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50 Desafios da rela@o museu-escola

DESAFIOS DA RELAÇAO
MUSEU-ESCOLA
Educaqão em museus, além de complementar o curLiculo formal, é
exercício de afetividade e preservação da memória e do
patrimônio cuItural

As exposições museológicas são dis- pesquisa - antropologia, arte, arqueologia,


cursos criados com intenção de comunicar herpetologia, saúde pública. A partir dos
idéias, conceitos e informações ao pliblico dois últimos critérios podemos definir dois
visitante, tendo como veiculo específico os grandes conjuntos: museus de arte e museus
objetos. A ação educativa em museus visa de ciência. Neste artigo trataremos da edu-
ampliar as possibilidades de aproveitamento cação em museus de ciências.
pedagógico dos acervos, para que o visitante
acentue seu espiito cn'tico em relação a sua
realidade e daqueles que estão 3 sua volta.
Discutiremos aqui alguns conceitos A partir do final do século XIX a mis-
relacionados i educasão em museus de são educativa dos museus foi se ampliando,
ciências e os desafios existentes na relação tomando-se, por vezes, sua razão de ser. Na
entre museu e escola, destacando o papel Europa, a criação de departamentos de edu-
do educador de museus e do professor nes- cação nos museus viabilizaria a política de
ta relação. Proporemos também a Edu- dar acesso a todas as formas de conheci-
cação Patrimonial como a rnetodologia mento para a população, forjando o cidadão.
mais apropriada para a ação educativa em Essa idéia vem no sentido de reforçar o
museus. nacionalismo e o espírito democrático, tanto
Museu é uma instituição permanente, em países centrais (colonizadoreç) quanto
sem fins lucrativos, que adquire, preserva, nos periféricos (colonizados). A educação é
documenta, pesquisa e comunica para edu- um meio de formar trabalhadores, eleitores
caça0 e laser. Há diversas maneiras de que se identifiquem com a trajetória de sua
agrupar os museus. Por exemplo: a) esfera phtria e atuem no sentido de preservar sua
responsável - público, privado; federal, integridade.
estadual, municipal, universitário; b) tipo de Em 1880, o Louvre (Paris) criou seu
acervo - antropologia, arte contemporânea, serviço educativo permanente. Entre 19 14 e
ane sacra, biolhgico, histórico; c) ãreas de 19 18 o Victoria & Albert Museum (Lon-
dres) organizou um programa de exercícios
artesanais relacionados com as peças do seu
acervo para estudantes. A partir de 1920
foram realizadas diversas experiências
Adriana Mortara Alrneida pedagógicas nos EUA que iriam firmar defi-
Educadora do Museu de Aqumlogia e Etnologia
nitivamente a função educativa como funda-
mental para os museus.
52 Desafios da relação museu-escola

Essa foi a conclusão de um cuidadoso ca, muitas vezes porque as expectativas dos
estudo realizado sobre a aprendizagem de alunos e dos professores são diferentes das
conceitos físicos (movimento e astronomia) propostas pela equipe do museu. Os brin-
em dois museus de ciencia norte-america- quedos montados ao ar livre, que possibili-
nos. Ele indicou que a visita ao museu pro- tariam a percepção de leis naturais vividas
duz aprendizagem (çognitiva), porém tanto fisicamente, perderam-se na extrema des-
quanto uma aula do mesmo assunto. A dife- contração dos alunos e/ou no rigor dos pro-
rença está no ganho afedvo, pois a visita h fessores. Os monitores, que só deveriam
exposição gerou maior interesse dos alunos intervir quando solicitados pelos alunos,
em aprender mais e foi considerada mais foram transformados em dernonstrado-
divertida por eles3. resloperadores de brinquedos, fazendo
explicações sistemáticas sobre seu funcio-
namento e princípios físicos.
EDUCADORES DE MUSEUS E Depois de realizar avaliações com pro-
PROFESSORES: DESAFIOS fessores e algumas atividades externas ao
DA INTEGRAÇÃO MAST, elaborou-se um novo projeto
museológico (1990) no qual se incorporava
Para percebermos os ganhos (sejam o acervo histórico 5 exposição. Propunha-se
afetivos dou cognitivos) de uma visita de o atendimento ao público, especialmente
escolares ao museu precisamos conhecer escolar; observação do céu e eventos astro-
como se dá esse processo na prática. Quan- nômicos; laboratórios didáticos de ciência;
do nos deparamos com a realidade da visita projeto brincando com a ciência, cursos e
escolar ao museu, começamos a visualizar seminários.
várias dificuldades para a realização deste Para a equipe do MAST era fundamen-
processo educativo. Citaremos a. seguir três tal a preparação da visita em conjunto com o
pesquisas, feitas em museus brasileiros, que professor. Foi estabelecido o atendimento a
evidenciaram a distância entre aquilo que o professores, quando eram mostrados videos,
professor e o educador de museu propõem e realizadas discussões e visita a laboratório,
o que ocorre objetivamente no desenrolar orienaaçno para preparação dos alunos, além
das visitas. de definição dos objetivos e roteiros das visi-
tas. Cazelli verificou que poucos professores
Museu de Astronomia e Ciências afins: utilizavam o material cedido pelo MAST
Ciências Exatas para preparar seus alunos.

Cazelli4 estuda as pro&mações do


Durante a visita, o professor geralmente
MAST, Museu de Astronomia e Ciências
ficava passivo (observando a atuação de
afins, voltadas para público escolar (prirnei-
monitores) e não buscava estabelecer
ro grau}, como o Parque das Ciências
relaçães dos contei(rdns vistos no MAST
( 1985-89), e percebe que nem sempre aqui-
com aqueles trabalhados em sala de aula.
lo que a instituição propõe ocorre na práti-

3. BORUN. M.op. rir.


4. CAZELLI. S . Alfahtizaqão cientifici e os museus interativmq de ci8ntias. Rio dc laneim. PUC-RJ, 1W2. (Diwenaçiin
de M e ~ t m l o ) .
ComunicaGo & Educação, Sao Paulo, 1 1 01: 50 a 56, set./dez, 1 997 53

Nesse caso percebeu-se que, mesmo conjunto a visita. 0 professor, convidado a


quando o professor afirma procurar o museu visitar sozinho a exposição e depois discutir
para desenvolver temas trabalhados em sala dúvidas com os educadores do MFEC,
de aula, e passa por uma orientação prévia, deveria preparar a visita de seus alunos.
ele não aproveita o ambiente do museu para Freire observou (de maio a agosto de 1991 )
estabelecer tais relações com seus alunos. que nenhum dos professores participantes
da orientação previa consultou a bibliogra-
fia sugerida na Biblioteca do museu, que
Museu do Folclore kdison Carneiro:
muitos nem chegaram a levar seus alunos e
Ciências Humanas
que apenas um preparou um roteiro para
Beatriz Freire discute esse problema da seus alunos. A preparação dos alunos dada
dificuldade de diãlogo entre educadores de pelos professores era genérica e disciplina-
museus e professores. Ela observou a ação dora (corno se comportar no museu). Apesar
educativa no Museu do Folclore Édison de os professores afirmarem utilizar o
Carneiro (MEEC - RJ) que, entre 1982 e MFEC como cornplementação e enriqueci-
1986. deslocou o alvo de suas atividades do mento dos temas trabalhados em sala de
aluno para o professor. Considerando o pro- aula, "em nenhuma das visitas observadas
fessor o agente multiplicador, a equipe do houve menção aos conteúdos estudados na
MFEC passou a fazer a visita guiada para o escola, embora nas entrevistas os professo-
professor como preparação prévia. Segundo res tenham ressaltado essa liga~ão"~.
a responsável pelo setor, em 199E "...a psáti- Para Freire os educadores de museus
ca (visi ta guiada) mostrou-se inadequada, ainda não dialogam com os professores.
pois multiplicava-se a demanda de professo- Para tanto seria preciso que o museu mos-
res que queriam 'ser guiados', sem que se trasse claramente sua proposta de ação edu-
realizasse o objetivo maior da orienltação: o cativa: o que é o museu, como se forma o
de preparar o professor para uma atuação acervo, que tipo de parceria propõe 3 escola,
ativa, junto a seus alunos, na ocasião da visi- entre outras coisas.
ta. (....) parecia .... que os professores sim-
plesmente imitavam a visita guiada, repro-
Museu do Instituto Butantã:
duzindo-a com seus alunos, até com as mes-
Ciências Biológicas
mas características de linguagem do técnico
que o havia orientado. Não havia multiplica- Para os professores das escolas partici-
ção de informaqões na qualidade que os t6c- pantes da nossa pesquisa7, a visita ao Museu
nicos consideravam desejável e possí~el''~. do Instituto Butantã (MIB) seria uma cem-
Diante desses resultados a equipe do plementação do que foi visto em sala de
MFEC passou a orientar os professores aula ou um incentivo ao que seria trabalha-
(antes da visita), atravks de material escrito do, ou apenas oportunidade de enriqueci-
(guia do museu, bibliografia e folder pata mento cultural e preenchimento de tempo e
crianças) e disponibilidade para preparar em condição disponível.

S. FREIRE. Beatri7. M. O encontro museulescola: o que \e diz e o que se faz. Rio de Janeim, PUC-RI. 1992. p.50-51. (Dis-
hertaçio de Mesimdo).
6. FREIRE. Beatriz M. op. rir.
7. AI-MEIDA. A. M. A relaqgo do p6blico com o Museu do Instituto ButantZc análise da exposição "Na naturpza não exis-
tem tilíws". São Paulo. LCA-'USP. 1995. (Dissertaqáode Me~tradnj.
54 Desafios da relação museu-escola

Na prática, os professores não prepara- mais apropriada para a ação educativa em


ram seus alunos para a visita ou apenas tra- museus por levar em conta os ganhos cogni-
balharam alguns aspectos da vida dos ani- tivos e afetivos da aprendizagem e por partir
mais expostos no MIB, sem se preocupar da especificidade do museu - a cultura
com as mensagens propostas pela exposição. material.
Durante a visita, os professores tive-
ram atitude passiva, deixando os alunos
livres no passeio. 0 s alunos se dispersaram Estratégias e métodos da ação educativa
e apenas alguns acompanhavam os profes- em museus: educação patrimonial
sores que faziam comentários e respondiam
às dúvidas dos alunos. Alguns museus brasileiros vêm utili-
zando a rnetodologia da educação patrimo-
nial em sua ação educativa há mais de dez
O PAPEL DO EDUCADOR DE anos. Essa metodologia, inicialmente apli-
MUSEUS cada pelo Museu Imperial de Petrópolis, foi
sendo adaptada por diversos museus e insti-
A partir dos problemas apresentados tuições, entre eles o Museu de Arqueologia
na relação entre professores e museus, gos- e Etnologia da USP (onde atuamos na área
taríamos de colocar qual seria o papel do educativa).
educador de museu nessa relaqão. A Educação Patrimonial é definida co-
A educação em museus visa i preser- mo o "ensino centrado nos bens culturais,
vação do patrimônio cultural e natural, atra- com metodologia que toma estes bens como
vés da participação crítica de toda a popula- ponto de parrida para desenvolver a tarefa
ção. A ação educativa é parte integrante dos pedagógica; que considera os bens culturais
processos de comunicação museológica e como fonte primária de ensinovn.
deve ser coerente com o discurso expositi- A Educação Patrimonial objetiva colo-
vo, com as publicações e outros meios de car o museu como " 1 ) parte da vida comuni-
divulgação do museu. tária; 2) local onde se preserva a memória
O educador de museu pode utilizar cultural e 3) local onde se educa permanen-
diversas estratégias baseadas em diferentes temente pela fonte de imagens, idéias e tes-
linhas pedagógicas. Várias linhas pedagõgi- temunhos da capacidade criadora do
cas foram desenvolvidas para o universo homem em seu processo evoluti~o..:'~.
escolar, como a construtivista, piageciana e A proposta de Educação Patrimonial
montessoriana, entre outras. Não nos dete- prevê a percepçãolobservação, motivação,
remos nessas linhas pedagógicas pois sele- memória e emoção. Sem esses elementos fi-
cionamos urna proposta educacional basea- ca difícil o envolvimento afetive e o interes-
da na cultura material: a educação patrimo- se do visitantdusuário, necessários para que
nial (heritage education). Consideramos a a aprendizagem ocorra. A observação pode
metodologia da Educação Patrimonial a ser exercitada através de desafios e jogos,

8.GRUNBERG, E. Edura@o Patrimonial - Utilimç5o dos bens culturais como recursos educacionais. (Apreentada no En-
contra de Museus do Mercosul), São Miguel, RS, 1995.
9.ALENCAR, V. Museu-FAuca@o: se faz caminho ao andar. .. Rio de Janeiro, Faculdade de Educaçfio da PUC-RJ, 1987.
p.3 1. (Dissenação de Mestrado).
Comunicação 81 EducaçZio, São Paulo,I 101: 50 a 56,set./dez. 1997 55

aguçando principalmente a visão, mas ciada. Neste momento se faz a interpretação


quando possível também os outros sentidos. e comunicação de todo o percebido e regis-
A motivação pode ser dada pelo estirnuIo h trado. 6 nessa etapa que se manifesta a
imaginação, no caso de crianças, e por capacidade criativa e se retoma o conheci-
outros estímulos para visitantes mais mento adquirido com um julgamento de
velhos. A memória é fundamental para que valor"". A concretização dessa etapa pode
se registre a experiência vivida e se estabe- se dar por meio de exposições, dramatiza-
leçam relaçoes com experiências do passa- qões, elaboração de textos, livros, poesias,
do. A emoção permite o envolvimento do jornais e atividades de recreação e lazer. O
educando, principalmente no caso das objetivo final desse processo é o desenvolvi-
crianças, criando vínculos afetivos ao pro- mento do espírito crítico do participante,
cesso de aprendizagem. "O nível de percep- essencial para a constituição do cidadão".
ção e de motivação será tanto maior quanto
for o apelo i sensibilidade da criança e
quanto maior for o grau de seu envolvimen- CONSIDERAÇÕESFINAIS
to afetivo"".
Metodologicamente, a Educação Pa- A Educação Parrimonial não resolveu
trimonial propõe três etapas: identificação todos os problemas da relação entre
do bem cultural (observação e análise); museus e escolas. Através de atividades
registro do bem cultural (atividades de propostas previamente para os professores,
registro da identificação) e valorização e nas quais eles e seus alunos exercitam sua
resgate (interpretação e comunicação do percepção, e do esclarecimento das etapas
observado e registrado). e objetivos da ação educativa no museu,
A etapa da identificaqão pode ser feita estarnos caminhando para uma maior com-
por exercícios de comparação, memória, preensão de nosso trabalho por parte dos
queszionamento, utilizando e desenvolven- professores. Essa maior compreensão
do os sentidos atravks da observação e an6- resulta, por parte dos alunos, numa visita
lise de materiais, dimensões, formas, ele- mais produtiva.
mentos, cores, texturas, organização, usos,
funções, valores, relações, espaços, movi- As relações entre instituições de ensino
mentos etc. forma?, como a escola, e de ensino não-
Na segunda etapa, o registro, são bus- formal, como os museus, podem ser
cadas todas as infonnaqões materiais e sim- muito proficuas, caso seus profissionais
bólicas, históricas e culturais a respeito do de educação (professores e educadores de
objeto de estudo, através de desenhos, foto- museus) estabeleçam canais de comuni-
grafias, pesquisa de campo com pessoas cayão para troca de programas de ação
(entrevistas) ou em documentos (arquivos e educativa.
bibliotecas, jornais etc).
Na terceira etapa, valorização e resga- Os educadores dos museus precisam
te, "é a culminância da experiência viven- criar formas de orientar os professores para

10. HORTA. M. L. P. Educação patrimonial. Pctrópolis, Rio de Janeiro. 19M.(Mimeo).


I I . GRUNSBERG. E. op. rir.. p.14.
12. GRUNRERG, E.op. cir. p. I I .
56 Desafios da relação museu-escola

que eles possam aproveitar ao máximo o lazer", criar uma relação de simpatia (afe-
potencial pedagógico dos museus. O ideal tiva) entre o público e o museu, alem de
seria ter programas para os diferentes tipos levar esses visitantes a estabelecer urna
de grupos de escolares, ou seja, para aqueles postura de reconhecimento e preservação
que estão estudando temáticas apresentadas do patrimônio. Acreditamos que a metodo-
no museu, para aqueles que estão de passa- logia mais apropriada para tal ernpreendi-
gem, para aqueles que vão iniciar o estudo mento seja aquela proposta pela Educação
de temas apresentados na exposição e para htrimonial, pois proporciona ao educan-
aqueles que vêm fazer uma pesquisa solici- do uma experiência que pode levar h
tada pelo professor. Para isso seriam neçes- aprendizagem, com ganhos cognitivos e
sários mais funcionários, espaço e verbas afetivos, aproveitando a especificidade do
para material. museu.
Entretanto, devemos estar atentos para
não valorizarmos demais os currículos esco-
lares e os procedimentos da escola, para não Agradecimentos
escolarizamios os museus.
Attaves da açso educativa para esco- Gostaria de agradecer as sugestões de
lares, o museu pode cumprir a sua função Maria Helena Pires Martins, Marilúçia Bot-
de çomunicação para "fins de educação e tallo e Cláudio Aguiar Almeida.

Resumo: O artigo discute a relação museu/ Rbstract: The article discusses the museuml-
escola e as questões decorrentes do grau de school relationship and the queçtions res-
aproveitamento das informaçfies do acervo ulting problemç insofar as the actual usage of
pelos professores e alunos visitantes. Relata the information eirtant in the collection by
experiencias de educadores de museus que viçiting teachers and students. It reports on
desenvolveram projetos de integração para the experientes of museum educators who
visitantes de escolas. Propõe a rnetodologia developed integration prejects for çchool visi-
da Educaçáo Patrimonial como alternativa tors. It proposeç an Asset Patrimonial Educa-
mais efetiva para a aç5o educativa em tion methodology as a more effective altern-
museus. ative for educational action in muçeums.

Palavras-chave: Museu, escola, ação educati- Keywords: Museum, achool, edwcational


va, Educação Patrimonial action, Asset Patrimonial Education

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