoliqu«. Paris:
Armand Colin, 1913.
VILAR, Pierre. "Histoire marxiste, histoire en construction', in Faire de l'histoire. Paris:
Gallimard, 1974, t. I led. bras.: "Historia marxista, hist6ria em construcao", in Hist6ria:
Novosproblemas, 4~ ed., trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995,t. I J.
VOVELLE, Gaby & Michel VOVELLE. Vision de la mort et de l'au-delcl en Provence d'apres les
autels des amesdu purgatoire, xv'-xx' siecles. Paris: Armand Colin, 1970.
VOVELLE, Michel. LesMetamorphoses de lafete en Provence de 1750 cl 1820. Paris: Flarnrna-
rion, 1976.
666
_ ___. Pietebaro que et dechristian isaiion ell Provence au X V III' siecle. Pari s: Seuil , 1978.
___ _ . Religion et revolution} la dech rtstianisaiion de l'an JI. Paris: Hachette, 1976.
16. MASSIMO MASTROGREGORI Existe uma forrnutacao teorica em Marc Bloch e Lucien
Febvre?
667
_ _ __ ' "La storiografia d'indirizzo marxista in Italia negli ultimi quindici anni". Rivista
Critica di Storia della Filosofia, 1961.
_ _ _ _. "Le stanchezze di Clio', in Storiografia francese de ieri e oggi. Napoles: Guida,
1977·
ERJJE) M. Zur neueren franzosischen Sozialgeschichtsforschung. Die Gruppe um die Annales.
Darmstadt, 1979.
FEBVRE, Lucien. La terra e l'evoluzione humana. Introduzione geografica alia storia. Turim:
Einaudi, 1980.
_ _ _ _. Problemi di meiodo storico. Turim: Einaudi, 1976.
____. Studi su Riforma e Renascimento... Turim: Einaudi, 1966.
GALASSO, G. "Storia e sociologia" Nuova Antologia) v. 4, 1974, pp. 480-89.
GARGALLO) G. Storiografia e sociologie. Roma: Bulzoni, 1971.
GARIN, E. "E dopo Croce il diluvio" L'Espresso) 1O/03h98S.
_ _ _ _. "Lo storicismo del Novecento" Giornale Critico della Filosofia Iialiana, I, 1983.
GEMELLI) G. & M. MALATESTA. "Introdutione", in Forme di sociabitita. Milao: Feltrinelli,
1982.
GENTILE) G. "Il mestiere dello storico" Il Mondo, 10/02/1951) p. 6.
GUREVICH) A. 1. "Medieval Culture and Mentality According to the New French Historio-
graphy". ArchivesEuropeennes de Sociologic, XXIV) 1983.
HAUSSLER, R. Tacitus und das historische Bewusstsein. Heidelberg: Carl Winter, 1965.
JANNAZZO, A. Rivista di Studi Crociani, v. VII, 1970) pp. 146-S1) pp. IS2-SS.
LABRIOLA, A. "1 prablemi della filosofia della storia", in Scrittifilosofici e politici. Turim:
Einaudi, 1976.
_ _ _ _. Dell'inscgnamento della storia. Bari: Loescher, 1876.
LAPEYRE, H. "Retour a Croce', Revue Historique, I, 1971) pp. 73-106.
LE GOFF) Jacques & Jacques REVEL (orgs.). La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978.
LENTINI, Gioacchino Gargallo di Caste!. Intorno alia storia della storiografia e altri saggi,
Siracusa: Randazzo, 1943.
____. Saggi e considerazioni intorno al modernostoricismo. Napoles: Morano, 19S7.
____. Storia della storiografia moderna. Roma: Bulzoni, 1972-8S.
MASSICOTTE) G. L'Histoire-probteme. La meihodedeLucienFebvre. St. Yacinthe / Paris: Edi-
sem, 1981.
MICHAUD, Joseph Fr. & Louis Gabriel MICHAUD. Biographie universelle, ancienne et mo-
derne. Paris: A. T. Desplaces, 18SS.
MOMIGLIANO, Arnaldo. ''Appunti su Federico Chabod storico" [1960 J) in Terzo contribute alla
storia degli studiclassici e del mondo aniico. Roma: Edizioni di Storia e Letteratura, 1966.
____. Quinto contribute alia storia degli studi classici e del mondo antico. Roma: Edi-
zioni di Storia e Letteratura, 1975.
_ _ _ _. "Historicism revisited" [1974 J) in Sesto contribute alia storiadegli studi classici e
delmondo antico. Roma: Edizioni di Storia e Letteratura, 1980.
RENZI) P. "Degli incontri marginali di un nuovo tipo ovvero: Le Annales e la storiografia
italiana" Nuova Rivista Siorica, v. 63) 1979.
668
ROSIEL LO, 1. Zanni. "Intorn o agli scritti me to d ologici di Lucien Febvr e" Rassegna degli
Archivi di Stato, I, 1967.
SASSO, G. "Per un a interpretazio ne d i Croce" La Cultura, 1964 .
SIEGEL , Martin. "H enri Berr et la Revue de Synihese Historioue", in Ch. O. Carbone ll & G.
Livet (orgs.) . Au berceau des Ann ales. Toulouse: Presses de 1'IEP, 19 83.
SIMMEL, G. Die Probleme del' Geschichtsphilosophie. Berlim, 18 92.
T EN ENTI , B. Villgt annees d'histoire et des sciences humaines. Table analitique des Annales
(1949-1969) . Paris: Armand Colin, 1972.
TREPP O, M. Del. "La lib erta della m emo ria". Cuo, XII , 197 6 .
669
____. Mythologies, trad. Annette Lavers. Nova York: Hill & Wang, 1972 [ed . br as.:
Mitologias, 9~ ed., trad. Rita Buongermino e Pedro de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1993].
BENVENISTE, Ernile. Problemes de linguistique generale. Paris: Gallimard, 1966 [ed . bras.:
Problemas de linguistica geralI, trad. Maria da Gl6ria Novak. Campinas: Pontes, 2005].
BERLIN, Isaiah . "Th e Concept of Scientific History" Historyand Theory, I, n. I, 1960.
BLAlR, Hugh. Lectures onRhetoricand BellesLettres. Londres, 1783.Reed. in Harold F. Har-
ding (org.) . Carbondalle (Illinois): Southern Illinois University Press , 1965.
BRAUDEL, Fernand. Ecritssur l'histoire. Paris: Flamrnarion, 1969 [ed, bras.: Escritos sobre
a historia, trad. Jac6 Guinsburg e Teresa C. S. da Mota. Sao Paulo: Perspectiva, 1992].
COWARD, Rosalind & John ELLIS. Language and Materialism: Developments in Semiology
and Theoryof Subject. Londres / Boston: Routledge / Paul, 1977-
CROCE, Benedetto. "La storia ridotta sotto il concetto generale dell'arte" [1893], in Primi
saggi. Bari: Laterza, 1951.
____. Teoria estoria della storiografia [1917]. Bari: Laterza, 1966.
DANTO, Arthur C. Analytical Philosophy of History. Cambridge: Cambridge University
Press, 1965.
DERRIDA, jacques, "La Structure, le signe et le jeu dans les discours des sciences humai-
nes", in L'Ecriture et la difference. Paris: Seuil, 1967 [ed, bras.: A escritura e a diferenfa,
trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva. Sao Paulo: Perspectiva, 2005].
_ _ _ _. "The Law of Genre". Critical Inquiry, 7, n. I, 1980, pp. 55-82.
DRAY, William H. Philosophical Analysisand History. Nova York: Harper, 1966.
_ __ --c. Philosophy ofHistory. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1964 [ed, bras. : Filosofia
da historia, trad. Octannys S. da Mota e Leonidas Hegenberg. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1969].
DROYSEN,Johann Gustav. Historik. Peter Leyh (org.). Stuttgart: Frommann-Holzboog, 1977.
DUCROT, O swald et al. Qu'est-ceque le struduralismei Paris: Seuil, 1968.
DUMOULlN, Jerome & Dorninique MOISIE (orgs.). The Historian between the Ethnologist
and the Futurologist. Paris / Haia: Mouton, 1973.
ELTON, Geoffrey W. ThePractice of History. Londres: Methuen, 1967, pp. 118-41.
FURET, Francois, "Q uantitative History", in F. Gilbert & S. R. Graubard (orgs.) . Historical
StudiesToday. Nova York: W. W. Norton, 1972, pp. 54-60.
____. In the Workshop of History, trad. Jonathan Mandelbaum. Chicago: Un iversity
of Chi cago Pres s, 1984.
GADAMER, Hans-Georg. "Th e Problem of Hi storical Consciousness", in Paul Rabinow &
William Sullivan (orgs.) . Interpretative SocialScience: A Reader. Berkeley: University of
California Press, 1979.
____. Le Probleme de la conscience hisiorioue. Louvain: Publications Universitaires de
Louvain, 1963.
GARDINER, Patrick (org.). Theories ofHistory. Londres: AlIen & Unwin, 1959.
GAY, Peter. Style in History. Nova York: W. W. Norton & Co., 1974 [ed, bras.: 0 estilo na
historia, trad . D enise Bottmann. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1990].
670
GENETTE, Gerard. "Frontieres du recit",in Figures u, Paris: Seuil, 1969, pp. 49-69.
GOMBRICH, E. H. Art and Illusion: A Study in Psychology of Pictorial Representation. Nova
York: Phaidon, 1960 [ed. bras.: Arte e ilusac: Um estudo da psicologia da representaciio
pictorica, 3~ ed., trad. Raw de Sa Barbosa. Sao Paulo: Martins Pontes, 1995J.
HARARI,Josue (org.). Textual Strategies: Perspectives in Post-Structuralism Criticism. Ithaca:
Cornell University Press, 1979.
HEGEL, G. W F. Vorlesungen iiber die Philosophie der Geschiiche. Frankfurt: Suhrkamp,
1970 [ed. bras. : Filosofia da hisioria, trad. Maria Rodrigues Hans Harden. Brasilia: UNB,
1995].
HEXTER, J. H. DoingHistory. BIoomington: Indiana University Press, 1971.
____. Reappraisals in History. Nova York: Harper Torchbooks, 1961.
HRUSHOVSKI, Benjamin. Poetics Today: Narratology I, IlJ HI. TelAviv, 1980-81,2 V.
JAKOBSON, Roman. "Linguistics and Poetics", in Thomas Sebeok (org.). Style and Lan-
guage. Cambridge (MA): MIT Press, 1960, pp. 352-58 [ed . bras.: "Lingulstica e poetica",
in Linguistica e comunica~ao, 22~ ed., trad. Izidoro Blikstein eJose Paulo Paes. Sao Paulo:
Cultrix. aoog].
KOSELLECK, Reinhart & Wolf-Dieter STEMPEL (orgs.). Geschuhte-Ereignis und Erziihlung.
Munique: W. Fink, 1973.
KRlSTEVA, J. "The Novel as Polylogue", in Leon S. Roudiez (org.). Desire in Language:
A Semiotic Approach to Literature andArt. Nova York: Columbia University Press, 1980.
LE GOFF, Jacques. "Is Politics Still the Backbone of History?",in Felix Gilbert & Stephen
Graubard (orgs.). Historical Studies Today. Nova York: W. W. Norton, 1972.
LEFEBVRE, Georges. La Naissance de l'historiographie moderne. Paris: Flammarion, 1971.
LEVI-STRAUSS, Claude. "History and Dialetic", in The Savage Mind. Londres: Weidenfeld
& Nicholson, 1966 [ed . bras.: 0 pensamento selvagem, trad. Tania Pellegrini. Sao Paulo:
Papirus, 2005].
____,. L'Origine des manieres de table. Paris: Pion, 1968 [ed. bras.: A origem dos modos
amesa, trad. Beatriz Perrone-Moises, Sao Paulo: Cosac Naify, 2006].
LOTMAN, Juri. The Structure of theArtistic Text, trad. Ronald Vroon. Ann Arbor: University
ofMichigan, 1977-
LYOTARD, Jean-Francois. "Petite Economie libidinale d'un dispositif narratif", in Desdis-
positifs pulsionnels. Paris : Union Generale, 1973, pp. 180-84.
MACKSEY, Richard & Eugenio DONATO (orgs.). TheLanguages of Criticism and theSciences
ofMan: TheStructuralism Controversy. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1970
[ed . bras.: A controversia estruturalista: As linguagens da critica e as ciincias do homem,
trad. Carlos Alberto Vogt e Clarice Saboia Madureira. Sao Paulo: Cultrix, 1971].
MANDELBAUM, Maurice. The Anatomy of Historical Knowledge. Baltimore: Liveright, 1970.
MARX, Karl, "Th e Eighteenth Brumaire of Louis Buonaparte", in Karl Marx & Friedrich
Engels. Selected Works. Nova York: International Publishers, 1969.
MINK, Louis O. "Narrative Form as Cognitive Instrument", in Robert H. Canary & Henry
Kozicki (orgs.) . TheWriting of History: Literary Form and Historical Understanding. Ma-
dison (Wiss.), 1978.
671
POPPER, Karl R. ThePoverty of Historicism, 1944-45. Londres: Routledge, 1957 [ed, bras.:
A miseria do historicismo, trad. Octanny S. da Mota e Leonidas Hegenberg. Sao Paulo:
Edusp / Cultrix, 1980].
RICCEUR, Paul. "Expliquer et Cornprendre" RevuePhilosophique deLouvain, SS, 1977.
_ _ _ _. "Du Conflit ala convergence des rnethodes en exegese biblique", in Roland
Barthes et al. (orgs.). Exegese et hermeneutique. Paris, 1971, pp. 47-51.
_ _ _ _. "Explanation and Understanding: On Some Remarkable Connections among
the Theory of the Text, Theory ofAction, and Theory of History'; in Charles E. Reagan
& David Stewart (orgs.). The Philosophy of Paul Ricceur: An Anthology of His Work.
Boston: Beacon Press, 1978.
____. History and Truth, trad. C. C. Kelbley. Evanston (n.). Northwestern University
Press, 1965 led. bras.: Hist6ria e verdade, trad. F.A. Ribeiro. Rio deJaneiro: Forense, 1968 ).
_ _ _ _. "Narrative Time". Critical Inquiry, 7, n. 1, 1980.
_ _ _ _. "The Model of the Text: Meaningful Action Considered as a Text". Social Re-
search, 38, n. 3, 1971.
_ _ _ _. "The Model of the Text: Meaningful Action Considered as a Text", in P. Rabi-
now & W. Sullivan (orgs.). Interpretative Social Science, Berkeley, 1979.
RUSEN,Jorn & Hans SUSSMUTH (orgs.). Theorien in derGeschichtswissenschaft. Dusseldorf:
Padagogischer Verlag Schwann, 1980.
SCHMIDT, Alfred. Geschichte und Struktur: Fragen einermarxistischen Historik. Munique:
Hanser, 1971.
STURROCK, John (org.). Structuralism and Since. Oxford: Oxford University Press, 1979.
TELQUEL (grupo). Theorie d'ensemble. Paris: Seuil, 1968.
THOMPSON, E. P. ThePoverty of Theory. Londres: Merlin, 1978.
TODOROV, Tzvetan. La Conquete de l'Amerique: La Question de l'autre. Paris: Seuil, 1982
led. bras.: A conquista daAmerica:A questiio do outro, trad. Beatriz Perrone-Moises, Sao
Paulo: Martins Fontes, 2003].
VALESIO, Paolo. Novantiqua, Rhetorics as a Contemporary Theory. Bloomington: Indiana
University Press, 1980.
_ _ _ _. ThePractice of LiterarySemiotics: A Theoretical Proposal. Urbino: Centro Inter-
nazionale di Semiotica e di Linguistica, Universita di Urbino, n. 71, serie D, 1978.
VEYNE, Paul. Comment ontcritl'histoire: Essai d'epistimologie. Paris: Seuil, 1971 [ed. bras.: Como
seescreve a hist6ria, trad. Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp. Brasilia: UNB,1998].
WHITE,Hayden. "Foucault's Discourse", in TheContentof the Form. NarrativeDiscurse and
Historical Representation. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990, pp. 104-41.
_ _ _ _. "The Problem of Style in Realistic Representation: Marx and Flaubert', in Berel
Lang (org.), Concept of Style. Piladelfia: University ofPennsylvania Press, 1979, pp. 213-29.
_ _ _ _. "The Value of Narrativity in the Representation of Reality", in Narrative in
Contemporary Historical Theory. Baltimore: TheJohns Hopkins University Press, 1992.
_ _ _---C. Metahistory: The Historical Imagination in Nineteenth-Century Europe. Balti-
more: The Johns Hopkins University Press, 1973 [ed, bras.: Meta-historia: A imaginacao
historica do seculo XIX, trad. Jose Lourenio de Melo. Sao Paulo: Edusp, 1995].
672
____. Tropics of Discourse. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1978
[ed. bras.: Tropicos do discurso: Ensaios sobre a critica da cultura, trad. Alipio Correia de
Franca Neto. Sao Paulo: Edusp, 2001].
673
MALINOWSKI, Bronislaw. Trois essais sur la vie sociale des primitifs. Paris: Peti te Biblioth e-
que Payot , 2001.
_ ___ . UneTheorie scientifiqllede la culture. Paris : M aspero, 1968.
MARITAIN, Jacques. Qllatre essais sur l'esprit dans sa condition charnel/e. Paris: De sclee de
Brou wer, 1939.
l\1ARWICK, Max (org.). Witchcraft and Sorcery. Londres: Peng uin Sociol og y Reading, 1970.
N ILSS O N, M. Opuscula selecta, v. Ill .
NILSSO N, Mar tin P. Geschuliie del'griechischenReligion, v. II , 2~ ed. Munique : Beck, 1960.
NOCK, A. D. Gnomon) n. VII I, 1932.
_ _ _ _ . Gnomon, n. XXV II , 1955,
_ _ _ _' Harvard 'Iheologicat Review, XLV, 1952.
_ _ _ _. Journal oj Roman Studies, XLVII, 1957.
PAR SONS, Talcott. TheSocial System. Nova York: Free Press, 1965, n. 2.
PICQ, Ardant duoEtudessur le combat, combat antique et combat moderne, 7~ ed. Paris: Li-
brairie Chapelot, 1914.
PO SE NE R,Georges. "De la divinite du ph araon" Cahiers de la SocieteAsiatique, XV, 19 60.
RITIER, Joachim. "W issensch ftliche Buchgesellschaft ", in Historisches Worterbuch del' Phi-
losophie. Basel / Stu ttgar t: Schwabe, 1971, V. I.
RUNC IMAN, W. Garr y. Relative Deprivation and SocialJustice. Londres: Pelican Books, 1972.
SOLJENITSYN E, Alexandre. Le Pavilion des cancereux, II . [Pocket) 20 05].
STOETZEL, Je an . [eunesse sanschrysanth im e ni sabre. Etude sur les attitudes de la jeunes se
japonaise d 'apre s-guerre. Paris: Pion , 1954.
VEY N E, Paul. Comment on ecrit l'histoire. Paris: Seuil, 1971, p. 227 [ed . bras.: Como seescrel'f
a historia, tr ad. Alda Baltar e Maria Auxilia dora Kneipp, Brasilia : UN B, 1982].
VIDAL, Daniel. "Un Cas de faux con cept, la n oti on de alienation". Sociologie du Travail,
n. 1, 1969 .
WEBER, Max. Rechtssozialogie, ed. Winckelma nn. Neuwied: Luchterhand, 1967.
- - -- . Essaissur la theorie de la science, trad. fr. Paris: Pion, 1965.
674
VOLUME 2 - DEBATES
1. LAWRENCE STONEO retorno da narrativa: reflex6es sobre uma nova velha hist6ria
ARIES, Phillipe. L'Homme devant la mort. Paris: Seuil, 1977 [ed, bras.: 0 homem dianteda
morte, 2~ ed, trad. Luiza Ribeiro. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989-90].
a
BRAUDEL, Femand. La Mediterranee et lemonde mediterraneen l'epoque de Philippe u. Pa-
ris: Armand COM, 1949 [ed, bras.: 0 Mediterrtmeo eo mundo mediterranico na epoca de
Filipe u. Sao Paulo: Martins Pontes, 1984].
BRENNER, Robert. "Agrarian Class Structure and Economic Development in Pre-Indus-
trial Europe': Past and Present, n. 70, fev. 1976, pp. 30-75.
BROWN, Peter. TheWorldofLate Antiquity: FromMarcus AureliustoMuhammad. Londres:
Thames & Hudson, 1971.
CIPOLLA, Carlo M. Faith, Reason, and the Plague in Seventeenth-Century Tuscany [1977 J,
trad. Muriel Kittel. Ithaca: Comell University Press, 1979.
COBB, Richard. Death in Paris: TheRecords of the Basse-Geble de la Seine, October 1795-Sep-
tember1801, Yendemiaire Year IV-Fructidor Year IX. Oxford / Nova York: Oxford Univer-
sity Press, 1978.
____. ThePolice and the People: French Popular Protest, 1789-1820. Oxford: Clarendon,
1970.
DARNTON, Robert. TheBusiness ofEnlightenment: A Publishing Historyof the Encyclopedie,
1775-1800. Cambridge: Belknap Press, 1979 [ed. bras.: 0 Iluminismo como negocio: Histo-
ria da publicacao da "Encidopedia", 1775-1800, trad. Laura Teixeira Motta e Maria Lucia
Machado. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1996].
_ _ _ _. "Intellectual and Cultural History", in M. Kammen (org.). ThePastBefore Us:
Contemporary Historical Writing in the United States. Ithaca: Comell University Press,
1980, pp. 327-54.
DAVID, Paul A. et al. Reckoning with Slavery: A Critical Study in the QuantitativeHistory of
AmericanNegro Slavery. Nova York: Oxford University Press, 1976.
DAVIS, Natalie Z. "Charivari, honneur et communaute a Lyon et a Geneve au XVII'
siecle", in Jacques Le Goff & Jean-Claude Schmitt (orgs.). Le Charivari: Actes de la
table ronde organisee aParis, 25-27 avril urr; par l'Ecole des Hautes Etudes en Scien-
ces Sociales et le Centre National de la Recherche Scientifique. Paris / Nova York:
L'Ecole / Mouton, 1981.
DELUMEAu,Jean. L'AlundeRome, XV-Xlx:' siede. Paris: SEVPEN, 1962.
____. L'Hisioire de la peur. Paris, 1979.
____. La Mort des pays de Cocagne: Comportements collectifs de la Renaissance al'age
classique. Paris: Sorbonne, 1976.
_ _ _ _. Le Catholicisme entreLuther et Voltaire. Paris: PUF, 1971.
____. Vie economique et sociale deRome dam la seconde moiiiedu xvr siede. Paris: De
Boccard, 1957-59, 2 V.
DUBY, Georges. Le Dimanche de Bouvines, 27 juillet 1214. Paris: Gallimard, 1973 [ed, bras.:
675
o domingo de Bouvines: 27 de julho de 1214 , trad. Maria Cristina Frias. Rio de Janeiro :
Paz e Terra, 19 9 3].
ELIAS, Norb ert. Uberden Prozess derZivilisation. Basileia: Haus zum Falkcn, 1939, 2 v. [ed.
bras.: 0 processo civiiizador, trad. RuyJungmann. Rio de Janeiro : Zahar, 19 9 5, 2 v.].
ELTON, Geoffrey R. Star Chamber Stories . Lond res: Methu en, 1958.
FOGEL, Robert William & Stanley L. EN GERMAN. Time on the Cross, The Economics of
Am erican Negro Slavely. Boston: Little, Brown, 19 74 .
FURET, Francoi s & Jacqu es OZOUF. Lire et ecrire. Paris: Minuit, 197 8, 2 v.
GEERTZ , Clifford. "Deep Play: Notes on the Balinese Cock-Fight", in The Interpretation of
Cultures. Nova York: Basic Books, 19 731 pp. 412-53 [ed. bras.: A interpreta ~ao das culiu-
rus, trad. Fanny Wrobel. Rio de Janeiro: Zahar, 197 8 ].
GINZBURG, Carlo. "Roots of a Scient ific Paradigm". Theory and Society, n. 3, V. 7, 19 79.
_ _ _ _ . Il[ormaggio e i vermi: Il cosmo di un mugnaio del '500. Tur im: G. Einaudi, 197 6
[ed. bras.: 0 queijo e os vermes: 0 cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela In-
qu isi ~ao, trad. M aria Betania Am oro so e Jose Paulo Paes. Sao Paulo: Companhia das
Letras, 19 87 ].
GOSSM AN, Lion el. ''Augustin Thierry and the Liberal Historiography". History and Theory ,
n. 4 , Beiheft x v, 1979.
GO UBERT, Pierre. Beauvais et le Beauvaisis de 1600 Cl 1730. Contribution Cl l'histoire sociale de
la Fmnce du XVII' siecle. Paris: SEVPEN, 1960.
GUn,1AN, Herbert G. Slavery and the Numbers Game: A Critique of Time on the Cross. Ur-
bana, Illinoi s: University of Illinois Press, 19 75.
H OBSBAWl\f , Eric J. Bandits. Londres: Weid enfeld & Ni colson, 19 6 9 [ed. bra s.: Bandi-
dos, t rad. D on ald son Mag alh aes Garschagen. Rio de Jane iro : For ense Universitdria,
197 5].
____. Primitive Rebels: Studies in Archaicforms of social movements in the 19 th and 20 ,h
Centuries. Manch ester : Manchester Universit y Press, 19 59 [ed. bras.: Rebeldes primiti-
vos: Estudos sobreformas arcaicas de movimentos sociais nossewlos XIX e xx, trad. Walten-
sir Dutra. Rio de Jane iro: Zahar, 19 7 8].
HOBSBAWM, Eric J. & George RUDE . Captain Swing. Londres: Lawren ce & Wishart, 19 6 9
[ed. bras.: Capitao Swing: A expansao capiialista e as revoltas rumis na Inglaterm do ini-
cio do seculo X IX, trad. Marco Antonio Pamplona e Maria Luiza Pint o. Rio de Jan eiro:
Francisco Alves, 19 82 ].
JORDA N, David P. The King's Trial: TheFrench Revolution vs. Louis XVI. Berkeley: University
of California Press, 1979 .
KENYON, John P. Stuart England. Londres: AlIen Lan e, 19 78.
LAD URI E, Emmanuel Le Roy. "L'Histoire immobile'; in Le Territoire de l'historien. Paris:
Gallimard, 1973-7 8, 2 v.
_ _ _ _ . Le Carnaval de Romans: De la Chandeieur au mercredi des Cendres, 1579 -1550.
Paris: Gallimard , 19 7 9 [ed. bras.: 0 carnaval deRomans: Da Candelaria Cl Quartajeira d:
Cinzas, 1579-1580, trad. Maria Lucia Machado. Sao Paulo: Companhia das Letras, 20 0 2] .
____ . LesPaysans du Languedoc. Paris: Flammarion, 196 6 .
676
_ _ _ _ . Montaillou, villageoccitan de 1294 a1324 . Paris: Gallimard, 19 75 [ed. bras.. Mon-
iaillou, povoado occitanico: 1294-1314 , trad. Maria Lucia Ma chado. Sao Paulo : Cornpa -
nhia das Letras, 1997].
_ _ _ _. TIle Territory of the Historian [197 5J, trad. Ben e Sian Reynolds. Hassocks: Har-
vester, 1979.
LOCKRIDGE, Kenn eth A. Literacy in Colonial New England:An Enquiry into the Social Con-
text of Literacy in the Early Modem West. Nova York: Nor ton, 19 74 .
]\lALl NOWSKI, Bron islaw. A SCientific Theory of Culture, and OtherEssays. Chapel Hill : The
University of N or th Carolina Press, 1944 [ed. bras.: Uma teoria cientijica da cultura,
3~ ed, trad.j ose Auto . Rio de Janei ro: Zahar, 19 75J.
MANDROU, Robe r t. Introduction ala Francemoderne, 150 0 -16 4 0 . Essai de psychologie hisiori-
que. Paris: Albin Michel, 19 6 1.
RUSSELL, Conrad. Parliaments and English Politics, 1611-1629. Oxford / Nova York : Oxford
University Press / Clarendo n, 1979.
SCHAMA, Simon. Patriots and Liberators: Revolution in tileNetherlands, 17 8 0 -1813 . Londres:
Collins, 1977 .
STONE, Lawrence. TIle Family, Sex and lvfa,.,-iage in England, 1500 -18 0 0. Lo ndres : Weiden-
feld & Nico lson , 1977-
SYMONS, Alphon se J. A. The Questfor Corvo: A I' Experiment in Biography. Londres: Cas-
sell, 1934 .
THOMAS, Keith V. Religion and tile Decline ofA'!agic: Studies i/l Popular Beli~fs in Sixteenth
and Seventeenth CenturyEngland. Londres: Weidenfeld & Nicolson, 19 71 [ed. bras.: Reli-
giiioe o dedinio da magia: Cren~as populates /la Inglaterra, seculos XVI e XVII, trad. Denise
Bottmann e Thom as Rosa Buen o. Sao Paulo : Co mpan hia das Letras, 19 91].
T HOMPSON, Edwar d P. Whigs and Hunters: The Origin of the Black Act. Lon dres: AlIen
Lane, 1975.
TREVOR-ROPER, Hu gh R. A Hidden Life: The Enigma of Sir Edmund Backhouse. Londres:
Mac millan, 1976 .
____. History: Professional and Lay - An InauguralLecture Delivered bef ore the Univer-
sity of Oxford on 12 November1957. Oxford : Clarendo n, 1957.
____. TIl e Last Daysof Hitler. Londres: Macmillan, 194 7.
WH ITE, H ayden V. Meiahistory: The Historical Imagination in theNineteenth Century. Balti-
more: The Johns Hopkins University Press, 19 73 [ed. bras.: Meta-historia:A imagina~iio
historica do seculo XIX, trad. Jose Lourenc io de Melo, Sao Paulo: Edusp, 19 95].
ZELDIN, Theo do re. France,184 8-194 5. Oxford : Claren do n, 1973-77 . Oxford H istor y of Mo-
dern Euro pe Series, 2 v.: tradu zido para 0 frances com o Histoire des passions fran~aise s :
184 8-1945. Paris: Seuil, 1978.
ZUCKERJ\1AN, Mich ael. "Dreams that Men D are to Dream : The Role ofIdeas in Western
Modernization': Social ScienceHistory, n. 3, v. 2, 1978, pp. 332-45.
677
2. HE RVE MARTI N E GUY BOU RDE A nova hist6ria: herde ira da Escola dos Annales
ARON, Je an-Paul. "La Cuisine, un m en u au XIX' siecle', in ). Le Go ff & Pierre N ora (o rgs.) .
Faire de l'Histoire. Par is: Gallim ar d / NRF, t. Ill, 1974, pp . 192 ss [ed. bras.: Historia, 2~ ed.,
tr ad . Lui za Rib eiro . Rio de J an eiro : Francisco Alves, 1989].
BOIS, Gu y. "M arx isrne et Histoire n ou velle', in). Le Goff (org. ). La Nouveile Histoire. Pa-
ri s: Retz , 1978 red . p ort.: A nova historia, trad. Maria Helena Arinto e Ro sa Esteves.
Coim bra: Almedina, 1990].
FERRO, Marc. "Le Filme: Un e contre-an alyse de la societe", in J. Le Go ff & Pierre Nora
(orgs.) . Faire de t'Histoire. Paris: Gallimard / NRF, t. Ill, 1974 red. bras.: Historia, 2~ ed .,
trad . Luiza Ribeiro . Rio de Janeiro: Francisco Alv es, 1989].
FURET, Fran cois. "L'His to ire quantit ative et la constructi on du fait hi stor ique" Anna les
ESC , n. I , V. 26, 1971, pp . 63' 75.
L'Histoire, n. 2, ju n. 1978.
LADURIE, Emman u el Le Roy. "Exploitati on qu antitative et cartogr aph iqu e de s ar chi ves
mili taire s franc aises ( 1829' 1826) ",in Le Territoire de i'historien. Pari s: Gallimard, 1973-78,
pp. 33-88.
_ _ _ _ et al. LHistoire et sesmethodes. Lille : Pr esse s Universitaires de Lille, 1981.
_ _ _ _ et al. (orgs.) . La Nouvelle Histoire. Paris: Retz, 1978 [ed . po rt. : A nova historia,
trad . Maria Helena Ari nto e Rosa Est eves. Coimbra: Almedina, 1990].
Les Dossiersde l'a rcheologie, n. 22, jun. 1977.
MORlNEAU, Michel. "Allergico cantabile ". A nnales ESC , n. 4, V. 36, 1981, p p. 623-49.
VILAR, Pierre. Une Histoire en construction: Approche marxiste et problematiques conjonctu-
relies. Paris: Gallim ard / Le Seui l, 1982.
ARIES, Philippe. Le Temps de I'histoire. Paris: Seuil, 1986 red. bra s.: 0 tempo da historia,
trad. Roberto Leal Ferreira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989].
ARON, jean-Paul. LesModernes. Paris: Gallimard,1984, pp. 269-70.
AYMARD, Maurice, "Les Annales et l'Italie" Melanges de I'Ecole fran faise de Rome, Moyen
Age - Temps modernes, V. I, 1981.
- - - -. "Une Ce rtaine Passion de la France, une certaine idee de l'histoire", in Mau -
ric e Aymard et al. LireBraudel. Pa ris: La Decouverte, 1988.
BEJIN, Andre, "Effervescen ce et nouvelle donne dans les scien ces sociales" Autrement, fev.
1978.
BESAN(,:ON, Alain . "Prefac e", in M artin Malia. Comprendre la Revolution russe. Par is:
Seuil, 1980.
BES NARD, Philippe. Apresentacao do nurnero sobre "Les Durkheimiens " Revue Francaise
de Sociologic, n . 1, V. 20, 1979.
BOURDIEU, Pierre. Homo academicus. Par is : Minuit, 1984.
BRAUDEL, Fernan d . "En Guis e d e conclusio n". Review, n. 3-4, V. I, 1978.
678
_ _ _ _ . Ecritssur l'histoire. Paris: Flammarion, 1969 [ed. bras.: Escritossobre a hisioria,
trad.jaco Guinsburg e Teresa C. S. da Mota. Sao Paulo: Perspectiva, 1992].
- - - -. L'Identite de la France. Paris: Flammarion, 1986-87, 3 v. [ed. bras.: A ideniidade
da Franlra, trad. Lygia Araujo Watanabe. Rio de Janeiro : Globo, 1989] .
BURGUIERE, Andre (org.), Dictionnaire des sciences historiques Pari s: PUF, 1986 [ed . bras.:
Dicionario das ciencias hist6ricas, trad . Henrique de Araujo Mesquita. Rio de Janeiro :
Im ago, 1993].
CHAUNU, Pierre. "D ix ans apres", prefacio it segunda edicao de Histoire, science sociale: La
duree, l'espace et l'homme cl l'epooue moderne. Paris: SEDES,1984.
_ _ __ . "Le Fils de la morte', in Pierre Nora (org .). Essais d'ego-histoire. Paris: Gallimard,
1987 [ed. port.: Ensaiosde ego-hist6ria, trad. A. C. Cunha. Lisboa: Edicoes 70, 1987].
____ . L'Obscure memoire de la France: De la premiere pierre cl l'an mille. Paris : Perrin,
1988.
- -- - . Pourl'histoire. Paris: Perrin, 1984.
CROUZET, Francois. De la Superiorite de l'Angleterre sur la France: L'economique et
I'imaginoire, xvir-xx siedes. Paris: Perrin, 1985.
CROZIER, Michel & Erhard FRIEDBERG. L'Acteur et le systeme: Les contraintes de l'action
collective. Paris: Seuil, 1977.
DOSSE, Francois. L'Histoire en miettes: Des Annates" cl la "nouvelle histoire". Paris: La
D ecouverte.xcsz [ed. bras.: A hisioria em migalhas. Dos Annales cl Nova Historic, trad.
Duke Oliveria Amarante do s Santos, ed . rev. Bauru (sr) . Edusc, 2003].
_ _ _ _ ., "Les Hi storiens sont tombes sur la tete" Liberation, 28 fey. 1988.
DUBY, Georges. LeDimanchede Bouvines [1973] . Paris: Gallimard, 1985.
_ _ _ _ . Histoire de France, t. 1 (Le MoyenAge). Pari s: Hachette, 1987.
DUMOULIN, Olivier. "Un Entrepreneur' des sciences de l'homme" Espace-Temps, n. 34-35,
1986.
FAVIER,Jean (org.) . Histoire deFrance. Paris: Fayard, 1984-88, 6 v.
FEBVRE, Lucien. Combatspour l'hisioire. Paris: Armand Colin, 1953.
FERNAND BRAUDEL CENTER. "The Impact of the Annales School on the Social Sciences':
Review, n. 3-4, v. I, 1978.
FERRO, Marc. Petain. Paris: Fayard, 1987.
FURET, Francois, L'Atelier de l'histoire. Paris: Flammarion, 1982.
GADOFFRE, Gilbert (org.) . Certitudes et incertitudesde l'histoire:Troiscolloquessur l'histoire
de l'Institut collegial europeen. Pari s: PUF, 1987.
HARTOG, Francois, "Un G enre nouveau, ou un document d'un nouveau genrei" LeDe'bat,
n. 49, mar.-abr. 1988.
KRIEGEL, Annie. "D u Ban usage de la cr ise" Revue Prancaise de Sociologic, n. 4, v. 13, out.-
-deZ.1972.
LACOSTE,Yves. Geopoutiques de France, 3 v. Paris: Fayard, 1986.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Histoire de France, t. II (L'Etat Royal: de Louis XI cl Henri IV,
1460-1610) . Paris: Hachette, 1987.
_ _ _ _ ,. Panorama, France Culture, 3 novo1987.
679
LE GOFF, Jacques & Pierre NORA. Faire de l'histoire. Paris: Gallimard, 1974 [ed, bras.:
Historia: Novos problemas, 4~ ed ., trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro : Francisco Alves,
1995].
LE GOFF,Jacques et al. (orgs.) . La Nouvelle Histoire. Pari s: Retz ,19 78 [ed, bras.: A nistoria
nova, tr ad . Eduardo Brandao, Sao Paul o : Martins Fontes, 1990 ].
LEBRU N, Fr ancois, "Louis XIV et vingt mill ion s de Francais" L'Hisioire, n. 97, fey. 1987.
LEBRUN, Francois & Jean CARPENTIER. Histoire de France. Paris : Seuil, 1987.
MAZON, Brigitte. Aux Origines de l'en sss. Le role du mecenat al1lericain (1920 -1960) . Pari s:
Ce rf,19 88.
NORA, Pierre. LesLieux de l1lemoire. Pari s: Gallimard, 1984, 3 t.
ORY, Pascal. "La Nouvelle Generation': Le Figaro iitteraire, 11 abr. 1988.
Revue Historique, n. 548, out.-dez. 1983, pp. 473-74.
STOIANOVICH, Traian. "Social Hi sto ry: Perspective of th e Annales Parad igm ': Review, n.
3-4, v. I, 1978.
STONE, Lawrence. "Retou r au recit ou reflexions sur une nouvelle vieille hi stoire" [1979 ],
trad . Lou is Evrard. Le Debat, n. 4, set. 1980.
TILLY, Charles. "An th ropology, Hi story and the Annales". Review, n. 3-4, v. I, 1978.
TODD, Emmanuel. "La Vie intellectuelle francaise: Du neant a l'etre'' Le Dtbat, n. 4, set.
1980.
TORRES, Felix. Deja vu:Post et neo-modernisme, le retour du passe. Paris: Ramsay, 1986.
680
DUMONT, Louis. Homo e ouatis - I gencse et epanouissement de l'ideologie economique. Paris :
Gallim ard, 1976 [ed. bras.: Homo a:qualis: Genesee plenitude da ideologia economica, tra d.
J ose Leonard o Nascimento. Bauru (s r-). Edusc, 2000 ].
ELlADE, Mircea. "Syrnbo lisrne religieux et valo risatio n de l'ango isse ", in A'fythes, rcves et
mysieres. Paris: Gallima rd, 1957 [ed. p ort. : Mites, sonhos e misterios, trad. Sam uel Soares.
Lisb oa: Edicoes 70, 1989].
ELLUL,Jacques. L'Ideologie marxiste chretienne. Paris: Le Ce nturion . jc-c.
_ _ _ _. La Parole humiliee. Par is: Seuil, 1981 [ed, bras .: A palavra humilhada, trad. Maria
C ecilia de M. Duprat. Sao Paulo : Paulinas, 1984 ].
_ _ _ _. I.Empire du /lOn-sens: Ta rt et la societe technicienne. Paris: PUF, 1980.
FEBVRE, Lucien. "Face au vent ",manifest o dos novo s Annales, 1946. Reed . in Combats pour
I'histoire. Pari s: Ar mand Colin, 1953.
FREUND, J ulien . "Preface", in Carl Schmitt . La Notion de politique [1932], trad . Marie-Louise
Steinha us er. Paris: Calrnann -Levy, 1972 [ed. bras.: 0 conceito do politico, tr ad . Alvaro L.
M. Valls. Petropolis: Vozes, 1992].
FURET, Fran cois. L'Atelier de l'histoire. Paris: Flammarion, 1982.
GELLNER, Ernest. "Notre Sens de I'h istoire", in L'Historien entrel'ethnologue et lefutu rologue.
Paris: Mouton, 1972.
GLENISSON, Jean. ''L'H istoriographie francaise contempo raine. Tendan ces et realisations",
in La Recherche historique en France de 194 0 a1965. Paris: Centre National de la Recherch e
Scientifiqu e, 1965 .
GOUBERT, Pierre. Clio parmi les hommes: Recueil d'artides. La Haye: M out on , 1976.
HEXTER,Jack. "Fernan d Braudel and the monde braud elien" Journal ofModern History, n. 4,1972.
KUHN, Tho mas . La Structure des revolutions scientifiques [1962 ], trad. Laur e Me yer . Paris:
Flammarion, 1972 [cd. bras.: A estrutura das revoluciiescientiticas, trad . Beatriz Vianna Bo-
eira e Nelson Boeira. Sao Paulo: Persp ectiva, 1975].
LADU RlE, Emmanu el Le Roy. Le Territoire de l'historien. Paris: Gallimard, t. I, 1973, t. n , 1978.
_ _ __ . "Les M ou squetaires de la nouvelle hist oire" Le Nouvel Observateur, n. 79 1.
LEGOF F,Jacques & Pierre NORA. "Introduction", in Fairede l'histoire. Paris: Gallimard / NRF,
1974,3 v. [ed. bras.: Hist6ria: Novos problemas, 4~ ed ., tr ad . Theo Santiago. Rio de Janeiro :
Fr an cisco Alves, 1995] .
LE GOFF, Jacques et al. (orgs.) . La N ouvelle H istoire. Paris: Ret z, 1978 [ed. bras.: A historia
nova, trad . Eduard o Brandao. Sao Paulo: M artins Pontes, 199 0].
LEBRUN, Je an . "Ll\menag em ent du territoire de l'historien " Projet, n. u s, m aio 1978.
MONNEROT,Jules. Les Faitssociaux ne sont pas des choses. Paris: Gallimard, 1946.
OBELKEVICH,James. "Past and Present: ma rxisme et h istoire en Grande-Bret agne " Le De-
bat, n. 17, dez . 1981.
PIAGET, Jean. Epistemologie dessciences de l'homme. Pari s: Gallimard, 1972.
POPPER, Karl. La Societe ouverteet sesennemis [194 5], trad. Jacqueline Bemard e Philippe
Monod, Paris: Seuil , 1979, 2 v. led . bras.: A sociedade aberta e seus inimigos, trad. Arn ado
Milton. Belo Horizonte / Sao Paulo : It atiaia / Edusp, 1974 ].
_ _ __ . Misere de l'historicisme [194 4 ], trad. Herve Rousseau . Pari s: PIon, 1956.
681
TREVOR-ROPER, H. R. "Fernand Braudel, the Annales and the Mediterranean". Journal of
ModernHistory, n. 4, v. 44, 1972.
VEYNE, Paul. "L'Histoire conceptualisante", in J. Le Goff & P. Nora (orgs.). Faire de
l'histoire, t. 1. Paris: Gallimard / NRF, 1974 [ed. bras.: Hist6ria: Novosproblemas, 4~ ed. ,
trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995].
WOLFESPERGER, Alain. "Le Contenu idcologique de la science economique', in Jean-Jac-
ques Rosa e Florin Aftalion (orgs.). L'Economioue retrouvee: Vieilles critiques et nouvelles
analyses. Paris: Economica, 1977.
682
MAURO, Prederic. "L'H isto ire face au x sciences sociales: L'Evolution de la recherche h isto -
rique" Criticastorica, n. 24 , 1987.
POCOCK, J. G. A. "Th e Concept of a Language and the Metier d'Historien: So me Consi-
deration s on Pratice", in Anthony Pagd en (arg.). The Languages of Political Theory in
Early-Modem Europe. C ambridge ! Londres ! Nova York: Cambridge University Press,
1987, pp . 19-38.
TOULMIN, Stephe n . Kritik: der kollektil'en Vem wzft. Frankfurt : Suhrkamp, 1978.
683
NOIRIEL, Gcrard. "Foucault and History: The Lessons of a Disillusion". Journal ofModern
History, n. 4, v. 66, 1994, pp. 547-68.
NORA, Pierre. Essais d'ego-histoire. Paris: Gallimard, 1987 [ed, port.: Ensaios de ego-hist6ria,
trad. A. C. Cunha. Lisboa: Edicoes 70, 1987 ].
PASSERON,J.-C. Le Raisonnementsociologique. L'Espace non-popperien du raisonnement na-
iurel. Paris: Nathan, 1991.
PROST, A. "Seignobos revisite" Vingtieme Siecie. Revue d'histoire, v. 43, n. 43, 1994, pp. 100-18.
REBERIOUX, M. "Preface", in Charles Victor Langlois & C. Seignobos, Introduction to the
Study of History, trad. George Godfrey Berry. Nova York: Holt, 1904.
REVEL, Jacques. "Histoire et sciences sociales: Les paradigmes des Annates", Annales ESC,
nov.-dez. 1979, pp. 1360-75.
ROCHE, D. "De l'Histoire sociale it l'histoire des cultures: Le metier que je fais", in Les
Republicains desLettres. Gensde culture et Lumieresau XVIII' siecle. Paris: Fayard, 1988.
SEIGNOBOS, Charles. Etudes depolitiqueet d'histoire. Paris: PUF, 1934.
____. Histoire sincere de la nation fran~aise, essai d'une evolution du peuple fran~ais.
Paris: Rieder, 1932.
684
ELTON, G. R . "Two Kin ds of Hist ory ", in Robert William Fo gel & G. R . Elton, Which
Road to the Past?Two Yiews of History. N ew Haven : Yale U n iversity Pr ess, 1983.
GRESS, David . "Th e Pri de and Prejud ice of Fernand Braudel". New Criterio n, abr. 1983,
pp. 7-13·
HEXTER, J. H . "Fe rnand Braudel an d the Monde Bra u de llien" [ournat of Moderr: History,
n. 4, v. 4 4 , 1972, pp. 4 80 -539.
HIMMELFARB, Gertrude. "Review of'The Past b efore Us": TIle New York Times, Book Re-
view, 17/0 8/1 980 .
KINSER, Samuel. "Ann aliste Parad igm? The Geohistorical Structuralism of Fernand Br au-
del ".American Historical Review, n. I, v. 86, 1981, pp. 63-105.
LEGOFF,J acques & Pierre NORA. Faire de l'histoire. Paris: Gallim ard / NRF, 1974 [ed, bra s.: His-
t6ria: Novos problemas, 4~ ed . , tra d. Theo Santiago. Rio de Janeiro : Fran cisco Alves, 1995].
LUCAS, C olin . "Intr od uc t ion", in Jacques Le G off & Pierre Nora (o rgs.). Constructing the
Past: Essays in Historical Methodology. Camb ridge : C ambridge Un iver sity Press, 19 85.
NISBET, Robert. Prejudices: A Philosophical Dictionary. Ca m b ri dge : H ar vard Un iver sity
Pr ess, 1982, pp. 22, 28.
NORA, Pierre. "Le Retour de Ievenem ent ', in Faire de l'hisioire, t. I. Par is: G allim ard / NRF,
1974 [ed. bras.: Historic: Novas problemas, 4~ ed. , tr ad. Theo Santiago. Rio de Janeiro :
Francisco Alves, 1995].
ROBINSON,James H arvey. The N ew History: Essays Illustratingthe Modern Historical Ou-
tlook [1912]. N ova York: Free Pr ess, 1965.
STEARNS, Peter. N . "C om ing ofAg e': Journalof Social History, n. 2, v. 10, 1976.
STOIANOVICH, Tr aian . French Historical Method: The Annales Paradigm. Ithaca: Cornell
Univer sit y Pr ess, 1976.
SUSMAN,Warren I. Cultureas History: The Transformation ofA merican Society in the Twen-
tieth Century. N ova York: Pantheon Bo oks, 1984 .
Tl LLY, C h arles . "The Old Ne w Social Hi story an d the N ew Old Social History ': Review
( p eri6dico do Fernand Braudel Center), v, 7, 1984 , pp. 363-406.
WADE, Mason (org.). The Journals of Francis Parkma n. Nova York: H arper, 1947.
WEBB, WaIter Prescott. The GreatPlains. Boston: Ginn & Company, 1931.
WELLS, H . G. Experiment in Autobiography: Discoveries and Conclusions of a Yery Ordinary
Brain. Nova York : V. Gollan cz / The C ress et Press, 1934 .
____. The Outline of History, Being a Plain History of Life and Mankind [1920]. Ga r-
den City: Doubled ay, 1971 [ed . bras.: Hist6ria universal, 2~ ed. , trad . Anisio Teixeira, Sao
Paulo: N acio na l, 1939].
9. GERTRU DE HI M M ELFARB " Hist ori a com a politica de ixada de fora "
ALPERN, Mildred. 'AP European History for Able Sophornores" Perspectives, dez. 1985, p. 16.
ARENDT, Hannah. TIle Human Condition. Chicago: University of Chicago Press, 1958 [ed.
bras.: A condicao humana, trad. Roberto Raposo. Ri o de Janeiro: Forense Universita-
ria / Salam an d ra, 1981].
685
BECKER, Carlo EverymanHis Own Historian: Essays onHistory and Politics [1935J. Chicago:
Quadrangle Books, 1966.
BOGUE, AIlan G. "The New Political History in the 1970'S", in Michael Kammen (org.).
ThePastBefore Us: Contemporary Historical Writing in the United States. Ithaca: Cornell
University Press, 1980, pp. 231-51.
BOLINGBROKE, Lord. Letters on the Study and Use of History [1738]. Nova York: Garland,
1. I, 1970.
BRINKLEY, AIan. "Writing the History of Contemporary America: Dilemmas and Chal-
lenges". Daedalus, V. 113, verao, 1984, pp. 121-41.
BUTIERFIELD, Herbert. George III and the Historians. Londres: Collins, 1957.
____. TheWhig Interpretation of History. Londres: G. Bell & Sons, 1931.
COUTAU-BEGARlE, Herve, Le Phenomene "Nouvelle Hisioire": Stratigie et ideologie desnou-
veaux historiens. Paris: Econornica, 1983.
CRAIG, Gordon A. "The Historian and the Study of International Relations". American
Historical Review, n. 1, V. 88, fev. 1983.
DARNTON, Robert. "Intellectual and Cultural History", in M. Kammen (org.). ThePastBe-
fore Us: Contemporary Historical Writing in the United States. Ithaca: Cornell University
Press, 1980, pp. 350-51.
DEGLER, Carl. "Do Historians Use Covering Laws?", in Sidney Hook (org.). Philosophy
and History. Nova York: New York University Press, 1963, pp. 205-11.
ELTON, G. R. TheFutureof the Past; an Inaugural Lecture. Londres: Cambridge University
Press, 1968.
FERRO, Marc. The Use andAbuse of History; or,How thePast is Taught [1981J, trad. Norman
Stone e Andrew Brown. Londres / Boston: Routledge / Kegan Paul, 1984 [ed, bras.: A
manipulacao da historia no ensino e nosmeiosde comunica~iio, trad. Wladrnir Araujo, Sao
Paulo: Ibrasa, 1983].
FOX-GENOVESE, Elisabeth & Eugene FOX-GENOVESE, "The Political Crisis of Social His-
tory: A Marxian Perspective". Journal of Social History, n. 2, V. 10, 1976, pp. 213-15.
FURET, Francois. "Introduction', in In the Workshop of History [1981J, trad. Jonathan Man-
delbaum. Chicago: University of Chicago Press, 1984.
HAYS, Samuel P. "Politics and Social History: Toward a New Synthesis", in]. B. Gardner &
G. R. Adams (orgs.). Ordinary People and EverydayLife: Perspectives on the New Social
History. Nashville: American Association for State and Local History, 1983, pp. 164-66.
HENRY, Michael S. "The Intellectual Origins and Impact of the Document-Based Ques-
tion': Perspectives, n. 2, v. 24, fev. 1986, pp. 15-16.
HOBSBAWM, Eric. "The Impact of the Annales School on the Social Sciences" [relato da
conferencta]. Review, n. 3-4, V. I, 1978.
]UDT, Tony. "A Clown in Regal Purple: Social History and the Historians". History
Workshop Journal, n. I, V. 7, 1979, pp. 66-94.
]ULLIARD,Jacques. "La Politique", in Jacques Le Goff & Pierre Nora (orgs.). Faire de
l'Histoire. Paris: Gallimard/NRF, t. 11,1974, pp. 227-50 [ed. bras.: Historic, trad. Theo
Santiago. Rio deJaneiro: Francisco Alves, 1976].
686
KOUSSER, J. Morgan. "Restoring Politics to Political History': Journal of Interdisciplinary
History, n. 4, v. 12, primavera, 1982,pp. 569-95.
LADURlE, Emmanuel Le Roy. ThePeasants of Languedoc [1966], trad. John Day. Urbana:
University of Illinois Press, 1974.
LEGOFF,Jacques. "Is Politics Still the Backbone ofHistory?" Daedalus, n. I, v. lOO, 1971, pp. I-l9.
MACAULAY, Thomas. TheWorks ofLordMacaulay, complete, org. Lady Trevelyan. Londres:
Longmans, Green, t. I, 1866.
PERKIN, H.). "Social History",in H. P. R. Finberg (org.).Approaches to History, a Sympo-
sium. Londres: Routledge & K. Paul, 1962.
POTTER, David. "Roy Nichols and the Rehabilitation of American Political H istory'
[1971], in Don E. Fehrenbacher (org.). HistoryandAmerican Society: Essays ofDavidM.
Potter. Nova York: Oxford University Pres s, 1973.
RABB, Theodore K. & Robert 1. ROTBERG (org.) . The New History: The 1980 's and Beyond.
Princeton: Princeton University Press , 1982.
STEARNS, Peter. "Coming ofAge" Journal ofSocial History, n. 2, V. 10, 1976.
_ __ _ . "Th e New Social History: An Overview", in James B. Gardner & George
Rollie Ad ams (orgs.). Ordinary People andEveryday Life: Perspectives on theNew Social
History. Na shville: American Association for State and Local History, 1983.
STOIANOVICH, Traian. French Historical Method: The Annales Paradigm. Ithaca: Cornell
University Press, 1976.
STONE, Lawrence. "The Revival of Narrative: Reflexions on a New Old History" [1979].
Reed. in The Past and thePresent. Boston: Routledge & K. Paul, 1981.
____. Newsletter. American Council of Learned Societies, inverno-primavera, 1985,
pp . 18-19·
TREVELYAN, George M. English Social History: A Survey of Six Centuries) Chaucer to Queen
Victoria. Londres / Nova York: Longmans / Green & Co., 1942.
VANDERMEER, Philip R . "Th e New Political History: Progress and Pro spects', in George
S. Iggers & Harold T. Parker (orgs. ). International Handbook of Historical Studies: Con-
temporary Researchand Theory. Westport: Greenwood Press , 1979, pp. 87-108.
VILAR, Pierre. "Con stru cting Marxist History",in)acques Le Goff & Pierre Nora (orgs .).
Constructing the Past: Essays in Historical Methodology. Cambridge: Cambridge Univer-
sity Pre ss, 1985.
ANTON1, Carlo . From History to Sociology: The Transition in German Historical Thinking
[1940], trad. H ayden V. White. Detroit: Wayne State University Press , 1959.
AYDELOTTE, William 0 .; BOGUE, Allan G. & Robcrt William FOGEL (orgs.). The Dimen-
sions of QJlantitative Research in History. Princeton: Princeton University Press , 1972.
BARTHES, Roland (org.). Michelet par lui-meme, Paris: Seuil, 1954.
- - -- . "Historical Discourse", in Michael Lane (org.). Introduction to Structuralism.
Nova York: Basic Books, 1970, pp. 145-55.
687
____. Essais critiques. Paris: Seuil, 1964.
BECKER, Carl L. Everyman His Own Historian: Essays on History and Politics. Nova York:
F. S. Crofts & Co., 1935:
BENSON, Lee. Toward the Scientific Study of History: Selected Essays. Filadelfia: Lippincott,
197 2.
BERKHOFERJR., Robert F. A Behavioral Approach to Historical Analysis. Nova York: Free
Press, 1969.
BERR, Henri. "Au Bout de trente ans" Revue de Synthese, n. 1, 1931.
_ _ _ _. "About Our Program", in Fritz Stern (org.). Varieties of History: FromVoltaire to
the Present [1956J, trad. Deborah H. Roberts (nova edicao). Nova York: Vintage Books,
1973·
____. La Synihese en hisioire: Son rapport avec la synthese generale [1911J (nova edi-
cao). Paris: Albin Michel, 1953.
BERR, Henri & L. FEBVRE. "History", in Edwin R. Seligman e Alvin S. Johnson (orgs.).
Encyclopedia of the Social Sciences. Nova York: Macmillan, 1935, v. 7.
BLOCH, Marc. Les Caracteres originaux de l'histoire rurale fran~aise [1931] (nova edicao).
Paris: Armand Colin, 1968.
____. The Historian's Craft [1949J, trad. Peter Putnam. Nova York: Knopf 1953 led.
bras.: Apologia da historia ou 0 ojiao de hisioriador, trad. Andre Telles. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001].
____. Feudal Society [1939J, trad. L. A. Manyon. Chicago: University of Chicago
Press, 1961 [ed, port.: A sociedadefeudal, 2~ ed., trad. Liz Silva. Lisboa: Edicoes 70,2001].
BRAUDEL, Fernand. "Histoire et sciences sociales: 'la longue duree". Annales:Economies,
Societes, Civilisations, n. 4, V. 13, 1958, pp. 725-53 led. ing. : "History and Social Sciences",
in Peter Burke (org.). Economyand Society in EarlyModern Europe, Essays from Annales.
Nova York: Harper & Row, 1972].
_ _ _ _. "Personal Testimony". Journal ofModern History, n. 4, V. 44, 1972.
----
. Ecritssur l'histoire. Paris: Flammarion, 1969 led. bras.: Escritos sobre a historia,
trad.jaco Guinsburg e Teresa C. S. da Mota. Sao Paulo: Perspectiva, 1992].
____. TheMediterranean and the Mediterranean World in the Age of Philip u [1949 J,
trad. Sian Reynolds. Nova York: Harper & Row, 1972, V. 1 led. bras.: 0 Mcditerrdneo e 0
mundo mediterranico na epoca de Piiipe u. Sao Paulo: Martins Pontes, 1984].
CERTEAU, Michel de. L'Ecriture de l'histoire. Paris: Gallimard, 1975 led. bras.: A escriia da
historia, trad. Maria de Lourdes Menezes. Rio deJaneiro: Forense Universitaria, 1982].
CHAUNU, Pierre. Histoire quantitative, histoire serielle. Paris: Armand Colin, 1978.
DANTO, Arthur C. Analytical Philosophy of History. Cambridge: Cambridge University
Press, 1968.
DRAY, William. Laws and Explanation in History. Londres: Oxford University Press, 1957.
FEBVRE, Lucien. A New Kind of History: Fromthe Writings of Febvre, ed. Peter Burke, trad.
K. Folca. Nova York: Harper & Row, 1973.
____. Pour une hisioire apart eniiere. Paris: SEVPEN, 1962.
____. Combatspour l'histoire. Paris: Armand Colin, 1953.
688
FOUCAULT, Mi ch eI. Discip line and Punish: The Birth of the Prison [1975], tr ad . A. M . Sh e-
ridan Smi th, N ova York: Vin tage Boo ks, 1979 [ed, b ras.: Figiar e punir: Nascimento da
prisao, trad. Ligia M . Ponde Vassallo. Petr6p olis: Vozes, 1977].
____. Madnessand Civilization: A History of Insanity in theAge ofReason [1961], trad.
Ric hard H oward. Nova York : Panthe on Bo ok s, 1965 [ed, b ra s.: Historia da loucura na
Idade Classica, 7 ~ ed., tr ad. Anton io de Padua D anesi. Sao Paulo: Persp ectiva, 200 4 J.
____,. The Birth of the Clinic: A n Archaeology of Medical Perception [1963J, tr ad. A.
M. Sheridan Smi th. Nova York: Pantheon Books, 1973 [ed. b ras.: Nascimento da clinica,
trad. Rob ert o Machado. Rio de Jan eiro: For ense Universitaria, 1977 ].
_ _ _ _. TIle Archaeology of Knowledge [196 9] , tra d. A. M. She ridan Smith. Nova York:
Pa ntheon Books, 1972 [ed. bras.: A aroueologia do saber, 3~ ed., trad. Luiz Felip e Baet a
N eves, Rio de Janeiro : Foren se Universita ria, 1987].
_ _ _ _. TIle Archeology of Knowledge [19 69 ]. Nova York : Vintage, 1982 [ed. bras.: A
arqueologia do saber, 7~ ed., trad. Luiz Felip e B. Neves. Rio de J an eiro: Forense Univer-
sitaria, 2007].
____. The History of Sexuality [1976 ], v. I, trad. R ob ert Burty. Nova York: Pantheon
Books, 1978 [ed . bras.: Historia da sexualidade, trad. Maria The reza da Cos ta Albuquer-
qu e. Rio d e Ja ne iro : Graal, 3 v., 1977-85].
_ _ _ _. TIle Orderof Things: A n Archaeology of the Human Sciences [19 66 J, tra d. Alan
Sh eridan. N ova York : Panth eon Bo oks, 1971 [ed. bras.: As palavras e as coisas: Uma ar-
queologia das ciencias humanas, 4~ ed ., trad. Salma Tannus MuchaiI. Sao Paul o: Martins
Fontes, 1987].
FURET, Fran cois. "Q uantitative History", in Felix Gilb ert e Step he n R . Graubard (orgs.) .
Historical StudiesToday. Nova York : W W Norto n, 19 72.
_ _ _ _. "Beyo nd th e An nales" Journal of ModernHistory, n. 3, v, SS, 1983.
GABORIAU, M arc. "Structural Anth ropology an d History ", in M. Lane (or g.) . Introduction
to Structuralism [1968J, ed. e trad . Ch anina h Masch ler. Nova York : Basic Bo oks, 1970
[ed. bras.: 0 estruturalismo, tr ad. Moacir R . de Amorim. Sao Paul o : Difel, 1970 ] .
GARDINER, Pat rick. TIle Nature of Historical Explanation. Londres: Oxfor d University
Press, 1953.
GEYL, Pieter. Debates with Historians. Nova York : M erid ian Boo ks, 1958.
c t.ax rssotc.jea n. "France'; in Ge orge G. Iggers e Harold Parke r (orgs .). International Han-
dbook of Historical Studies: ContemporaryResearch and Theory. Westport: Gr eenwood
Press, 1979.
HEMPEL, Carl. "Explanation in Science and Hi story '; in William H . Dray (org.). Philoso-
phicalAnalysis and History. Nova York: H arp er, 1966, pp. 123-24.
HERZFELD, Hans. "Friedrich M einecke : D er Geschichts-De nke r', in Richar d Dietrich (erg.).
Hisiorische Theorie und Geschicht~forschung del' Gegenwart. Berlim : D e Gruyter, 1964 .
HEXTER, J. H . "Pernand Braudel and the M ond c Braudellien" Journal of Modern History,
v. 44, n. 4, d ez. 1972.
HOBSBAWM, Eric J. "Fro m So cial H isto ry to the His tory of Society ': Daedalus, n . I, V. lOO,
197 1, pp. 20- 43·
689
HOFER,Walther. Geschitchtsschreibungund Weltanschauung,: Betrachtungen zum WerkFrie-
drich Meineckes. Munique: Oldenbourg, 1950.
HUGHES, H. Stuart. The Obstructed Path: French Social Thoughtin the Years of Desperation,
1930-1960, Nova York: Harper & Row, 1968.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens:A Study of the Play-Element in Culture. Boston: Beacon
Press, 1955 [ed, bras.: Homo ludens: 0 jogo como elemento da cultura, trad. joao Paulo
Monteiro. Sao Paulo: Edusp / Perspectiva, 1971].
____. TheWaningof the MiddleAges: A Study of the Forms of Life, Thought, and Art in
France andthe Netherlands in the xIVI' andxv'h Centuries. Londres: E. Arnold & Co., 1924.
____. Men and Ideas: History, the MiddleAges, the Renaissance [1948J, trad. James S.
Holmes e Hans van Marle. Nova York: Meridian Books, 1959.
IGGERS, Georg G. New Directions in European Historiography. Middletown: Wesleyan Uni-
versity Press, 1975.
JAUSS, Hans Robert. "Geschichte der Kunst und Historie", in Von Reinhart Koselleck &
Wolf-Dieter Stempel (orgs.). Geschichte: Ereignis undErziihlung. Munique: W. Fink,1973.
KRIEGER, Leonard. An Essayon the Theory of Enlightened Despotism. Chicago: University
of Chicago Press, 1975.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. The Territory of the Historian [1975J, trad. Ben e Shin Rey-
nolds. Hassocks: Harvester, 1979.
LANDES, David S. & Charles TILLY (orgs.). History as Social Science. Englewood Cliffs:
Prentice-Hall.ao-n.
LE GOFF,Jacques & Pierre NORA (orgs.). Faire de l'histoire. Paris: Gallimard/NRF, t. I,
1974,3 v. [ed. bras.: Historia, trad. Theo Santiago. Rio deJaneiro: Francisco Alves, 1976J.
LEVI-STRAUSS, Claude. Structural Anthropology [1958J, trad. Claire Jacobson e Brooke
Grundfest Schoepf. Nova York: Basic Books, 1963 [ed. bras.: Antropologia estrutural,
trad. Beatriz Perrone-Moises, Sao Paulo: Cosac Naify, 2008].
____. Structural Anthropology, v. 2, trad. Monique Layton. Nova York: Basic Books,
1976, v. 2 [ed. bras.: Antropologia estrutural dois, trad. Beatriz Perrone-Moises, Sao
Paulo: Co sac Naify, 2013].
____. The Savage Mind, trad. George Weidenfield and Nicolson. Chicago: University of
Chicago Press, 1966 [ed,bras.: 0 pensamento selvagem, trad. Maria Celeste da Costa e Souza
e Almir de OliveiraAguiar. Sao Paulo: Companhia Editora Nacional / Edusp,1970J.
LEVY, Bernard-Henri. La Barbarie avisage humain. Paris: B. Grasset, 1977 [ed, ing.: Barba-
rism with a Human Face, trad. George Holoch. Nova York: Harper & Row, 1979].
LICHTMAN, Allan J. & Valerie FRENCH. Historians and theLivingPast: TheTheory and Prac-
ticeof Historical Study. Arlington Heights: AHMPub. Corp., 1978.
MASUR, Gerhard. Geschehen und Geschichte: Aufsiitze und Vortriige zur europaischen Geis-
tesgeschichte. Berlim: Colloquium Verlag, 1971.
MAZLISH, Bruce (org.). Psychoanalysis and History [1963J (nova edicao). Nova York: Uni-
versal Library, 1971.
MEGILL, Allan. "Poucault, Structuralism and the Ends of History': Journal of ModernHis-
tory, n. 3, v. SI, 1979, pp. 452-503.
690
____. Prophets of Extremity: Ni etzsche, Heidegger, Foucault, Derrida. Berkeley: Uni-
versity of California Pre ss, 1985.
MEINECKE, Friedrich. "Allgem eines iiber Historismus und Aufklarungshi stone', in Apho-
rismenund Skizzen zur Geschichie. Leipzig: Koehler & Amelang, 1942, pp. 11-18.
_ _ _ _. "Ranke and Burckhardt", in Hans Kohn (org.) . German History: Some New
GermanViews, trad. Herbert H. Rowen. Boston: Beacon Press, 1954.
____.Ausgewiihlter Briefwechsel, orgs. Ludwig Dehio e Peter Classen. Stuttgart: K6h-
ler, 1962.
____. Die Entstehung desHistorismus. Munique: R. Oldenbourg, 1936,v. 1.
_-:-_-::-" Machiavellism: The Doctrine of Raison d'Etat and its Place in Modern History
[1924], trad. Douglas Scott. No va York: Praeger, 1965.
_ _ __. Staat und Personlichkeit: Studien von Friedrich Meinecke. Berlim: E. S. Mittler
& Sohn, 1933.
PIAGET,Jean. Structuralism [1968], ed. e trad. ChaninahMaschler. Nova York: Basic Books,
1970 [ed. bras .: 0 esiruiuralismo, trad. Moacir R . de Amorim. Sao Paulo: Duel, 1970].
POPPER, Karl. The Poverty of Historicism. Nova York: Harper & Row, 1961 [ed, bras.: A
miseria do historicismo, trad. Octanny S. da Mota e Leonidas Hegenberg. Sao Paulo:
Edusp / Cultrix, 1980].
POSTER, Mark. "Foucault's True Discourse': Humanitiesin Society, v. 2, 1979,pp. 155-56.
ROBINSON, James Harvey. The New History: Essays Illustrating the Modern Historical Ou-
tlook (nova edicao). Nova York: Free Press , 1965.
SELIGMAN, Edwin Robert Anderson & Alvin JOHNSON (orgs.). Encyclopedia of Social
Sciences. Nova York: Macmillan, 1959.
STONE, Lawrence. "Hi story and th e Social Sciences in the Twentieth Century", in Charles
Delzell (org.), The Future of History: Essays in the Vanderbilt University Centennial Sym-
posium. Nashville: Vanderbilt University Press, 1977.
STROUT, Cu shing. The Pragmatic Revoltin AmericanHistory: CarlBaker and CharlesBe-
ard. New Haven: Yale University Press, 1958.
THROOP, Palmer A. "Lucien Febvre: 1878-1956~ in S.Williarn Halperin (org.). Some Twentieth-
-CenturyHistorians:EssaysonEminentEuropeans. Chicago: University of Chicago Press, 1961.
TOYNBEE, Arnold. A Study of History. Nova York: Oxford University Press, 1961, V. 12 [ed.
bras.: Urn estudo da historia, 2~ ed., trad. Isa Silveira Leal e Miroel Silveira. Brasflia/ Sao
Paulo: UNB / Martins Pontes, 1987].
____. Change and Habit: The Challenge of our Time. Nova York: Oxford University
Press, 1966 [ed. bras.: 0 desafio de nosso tempo, trad. Edmond Jorge. Rio de Janeiro:
Zahar, 1968].
_ _ _ _ . Civilization on Trial. Nova York: Oxford Universit y Pres s, 1948.
WEHLER, Hans-Ulrich, "Geschich tswissenschaft und Psychohistorie" InnsbruckerHisto-
rische Studien, v. I, 1978.
_ _ _ _. "Voriib erlegungen zu einer modernen deutschen Gesellschaftsgesgechichte",
in Dirk Stegmann, Bemd-Jurgen Wendt & Peter-Christian Witt (orgs.). Industrielle Ge-
sellschaft und politisches System. Bonn: Verlag Neue Gesellschaft, 1978.
691
Karl. Visions of Culture. Chi cago : Un iversity of Chicago Press, 19 6 6 .
W EI N T RAUB,
WELLE K,Rene, "The Fall of Literary H istory", in Von Reinhart Koselleck & Wolf-Dieter
Stemple (orgs .) . Geschichte: Ereignis und Erzahlung. Mun ique: W. Fink , 19 7 3.
WHITE, Hayden V "Foucault De coded : N ote s from Unde rground". History and Theory,
n. 1, v. 12, 1973 .
W HITE,Mo rto n G. Social Thought in America: The Revolt against Formalism. Nova York :
Viking Press, 19 4 9 .
12. CHARLES- Oll VI ER CARBON ELL Ant ro pologia, etnologi a e hist 6ria: a t ercei ra gera-
cao na Franc s
BRAUD E L, Fernand. Ecrits sur l'histoire. Paris: Flammarion, 19 6 9 Led . bras.: Escritos sobre
a historia, tra d. jaco Guinsb urg e Teresa C. S. da Mota. Sao Paulo: Perspec tiva, 1992].
_ _ _ _ . "La Lon gue duree" Annales ESC, n. 4 , v. 13, out.-dez. 1958.
D O SSE, Franco is. L'Histoire en miettes: des "Annates" a la "nouvelle histoire". Paris : La
De couvert e, 198 7 Led. bras.: A historia em migalivas: Dos Annales aNova Historic, trad .
Duk e Oliveria Ama rante do s Sant os, ed. rev. Bauru (sr). Edusc, 2003].
D UM OULI N,Olivier. Diciionnaire des sciences historioues. Org. Andre Burguiere. Pari s: PUF,
1986 Led. bra s.: Diciondrio das ciencias historicas, trad. Henrique de Ar aujo M esquita.
Rio deJan eiro: Imago, 1993].
Espaces Temps, n. 7, 19 78.
FURET, Francois, LA telierde I'histoire. Paris: Flamm arion, 19 82 .
Revue de Synihese, n. 7, 19 34.
692
cio da Fran~a moderna - oito ensaios, trad . Mariza Correa. Rio de Janeiro : Paz e Terra,
199 0 ].
ERIKSON, Erik H. "Review Essays': History and Theory: Studies in the Philosophy of History,
v. 1,1960-61.
____. Dimensions of a New Identity: The 1972. Jefferson Lectures on the Hum anities.
Nova York: N orton, 1974.
____. Young J'vItlIl Luther: A Study in Psychoanalysisand History. Nova York: Norton,
1958.
GARRATY, John A. "Th e Interrelations of Psychology and Biography". Psychological Eulle-
till, n. 6, v. 5, 1954.
GATIERER,). C. "Vorn historischen Plan und der darauf sich griindenden Zu sammenfiir-
gung der Erzahlungen'. A lIgemeine hisiorische Bibliothekvon Mitgliedem des koniglichen
Instituts der historischen Wissenscllaft zu Gottingen, I, 1767, pp. 24-25.
GOUBERT, Pierre. "Local Hi sto ry". Daedalus, n. 1, v. lOO, 1971.
HAND LIN, O scar. Truth in History. Cam bridge: Belknap Pre ss, 1979 [ed. br as.: A verdade
na histeria, trad. Lu ciana Silveira de Aragao e Frota e Yvone Dia s Avelino. Sao Paulo :
M artins Fontes, 1982].
HEATON, Herbert. "Th e Econom ic Imp act on History",in ja cques Barzun et al., TheInter-
pretation of History. Princeton: Princeton University Press, 1943.
HERLYHY, David. "Quantification in the 1980s: Numerical and Formal Analysis in Euro-
p ean Hi story". Journal of Interdisciplinary History, n. I, v. 12, 1981-82.
HOBSBAWM, Eric). "Fro m Social Hi story to the Hi story of Society': Daedalus, n. I, v. lOO,
1971.
HUGHES, Henry S. History as Art and as Science [1964J. No va York: Garland, 1985.
KOUSSER,). Morgan. "Q uantitative Socia l-Scientific Hi story '; in Michael Kammen (or g.) .
The Past Bejore Us : Contemporary HistoricalWritingin the United States. Ithaca: Comell
Uni versity Press , 1980.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. The Territory of the Historian [1975J, trad. Ben e Sian Rey-
nolds. Hassocks: Harvester, 1979.
LANDES, David S. & Charles TILLY (orgs.) . History as Social Science. Englewood Cliffs:
Prentice-Hall.Ic-n.
LA!':DES, David S. "O n Avoiding Babel '' Journal of Economic History, n. I, v. 38, 1978.
LANGER, W L. "Foreword", in Benjamin B. Wolman (org.). ThePsychoanalytic lnierpreta-
timl of History. Nova York: Basic Books, 1971.
_ _ _ _. "The N ext ASSignment ". A merican HistoricalReview, v. 63, 1957-58.
LEGOFF,Jacques. "Is Politics Still the Backbone of Hi sto ry ?': Daedalus, n. I, v. lOO, 1971.
MAZLISH, Bruce (or g.) . "Intro d uction", in Psychoanalysis and History. Englewood Cliffs:
Prentice-Hallroej,
MCILWAIN, C. H. "The Historian's Part in a Changing World". AmericanHistorical Review,
n. 2, v. 42, 1937.
MEYERHOFF, Hans. "O n Psychoanalysis as History': Psychoanalysis and Psychoanalytic Re-
view, n. 2, v. 49, 1962.
693
NEVINSJ Allan , "N ot Capulets, not Montagus" American Historical Review, n. 2 , v. 6s J 1960.
PADOVER, Saul K. "Architect ofPolicy': Saturday Review ofLiteratureJ 10 out. 1951.
SCHLOZER, August Ludwig von. Theorie de'; Statistik. Nebst ldeen uberdasStudium derPo-
litik uoerhaupt. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1804.
SCHMIDLJ Fritz. "Psychoanalysis and History': PsychoanalyticQuarterly, v. 31, 1962.
SHORTERJ Edward. TheHistorian and the Computer: A Practical Guide. Englewood Cliffs:
Prentice-Halliczi.
STONE, Lawrence. "History and Social Sciences in the Twentieth Century", in Charles F.
Delzell (org .). The Future of History: Essays in the Vanderbilt University Centennial Sym-
posium. Nashville: Vanderbilt University Press, 1977.
_ _ _ _ ., "The Revival of Narrative: Reflexions on a New Old History': PastandPresent,
v. 8sJ 1979.
____. ThePastand thePresent. Boston: Routledge & K. Paul, 1981.
TILLY, Charles. As Sociology MeetsHistory. Nova York: Academic Press, 1981.
TILLYJ Richard. "Pop ular Disorders in Nineteenth Century Germany: A Preliminary Sur-
vey". Journal of Social History, n. I, v. 4, 1970.
WAELDERJ Robert. "Psych oanalysis and History: Application ofPsychoanalysis to Histo-
riography", in B. B. Wolman (org.) . Psychoanalytic Interpretation of History. Nova York:
Basic Books, 1971.
WAITE, Robert G. L. "Adolf Hitlers Anti-Semitism: A Study in History and Psychoanaly-
sis', in . B. Wolman (org.). Psychoanalytic Interpretation of History. Nova York: Basic
Books, 1971.
WOODWARD J C. Vann "H istory and the Third Culture': Journal of Contemporary History,
n. 2, v. 3, 1968 .
694
____,. Les Caracteres originaux de l'histoire rurale .fran~aise. Paris: Armand Colin, 1931.
____,. Les Rois thaumaturges. Paris: Gallimard, 1924 [ed. bras.: Os reis taumaturgos:
o carater sobrenatural do poder regio, Pranca e Inglaterra, trad.julia Mainard. Sao Paulo :
Companhia das Letras, 1993].
a
BOUVIER,Jean. CreditLyonnais de 1863 1882. Paris: Flarnmarion, 1963.
BRAUDEL, Fernand. Structures of EverydayLife: The Limits of Possible. Londres: Collins,
1981 [ed. bras.: Civilizaou: material, economia e capitalismo - seculos XV-XVIlI, v. 1, As es-
truturasdo cotidiano, Sao Paulo: Martins Fontes, 1995]. ,
____,. Civilisation maieriel, economie et capiialisme. Paris: Armand Colin, 1979-87, 3
v, [ed. bras.: Civiliza~ao material} economia e capitalismo - seculos XV-XVIII. Sao Paulo:
Martins Fontes, 1995, 3 v.].
_ _ __ . L'Identitede la France. Paris: Flarnmarion, 1986-8 7, 3 v. [ed. bras .: A identidade
da Fran~a, 2~ ed., trad. Lygia Araujo Watanabe. Sao Paulo: Globo, 1991].
____,. La Mediterranee et le monde mediterraneen al'epooue de Philippe H. Paris: Ar-
mand Colin, 1949 [ed. bras.: 0 Mediterraneo e 0 mundo mediterranico na tpoca de Filipe
II. Sao Paulo: Martins Fontes, 1984].
BURKE, Peter. TheFrench Historical Revolution: The Annales School 1929-89. Stanford: Stan-
ford University Press: 1990.
CHAUNU, Pierre. "Histoire quantitative ou histoire serielle" Cahiers Vilfredo Pareto. Gene-
bra: Droz, 1964.
____. Histoire quantitative} histoire serielle. Paris: Colin, 1978.
_ _ __ . La Mort aParis aux XVI'}xvtr et XVII' siedes. Paris: Fayard, 1978.
a
CHEVALIER, Lonis. Classes laborieuses et classes dangereuses Parisdans la premiere moitii
du xtx: siede. Paris: PIon, 1958.
DAUMARD, Adeline. La Bourgeoisie parisiennede 1815-1848. Paris: SEVPEN, 1963.
DUBY, Georges. The Knight, the Lady and the Priest: The Making of Modern Marriage in
MedievalFrance. Chicago: University of Chicago Press, 1993.
_ _ __ . TheLegendofBouvines. Berkeley: University of California Press, 1990.
____. The Three Orders of Feudal Society Imagined. Chicago: University of Chicago
Pres s, 1982.
FEBVRE, Lucien. Le Problemede l'incroyance au xvr' siede: La religion de Rabelais. Paris: Al-
bin Michel, 1942 (2~ ed. rev., 1947) [ed . bras. 0 problema da incredulidade no seculo XVI:
A religiiu: de Rabelais, trad. Maria Lucia Machado. Sao Paulo: Companhia das Letras,
200 9].
_ __ _ . Un Destin: Martin Luther. Paris: Rieder, 1928.
FEBVRE, Lucien & Marc BLOCH. "A no s lecteurs" Annalesd'Hisioire Economique et Sociale,
n. 1, 1929, pp. 1-2.
FERRO, Marc. La Grande Guerre 1914-1918. Paris: 1969 [ed. port.: Agrande guerra: 1914-1918,
trad. Stella Lourenco, Lisboa: Edicoes 70, 1990] .
- - -- . La Revolution russe de 1917. Paris: Flamtnarion, 1967 [ed, bras.: A revoluciio
russa de 1917, trad. Maria P. V. Resende. Sao Paulo: Perspectiva, 1974].
FINK, Carol. Marc Bloch. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
695
FURET, Francois. "Quantitative History", in Felix Gilbert (org.). Historical Studies Today.
Nova York: Norton, 1972.
_ _ _ _ . Penser la revolution fran~aise. Paris: Gallimard, 1978 [trad, ing.: Interpreting the
French Revolution. Cambridge: Cambridge University Press, 1981J.
GOUBERT, Pierre. Beauvais et leBeauvaisis de 1600 Cl 1730. Paris: SEVPEN, 1960.
GUREVICH, Aaron. Categories ofMedieval Culture. Landres: Routledge, 1985.
HUIZINGA,]. Briefwisseling, v. 2. Utrecht, 1990.
Ideologies etMentalities. Paris: Maspero, 1982 [trad. ing.: Ideologies andMenialites. Chicago:
University of Chicago Press, 1990 J.
IGGERS, George G. New Directions in European Historiography. Middleton: Wesleyan,
1984.
KOSSELLECK, Reinhard. Futures Past: On the Semantics of Historical Time. Cambridge
(MA): MIT Press, 1985.
LABROUSSE, Ernest. Histoire economique et sociale de la France. Paris: PUF, 1970-80, 4 v.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Histoire du climai. Paris: Flammarion, 1967.
____. Le Territoire de l'historien. Paris: Gallimard.uc-j [ed, em ingl.: The Territory of
the Historian. Chicago: University of Chicago Press, 1979J.
_ _ _ _. Les Paysans de Languedoc. Paris: SEVPEN, 1966, 2 v.
____. Montaillou, village occitan. Paris: Gallimard, 1975 [ed, bras.: Moniailiou, povo-
ado occitanico: 1294-1324, trad. Maria Lucia Machado. Sao Paulo: Companhia das Le-
tras, 1997].
LE GOFF, Jacques. La Naissance du purgatoire. Paris: Gallimard, 1981 [trad. ingl.: The Birth
of Purgatory. Londres / Chicago: The University of Chicago Press, 1984 J
____. Pour un autre Moyen Age. Paris: Gallimard, 1978 [trad. ing.: Time, Work and
Culturein the Middle Ages. Chicago: 1981J.
___ _. Time Work and Culturein the Middle Ages. Chicago: Chicago University Press,
1980 [ed. orig.: Pour un autreMoyen Age. Paris: Gallimard, 1978].
MANDROU, Robert. Les Fuggers, proprietaire fonciers en Souabe 1500-1618, Etude de compor-
tements socio-economique Cl lafin du XVIim, siecle. Paris: PIon, 1968.
____ . Magistrats et sorciers en France du XII' siecle. Paris: Plan, 1968.
MORAZE, Charles. Les Bourgeois conquerants. Paris: Armand Colin, 1957. Reed. Bruxelas:
Complexe, col. Historique, 1985 [ed. bras.: Os burgueses Cl conquista do mundo, 1780-1895,
trad. Maria Antonieta Magalhaes Godinho. Rio de Janeiro: Cosmos, 1965J.
NORA, Pierre (org.). Les Lieux de memoire. Paris: Gallimard, 1986.
OZOUF, Mona. La Fete revolutionnaire. Paris: Gallimard, 1976.
RAPHAEL, Lutz. "The Present as a Challenge to the Historian: The Contemporary World
in the Annales d'Histoire Economique et Sociale" Storia della Storiografia, n. 21, 1992,
pp. 25-44·
_ _ _ _. "Historikerkcontroversen im Spannugsfeld zwischen Berufshabitus
Fiicherkonkurrenz und sozialen Deutungsmustern, Lamprecht-Streit und franzosis-
cher Methodenstreit der Jahrhundertwende in vergleichender Perspektive" Historiche
Zeitschrift, 251,1990.
696
RAULFF, Ulrich . Ein Historiker im 20 . [ahrhundert: Marc Blodi. Frankfurt: S. Fischer, 1995.
RUSE N, Jam. Begrilfenn e Geschichte: Genesis und Begrundung der Geschichtssiheorie J. G
Droysen. Col6nia: Paderborn, 1969 .
SIMIAND, Fran cois. "Meth cd e historique et sciences sociales" Revue de Synihise Histori-
que, n. 6, 1993.
SO UTHARD, Robert. Droysen and the Prussian School of History. Lexington: Kentucky Uni-
versity Press, 1995.
STOIAN OVICH, Troian. French Historical Method: The Annales Paradigm. Itha ca: Cornell
University Press, 1976.
VOVELLE, MicheI. Pietebaroque et dechrisiianisation. Attitudesprovencales devant la mort au
siecle des Lumieres. Paris: Pion, 1973.
ANKERSMITH, F. A. "Historicism:An attempt at Synthesis ': History and Theory, n. 34, 1995.
CONDO RCET, marque s de (jean-Antoine-Nicolas de Caritat). Sketch f or a HistoricalPic-
ture of the Progressof the Human Mind. Nova York: Noonday, 1955.
DAVI S, Natalie. The Return of Martin Guerre. Cambridge ( MA) : Harvard University Press,
1983 [ed. bras.: Retorno de Martin Guerre, tra d. Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1987].
D ROYSEN, ]. G. Outlineof the Principles of History. Boston: Boston, Ginn & Co., 1893.
FUKUYAMA, Francis. The End of History and the Last Man. Nova York: Free Press, 1992.
H O RK H E IM E R, Max & Theo dor W. ADORNO . The Dialect of Enlightenment. Nov a York:
H erd er & Herd er, 1972 [ed. bras.: Dialeiica do esclarecimento: Fragmentos filoso.ficos, trad.
Guido Antonio de A1mei da. Rio de Janeiro :Jo rge Zahar, 2006].
KELLNER, Hans. Language and Historical Representation: Gettingthe Story Crooked. Madi-
son: Un iversity of Wisconsin Press, 1989.
KIERKEGAARD, Sere n Aabye. TIle Preseur Age. Nova York: H arp er Torchbo oks, 1962.
N IETHA.." IMER, Lut z. Posthistoire: Has History Come to an End? Londres: Verso, 1992.
N OVICK, Peter. That Noble Dream. Cambridge : Cambridge University Press, 1988.
SPENGLER, Oswald. The Decline of the West. Nova York: Kno pf 1926-2 8, 2 V.
T OYN BE E, Arnold . A Study of History. No va York / Londres : Oxfo rd University Press,
1947-57, 10 v. red. bras.: Um estudo da historia, 2~ ed., trad. Isa Silveira Leal e Miroel
Silveira. Brasilia / Sao Paulo : UNB / Martins Fontes , 19 87].
WOL F, Eric. Europe andthe People withoutHistory. Berkeley: University of California Press, 1982.
BLO CH, Marc. La Societejeodale. Paris: A1bin Michel, 1939 [ed. po rt .: A sociedadefeudal,
2~ ed., trad. Liz Silva. Lisboa : Edicoes 70, 2001] .
_ _ __ . Les Rois thaumaturges. Estrasburgo / Londres / Nova York: Istra / H. Mil-
ford / Oxford University Press, 1924 [ed. bras.: Osreistaumaturgos: 0 carater sobrenatural
697
dopoder regio, Franfa e Inglaterra, trad. julia Mainard. Sao Paulo: Companhia das Le-
tras, 1993].
____. Apologie pour l'histoire ou Metier d'historien. Paris: Armand Colin, 1949 [ed.
bras .: Apologia da hist6ria ou 0 oftcio de historiador, trad. Andre Telles. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001].
BRAUDEL, Femand. Civilisation maierielle et capitalisme. Paris: Armand Colin, 1967 [ed.
bras. : Civiliza fiio material, economia e capitalismo, trad. Telma Costa. Sao Paulo : Matins
Fontes,1995'96, 3 v.].
_ _ __ . The Mediterranean and the Mediterranean World in the Age of Philip II [1949],
trad. Sian Reynolds. Londres: Coil ins, 1972-73 [ed. bras.: 0 Mediterraneo eo mundo
mediterranico na epocadePilipe n. Sao Paulo : Martins Pontes.aosa].
CHAUNU, Pierre. "L'Hi stoire geographique': Revue de l'Enseignement Superieur, n. 44-45,
1969.
CHAUNU, Pierre & Huguette CHAUNU, Seville et rAtlantique, 1504 -1650. Paris: Armand Co -
lin, 1955-59.
FEBVRE, Lucien. La Terre et l'evolution humaine. Paris: Renaissance du Livre, 1922.
_ _ _ _' A New Kind of History: From the Writings of Febvre, ed. Peter Burke, trad. K.
Folca. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1973.
____. Combats pour l'histoire. Paris: Armand Colin, 1953.
____,. Philippe II et la Franche-Comte. Paris: H. Champion, 1911.
_ _ __,. PouruneHistoire cl part eniiere. Paris: SEVPEN, 1962.
____,. TheProblem of Unbeliefin the Sixteenth Century, theReligion ofRabelais [1942],
trad. Beatrice GottHeb. Cambridge: Harvard University Press, 1982 [ed, bras.: 0 pro-
blema da incredulidade no seculo XVI: A religiao deRabelais, trad. Maria Lucia Machado.
Sao Paulo : Companhia das Letras, 2009] .
_ _ _ _. Un Destin: Martin Luther. Paris: Reider, 1928.
GOUBERT, P. Beauvais et le Beauvaisis de 1600 cl 1730. Contribution cl l'hisioire sociale de la
Francedu XVIt siede. Paris: SEVPEN, 1960.
LANGLOIS, Charles V. & Charles SEIGNOBOS. Introduction to the Study of History [1898],
trad. G. G. Berry. Londres: Cass,1966 [ed. bras.: Iniroduciio aosestudos hist6ricos, trad.
Laerte A. Morais. Sao Paulo: Renascenca, 1946].
TREVELYAN, George M. Clio, a Muse and Other Essays Literary and Pedestrian. Londres /
Nova York: Longmans / Green Co., 1913.
698
ANKERSMIT, Frank & Hans KELLNER (orgs.), ANew Philosophy of History. Chicago: Uni-
versity of Chicago Press, 1995.
ASSMANN, Jan. Moses the Egyptian: The Memory of Egypt in Western Monotheism. Cam-
bridge (MA): Harvard University Press, 1997.
AUERBACH, Erich. Literary Language andIts Public LateLatinAntiquity in the MiddleAges,
trad. Ralph Manheim. Nova York: Pantheon Books, 1965.
BARON, Hans. In Search of Florentine Civic Humanism: Essays on the Transition from Medie-
valto Modern Thought [1955]. Princeton: Princeton University Press,1966.
BERKHOFER, Robert. Beyond the GreatStory: History as Text and Discourse. Cambridge
(MA),1995.
BERNAL, Martin. BlackAthena Writes Back. Durham: Duke University Press Books, 2001.
BLUMENBERG, Hans. Work on Myth, trad. Robert M. Wall ace. Cambridge (MA): MIT
Press, 1985.
BURKE, Kenneth. A Rhetoric ofMotives. Nova York, 1950.
____. Attitudestoward History. Boston, 1937.
BURKERT, Walker. The Orientalizing Revolution: Near Eastern Influence on Greek Culture
in the Early ArchaicAge, trad. Margaret C. Pinder e WalterBurkert. Cambridge (MA):
Harvard University Press, 1992.
CALHOUN, Craig (org.). Habermas andthePublic Sphere. Cambridge (MA): MIT Press, 1992.
CARRARD, Phillippe. Poetics of New History: French Historical Discourse from Braudel to
Chartier. Baltimore: ]ohns Hopkins University Press, 1992.
CARRUTHERS, Mary. The Book of Memory: A Study ofMemory in Medieval Culture. Cam-
bridge: Cambridge University Press, 1990.
CENSER, Jack. TheFrench Press in theAge ofEnlightenment. Londres: Routledge, 1994.
CERTEAU, Michel de. The Writing ofHistory, trad. Tom Conley. Nova York, 1988 [ed.orig.:
L'Ecriiure de l'histoire. Paris: Gallimard, 1975 [ed, bras.: A escrita da historia, trad. Maria
de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2011].
CHARTIER, Roger. On theEdge of the Cliff: History, Language and Practices, trad. Lydia G.
Cochrane. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1997.
COHN, Norman. ThePursuitof theMillenium. Londres, 1957.
COLEMAN, Janet. AncientandMedieval Memories: Studies in the Reconstruction of the Past.
Cambridge: Cambridge University Press, 1992.
COPELAND, Rita. Rhetoric, Hermeneuiics, and Translation in theMiddleAges:Academic Tra-
ditions and Vernacular Texts. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
DASTON, Lorraine & Katherine PARK. Wonders and the Orderof Nature, 1150-1750. Nova
York: Zone Books, 1998.
DETIENNE, Marcel. The Masters of Truth in Archaic Greece, trad. ]anet Lloyd. Nova York,
1996.
DIAMOND, ]ared. Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies. Nova York: W.W.
Norton, 1997.
DOOLEY, Brendan. "From Literary Criticism to Systems Theory in Early Modem]ouma-
lism History': Journal of theHistory ofIdeas, 51, 1990, pp. 461-86.
699
_ _ __. TheSocialHistoryof Skepticism: Experienceand Doubt in Early Modern Culture.
Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1999.
EDEN, Kathy. Hermeneutics and the Rhetoric Tradition: Chapters in the An cient Legacy and
Its Humanist Reception. N ew Haven: Yale University Press, 1997.
EISENSTE1N, Elizabeth. TIIe Printing Press as an Agent of Change. Cambridge: Cambridge
University Pre ss, 1979, 2 v.
FIRTH, Katharine R. The Apocalypt ic Tradition in Reformat ion Britain, 1530 -1645. Oxford:
Oxford University Pre ss, 1979.
FOUCAULT, Michel. "Stru cturalism an d Po ststructuralism". Telos, 55, 1983.
FUKUYAMA, Francis. "Th e End of Hi story, Five Years Later". History and Theory, n. 34,
1995, pp. 27-43·
____,. TIIe End of History and the Last Man. Nova York : Free Press, 1992.
FUMAROLI, M arc. LAge de l'eloquence:Rhetorioue et "res literaria" de la Renaissanceau seuil
de i'epoqueclassique. Paris: Librairie Droz, 1980 .
FUMAROLI, Marc & James J. MURPHEY (org.) . RenaissanceEloquence. Berkeley: Uni ver sit y
of California Press, 1983.
FURET! Francois. The Passing of an Illusion: TIIe Idea of Communism in the Twentieth Cen-
tury, trad. D eborah Furet. Chicago : Universit y of Chicago Pre ss, 1999.
GALLAGHER, Catherine & Stephen GREENBLATI. Practicing New Historicism. Chicago :
University of Chicago Pre ss, 2000.
GAMBLE, Clive . Timewalkers: The Prehistory of Global Civilization. Cambridge (MA), 1994.
GARFINKEL, Alan , Forms of Explanation: Rethinking the Questions in Social Theory. New
Haven: Yale University Press! 1981.
GAY, Peter. Style in History. Nova York, 1974.
GEARY, PatrickJ. Phantoms of Remembrance: Memory and Oblivion at the End of the First
Millennium. Princeton: Princeton University Press, 1994.
GENNARO, G. A. di. Respublica[urisconsultorum. Napoles, 1752.
GILL, Christopher & T. P. WISEMEN (o rgs.). Lies and Fiction in the Ancient World. Austin:
University of Tex as Press, 1993.
HABERMAs,Jiirgen. The Structural Transformation in the Public Sphere: An Inquiry into
a Category of Bourgeois Society, trad. Thomas Burger. Cambridge (MA) : MIT Press,
1989·
HARTOG, Francois, Memoriesof Odysseus: Frontier Talesfrom Ancient Greece. Chicago: Uni -
ver sity of Chicago Pre ss, 2001.
____. The Mirror of Herodotus: The Representation of the Other in the Writing of His-
tory. Berkeley: Uni ver sity of California Pre ss, 1988.
HAYLES,Katherine. ChaosBound: Orderly Disorder in Contemporary Literature and Science.
Ithaca: Cornell University Press, 1990.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. TIIe Philosophy of History, trad. J. Sibree. Nova York:
Dover, 1944 [ed . bras.: Filosofia da historia, 2~ ed., trad. Maria Rodrigues e Hans Har-
den. Brasilia: UNB, 2008] .
HEXTER, J ack H . "Th e Rhetoric of Hi story '; in Doing History. Londres, 1971.
700
HlNDMAN, Sandra L. Printingthe Written World: Til eSocial History oj Books, circa 1450-1520.
Ith aca: Cornell University Press, 1991.
"H istoriography of the 'Countries of Eastern Europ e": Am erican HistoricalReview, n. 97,
1992.
HOHE NDAHL, Pet er Uwe. "Critical Theory, Public Sphere, an d Culture:Jiirgen Habermas
and H is Cr itics", in The Institution of Criticism, trad. M arc Silverman. Ithac a: Cornell
Un iversity Press, 1982.
HOUTS, Elisab eth Van. Memory and Gender in Medieval Europe. Tor onto: Un iversity of
Toronto Pres s, 1999.
HUMPHREYS, S. C. Anthropology and the Greeks. Londres, 1978.
JAEGER, Werner. Paideia: TheIdealsof Greek Culture, v. I, trad . Gilbert Highet. N ova York,
1945·
JAMES, Peter. Centuries of Darkness. New Bru nswick: Rutg ers University Press, 1993 .
Journal of the History ofIdeas, 64, n. 2, 2003.
KELLEY, Donald Reed. "Between H istory and System", in Gianna Pomata e Na ncy G.
Siraisi (orgs.). Historia : Empiricism and Erudition in Early ModernEurope. Camb ridge
(MA): MIT Press, 20 05.
_ __ _ . "Civil Science in the Renaissance:Jurisprudence Italian Style". Historical Jour-
nal, 22, 1979, pp . 77 7-97.
_ _ __ . "Civil Science in th e Renaissance: Jur isprudence in the French M anner". His-
tory ofEuropean Ideas, 2,1981, pp. 261-76 .
_ _ _ _ . "Civil Science in the Renai ssanc e: The Problem of Interpretation ', in A. Pag-
den (org .) . The Languages ofPoliticaI Theory in Early Modem Europe. Cambridge: Cam-
bridge Unive rsity Press, 1987/ pp. 57-78.
_ _ _ _ . "Periodization in the \Vest'; no prelo.
_ _ _ _ . ReI1aissanceHumanism. Boston, 199 7.
_ __ _ (org.) . The History of Ideas : Canonand Variations. Rochester: Univer sity ofRo-
ches ter Press , 1990.
_ _ __. "Garrett Mattingly, Bernard De Voto and the Craft of History': Annals ofS cho-
larship, n. 2, 1981, pp. 15-29.
_ _ _ _ . Faces of History: Historical Inquiryfrom Herodo tus to Herder. New Haven: Yale
Univ ersity Press, 1998.
_ __ _. Fortunes of History: Historical Inquiryfrom Herder to Huizinga. New H aven:
Yale Universit y Press, 2003.
_ _ _ _ . Historians and the Law in Postrevolutionary France. Princeton : Prince ton Uni-
vers ity Press, 1981.
_ ___. History and Disciplines: TIle Reclassification of Knowledge in Early Modern Eu-
rope. Roch ester: University of Rochester Press, 199 7.
_ _ __. The Beginning of Ideology: Consciousness and Society in the French Reformation.
Cambridge: Cambridge University Press, 1981.
_ _ __. The Descent of Ideas: The History of Intellectual History. Londres: Ashgate Pub
Ltd., 2002.
701
____. TIle Human Measure: Western Social Thought and the Legal Tradition. Cam-
b ridge (MA): H arvard University Press, 1990.
_ _ __ . "Som ething Happene d : Panofsky and C ultural His tory ", in lrving Lavin
(org.). M eaning in theVisualArts: Viewsfrom the Outside, A Centennial Commemoration
of Erwirl Panofsky (1892-1968). Prin ceto n : Princeton Univ ersity Pr ess, 1995, pp. 113-21.
KELLNER, Hans. Language and HistoricalRepresentation: Getting the Story Crooked. Madi-
son : University ofWisconsin Press, 1989.
LACAPRA, Dom inick. Rethinking Intellectual History: Texts, Contexts, Language. Ithaca:
Co mell Universi ty Press, 1983.
LYOTARD, J ean-F ranc;:ois. The Posimodern Explained. Minneap olis: University of Minne-
so ta Press, 1992.
MADIGAN, Patrick. TheModernProject to Rigor: Descartes to Nietzsche. Lanha m, Marylan d :
Unive rsity Press ofAm er ica, 1986.
MALI, Jo seph . Mythistory: TIle Making of M odern Historiography. Chi cago: Un iversity of
Chicago Press, 2003.
MARQUARDT, Odo. Farewell tol'Hatters of Principle, trad. alerna, Nova York, 1981.
MC KITTERICK, Rosam on d. (org.) . TIle Uses of Literacy in Early Medieval Europe. Ca m-
bridge: Cambridge University Press, 1990.
____,. The Carolingians and the Written Word. Cambridge: Cambridge University
Press, 1989.
MCLUHAN, Marshall . The Gutenberg Galaxy. The Making of Typographic Man. Toronto:
University ofToronto Press, 1962.
MEGILL, Allan (o rg.) . RethinkingObjectiVity. Durham: Duke University Press Books, 1994.
____. " Grand Narrative' and the Discipline of History", in F. Ankersrnit & H. Kell-
ner (orgs .) . A N ew Philosophy of History. Chicago: University of Chicago Press, 1995,
PP·151-73-
MELTON, James Van Horn. The Rise of the Public in Enlightenment Europe. Cambridge:
Cambridge Uni versity Press, 2001.
MENACHE, Sophia. TheVox Dei: Communication in the MiddleAges. Nova York, 1990.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Phenomenology of Perception, tr ad. Colin Smith. Londres:
Routledg e & Kegan Paul, 1962 [ed . bras.: Fenomenologia da percepcao, 3~ ed., trad. Car-
losAlberto Rib eiro de Moura. Sao Paulo: Ma rtins Fontes, 2006].
MITHEN, Steven. The Prehistory of the Mind: The Cognitive Origins of Ar t, Religion, and
Science. Londres: Thames & Hudson, 1996.
MORSE, Ruth. Truth and Convention in the MiddleAges: Rhetoric, Representationand R'ea-
lity. Cambridge: Cambridge Uni versity Pre ss, 1991.
MULLER-VOLLMER, Kurt (org.) . TheHermeneuticsReader. Oxford, 1986.
MULLER,Jan-Wemer (org.) . Memory and Power in Post-War Europe:Studiesin thePresence
of the Past. Cambridge: Cambridge Univ ersity Press, 2002.
NEVINS, Allan. The Gateway to History. Nova York, 1938.
NIETHAMMER, Lutz. Posthistorie: Has History Come to an End ], trad. Patrick Cam iller.
Londres: Routled ge, 1992.
702
NIET ZSCHE, Friedrich. TheWill to Power, trad .Walter Kaufmann e R.J. Hollingdale. Nova
York, 1967 [ed. bras. : Vontade depot€ncia, trad. Mario Ferre ira dos Santos. Petr6polis:
Vozes, 2011].
____. On theAdvantage and Disadvantage ofHistoryfor Life, trad . Peter Preu ss. India-
napolis: Hackett Pub Co., 1980.
NOIRIEL, Gerard, Sur la "crise" de l'histoire. Paris, 1996.
NOVICK, Peter. 'Ihat Noble Dream: The "Objectivity Question" and the American Historical
Profession. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.
o'MEARA, Patrick et al. Globalization and the Challenges of a New Century. Bloomington:
Indiana Univers~ty Press, 20 02.
PANNWITZ, Rudolf. DieKrisis dereuropiiischen Kultur. Niimberg, 1917.
PERELMAN, Charles & L. OLBRECHTS-TYTECA. TheNew Rhetoric: A Treatise onArgumen-
tation. Notre Dame : University ofNotre Dame Press, 1969.
POMIAN, Krzysztof. L'Ordre du temps. Paris: Gallimard, 1984.
PORTER, Theodore M. & Dorothy ROSS (orgs.). The CambridgeHistory of Science, v. VIII:
TheModern SocialSciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
RAPHAEL, Lutz. Geschichtswissenschaft im ZeitalterderExtreme: Theorien,Methoden, Ten-
denzen von 1990 biszur Gegenwart. Munique : Beck, 2003.
RICCEUR, Paul. Temps et recit, t. 1. Paris: Seuil, 1983 [ed. bras.: Tempo e narrativa, v. I, trad.
Claudia Berliner. Sao Paulo: WMF - Martins Fontes, 2010.
RI GNEY, Ann . TheRhetoricof Representation: ThreeNarrativeHistoriesof the FrenchRevolu-
tion. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
RILKE, Rainer Maria. Selected Poems of RainerMaria Rilke, trad. Rob ert Bly. Nova York:
Harper Perennial, 1981.
SCHOLZ, R. Die Publizistik zur Zeit Philippe des Schiinen und Bonifaz VIII. Stuttgart, 1903.
SHRIMPTON, Gordon S. History and Memory in AncientGreece. Montreal: McGill Qu eens
University Press, 19 9 7.
STONE, Lawrence. "The Revival of Narrative: Reflections on a New Old History': Pastand
Present, n. 85, 19 79.
Storia della storiografia, n. 2 4 , 1993.
Storiadella storiografia, n. 25, 1994.
VATrIM O, Gianni. The End of Modernity, trad. Jon R. Snyder. Baltimore: Johns Hopkins
University Press, 19 88.
VI CKE RS, Brian. In Defense of Rhetoric. Oxford: Oxford University Press, 1998.
WALDROP, Mich el. Complexity: TheEmerging Scienceat theEdge of Order and Chaos. Nova
York: Simon & Schuster, 1992.
WAQUET, Francoise. Le Modelefran/;ais et I'Italie savante (1660-1750). Roma: Ecole Fran-
caise de Rome, 1989.
WEISS, Roberto, TheDawn of Humanism in Italy. Londres: s. n., 1947.
WELLMAN, Albrecht. Zur Dialektik vonModerne undPostmoderne. Frankfurt: Suhrkamp, 1985.
W ESS, Robert. Kenneth Burke: Rhetoric Subjectivity, Postmodernism. Cambridge: Cam -
bridge University Press, 1996.
703
WHITE, Hayden. Metahistory: The Historical Imagination in the Nineteenth-Century Europe.
Baltimore:Johns Hopkin s University Press, 19 73.
____. The Context of the Form: NarrativeDiscourse and Historical Represe1ltation. Bal-
timore:Johns Hopkins University Press, 1987.
WILLIAM S, Raymond. TIle Long Revolution. Harmondsworth: Chatto & Windus, 19 61.
704
Journal of theHistory of Ideas, 64, 2003, pp. 1-72.
KLOOSTER, H . A .J. lndoniers Schrijvenium Geschiedenis. D ordrecht, 1985.
KUBLER, George. The Shape of Time:Remarks on the History of Things. N ew H aven : Yale
U niversity Press, 1962.
LEW1S, Marti n W. & Karen E. '\\'lGEN. The Myth of Continents: A CritiqueofMetageography.
Berkeley: U n iversity of Califo rnia Pr ess, 1997.
MCLUHAN, Marsha l!. The Gutenberg Galaxy: Tile Making of Typographic l'YIan. To ronto :
Un ive rsity of To ronto Press, 1962.
MCWHORTER, J ohn. Tile Power of Babel: A Natural History of Language. Nova York : H ar-
p er Perennial, 2003.
MESTROVIC, Stephen G. Tile Balkanization of the West: Tile Confl uence of Postmodernism
and Post Communism. Londres: Routledge, 1994 .
NIETZSCHE, Fri ed rich . On the Advantage and Disadvantage of History for Life, tr ad . Pet er
Pr eu ss. Indian ap oli s: Hackett P ub Co., 1980.
PLOTNISKY, Arkad y. Comptementarity:Anti-Epistemologyafter Bohrand Derrida. Durham:
Duke University Press Books, 1994 .
SENS, S. P. (o rg.). Historians and Historiography in Modern India. Calcuta: In st itute of H is-
torical Stu d ies, 1973.
SOPEDJATMOKO (o rg.) . An Introduction to Indonesian Historiography. Ithaca : Cornell Uni-
versity Pre ss, 1985.
STEPHENS, M ei c. LinguisticMinorities in Western Europe. Llandysul, Gales: Intl Learnin g
Systems, 1976.
STOIANOVICH, Traian. Between East and West: The Balkans and theMediterranean Worlds,
v. IV. N ova R o chelle: A. D . Caratzas, 1995.
SZUCS, jeno. Les TroisEuropes. Paris: L'Harm atta n, 1985.
TEICH, Mikulas & R oy PORTER (o rgs.) . TheNational Question in Europe in Historical Con-
text. C ambridge : Cam b rid ge Univer sity Pre ss, 1993.
705
ADAMSON, W. 1. & E. BALIBAR. Reading Capital. Londres, 1975.
AMIN, S. Unequal Development. Hassocks, 1976.
ANDERSON, Perry. Considerations on Western Marxism. Londres: New Left Books, 1976
[ed. bras.: Consideracoes sobre 0 marxismo ocidenial, trad. Isa Tavares. Sao Paulo: Boi-
tempo, 2004].
_ _ _. Passagesfrom Antiquity to Feudalism. Londres, 1977.
_ _ _. Lineages of theAbsolutist State. Londres, 1979 [ed. bras.: Linhagem do estado ab-
solutista. Sao Paulo: Brasiliense, 1985].
_ _ _. Arguments withinEnglish Marxism. Londres: New Left Books,1980.
_ _ _. "Class Struggle in the Ancient World~ History Workshop, n. 16,1983.
_ _ _. English Q],Iestions. Londres, 1992.
ANDERSON, R. J.j HUGHES, J. A. & W. W. SHARROCK. Philosophy and theHuman Sciences.
Beckenham, 1986.
ASTON, T. Corg.). Crisis in Europe) 1560-1660. Londres, 1965.
ATKINSON, R. F. Knowledge and Explanation in History. Londres, 1989.
AVINERI, S. Corg.) KarlMarx on Colonialism andModernization. Nova York,1964.
BAILEY, M. A Marginal Economy? Cambridge, 1989.
BAK,J. M. "Serfs and Serfdom: Words and 'Ihings" Review, n. 4, 1980.
BARBALET, J. M. "Social Closure in Class Analysis: A Critique of Parkin': SOciology, n. 16,
1982.
BARG, M. "The Social Structure of Manorial Freeholders: An Analysis of the Hundred
Rolls of 1279': Agricultural History Review., 1991.
BARRE'IT, M. 1. WomensOppression Today. Londres, 1984.
BELLIS, P. Marxism and the USSR. Londres, 1979.
BENNETT, T. Formalism andMarxism. Londres, 1979.
BENTON, T. Philosophical Foundations of the Three Sociologies. Londres: Routledge & Ke-
gau Paul, 1977.
BERGESCN, A. "Th e Rise ofSemioric Marxism". SOciological Perspectives) n. 36,1993.
BERTRAM, C. "International Competition in Historical Materialism': New Left Review, n.
183, 1990.
BERTRAND)M. Le Marxisme et l'histoire. Paris, 1979.
C. TheClass Struggles in the USSR) 1917-23. Hassocks, 1976.
BE'ITELHEIM,
BLACKBOURN, D. & G. ELEY. ThePeculiarities of German History. Oxford, 1984.
BLACKBURN, R. (org.). Ideology in Social Science: Readings in Critical Social Theory. Lon-
dres , 1972.
_ _ _. TheOverthrow of Colonial Slavery) 1776-1848. Londres, 1988.
BLACKBURN, R . & G. S. lONES. "Lo uis Althusser and the Struggle for Marxism", in D.
Howard & K. E. Klare Corgs.). TheUnknown Dimension: European Marxismsince Lenin.
Nova York, 1972.
BLANNING, T. C. W. The French Revolution: Aristocrats versus Bourgeois? Londres, 1987.
BLOCH, M. Marxism andAnthropology. Oxford, 1983.
BOHM-BAWERK, E. von. KarlMarx andthe Close ofhisSystem. Org. P. Sweezy. Londres, 1975.
706
BOIS, G. Crise defeodalisme. Paris, 1976.
_ _ _. "Against the Neo-Malthusian Orthodoxy" PastandPresent, n, 79, 1978.
_ _ _. The Transformation of the Year One Thousand. Manchester, 1992.
BRENNER, R. "Agrarian Class Structure and Economic Development in Pre-Industrial Eu-
rope" PastandPresent, n. 70, 1976.
_ _ _. "The Origins of Capitalist Development: A Critique of Neo-Smithian Mar-
xism" New Left Review, n. 104, jul.-ago. 1977
_ _ _""Dobb on the Transition from Feudalism to Capitalism". Cambridge Journal of
Economics, n. 2, 1978.
_ _ _""The Agrarian Roots ofEuropean Capitalism" Pastand Present, n. 97, 1982.
_ _ _. "Bourgeois Revolution and Transition to Capitalism",in A. L. Beier, D. Canna-
dine &]. M. Rosenheim (orgs.), The First Modern SOciety. Cambridge, 1989.
_ _ _. Merchants and Revolution: Commercial Change, Political Conflict and London's
Overseas Traders, 1550-1653. Cambridge, 1993.
BREWLLY,]. "The Making of the German Working Class" ArchivjUrSozialgeschichte 27, 1987.
BRODBECK, M. "Explanation, prediction and 'imperfect knowledge", in H. Feigl & G. Ma-
xwell (orgs.). Minnesota Studies in thePhilosophy of Science, v. 3. Minneapolis, 1962.
BROWNING, R. "The Class Struggle in Ancient Greece" PastandPresent, n. lOO, 1981.
BRUNT, P.A. "A Marxist View ofRoman History': Journal ofRoman History, n. 11,1982.
BUKHARlN, N. Historical Materialism. Nova York, 1969.
BURRlS, V. "The Neo-Marxist Synthesis of Marx and Weber on Class", in N. WHey (org.).
The Marx - Weber Debate. Newbury Park, 1987.
CALLINICOS, A. Making History: Agency, Structure and Change in Social Theory. Cam-
bridge, 1987.
_ _ _. "Bourgeois Revolution and Historical Materialism': International Socialism 43, 1989.
_ _ _. "The Limits of 'political Marxism". New LeftReview, n. 184, 1990.
_ _----'. Theories andNarratives: Reflections onthePhilosophy ofHistory. Cambridge, 1995.
CAMPBELL, S. "Carnival, Calypso and Class Struggle in Nineteenth-Century Trinidad"
History Workshop, n. 26, 1988.
CARLING, A. "Rational Choice Marxism" New LeftReview, n, 160, 1986.
_ _ _"~ "In Defence of Rational Choice: A Reply to El1en Meiskins Wood". New Left
Review, n. 184, 1990.
_ _ _. Social Division. Londres, 1991.
CARVER, T. (org.). The Cambridge Companion toMarx. Cambridge, 1991.
CHILDE, V. G. Man MakesHimself. Londres, 1941.
_ _ _. History. Londres, 1947.
_ _ _. What Happened in History. Harmondsworth, 1954.
CLARKE, S. "Socialist Humanism and the Critique of Economism" History Workshop,
n. 8, 1979.
_ _ _ et al. One-Dimensional Marxism. Londres, 1980.
COCKBURN, C. "The Relations of Technology: What Implications for Theories of Sex and
Class",in R. Crampton & M. Mann (orgs.) . Gender and Stratification. Cambridge, 1986.
707
COHEN, G. A. "O n Some Criticism of Historical Materialism': Proceedings oj the Aristote-
lian Society, n. 44 (suplemento), 19 70.
_ _ _. "Being, Con sciousness and Roles: On the Found ation of H istorical Mater ialism",
in C. Abram sky & B.J . Williams (orgs.). Essays in Honour ojE. H. Can: Londres, 1974 .
_ _ _. KarlMarx's Theory oj History: A Dej ence. Oxford, 1978.
_ _ _. "Functional Explanation: Reply to Elster" Political Studies 2 8, 1980.
____. "Functional Explanation, Consequence Explanation and Marxism". Inquiry, n.
25,19 8 2.
____. "Reply to Elster on 'Marx ism, Functionalist and Game Theory", Theory and
Society I, 19 82.
_ _ _. "Forces and Relati on s of Production" in B. Mathews (org.) . Marx: A Hundred
Years On. Londres, 1983-
____. History; Labour and Freedom. Oxford, 1988.
COH EN, ]. S. "The Achievements of Economic History: The Marxi st School". [ournal oj
Economic History, n. 38 , pp. 29-57, 19 7 8.
_ _ _. "Review of G. A. Cohe n 1 9 7 8 ~ Journal ofPhilosophy, n. 7 9, 1982.
CO HEN, M.; NA GEL, T. & S. SCAN LON (orgs.) . Marx;Justice and History. Princeton, 19 8 0.
Colernan, D. C. "Proto-Industrialization: A Concept too Man y': Economic History Review.
2 ~ ser., 36 , 1983.
COLLETTI, 1. From Rousseau to Lenin. Londres, 1972.
COLLINS, R. Conflict Sociology. Nova York, 197 5.
CO LLI NSO N, P. The Religion ojProtestants. Oxford, 1982 .
____. "English Puritanism". Historical A ssociation Pamphlet, n. 10 6, 1983.
CO MN IN D, G. Rethinking the Frencl: Revolution. Londres, 19 87.
CO OM Z, S. & P. HENDERSO N. Womens Work and MeIl s Property. Londres, 1986.
CORNFORTH, M. 1. The OpenPhilosophyand the Open Society. Londres, 1968.
CORRIGAN, P. & D. SAYER. The Great Arch:English State Fo rmation as Cultural Revolution.
Oxford; 19 85.
coss, P.R. "Aspects of Cultural Diffusion in Medieval England': Past and Present, n. 108, 1985.
COVEN EY, P.]. (org.). Fram e in Crisis 1620-16 75. Londresrcvc.
CRO CE, B. Historical Materialism and the Economics of Karl Marx. New Brunswick, 19 81.
C RO SSIEK, G. An Artisan Elite in Victorian Society. Londres, 1980.
CUNNINGHAM, H. "The Language of Patriotism, 1750-1914", HistoryWorkshop, n. 12, 1981.
DALTON, G. "H ow Exactly are Peasants 'exploited' ?': Am ericanAnthropologist, n. 76, 19 74 .
DAVI N, A. "Feminism and Labour History'; in R. Samuel (org.). Peoples History and Socia-
list Theory. Londres, 1981.
DE BEAUVOIR, S. The Second Sex. Harmondsworth, 19 74.
DELANY, S. MedievalLiterary Politics. Manchester, 1990.
D ELPHY, C. Close to Home. Londres, 1984.
DEUTSCHER, I. The ProphetArmed; Trotsky: 1879-1921. Oxford, 1954.
DO BB, M. "Historical Materialism and the Role of the Economic Factor': History, n. 36,
1951.
708
_ _ _.. Studies in the Developmentof Capitalism. Londres, 1963.
_ _ __.. "From Feudalism to Capitalism'; in R. H. Hilton et al., The Transitionfrom Feu-
dalismto Capitalism. Londres, 1976.
_ _ _. "A Reply", in R. H. Hilton et al., The Transition from Feudalism to Capitalism.
Londres, 1976.
DOCKES, P. Medieval Slavery and Liberation. Londres, 1982.
DORPALEN, A. GermanHistoryin Marxist Perspective: TheEast GermanApproach. Londres,
1985.
DRAPER, H. Karl Marxs Theory of Revolution. Nova York, 1977.
DRAY, W Laws and Explanations in History. Oxford, 1957.
DRETSKE, F. "Contrastive Statements". Philosophical Review, n. 81,1972.
DUNN, S. P. TheFalland Rise of theAsiaticMode of Production. Londres, 1982.
DYER, C. "A Redistribution of Incomes in Fifteenth-Century England ?'; in R. H. Hilton
(org.). Peasants, Knightsand Heretics. Cambridge/Nova York, 1981.
_ _ _. Standards of Living in the Later Middle Ages. Cambridge, 1989.
____. "Small-Town Conflict in the Later Middle Ages: Events at Shipston-on-Stour"
Urban History, n. 19, 1992.
EAGLETON, T. Ideology. Londres, 1991.
EISENSTEIN, Z. "Developing a Theory of Capitalist Patriarchy and Socialist Feminism",
in Z. Eisenstein (org.). Capitalist Patriarchy and the Case for Socialist Feminism. Nova
York, 1979.
ELLIOT, G. Althusser: TheDetour of Theory. Londres, 1987.
ELSTER,J. Ulysses and the Sirens. Cambridgerc-c.
____. "Cohen on Marx's Theory of History" Political Studies, n. 28, 1980.
_ _---Co Explaining Technical Change. Cambridge, 1983.
709
FOX-GENOVESE, E. "Placing Women's History in History" New Left Review, n. 133,1982.
FRANKFORT, H . G. & B. POOLE. "Functional Analysis in Biology': BritishJournal for the
Philosophy of Science, n. 17,1966-67.
FROMM, E. The Fear of Freedom. Londres, 1975.
FURET, F. Interpreting theFrench Revolution. Cambridge, 1981.
_ _ _' Marx and theFrench Revolution. Chicago, 1988.
GANDY, D. R. Marx andHistory. Austin, 1979.
GARDINER, P. The Nature of Historical Explanation. Oxford, 1961.
GARFINKEL, A. Forms ofExplanation. New Haven (CT), 1981.
GENOVESE, E. D. The Political Economy of Slavery. Nova York, 1965.
_ _ _' The World theSlaveholders Made. Nova York, 1969. Reed. Londres, 1970 .
- - -. In Red and Black. Nova York, 1972.
_ _ _' Roll, Jordan, Roll: The World the Slaves Made. Nova York, 1974.
_ _ _' From Rebellion to Revolution. Baton Rouge, 1979 .
GERAS, N. "Althusser's Marxism: An Assessment",in G. S.Jones et al., Western Marxism: A
Critical Reader. Londres, 1978.
_ _ _' "The Controversy about Marx and justice" New LeftReview, n. ISO, 1985.
_ _ _' "Seven Types of Obloquy: Travesties ofMarxism",in R. Miliband, L. Pantich &
]. Saville (orgs.). The Socialist Register. Londres, 1990.
GIDDENS, A. Central Problems in Social Theory. Londres, 1979 .
_ _ _' Studies in Social and PoliticalTheory. Londres, 1979.
_ _ _' A Contemporary Critique of Historical Materialism. Londres, 1981.
GIMENEZ, M. "M arxist and Non-Marxist Elements in Engels views on the Oppression of
Women", in Sayers et al. Engels Revisited. Londres, 1987.
GIVEN,]. "The Economic Consequences ofthe English Conquest of Gwynedd" Speculum,
n. 64, 1984 .
GLENNIE, P. "Th e Transition from Feudalism to Capitalism as a Problem for Historical
Geography". Journal of Historical Geography, n. 13, pp. 296-302 , 1987.
_ _ _I "In Search of Agrarian Capitalism: Manorial Land Markets And The Acquisi-
tion ofLand in the Lea Valley, c. 1450-1560~ Continuity and Change, n. IS, 1988.
GLUCKSMANN,A. "AVentriloquist Structuralism",in G. S.Jones et al., WesternMarxism:A
Critical Reader. Londres, 1978 .
GODELIER, M . Perspectives inMarxistAnthropology. Cambridge, 1977.
_ _ _' "Infrastructures, Society and History" New Left Review, n. 112,1978.
_ _ _. "The Asiatic Mode of Production', inA. M. Bailey&]. R. Llobera (orgs.). The
AsiaticMode of Production. Londres, 1981.
_ _ _' TheMental and theMaterial. Londres, 1988.
GOLDMANN, L. Racine. Cambridge, 1972.
GORDY,N. "Reading Althusser: Time and the Social Whole': History and Theory, n. 22, 1983.
GOROVITZ, S. "CausalJudgements And Causal Explanations" Journal ofPhilosophy, n. 62, 1965.
GOTTLIEB, R. S. "Feudalism and Historical Materialism; a Critique and a Synthesis"
Science and Society, n. 48 , 1984.
710
GO ULDNER, A. Tile Two1Vfarxisms. Lcndres, 1980.
GRAIlAM , K. KarlMarx: Our Contemporary. Hemel He mp stead, 1992.
G RA MSC I, A. Selectionsfrom tilePrison Notebooks. Orgs. Q Hoare & G. N. Smith . Lond res,
1977.
R. The LabourAristocracy in Victorian Edinburgll. Oxford , 197 6.
GRAY,
_ _ _ . TheAristocracy ofLabourinNineteenth-Century Britain, C.1850 -1900. Basingstoke,
1981.
GREEN, S. Prehistorian:A Biography ofY. Gordon Childe. Bradford-on-Avon, 1981.
GRENON, M. & R. ROBIN. ''A Propos de La Polemique sur l'ancien regime et la revolution :
Pour une problematique de la transition': La Pensee, n. 167, 1976.
GUREVICH. Categories of Medieval Culture. Londres, 1985.
HALDON,J. "The Ottoman State and the Questions ofState Autonomy: Comparatel Pers-
pectives': Journal of Peasant Studies, n. 38, 1991.
HALFPENNY, P. "A Refutation of Historical Materialism': Social Science Information, n. 2.2.,
1983·
HALL, S.) "Re-Thinking the Base and Superstructure Metaphor", in]. Bloomfield (org.) .
Class, Harmonyand Party. Londres, 1977.
HART, H. 1. A. & T. HONORE. Causation in the Law. Oxford, 1985.
HARTMANN, H. "The Unhappy Marriage of Marxism and Feminism: Towards a More-
-Progressive Union'; in 1. Sargent (org.). Women and Revolution: A Discussion of the
Unhappy Marriage ofMarxism and Feminism. Londres, 1981.
HAUSER, A. "Propaganda, Art and Ideo logy",in I. Meszaro s (org.). Aspects of History and
ClassConsciousness. Londres, 1971.
HAY, D. "Property, Authority and the Criminal Law", in D. Hay (org.). Albion's FatalTree:
Crimeand Society in Eighteenth-CenturyEngland. Nova York, 1975.
H EARN,J. "Gender: Biology, Nature and Capitalism",in T. Carver (org.) . The Cambridge
Companion to Marx. Cambridge, 1991.
HELLER, A. A Theory of History. Londres, 1982..
HELLMAN, G. "Historical Materialism",in]. Mepham & D. Hillel-Ruben (orgs.). Issues in
MarxistPhilosophy, v. 2.. Brighton, 1979.
HIBBERT, A. B. "The Origins of the Medieval Town Patriciate", in P.Abrams & E. A. Wri-
gley (orgs.). Towns in Societies. Cambridge, 1978.
HILFERDING, R. "The Materialist Conception of History", in T. Bottomore (org.). Modern
Interpretations of Marx. Oxford, 1981.
HILL, C. The English Revolution, 1640. Londres, 1940.
_ _ _ . Economic Problems of the Church. Londres, 1956.
_ _ _. Puritanism and Revolution. Londres, 1958.
_ _ _. Society and Puritanism. Londres, 1968.
_ _ _. Reformation to Industrial Revolution. Harmondsworth, 1969.
_ _ _. Antichristin Seventeenth century England. Londres, 1971.
_ _ _ . God's Englishman: Oliver Cromwell and the English Revolution. Harrnon-
dsworth, 1972..
711
_ _ _. The Intellectual Origins of theEnglish Revolution. Lon dres, 1972.
_ _ _ (org.), Winstanley: Tile Law of Freedom. Harmondsworth, 1973.
_ __ . Change and Continuity in Seventeenth Century Englarld. Londres, 1974.
_ __ . The Century of Revolution, 1603-1714. Lon dres, 1974.
_ _ _ . Tile World Turned Upside Down. H arm on dsworth , 1975.
_ _ _' ''A Co mment'; in R. H . H ilton et al., TheTransitionfrom Feudalism to Capitalism.
Londres, 1976.
_ _ _ . Milton and the English Revolution. Lon dres, 1977.
_ _ _ ' ''A Bourgeois Revolution", in]. G. A. Po cock (org.}, Three British Revolutions:
1641,1688, 1776. Prin ceton, 1980.
_ _ _ . "God and the Englis h Revolut ion". History Works/lOp, n. 17, 1984.
_ _ _ . "The Bour geois Revol ution in Soviet Scho larship ': New Left Review, n. 155, 1986.
HILTO N, R. H . A Medieval Society. Londres, 1967.
_ _ _. Tile Decline of Serfdomin Medieval England. Lond res, 1969.
_ _ _ . TileEnglish Peasantry in the Later MiddleAges. Oxford, 1975.
_ _ _ . ''A Comment'; in R. H. H ilton et al., Tile Transitionfrom Feudalism to Capitalism.
Londres, 1976.
_ _ _ . "Intro duction'; in R. H . Hilton et al., The Transition from Feudalism to Capita-
lism. Lon dres, 1976.
_ _ _ . Bond MenMade Free. Londres, 1977.
- - -. "Rob in des Bois" L'Histoire, n. 38, 1980.
_ _ _. "Feuda lism in Euro pe: Problems for Histor ical Ma teria lists ". New Left Review,
n. 147, 1984, pp. 84-93.
_ _ _ . Class Conflict and the Crisis of Feudalism. Londres, 1985.
_ _ _. "Unjust Taxation an d Popul ar Resistance".New Left Review, n. 180, 1990.
_ _ _ . English and French Towns in Feudal Society. Cambridge, 1992.
_ _ _ . (org.). Peasants} Knights and Heretics. Cambridge / Nova York, 1981.
_ _ _ et al. The Transition jrom Feudalism to Capitalism. Londres, 1976.
HIM M ELW EIT, S. "Reproduction and th e M ateriali st Co nce ption of H istory: A Femi nist
Critique", in T. Car ver (org.) . The Cambridge Companion toMarx. Cambridge, 1991.
HINDESS, B. & P. Q H IRST. Pre-capitalist Modes ofProduction. Londres, 1975.
_ _ _ . Mode of Production and Social Formation. Londres, 1977.
HIRST, P. QMode of Production and Social Formation. Lond res, 1977.
_ _ _ . Marxism and Historical Writing. Londres, 1985.
HOBSBAWM, E. Tile Age of Revolution, 1789-1848. Nova York, 1962.
_ _ _. LabouringA'fen. Lon dres, 1964a.
_ _ _ . Corg .) . Pre-capitalist Modes of Production. Londres, 1964b.
_ _ _. "The Crisis of the Seventeenth Ce ntury", in T. Aston (org .) . Crisis in Europe,
1560-1660. Londres, 1965.
_ _ _ . Industry and Empire. Harmondsworth, 1969.
_ _ _ . "Lenin and the 'Aristoc racy of Labo ur". Marxism Today, jul. 1970.
_ _ _ . Primitive Rebels. Manchester, 1971.
712
_ _ _ ' "Karl M arx's Contribution to Hi storiography", in R. Blackburn (org.) . Ideology
in Social Science: Readings in Critical Social Theory. Londres, 19 72,
_ _ _ . Bandits. H arm ondsworth, 198 2.
_ _----'. "Marx and Hi story". New Left Review, n. 14 3, 19 84 .
_ _ _' TheAge ofEmpire, 1875-1 914 . Londres, 19 89 .
_ _ _. Echoes of the Marseillaise: Two Centuries Look Back on the French Revolution.
Lon dres, 199 0.
H OBSBAWM, Eric]. & G. RUDE. Captain Swing. Harmondsworth, 197 3.
HO LT,]. C. "The Origins and Audience of the Ballad s of Robin Hood", in R. H. Hilton
(org.) . Peasants, Knights and Heretics. Cambridge / Nova York, 1981.
- -- . RobinHood. Londres, 1989.
H OLTO N, R.]. "The Crow d in H isto ry: Som e Problem s of Theory and Me thod". Social
History, n. 3, 19 7 8.
_ _ _ . The Transitionfrom Feudalism to Capitalism. Basingstoke, 19 85.
H OOK, S. Towards the Understanding of KarlMarx. Londres, 19 34 .
H OSPERS,]. An Introduction to Philosophical Analysis. Londres, 19 7 3.
H OWARD, D. & K. E. KLARE (orgs .). The Unknown Dimension: European lvIarxism since
Lenin. Nova York, 19 7 2.
HOWKINS, A. "Edwardian Liberalism and Industrial Unr est: A Class View of the Decline
of Liberalism". History Workshop 4 , 1977.
H UDSON, P. "Proto-Industrialisation: The Case of th e West Riding Wo ol Textile Industry
in th e Eighteenth and Early Nineteenth Ce ntur ies". History Workshop, n. 12, 1981.
HU GHE S, A. L. The Causes of theEnglish Civil War. Basingstoke, 1991.
ISAJI W, VV. W Causation and Functionalism in SOCiology. Londres, 19 6 8.
JAKUBOWSKI, F. Ideology and Superstructurein Historicai Materialism. Lon dr es, 19 7 6.
JA.M:ES, C. L. R. The Black[acobins. Nova York, 19 6 9.
JAY, M . L. Marxism and Totality. Cambridge, 1984.
J OHN, E. "Some Que stio ns on the Materialist Interpretation of History': History, n. 38, 195 3.
JOHNSON, R. "Edward Thornpson, Eugene Genovese an d Socialist-Humanist History".
History Workshop, n. 6, 19 78.
JOHNSTON, L. Marxism, Class Analysis and Socialist Pluralism. Londres, 19 8 6.
JO NES, G. S. Languages of Class: Studies in EnglislJWorking Class Culture, 1832-1982. Lon -
dres, 19 87.
et al.'Western Marxism:A Critical Reader. Londres, 19 7 8.
- - -
J ORDAN, Z. A. The Evolution of Dialectical Materialism. Londres, 1967.
JOS HUA, 1. La Face cacheedu MoyenAge. Mo rtr euil, 19 8 8.
KAIN, P.]. "Marx, M ethod, Epistemology and Humanism : A Study in the Development of
his Thought". Sovietica, n. 48, D ord recht & Lancaster, 19 86.
KATZ,c.]. Fromfeudalism to Capitalism: Marxian Theories of Class Struggle and Social
Change. Nova York, 19 89 .
KATZNELSON, 1. Marxism and the City. Oxford , 1992.
KAUTSk'Y, K. Ethics and theMaterialistConception of History, 4~ ed. Chicago, n.d.
713
_ _ _ . The MaterialistConception of History. New H aven (er), 1988.
KAYE) H. J.
"Totality: Its Application to Historical and Social Analysis by Wallerstein and
Genovese" Historical Reflections / Rtiflexions Historiques, n. 6) 1979.
_ _ _. TheBritish MarxistHistorians. Cambridge) 1984.
_ _ _ . "Acts of Re-Appropriation: Rodney Hilton as Robin Hood". Peasant Studies) n.
12) 1985.
_ _ _ (org.). History Classes andNation States: Selected Writings of V G.Kiernan. Cam-
bridge) 1988.
_ _ _"TheEducation ofDesire: Marxists and theWritingof History. Londres, 1992.
KIERNAN) V. G. "Foreign Mercenaries and Absolute Monarchy") in T. Aston (org.). Crisis
in Europe) 1560-1660 . Londres, 1965.
_ _ _. "Problems ofMarxist History': Nets LeftReview) n. 161)1987.
KIRK, N. "History, Language) Ideas and Post-Modernism: A Materialist View" Social His-
tory, n. 19, 1994.
KITCHING) G. KarlMarx and thePhilosophy of Praxis. Londres, 1988.
_ _ _"TheEducation ofDesire: Marxists and theWriting of History. Londres, 1992.
KLARE) K. E. "Th e Critique ofEveryday Life, the New Left and Unrecognizable Marxism",
in D. Howard & K. E. Klare (orgs.) . TheUnknown Dimension: European Marxism since
Lenin. Nova York) 1972.
KOLAKOWSKI, L. Main Currents ofMarxism. Oxford) 1978.
KONSTAN, D. "Marxism and Roman Slavery': Arethusa, n. 8, 1975.
KORSCH, K. KarlMarx. Londres, 1938.
KOSMINSKY, E. "Evolution of Feudal Rent in England from the Eleventh Century to the
Fifteenth Century': PastandPresent) n. 1)1955.
_ _ _. Studies in theAgrarian History of England. Oxford, 1956.
KRADER) L. TheAsiaticMode of Production. Assen, Paises Baixos, 1975.
KRIEDTE, P.; MEDICK) H. & J. SCHLUMBOHM. Industrialization before Industrialization.
Cambridge) 1981.
KRIEGER) L. "Marx and Engels as Historians': Journal of theHistory ofIdeas, n. 14, 1953.
KULA, W An Economic Theory of theFeudal System. Londres, 1976.
LACLAU, E. Politics and Ideology in Marxist Theory. Londres, 1979.
LARRAIN)J. TheConcept of Ideology. Londres, 1979.
_ __ . A Reconstruction ofHistorical Materialism. Londres, 1986.
LAURENSON, D. & A. SWINGEWOOD. TheSOCiology of Literature. Londres, 1972.
LEFEBVRE) G. TheFrench Revolution from its Origins to 1793. Nova York, 1962.
_ _ _ . TheFrench Revolution from 1793 to 1799. Londres, 1967.
_ _ _ . TheComing of theFrench Revolution. Princeton, 1969.
LEFF) G. The Tyranny of Concepts, 2~ ed. Londres, 1961.
LEKAS, P. Marx on Classical Antiquity: Problems of Historical Methodology, Brighton, 1988.
LENIN, V. I. Imperialism, the Highest Stage of Capitalism. Moscou, 1966.
_ _ _ . Imperialism and the Split in Socialism. Moscou, 1966 .
_ _ _ . TheThree Sources and Component Parts ofMarxism. Moscou, 1969.
714
LEVINE, A. "The German Historical School ofLaw and the Origins of Historical Materia-
lisrn" Journal of the History of Ideas, n. 48, 1987.
LEVINE, A. & E. O. WRIGHT. "Rationality and Class Struggle". New LeftReview, n. 123, 1980.
LEVINE, A. & E. SOBER. Reconstructing Marxism. Londres, 1992.
LEVINE, A.j SOBER, E. & E. O. WRIGHT. "Marxism and Methodological Individualism"
New Left Review, n. 162,1987.
LEWlS, G. TheFrench Revolution: RethinkingtheDebate. Londres, 1993.
LICHTHEIM, G. Marxism:An Historical and Critical Study, 2~ rev. ed. Londres, 1964.
LIEBMAN, M. TheRussian Revolution. Nova York, 1970.
LIS , C. & H. SOLY. Poverty and Capitalism in Pre-Industrial Europe. Brighton, 1982.
LITTLE]OHN, G. M. "An Introduction to Lublinskaya" Economy and Society, 1972.
LOONE, E. SovietMarxism andAnalyticalPhilosophies ofHistory. Londres, 1992.
LOVELL, T. Pictures ofReality: Aesthetics, Politics and Pleasure. Londres, 1980.
LOWE, C. "Cohen and Lukes on Rights and Power': Political Studies, n. 33,1985.
LOWY, M. "The Poetry of the Past': Marx and the French Revolution': New Left Review,
n. 177, 1989.
LUBASZ, H. "Marxs Conception of the Asiatic Mode of Production" Economy and Society,
n. 13, 1984.
LUBLINSKAYA, A. D. French Absolutism: The Crucial Phase, 1620-1629. Cambridge, 1968.
_ _ _. "The Contemporary Bourgeois Conception ofAbsolute Monarchy': Economy
and Society, n. I, 1972.
LUKAcs, G. History and Class Consciousness. Londres, 1974.
LUKES, S. "Can the Base Be Distinguished from the Superstructurei", in D. Miller & L.
Siedentop (orgs.). TheNature of Political Theory. Oxford, 1983.
_ _ _. Marxism andMorality. Oxford, 1985.
MCCARTHY, T. Marx and theProletariat. Westport, Ont, 1978.
MCCLELLAND, K. "Some Comments on Richard Johnson, 'Edward Thompson, Eugene
Genovese and Socialist-Humanist History": History Workshop, n. 7, 1979.
MCCULLAGH, C. B. Justifying Historical Descriptions. Cambridge, 1984.
MCDONNELL, K. & K. ROBINS. "Marxist Cultural Theory: The Althusserian Smokes-
creen', in S. Clarke et al. One-Dimensional Marxism. Londres, 1980.
MCDONOUGH, R. & R. HARRISON. "Patriarchy and Relations of Production", in A. Kuhn
& A. Wolpe (orgs.). Feminism andMaterialism. Londres, 1978.
MCGARR, P. "The Great French Revolution" International Socialism, n. 43, 1989.
MACKENZIE, G. "Review of Parkin Marxism and Class Theory": British Journal of Sociology,
n. 31, 1980.
MCLELLAN, D. KarlMarx: His Life and Thought. St. Albans, 1976.
MCLENNAN, G. "RichardJohnson and His Critics: Towards a Constructive Debate" His-
toryWorkshop, n. 8, 1979.
_ _ _ . "The Historical Materialism Debate". RadicalPhilosophy, n. 50, 198o.
_ _ _. Marxism and theMethodologies of History. Londres, 1981.
_ _ _ . Marxism,Pluralism and Beyond. Cambridge, 1989.
715
MCMURTRY, ]. The Structure ojMarx's WorldView. Princeton, 1978.
MAGUIRE, D.1'vfarx's Paris Writings: An Analysis. Dubl in, 1972.
MANN, M. TIle Sources oj Social Power, v. 1.Cambridge, 1986.
MA NNING, B. "The No bles, the People and the Constitu tion ", in T. Aston (org.) . Crisis in
Europe) 1560-1660. Lon dres, 1965.
_ _ _ . "The O utbreak of the English Civil War", in R. H . Parry (org.) . TheEnglish Cil,il
HTar andi l.ftel: Londres, 1970.
_ _ _ (org.) . Politics, Religion and the English CivilWar. Lon dres, 1973.
_ _ _ . TheEnglish People and the English Revolution 164°-49 , Londres, 1976.
MA RTI N,]. E. Feudalism to Capitalism. Lon dres, 1983.
MARX, K. Theories ojSw'plus Value. Londres, 1968-72,3 v.
_ _ _ . TheCivil War in France. Peking , 1970.
_ _ _ . Wage Labor and Capital. Mo scou, 1970.
_ _ _ . A Contribution to the Critique oj Political Economy. Londres, 1971.
_ _ _ . TIle Class Struggles in France, 1848 to 1850. Moscou, 1972.
_ _ _ . TheEighteenth Brumaireoj Louis Bonaparte. Mos cou, 1972.
_ _ _ . TIle Poverty ojPhilosophy. Mo scou, 1973.
_ _ _. TheRevolutions oj 1848. Org. D. Femb ach. Harmondswo rth, 1973.
_ _ _ . Surveysfrom Exile. Harmon dsworth, 1973.
_ _ _ . TheFirst International and Afte,: Org. D. Femb ach. Harmondsworth, 1974.
_ _ _. Grundrisse. Harm ond sworth, 1974.
_ _ _ . Capital. Harmondsworth, 1976-81, 3 V.
MARX, K. & F. ENGELS. Selected Works, v, 2. Moscou, 1949.
_ _ _ . Selected Works, v. 1.Moscou, 1962.
_ _ _ ' The Communist Manifesto. Harm on dsworth, 1967.
_ _ _. Selected Correspondence. Mo sco u, 1975.
_ _ _ . Collected Works, v. I-6. Lon dres, 1975-76.
- - - . Collected Works, v. 38. Lond res, 1982.
MASON, T. "The Workers Opposition in N azi Ger m any ". History Workshop, n. 2, 1981.
MATH EW S) B. (org. ). Marx: A Hundred Years On. Londres, 1983.
MEIKLE, S. Essentialism in the Thought oj Karl Marx. Londres, 1985.
MERRINGTON, F. "The Transitio n from Feudalism to Cap italism', in R. H . H ilton et al.,
TIle Transitionfrom Feudalism to Capitalism. Lond res, 1976.
MERTON, R. K. Social Theory and Social Structure. Glencoe ( IL), 1962.
MIDDLETON, C. "Sexual Inequ ality and Stra tification Theor y", in F. Parkin (org.). The So-
cialAnalysts of Class Structure. Londres, 1974.
_ _ _ . "The Sexual Division of Labour in Feudal England". New Left Review, n. 113-14,
1979·
_ _ _ . "Peasants, Patriarchy and th e Feudal Mode of Production in England': Sociolo-
gical Review, n. 29, 1981.
_ _ _. "Patriarchal Exploitation and th e Rise of English Capi talism",in E. Gamarnikow,
D. Morgan,]. Purvis & D. Taylor son (orgs.) . Gender, Class and Work. Londres, 1983.
716
_ _ _. "Wom en's Lab our and th e Transition to Pre-Industrial Cap italism", in Charles
& 1. Duffin (orgs.) . Women and Work in Pre-industrial England. Londres, 1985.
MILl BAND. R. "Reply to N. Poulantzas', in R. Blackbu rn (o rg.) . Ideology in Social Science:
Readings in Critical Socia l Theory. Londres, 197 2.
_ _ _ . Tile State in Capitalist Society. Lon dres, 19 73 .
_ _ _. Marxism and Politics. Oxford, 19 79.
_ _ _. Class Power and State Power: Londres, 19 83.
MI LL, j , S. A System of Logic. Londres, 19 70 .
MI LLER, D. & 1. Siedentop (orgs.). The Nature ofPolitical Theory, Oxford, 1983.
MILLER, J. Historyand Human Existence: From Marx to M erieau-Ponty. Berkeley, 1979.
MILLER, R . W "Productive Forces an d th e Forces of Ch an ge". The PhilosophicalReview,
n. 9, 19 81.
_ _ _ ' Analyzing Marx. Princeton, 198 4 .
_ _ _ ' "Social and Politi cal Th eor y: Class, State and Revolution", in T. Carver (org.) .
Til e Cambridge Compa nion to Marx. Cambridge, 199 1.
MI LLETI, K. Sexual Politics. Londres, 19 85.
MILNER, A. "Considerations or English Marxism': Labour History, n. 4 , 19 81.
MI SH RA, R. "Techno logy and Social Structure in Marx's Theory an Expl oratory Analys is".
Science and Society, n. 43, 1979,
MONT GOMERY, D. The Fall of the House of Labour. Cambridge, 1987.
MO OERS, C. TheMaking ofBourgeois Europe. Londres, 19 81.
MOORHOUSE, H . F. "Th e Marxist Theo ry of the Labour Aristocracy " Social History, n. 3,
19 78 .
MOR TON, A.1. A Peoples History of England. Londres, 19 38.
_ _ _. "Pilgrim's Progress, a Commemoration". History Workshop, n. 5, 19 78.
MUMY, G. E. "Town and Country in Adam Smith's Tile Wealth of Nations". Science and
Society, n. 42, 197 8- 7 9.
MURPHY, R. Social Closure. Oxford, 19 8 8.
MUSSON, E. "Class Struggle and the Labour Aristocracy, 1830-60': Social History, n. I, 1976.
NEALE , R . S. WritingMarxist History. Oxford, 1985.
NEUWIRTH , G. "A Web erian Outline of a Theory of Community: Its Application to th e
'Dark Ghetto": BritishJournal of Sociology, n. 20, 196 9 .
OLIVA, P. PamlOnia and the Onset of Crisis in theRoman Empire. Praga, 196 2.
OI LMAN, B. Alienation. Cambridge, 19 72.
PARIJ S, P. van. "Fro m Contradiction to Cata strophe". New Left Review, n. 115, 1979.
_ _ _. "Functio nalist Marxism Rehabilitated" Theory and Society, n. 11, 1982.
_ _ _ . Marxism Recycled. Cambridge, 199 3.
PARKER, b. "The Social Foundation of French Absolutism, 1610-30': Past and Present, n.
53, 1971.
_ _ _. TheMaking ofFrench Absolutism. Londres, 1983.
_ _ _""Fren ch Absolutism, the Engl ish State and the Utility of th e Base-Superstruc-
ture Model': Social History, n. IS, 1990.
717
PARKIN, F. (org.). The Social Analysis of Class Structure. Londres, 1974.
_ _----'. Marxism and Class Theory. Londres, 1979.
_ _ _. "Social Stratification', in T. Bottomore & R. Nisbet (orgs.). A History ofSociolo-
gical Analysis. Londres, 1979.
_ _ _. Max Weber. Londres, 1982.
PLAMENATZ, J. P. Man and Society: A Critical Examination of Some Important Social and
Political Theories from Machiavelli to Marx. Londres, 1963,2 V.
PLEKHANOV, G. V. Fundamental Problems ofMarxism. Londres, 1969.
_ _ _. TheDevelopment of theMonist Conception of History. Moscou, 1972.
POPPER, K. R. TheOpenSociety and itsEnemies. Londres, 1966.
_ _----'. ThePoverty of Historicism. Londres, 1969.
PORSHNEV, B.Les Soulevements populaires enFrance de 1623 a1648. Paris, 1963.
POULANTZAS, N. "Th e Problem ofthe Capitalist State", in R . Blackbum (org.).Ideology in
Social Science: Readings in Critical Social Theory. Londres, 1972.
PRICE, R. A Concise History ofFrance. Cambridge, 1993.
PUTNAM, H. Meaning and theMoral Sciences. Londres, 1979.
_ _ _. Philosophical Papers, v. 3. Cambridge, 1983.
RADER, M. Marxs Interpretation ofHistory. Nova York, 1979.
RAZI, Z. "The Toronto School's Reconstitution of Medieval Peasant Society: A Critical
View': Pastand Present, n. 85, 1979.
_ _ _. "The Struggles Between the Abbots of Halesowen and their Tenants in the
Thirteenth and Fourteenth Centuries': in T. H. Aston, P. R. Coss, C. Dyer & J. Thirsk
(orgs.), Social Relations andIdeas. Cambridge, 1983.
RIGBY, S. H. Marxism and History: A Critical Introduction. Manchester, 1987.
_ _ _. "M aking History" History of European Ideas, n. 12,1990.
_ _ _. Engels and theFormation ofMarxism. Manchester, 1992.
_ _ _. "Marxism and the Middle Ages", in A. Ryan et al. (orgs.) . After the End of His-
tory. Londres, 1992.
_ _ _. "Review of Carling Social Division': Social History, n. 18,1993.
_ _ _.English Society in theLaterMiddle Ages: Class, Status andGender. Basingstoke, 1995.
_ _ _. "Historical Causation: Is One Thing More Important Than Another?': History,
n. 80, 1995.
ROBINSON,J. Economic Philosophy. Londres, 1962.
_ _ _.An Essay onMarxian Economics. Londres, 1966.
RODINSORT, M. Mohammed. Harrnondsworth, 1973.
ROEMER,]. E.A General Theory ofExploitation and Class. Cambridge (MA), 1982.
_ _ _. "What is Exploitation? Reply to Jeffrey Reima" Philosophy and Public Affairs,
n. 18,1989.
ROSENBERG, N. 1. "Marx as a Student of Technology': in L. Levidow & B. Young (orgs.).
Science, Technology and theLabourProcess. Londres, 1981.
RUDE, G. TheCrowd in theFrench Revolution. Oxford, 1959.
_ _ _. The Crowd in History, 1730-1848 . Nova York, 1964.
718
_ __ . Revolutionary Europe, 1783-1815. Londre s, 1964 .
_ _ _. Wilkes and Liberty. Oxfo rd, 1965.
_ _ _ . Europe in theEighteenth Century. Londres, 1974.
_ _ _. Paris and London in theEighteenth Centu ry. Lo ndres , 1974.
_ _ _ . The French Revolution. Londres, 1989.
RUNC1MAN, W. G. "The Three Dimen sion s of Socia l Inequality '; in A. Bet eille (org. ) . So-
cial Inequality. H arm on dsworth, 1969.
_ _ _ . "Towards a Th eory of Social Strari fication', in F. Parkin. The Social Analysis of
ClassStructure. Londres, 1974.
_ _ _ . A Treatiseon Social Theory. Camb ridg e: Camb ridge Un iversity Press, 1983-89, 3 v.
RYAN, A. J. S. Mill. Londres, 1974.
_ _ _. The Philosophy ofJo/m Stuart Mill. Londres, 1987.
RYAN, M. lvfar:dsm and Deconstnlction. Baltim ore, 1986.
RYLE, G. The Concept ofMind. Londres, 1963.
SAMUEL, R. "Th e Workshop of th e World : Steam Power an d Hand Tec hno logy in M id-
-Victorian Britain': History Workshop, n. 3, 1977.
_ _ _ . "British Marxist Historians".New LeftReview, n. 120, 1980.
SAVILLE,].Marxism and History. Hull, 1974.
SAWER, M . "The Concept of the Asiatic Mode of Production and Contemporary Mar-
xism'; in S. Avineri (org.). Varieties ofMarxism. The Hague, 1977.
SAYER, D. The ViolenceofAbstraction. Oxford, 1987.
SAYERS,J.j EVANS,M . & N. REDCLIFT. Engels Revisited. Londres, 1987.
SCHWARZ, B. "The People' in History: The Communist Party Historians Group'; in R .Jo -
hnson, G. McLennan, B. Schwarz & D. Sutton (or gs.) . MakingHistories. Londres, 1982.
SCRIVEN, M . "C auses, Connect ions and Conditions in History ", in W. H . Dray (org.).
PhilosophicalAnalysis and History. Nova York, 1966 .
SECCOMBE, W. "M arxism and Demography ".New Left Review, n. 137, 1983.
_ _ _. A Millennium of Family Change. Londres, 1992.
SHAW, B. D. "The Anatomy of the Vampire Bat ': Economy and Society, n. 13, 1984,
SHAW, W. H . Marxs Theory of History. Londres, 1978.
_ _ _' "' The Handmill Gives you the Feudal Lord': M arx's Technological D et ermi-
nism': History and Theory, n. 18,1979.
SKORUPSKI,J. John Stuart Mill. Londres, 1989.
SMITH, A. A. "Two Th eories of Historical M aterialism". Theory and Society, n. 13, 1984.
SOBOUL, A. The FrenchRevolution, 1787-1799. Londres, 1974.
_ _ _ . "L'Historiographie classique de la Revolution francaise" Historical Reflections
Reflexions Historiaues, n. I, 1974.
_ _ _"A Short History of the French Revolution. Berkeley, 1977.
_ _ _ . La Civilisation et la Revolution Franqaise, v, 2. Paris, 1978.
_ _ _. Comprendre la Revolution. Paris, 1981.
STALIN,]. Dialectical and Historical Materialism. Moscou, 1951.
STECROIX, G. E. M. "KarlMarx and the History of Classical Antiquity': Arethusa, n. 8, 1975.
719
_ _ _. Tile Class Struggle in theAncient Greek World. Lon dres, 19 81.
_ _ _. "Class in M arxs Concep tion of Hi story, An cient and M od em': New Left Review,
n. 14 6, 19 84.
STEEDMAN, 1. "Value, Price and Profit': New Left Review) n. 90, 1975.
_ _ _. Marx after Srafa. Londres, 1977.
_ _ _ et al. The Value Controversy. Londres, 1981.
STINC HCOMBE, A. 1.."Merton's Theory of Social Str ucture', in 1..A. Coser (org.) . Tile Idea
of Social Structure. N ova York, 19 75.
SWEEZY, P. "A critique", in R. H . H ilton et ol., The Transitionfrom Feudalism to Capitalism.
Londres, 1976.
SZTOMPKA, P. Systems and Function. No va York, 1964.
TANNS] O, T. "Metho do logical Individualism". Inquiry, n. 33, 1990.
T HERBORN, G. What Does the Ruling Class Do V\ThelJ it Rules? Londres, 19 80.
THOMP SON, E. P. "The M oral Economy of th e En glish Crowd in th e Eight eenth Century".
Past and Present, n.so, 1971.
_ _ _' TIle A'laking of the English WorkingClass [ 19 63]. H armondsworth, 1972 .
_ _ _. Whigs and Hunters. Lond res, 1975.
_ _ _I The Poverty of Tlleory. Londres: Merlin Press, 1978.
TILLIC H, P. "Marx's View of Hi story: A Study in th e Hi story of th e Phil osophy of H is-
tory", in S. Diamond (org.) . Culture in History. N ova York, 1970.
TORRANCE, ]. "Reproduction and Development : A case for a 'Darwinian' Mechanism in
Mar x's The ory of Hi stor y". Political Studies, n. 33, 1985.
TORRAS,]. "Class Strugg le in Cat alon ia: A No te on Brenner': ReJ!iew, n. 4, 19 80.
TROTSKI, 1.. Tile History of theR ussianRevolution. Londres, 196 7, 3 v.
_ _ _. Marxism in our Time. N ova York, 1970.
_ _ The Permanent Revolution and Results and Prospects. Londres, 19 71.
_ I
720
_ _ _ . The Mountains and the City: TIle Tuscan Apennines in the Early Middle Ages.
Oxford ,1 988.
_ _ __. "Systactic Str uc tures: Social Theor y fo r Hist orian s". Past and Present, n . 332,
1991.
W ILL,F. L. Induction and Justification. Londres, 1974.
WILLIAMS, G. "In Defence of History". History Workshop, n. u, 1979.
_ _ _ . "18 Bru m aire: Karl Marx an d Defeat", in B. M att h ews (org.).l"farx: A Hundred
Years On. Lo ndres, 1983.
WIL LIAM S, R . "Base and Superstruc tur e in Marxist Cultur al The or y': New Left Review,
n. 82, 1973.
WOKT ER , R . "Rousse au an d Marx", in D. & L. Sied en top (orgs.) . TIle Nature of Political
Theory. Oxford, 1983.
W OOD, A . W. KarlMarx. Londres, 1981.
W O O D, E. M . "M arxism an d Ancient Gr eece': History Workshop, n. n , 1981.
_ _ _. "Th e Separation of the Eco nomic and the Political in Capitalism': New Left Re-
view, n. 127, 1981.
____. "E. P. Th ompson and his Critics': Studies in Political Economy, n. 9, 1982.
____. "Marxism and th e Course of H istory ': New Left Review, n. 147, 1984.
_ _ _ _. Peasant, Citizell and Slave. Londres, 1989.
_ __ . "Ratio nal Ch oice Marxism : Is the Game Worth th e Candle? ': NewLift Review, 1989.
____. "Explaining Everything or Nothing': New Left Review, n. 184, 1990.
____. The Pristine Cultureof Capitalism. Londres, 1991.
____. Democracy agaillstCapitalism. Renewillg HistoricalMaterialism. Ca m bridge, 1995.
WRIG H T. 0. "Gid dens's C ritique of Marxism ': New Left Review, n. 138, 1983.
AB RAMS, P. "H isto ry, Sociology, H istor ical Soci ology': Past and Present, n. 87, maio 1980,
pp. 3-16.
____. Historical SO ciology. She p ton M allet : Open Bo oks, 1982.
A LLEGRA, L. & A. TO RRE . La rlascita della storiasociale ill Francia: Dalla Comune alle An -
nales. Turim : Einaudi, 1977.
A NKER SM IT, F. R . "Historiography and Postmodernism" History and Theory, n. 28, 1989,
pp . 137-53·
_ _ _ _. "Reply to Professor Zagorin" History and Theory, n. 29, 1990, pp. 275-96.
LES ANNALES . "H istoire et scien ces so ciales . Un tournant critique ?". AESC, n. 43, 1988,
pp . 291-93.
_ _ _ _. "Tentons l'exp er ience" A ESC , n. 4 4, 1989, pp. 1317-23.
AR CANGELI, B. & M. PLATANIA. Metodo storico e scienze sociali: La Revue de Syn th ese
H istorique (1900-1930) . Roma: Bulzoni, 198I.
ARO N, R . "C ommen t l'H istorien ecrit l'epi stemologie : A p rop os du livre de Paul Veyne".
AESC, n. 26, 1971, pp. 919-1354.
721
_ _ _ _. "Postface", in J. Dumoulin & D. Moisi (orgs.). The Historian between theEthno-
logist and the Futurologist. Paris: Mouton, 1973.
ATI'RIDGE, D.; KENNINGTON, G. & R. YOUNG (orgs.). Post-structuralism and the question of
history. Cambridge I Nova York: Cambridge University Press, 1987.
AYMARD, M. "Histoire e cornparaison", in H. Astma & B. Burguiere (orgs.) . Marc Bloch
auiourd'hui: Histoire comparee et sciences sociales. Pari s: Editions de l'Ecole des Hautes
Etudes en Sciences Sociales, 1990, pp. 274-75.
BAEHREL, R . Une Croissance: La Basse-Provence rurale,fin xvr siede, 1789. Paris: SEVPEN,
1961.
BAILYN, Bernard. "Braudels Geohistory: A Reconsideration". Journal ofEconomic History,
n. 11,1951, pp. 277-82.
_ _ _ _. "The Challenge ofModem Historiography" American Historical Review, n. 87,
1982, pp. 1-24.
BALLESTEROS, J. Postmodernidad: decadencia 0 resistencia. Madri: Tecnos, 1989.
BARNES,H. E. Psychology and History. Nova York: The Century Company, 1925.
____. The NewHistory andtheSocial Sciences. Nova York: The Century Company, 1925.
BENEDICT, P. & G. LEVI. Quaderni Storici, n. 58,1985, pp. 257-77.
BENSON, L. Toward the Scientific Study of History: Selected Essays. Filadelfia : Lippincott,
1972.
BERR,Henri. La siniesis en historia: Su relacion con la historia general, trad. Jose Almoina.
Mexico: Uteha, 1961.
BESSMERTNY, Y. "Les Annales vues de Moscou" AESC, n. 47, 1992, pp. 245-59.
BLOCH, Marc. Apologie pour l'histoire ou Metier d'historien, 5~ ed. Paris: Armand Colin,
1964 [ed. bras.: Apologia da historia ou 0 oflcio de historiador, trad. Andre Telles. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001] .
____. L'ile-de-France (les paysautourdeParis). Paris : Cerf 1913.
BOGUE, A. G. "System atic Revisionism and a Generation of Ferment in American His -
tory': Journal of Contemporary History, n . 21, 1986, pp. 135-62.
BONNELL, V. "The Uses of Theory: Concepts and Comparison in Historical Sociology".
Comparative Studies in SOCiety and History, n. 22, 1980, pp. 156-73.
BRAUDEL, Fernand. La Historia y lasCiencias Sociales, trad. Josefina G6mez Mendoza. Ma-
dri: Alianza, 1968 .
_ _ _ _ ., "Lapp or t de I'Histoire des Civilisations", in Encyclopedie Franfaise. Paris: Soci-
ete de Gestion de I'Encyclopedie Francaise, t. XX,1959.
_ __ _ . "Les Origines intellectuelles de Fernand Braudel: Un ternoignage" AESC,
n. 47, 1922.
_ __ _ . "Histoire et sciences sociales. La Longue Duree",in Annales:Economies, Socie-
Us, Civilisations [doravante AESC], n. 13, 1958, pp. 725-53.
BREISACH, E. "Two New Histories: An Exploratory Comparison", in B. P. Dauenhauer
(org.) . At theNexus ofPhilosophy andHistory. Athens: University of Georgia Press, 1987.
_ _ __ ,. Historiography: Ancient, Medieval, &' Modern. Chicago: University of Chicago
Press, 1983.
722
BURGUIERE, A. "D e la comprehension en histoire" AESC, n. 4 5, 1990.
_ _ _ _,. "Hi story ofmentality in the Annales': Comparative Studies in Society and His-
tory, n. 24, 1982, pp. 424-37.
_ _ __ . "La Notion des 'mentalites' chez M. Bloch et L. Febvre: Deux conceptions,
deux filiations" Revue deSynthese, n. 104, 1983, pp. 333-48.
BURKE , Peter. "Overture: The New History, its Past and its Future", in P. Burke (org.). New
Perspectiveson Historical Writillg. University Park: Pennsylvania State Universit y Press,
1992, pp. 18,20 red . bra s.: A escrita da historia: Novas perspectivas, trad. Magda Lopes.
Sao Paulo : Unesp, 2001].
BUTTERFIELD, H. "The Histo ry of Historiography ", in Mall on HisPast: The Study of the
HistoryofHistoricalScholarship, Londres: Cambridge Univer sity Press, 1969, pp. 1-31.
_ _ __ ,. "The Hi story of the Writing of History ". Cornite International des Sciences
Hi sroriques, XI· m , Co ngres International des Scienses H istoriques , Estocolmo, 21-28
ago. 1960 . Rapports, Go teborg / Estocolmo / Upp sala, n. I, 1960.
CARBONELL, C. O. "Histoire narrative et histoire structurelle dan s l'historiographie posi -
tiviste du XIX · m , siecle" Storia del/a Storiografia, n. 10, 1986, pp. 153-61.
_ _ _ _. "L'Hi stoire dite positiviste en France" Romantisme, n. 21-22,19 78.
____. Histoire et hisioriens: Unemutation ideoiogioue des historiens franfais (1865-1885).
Toulouse: Privat, 1976.
CED RON IO, M. "Profile delle 'Annales' attraverso le pagine delle Annales", in M. Cedronio,
F. Diaz & C. Russo. Storiografia f rallcese d! ieri e di oggi. Napoles: Guida, 1977. pp. 18-30.
_ _ __,. Frall fois Simiand: mithode histortque et sciencesociale. Paris : Edition s des Ar-
chives Contemporaines, 1987 red. bras .: Mitodo histOrico e cicllcia social, trad . jose Leo -
nardo do Nascimento. Bauru: Edusc, 1003].
CENT RE D E RENCO NTRES D E CHAT EAUVALLO N. Une Lefoll d'histoire de Fernand Braudel:
C/ulteauvalloll, [ournee: Fernand Braudel, 18, 19 et 2 0 ociobre 1985. Paris: Arthaud / Flam-
marion, 1986 red. bra s.: Uma /ifao de /Iistoria de Fernand Braudel, trad . Lucy Magalhaes,
Rio de Janeiro: Zahar, 1989].
CERTEAU, M. de. "Un e epistemologie de transition" AE SC, n. 26, 1972, pp. 1317-27.
CHARTIER, Roger. Journal of Modern History, n. 57,1 985, pp. 682-85.
CH AUN U, P. Historia, ciellcia social: L(I duracion, cl espacio y el hombre ell la epoca moderna
[ 1974 ) , trad . Isaac Gon zalez, Mad ri: Encuent ro, 1986 red. bras.: A historia como cicllcia
social: A durafao, 0 espafo e 0 homem lIa ipoc(l moderna, trad. Fernando Ferro . Rio de
Janeiro: Zahar, 1976J .
COUTAU-BEGARlE, H. Le Phenomene "Nouvelle Histoire": Strategic et ideologie des nouveaux
hisioriens. Paris : Economica, 1983.
CRAIG ,j. H . "H albwachs aStrasbourg" RevueFranfaise de Sociologic, n. 20,1979.
CROWE, C. "The Emergence of Progressive History': Journal oj the History oj Ideas, n. 27,
[an-mar, 1966.
CURTlN, P. "African Hi story", in M. Kammen (org.). The Past Before Us: Contemporary
Historical Writingin the United States.lthaca: Cornell University Press, 1980, pp. 114-15.
DARNTON, Robert. Journal of Modern History, n. 58, 1986, pp. 218-34.
723
___ _ . TIle Great Cat Massacre and other Episodes in French Cultural History. Nova
York: Basic Books, 1984 [ed, b ras.: 0 grande massacre degatos e outros episodios da hisio-
ria culturalfrances a, trad . S6nia Cou tinho. Rio deJaneiro : Graal, 1986].
DAVIES, N . Z. TIle Return of Martin Cl/erre. Cambridge ( MA): Harvard University Press,
1983 [ed. b ras.: 0 retorno de Martin Cuerre, trad . Denise Bottmann . Rio de Janei ro: Paz
e Terra, 1987].
_ _ __ . "The Shapes of Socia l H istory ': Storia della Storiografia, n. 17, 1990, pp. 28-34.
DEMOULI N, R. "Henri Pirenne et les All/tales", in O. C. Carbonell & G. Livest (orgs.) . Al/
berceal/ des Annales, Toulouse: Presses del'rsr, 1983.
DHO NDT, J. "H en ri Pirenne, historien des institution s urbaine s". Ann ali delta Fondazione
Italiana per la Storia Amministrativa} n. 3, 1968, pp. 81-129.
DOSSE} F. Histoire du structuraiism e. Paris : La Decouverte, 1991-92, 2 v. led . bras.: Histo-
ria do estruturalismo, trad . Alvaro Cabral. C ampi nas / Sao Paulo: Uni camp / En saio s,
1993-94].
a
___ _. L'Histoire en miettes: Des "Annales" la "nouvelle histoire". Paris: La Decouverte,
1987 [ed, bra s.: A historia em migallias:Dos Annales aNova Historic , trad. Dulc e Olive-
ria Am arante do s Santos, ed. rev. Bauru (sr) : Edu sc, 2003].
DO W, E. W. "Featur es of the New Hi story: Apropos of Lam precht's 'Deutsche Geschi-
cht e'" AmericanHistorical Review, n. 3) 1887-98.
DUBY, G. Le Dimanche de Bouvines, 27 juillet 1214. Paris: Gallim ard, 1973 led. bras .: 0 do-
mingo de Bouvines: 27 de julho de 1214, trad. Maria Cristina Fria s. Rio de Janeiro: Paz e
Terra , 1993].
FEBVRE, Lucien. "H omm age a H enr i Berr: de la Revue de Synihese aux Ann ales': AESC}
n· 7,1952.
_ __ _. "Reflections sur l'histoire de s techniques': A nnales d'Histoire E conomicue et
Sociales [doravante AHES] , n. 7, 1935}pp. 538-545. Reed . in Pourune Histoire apart entiere.
Paris: SEV PEN , 1962, pp. 659-64.
____ . Combatspour l'hisioire, 2 ~ ed. Paris: Armand Colin, 1965, pp. 341-42.
_ _ _ _. Le Pranche-Comte. Paris : Cerf, 1905, col. "Les Regions de la France", t. IV.
_ _ _ _ . Philippe II et le Franche-Comii : La crise de 1567, ses origines et ses cOllSequences.
Etude d'histoire politique, religieuse et sociale. Paris: H. Champion, 1911.
_ _ _ _. "Une Question mal posee, les orig ine s de la Reforme franca ise et le problerne
de causes de la Reforme" Revue Historique, n. 161}1929.
____. Au Coeur religieux du xvr siede, Paris: SEVPE N, 1957.
FEBVRE, Lucien & M. BLOCH. "Sur les routes de l'entr'aide" AHES, 1937.
FERNANDEZ, James. "H istorians Tell Tales: Of Cartesian Cats and Gallic Cockfights".
Journal of Modern History, n. 60, 1988, pp . 113-27.
FINK, Carole. MarcBloch: A Life in History. Cambridge : Cambridge Un iversity Press, 1989.
FINLAY, R. "The Refashioning of Martin Guerre" American Historical Review, n. 93, 1988,
pp. 553-71.
F O GEL, R . W. & G. R. ELTON. Which Road to the Past ?Two Views of History. New Haven:
Yale University Press, 1983.
724
FURET, F. "L'Histoire quantitative et la construction de fait historique" AESC, n. 26, 1971,
pp . 63-75. Reed. in Ll1telier de l'histoire. Paris: Flammarion , 1982.
_ _ _ _ . "Preface", in Ll1telier de l'histoire. Pari s: Flammarion, 1982, pp . 5-34.
FUS I, J. P. (org.) . La Historia en e192. Madri: Marcial Pons, 1993.
GANS HO F, F. 1. "Pirenne (H enri )". Biographic nationale publiee par l'Acadimie Royale de
Sciences, de Lettres et des Beaux A rts, n. 30,1959, pp . 671-723.
GEM ELLI, G. "Tra du e crisi: La formazione del metodo delle scienze sto rico-s ociali nell a
Francia reppublican a" Atti deila Academia delle SciCllze deil'Istituto di Bologna, n. 66,
1977-78, pp. 165-236.
GO UBERT, P. Beauvais et le Beauvaisis de 1600 Cl 1730. Contribution Cl t'hutoire sociale de la
France du XVII" siecle. Paris : SEVPEN, 1960, 2 V.
GRO SS, D. "The N ew Histo ry: A Note of Reappraisal': History and Theorv, n. 13, 1974, pp. 53-58.
H AMEROW, T. S. Reflections on History and Historians. Mad ison : Uni versit y ofWisconsin
Press, 1987. . "Th e Bu reaucrati zation of H istory': American HistoricalReview,
n. 94, 1989, pp. 654-60.
H AR T O G,F. "Paul Veyne naturaliste: l'histoire est un herbier" AE SC, n. 33, 1978, pp. 326-3° .
H ASSAN, 1. Tile Posimodern Tum : Essays in Modem Theory and Culture. Columb us: Ohio
State University Press, 1987.
HE XTER, J. H. "Fernand Braudel and the Monde Braudellien...". Journal of Modem History,
n. 44, 1972, pp. 480-539. Reed. in On Historians: Reappraisals of Some of the Makers of
Modem History. Cambridge: Harvard University Pres s, 1979.
HIMMELFARB, G. "So m e Reflections on the New H istory ': A merican Historical Review,
n. 94, 1989, pp . 66 1-70.
_ _ _ _ . TheNew History and the Old. Cambridge: Belknap Pre ss ( H arv ard Univer sit y
Press),1 987.
HOBS BAWM , E. J. "Fro m Social History to the History of So ciety". Daedalus, n. I, v. 100,
1971,pp. 20-45·
. "The Revival of Narrative: Some Comments". Past and Present, n. 86, fev. 198o,
-- - -
pp . 3-8.
HOF STADTER, R. Los historiadores progressistas: Turner, Beard, Parrington [1968 J, trad.
Eduardo J. Prieto. Buenos Aires: Paid os, 1970.
HOLLlNGER, D. A. "T. S. Kuhns Th eory of Science and its Implications for History ': A me-
rican HistoricalRet'iew, n . 78, 1973, pp . 370-93.
H U NT,1. "Fren ch Hi story in the Last Twenty Years: The Rise and Fall of All/tales Para-
digm ". [ournal of Contemporary History, n. 21, 1986, pp . 2°9-24.
HUYSSEN, A. After the Great Divide: Modernism, Mass Culture, Postmodernism. B1ooming-
ton: Indiana University Press, 1986.
IGG ERS ,G. G. N ewDirections in European Historiography. Middletown: Wesleyan Univer-
sit y Press, 1975.
_ _ _ _. "Historicism (a Comment)': Storia della Storiograjia, n.IO, 1986, pp. 131-44.
____' The German Conception of History: TheNational Tradition of Historical Thought
from Herder to the Present, 2~ ed. Middletown: Harper & Row, 1983.
725
IRSIGLER, F. "Zu den gemeinsamen Wurzeln von 'histoire regionale comparative' und
'vergleich en der Landesgeschichte' in Frankreich und Deutschland', in H. Atsma & A.
Burguiere (orgs.). Marc Bloch aujourd'hui: Histoire comparee et sciences sociales. Paris:
Editions de I'Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, 1990, pp. 73-85.
JAMESON, F. "Postm odemidad y sociedad de consume', in H. Foster (org.). La postmoder-
nidad [1983], trad.]ordi Fibla. Barcelona: Kairos, 1985, pp. 165-86.
JAY, Martin. "The Textual Approach to Intellectual History", in G. Brude-Firnau & K.].
MacHardy (orgs.). Factand Fiction: German History and Literature, 184-8-1924. Tubin-
gen: Francke Verlag, 1990, pp. 77-86.
JOYCE, P. & C. KELLY. Pastand Present, n. 133, novo 1991, pp . 204 -13.
JULlA,S. Historia social, sociologia historica. Madri: Siglo XXI, 1989.
KEYLOR, W. R. Academy and Community: The Foundation of the French HistoricalProfes-
sion. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1975.
KOUSSER,]. M. "Must Historian Regress? An Answer to Lee Benson" Historical Methods,
n. 19, 1986.
_ _ _ _. "Th e State of Social Science History in the Late 1980S': Historical Methods,
n. 22, inverno de 1989, pp. 13-20.
KRAUS, M. & D. D. JOYCE. The Writing of American History. Norman: University of
Oklahoma Press, 1985.
KRIEGER, Leonard. The Meaningof History. Chicago: University of Chicago Press, 1977.
_ _ __ . "Elem ents of Early Historicism Experience, Theory and History in Ranke"
History and Theory, n. 4 (Beiheft 14) , 1975, pp. 1-14.
LACAPRA, Dominick. Journal ofModernHistory, n. 80, 1988, pp. 95-112.
LADURIE, E. Le Roy. Les Paysans du Languedoc. Paris: Flarnmarion, 1966, 2 V.
____,. Montail/ou, village occitan de 1294 a1324. Pari s: Gallimard, 1975 [ed, br as.: Mon-
tail/ou, povoado occitanico: 1294-1324, trad. Maria Lucia Machado. Sao Paulo : Compa-
nhia das Letras, 1997] .
____,. TheTerritory of the Historian [1975], trad. Ben e Sian Reynolds. Hassocks: Har-
vester, 1979.
LANDES, D. & C. TILLY (orgs.). History as Social Science. Englewood Cliffs: Prentice-Hall,
197 1.
LE GOFF,]acques. "L'App etit de l'histoire", in P. Nora (org.), Essais d'ego-histoire. Paris: Galli-
mard, 1987 [ed. port.: Ensaios deego-historia, trad. A. C. Cunha. Lisboa: Edicoes 70, 1987] .
- - - -. "La Nouvelle Histoire', in ]. Le Goff,]. Revel & R. Chartier (orgs.) , La Nou-
velleHistoire. Paris: Retz, 1978 [ed. bras.: A historia nova, trad. Eduardo Brandao, Sao
Paulo: Martins Fontes, 1990 ].
LEGOFF,]acques & Pierre NORA (orgs .). Faire de i'histoire. Paris: Gallimard / NRF, 1974, 3
V. [ed . bras.: Historia, trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976].
726
LEVI,G. "O n Microhistory", in P. Burke (org.). New Perspectives on Historical Writing. Uni-
versity Park: Pennsylvania State University Press, 1992, pp. 93-113.
LLANO, A. La nuevasensibilidad. Madri: Espasa Calpe, 1988.
LUKES, S. Emile Durkheim.Su vida y su obra: Estudiohistorico-critico [1974 J, trad. Alberto
Cardin Garay e Isabel Martinez. Madri: Centra de Investigaciones Sociol6gicas, 1984.
LUTZELER, Paul Michae!' "The Discussion of Narration in the Postmodern Context", in
G. Brude-Firnau & K]. MacHardy (orgs.). Factand Fiction: GermanHistoryand Litera-
ture,1848-1924. Tiibingen: Francke Verlag, 1990, pp. 57-59.
LYON, B. "The Letters ofHenri Pirenne to Karl Lamprecht (1894-1915Y Bulletindela Com-
mission Royaled'Histoire, n. 2, v. 132, 1966, pp. 161-231.
____. Henri Pirenne: A Biographical and Intellectual Study. Gand: E. Story-Scientia,
1974·
LYON, B. & M. LYON. The Birth of Annales History: TheLettersof Lucien Febvre and Marc
Bloch to Henri Pirenne (1921-1935). Bruxelas: Academic Royale de Belgique, 1991.
LYOTARD,].-F. La condicion postmoderna: informesobre elsaber [1979J, trad. Mariano An-
tolin Rato. Madri: Catedra, 1984 [ed. bras.: A condicao pos-moderna, 5~ ed., trad. Ricardo
Correa Barbosa. Rio de janeirorjose Olympio, 1998].
MAH, H . HistoryWorkshop, n. 31, 1991.
MANN, H . D. LucienFebvre: La pensee vivanted'unehistorien. Paris: Armand Colin, 1971.
MANTOUX, Pau!' "Albert Thomas historian", in Albert Thomas vivant, un grand ciioyen du
monde: Etudes, timoignages, souvenirs. Genebra: Atar, 1957, pp. 77-98.
MASTERMAN, M. "Th e Nature of a Paradigm", in I. Lakatos & A. Musgrave (orgs.). Criti-
cismand the Growth of Knowledge. Cambridge: Cambridge University Press, 1970 [ed.
bras. : A criiica e 0 desenvolvimento do conhecimento, trad. Octavio Mendes Cajado. Sao
Paulo: Cultrix, 1974].
MASTROGREGORI, M . ngenio dello storico: Le considerazioni sullastoria di Marc Bloch e Lu-
cien Febvre e la tradizione metodologica francese. Napoles: Edizioni Scientifiche Italiane,
1987 [ed. bras.: Nova historia emperspectiva, v. 1. Sao Paulo : Co sac Naify, 2011, pp. 408-32].
MOMIGLIANO, A. "Two Types of Universal Histories: The Cases of E. A. Freeman and
Max Weber". Journal of Modern History, n. 58, 1986.
MONKONNEN, E. "Th e Challenge of Quantitative History': Historical Methods, n. 17, 1984.
MORAZE, Charles. "Th e Application of the Social Sciences to History".JCH, n. 2, v. 3, abr.
196 8.
_ _ _ _ . "Lucien Febvre et I'Histoire vivante" RevueHistorique, 1957, pp. 2-17.
_ _ __ ., La Logique de I'Histoire. Paris: Gallimard, 1967 [ed. bras.: Logica da hisioria,
trad. Maria Yedda Linhares. Sao Paulo: Difel, 1970J.
MOYA, A. Morales. "La epistemologia hist6rica de Paul Veyne" Arbor, n. 487, t. 125, ju!.
1986, pp. 79 -95·
_ _ _ _. "Notas criticas a la epistemologia hist6rica de Paul Veyne" RevistadeFilosofia,
Madri, 2~ serie, n. 9, jul.-dez. 1986, pp. 159-80.
MUGICA, F. "Anilisis filosofico del concepto de socializaci6n en Durkheim" Revista Es-
paiiola de Pedagogia, n. 7, v. 158, out.-dez. 1982.
727
MUIR, E. & G. RUG GI ERO (orgs.) . Microhistory and the Lost Peoples of Europe, trad. Eren
Bran ch . Baltimore:J ohn s H op kin s University Pr ess, 19 91, pp . VII-XXV III.
MUL LER, Bertrand . "Problernes conte m porains et 'hom m es d 'acti on ' a l'origine des AIl-
nales. Une co rresponde nce entre Luci en Feb vre et Albert Th omas ( 19 2 8 -19 30) ". 1!ing-
tieme Siecle, n. 35, jul.-se t. 1992, pp . 7 8 -9 1.
NISBE T, R . A. Emile Durkheim. Englewood Cliffs: Pr entice-H all, 19 6 5.
NOV ICK, P. That Noble Dream. The "Objectivity Question" and the A merican HistoricalPro-
f ession. Cambridge : Cambrid ge University Pre ss, 19 8 8.
OEXLE, O. G. "M arc Bloch et la crit ique de la raison historique', in H. Atsma & A . Bur-
guiere (orgs.). M arc Bloch auiourd'hui: Hisioire compareeet sciences sociales. Paris: Edi-
tion s de l'Ecole des Hautes Etudes en Sciences Soci ales, 1990, pp. 41 9- 33-
O LABARRI , 1. "En tome al ob jeto y car acter de la cien cia histo rica" An uario Filosofico,
Pamplona, n. 17, 19 84 , pp. 157- 7 2.
_ _ _ _. "La re cep cion en Esp an a de la 'revolu cion hi st oriografica' d el siglo xx ', in
V. Vasqu ez de Prad a, 1. Olabarri & A. Florist an Im izco z (orgs.) . La historiografia en
Occidente desde 1945 . Pamplona: Ed iciones Uni versid ad de N avarra, 19 85, pp . 87- 10 9 .
O RTEGA Y GASSET, ]. Historia comosistema, 2~ ed. M ad ri: Revista de Occid ente, 1942.
PET IT s ULL A, ]. M . Filosofia, politico y religion en A ugusto Comte. Bar celona: A cervo,
19 7 8.
POLO, 1. Evidencia y realidad en Descartes. Madri: Rialp, 1963.
PO WE R, Eileen. Modern Historians and the Study of History: Essays and Papers. Londres:
Odhams Pre ss, 1955 .
T. K. "Towa rd th e Fu tur e, Co heren ce, Synthesis and Qu ality in History" Journal of
RAB B,
Interdisciplinary History, n. 12 , 19 81, pp . 315-32 .
REBERIO UX, M. "Le Debat de 1903: Hi st oriens et sociologues', in O. C. Ca rbonell & G.
Livet (o rgs.) . Au Berceau des Annale s. Toulouse: Presses del 'rse, 19 83, pp. 219-30.
REVEL, ]. "L'Histoire au ras de sol" in G. Levi. Le Pouvoir au village. Histoire d'un exorciste
dans le Piemoni du XVII" siecle [ 19 85] , trad. Monique Aymard. Par is: G allimard, 19 8 9
[ed. bras.: A heranca imaterial. irajeioria de urn exorcista noPiemonte do seculo XVII, tr ad.
Cynthia Marques d e Oliveira. Rio d e Janeiro: Civilizacao Brasileira, 20 0 0 ].
& R. CHA RTI ER. "Annales", inJ. Le Goff,]. Revel & R. Chartier (or gs.) . La N ou-
REVEL , ].
ve/le Histoire. Paris: Rer z, 1978 [ed . bra s.: A hisioria nova, trad. Eduard o Brandao. Sao
Paul o: Martins Fon tes, 1990 ].
ROBI NSON,]. H . Th e New History: Essays Illustrating the Modem Historical Outlook. Nova
York: Macmillan, 1912 .
SANGUINETI , ].]. AugustoComte: Curso defilosofia positiva. Madri : Magisterio Espanol, 1987.
SCH AMA, S. Dead Certainties (Unwarranted Speculations). Nova York: Knopf, 1991.
SCH AP ER, B. W. A lberi Thomas, trente ans de riformisme social. Assen: Van Gorcum, 1959 .
SCHMAUS, W. ''A Reappraisal of Comte's Three-State Law". Historyand Theory, n. 21, 1982)
pp . 24 8-6 6.
SCH O RN- SCH UTTE, 1. Karl Lamprecht. Kulturgesch ichischreibung zwischen Wissensch ajt
und Politik. Gottingen. Vanden hoe ck & Ruprecht, 19 8 6 .
728
SIEGEL, Ma rtin. "H enri Berrs Revue de Synihese historique". History and Theory, n. 9, 1970,
pp. 322-34.
_ _ _ _. "H enri Berr et la Revue de Synthese Historique", in C. O. C arbonell & G. Livet
(o rgs.) . A u berceau des Annales. Toulouse: Pre sses del'rar, 1983-
SIM O N,W. M. European Positivism ill the Nineteenth Century: All Essay ill IntellectualHis-
tory. Ithaca: Cornell University Press, 1963.
SKO CPOL, T. (org.) . Vision and M einod. in Historical Sociol ogy, Cambridge / Nova York:
Cambridge University Press, 1984.
STlE G, M . F. Tile O rigill and Development of Scholarly Historical Periodicals. Tu scaloosa :
University ofAlabama Pre ss, 1986.
ST O IANOV IC H , T. Trench Historical Method: The Annales Paradigm . Ithaca: Cornell Uni -
versity Press, 1976.
STONE, L. "History and Postmodernism". Past and Present, n. 131, mai, 1991, pp. 217-18.
_ _ _ _. "H istory and the Social Sciences in the Tw entieth Century", in C. Delzell
(org.) . The Putureof History: Essays in the Vanderbilt University Centennial Symposium.
Na shville: Vanderbilt University Pre ss, 1977.
_ _ _ _ . "Th e Revival of Narrative: Reflections on a N ew Old History ': Past and Pre-
sent, n. 85, 1979, pp. 3-24.
_ _ _ _ . The Past and the Present Revisited, Londres / Nova York: Routledge & Kegan
Paul,1987.
T ESSITORE, F. "La sto riografia come scienza'. Storia deIIa Storiografia, n. I, 1982, pp . 48-82.
THREVOR-ROPER , H. "Fern and Braudel, the A nnales an d the Mediterranean" Journal of
ModernHistory, n. 44 , 1972.
TlLLY, C. Grandes esiructuras, procesos amplios, comparaciones enormes, trad. An a Balba s.
Madri: Alianza, 1991.
TIYCKIAN, E. A. "Emile Durkheim",in T. Bottomore & R. Nisbet (ergs.). Historia delpen-
samiento sociol6gico [1978], trad. L. Wolfson, L. Espinosa e A . Bign ami. Buenos Aires:
Arnorrortu, 1988, pp. 218-72 [ed. bras.: Historiada antilise sociologica, trad. Walt en sir Du-
tra. Rio deJaneiro: Zahar,19 80].
TROMPH, G. W. "M acro history and Acculturation: Between Myth and Hi sto ry in Modern
Melanesian Adjustments and Ancient Gnosticism". Comparative Studies in Society and
History, n. 31,1989, pp . 621-48.
VEIT-BRAUSE, 1. "Paradigms, Schools, Traditions. Conceptualizing Shifts and Changes in
the History of Historiography " Storia della Storiografia, n. 17, 1990, pp. 50-65.
VEYNE, P. "L'Histoire conceptualisante", inJ. Le Goff e P. Nora (orgs.) . Paire de l'histoirc,
t. I. Pari s: Gallimard / NRF, 1974, pp. 62-92 [ed, bras .: Historic: N ovos prooiemas, 4~ ed . ,
trad. Theo Santiago. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1995].
_ _ _ _ ,. Como se escribela historia: ensayo de episiemologia [1971], trad. Marian o Munoz
Alonso. Madri: Fragua, 1972.
_ _ _ _ . Foucault revoluciona la historia, trad. Joaquina Aguilar, Madri: Alian za, 1984
[ed. bras.: Como se escreve a hisioria; Foucault revoluciona a historia, trad. Ald a Baltar e
MariaAuxiliadora Kne ipp. Brasilia: UN B, 1982].
729
_ _ __. L'lnventaire des differences: Lecon inaugurate all College de Fra nce. Paris: Seuil,
1976 [ed. bras.: 0 inventario das dijerencas, trad . Sonia Salzestein. Sao Paulo: Brasiliense,
1983].
WEINTRAUB, K. Visions of Culture: Guizotj Burckhardt, Lamprecht, Huizingaj Ortega y
Gasset. Chicago: University of Chicago Press, 19 66.
WOODWARD, C. Vann "H istory and the Third Culture': Jot/mal of Contemporary History,
n. 2, v. 3, abr. 1968.
YE PES , R . "Leonardo Polo y la historia de la filosofia" Ant/ario Filosofico, n. 25, 199 2,
pp . 101- 2 4 .
_ _ __ . Q!d eseso de lafilosofia: de Piaton a hoy. Barcelona: Drac, 1989.
ZA G ORIN, P. "Historiography and Postm odernism: Reconsid eratio ns". History and Theory,
n. 29, 1990, pp. 263-74.
ZU NZ , O. (org.) . Reliving the Past: The Worlds of Social History. Chapel H ill: University of
North Caro lina Press, 1985.
22. HAYDEN WHITE em conversa com erlend rogne 0 objetivo da interpretacao e provoc ar
perplexidade em face ao real
WHITE, Hayd en. "The Historical Event': Differences: A Journal of FeministCultural Studies
2 008, pp. 9-34 .
19, n , 2 ,
730
Creditos do s texto s
Lawrence Ston e, "Th e Revival of N arra tive: Reflexions on a N ew Old H istory': Past and
Present, n. 8S, pp. 3-24 . © Past and Prese nt, 1979 .
Herve Mar tin e Guy Bou rde, "L'His toire nouvelle, heritiere de I' ecole des Annales' in Les
Ecoleshisioriques. Paris: Edi tio ns du Seuil, 1983. © Ed ition s du Seuil, jun. 1983 e jan , 1997.
Herve Martin e Guy Bourde, "Preface : De l' his toire imme dia te it l'arch eologie", in H erve
Coutau-Begarie, L e PhenonJcne nouvelle histoire: Grandeur et decadence de l'ecole des Ann ales,
2~ ed. Paris: Econo mica, 1989, pp . VU-XXVIII. © Editi ons Eco nom ica.
Herve Coutau-Begari e, "Intro duction", in H erve Coutau-Be garie , Le Phenomene nouvelle
hisioire: Grandeur et decade/Ice de l'ecou: des Annales. Paris: Econornica, 1989, pp. 1-21.© Edi-
tion s Econom ica.
Ge orge H upp ert, "Th e A nnales Experim ent', in Michael Bentley (o rg.), Companion to his-
toriography. Londres: Routledge, 199 7, pp. 873-88. © 1997. Reproduced by permission of
Taylor & Francis Books U K .
Lutz Raphael, "Ausb lick: Di e A nnales in der H istori ographiegeschichte des 20. Jahrhun-
derts" in Die erben von Bloch und Febvre. Annales Geschichtesschreibung und nouvelle histoire
in Frankreich, 1945-1980. Stuttgart : Klett -C otta, 1994, pp. SOS-17. © Klett-Cotta, 199 4.
Gerard Noirie1,"Les A nnates, le 'non conformism e' et le mythe de l'eternelle jeunesse', in Gerard
N oiriel, Sur la 'crise' de I'histoire. Paris: Ed itions Belin, 1996, pp. 261-86. © Editions Belin, 1996.
G ertru de Himmelfarb, "In tro duction" e "H istory with the Politic s Left Out", in The N ew
History and the Old: Critical Essays and Reapp raisals. Cambrid ge (MA): Th e Belknap Press
of H arvard Univers ity Press, 1987, pp. 1-12 e pp. 13-32. © 1987 by the President and Fellows of
Harvard College.
Leona rd Krie ger, "H istorical Coherenc e in the Twentieth Ce ntu ry ", in Leo nard Krieger,
Tim es Reasons: Philosophies of History Old and New . Chi cago: Th e University of Chicago
Pres s, 1989, pp. 137-63. ©1989 by The Un iversit y of Chicago Press.
Bronislaw Geremek, "Entre 10 in dividual y 10 col etivo : H istoria social 0 histor ia m oral ?", in
Jose An dres-C allego (org.), New history, nouvelle histoire: Hacia una nueva historia. M ad ri:
Edito rial Aetas, 19 93, pp . 83-90. © Editor ial Aetas, 1993.
Charles-Olivier Carbonell, "Antropologia, etnologia e histo ria: La terce ra gen eraci6n en
Francia",in Jo se An dres-C allego (o rg.), New history, nouvelle histoire: Hacia lHna nueva histo-
ria. Madri: Editorial Aet as, 199 3, pp. 91-10 0. © Editorial Aet as, 199 3.
Th eod ore S. Hamerow, "Th e Ne w Hi story and the Old", in Th eodore S. H ame row, Refl ec-
tions on History and Historians. Madison: The Unive sity of Wisconsin Pr ess, 1987, pp. 162-
-20 4 . © 1986. Rep rinted by permission of the Un iversity ofW isconsin Pre ss.
Georg G. Iggers, "France: The Annales" e "Concluding Remarks", in Geo rg G. Iggers, Historio-
graphy in the Twentieth Century: From ScientificObjectivity to the Postmodern Challenge [1993].
Hanover (NH): University of New England, 1997, pp. 51-64 e pp. 141-47. © Vandenhoe ck & Ru-
pre chet GmbH & Co. KG, George G. Iggers: Geschicht swissenschaft im 20. Jahrhundert, new
edition, D -Gottingen 200 7.
733
Ernst Breisach, "The Annales School" e "H itoriography at the New Turn of Centuries', in Ernst
Breisach, Historiography: Ancient, Medieval & Modern. Chicago: Chicago University Press,
1994, pp. 370-76 e pp. 404-10 © 1994 by The University of Chicago Press.
Donald Reed Kelley, "Circunspect and Prospect" e "Conclusion", in Donald Reed Kelley,
Frontiers of History: Historical Inquiry in the Twentieth Century. New Haven: Yale University
Press, 2.006, pp. 206-42 e pp. 243-52. © Yale University Press, 2006.
Stephen H. Rigby, "M arxist Historiography", in Michael Bentley (org.), Companion to Histo-
riography. Londres/Nova York: Routledge, 1997, pp. 889 -915.
Ignacio Olabarri Gortazar, "La nueva historia, una estructura de larga duracion", in Jose An-
dres-Gallego (org.) , New history, nouvelle histoire: Hacia una nueva historia. Madri: Editorial
Aetas , 1993, pp. 29-81. © Editorial Aetas, 1993.
Hayden White, "The Aim of Interpretation is to Create Perplexity in the Face of the Real:
Hayden White in Conversation with Er/end Rogne" History and Theory, n. 48. Malden (MA):
Wesleyan University, fev. 2009, pp . 63-75. © 2009 Wesleyan University.
734
© Cosac Naify, 2013
© Femando Antonio Novais, 2013
© Rogerio Forastieri da Silva, 2013
ISBN 978-85-405-0464-6
COSACNAIFY
rua General j ardim, 770, 2?andar
01 223-010 Sao Paulo SP
cosacnaify.com.b r [n] 3218 1444
atendimento ao professor [u] 3823 6560
professor@>cosacnaify.com.br