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Porto Alegre
2010
ATA DE AVALIAÇÃO DO TCC PELA BANCA EXAMINADORA
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Porto Alegre
2010
Diehl, Lísia Sauer
A Geração X e o Comportamento de Compras de Gadgets para seus
filhos. / Lísia Sauer Diehl, com orientação de Liliane Antunes Rohde, prof.
Porto Alegre, 2010.
341 f. : il.
CDU: 658.89
À minha família. Aos meus pais, Paulo Cesar Diehl e Marilia Sauer Diehl, pela
oportunidade de estudo que me proporcionaram e pelo apoio moral que sempre tive em todas
as minhas realizações.
À Liliane Rohde, minha professora orientadora, pela dedicação, incentivo e
carinho, que me auxiliaram na elaboração desta monografia. Ao professor qualificador, Paulo
Ferreira, pelas importantes sugestões e envolvimento com meu trabalho.
Ás minhas irmãs, Paula e Vitória, ao William Dias, aos meus queridos avós e a
todos amigos pelo apoio e compreensão das limitações de tempo de um formando e pela
motivação e incentivo nos momentos de ócio criativo.
RESUMO
Este estudo tem como propósito investigar a relação de consumo dos pais da
Geração X de classe A de Porto Alegre na compra de gadgets para seus filhos de 4 a 12 anos
de idade. Tendo em vista o advento crescente das novas tecnologias vivenciadas na Era
Digital, bem como o crescimento do segmento de produtos infantis, o presente estudo conecta
questões referentes à tecnologias voltadas para o público infantil com a percepção e
comportamento de consumo dos pais da Geração X frente a este cenário.
A fim de compreender a percepção dos pais e seu comportamento de consumo, no
que tange os dispositivos portáteis, como celular, MP3, MP4, SmartPhone e Netbook,
comprados para seus filhos, a presente monografia foi estruturada em três etapas principais:
pesquisa bibliográfica, pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa. Objetivando uma análise
aprofundada sobre o tema proposto a etapa qualitativa é composta por entrevistas em
profundidade com a Geração X, entrevistas em profundidade com os filhos da Geração X e
observações participantes. Em um segundo momento apresenta-se a etapa quantitativa,
representada na aplicação de questionários semiabertos, que viabilizam conjuntamente às
pesquisas qualitativa, uma compreensão holística sobre o tema, descrita nas análises de
pesquisa, solidificando as considerações finais apresentadas.
1 INTRODUÇÃO
Vive-se uma época em que tudo se move de maneira ágil e rápida, da forma mais
eficiente possível. A cultura contemporânea se mostra fragmentada e direta. Tecnologias
como a internet, telefonia digital e outras, não estão mais relacionadas a questões isoladas de
determinados países, pois na verdade todas estão em crescimento no mercado global
(KELLNER, 2001). Para McKenna (2002) as novas tecnologias que estão surgindo
estimularam não somente as empresas a diferenciarem-se mais, mas também aumentarão as
exigências dos consumidores, que já estão cada dia mais altas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente dois
terços da população mundial atualmente usa celular e a revolução dos dispositivos móveis
está no começo. Laptops vão se tornar populares em países em desenvolvimento,
principalmente com a queda no preço do aparelho. Analistas acreditam no crescimento do
mercado de games impulsionado pelas plataformas móveis, devido ao acesso cada vez mais
rápido à internet e à nova geração de consoles. Produtos como o iPhone, BlackBarry e
Netbooks disputam uma nova fatia de mercado, ao conseguir centralizar em um único
aparelho atributos funcionais, entretenimento, informação e velocidade
(http://csgames.incubadora.fapesp.br/portal/noticias/mercado-de-videogames-deve-crescer-
50-em-quatro-anos-ubisoft).
Devido às limitações legais é difícil mensurar a participação exata de adolescentes
e crianças neste universo, pois eles ainda não tem o poder de compra. Entretanto, a empresa
de consultoria TNS Interscience pesquisou junto a 500 famílias do Rio de Janeiro e de São
Paulo, de classes A e B, identificando que em 36% dos casos, no mínimo um dos filhos, com
idades entre 6 e 15 anos, possui celular. Além dos celulares, outro produto muito requisitado
pelas crianças é o videogame. Este aparelho já se tornou um artefato intrínseco de uma casa
de família de classe média alta, assim como o DVD e a televisão a cabo
(http://maths.usm.my/proc/OR17.pdf). O mercado de gadgets está crescendo aceleradamente,
consumidores estão cada dia mais abertos a novos produtos e mais dispostos a se arriscarem e
experimentar. Contudo, devido a ampla gama de produtos no mercado, os chamados
integradores ou gadgets – aparelhos multifuncionais, saem na frente. Tentar acoplar diversas
características a um mesmo produto, não é tarefa fácil, porém é imprescindível para aquelas
empresas que desejam trabalhar com gadgets. Os pais querem um item que ensine, que dê um
diferencial para seu filho enquanto a criança quer o jogo, o brinquedo, o desafio. Ao comprar
um item de informática para seus filhos, os pais esperam que ele complemente a educação
formal vinda das escolas e livros, complementando a educação informal, que se aprende com
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a vida, com as experiências e com as ações coletivas do cotidiano. Um bom exemplo a ser
citado, mesmo que incomum, são as crianças que conseguem aprender línguas estrangeiras
através de jogos, cartoons, e desenhos animados (GOHN, 2006).
Para os pais as novas tecnologias devem entreter e divertir as crianças, mas ao
mesmo tempo devem educar e ensinar. Mesmo que em muitos casos estes pais não sejam tão
ágeis quanto seus filhos, alguns já conseguem ver o uso das tecnologias como uma condição
fundamental para que seus filhos atinjam as exigências da sociedade da informação
(FREITAS,2008). Eles não querem apenas que seus filhos tenham acesso à tecnologia, eles
querem que seus filhos tenham autoria sobre suas produções intelectuais, somados à técnica e
à conveniência da tecnologia (ALVES, 2002; MARASCHIN, 2000). Considerando todos
estes fatores, as empresas têm a árdua tarefa de conquistar não apenas estes consumidores
mirins, mas também seus pais, desenvolvendo e comunicando produtos que sanem
necessidades e expectativas completamente diferentes. Resta então entender quem são estes
pais que ainda estão em processo de adaptação tecnológica, mas cujos filhos já sabem como
desligar, programar, vender e comprar pela internet, pelo telefone, pela televisão e pelos mais
diversos canais de compra (FREITAS, 2008).
O autor americano, Jay Conger (2005), afirma que em sua maioria os pais de
crianças de 6 a 13 anos nasceram de 1965 em diante, e podem, portanto, ser considerados
membros da Geração X. Especialistas definem esta nova geração adulta como cética, racional,
com foco no dinheiro, mas também na comunidade e são menos leais às empresas que
trabalham às marcas que consomem. Os integrantes da Geração X são os irmãos mais novos
dos Baby-boomers e os têm como modelo proeminente com implicações em seu estilo de
vida, compra e trabalho, devido à influência exercida por eles no decorrer de sua vida,
enquanto estavam no mesmo núcleo familiar. A Geração X busca o equilíbrio entre o
trabalho, vida pessoal e família, são independentes, já dominam os computadores e a era da
informação (CONGER, 2005).
Aprofundando-se neste contexto, as três gerações que compõe hoje a grande
massa de consumidores ativos no país são os baby boomers, geração silenciosa e Geração X.
Estas gerações foram identificadas como resultados de fatos históricos que influenciam os
valores e visão de mundo que seus integrantes possuem. A chamada geração silenciosa (1925
-1942), composta por filhos da grande depressão, valoriza o emprego fixo e são obedientes,
pois como reflexo da Segunda Guerra Mundial, adotaram um estilo autoritário. Depois,
vieram os Baby Boomers (1943 – 1964), filhos da geração silenciosa, a geração do rock, da
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um desejo. Quando se trata dos filhos, muitas vezes as emoções passam à frente, mas ao
mesmo tempo os pais buscam a segurança e a qualidade dos produtos. O diretor de
licenciamento e varejo do Walt Disney afirma que crianças de 4 a 5 anos já tem sua opinião
formada sobre consumo. As crianças brasileiras de 6 a 11 anos que possuem TV a cabo em
casa despendem em 84% dos casos mais de duas horas assistindo programas televisivos, 82%
dos pais assumem que compram refrigerantes e sorvete porque seus filhos pedem, 37% das
crianças já escolhem suas roupas sozinhas e 61% já decidem qual brinquedo querem comprar
(revistabrincar.com.br/d_brincar36.php).
No Brasil 75% das crianças moram com ambos os pais, e 44% das mães
trabalham fora de casa (LUKIANOCENKO, 2001). Içami Tiba, especialista em psicoterapia
para crianças e adolescentes afirma que os pais acabam cedendo aos desejos de consumo dos
filhos por passarem pouco tempo em casa e se sentirem culpados (TIBA, 2008). Neste
momento de transformação, onde os pais ainda não sabem como agir, surgem importantes
questões culturais, éticas e legais em relação ao papel dos pais frente à decisão de compra dos
produtos infantis. Questiona-se o impacto da mídia excessiva sobre a formação das crianças,
as perdas com a extinção de brincadeiras de rua, estímulos à criatividade, falta de exercício
físico, má alimentação, sexualização precoce e o incentivo a violência refletida nos games e
desenhos animados (LINN, 2006).
As crianças brasileiras estão em primeiro lugar dentre as que mais assistem
televisão, passam 4h51min 19s frente à TV de acordo com pesquisa do IBOPE em 2005. O
Brasil está na frente até mesmo dos Estados Unidos. Linn (2006) afirma que o marketing para
o publico infantil enfraquece os valores democráticos incentivando a passividade e o egoísmo.
Outra vertente alega que, para muitas crianças, os jogos sempre funcionaram como válvula de
escape – crianças e adolescentes com dificuldades de relacionamento utilizam os jogos como
seu “alterego” e raríssimas vezes este avatar (personagem) é trazido para vida real de forma
violenta ou negativa (JOHNSON, 2005). Tiba (2008) levanta questionamentos à cerca nos
novos paradigmas na educação das crianças no mundo digital e globalizado, pois desde as
grandes guerras as famílias eram educadas de maneira patriarcal, a geração seguinte foi
massacrada pelo autoritarismo dos pais e hoje, na tentativa de proporcionar aos filhos a
liberdade que não tiveram, os pais modernos se perdem nos limites entre a tão desejada
liberdade e a permissividade (TIBA, 2006).
Na era digital, assim como na revolução industrial, houveram significativas
mudanças que foram, estão, ou ainda serão assimiladas para cada grupo com suas
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2.2 JUSTIFICATIVA
tecnológicos e inovadores que delinearam novas tendências e formaram uma nova gama de
objetos desejo para os consumidores (CONGER, 2005).
Adultos assumem as novas tecnologias com considerável facilidade e em muitos
casos esta aceitação se entende para os demais membros de uma família, como crianças e
terceira idade. Neste momento surgem questionamentos éticos e morais a respeito da
digitalização das crianças, onde existem duas linhas opostas: uma delas entende que as
crianças já estão vivendo no mundo tecnológico e que ter acesso as ferramentas é uma questão
decorrente disto; outra linha acredita que as crianças não devem ter acesso a celulares, internet
e outros produtos, por acreditar que estes itens podem exercer influências negativas ou expor
as crianças a situações de risco. A infância tem um significado social construído ao longo da
história que exerce um papel cada vez mais importante no mercado comercial. “As crianças já
são consumidoras, mesmo que muitas destas compras sejam feita em nome de seus pais, elas
são escolhedoras” (BUCKINGHAN, 2000, p.239). Assim, atentando ao fato de que as
crianças participam ativamente nas compras familiares, sendo como influenciadora direta,
usuária ou apenas como influenciadora emocional – consideram-se os sentimentos e o status
que muitos ítens de informática podem conferir ao usuário na atual sociedade brasileira.
A importância deste projeto deve-se ao fato de buscar entender como o
mecanismo da mudança tecnológica vem funcionando e quais são as perspectivas futuras,
visando nortear às empresas do ramo da tecnologia da informação e comunicação, que, sendo
identificado o perfil de consumo da Geração X, considerando todas as influências internas e
externas, possa guiar suas estratégias de marketing e posicionamento visando ampliar suas
vendas e parcela de mercado. Objetiva-se estudar a percepção dos pais sobre a influência
destes produtos na vida de seus filhos, entender se são contra ou favor, se se importam, os
principais produtos que consomem, o que esperam destes produtos, se incentivam sua
utilização, o que seus filhos pedem, os produtos que as crianças mais gostam, entre outros.
Este assunto foi pouco estudado e não há muitos registros de abordagens
acadêmicas deste tema no país. A autora deste estudo escolheu este assunto porque
academicamente permite um maior aprofundamento em relação aos temas processo decisório
de compra, influências culturais e emoções (FREITAS, 2008). Além de acrescentar pessoal e
profissionalmente para a autora em relação ao desenvolvimento de suas capacidades e
conhecimento de psicologia do consumidor e varejo. O tema escolhido é atual, polêmico e
funcional com foco em negócios e vendas para estes consumidores em específico,
considerando todo o processo de compra e as influências culturais que este consumidor trás
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3 OBJETIVOS
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 MARKETING
encaixe tão bem com suas necessidades que se venda sozinho. Contudo, antes de qualquer
coisa é necessário entender a relação entre o gosto do cliente e a possibilidade que a empresa
tem de suprir esta demanda (KOTLER; KELLER, 2006).
Kempenich (1997) entende que marketing é habilidade que as empresas têm em
navegar no Mercado. Antigamente se falava muito em conhecer as limitações da empresa,
olhando para dentro, se organizando e buscando produzir com os melhores recursos e
condições de trabalho. Hoje o marketing não se sustenta apenas com uma visão interna da
empresa. Kotler e Keller (2006) enfatizam muito a visão de dentro para fora. Já Porter (1999),
procura expandir este conceito - a começar pelo mundo de fora da empresa, voltando-se
depois para si mesma. Sob a ótica de Churchill e Petter (2000), o marketing possibilita a troca
entre organizações e clientes, visando benefícios para ambas as partes. Contudo, antes de
qualquer coisa, marketing se refere à habilidade de conhecer o ambiente externo buscando a
inteligência competitiva. Diversas empresas dizem entender o que o cliente quer, mas na
verdade olham apenas para sua própria estrutura e limitações. (KEMPENICH, 1997).
O grande desafio dos gestores é a administração estratégica de recursos e
objetivos, pois, para conduzir com eficácia uma organização, considerando o dinamismo do
ambiente externo, exige-se habilidades de seus líderes, de modo que o como eles respondem a
estas questões, irá dizer se a empresa terá sucesso ou não (WRIGHT; KROLL, PARNELL,
2000). O administrador de marketing que consegue pensar como seu consumidor pensa, tem
grande vantagem competitiva em relação aos demais. Estes profissionais devem estar sempre
atentos às modificações do mercado e principalmente pensar a frente, buscando novos meios
de atrair e reter consumidores. Ao contrário do que muitos pensam o marketing não esta
apenas relacionado a vendas e a propaganda, mas sim analisar as necessidades dos
consumidores, observar cenários de mercado e desenvolver produtos e serviços que
satisfaçam as preferências dos consumidores. Os esforços de marketing procedem de acordo
com os valores e objetivos pré-estabelecidos através dos norteadores estratégicos de uma
empresa, planejando e executando as concepções referentes aos produtos e serviços,
precificação, promoção de marca, distribuição de ideias, serviços e produtos (BOONE;
KURTZ, 2009).
Percebendo a movimentação de mercado e o acirramento da concorrência em
diversos setores da economia, as empresas passaram a se esforçar para comercializar seus
produtos e se comunicar com seus clientes de maneira mais eficiente. Empresas e empresários
utilizam o marketing para melhorar o desempenho de sua empresa, enquanto as entidades e
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McCarthy (apud KOTLER; KELLER, 2006), discorreu que, para obter respostas
de mercado, as empresas devem ter controle sobre um grupo especifico de variáveis, já
conhecidas 4 P`s - produto, preço, praça ou ponto de venda e promoção. Estas quatro
variáveis compõem o composto de marketing, que tem por objetivo identificar e satisfazer as
necessidades dos consumidores, conquistar novos clientes e retê-los. A perspectiva dos 4P’s
permite que a empresa estruture sua estratégia de modo completo, englobando todos os pontos
de contato que os consumidores podem ter com uma marca ou empresa (KOTLER; KELLER,
2006).
O primeiro “P” a ser estudado é o produto, pois o modo com que o bem ou serviço
foi desenvolvido e projetado implicará nas demais variáveis, portanto, é preciso conhecer o
produto ofertado, suas características, sua apresentação física, idéia, ou serviço. O segundo
elemento do composto é o preço, ou seja, as definições referentes a precificação, formas de
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4.1.1.1 Produto
que são intangíveis. Bens não duráveis podem ser representados pelos produtos de
conveniência que são adquiridos com frequência e apresentam baixo custo financeiro, de
tempo e de esforços. Já os produtos de compra comparada são mais caros e exigem tempo de
procura e analise de opções. Quando se trata de produtos com os quais o consumidor já
estabeleceu significativas preferências e se dispõe a gastar tempo e esforços para encontrá-los,
refere-se a bens de especialidade (ETZEL; WALKER; STANTON, 2001). Além das
categorias destacas acima existe uma última, que enquadra aqueles produtos os quais
dificilmente o consumidor pensa em comprar caso não exista necessidade ou simplesmente
desconhece, que são os bens não procurados (KOTLER; KELLER, 2006).
O produto ou serviço de uma empresa é o primeiro elemento do seu composto
mercadológico, pois somente a partir do conhecimento de seu objetivo final, é possível
estabelecer diretrizes no que diz respeito á preço, marketing e comercialização. A definição de
produtos permite que a empresa identifique seu setor de atuação e comece a entender como se
comportam e o que desejam seus possíveis consumidores. Através deste entendimento, é
possível traçar planos e objetivos no que diz respeito à produção, definindo quantidades,
qualidade, mix de produtos, diversificação, massificação ou customização (BIZZOTO, 2008).
Na era da produção, em meados de 1920, o foco empresarial estava na ótica dos
produtos. Entendia-se que um produto de qualidade se vende por si só. Esta máxima não
perdeu seu significado nos dias de hoje, entretanto, o cenário de maior demanda do que
capacidade produtiva que viveu-se no começo do século XX, transformou-se após a Segunda
Guerra Mundial, principalmente nos anos 2000, em um cenário complexo e competitivo, onde
80% dos novos produtos falham. Sob esta ótica, conclui-se que os produtos devem estar no
local onde as pessoas o querem encontrar, no preço esperado, com as características desejadas
e ainda com um bom embasamento mercadológico por trás (BOONE; KURTZ, 2009). É
preciso então compreender mais do que a funcionalidade de um produto, mas também o
porquê de sua embalagem, características, marca e apresentação geral do item. Somando-se a
estes fatores, ainda é preciso conhecer os produtos dos concorrentes, pois o consumidor
invariavelmente estabelece comparações na hora da decisão de compra (SALIM, 2005). A
maioria dos produtos ofertados no mercado são passiveis de identificação, podendo ser
diferenciados de outros produtos com a mesma finalidade através da utilização de marcas,
símbolos e embalagens (BOONE; KURTZ, 2009).
Desenvolver produtos pode parecer uma tarefa simples, entretanto, é preciso
estabelecer procedimentos para que seja possível transpor ideias em produtos. De modo geral,
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surgem centenas de ideias para por fim chegar-se ao desenvolvimento de um único produto
bem-sucedido. Existem diversos motivos para que um produto fracasse, entre eles os mais
comuns são as avaliações errôneas de mercado, falta de orientação e de triagem, projetos
ineficientes, falhas nos produtos ou esforços insuficientes de marketing. Destaca-se como
principal fator no desenvolvimento de um produto, a análise de viabilidade e o teste de
marketing, onde deve ser verificado se existem compatibilidade, entre a empresa, o produto
ofertado e o mercado. Muitas vezes os produtos são testados em mercados-chave antes de
serem produzidos em larga escala e disponibilizados a um mercado maior. Esta ação permite
que a empresa tenha uma noção do desempenho do produto, identifique ajustes necessários,
faça melhorias e em alguns casos eliminar o produto (BOONE; KURTZ, 2009).
Ao se analisar a literatura existe observa-se que problemas técnicos inesperados e
inadequação da proposta de propaganda e divulgação de um produto são os fatores que mais
influenciam na aprovação ou reprovação do mercado em relação à adoção do produto.
Destaca-se também o grau de inovação apresentado, pois em suma quanto mais elevado for o
grau de inovação aplicado, maior é a probabilidade de sucesso segundo estudo (BOOZ-
ALLEN; HAMILTON, 1982 appud CHRISTENSEN; ROCHA, 1989). Bonne e Kurtz (2009)
relembram que à medida que os produtos de uma empresa vão completando seu processo de
vida e chegando a maturidade, a empresa deve passar a acrescentar novos produtos em seu
portfólio, como meio de sobrevivência e continuidade no mercado. “Novos produtos são o
sangue de qualquer negócio”, portanto as empresas devem estabelecer um fluxo contínuo de
novos lançamentos a cada período de tempo predefinido de acordo a estratégia adotada pela
empresa. Neste ponto considera-se o mix de produtos já existentes e ativos, as ofertas da
concorrência e a posição de mercado que a organização se encontra ou deseja ocupar.
Algumas empresas optam por uma estratégia de diversificação de produtos, onde se
desenvolve produtos novos ou inovadores para novos nichos ou segmentos, outras são mais
conservadoras (BOONE; KURTZ, p. 426, 2009).
Bonne e Kurtz (2009) destacam que a missão de um produto é suprir as
necessidades dos compradores. Conjuntamente, ao elaborar e ofertar um produto as empresas
precisam estar atentas, não apenas a fatores mercadológicos, mas também a fatores legais e
ambientais. A legislação nacional regulamenta a segurança e a responsabilidade de um
produto, especificando meios de transporte, embalagens específicas, avisos ao consumidor,
lacres de segurança, ingredientes e diversas outras exigências que muitas vezes interferem na
apresentação final de um produto/embalagem para seu consumidor. A apresentação de um
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produto deve ser norteada pelo ponto de vista do cliente, apresentando as informações que ele
deseja saber para tomar conhecimento sobre o produto e expondo todos os argumentos
plausíveis e necessários para que este consumidor se decida e realize a compra. O produto
deve objetivar atender o que o cliente deseja realizar (job to be done), onde a empresa tem o
papel de apresentar seu portfólio de produtos e serviços disponíveis para o mercado
(BIZZOTO, 2008).
Aprofundando-se neste principio o primeiro passo em uma boa estratégia de
vendas é fazer com os colaboradores, principalmente equipe comercial, conheçam a fundo a
gama de produtos ofertados pela empresa, para que exista uma boa argumentação de vendas.
Na hora da venda, é necessário compreender porque o consumidor deseja comprar aquele
produto e quais são as suas motivações para aquela compra em específico. Além disto,
destaca-se aqui a importância do alinhamento do composto de marketing, pois, somente
através da compreensão das características do produto ofertado e do seu posicionamento em
relação ao mercado, se viabiliza a implementação de estratégias de precificação adequadas ao
produto e futuramente à distribuição e a divulgação e marketing do mesmo. Não basta que o
produto seja o mais bonito, ou o mais barato é preciso que todo o composto de marketing
esteja alinhado, pois o consumidor não analisa estes fatores separadamente. Não se compra
por apenas preço, apenas produto ou apenas ponto de venda, mas sim pelo benefício adquirido
na compra deste conjunto. Neste ponto é fundamental que a percepção de valor dos clientes
seja identificada para que o preço estabelecido esteja de acordo não apenas com os objetivos
financeiros projetados pela empresa, mas também com os desejos e limitações de seus clientes
e concorrentes (SALIM, 2005). Desta maneira o próximo item discorre sobre o preço e sua
função no composto de marketing.
4.1.1.2 Preço
altos. As empresas devem estabelecer critérios específicos para definição de seu preço de
vendas de acordo com as estratégias e objetivos traçados, considerando o peço final, formas
de pagamento, políticas de desconto, promoções, entre outros. Os preço devem ser definidos
de maneira clara, de acordo com as políticas da empresa, adotando valores competitivos,
igualitários, menores ou premium – sempre considerando a percepção de valor do consumidor
(BIZZOTTO, 2008).
Avlonitis et al. (2004) identificam três métodos principais para formulação de
preços. O primeiro método é a definição baseada em custos, onde adiciona-se a margem de
lucro esperada no custo médio calculado de um produto. Este método permite identificar a
taxa de retorno sobre o investimento e definir um ponto de equilíbrio com o mercado e
expectativas da empresa. O segundo método proposto é baseado na concorrência, mantendo
preços similares ou de acordo com a média de mercado. Por fim, ainda se pode estabelecer
preços considerando a demanda esperada e a percepção de valor do consumidor. Monroe
(1990) apresenta uma abordagem onde o preço atua não somente no âmbito financeiro e
econômico de uma empresa, mas sim demonstrando que este fator está diretamente
relacionado ás dimensões comportamentais do consumidor na decisão de compra. O chamado
“preço psicológico” considera o prestígio dos produtos, a qualidade percebida, o valor da
marca e até mesmo a utilização de determinadas combinações de dígitos específicos nos
resultados e reflexos do preço na mente do consumidor. Os preços psicológicos influenciam o
processo decisório encorajando o consumidor no momento da compra a uma tendência mais
emocional do que racional. Exemplificam-se estes casos através de situações onde preço alto
reflete qualidade, promoções e descontos refletem benefício ao consumidor, incentivando-o a
compra, mesmo que o preço esteja acima do esperado para o produto em questão.
Schindler (2006) complementa esta abordagem ressaltando que valores numéricos
como 0, 5 e 9 aparecem com grande frequência no quesito precificação. Dígitos terminados
em 99, como R$ 1,99, por exemplo, vende a idéia de que o mesmo produto não seria
encontrado por um preço menor. Esta abordagem explica o fato de que muitas vezes
consumidores de uma loja de varejo voltada para classe baixa são na realidade indivíduos que
pertencem a classes mais altas e teriam como adquirir produtos mais caros, mas a compra por
preço inferior ao esperado passa a sensação de benefício e lucro para o consumidor. O fato é
que e este tipo de proposta faz com que o individuo se sinta em vantagem ao realizar uma
compra e dê preferência a lojas mais simples, o que é definido como trade down. O autor
ainda lembra que as pessoas têm limites na capacidade de memória e tendem a se lembrar
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mais frequentemente apenas dos dois últimos dígitos da esquerda de um preço ofertado
(SCHINDLER, 2006).
Salim (2005) orienta que, considerando as constantes variações no mercado, as
empresas devem estabelecer uma política de preços, seja ela baseada em seus custos ou na
percepção de seus clientes e concorrência. As políticas de precificação mais comuns são:
oportunistas (de acordo com a concorrência e demanda), predatória (eliminado concorrentes,
visando aumento do market share), e contingencial (desnatamento, recuperação de caixa,
preços baixos em um produto para atrair a compra de outros itens). Não existe uma estratégia
correta ou padrão, é necessário entender a posição da empresa no mercado, analisar todos os
fatores externos já mencionados, prever possíveis reações dos clientes, concorrentes e analisar
o histórico de vendas para basear suas decisões. Para penetrar um mercado rapidamente com
boa margem de lucro, recomenda-se que o produto agregue diferenciais competitivos, neste
caso sugere-se o desnatamento. Quem busca penetração rápida, mas consegue aguardar o
retorno do investimento, pode adotar uma política de preços baixos ou parcelamentos
extensos. Uma empresa que não está na liderança de seu mercado, pode apenas acompanhar
os preços do número um, de acordo com a expectativa de preços já esperada pelos clientes.
Resumidamente, a estratégia de preços deve estar de acordo com as necessidades da empresa
em termos de capital e o tempo que dispõe (SALIM, 2005).
Elliot e Speck (2005) trazem uma abordagem mais atual, que ressalta o novo
modelo de tomada de decisão via e-commerce e as expectativas e receios dos consumidores
neste novo modelo. A venda online facilita e agiliza o processo de compra, possibilitando que
compras sejam efetivadas na casa do comprador, onde através da internet é possível pesquisar
ofertas de mercado, comparar preços, comprar e receber em casa a mercadoria desejada.
Neste caso há dois pontos que devem ser pensados no quesito preço. Algumas empresas
entendem que para vender pela internet os preços devem ser mais baixos, pois o consumidor
deve perceber um benefício para optar por este novo canal. Além disto, entende-se que como
a venda online dispensa que a empresa tenha gastos com vendedores, lojas e diversos outros
custos que se refletem no preço, a compra via internet deve ser motivada por preços mais
baixos. A outra linha aponta que os preços devem ser iguais as lojas ou até mesmo ser
superior á lojas físicas, por vender produtos exclusivos, ou simplesmente pelo serviço e pela
comodidade de compra que o consumidor vivencia. Este modelo aplica-se principalmente a
mercados maduros em países desenvolvidos (ELLIOT; SPECK, 2005).
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Com isto, nota-se que não existe uma estratégia única ou correta de precificação,
mas sim uma série de questionamentos que devem ser considerados ao definir o preço,
considerando as expectativas dos consumidores, as características do produto e a proposta de
valor da empresa, que está diretamente relacionada ao produto e ao local onde ele será
ofertado. É importante que a estratégia da empresa considere o modelo de distribuição que
será utilizado, analisando possíveis alternativas como a utilização de canais, shoppings,
supermercados, loja própria e, por fim, identificar o ponto de venda e modelo de
comercialização que fique de acordo com o produto ofertado, suas características e preços
determinados, para atrair seu target (ELLIOT; SPECK, 2005).
4.1.1.3 Praça
qualquer outro canal que a empresa julgue vantajoso. O varejo se refere ás atividades de
vendas diretas para o consumidor final, independendo do modo que são vendidos
(pessoalmente, telefone, internet) ou local (loja, rua, casa do consumidor). Os principais tipos
de varejo existentes são as lojas de especialidades, lojas de departamentos, supermercado, loja
de descontos e varejistas de liquidação, super loja e showroom. Embora muitas lojas de varejo
sejam completamente independentes, existem no mercado sintomas de crescimento de
organizações corporativas no varejo, como as redes corporativas onde duas ou mais lojas
pertencem á mesma empresa ou empresário. Outro modelo existente é quando varejistas
independentes são patrocinados por um atacadista (rede voluntária), assim como outros
modelos de cooperativismo de consumidores e varejistas. Entretanto, destaca-se aqui o
modelo de franquias onde existe uma associação legal entre franqueador e franqueado que
fornece direitos de operação ao franqueado (KOTLER, 2000).
Analisando hipoteticamente as alternativas de compra de um notebook, a primeira
opção seria o canal varejista tradicional, onde o comprador pode visitar a loja, comparar
produtos, marcas e ter contato físico direto com o produto desejado, analisando suas
características e especificações. O contraponto é requerer do cliente o tempo e custos
necessários para o deslocamento. A priori, nestes casos os preços são sempre mais elevados.
A segunda opção do consumidor seria o canal de catálogo, onde o cliente analisa o produto
ofertado e pode comprar gratuitamente por telefone. Sendo assim, o preço tende a ser menor,
pois o ofertante não tem os custos de ponto de venda. Os canais de televisão a tempo se
tornaram uma opção de compra e venda de produtos, com entrega a domicilio. Este modelo
possibilita que o produto seja exposto, demonstrando sua utilização prática, facilitando a
encomenda e possivelmente por um preço menor. A desvantagem para o consumidor é que o
mesmo não tem tempo hábil para investigar concorrentes e assiste provavelmente ás ofertas
de uma marca apenas (VAZ, 2008).
A compra direta do fabricante também se torna interessante, pois o cliente pode
visitar o site e comprar com preços menores e boas condições de garantia. Já através do canal
de intermediação o comprador pode comparar diversos ofertantes de um mesmo produto ou
serviço, com informações de prazos de entrega, garantias, preços e condições, através de
informações centralizadas sobre aquilo que lhe interessa podendo fazer sua escolha de
maneira rápida, inteligente e barata, mesmo que, ao mesmo tempo gere lucro para o
intermediário (KOTLER; KELLER, 2006). A cada dia as empresas estão mais ansiosas para
atrair e manter clientes, antigamente era possível fazer isto através de uma loja bem
28
4.1.1.4 Promoção
personalizada, hoje não se consegue mais fazer isto. O above-the-line caracteriza-se por
jornais, rádios, revistas e televisão, que exerciam baixo contato, mas tinham alta abrangência.
Com o passar do tempo o marketing deixou de ser linear e passou a ser circular, tendendo a
cercar os consumidores por todos os lados. A promoção deve revitalizar permitindo o encaixe
de variadas formas de comunicação para divulgar com eficácia os produtos e serviços
ofertados (VAZ, 2008).
A revolução da comunicação através do modelo circular surgiu como efeito da
presença contínua da comunicação na vida dos indivíduos, impulsionada pelo advento da
computação. Nas duas últimas décadas o numero de mensagens publicitárias as quais os
consumidores são expostos diariamente aumentou cinco vezes. Contudo, a verdadeira
mudança se deu de fora para dentro das empresas. Surge um novo “P”, que pode vir a ser o
mais importante de todos – o P de Pessoas. O poder de consumo, de riqueza, de conteúdo
estão nas pessoas, as ofertas de mercado são cada dias mais abundantes e as mensagens
promocionais cada vez mais iguais. O consumidor da era digital irrita-se com propagandas de
interrupção, spams e pop-ups. É ele quem quer procurar informações, definir preços e até
mesmo promover aqueles produtos ou empresas que se identifica, atuando com seu próprio
veículo de comunicação, influenciando amigos, familiares, colegas de trabalho e até mesmo
pessoas desconhecidas. A comunicação viral foi revolucionada nos últimos dez anos, o Orkut
e Facebook, blogs, MP3 Player e vídeo games são os mais novos meios de comunicação e
promoção de vendas entre pessoas e pessoas, e pessoas e empresas, sendo atualmente uma
indústria bilionária (CAVALLINI, 2006).
Kotler et al (2010) afirmam que compreender o cenário global há tempos não é
mais diferencial de uma empresa, mas sim uma exigência de mercado. Apenas na década de
noventa que de fato começou-se a utilizar técnicas específicas e aprofundadas para analisar e
entender os cenários mercadológicos e aplicar de tais estudos no composto de marketing. Na
era digital as mudanças se dão de maneira tão rápida que muitas delas passam despercebidas,
não basta mais apenas saber o que está acontecendo é preciso prever tendências e identificar
alterações de comportamento e de paradigmas, onde apenas as empresas que souberem
entender e criar seu espaço neste novo mundo sobreviverão (CAVALLINI, 2006).
Entendendo a grande importância da compreensão do macro ambiente para o
marketing, o subcapitulo a seguir foi desenvolvido com o intuito de conhecer com mais
profundidade as novas variáveis do cenário de marketing, os modelos que vem sendo
33
Tapscott e Williams (2007) afirmam que vive-se em uma nova era onde as
pessoas participam da economia de um modo nunca antes visto. Os consumidores estão em
processo de mudança e aprendizagem de novos produtos e serviços. As significativas
inovações tecnológicas da última década modificam a economia mundial, os negócios, a
demografia, o fluxo de informações e consequentemente a tomada de decisão do consumidor.
A evolução da internet proporciona novos modelos de interatividade, comunicação e
entretenimento. Este é o mundo em que significativa parte dos consumidores se encontra, se
abster deste mundo é aceitar ao declínio (CAVALLINI, 2006).
Kotler (2000) identifica uma nova perspectiva de marketing que aponta para
diferententes maneiras de pensar e melhores práticas para que as empresas conheçam seus
clientes. Este novo conceito está relacionado a convidar o cliente a participar da criação de
novos produtos, ouvindo-os e sendo mais flexível para enfim identificar meios de
comunicação mais adequados para falar com o grupo de pessoas, as quais a empresa está
interessada. Existem hoje diversas facções que se apresentam como o marketing do futuro, as
mais conhecidas são marketing de acesso, de guerrilha, marketing radical e marketing
hipnótico. A realidade é que não existe um modelo único ou correto, mas sim o modelo que
entende e atrai clientes fornecendo um valor superior ao antevisto (KOTLER, KARTAJAYA,
SETIWAN, 2010).
McKenna (2000) entende que o marketing aplicado até o final da década de 90 foi
trabalhado em modelo de reação, não de previsão, se mostrando pouco eficiente para o atual
mercado de competitividade extrema, imediatismo e grande fluxo de informações. Hoje o
marketing está relacionado a um processo contínuo de aprendizagem. Existem milhares de
novos paradigmas tecnológicos que se alteram a cada dia e afetam toda a cadeia produtiva. O
aumento da interatividade na comunicação nos leva á fragmentação de mercados e
customização de produtos e serviços voltados para pequenos grupos com características
similares. Prevê-se que o marketing centralizar-se-á na tecnologia da informação e que a
fidelidade á marca será cada dia mais escassa. A imagem das empresas passará de uma
comunicação estática e imperativa, para experiências e vivências que permitam a interação
34
dos consumidores com a marca, para que as mudanças de desejos e interesses dos
consumidores não passem mais depressa do que as ideias que as empresas estão tentando
comunicar (McKENNA, 2000).
Schewe e Hiam (2000) propõem uma nova abordagem para o tradicional
composto de marketing, onde somando-se ao atual modelo de 4 P`s (produto, preço, praça e
promoção) analisa-se a “sensibilidade ao consumidor”, que diz respeito ao atendimento que a
empresa fornece, considerando a postura do funcionário e a percepção do cliente em relação
ao atendimento. Analisa-se também a conveniência para o consumidor, ou seja,
questionamentos a cerca da disponibilidade do produto para o consumidor e modelos de
distribuição e, por fim, os serviços envolvidos em pré e pós-vendas. Cavallini (2006) explica
que as mídias tradicionais estão saturadas, dividindo-se em um processo de fragmentação e
trazendo menos retorno para as empresas anunciantes. A internet permite que as empresas
identifiquem quem são os seus propagadores, o que eles pensam, do que mais eles gostam,
entretanto no marketing digital, ao depender do comportamento humano, as atitudes podem
ser imprevisíveis e ter menos controle faz parte da nova realidade. O marketing boca-boca não
é escolha das empresas, ele simplesmente acontece, o que se pode fazer é tentar instruir e
guiar a troca de informação, para que seja positiva e não destrutiva para a imagem da empresa
(SCHEWE; HIAM, 2000). Outro sinal do grande sucesso do boca a boca são os blogs que
vem atraindo números significativos de visitantes e acessos. A maioria dos blogs não se
utiliza de nenhuma maneira de divulgação, a não ser pelas redes sociais e links enviados por
seus participantes que são geralmente usuários da marca e não vendedores. Consumidores
gerando mídia é a novidade da economia digital que é denominada de CGM (Consumer-
Generated-Media), hoje muitos blogs e sites são capazes de derrubar ou erigir ao céu uma
marca ou empresa (VAZ, 2008).
O mundo já está distante do momento onde o acesso á informação era quase
pecaminoso e discriminativo, a economia dos anos 2000 é a economia do excesso, o problema
hoje é a sobrecarga. O limite de informações processáveis pelos seres humanos já foi
excedido há muitos anos, o problema de hoje é a crise de atenção. O marketing de interrupção
está trazendo cada dia menores resultados. Intrometer-se na rotina dos consumidores em pop-
ups na internet e comerciais de televisão não dribla mais a falta de atenção. A nova
perspectiva denomina-se marketing de permissão, o foco está em passar a mensagem certa,
para as pessoas certas, no momento e local mais adequado e de maior relevância. A
fidelização está relacionada à confiança e identificação. Contudo, a credibilidade tem que ser
35
conquistada, a marca confiável tem uma personalidade, uma alma. No mundo digital as
exigências são ainda mais cruéis, empresas sem credibilidade correm o risco de não gerarem
nem ao menos um único pedido de compra (VAZ, 2008).
Na era virtual, ser indicado por alguém com quem o consumidor já estabeleceu
uma relação de confiança, significa ser facilmente encontrado em sites de busca como Google
e Yahoo, preferencialmente até a terceira pagina de itens relacionados à busca solicitada pelo
consumidor. Vaz (2008) alerta que não basta apenas que as empresas aceitem aventurar-se
pelo mundo virtual, é preciso fazer bem feito, pois o resultado negativo pode ser igualmente
grande. Há paginas e sites de diversas empresas bem conceituadas no mercado com diversos
tipos de problemas na navegabilidade, layout e funcionamento de links, o que pode gerar
desconforto no consumidor e reflexos negativos na imagem da empresa (BOONE; KURTZ,
2008). Uma das grandes revoluções do marketing na internet foram os links patrocinados, que
são aqueles pequenos anúncios expostos no canto superior direito, relacionados á uma busca
específica, realizada por palavras chave. Sua aceitação é decorrente do interesse do
consumidor, pois na maioria dos casos de busca de uma palavra chave relacionada a produtos
no Google, o consumidor de fato está interessado em comprar ou obter informações, neste
momento a marca apenas se oferece como opção, não se impõe nem força nada ao
consumidor (VAZ, 2008). A empresa atua não apenas como vendedora, mas também como
geradora de conteúdo, que é o grande mote da internet. Os comerciais passarão a agregar
conteúdo relevante, e consumidores informados serão cada vez mais compradores (GATES,
1999).
Outro termo que vem aparecendo com frequência nos estudos e levantamentos de
marketing é o “marketing social”, que vem crescendo juntamente com o acesso da população
nas novas tecnologias. Os veículos de comunicação estão se reinventando, rádios não se
limitam mais a uma localidade física, mas sim a predisposição musical de quem o ouve. O
You Tube é hoje um dos mais importantes meios de comunicação viral. Acredita-se que seu
sucesso é devido ao fato de que são pessoas se comunicando com pessoas, mostrando o que
querem que vejam, mas nada impede que empresas façam isto, pois internet é uma rede de
pessoas, não de computadores, consumidores ou softwares e empresas - são pessoas reunidas
por objetivos comuns. Este caso exemplifica-se nos blogs corporativos, onde a empresa passa
uma imagem mais humana, os funcionários interagem com a empresa e uns com os outros,
além de muitas vezes desenvolver, não intencionalmente, advogados da marca que fixam o
posicionamento e imagem da empresa (VAZ, 2008).
36
Kotler (2003) afirma que cerca de cem milhões de pessoas ao redor do mundo
conseguem se conectar a internet. Estima-se que em 2003 já havia mais de 1,5 milhões
domínios registrados, sem considerar domínios secundários, como redes sociais e blogs que
agrupam milhões de paginas pessoais em um domínio único. Previsões apontam que o trafego
na rede de computadores mundial dobra de tamanho a cada 100 dias. O comércio eletrônico
em si, se apresenta como a atividade econômica mais promissora da economia
contemporânea. No ano 2002, girou em tono de 327 bilhões de dólares (KOTLER, 2003).
Esta revolução no mundo gerou a necessidade de uma reengenharia completa no marketing.
Os mercados já operam com novos princípios e objetivos muito distantes daqueles que
existam no século XX. Sucedendo a sociedade industrial, a economia da informação trouxe
mudanças significativas na vida diária dos consumidores. Os conceitos de tempo, massa e
espaço foram afetados diretamente pela revolução digital. As empresas não precisam mais de
grandes sedes e muito espaço, pois podem ser virtuais e estar em qualquer lugar, atuando
globalmente, caso sua excelência operacional permita. Conferências podem ser realizadas
virtualmente através do envio de mensagens escritas ou da própria voz simultaneamente com
imagens; livros, músicas, filmes e diversas outras informações podem ser comercializadas ou
compartilhadas pela internet (ARAUJO, 2001).
O ciberespaço automatiza os processos de compra e venda, tornando-os mais
convenientes. As organizações passam a conectar-se umas com as outras, agilizando suas
operações, reduzindo custos criando uma Cadeia de Valor. Ao mesmo tempo, os clientes
estão conectados ás empresas, produtos e serviços de modo mais direto, eliminando
intermediários e abrindo espaço para novos players e um novo modelo de relacionamento que
requer uma nova abordagem de marketing através de uma linguagem atualizada. As
informações fluem de maneira constante e abundante através da internet com baixíssimo, ou
até mesmo sem nenhum custo (ANGERAMI, 2003). Os profissionais relacionados ao
marketing passam a repensar à base dos processos com os quais se identificam e comunicam
as empresas para seus consumidores, criando a necessidade de repensar a forma de
relacionamento entre as empresas e os clientes (KOTLER, 2003).
A revolução da informação e do ambiente virtual modifica o cenário do
marketing, alterando o destino de diversos participantes do processo de agregação de valor
nos serviços e produtos ofertados. O consumidor moderno se depara com diversas maneiras
para pesquisar, conhecer e comprar a maioria dos produtos, acirrando a concorrência entre os
canais de venda e criando novas oportunidades de negócios (ELLIOT; SPECK, 2005).
37
suas motivações mais profundas por se tratar de um processo natural e repetitivo que não
exige força de penso, mas que foi anteriormente interiorizada através de processos e estímulos
interiores e exteriores. Durante toda a vida de uma pessoa ela recebe estímulos culturais e
pessoais, mas também recebem estímulos econômicos, tecnológicos e de marketing que
penetram o consciente do comprador (KOTLER, 2003).
Solomon (2008) explica que o comportamento do consumidor é um processo onde
cada pessoa tem um papel diferente definido de acordo com seus critérios pessoais e visão de
mundo. Ao longo dos anos este processo foi estudado com mais afinco para que não apenas
fosse considerado a interação do consumidores e produtores, mas também todos os
questionamentos que o consumidor se faz antes, durante e depois da aquisição de um bem ou
serviço. Sob a ótica do consumidor é fundamental que as empresas entendam como o
indivíduo identifica com o que precisa ou deseja em algum produto, como ele pesquisa, como
escolhe, como paga, identificar o que cada compra em específico representa para o
consumidor, se é ou não um momento de prazer, de realização, qual o sentimento de pós-
compra que este consumidor guarda, sua percepção de desempenho, o descarte e a intenção de
voltar a usar ou não (SOLOMON, 2008).
O conjunto de estágios do estudo do comportamento do consumidor forma um
processo contínuo de análise da identidade de clientes, que é, ou deveria ser o foco de todo
negócio (SAMARA; MORSCH, 2005). As empresas precisam entender o que seus clientes
pensam, como usam os produtos, como percebem nossas propagandas, o que pesam dos
concorrentes, seus sonhos e esperanças. Não se consegue influenciar pessoas sem que haja
vínculo, empresas e clientes devem ter personalidades parecidas para que se instale um
relacionamento duradouro e proveitoso para ambas as partes (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Boone e Kurtz (2009) lembram que antes de tentar
identificar como os consumidores tomam suas decisões é preciso analisar as interações e
influências interpessoais e individuais. Deste modo, pode-se modelar a personalidade da
empresa e como ela deseja ser para que se mantenha reciclada e atualizada vivendo a mesma
realidade que seus consumidores e portanto tendo maiores chances de estabelecer vínculos e
ter consumidores leais.
Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) explicam que investir dinheiro, tempo e
esforços no estudo do comportamento do consumidor não são garantias de sucesso. É preciso
que cada fator seja analisado individualmente e com significativo nível de profundidade, mas
que, ainda assim, é preciso entender como as variáveis se relacionam entre si, e quais os
41
possíveis resultados a integração dos fatores analisados podem representar. Com base nesta
premissa os subitens a seguir aprofundam-se na análise das influências e perfis de
consumidores identificando o processo de decisão de compra e as principais características de
grupos de consumidores. Para iniciar este estudo apresenta-se no ítem a seguir as influências
do meio externo sobre os consumidores.
4.2.1.1 Cultura
Entretanto, raramente isto acontece. As pessoas tendem a obedecer às normas culturais sem
pensar a respeito, pois estão acostumadas a certos padrões e agir diferentemente disto seria
estranho (SAMARA; MORSCH, 2005).
Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) preconizam que as culturas são mutáveis,
não estáticas. Por mais que estas mudanças sejam lentas, as culturas tendem a evoluir de
acordo com as alterações sociais que o mundo vivencia e que se refletem em seu mundo. As
culturas globais são significativamente responsáveis pela evolução das micro culturas, pois de
certa forma consegue acoplar culturas diferentes, comunica-se e apresentar novos paradigmas,
que podem representar marcos de mudanças culturais. As culturas globais apresentam um
conjunto compartilhado de símbolos e significados que se aproximam dos valores e
comportamentos locais. A globalização pode ser identificada como principal fator facilitador
da disseminação da cultura global, criadas pelas mídias massificadas, educação, turismo,
produtos e marcas amplamente conhecidas como Nike e Apple. No marketing, não
necessariamente utiliza-se uma mesma propaganda globalmente, mas através da essência,
identificam-se fatores chave e realiza-se a adequação com o público que se deseja falar
(HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
De acordo com Schiffman e Kanuk (2000) cultura se aprende, portanto pode ser
desenvolvida e reajustada. Desde a infância convive-se com o conjunto de crenças, costumes
e valores que definem cada cultura. O processo de aprendizagem cultural ocorre de modo
formal e informal. Formal nos ensinamentos familiares a respeito da conduta. Informal no
comportamento observado de outras pessoas da mesma sociedade ou até mesmo das mídias.
O processo de aprendizado de uma cultura mãe é denominado enculturação, enquanto o de
uma nova cultura chama-se aculturação. Para que uma cultura seja assimilada de modo
comum é preciso que seus membros se comuniquem entre si através de uma linguagem
padrão. Além da linguagem e símbolos utilizados de modo padronizado e vastamente
conhecido, a cultura inclui experiências comportamentais ritualizadas, como uma atividade
simbólica representada por uma serie de passos seqüenciais e múltiplos que ocorrem
repetidamente ao longo do tempo (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
Solomon (2008) elenca quatro fatores principais responsáveis pela variabilidade
de um sistema cultural. O primeiro é a distância do poder, a orientação vertical ou horizontal
de informalidade e igualdade. O segundo é a rejeição da incerteza, considerando a ameaça
oferecida pelas situações desconhecidas. O terceiro é a masculinidade e a feminilidade através
da definição dos papéis sexuais e suas limitações. Por fim, a quarta variável aborda o
44
4.2.1.2 Subcultura
O lugar que o indivíduo ocupa na sociedade não está apenas relacionado com
dinheiro que ele tem, mas também na forma com que gasta. Outro fator fundamental utilizado
para se identificar classes sociais é o nível de estudo, assim como a visão de mundo que as
pessoas apresentam. A classe trabalhadora apresenta uma visão mais intima e restrita,
preocupam-se com o curto prazo, são mais ligados na comunidade local e na família. Pessoas
de baixa renda costumam enxergar as pessoas com maior renda como menos felizes, não os
invejando de modo geral. Em contraponto, as pessoas de classes mais altas preocupam-se
mais com longo prazo, economias, investimentos, estudos e viagens, temendo perder sua
posição social (SOLOMON, 2008).
Outras vezes, estudiosos utilizam-se do termo status para a mensuração de classes
sociais. Neste modelo existem definições específicas para cada classe social, elegidas em
função do status social das pessoas pertencentes a cada classe. As classes sociais são estratos
divisionários de uma sociedade ordenada hierarquicamente através de status distintos.
Portanto, membros de uma mesma classe social apresentam status similares e membros de
outras classes apresentam status maiores ou menores (SCHIFFMAM; KANUK, 2000). Em
concordância, Solomon (2008) afirma que as sociedades são segmentadas entre aqueles que
possuem e os que não possuem. A renda, histórico familiar e profissão auxiliam a definir a
posição de um comprador na sociedade de consumo. As sociedades estão organizadas sobre
uma hierarquia que define a posição social e determina a disponibilidade a recursos
educacionais, de moradia e bens matérias (SOLOMON, 2008).
A evolução dos modelos sociais apresenta melhorias na distribuição de renda,
passando de abismática para mais uniformizada, proporcionando melhorias financeiras e
migrações de classes, fazendo com que as classes mais baixas passem a ter melhor acesso a
diversos bens de consumo. A mobilidade social pode variar de inexistente a possível. Alguns
países e religiões não permitem a troca de classes, mas na maioria dos países isto pode ocorrer
devido ao esforço pessoal, decorrente de estudo, trabalho e profissão, por melhorias do
governo, através de planos de benefícios, ou por casamento entre pessoas de classes
diferentes, onde um dos indivíduos costuma migrar para a realidade do outro (BLACKWELL;
MINIARD; ENGEL, 2005).
Solomon (2008) aponta que a tendência demográfica é que as classes mais
inferiores passem a ser medianas, pois as classes intermediárias já apresentam menor número
de componentes na família. Entretanto, observa-se que filhos de famílias de baixa renda,
mesmo que tenham aumento de renda, continuem sendo percebidos como pessoas de baixa
48
renda, assim como filhos de famílias ricas continuam sendo vistos como ricos, mesmo que a
família não tenha mais tanto dinheiro (SOLOMON, 2008). Para medir as classes de uma
sociedade foi desenvolvido o Índice de Característica de Status, este índice combinava
características pessoais, como por exemplo renda e moradia, para se chegar a uma definição
de classe social. Contudo, existem questionamentos a cerca de nomenclaturas muito restritas,
como classe trabalhadora, pois trabalhadores em empregos prestigiados e bem assalariados
ainda se vêem como trabalhadores, mesmo podendo estar nos níveis mais altos da hierarquia
social. Lloyd Warner propôs uma divisão mais especifica, que divide as classes em baixa-
inferior, baixa-superior, média-inferior, média-superior, alta-inferior e alta-superior. No Brasil
a classificação socioeconômica mais utilizada é a identificação da classe social entre cinco
classes ordenadas: A, B, C, D, e E, sendo A equivalente a classe mais alta e E a mais baixa
(SAMARA; MORSCH, 2005).
O critério de classificação econômica Brasil (CCEB), classifica as famílias de
acordo com suas poses de bens, possibilitando que se identifique para onde é destinado o
dinheiro de cada classe. Analisa-se fatores como habitação, alimentação vestuário, transporte,
entre outros, portanto, sendo útil para estudos de marketing e segmentação de mercado No
Brasil a Associação Brasileira de pesquisas (www.abep.com.br) segmenta as classes A, B, C,
D e E de acordo com a renda familiar média. A classe E apresenta uma renda familiar média
de 300 reais, a D, 500 reais, a C2 750 reais, C1, 1.200 reais, B2 2.000 reais, B1 3.500 reais,
A2 6.600 reais e a classe A1 9.800 reais (ABEP, 2009).
Trazendo estes dados para a realidade do mundo do consumo, as pessoas
identificam lojas e produtos adequados para cada classe social. Classes mais baixas costumam
comprar em lojas mais baratas, com atendimento próprio, voltadas para publico de massa,
com produtos mais similares, visando sua praticidade e conforto. Já as classes mais altas
buscam um bom atendimento, produtos customizados, moda e estilo. Não necessariamente
pessoas de classe baixa consomem apenas em lojas populares e pessoas de classe alta em lojas
chiques. Observa-se também que existe um movimento oposto, mesmo que em pequeno
número, onde pessoas de classe baixa economizam para comprar algum item específico que
esteja fora de seus padrões de consumo e pessoas de alta renda sentem prazer em comprar
algo popular pela sensação de ganho e benefício de ter comprado algo por um preço menor
(SOLOMON, 2008).
O primeiro movimento mencionado, pessoas de classes mais baixas comprando
produtos mais caros, pode não ser o mais freqüente, mas é o mais visível, pois as pessoas que
49
compram um produto com uma imagem de luxo, fora de seu padrão, objetivam um status
conquistado. O status conquistado surge como reflexo do trabalho e da conquista, enquanto o
status atribuído vem da família. Assim como no mundo animal, no mundo humano também
existe uma hierarquia social que classifica a posição do indivíduo na sociedade, determinando
seu acesso a recursos de moradia, educação e bens de consumo. Portanto, quando uma pessoa
de baixa renda compra um item de alto valor, ela deseja que este valor seja estendido para sua
imagem percebida, como se refletisse em melhorias no seu status social (SOLOMON, 2008).
Os próximos fatores sugerido por Solomon (2008) para a análise das subculturas são a etnia,
raça e religião. Estes itens serão abordados a seguir, analisando suas definições e diretrizes na
determinação de subculturas.
e política, afetando portanto, todos os mercados de bens de consumo que envolve este tipo de
fatores. Países que apresentam maior diversidade religiosa tendem a ter consumidores mais
experimentadores e o comportamento de consumo pode acontecer também como reflexo da
comemorações de feriados religiosos. O melhor exemplo da influência da religião é o Natal,
onde um feriado religioso movimenta países inteiros, acelerando o consumo e aumentando o
nível de vendas de quase todos os setores da economia, principalmente varejo
(SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
De modo geral as pessoas não gostam de considerar fatores étnicos, raciais e
religiosos por receio de estarem enfocando em estereótipos desvirtuados. No entanto, a
associação subcultural é um dos fatores-chaves utilizados nas estratégias de marketing para
moldar as necessidades dos consumidores. Pessoas de mesma descendência étnica costumam
confiar mais em porta vozes e garotos propaganda que pertençam ao seu mesmo país de
origem e tenham suas mesmas características raciais (SOLOMON, 2008).
.Ao mesmo tempo, fatores religiosos também são importantes para o estudo do
consumidor, pois pessoas de uma religião (praticante) com restrições ao sexo e álcool tendem
não se sentir confortáveis diante a estímulos mercadológicos, mesmo que de outros produtos,
que adotem uma perspectiva muito sensual. Outro fator interessante é que judeus, por
exemplo, apresentam maior preferência por práticas de lazer, consumo e esportes coletivos,
enquanto católicos se mostram mais individualistas, deixando clara a importância destes
fatores para o mundo do marketing e dos estudos do comportamento do consumidor
(SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
Mowen e Minor (2006) identificam que pessoas com idades semelhantes tendem a
se comportar de maneira parecida, podendo portando formar subculturas de idade. Identifica-
se entre pessoas de uma mesma faixa etária a existência de padrões comportamentais
similares, relacionados a seu modo de pensar e agir. Isto acontece porque pessoas de mesma
idade compartilham uma similaridade em relação às experiências de vida que já tiveram e as
que desejam ter (MOWEN; MINOR, 2006).
A segmentação demográfica, seja ela por idade, sexo, escolaridade ou profissão, é
utilizada com freqüência para identificar segmentos de mercados e subculturas, por permitir
que sejam estruturadas estatísticas vitais de uma sociedade. Os dados demográficos são
51
mensuráveis com mais facilidades que outras variáveis utilizadas para segmentação, pois eles
são necessariamente incluídos em estudos psicográficos e socioculturais, devido ao fato de
adicionarem significado aos resultados de pesquisa. As variáveis demográficas são capazes de
identificar a continuidade das mudanças e hábitos de consumo sinalizando variações e
oportunidades de mercado. Através deste modelo de segmentação foi possível identificar as
principais diferenças comportamentais e de consumo entre o sexo feminino e masculino e
principalmente as mudanças que ocorrem como reflexo do ciclo de vida humana e sua relação
com as predisposições de consumo em cada estágio do processo decisório de compra
(SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
A medida em que as pessoas envelhecem e amadurecem, suas necessidades e
preferências começam a se modificar, de modo similar com outras pessoas de mesma idade.
Por esta razão a subcultura da idade aborda traços significativos da identidade dos
consumidores, que auxilia a prever e identificar tendências e características desejadas por um
grupo de pessoas de mesma idade, que vivam em circunstâncias parecidas. Cada faixa etária
apresenta uma linguagem própria e preferências diferentes, obrigando que os profissionais de
marketing a entender sua personalidade e se comunique na mesma linguagem (SOLOMON,
2008).
Schiffman e Kanuk (2000) afirmam que o interesse das pessoas por bens de
consumo geralmente variam de acordo com a idade do comprador. As necessidades dos
indivíduos vão se alterando à medida que envelhecem, por isto é importante considerar a
idade do consumidor. É preciso então entender como as crianças assimilam estas informações
e as decodificam no decorre do processo de compra, com isto se torna possível comparar as
diferenças entre os modelos de consumo de uma criança e de um adulto, entendendo as
diferenças entre as gerações e como elas se comportam em relação ao consumo. Diversas
empresas já adotaram uma perspectiva focada em um publico consumidor específico,
segmentado por idade, como o Disney Channel, que atua com uma programação voltada
especialmente para o público infantil (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
Solomon (2008) explora a correlação de características em comuns em
determinadas faixas etárias com o objetivo de entender estas subculturas e gerar conteúdo
pertinente para as análises e estratégias de marketing a serem utilizadas por aqueles que
desejam se comunicar e vender para alguma destas faixas etárias. Para isto, Solomon (2008)
sugere que sejam feitos coortes de idade, ou seja, identificar um grupo de pessoas de idade
semelhante que tenham passado por experiências parecidas. Usualmente estas subculturas
52
preocupam em serem crianças, gostam disto. Membros desta geração se relacionam cada vez
mais com grupos de diversas origens: amigos da escola, do cursinho, do esporte, do poker on-
line, do Twitter, do Orkut, do Face-book – tendo a oportunidade de se relacionar com outras
pessoas e conteúdos vindos de todas as partes do mundo (O’DONNELL; YARROW, 2009).
Conger (2005) identifica que as crianças nascidas após 2000 já são nativos digitais, conhecem
apenas o mundo com celulares, computadores e internet. A geração Z, que considera nascidos
a partir de 1998, são hábeis usuários da tecnologia e amplamente receptivos a novos produtos
e a experimentação (ROBERTS; FOEHR; RIDEOUT, 2005).
Já estudada a segmentação por gerações, para o presente estudo monográfico, é de
suma importância que se compreenda como as gerações foram formuladas e analisadas. Ao
passo que já se explicou o modo como as gerações são definidas e suas principais
características, os itens a seguir aprofundar-se-ão nas duas gerações que dão vazão a este
estudo – a geração X e a geração Z.
4.2.1.5.1 Geração X
rendimento escolar de seus filhos e embora não sejam tão rígidos quantos seus pais eram com
eles, cobram resultados e estabelecem sanções e castigos para seus filhos caso não cumpram
sua parte (KULLOCK, 2009). Este posicionamento de “meio termo” adotado pela geração X
é reflexo da mescla de influências que este grupo recebe de seus pais, irmão mais velhos e
sociedade. No Brasil utiliza-se também o termo XY, unindo adultos da geração Y e geração X
(TAKAHASHI, 2007).
Por outro lado, a geração X é comumente taxada como a geração perdida, lerdos,
alienados e preguiçosos. Este estereótipo é resultante das fortes mudanças de paradigmas que
começaram nesta época a fugir das perspectivas utópicas, permeando tópicos mais realistas e
consumistas. A maioria dos integrantes desta geração nasceu após a chegada do homem á lua
(1969), assistiram o surgimento das primeiras tecnologias da informática pessoal, através do
computador e já eram usuários de televisão e videocassete e vitrola (ESSEY, 2007).
Os Babby Busters (Geração X) deixam claro que o trabalho não é a prioridade
numero um de suas vidas. No trabalho dão preferências a atividades diversas, que não sejam
repetitivas, pois não aceitam fazer a mesma coisa todos os dias. Conger (2005) atribuí a falta
de vínculo desta geração com as empresas ao fato de que, justo quando este grupo estava
entrando no mercado de trabalho, começou a grande onda do downsizing, que demitia
funcionários mais antigos das empresas devido ao custo de manutenção que estes funcionários
apresentavam. Observa-se que os objetivos de carreira da geração X são voltados para novas
oportunidades e desafios, são focados no desenvolvimento de novas habilidades e
aperfeiçoamento de seus pontos fortes. São adeptos do trabalho em equipe, autoconfiantes,
empreendedores e gostam de feed-backs regulares para acompanhar o desenvolvimento de seu
trabalho. Previsões apontam que a geração X continuará lutando por sua liberdade e
autonomia no trabalho, alegando que a flexibilidade gera criatividade e inovação (ESSEY,
2007). Até o final de década de 90 a Geração X ainda sofria com o modelo impositivo e sério
das empresas. Com a explosão da internet a geração X fez com que seus líderes
enriquecessem. O momento atual representa o apogeu profissional da geração X, que se
estenderá até meados de 2020, quando a geração Y já terá forças para se posicionar como
líderes do mercado profissional (KULLOCK, 2009).
Enquanto consumidores a Geração X prefere receber informações de modo mais
sincero e direto, pois foram a primeira geração a ser bombardeada de anúncios e propagandas
e criaram uma restrição á empresas que tentam impor seus produtos. Eles querem ser tratados
com respeito, não gostam de estereótipos e se sentem livres para fazer escolhas deixando de
56
lado a preocupação com o que seus pares pensam. Strauss, Howe e Morrow (1992) sugeriram
que para se comunicar coma geração X era preciso ser musical, visual, dinâmico, direto,
oferecer valor, pois a geração X entende o valor de seu dinheiro. Para criar identificação com
a geração X não se pode minimizar o lar – gostam de ficar em casa, de ter boa mobília, assistir
a um filme (SAKELLARIDES, 2010).
A geração X retrata também os adultos saídos de boas universidades, com
empregos bem remunerados, que passam a ter maior apego a marcas e representar uma
significativa parcela do mercado de luxo. Este fato também pode estar atrelado a liberdade
política que foi conquistada por esta geração, que é mais descrente quanto a ideologias,
influenciados pela cultura de consumo. Atualmente, perto dos 40 anos já compreendem a era
do ficar e de relações liquidas. Demoraram a sair de casa, deixando para fazê-lo na hora do
casamento, preferencialmente após os 30 anos (KULLOCK, 2009). Com relação aos hábitos
diários desta geração, observa-se que 55% das pessoas que estão dentro da faixa de 30 a 49
anos lêem jornal diariamente, enquanto os membros mais jovens da geração X, na faixa dos
30 anos, apresentam apenas 39% de leitura freqüente de jornais.
Os membros desta subcultura utilizam vastamente o recurso de internet, 60%
desta geração utiliza internetbanking, além disto, também possuem o hábito de programar
viagens de férias. Esta geração procura hotéis confortáveis, mas também bem estruturados
tecnologicamente, apreciando o acesso a internet, televisão de LCD e pequenos confortos. A
geração X é precursora no que diz respeito a atualização dos shoppings centers, pois quando
saem querem mais do que apenas comprar, querer ir ao shopping para jantar calmamente em
um restaurante, não apenas comer em uma praça de alimentação. Também querem sentar-se
em um café enquanto trabalham em seu notebook e quem sabe assistir algum filme depois
(SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
Os pais de “tweens” são hoje em sua maioria membros da geração X, que é uma
subcultura bem diversificada, pois observa-se características de acomodação, mas ao mesmo
tempo de liderança e negocio próprio, por exemplo. Orientam-se em relação ao consumo tanto
por qualidade quanto por valor. Demonstram interesse em manter uma estrutura familiar
sólida, depois de eles mesmos terem sido crianças protegidas. Esta geração apresenta um
numero significativo de economias guardadas para eventos futuros, principalmente se
comparado a seus pais. Esta geração passou a ver o lar também como uma expressão de
individualidade, não apenas preocupados com o sucesso financeiro e material (SOLOMON,
2000).
57
A geração X encontra-se hoje por volta dos 35-40 anos de idade, suas habilidades
mentais começam a se modificar, a memória se torna mais limitada, e as considerações em
torno de uma marca já conhecida não se mostram mais tão fortes, por isto este consumidor
não está mais disposto a fazer análises complexas sobre um produto (MORCHIS, 1994).
Neste estágio, já estão bem estabelecidos profissionalmente e já não se preocupam tanto com
a diferença de preço entre produtos, comprando aqueles que estão acostumados ou de fácil
acesso. Neste segundo momento da geração X, após terem os filhos nascidos, estando o
primogênito com cerca de 10 anos de idade, na maioria das famílias, os pais ficam mais
sensibilizados pela falta de tempo junto a crianças, confiando grande parte da atribuição de
educação ás escolas e professores (ESSEY, 2007).
No mundo da digitalização, as crianças não estão sendo apenas educadas por seus
pais e escola, mas também pela televisão, internet e games o que os tornam mais exigentes e
precoces. É esperado que a mulher tome as principais atitudes em relação à educação de seus
filhos, que converse mais com eles, identifique seus desejos e necessidades e tenha maior
preocupação com os problemas familiares. Contudo, cada dia mais, à medida que as crianças
têm mais facilidade obter as informações e apresentar justificativas concretas a seus pais, eles
se tornam o decisor final da compra, podendo esta ser paga por seus pais ou com a própria
mesada da criança. É preciso então entender como as crianças assimilam estas informações e
as decodificam no decorre do processo de compra, com isto se torna possível comparar as
diferenças entre os modelos de consumo de uma criança e de um adulto, ressaltando as
diferenças entre as gerações e como elas se comportam em relação ao consumo (MORGADO,
2000). Deste modo, o item a seguir analisará a geração Z, suas características, modelos de
interações com seus pais da geração X e seu comportamento de consumo.
4.2.1.5.2 Geração Z
Para entender este novo consumidor, Solomon (2000), de acordo com diversos
profissionais de marketing, denomina crianças que estão no final da infância, de oito a
quatorze anos como “tweens”. Estes pequenos consumidores se mostram cada dia mais
informados e exigentes e formam um mercado com grande potencial. Roberts, Foehr e
Rideout (2005), assim como vários outros estudiosos do comportamento das gerações,
denominam este novo grupo de consumidores como geração M (nos Estados Unidos) e
geração Z (no Brasil). Já Bauman (2007) utiliza o termo geração C. Contudo, por maior que
58
seja a gama de nomes, todos estes termos se referem a uma mesma subcultura, os nascidos na
era da informação, da tecnologia, da internet, os plugados, conectados, interligados,
informados, adiantados e acelerados (KULLOCK, 2009).
A denominação geração Z é proveniente do verbo zapear, ou seja, mudar
constantemente o canal de televisão que estão assistindo, mas não retrata apenas a falta de
paciência com a programação televisiva, mas a ânsia de fazer várias coisas ao mesmo tempo,
mudar, trocar, experimentar. A geração Z passa da internet para o celular, do celular para o
MP3, do MP3 para o videogame, voltam para internet, ligam para o amigo, conversam por
Messenger (MSN), ouvem música e voltam para televisão (BAUMAN, 2007). O modo de
pensar desta geração foi completamente influenciado pela complexidade tecnológica e o fácil
acesso a informação. Sua visão de mudo é completamente desvinculada de restrições
geográficas, pois além do crescente mercado de turismo e maior acessibilidade a viagens
aéreas, a internet rompe padrões aproximando pessoas que nunca antes teriam pensado em se
conhecer. Para a geração, diferentemente de seus predecessores, a dificuldade não está em
obter a informação, mas sim em identificar apenas aquilo que lhe interessa e o que é valido
(BECK; WADE, 2009).
A geração Z é a primeira geração ser fortemente marcada por fatores sociais, não
estando relacionados a marcos políticos, econômicos ou guerras. A geração Z é a geração
globalizada, o significativo advento da internet e o boom tecnológico fizeram desta geração
pessoas mais abertas, com círculos de amizade estendidos e capazes de realizar diversas
tarefas ao mesmo tempo. Uma das principais características da geração Z é que, diferente das
gerações que vieram antes, ela contempla características presentes em pessoas no mundo todo
ao mesmo tempo, se tratando de pessoas que tenham as mesmas características financeiras e
educacionais. Nas gerações anteriores, observa-se que existem diferenças entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, pois a informação chegava tardiamente nos países de
terceiro mundo, entretanto, atualmente as crianças do mundo inteiro, em mesmas condições
socioeconomicas, apresentam as mesmas características em uma mesma perspectiva
cronológica em diferentes regioões do mundo (O’DONNELL; YARROW, 2009).
A geração Z é acostuma a telefones celulares, netbooks, tablets, smartphones e
vídeos em alta definição. Em contraponto, para este grupo a obsolescência é bastante comum,
pois por estarem acostumados com a rápida mudança e substituição de produtos, muitas vezes
deixam de dar valor as coisas. Alguns autores denominam esta subcultura de geração
silenciosa, não mais por restrições político-sociais, mas sim porque passam a maior parte do
59
televisão fechada para gravar seus desenhos prediletos, ligam e jogam nos celulares de seus
pais (KULLOCK, 2009).
Outro fato interessante é que 25% dos tweens (ou geração Z) se comunicam
semanalmente com outros membros desta subcultura etária de outras nacionalidades, que não
raramente falam um idioma diferente do seu. Eles afirmam que é mais fácil fazer novos
amigos pela internet (21%), para mais de um quarto deste grupo a internet representa seu
principal meio de comunicação com outras pessoas. Observa-se também que na internet,
praticamente a metade deste grupo prefere utilizar o TweenSpeak, que é a linguagem
abreviada, siglas, ícones e figuras, os tweens consideram ultrapassada a utilização gramatical
correta de sua língua mãe e criam suas próprias expressões e meio de comunicar-se
(SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
Schiffman e Kanuk (2009) afirmam que os tweens são fortes consumidores e
representam um mercado lucrativo, pois além dos gastos deles próprios, soma-se ainda os
gastos que as famílias tem com eles. Famílias que possuem filhos nesta faixa etária gastam
cerca de 50% de sua renda em produtos alimentares. Os tweens gastam ou influenciam o gasto
de 1,8 trilhão em compras no mundo todo. Os tweens são fortes influenciadores de compra no
que diz respeito ao consumo familiar, apresentando uma porcentagem de até 80% de força na
decisão de uma marca em detrimento de outra. Este grupo apresenta significativas influências
em cerca de 60% das compras familiares e já não esperam mais se manter informado apenas
pelas mídias tradicionais, eles buscam novas informações, pesquisam na internet, comparam
preços e utilizam estas informações como argumento junto aos seus pais para comprar o que
desejam (SAKELLARIDES, 2010).
O público infantil vem demonstrando seu poder de consumo e chamando a
atenção das empresas. O poder das crianças para fisgar os pais e persuadi-los a compra é
imenso. A partir das séries iniciais do colégio, as crianças passam a conviver com outras
crianças, outras famílias e a se ligarem mais nas mídias e computador, a partir deste momento
começam a exercer um papel mais significativo dentro de casa como influenciador de
consumo. Passam a querer o tênis que o colega da aula tem, a mochila do desenho animado -
o “quero isto, quero aquilo”. Os pais, muitas vezes acabam cedendo à pressão, também por se
sentirem culpados pelo tempo que passam fora de casa, no trabalho. Antigamente o que as
crianças consumiam ou não era definido por seus pais, hoje a influência das crianças sobre os
pais é tão significativa quanto a da mídia, dos amigos e dos colegas de trabalho (LINN, 2006).
61
idealização da vida que muitas pessoas desejam, são atrizes de cinema e da televisão, famosos
e idolatrados. As celebridades servem como endosso de marca e produto, testemunho de uso,
personagem da marca ou porta voz da empresa. São figurais com as quais os consumidores já
estão familiarizados e idolatram. O grupo dos especialistas endossa a tomada de decisão do
consumidor, como conhecedor do assunto e, portanto porta voz da melhor escolha. O homem
comum representa o terceiro grupo e cria o efeito de cotidiano, familiaridade e identificação
(SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
O quarto grupo é representado pelos executivos e empregados porta vozes, de
modo geral os executivos parecem ser admiráveis, as pessoas desejam seu status e respeitam
seu mérito. Concomitantemente, o empregado de baixo escalão consegue orbitar na
informalidade e satisfação com o trabalho. Por fim, os personagens de marca representam a
identidade da própria empresa ou produto, se bem plicados, geram identificação com seu
público e aumentam a visibilidade e reconhecimento da marca. Além destes grupos, existem
também os selos de qualidade que auxiliam o consumidor na tomada de decisão e na busca de
informações, confirmando suas características utilitárias e benefícios (SCHIFFMAM;
KANUK, 2000).
Os seres humanos são seres sociais por natureza. A grande maioria de atividades
as quais um indivíduo se envolve ao longo de seu dia requer interface com outras pessoas. Até
mesmo o dormir muitas vezes pode ser tratado como coletivo. Em uma família, por exemplo,
mesmo que existam algumas variações, as pessoas costumam dormir na mesma faixa de
horário e o casal, pai e mãe, dormem juntos em uma mesma cama. Deste modo os indivíduos
sofrem interferências sociais a todo o momento, sendo influenciado pelos valores e
comportamento esperado delimitado por seu grupo de convívio (SAMARA; MORSCH,
2005).
Compreendendo a grande influência da estrutura familiar na formação do
consumidor infatil e a importância da modelo familiar para o estudo do comportamento da
Geração X em relação a compra de gadgets para seus fílhos, o ítem a seguir retrata
específicamente as influências da família sobre os indivíduos, suas peculiaridades e
características.
64
4.2.1.7 Família
Kotler (2000) afirma que a composição da família é uma das mais respeitáveis
estruturas de convívio social, pois de modo geral ela é fixa e constante ao longo da vida,
sendo fundamental como grupo de referência, visto que a força de influência de cada membro
sobre os demais é muito forte. Entretanto, a família exerce um papel tão importante na
formação e desenvolvimentos das pessoas, que não pode ser apenas considerada como um
simples referência, é preciso aprofundar-se para entender sua real importância e sua
participação na vida de cada indivíduo, analisando a família em cada etapa do ciclo de vida
humano, desde o nascimento até a morte (MOWEN; MINOR, 2003).
A literatura de sociologia sobre famílias propõe em diversos momentos a teoria
funcionalista, que desde os anos 50 dominou a sociedade norte-americana e gerou reflexos
marcantes na sociedade brasileira. Esta corrente sugere que a família é, em primeira estância,
uma agencia socializadora com grande influência sobre a formação da personalidade do
indivíduo, sendo o primeiro grupo de referência com o qual ele convive. Considerando a
perda da participação econômica e política no núcleo família no decorrer da historia, o papel
da família está hoje concentrando no papel de socialização na vida infantil e responsabilidade
de formação da boa conduta, socialmente aceita na vida adulta das crianças. Os estudos da
família em relação ao consumo concentram-se em um foco nuclear, que representa a família
direta, pais e filhos, que geralmente vivem no mesmo ambiente físico (casa ou apartamento) e
dependem uns dos outros (LINTON, 2000).
A família nuclear vem cada dia mais se separando da família global que considera
tios, tias, avós e outros. Isto ocorre por diversos motivos, sejam eles ideológicos culturais ou
até mesmo a distância geográfica. Esta mudança aumentou ainda mais o peso do papel da mãe
na família, que passa a não poder mais contar com a ajuda de parentes na criação e seus filhos
e tende a terceirizar as funções de educação e cuidado através de creches e babás. Os
princípios básicos da psicologia freudiana advêm do papel da família na formação da mente
humana durante a infância, demonstrando que a estrutura constituída na infância reflete na
vida adulta em termos de personalidade, vínculos afetivos e emocionais (BLACKWELL;
MINIARD; ENGEL, 2005).
O censo brasileiro considera família todos aqueles que vivem sobre o mesmo teto,
pessoas ligadas por laços de parentescos e dependências domésticas (Fundação IBGE, 1980).
A família tem algumas funções principais perante a sociedade, que estão relacionadas ao bem
65
estar econômico, emocional, estilo de vida e socialização. O bem estar econômico presume
que família deve prover seu sustento. Nos tempos modernos esta tarefa passou de centralizada
no pai, a compartilhada com a mulher, assim como o casal passa também a compartilhar as
tarefas domésticas. Além disto, cada dia menos os jovens, com condições financeiras
mínimas, contribuem financeiramente com a família, mesmo que eles trabalhem. O apoio
emocional está relacionado ao amor, afeto e intimidade decorrente da família. Através deste
apoio há o estímulo ás decisões nos problemas sociais e pessoais do indivíduo
(SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
A socialização na infância está relacionada às habilidades, atitudes e
conhecimento necessário para começarem a agir como consumidores. As habilidades de
socialização são passadas dos pais para os filhos (diretamente) ou através da observação das
crianças em relação às atitudes dos pais (indiretamente). Muitas crianças assimilam as atitudes
de compra de seus pais e passam a repetir os mesmo processos, isto pode ser observado em
uma criança que já está acostumada a analisar os preços antes de escolher, por exemplo
(SCHWERINER, 2006). Ainda pode-se segmentar em dois pilares distintos a socialização do
consumidor, que pode ser direto (orçamento, preço, marca, funcionalidade) ou indireto
(motivações, emoções, sentimentos), que representa objetivos mais amplos no estudo do
comportamento do consumidor (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
O processo de socialização é continuo, por isto na vida adulta permanece em
mutação, como em situações de mudança: comprar um cão, mudar de vizinhança entre outros.
A fidelidade a um produto ou marca também pode ser explicada por um motivo cultural ou de
costume (LINTON, 2000). Peguemos o caso da margarina, ou maionese por exemplo, desde
criança, através do convívio familiar, aprende-se a consumir um produto em específico e o
consumidor passa a gostar ou acomoda seu paladar a este produto. Existe também o tipo de
transferência física, de passar não apenas o gosto e costume, mas produto físico, como forma
de doação entre irmãos, primos e outros (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
O ciclo de vida tradicional de uma família está relacionado a fases como infância
e adolescência sob convívio familiar na mesma casa, sair de casa, casamento, filhos,
aposentadoria e viuvez. Não necessariamente as pessoas passam pelas mesmas etapas e
seqüência de fatos, podendo algumas destas fases ser ignoradas, puladas ou antecipadas.
Percebe-se que o arranjo familiar se modifica ao longo do tempo e da história de acordo com
as influências culturais predominantes. Embora existam diversos modelos para apresentação
66
do ciclo familiar, o mais utilizado foi elaborado sob o ponto de vista sociológico que
identifica nove etapas principais (KARSAKLIAN, 2000, p. 193-194):
1. Jovem solteiro morando sozinho: apresenta limitações de renda, utilizadas
para suas necessidades residenciais, moda e entretenimento.
2. Jovens casais sem filhos: renda ascendente, foco na profissão.
3. Adultos casados com filhos com menos de 6 anos: aumento das despesas e
dificuldades de conciliação com a profissão.
4. Adultos casados com filhos com mais de 6 anos: melhor situação financeira,
necessidades de consumo mais diversificadas.
5. Casais idosos com a responsabilidade de filhos: maior conforto financeiro,
gastos voltados para educação e saúde.
6. Casais idosos, sem responsabilidade dos filhos e com chefe de família ativo:
economias para aposentadoria, produtos de luxo, viagens e lazer.
7. Casais idosos, sem responsabilidade dos filhos e com chefe de família
inativo: diminuição da renda, buscam moradias menores.
8. Idoso sozinho e ativo: renda elevada, poucas necessidades, foco em viagens,
lazer a saúde.
9. Idoso, sozinho e aposentado: menor renda, necessidades de atenção, afeto e
segurança.
Esta persepctiva identifica e segmenta grupos com perfis similares para consumo,
de acordo com o estágio se encontram no ciclo de vida natural, que tende a influenciar o
modo com que as pessoas consumem, de acordo com suas prediposições, limitações e
necessidades (KARSAKLIAN, 2000).
A antropologia define a família em alguns elementos básicos como regras
proibitivas, bases de valores, expectativas sociais e parâmetros comparativos em um aspecto
social em relação ao meio de convivência social com o grande grupo, considerando o bairro,
cidade ou país. A nova perspectiva antropológica já apresenta a família moderna como o
triângulo: pai, mãe e filho, com alto nível de divórcios e troca de cônjuge, mas também
mesclando a autoridade e o amor nesta relação entre pais e filhos. Surgem novos modelos de
intimidade na família triangular, supervalorizando o amor materno e percebendo dificuldades
de equilibrar o papel da mulher como mãe e trabalhadora fora lar, constituindo mecanismos
hoje fundamentais para a formação da família moderna que coincide com a diminuição da
67
crianças, que faz com que elas aprendam a executar múltiplas tarefas ao mesmo tempo e se
arrisquem mais ao testarem novos produtos (STEINBERG; KINCHELOE, 2004).
A família do século XXI vem se mostrando mais aberta, adquirindo novas idéias e
novos hábitos. Passadas as fases de questionamento ideológico e religioso, há hoje um grande
desprendimento em relação ao apego personificado ou material devido ao grande volume de
informações que circulam todos os dias no mundo globalizado. Este múltiplo referencial não
deixa dúvida das grandes transformações que ocorreram no âmbito familiar ao longo da
história, sendo um item fundamental a ser considerando ao desejar compreender o processo de
compra do individuo em seu contexto familiar e influências deste grupo (BLACKWELL;
MINIARD; ENGEL, 2005).
Finalizando as influências externas sobre o comportamento do consumidor,
apresentam-se as influências ocasionadas pelos estímulos de marketing, oriundos da
comunicação, propaganda e publicidade em todos os pontos de contato entre ofertantes e
consumidores.
Sob a égide do mundo capitalista o mundo está dividido entre o real e o ideal. O
mundo real é mundo tangível, palpável, operacional, matemático e impessoal. O mundo ideal
é incerto, mágico, paradisíaco e desejado. O objetivo do marketing e da publicidade é mostrar
para as pessoas que o mundo ideal é viável, que podem chegar ao estado desejado. O discurso
de vendas das empresas exerce, de certa forma, o controle social, através da hierarquização de
produtos, necessidades e grupo sociais, tornando o consumo um projeto de vida (ROCHA,
1995).
As estratégias de marketing elaboradas pelas empresas têm o objetivo de
apresentar seus produtos, se posicionar no mercado e se fazer lembrar. Seu objetivo é criar
novos hábitos, seduzir e influenciar as pessoas para o consumo. Pode-se analisar o marketing
sob a ótica do micro marketing ou do macro marketing, o primeiro está relacionado com as
ações movidas pelas empresas para satisfazer os desejos de seus clientes, enquanto a segunda
está relacionada ao processo social estipulado pela oferta e demanda, de acordo com os
objetivos da sociedade. Focando no micro objetivo, o marketing, através das mais variadas
ações e estratégias, influenciam o consumidor a desejar serviço e produto, que muitas vezes
não desejariam de modo espontâneo (McCARTHY; PERREAULT, 1999).
69
A estratégia de marketing visa fazer com que os clientes enxerguem mais valor
em um produto do que em seus concorrentes. Para isto, utilizam-se do composto de
marketing, que compreende o posicionamento de produto, preço, praça e promoção. A
comunicação de marketing é a responsável por informar ao consumidor este composto e o que
a compra do item representaria na vida do consumidor (KOTLER, 2000). A promoção é a
grande responsável por gerar estímulos e influências as pessoas para o consumo, no entanto,
todos os elementos do composto comunicam e passam mensagens para as pessoas. O ponto de
venda pode comunicar que uma loja é chique, cara; o preço pode comunicar que o produto é
baixa qualidade; a propaganda pode comunicar que a empresa é socialmente responsável, por
exemplo. Deste modo, o consumidor recebe estímulos de mercado constantes, pois cada
produto a sua volta, cada ambiente, passa uma mensagem, um estímulo para o mesmo
(KOTLER; KELLER, 2006).
A comunicação de marketing é responsável por transmitir mensagens do emissor
ao receptor, ou seja, levar a mensagem de uma empresa para seu público, observando o
retorno da informação passada através do feed-back dos receptores. O emissor pode passar
sua mensagem de modo formal, utilizando-se de mídias, ou de modo informal, através do
boca a boca e indicações. Do mesmo modo, o meio de comunicação pode ser impessoal,
como comunicação em massa, ou interpessoal, no que diz respeito à conversa entre cliente e
vendedor, carta, telemarketing, entre outros. A mensagem utilizada pelo marketing para
motivar o consumo pode ser verbal ou não verbal, a verbal considera as mensagens faladas e
escritas e geralmente trazem mais informações. A mensagem não verbal pode ser representada
por uma imagem, foto, símbolo ou ilustração. Observa-se que a utilização de ambas as
modelos se mostram mais persuasivos do que a utilização de cada um deles separadamente. A
associação de símbolos e logotipos que relacionam marcas com sentimentos e objetos reais
que criam um vínculo entre um objeto, sentimento ou pensamento humano e a marca,
influenciando no seu grau de reconhecimento (SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
Diariamente as pessoas são influenciadas, mesmo que inconscientemente, ao
comportamento de compra. As mídias surgem como meio de levar as mensagens dos
emissores para os receptores. Na televisão, no rádio, no trem, no videogame, no cinema, no
jornal e em diversos outros meios, observa-se a grande relevância que as propagandas têm no
comportamento de compra. A mídia dita não somente o comportamento esperado em relação
ao consumo, mas em relação a todos os fatores inerentes de uma sociedade como beleza,
moda, saúde, amor, trabalho e status social. A internet também vem sendo amplamente
70
utilizada para comunicar e influenciar as pessoas. Percebe-se que o site corporativo promove
a interação e experimentação da marca, detalhes visuais atraentes podem gerar a sensação de
prazer nos consumidores, a facilidade de compra e pagamento podem transparecer
modernidade, inovação e facilidades para o consumidor (KARSAKLIAN, 2000).
Com o intuito de que sua mensagem seja internalizada pelos consumidores, as
empresas utilizam-se de diversas táticas para obter a atenção e memória dos consumidores. A
concepção da mensagem representa os benefícios que podem ser adquiridos com a compra, ou
até mesmo o que se perde com a não utilização do produto. Utiliza-se a técnica de ressonância
com a utilização de jogo de palavras e sentidos, trocadilhos para criar impressões favoráveis e
divertidas. A propaganda comparativa representa a superioridade de uma marca em relação a
outra, buscando combatê-la e preferencialmente criar consumidores fiéis que não apenas
consumam sua marca, mas rejeitem a concorrência. Aplicam-se também os efeitos de ordem e
de repetição, onde as empresas buscam identificar o melhor momento para se comunicar com
seu público e, quando o orçamento permite, utilizar a repetição como meio de fixação e
memorização de sua mensagem (SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
O marketing identifica fatos e emoções inerentes ao consumo e ao estado desejado
pelo consumidores, para fazer apelos racionais e emocionais influenciando no comportamento
de compra. O medo, humor, sexo e família são exemplos amplamente utilizados como apelo,
pois criam na mente das pessoas estados e momentos aprendidos anteriormente, apresentados
na propaganda e projetados pelos consumidores como um estado futuro desejado. O medo é
comumente utilizado em campanhas que tem o objetivo de criar rejeição, como campanhas
antitabagismo. Comunicações com humor tendem a deixar as pessoas mais a vontade e,
portanto mais receptivas. O sexo e culto ao corpo são amplamente utilizados, pois a cultura da
beleza já foi completamente assimilada pela sociedade, sendo um objeto comum de desejo
(SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
A situação de consumo também representa um amplo espaço para o marketing. O
ambiente, música, decoração, odores, clima e arrumação também interferem no processo de
compra, pois deixa o consumidor mais a vontade ou não em determinada situação, podendo
aumentar sua disposição para compra. As cores de uma loja podem ser responsáveis por
sentimentos vibrantes, cansados, alegres ou tristes. De modo geral, cores quentes são mais
estimulantes que cores frias. Um aroma desagradável pode desmotivar uma pessoa a entrar
em uma loja, enquanto um odor agradável pode fazer uma pessoa voltar a uma loja e deixá-la
mais propicia a compra, assim como a música, que pode influenciar no humor, tempo de
71
permanência na loja e identificação pessoal da pessoa coma marca. Deste modo, observa-se
que o marketing é o responsável por grande parte dos estímulos de compra, influenciando nas
preferências e desejos do consumidores e até mesmo em sua personalidade, atenção, memória
e outros fatores psicológicos e pessoais que serão estudados a seguir (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Finalizados os estudos das influências externas, a seguir
aprofunda-se no conhecimento e apreciação do conteúdo bibliográfico das influências
internas.
Samara e Morch (2005) fazem uma analogia entre o ser humano e um iceberg
onde apenas conhecemos o que as pessoas expõem para o mundo, conhece-se apenas a ação, o
comportamento dos indivíduos, mas tudo aquilo que motiva e causa tais ações fica escondido,
submerso. Somente é possível conhecer o todo de um individuo através da imersão em seu
interior, nas camadas que não estão à mostra.
O método mais comumente utilizado é suposição, contudo, criar conclusões a
partir da observação de certa ação ou comportamento não é garantia que se entenderá as
causas e motivações de certo individuo. Ao observar as atitudes de uma pessoa e criar
hipóteses, depara-se com uma infinita gama de opções que podem ter motivado o indivíduo a
tomar aquela ação, todas estas motivações pressupostas são apenas inferências da mente do
observador, portanto não significa que seja a realidade do observado. Sugere-se então
perguntar ao consumidor, conversar como ele e analisá-lo sob o angulo que o indivíduo
propõem, e não aquele que as empresas desejam (SAMARA; MORSCH, 2005).
O cliente é antes de mais nada uma pessoa e pessoas são seres complexos,
mutáveis, racionais e emotivos. Giglio (2002) explica que a natureza humana é formada pela
razão, emoção, socialização, dialética, complexidade e gregária (GIGLIO, 2002). Neste
momento as analises passam a ser desenvolvidas para dentro do individuo, entendendo-os
como pessoas, singulares e complexas. A seguir analisa-se sob a proposta de Hawkins,
Mothersbaugh e Best (2007) a percepção, aprendizado, memória, razões, personalidade,
emoções e atitudes dos consumidores e como tais fatores estão interligados.
72
4.2.2.1 Percepção
com que o interessa. Embora a maioria das pessoas evite assistir a comerciais e outros
estímulos de vendas, muitas vezes, quando estão interessados em conhecer mais ou comprar
certo produto, os consumidores buscam ativamente por informações e se expõe
voluntariamente aos estímulos promocionais de certa marca ou empresa. Ao visitar o web site
de uma empresa os consumidores estão se expondo deliberadamente ás mensagens de
marketing que a empresa que passar. Este mesmo efeito ocorre quando se lê pop-ups,
catálogos, assiste-se a um comercial pelo qual espera ver por gostar do mesmo, ou até mesmo
ao se movimentar em direção ao setor do supermercado que contém os itens que deseja
comprar (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Karsaklian (2004) identifica que existem cinco principais formas ou
características da percepção:
• Subjetiva: forma como o indivíduo apropria-se de uma situação ou produto e
constitui a sua realidade perceptual, considerando a discrepância entre o estimulo emitido e o
recebido;
• Seletiva: o individuo processa apenas aquilo que o interessa;
• Simplificadora: incapacidade humana de processar todos os estímulos
recebidos, a mensagem é simplificada e a apenas as principais facetas são percebidas;
• Limitada no tempo: é esquecida rapidamente caso não haja memorização;
• Cumulativa: soma de diversas percepções.
Para Samara e Morsch (2005) a compreensão de todas as características da
percepção recentemente apresentadas, viabiliza que os profissionais de marketing possam
desenvolver modelos mais eficazes para atrair a atenção de seus consumidores e estimulá-los
a comprar. Conseguir a atenção dos consumidores requer fazê-los centralizar-se em um
processamento dedicado a um estimulo especifico (SOLOMON, 2008). Este estímulo ativa os
nervos receptivos e as sensações resultantes são direcionadas para o cérebro processar. Obter
a atenção dos consumidores é um dos principais desafios do marketing, porque uma boa
propaganda que ninguém vê é uma má propaganda (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST,
2007).
Ries e Trout (1993) afirmam que o marketing não se trata de uma batalha de
produtos, mas sim de percepções. Ao deter a atenção do indivíduo consegue-se criar nele uma
memória que fundamentará o seu aprendizado sobre certa marca ou produto, que pode resultar
numa mudança ou comportamento de compra futura, sendo, portanto de suma importância a
75
pessoas são capazes de estabelecer por meio de raciocínio lógico, atitudes, crenças e
experiências vividas. Nesta teoria destacam-se como principais fatores de estudo a
consciência, processamento de informações, memória e associações estabelecidas
(SAMARA; MORSCH, 2005).
Ainda hoje existem controvérsias na determinação do processo de aprendizagem
para identificar se o mesmo acontece de modo consciente ou não. A linha behaviorista
enfatiza a automaticidade do condicionamento, enquanto cognitivistas defendem que o
condicionamento ocorre através do desenvolvimento de hipóteses conscientes que
fundamentam suas atitudes. Entretanto, Solomon (2008) ressalta que existem evidências que
compravam que em diversas situações as pessoas agem de maneira não-consciente e passiva,
principalmente em atividades rotineiras e repetitivas (SOLOMON, 2008).
O marketing impacta fortemente sobre os consumidores através dos estímulos
gerados nas propagandas, pontos de venda e produtos que disputam a atenção e o dinheiro das
pessoas. Estes estímulos são processados pelos indivíduos através da percepção sensorial
(imagens, odores, sons, texturas, gostos) que ao receber a informação, passa pela etapa de
atenção e posteriormente de interpretação. Na prática isto ocorre ao expor o consumidor a um
jingle, ao ver um outdoor ou até mesmo ao provar uma camisa. Esta exposição constante a
múltiplos estímulos faz com que o consumidor preste atenção a alguns e a outros não, porque
as pessoas possuem fatores de deleção individuais que ilustra seu gosto e preferências na hora
da escolha do que quer ouvir ou não (SOLOMON, 2008; KOTLER, 2000).
O processo de aprendizagem está intimamente ligado a memória, pois esta é a
responsável pela acumulação das experiências e percepções anteriores e, de acordo com
reconhecimento e interesse do indivíduo sobre o estimulo proposto, será armazenado por um
espaço curto ou longo de tempo. A memória evolve o processo de aquisição e retenção de
informações para que as mesmas estejam disponíveis quando solicitadas (HARA; CRISTINA;
ESCANHUELA, 2003). Resumidamente, em um primeiro estágio a mente humana recebe e
reconhece informações, este estágio denomina-se codificação, o passo seguinte é a
armazenagem, onde a nova informação recebida é integrada a outras memórias já existentes e
fica “guardada” á espera do momento de recuperação. A codificação de uma informação
auxilia a determinar como ela será determinada futuramente. De modo geral, dados de entrada
que estabelecem vínculos com outras lembranças já existentes apresentam maior
probabilidade de ser retido. Neste momento o significado da informação recebida colabora
77
para nortear o tipo de memória que será estabelecido para cada informação (SOLOMON,
2008).
O significado sensorial esta ligado a fatores como cor e forma, enquanto o
significado semântico acontece através de estímulos simbólicos como projeções. Entretanto,
um dos fatores mais importantes para que o indivíduo estabeleça conexões e identifique
significados é a relevância pessoal que a informação representa para ele. Estímulos referentes
a episódios relevantes para uma pessoa são mais facilmente internalizados e pode ter efeito
sobre comportamentos futuro (SOLOMON, 2008).
Samara e Morsch (2005) apresentam o modelo de processamento de informações
sobre três perspectivas distintas de memória: memória sensorial, memória de curto prazo e
memória de longo prazo. A memória sensorial reúne os inputs perceptíveis aos cinco sentidos
humanos, este tipo de armazenagem é temporário e sobrevive por poucos segundos, entretanto
pode ser suficiente para fazer uma pessoa entrar em um restaurante. Caso esta informação seja
retida para processamento posterior através da atenção ela se transfere para a memória de
curto prazo, que também é conhecida por memória de trabalho. Este segundo tipo de memória
tem uma capacidade restrita, na qual as informações são analisadas e processadas de modo
breve para utilização imediata (SAMARA; MORSCH, 2005).
A memória de curto prazo é utilizada no momento em que as pessoas analisam e
interpretam as informações, posteriormente é descartada, pois sua capacidade de
armazenamento é limitada em uma faixa de cinco a nove fragmentos por vez. É na memória
de curto prazo que as atividades referentes á elaboração acontecem, utiliza-se das
experiências, valores, emoções e crenças já armazenadas para interpretar e avaliar as novas
informações, bem como adicionar a ela outras mensagens relevantes previamente
armazenadas. A atividade de elaboração envolve tanto conceitos quanto imagens mentais, os
conceitos são referentes a abstração de uma realidade que compõe os significados de um item
em relação a outros conceitos já conhecidos, enquanto as imagens mentais abrangem idéias,
sentimentos e representações sensoriais. Independentemente de ser uma analise conceitual ou
de imagens mentais a extensão da elaboração é fundamental no processo de aprendizagem,
pois quanto maior o envolvimento, maior será a elaboração, aumentando as chances da
informação ser transferida para uma memória de longo prazo (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
A memória de longo prazo é considerada permanente e ilimitada, ela permite que
os indivíduos retenham informações por longos períodos de tempo. O processo de passagem
78
da memória de curto prazo para longo prazo envolve um ensaio de elaboração, que relaciona
o novo estimulo com outras informações já memorizadas. Informações já memorizadas estão
relacionadas através da memória semântica, que é constituída pelos sentimentos básicos do
individuo a cerca de um conceito, produto ou marca. A memória episódica funciona do
mesmo modo, porém está relacionada a vivências através da memória de uma seqüência de
acontecimentos e situações. Ao se associar novos conceitos, sejam semânticos ou episódicos,
a outros conceitos e episódios seu significado adquire maior profundidade, formando a
memória esquemática que representa a rede de associações que as pessoas conseguem
estabelecer (SOLOMON, 2008).
Além disto, ao se estabelecer correlações o individuo passa a entender o processo
como um todo, ou seja, identificar os estágios necessários para chegar-se a um estado final
desejado. Este tipo de esquema é conhecido como roteiro e é ele quem sustenta e internaliza
as atividades necessárias para um objetivo final, considerando cada etapa que deve ser
realizada, no caso da sede, por exemplo, o roteiro básico seria comprar ou buscar alguma
bebida na geladeira e tomá-la. A cada vez que um roteiro é repetido ele é fortalecido, o
mesmo acontece toda vez que uma informação é acessada ou vinculada com outras situações.
A força e os vínculos de entrada também ajudam a determinar a facilidade para uma
informação ser recuperada na memória de longo prazo, definindo a acessibilidade de uma
memória (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Segundo Solomon (2008) os significados podem ser ativados direta ou
indiretamente, pois quando um item é ativado outros pontos associados a este item também
são. Do mesmo modo, as informações que não são acessadas com o passar do tempo tendem a
desaparecer através de um processo de declínio. O esquecimento também é potencializado por
interferências, que são representadas pelas novas informações aprendidas, que deslocam as
mais antigas, pois a disponibilidade das informações armazenadas para procuras futuras é que
fundamentará o aprendizado de novas propostas. Após passar pelo processo de aprendizagem
de tudo aquilo que foi exposto, o individuo volta-se para si mesmo fazendo comparações e
estabelecendo padrões de aceitação entre aquilo que lhe foi proposto e aquilo que ele acredita
(BERTMAN, 1998). Para Kotler (2000) a teoria da aprendizagem mostra três principais
meios para que as empresas se comuniquem com seus consumidores e crie demanda para seus
produtos, a primeira é associar-se a fortes impulsos, a segunda é usar sinais motivadores e por
fim fornecer reforços positivos. Com isto, alinha-se a proposta de marketing propostas pelos
gestores com os desejos do consumidor, fazendo com que ele tenha maior probabilidade de
79
consumir, pois o deseja. A seguir observa-se o estudo da motivação humana e seu reflexo
sobre do individuo enquanto consumidor.
4.2.2.3 Motivações
Para efetuar uma compra o indivíduo parte de estar motivado para suprir uma
necessidade que advém de um desejo daí ele busca um produto ou serviço de acordo com suas
preferências, faz suas escolhas que estão diretamente ligadas aos freios (KARSAKLIAN,
2000).
O envolvimento de consumo está relacionado à relevância que o objeto apresenta
nas necessidades, interesses e valores de cada pessoa. O grau de envolvimento de um
indivíduo pode variar do desinteresse e inércia até a obsessão (SOLOMON, 2008). O
envolvimento pode acontecer em diversas faces, pois pode haver envolvimento das pessoas
com um produto, com uma mensagem, ou comercial ou até mesmo com a situação de compra.
Estes fortes sentimentos são conhecidos como emoções e estão vinculados ás necessidades,
motivações a personalidade das pessoas, se tornando um importante fator do estudo na analise
do comportamento do consumidor, conforme será visto a seguir (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
4.2.2.4 Emoções
4.2.2.5 Atitudes
Kanuk (2000) as atitudes também podem ser influenciadas pela situação, ou seja, o
consumidor pode ter atitudes diferentes sobre um mesmo evento quando vivenciado em
situações ou momentos diferentes. As atitudes externalizam a essência das preferências de um
indivíduo, pois existem coisas que certas pessoas gostam e outras não. Estes fatores variam de
pessoa para pessoa com base no seu referencial afetivo e de julgamento, gerados a partir de
suas características psicológicas que descrevem sua personalidade, conforme será exposto no
sub-capítulo seguinte.
4.2.2.6 Personalidade
O estilo de vida de um indivíduo pode ser definido pelo padrão existente em suas
escolhas, principalmente no que diz respeito à administração do seu tempo e dinheiro. De
modo geral, as pessoas apresentam um padrão comportamental que determina em que local,
em que momento e de que maneira irão gastar seu dinheiro. Portanto, observa-se que as
pessoas estabelecem seu estilo de vida de acordo com suas escolhas. Os estudiosos de
marketing procuram identificar estes padrões para poder classificar grupos com preferências
similares (MOWEN, MINOR, 2003).
Para Engel, Blackwell e Miniard (2000) o estilo de vida é importante por refletir
diretamente sobre as atividades com as quais uma pessoa se envolve, assim como suas
opiniões e interesses. Este movimento acontece de forma tão intensa que acaba por interferir
diretamente nos hábitos de consumo das pessoas, podendo servir até mesmo como modelo de
segmentação de mercados. Entretanto, pessoas que pertencem a uma mesma classe social,
subcultura ou ocupação profissional, podem apresentar estilos de vida completamente
diferentes (KOTLER; KELLER, 2006). No marketing o estilo de vida relaciona padrões de
consumo de acordo com classificações pessoais repetidas e ampliadas para grupos, tomando
por base as coisas que as pessoas gostam de fazer em seu tempo livre, com quem passam este
tempo e como gastam seu dinheiro. Estas escolhas definem oportunidades estratégicas para
segmentar mercados, reconhecendo a importância do estilo de vida escolhido por cada pessoa
92
ao optar pelos produtos que consome e marcas que prefere (SOLOMON, 2008;
KOTLER;KELLER, 2006).
Solomon (2008) ressalta que é preciso tomar cuidado ao fazer agrupamentos e
segmentar mercados apenas pelo estilo de vida, pois, por mais que um grupo apresente
semelhanças, como morar no mesmo bairro, classe social e nível de instrução, as pessoas
ainda podem optar por opções de consumo diferentes. É importante ressaltar que o estilo de
vida não é fixo nem imutável. Com o passar do tempo as preferências individuais se
modificam e novas coisas, antes sem valor para uma pessoa, passam a ter forte significância
em sua vida. Não são raras situações onde as pessoas, ao se lembrarem de tempos passados,
julguem engraçado ou ridículo o modo com que se comportavam e seu estilo (SOLOMON,
2008).
Os hábitos de consumo são influenciados pelo seu estilo vida. Este estilo é uma
contraposição de características individuais, que são formadas e moldadas de acordo com a
experiência de vida de cada pessoa, as interações sociais que estabelece e suas mudanças
pessoais inerentes ao ciclo de vida. O estilo vida está relacionado ao modo com que a pessoa
vive - a intensidade, os padrões e costumes. É o modo com que as pessoas representam sua
auto-imagem, conforme se apresentará a seguir (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST,
2007).
4.2.3.1 Auto-imagem
Existem ainda objetos de consumo com os quais as pessoas estabelecem laços tão
profundos, que podem representar uma extensão da própria personalidade da pessoa. Produtos
como estes, que conseguem criar seu próprio espaço na vida do indivíduo, passa a ter um
valor emocional tão significativo que, quando seu dono é roubado, por exemplo, se sente
violentado direto e pessoalmente. O mesmo acontece em itens de colecionador, como moedas
e miniaturas. Estes itens apresentam valores superiores a simples posse e transferência de
materiais, fazem parte da pessoa. O status da compra, ou do bem já adquirido, toma um
espaço tão grande na vida das pessoas, que se torna um ingrediente formador de sua
personalidade e da imagem que as pessoas atribuem a si mesmas, esperando serem
reconhecidas como tal (KARSAKLIAN, 2000).
Os produtos que as pessoas consomem auxiliam a aprimorar e manter a imagem
que cada pessoa imagina de si. Entretanto, os produtos que as pessoas evitam consumir
também apresentam grande importância neste processo, pois também passam uma imagem, a
de não se encaixar em certo grupo ou não possuir certa característica. Existem diversos casos
onde o fato de não consumir algum produto representam as crenças de um indivíduo ou
cultura, este exemplo fica claramente visível nas pessoas que não comem carne, não bebem
álcool ou não fumam, por ir contra seus princípios religiosos ou de sua personalidade
(HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) as pessoas modificam e protegem sua
imagem de acordo com suas interações sociais e com seus grupos de referências. O modo
como as pessoas se enxergam está relacionado com suas vivências sociais e relações com
outras pessoas, cujos valores, opiniões e personalidades são compartilhadas. Ao comprar um
produto, as pessoas estão transmitindo sinais a outras pessoas e interagindo com elas. Roupas,
carros e profissão dizem muito a respeito de uma pessoa, seu comportamento e estilo de vida.
Estes fatores são formados e moldados no decorrer da vida, acoplando fatores pessoais e
influencias externas, norteando o comportamento de consumo de cada indivíduo e seu modelo
de tomada de decisão (BLACKWELL, MINIARD, ENGEL 2005).
Para Solomon (2008) o estudo do comportamento do consumidor faz uma análise
de todas as influências, percepções e motivações de um indivíduo, observando pontualmente
suas características e predisposições pessoais, advindas das influências internas e externas
acima estudadas. Após enfim conhecer as influências exercidas sobre os consumidores na
formulação de sua personalidade e perfil de consumidor, em continuidade ao estudo do
95
analisaremos o processo do modo mais completo sob a perspectiva dos autores mais
utilizados (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Bibliografias mais antigas apresentam cinco estágios no processo de decisão do
consumidor, abordando o reconhecimento de uma necessidade, busca informações, avaliação
de alternativas, escolha do produto e por fim os resultados da compra. Entretanto, Blackwell,
Miniard e Engel (2005) consideram que o processo de decisão de compra possui sete etapas
principais, que engloba diversos fatores cumulativos como emoções, influências externas e
internas. As sete etapas a serem estudadas neste capítulo, sob a ótica de Blackwell, Miniard e
Engel (2005) são:
1. Reconhecimento da Necessidade
2. Procura por Informações
3. Avaliação das alternativas de compra
4. Compra
5. Consumo
6. Avaliação pós-consumo
7. Descarte
A identificação destes estágios dentro do processo de decisão orienta os
profissionais de marketing e vendas, a compreender as motivações individuais de compra e
norteá-los a criar nas pessoas o desejo de consumo de um produto ou marca específica. Dada
a grande importância de conhecer em profundidade as sete fases deste processo, a seguir será
descrito o que envolve cada uma destas etapas, analisando o processo cognitivo, psicológico e
emocional do consumo (SOLOMON, 2008).
sua memória de longo prazo para extrair experiências passadas que possam lhe ajudar na
escolha (SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
A busca de informações geralmente começa de maneira interna, procurando
lembranças anteriores de interação com aquele produto ou marca, envolvendo atividades
mentais do próprio consumidor. Logo em seguida o consumidor pesquisa em seu ambiente os
dados adequados para tomar uma decisão razoável. As fontes externas fortalecem e
complementam as fontes internas e idéias já adquiridas. Nesta etapa podem surgir
informações vindas de amigos, família, comerciais, pesquisas, comparação de produtos e
macas, entre muitas outras opções que orientam o consumidor a tomar a decisão mais
razoável em relação ao desejo de obter um produto ou serviço e o quanto ele está disposto a
investir para chegar a este estado idealizado com a compra (SOLOMON, 2008).
Entretanto, “a busca de informações não é gratuita. A busca de informações
envolve atividades físicas e mentais que os consumidores devem realizar. É necessário aplicar
tempo energia e dinheiro” podendo por vezes ser necessário abrir mão de atividades mais
desejáveis. Existem três principais tipos de informação, as que se referem à solução de um
problema, a de múltiplos problemas e a que requer um nível de desempenho e critérios
específicos. Para tanto, existem dois modelos de busca de informação: términa e contínua. A
busca contínua ocorre como meio de obter informações para possível uso futuro, enquanto a
términa serve para tomar uma decisão e responder a uma busca latente. Ao buscar
informações o consumidor busca as alternativas adequadas a sua necessidade específica,
como componentes, formas, cores, marcas e preço. As fontes de informação mais utilizadas
são a memória, fontes pessoais (amigos, família), fontes independentes (revistas do segmento,
grupos de consumidores), fontes de marketing (propaganda, vendedores, web sites) e fontes
experimentais, como teste de produtos (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Solomon (2008) complementa lembrando que as informações podem chegar ao
consumidor de maneira “acidental” ou deliberativa. Pode-se avaliar as opções de maneira
ativa ou passiva, variando de acordo com o envolvimento necessário com a compra e com
experiências anteriores. Ao buscar mais informações o consumidor procura novas opções, o
que aumenta a probabilidade deste consumidor ter novas experiências e ser menos fiel a uma
marca já conhecida. É importante atentar que estamos vivendo a economia da informação,
mas que nem sempre os consumidores realizam esta pesquisa de maneira racional. De fato, o
número pesquisas externas para grande maioria dos produtos é bem pequena, o que faz com
que o consumidor decida entre as empresas e produtos já conhecidos e pesquisados,
99
comparando e analisando a alternativa que se mostre mais positiva para ele (SOLOMON,
2008). A seguir analisa-se o processo da avaliação das alternativas de compra vivênciada
pelos consumidores como o terceira etapa do processo de decisão de compra.
4.3.4 Compra
uma nova compra. Na maioria dos casos, o maior trabalho da concorrência está em fazer com
que um cliente satisfeito mude de marca, pois eles já internalizaram que uma marca em
específico, na loja em específico, é boa. Portanto, é difícil que a concorrência consiga se
diferenciar de maneira tão significativa que motive o consumidor a correr um novo risco ao
experimentar algo que não tem conhecimento (BLACWELL, MINIARD; ENGEL, 2005).
Quando o consumidor utiliza o produto comprado ele avalia o produto com base
em suas experiências e expectativas, perante este cenário existem três possíveis alternativas: o
desempenho do produto atinge as expectativas propostas, o desempenho real supera as
expectativas do consumidor, causando a satisfação, ou o desempenho fica abaixo do esperado
pelo consumidor gerando insatisfação. Durante a análise pós-compra, observa-se em diversos
casos que os consumidores buscam se tranqüilizar com relação a compra efetuada através da
auto afirmação, anúncios que apóiem sua escolha e critiquem produtos concorrentes, tentar
persuadir amigos a comprarem a mesma marca ou produto, ou até mesmo buscarem outros
consumidores do mesmo produto que estejam satisfeitos, para se tranqüilizarem
(SCHIFFMAM; KANUK, 2009).
Destaca-se também que a entrega, instalação e manutenção são fatores
importantes e de grande relevância e influência no momento da mensuração de satisfação e
recompra. O último serviço pós-venda demonstrado pode ser o curso de uso e manuseio que
ensinam a utilizar o produto adquirido. Este item pode ser decisivo na compra de produtos
que agregam novas tecnologias, como softwares e produtos tecnológicos (GOBE et al. 2007).
A satisfação com a compra pode aumentar ou diminuir a desejabilidade da marca comprada,
diminuir ou aumentar a importância da decisão de compra do produto em questão ou até
mesmo reverter a decisão de compra através da devolução do produto (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
4.3.6 Descarte
amigo brincar no balanço, invocando as regras sociais. No entanto, quando não existe
supervisão as crianças começam a ser organizar por si só, estabelecendo autoridade e
responsabilidade, através da negociação, compromisso, discussão ou conflito. As novas
experiências vivenciadas na segunda infância desafiam as crianças a dominarem e
desenvolverem novas habilidades sociais e cognitivas que asseguram sua liberdade na
interação social (RUBIN et al., 1998).
Esta teoria foi comprovada através de uma pesquisa que buscou fazer com que
estas crianças respondessem a pergunta “o que é propaganda?”. As crianças com menos idade
respondiam “legal, divertida”, mas em média crianças com oito anos em diante conseguiam
discernir melhor esta questão e interpretá-la com suas palavras já reconhecendo a propaganda
como argumento de venda das empresas que estavam comercializando os produtos ofertados.
A publicidade voltada para crianças, se bem executada, pode de fato conquistar este
consumidor, entretanto, além de conquistar os pequeninos, as empresas necessitam agradar
também aos pais destas crianças que é quem de fato irá realizar a compra até que este
consumidor atinja a maturidade necessária para lidar com seu próprio dinheiro
(KARSAKLIAN, 2004).
Berger (2003) afirma que existem diversas habilidades cognitivas responsáveis
pelo intelecto e pelo estabelecimento de categorias, relação de causa e efeito, aprendizagem e
memória. A interação com outras crianças, meios sociais, mídia e atividades esportivas
ocasionam mudanças no relacionamento entre pais e filhos, pois as crianças passam a não
aceitar mais às cegas as ordens de seus pais. No entanto, não significa que os pais não
consigam mais obter a obediência de seus filhos, mas para isto é preciso que exista confiança
no relacionamento, para que através da conversa e do entendimento das crianças sobre as
conseqüências de suas atitudes, eles se comportem da maneira esperada por seus pais e pela
sociedade. Já a escola pode ser considerada, além de co-educadora, a principal responsável
pelo modelo atual de relacionamento entre pais e filhos, pois até o inicio do século XIX as
crianças eram tratadas como pequenos adultos. Apenas da metade para do século XIV que as
crianças passaram a ser tratadas como tal, através da flexibilização da educação que passou a
entender a infância como época de brincar (KARSAKLIAN, 2000).
Entretanto, o problema da sociedade pós-moderna é exatamente o contrário.
Passada a época da educação rígida e do autoritarismo dos pais, viveu-se da década de 70 aos
anos 2000 a plena infância, a infância do brincar, do aprender, do sonhar. A partir dos anos
90, potencializando-se nos anos 2000, a mídia passou a ser uma presença contínua nos lares,
106
crianças, por ainda não terem plena noção de seus limites, tendem a defender acirradamente
seus desejos. No supermercado, por exemplo, não é raro ver uma criança berrando e
esperneando por não ter ganhado algum produto que queria. Para as crianças é difícil
compreender a existência da restrição de verba e que podem escolher alguns produtos e outros
não, neste tipo de situação a soluções mais comumente utilizadas é não levar a criança ao
supermercado. Entretanto, afastar a criança da situação de consumo não serve como solução
do problema, pois a medida que crescem começam a lidar com seu próprio dinheiro, o que de
certo modo ajuda-os a entender sua limitação financeira e a escolher o melhor modo de gastar
sua mesada (LINN, 2006).
Montigneaux (2003) faz uma análise completa da personalidade da criança,
analisando a relação de suas características com seu comportamento frente ao consumo. A
personalidade da criança é analisada sobre parâmetros biológicos, culturais, vivências e
espaço temporal. Os parâmetros biológicos analisam fatores como corpulência, tamanho,
peso, sono, nutrição e exercícios físicos. Crianças que se interessam mais por doces, bolachas
e comidas menos saudáveis e mais calóricas apresentam maior nível de obesidade infantil e
são mais suscetíveis a propagandas de fast-food e refrigerantes. A vivência da criança analisa
suas experiências sociais, interação com outras crianças e famílias. Os elementos temporais
enfocam no local de convívio, ou seja, o parque, a escola, o clube, analisando a interação
entre as crianças com e sem seus pais. Por fim, a cultura e meio de convívio da criança,
influenciam sua predisposição e restrições referente a fatores como música, televisão e livros
(MONTIGNEAUX, 2003). Reforçando este entendimento, Linn (2006) observa que cada dia
mais as crianças vêm se afastando da leitura e passando grande parte de seu tempo frente à
televisão e internet, exercendo muitas vezes diversas tarefas ao mesmo tempo, como ouvir
música e navegar na internet, jogar videogame e olhar televisão.
O avanço da tecnologia da informação transforma cada dia mais o cotidiano das
crianças. Bolas, jogos de tabuleiro e bonecas hoje disputam diretamente com os jogos
eletrônicos e demais mídias digitais o interesse das crianças desde muito pequenas. Este
ritmo, resultante do desenvolvimento tecnológico possibilita as crianças a facilidade para
realizar diversas tarefas s ao mesmo tempo. Permitindo pensar, agir e interpretar o ambiente
no qual está inserida, de uma forma mais dinâmica (ROSADO, 2006).
A infância do XXI pertence à geração digital, também conhecida como geração
Net, representantes de uma cultura singular cercada pela mídia e tecnologia. As crianças desta
geração consideram os computadores e novas tecnologias como uma extensão de si mesmo.
108
Eles não são mais espectadores, são usuários que interagem e geram conteúdo. Alguns autores
também os chamam de geração polegar, devido à habilidade das crianças em escrever
mensagens de texto, jogar Game Boy, vídeo game, utilizando apenas seus dedos polegares. As
crianças preferem ficar em casa com seus jogos virtuais e telefones móveis a estar na rua. Não
possuir celular, Messenger e videogame, é quase como se fosse excluído da sociedade.
A vida das crianças de hoje em dia é uma miscelânea de acontecimentos e
influências externas, vindas do celular, da internet, do YouTube e redes sociais, o que gera
significativas mudanças sociais nesta geração. O mundo vive um momento de ruptura, onde
se torna imprescindível compreender o papel da família, da escola e da sociedade como um
todo na era digital. Portanto, o capítulo a seguir aprofundar-se-á na compreensão deste novo
mundo, dos novos paradigmas da era digital e o modo como as pessoas vem se comportando e
reagindo frente a este novo cenário (MOURA, 2009).
Este trabalho, com base nos estudos de Levy (1999) tem objetivo de analisar o
tema proposto sobre três perspectivas abrangentes para entender o que de fato motiva os
consumidores a comprar produtos digitais para seus filhos. A perspectiva filosófica é
necessária para se fizer entender o conceito de virtualização, digitalização e como este
processo vem acontecendo; posteriormente, uma pesquisa de cunho antropológico –
abrangendo os processos de “homonização”, compreendendo o comportamento humano e
virtualização; e, por fim, político social para compreender a mutação contemporânea, para
nortear ás empresas em relação ao entendimento, desejos e necessidades destes seres tão
complexos que são os homens. Muitos filósofos já trabalharam a noção virtual, inclusive
grandes pensadores contemporâneos como Gilles Deleuze ou Michael Serres. A tradição
filosófica até os dias de hoje, analisa a transição do real e possível ao atual e virtual,
entretanto é importante traçar o caminho inverso para entendermos este movimento de
autocriação que formou a espécie humana desde os primórdios até a aceleração cultural que
vivemos hoje (LÉVY, 1999).
A palavra “virtual” vem do latim, derivado da palavra virtus, que significa força,
potência. Da filosofia escolástica o virtual é o que existe em potencial, não em ato. O virtual
não se opõe ao real, mas sim ao atual. Este real, assemelha-se ao possível; em contraponto, o
atual não se difere do virtual, responde-lhe. O virtual não visa à desrealização, mas sim
109
relação entre o privado e o público, o próprio e o comum, leitor a autor (LÉVY, 1999, p).
Reichholf observou que o numero de indivíduos que deslocam através dos continentes hoje,
para turismo ou trabalho, superou o numero total de homens que participaram das grandes
invasões em tempos de guerra (REICHHOLF, 1992). É a aceleração da comunicação e
transporte que possibilita esta imensa mobilidade física. A revolução dos transportes,
congestionou, encurtou e morfoseou o espaço e modelos de comunicação e entretenimento
(LÉVY, 1999).
Os marcantes acontecimentos políticos nas décadas de 1980 e 1990 trouxeram a
sensação de que o tempo estava acabando. Contudo, ao mesmo tempo em que se assistia o
desmoronar, assistia-se o nascer de uma nova civilização. O “moderno” ou “pós-moderno”
buscava definir um período insuficiente que se direcionava para uma nova fase da história. Há
fortes elementos na política, economia, cultura, religião que indicam o final de uma época. De
maneira geral sente-se que o século XX, a despeito do grande processo científico e
tecnológico, vai deixando um vazio e levantando novos questionamentos a serem propostos
(ROSSATO, 2002). A noção de tempo tomou nova forma, as estações do ano se dispersam na
poeira do meio urbano. Não há mais projetos há longo prazo, pois junto ao médio prazo, foi
absorvido pelo imediatismo (ROSSATO, 2002).
No século XIX surgiram os grandes sistemas educacionais, onde ainda nos anos
oitocentos, houve implementação do sistema de educação em diversos países. O
conhecimento vai passando de poucos e privilegiados para níveis mais básicos, sendo
democratizado (LÉVY, 1999). Em meio século o mundo assistiu o contingente de estudantes
de ensino superior aumenta em mais de treze vezes. Dos anos 50 para os 60 este número
praticamente dobrou. Isto nos leva ao mundo do século XXI, que será de uma sociedade cada
dia mais fundamentada no saber. Estes tempos de transição trazem à tona a necessidade de
compreender as tendências e vislumbrar os novos papeis das empresas, estudiosos,
consumidores e comportamentos (ROSSATO, 2002).
Sendo o século XXI, o século do conhecimento, a educação e informação ocupam
papéis importantes e certamente não terão às mesmas funções dos séculos passados. Este
novo século vem de antemão se desenhando nitidamente como a “era do conhecimento”. A
cibernética e informática se preparam para passar do mundo da informação para o mundo do
conhecimento (ROSSATO, 2002). A economia digital se diferencia por ser uma economia
virtual, empresas que desejam sucesso neste mercado devem estabelecer alianças e se
comunicar constantemente com outras empresas e com o mercado consumidor. É raro em
111
tempos atuais uma empresa prosperar erguendo barreiras para novos entrantes e competidores
ou controlar verticalmente uma cadeia de fornecedores, a impor produtos padronizados
forçando os consumidores a se adaptarem à empresa ofertante. Estes novos consumidores são
uma nova casta de poderes (ALDRICH, 2000).
O conceito de Sociedade da Informação vem se solidificando e adquirindo
importância em escala mundial, baseado na confiança de que sua solidificação é favorável a
integração global (JUNIOR, 2002). Duas décadas atrás poucos imaginavam que tamanha seria
a evolução dos microchips e o impacto que isto traria no dia-a-dia das pessoas. No ano de
1983 foi lançado o IBM XT, computador de uso pessoal que teve grande sucesso no mercado,
sendo vendido a oito mil dólares e com cerca 10 kg de peso. Em 2003, os telefones celulares
mais básicos já eram mais eficazes em termos de memória e processamento, pesando cerca de
100g e custando 100 dólares (POLSON, 2004). É possível prever que nos próximos anos as
limitações tecnológicas serão reduzidas significativamente e que quaisquer informações serão
armazenas ou transmitidas a custos baixíssimos ou nulos (MACHADO, 2005).
Com a grande tendência de que os telefones celulares não ficarão mais restritos a
comunicação por voz ou texto, grandes fabricantes como a Nokia (líder de mercado) estão
adotando uma nova denominação para estes aparelhos – “computadores multimídia”, para
designar seus novos produtos, como no caso do iPhone, Black Barry e muitos outros
(DURYEE, 2003). Caso seja considerado unicamente a passagem do papel a tela de um
computador teríamos apenas uma visão parcial da digitalização complexa e atropeladora que
o mundo contemporâneo vem sofrendo. Com a informática contemporânea, abordando
software e hardware, o computador se desfaz dando espaço a uma comunicação navegável e
transparente, centrada no fluxo de informações. Componentes quase idênticos podem formar
máquinas e peças de origem e funções muito diferentes como cartões de crédito, robôs,
eletrodomésticos, câmeras de vídeo, telefone e onde quer que esta informação digital for
processada, automaticamente, considerando ainda a multifuncionalidade e integração entre
elementos de espaço físico, unitário e multifuncional, como no caso do celular com câmera
fotográfica (LÉVY, 1999).
Aldrich (2000) faz uma analogia entre a embalagem e o conteúdo, identificando
que o consumidor moderno quer comprar uma música (conteúdo), não um disco compacto
(embalagem). Ele quer ver um filme (conteúdo), não uma televisão (embalagem). Ele quer
jogar um jogo (conteúdo), não comprar um computador (embalagem). “Em resumo, quer que
embalagem e conteúdo se integrem e interajam, e assim então verá às empresas de valor”
112
inovações dinamicamente contínuas, pois não apresentam uma inovação radical, mas também
não ficam restritos a apenas incrementos de um produto base, variando em forma, design,
tecnologias, funcionalidades ou até mesmo em marketing ou processos (HOYER;
MACINNIS, 2001).
Sobre outra ótica Dai, Schoemaker e Gunther (2000) dividem as inovações
tecnológicas em dois grupos principais: tecnologias emergentes (com potencial para criar
novos mercados ou transformar indústrias, refletindo produtos radicalmente novos para o
mundo) e tecnologias evolucionárias que convergem de diversos campos de pesquisa.
Tornatsky e Fleicher (1990) ressaltam que a tecnologia moderna pode ser considerada muito
complicada para ser entendida, enquanto Joerges (1998) utiliza o termo tecnologia para
nomear todas as coisas artificiais que requerem conhecimento de engenharia para seu design e
produção, visando desempenhar atividades e operação sozinha sob um comando especifico.
Este estudo utilizar-se-á dos termos “produtos tecnológicos”, “produtos digitais”,
“dispositivos portáteis” e “gadgets” para designar o conjunto de produtos que vem sendo
oferecido aos consumidores e se utilizam de algum tipo de automação propiciada pela
tecnologia digital e microeletrônica. Dentro disto, notebooks, celulares, computadores,
videogames, MP3, AutoPC, pen-drive, PDA`s e internet são alguns dos modelos utilizados
pela sociedade pós-moderna que proporcionam facilidades diárias, como compra e venda,
operações bancárias, comunicação, armazenagem de dados e entretenimento, conforme será
aprofundado a seguir (GATES, 1999).
4.4.2 Gadgets
existe uma forte movimentação global para que todos estes aparelhos migrem para o modelo
touch-screem, fundamentados em premissas de interface comuns entre diversas marcas.
Percebe-se que de modo geral, estes aparelhos funcionam de modo complementar e não-
restritivo, ou seja, a perspectiva é que cada vez mais estes aparelhos comecem a se interligar,
como o MP3 e o computador, só que estendendo esta interconexão para sincronização e
unificação de tarefa e conteúdo de todos os dispositivos portáteis de certa pessoa, ou família
(BAHIANA, 2006).
Siqueira (2008, p.159) afirma: “A casa digital não é a casa do futuro, mas do
presente”. O autor acrescenta que futurologistas definem as casas do novo século como
“casulos”, abrigos seguros, bem equipados, que proporcionem entretenimento para toda a
família e onde a tecnologia da informação possibilite todas as facilidades das redes hibridas.
Para muitos pesquisadores a energia, temperatura e sistemas de segurança serão controladas
através de mecanismos simples e baratos. No mundo digital todas as formas de informação e
comunicação convergem entre si. Dados, sons, vozes, vídeos, textos e imagens estarão cada
dia mais acoplados e apresentados de modo simples e didático para seus consumidores.
Entretanto, para que se fale em consumidores de tecnologia e produtos digitais é necessário
entender e conhecer o que são estes produtos, de onde vieram e quais são as perspectivas dos
especialistas.
Para apresentar estes produtos eles foram agrupados de acordo com as suas
características funcionais. Serão apresentado a seguir produtos relacionados ao áudio, vídeo,
telefonia móvel e computação. Por fim, para finalizar a apresentação dos gadgets, entendendo
o alto grau de interdependência existente entre estes dispositivos portáteis, será apresentado
um panorama geral de redes e interconectividade destes aparelhos.
4.4.2.1 Áudio
respeito ao “som portátil”. De 100 musicas, a capacidade deste aparelho cresceu na ultima
década para 1.000, 2.000, ou o quanto de memória o aparelho proporcionar. Os botões foram
sendo substituídos progressivamente até chegarmos ao touch screem ou até mesmo pelo
comando de voz (LOPES, 2003).
Além disso, cabe citar aqui os softwares e programas utilizados
complementarmente ao produto como o iTunes, Windows Media Player, Kazaa, e-Mule e
sites da internet que comercializam, repassam, armazenam e reproduzem as musicas
selecionadas pelo usuário (Siqueira, 2008). Pode-se afirmar que a evolução do MP3
revolucionou a indústria fonográfica, pois é o primeiro tipo de compressão de áudio quase
imperceptível ao ouvido humano. Foi em 1998 que começaram a aparecer os primeiros MP3
portáteis que continuam evoluindo a agregando funcionalidades até hoje. Em 2001 esta
funcionalidade passou a fazer parte dos aparelhos celulares mais modernos (LOPES, 2003).
No Brasil ainda existem fortes questionamentos a cerca da reprodução e disseminação de
faixas de música neste formato, devido a pirataria e dificuldade de controle sobre a troca de
informações virtuais. O site de músicas Metal Zone (www.metalzone.com.br) realizou uma
pesquisa junto a seus usuários e constatou que 48% dos entrevistados admitem baixar musicas
pela internet, 30% compra CD’s piratas e 22% compram CD’s originais. A mesma pesquisa
aponta que 72% não acha justo pagar pelo download de musicas na internet.
Independe da forma escolhida para utilização, coleta e troca de músicas o MP3 já
pode ser considerado um dispositivo consolidado, mas ainda em expansão. Observa-se a
seguir os principais produtos existentes no mercado que se enquadram nesta categoria.
Com base nestas imagens já se pode perceber que os MP3 são produtos versáteis
com grande variedade de formas, tamanhos e capacidade de armazenamento e reprodução de
119
as pessoas buscam aparelhos que agreguem múltiplas funções e que, no caso da evolução do
MP3, traga também imagens além de sons, conforme será visto no subcapitulo a seguir.
4.4.2.2 Vídeo
A segunda categoria escolhida para o estudo dos gadgets está representada pelo
vídeo, ou seja, produtos ou dispositivos portáteis que acoplem a característica de reprodução
de conteúdo e imagens finalizadas no formato de vídeo, ou seja, estuda-se aqui produtos como
o MP4, TV portátil, videogame, entre outros.Dando início aos estudos dos produtos desta
categoria, estuda-se primeiramente a imagem e o conteúdo digital, transmitido através das
novas tecnologias de transmissão utilizadas na TV digital.
Muito mais do que a evolução da televisão analógica a TV digital surge com
avanços significativos no que diz respeito a imagem e som. O Brasil vive hoje a chegada da
TV digital onde sons e imagens são processados eletronicamente através de chips e
microprocessadores que traduzem código numéricos em imagens animadas, onde o sinal
analógico é emitido por uma onda continua de modulação. No longo prazo o usuário da TV
digital estará com ela em casa, no ônibus no seu carro ou no telefone celular. Em março de
2008 começavam ser comercializados no Brasil celulares que transmitiam TV digital através
de internet 3G na tecnologia HSPA – high speed pocket acess. Previsões apontam que o
futuro está no TV mobile e que o mesmo poderá ser acoplado a laptops, monitores e a sinais
públicos disponibilizados em hotéis, aeroportos ou até mesmo ônibus. Junto ao quesito
mobilidade, as exigências dos clientes vem crescendo em torno da qualidade esperada da
imagem. O mercado brasileiro já está comercializando os primeiros DVD`s, Laptops e
televisores com Blue-ray Disc (high definition). Sua capacidade de armazenamento é muito
maior que a dos DVDs e permite gravar, regravar e reproduzir (Siqueira, 2008). Abaixo
observa-se a imagem de um modelo de TV portátil já comercializado no Brasil.
124
Figura 5 - TV Portátil.
Fonte: http://www.ditecblog.com.br/index.php/tag/portatil/.
portáteis observa-se uma significativa evolução no decorrer da última década onde observou-
se os aparelhos passarem de telas pequenas em preto e branco para telas grandes, de até 6
polegadas, sensíveis ao toque, com sensor de movimento e diversas outras novas
funcionalidades. Os videogames portáteis variam da faixa de R$ 200,00 a R$ 800,00,
variando de acordo com a marca e com as características do aparelho. Um dos modelo mas
completos que existe atualmente no mercado é o PSP (Play Station Portátil, da Sony), este
aparelho pesa cerca de 250g e apresenta dimensões de 17x7 cm. As principais características
de um PSP são o design moderno, tela de 4 polegadas, entrada USB, cartões de memória, Wi-
fi, armazenamento de 32 MB. Outros modelos mais simples também são vastamente
conhecidos e utilizados não apenas pelas crianças, mas também por adultos, como o Game
Boy da Nintendo. De modo geral os modelos inferiores ao atual PSP 1000 da Sony (imagem
abaixo, na esquerda), que é o seu modelo mais moderno não possuem acesso a internet, ou
possuem menos capacidade de armazenamento e upgrades
(http://info.abril.com.br/noticias/negocios/muito-mais-gente-jogara-videogame-no-futuro-
04062009-33.shl).
Por fim, estuda-se a última categoria de gadgets proposta por estudo, os aparelhos
de telefonia móvel, que atualmente são os aparelhos de maior congruência multifuncional,
pois já apresentam características de texto, imagem, vídeo, som, internet, entre outros,
conforme será visto a seguir.
128
Para a maioria dos estudiosos do assunto não resta dúvidas de que o celular é a
revolução da mobilidade. Antunes (1988) conta que a origem dos aparelhos móveis é da
década de 80, com modelos analógicos, de baixa capacidade e alto custo de investimento. Na
década seguinte o aparelho chegou ao Brasil, mas para comprá-lo era necessário depositar 22
mil dólares de cheque calção para a operadora. Em 1998, no governo de Fernando Henrique
Cardoso, as operadoras de telefonia foram privatizadas e com isto o numero de aparelhos
passou de 24,5 milhões em 1998, para 173,1 milhões em 2008 no país.
Projeta-se que a barreira de 200 milhões será quebrada até 2015. Neste universo
80% dos aparelhos pertencem as classes C, D e E, que optam pelo modo pré-pago em sua
maioria. Sucedendo a versão analógica, em 1997 chega ao Brasil a segunda geração de
celulares, já na versão digital. Nesta versão os aparelhos começam a acoplar câmeras
fotográficas, jogos, calculadora a até mesmo internet paga em versões mais modernas. Em
2001 surgem os modelos de terceira geração com acesso móvel a internet com velocidade de
3,6 megabits por segundo, bluetooth, comando de voz e diversos outras funções. Na
novíssima versão 4G, os aparelhos se assemelham a Netbooks, onde a capacidade de
processamento é a mesma de computadores. Esta versão acopla em geral câmera fotográfica,
tradução instantânea, GPS, sistema de armazenamento de dados, sensor de movimento,
possibilidade de vídeo conferência, internet, além da reprodução de musica, vídeo e texto. Os
avanços da terceira e quarta geração possibilitam ás operadoras de telefonia serviços mais
rápidos, maior interatividade, novos conteúdos, melhores transmissões, jogos mais
sofisticados, rádio ao vivo e diversos outros serviços inteligentes de compartilhamento nos
modelos empresa para usuário, usuário para usuário e usuário para empresa
(http://www.gizmodo.com.br/conteudo/htc-evo-4g-e-forte-candidato-ao-titulo-de-melhor-
telefone-celular).
De acordo com a UIT, Teleco, Telequest, em junho de 2008 o Brasil era o quinto
colocado no ranking das maiores redes de celular do mundo. A tendência apresentada pela
Anatel, na Telequest é que em 2010 existam 182 milhões de aparelhos, em 2015, 231
milhões. Aponta-se para uma nova cultura de serviços ofertados pelo celular, sua vantagem
encontra-se na convergência de serviços. A variedade de novos serviços chama atenção das
empresas e dos consumidores pela quantidade de ofertas e pela criatividade: função mata
mosquito através do ultrassom; consulta médica mostrando por vídeo aspectos físicos e sons;
129
4.2.2.4 Computação
Figura 12 – Notebooks.
Fonte: www.spaceblogit.com.br/657330/Notebook- -e-lancado-no-Brasil/.
Um notebook comum, para uso doméstico custa cerca de R$ 1.500,00 reais e pesa
cerca de 3kg. Observa-se que o peso do aparelho está fortemente relacionado ao tamanho da
tela e a duração de sua bateria. Existem hoje baterias de três, seis ou nove células e telas de
notebooks que variam de 13 a 17 polegadas. Quanto menor for um notebook mais ele se
aproxima da categoria de netbooks, pois as principais características desta subcategoria, os
netbooks, é ser pequena, leve e mais barata. Os netbooks variam entre dimensões de 5 a 13
polegadas, sendo em sua maioria representados mais fortemente pelos produtos ofertados no
mercado por aparelhos entre 9 e 11 polegadas. Em média um netbook custa cerca de R$
1.000,00 é utilizado principalmente para atividades simples de utilização do pacote Microsoft
Office e de internet. De modo geral os netbooks suportam até 2 GB de memória e utilizam
processadores de menor desempenho como os Atom da Intel e não possuem porta de
CD/DVD (http://www1.la.dell.com/br/pt/domesticos/Portáteis/laptop-inspiron-
10/pd.aspx?refid=laptop-inspiron-10&s=dhs&cs=brdhs1&~ck=mn).
Figura 13 – Netbooks.
Fonte: http://www.crunchgeartecnologias.com/tag/netbook/.
136
realidade das crianças de menor idade são os notebooks infantis, estes aparelhos funcionam
como uma mera ilustração dos notebooks legítimos, pois suas funções são restritas. Um
notebook infantil custa em média cerca de R$ 200,00 e oferece uma diversidade de 10 a 90
jogos específicos que a criança pode escolher para brincar, de modo geral as atividades deste
aparelho são voltadas para o desenvolvimento educacional ou diversão da criança a partir de
03 anos de idade. Percebe-se que de modo geral, os aparelhos mais procurados pelas crianças
são aqueles que elas enxergam em seus programas de televisão, como o notebook da Barbie, o
qual, durante o desenho da Barbie, a boneca usa em diversos momentos de seu dia, assim
como a Barbie usa Smartphones, fones de ouvido, MP3 Player, entre outros. Além da Barbie,
os outros principais modelos ofertados também pertencem a personagens televisivos e ícones
infantis, como a Hanna Montana, Xuxa, Hot Wheels, Bob Esponja e Ben 10. Observa-se a
seguir a imagem das versões feminina e masculina dos notebooks infantis.
especificamente para crianças, mas sem desconsiderar que este limiar é tênue, pois crianças
podem possuir gadgets voltados para adultos, como um MP3 comum, assim como adultos
podem possuir gadgets voltados para crianças, como um notebook cor de rosa, ou caixas de
som e formas de animais. A seguir, identificam-se algumas imagens que retratam a categoria
infantil dos gadgets legítimos.
Esponja, acompanhado por uma filmadora, máquina fotográfica e outro MP3 Player, da série
de televisão iCarly.
concorrência entre as operadoras que gerou preços mais acessíveis para o consumidor. Por
fim o computador, que pode ser definido como um veiculo multimídia, em sua maioria é
utilizado para estudos, pesquisas, diversão, dowload de jogos, filmes, músicas, atividades na
internet e de redes de interações sociais. (RIZZINI; AT ALL, 2009).
Em pesquisa realizada pela Ogilvy (SANTOS, 2006), foi identificado que 44%
das crianças de 10 a 12 anos das classes A e B possuem aparelho celular próprio. Castells
(2004), afirma que este aparelho é o dispositivo central na construção da identidade individual
de crianças e adolescentes. O modo com que os jovens utilizam esta tecnologia se difere
significativamente de seus pais, ficando claro através da comparação entre a utilização de
SMS, mensagens de texto, além de diversas outras personalizações dos aparelhos, como
chamadas, cores e músicas (MACHADO, 2006).
Alguns destes pré-adolescentes estão tão imersos no mundo tecnológico que
consideram que as conversas via aparelho celular tem a mesma importância que contatos
presenciais, ilustrando o novo olhar desta geração sobre a tecnologia (CASTELLS, 2004).
Outra consideração importante foi feita pela MTV (VANNUCHI, 2001), demonstrando que
66% dos jovens utilizam pelo menos dois aparelhos digitais simultaneamente. A tendência
jovem de fazer diversas tarefas ao mesmo tempo, vem tomando força a cada dia, é comum ver
estes jovens andando de bicicleta e digitando mensagens de texto no caminho para escola
(ITO, 2005). Castells (2004) comenta que em algumas culturas estes dispositivos já fazem
parte do vestuário de moda, sendo vinculado inclusive a coleções temporárias, por ser
considerado um item que está sempre junto ao corpo. Possuir aparelhos eletrônicos digitais
faz com que estes pré-adolescentes comecem a negociar com seus pais de forma adulta, a se
organizarem em sua vida estudantil e pessoal, além de conferir independência, status, e uma
identidade mais livre e criativa (MACHADO, 2006).
Para o mercado digital emergente as necessidades tradicionais de comportamento
do consumidor não serão suficientes para nortear as estratégias das empresas ofertantes. É
necessário considerar os novos valores destes consumidores, além de acompanhar o que de
fato a tecnologia está alterando em termos de indústria ou mercado específico. Como forma
de adicionar valor aos produtos e serviços ofertados, os modelos de ofertas estão sendo
otimizados trazendo conteúdos adicionais para um bem único. É fundamental considerar a
troca de custos e mensurar o custo de transformação e atualização de um produto e quanto o
consumidor está disposto a pagar por isto. Levaram anos para os consumidores passarem dos
discos para fita cassete e para CD`s, porque a troca exigia um valor significativo em termos de
144
tendências globais, visto que os ciclos de produtos se tornam cada dia menores. Este livre
fluxo de informações torna o consumidor da era digital o centro das prioridades e estratégias
das empresas (ALDRICH,2000). No ano de 2001 Steev Jobs detalhou na Macworld como
seria a terceira grande era dos computadores: “Esta nova era é resultado da proliferação de
dispositivos digitais em toda parte: aparelhos de CD, MP3 Players, celulares, PDAs, câmeras
fotográficas, filmadoras digitais entre outros” (KAHNEY, 2008 p. 206). O iPod transformou a
Apple, de uma fabricante de computadores em uma grande potência do mercado eletrônico
(KAHNEY, 2008). O objetivo do MAC foi criar um novo software com dispositivos
melhores, algo que facilitasse a edição de vídeos caseiros, sincroniza-se com celulares e se
tornasse enfim o hub digital das casas – uma tecnologia central conectada a todos os outros
dispositivos que se interagem (KAHNEY, 2008).
Contudo, mesmo o mais avançado progresso da tecnologia não responde às
necessidades mais básicas do ser humano, por isto a necessidade de entender como o
consumidor da economia digital compra e qual as suas motivações (ROSSATO, 2002). Um
dos principais desafios para área de marketing é o estudo e compreensão do consumidor de
produtos e serviços baseados em novas tecnologias, pois devido ao alto grau de proliferação e
de baixo tempo de vida de cada novo produto lançado, o consumidor muitas vezes se sente
frustrado ao interagir com a nova tecnologia. Frente a e novos cenário cada dia mais as
empresas devem buscar entender seu consumidor e saber como se comunicar com ele para
que isto se reverta em vendas (SOUZA, 2002).
Este item aprofunda-se nas consequências geradas pelas ações de compra dos
consumidores. Bauer (1960) propõe que risco real objetivo em uma situação de consumo não
é principal, mas sim o risco percebido, que é subjetivo, podendo ser real ou irreal. É um
constructo bidimensional que retrata a probabilidade subjetiva na ocorrência de um evento e
os benefícios ou perdas possíveis.
A percepção de risco varia de individuo para individuo de acordo com o tipo de
produto, envolvimento, valor, situação ou cultura. Schiffmam e Kanuk (2000) destacaram seis
tipos principais de risco percebido no decorrer das etapas do processo de compra.
• Risco Funcional: relacionado ao desempenho esperado.
• Risco Físico: sobre si próprio e outros.
147
5 ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
O tipo de pesquisa adotado pelo autor, de acordo com o tema proposto e objetivos
estabelecidos, é descritivo conclusivo. Mattar (2000) define uma pesquisa conclusiva como
aquela que apresenta objetivos bem definidos, procedimentos formais, bem estruturados,
voltados para solução de problemas específicos, ou na busca de novas alternativas de curso de
ação. Para viabilizar que se obtenham conclusões de pesquisa, a pesquisa descritiva assume o
papel primordial de descrição das características e traços e determinada população (GIL,
1991).
Dentre as possibilidades da pesquisa descritiva, destaca-se a capacidade de
identificar não apenas as características visíveis de um grupo, mas também o modo com que
se distribuí, a faixa etária, sexo, nível de estudos, precedentes, estado físico e mental. Este tipo
de pesquisa tem por objetivo levantar as opiniões, percepções, crenças e atitudes de
determinada população. A pesquisa descritiva também possibilita ao pesquisador, identificar a
157
O presente estudo foi dividido em dois momentos distintos: uma etapa qualitativa
e uma etapa quantitativa. Malhotra (2001) afirma que a pesquisa qualitativa é fundamental
para o estudo exploratório, pois pode definir um problema e elaborar a melhor abordagem.
Completar a abordagem qualitativa com uma vertente quantitativa, permite o enriquecimento
do estudo, pois observa-se o objeto de modo global e subjetivo, compreendendo-o em todas as
suas esferas, para posteriormente identificar questões chaves, delineando a pesquisa
quantitativa para testar hipóteses e inferir dados (MALHOTRA, 2001).
Neste estudo, a pesquisa qualitativa será utilizada como etapa inicial, com o
intuito de investigar a percepção dos consumidores da Geração X em relação aos gadgets de
seus filhos, possibilitando que o pesquisador identifique informações cujos dados não seriam
facilmente identificados por uma análise quantitativa devido à subjetividade (McDANIEL;
GATES, 2003). Trujillo (2001) defende que a utilização de uma etapa qualitativa é válida
como meio de conhecer a riqueza e detalhes do assunto pesquisado, onde o pesquisador de
fato ouve o entrevistado, possibilitando que o mesmo traga novos insigths e perspectivas, que
159
poderão ser posteriormente utilizados para elaboração do questionário a ser utilizado na etapa
quantitativa (AAKER; KUMAR; DAY, 2001). Roesch (2007) também aprova a utilização da
pesquisa qualitativa como etapa anterior à quantitativa a fim de testar as hipóteses, pois assim
os dois tipos de pesquisa se tornam interdependentes e complementares, tendendo a trazer
resultados mais proveitosos.
Através de uma análise qualitativa é possível identificar a presença ou a ausência
de algo (MATTAR, 2000). Mc Daniel e Gates (2003) ainda complementam que esta é a
melhor maneira de conhecer os consumidores e de fato entender o que é importante para eles.
O estudo qualitativo permite compreender questões mais subjetivas em relação à razões e
motivações, enquanto a pesquisa quantitativa agrupa os dados exprimindo-os em analises
estatísticas (MALHOTRA, 2001). A pesquisa qualitativa é um estudo não estatístico que visa
analisar dados que não podem ser mensurados. Entre estes dados há sentimentos, sensações,
gestos, motivações e todo um contexto que se refere ao comportamento expresso pelo grupo
entrevistado frente a um problema específico sugerido pelo entrevistador, instigando os
entrevistados a expor suas opiniões. A abordagem através da pesquisa qualitativa é
recomendada para casos onde é necessário gerar hipóteses sobre opiniões e intenções
referente à compra, considerando os valores do ser humano frente a ofertas de mercado,
hábitos, reações à novos produtos, comportamentos e atitudes (PINHEIRO; MEIRELES,
2004).
No presente estudo, o pesquisador não está focado na representatividade numérica
do grupo pesquisado. A pesquisa qualitativa permite o aprofundamento e compreensão do
comportamento de consumo do grupo, pessoa ou família estudada, considerando profundos
questionamentos e respostas em todos os aspectos relevantes para o estudo. Esta vertente
possibilitará explicar o sentido dos fenômenos sociais estudados em relação ao
comportamento das gerações, observando o significado que o grupo estudado atribuí ao objeto
proposto e sua vida, através do enfoque indutivo (GOLDENBERG, 2001).
Concomitantemente, o levantamento de dados quantitativos permite análises estatísticas que
possibilitam que os dados colhidos sejam aplicados e replicados sobre grupos maiores.
Portanto, como objetiva-se encontrar conclusões, a pesquisa quantitativa será
utilizada após a qualitativa para que através da explicação do conjunto de dados reunidos, se
consiga viabilizar a conceitualização da realidade que se objetiva identificar. O simples
acumular de dados não seria válido, pois o que importa é que os resultados da pesquisa sejam
úteis dentro do contexto analisado. Utilizar-se-á informações obtidas através da pesquisa
160
5.3 MÉTODO
Para nortear as conclusões deste estudo, o principal métodos adotado foi o Survey.
Neste estudo, aplica-se o método survey através da utilização de questionários elaborados com
base nos levantamentos viabilizados pela pesquisa bibliográfica e pela Pesquisa Ação
(EDEM; HUXHAM, 2001).
Para este plano monográfico, a utilização do métodos Suvey objetiva a sinergia
de pesquisa e o enriquecimento da coleta de dados para análise futura. Objetiva-se identificar
um dos objetivos propostos, conhecer a percepção da Geração X em relação aos gadgets e os
fatores que levam este grupo de pessoas a comprar ou não tais produtos para seus filhos.
Portanto, para que o estudo apresente maior relevância, o método Survey permitirá que o autor
da pesquisa identifique e mensure a representatividade das ocorrências, correlações e faça
inferências dos dados coletados com a amostra, para um grupo maior (MALHOTRA, 2001).
161
devido ao grande numero de pesquisas que precisa ser aplicado e o tempo necessário para
coletar e processar os dados, por isto, precisa-se selecionar uma parcela desta população que a
represente no decorrer das investigações (ROESCH, 1999). Este grupo reduzido é
denominado “amostra”, pois é composta por um número restrito de entrevistados, que
representam um grupo maior. Bauer e Gaskell (2002) ressaltam que a análise de um maior
grupo de entrevistas não necessariamente será mais preciso, com maior qualidade ou
compreensão de um grupo, além disto, um grande número de entrevistas dificulta a análise
aprofundada dos resultados.
Com base nas informações colhidas através das técnicas de pesquisa qualitativa e
Pesquisa Ação, elaborou-se um questionário para aplicação junto a uma amostra de 100
pessoas, com as mesmas características da amostra adulta escolhida na abordagem qualitativa,
para que se viabilize uma analise estatística. Os adultos escolhidos, são homens e mulheres da
Geração X, de classe A, moradores da cidade de Porto Alegre, com filhos de idade entre 4 e
12 anos. Os questionários serão aplicados pelo autor em diferentes momentos e com
diferentes grupos de pessoas, também serão distribuídos via e-mail, formatados com auxilio
do programa Survey Monkey. Para que a amostra não seja limitada nem tendenciosa, as
pessoas entrevistadas devem ser representantes de diferentes regiões da cidade, profissões e
preferências pessoais, portanto, além de entrevistar conhecidos do pesquisador, os locais
escolhidos para aplicação do questionário são: Shopping Praia de Belas, Usina do Gasômetro,
Parcão, Shopping Iguatemi, bibliotecas e nas escolas Farroupilha, Anchieta, Província de São
Pedro, Rosário e Pastor Dohms. Os questionários aplicados complementarão as entrevistas e
observações por meio da análise pontual e específica de dados, além de possibilitar a
mensuração e inferências das informações coletadas sobre grupos maiores (GIL, 1991).
Para realização deste estudo, foram utilizadas cinco técnicas de coleta de dados:
pesquisa bibliográfica, documental, entrevista em profundidade, observação participante e
questionários. A pesquisa bibliográfica e documental permite que o autor se aproxime de seu
tema de pesquisa, conhecendo a fundo o assunto de pesquisa, estudando os principais autores
do tema e documentos relevantes. Após o pesquisador ter os conceitos esclarecidos em seu
estudo, a entrevista em profundidade e observação participante permite que ele se aproxime
do grupo estudado, tendo a possibilidade de compreender a visão do grupo, levantando
164
permitindo que o autor do presente estudo conheça o tipo de loja que este grupo de
consumidores procura, os fatores físicos do produto que os consumidores analisam, como
compram, as influências do ponto de venda e outros fatores.
A observação participante é considerada uma técnica de investigação social, onde
o observador partilha, quando as circunstâncias o permitem, as atividades, situações,
interesses e afetos de certo grupo, comunidade ou indivíduo É um técnica composta pois o
observador não só analisa como também se utiliza de técnicas de entrevista. O objetivo
fundamental é a captação das significações e coleta de informações sobre as experiências
subjetivas dos intervenientes. O observador se integrar no grupo ou comunidade que, em
princípio, é estranho ao pesquisador, fazendo-o sofrer um processo de "ressocialização",
tendo que aprender novas normas de conduta, expressão de linguagens e gírias (DUARTE;
BARROS, 2006).
Finalizando a coleta de dados, os questionários são utilizados para apresentar de
forma objetiva as informações coletadas e possibilitam o desenvolver de análises estatísticas
comparativas, que venham ao encontro dos objetivos específicos propostos. O questionário
em si é um formulário de entrevista que pode ser utilizado como instrumento de medida,
através das respostas colhidas junto aos entrevistados. Os questionários são apresentados em
forma de questões simples e de fácil compreensão, com intuito de obter informações dos
entrevistados (MALHORA, 2006). O questionário pode ser estruturado através de perguntas
fechadas ou abertas. As perguntas fechadas contêm respostas predefinidas onde o entrevistado
apenas faz uma escolha entre as opções apresentadas, enquanto em um questionário aberto o
entrevistado pode dar sua própria resposta e fazer comentários se desejar. Almeida (2003)
relembra que ao aplicar um questionário fechado a proporção de indecisão diminui
significativamente, pois faz com que a pessoa tenha que se posicionar. Contudo, para que a
pesquisa se torne completa e traga dados diversificados e de real importância para o estudo,
será elaborado um questionário misto, ou seja, com perguntas abertas e fechadas, para
possibilitar que surjam novas ideias de importância para analise da pesquisa (MATTAR,
2007).
Após o levantamento das informações, através utilização de todas as técnicas
mencionadas, possibilita-se realizar a análise sobre o campo de estudo. A orientação de
pesquisa foi estruturada de modo que todos os questionamentos propostos fossem sondados
junto ao grupo pesquisado, ainda possibilitando, através das técnicas propostas, que o próprio
grupo levante outros questionamentos e insigths a cerca do tema de pesquisa. A seguir
167
Após reunir os dados coletados o pesquisador passa para a etapa de análise, que
consiste em interpretar o conjunto de informações extraídas e fazer considerações finais sobre
elas. Para concretizar esta fase pode-se utilizar técnicas incipientes de analise ou até mesmo
diagnósticos complexos e estruturados (MCDANIEL; GATES, 2003).
Para realizar a analise dos dados obtidos através da etapa qualitativa será utilizada
a técnica de análise de conteúdo, que analisa textos desenvolvidos dentro do campo das
ciências sociais empíricas. Esta análise visa fazer as ligações entre o formalismo estatístico e a
análise qualitativa dos materiais, o que torna o trabalho de pesquisa mais rico e completo. As
pesquisas sociais têm as entrevistas como base, onde se fazem perguntas como idade, sexo e
classe social para os entrevistados, com o intuito de conhecê-los melhor (BAUER;
GASKELL, 2002). No entanto, a análise de conteúdo baseia-se em conteúdos já escritos e
refere-se a pensamentos, memórias sentimentos e discussões. Este modelo é baseado em
análises textuais escritas, imagens e sons. Consideram-se aqui dois tipos de texto: os
constituídos no processo de pesquisa e os textos que já foram criados para outras finalidades,
como no caso dos jornais, revistas e artigos. Cabe ao pesquisador identificar que tipo de
informações são valiosas para seu estudo e trabalhar em cima delas (MARKONI; LAKATOS,
1996).
Bardin (2004) ressalta a importância de se trabalhar sobre estes dados, para que se
viabilize o codificar dos dados, que na maioria das vezes se apresentam de maneira bruta, para
que de maneira sistemática, transforme-os em unidades agregadas que tragam uma descrição
pontual de características pertinentes ao conteúdo da pesquisa desenvolvida. Desta maneira se
permite que a pesquisa agregue valor através da representação de conteúdo e sua expressão,
mostrando para o analisador as características fundamentais do texto. Na pré-análise se faz a
escolhas de documentos, hipóteses e objetivos da análise, na interpretação e exploração
transforma-se os dados brutos em informações pertinentes ao estudo, tratando e interpretando
os dados coletados (DUARTE; BARROS, 2006).
A pré-análise é fundamental, pois na descrição das análises em profundidade a
pesquisadora deve organizar as informações colhidas e reflexões, lidando com o grande
168
volume de informações gerado, devendo filtrar apenas aquilo que tenha valor para o estudo
proposto. Neste ponto, o pesquisador faz suas classificações com base em critérios pré-
estabelecidos, organizando grupos e temas comuns que estejam alinhados com os objetivos do
trabalho. A análise de conteúdo ocorre em três fases principais: pré-analise, exploração e
interpretação, o que permite que o autor planeje o trabalho a ser elaborado, explore e
codifique o material e por fim, obtenha interpretações e significados válidos para o trabalho
de pesquisa (DUARTE; BARROS, 2006).
Em um segundo momento, na etapa quantitativa, a análise será feita através da
técnica de estatística descritiva, proporcionando informações sumarizadas de todos os dados
da amostra. A análise estatística de dados é realizada após a tabulação dos mesmos e
possibilita que as informações sejam descritas, avaliadas e generalizadas a partir de princípios
pré-definidos. Tais análises podem ser feitas manualmente ou com auxilio de computadores.
Atualmente existem diversos softwares e programas que auxiliam na distribuição de
frequência, correlações, médias, regressões e diversas outras técnicas estatísticas (GIL, 2007).
No caso da pesquisa de marketing, os métodos utilizados são medidas de posição, dispersão e
associação (MATTAR, 1995). Este caráter de pesquisa submete os dados à análises
estatísticas com auxilio de softwares que respondem e codificam as medidas a serem
manipuladas. Esta técnica possibilita confirmar se a hipótese apresentada é validada pela
evidência empírica. Sugere-se a utilização do programa Sphinx que é uma ferramenta que
apoia o processo de pesquisa para fazer a análise dos dados coletados para estudo acadêmico,
além disto é considerado a melhor ferramenta para este tipo de analise no país (ROESCH,
1999).
Prosseguindo com a análise da pesquisa, através da constatação, por meio da
pesquisa bibliográfica e documental, observou-se que existem, dentro de um grupo maior,
grupos menores que pensam e agem de modo diferente em relação à compra de gadgets para
seus filhos. Bertman (1998) ressalta que em tempos de grandes mudanças sociais é comum
que surjam novos paradoxos e que as pessoas fiquem divididas, ou receosas em relação a
como agir. Algumas pessoas já mostram mais abertas para a utilização de novas tecnologias,
entretanto, outras são mais acanhadas e tem medo da escravidão tecnológica ou de serem
incompetentes na utilização de produtos inovadores (TAPSCOTT, 2000). Portanto, o presente
estudo também considera a análise de dados através da perspectiva geométrica da Análise
Fatorial e de Conglomerados, representada neste estudo como Cluster Analisys ou Cluster
(HAIR, 1998).
169
Este capítulo está estruturado com base em duas etapas distintas, na primeira
etapa serão apresentados os resultados das pesquisas qualitativas e quantitativas. Observa-se
também a análise e interpretação dos dados coletados, empregando a análise de conteúdo e
validação das respostas dos objetivos propostos por este trabalho acadêmico, nas etapas de
pesquisa qualitativa e quantitativa. No momento inicial observa-se a apresentação dos
resultados de pesquisa qualitativa. A apresentação dos resultados será explicitada por meio do
estabelecimento de categorias estipuladas com base na identificação das respostas aos
objetivos propostos pelo presente trabalho. Em seguida, a apresentação dos resultados da
pesquisa quantitativa será feita através da análise estatística dos dados coletados, finalizando a
apresentação dos resultados de pesquisa.
crianças entrevistadas, todas elas eram filhas de pais que também foram entrevistados na
etapa de entrevista em profundidade, com intuito de contrapor e analisar as diferenças entre a
percepção de pais e filhos em relação aos gadgets. Dos sete pais entrevistados em
profundidade, cinco eram mulheres e dois eram homens, todos eles ficaram na faixa de 30 a
40 anos de idade e eram pais de crianças de 6 a 10 anos de idade, sendo cinco dos
entrevistados pais de meninos e três, pais de meninas. Em relação às demais três crianças que
participaram da pesquisa em profundidade, foram entrevistadas duas meninas, de 10 e 08 anos
de idade e um menino de 04 anos de idade. Devido a maior complexidade e dispêndio de
tempo por parte dos entrevistados para a parte qualitativa das pesquisas, todos os
entrevistados tinham algum tipo de relação com o pesquisador, não sendo nenhum dos
entrevistados membros da família do pesquisador, mas conhecidos de trabalho, amigos da
família ou amigos e parentes de amigos da pesquisadora.
As três observações participantes foram realizadas com colegas de trabalho e
amigos de família da pesquisadora, com foco em diferentes produtos e em diferentes locais de
compra. Das três observações realizadas, apenas em uma delas o filho estava presente, tendo
sido a escolha de levar o filho ou não, uma opção única e exclusiva dos pais, sem qualquer
interferência do pesquisador. Dos três colaboradores para esta pesquisa dois deles eram
homens, de 39 e 40 anos de idade, colegas de trabalho da pesquisadora na Dell
Computadores, pais de meninos de 06 e 09 anos de idade e compraram respectivamente um
MP4 e um PSP (Videogame Play Station Portátil). Por fim, a ultima observação participante
realizou-se com uma mulher de 35 anos de idade e sua filha de 09 anos de idade, na compra
de um netbook. A observação participante da compra do notebook foi realizada no Barra
Shopping Sul, na zona sul de Porto Alegre, na loja FNAC, a compra do PSP foi realizada no
Shopping Iguatemi, na loja especializada Game Center e , por fim, a observação da compra do
MP4 foi realizada na praia de Capão da Canoa, no centro comercial da cidade, em uma banca
de “camelô”. Nas três observações também constatou-se através da afirmação de renda dos
colaboradores com a pesquisa, que todos eram adultos da Geração X de classe A de Porto
Alegre.
No último momento proposto pelo presente estudo monográfico, na etapa
quantitativa, foram aplicados 111 questionários, sendo destes, 103 válidos de acordo com as
características exigidas na unidade de estudo e nos objetivos propostos. Dos 103 questionários
válidos observou-se uma homogeneidade na participação de entrevistados do sexo masculino
e do sexo feminino. Todos eles ficaram na faixa de 31 a 45 anos de idade e possuíam ao
172
identificar as motivações de consumo desta geração e o nível de aceitação dos pais em ralação
à compra de dispositivos portáteis para seus filhos, atendendo ao primeiro e ao segundo
objetivos específicos propostos respectivamente. A quarta categoria estabelecida atende ao
terceiro objetivo específico proposto, observando o comportamento da Geração X e influência
de seus filhos sobre o processo de decisão de compra, analisando cada etapa do processo. Por
fim, a ultima categoria apresentada, faz uma análise comparativa entre a percepção da
Geração X e a percepção de seus filhos sobre os gadgets, traçando as primeiras respostas e
identificações das preferências das crianças em relação aos dispositivos que mais desejam,
indo de encontro ao quarto e último objetivo específico proposto por esta monografia.
Parte já está adaptada a estes produtos e outra parcela é Já estão adaptados aos produtos
receosa na utilização de novos produtos digitais.
Gastam menos em gadgets de entretenimento do que de Gastam menos em gadgets de entretenimento
educação do que de educação
O gadget mais caro que demonstram interesse é o notebook O gadget mais caro que demonstram
interesse é o notebook
Julgam o celular/smartphone essenciais em seu dia a dia Julgam o celular/smartphone essenciais em
seu dia a dia
Percebem a evolução dos produtos como rápida e dinâmica Percebem a evolução dos produtos como
rápida e dinâmica
A maioria procura estes produtos quando já estão Procuram estes produtos quando já estão
estabilizados no mercado, mas alguns são entusistas deste estabilizados no mercado
tipo de produtos
Procuram gadgets por influência e suplicas de seus filhos Procuram gadgets por influência e suplicas
de seus filhos
Procuram gadgets por influência de colegas de trabalho Procuram gadgets por influência de colegas
de trabalho
Se interessam mais por, Smartphones e
Notebooks/Netbooks e alguns tem MP3, MP4
Acham estes produtos sem utilidade funcional.
Não se sentem totalmente à vontade para manusear certos
dispositivos.
Temem a impessoalidade da tecnologia.
Percebem que estes produtos impactam em seu status social
Figura 22 - Resultados da Observação Participante e da Entrevista em Profundidade sobre a Percepção da
Geração X em relação aos gadgets.
Fonte: elaborada pela autora.
Cabe destacar que não foi possível identificar uma percepção unificada, tendo
alguns entrevistados se mostrado mais interessados por gadgtes e outros menos, conforme
representam os trechos a seguir.
[...] Sim, sou apaixonado por tecnologia, leio blogs de tecnologia, revistas e mais um
monte de coisa. Estou sempre antenado ao que vai ter de novo e me sinto bem
comprando estes produtos. Minha esposa a Tatiana reclama um pouco mas fazer o
que, considero meu hobby [...] (ENTREVISTADO 2, APENDICE C)
175
[...] “Não, uso a tecnologia apenas para o trabalho do dia a dia, não tenho muito
produtos tecnológicos, só alguns que outras que auxiliem no dia a dia” [...]
(ENTREVISTADO 3, APENDICE C).
[...] “Eu gosto de tecnologia, mas não sou uma entusiasta assim que se diga né.
Mas me divirto vendo na tv leio revistas quando tem aqueles negócios interessantes” [...]
(ENTREVISTADO 4, APENDICE C).
[...] “Nossa eu fico doida com isso. Realmente ainda não estou preparada para
viver nesse mundo conectado e eletrônico como agente esta vivendo, mas temos que nos
adaptar” [...] (ENTREVISTADO 5, APENDICE C).
[...] “Não, nem eu nem meu marido somos muito fissurados nestas coisas... agente
compra quando precisa, quando surge algo muito melhor, alguma coisa que tem que ter.. mas
não ficamos trocando toda hora” [...] (ENTREVISTADO 6, APENDICE C).
De modo geral, as constatações feitas nas entrevistas em profundidade foram bem
similares às constatações feitas nas observações participante. Nota-se que a Geração X já está
adaptada com os gadgets, conforme afirma Conger (2005). Entretanto, eles não se consideram
nem demonstram ser muito ativos tecnologicamente ou exploradores em sua maioria. Dos
entrevistados, a maior parte esta focada em dispositivos apenas de funcionalidade
profissionais ou educacionais, pouco interessados em dispositivos voltados para diversão e
entretenimento. Percebe-se um movimento de adaptação aos principais aparelhos do mercado,
algumas pessoas ainda sentem desconforto no relacionamento com o gadgets, seja por não
conhecer sua utilidade, por não saber mexer, ou até mesmo por receio e pré-conceito,
demonstrando a condição de sensação e análise de risco percebido (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Para a Geração X o aparelho mais comum é o celular ou
o Smartphone, que já aparentam ser aparelhos exigíveis, mandatórios de se ter, elementares
em seu dia-a-dia, tanto para trabalho, família ou conversar com amigos.
[...] “Essencial? O celular, na verdade se meu celular tivesse internet era só ele
mesmo. Mas ainda preciso do netbook para acessar a internet, então acredito que sejam estes
dois mesmo. Celular e o mini computador” [...] (ENTREVISTADO 3, APENDICE C).
O celular demonstra ser um item de segurança, primordial na vida da Geração X,
deixando-os mais confiante quando estão sozinhos, por sua própria segurança, mas também
por poderem estar sempre disponíveis para seus filhos, amigos e trabalho (ALDRICH,2000).
Esta informação vai de encontro com as informações da Organização das Nações Unidas
(ONU), onde visualiza-se que dois terços de toda a população mundial utiliza celular,
176
demonstrando que a revolução dos dispositivos móveis está em andamento. O celular passou
de um objeto de luxo para um objeto considerado necessário e primordial no cotidiano de
grandes massas, seja pelo intuito da comunicação, ou pelo principio da segurança e da
proximidade emocional e psicológica proporcionada pelo aparelho (BUCKINGHAN, 2000).
A Geração X sinaliza perceber a evolução tecnológica dos dispositivos portáteis
como rápida e certeira, alegando mal terem tempo para se adaptar a uma tecnologia e logo já
terem que aprender a lidar com outra.
[...] “Ah, acho importante, é uma coisa que todo mundo tem que se atualizar e tem
que estar por dentro né. Essas coisa evoluem com muita velocidade e agente tem que estar por
dentro” [...] (ENTREVISTADO 1, APENDICE C).
Pode-se notar certa frustação por parte da Geração X, em relação ao sentimento de
inclusão social explicitado por Kahney (2008), onde os entrevistados sinalizaram a
necessidade de saber mexer e interagir com certos produtos por ser um pré-requisito social e
não serem excluídos. Para Schiffmam e Kanuk (2000), na realidade das tecnologias observa-
se um grande relevância quarto risco apresentado pelos produtos, não apenas riscos físicos ou
financeiros, mas principalmente pelo o risco social. Amoroso (2009) complementa que na era
digital, possuir aparelhos tecnológicos, dispositivos, gadgets, pode ser um forte fator
representativo de características pessoais de um individuo, pois estes produtos geram
repercussões no status social, no estilo de vida, e na percepção aparente e externalização de
características como modernidade do indivíduo e inovatividade no consumo.
[...] Testar? Não. Ah quando compro um celular novo ou geralmente ganho, já fico
toda perdida, pois os botões mudam de lugar tudo muda e agente se complica né.
Mas daí meus filhos vem e me ajudam e também meu marido e daí leio o manual e
vira uma bagunça (risos) não mas não gosto não. demoro alguns meses para me
adaptar [...] (ENTREVISTADO 4, APENDICE C).
[...] “Sim, ele ama. Mas não gosto muito que ele fique fazendo estas coisas.
Prefiro ele brincando com os amigos e jogando bola” [...] (ENTREVISTADO 1, APENDICE
C).
[...] “Acredito que esses aparelhos ajudam a desenvolver a criança para o mundo
que elas vão usar no futuro então não faço nenhuma negação a dar aparelhos para ele, claro
cuido para não dar as coisas mais caras, mas ele fica com os nossos telefones antigos” [...]
(ENTREVISTADO 3, APENDICE C).
[...] “Não. Nunca incentivo porque gosto mesmo que ele brinque na rua” [...]
(ENTREVISTADO 3, APENDICE C).
A principal dúvida observada nas respostas dos pais é que eles de fato
compreendem a importância da tecnologia na vida dos seus filhos e acreditam que cada dia
mais os aparelhos e dispositivos portáteis farão parte da rotina das crianças, aceitando o fator
tecnológico em suas vidas. Entretanto, observa-se uma grande apreensão por parte dos pais
em relação a maturidade de seus filhos para utilizar certos produtos. Os pais sinalizaram temer
que seus filhos expendam tempo de mais frente a estes aparelhos, que perdam o convívio
social, tenham dificuldades em relacionamentos ou até mesmo problemas de saúde e
aprendizado. Nenhum dos pais sinalizou possuir alguma resposta certa, observou-se que
existem pais mais abertos e incentivadores em relação aos dispositivos, mas que também
existem pais mais restritivos. Para os pais existem apenas dois motivos para seus filhos terem
um gadget, educação ou entretenimento. Gohn (2006) afirma que os pais querem aparelhos
que ensinem alguma coisa a seus filhos, que forneça um diferencial para eles e que ajude no
desenvolvimento educacional e social da criança. Ao comprar um gadget para seus filhos, os
pais da Geração X esperam que o produto complemente a educação formal, proveniente das
escolas, livros e família, funcionando assim como a educação informal, que se aprende com a
vida, vivências, experiências e com as ações coletivas e rotineiras do cotidiano (GOHN,
2006). Observou-se este fato com clareza na Observação Participante 1, Apêndice E, através
das afirmações e justificativas da mãe na compra de um netbook novo e pessoal, para sua filha
de 9 anos. A mãe afirmou que algumas colegas de sua filha já utilizam o computador como
meio de estudo, de pesquisa, sendo até um item utilizado em sala de aula ou para tarefas de
casa, para trabalhos digitados, ou até mesmo criação de vídeos, fotos, Power Points de
apresentação sobre algum projeto da escola. Além disto, percebe-se a importância do fator
aprendizagem também nas entrevistas em profundidade, representadas no trecho:
180
[...] Quanto mais cedo ele estiver conectado com a tecnologia mais cedo vai ter
contato com muitas culturas e muitos aprendizados. Quando ele tem aula de inglês
na escola por exemplo, ele sabe mais que a maioria dos coleguinhas, pois ele vai
atrás de tudo no computador [...] (ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 2,
APÊNDICE C).
fortemente puxada pelas crianças, que pedem estes produtos e demonstram interesse e
conhecimento sobre eles, de acordo com seguintes afirmações:
[...] “Nossa, eu acho para eles é fundamental, ela pega as coisas bem rápido, já
está bem acostumada com estas coisas, ela sabe mais dos lançamentos deste tipo de produtos
do que eu, ela deve saber até quem é Steve Jobs.. risos” [...] (ENTREVISTADO 6,
APÊNDICE C).
Os pais sinalizam perceber que seus filhos tem um aprendizado rápido e contínuo
a cerca destes produtos, não demonstrando quaisquer dificuldades e receios em relação à
utilização destes aparelhos, indo ao encontro a ideia de Linn (2006) que afirma que as
crianças possuem menos fatores inibidores e se mostram mais dispostos a tentativa e erro e a
inovatividade, visto que para eles muitas coisas ainda são novas e não enxergam muita
diferença entre algo novo para eles ou algo novo para o mundo.
Como as crianças ainda estão em fase de tentativas, querendo provar de tudo, e
perdendo o interesse em curto espaço de tempo, os pais não se sentem a vontade de investir
grandes quantias de dinheiro nestes produtos, visto que somam a percepção de desinteresse de
seus filhos após pouco tempo de uso, com a superação rápida dos aparelhos. Observou-se que
os pais possuem pouco conhecimento técnico e funcional dos produtos e que só buscam
informações quando de fato pretendem comprar ou por questionamentos de seus filhos, não
havendo interesse prévio pessoal anterior. Em muitos casos, as próprias crianças ouvem sobre
os produtos e levam informações para seus pais, que por fim vão atrás de mais informações.
Muitas vezes as crianças repetem em casa o que veem na televisão ou o que seus amigos
contam por já possuírem certos produtos.
Tiba (2008) afirma que muitas vezes os pais compram certos produtos para seu
filhos apenas para não deixar que seus filhos se sintam atrás de seus colegas, primos e amigos
que já possuem certos produtos. No caso dos gadgets a amostra não demonstra ser favorável a
inovatividade ou a testar e incentivar seus filhos antes dos outros, mas depois que os produtos
já estão estabilizados e os amigos de seus filhos já estão começando a comprar ou ter certos
produtos, estes pais acabam comprando para que seus filhos não se sintam inferiores.
Entretanto, também existe, mesmo que em menor proporção o caso dos dois extremos, os pais
que incentivam e presenteiam seus filhos estimulando-os a interagir com a tecnologia de
modo proativo, e aqueles que rejeitam e recusam que seus filhos possuam tais produtos,
mesmo que o mesmo já esteja popularizado. Com isto, percebeu-se a grande influência que as
crianças exercem no que diz respeito ás motivações de compra, entretanto, existe uma ampla
182
gama de motivações que podem levar a Geração X a comprar um gadget para seus filhos,
portanto, a categoria a seguir foi destinada especificamente para analisar as motivações de
compra destes pais.
que de modo geral, a principal motivação de compra de produtos não essenciais para
sobrevivência de seus filhos é o remorso e o arrependimento de trabalhar fora de casa e não
dispor do tempo que gostariam para estar junto a seus filhos, por isto, buscam presentear as
crianças, mesmo fora de datas comemorativas, para compensá-las e deixa-las alegres,
principalmente quando se trata de produtos que as crianças realmente querem e pedem. Este
fator foi identificado também, na conciliação entre as suplicas dos filhos e a já presente pré-
disposição e vontade dos pais em presenteá-los (O’DONNELL; YARROW, 2009).
De fato, todos os entrevistados mencionaram seus filhos como os principais
influenciadores e motivadores para a compra. Observou-se que os filhos pedem
especificamente os produtos que desejam e que insistem bastante junto aos pais até mesmo
sobre as características e especificações técnicas que desejam no produto que vão ganhar. As
crianças ainda não tem total noção do que podem ou não poder ter, para eles, tudo é possível,
por mais que saibam se comportar frente a uma resposta afirmativa, existe uma forte
tendência das crianças a questionar e testar os limites e flexibilidade das definições de
consumo estipuladas por seus pais (MONTIGNEAUX, 2003). O autor ainda complementa
que desde muito cedo as crianças, através de sua percepção sobre o ambiente e análise de suas
tentativas e erros já sabem ou criam estratégias para ganhar as coisas que querem, como
identificar momentos certos para pedir, ou a pessoa certa para pedir, confirmando-se na frase
apresentada a seguir, coletada nas entrevistas em profundidade com crianças.
[...] “Pro meu pai, porque ele sempre dá. Mas ai se roupa é a mãe que dá porque
ela que vai pro shopping comigo” [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 3, APÊNDICE D).
Outro fator importante que foi observado, foi relação dos pais e sua percepção a
cerca do status percebido proporcionado pela utilização dos gadgets. Percebeu-se que, de
acordo com a teoria de Linn (2006), os pais querem que seus filhos pareçam bem, que sejam
superiores. Na pesquisa, os pais sinalizaram perceber que estes produtos proviam um status de
grandeza a seus filhos e este mesmo status era extensível e eles mesmo, pois, perante a
sociedade, quanto mais o filhos aparentam ter representa o quanto mais os próprios pais tem.
Na pesquisa os pais demonstraram ter consciência da influência das mídias e das necessidades
e desejos por elas geradas, sinalizando que percebiam que seus filhos se aproximavam deste
tipo de produto através de desenhos e seriados que assistiam na televisão e que davam o
exemplo para as crianças, além disto os pais perceberam os próprios comerciais televisivos
como influenciadores e confirmadores desta necessidade ou desejo, tanto em si mesmos,
quanto em seus filhos.
184
Em alguns casos observou-se também que a escola, pais de colegas de escola das
crianças, amigos dos pais e familiares, também exerciam fatores de influência sobre os pais,
incentivando-os a comprar certos produtos para seus filhos, alegando justificativas e
argumentos como “já está na hora”, “ele precisa ter”, “para a escola é bom”, entre outros.
Observa-se que, usualmente, as pessoas que fazem parte de certo grupo de convívio,
comportam-se de modo parecido, o fato de estar em desconformidade pode ser um motivo de
retaliação e exclusão social, portanto as pessoas de fato buscam o igual (HAWKINS;
MOTHERSBAUGH; BEST, 2007).
Na Observação Participante 1, a pesquisada sinalizou com um de seus principais
argumentos para a compra de um netbook para sua filha, seus estudos e a escola, indo de
encontro com a teoria de Moura (2009), que apresenta este tema, afirmando que cada dia mais
o papel da escola tem sido fundamental na formação das crianças, alinhado com as definições
de Montigneaux (2003) que apresenta a escola como um dos elementos temporais de
convívio. Entretanto, na Observação Participante 2, ficou claro que outro forte indício de
compra de um gadget para os filhos da Geração X é o fator socializante entre pais e filhos.
Linn (2006) afirma que as crianças desde as séries iniciais do colégio,
principalmente quando começam a interagir com outras crianças, passam a desejar se igualar
aos seus colegas e a querer mais fortemente diversos produtos, insistindo e suplicando a seus
pais na compra de certos produtos. Tiba (2008) explica que um dos principais motivos de
compra de um pai, para um produto não essencial na vida de seu filho, é a vontade de agradá-
lo e de compensar o tempo que passa fora de casa. Os pais tendem a ser receptivos ás suplicas
de consumo dos filhos, por um movimento natural de querer fazer seus filhos felizes e se
sentir capaz de prover e atender as necessidades de seus filhos, portanto, a auto realização
também pode ser considerada um dos fatores motivacionais no consumo de gadgets infantis
pela Geração X. Observa-se isto na Observação Participante 1, onde o pai da menina que
ganhou um netbook se sente também realizado e satisfeito pela compra, externalizando
verbalmente a satisfação em prover algo importante para vida de sua filha. Tiba (2008)
também explica que os pais se utilizam dos brinquedos e outras compras para seus filhos
como meio de aproximação e de desenvolver atividades coletivas e integradoras para a
família. Destaca-se na pesquisa qualitativa que o fator relacionamento e convívio familiar
também foi fortemente vivenciado como fator motivacional dos pais no consumo de gadgets
infantis para seus filhos, principalmente nos aparelhos relacionados ao entretenimento e
diversão. Na Observação Participante 2, o pai pesquisado verbalizou em diversos momentos
185
que gostava de jogar videogame com seus filhos e que era inclusive um dos momentos onde
seus dois filhos brincavam juntos ou com ele. Nas entrevistas em profundidade, também
verificou-se a presença do videogame como produto utilizado na integração familiar,
principalmente entre pai e filho:
[...] “Claro. Brinco sempre que dá, é uma briga para ver quem ganha no
videogame e sempre uma diversão usar estas coisas com ele. Ele é bem melhor que eu...
risos... videogame quando quero tirar o estresse ou brincar com meu filho” [...]
(ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 2, APÊNDICE C).
[...] “Em uma outra loja ele viu o videogame e ficou louco, como meu marido já
gostava de jogar acabamos comprando para ele na hora pelo impulso mesmo” [...]
(ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 1, APÊNDICE C).
[...] Às vezes sim. (risos) eu até gosto de brincar com esses jogos. Quando agente
viaja e meu filho vai usando o mini game no banco de traz, as vezes ele pede para eu
passar uma fase eu pego e fico jogando. No videogame comum agente, eu e meu
marido também brincamos com ele [...] (ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 3,
APÊNDICE C).
6.2.4 Processo Decisório de Compra da Geração X no consumo de gadgets para seus filhos e
a influência da criança em cada etapa do processo
Solomon (2008) afirma que qualquer decisão de compra, desde a mais simples até
a mais complexa, envolve uma ampla gama opções e decisões que os consumidores devem
tomar, como quer comprar, quando quer comprar, o que quer comprar, se precisa comprar, em
que local quer comprar e como quer pagar. Blackwell, Miniard e Engel (2005) consideram
186
Crianças: quando percebem que seus Crianças: quando percebem que seus
amiguinhos possuem os produtos, por amiguinhos possuem os produtos, por
ver seus pais usando algum produto, por ver seus pais usando algum produto,
ver na televisão, no colégio etc. por ver na televisão, no colégio etc.
Figura 25 - Reconhecimento da Necessidade.
Fonte: elaborada pela autora.
desejado por ele. O reconhecimento da necessidade pode ser resultante de uma sensação
interna ou de estímulos vindos do meio externo. Ao perceber uma necessidade, o indivíduo é
internamente impulsionado a solucionar o problema, pois existe uma motivação
(CHURCHILL, 2000). Na presente pesquisa, as crianças sinalizaram perceber uma
necessidade no momento em que começam a ver outras pessoas e outros exemplos de pessoas
ou personagens utilizando certos produtos. Papapalia e Olds (2000) afirmam que é um
processo natural da evolução e comportamento infantil buscar imitar o que seus pais, irmãos,
primos, colegas, ou qualquer outra pessoa ou personagem que tomem por referência faça.
Conforme observado no trecho a seguir, as crianças consideram normal e assumem para sua
realidade aquilo que veem com frequência.
[...] “Todo mundo tem, o pai tem, a mãe tem eu não posso ainda porque sou
pequeno mais brinco com o do pai e com o meu celular” [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 2,
APÊNDICE D).
Quando enfim uma criança assume que deseja certo produto, o movimento natural
é ir lutar para consegui-lo, normalmente atrás da fonte mais comum, os pais. As crianças
começam a pedir os produtos, mostrar os comerciais para os pais, mostrar nas lojas quando
passeiam ou até mesmo olhando na internet, mostrando e argumentando a necessidade com
seus pais. Neste cenário, de acordo com a teoria de Schiffman e Kanuk (2009) as crianças
atuam como influenciadoras e iniciadoras, sugerindo a compra do produto, ativando em seus
pais uma necessidade de consumo através de suas suplicas, após terem pessoalmente
percebido uma necessidade individual anteriormente. Observa-se também o movimento
contrário, onde os pais são os responsáveis pelo reconhecimento das necessidades de seus
filhos, atuando como iniciadores e consequentemente como decisor e comprador, visto que
até certa idade os pais são responsáveis pela compra dos produtos para seus filhos
(BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). As Observações Participante 2 e 3, foram ao
encontro deste formato, onde os próprios pais identificaram a necessidade de consumo de
produtos que acreditavam que seus filhos deveriam ter e fizeram a compra sem envolver seus
filhos no processo, considerando-os apenas usuários. Além da observação participante, nas
entrevistas em profundidade houveram também afirmações como:
[...] Hum, quando que eu vejo uma necessidade? Acho que necessidade agente não
tem muito né? Tirando o celular o resto agente compra por fescura né. Porque essas
compras agente faz pra dizer que tem mesmo, eu acho.. eu não compro muito mas
meu marido vive comprando. Acho que ele compra quando vê que um amigo ou
alguém da firma compra, e sei lá, ele gosta um pouco de ficar mechendo nestas
coisas, decobrir como funciona [...] (ENTREVISTADO 1, APÊNDICE C).
188
[...] “Ai sei lá, nunca saio comprando sempre as coisas vão surgindo os amigos
tem, compram e quando vejo acabo comprando” [...] (ENTREVISTADO 7, APÊNDICE C).
[...] “Não eu dou quando sinto vontade. Em datas comemorativas fizemos ao
contrario dou carrinho e coisas para ele brincar. Tecnologia eu compro a toda hora e
geralmente ele fica com o que é usado por mim e pela minha esposa” [...] (ENTREVISTADO
2, APÊNDICE C).
[...] “Identifico a necessidade de compra quando vejo que muitas pessoas estão
usando esse porduto” [...] (ENTREVISTADO 3, APÊNDICE C).
[...] Ih já pediu de tudo, mas agente segura. Ele já quis computador, videogame
portátil, DVD portátil, celular. Mas de todo acho que vamos dar um celular para ele
daqui um tempo... Ah eu compro quando estraga ou quando agente tem uma
necessidade muito grande sabe [...] (ENTREVISTADO 4, APÊNDICE C).
Crianças: perguntam para seus pais, irmãos, Crianças: perguntam para seus pais, irmãos,
amigos, familiares, pesquisam na internet, amigos, familiares, pesquisam na internet,
olham nas lojas juntos com seus pais. olham nas lojas juntos com seus pais.
Figura 26 - Procura de Informações.
Fonte: elaborada pela autora.
Crianças: aparentam já ter uma Crianças: aparentam já ter uma decisão mais
Avaliação das decisão mais fechada e pronta em fechada e pronta em mente, vão as lojas com
Alternativas de mente, não gostam de muito de mudar um produto já bem definido em sua mente,
Compra sua idéia original, comparam não gostam de muito de mudar sua idéia
primeiramente design, cores e formas original, comparam primeiramente design,
dos produtos, se importam com as cores e formas dos produtos, se importam
marcas e não se preocupam com com as marcas e não se preocupam com
preço, embora ouçam seus pais e se preço, embora ouçam seus pais e se
mantenham dentro da faixa de preço mantenham dentro da faixa de preço
proposta sem grandes problemas. proposta sem grandes problemas. São mais
dispersivos em relação ao consumo de
outros ítens, que não os que procuram e
fazem análises e comparações entre
diferentes categorias de produtos, como:
meu presente pode ser um livro e um DVD
de cem reais ou um MP3 de 100 reais.
Figura 27 - Avaliação das Alternativas de Compra.
Fonte: elaborada pela autora.
191
[...] Acho que a marca e a funcionalidade. As vezes agente encontra uns brinquedos
que não funcionam direito e tal.. mas depende do produto [...] Acho que é um fator
importante. Nem sempre agente pode gastar muito, como em um computador para
dar para o guri quebrar né [...] (ENTREVISTADO 1, APÊNDICE C).
[...] “Total, se é muito caro não vou dar para ele estragar. Geralmente é caro então
prefiro não dar por causa disto, pois sei que ele vai estragar [...] Ah, pra comprar um celular
novo considero o tamanho e também o custo. Porque todos fazem a mesma coisa né?” [...]
(ENTREVISTADO 4, APÊNDICE C).
Preço e qualidade aparecem como os principais fatores analisados pelos pais na
análise das alternativas de compra, pois querem um produto durável para seu filho, mas ao
mesmo tempo não parecem se interessar em investir muito ou além da média em algum
gadget pois temem que seus filhos não saibam utilizar direito e danifiquem o produto, além
disto, entendem que estes produtos ficam ultrapassados rapidamente e que é preferível trocar
mais vezes do que investir muito em um mesmo produto. Esta identificação atende os
preceitos apresentados por Czinckota et al (2001) onde o preço é um dos principais fatores
determinantes na demanda por um produto ou serviço. Percebe-se que, sob a perspectiva do
consumidor, preços maiores significam que os produtos são de maior qualidade, devido ao
valor percebido, enquanto preços baixos podem representar baixa qualidade ou pouca
durabilidade, portanto busca-se o equilíbrio ideal entre preço e qualidade (KOTLER;
KELLER, 2006).
192
disto. Os entrevistados enfatizam que a compra é o mais rápido, afirmam preferir pagar com
cartão de crédito ou débito, usam pouco dinheiro ou cheque, não gostam de demorar para
pagar, não ficam a vontade com filas em caixas e é o momento que apresentam mais pressa.
Algumas vezes os pais preferem finalziar a compra sem a criança, para poder fazer uma
surpresa ou presentear seus filhos em outro momento, que não o da compra, conforme
aconteceu nas Observações Participante 2 e 3. O consumidor compra não apenas um produto,
mas a marca do produto, seus benefícios, a marca da loja, o local de compra e o próprio ato da
compra, que muitas vezes é considerado prazeroso pelas sensações que podem causar no
consumidor. Por esta razão observa-se que diversas pessoas incorporam o consumo a seu
estilo de vida (HAUKINS, MOTHERSBAUGH, BEST, 2007).
Após a compra, o momento seguinte é representado pelo consumo, pela utilização
do produto, voltando a envolver a criança no processo, visto que na compra estudada, as
crianças são os usuários dos produtos. Para analisar o momento de consumo e avaliação pós-
consumo, estabeleceu-se o quadro de análise a seguir.
194
(CHURCHILL, 2000). Neste momento pesa tanto a percepção e reações das crianças quanto
de seus pais, pois as crianças utilizam e expressam sua percepção, influenciando seus pais na
percepção de pós-compra. Ao longo da pesquisa os pais sinalizaram que o primeiro impacto
dos gadgets com as crianças é positivo, pois as crianças se alegram com presente. Tiba (2008)
afirma que as crianças adoram ganhar presentes e no primeiro momento quase sempre ficam
felizes e satisfeitas, entretanto Gade (1998) argumenta que as crianças tem menos paciência
com produtos, caso eles apresentem erros, ou tenham dificuldades. Em relação a utilização
gadgets e ao tempo que as crianças se mantém interessadas pelos dispositivos, verifica-se as
seguintes afirmações:
[...] “Ahhh... Bastante, ele raramente larga” [...] (ENTREVISTADO 7,
APÊNDICE C).
[...] “Ah, acho que um ano mais ou menos... ai vai parando de usar com o tempo”
[...] (ENTREVISTADO 6, APÊNDICE C).
[...] Ele usa por um tempo, mas eu acho que o tempo de uso ta muito ligado a
interatividade do brinquedo. O DVD ele nunca enjoou e usa até hoje o mesmo
acontece com celular e videogame. A interatividade esta ligada diretamente com o
mundo real e não com o brinquedo, você fala com alguém no telefone, você vê um
filme novo no DVD e também existem muitos joguinhos para o videogame. Acho
que o tempo médio é de uns 2 anos [...] (ENTREVISTADO 3, APÊNDICE C).
[...] Claro. Brinco sempre que dá, é uma briga para ver quem ganha no videogame e
sempre uma diversão usar estas coisas com ele. Ele é bem melhor que eu... risos...
videogame quando quero tirar o estresse ou brincar com meu filho... [...] Raramente.
Ultimamente até ele tem me ajudado mais. Ajudava ele antes de ele começar a ler
[...] (ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 2, APÊNDICE C).
[...] “Não no videogame ele sabe tudo sabe mais que eu. Um dia eu quis jogar e
quem teve que ligar para mim foi ele. No telefone as vezes ele pega o celular e sai usando só
pergunta qual é o numero das pessoas” [...] (ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE 4,
APÊNDICE C).
196
[...] “Na escola eles ensinam desde a 1º séria e ligar o computador né. Já sabia faz
tempo, ai quando eu não conseguia escrever direito os sites minha mãe ajudava ou salvava na
estrelinha, que ai eu só clico ali e entro” [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 1, APÊNDICE D).
[...] “Sei sim, ou o mano me ajuda, mas é mãe que liga ai é só apertar no
verdinho” [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 2, APÊNDICE D).
Quando o consumidor utiliza o produto comprado ele avalia o produto com base
em suas experiências e expectativas, perante este cenário existem três possíveis alternativas: o
desempenho do produto atinge as expectativas propostas, o desempenho real supera as
expectativas do consumidor, causando a satisfação, ou o desempenho fica abaixo do esperado
pelo consumidor gerando insatisfação (HAWKINS; MOTHERSBAUGH; BEST, 2007). Por
fim, a última etapa do processo de decisão de compra analisada por esta pesquisa retrata o
descarte dos gadgets infantis, representado na tabela abaixo.
Etapa do PDC Entrevistas em Profundidade Observação Participante
descarte, simplesmente param de usar e com o tempo nem lembram mais que o produto
existe. Por este motivo, são os pais que acabam assumindo o comportamento de descarte dos
produtos, confirmado nos trechos a seguir:
[...] “Ih, ele esquece que tem as coisas... Jogamos fora ou doamos para alguém.
Não tem um padrão” [...] (ENTREVISTA 7, APÊNDICE C).
[...] “Olha, nem sei... acho que acaba ficando em casa.. ou agente dá para alguém”
[...] (ENTREVISTA 6, APÊNDICE C).
[...] “Sei lá, agente acaba doando eu acho, passa para algum familiar mesmo” [...]
(ENTREVISTA 5, APÊNDICE C).
[...] “Ficam la por casa jogados em algum canto” [...] (ENTREVISTA 2,
APÊNDICE C).
Com isto, pode-se concluir que e etapa do descarte fica mais focada nos pais e que
não existe um padrão específico para o descarte, pois os produtos acabam ficando esquecidos,
são repassados para outros membros da família, doados e jogados fora. Após analisadas todas
as etapas do processo de decisão de compras, a última categoria proposta apresenta o
fechamento das analises da pesquisa qualitativa, fazendo uma análise comparativa entre a
percepção da Geração X e a percepção das crianças em relação aos gadgets.
Geração X Filhos
Ensina Todo mundo tem
Educa Meus amigos tem
Diverte É normal
Distrai É popular
Pode ser perigoso É divertido
Precisa ser limitado Quero muito ter
Não está na hora Está na moda
São muito novos Falo com meu amigos
Aparelhos delicados Jogo
Interação social
Diversão
Figura 31 - Comparativo entre a percepção da Geração X e de seus filhos quanto aos Gadgets.
Fonte: elaborada pela autora.
Gade (1998) afirma que a relação de pais e filhos na esfera do consumo, retrata
uma relação do tipo influência versus cessão, analisando a influência que as crianças
objetivam estabelecer e a decisão dos pais de acatar ou não o desejo do filho, portanto, as
escolhas e preferências das crianças podem ser consideradas tão importante quanto a de seus
pais, chamando atenção dos profissionais de marketing, que passam a focar novos esforços
sobre as crianças, para que elas os ajudem a convencer os pais a comprar (KARSAKLIAN,
2000).
Para Schiffman e Kanuk (2000) o interesse das pessoas em relação ao consumo
varia de acordo com a idade do comprador. As necessidades dos indivíduos se alteram à
medida que amadurecem, por isto se torna importante analisar a idade do consumidor. É
preciso compreender como as crianças assimilam as informações e as decodificam no decorre
do processo de compra, compreendendo a diferença no comportamento de consumo, entre
adultos e crianças. Com isto, é possível comparar as diferenças entre os modelos de consumo
de adultos e crianças, analisando as diferenças entre as Gerações X e Z e como elas se
comportam frente ao consumo (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
Sampaio (2004) ainda afirma que para os pais os gadgets podem ser vistos como
um meio de ensino e de educação, principalmente se falando de dispositivos de computação,
como o notebook e o netbook. Para os pais todos os demais aparelhos são vistos como meio
de entretenimento para seus filhos. De modo sucinto o tabela acima demonstra as principais
199
[...] “E às vezes nem é quebrar mas é não utilizar da maneira correta, ou não
aproveitar, ou pelo perigo de ficar vendo besteiras na internet mesmo” [...] (ENTREVISTA 1,
APÊNDICE C).
Solomon (2008) afirma que o comportamento de retração dos pais é referente ao
medo ou receio de expor seus filhos e de sua obrigação pessoal de cuidar de seus filhos e
fazer o melhor para eles, portanto, os pais tendem a ser mais cautelosos em relação ao
consumo de produtos ou serviços que possam expor seus filhos a possíveis riscos, seja em
relação a riscos físicos, como podem ser observados em um pai com receio de deixar seu filho
ir a um parque aquático, ou riscos psicológicos ou sociais, como deixar que seus filhos
joguem videogame.
Para Sampaio (2004), sob a ótica oposta, na visão das crianças, tudo aquilo que
eles veem com frequência pode ser considerado normal, na cabeça das crianças, se todos seus
amigos tem videogames eles também podem ter. O fator repetição é fundamental na formação
de imagens e confirmação de mensagens de consumo na cabeça das crianças, por isto,
diversas marcas e empresas que trabalham com foco em consumidores infantis, utilizam-se da
repetição de sua mensagem e exposição de produto em programações televisivos infantis e
material escolar. É comum observar desenhos animados com elementos de merchandising e
produtos reais de mercado utilizados pelos personagens e caracteres das programações
infantis para que as crianças assumam os produtos como parte de sua realidade
(CARVALHO, 2008). Observa-se estes fatores nas seguintes afirmações:
[...] “Ah, não ainda não, mas eu já pedi um para mãe que vem com o caderno e kit
de canecas do seriado das Princesas... Aham, que já vem com as musicas das Princesas e
agente ainda pode colocar mais músicas” [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 1, APÊNDICE D).
[...] “Ah, na TV sempre aparece da Claro né, e no shopping também tem um
monte que ai dá para comprar lá né... sim né, eu jogo do Ben Dez, do Zeke e do Camp Rock”
[...] (ENTREVISTA CRIANÇA 2, APÊNDICE D).
Para Solomon (2008) o comportamento de espelhamento e identificação das
crianças é comumente refletido em seu comportamento de consumo. A utilização de
personagens é inclusive utilizada como técnica de marketing para atrair e gerar identificação
com as crianças e criar nelas o desejo de consumir o produto ofertado.
Mowen e Minor (2006) afirmam que pessoas com idades semelhantes tendem a se
comportar de maneira mais parecida, uniforme, podendo portando se identificar subculturas
de idade. Observa-se a existência de padrões comportamentais similares entre pessoas de uma
201
mesma faixa etária, com base em seu modo de pensar e agir. Isto ocorre porque pessoas de
mesma idade e condições equilibradas, compartilham uma similaridade em relação às
experiências de vida que já tiveram e as que desejam ter (MOWEN; MINOR, 2006). Portanto,
é possível identificar comportamentos comuns dentro das subculturas de idade, que se
diferenciam uma da outra pelo mesmo comportamento apresentado. Schiffmam e Kanuk
(2000) afirmam que a percepção de mundo, estilo de vida e personalidade derivam de uma
sequencia de fatores internos e externos, motivados também pelas vivências que os indivíduos
tiveram ao longo de sua vida, que se reflete em seu modo de ver o mundo e perceber as outras
pessoas, sobre sua ótica pessoal. Com base nesta perspectiva, constatou-se na pesquisa que a
percepção das crianças sobre o relacionamento de seus pais com gadgets se dá da seguinte
forma:
[...] Hum, meu pai acho que não tem nada, ele não gosta de celular porque tem que
carregar, mas minha mãe tem e usa toda hora. E o computador ela usa o notebook
dela, mas meu pai não gosta que ela fica na internet passando e-mail. Acho que meu
pai não gosta destas coisa muito mesmo e minha mãe só computador... Ah não sei,
acho que eles não gostam muito por que tem que trabalhar com isso... Eles acham
que eu sou muito nova [...] (ENTREVISTA CRIANÇA 1, APÊNDICE D).
[...] Não não uso muito para me divertir, acho que mais para trabalhar mesmo, na
internet também, as vezes a gente acessa algumas coisas para se divertir assim né,
mas não se pode considerar diversão o dia todo [...] Acho importante, mas não é
tudo, ela tem que saber que a vida não é só computador e tecnologia [...] Colégio
incentiva muito, também acho que as coleguinhas conversam muito tem uns pais
que dão mais presentinhos aos filhos e dai fica mais difícil de segurar né. Mas hoje
em dia a própria televisão já transmite muita informação né [...] (ENTREVISTADA
5, APÊNDICE C).
Já para a criança entrevistada número 1, seu pai não é a favor da tecnologia, mas
sua mãe, para a menina, é ligada em tecnologia por utilizar seu notebook em casa. Quando
questionada seu seus pais a incentivam a utilizar gadgets a criança afirmou que os pais não
interferiam nisto, que utilizava quando quisesse. Para a criança, o motivo de seus pais não
serem tão interessados em tecnologia é porque eles utilizam estes produtos para o trabalho, e
portanto não acham divertido. Para a criança estes produtos são legais e divertidos, mas a
menina demonstra ter consciência dos limites de idade para possuir certos produtos: “tenho
sim, agora quando eu fizer 9 acho que eu já vou poder ter todos, porque as gurias da quinta e
da sexta já tem tudo isso e pode usar no intervalo (ENTREVISTA CRIANÇA 1, APÊNDICE
D). Entretanto, mesmo compreendendo a existência de limites, a menina parece discordar do
tempo estipulado por seus pais e enfrenta-los “eles acham que sou muito nova [...] mas eu
entro a hora que quero”. Entretanto, na entrevista em profundidade com a criança numero 2,
observou-se o cenário oposto, a criança afirmou que o pai era mais ligado em tecnologia, que
brincava com ele e com seu irmão no videogame e que sempre estava mostrando coisas novas
para eles, deixavam eles brincar no celular do pai, ajudava os filhos a brincar no computador,
enquanto a mãe não se mostrava muito receptiva e limitava o tempo de uso dos filhos. A
criança afirmou que sua mãe preferia ver novela e assistir televisão, por isto não gostava
muito deste tipo de brinquedo, os gadgets.
Tiba (2008) afirma que é normal que existam diferenças na percepção de mundo e
comportamento de pais e filhos, pois os filhos percebem seus pais com os olhos de suas
vivências e experiências e os pais percebem os filhos da mesma forma. A análise da pesquisa
qualitativa foi de encontro as teorias estudadas na pesquisa bibliográfica, constatando e
validando a veridicidade de muitos tópicos estudados, entretanto, mesmo tendo proporcionado
um conhecimento amplo e abrangente sobre o relacionamento da Geração X com os gadgets e
uma ideia do relacionamento das crianças com os gadgets ainda restaram em aberto alguns
questionamentos específicos que ficaram dispersos ao longo das entrevistas e observações que
foram contemplados na elaboração do questionário, para que a análise da pesquisa
quantitativa complemente e agregue valor, levantando novas informações e dando relevância
estatística para as pesquisas realizadas e o resultado das análises.
Com base neste preceito, o subcapitulo seguinte apresenta os resultados e análises
obtidos na etapa quantitativa de pesquisa, com objetivo de estabelecer uma análise mais
conclusiva, detalhada e aprofundada sobre o comportamento de consumo da Geração X em
relação aos gadgets para seus filhos de 4 a 12 anos de idade.
203
De acordo com os objetivos propostos por esta monografia foram aplicados 103
questionários junto a pessoas pertencentes a Geração X de classe A de Porto Alegre. O
tamanho da amostra utilizada foi definido de acordo com a teoria de Malhotra (2001) que
afirma que amostras com mais de 100 entrevistados dão uma noção mais próxima da
realidade de certa população. Foram entrevistados homens e mulheres, de 31 a 45 anos de
idade, residentes da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Schiffman e Kakuk (2009)
afirmam que a Geração X é representada por pessoas nascidas entre 1965 e 1979, portanto, no
ano de 2010, estas pessoas se encontram na faixa de 31 a 45 anos de idade.
De acordo com o levantamento indicado pela análise de dados da pesquisa
quantitativa, observou-se que, em relação ao gênero, a amostra deste estudo se mostrou
equilibrada, pois a proporção de homens e mulheres ficou próxima. Observou-se que, dos
respondentes do questionário aplicado, 54% foram mulheres e 46% foram homens, podendo
portanto, ser definida como uma amostra homogênea e representativa da Geração X de Classe
de A de Porto Alegre.
204
Em relação ao sexo das crianças observou-se que 76% possuem pelo menos uma
filha menina e 87% pelo menos 1 filho menino. Neste caso, como 54% dos entrevistados
possuíam mais de 1 filho, considera-se um total de 154% em relação ao número total de
filhos. Portanto, observa-se que, analisando a amostra globalmente, 57% dos filhos das
pessoas entrevistadas são do gênero masculino e 43% são do sexo feminino, apresentando
uma amostra levemente maior de meninos em relação aos dados do IBGE, não apresentando
distâncias significativas, visto que o IBGE apresenta uma porcentagem de cerca de 5% a mais
de meninos do que meninas nascidas em Porto Alegre
(http://www.ibge.gov.br//populacao/registrocivil/tabela1).
208
Observa-se que como existem casais com mais de um filho e foi analisado o sexo
de ambos os filhos, pode-se identificar a seguinte distribuição:
Em relação ao total da amostra, 70% tinham ao menos uma filha do sexo feminino
e 92% tem ao menos um filho do sexo masculino.
209
Analisando mais a fundo cada um dos gêneros dos filhos, percebe-se que a maior
concentração dos filhos meninos está nas idades de 6, 10 e 11 anos de idade, enquanto a
maioria das meninas, filhas dos entrevistados tinha 6, 8 ou 9 anos. Dos dois gráficos abaixo,
que analisam a idade dos filhos dos entrevistados, considerando-se a diferença de gêneros,
observa-se que em ambos os gráficos existe uma proporção denominada “outros” que
representam as crianças que não se enquadram na amostra desejada pelo autor. Entretanto, em
100% dos casos pelo menos 1 dos filhos dos entrevistados pertencem a classificação desejada,
de 4 a 12 anos, portanto, pode-se afirmar que os 5 meninos que não estavam na faixa etária
desejada não filhos dos mesmos pais que as 13 meninas que não se enquadravam na faixa
etária desejada.
210
Por fim, a última definição deste estudo em relação a amostra desejada dizia
respeito a classe social dos entrevistados. Percebe-se, 100% atenderam a premissa de serem
pessoas pertencentes à classe A. Para chegar a esta classificação final, os entrevistados
responderam perguntas sinalizando a quantidade que possuíam em sua casa de televisões,
rádios, banheiros, automóveis, empregada, máquina de lavar, DVD, geladeira, freezer e grau
de escolaridade do chefe de família, de acordo com as premissas do Critério de Classificação
Social Brasil (ABEP, 2009). De acordo com a quantidade de cada um destes itens representa
211
uma pontuação específica, que foi somada para questionário, observando-se que não houve
nenhuma pontuação menor do que 35 pontos, conforme observa-se no gráfico abaixo.
Percebe-se então que o ferfil geral dos entrevistados são de pessoas casadas, de 31
a 45 anos de idade, com participação equivalente de homens e mulheres, assim como se
equivalem o número de pessoas com um ou dois filhos, tendo uma participação sutilmente
maior de entrevistados com filhos homens, observando-se ainda que, casais com mais de um
filho possuem ao menos um filho homem na maioria dos casos. Percebe-se que a idade dos
filhos meninos dos entrevistados ficou focada nos 6, 11 e 12 anos, enquanto das meninas
ficou focado nos 6, 8 e 9 anos.
Concluídos os estudos das características elementares da caracterização da
amostra e elegibilidade das pesquisas realizadas para utilização neste estudo monográfico,
prossegue-se com o levantamento da percepção da Geração X em relação aos gadgets, onde
em um primeiro momento nesta pesquisa, objetiva-se identificar o comportamento da Geração
X em relação a estes produtos, o domínio destas pessoas sobre estes dispositivos, o interesse
por este tipo de produto e sua percepção global sobre os dispositivos portáteis e o que estes
aparelhos representam em suas vidas.
212
Aldrich (2000) que define o celular como o aparelho tecnológico portátil mais popular desde
os anos 90. Percebe-se também que mais da metade destas pessoas já utiliza celulares que
podem ser considerados SmatPhones, devido às suas funcionalidades. Observa-se que apenas
uma médias de 20% dos entrevistados possui aparelhos de MP3 ou MP4 para uso próprio,
DVD ou videogame portátil. Dos adultos que afirmaram possuir videogame portátil 100%
eram do sexo masculino e dos que afirmaram possuir DVD portátil ou de carro 80% era
masculino e 20% feminino. Por fim, em relação a utilização do notebook e do netbook ,
percebe-se que mais da metade dos entrevistados possui seu notebook pessoal, além disto,
identifica-se que cerca de 35% dos entrevistados possuem netbooks pessoais. Destaca-se aqui
que esta era uma questão de múltipla escolha, portanto uma mesma pessoa pôde sinalizar mais
de um item, ou até mesmo todos eles, embora este último caso não tenha se concretizado, pois
nenhum dos respondentes afirmou possuir um tablet.
Quando perguntou-se aos entrevistado o motivo da utilização destes aparelhos observou-se
grande relevância numérica nas respostas diversão e trabalho e pouca aderência na utilização
destes aparelhos para amizades ou relacionamentos, conforme demostra o gráfico. De acordo
com uma publicação do Plantão Info da editora Abril, Sposito (2007) afirma que os gadgets
estão virando recursos para aumentar a produtividade no trabalho, para a autora.
Após afirmarem que ao menos um dos gadgets pesquisados é essencial em seu dia
dia, perguntou-se se o entrevistado se considerava uma pessoa interessada por produtos
tecnológicos, aparelhos portáteis, se acompanhavam novos lançamentos, etc. Em resposta a
frase do questionário que afirmava que o indivíduo era interessado neste tipo de produtos, a
análise dos questionários identificaram um percentual de 24% de entrevistados que
concordaram plenamente com esta afirmativa, a grande maioria dos entrevistados respondeu
que concordava parcialmente e apenas 4% dos entrevistados discordaram desta afirmação, de
acordo com a imagem representativa no quadro abaixo.
216
Percebe-se com esta análise que Conger (2005) estava certo em sua análise, que
propunha que a Geração X não pode ser considerada totalmente ativa em relação à tecnologia,
devido ás influências que sofreram das gerações anteriores, através de seus pais e irmãos mais
velhos. Em relação as quatro ultimas perguntas analisadas acima, observou-se a análise dos
entrevistados sobre sua relação pessoal com o gadgets, abrindo caminho para a próxima
categoria desta análise quantitativa, que estuda a percepção da Geração X em relação aos
gadgets para seus filhos, como uma extensão de sua percepção em relação aos dispositivos em
geral.
6.3.3 A Percepção e Comportamento da Geração X em relação aos gadgets para seus filhos
Analisando as respostas dos pais, em vermelho não permitindo que seus filhos
possuam tal produto e em azul permitindo, percebe-se que em apenas dois itens há
conformidade total dos pais: videogame portátil e MP3. Em relação ao notebook e netbook
221
80% dos pais afirmaram que deixariam seus filhos possuir estes aparelhos, enquanto
anteriormente observou-se que apenas 20% dos filhos dos entrevistados possuem algum
destes aparelhos. Ainda registrando contradições nas respostas dos pais em relação a aceitação
dos gadgets na vida de seus filhos, na pergunta seguinte, identificou-se que 71% dos
respondentes gostariam que seus filhos demorassem um pouco mais para se relacionar com
produtos digitais, pois temem que eles fiquem limitados, com problemas de comunicação,
relacionamento, segurança etc.
Destaca-se que o item mais rejeitado pelos pais é tablet, nas pesquisas qualitativas
observou-se esta mesma rejeição, mas não devido ao produto em si, mas pelo fator novidade.
As pessoas pareciam saber o que era, mas não estavam adaptadas ao produto ainda.
Schiffmam e Kanuk (2000) afirmam que é mais difícil que os consumidores se proponham a
experimentar algo que ainda está fora de sua realidade pelo risco percebido, no caso tablet, até
mesmo o risco financeiro envolvido, devido ao valor de investimento para a compra deste
produto. Os outros dispositivos que parecem deixar os pais mais receosos são o telefone
celular ou SmartPhone, percebe-se que os resultados da pesquisa vão de encontro a uma
tendência observada em diversos blogs e revistas que abordam assuntos referente a crianças e
educação infantil. A revista Crescer, uma entre diversas fontes, publicou um informativo que
questiona os riscos em crianças utilizarem aparelhos celulares, que vão desde riscos
psicológicos, comportamentais a biológicos, como dores de cabeça decorrentes da exposição a
radiação (http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI79891-15151,00.html).
Já na questão seguinte, uma proporção menor, 25% dos respondentes já acha
normal que desde muito cedo seus filhos interajam com estes aparelhos, pois entendem que
este é rumo que o mundo esta tomando na Era Digital. Nesta questão, identificou-se ainda que
4% dos respondentes apresentação uma percepção mais forte em relação a rejeição dos
gadgets na vida de seus filhos, afirmando que não gostam que seus filhos gastem tempo com
estes produtos pois podem apresentar riscos para eles, acelerar a sexualidade e atrapalhar o
convívio familiar e social, mas a grande maioria apenas sinalizou que acha muito cedo e que
gostariam que seus filhos demorassem um pouco mais para começar a interagir com a
tecnologia, conforme observa-se a seguir:
222
filhos, são em sua maior força resultantes de relações pessoais. Em seguida, o shopping foi o
elemento citado como meio de relação dos filhos da Geração X com estes produtos. A internet
for identificada por cerca de 47% dos pais, como um dos fatores que criam interação de seus
filhos com os gadgets, seguida pela percepção de cerca de 45% dos pais, que percebem a
influência de seriados, desenhos e outros programas de televisão, que criam relações entre
seus filhos e os gadgets, por fim, apenas 20% dos pais afirmou que a propaganda era
responsável pela interação e desejos de seus filhos pelos gadgets, de acordo com o gráfico
abaixo.
A maioria das pessoas, exatos 80% dos representantes desta amostra, afirmaram
que compram gadgets para seus filhos porque o eles mesmos pedem, seguindo a tendência
identificada por Gade (1998), que identifica a suplica dos filhos como principal motivador de
compra dos pais. Apenas 10% se considerou identificador da necessidade do filho, ou seja,
apenas 11 pessoas responderam que compravam algum tipo de produto portátil para seus
filhos por que de fato pensavam que seus filhos deveriam ter este produto, classificando-se a
si mesmos como identificadores da necessidade. Além disto, outros 10% da amostra
identificaram os amigos e colegas de trabalho como pessoas que os ajudavam a reconhecer a
necessidade de comprar algum dispositivo portátil para seus filhos, podendo estas pessoas
serem definidas como grupo de referência dos entrevistados, visto que se apresentam como
influenciadores no processo de decisão de compra (SCHIFFMAM; KANUK, 2000).
Na pergunta seguinte, investigou-se exatamente quem identificava a necessidade
de compra de gadgets para os filhos da Geração X e obteve-se a seguinte proporção nas
respostas:
225
Neste momento, mesmo que 80% das pessoas tenham respondido que são os
filhos quem pedem estes produtos, apenas 25% afirmou que eram os próprios filhos que
reconheciam a necessidade de possuir tal produto. Neste momento houve maior concordância
que quem de fato reconhecia uma necessidade dos filhos eram os pais, somando 71% de
pessoas que afirmaram que identificavam elas mesmas às necessidades dos filhos em relação
aos gadgets, ou seus maridos e esposas.
Observa-se ainda uma pequena proporção de pessoas 4% que responderam que
outras pessoas reconheciam as necessidades de seus filhos. Estas pessoas sinalizaram que
irmãos, primos e padrinhos também eram responsáveis e atuavam na identificação das
necessidades das crianças. Com análise percebe-se uma distorção entre as respostas
anteriores, onde os pais afirmaram em sua maioria comprar por solicitação dos filhos.
Contudo, neste outro modelo de pergunta, apenas 25% afirmaram que seu filhos
identificavam a necessidade.
Percebe-se também que a partir de certa idade as crianças já começam a fazer usas
escolhas e desejos de consumo próprios, deixando os pais em um papel mais de mediador e
decisor em relação ao consumo, principalmente em relação a produtos não essenciais para
seus filhos, como guloseimas e brinquedos (KARSAKLIAN, 2000).
Identificada a necessidade de um filho da Geração X possuir algum dos gadgets, a
pergunta seguinte teve por objetivo descobrir quem exatamente faz a pesquisa de compra e
busca informações sobre o produto.
226
Para compreender como a Geração X e seus filhos fazem a análise das alternativas
de compra foram questionados em dois momentos distintos, como eles estabeleciam critérios
de avaliação e escolha em relação às características do produto e posteriormente em relação a
compra e benefícios adicionais. No momento de compra cada consumidor parece agir de um
modo único, que varia de acordo com a sua percepção pessoal e com suas preferencias em
relação ao modo que compram, portanto, com a análise do gráfico acima é possível perceber
as principais características desejáveis pela Geração X, analisando os quesitos: loja, funções
do produto, preço, design e marca (BOONE; KURTZ, 2009).
No gráfico anterior, observa-se um escala de respostas estruturada de acordo com
os maiores resultados obtidos em cada categoria. Nesta pergunta, os entrevistados
responderam em uma escala de 1 a 5, sendo 1 a mais importante, para avaliar as
características que eles e seus filhos mais se importavam ao fazer a análise das alternativas de
compra. O maior número de pessoas sinalizou que a marca era o ponto mais importante ao
decidir que produto iriam comprar, após a marca o design do produto foi sinalizado como a
segunda característica mais importante, seguida pelo preço, pelas funções e por fim a loja ou
local de compra. Observa-se que olhando a amostra como um todo houve mais unanimidade
da menor importância da loja e depois das funções, mas o design e preço obtiveram
pontuações parecidas, se mostrando fatores não principais, mas relevantes na escolha de
compra.
229
Nenhum dos pais discordou que depois de alguns meses de utilização do produto
as crianças perdem o interesse por ele, indo de encontro a teoria de Solomon (2008) que
233
explica a natural perca de interesse dos consumidores pelos produtos comprados após certo
tempo de uso. De fato, 36% concordaram plenamente com esta afirmação e 64% concordaram
parcialmente com esta informação. Este maior volume de pessoas que concordaram
parcialmente com esta afirmação pode ser explicado pela resposta da pergunta seguinte do
questionário, que sondava a existência de algum produto com o qual, mesmo após muito
tempo de uso, os filhos da Geração X continuavam interessados e utilizando o aparelho com
frequência. Em resposta a esta pergunta 90% dos pais sinalizaram pelo menos um produto que
seus filhos não perdiam o interesse. Neste levantamento os produtos que mais foram
mencionados foram o videogame, o notebook, o celular e o DVD.
Por fim, a última pergunta do questionário contemplava a etapa do descarte,
buscando identificar o que os pais fazem com aqueles aparelhos que seus filhos já não
utilizam mais. Das respostas observadas nos questionários coletados para este estudo,
observou-se que nenhum dos pais afirmou jogar o aparelho fora depois que seus filhos param
de brincar, a metade dos entrevistados afirmou que doam os gadgets que não são mais
utilizados, 26% afirmou que estes aparelhos são repassados para outros membros da família,
como irmãos mais novos e 24% afirmou que os aparelhos acabam ficando esquecidos em casa
e ficam esquecidos em algum lugar.
Questão 1: Você se considera uma pessoa interessada por este tipo de produtos, busca
saber o que está acontecendo no mundo da tecnologia, fica interessado(a) no
lançamento de novos produtos, gosta de testar estes aparelhos, de mexer até descobrir
suas funções e se diverte com isto.
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Questão 2: Meu filho já pediu mais de um destes produtos, ele se interessa por estes
aparelhos, pois já fazem parte de sua vida. Em relação a esta frase:
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Questão 3: Meu filho é muito novo para ter este tipo de produto, não gosto que ele
fique tanto tempo focado em atividades que envolvam aparelhos digitais, prefiro que
ele brinque na rua, faça esportes etc. Em relação a esta frase:
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Questão 4: Em relação ao momento em que as crianças estão começando a interagir
com a tecnologia em sua rotina diária: (marque apenas uma opção)
Atribuição numérica para análises estatísticas:
(1) Acho normal que desde muito cedo meus filhos interajam com estes aparelhos,
pois é rumo que o mundo esta tomando na Era Digital.
(2) Gostaria que meu filho(a) demorasse um pouco mais para se relacionar com
produtos digitais, pois temo que ele fique limitado, com problemas de comunicação,
relacionamento, segurança etc.
(3) Não gosto que meu filho(a) gaste tempo com estes produtos pois podem
apresentar riscos para ele, acelerar a sexualidade e atrapalhar o convívio familiar e
social.
Para realizar a presente análise a autora utilizou as respostas obtidas nas cinco
questões apresentadas acimas, transpondo do Excel para o Minitab as respostas das 103
entrevistas validadas para esta pesquisa. As cinco questões acima apresentadas foram
escolhidas com base em duas premissas: 1) demonstrar a percepção da Geração X em relação
aos gadgets; 2) apresentar opções de resposta de mesma escalabilidade e graus de
comparação. A segunda premissa diz respeito a transformação das respostas textuais ao
formato numérico, onde, de acordo com as limitações do software utilizado, para fazer a
análise de conglomerados de forma correta, deve-se comparar cenários de mesmo tamanho,
para tanto, foram escolhidas apenas questões com opções de três respostas, que foram
transformadas nos números 1, 2 e 3, para viabilizar a análise estatística, conforme observa-se
a seguir.
Analisando o gráfico acima observa-se que de acordo com o modelo proposto por
Hair (1988), confirma-se a existência de três clusters, diferentes entre si, em características e
representatividade dentro da amostra, conforme será aprofundado na análise das tabelas
obtidas no Minitab para análise do gráfico acima, que foi obtido pelo método de aglomeração
de Ward, com a medida de distância Euclidiana, demonstrada no dendograma acima,
elaborado de acordo com os direcionamentos de Malhotra (2001).
237
Para Hair (1998) o cluster identificado deve ser homogêneo entre si, e
heterogêneo em relação aos demais clusters identificados, portanto, para que a análise de
cluster seja bem sucedida, espera-se que os objetos do conglomerado estejam próximos entre
si e que os conglomerados distintos estejam afastados. O quadro acima, obtido com auxilio do
programa Minitab, demonstra que, comparando o Cluster 1 com ele mesmo, não há distância,
pois representa a si mesmo, o mesmo acontece com os demais clusters quando comparados a
si mesmos. Observa-se também que a análise de distância entre os cluster 1 e 2 ou 2 e 1 é a
mesma, sendo esta regra aplicável a todos os clusters (HAIR, 1998). Conclui-se então que o
os três clusters se diferenciam significativamente entre si, sendo os mais distantes, de acordo
com a análise do dendograma, os clusters 1 e 3.
A figura xx, elaborada com base nas informações obtidas através das análises do
Minitab e da teoria de análise proposta por Malhotra (2001), apresenta a caracterização dos
clusters identificados, fazendo uma análise pontual de cada uma das respostas que os
entrevistados forneceram, que viabilizaram a identificação de conglomerados, que por fim
poderão ser descritos de acordo com um perfil geral do grupo. Entretanto, antes de conhecer o
perfil de cada cluster, analisa-se primeiramente as respostas dos entrevistados questão a
questão.
240
Questão 1: Você se considera uma pessoa interessada por este tipo de produtos, busca
saber o que está acontecendo no mundo da tecnologia, fica interessado(a) no
lançamento de novos produtos, gosta de testar estes aparelhos, de mexer até descobrir
suas funções e se diverte com isto.
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Figura 70 – Questão 1.
Fonte: elaborado pela autora.
Analisando a formulação dos clusters com base nas respostas desta primeira
pergunta, em ração ao sentimento e relacionamento da Geração X com a tecnologia, observa-
se que no Cluster 1 foram reunidas as pessoas que concordaram plenamente com a afirmação
acima, já no Cluster 2, as pessoas descordaram e no Cluster 3 concordaram parcialmente.
Questão 2: Meu filho já pediu mais de um destes produtos, ele se interessa por estes
aparelhos, pois já fazem parte de sua vida. Em relação a esta frase:
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Figura 71 – Questão 2.
Fonte: elaborado pela autora.
Questão 3: Meu filho é muito novo para ter este tipo de produto, não gosto que ele
fique tanto tempo focado em atividades que envolvam aparelhos digitais, prefiro que
ele brinque na rua, faça esportes etc. Em relação a esta frase:
Atribuição numérica para análises estatísticas: Concordo plenamente (1); Concordo
parcialmente (2); Discordo (3).
Figura 72 – Questão 3.
Fonte: elaborado pela autora.
Cluster 1 afirmou que comprava estes produtos por achar que seus filhos devem ter tais
produtos e também por que seus filhos pediam, o Cluster 2 compra porque os filhos ou pedem
ou amigos sugerem, assim como o Cluster 3. Destaca-se aqui, que, de acordo com Hair (1998)
não há problemas em utilizar questões onde o entrevistado pôde selecionar mais de uma
resposta, desde que, na hora da submeter os dados na análise estatística, padronizando os
dados no momento da análise.
Analisadas todas as questões pontualmente, fazendo uma análise das respostas
obtidas em cada cluster chegou-se ao seguinte agrupamento:
As componentes deste cluster reconhecem que seus filhos se interessam por este
tipo de produtos e que já pediram algum destes aparelhos. O mesmo Entrevistado 2 na etapa
de entrevista em profundida, quando questionado se seu filho tinha interesse me gadgets,
afirmou:
243
[...] “Claro. Acho que é bem brinquedos de guri mesmo, porque para eles é isso
ou futebol (risos). Assim como eu incentivo ele também se interessa e esta sempre me
mostrando coisas novas” [...] (ENTREVISTADO 2, APÊNDICE A).
Com estas afirmações, tanto na etapa qualitativa, quanto na etapa quantitativa
observa-se a confirmação da teoria de Freitas (2008) que afirma que muitas vezes as crianças
já estão mais a frente ou até mesmo acabam ajudam seus pais no relacionamento com aparatos
tecnológicos. Os membros deste cluster não aceitam mais que no momento social que estamos
vivendo seus filhos consigam se manter a parte deste contexto. Na realidade, eles incentivam
seus filhos a se manterem bem informados e com os aparelhos mais modernos possíveis, para
que não se sintam inferiorizados em relação aos seus colegas e até mesmo como
representação de status, tema descrito por Solomon (2008) em relação ao comportamento do
consumidor, validado por Freitas (2008) em se falando na representatividade de status
percebido especificamente pela posse de artigos eletrônicos, confirmados na etapa de
observação participante, descrita o trecho a seguir coletado em uma conversa após a compra
de um notebook, para uma filha da Geração X, com cerca de 10 amigos dos pais em uma
mesa:
[...] “O pai disse que era besteira e pegou o computador de Laura para mostrar
para todos, contando que custou mais de R$ 1.000,00 e dizendo que os brinquedinhos de
crianças agora estavam caros” [...] (OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE 1, APRENDICE B).
Os pais da Geração X de classe A de Porto Alegre que se encontram nesta
categoria não apresentaram uma homogeneidade em relação a idade, profissão ou sexo.
Observa-se que estas pessoas, além de incentivar e apoiar que seus filhos utilizem certos
produtos, defendem o fato de que as crianças devem possuir este produtos, que precisam para
a escola, que se não utilizarem certos produtos desde cedo, ficarão atrasados na sociedade,
verbalizado também pelo entrevistado número 2:
[...] Claro. Quanto mais cedo ele estiver conectado com a tecnologia mais cedo vai
ter contato com muitas culturas e muitos aprendizados. Quando ele tem aula de
inglês na escola por exemplo, ele sabe mais que a maioria dos coleguinhas, pois ele
vai atrás de tudo no computador. Como ele é novo tem facilidade para aprender
línguas e aprendeu tudo com jogos e internet. Inclusive hoje jogamos alguns jogos
com pessoal de outros países e ele digita tudo em inglês, assim frases curtas,
palavras como home, start, go, reset, play [...] (ENTREVISTADO 2, APÊNDICE
A).
interessados em novas tecnologias, liberais quanto à utilização de seus filhos em relações aos
gadgets. Sob uma perspectiva generalista, este grupo pode ser definido com as seguintes
palavras chaves: tecnológicos, entusiastas, status, moderno, incentivadores. Portanto, são
pessoas pouco preocupadas com possíveis problemas de relacionamento, segurança de seus
filhos, além de outros fatores mencionados por Tiba (2008), que preocupam pais que se
encaixaram no segundo conglomerado identificado, os analógicos, que estão caracterizados a
seguir.
Cluster 2: Analógicos
O segundo cluster identificado pode ser considerado quase oposto ao primeiro,
sendo este o cluster que apresenta maior distância do primeiro cluster, de acordo com a
Tabela de Distâncias entre clusters, representando que estes são os pais mais tradicionalistas,
com mais medo de mudar e de correr riscos. Samara e Morsch (2005) identificam que pessoas
com este perfil possuem mais freios e inibições, que podem reprimir ou restringir as
motivações e tentativas de consumo devido à potencialidade de sentir desconforto, medo, ou
qualquer outro sentimento negativo em relação ao consumo. Dabholkar (1996) identifica que
fatores relacionados aos riscos percebidos por produtos tecnológicos são comuns, visto que
são produtos que requerem uma maior habilidade técnica do usuário. Além disto, o
consumidor que se encontra em estratégia de fuga também pode abandonar, negligenciar, ou
simplesmente se distanciar, mostrando indiferença, ou até mesmo se recusar a usar o produto
ou estabelecer regras e limitações nas situações onde cada produto poderá ser utilizado ou
não, assim como permitir ou não que seus filhos usem (MICK; FOURNIER, 1998).
Os consumidores do Cluster 2, não se consideram interessados por tecnologias
nem se preocupam em estar a par do que está acontecendo no mercado de produtos
tecnológicos. Esta afirmação se confirma em afirmações como a Entrevistada 4:
[...] “Testar? Não. Ah quando compro um celular novo ou geralmente ganho, já
fico toda perdida pois os botões mudam de lugar tudo muda e agente se complica né” [...]
(ENTREVISTADO 4, APÊNDICE A).
Observa-se que de acordo com Solomon (2008), a percepção dos pais e o modo
como encaram o mundo se reflete diretamente sobre o modo como educam seus filhos, e
consequentemente ao modo que compram para eles. Representando este caso, além de
afirmações na pesquisa quantitativa, onde estes pais sinalizaram achar cedo de mais e temer
os riscos que os gadgtes representam para as crianças, observou-se também na etapa
245
serviços tecnológicos é comumente observado, visto que, para ser líder, ou um consumidor
proativo e com gosto inovador, é preciso ter coragem e características pessoais e traços de
personalidade específicos, portanto é comum que grande parte dos consumidores apenas
assuma e consuma algum novo produto após ter ouvido e conhecer as experiências e
recomendações de outras pessoas. Não necessariamente estas pessoas demoram a comprar,
mais dificilmente serão as primeiras (HIRSCHMAN, STERN, 1999).
Os consumidores deste cluster não se condiram entusiastas tecnológicos, porém
admitem que não vivem em um mundo completamente isolados e que vivem tecnologias.
Mesmo não procurando ou indo atrás de informações, estas pessoas acabam sendo informadas
sobre os produtos e tendências do mercado e com o tempo vão assimilando as informações e
passando a assumi-las em seu dia a dia. Pessoas com este perfil geralmente se comportam
como a forma retratada nos exemplos abaixo:
[...] Sempre é legal mexer em alguma coisa que tu nunca usou né. Geralmente eu me
atrapalho um pouco com esses negócios novos, mas gosto. Sei que é coisa de mulher
mas eu leio o manual, não interessa, eu sempre leio o manual, que é para não estragar
nada né, daí fica tudo certinho e uso direitinho. Meu marido que não lê, mas é coisa de
homem, daí ele não lê o manual e depois fica cheio de problema, mas é assim mesmo
né? Risos. Acho que geralmente as mulheres lêem o manual, porque daí ali explica
tudo “im tim por tim tim [...] (ENTREVISTADO 1, APÊNDICE A).
[...] Ah sou bem tranquila assim, não sou louca por tecnologia, então compro alguns
produtos de vez enquanto quando sinto que fico muito atrasada, todo mundo tem
netbook e eu ainda não tenho, vou comprar um, todos tem DVD e eu ainda no vídeo,
preciso comprar um, e assim vai [...] (ENTREVISTADO 5, APÊNDICE A).
se proteger dos riscos, mas após ver que outros já assumiram e consumiram certos produtos, o
risco percebido se torna menor e as pessoas passam a experimentar.
Mick e Fournier (1998) fazem uma leitura sobre as perspectiva dos consumidores
frente aos paradoxos que vivenciam, possibilitando que neste caso os consumidores deste
cluster sejam considerados como positivistas, pois eles enxergam paradoxos, como
competência versus incompetência e fazem escolhas mentais do tipo positivo em relação à
possibilidade de se obter o retorno desejado, contornando os riscos apresentados.
Em relação ao momento que os seus filhos estão interagindo com a tecnologia e
com o gadgets os membros deste cluster gostaria que seus filhos demorassem um pouco mais
para interagir com os produtos digitais, pois temem que as crianças fique limitado, com
problemas de comunicação, relacionamento, segurança, mas mesmo assim, afirmam que
apoiam que seu filhos utilizem certos produtos, fazendo uma análise específica de quais
produtos seus filhos podem ou não ter, de acordo com os dados apresentados na etapa
quantitativa, nos gadgets que os pais autorizam que seus filhos tenham. Este grupo, pode não
necessariamente ser representado pelas pessoas que vão atrás de informações sobre os
gadgets, mas ouvem seus conhecidos e especialistas e aceitam as mudanças, como menciona a
entrevistada abaixo:
[...] Ah, acho importante, é uma coisa que todo mundo tem que se atualizar e tem
que estar por dentro né. Essas coisa evoluem com muita velocidade e agente tem que
estar por dentro. Como meu marido conhece eu relaxo um pouco e acabo sempre me
escondendo atraz dele e do meu filho (risos) [...] (ENTREVISTADO 1, APÊNDICE
A).
[...] Ah, na verdade agente vai experimentando conforme as coisas vão surgindo..
acho que a primeira coisa que eu comprei disso foi um iPod, ah, fora o celular né..
que ai não tem como ficar sem, ai tem que comprar quando estrega, ou conforme as
coisas vão se modernizando [...] (ENTREVISTADO 6, APÊNDICE A).
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma amostra restritita, estudou-se apenas consumidores de classe A, devido também ao fato
de que estes produtos são em sua maioria de alto valor e que a concentração de vendas de
gadgets para crianças no Brasil fica limitada em sua maioria a uma pequena parcela de
consumidores do Brasil, sendo pessoas de classe média ou mais ou principais consumidores
deste produto. Além disto, a limitação geográfica é decorrente do tempo de desenvolvimento
para o estudo e limites financeiros, visto que a autora reside em Porto Alegre e teria
dificuldades relevantes para finalizar o estudo, caso contemplasse uma amostra
geograficamente mais abrangente.
Com base nesta identificação, sugere-se a elaboração de novos estudos de maior
abrangência geográfica, bem como a análise mais apronfundada de alguns fatores pontuais
identificados no decorrer da elaboração deste estudo, como pesquisas refrentes às idades
específicas com que as crianças começam a interagir com cada um dos dispositivos, pesquisas
sobre a influência dos dispositivos na educação das crianças, pesquisas biológicas a cerca das
influências dos gadgets sobre o corpo humano, para validação ou rejeição dos riscos
percebidos pelos pais na compra de gadgets para seus filhos. Identifica-se também
oportunidades na área de marketing para pesquisas que visem mensurar e identificar as
principais motivações das crinças e efeitos das influências externas, visando melhor
direcionar o posicionamento e investimentos de marketing das empresas que trabalham com
estes produtos. O fato da autora ter identificado tais lacunas para oportunidades de novos
estudos, também foi um fator relevante no aprendizado da mesma no desenvolvimento do
estudo.
No decorrer do processo de pesquisa, observou-se a motivação da autora em fazer
uma pesquisa cujo tema lhe é de interesse, permitindo a mesma que ela apronfunda-se seus
conhecimentos teóricos sobre o compostamento do consumidor, marketing, antropologia e o
contexto tecnológico, trazendo o tema para perto da realizadade na qual está inserida, criando
no decorrer do estudo o crescimento do interesse e motivação para realização deste estudo. O
de haver poucos registros acadêmicos e mercadológicos sobre o tema, também foi de grande
relevância na satisfação da autora em levantar novos questionamentos e identificar novas
respostas em meio a uma economia diversificada, em plena migração e desenvolvimento
tecnológico. O mergulho em análises antropológicas evolutivas, fazendo um estudo do
passado ao futuro, fazendo análises históricas e culturais referentes ao desenvolvimento
tecnológico e de consumo, configurou-se como uma atividade gratificante e muito
interessante, uma vez que contribui para o entendimento das complexas mudanças
254
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<http://www.solostocks.com.br/venda-produtos/brinquedos/outros-brinquedos/celular-de-
brinquedo-princesas-disney-17584)>. Acesso em 10 outubro 2010.
<http://www1.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2009/tabela>. Acesso em
20 novembro 2010.
<http://www1.la.dell.com/br/pt/domesticos/Portáteis/laptop-inspiron-
10/pd.aspx?refid=laptop-inspiron-10&s=dhs&cs=brdhs1&~ck=mn)>. Acesso em 23 outubro
2010.
Nome
Idade
Sexo
Irmãos
Idade dos
Irmãos
Sexo dos
Irmãos
Cidade
Escola
Gadgets
Definição: dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, leitores de
mp3, mp4, netbooks, entre outros.
265
Eu Meus pais
Gadgets possuo possuem
Celular
Smartphone
Mp3
Mp4
DVD Portátil
Videogame
Portátil
Netbook
Leitor de livros
PDA`s
Câmera Digital
Frases
Eu acho que estes produtos são…
Meus pais acham que estes produtos…
Se eu pudesse ganhar um destes, eu pediria…
267
Quais destes aparelhos você possui? Considere apenas seu uso próprio.
MP3 ( ) MP4 ( ) Smartphone ( ) Notebooks ( ) Netbooks ( ) Tablets PDAs ( )
DVDs Portáteis ou de carro ( ) Videogames Portáteis ( ) Outros ( ) Qual? ____________
Para que fins você utiliza estes produtos?
Trabalho ( ) Diversão ( ) Estudos ( ) Amizades ( )
Você diria que algum destes produtos é essencial em seu dia a dia? Qual? ____________
Você se considera uma pessoa interessada por este tipo de produtos, busca saber o que
está acontecendo no mundo da tecnologia, fica interessado(a) no lançamento de novos
produtos, gosta de testar estes aparelhos, de mexer até descobrir suas funções e se
diverte com isto.
Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo ( )
Seu filho (a) possui algum destes produtos?
MP3 ( ) MP4 ( ) Smartphone ( ) Notebooks ( ) Netbooks ( ) Tablets PDAs ( )
DVDs Portáteis ou de carro ( ) Videogames Portáteis ( ) Outros ( ) Qual? ____________
Dos produtos acima que seu filho possui, ele ganhou um aparelho novo ou era um
aparelho de outro membro da família que ficou para ele?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Meu filho já pediu mais de um destes produtos, ele se interessa por estes aparelhos, pois
já fazem parte de sua vida. Em relação a esta frase:
Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo ( )
Meu filho é muito novo para ter este tipo de produto, não gosto que ele fique tanto
tempo focado em atividades que envolvam aparelhos digitais, prefiro que ele brinque na
rua, faça esportes etc. Em relação a esta frase:
Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo ( )
Marque um “S” (sim) nos produtos que você apoiaria que seu filho(a) tivesse, ou “N”
(não) nos produtos que você não gostaria que ele tivesse no presente momento.
MP3 ( ) MP4 ( ) Smartphone ( ) Notebooks ( ) Netbooks ( ) Tablets PDAs ( )
DVDs Portáteis ou de carro ( ) Videogames Portáteis ( ) Outros ( ) Qual? _________
269
De modo geral, quando meu filho quer algum destes produtos, quem pesquisa sobre eles
é:
Eu ( ) Meu marido/esposa ( ) Meu filho(a) mesmo ( ) Eu e meu filho ( )
Quando quero comprar um destes produtos para meu filho pesquiso:
No shopping ( ) Na internet ( ) No jornal ( ) Na loja que vou comprar ( ) Com
amigos ( )
Numere de 1 a 4, sendo 1 o mais importante e 4 o menos importante. Ao comparar
produtos e marcas quando está comprando algum destes produtos, o que mais importa
é:
Qualidade ( ) Garantia ( ) Forma de pagamento ( ) Local de Compra ( )
Costumo fazer este tipo de compra em que forma de pagamento?
Cartão de Crédito ( ) Cartão de Débito ( ) Cheque ( ) Dinheiro ( )
Quando seu filho ganha este tipo de produto:
( ) Ajudo ele a aprender a usar, brinco com ele e explico como funciona.
( ) Ele vai brincando, testando sozinho e logo aprende a utilizar corretamente.
De modo geral, meu filho fica muito feliz e interessado quando ganha este tipo de
produto, mas em alguns meses perde o interesse e busca novos brinquedos.
Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo ( )
Existe algum produto que, mesmo após muito tempo de uso seu filhos ainda se mantêm
interessado e continua brincando? Qual? ________________________________________
Quando meu filho não quer mais estes aparelhos ou não brinca mais, vocês:
( ) Acabam se esquecendo de e deixando em qualquer lugar em casa
( ) Jogam fora
( ) Passam para outro membro da família
( ) Doam
271
Entrevista 1
Lisia – Oi, tudo bem?
Tudo
Lisia – Bom, legal, então para começar a nossa entrevista vou te perguntar algumas
coisinhas que você tem em casa... ok? Quantas TVs tu tem em casa?
3
Lisia – quantos rádios?
Nossa, nem lembro, uns 3.
Lisia – quantos banheiros?
4
Lisia – quantos carros na família?
2
Lisia – tem uma empregada e uma maquina de lavar?
Aham
Lisia – tem geladeira e freeser juntos ou separados?
É duplex né, os dois juntos.
Lisia – e tem DVD ou video cassete em casa?
hum, tem um videocassete antigo e dois DVDs.
Lisia – Legal, e tu e teu marido tem graduação né?
ahan
Lisia – Bom, então agora como seu eu não te conhecesse, me fala teu nome, idade, estado
civil?
Bom, sou Marta, tenho 34 anos e sou casada (Risos)
Lisia – e quantos filhos tu tem Marta?
Só um, o Lucas, de seis anos
Lisia – ok, e onde ele estuda?
Ele entrou no Farroupilha este ano.
Lisia – Hum, legal. Bom, agora, para tu entender melhor o que são os gadgets e produtos
digitais que comentei contigo antes eu vou te mostrar algumas imagens deles... mostro a
272
folha, ela lê a explicação, olha os objetos e larga a folha.Bom, então para começar, de
modo geral, como você identifica a necessidade de comprar este tipo de produtos?
Hum, quando que eu vejo uma necessidade? Acho que necessidade agente não tem muito né?
Tirando o celular o resto agente compra por frescura né. Porque essas compras agente faz pra
dizer que tem mesmo, eu acho... eu não compro muito mas meu marido vive comprando.
Acho que ele compra quando vê que um amigo ou alguém da firma compra, e sei lá, ele gosta
um pouco de ficar mexendo nestas coisas, descobrir como funciona...
Lisia – Mas e tu, quais fatores você considera importante ao comprar este tipo de
produto?
Eu não compro celular, geralmente pego um do meu marido ou até ele me da de presente, É
esse aqui ó (mostrando um celular da Samsung) foi meu marido que me deu mas ainda não
aprendi a mexer direito (risos), eu uso mais para ligar mesmo...
Lisia – E para que fins você usa os teus gadgets? Pra trabalho, estudo, diversão?
Ah, eu uso para trabalhar, tenho sempre que atender ligações e também alguns pedidos do
pessoal lá da empresa. Acho que é para isso que foi criado o celular para usarmos no dia a dia
para trabalhar e não para usarmos de brincadeira e para ficar nos prendendo...
Lisia – Uhum, e quais destes gadgets você considera "essencial" em seu dia a dia?
Mostro novamente a folhinha. Por quê?
O celular é uma coisa que está sempre comigo. Não tem como negar o quanto ele é essencial
hoje em dia. Antigamente agente até ligava para a casa das pessoas, hoje eu nem tenho mais
telefone em casa.
Lisia – Bom, e você possui algum gadget específico de entretenimento?
Não, eu não, só meu filho que tem videogame né.
Lisia - Estes seus produtos são de uso pessoal único seu ou mais pessoas utilizam com
você?
Não o meu celular é só eu que uso né. Também lá em casa todo mundo tem celular, daí fica
mais fácil de controlar, mas é só eu que uso mesmo.
Lisia – e me diz uma coisa, você se considera um entusiasta da tecnologia?
Acho que sim, porque adoro ver o que está saindo de novo, meu filho sempre me mostra
agente está sempre olhando. Claro não da para comprar tudo porque essas coisas são sempre
caras. Agente até tem condições de comprar, mas logo estraga e também fica ultrapassado
então tem que analisar, ver se vale a pena...
Lisia – E você gosta de testar estes novos produtos tecnológicos?
273
Sempre é legal mexer em alguma coisa que tu nunca usou né. Geralmente eu me atrapalho um
pouco com esses negócios novos, mas gosto. Sei que é coisa de mulher mas eu leio o manual,
não interessa, eu sempre leio o manual, que é para não estragar nada né, daí fica tudo certinho
e uso direitinho. Meu marido que não lê, mas é coisa de homem, daí ele não lê o manual e
depois fica cheio de problema, mas é assim mesmo né? Risos. Acho que geralmente as
mulheres leem o manual, porque daí ali explica tudo “tim tim por tim tim”.
Lisia – E me conta um pouquinho como você pesquisa sobre os dispositivos portáteis que
tu usa ou quer comprar?
Quem pesquisa mesmo é meu marido né. Risos. Eu só vejo em alguns lugares e também uso
algumas coisas que aprece na tv né e em outros lugares. Mas quem pesquisa mesmo é meu
marido e o meu filho também...
Lisia – Tá, e a quem tu recorre quando precisa obter mais informações sobre novas
tecnologias e estes produtos?
Meu marido, e meu filho também, ele sempre me ajuda nessas coisas. Afinal eles entendem
muito mais do que eu, até para mexer no computador eu preciso deles às vezes(risos)
Lisia – Ok, e qual a sua percepção em relação à portabilidade, estes aparelhos pequenos,
dos dispositivos tecnológicos e da convergência digital?
Ah, acho importante, é uma coisa que todo mundo tem que se atualizar e tem que estar por
dentro né. Essas coisa evoluem com muita velocidade e agente tem que estar por dentro.
Como meu marido conhece eu relaxo um pouco e acabo sempre me escondendo atrás dele e
do meu filho (risos).
Lisia – Ah, assim facilita né. Risos. E o seu filho possui algum destes gadgets?
(suspiro) não ele ainda não tem. Mas ele vive pedindo e usa muito o meu celular, ele disse que
alguns coleguinhas do colégio tem. Mas é um absurdo, pra que? Pra que uma criança vai
querer ter um celular? Meu marido ainda defende ele, mas eu consigo segurar um pouco ainda
e ele ainda não tem por enquanto.
Lisia – e tu incentiva teu filho a utilizar algum destes dispositivos?
Eu não né. Mas meu marido está sempre aporrinhando com essas coisas, e como ele também
joga videogame os dois ficam brincando e passando fazes. As vezes ele grita – Paieeee não
consigo passar uma fase – ou alguma coisa assim então eles que brincam mesmo. Mas pelo
menos acho legal que eles tenham alguma atividade juntos e fiquem mais em casa...
Lisia – e teu filho se interesse por estes produtos tecnológicos?
274
Sim, ele ama. Mas não gosto muito que ele fique fazendo estas coisas. Prefiro ele brincando
com os amigos e jogando bola.
Lisia – Aham, e como você imagina que seu filho conhece este tipo de produtos? No
colégio, com amigos, tv, internet?
Acredito que na tv ele vê muita coisa e também no colégio né. Tem mãe que não perdoa e da
tudo para os filhos, por isso ele tem colegas que tem tudo e dai ele vê no colégio. O pai dele
também mostra umas coisas eu acho.
Lisia – E me diz uma coisa, você dá este tipo de produtos apenas em datas
comemorativas ou independe?
Sabe como é né? Agente sabe que o certo é dar em algumas datas para não mimar demais o
filho, mas eu acabo comprando algumas coisas fora de época como jogos para o videogame e
outras coisinhas.
Lisia – Ta, e que fatores seu filho considera importante na compra destes produtos?
Meu filho, para escolher? Ele sempre escolhe o que tem na moda eu acho também que ele tem
preferência por aquilo que os coleguinhas do colégio tem também. Porque acho que com 6
anos ele não tem muito para decidir, claro ele gosta de coisas do Ben 10 e também do Toy
Sotore.
Lisia - Em média, quanto tempo seu filho utiliza estes produtos ao longo de um dia?
Ah, ele usa umas 2 horas por dia o videogame eu acho, mas eu sempre dou uma controlada...
Lisia - Tu brinca com seu filho em algum destes dispositivos?
Não, quem brinca é meu marido mesmo, eles passam um tempão jogando as vezes. Mas ai
quando tem que carregar pra cima e para baixo é comigo... risos.
Lisia –E tu precisa ajudá-lo em algum momento na interação com o produto?
As vezes precisa ajudar um pouco para alguma coisa que tem que ler, mas o que é
funcionamento do videogame ou do aparelho de celular ele sabe tudo.
Lisia – Ah, ok. E como você percebe a velocidade de aprendizado de seu filho em relação
aos dispositivos tecnológicos?
É boa né. Crianças hoje em dia tem facilidade para pegar esses brinquedos tecnológicos, até
com o celular é uma facilidade que nem nós adultos temos.
Lisia - Seu filho utiliza algum aparelho que já foi de outra pessoa da família?
(risos) uma vez ele usou um videogame que era do meu marido, mas logo ganhou um mais
novo e deixou de usar o Playstation 1 que meu marido tinha.
275
Lisia – Aham, e quais os fatores que te levam a comprar um novo dispositivo para seu
filho?
Os fatores? Acredito que os fatores principais são os pedidos dele, aliados a nossa vontade. A
gente sempre da uma olhada vê se precisa se esta na hora dele ganhar. Por exemplo um
computador não está caro, ele quer mas entendemos que não está na hora de dar um para ele.
Lisia - Que tipo de produtos seu filho já lhe pediu?
Nossa ele pede bastante, videogame e joguinhos novos, computador, celular. Deixa eu ver o
que mais... televisão nova para o quarto dele também.
Lisia - Quais os presentes preferidos do seu filho?
Os presentes preferidos do meu filhos são os que ele vai brincar. Não adianta ser muito
bonitinho se ele não puder mexer e brincar com ele não vai se divertir. É que ele não é muito
quieto para brincar com coisas paradas, ele gosta de carros, aviões, filmes de guerras, bem
coisas de menino mesmo..
Lisia - Usualmente, como realiza a compra de um produto para seu filho?
Geralmente compramos nos fins de semana quando eu e meu marido vamos junto com ele ao
shopping.
Lisia – e como é a participação de seu filho na compra?
Ah, é meio a meio, eu e meu marido e ele, quando entramos em acordo agente compra.
Lisia - Quais os fatores que você e seu filho analisam no produto no momento da
escolha?
Acho que a marca e a funcionalidade. As vezes agente encontra uns brinquedos que não
funcionam direito e tal.. mas depende do produto.
Lisia - Como você analisa sua sensibilidade a preços na compra deste tipo de bens?
Acho que é um fator importante. Nem sempre agente pode gastar muito, como em um
computador para dar para o guri quebrar né. E as vezes nem é quebrar mas é não utilizar da
maneira correta, ou não aproveitar, ou pelo perigo de ficar vendo besteiras na internet
mesmo...
Lisia – Ah, é verdade. E que tipo de loja você procura quando deseja comprar algum
destes produtos?
Compro em vários lugares, não tem muito uma loja, mas casas Bahia, Magazine Luiza,
Colombo e todas as outras deste tipo. Fnac, loja de jogos eu acho. Inclusive tem aquela
também que é exclusiva para produtos tecnológicos que é a Rosários Shop e uma Game
alguma coisa..
276
Lisia – Então me conta um pouquinho como foi a compra de um destes bens por favor.
Posso descrever a comora do videogame, acho que é o que ele mais interferiu. Estamos no
shopping para comprar um brinquedo para ele de dias das crianças. Olhamos em muitas lojas
e meu marido queríamos de dar um carrinho com motor para ele andar dentro, mas então em
outra loja ele viu o videogame e ficou louco, como meu marido já gostava de jogar acabamos
comprando para ele na hora pelo impulso mesmo.
Lisia – Ahan.. e quando você decide não comprar, como seu filho se comporta?
Geralmente reclama um pouco e fica incomodando, mas a gente consegue distrair ele com
outras coisas.
Lisia - Quanto tempo em média ele permanece com o produto?
Ele usa por um ano mais ou menos, depois vai perdendo a graça e vai trocando de brinquedo e
de videogame né. Quando é joguinhos de videogame ele troca rápido um dois meses.
Lisia - O que vocês fazem com os gadgets que não utilizam mais?
Depende, celular agente deixa em casa para as crianças brincar sem bateria, dá para alguém,
ou quando é alguma coisa mais velha coloca fora mesmo eu acho..
Lisia – Bom, agora para finalizar, quero tu complete três frases para mim... A primeira
é: Para mim os gadgets são….
Brinquedos
Lisia – Ahan, e na vida do meu filho os gadgets são..
Brinquedos (risos)
Lisia - Nesta linha de produtos o que mais me chama atenção é…
Celular e câmera digital.
Lisia – Bom, acho que então acabamos.. muito obrigada pelo te tempo!
Entrevista 2
Lisia – Oi, tudo bem?
Tudo e contigo?
Lisia – Tudo bem, bom, vamos lá então.. a ideia da entrevista é te conhecer um pouco
melhor e entender a tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que existem hoje
no mercado e que as crianças também já estão pedindo e usando bastante... bom, então
para começar eu vou fazer algumas perguntas para te conhecer melhor, ok?
Vamos lá.
277
Ana e explico: é, são celulares, netbook, iPhone, smartphones, MP3, MP4 E e todos estes
aparelhos digitais portáteis
Humm, ok, entendi
Lisia – Bom, então primeiro eu vou fazer algumas perguntas para entender como é teu
relacionamento com estes produtose depois vou perguntar algumas coisas sobre estes
produtos na rotina do teu filho tá. Para começar, como você identifica a necessidade de
comprar este tipo de produtos?
Olha eu não identifico necessariamente uma necessidade, geralmente eu saio em busca de um
produto destes quando eles são lançados. Gosto de estar ligado a novas tecnologias e também
tenho um certo prazer em experimentar os novos brinquedinhos. Tem gente que diz que nunca
deixamos de ser criança, a única diferença é o preço dos brinquedos.. risos.
Quais fatores você considera importante ao comprar um dispositivo portátil?
Sempre o nível de funções que ele tem, se o produto não esta defasado, a marca, claro
também o tamanho é importante, se é um negocio portátil tem que ser fácil de levar. Como
gosto bastante da tecnologia, wifi, sempre uso estas coisas..
Ahan, e para que fins você utiliza seus gadgets? Trabalho, estudo, diversão?
Depende do equipamento, tenho um videogame para diversão alguns para trabalho agora que
estou fazendo o mestrado utilizo meu netbook na aula também.
Quais destes gadgets você considera "essencial" em seu dia a dia? Por quê?
Para mim praticamente todos são. Mas se fora para o trabalho, acho que essencial é o celular
ou smartphone, também o netbook, câmera digital para bater fotos em festinhas e passeios,
DVD para viajar, videogame quando quero tirar o estresse ou brincar com meu filho..
Você possui algum gadget específico de entretenimento?
Sim, o psp que é tipo um play só que você usa na mão. Também no iphone tem muitos
joguinho s para quando tenho que esperar em reuniões especifico mesmo acho que o psp. Ah
não se considerar que bater fotos é um entretenimento para mim acho que a maquina
fotográfica também é de lazer.
Estes produtos são de uso pessoal único ou mais pessoas utilizam com você?
Não acho que nada hoje é de uso pessoal, se o Rafael meu filho quer usar meu psp ou o
netbook ele pode usar, o mesmo vale para a câmera fotográfica. Acho que só o celular eu
controlo um pouco por causa de algumas informações como conta de banco e estas coisas. Por
isso ele tem o dele.
Humm e com tudo isto, você se considera um entusiasta da tecnologia?
279
Sim, sou apaixonado por tecnologia, leio blogs de tecnologia, revistas e mais um monte de
coisa. Estou sempre antenado ao que vai ter de novo e me sinto bem comprando estes
produtos. Minha esposa a Tatiana reclama um pouco mas fazer o que, considero meu hobby.
Você gosta de testar novos produtos tecnológicos?
Sim, as vezes vou a loja para testar e ver o que tem de diferente do meu. O problema é que me
empolgo tanto que experimentando que acabo comprando e trocando os meus produtos que
podem ser considerados novos.
E me conta um pouco mais, como tu pesquisa sobre estes produtos?
Como falei antes, leio blogs, procuro lojas, assino algumas revistas. Com o avanço da
tecnologia agente consegue informação em tudo que é lugar. Na super interessante tem 2
paginas por mês que sempre mostram as super novidades da tecnologia, geralmente quando
gosto de algum produto dessa pagina vou atrás para pesquisar em outros canais.
A quem você recorre quando deseja obter mais informações sobre novas tecnologias e
produtos?
Geralmente nestes blogs mesmo e alguns amigos meus. Tenho uns amigos que são mais
aficionados do que eu portanto eles são minha fonte de informação quando preciso.
Qual a sua percepção em relação a portabilidade (aparelhos pequenos) dos dispositivos
tecnológicos e da convergência digital?
Acho essa portabilidade e a tecnologia 3g um barato. Acho muito interessante podermos estar
conectados ao mundo inteiro na palma da mão. Posso estar na Europa e mandar um e-mail
com uma foto minha para um amigo meu no Brasil e na hora ele sabe o que estou fazendo.
Seu filho possui algum dos gadgets apresentados?
Sim muitos (risos) ele tem o DVD portátil, tem um gameboy, celular, mp3 player, videogame.
Acho que é isso. Ah não ele tem câmera também.
E tu incentiva ele a usar algum destes dispositivos?
Claro. Quanto mais cedo ele estiver conectado com a tecnologia mais cedo vai ter contato
com muitas culturas e muitos aprendizados. Quando ele tem aula de inglês na escola por
exemplo, ele sabe mais que a maioria dos coleguinhas, pois ele vai atrás de tudo no
computador. Como ele é novo tem facilidade para aprender línguas e aprendeu tudo com
jogos e internet. Inclusive hoje jogamos alguns jogos com pessoal de outros países e ele digita
tudo em inglês, assim frases curtas, palavras como home, start, go, reset, play...
E por si só, teu filho apresenta interesse por produtos tecnológicos?
280
Claro. Acho que é bem brinquedos de guri mesmo, porque para eles é isso ou futebol (risos).
Assim como eu incentivo ele também se interessa e esta sempre me mostrando coisas novas.
Como você imagina que eledescobre este tipo de produtos? No colégio, amigos, tv,
internet?
Acho que a maior parte lá em casa mesmo. Não é fácil ele encontrar tanta informação fora de
casa como tem lá com revistas e internet. Geralmente ele é a criança da turma que leva
informação e não quem recebe. (risos)
Você dá este tipo de produtos apenas em datas comemorativas ou independe?
Não eu dou quando sinto vontade. Em datas comemorativas fizemos ao contrario dou carrinho
e coisas para ele brincar. Tecnologia eu compro a toda hora e geralmente ele fica com o que é
usado por mim e pela minha esposa.
Que fatores seu filho considera importante na compra destes produtos?
Acho que ele se preocupa com a interatividade. Claro que ele tem aquela coisa da criança que
gosta de lutinha e de personagens, mas ele sempre pergunta se tem internet, se da para
conectar no PC e outras funções.
Em média, quanto tempo seu filho utiliza estes produtos ao longo de um dia?
Acho que umas 8 horas. Quando está fora da escola tem dias que ele faz escolinha de futebol
mas nos outros geralmente esta lá em casa com amiguinhos também e sempre brincando.
Você brinca com seu filho em algum destes dispositivos?
Claro. Brinco sempre que dá, é uma briga para ver quem ganha no videogame e sempre uma
diversão usar estas coisas com ele. Ele é bem melhor que eu... risos..
E tu precisa ajudá-lo em algum momento na interação com o produto?
Raramente. Ultimamente até ele tem me ajudado mais. Ajudava ele antes de ele começar a ler.
Como você percebe a velocidade de aprendizado de seu filho em relação aos dispositivos
tecnológicos?
Muito rápido. Acho que a geração dele já nasceu com grande parte da tecnologia então ele
tem muita facilidade para pegar tudo.
Ahan, e o teu filho utiliza algum aparelho que já foi de outra pessoa da família?
Sim. O celular, maquina fotográfica e outros quando comprarmos um novo para nós fica para
ele brincar.
Quais os fatores que te levam a comprar um novo dispositivo para seu filho?
Curiosidade, ou quando ele pede.
Que tipo de produtos seu filho já lhe pediu?
281
Nossa. Notebook, netbook, videogame ele pede algo novo a toda hora. E agora com o Wii, ele
quer aquele monte de controles e coisas que tem, dai vou comprando aos poucos.
Quais os presentes preferidos do seu filho?
Acho que ultimamente são as coisas do Wii mesmo.
Usualmente, como realiza a compra de um produto para seu filho?
Passo na loja, vou muito na BeB games, sabe? Aquela na frente do Beira Rio. Sou gremista
mas fazer o que? A loja boa é lá mesmo. Então chego lá o pessoal já me conhece então vou lá
e compro.
E como que ele participa na compra?
Depende, geralmente ele pede. Quando ele vai junto dai ele olha muda de ideia. As vezes é
total, quando ele está junto e as vezes é 50%, só quando ele pede dai.
E tu, como tu analisa sua sensibilidade a preços na compra deste tipo de bens?
Não sou sensível, sei o quanto custa para desenvolver um produto tecnológico desses e pago o
preço por ser um dos primeiros a utilizar, mesmo sabendo que depois provavelmente o preço
vai baixar um pouco.
Que tipo de loja você procura quando deseja comprar algum destes produtos?
Lojas especificas como a BeB ou as vezes compro na internet, dai tem um zilhão de sites.
Me conte então um pouquinho como foi a compra de um destes bens.
Para comprar o Wii, eu e minha esposa tínhamos resolvido comprar um para ele. Então ela me
ligou que estava perto da BeB e se eu queria que ela comprasse. Dai ela comprou com um
cheque se eu não me engano.
Quando você decide não comprar, como seu filho se comporta?
Geralmente ele só descobre na hora de ganhar e dai ele fica mega feliz.(risos)
Quanto tempo em média ele permanece com o produto?
Quem? Me filho? Uns 3 meses eu acho. Joguinhos de videogame 1 ou 2 semanas.
O que vocês fazem com os gadgets que não utilizam mais?
Ficam lá por casa jogados em algum canto.
Para mim os gadgets são….
O futuro
Na vida do meu filho os gadgets são..
Tudo, ele usa com entretenimento, aprendizado e a todo momento.
Nesta linha de produtos o que mais me chama atenção é…
Ter as coisas nas mãos a qualquer momento, a informação.
282
Entrevista 3
Lisia – Oi, tudo bem? Como tu está?
Tudo e contigo?
Lisia – Tudo bem também, bom, a ideia da entrevista é te conhecer um pouco melhor e
entender a tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que as crianças também
já estão pedindo e usando bastante... bom, então para começar eu vou fazer algumas
perguntas para te conhecer melhor, ok? Qual a sua idade?
35
Lisia – você é casada?
sim
Lisia – e quantos filhos você tem?
Só um menino
Lisia – de quantos anos?
Ele está com 8 anos
Lisia – e em qual colégio ele estuda?
No Anchieta
Lisia – Você é graduada?
sim, sou.
Lisia – bom , agora vou fazer algumas perguntas em relação a alguns objetos de sua
casa.. quantas televisões vocês tem em casa?
4
Lisia – e quantos rádios?
3
Lisia – banheiros?
4 banheiros
Lisia – automóveis na família?
O meu e o do meu marido
Lisia – tem empregada mensalista?
sim
Lisia –e maquina de levar?
Sim, temos uma.
Lisia – quantos video cassete ou dvd?
3 dvds
283
Sim, é de uso pessoal, acho que não tem como não ser. Estes objetos como celular e netbook,
acabam tendo muitas informações pessoais nossas, o que faz com que agente precise ter um
cuidado maior para que as pessoas não corram riscos.
E você se considera um entusiasta da tecnologia?
Não, uso a tecnologia apenas para o trabalho do dia a dia, não tenho muito produtos
tecnológicos, só alguns que outras que auxiliem no dia a dia.
Você gosta de testar novos produtos tecnológicos?
Sim sempre testo os parelhos novos que vou usar, vou na loja e faço que nem se faz com
carro, vamos dizer um test.drive (risos) do produto. Claro depois leio direitinho o manual e
também como vou utiliza-lo. Mas testar é muito importante.
Como você pesquisa sobre os dispositivos portáteis?
Na verdade pesquiso só quando tenho a intenção de comprar. Mas como assino a veja, sempre
aparece propagandas de novos aparelhos. Na hora de comprar sim, vou no shopping
geralmente e olho algumas lojas até me decidir por um produto.
A quem você recorre quando deseja obter mais informações sobre novas tecnologias e
produtos?
Sempre pesquiso na internet em alguns blogs e também em alguns sites do próprio produto.
Depois quando vou até a loja, pergunto aos vendedores. Tem umas lojas como a Colombo do
Iguatemi que colocam umas pessoas especializadas em uma marca só, dai eles esclarecem
tudo.
Qual a sua percepção em relação a portabilidade (aparelhos pequenos) dos dispositivos
tecnológicos e da convergência digital?
Acho isso um grande problema. Hoje quando precisamos de alguma coisa logo corremos para
a internet, e agente acaba ficando sempre ligado a este mundo. Logico que não me deixo ficar
de fora mas é um grande problema, não consigo mais largar meu celular, tenho necessidade de
estar conectada a qualquer hora e em todo lugar. Tanto na internet quanto quando estamos no
celular.
Tá, e teu filho possui algum dos gadgets apresentados?
Tem sim. Afinal ele sabe usar muito melhor do que eu. Meu filho tem celular e também tem
um videogame portátil. Acredito que esses aparelhos ajudam a desenvolver a criança para o
mundo que elas vão usar no futuro então não faço nenhuma negação a dar aparelhos para ele,
claro cuido para não dar as coisas mais caras, mas ele fica com os nossos telefones antigos.
Você incentiva seu filho a utilizar algum destes dispositivos?
285
Sim, sempre é importante incentivar. Como eu falei, ele precisa se desenvolver para o futuro.
Seu filho apresenta interesse por produtos tecnológicos?
Claro, ele gosta muito dos jogos e também do que esta sendo lançado. Agente sempre dá uma
controlada para que não fique de mais. Algo como colocar horário para o videogame e
também para assistir tv, se não o guri vira noites e se esquece até de comer.
Como você imagina que seu filho conhece este tipo de produtos? No colégio, amigos, tv,
internet?
Não sei direito, pois o jeito que estamos diretamente ligados a informação, eu só sei que ela
chega, pode ser um pouco no colégio, um pouco na internet, pois as vezes ele usa meu
computador para jogar e também para brincar. Com nós mesmos em casa também se envolve
com alguma coisa, as vezes quando estamos vendo umas revistas ele vê e enxerga algo
pergunta. Sei lá, acho que é um pouco de tudo.
Você dá este tipo de produtos apenas em datas comemorativas ou independe?
Não geralmente agente dá quando tem alguma promoção ou quando ele pede muito,
raramente conseguimos dar nas datas certa (risos) até mesmo porque agente fica mais ansioso
do que ele para brincar e ver o brinquedo novo. (risos)
Que fatores seu filho considera importante na compra destes produtos?
Ele gosta de coisas novas que não sejam muito de criança pequena, é engraçado por que as
vezes ele quer parecer adulto. Mas joguinho de videogame e algumas outras coisinhas tem
que ser desses personagens de desenho e tal.
Em média, quanto tempo seu filho utiliza estes produtos ao longo de um dia?
Não tenho uma ideia certa, porque ele usa um pouco de cada mas acho que entre telefone,
videogame e essas coisas umas 4 ou 5 horas.
Você brinca com seu filho em algum destes aparelhos?
As vezes sim. (risos) eu até gosto de brincar com esses jogos. Quando agente viaja e meu
filho vai usando o mini game no banco de traz, as vezes ele pede para eu passar uma fase eu
pego e fico jogando. No videogame comum agente, eu e meu marido também brincamos com
ele.
Você precisa ajudá-lo em algum momento na interação com o produto?
Sim na internet quando ele usa o nosso computador, ele pede para acessar o site da Disney e
dai agente só coloca no site e ele sabe usar tudo sozinho. As vezes quando está nos favoritos
ele vai direto ao site e telefones celular e outras coisas ele já sabe usar tudo sozinho. Agente
só precisa usar para ler mesmo.
286
Como você percebe a velocidade de aprendizado de seu filho em relação aos dispositivos
tecnológicos?
Ele pega fácil. Usa quase tudo e não precisa repetir nada do que agente ensina.
Ok, e seu filho utiliza algum aparelho que já foi de outra pessoa da família?
Sim, ele ainda não possui computador, mas o celular que ele usa era meu e agora está com ele,
daqui a pouco teremos de comprar um mais novo para mim e então vou deixar o meu com ele.
Quais os fatores que te levam a comprar um novo dispositivo para seu filho?
Pra comprar coisas tecnológicas para meu filho eu sempre penso se esta na hora e qual será a
utilidade. Porque meu filho tende a se perder muito então não posso ficar enchendo ele de
coisa cara e coisa que ele vai quebrar como uma câmera digital. Quando quiser usa a nossa
com a nossa supervisão.
Que tipo de produtos seu filho já lhe pediu?
Sim ele pede bastante, mas também porque agente da acesso para ele. Acho que o ultimo que
ele pediu e nós compramos foi um DVD portátil para o carro. Alias é muito bom pois as
viagens ficarão mais tranquilas. Mas ele também quer um computador pra ele, quem sabe no
futuro.
Quais os presentes preferidos do seu filho?
Acho que os preferidos dele são estas coisas de adulto mesmo. Acho legal quando algumas
marcas fazem coisas de adulto com personagens de desenhos, ele ama.
Usualmente, como realiza a compra de um produto para seu filho?
Não sei direito as compras acontecem ao natural. As vezes é em passeios que faço sozinha, as
vez todos juntos as vezes ele olha na loja de brinquedo e agente já compra. Depende muito do
dia.
Qual a participação de seu filho na compra?
Total ele olha ele escolhe ele decide o que vai usar.
Quais os fatores que você e seu filho analisam no produto no momento da escolha?
A qualidade do produto e o quanto vai desenvolver ele, o nível de interatividade é importante.
Tem vezes que ele pergunta – Mãe é de mexer? O que da para fazer?.
Como você analisa sua sensibilidade a preços na compra deste tipo de bens?
Eu considero mediana. Levo em consideração sim mas não é o fato mais relevante. O
importante mesmo é se ele vai brincar e aprender com um determinado produto.
Que tipo de loja você procura quando deseja comprar algum destes produtos?
287
Isso da para comprar em muitas lojas, costuma comprar da Colombo há muitos anos, mas no
shopping existem lojas especificas de videogame ou lojas como a Digimer que vendem
tecnologia.
Conte como foi a compra de um destes bens.
Como falei antes muda muito conforme a compra e o dia, quando comprei o DVD portátil
para ele estava saindo do trabalho passei no centro e vi em uma loja, pensei na hora que ele
queria pois já havia pedido algumas vezes então comprei com o cartão de crédito já que ando
sempre com ele na bolsa.
Quando você decide não comprar, como seu filho se comporta?
O fato de não comprar tem que ser bem explicado para a criança para que ela entenda, por
isso eu e meu marido sempre explicamos por que ele não ganhou, quando vai ganhar e claro
sempre acabamos tendo que comprar outra coisinha no lugar (risos)
Quanto tempo em média ele permanece com o produto?
Ele usa por um tempo, mas eu acho que o tempo de uso está muito ligado a interatividade do
brinquedo. O DVD ele nunca enjoou e usa até hoje o mesmo acontece com celular e
videogame. A interatividade esta ligada diretamente com o mundo real e não com o
brinquedo, você fala com alguém no telefone, você vê um filme novo no DVD e também
existem muitos joguinhos para o videogame. Acho que o tempo médio é de uns 2 anos.
O que vocês fazem com os gadgets que não utilizam mais?
Sempre faço uma doação para algumas escolas, tem uma escola técnica em Esteio que é muito
boa e eles usam eletrônicos para dar aula então acabo doando.
Para mim os gadgets são….
Essenciais
Na vida do meu filho os gadgets são..
Aprendizado
Nesta linha de produtos o que mais me chama atenção é…
Acho que é a portabilidade e facilidade de conexão
Entrevista 4
Lisia – Oi, tudo bem?
Tudo e contigo?
Lisia – Tudo bem também, legal, então, a ideia desta entrevista é te conhecer um pouco
melhor e entender a tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que estão no
288
mercado e que as crianças também já estão pedindo e usando bastante... bom, então
para começar eu vou fazer algumas perguntas para te conhecer melhor, ok? Qual a sua
idade?
40
Lisia – você é casada?
sim
Lisia – e quantos filhos você tem?
Só um menino
Lisia – de quantos anos?
6 anos
Lisia – e em qual colégio ele estuda?
No Província de São Pedro, entrou este ano.
Lisia – Você é graduada? Fez faculdade.
sim, sim.
Lisia – bom , agora vou fazer algumas perguntas em relação a alguns objetos de sua
casa.. quantas televisões vocês tem em casa?
Hum, 4 tvs
Lisia – e quantos rádios?
Rádios... 3
Lisia – banheiros?
4 banheiros
Lisia – automóveis na família?
Temos o meu e meu marido tem uma moto
Lisia – e vocês tem empregada mensalista?
sim
Lisia –e maquina de levar?
Sim, temos uma.
Lisia – quantos video cassete ou dvd?
3 dvds
Lisia – e galadeira ou freezer?
Uma geladeira e um freezer separado também
Lisia – Bom, então pra tu entender melhor a minha pesquisa eu vou te mostrar alguns
produtos, que são os produtos que eu estou pesquisando para saber como tu teu filho
289
usam, e se vocês gostam.. Entrego a folha para ela e explico: é, são celulares, netbook,
iPhone, smartphones, MP3, MP4 E e todos estes aparelhos digitais portáteis
aham
Bem começando a nossa entrevista então... Eu vou passando este roteiro que tenho aqui
e agente vai conversando durante isso. Primeiro eu gostaria de saber como você
identifica a necessidade de comprar este tipo de produtos?
Ah eu compro quando estraga ou quando agente tem uma necessidade muito grande sabe.
Porque estes produtos são caros e também vivem lançando alguma coisa nova você compra e
logo estão ultrapassados então tem que pensar antes de comprar.
E o que faz tu escolher um destes produtos? O que é importante?
Ah, pra comprar um celular novo considero o tamanho e também o custo. Porque todos fazem
a mesma coisa né? O que importa mesmo é falar(risos) então compro o mais bonitinho,
pequeno e barato.
Ahan, e para que fins você utiliza esses aparelhos? Trabalho, estudo, diversão, ou tem
alguma outra coisa diferente?
Ah eu uso para falar mesmo. Porque daqueles que tu me mostro só tenho o celular. É
importante para a gente não perder a comunicação com a família. Acho meu marido sempre
onde ele estiver e ele também me acha. (risos) as vezes eu não atendo, dai ele fica puto da
cara comigo, mas fazer oque? Tem vezes que eu não ouço e fica dentro da bolsa e dai até
revirar tudo aquilo ali é difícil.
Olhando esses aparelhos nessa folhinha, o que tu mais usa?
O celular. É o único que eu uso.
Você possui algum que seja específico para entretenimento, diversão?
Não.
Puxa nenhum? Mas como teu celular assim é de uso pessoal único ou mais pessoas
utilizam com você?
O meu celular é de uso comum. (risos), todo mundo pega, meus filhos quando chegam em
casa usam, por que o deles é de cartão e daí eles gastam tudo e vem usar o meu. (risos)
(risos) To vendo que tu não é muito de tecnologia né. Tu se considera uma entusiasta em
tecnologia?
Eu gosto de tecnologia, mas não sou uma entusiasta assim que se diga né. Mas me divirto
vendo na tv leio revistas quando tem aqueles negócios interessantes.
290
E quando vem a hora de experimentar alguma coisa nova tu gosta de testar novos
produtos tecnológicos?
Testar? Não. Ah quando compro um celular novo ou geralmente ganho, já fico toda perdida
pois os botões mudam de lugar tudo muda e agente se complica né. Mas daí meus filhos vem
e me ajudam e também meu marido e daí leio o manual e vira uma bagunça (risos) não mas
não gosto não. demoro alguns meses para me adaptar.
Tu faz algum tipo de pesquisa procura em algum lugar para conhecer novos lançamento
de celulares e dispositivos portáteis?
Ah não pesquiso, só o que falei antes, vejo na tv no jornal quando lançam alguma coisa nova.
Ta e quando precisa saber, pra quem tu pergunta com quem tu tira duvidas?
Sempre pergunto para algum amigo do trabalho que conheça mais do que eu.
Assim como uma pessoa que gosta de tecnologia o que tu pensa sobre cada vez mais
lançamentos de celular e também por agente estar conectado ao mundo 24 hora por dia?
Acho muito bom essas tecnologias irem evoluindo assim, o mundo vai muito mais rápido. Só
que eu não consigo acompanhar muitas vezes essas modernidades, então deixo um pouco de
lado essas coisas. Acabo tendo só meu telefone mesmo.
Seu filho o marquinhos, tem algum desses aparelhos que estão na folha?
Não, ele é muito novo para essas coisas. A tecnologia é muito cara e não da para ficar dando
para crianças. E além do mais crianças tem que correr na rua e se sujar, acho que ela tem que
aproveitar esta idade.
Ta mas assim, tu nunca incentiva ele a usar nenhum desses equipamentos para
conhecer?
Não. Nunca incentivo porque gosto mesmo que ele brinque na rua.
Entendo, mas ele não tem interesse por produtos tecnológicos?
Ele não apresenta muito. Ele é mais de brincar mesmo. Vive se sujando e não consegue parar
quieto muito tempo. E também sempre vai para a casa de um amigo ou eles vem aqui para
brincar, utilizam a piscina no verão... dai não sobra muito tempo para essas coisas.
Como você imagina que seu filho conhece este tipo de produtos? (colégio, amigos, tv,
internet)
Ah acho que ele conhece mais pelos coleguinhas do colégio porque em casa nem tem muita
coisa mesmo.
E quando vai comprar um produto mais tecnológico para teu filho em que data
geralmente tu compra? Espera alguma data comemorativa?
291
Ah não qualquer coisa que seja mais cara assim como estes produtos tecnológicos eu só dou
em datas especiais mesmo. Imagina se eu vou ficar enchendo meu filho de presentes ele não
vai mais querer ganhar nada. Claro bola, revista, carrinho, tem algumas coisinhas que agente
da toda hora, mas quando é uma coisa assim mais cara só de vez enquando mesmo, dai eles
aprendem a dar valor.
O que ele gosta nesses equipamentos?
Ah ele sempre gosta de coisas com mais barulho e que seja bem tecnológico.
Quanto tempo tu acha que ele brinca com estes produtos ao longo de um dia?
Ah pouco, sempre incentivo para que ele brinque na rua. É mais saudável.
Vocês brincam juntos de vez em quando nesses brinquedos?
Qual? O videogame? Não. Ele até pede de vez enquando mas não da eu não sei jogar.
E alguma vez para brincar tu precisa ajudar ele?
Não no videogame ele sabe tudo sabe mais que eu. Um dia eu quis jogar e quem teve que
ligar para mim foi ele. No telefone as vezes ele pega o celular e sai usando só pergunta qual é
o numero das pessoas.
(risos) sabe mais do que você então? E como tu acha que ele aprende com os produtos
tecnológicos é rápido devagar? Como que é o aprendizado?
Ah, ele aprende rápido. Muito rápido mesmo, nem sei aonde direito, mas quando tem uma
coisa nova em casa ele começa a mexer e já sai usando. Ele usa a televisão sabe umas funções
que nem a gente em casa sabe usar.
Seu filho utiliza algum aparelho que já foi de outra pessoa da família?
Não, daqui mais um tempo vamos dar um celular para ele, mas por enquanto não.
Quais os fatores que te levam a comprar um novo dispositivo para seu filho?
Acho que o preço, a necessidade e também se não vai estragar fácil.
E ele já pediu alguma coisa assim? Que tipo de produtos seu filho já lhe pediu?
Ih já pediu de tudo, mas agente segura. Ele já quis computador, videogame portátil, DVD
portátil, celular. Mas de todo acho que vamos dar um celular para ele daqui um tempo.
Quais são os presentes preferidos do seu filho? O que mais agrada ele?
nossa são muitos, mas ele tem preferência pelos que são de personagens como o Ben 10, e
também da Disney, acho que ele ama a Disney. Outra coisa ele gosta de som e luz e que seja
bem tecnológico que tenha interatividade sabe, não gosta de montar coisinha como os legos.
Geralmente assim como que é a compra presente para teu filho?
292
Compramos no cartão e crédito quase tudo aqui em casa para acumular milhas. Então quando
faço compras para ele é quando estou passeando pelo shopping e ele gosta de alguma coisa.
Quando é uma compra mais cara eu e meu marido conversamos em casa e dai eu vou lá e
compro.
Ahm, então ele não tem participação na compra?
Ah, é meio a meio, eu e meu marido e ele quando entramos em acordo agente compra.
E o que que o marquinhos acha importante quando vai escolher um presente?
Se é de marca boa e também se não é muito caro.
Como você analisa sua sensibilidade a preços na compra deste tipo de bens?
Total, se é muito caro não vou dar para ele estragar. Geralmente é caro então prefiro não dar
por causa disto, pois sei que ele vai estragar.
Que tipo de loja você procura quando deseja comprar algum destes produtos?
Ah geralmente vou no shopping mas acho que pra comprar estes produtos tecnológicos vou
na Colombo ou em alguma outra loja do shopping.
Conte como foi a compra de um destes bens.
Ah quando fomos comprar o videogame do meu filho. Ele já tinha incomodado um pouco
para comprarmos então passei um dia no shopping e vi o preço na Colombo, depois falei com
meu marido em casa e no outro dia fui lá comprar com o cartão de crédito.
Quando você decide não comprar, como seu filho se comporta?
Ah ele entende, também porque não podemos comprar tudo que ele gostaria de ter né. Então
ele entende o que vai ganhar ou não.
Quanto tempo em média ele permanece com o produto?
Os que são melhores assim como o videogame ele usa muito tempo 2 anos ou mais, agora
pequenos brinquedos do dia a dia acho que 2 meses mais ou menos.
O que vocês fazem com os gadgets que não utilizam mais?
A gente guarda alguns para ver quando ele vai querer usar novamente, ou da para alguém que
precisa mais, como o filho da nossa empregada ou alguém assim.
Bom, então para finalizar quero você complete 3 frases para mim, ok. A primeira é:
Para mim os gadgets são….
Acessórios, né?
Uhum, na vida do meu filho os gadgets são..
Ah, acho que uma novidade
293
Entrevista 5
Lisia – Oi Cátia, tudo bem?
Cátia – Tudo bem e com você?
Lisia – Tudo certo, bom, vamos lá então...já conversei com a Laura e acho que vai ser
moleza agora. Brincadeira, a ideia desta entrevista é te conhecer um pouco melhor e
entender qual é tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que circulam hoje no
mercado que as crianças também já estão pedindo e usando e piriri... bom, então para
começar eu vou fazer umas perguntinhas para te conhecer melhor.
Cátia–Tudo bem pode pergunta a vontade.
Lisia – qual a sua idade Cátia
Cátia - 35
Lisia – você é casada né?
Cátia–sou ha 15 anos.
Lisia – além da Laura tem mais um né?
Cátia–Sim tem o Bruninho que está fazendo um aninho agora
Lisia – e em qual colégio eles estão?
Cátia–no Doms.
Lisia – Vocês tem faculdade?
Cátia–não, eu tenho curso técnico e meu marido não chegou a completar o curso de
engenharia.
Lisia – bom , agora vou fazer algumas perguntas em relação a alguns objetos de sua
casa.. quantas televisões vocês possuem?
Cátia - 4
Lisia – rádios?
Cátia–ih não sei, radio acho que só meu marido tem para ouvir jogo. 1
Lisia – banheiros?
Cátia – 4
Lisia – automóveis na família?
Cátia - 2
Lisia – empregada mensalista?
294
Lisia – e você usa algum destes produtos para diversão, ou fica mais voltado pro
trabalho mesmo..?
Cátia–Não, não uso muito para me divertir, acho que mais para trabalhar mesmo, na internet
também, as vezes a gente acessa algumas coisas para se divertir assim né, mas não se pode
considerar diversão o dia todo.
Lisia – E alguém mais usa estes teus aparelhos?..
Cátia– Sim, a Laura principalmente, ela está sempre mexendo no celular e no notebook.
Lisia – e você se considera uma entusiasta da tecnologia, gosta de testar muitos
produtos?
Cátia–Não, sempre sou uma das ultimas a comprar.
Lísia- E quando tu vai comprar com quem tu tira as duvidas e pesquisa sobre os
produtos?
Cátia – pergunto para alguém que já tenha um destes produtos, um pouco de internet também.
Lisia – E qual é a sua percepção em relação a portabilidade destes produtos, de serem
pequeninhos, da convergência digital?
Cátia - Nossa eu fico doida com isso. Realmente ainda não estou preparada para viver nesse
mundo conectado e eletrônico como agente esta vivendo, mas temos que nos adaptar.
Lisia – E para Laura, tu acha que interfere na vida dela de que forma estas mudanças
digitais?
Cátia–Acho importante, mas não é tudo, ela tem que saber que a vida não é só computador e
tecnologia.
Lisia – Bem olhando para essa folhinha aqui, que produtos a Laura tem que você
lembra?
Cátia–Acho que só a câmera digital, ela usa meu computador de vez enquando e também está
pedindo o celular né (risos)
Lisia – e tu incentiva ela a usar estas coisas?
Cátia–Ainda não está na época, ela é muito nova. Claro incentivo a pegar o computador de
vez enquando, ensinei ela a ligar para casa e também a usar qualquer celular em caso
emergência na rua. Mas ainda não esta na hora de ter os aparelhos dela.
Lisia – Mas a Laura parece se interessar por estes aparelhos não?
Cátia – Gosta sim, mas ela sabe a idade que tem e ainda gosta muito de brincar de boneca e
pique esconde.
Lisia – e como você acha que a Laura fica conhecendo estes produtos?
296
Cátia–Colégio incentiva muito, também acho que as coleguinhas conversam muito tem uns
pais que dão mais presentinhos aos filhos e dai fica mais difícil de segurar né. Mas hoje em
dia a própria televisão já transmite muita informação né.
Lisia – E qual a melhor data para dar este tipo de presentes? Datas comemorativas?
Cátia–Acho que sim porque são coisas mais caras, natal, aniversario e dia das crianças são a
melhor época.
Lisia – e o que você acha que a Laura acha importante ter para escolher um destes
produtos?
Cátia–Sei lá a cor se é divertidinho se tem mais coisas legais marca de alguma princesinha da
Disney.
Lisia – As crianças sempre gostam né?.. e em média, quanto tempo tu acha que ela
passa usando teu computador, vendo filme e também tirando as fotinhos com a câmera
dela.
Cátia–Ela gosta muito né mas não usa tanto assim, acho que ao todo devem dar umas 5 horas
por dia.
Lisia – E você brinca junto com ela?
Cátia – Não, só ajudo quando ela precisa usar a internet.
Lisia – Ah então ela precisa de ajuda na internet? E mais algum outro lugar?
Cátia–Não é que ela precisa de ajuda, acontece que as vezes ela quer baixar algum aplicativo
ou tem que ajudar com alguma coisa de palavras mais difíceis, mas depois que ela aprendeu a
ler ela senta no computador e acessa internet sozinha. Mas acho que só nisso mesmo que eu
ajudo.
Lisia – De uma forma geral tu acha que ela pega rápido então as coisas?
Cátia - Claro, essa gurizada que está vindo agora, tem muita facilidade para aprender estas
coisas.
Lisia – A Laura tem ou usa alguma coisa que veio de outra pessoa?
Cátia –Não, ela até pede um celular quando agente trocar, mas quem sabe né?
Lisia – e o que te leva a comprar algum destes produtos para a Laura?
Cátia–Sei lá acho que primeiro vejo se ela quer e depois se realmente será útil.
Lisia – você se lembra quais destes produtos ela já te pediu alguma vez?
Cátia – Acho que todos e mais umas duas folhinhas destas (risos)
Lisia – E de uma forma geral assim o que ela mais pede?
Cátia–Boneca, maquiagem, celular, roupas, celular, brinquedos e celular (risos)
297
Lisia – e hoje, quando você tem que comprar um destes aparelhos digitais para Laura,
como vocês fazem?
Cátia–Ela pede e dai agente vai atrás para ver em lojas, internet.
Lisia – uhum e qual é a participação dela?
Cátia–é mais pedir mesmo, ou passar em uma loja ela diz se gostou ou não dai agente observa
e compra outro dia.
Lisia – E na hora de comprar um presente para ela, o que vocês mais analisam?
Cátia–Se é bonitinho e se ela vai gostar.
Lisia – fácil né? e como tu analisa a tua sensibilidade de preços nestas coisas?
Cátia – É né? Fácil agente nem olha preço, na verdade se não é absurdo agente compra,
porque quando é para nossa filia agente perde um pouco da razão mesmo né.
Lisia – e em que tipo de loja tu vai quando procura estas coisas?
Cátia– Acho que a melhor agora é a FNAC lá no Barra, lá tem tudo de eletrônico.
Lisia – Pode me contar como foi uma dessas compras?
Cátia–Posso, vou falar da maquina fotográfica. Pode ser?
Lisia – Claro, ótimo.
Cátia–Bem ela pediu uma maquina e agente foi ver uma semana antes do natal na FNAC
mesmo, tinha uma rosa da Sony linda e não nos aguentamos e acabamos comprando sem nem
olhar o preço. (risos)
Lisia – e quanto vocês decidem não comprar, como ela comporta?
Cátia – Tem que entender né, mas ela fica triste mesmo explicando direitinho. O que ela mais
faz é continuar pedindo assim como o celular né. (risos)
Lisia – Quanto tempo dura em media um produto até a criança enjoar de usar?
Cátia–Ai, enjoar? Não sei espero que bastante. Bem a câmera digital pode ser usada ainda
muito e ela brinca bastante mesmo depois de 9 meses.
Lisia – e o que vocês fazem com o aparelhos que vocês não usam mais?
Cátia -Sei lá, agente acaba doando eu acho, passa para algum familiar mesmo.
Lisia –Pra fechar então, vou te dizer umas frases e quero que tu complete do jeito que tu
achar melhor ok?
Lisia – Para mim os produtos digitais são..
Cátia – muito modernos mas fazem parte do nosso dia a dia
Lisia – Na vida da Laura estes produtos são..
Cátia–Brinquedos
298
Entrevista 6
Lisia – Oi Ana, tudo bem?
Ana – Tudo e contigo?
Lisia – Tudo certo, bom, vamos lá então.. agora que a Giovana já me contou tudo vai ser
fácil.. (risos), não, brincadeira, a ideia desta entrevista é te conhecer um pouco melhor e
entender qual é tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que circulam hoje no
mercado que as crianças também já estou pedindo e usando bastante... bom, então para
começar eu vou fazer algumas perguntas para te conhecer melhor, ok?
Ana –Vamos lá.
Lisia – qual a sua idade Ana
Ana - 37
Lisia – você é casada?
Ana - sim
Lisia – e quantos filhos você tem?
Ana –apenas uma menina
Lisia – de quantos anos?
Ana – 10 anos
Lisia – e em qual colégio ela está?
Ana –no Americano.
Lisia – Você ou seu marido são graduados?
Ana –sim, nós dois.
Lisia – bom , agora vou fazer algumas perguntas em relação a alguns objetos de sua
casa.. quantas televisões vocês tem em casa?
Ana - 5
Lisia – quantos rádios?
Ana - 3
Lisia – banheiros?
299
Ana – 5
Lisia – automóveis na família?
Ana - 3
Lisia – empregada mensalista
Ana –agente tem uma empregada, mais uma faxineira quinzenal, que faz a limpeza mais
pesada
Lisia – aham, e maquina de levar?
Ana - 1
Lisia – video cassete ou dvd?
Ana –3 dvds, nos quartos e na sala
Lisia – e galadeira ou freezer?
Ana – tem uma geladeira e um freezer para congelados.
Lisia – Bom, chega de perguntas de casa então (risos). Pra ti entender melhor a minha
pesquisa vou te mostrar algum produtos, que são os produtos que eu estou pesquisando
para saber como tu e a Giovana usam, se vocês gostam.. Entrego a folha para Ana e
explico: é, são celulares, netbook, iPhone, smartphones, MP3, MP4 E e todos estes
aparelhos digitais portáteis
Ana –Humm, entendi
Lisia – Bom, então primeiro eu vou fazer algumas perguntas para entender como é teu
relacionamento com estes produtos e depois vou perguntar algumas coisas sobre estes
produtos na rotina da Giovana, porque já sei que ela andou ganhando um iPhone..
(risos)
Ana –nossa, o que ela incomodou com esse iPhone não tá no mapa... (risos)
Lisia – e tu, como que identifica a necessidade de comprar algum destes produtos para
ti?
Ana –ah, na verdade agente vai experimentando conforme as coisas vão surgindo.. acho que a
primeira coisa que eu comprei disso foi um iPod, ah, fora o celular né.. que ai não tem como
ficar sem, ai tem que comprar quando estrega, ou conforme as coisas vão se modernizando..
Lisia – e quando tu vai comprar este tipo de produto, quais fatores você considera
importante e analisa?
Ana –Olha, depende, acho que agente olha se é uma marca de qualidade, se é durável, olha se
o design é legal, se é bonito, este tipo de coisas...
Lisia – e você costuma gastar bastante com estes produtos?
300
Ana – Não, nem eu nem meu marido somos muito fissurados nestas coisas.. agente compra
quando precisa, quando surge algo muito melhor, alguma coisa que tem que ter.. mas não
ficamos trocando toda hora...
Lisia – humm entendi... e qual destes produtos você usa mais no seu dia a dia?
Ana –ah, acho que o celular não tem comparação porque usa para tudo né, trabalho, família,
internet, GPS, informações.. e computador, como passo o dia todo no trabalho a noite não
gosto muito de entrar no notebook ou algo assim..
Lisia – e você usa algum destes produtos para diversão, ou fica mais voltado pro
trabalho mesmo..?
Ana –olha, acho que mais para trabalho mesmo..não gosto muito de usar estas coisas em
casa.. gosto de ficar com a Giovana, ver algum filme, sair para jantar.. acho que só na
academia ai, porque ai eu levo o MP3 para fazer esteira ou alguma coisa assim...
Lisia – E estes aparelhos são só teus ou a Giovana, seu marido ou alguém mais usa
contigo..
Ana –Na verdade cada um tem os seus, não gosto de trocar muito, mas a Giovana vive
pegando alguma coisa.. as vezes ela usa o notebookmas ela usa mais o computador no quarto
dela mesmo..
Lisia – e você se considera uma entusiata da tecnologia, gosta de testar muitos produtos?
Ana –olha, não, não sou muito fã destas coisas, geralmente compro depois que alguém me
convence que é mesmo bom.. que já estão usando..
Lisia – e quando tu tens que pesquisar sobre estres produtos para comprar, como você
faz?
Ana – ah, eu olho na internet, converso com o Carlos (marido), vou nas lojas.. converso com
que já tem, este tipo de coisa...
Lisia – E qual é a sua percepção em relação a portabilidade destes produtos, de serem
pequeninhos, da convergência digital?
Ana - nossa, eu acho isso tudo uma loucura, eu sou do tempo da vitrola.. eu acho que não dá
para ficar para trás, que agente tem que se atualizar, mas que também não para deixar estas
coisas superarem nossas vidas, nem deixas as coisas muito impessoais...
Lisia – e na vida da Giovana, como você acha que estas coisas, que toda essa mudança
digital, interferem?
301
Ana –nossa, eu acho para eles é fundamental, ela pega as coisas bem rápido, já está bem
acostumada com estas coisas, ela sabe mais dos lançamentos deste tipo de produtos do que eu,
ela deve saber até quem é Steve Jobs.. risos.
Neste momento toca o telefone, ela pede um minuto por gestos e atende. Ana fala por alguns
minutos, pede desculpas e voltamos a entrevista.
Lisia – Não, imagina, sem problemas.. bom agora eu queria que você me ajudasse a
entender melhor como é a relação da Giovana com estes produtos.. quais destes
aparelhos você lembra que ela tem? Mostro a folhinha de apoio novamente.
Ana –Bom, o iPhone, um MP3, notebook ela ainda não tem, videogame ela não brinca mais,
mas quando era menor ela tinha, acho que isso.. e computador ai o grande né..
Lisia – e tu incentiva ela a usar estas coisas?
Ana –hum, não sei, acho que não.. não me importo que ela use, acho que tem que tem, mas
também não quero que ela fique muito limitada a estas coisas e passe horas na tv, no
computador..
Lisia – e a Giovana parece ser interessada por estes aparelhos?
Ana – olha, não demais.. acho que depende do que está na moda, do que as coleguinhas dela..
o que ela vê na televisão, estas coisas.. mas nada muito fora disto.
Lisia – e como você acha que a Giovana fica conhecendo estes produtos?
Ana –nossa, acho que de tantos jeitos.. eu não sei nem como eu fico sabendo.. (risos) acho
que está se falando muito deste tipo de produtos nos últimos anos, na mídia, está televisão,
nas escolas, nos filmes, acho que ela deve vê em tudo que é lugar porque já são coisas um
pouco do dia a dia também, né?
Lisia – e você acha que estes aparelhos devem ser dados só em datas comemorativas,
como no aniversario, natal.. ou não importa?
Ana –não, acho que depende, claro que se é alguma coisa muito cara é legal dar em um
momento especial, mas também , se tiver alguma necessidade importante não vejo
problemas..
Lisia – e o que você acha que a Giovana acha importante quando escolhe estes
produtos?
Ana –ah, não sei bem, acho que mais é a cor mesmo.. se é feminino.. e marca, se é a que ela
quer.. o que as amigas estão usando.. porque agora ela está entrando nesta fase teen então tem
estas coisas de modinha e tal..
302
Lisia – ah, verdade.. e em média, quanto tempo tu acha que ela passa entre o
computador, celular, televisão, dvd.. este tipo de entretenimento..
Ana –nossa, não sei, acho que umas duas horas por dia.. fora o celular que é tempo todo nas
mensagens pras amigas, algum namoradinho.. ai ela não desgruda...
Lisia – e você constuma brincar, usar algum destes produtos com ela?
Ana – não, acho que não.. estas coisas são mais para usar sozinho mesmo..
Lisia – e tu lembra de ela te pedir ajuda para usar estes produtos ou algo assim?
Ana –ih, nossa, acho que é mais fácil eu ter que pedir ajuda para ela... (risos), não,
brincadeira, mas acho que ela vai mexendo até descobrir, ou a prima dela que é maior também
ajuda, brinca com ela..
Lisia – tu acha que ela pega rápido o jeito de mexer nestas coisa ou precisa de mais
ajuda e tal..?
Ana - não, acho que esta turma mais nova já está tranquila com isto e geralmente estes
aparelhos são bem didáticos, fáceis de mexer..
Lisia – e a Giovana utiliza algum produto que era de outra pessoa da família e ficou
para ela ou algo assim?
Ana –hum, não, acho que não.. ela tem as coisinhas dela.. acho que antes, quando ela era
melhor ela usava o celular antigo do Carlos, mas que também era bem moderno e bom.. ah, e
o computador também, que é casa, mas que nem eu nem o Carlos usamos mais.. ai ficou para
ela, porque ela baixava joguinhos, musicas, programas... ai estava sempre dando problema.. ai
agora ficou só para ela..
Lisia – e o que te leva a comprar algum destes produtos para a Giovana?
Ana –ela leva! (risos) não, brincadeira, olha, depende, se ela quer.. se precisa para estudar,
algo assim..
Lisia – você se lembra quais destes produtos ela já te pediu alguma vez?
Ana – ih, acho que todos eles.. risos.. não, brincadeira.. ela não é muito de está pedindo
coisa... acho que o que mais ela incomodou mesmo o iPhone mesmo, que ela viu numa
viagem para os Estados Unidos e nos filmes e programas que ela vê na TV, ai ela se
apaixonou e acabou escolhendo isso de presente de aniversário..
Lisia – e o que que ela pede em geral de presente e coisas para ti..
Ana –ah, ai é mais roupa, maquiagem.. ah e sapato de salto que ela sempre pede.. mas ai acho
um pouco cedo.. ai as vezes deixo ela usar... mas mais anabela, saltinhos pequenos estas
coisas..
303
Lisia – e hoje, quando você tem que comprar um destes aparelhos digitais para Giovana,
como vocês fazem?
Ana –ah, ela escolha, agente pesquisa nas lojas, na internet.. estas coisas..
Lisia – e como ela participa nisto?
Ana –olha, geralmnete ela vai junto.. ai escolhe, vê o que ela mais gosta e tal..
Lisia – e na hora da compra, o que vocês mais analisam para fazer a escolha?
Ana –ah, eu acho que agente acaba mais é escolhendo o mais bonito, algo assim.. a não ser
que a diferença de preço seja muito grande.. mas fora isso.. tudo bem..
Lisia – e como tu analisa a tua sensibilidade de preços nestas coisas?
Ana – olha, claro que tenho uma razoabilidade, não vou comprar algo fora da casinha.. mas de
modo geral acho que os preços não mudam muito.. ai tem que olhar a qualidade, as funções..
estas coisas...
Lisia – e em que tipo de loja tu vai quando procura estas coisas?
Ana –ah eu acho que nestas lojas de eletrônicos e livrarias, na saraiva, na Fnac, ou nas
operadores de celular mesmo..
Lisia – e o quanto tu sente que a Giovana participar das escolhas?
Ana –nossa, acho que totalmente, porque depois ela não gosta, então é melhor que ela escolha
junto o que ela quer.
Lisia – e tu pode contar que foi a compra de um destes bens?
Ana –nossa, qual deles? depende...
Lisia – ah, não sei, do iphone, do MP3
Ana –o iPhone, como agente já sabia que ela queria muito o Carlos acabou comprando de
surpresa na Vivo e deu para ela embalado para presente.. as outras coisas acho que ela estava
junto... um iPod ela ganhou em vigem, ai ela estava junto e ajudou a escolher a cor no
freeshop..
Lisia – e quanto vocês decidem não comprar, como ela comporta?
Ana – ah não, ela já é bem madura, ela entende.. não faz birra estas coisas... ai se quer muito
ela continua insistindo em outros momentos, mas não fica brigando dentro das lojas, estas
coisas.. nada.
Lisia – e quanto tempo em média ela usa estes produtos?
Ana –como assim?
Lisia – ela fica com eles por um ano, um mês.. enjoa rápido?
Ana –ah, acho que um ano mais ou menos.. ai vai parando de usar com o tempo..
304
Lisia – e o que vocês fazem com o aparelhos que vocês não usam mais?
Ana –olha, nem sei.. acho que acaba ficando em casa.. ou agente dá para alguém..
Lisia – bom, então agora para fechar, vou falar três frasezinhas que quero que complete,
ok?
Ana –tudo bem..
Lisia – Para mim os produtos digitais são..
Ana – ah, acho que são parte do nosso dia a dia já..
Lisia – Na vida da Giovana estes produtos são..
Ana –acho que para ela é mais para diversão, para se comunicar com as amigas, se divertir,
estas coisas..
Lisia – O que mais me chama atenção nestes produtos é...
Ana –humm, nossa não sei.. é moderno..?
Lisia – isso, se você acha inovador, pequeno, útil, incômodo.. estas coisas..
Ana –eu acho que são coisas que nos ajudam, mas que também podem incomodar, então vai
da pessoa saber utilizar bem o seu tempo, para também não está sempre só envolta de
futilidades..
Lisia – Então tá, acabamos, nossa muitíssimo obrigada pelo teu tempo e por ter me
deixado conversar com Giovana..
Ana –imagina.
Nos cumprimentamos e eu vou embora do escritório.
Entrevista 7
Lisia – Oi Catia, como vai?
Catia – Tudo tranqüilo.
Lisia – Legal, vamos começar a pesquisa então... aidéia desta entrevista é te conhecer um
pouco melhor e entender qual é tua percepção sobre alguns produtos de tecnologia que
estão hoje no mercado e que as crianças também já estão pedindo e usando... para
começar eu vou fazer algumas perguntas sobre ti, para conhecer:
Catia – Tranquilo.
Lisia – Quantos anos você tem?
Catia - 39
Lisia – você é casada?
Catia – Não no papel, mas tenho uma união estavel
305
Lisia – No incio então vou fazer umas perguntas para entender como tu usa este tipo de
produtos ou se usa também... depois vou perguntar algumas coisas sobre estes produtos
na rotina do teu filho.
Catia – pode fazer,to preparada (risos)
Lisia – como você identifica a necessidade de comprar algum destes produtos para ti?
Catia – Ai sei lá, nunca saio comprando sempre as coisas vão surgindo os amigos tem,
compram e quando vejo acabo comprando.
Lisia – E quando você compra estes produtos,o que tu analisa e acha mais importante?
Catia – depende, olho o desing, se é de uma marca boa, porque também durabilidade hoje
tecnologia não tem muito né?
Lisia – e você costuma gastar bastante com estes produtos?
Catia – Acho que não da para dizer que gasto muito, mas tudo que se compra é meio alto o
valor então a gente acaba gastando um pouquinho sempre.
Lisia – aham... e qual destes produtos você usa mais no seu dia a dia?
Catia – O celular certo. Sempre to com ele, leio e-mails do lado da cama, agora tem o twitter
então tu não desgruda (risos), da aquela olhadinha antes de dormir, depois o GPS no carro
sempre é bom, note, sei lá uso um pouco de tudo a maquina também...
Lísia – to vendo que você não usa só para trabalho?
Catia – Não, não, também gosto das redes sociais e de ficar conectada, mas no trabalho é
imprescindível.
Lisia – E estes aparelhos são só teus? Seu filho também usa?
Catia – acho que cada um tem o seu, câmera fotográfica a gente divide e algumas outras
coisas, mas a maioria tem o seu.
Lisia – e você se considera uma entusiata da tecnologia, gosta de testar muitos produtos?
Catia – não muito.
Lisia – e como que tu faz para pesquisar sobre estes produtos?
Catia – Olho na internet e falo com alguns amigos.
Lisia – E qual é a sua percepção em relação a portabilidade destes produtos, de serem
pequeninhos, da convergência digital?
Catia -Acho muito bom porque a gente consegue levar para todos os lugares, lembra quando o
computador era gigante, tu chegava na praia e não tinha como levar, agora não, a gente leva
quase tudo no celular.
Lisia – e para o Guilherme, tu acha que essa mudança digital, interfere?
307
Catia – Acho bom, ele aprende bastante, se diverte... comcerteza ele vai evoluir muito nos
próximos dias o que eu demorei para evoluir em um ano, pois a facilidade de informação é
muito grande.
Lisia – completamos mais uma etapa... e agora eu gostaria que você me ajudasse a
entender melhor como é a relação do seu filho com estes produtos... quais destes
aparelhos ele tem? Mostro a folhinha de apoio novamente.
Catia – MP#, celular, tem um DVD portátil, computador no quarto mas não é notebook e um
minigame.
Lisia – e tu incentiva ele a ter essas coisas?
Catia – Acho que não é o caso de incentivar, é um processo natural, ele vê na tv e na escola e
acaba pedindo, acabamos nos envolvendo nestas coisas.
Lisia – e o Guilherme se interessa por estes aparelhos?
Catia – Claro que sim, pois tem sons é colorido é igual ao do pai e da mãe, ele acaba
gostando.
Lisia – e como você acha que ele fica conhecendo estes produtos?
Catia – Como falei antes, na escola e na tv tem muito acesso a informação, hoje como ele já
lê, acaba acha ndo na internet.
Lisia – e você acha que estes aparelhos devem ser dados só em datas comemorativas,
como no aniverásario, natal..ou não importa?
Catia – Não sou muito apegada a isto, quando acontece de dar a gente da. Quando é algo mais
caro, daí sim acabo deixando para natal ou aniversário.
Lisia – e o que ele acha importante quando escolhe estes produtos?
Catia – Acho que a marca, o tipo de produto se os coleguinhas tem.
Lisia – emmédia, quanto tempo tu acha que ele passa entre o computador, celular,
televisão, dvd.. este tipo de entretenimento..
Catia – bastante tipo umas 4 horas por dia.
Lisia – e você brinca com alguns destes produtos junto com ele?
Catia – eu não muito, não sou muito bom em videogame, é mais meu marido mesmo. (risos)
Lisia – alguma vez ele te pediu ajuda para usar estes produtos?
Catia – não, geralmente ele já vem me mostrando como que faz logo quando tira da caixa.
Lisia – então ele pega rápido o jeito de usar estes produtos?
Catia - nossa!!! Bota rápido nisso
Lisia – e teve algum desses produtos dele que era de outra pessoa?
308
Catia – Sim, o celular ele sempre pega o meu quando eu troco. Tadinho. (risos)
Lisia – E o que te leva a comprar estes produtos para ele?
Catia – Sei lá, acho que é como para mim, simplesmente acontece, todo mundo tem, a gente
vê em uma loja e acha legal, ele pede.
Lisia – você se lembra quais destes produtos ele já te pediu alguma vez?
Catia – Tudo. Tudo que passa na tv. (risos)
Lisia – de forma geral o que ele pede de presente para vocês?
Catia – Brinquedos, ele ama o Bem 10, e as vezes algumas coisas de tecnologia, mas que para
ele são brinquedos também né.
Lisia – e hoje, quando você tem que comprar um destes aparelhos mais tecnológicos
para ele como que vocês fazem?
Catia – é bem tranqüilovamos noiguatemi com ele junto para ele ver se gosta e compramos.
Lisia – e a participação dele é ver se gosta?
Catia – é primeiro ele pede, depois só da uma confere mesmo.
Lisia – e na hora da compra, o que vocês mais analisam para fazer a escolha?
Catia – o mais resistente. Porque apesar de saber que não vai durar muito na mão dele tem que
durar um tempinho mesmo.
Lisia –e como que tu acha que é a sensibilidade de preços nestas coisas?
Catia – Não tem muito porque é um negócio caro e cada marca oferece um detalhe diferente,
então tu vai no que gosta e fica assim.
Lisia – e em que tipo de loja tu vai para comprar?
Catia – no shopping, olho as vitrines.
Lísia – Pode descrever a compra de um desses aparelhos para ele?
Catia – Não sei se vou saber direito, mas acho que foi assim quando compramos o videogame.
Iríamos dar de dia das crianças porque ele já havia pedido uams duas vezes e tava chegando
perto. O dele também tava velho e precisava trocar pois existem muitos joguinhos novos,
então fomos na loja ali na frente do beira rio, que é bem famosa, ele foi junto e ficou
maravilhado na loja, não íamos dizer que iríamos comprar mas daí acabamos comprando
porque o olhinho dele brilhava na loja ainda enchemos de joguinhos e controles e outros
pinduricalhos que ele gostou.
Lisia – (risos) isso que é surpresa né? (risos) e quando não compra como ele se
comporta?
309
Catia – Sabe que ele é bem tranqüilo sem não comprássemos ele iria brincar com aquele que
tem em casa mas ia fazer um beiço tão triste que a gente não agüenta.
Lisia – e quanto tempo em média ele usa estes produtos até abandonar?
Catia – Ahhh... Bastante, ele raramente larga depois de alguns meses..
Lisia – e o que vocês fazem com o aparelhos que vocês não usam mais?
Catia – Ih, ele esquece que tem as coisas... Jogamos fora ou doamos para alguém. Não tem
um padrão.
Lisia – estamos chegando ao fim, então agora para fechar, vou falar três frasezinhas que
quero que você as complete.
Catia – tranquilo
Lisia – Para mim os produtos digitais são..
Catia – trabalho e lazer, acho que hoje são a nossa vida.
Lisia – Na vida do Guiilherme estes produtos são..
Catia – brinquedos e diversão.
Lisia – O que mais me chama atençaõ nestes produtos é...
Catia – acho que um monte de coisas que eles fazem, e cada dia mais inovador.
Lisia – Chegamos ao fim então, muito obrigada por tudo espero que não tenha sido
muito encomodo.
Ana – Que isso foi bem tranqüilo, se precisar é só falar comigo de novo.
Cumprimentamos-nos e eu vou embora de sua casa.
310
Lísia – Que bom Laura! Mas agora que eu te conheci melhor, vou mostrar para ti
algumas fotos de alguns brinquedos e aparelhos digitais para você me mostrar o que
você conhece, se tem algum destes produtos etc.
Neste momento mostro a relação e gadgets selecionados para este estudo.
Laura – Ah, conheço este daqui, é um celular. E este, e este (aponta), conheço todos eles!
Lísia – E você sabe o que eles fazem?
Laura – Ahh, depende.
Lísia – Bom, vamos lá. Aqui tem algumas imagens de celular, como você mesma viu.
Também tem imagens de MP3 para ouvir músicas, de MP4 que é igual a MP3, mas
também dá para ver isto, tem um Iphone, que é um celular que também tem internet,
tem notebook, netbook que são iguais aos noteboks, mas são menorzinhos.
Laura – E neste dá para escrever, pergunta a menina.
Lísia – É, isso mesmo. Este é um tablet, que é um computador que você pode escrever
com uma caneta especial ou usar toutchsreen e mexer com os dedos na tela, igual ao
iPhone, só que este é um computador, não celular.
Laura – Hummm, entendi.
Lísia – Bom, nossa conversa então vai ser sobre estes produtos. Vou ir perguntando
algumas coisas sobre eles e você vai e contando. Pode ser?
Laura – Aham
Lísia – Você conhece algum destes produtos? Quais deles?
Laura – Conheço este, este, este. Laura vai apontando.
Lísia – Você tem algum destes aparelhos? Quais?
Laura – Ah, eu tenho máquina de tirar foto, que é da mãe, mas eu uso. Mas no computador
dela ela não deixa eu mexer não. Eu só posso mexer no computador da salinha, mas no note
dela não. Acho que é só isso.
Lísia – E MP3, de ouvir música, você tem?
Laura – Ah, não ainda não, mas eu já pedi um para mãe que vem com o caderno e kit de
canetas do seriado das Princesas, sabe?
Lísia – Sei sim, é lindo! E vem com um MP3 junto?
Laura – Ahan, que já vem com as musicas das Princesas e agente ainda pode colocar mais
músicas!
Lísia – Nossa, que máximo né! E DVD, você olha DVD só em casa na televisão ou
também tem no carro algum outro de carregar?
312
Laura – Filme eu só olho em casa mesmo, mas eu já vi no carro da Luana que o pai dela e
agente fica olhando TV atrás da cabeça dele, fica assim no banco sabe, eles enfiam lá dentro e
da para gente ir vendo enquanto anda de carro.
Lísia – Ah, que legal, e você alguma vez já pediu para o sei pai isto?
Laura – Acho que não, ou sim, mas eu vou para escola com o tio da Kombi e na Kombi
também não tem.
Lísia – E fora a Luana, suas amigas tem algum destes aparelhos? Celular, MP3,
Netbook?
Laura – Tem, tem sim. Só que não pode levar para escola o celular porque a professora
recolhe, por isso a mãe não me dá, porque agente é muito pequena. Não podemos usar nada
disto na escola, mas a Gabi também tem e as vezes ela leva escondido e agente ouve musica
no recreio escondida.
Lísia – Ahh, é divertido né..bom então você ainda não brinca com nada destas coisas de
carregar na bolsa né?
Laura – Brinco sim, fim de semana na casa das gurias ou nos aniversários.
Lísia – Mas você não tem nenhum destes (mostro as imagens)
Laura – é que eu ainda sou muito pequena né..
Lísia – é né.. sim sim. E na escola, quando suas amigas levam, vocês só podem usar
escondido?
Laura – é que a professora não deixa porque é perigoso e podem roubar e para não prestar
atenção na aula, não, para não, não pode ouvir musica na aula, porque se não não aprende né..
Lísia – Ahh, verdade mesmo. Agente precisa ouvir a professora. E quando você pode
escolher um presente, o que você costuma pedir?
Laura – Ahh, não sei depende. Roupa, maquiagem, eu gosto de filme de alguns jogos, dos
meus bichinhos de pelúcia, sei lá, umonte de coisa né!
Lísia – E ai você pede para quem quando quer?
Laura – Pede o que?
Lísia – Quando você quer uma coisa de presente, para quem você costuma pedir? Para o
seu pai, mãe, vó, sua dinda?
Laura – Ah, é pra minha mãe, que ela que vai no shopping me levar e ai agente escolhe.
Lísia – E internet, você usa?
313
Lísia – Eu acho que estes produtos são... silêncio. O que você acha deste produtos de
modo geral? Legal, chato, difícil, comum, caro?
Laura – acho que são legais.
Lísia – e você tem vontade de brincar mais com eles?
Laura – tenho sim, agora quando eu fizer 9 acho que eu já vou poder ter todos, porque as
gurias da quinta e da sexta já tem tudo isso e pode usar no intervalo.
Lísia – Ah, que legal né.. e se você pudesse ganhar um deste produtos, qual você
escolheria?
Laura – este, Laura aponta prontamente para o MP3, para poder ouvir musica e ver os clipes.
Lísia – ah, então tinha que ser este, eu aponto para o MP4 porque este também da para
ver música. O MP3 é só para ouvir música e o MP4 da para ouvir musica e ver os clipes.
Laura – Então o MP4 mesmo.
Lísia – Bom, e a ultima frase então para terminarmos. Meus pais acham que estes
produtos...
Laura – Ahh, não sei, eles acham legal.
Lísia – Tá, mas eles querem que tu use, deixam, não deixam, acham que você tem que
ter..
Laura – eles acham que eu só muito nova, mas eu vou pedir o celular de natal e acho que eles
vão me dar sim, ou eu posso ficar com o velho da mãe que ela deixou com o pai só que ele
não quer usar celular, então eu podia ficar com ele.
Lisia e Laura riem e concordam.
Lísia – Então tá Laurinha, muito obrigada, eram só estas perguntinhas e quando
precisar de ajuda com isso me avisa tá.. dou um beijo na Laura e vai para sala com o
resto da família.
Lísia – Ah, tudo bem então. Bom, lembra que te falei que queria conversar um
pouquinho contigo sobre uns brinquedos digitais, celular, entre..
Lucas - ahan
Lísia – pois é, eu vim aqui hoje para tu me contar um pouquinho como tu brinca com
estas coisas, quem te ajuda, como você brinca com elas.. eu vou deixar meu celular
gravando aqui, para que eu não me esqueça depois o que você falou, tudo bem?
Lucas – posso ver?
Lucas pega o celular na mão e eu pego de volta delicadamente e mostro uma imagem de um
gravador que está aparecendo.
Lísia – Pode sim, mas agora não dá para sair porque já esta gravando e se você mexer
vou perder nossa conversa, mas depois que terminarmos eu tenho um jogo de carrinhos
bem legal que agente pode jogar depois! Tudo bem assim? Quando terminarmos a
conversa agente brinca juntos.
Lucas – está pode ser
Lísia – Bom, então, para começar, agente finge que eu não te conheço e vou ir te
perguntando teu nome e algumas outras coisinhas, ok?
Lucas - está
Lísia – Bom, vamos lá. Qual seu nome?
Lucas - Lucas
Lísia – e quantos anos tu tens Lucas?
Lucas – tenho quatro, Lucas mostra com os dedos.
Lísia – e você tem algum irmão?
Lucas – ahan, o Pedro.
Lísia – e quantos anos que o João Pedro tem?
Lucas começa a contar nos dedos.
Lucas – ele fez 09 semana passada, teve festa aqui no salão pra todo mundo.
Lísia – ahh, que legal. E vocês se dão bem? Brincam juntos?
Lucas – sim, mas ele não gosta que mecha nas coisa dele porque ele diz que eu estrago mas é
mentira porque ele não quer brincar comigo, mas o pai diz para ele emprestar e ai agente
brinca sim.
Lísia – e vocês dois estudam na mesma escola?
316
Lucas – não, eu ainda estou na escolinha, mas ano que vem agente vai estudar no mesmo
colégio, só que o mano estuda de manha e a mãe quer que eu estude de tarde, mas eu queria ir
de manhã também já.
Lísia – hum, ah, é que ano que vem você vai para primeira série né?
Lucas – não, só com 6 que pode, mas já para ir para escola do mano.
Lísia – bom, então agora eu vou te mostrar uma folhinha com algumas imagens dos
brinquedos que eu quero conversar contigo para ver se tu conhece, ok. Eu pego a folha,
mostro para Lucas e pergunto, você conhece estes brinquedos?
Lucas – sim, o mano tem este (aponta para o controle do videogame), o celular, este é igual ao
do pai (aponta para o iphone) e mp3 eu tenho.
Lísia – e aonde que tu já viu estes produtos?
Lucas – todo mundo tem, o pai tem, a mãe tem eu não posso ainda porque sou pequeno mais
brinco com o do pai e com o meu celular.
Lísia – ah, que legal, você tem um celular, quem te deu?
Lucas – foi o pai, é o antigo dele, só que ele não me da cartão para ligar, ai eu só posso jogar e
as vezes a mãe pede para eu levar e ai ela me liga.
Lísia – e você já sabe ligar?
Lucas – sei sim, ou o mano me ajuda, mas é mãe que liga ai é só apertar no verdinho.
Lísia – isso mesmo, é ficil né..
Lucas - aham
Lísia – e fora aqui com pessoal de casa, você já viu estes produtos me outro lugares, na
tv, no colégio, na rua?
Lucas – ah, na tv sempre aparece da Claro né, e no shopping também tem umonte que ai dá
para comprar lá né.
Lísia – isso mesmo. E seus coleguinhas, tem algum destes?
Lucas – hum, acho que só videogame que todos tem né porque celular é muito pequeno ainda
pra gente poder usar e pode perder.
Lísia – bom, e o teu celular, quando você vai jogar, você já sabe mexer em tudo?
Lucas – sei sim, antes eu não sabia por que tem que apertar bem forte, mas o mano me
ensinou e agora eu já sei, entro sozinho e jogo, ai quando eu canso é sair no vermelho..
Lísia – e o videogame? É seu ou do mano?
Lucas – é do mano, mas pé meu também porque o pai disse que eu também posso brincar
Lísia – ai ele te ajuda?
317
Lucas – não, no videogame eu brinco sozinho, só brinco com ele quando quero
Lísia – então você consegue ver filmes no dvd sozinho também?
Lucas – sim né, é só colocar o desenho e deu, depois liga TV.
Lísia – ah legal, e vocês tem algum dvd no carro ou de levar na viagem para ficar
olhando filme?
Lucas - não
Lísia – e o que vocês fazem durante a viagem para praia?
Lucas – agente vai dormindo ou jogando videogame e ouvindo música
Lísia – e como vocês jogam? Vocês tem Game Boy?
Lucas – que? No Mega, que da para ir jogando na viagem
Lísia – e é seu ou do Pedro?
Lucas – eu tenho o meu e ele o dele, mas ele pediu para o pai o PSP que é mais legal
Lísia – o que é o PSP?
Lucas – é quinem o Mega, só que é mais legal e tem internet e dá para ver filme e pra fazer
tudo nele
Lísia – e você também pediu um para você?
Lucas - Pedi sim, mas eu recém ganhei o Mega e o pai disse que não vai dar.
Lísia – e este entra na internet?
Lucas - ahan
Lísia – e você já sabe entrar na internet?
Lucas – sim né, eu jogo do Ben Dez, do Zeke e do Camp Rock
Lísia – ah, que legal e você já sabe entrar sozinho?
Lucas – sim né, mais ai o mano ou o pai entra no site para mim e escreve e ai eu jogo.
Lísia – e quais os sites que você mais entra?
Lucas – da Disney, da Nike (Nickelodeon), do Toy Story do Sherek
Lísia – e você tem seu computador?
Lucas – ahan, é do sala, que não é meu, hum, é sim, é que não é de ninguém, fica lá na sala e
mais eu e o mano que usamos mesmo porque o pai e a mãe entram no notebook que agente só
pode mexer na praia.
Lísia – humm, e ai você usa o notebook do pai ou da mãe?
Lucas - Da mãe, porque o do pai é pro trabalho, ai não pode.
Lísia – humm, e você já aprendeu a mexer no notebook também?
Lucas – é a mesma coisa né, só que ai precisa do mouse e do 3G para entrar.
318
Lísia – bom, então era isso Pedro, muito obrigada, foi bem legal nossa conversa
Lucas desce do banco e vai para geladeira novamente, seu pai entra, eu agradeço e vou
embora.
Lisia – Bah, já é bastante coisa. E como você descobriu estes produtos? Aonde você ficou
conhecendo que existia iPhone, MP3, notebook.
Giovana – Ai, sei lá, sempre teve. MP3 tenho há muitos anos, até minha mãe e meu pai já
tinham. E o iPhone eu vi primeiro, na TV eu acho, e lá na Disney, em Miami, mas o pai não
quis comprar lá ai eu ganhei de aniversário depois.
Lisia – ah, que legal. E você ganhou de aniversário este ano?
Giovana – ahan, em maio. Porque dos estados unidos não ia funcionar aqui né, ai tive esperar.
Lisia – e as tuas amigas também tem iPhone, ou qualquer celular com internet, MP3,
notebook.
Giovana – Acho que só a Camila tem, as outras todas tem celular, normal, que ai tem
internet, musica e tal.. e MP3 acho que todas tem também.
Lisia – E como é que tu usa estes produtos, pra brincar, pra estudar, pra conversar?
Giovana – Ai, pra falar com as gurias, com meus pais, mandar mensagens, eu gosto de ouvir
musica e ver os clipes.
Lisia – E tu liga mais para tuas amigas ou manda mais mensagens?
Giovana – Eu gosto mais de mandar mensagens, e ai quando tem mais gente junto não precisa
ficar falando (risos).
Lisia – Ah, ai ninguém ouve..(risos) E a internet? Tu usa aonde? No note, no
computador, só em casa, no colégio?
Giovana –no colégio, eu uso pouco, só nas aulas do laboratório. Em casa uso bastante, mas
mais no computador do quarto do que no notebook, e no celular toda hora.
Lisia – e o que tu faz geralmente na internet?
Giovana – ah, sei lá. Umonte de coisa. Entro no MSN, no Orkut, olho as fotos, baixo músicas,
entro no e-mail, olho loja, roupa, sei lá.. ah, ou estudo também.
Lisia – hehe. E faz tempo que tu usa orkut e msn?
Giovana – acho que sim, a uns dois anos, um, por ai..
Lisia – e como que tu aprendeu a mexer nestas coisas tudo, a fazer orkut, baixar música,
mexer no iPhone..?
Giovana – no iphone eu mecho sozinha, fui descobrindo né, mas é bem fácil.. o orkut eu acho
que a minha prima fez comigo e o msn deve ter sido ela também, mas ai fui aprendendo a
mexer para fazer as atualizações
Lisia – e quantos anos tem tua prima?
Giovana - 13
321
Lisia – e me diz uma coisa, quando tu pode pedir um presente pros teus pais ou para
alguém, o que você mais gosta de ganhar?
Giovana – ah, eu gosto de ganhar roupa, maquiagem ou peço pra gente viajar.
Lisia – e ai você pede estas coisas para quem? Pro teu pai, pra mãe, pra vó, pra dinda?
Giovana – Pro meu pai, porque ele sempre dá. Mas ai se roupa é a mãe que dá porque ela que
vai pro shopping comigo.
Lisia – e teu pai e tua mãe, eles também gostam de usar este tipo de produtos, eles tem
muitos aparelhos destes?
Giovana – não sei, acho que menos que eu uso.. mais celular e internet mesmo...
Lisia – e tipo, quando tu vai usar internet, computador algo assim, eles te ajudam?
Giovana –pra que?
Lisia – ah, não, é tu não precisa mais porque já sabe entrar em todos sites, mexer e tal
né.. mais não precisa que eles ajudem..
Giovana – é
Lisia – e de todos estes aparelhos que tu usa, mp3, notebook, iPhone, pen drive – qual
deles tu mais gosta, mais usa?
Giovana – ah, o meu iPhone, é a coisa mais legal que eu tenho.
Lisia – porque, o que que tem de mais legal nele?
Giovana – ah é que ninguém tem, ai todo mundo quer ver, e meche com touchscreemda pra
entrar no msn, ver clipes, música, internet, na verdade eu faço tudo com ele..
Lisia – ah, eu adoro o iPhone também.. e teu pai e tua mãe, eles sabem mexer bem nos
aparelhos deles?
Giovana – ai, acho que sim né..as vezes a mãe me pede quando não encontra alguma coisa no
iPhone dela, mas só isso
Lisia – Bom, então para acabar eu vou falar algumas frases que quero que tu complete,
pode ser?
Giovana - ahan
Lisia – bom, a primeira fase é: eu acho que estes produtos são..
Giovana – ah, hum, são bem legais.
Lisia – está, mas e na tua vida, o que eles representam para ti, porque eles são bons?
Giovana – ah, é bom porque dá para levar para todos lugares, porque é fácil procurar as coisas
na internet, tem GPS, é bonito.. acho que é isso.
Lisia – Bom, a outra frase é: meus pais acham que estes produtos:
322
Giovana – ah, eles também gostam, mas não muito fanáticos com estas coisas, eu uso mais
que eles..
Lisia – a ultima frase é: se eu pudesse ganhar um produto destes eu pediria..
Giovana – ah, o que eu mais queria era o iPhone, que agora eu já tenho, então acho que não
tem nenhum outro...
Lisia – e notebook, ou aqueles computadores pequeninhos, coloridos, o iPad, play
station, DVD portátil ou de carro..?
Giovana – ah, humm.. todos estes são legais, no carro já tem.. acho que notebook, aqueles
pequeninhos são os mais legais para pedir, mas ai quando eu puder levar pra escola porque
agora não adianta.
Lisia – ué, não adiantapor quê?
Giovana – ah, porque eu tenho onde usar.. em casa uso o computador e na aula não dá para
levar.. e em outros lugares uso o iPhone.
Lisia – ahh, entendi. Bom, então era isso, brigada Giovana, foi bem legal tua entrevista.
Giovana ri, se beijam, despedem-se e a pesquisadora vai embora.
323
identificar esta necessidade, Marilia e seu marido julgaram um notebook mais útil do que um
desktop devido a sua portabilidade, pois a menina poderia levar o aparelho em viagens, para
praia e para escola futuramente.
Laura, a menina, lembrou a mãe de que o notebook tinha que ser lilás ou rosa,
conforme ela havia visto na televisão. A mãe da menina disse que não sabia se a loja teria
disponibilidade na cor rosa, pois ambas (mãe e filha) haviam visto apenas nas cores preta,
prata e branco as opções de netbooks da loja Fnac. A filha argumentou com a mãe, que sua
amiga Victória, colega de balé, tinha um aparelho todo colorido, rosa e branco da Dell. A mãe
disse que este modelo havia saído de linha e que não era tão bom, que o de sua filha seria
mais moderno, para encantar e acalmar a criança.
Neste momento, chegou-se a loja destino, a Fnac. A loja estava bem cheia, pois
era sábado e estava chovendo. A menina viu o livro “Crepúsculo” e saiu correndo para pegá-
lo. A mãe arfou e foi atrás da criança. Laura argumentou fortemente com a mãe que queria
aquele livro, que já havia visto o filme e queria muito ler a história do Edward – o
personagem principal. A mãe apenas concordou com a cabeça, pegou a filha pela mão e se
direcionou para o setor de informática, sem dar muita atenção aos pedidos da filha, que
continuou carregando o livro. No caminho para setor de informática, mãe e filha olhavam
todos os itens atentamente, jogos de computador, softwares, capas protetoras de celular,
aparelhos celular, GPS e outros. Começaram a aparecer os computadores e notebooks. Marilia
e Laura olharam os notebooks brevemente e logo constataram de que este aparelho era muito
grande e pesado para a criança. Ao mexer nos notebooks apareceu uma atendente da loja, que
perguntou em que poderia ajudar. Laura, a menina, disse que queria um netbook rosa, a
vendedora sorriu e pediu que a acompanhasse até a sessão correta, que estava logo à frente.
Na sessão de netbooks haviam apenas quatro produtos em amostra. A vendedora perguntou se
Marilia já havia olhado algum modelo específico e se sabia as definições de memória,
processador e outros componentes técnicos da máquina.
Marilia pegou na bolsa um papel com a descrição do produto que havia olhado na
internet e informou a vendedora que queria ver um Acer e um Megatron. Perguntei por que
Marilia havia selecionado estas marcas e ela respondeu que eram marcas boas, mas menos
conhecidas, portanto os preços estavam mais baixos. Ela disse que o Acer e o Megatron
estavam na média de R$ 750,00 reais, enquanto a LG, Sony, Apple e Dell estavam na faixa de
R$ 1.200,00 reais. A vendedora perguntou se era para a menina mesmo e Laura respondeu
que sim, enquanto pegava um dos aparelhos para olhar. Laura pegou o aparelho da Sony na
325
mão, pois era o aparelho mais vistoso, branco, com Sony Vaio escrito em neon. O aparelho
estava preso por um fio de nylon, o que atrapalhava um pouco o manuseio. A pareceu
preocupara com o manuseio da criança e buscou um “puff” que estava ali perto para que a
criança sentasse com o aparelho no colo para mexer. Enquanto Laura mexia no aparelho, que
já estava ligado a vendedora falou para a mãe que não tinham o Acer naquele momento, mas
pegou o Megatron preto para mostrar a mãe. A vendedora disse que este produto tem sido
vastamente procurado para crianças e que a loja já havia feito uma encomenda de mais
unidades a pronto entrega prevendo a demanda do dia das crianças. A vendedora começou a
falar sobre as especificações da máquina, capacidade, memoria e fazer comparativos entre as
marcas. Um outro cliente abordou a vendedora que esta nos atendendo e a vendedora foi
ajudá-lo. Marilia me perguntou a respeito das especificações técnicas e a minha opinião sobre
as máquinas. Conforme informado pela vendedora eu disse que a característica das maquinas
eram muito parecidas em termos de desempenho, pois as maquinas mais caras apresentavam
as mesmas características que as mais baratas, mas que dependia do que ela e a filha queriam.
Marilia disse que queria uma maquina mais resistente e confiável, pois a Laura ainda não
cuidava bem de suas coisas. Neste momento, passados alguns minutos a vendedora voltou
com um Sony Vaio cor de rosa sorrindo e entregou-o para Laura, que já estava cansada de
olhar os notebooks dali. Laura ficou muito entusiasmada com o notebook e disse que era que
queria. Laura ficou chamando sua mãe repetidamente dizendo “é este, é este mãe, quero este”.
A vendedora afirmou que a máquina era linda, a mãe também gostou bastante, mas disse que
estava fora do orçamento e que o “pai” tinha liberado apenas R$ 800,00 reais para comprar o
aparelho e que não adiantava se bonito porque a filha não ia cuidar. Laura ficou muito nervosa
e começou a jurar para mãe que iria cuidar bem, que só ia usar na “mesinha” e que ia cuidar
muito. A mãe disse que a menina poderia o Megatron branco e que adesivaria o netbook para
a filha com a “Hanna Montana” e que iria ficar mais bonito que o rosa. A vendedora disse que
o Sony Vaio era mais caro por que tem uma qualidade superior, que era mais durável,
estragava menos e que o preço do concerto, uma vez que o Megatron estragasse, superaria o
preço do Sony Vaio. Laura disse que não queria o Megatron e que não ia levar aquele porque
era feio. A mãe disse que ela tinha que entender, que não tinha direito para aquele, mas Laura
ficou emburrada e disse que não queria mais netbook, que iria pedir para “dinda” o rosa de
Natal. Vendo o conflito a vendedora disse que elas poderiam levar o branco e mandar
adesivar ou sugeriu mostrar capas de proteção coloridas, que deixariam o notebook mais
divertido. Laura continuou dizendo que queria o rosa e a vendedora saiu para que deixar mãe
326
e filha conversarem. Marilia me disse que era por isso que não podia trazer a Laura junto, que
se ela tivesse vindo sozinha e chegado em casa com o notebook branco a filha iria ter adorado.
Marilia me pediu desculpas pelo conflito com a filha, parecendo envergonhada, falei a ela que
não se preocupasse, que é normal este tipo de situação com crianças. Laura saiu andando pela
loja, deixando eu e Marilia sozinhas. Neste momento a mãe pareceu ficar mais brava e foi
buscar a filha, ela xingou a menina que começou a chorar, então saímos da loja. Começamos a
andar e logo em seguida entramos em uma loja de brinquedos, a mãe deixou a menina
caminhar sozinha para que ela se acalmasse. A menina começou a andar pelo meio dos bichos
de pelúcias e eu a mãe ficamos conversando. A mãe pareceu bem balançada e me perguntava
se a Sony era uma boa marca. Marilia ligou para seu marido e perguntou o que ele achava, o
marido logo disse para levar o mais barato, mas alegou nuca ter ouvido falar na marca
Megatron, a mulher disse que ela também não conhecia e que a vendedora havia dito que
estragava mais fácil e que a manutenção era cara para netbooks. O marido pareceu perguntar a
diferença de preços, pois ela respondeu que o Megatron custava R$ 800,00 e o Sony R$
1.000,00, enquanto na verdade custava R$1.200,00. O pai concordou em levar o Sony devido
a qualidade da marca, sem ter sido mencionada a cor do netbook. Marilia e seu marido
combinaram o que fariam a noite e logo em seguida desligaram. Marilia começou a
argumentar porque o Sony Vaio era um melhor negócio, tentando me convencer, eu apenas
concordava com a cabeça. Perguntei em que locais Laura iria utilizar o aparelho e a mãe me
rendeu que a menina utilizaria apenas em locais seguros, como em casa e no carro, que não
levaria para escola e que então duraria muitos anos. Marilia me disse que no final valeria mais
a pena levar o Sony Vaio rosa e que pagaria a diferença de R$ 200,00 que o marido não
pagaria. Ela disse que por uma diferença de R$ 400,00 reais o marido iria preferir o outro,
mas que R$ 200,00 a mais ele concordou em pagar e ela pagaria o restante. Fomos então atrás
de Laura, que já estava mais calma, a mãe disse que queria lanchar e convidei Laura para
tomar um suco de laranja. Fomos até a praça de alimentação e cada uma de nós tomou um
suco. Laura, que já estava mais calma, pediu desculpas para a mãe por ter chorado. A mãe
aceitou as desculpas da filha, abraçou-a e começou a fazer carinhos em seus cabelos, mas
disse que não poderia comprar o Sony rosa, pois o pai iria brigar com ela. A menina não
insistiu e já parecia interessada por outras coisas. Voltamos a passear pelo shopping, entramos
em uma loja de vestuário infantil, onde a Marilia comprou algumas meias e calcinhas para
Laura. Saindo da loja Laura chamou sua mãe bem baixinho, que se abaixou para falar com ela
enquanto a menina cochichou em seu ouvido que poderiam ficar com o netbook rosa se o
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mesmo fosse seu presente de dia das crianças e de natal. A menina disse que iria cuidar bem
direitinho e que poderia ajudar a pagar com sua mesada. A mãe riu e me contou o que a
menina havia falado, Laura ficou com vergonha de mim e cutucou sua mãe. Sentamos em um
banquinho e mãe e filha começaram a conversar. Marilia disse para a filha que ela havia se
comportado mal na loja e que era muito feio fazer isto, que moças bonitas não saem chorando
das lojas nem brigam com as mães. A menina concordou e pediu desculpas e disse que ia
cuidar bem do rosa para que durasse mais tempo. A criança disse que ninguém conhecia a
marca Megatron e que devia ser chinesa e ruim, igual a dos camelôs. A mãe riu e disse que
concordava em dar rosa, mas que seria de dia das crianças e que Laura tinha que cuidar muito
bem. Laura começou a pular e dançar e nos encaminhamos novamente para a loja. A mãe
brincou comigo “viu como é duro”.
Voltamos a loja, fomos diretamente a exposição de netbooks, neste momento a
loja estava mais vazia e a vedora nos viu e veio a nosso encontro. A mãe disse que levaria o
Sony Vaio rosa e a vedora riu, disse que era uma excelente máquina e que ia buscar um
modelo fechado. Marilia ficou mexendo no modelo Sony Vaio rosa, que agora estava no
mostruário. A vendedora chegou com a caixa, explicou que tinha um ano de garantia, que
poderiam fazer a troca do equipamento em dois dias caso o mesmo não funcionasse. Ela abriu
a caixa, mostrou o netbook, p cabo de alimentação e perguntou se queríamos capa protetora
ou mouse. Direcionamos-nos até as capas e mouses, a vedora mostrou um mini-mouse, mais
adequado para uso infantil, o preço se equiparava, então Marilia concordou em levar,
entretanto, achou muito cara as capas que estavam, expostas e me disse que compraria no
centro ou na praia porque era mais barato. Direcionamos-nos ao caixa, Marilia pediu para
passar R$ 1.000,00 reais em um cartão de crédito e R$ 200,00 reais em outro. Laura pediu
para levar a sacola e saímos da loja, mãe e filhas parecendo muito felizes e satisfeitas.
Fomos embora do shopping, me despedi das duas e fui para minha casa. A noite
havia uma janta na casa de Marilia, com meus pais e outros amigos. Fui ao jantar e ao chegar
na casa deles, logo Laura me chamou para ir a seu quarto ver como tinha ficado bonito. Fui
até lá e o netbook estava em sua escrivaninha carregando. Concordei com ela que estava lindo
e perguntei o que o pai dela tinha achado. Ela disse que o pai tinha gostado muito e que era
bem melhor do que outro netbook chinês. O pai berrou da sala pedindo para Laura levar o
computador para sala e mostrar para todo mundo. Marilia disse que não podia tirar da tomada
porque tinha que carregar 10h seguidas, o pai disse que era besteira e pegou o computador de
Laura para mostrar para todos, contando que custou mais de R$ 1.000,00 e dizendo que os
328
brinquedinhos de crianças agora estavam caros. O pai de Laura perguntou a um outro casal se
o João (filho do outro casal) usava computador. O outro casal respondeu que sim, que com 6
anos João já sabia ligar, desligar e jogar no computador do pai. O pai de Laura insistiu para o
pai de João comprar um computador para seu filho, mas o pai de João disse que ele ainda era
muito pequeno e que era muito caro para ter um computador só dele, além disto, João preferia
brincadeiras de rua, como rogar futebol e fazer karatê na escola. Todos na casa olharam o
netbook rosa e elogiaram o parelho, falando que era muito bonito. Todas as mulheres
afirmaram que gostariam de ter o aparelho para si. Após todos olharem Marilia recolheu o
aparelho e deu para Laura, que colocou o aparelho novamente para carregar. Na janta falou-se
mais um pouco sobre as tecnologias e todos se diziam alarmados com a velocidade das coisas,
falando do futuro e que em alguns anos teríamos celular, computador, internet e outras coisas
mais em um relógio ou algo do gênero. Os assuntos foram mudando e não se falou mais nisto.
Encerrando-se assim esta observação participante.
respondeu que não tinha o hábito de ir nos camelôs nem em centros comerciais, pois não
gostava de conglomerados de pessoas nem de fazer compras. Ele contou que, por obrigação,
as vezes vinha passear no centro de Capão da Canoa com sua esposa e seu filho. Há alguns
anos descobriu que era um local interessante para comprar itens como lanterna, pen drive,
radinhos e diversos outros eletroeletrônicos. Altair me contou que comprou seu primeiro MP3
Player nos camelôs de Capão da Canoa há alguns anos. Contou também que aprendeu a
mexer sozinho no aparelho, copiando alguns CDs que tinha para seu computador e então para
o MP3. Altair conta que se acostumou rapidamente com o aparelho, pois o utilizava enquanto
fazia suas caminhadas matinais. Ainda caminhando em direção aos camelôs, Altair me contou
que logo em seguida, um mês depois de comprar seu primeiro MP3, viajou para Argentina a
trabalho e na volta aproveitou para comprar um iPod da Apple no FreeShop. Ele me contou
que já trocou várias vezes de MP3 depois disto, pois perdeu um, deixou outro com Pedro, seu
filho e também trocou por um MP3 menor, de apenas 4cm x 4cm que se prendia a roupa.
A entrevistadora perguntou para Altair se Pedro havia lhe pedido o aparelho e ele
respondeu que não, ou que não lembrava, pois Pedro está sempre lhe pedindo alguma coisa,
mas o MP4 não parecia estar nas prioridades de presentes escolhidos por Pedro, de acordo
com Altair. O pai, contou a pesquisadora que um MP3 antigo que estava com Pedro já não
funcionava mais direito e que o menino precisava de um novo. Altair percebeu que o MP4 era
importante para seu filho, pois desde o início deste ano o menino está indo de van para a
escola e demora cerca de 40 minutos para ir para voltar da escola. Para Altair, o MP4 iria
ajudar Pedro a se distrair durante o percurso da escola, visto que ele poderia passar este tempo
assistindo vídeo clipes, ouvindo música e jogando. Altair perguntou para pesquisadora se ela
sabia informar se os MP4 de marcas comuns, tipo Foston, que se encontra nos camelôs,
possuíam também o modo jogo. A pesquisadora respondeu que descobririam assim que
chegassem a banca, pois dependia do aparelho.
Altair andou diretamente para uma banca específica, a pesquisadora perguntou
como ele gostaria de fazer a compra, aonde iriam. Altair respondeu que iriam na banca que
estava logo ali em frente, sem demonstrar intenção de ir em outra banca. Ao chegar na banca
a pesquisadora observou que era de certa forma um camelô especializado em tecnologia, pois
a banca possui uma significativa diversidade de produtos como MP3, MP4, vídeo game,
aparelhos de DVD, Blue Ray, pilhas, lanternas, filmes em DVDs baixados da internet,
relógios, bonés, espuma de barbear, entre outros. De fato parecia uma banca feita para
homens. Altair começou a olhar os aparelhos de MP3 e MP4, perguntou ao vendedor os
330
preços, que respondeu que dependia dos produtos, mas que os MP3 estavam cerca de R$
80,00 e os MP4 cerca de R$ 110,00 reais. Altair selecionou três MP4 sobre o vidro do
mostruário, o vendedor alcançou para ele, explicando que um deles era a bateria e que os
demais eram a pilha. O vendedor explicou que a vantagem da bateria é a durabilidade e a
mesma poderia ser carregada no computador ou na tomada se ele levasse um adaptador. Altair
comentou coma pesquisadora que o modelo de MP4 era o mais fino e com a maior tela, de
fato parecia o mais bonito. Logo o vendedor ligou o aparelho e colocou um vídeo para rodar
para testar o desempenho do produto, que pareceu atender as expectativas de Altair, que
questionou apenas se o produto também tinha jogos, o vendedor respondeu que não, mas que
o MP4 também poderia ser utilizado como pendrive. Altair desconsiderou as considerações do
vendedor e questionou o preço, o vendedor respondeu R$ 120,00 reais, pois era o melhor de
seus produtos, Altair disse: - mas tá caro isto hein, R$ 100,00. O vendedor riu e disse R$
110,00. Altair pegou o dinheiro e pagou o vendedor, enquanto colocava o produto em sua
caixa, junto com os fones, perguntou para Altair: e o carregar de tomada vai também? Altair
parou, pensou, olhou para pesquisadora e disse: - vai também sim, se não ele vai precisar estar
sempre com isto no computador. Na caixa do carregador havia o preço de R$ 15,00, Altair
tirou mais R$ 20,00 e pagou o vendedor, esperou seu troco, pegou a sacola e foi embora.
Altair e a pesquisadora saíram da banca e o pai pareceu um pouco frustrado, pois o MP4
estava sem músicas e ela não tinha as músicas da moda para o seu filho gostar. Altair
perguntou para a pesquisadora se ela possuía alguma música ou vídeo e o por sorte a mesma
tinha sua relação de músicas e vídeos em seu notebook em sua casa, que era bem próxima a
de Altair. O pai e pesquisadora foram até a casa dela, Altair e o pai da pesquisadora ficaram
conversando sobre futebol enquanto Lisia foi buscar seu computador. A pesquisadora
perguntou se Altair queria escolher as músicas e passar para o MP4 do filho de Altair, mas ele
pediu que a pesquisadora fizesse isto sozinha. A pesquisadora carregou cerca de 100 musicas
e 20 videoclipes, guardou o MP4 na caixinha e devolveu para Altair, que ficou conversando
por mais cerca de 1 hora com o pai da pesquisadora, depois foi embora levar o presente de seu
filho.
se tratava. Paulo explicou que o PSP é um videogame Play Station portátil, multifuncional,
que além de jogos, rodas vídeos, filmes, músicas, e tem acesso a internet. Neste momento
Paulo mostrou para pesquisadora, uma foto que havia tirado com seu celular em uma loja,
enquanto pesquisava onde comprar. Paulo descreveu as funções do aparelho com muito
entusiasmo e disse: “nossa! Se no meu tempo tivesse estas coisas”. Paulo contou para autora
que pretendia dar o PSP de dia das crianças para seu filho. Como se tratava exatamente de um
dos principais gadgets que a autora busca analisar no presente plano monográfico, a mesma
perguntou para Paulo se ele se importaria em antecipar a compra, para que ela pudesse
acompanha-lo e descrever o processo de compra em seu trabalho acadêmico. Paulo concordou
com a solicitação da autora, pois já estava pesquisando o produto a algum tempo e já havia
decidido comprar em uma loja de games no Shopping Iguatemi.
A pesquisadora ficou um pouco incomodada com o pedido indelicado que havia
feito para Paulo, mas ele tranquilizou-a dizendo que para ele não teria o menor problema em
comprar o presente e guardá-lo, contudo, não poderia deixar sua mulher ver, pois ela não iria
aguentar até o dia das crianças para entregar o presente ao filho deles. Paulo e a autora
combinaram de fazer a compra no dia 15 de setembro de 2010 na loja Game Center no
Shopping Iguatemi, após um almoço de trabalho que teriam lá. Paulo é gerente de produtos no
Brasil de uma multinacional e junto com sua esposa possuem uma renda fixa maior que R$
13.000,00 reais.
No dia combinado, Paulo e a pesquisadora participaram de uma reunião almoço
no Shopping Bourbon Country em Porto Alegre e logo em seguida se direcionaram para
Shopping Iguatemi. No caminho, a autora perguntou para Paulo por que ele havia escolhido a
loja Game Center e se ele havia pesquisado a compra anteriormente. Paulo contou que há
muitos meses João Pedro já estava lhe pedindo este aparelho, mas que ele não sabia bem do
que se tratava, apenas que era um videogame de mão, imaginava que era como os videogames
de mão de pixels que existiam há muitos anos e custavam uns R$ 30,00, um dia Paulo estava
assistindo televisão com seu filho e viu a propaganda do PSP na Nickelodeon, só então
entendeu do que se tratava. Paulo contou que na hora que viram o comercial seu filho ficou
insistindo: - é este, é este pai! Paulo confessou que também achou o brinquedo genial, pois
também gostava muito destas coisas e costumava jogar PlayStation com seu filho quando
tinha tempo. Paulo disse que o PSP era um pouco caro, mas que valia a pena, pois ele poderia
ser carregado para qualquer lugar facilmente, sem fios, sem cabos, é leve, possibilita ver
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filmes e diversas outras atividades que ajudariam a entreter seu filho durante as viagens que
fazem para a praia de Torres frequentemente.
A pesquisadora perguntou quanto custava em média um PSP e como ele havia
pesquisado. Paulo respondeu que este produto já existe há alguns anos e que foram sendo
lançados versões atualizadas quase que anualmente. O modelo mais atual é o PSP 3010 da
Sony, antes dele já teve-se o 3000, o 2000 e o 1000. Estes produtos começaram a ser
comercializados por volta de 2007, Paulo disse que conseguiu estas informações na internet e
na Wikipédia existe um comparativo de todas as versões, dizendo o que foi melhorado a cada
nova geração, Paulo completou dizendo que o design da versão 3010 era o que mais chamava
atenção. Paulo disse que comprando pela internet sai um pouco mais barato, mas que como se
tratava de um produto um pouco caro ele ficou com medo em relação a segurança e garantia
de entrega do fornecedor, além dos riscos de danificação no transporte. Paulo disse que
pesquisou preços na Fnac, Digimer e em outras lojas, mas que os preços se equivaliam e ele
não tinha o habito de ir para Zona Sul de Porto Alegre – aonde se localizam as demais lojas
que ele pesquisou pela internet.
Neste momento chegamos a loja, olhamos brevemente a vitrine, que tinha alguns
PSPs expostos, jogos, acessórios, entre outros. Entramos na loja e continuamos olhando os
artigos dispostos no ponto de venda, que era pequeno e com muitos produtos expostos. Um
vendedor jovem veio nos atender e Paulo disse que ver o PSP 3010, o vendedor voltou para
trás do balcão e pegou o produto para mostrar. Paulo pegou o produto na mão, o vendedor
ligou o aparelho e enquanto iniciava o vendedor começou a explicar que este era o melhor
PSP que tinha no mercado. O aparelho tinha 1.8 GB de armazenamento, leitor de áudio e
vídeo, internet Wi-Fi e tela widescreen. Paulo fez perguntas a cerca das especificações
técnicas, como peso, desempenho e resolução. O vendedor foi passando as informações que
se recordava e pegou um folheto na caixa do produto, abriu na página das especificações
técnicas e entregou a Paulo que começou a ler. O vendedor explicou que o PSP funciona com
um software da Sony 6,31 e que com o passar do tempo ele poderia baixar novos softwares e
manter o PSP atualizado.
Paulo perguntou ao vendedor o preço e ele respondeu que custava R$ 799,00 e
que poderia ser parcelado em até três vezes no cartão de crédito. O vendedor falou também
que tinham o Nintendo DS, que concorre com PSP. O vendedor pegou o Nintendo DS e
entregou para Paulo, que não pareceu muito entusiasmado. O Nintendo DS tinha uma
precificação de R$ 300,00 e fez Paulo afirma: - ah, mas este é bem inferior. O vendedor
333
concordou e disse que este não tinha vídeo, que era uma evolução do Game Boy, um jogo
mais antigo. Paulo descartou o Nintendo e pegou novamente o produto na mão parecendo um
pouco em dúvida com a compra. O vendedor pediu licença, pegou o aparelho e colocou um
jogo de carros, sensível ao toque para Paulo jogar, Paulo jogou por cerca de 1 minuto e
pareceu entusiasmado. O vendedor pegou novamente o aparelho e colocou um vídeo clipe
para passar, que era o grande diferencial do produto. Paulo ficou bem interessado e exclamou:
- Nossa! Estas bugigangas são demais. Paulo olhou o horário no relógio e decidiu finalizar a
compra: - Então tá, vou levar este. Neste momento o vendedor perguntou se era para ele ou
para presente, Paulo pediu embalagem para presente, explicando que o PSP iria ser o presente
de dias das crianças para seu filho. O vendedor disse que foi bom ele ter comprado antes pois
a demanda vai ser grande no dia das crianças e que talvez muito em cima da data não teriam
mais. Paulo pagou no cartão de crédito em duas vezes, o vendedor entregou o produto e o
cupom de garantia, orientando Paulo a guardá-lo. O vendedor nos acompanhou até a saída,
nos despedimos, a pesquisadora agradeceu a Paulo por sua disponibilidade e cada um se
direcionou para seu carro.
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