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Resumo de Aulas
de
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
UNIDADE 1
CONCEITOS ESSENCIAIS DA ECONOMIA
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Dominar os conceitos e o seu surgimento na economia;
Conhecer o método da economia como ciência;
Distinguir e classificar os diferentes tipos de economia;
Ter um domínio sobre as necessidades humanas, características e tipificação;
Conhecer os diferentes problemas da economia e como que o homem ao longo da
história tratou de responder
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Definição de Economia
Secção 2 Modelo e método da Economia
Secção 3 Tipos de Economia
Secção 4 Necessidades humanas
Secção 5 Bens e sua classificação
Secção 6 Problemas da Economia
estudante do primeiro ano, embora questões como estas, penso terem sido
respondidas noutras disciplinas do curso.
Como estudantes, cada um terá o seu ponto de vista, suas motivações, suas
inclinações, ansiedades, desejos supremos e que quem sabe, contas pendentes por
resolver, meias palavras por perceber, assuntos por arrumar, a vida por ganhar.
Ainda mais, lê-se em Paul Samuelson "... Quem nunca tenha estudado
sistematicamente a disciplina (economia) estará, certamente, numa posição
desfavorecida. É como um analfabeto que tente ler um poema" Pág.7 in
Economia, 12ª Edição.
cheguem a conclusão de ter valido a pena o esforço, a dedicação e muita leitura dos
materiais de apoio e a bibliografia recomendada.
Por isso como diz Paul Samuelson e porquê não repeti-lo aqui e agora: BOM
APETITE!
A palavra economia é uma aquisição do grego que aglutina as palavras oiko (casa)
e nomie (governo), melhor dito, governo da casa.
Como se pode constatar, a economia como ciência social, apareceu com o tempo e
com os homens e para estes servir, meio que as pessoas utilizam para governar as
suas casas e latus sensus, as suas propriedades. Desta forma, a maneira de ver
quanto tenho de gado bovino ou caprino, quantas culturas agrícolas a praticar e em
que terras, quantas ficam de barbecho, que método empregar, qual a finalidade do
fruto do trabalho, e, uma grande lista de preocupações em volta do governo de
propriedade se enquadra no conceito de economia. Como se pode depreender, são
preocupações que se arrastam até aos nossos dias e que mudam simplesmente de
roupagem e/ou sofisticação porque assim as realidades ao longo do tempo o
ditaram.
Este apontamento não serve para levantar polémica, mas provar que a
preocupação de governar a propriedade é antiga e mesmo assim bastante actual.
Mesmo assim, ao longo dos dois séculos, não tem sido fácil, encontrar unanimidade
no seio dos economistas, naquilo que pode ser considerada como a definição da
Economia.
Esta pequena lista podia ser alargada por mais páginas, mais autores, e mais
definições.
A pergunta lógica a acompanhar toda esta lista, seria, porquê temos tantas
definições?
Por muito simples que pareça, a disciplina cobre tantos assuntos que evoluem tão
depressa, uma realidade económica em permanente mutação.
Não obstante, os economistas nos nossos dias são menos discordantes para uma
definição que aparece no livro Economia, edição 12, de Paul Samuelson.
magnitude. Ipso facto, dizer que a economia tem a ver com a escassez, é o mesmo
que dizer que também tem a ver com a escolha.
Detenhamo-nos por instante, para analisar com pormenor, o que se quer dizer por
escassez, necessidades e escolhas.
Decisão sobre como manter recursos para o futuro que é o mesmo que
decidir sobre a produção presente e futura.
Foi a respeito disso que o pai da Economia, Adam Smith, no seu livro a Riqueza das
Nações, escreveu que todo o comportamento económico pode ser entendido como
uma perseguição racional do interesse individual (próprio). Isto é, que cada
pessoa quer fazer tão bem quanto possível com vista a satisfazer a maior
quantidade possível das suas necessidades (desejos, vontades, caprichos, sonhos).
Contudo, existe um limite até ao qual o interesse individual pode ser levado as suas
consequências; é o problema da disponibilidade limitada de recursos de terra,
capital, trabalho e tecnologia que a partir dos quais se produzem bens e serviços
numa determinada sociedade. Esta situação conduz-nos a imperiosa situação de
ter que efectuar escolhas.
Para cada pessoa numa sociedade, ter mais de um bem ou serviço, implica ter
menos de outro bem ou serviço ou outra pessoa ter menos desse mesmo bem ou
serviço.
Falar sobre escassez, necessidades e escolha como conceitos é por outras palavras
fazer uma aplicação dos mesmos à sociedade como um todo. De facto, eles são mais
do que foi aqui abordado e aplicam-se igualmente para cada agente económico na
sociedade (indivíduos, empresas, famílias, governos, cooperativas, sindicatos ou
outras organizações)
Vimos que a Economia é uma ciência que estuda a forma como os homens e a
sociedade (esses são a realidade que é objecto de estudo da economia e é sobre ela
INDUÇÃO
DEDUÇÃO
É um processo apriorístico, feito antecipadamente, partindo de suposições ou
hipóteses do conhecimento de certos aspectos da realidade, levanta hipótese sobre
o comportamento de factos não conhecidos sem que se tenha efectuado um estudo
de campo sobre o assunto.
CONCRETIZAÇÃO PROGRESSIVA
É a sequência natural do processo de abstração. Testa-se a validade teórica e assim
se estabelecem novos conceitos e leis, mesmo que sejam de validade restrita.
Assim, um modelo económico é como uma maqueta de um prédio, pode ser rústico
como sofisticado. A chave para o sucesso do modelo económico é poder explicar e
permitir ao leitor perceber o comportamento económico assim como efectuar
previsões relevantes e úteis sobre o mundo real.
Uma hipótese que se assume é que todas as firmas visam maximizar o lucro. Assim
o modelo explica, nessa base, como é que as decisões são tomadas relativamente
ao preço e quantidades produzidas.
O modelo económico indica uma função que estabelece uma relação entre uma ou mais
variáveis independentes de um lado e a variável dependente de outro lado.
Depende da situação do modelo, por vezes, o modelo pode ser melhorado com
alteração das assumpções. Vezes há em que modelo não melhora e é rejeitado.
Aliás, esta é a história económica com teorias e modelos que novos vão aparecendo
em substituição dos antigos com a mudança da realidade.
que podem ser fáceis ou ainda complicados, mas todos eles se situam na esfera da
economia positiva.
Análise positiva cuida do mundo como ele é, ou pergunta que efeito terá em levar a
cabo uma política específica sobre um determinado fenómeno.
Ao passo que a economia normativa, como seu nome sugere, envolve julgamentos
éticos e valorativos como tolerados. Deverão os impostos afectar mais os ricos para
ajudar os pobres?
Aqui encontramos uma intervenção forte das opções políticas para dar solução a
estes problemas.
Teoria do Consumidor;
Teoria do Produtor;
Falhas do mercado
Embora o prefixo micro seja derivado do grego que quer dizer pequeno, algumas
das unidades económicas estudadas são de facto muito grandes em volume de
negócios e prestígio internacionais, por exemplo a Microsoft, a General Motors,
General Electrics, Toyota, Mitsubishi, Sony, Nokia, De Beers, etc.
A Balança de Pagamentos;
Inflação;
Emprego; e
Crescimento económico.
Não há conflito entre esses dois ramos da economia. É a ênfase que delineada se
reflecte nas assumpções que sublinham o aspecto micro ou macroeconómico.
Caro estudante, agora vamos estudar as necessidades humanas? Sede, fome, nudez,
falta de habitação, etc. O que terão em comum?
Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos grupos, a
aceitação e aprovação pelos outros;
Tem sempre havido algumas discussões sobre aquilo que são consideradas de
necessidades fundamentais e de luxo ou supérfluas, porém, tais distinções contêm
um juízo de ordem pessoal e moral para cada tipo de indivíduo, mas também se
reconhece um lado objectivo que é o grau de crescimento e desenvolvimento de uma
determinada economia.
Notemos, por exemplo, numa determinada economia, uma viatura pode ser um bem
de luxo enquanto para uma outra, a mesma necessidade é fundamental. Um televisor
pode ser luxo para outra é fundamental. A necessidade de ter um telefone em casa
para algumas sociedades é uma necessidade primária para outras é luxo até demais.
É importante notar que alguns autores defendem que a capacidade que uma
determinada economia tem de ir satisfazendo as necessidades dos seus habitantes,
determina o grau e consideração do tipo de necessidades.
b) Secundárias são aquelas cuja satisfação pode ser adiada por algum tempo,
podendo ser satisfeita num plano secundário.
ele satisfaz uma dada necessidade, surge imediatamente uma outra, dai se afirme
que a satisfação de uma necessidade ou de um desejo não é mais do que um passo
em direcção a nova necessidade.
b) As Colectivas são sentidas por um certo grupo, por uma família, ou por mais de
uma pessoa. São o caso da falta das chuvas para camponeses. É verdade que elas
correspondem as procuras ou desejos de diferentes pessoas, só que elas são sentidas
por um grupo ou então em colectividade e em simultâneo, como é o exemplo de
quando as donas de casa vão fazer as compras para a família, estas não as fazem
segundo as suas escalas de preferências mas sim aquilo que consideram ser as
necessidades de toda a sua família.
a) Económicos, aquelas cuja satisfação exige algum custo financeiro (vestuário, pão,
transporte etc), ou seja as que os meios para a satisfação deverão ser adquiridos no
mercado pois, detém algum valor de troca; e
b) Não económicas são aquelas que podem ser satisfeitas sem incorrer em custo
nenhum, como é o caso de cansaço satisfeito com o sono, necessidade de respiração,
etc.
São também acompanhadas, pois, para qualquer que se seja a necessidade existe
sempre algum meio ou forma de satisfaze-la, pelo que cada necessidade é
acompanhada por um meio para a sua satisfação. Porém, o alcance de tal meio
depende do poder económico e financeiro de cada indivíduo.
A diminuição de uma necessidade à medida que esta vai sendo satisfeita é objecto de
uma “lei” chamada “lei da saturação das necessidades”- é a lei económica segundo a
qual à medida que uma necessidade é satisfeita, diminui progressivamente até tornar –
se nula.
Existem outros tipos de bens que mesmo sem a sua transformação pelo homem,
satisfazem uma necessidade, estes designam-se por Bens Livres. Para sua
existência, não se incorre em custos nem esforços, eles já existem, foram criados
pela natureza não foi o homem quem os colocou a sua disposição. São exemplo, a
água do mar, a terra, o ar, etc.
Tanto os bens económicos como os livres podem ser classificados quanto a sua
durabilidade em duradouros, que são aqueles que podem ser usados mais de uma
vez. Ex. de bens económicos ( a máquina, a esferográfica, etc), ex de bens livres (a
terra, as pedras, etc).
E em não duradouros, que são os que usados uma vez, não é possível voltar a usa-
los. Exemplo de bens económicos (Pão, o arroz, etc), exemplo de bens livres (folhas
das árvores, etc).
Este problema tem a ver com a composição da produção final. A sociedade deve
definir que bem a produzir qual a renunciar. Depois de identificados os bens a
produzir a comunidade deve, por sua vez, a quantidade dos bens a produzir. Na
realidade é difícil encontrar uma decisão de natureza tudo ou nada.
Normalmente decisões de mais deste e pouco daquele, são as mais comuns.
Portanto não basta identificar o que produzir e para quem, mas acima de tudo
saber responder se aquele é o momento correcto para se fazer essa produção.
ACTIVIDADE 1: AUTO-AVALIAÇÃO
d) O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que
efectuar escolhas.
g) A escassez é uma faceta de todas as sociedades desde os países ricos aos países
pobres.
i) A economia positiva tem a ver com afirmações que podem ser verdadeiras ou
falsas onde a palavra “verdadeiro” significa “consistência com os factos.”
j) A economia normativa não pode ser verificada olhando para os factos mas
exprime pontos de vista do que pode ser bom ou mau ou ainda, certo ou errado.
BIBLIOGRAFIA
Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 2
POSSIBILIDADES PRODUTIVAS E CUSTO DE OPORTUNIDADE
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender as potencialidades e limitações da economia;
Dominar o conceito de escassez de recursos e sua consequência na decisão de
produção;
Conhecer as possibilidades produtivas de economia dada a dotação de recursos;
Ser capaz de explicar o conceito de custo de oportunidade e o seu efeito na
economia;
Diferenciar os sistemas económicos em função das suas características.
2.1.-ESCASSEZ
GF Stanlake disse no seu livro Introductory Economics "A Economia diz respeito a
satisfação das necessidades materiais". pág. 2, 5ª Edição.
Este cenário conduz-nos a uma posição que somos compelidos a efectuar escolhas.
Nós podemos ter mais do bem X pela via de ter menos do bem Y. O nosso
rendimento é insuficiente para comprar tudo o que gostaríamos de ter.
Os recursos de uma sociedade consistem de: (i) dotações naturais tais como
terra, florestas e minérios; (ii) dotações humanas (físicas e mentais); (iii) meios
técnicos e físicos de produção tais como máquinas e instalações. A estes
recursos é atribuído o nome de factores de produção, uma vez que são
destinados à produção de bens e serviços.
Tais recursos económicos têm uso alternativo que quer dizer, podem ser
utilizados para produzir diferentes tipos e qualidades de bens e serviços. Se parte
destes recursos é empregue na produção de uma coisa, então a sociedade deve
renunciar (abdicar) de outros bens que seriam produzidos com os mesmos
recursos.
Esta é uma curva que mostra o que a sociedade poderia produzir com a existente
quantidade de terras, capital, trabalho e tecnologia (factores de produção).
Com esta limitada quantidade de recursos, a sociedade tem uma vasta variedade
de opções alternativas, assim como de quantidades e tipos de bens e serviços que
podem ser produzidos. Pode produzir mais arroz e menos milho, mais mexoeira e
menos armas, mais pão e menos blindados, mais emprego e menos corrupção e
assim por diante.
Estas são hipóteses bastantes teóricas e fora da realidade, aliás, como diz o ditado
popular, o homem não vive só do pão. Assim, a economia escolherá uma certa
combinação dos dois produtos.
2.3.CUSTO OPORTUNIDADE
Para a satisfação de uma certa necessidade, (e essa satisfação é encarada como um
benefício), há que fazer um sacrifício directo, que coincide com o próprio trabalho
humano e uso e desgaste de recursos. O sacrifício, porém, também é indirecto no
sentido de que teremos de renunciar às alternativas de utilização dos recursos. Se
usamos os nossos recursos para produzir pão, por exemplo, não poderá usa-los para
produzir bolachas. Deixamos então de as consumir, o que representa um sacrifício.
Claramente, o mínimo de bom senso, faz com que a alternativa escolhida seja a melhor.
Em outros termos, o benefício esperado da opção por nós escolhida deve ser maior que
o custo oportunidade da opção, por nós, não escolhida.
Veja-se pela tabela que o aumento do produto agrícola de 3 mil toneladas para 4
mil, implica imediatamente um custo de oportunidade dessa expansão, de 8 mil
unidades de bens manufacturados.
Note-se pela tabela anterior, que a medida que a produção de bens agrícolas
aumenta, aumenta igualmente o custo de oportunidade. Esta situação deve-se ao
facto de que alguns recursos são mais apropriados para a produção de bens
agrícolas que para bens manufacturados e pela de rendimentos decrescentes.
Ponto dentro da curva da FPP indica tal situação de ineficiência. Neste caso a
economia pode produzir mais de bens agrícolas a medida que vai produzindo
mais de bens manufacturados.
A capacidade de um país em produzir mais dos dois bens a partir da fronteira das
possibilidades produtivas implicará um aumento na força de trabalho, um
incremento no stock de capital (fábricas, estações de energia, linhas de
transporte, máquinas e outros equipamentos) e aumento na tecnologia.
Por outras palavras, isso é possível com a expansão da produção global dentro da
eficiência (deslocamento da curva da fronteira das possibilidades produtivas) se
aumentar a capacidade produtiva do país.
Como se pode depreender ao se estudar a curva da FPP, fica bem patente a ideia
do custo de oportunidade que é fundamentada pela existência da escassez.
Suponha que você quer um refresco em garrafa da Coca-cola e uma sandes de ovo
e tem, somente, no seu bolso dez meticais.
Desde o momento que você decida por tomar o refresco e que custa 10.00 MT,
logo você não dispõe de mais dinheiro para comprar a sanduiche de ovo. Se você
gostaria de comer a sandes para além do refresco, então a sandes que você
renunciou (abdicou) é o seu custo de oportunidade.
A partir destes exemplos domésticos pode-se extrapolar aos exemplos mais complexos,
como entre depositar a prazo e investir na criação de uma empresa, os seus rendimentos
ou herança, entre produzir mais armas e menos medicamentos, entre produzir mais
escolas e menos tractores, e outros mais.
Constitui, nosso interesse, nesta secção, analisar quais os revestimentos importantes que
teoricamente, caracterizam estas duas formas de orientação da economia e fazer uma
avaliação da aplicabilidade prática destes conceitos.
Aqui a ideia reinante é da mão invisível escrita pelo pai da economia Adam Smith no seu
livro a riqueza das nações que dizia “cada indivíduo tenta aplicar o seu capital de maneira
que ele renda o mais possível. Geralmente o indivíduo não tem em vista a melhoria do
interesse geral e nem sabe em que medida é que o está a promover, procurando somente a
sua própria segurança, o seu ganho pessoal. Ele é conduzido, deste modo, por uma mão
invisível, na promoção de um fim que não fazia parte das suas intenções iniciais. Na
prossecução dos seus interesses, o indivíduo está frequentemente, a beneficiar a sociedade de
um modo mais eficaz do que quando pretende fazê-lo, intencionalmente.”
Neste sistema, cada mercadoria e cada serviço têm um preço, incluindo os diferentes tipos
de trabalho humano.
Para Adam Smith no seu livro a Riqueza das nações enuncia "...cada indivíduo, perseguindo
apenas, egoisticamente, o interesse pessoal, é levado como que por uma mão invisível, a
realizar o melhor para todos (sociedades)..."
Aqui voltando ao exemplo do árbitro, poder-se-ia dizer que, neste modelo, ele aparece
com figura não só é guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante
a lei das velhas máximas de deixa fazer e deixa andar de treinador mas, acima de tudo ele
o Estado (Governo) indica aos agentes económicos o que fazer, como fazer e para quem
fazer. Portanto, ele aparece com papel duplo de árbitro, mas ao mesmo tempo como
jogador.
A situação de Moçambique nos anos passados (1975-1986) pode muito bem servir de
exemplo, por aproximação. Pois, é com directivas do plano que os agentes económicos
trabalhavam, os preços são indicados centralmente, usando critérios que não eram de
procura e oferta, a afectação dos recursos tinha como base de fundo prioridades definidas
pelo Governo central.
Neste modelo a iniciativa privada, no mínimo, é relegada para o plano secundário ou, no
máximo, necessária no momento de consultas populares com o objectivo de melhorar o
plano reorientar prioridades quando necessário.
Portanto, isto quer dizer que o actual conceito de economia de mercado pouco tem a ver
com o conceito clássico anteriormente definido, dado que encerra certo intervencionismo
estatal na economia e é sobre ele que nos vamos debruçar a seguir.
Na realidade, a perfeição que se deixa transparecer no princípio da mão invisível tem tido
falhas.
Ora vejamos, só para elucidar ao estudante: actividades económicas que afectam as zonas
envolventes do espaço do mercado, por exemplo, a poluição do ar ou quando uma fabrica
emana para o ambiente, fumos que afectam a população local e as propriedades -
constatamos que o dono da fabrica perseguindo interesses pessoais acaba colidindo com
os interesses da sociedade.
Outro aspecto a notar é que nessas economias, sabendo que o consumo depende em
grande parte do rendimento das pessoais conseguindo através do trabalho, o que sucede é
que aparecem pessoais sem emprego, o que afecta sobremaneira o seu padrão de
consumo.
Para resolver este problema e outros o estado intervém no mercado para conseguir três
objectivos:
A) EQUIDADE
O gato de um indivíduo rico pode beber o leite que uma criança pobre necessitaria para se
manter viva e saudável. Será que isso acontece por problema da procura e oferta?
Portanto, uma sociedade não tem que aceitar as consequências do mercado como se de lei
divina se tratasse, assim o Estado é chamado, pois ele é único capaz de estabelecer
políticas redistributivas para se manter mediante acções sociais como subsídios de
desemprego, pensões de reforma, subsídios de segurança social, tentando
minorar/eliminar a pobreza.
B) ESTABILIDADE:
O Estado dedica-se também a função macroeconómica de garantir a estabilidade da
economia, tentando evitar vagas periódicas inflacionistas (subida de preços) e a recessão
que conduz ao desemprego muito elevado e diminuição da produção e, por conseguinte,
provoca subida de preços e depreciação da moeda.
C) EFICIÊNCIA:
Vimos que as economias são afectadas por falhas de mercado que procura ineficiência na
produção como pode ser no consumo, cabendo ao Estado a responsabilidade de corrigir
tais defeitos do mercado.
Não obstante, importa mencionar aqui, que por vezes o Estado na tentativa de corrigir tais
falhas, agrava a situação.
Exemplos de correcções feitas pelo Estado das falhas do mercado podem ser citados os
casos de proibição da formação de cartéis o caso das leis antitrust, actualmente vigentes
nos Estados Unidos, a autorização de entrada de mais rádios televisões, linhas áreas,
instituições de ensino privadas em Moçambique.
Podemos concluir o tema em jeito de remate como o fez Paul Samuelson "... Ambas as
partes - mercado e estado - são necessárias. Fazer funcionar uma economia apenas com
uma delas é como tentar bater as palmas com uma mão".
ACTIVIDADE 2: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Uma vez que com recursos escassos não é possível satisfazer todas as
necessidades humanas é necessário fazer opções em termos dos bens que se
quer produzir e qual a quantidade desses bens que se vai produzir.
6. Para representar graficamente a FPP temos que saber que pares de bens são
produzidos.
7. Cada ponto da FPP representa uma combinação de produção possível face aos
recursos e tecnologia disponíveis na economia.
8. O problema da escassez está aqui patente na FPP, uma vez que não é possível
produzir combinações de produção que estão no exterior da FPP.
12. O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que
efectuar escolhas.
16. Tome presente os seguintes traços característicos: (1) propriedade privada, (2)
concorrência, (3) laissez-faire, (4) propriedade estatal dos meios de produção,
(5) desejo de uma distribuição equitativa de riqueza, (6) desigualdade de
oportunidades, (7) redistribuição, (8) planificação pela direcção central, (9)
liberdade de escolha, (10) interesse próprio como móbil, (11) confiança no
sistema de preços, (12) papel limitado do governo, (13) equidade, (14) valores
sociais e privados, (15) monopólios, (16) estabilização da economia, (17) laissez-
passer (18) mão invisível (19) pé invisível (20) caridade, (21) agricultura como
única fonte de riqueza.
BIBLIOGRAFIA
Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 3
TEORIA DE MERCADO
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Abordagem geral sobre mercado
Secção 2 Aspectos básicos da procura e da oferta
Secção 3 O preço de equilíbrio
Secção 4 Tipos de mercado
Entretanto, importa não perdermos de vista a prática de trocas vem desde os tempos
antanhos que consistiam de um bem por outro diferenciando-se no seu valor de uso que
são as conhecidas trocas directas ou simplesmente economia de escambo, resultantes
da então incipiente divisão de trabalho com limitadas alternativas de troca dado ao
nível de desenvolvimento da sociedade. Aliás, matéria que voltaremos a falar quando
estivermos a analisar a origem histórica da moeda.
Entretanto, embora estejamos perante a evidência de existirem países mais ricos que
outros, os recursos da economia são limitados. Quando é assim é necessário fazer
escolhas e para isso cada economia precisa de um mecanismo para responder às
perguntas fundamentais:
A segunda, como o amigo estudante deve estar a advinhar é utilizar o Estado e sua
máquina administrativa.
Para o presente caso nos interessa a primeira alternativa e para tanto precisamos saber
definir. Deste último ponto, nota-se que a economia é tão complexa que necessita de um
mecanismo para manter a ordem para colocar as coisas no lugar certo e evitar que todo
o açúcar vá para Nampula e todo o sal vá para Manica e todo o sabão vá para
Inhambane.
Retenhamo-nos às duas palavras sublinhadas lugar real é aquele em que vis-a-vis, tête-
à-tête compradores e vendedores discutem o preço do produto, o preço de um vestido
ou camisa numa loja, o preço de uma dúzia de ovos no mercado central ou do
Xipamanine ou ainda Dumbanengues, Txungamoios e nos Kwatchenas.
Não obstante a liberdade indicada no ponto anterior, o mercado deve ter regras
de conduta e regulamentos a observar de como deve funcionar o mercado assim
como deve haver disponibilidade de informação de forma a que todos os
operadores do mercado saibam o que se está a passar.
Constata-se que num mercado, o preço desempenha duas funções essenciais e inter-
relacionacionadas que evitam situações caóticas de todo o sal parar em Manica e sabão
em Inhambane, como no nosso exemplo:
1. O preço dá informação
2. O preço dá incentivos
Note-se que no caso em que todo o açúcar vai parar em Tete, os beirenses, por exemplo,
estariam desesperados e prontos a pagar um preço alto para obter um pouco do
precioso produto da cana sacarina e da beterraba. Este preço alto é um sinal que indica
aos comerciantes que na Beira há compradores insatisfeitos.
Mas igualmente o preço lhes daria um incentivo para mandar o açúcar para Beira.
Verifique-se que os agentes económicos que fazem o mercado existir e funcionar são
compostos por dois grupos. O primeiro é de compradores ou consumidores que
consistem em indivíduos que procuram ou compram bens e serviços, assim como
empresas que compram o trabalho, capital e matérias-primas necessários para a
produção de bens e serviços.
O segundo é dos vendedores que inclui empresas que vendem os bens e serviços que
produzem e indivíduos que vendem a sua força de trabalho, assim como proprietários
de recursos que vendem os seus recursos naturais como petróleo, ferro e outros.
Outro elemento importante do mercado é o papel dos preços que fornecem sinais
através dos quais compradores e vendedores interagem. Para os compradores, o preço
dá-lhes a informação sobre a disponibilidade de bens e serviços no mercado e sua base
tomar decisões sobre o quê e que quantidades adquirir.
Por outro lado, para os vendedores usam a mesma informação para decidir sobre o quê
e que quantidades vender. Como se pode constatar, os preços prestam uma
informação muito importante visando melhorar o processo de tomada de decisões
de mercado.
Contudo, é importante que o estudante entenda que não existe uma decisão coordenada
do lado dos vendedores e compradores ou por outras palavras, não existe uma direcção
consciente relativamente ao funcionamento do mercado. Cada operador do mercado
actua sozinho e não como parte de um plano centralizado ou previamente combinado
entre as partes.
Esta ideia traz consigo a abordagem iniciada no século xviii do laissez-faire que é uma
expressão francesa (deixar fazer) recomendando a não intervenção do governo no
funcionamento do mercado.
Nos nossos dias tal ideia é traduzida no sentido de que a economia funciona melhor
quando ela é livre da intervenção do governo e as decisões económicas são
determinadas pelo mercado, tal como o cientista austríaco Joseph Schumpeter numa
das suas frases preferidas gostava de dizer: o padrão económico é a matriz da lógica.
A partir dos primeiros dois factores pode-se afirmar que querer comprar uma bicicleta é
uma coisa e nenhum consumidor planificará fazê-lo a não ser que o preço seja acessível
e disponha de rendimento para o efeito. Entretanto, o preço do bilhete dos autocarros,
de sapatos, ou veículos motorizados irão igualmente influenciar a procura pela bicicleta.
Para desenhar o gráfico se estabelece a condição ceteris paribus (que quer dizer demais
variáveis constantes) as quantidades procuradas variam unicamente em função da
alteração no preço. Na análise económica habituou-se pôr os preços no eixo vertical ou
y e as quantidades no eixo horizontal ou x.
Preço D
P1 A
(-)
P2 B
D
Q1 Q2 Quantidades
(+)
A curva de procura é o espaço geométrico que combina quantidades procuradas e
preços. Logo, pode-se dizer que a cada preço existe uma determinada quantidade
procurada ao longo da curva de procura. Assim, a curva de procura é a representação
geométrica dessa sucessão de combinações de pontos.
A curva de procura espelha que a cada preço de mercado corresponde uma quantidade
de bens e serviços que os indivíduos iriam procurar, mantendo os demais factores
constantes. Esta informação pode ser vista igualmente na tabela a seguir.
Pode-se, igualmente, notar que, em geral, os indivíduos estão dispostos a comprar mais
quando o preço baixa e a curva no gráfico reflecte isto porque cai da esquerda para a
direita, obedecendo a lei geral de procura.
Para a grande maioria dos bens e serviços, a experiência mostra que a quantidade
procurada aumentará sempre que o preço subir. Esta característica da procura pode ser
igualmente ilustrada pela linguagem tabular que se segue.
É importante reter que a relação de procura é válida para uma população específica em
um período específico de tempo, logo a curva de procura diz respeito a um momento
determinado.
Este enunciado é conhecido como a lei da procura, onde se assume que os consumidores
comprarão mais de um bem ou serviço se o preço do mesmo baixar e menos se o preço
subir mantendo os demais factores constantes.
O fundamento que sustenta esta afirmação é que se o preço de um bem específico sobe,
os consumidores mudarão a sua procura para um outro bem que tenha utilidade
próxima. Note-se que esta hipótese é consistente com a ideia de que o objectivo do
indivíduo é maximizar a sua utilidade ou o bem-estar.
3.2.2.1.-Mudanças na Procura
Um deslocamento da curva de procura pode ser causado por uma mudança em qualquer
um da série de factores identificados anteriormente.
Por outras palavras é procurar verificar o que acontece quando se abandona a condição
ceteris paribus. Ou ainda, agora admitir que as demais variáveis agora sim interferem na
decisão de procura do consumidor.
Os mais importantes são os que se seguem e serão objecto de análise sucinta:
D’
Preço D
P1 A
D’
D
Q1 Q2 Quantidades
Poderíamos continuar com a nossa lista passando a análise para a mudança nos gostos
e na moda, na publicidade, mudança na população a prazo.
Neste caso os vendedores têm uma atitude diferente dos compradores relativamente a
variação dos preços.
Graficamente pode ser reproduzida a curva de oferta que sobe da esquerda para a
directa ou simplesmente com inclinação positiva.
P1
(+)
P0
Q0 Q1
(+)
A racionalidade da lei da oferta está no facto de que a subida de preços incrementa os
lucros e isso tenderá a encorajar novas firmas a operar na economia, aumentando a
quantidade produzida do bem em causa.
Tal como foi com a curva da procura, a curva da oferta é construída na base da
assumpção quando o preço do bem muda, outros factores são mantidos inalteráveis,
portanto na condição ceteris paribus.
Pode-se notar que o preço e as quantidades oferecidas têm uma relação directa, ou
melhor, são directamente proporcionais, conduzindo a inclinação positiva da curva
de oferta.
Agora vamos ver o que acontece se abandonarmos a condição ceteris paribus, ou seja, se
admitirmos que aquelas outras variáveis voltam a influenciar a decisão do produtor de
produzir do vendedor de colocar bens e serviços no mercado.
O custo das matérias-primas. Quando o preço dos fertilizantes sobem isso desalenta
aos agricultores a produzir milho ao mesmo preço. Isso retrai a curva de oferta para a
esquerda, como se ilustra abaixo.
P1
P0
Q0 Q1
Tecnologia.Com a inovação tecnológica, o custo de produção reduz o que conduz a
expansão do produto no mercado que conduzirá a curva da oferta a se deslocar para a
direita.
Poderíamos continuar a analisar este assunto, a alistar outros factores como mudança
nos preços de outros bens, impostos e subsídios, etc.
Portanto o preço de equilíbrio pode ser determinado a partir das curvas de procura e de
oferta ou o que mais comummente se diz a partir do ponto onde as curvas de procura e
oferta intersectam o se cruzam.
Por outro lado com qualquer preço menor que o preço de equilíbrio, digamos o preço de
20, a quantidade procurada será maior que a quantidade oferecida, os consumidores
procurarão activamente mandioca e aumentarão o preço que oferecem no sentido do
preço de equilíbrio.
Ainda se pode dizer que o equilíbrio, na óptica da balança, é atingido quando os pesos
dos dois lados contrários da balança nivelam, ou igualam. E na linguagem matemática, a
condição de equilíbrio é a solução derivada de um conjunto de equações dado os valores
dos outros parâmetros.
Por detrás desta solução de equilíbrio existem hipóteses que devemos assumir acerca
de como os consumidores e vendedores se comportam (tomam as suas decisões) que é
a sua procura e oferta, respectivamente.
D S
E
PE lugar geométrico dos pontos de troca
S D
QE
A intercepção das curvas de procura e oferta determina o par ordenado de preço-
quantidade PE-QE que satisfaz todos os intervenientes no mercado. Portanto, a aquele
preço, PE, os compradores adquirem a quantidade que precisam comprar e os
vendedores vendem as quantidades que desejam vender.
Entretanto, não se está a dizer que o equilíbrio é sempre estático. O equilíbrio pode
alterar, mudar ou variar se uma ou mais variáveis, influenciando-o, mudam ou ainda, se
as hipóteses do estado de equilíbrio se alteram.
P Excesso de bens
D e serviços S
P1
PE
P2
S Escassez de bens D
serviços
QE
Pode-se notar pelo gráfico que quando o preço ultrapassa o nível de equilíbrio regista-
se um desequilíbrio entre as quantidades oferecidas e procuradas gerando o fenómeno
de escassez de bens e serviços ou excesso de quantidades existentes no mercado.
3.3.1.-Concorrência Perfeita
O mundo real é mais complicado e é necessário analisar uma situação em cada época.
Logo o grau de concorrência no mundo real dependerá da sua proximidade aos
modelos.
Esta condição só pode ser satisfeita com um mercado que apresenta as seguintes
características:
1. Todas as mercadorias são homogéneas o que quer dizer que uma mercadoria é
exactamente parecida a outra. E se esta condição se verificar, os compradores não terão
preferência por um bem em particular.
3.3.2.-O Monopólio
O monopólio no mercado indica a existência de um e único vendedor ou supridor de
bens e serviços.
Isso indica que o poder do monopólio tem a ver com a oferta, portanto, não precisa,
necessariamente, de existir um único produtor. O ponto essencial é que os compradores
enfrentam um vendedor singular.
Ele não pode determinar ambos (preço e quantidade) porque não controla o mercado.
Portanto, estamos a notar que quanto mais efectiva for a restrição contra a emergência
de novas firmas maior será o poder do monopolista de determinar o preço muito acima
do seu custo médio e assim conseguir lucros avultados.
a) O monopolista não é tomador do preço do mercado. Ele pode variar o seu preço
mudando as quantidades oferecidas. Enquanto uma firma em concorrência perfeita é
tomadora do preço do mercado.
Restrições de entrada.
Estas restrições podem ser derivadas de diferentes formas que passamos sucintamente
a analisar:
Concentração de matérias-primas
A distribuição geográfica de recursos é desigual e é sabido que alguns recursos
estratégicos estão concentrados em certas e poucas regiões do mundo e isso permite a
emergência do monopólio e as outras regiões, naturalmente que não têm, passam a ser
simples compradoras. Alguns denominam como monopólio natural.
Barreiras técnicas
Hoje no mundo moderno, existem indústrias dominadas por poucas e grandes firmas.
Onde estas empresas estão a operar numa escala maior usam recursos de capital,
bastante, onerosos e gozam de uma grande economia de escala e, por isso, as barreiras
de entrada de novas firmas são maiores. Entrar neste ramo tem muitos riscos desde o
de investimento a operacionais porque implicará concorrer com os já existentes em
termos de custos, tecnologia e conquista de espaço de mercado.
Barreiras legais
Esta é talvez a maior barreira de entrada a novas firmas onde a lei impera para evitar a
emergência de novas empresas no segmento de mercado. As garantias dos direitos de
patentes é um exemplo evidente de limitações legais para a emergência do monopólio.
Enquanto não é difícil para a empresa operar como um simples e singular vendedor com
recurso de patentes e marcas mas já é difícil atingir a situação que não há substituto
para o seu produto.
5.5.4.-Oligopólio
Em muitas indústrias especialmente aquelas cientificamente baseadas e
tecnologicamente avançadas, encontramos a situação de oligopólio.
Assim como o nome sugere, este é o caso de mercado que é dominado por poucos. Por
outras palavras, um número reduzido de grandes empresas que contam para a toda a
produção industrial.
No oligopólio cada firma tem igual influência no mercado de tal modo que qualquer
mudança na sua política vai provocar alterações no mercado que conduzirá a que outras
empresas respondam.
Se a firma reduz o seu preço que é para aumentar o volume de vendas pode vender
menos. Dependerá de como as empresas vão reagir a esta redução de preços
ACTIVIDADE 3: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
Situação de
Preço Procura Oferta mercado Pressão s/Preço
A 5 9 18
B 4 10 16
C 3 12 12
D 2 15 7
E 1 20 0
2. Suponha agora que a procura aumentou 20% para todos os níveis de preços, tudo o
resto constante. Refaça o quadro anterior e ponha em evidência as diferenças
encontradas. Sugestão: construa o gráfico com as duas curvas de procura e a curva de
oferta.
6. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade
de equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:
i. Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;
ii. Diminuição do preço da energia no produtor;
iii. Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;
Movimento Deslocamento
Variações
Acima Abaixo Esquerda Direita
Aumenta o preço do óleo de mafurra
Diminui o preço do cimento
Campanha publicitaria a favor do aceite
de mafurra
Campanha publicitária a favor do óleo de
girassol
Aumento do rendimento disponível
Aumento do preço das frigideiras
eléctricas
Diminui o preço do óleo de girassol
Melhora a tecnologia de produção do óleo
Um cantor popular declara na TV que só
consome óleo de soja
8. Suponha que a procura e oferta de um bem podem ser apresentadas pelas seguintes
funções: D= – 13P + 520 ; S= 13P – 130
a) Qual o preço de equilíbrio no mercado deste bem?
b) Represente graficamente o equilíbrio neste mercado.
c) Se num determinado momento o preço fossk2e de 20 u.m., em que situação
estaria o mercado?
C1) Como se designa esta situação?
C2) Que reacções se iriam desencadear no mercado?
C3) E se o preço fosse 30?
BIBLIOGRAFIA
Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 4
AS FALHAS DE MERCADO E NECESSIDADE DO ESTADO
(Deepak Lal)
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Dominar a importância no papel do Estado na economia e no mercado, em
particular;
Conhecer as externalidades, tipologia e seu efeito sobre o mercado;
Perceber o papel dos bens públicos numa economia de mercado;
Identificar as situações de assimetria de informação e como afectam o
funcionamento do mercado;
Reconhecer o papel e importância da informação no mecanismo de mercado.
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 O papel do Estado na economia
Secção 2 As externalidades
Secção 3 Os bens públicos
Secção 4 A assimetria de informação
Secção 5 A procura de 0informação
Para ter a resposta destas e outras perguntas, convido ao amigo estudante a se empenhar
no estudo desta unidade.
Precisamente pela existência de falhas de mercado. Pois, como foi visto na unidade
anterior, no mercado existem diferentes graus de poder de mercado (monopólio,
monopsónio, oligopólio, e concorrência monopolística ou imperfeita),
comportamentos que não resultam, necessariamente, numa eficiente afectação de
recursos e os preços e quantidades não são igualmente aqueles que seriam
conseguidos em concorrência perfeita.
Outro aspecto que urge, inicialmente, reconhecer é que nem todas actividades
decorrem na esteira da estrutura do mercado, tais como produção de um bem
público chamado defesa nacional. Alternativamente, se uma fábrica causa a
poluição do ar pela emissão de um fumo tóxico. Esta é uma actividade que não é do
mercado.
Duma forma geral, uma das formas de intervenção do Governo na economia pode
ser explicada pelas falhas do mercado. Quando o mercado se mostra incapaz de
afectar (eficientemente) os recursos produtivos - trabalho capital e matérias-
primas, duma maneira que nenhum deles seja ocioso (ao longo da fronteira das
possibilidades produtivas).
A afectação eficiente de recursos ocorre quando estes são usados de tal forma que
não seria possível reafectá-los de maneira diferente melhorando a situação de um,
sem que implique a diminuição ou prejuízo da situação de outro. Em princípio o
mercado deve ser capaz de afectar os recursos nesse sentido.
Infelizmente esse não é sempre o caso. No nosso exemplo da fábrica que polui
fumo tóxico ao ambiente, como é que o mecanismo de mercado pode forçar ao
dono da fábrica parar de poluir?
Essa é uma das funções do Governo que visa intervir no mercado de forma a lidar
com as falhas de mercado.
Desse modo, falhas de mercado podem ser vistas como situações em que a
actuação dos indivíduos em busca de seu puro auto-interesse leva a resultados
que não são eficientes. Falhas de mercado são frequentemente associadas com
assimetrias de informação, estruturas não competitivas dos mercados,
problemas de monopólio natural, externalidades, ou bens públicos.
SECÇÃO 2 - EXTERNALIDADES
Em economia, as externalidades podem ser definidas de diferentes maneiras que
no fundo é dizer a mesma coisa com mais ou menos sofisticação, mais ou menos
palavras.
Ou ainda, as externalidades podem ser entendidas como os custos ou benefício que não
são internalizados pelo indivíduo ou pela empresa em suas acções e que impõem custos
ou benefícios directamente a terceiros. Qualquer decisão e consequente acção acarretam
custos e benefícios. Quando os custos ou benefícios decorrentes da decisão incidem
apenas sobre o agente decisor, são chamados de custos ou benefícios internos.
Por regra, quando definimos a existência de externalidades como uma falha de mercado,
pressupomos que a existência de custos de transacção impede a alocação eficiente das
externalidades por meio de trocas.
Em jeito de intróito, vale ressaltar que a questão das externalidades foi, primeiramente,
abordada por Ronald Coase, economista da Universidade de Chicago, que desenvolveu em
1960 um estudo denominado de “O Problema do Custo Social” o que lhe garantiu,
posteriormente, a indicação e a obtenção do Premio Nobel de Ciências Económicas em
1991. Coase procura, basicamente, estudar até que ponto o mercado privado é eficaz ao
lidar com externalidades, e chega a conclusão de que se os agentes económicos envolvidos
puderem negociar, sem custos de transacção, a partir de direitos de propriedade bem
definidos pelo Estado, poderão alocar os recursos de modo mais eficiente, solucionando o
problema das externalidades.
“Os agentes privados podem solucionar os problemas das externalidades entre si, desde que
os custos de transacção não sejam excessivos. Qualquer que seja a distribuição inicial dos
direitos, as partes interessadas sempre podem chegar a um acordo pelo qual todos ficam
numa situação melhor”
Externalidades Negativas
Uma externalidade negativa é representada por impacto negativo que atinge terceiros
proveniente da acção de outrem. Consideremos como exemplo, o uso de carros para ir ao
trabalho. Quando um agente decide utilizar seu carro para ir para o trabalho, está em geral
preocupado com factores como seu conforto, a rapidez, o preço da gasolina, a depreciação
do carro, utilização do carro, etc. Essa acção, entretanto, tem efeito na vida de terceiros
dado que, dentre outros factores, contribui para o aumento do trânsito e da poluição.
Esses dois resultados podem ser tidos como negativos do ponto de vista dos terceiros que
o suportam, dado que a emissão de gases pelo veículo é prejudicial à saúde, e que o
aumento do trânsito fará com que o tempo de deslocamento entre diferentes pontos da
cidade seja maior. Dessa forma, o custo dessa acção para a sociedade será maior que para
a pessoa que decide se deslocar por meio de um carro. Isso porque, o custo social é a
somatória dos custos privados de quem age e do impacto suportado pelos terceiros.
Uma solução típica para este tipo de problema seria a imposição de uma taxa, pelo Estado,
sobre esta atividade, a fi m de imputar aos agentes o custo decorrente da externalidade
apontada. No momento em que essa externalidade passa a integrar o custo privado, a
curva de custo privado se iguala à curva do custo social, e o equilíbrio atingindo passa a
igualar-se ao ponto óptimo. Ou seja, quando as pessoas passam a arcar com os custos do
aumento do trânsito e da poluição, provenientes da utilização dos carros, o número de
Externalidades Positivas
A análise feita acerca da externalidade negativa pode ser aplicada de forma semelhante às
externalidades positivas. Nessas últimas, porém, trata-se de acções que geram benefícios
indirectos a terceiros. O morador de uma cidade que mantém a fachada de sua residência
em bom estado está realizando uma acção em benefício próprio, qual seja a boa
conservação de sua propriedade privada. Adicionalmente, sua conduta está sendo
benéfica aos demais moradores daquela cidade, uma vez que contribui para a sensação de
limpeza e boa conservação do ambiente urbano, logo, para o bem-estar de sua população.
À medida que há utilidade para outras pessoas que não o morador que empreendeu a
acção, esse benefício pode ser considerado uma externalidade positiva.
Nesse caso, como há a presença de um ganho, e não de um custo como no caso de uma
externalidade negativa, a curva de valor social se distingue curva da demanda, ou seja, do
valor privado. Como o valor social é superior ao valor privado, a curva do valor social está
localizada acima da curva da demanda. Sendo assim, há um número menor de fachadas
conservadas que o desejável pela população, fazendo com que o ponto equilíbrio,
representado pelo cruzamento das curvas de oferta e demanda, se afaste do ponto óptimo
de encontro das curvas da oferta e do valor social. Para que esse último ponto seja
alcançado é necessário alguma forma de incentivo para que mais pessoas contribuam com
o melhoramento das fachadas, de modo a aumentar a quantidade e deslocar o ponto de
equilíbrio para o ponto óptimo.
Amigo estudante, por outras palavras, estamos a dizer quer se os custos ou benefícios
incidirem também, parcial ou totalmente, sobre outras pessoas que não o agente decisor,
geram as chamadas externalidades positivas ou negativas. O benefício que uma decisão
trouxer para outras pessoas e chamado de benefício externo ou externalidade positiva; o
custo sobre outras pessoas e chamado custo externo ou externalidade negativa.
Mas antes de continuarmos a analisar as externalidades, importa distinguir dois
tipos de custos:
Enquanto custos sociais: são todos gerados por outros que terão que
acomodar-se com as externalidades.
Embora os custos de poluição do rio não façam parte dos custos privados do
produtor químico, deve ser concluído como parte dos custos sociais adicionais de
produzir produtos químicos. Assim, custos sociais resultam da soma do custo
adicional privado mais os custos com a poluição.
Uma, pode ser com a imposição de um imposto na produção igual aos danos
causados com a poluição. O que requer a intervenção do Estado.
Uma terceira solução seria privada. Aqui não envolveria o Governo, onde por
exemplo o pescador poderia cobrar o produtor químico no montante das suas
perdas, que tem o mesmo efeito que o imposto. Com esta solução, o produtor
químico compensa directamente o pescador as perdas de produção deste.
Ainda existe uma quarta solução privada que consistiria em o produtor químico
receber do pescador parte do peixe capturado para compensar uma não maior
produção evitando assim poluir a água. Assim o produtor químico estaria
compensado a produzir menos e assim a não poluir o rio. A externalidade seria
paga pelo pescador.
Como se pode depreender as soluções privadas são mais difíceis que aquelas que
requerem a intervenção do Governo, mas a probabilidade de as atingir é bastante
reduzida. Outra particularidade é que se assume que a poluição pode ser medida, o
que não corresponde a verdade na vida real.
Outro problema em torno das opções de solução está relacionado com o impacto
da distribuição de rendimento entre as três partes envolvidas (produtor químico,
pescador e Governo)
Olhemos para situações, como o que fazer com o barulho dos aviões para as
pessoas que vivem ao pé dos aeroportos? Seria dar espaço? Há muitas partes
envolvidas.
Esta situação introduz a ideia de BEM PÚBLICO, que pode ser definido como:
Qualquer coisa que o Governo produz que não pode ser afectado
eficientemente pelo mercado;
Ou ainda, bens públicos são definidos como aqueles bens que geram benefícios para
todos, mas cujos custos não podem ser distribuídos, pela simples razão de que não se
pode excluir do consumo os indivíduos que se recusam a pagar por eles. Tal costuma ser
o caso de estradas, parques públicos, policiamento, defesa nacional, meio-ambiente, etc.
A diferença mais importante entre os bens públicos e os demais é que os benefícios por
eles gerados, não podendo ser alocados entre os beneficiários de acordo com algum
princípio económico, devem ser objecto de decisões políticas, o que significa que o
Estado é quem deve produzi-los, buscando financiamento na tributação, na inflação e na
dívida interna ou externa.
Por exemplo: Defesa nacional. Mesmo que uma pessoa tenha um exército, não
consegue impedir que os outros se sintam protegidos.
3. Não rejeitável.
Como se pode depreender nem todos os bens produzidos pelo Governo são bens
públicos puros.
Exemplo: estradas, escolas, aeroportos são exclusivos nas taxas, portagens, onde
custos podem ser aplicados no seu uso.
Voltemos ao nosso exemplo da represa. Porquê uma empresa privada não pode
produzir a represa (como bem público)?
Agora imagine que a sua resposta afectará directamente o valor que você
tem de pagar como futuro beneficiário.
Neste caso você responde que o sistema é necessário e beneficiará aos vizinhos
mas você, pessoalmente, espera poucos benefícios, por isso está disposto a pagar o
mínimo para garantir a construção do sistema.
O problema do caloteiro (free rider) conduz a que não seja possível uma afectação
eficiente dos recursos no mercado.
Caloteiro: alguém que recebe o benefício de um bem, mas evita pagar por ele (calote).
Na vida corrente, pode-se constatar que a assumpção não é realista posto que,
normalmente, no mercado a informação é produto muito bem valorizado.
Agente-Principal
O problema agente-principal ou dilema da agência trata das dificuldades que
surgem em condições de informação incompleta e assimétrica quando um
determinado indivíduo, que denominaremos “principal” contrata outro, que
denominaremos “agente” para a consecução de determinado tarefa que será
custosa para o agente e que o principal não tem como fiscalizar adequadamente.
Vários mecanismos podem ser usados, em diferentes contextos, para tentar alinhar
os interesses do agente em solidariedade com os do principal, tais como taxas de
ineficiência, participação nos lucros, salários de eficiência, avaliação de
desempenho (incluindo demonstrações financeiras), etc.
Ainda assim, em alguns casos pode ser difícil para o principal garantir que o
comportamento do agente esteja em conformidade com seus interesses. O
problema principal-agente é encontrado na maioria das relações
empregador/empregado, por exemplo, quando os accionistas contratam altos
executivos de corporações. A ciência política, tendo registado os problemas
inerentes à delegação de autoridade legislativa para órgãos burocráticos. Como
outro exemplo, a aplicação da legislação está aberta à interpretação burocrática, o
que cria oportunidades e incentivos para o burocrata, como agente, desviar as
intenções ou preferências dos legisladores.
Selecção contrária
Referimo-nos a cenários cuja informação pode facilitar o vendedor. Mas existem
situações onde sucede o contrário, em que o comprador está numa posição
Por exemplo, na compra de um seguro de vida, a pessoa em causa, tem melhor informação
sobre o seu verdadeiro estado de saúde que a companhia seguradora, ao menos que esta
gaste dinheiro para ter um exame médico completo.
Risco Moral
Outro exemplo de selecção contrária é aquele referente a seguro dos bens
imobiliários. As pessoas que vivem nas zonas com elevado índice de criminalidade
são as mais motivadas para comprar serviços de seguros que as das zonas de baixo
índice.
O aumento do número das pessoas procurando os serviços de seguro, faz com que
os prémios igualmente aumentem o que reduz o incentivo das pessoas vivendo em
zonas de baixo índice em procurarem os serviços de seguro.
Existe outro problema no mercado de seguros que é relativo ao risco moral. Este
problema faz com que as companhias de seguro incorram em alto risco resultante
da mudança de comportamento causada pelo facto das pessoas estarem confiantes
de que os riscos estão cobertos pelo seguro.
Por exemplo, se tiver o seguro contra o risco de roubo, as pessoas ficam menos
cuidada em verificar antes de sair se têm as janelas e portas devidamente
Ainda mais, se as pessoas sabem que houve a baixa de preços, elas se preocupam
também com outros aspectos como a qualidade dos produtos, dos serviços
prestados e se os produtos estarão ou não em stock.
Note-se desta forma que o Estado numa república é o protector supremo dos
interesses materiais e morais dos cidadãos. A sua presença representa uma
garantia das liberdades dos cidadãos.
ACTIVIDADE 4: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
3. Explique o significado dos bens públicos como (a) não rivais e (b) não exclusivos.
Procure dar exemplos práticos.
Buchanan, M. (1969). "Is Economics the Science of Choice?", in: Streissler, E.,
"Roads to Freedom", Routledge & Kegan, Londres, págs. 56/62.
Lucas, R. (1979), "Liberty, Morality and Justice", in: "Cunning, R.L. (ed.), "Liberty
and the Rule of Law", Texas A. & M. University Press, Londres, págs. 157 e segs.
Salama, M. (2008). O que é “Direito e Economia”? In: L. B. Timm (Ed.). Direito &
Economia. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora.
Schmidt, K. & ULEN, T. (2002). Law and Economics Anthology. 2. ed. Cap. 3.
Cincinnati, OH: Anderson Publishing Co.
UNIDADE 5
A TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Dominar o conceito de consumidor;
Conhecer os axiomas subjacentes as preferências do consumidor;
Compreender o percurso do estudo da utilidade pelas diferentes escolas de
pensamento;
Identificar as diferentes características das curvas de indiferença;
Identificar a importância e papel do rendimento e a sua restrição no consumidor;
Reconhecer o equilíbrio do consumidor.
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Teoria da preferência e utilidade
Secção 2 Análise da Utilidade e curva de indiferença
Secção 3 Características das curvas de indiferença
Secção 4 O rendimento limitado e a maximização do consumidor
Secção 5 O equilíbrio do consumidor
Comecemos por dizer que existem três grupos de agentes económicos: consumidores,
empresários e proprietários de recursos.
Assim, cada consumidor organiza como afectar o seu rendimento entre a vasta
quantidade e variedade de bens e serviços disponíveis no mercado. A agregação destas
decisões é conhecida como a procura de mercado que exprime como a sociedade, como
um todo, pretende afectar os seus recursos financeiros.
Estas hipóteses não são restritivas. Para derivar a curva de procura e de indiferença,
torna-se necessário ter as seguintes assumpções:
1) Que o consumidor seja informado da existência de alguns bens e serviços;
2) Tenha algumas reacções em relação aos mesmos, por outras palavras, que
prefira uns em detrimento de outros;
3) Disponha de rendimento para dar significado as estas reacções no mercado.
A função preferência
O indivíduo ou família obtém satisfação ou utilidade ao consumidor um determinado
bem ou serviço durante um determinado período de tempo.
Para que a satisfação ou utilidade seja máxima, o consumidor deve ser capaz de
comparar orçamentos diferentes ou cabazes de mercadorias. O que quer dizer que o
consumidor em função do orçamento deve ser capaz de comparar cestas alternativas de
mercadorias e determinar a sua ordem de preferências.
1
Quer dizer que o consumidor pode posicionar diferentes cestas de mercadorias em primeiro, segundo, terceiro
lugares e sucessivamente.
Cada consumidor tem uma função preferência (i) que estabelece uma ordenação
entre as cestas de mercadorias (ii) para uma comparação dois a dois, indica que
prefere A a B, B a A, ou que é indiferente (iii) para comparar três ou mais
cabazes, indica que se A é preferido (indiferente) a B e B é preferido
(indiferente) a C, logo A é preferido (indiferente) a C. (iv) estabelece que um
orçamento maior (uma cesta maior) é preferível a um menor.
Vilfredo Pareto (1906) removeu o último obstáculo sobre a teoria da utilidade, dando
lugar ao conceito ordinal do comportamento do consumidor, dispensando a hipótese de
utilidade cardinal porque irrelevante ou desnecessária.
Quando mais elevada, ou melhor, quanto mais a direita estiver uma curva de
indiferença, tanto maior o nível de utilidade, como é mostrado no gráfico nº 1.
Ainda, quanto mais elevada uma curva de indiferença, mais preferível será cada
orçamento situado nessa curva.
Mapas de indiferença
Qtde Y
III
II
I
Gráfico nº 1 Quantidade de X
A medida ordinal que consistem no ordenamento dos orçamentos como 1º, 2º, 3º, 4º,
5º.... etc. é necessária e suficiente.
Qtdade de Y
G II
Quantidade de X
Gráfico nº 2 F
Quarta: Esta última aparece para o consumidor poder maximizar a sua satisfação para
cada despesa do seu rendimento. A propriedade estabelece que as curvas de indiferença
são côncavas para cima que quer dizer que se localiza acima da sua tangente para cada
ponto.
Quantidades de Y
Gráfico nº 3 Quantidade de X
Essa utopia desejada não existe. Mesmo para os mais abastados das grandes sociedades
são obrigados a manter uma linha de comportamento em função dos seus rendimentos.
Para a teoria do consumidor isso quer dizer que cada um dispõe de um rendimento
máximo para gastar num determinado período de tempo. Agora o problema do
consumidor é gastar esse rendimento por forma obter uma máxima satisfação.
Continuando a pressupor a existência de dois bens X e Y. Estes bens têm os seus preços
no mercado Px e Py, respectivamente. O consumidor tem um conhecido e fixo
rendimento M para o período em consideração.
Assim, a quantia gasta no bem X será (X*Px) e também no bem Y (Y*Py) que não tem
maneira como exceder M que é o seu rendimento.
M X*Px + Y*Py
Esta desigualdade pode ser apresentada graficamente, considerando primeiro que:
M = X*Px + Y*Py
Quantidades de Y
Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X
0 B Quantidades de X
Gráfico nº 5
O primeiro termo do lado direito da equação mostra a quantidade de Y que pode ser
adquirida se nada de X for comprado. Logo (1/Py)*M é o intercepto da ordenada, pela
distância OA. O segundo termo – (Px/Py) é a inclinação da recta que é um valor negativo
da razão de preços.
A área triangular limitada pela recta de restrição orçamentária e pelos dois eixos é
chamada de espaço orçamentário que é o conjunto de todas as cestas de bens que
podem ser compradas, gastando uma parte ou todo o rendimento dado. Logo abrange
uma parte do espaço-mercadoria.
X 0;
Y 0.
Qtde de Y
A*
0 B B*
Gráfico nº 6 Qtade de X
Qtde de Y A
0 B* B
Gráfico nº 7 Qtade de X
Para tanto grande atenção deve ser prestada aos conceitos rendimento nominal e
real, preços nominais e preços relativos.
Bens desejaveis
P
IV
III
Bens possíveis II
I
0 M
Gráfico nº 8
A sua escolha pode ser sobre as cestas localizadas no espaço orçamentário. Mas todas as
cestas abaixo e a esquerda do seu espaço orçamentário não maximizam a sua satisfação.
Os pontos para cima e para a direita da recta LM estão-lhe vedado, salvo se ele dispor de
um orçamento superior a M para gastar. Abaixo de LM e a esquerda de LM não tem
importância, porque se parte do princípio que ele deseja gastar a totalidade de M
rendimento.
RECAPITUANDO:
Consumidor racional
Os consumidores escolhem a melhor cesta de bens que podem adquirir
Preferências do consumidor
Uma cesta de consumo é um conjunto de uma ou mais mercadorias
O consumidor é capaz de ordenar várias cestas em ordem de preferência. Dadas duas cestas
quaisquer, x e y, o consumidor é capaz de identificar se x é melhor do que y ou se y é
melhor do que x ou se as duas cestas são equivalentes em termos de satisfação
ESSA RELAÇÃO É CHAMADA DE PREFERÊNCIA e a representamos por (prefere ou é
indiferente)
1) Completas.
Duas cestas quaisquer podem ser comparadas. Para quaisquer cestas x e y, x
≥ y ou y ≥ x ou ambas (são indiferentes)
2) Reflexivas
Qualquer cesta é certamente tão boa quanto uma cesta idêntica: x ≥ x
3) Transitivas
Se x ≥ y e y ≥ z, então x ≥ z
O axioma da transitividade é crucial para a teoria do consumidor. Sem ele, não é possível
identificar a cesta preferida. Ausência de transitividade => dutch book (sequência de trocas
que levaria o consumidor a perder todo o seu dinheiro)
A curva de indiferença
A curva de indiferença representa todas as combinações de bens que proporcionam o
mesmo nível de satisfação a uma pessoa.
Mapas de indiferença
É um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de uma pessoa com
relação a todas as combinações de duas mercadorias.
Cada curva de indiferença no mapa mostra as cestas de mercado entre as quais a pessoa é
indiferente.
O óptimo do consumidor
O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangência entre a recta orçamental e a Curva de
Indiferença.
ACTIVIDADE 5: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Suponha que Walla Cativa tem um rendimento líquido de imposto de 100 unidades
monetárias (u.m) por semana e que o gasta todo em alimentos ou vestuário. Se os
alimentos custarem 5 u.m. o kg e o vestuário 10 u.m. a peça.
a) Desenhe um gráfico da recta de restrição orçamentária, em que os alimentos
estão no eixo vertical e do vestuário no eixo horizontal de Walla Cativa.
4. O gráfico abaixo mostra uma das curvas de indiferença do estudante Lippi Colin e a
sua recta de restrição orçamentária.
40
Quantidade
de X
0 80
Quantidade de Y
BIBLIOGRAFIA:
UNIDADE 6
FLUXO CIRCULAR DA ACTVIDADE ECONÓMICA
E CONTABILIDADE NACIONAL
O que ouço, esqueço;
O que vejo, recordo;
O que faço, compreendo.
-Confúcio -
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Dominar as etapas do circuito económico de simples ao complexo
Conhecer o que é a função da Contabilidade Nacional
Identificar as diferentes ópticas de cálculo do produto
Calcular o Produto interno e nacional
Reconhecer as limitações da contabilidade nacional
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Circuito económico
Secção 2 Noção de Contabilidade Nacional
Secção 3 Cálculo do produto
Secção 4 Limitações da Contabilidade Nacional
estudar com afinco a unidade para se apoderar dos conhecimentos contidos. Vai daí e
avancemos juntos até a ao fim da unidade.
Por isso, situando-nos no quadro nacional, constatamos que todos os indivíduos são
consumidores e que, excluídas as crianças e os velhos, todos os consumidores são
potenciais produtores.
No plano individual como agregado, sempre foi preocupação dos agentes económicos,
procurar maneira de melhor satisfazer as necessidades cada vez mais crescentes e
múltiplas, para tanto tinham que produzir. Para melhor produzir as famílias criam
unidades especializadas para o fazer, dotando-as de recursos para o efeito.
FAMÍLIAS EMPRESAS
As famílias que criam empresas também conhecidas como empreendedoras têm como
objectivo o lucro ou prémio de risco ou de empresário através da produção de bens e
serviços para o mercado que trocam com as famílias que tenham rendimentos. Se nos
lembrarmos dos capítulos anteriores, está-se a dizer que trocam os bens e serviços
produzidos pelas suas empresas com os consumidores.
EMPRESAS
FAMÍLIAS
Assim, estabelece-se um circuito económico real: Bens de consumo das empresas para
as famílias, factores de produção das famílias para as empresas, cuja característica
fundamental é a circulação de bens tangíveis (palpáveis) entre os agentes económicos.
Nesta perspectiva, enquadra-se uma velha ideia entre economistas: O dinheiro está para
economia, da mesma forma que o sangue está para o corpo humano. É uma
representação comparada as ciências naturais: A ideia de que o corpo humano está
ligado por dois sistemas: O nervoso (os preços e os custos) e o sanguíneo (dinheiro ou a
moeda).
FAMÍLIAS EMPRESAS
As famílias têm por objectivo o lucro quando formam as empresas, conseguido com a
venda dos bens e serviços produzidos, a força de trabalho empregue é remunerada por
um salário, e, pela ocupação da terra paga-se uma renda. As três categorias constituem o
grupo dos rendimentos, recebidos das empresas, através dos quais as famílias efectuam
despesas tendo como contrapartida bens e serviços.
Despesas
FAMÍLIAS EMPRESAS
Este grupo de fluxos tem uma característica que é comum - o dinheiro, que constitui o
circuito monetário como se ilustra acima.
A separação dos dois circuitos e a demarcação da direcção dos fluxos tem um objectivo
puramente didáctico, pois o circuito económico simples é composto por esses fluxos:
real e monetário, como visto anteriormente.
2. Tudo o que as famílias ganham (Y) é gasto na aquisição de bens e serviços (C),
logo Y = C admitindo a não existência de poupanças.
4. Todas as necessidades das famílias são satisfeitas pelas empresas que representa
a auto-suficiência desta economia de modelo simples.
6. As empresas não retêm parte dos lucros para os seus cofres, por outras palavras,
estamos a dizer que não existem hipóteses de extensão da capacidade produtiva
das empresas, nem a constituição de provisões pelo desgaste do equipamento
diverso.
As famílias, para além de serem simples unidades de consumo, agora não destinam todo
o rendimento (renda lucros ou juros e salários), unicamente, para o consumo, senão que
retêm uma parte que constituem suas poupanças, assim como as empresas não
distribuem todos os lucros, ficando uma parte na rubrica lucros retidos.
Estas poupanças, tal como os lucros retidos pelas famílias como as empresas efectuam
os depósitos em bancos que o sistema financeiro remunera com juros, tal como aqueles
aos bancos em caso de pedidos de financiamento. Com a eliminação de uma das
hipóteses simplificadoras iniciais e a inclusão no circuito económico do sistema
financeiro, o nosso esquema fica como se segue:
No diagrama anterior, foi vista a economia fechada e sem Estado mas que produz bens
de consumo e bens de investimento. As firmas do tipo C produzem bens de consumo e
do tipo I produzem bens de investimento. Assim o rendimento é produzido pelos dois
tipos de empresa. As famílias recebem e consomem e poupam depositando no sistema
bancário que são canalizados para as unidades de produção para financiar o
A partir do momento que incluem os bancos, importa reter dois novos conceitos:
Juros: - São remunerações pela utilização do dinheiro alheio. Ou quisermos recuperar o
manancial de conhecimentos anteriores, pode-se dizer que é a medida do custo de
oportunidade das diferentes aplicações alternativas.
FAMÍLIAS EMPRESAS
FAMÍLIAS EMPRESAS
O produto de uma economia é a soma de tudo aquilo que se produz e se vende num
período de tempo, geralmente num ano.
3. Por último, temos a óptica da despesa que consiste na soma de consumos finais
duma economia e logo na despesa total da sociedade para a sua aquisição
(compra).
Dissemos também que o produto era o somatório de bens e serviços o que quer dizer
que o produto é contabilizado uma e única vez, introduzindo o conceito de valor
acrescentado que é o novo valor criado ou ainda o valor do produto da empresa
menos os custos intermediários comprados pela empresa aos seus fornecedores
que são outras empresas.
Os estudantes devem notar que as ópticas aqui apresentadas não são utilizadas
simultaneamente para o cálculo do produto, bastando uma delas para o efeito.
┌───────────────┬─────────┬─────────┬────────┬────────────┐
│ │Compras │ │Receitas│ VALOR │
│ Descrição │de outras│ Lucros │ das │ACRESCENTADO│
│ │empresas │Salários │ Vendas │(NOVO VALOR)│
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│Emp. Florestal │ 0 │ 100 │ 100 │ 100 │
│ │ │ │ │ │
│ Serração │ 100 │ 150 │ 250 │ 150 │
│ │ │ │ │ │
│ Marcenaria │ 250 │ 120 │ 370 │ 120 │
│ │ │ │ │ │
│Casa de Mobília│ 370 │ 50 │ 420
420 │ 50 │
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
00
│ TOTAIS │ │ 420 │ │ 420 │
420 420
└───────────────┴─────────┴─────────┴────────┴────────────┘
0
Da tabela acima, fica claro que a óptica do rendimento que constitui o somatório de
todos os ganhos (salários e lucros) é igual a óptica da produção que é a soma dos
valores acrescentados de cada empresa. Se um consumidor qualquer quisesse comprar
a mesa, o faria na Casa de Mobília à uma despesa de 420, que iguala os outros
resultados. Fica demonstrada a validade da identidade contabilística entre as três
ópticas.
Para produzir aquele bem cujo valor são 420, parte do valor da maquinaria,
instrumentos de produção sofreu desgaste, ou por outra, transferiu parte do seu valor
para o produto. Esta revelação reclama a presença das amortizações, que como
dissemos, é a provisão constituída para substituir o equipamento, findo o seu período
de vida.
Estas provisões são constituídas a partir do novo valor criado. Isso quer dizer que com
ou sem amortizações, o produto pode ser BRUTO OU LIQUIDO.
Portanto, nota que o produto interno é a soma de toda a produção de todas as unidades
individuais de produção residentes no determinado território. Esse produto é a
diferença entre a produção final e aqueles e aqueles ingredientes (matérias-primas) que
a unidade produtiva comprou de outras empresas. Esta diferença como vimos chama-se
valor acrescentado.
Produto pode ser bruto se não tomarmos em conta as amortizações, caso contrário, se
elas forem retiradas (expurgadas do produto), ele torna-se Líquido. Esta diferença é
fundamental, dado que o valor futuro da capacidade produtiva de uma nação é feito no
presente, pela constituição das reintegrações, dado que os factores de produção têm
anos de vida, findos os quais não prestam mais o seu concurso à produção.
Pode ser PRODUTO INTERNO se os factores produtivos que concorrem para a produção
desses bens e serviços são residentes de um determinado espaço geográfico em estudo,
independente da sua nacionalidade. Por exemplo, a Lomaco empresa de nacionalidade
britânica produção da SIETE, de nacionalidade italiana, produção da Tatenda, lda que é
moçambicana mais que todas são residentes no espaço moçambicano. A soma dos
valores novos criados por estas empresas forma o Produto Interno de Moçambique.
O nosso PRODUTO pode ser avaliado (contabilizado) logo a porta das unidades de
produção, quando assim for, diz-se que o produto é a custo de factores (cf). Mas quando
vai ao mercado, sobre ele, podem recair dois tipos de impostos, directo (Te) aplicado às
empresas, transferindo para o Estado e os impostos indirectos (Ti), que constituem os
encargos normais de produção, venda, compra ou uso de bens e serviços, encargos
esses que normalmente se repercutem no consumidor, via preço.
Também podem ser incluídos no preço de vendas não só os impostos que o Estado
cobra como o mesmo faz transferências para as empresas com objectivo de reduzir os
custos de produção, conhecidas por subsídios ou também imposto negativo,
representados pela letra (Z).
ÓPTICA DA PRODUÇÃO:
Esta óptica, como tivemos oportunidade de ver, consiste no somatório dos valores
acrescentados que igualam ao PRODUTO INTERNO BRUTO a custo de factores (PIBcf).
ÓPTICA DO RENDIMENTO:
Consiste no somatório de todas as remunerações aos factores de produção (Salários +
Lucros + Dividendos + Juros + Renda + outros rendimentos).
ÓPTICA DA DESPESA:
Esta óptica distingue os produtos consoante a sua utilização (consumo privado ou
público, investimentos e exportações), consistindo na soma dos produtos finais.
FAMÍLIAS
(CONSUMO)
EMPRESAS
(INVESTIMENTO) VALOR DE BENS E
DESPESA SERVIÇOS
GOVERNAMENTAL AGREGADA PRODUZIDOS
(DESPESAS/GASTOS)
Partindo desta situação como chegarmos ao Produto Nacional? - Claro que é simples,
pois do conceito do produto nacional dissemos que era somatório de bens e serviços
finais produzidos por factores de produção nacionais independentemente da sua
localização, daqui é retirar rendimentos dos factores externos e adicionar o rendimento
dos factores nacionais, então teremos:
Então, o resto é puro exercício de identidades entre as rubricas, como por exemplo:
Do ponto de vista do fluxo de bens e serviços do comprador final, PIB é igual a soma das
despesas de consumo (C), Investimento (I) compras do Governo (G) e exportações
líquidas (X-M).
Despesas de Consumo são compras feitas pelos consumidores ou famílias dos bens de
consumo e serviços correntes produzidos.
O PIB corrente é aquele medido a preços correntes (preços que vigoram no dia-a-dia no
mercado). A taxa de subida do PIB nominal é igual a taxa de subida do nível geral de
preços mais a taxa de subida no PIB real.
Entre PIB e PNB, embora se reconheça o mérito estatístico de ambos mas para
Moçambique é o PIB aquele que é comummente mais citado, estudo e analisado
justamente porque melhor interpreta o desempenho desta economia que é fortemente
influenciada pelo investimento directo estrangeiro e reduzido investimento nacional no
estrangeiro.
Na verdade, o indicador Produto Interno Bruto é o mais amplamente usado mesmo para
estudar as politica públicas e nas projecções de longo prazo. Como este não há nenhum
que lhe é comparável na utilização e aceitação entre os países, com cunho de
universalidade nos tempos que correm.
Associado ao PIB e para se fazer uma primeira avaliação e bastante rudimentar sobre o
nível de desenvolvimento económico (variável qualitativa) de qualquer economia
recorre-se a distribuição do PIB pelos seus habitantes. Como se pode depreender, faz-se
uma assumpção teórica de quanto caberia a cada um se o produto fosse distribuído
equitativamente, que é conhecido nos meandros económicos como PIB per capita.
PIB per capita = PIB do período dividido pela população do mesmo período.
Na verdade, o PIB per capita é usado como indicador médio proxy de padrão de vida de
habitantes de uma determinada economia.
Entretanto, deve-se ter presente que a noção de PIB per capita sendo uma média, não
quer dizer que todas as pessoas de Moçambique tenham o mesmo rendimento ou
acesso aos bens. Outrossim, é que a população se dispersa em torno dessa média,
querendo significar que existem pessoas que têm maior rendimento e outras com
menor que, em geral, muitas pessoas com rendimento menor e número reduzido com
rendimento maior.
Em Moçambique dados sobre PIB são calculados pelo Instituto Nacional de Estática
(INE) que é igualmente responsável pelo censo populacional, por isso, esta é a
instituição capacitada para prover a informação sobre PIB per capita que é de
periodicidade anual e normalmente calculado o indicador em dólares americanos para
efeitos de comparação com outras economias.
Os economistas estão conscientes das deficiências deste indicador não obstante o seu
amplo e generalizando uso, pelo que deve ser visto como simples indicador e não na
escala absoluta.
Externalidades
Efeitos positivos ou negativos decorrentes de certas situações que não são
contabilizadas, como por exemplo, os efeitos da poluição sobre a saúde dos cidadãos
(externalidades negativas) ou os efeitos da formação profissional sobre a produtividade
(externalidades positivas).
Positivas:
Construção de um hospital (saúde) / Investigação Científica (desenvolvimento
tecnológico) / Construção de uma Estrada (infra-estruturas)
Negativas:
Gases das fábricas (poluição) / produção de armamento
ACTIVIDADE 6 - AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
2. São lhe dados os seguintes elementos contidos na tabela que se segue da linha de
produção do açúcar para consumo no mercado.
Diga resolvendo:
a) Qual é o valor acrescentado nas quatro fases?
b) Demonstre que calculando o produto com recurso as três ópticas ter-se-ia o
mesmo resultado do produto desta economia açucareira.
c) O que obteríamos, se decidíssemos somar as vendas das quatro fases?
vendido ao resto do mundo 8, tudo que foi consumido mas que foi proveniente do
resto do mundo 11.
Rendimentos de Factores de estrangeiros = 6
Rendimentos de Factores de nacionais = 8
Amortização = 5
Impostos Indirectos = 4
Subsídios = 2
População do país 10 Habitantes.
10. Quais dos seguintes que digam respeito as Despesas de Consumo e entram
no conceito de PNB:
a) Bens e serviços produzidos somente pela economia doméstica;
b) Bens produzidos no exterior e que são comprados pelas famílias;
c) Compra de bens duradouros como viaturas, mobílias, equipamentos da
casa, etc;
d) Despesa do consumidor por uma nova casa;
e) Compra de terra pelas famílias.
11. Todos os países que tiverem o PIB a crescer, terão necessariamente um PNB
com o mesmo comportamento?
BIBLIOGRAFIA:
UNIDADE 7
MOEDA E BANCOS
“A única coisa que pôs mais
homens loucos que o amor é o
problema do dinheiro."
Benjamim Disraeli
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Origem histórica da moeda
Secção 2 Tipos de moeda
Secção 3 Funções da moeda
Secção 4 Motivos para procurar moeda
Secção 5 Bancos
Estas e outras perguntas são objecto de estudo desta interessante unidade. Por isso, vai
dai, amigo estudante, que vamos juntos responder as perguntas e desmistificar este
tópico
Estudados que foram os conceitos básicos nos primeiros capítulos desta cadeira. Viram
que o Homem porque incapaz de isoladamente fazer o mundo - de produzir tudo quanto
precisasse para satisfazer as suas necessidades, então se viu compelido a ser gregário.
Nessa perspectiva, o que sucedia na prática é como que cada homem vivesse sob o lema:
trabalhes para mim que eu trabalharei para ti, num clássico exemplo de Robinson e
Sexta-Feira ou ainda, do agricultor pastor e pescador, que entre eles, efectuam permutas
de bens, entregando os que lhes sobram e procurando os que lhes fazem falta.
Para começar, importa recordar, parafraseando Banjamim Disraeli: "A única coisa que
pôs mais homens loucos do que o amor, foi o problema do dinheiro". -Paul
Samuleson in Economia 12ª Edição pág. 323.
O nosso primeiro desafio não é atribuir um juízo de valor à afirmação de Disraeli, antes
pelo contrário, descobrir o seu fundamento.
A fase da troca directa de mercadorias consistiu na permuta de bens por outros bens em
que a aceitabilidade se limitava aos dois intervenientes de troca em presença.
Isso quer dizer que, racionalmente, um indivíduo não poderia trocar mapira com
mapira, pelas razões óbvias: da troca não poderia ter a possibilidade de satisfazer
outras necessidades que aquelas saciadas com a mapira.
Entretanto existem inconvenientes que podem ser atribuídos à troca directa que se
resumem no seguinte:
Percebe-se que este inconveniente consiste em que, no geral, pode existir uma pessoa
interessada a trocar uma gazela por vários cachos de banana. Mas já seria difícil
encontrar uma outra pessoa com interesse, vontade ou desejo exactamente oposto que
quisesse a gazela para entregar as suas bananas. Chama-se à esta situação de dupla
coincidência de vontades ou simplesmente, reciprocidade de necessidades.
Tal reciprocidade é muito pouco provável que parafraseando uma expressão económica
clássica: "em vez de se dar uma dupla coincidência de vontades, dar-se-ia, provavelmente,
uma vontade de coincidências" Paul Samuelson in Economia 12ª Edição pág.325.
Qualquer uma destas moedas mercadoria surgiu de acordo com as condições específicas
de cada lugar no mundo. Entretanto, importa indicar que esta primeira forma de moeda
apresenta vantagens e desvantagens. Detenhamo-nos, por um instante, para ilustrar as
respectivas:
O azeite podia ser uma simpática moeda líquida, mas era um pouco incômoda
para ser transportada no bolso.
Tantos outros exemplos seriam dados para ilustrar algumas das desvantagens que a
primeira forma de moeda tinha no seu manuseamento. É neste âmbito que surge o
inconformismo do homem vendo-se, evolutivamente, obrigado a procurar novas formas
de moeda que ultrapassassem as desvantagens da forma de moeda então vigente.
É nesta perspectiva que até por volta do século XIX a moeda estava limitada aos metais
preciosos, com o surgimento da segunda forma de moeda: a moeda metálica.
Mesmo assim, importa aqui notar que durante muito tempo, este metal foi utilizado
simultaneamente com a prata. A partir da descoberta de mais minas de prata na
América do Sul, situação que fez com que este metal inundasse o mercado europeu e daí
Foi a partir dessa, aparentemente, constatação empírica que Sir Thomas Gresham
elaborou a sua lei, conhecida na literatura económica como LEI DE GRESHAM que
enuncia que "a má moeda, a moeda ruim expulsa a boa moeda da circulação".
Assume-se, neste exemplo, que todos os soldados fumam (aceitabilidade no meio dos
soldados) e não têm contacto com o exterior senão com a Cruz Vermelha Internacional,
organismo doador dos bens alimentares e outros mantimentos, incluindo cigarros. Os
fumadores de cigarros não fazem dieta, pois este bem, subjectivamente e para muitos
fumadores, tem servido de "calmante de nervos, activador de memória e de pensamentos,
ajuda para tomada de grandes decisões, etc", situação que torna o seu consumo
rotineiro, produto que acaba primeiro entre todos (tornando-se raro) e é o que sofre
maior pressão de procura.
Desta forma passam a circular os maus cigarros, enquanto os bons ficam nas mãos dos
seus utentes.
Com este exemplo, muito simples, fica integralmente, demonstrada a lei de Sir Thomas
Gresham.
Constata-se que o transporte do ouro e prata quando fosse em muita quantidade, era
facilmente detectado, o que acarretava sérios riscos de roubos e assaltos. Então os
homens descobrem que criando casas com segurança para guardar o dinheiro daqueles
que tinham poupanças, contra a emissão de um certificado que confirma que o portador
daquele bilhete era possuidor de valores monetários em casa de moeda, era um negócio
rentável cujos serviços eram muito procurados.
Este marco histórico cria mais uma forma de moeda que é a moeda-papel. Estes
certificados na sua primeira forma representavam o ouro e prata guardados em casa de
moeda, isto é, o valor inscrito no certificado correspondia exactamente, as quantidades
de metais depositados nas casas de moeda e que o seu portador podia, a qualquer
momento, reclamar o seu montante em ouro e prata na casa de moeda. Esta é a primeira
apresentação da moeda-papel que é a moeda representativa.
donos de casas de moeda começaram a emitir certificados acima do valor real existente
em depósito, na crença de que seriam igualmente aceites.
Se os certificados eram aceites e estes novos sem contrapartida real em casa de moeda,
então se estava perante a criação de nova moeda com contrapartida parcial, que na
realidade circulava e intermediava trocas na base de "fidus", do latim quer dizer
confiança, fé. Portanto, estamos em presença de outra modalidade que toma a moeda-
papel que é a moeda fiduciária, que não era mais que um processo de multiplicação
dos depósitos na base da confiança e aceitabilidade que os certificados já granjeavam
entre as pessoas, já conhecidas como notas de banco. Começa aqui o processo contínuo
da desmaterialização da moeda.
O excedente (a parte que sempre ficava dos levantamentos dos depositantes) era
utilizado para conceder financiamentos a terceiros mediante pagamento de usura pelos
mutuários que constituía uma grande fonte de acumulação de fortuna pelos donos das
casas de moeda. Esta prática veemente proibida tanto pela Bíblia como pelo Alcorão,
pelo que foi desenvolvida pelos judeus e mais tarde pelos protestantes.
Esta é a forma de moeda que circula em todas as partes e países do mundo segundo a
escolha dos respectivos Estados que garantem a sua estabilidade interna e externa com
políticas apropriadas e o seu curso forçado protegido por lei.
Esta é a moeda considerada moeda e não como mercadoria e como Paul Samuelson
dizia "...é desejada não por si mesma, mas pelas coisas que ela é susceptível de comprar.
Não se deseja utilizar a moeda directamente, mas, sim, utilizá-la gastando-a. Mesmo
quando se decide utilizá-la aforrando-a, o seu valor deriva do facto de a podermos gastar
mais tarde." - Paul Samuelson, in Economia 12ª Edição pág.326.
Não se deseja dinheiro em si porque não tem valor intrínseco, senão pela capacidade de
ser meio de troca, de por meio dele adquirir uma máquina de barbear, uma refeição,
uma consulta médica e outros afins.
Sabe-se que uma das operações mais importantes realizadas pelos bancos é a aceitação
de depósitos do público.
Comecemos com um exemplo simples, um fulano que deposita em banco e na sua conta
dez mil de Meticais. Seguidamente este mesmo indivíduo precisa de efectuar um
pagamento de 3 mil de MT correspondentes a propinas anuais na sua universidade.
No entanto, pode suceder que o estudante saque um cheque a favor da sua faculdade e
esta não precise do dinheiro vivo imediatamente e seja cliente do mesmo banco. Neste
caso, remeterá o cheque ao seu banqueiro mediante depósito na sua conta, naquele
montante.
Outra vantagem adicional por meio de cheque facilmente pode provar a existência da
operação/transacção o que obviamente não pode fazer com recurso ao dinheiro manual
(numerário).
Nos nossos dias, assiste-se a uma evolução bastante gigantesca nas espécies de moeda
disponíveis. Esta evolução e inovação permitem que hoje em dia sejam encontradas
duas formas de moeda associadas ao desenvolvimento tecnológico, fundamentalmente,
no ramo da informática e fedúcia entre os operadores do sistema.
A primeira forma deste tipo de moeda é a moeda electrónica que resulta da utilização
dos cartões informatizados em máquinas postas pelos bancos a disposição dos seus
clientes em lugares fora das suas instalações (centros comerciais, ruas, grandes
paragens de autocarros e caminho de ferro, etc.), que permite a todo o momento o
acesso a sua conta no banco.
Não é intenção deste trabalho que K2se pretende que seja um texto de apoio, ser
acabado, mas sim enunciar aquelas funções que por sua natureza se revelem de
importância conhecer. É evidente que com o desenvolvimento económico novas funções
vão surgindo.
A terceira função é que serve de medida de valor quer dizer que facilita a avaliação, em
termos quantitativos, dos bens produzidos por ser medida de referência.
Ainda, a moeda tem o poder liberatório, uma capacidade reservada a moeda de poder
liquidar todo o tipo de obrigações com terceiros, portanto, capacidade de poder pagar
ou saldar as dívidas.
Outra função desempenhada pela moeda e que se revela de utilidade interessante e que
está associada a trocas creditícias é que a moeda se constitui em padrão de
pagamentos creditícios.
Entre economistas, ainda se considera existir outra função da moeda que se associa ao
seu fetichismo, em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro e marca a
diferença entre os que possuem e não possuidores. Esta é a recente função símbolo de
poder.
Do que foi exposto, entende-se que existe um lado que procura a moeda e outro que
oferece e por entendimento, entre eles, estabelece-se um preço de troca.
Neste quadro, a moeda como outra mercadoria qualquer, tem um lugar, seja ele
económico ou real onde ela é trocada e a este lugar denomina-se mercado monetário,
como existe o mercado do chá, do café, do camarão, do açúcar, etc.
Sistematizando, quer dizer que o mercado monetário é o lugar onde se efectuam trocas
com horizonte temporal reduzido (curto prazo), enquanto, se se tratar de operações de
horizonte temporal mais dilatado (longo prazo), envolvendo activos financeiros,
estaremos na presença do mercado de capitais.
Tal como foi feito nas aulas anteriores, quando estudaram a teoria do mercado, vamos
analisar o lado da procura da moeda, começando por encontrar os factores ou motivos
que conduzem as pessoas a procurarem a moeda?
Várias podem ser as razões que pressionam as pessoas a procurarem moeda. Hoje,
existem diferentes tipos de ofícios cuja motivação está o salário pecuniário, desde o
varredor da rua até aos ilustres senhores com doutos nas diferentes áreas do saber,
passando pelos políticos, músicos e outros.
Antes de responder a questão, talvez fosse útil sistematizar o conceito de moeda como
"um bem que, de modo geral, não tem utilidade em si mesmo, apenas tem utilidade
indirectamente por aquilo que permite adquirir. Mas que satisfaz as funções de unidade de
cálculo, instrumento de trocas, reserva de valor e meio de pagamentos diferidos e goza das
Também pode-se dizer, simplesmente que é para pagar as contas e este motivo está
dependente do rendimento (Y) numa relação directa. Isso quer dizer que quando mais
tiver, mais transacções estará disposto o individuo a efectuar e nada tem a ver com
a taxa de juro.
Para além disto, ninguém sabe do que vai ocorrer no dia seguinte, nos tempos futuros,
portanto existe uma ideia nas pessoas de se precaverem hoje para a incerteza do
amanhã. Neste quadro, tendo a moeda a capacidade de transportar no tempo o seu
valor, portanto a função reserva de valor, as pessoas procuram o dinheiro hoje por
motivo precaucional.
Detenhamo-nos para analisar o conceito das obrigações. Obrigações não são mais nada
que promessas feitas por quem pega/pede emprestado para pagar a quem deve um
certo volume (principal) em uma data específica (data da maturidade da obrigação) e
adicionado a um dado volume de juros por ano.
Portanto, estamos, duma forma geral, na presença de três motivos que levam as pessoas
a procurarem, a todo o custo, a moeda que por um motivo ou outro ou ainda, todos
conjugados.
Concluindo, pode-se afirmar que a procura de moeda depende das seguintes variáveis:
i. Rendimento (Y).
ii. Inflação que é o nível geral de preços
iii. Taxa de juro ou preço da liquidez ou ainda custos de oportunidade.
Se pelo contrário, a procura de moeda for em função das quantidades de bens que uma
determinada quantidade de dinheiro pode comprar, portanto expurgando (retirando) o
factor evolução do preço (inflação) ou sem tomar em consideração ou abstraindo-nos
dos preços, estaremos a falar da procura de moeda real ou procura de moeda por
encaixes reais, que depende exclusivamente do rendimento real e da taxa de juro (Y, i).
Em termos práticos, estamos a dizer que os indivíduos detêm moeda para financiar
as suas despesas que dependem do rendimento. Por sua vez a procura de moeda
depende do custo da sua posse que é o juro que incorre por tal posse ao contrário
do que acontece com os outros activos. Quanto mais alta a taxa de juro mais cara
se torna a moeda em relação aos outros activos.
Onde,
Ld = Procura de moeda
Y = Rendimento
b > 0 = sensibilidade de procura de moeda em relação à variação da taxa de juros
i = níveis de taxas de juro.
Estas variáveis não são as únicas que influenciam a procura de moeda, pois existem
outras, como o próprio quadro institucional quando determina as formas de pagamento.
A procura de moeda para transacções será inferior numa economia que utiliza cartões
de crédito do que numa economia onde predominem meios mais líquidos de
pagamento. Outra variável qualitativa é o nível de desenvolvimento dos meios de
comunicação como o recurso aos correios e efectuar pagamentos com vales de correio e
outras formas de pagamento (Aliás, basta recordar as formas desenvolvidas de moeda
estudadas).
SECÇÃO 5 - BANCOS
Banco Central
Posto isto, em termos práticos, coloca-se-nos uma pergunta óbvia, quem,
efectivamente, oferece dinheiro ao sistema, quem injecta (na óptica de emissão) o
dinheiro na economia? Quem tem esta responsabilidade de dar o que todos, de
diferentes formas e para propósitos vários, procuram?
Importante reter que o Banco Central não se relaciona com o público (singulares e
empresas estatais e privadas). Este papel é reservado às instituições de
intermediação financeira, entre elas, papel importante é desempenhado pelos
Bancos Comerciais e historicamente, os primeiros a surgir, no norte da Itália (Siena
e Florência), zona do Lombard.
A taxa praticada pelos bancos comerciais tanto para operações activas como
passivas, chama-se taxa de juro para crédito e para depósitos respectivamente.
Como preço do dinheiro, teoricamente, quer dizer que quanto maior for a taxa de
juro menor será a procura do moeda e vice-versa, ceteris paribus, a curva de
procura é negativamente inclinada.
Para as instituições financeiras, quanto maior for o preço do dinheiro maior será a
disposição de colocar a moeda à disposição do público (singulares e empresas), as
demais condições constantes, posto que os bancos comerciais funcionam como se
de uma empresa qualquer se tratasse, com o objectivo fundamental de maximizar
lucros, a curva de oferta do crédito é positivamente inclinada.
Isso quer dizer que o Banco Central emite a moeda observando o comportamento
da produção cujos meios de pagamento vão financiar, como se viu através da
identidade contábil ou equação de trocas.
Concluindo, pode-se dizer que a emissão monetária, pelo Banco Central, não
depende do comportamento da taxa de juro, senão de variáveis acima indicadas.
Desta forma, a decisão do Banco Central de emitir ou desemitir mais ou menos é
independente do comportamento da taxa de juro.
O Banco Central relaciona-se com os bancos comerciais e estes por sua vez, com o
público, entre singulares e empresas como ilustra a figura abaixo.
As perguntas que se seguem são como é que os bancos conseguem através das suas
operações, e como que as operações monetárias induzem o sistema bancário a
participar no processo de estabilização económica.
M1 = NMC + DO
M1 + DP = M2
ACTIVIDADE 7: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
5. Dizer que a má moeda expulsa a boa da circulação é o mesmo que dizer que as
pessoas não libertam a boa moeda.
6. Para qualquer coisa ser equivalente geral de trocas deve ter como base o nível de
credibilidade entre as populações.
7. É quase tudo ou nada, mas todo o bem pode ser moeda basta que para tanto as
populações convencionem.
9. Dizer hoje que os bancos centrais não perseguem lucros é uma utopia, como
pagariam salários aos seus trabalhadores, como faria investimentos em
delegações e equipamentos informáticos. Por isso que precisam de lucros sim a
par das funções de lei.
10. A moeda electrónica é prova de que quando há confiança o papel moeda vivo é
dispensável nas transacções.
11. Os bancos comerciais ao darem crédito aos seus clientes estão a criar novo poder
de compra e por isso estão a criar moeda.
12. Os bancos centrais ao serem bancos dos bancos quer dizer que lidam com os
bancos comerciais e não com o público, entre outros argumentos.
II PARTE
Escolha múltipla:
5. Quando se paga um cheque que não tenha dinheiro na conta é como se tivesse
sido dado crédito:
a) Ao sacador do cheque
b) Ao sacado do cheque
c) A ambos (sacado e sacador)
d) Todas as respostas;
e) Nenhuma das respostas.
c) Investimento no país
d) Ambiente de negócios
e) (a) e (b)
f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas.
BIBLIOGRAFIA
Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 8
INFLAÇÃO: UMA ABORDAGEM GERAL
“A inflação constitui hoje um problema
social central. Ultrapassando o económico
invade o político, o ideológico, o psicológico,
o social na sua globalidade.”
Carlos Pimenta
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Conceito de inflação
Secção 2 Teoria Quantitativa da Moeda
Secção 3 Tipos de inflação
Secção 4 Consequências de inflação
Entretanto, creio ter a certeza que já terá ouvido na rua comentários como este e que
quem sabe talvez mesmo saído da boca do amigo estudante:
Poderia comprar mais com o meu salário a dois anos atrás do que posso fazer
hoje;
Os salários sobem pelas escadas enquanto os preços dos produtos sobem pelo
elevador;
Estava melhor antes que hoje;
Agora o dinheiro está a ter valor e muita aceitação.
Não pode ser considerada uma utopia acreditar que nos próximos anos, em
Moçambique entrará explicitamente no léxico eleitoralista ou para justificar a reeleição
por ter baixado a inflação ou ainda para indicar que é a pessoa indicada a ser eleita
para reduzi-la e estabilizá-la.
Ainda mais o sentimento popular é forte contra a erosão do poder de compra da moeda
e com ela o aumento do custo de vida a ponto de exigir, individual ou colectivamente,
que o Governo deve fazer algo para parar ou reverter a situação.
Estamos a chegar ao frequente axioma político de que a inflação é má por isso não
desejável.
Sendo assim, o estudante por meio deste curso, terá a rara oportunidade de ver
discutido o assunto nas aulas de que sugerimos que seja um sujeito participante activo.
Para facilitar a sua compreensão será usada uma linguagem simples quanto possível,
para explicar o conceito, origem e consequências da inflação na economia, mas a partir
da teoria quantitativa da moeda.
Antes de mais importa, vermos afinal que o será INFLAÇÃO, o fenómeno que é
apontado como objectivo de políticas económicas de todas as autoridades.
HARBERRGER dizia que o elemento que provoca inflação é a moeda, pois sem inflação
monetária, dizia ele não haveria inflação que constitui o ingrediente básico.
2) Magnitude de taxa de elevação dos preços: quando podemos nós afirmar que a esta
taxa de facto existe inflação.
SHAPIRO nisso reconhecia, a ambiguidade deste tipo de reflexão, mas afirmava que
elevação apreciável era como sinónimo de considerável ou suficientemente grande.
3) Dimensão do factor tempo: Portanto, não basta subir hoje os preços para no dia
seguinte se manterem a esse mesmo nível pois, para se dizer que existe inflação, é
necessário que essa subida seja persistente, continuada ou programada, portanto, na
tendência altista a persistir por períodos prolongados de tempo.
pão, da gasolina dos automóveis, aumento dos salários, rendas das casas, dos
vestuários dos transportes, das entradas às pistas de dança, dos cigarros etc...)
Caso de estudo
Suponha que a Sra Cristina Raquel é uma mãe solteira do menino Queco Brites. Ela é
uma secretária na importante empresa Tatenda, SA. Usando este caso vamos ilustrar
brevemente a inflação com base no orçamento dela.
A Cristina Raquel recebe 1.000 unidades monetárias desde o ano passado e as gastava
todas no orçamento apresentado na tabela anterior.
Para este ano, alguns preços mudaram (uns aumentando e outros reduzindo) que
culminaram com o aumento da despesa.
Amigo estudante está a notar que a despesa neste aumento com o aumento dos preços
é superior ao salário da Cristina Raquel.
Como o salário da Cristina Raquel não aumentou, logo não pode continuar a comprar as
mesmas quantidades, pois o aumento dos preços reduziu o valor de compra do seu
dinheiro o que a obriga a ter que efectuar ajustamentos que passam por:
Reduzir algumas quantidades e/ou
Cortar, simplesmente, outras despesas.
Pode-se notar que a inflação afecta o poder de compra dos assalariados, reduzindo a
sua qualidade de vida.
Por isso, importa continuarmos esta matéria.
Sobre tais ligações, recomenda-se ao estudante que se recorde ou leia por instante
porque se figura de fundamental importância para a compreensão deste tema, tal como
o foi na percepção das identidades contábeis para o cálculo do produto, nas três
ópticas.
Mesmo assim é preciso ter presente que para a construção do modelo simples de
funcionamento da economia as famílias (que são as unidades de consumo) dispondo de
terras, capital e trabalho, formam e põem empresas a laborar para produzir bens e
serviços para venda no mercado.
Pelo emprego desses três factores de produção, foi dito que as famílias recebiam como
contrapartida, respectivamente, renda, juros/lucros, e salários rendimentos que são
gastos na compra de bens e serviços produzidos pelas empresas.
Foi a partir dessa ideia e dessa constatação, que serviu de base para se elaborar uma
das formulações mais conhecidas na teoria quantitativa que é a equação de FIHSER
(1912) ou também denominada equação de trocas.
Ela enuncia que num sistema económico que se troca n bens e se indica com o p, o
preço desse bem e q, a quantidade trocada ou transaccionada, com i=1,2,3,......n, então o
valor será a soma da multiplicação dos produtos pelos respectivos preços que será
respectivamente verdade, que o valor total dos bens trocados pxq é igual a despesas
monetárias, isto quer dizer que na economia deve existir uma quantidade de meios de
pagamento igual ao valor dos bens por transaccionar.
No entanto, deve-se ter bem presente que uma unidade de moeda, num determinado
período de tempo, pode financiar mais de uma troca de bens, e a quantidade de vezes
que esta unidade monetária financia ou intermedeia trocas denomina-se velocidade de
MV =PT
Esta relação, como foi demonstrado nas aulas, não passa de uma pura identidade
contábil (despesa iguala ao ganho) que relaciona o valor dos bens trocados com a
quantidade de meios de pagamentos que foi necessário utilizar, portanto como
qualquer relação contábil, não pode descrever alguma relação de causalidade entre as
variáveis,
Por essa mesma simplicidade, esta identidade, pode ser manipulada mecanicamente
interpretando o seu significado de maneira diferente afirmando, numa análise de curto
prazo:
Cada uma das afirmações acima é verdadeira desde momento que o vínculo seja
respeitado, porém não é teoria quantitativa da moeda.
Para transformar esta pura identidade contábil em teoria, portanto, numa relação
causa e efeitos, entre as variáveis, são necessárias algumas hipóteses sobre a equação
de Fisher.
a).- V - velocidade de circulação de moeda não varia no curto prazo pois as suas
variações dependem dos métodos de pagamento (semanal ou mensal, cash, cheque ou
transferência bancária), desenvolvimento do sistema financeiro, confiança entre os
agentes económicos, cenário que não se consegue alterar no período de um ano.
b).- T - volume das transacções não variam no curto prazo pois depende da
intensificação da divisão do trabalho, o progresso técnico e a acumulação. Como se
pode depreender num espaço de um ano não são possíveis essas transformações de
tamanha qualidade.
c).- P - nível geral de preços varia no curto prazo, basta recordar-se dos movimentos
dos preços nos mercados da capital durante os três períodos do dia para testemunhar
esta constatação ou aos fins de semana.
A expansão excessiva da oferta monetária resulta da criação do dinheiro novo que pode
decorrer dos seguintes factores.
Nesta situação estamos em presença de inflação de CUSTOS, daqui que a inflação ela se
alimenta a si mesma, através deste jogo: salário alto, sua transferência ao consumidor
pelo preços dos produtos e nova pressão dos sindicatos para aumentar os salários; a
inflação reproduz-se é a chamada propriedade que ela tem de retro-alimentação.
Neste cenário, as empresas em seu esforço para a obtenção de maiores lucros sem que
para isso tenha concorrido a melhoria da sua produtividade, eleva os preços mais do
que suficiente para compensar os custos.
É preciso anotar que existe uma grande dualidade entre uma inflação de salários e de
lucros pois enquanto os trabalhadores querem salários altos (que provoca o aumentos
dos custos das empresas e por sua vez reduz os lucros destas), os donos das empresas
querem aumentar o lucro e fazem-no aumentando o preço do produto. Os dois factores
concorrem para o aumento do preço.
da sua ineficiência provocando assim uma subida de preços. Esta é conhecida como
inflação estrutural.
Aumento do custo de vida dado que os preços crescem mais do que os salários;
O dinheiro perde valor, tal quer dizer que uma unidade monetária hoje, valerá
menos no futuro, o que desencoraja a utilização dessa moeda tanto nas
transacções como para poupanças. Neste caso a inflação funciona como um
imposto para o portador dessa moeda, reduzindo o seu valor;
ACTIVIDADE 8: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Na sua opinião, qual destas duas coisas tem maior efeito sobre o IPC: um
aumento de 10% no preço do frango ou um aumento de 10% no preço do
caviar? Porquê?
4. Suponha que medidas para estimular o consumo de fim de ano sejam tomadas
por uma parceria entre bancos e empresas varejistas (retalhistas): os bancos
facilitariam o acesso ao crédito pessoal e as empresas aumentariam os prazos
de pagamentos. Pergunta-se:
BIBLIOGRAFIA