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UEM-FLCS - Introdução a Economia Resumo de Aulas

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

Resumo de Aulas
de
INTRODUÇÃO A ECONOMIA

DOCENTE: ADELINO JEQUE PIMPÃO

Docente: Adelino Pimpão Pág.1 de 184


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UNIDADE 1
CONCEITOS ESSENCIAIS DA ECONOMIA

“A descoberta da economia foi uma revelação


assombrosa, que apressou em muito a
transformação da sociedade e o estabelecimento
de um sistema de mercado” (Polanyi, 2000:146).

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
 Dominar os conceitos e o seu surgimento na economia;
 Conhecer o método da economia como ciência;
 Distinguir e classificar os diferentes tipos de economia;
 Ter um domínio sobre as necessidades humanas, características e tipificação;
 Conhecer os diferentes problemas da economia e como que o homem ao longo da
história tratou de responder

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Definição de Economia
Secção 2 Modelo e método da Economia
Secção 3 Tipos de Economia
Secção 4 Necessidades humanas
Secção 5 Bens e sua classificação
Secção 6 Problemas da Economia

PARA O INÍCIO DA CONVERSA: PORQUÊ ESTUDAR ECONOMIA?


Todo o estudante de uma determinada disciplina questiona-se sobre as razões que
estarão na origem do estudo de dada matéria, a sua inclusão no currículo do seu
curso. Espero sinceramente, que esta não tenha fugido à curiosidade do amigo

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estudante do primeiro ano, embora questões como estas, penso terem sido
respondidas noutras disciplinas do curso.

Queremos, por isso, aproveitar o ensejo para endereçar os nossos cumprimentos


de boas vindas a este curso.

Como estudantes, cada um terá o seu ponto de vista, suas motivações, suas
inclinações, ansiedades, desejos supremos e que quem sabe, contas pendentes por
resolver, meias palavras por perceber, assuntos por arrumar, a vida por ganhar.

Num país que se pretende plurarista como Moçambique, a adopção de uma


economia de mercado, importa que os alunos se munam de instrumental teórico,
na condição de potenciais eleitores de programas político-económicos e porquê
não vendedores desses mesmos programas, consigam ver e ajuizar qual o melhor e
para tal importa conhecê-los e no mínimo percebê-los; tudo isso tem haver
também com a economia.

A obtenção dos próprios rendimentos e sua utilização ou rendimentos de


encarregados de educação ao longo da vida, assim como as despesas como
consumidores, tem a ver com a economia.

Ainda mais, lê-se em Paul Samuelson "... Quem nunca tenha estudado
sistematicamente a disciplina (economia) estará, certamente, numa posição
desfavorecida. É como um analfabeto que tente ler um poema" Pág.7 in
Economia, 12ª Edição.

O docente espera, francamente, que ao fim do ano encontre na economia um


campo de estudo de grande fascínio. E muito mais que isso, que feitas as contas,

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cheguem a conclusão de ter valido a pena o esforço, a dedicação e muita leitura dos
materiais de apoio e a bibliografia recomendada.

Por isso como diz Paul Samuelson e porquê não repeti-lo aqui e agora: BOM
APETITE!

SECÇÃO 1 - DEFINIÇÃO DE ECONOMIA


Relacionado ao anterior ponto, resta-nos discutir afinal o que será a economia,
esse campo que se pretende de fascino, a considerada rainha das ciências sociais.

A palavra economia é uma aquisição do grego que aglutina as palavras oiko (casa)
e nomie (governo), melhor dito, governo da casa.

Como se pode constatar, a economia como ciência social, apareceu com o tempo e
com os homens e para estes servir, meio que as pessoas utilizam para governar as
suas casas e latus sensus, as suas propriedades. Desta forma, a maneira de ver
quanto tenho de gado bovino ou caprino, quantas culturas agrícolas a praticar e em
que terras, quantas ficam de barbecho, que método empregar, qual a finalidade do
fruto do trabalho, e, uma grande lista de preocupações em volta do governo de
propriedade se enquadra no conceito de economia. Como se pode depreender, são
preocupações que se arrastam até aos nossos dias e que mudam simplesmente de
roupagem e/ou sofisticação porque assim as realidades ao longo do tempo o
ditaram.

Certamente que será esta a base de constatação de alguns autores, ao admitirem


que o problema económico foi sempre o mesmo no tempo, o que sempre mudou
foram as circunstâncias e o grau de complexidade da sua colocação e alternativas
de solução. Assim foi-se apresentando aos Homens e deles exigindo maior
apetrechamento técnico-científico na busca de melhores respostas.

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Este apontamento não serve para levantar polémica, mas provar que a
preocupação de governar a propriedade é antiga e mesmo assim bastante actual.

Entretanto, a pergunta continua, o que será então Economia?

Não obstante a antiguidade anunciada, a economia como uma disciplina académica


tem um pouco mais de dois séculos, a partir da obra imortal do escocês Adam
Smith, publicada em 1776, intitulada A Riqueza das Nações.

Mesmo assim, ao longo dos dois séculos, não tem sido fácil, encontrar unanimidade
no seio dos economistas, naquilo que pode ser considerada como a definição da
Economia.

Para ilustração dessa multiplicidade de maneiras de ver a Economia pelos


diferentes autores e através dos tempos, segue-se uma pequena lista de definições:

Comecemos por ver o que o próprio Adam Smith definia a


Economia como: - "A economia estuda a origem e as causas
da riqueza das nações"

Depois John Stuart Mill:-"A economia é uma ciência


empírica que estuda a produção e a distribuição da riqueza "

Arthur Cecil Pigou:- " A economia tem por objectivo os


preços e as leis do mercado"

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Alfred Marshall "A economia estuda os assuntos correntes da vida e do bem-estar


social"

Esta pequena lista podia ser alargada por mais páginas, mais autores, e mais
definições.

A pergunta lógica a acompanhar toda esta lista, seria, porquê temos tantas
definições?

Por muito simples que pareça, a disciplina cobre tantos assuntos que evoluem tão
depressa, uma realidade económica em permanente mutação.

Não obstante, os economistas nos nossos dias são menos discordantes para uma
definição que aparece no livro Economia, edição 12, de Paul Samuelson.

A Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar


recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas para produzir
bens variados e para os distribuir para o consumo, agora ou no futuro.

Como se pode depreender, a economia aborda sobre a


escassez, aliás esta é a essência da sua existência como
ciência. Note-se a palavra escassez é utilizada aqui num
sentido especial: refere-se ao facto de que dadas as
necessidades de uma sociedade num determinado
momento, os meios disponíveis para satisfazê-las são
insuficientes.

Se todas as necessidades não podem ser completamente satisfeitas, então escolhas


terão que ser feitas na perspectiva de quais delas serão satisfeitas e em que

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magnitude. Ipso facto, dizer que a economia tem a ver com a escassez, é o mesmo
que dizer que também tem a ver com a escolha.

Detenhamo-nos por instante, para analisar com pormenor, o que se quer dizer por
escassez, necessidades e escolhas.

O problema da escassez refere-se a:

 Decisão sobre como é que os recursos disponíveis devem/deverão ser


usados; que tipo de bens e serviços devem ser produzidos e a que
quantidade;

 Decisão sobre como que produto deverá ser distribuído na sociedade;

 Certeza sobre se todos os recursos disponíveis estão a ser utilizados


produtivamente, isto é, não sejam ociosos;

 Decisão sobre como manter recursos para o futuro que é o mesmo que
decidir sobre a produção presente e futura.

O conceito de necessidades está ligado ao facto de cada indivíduo na sociedade,


desejar um misto de bens e serviços desde os básicos (comida, roupa, casa) ao
transporte, educação, recreação e muito mais.

Foi a respeito disso que o pai da Economia, Adam Smith, no seu livro a Riqueza das
Nações, escreveu que todo o comportamento económico pode ser entendido como
uma perseguição racional do interesse individual (próprio). Isto é, que cada
pessoa quer fazer tão bem quanto possível com vista a satisfazer a maior
quantidade possível das suas necessidades (desejos, vontades, caprichos, sonhos).

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Contudo, existe um limite até ao qual o interesse individual pode ser levado as suas
consequências; é o problema da disponibilidade limitada de recursos de terra,
capital, trabalho e tecnologia que a partir dos quais se produzem bens e serviços
numa determinada sociedade. Esta situação conduz-nos a imperiosa situação de
ter que efectuar escolhas.

Para cada pessoa numa sociedade, ter mais de um bem ou serviço, implica ter
menos de outro bem ou serviço ou outra pessoa ter menos desse mesmo bem ou
serviço.

Falar sobre escassez, necessidades e escolha como conceitos é por outras palavras
fazer uma aplicação dos mesmos à sociedade como um todo. De facto, eles são mais
do que foi aqui abordado e aplicam-se igualmente para cada agente económico na
sociedade (indivíduos, empresas, famílias, governos, cooperativas, sindicatos ou
outras organizações)

SECÇÃO 2- MODELO E MÉTODO DA ECONOMIA


Importa, antes de manipular a ferramenta a utilizar, ter-se a certeza que se tem
conhecimento dela. Então, o método de qualquer que seja a ciência não será mais
que a forma sistematizada e coerente de se conseguir o conhecimento sobre o objecto
em estudo.

A Economia caracteriza-se por ter um método próprio, diferente de outras ciências


que pode ser resumido com o esquema em anexo.

Vimos que a Economia é uma ciência que estuda a forma como os homens e a
sociedade (esses são a realidade que é objecto de estudo da economia e é sobre ela

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que recaiem as observações sistemáticas), apreendendo elementos de ligação mais


regulares e mais gerais. Está visto que a economia parte da realidade para a tornar
compreensível (inteligível) no âmbito económico. Esta realidade compõe-se das
seguintes partes:

1. ELEMENTOS:- componentes mais simples ou partes do todo, por exemplo:


Governo, família, Empresas, etc.

2. PROCESSOS: relações permanentes entre os elementos que se desenvolve


no tempo, por exemplo, o consumo e o rendimento, preço e as quantidades
vendidas ou procuradas no mercado.

3. FENÓMENOS: são as manifestações dos processos, portanto, a reacção dos


processos resultante do seu relacionamento, pode ser apontado como
exemplo, a subida dos preços, escassez de bens no mercado, desemprego,
etc.

OBSERVAÇÃO PERMANENTE DA REALIDADE


A observação da realidade faz-se através de inquéritos, sondagens, recolha de
dados do comportamento das unidades económicas através dos quais tenta-se
descobrir regularidades.

Tanto processo como fenómenos se desenvolvem no tempo, então a ciência


económica precisa de constante actualização do seu instrumento teórico o que
obriga a observação constante no tempo.

IMPORTANTE:- Na Economia é impraticável o método da experimentação,


permanecendo como ciência da observação.

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INDUÇÃO

É um processo de generalização de factos na base do


conhecimento exacto da realidade, portanto é a partir da
observação da realidade que desenvolvemos o método indutivo
(tirar teorias, princípios, etc...)

DEDUÇÃO
É um processo apriorístico, feito antecipadamente, partindo de suposições ou
hipóteses do conhecimento de certos aspectos da realidade, levanta hipótese sobre
o comportamento de factos não conhecidos sem que se tenha efectuado um estudo
de campo sobre o assunto.

E a partir dos dois métodos formulamos princípios, leis, teorias, categorias e


modelos que interpretam a realidade. Estes conhecimentos devem ser
sistematizados e ordenados para discernir a sua relação de dependência,
causalidade. Como estão sujeitos a mudança, historicamente, devemos definir o
seu âmbito de validade.

CONCRETIZAÇÃO PROGRESSIVA
É a sequência natural do processo de abstração. Testa-se a validade teórica e assim
se estabelecem novos conceitos e leis, mesmo que sejam de validade restrita.

Todas as conclusões a que se chega devem ser comprovadas, seu objecto de


estudo. Desse confronto nasce a actualização, a validação ou rejeição.

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CONCLUSÃO:-Todo o processo de investigação económica é cíclico: repete-se o


ciclo integrando e/ou rejeitando teorias.

Pode-se depreender que as teorias económicas são desenvolvidas construindo e


testando os modelos.

Por exemplo, nós podemos construir um modelo do comportamento da poupança


financeira privada e então testar com recurso aos dados empíricos para avaliar se
o modelo funciona.

Assim, também se pode dizer que o modelo económico é a representação do


mundo real, pelo que é uma abstração, não contendo toda a complexidade do
mundo real.

Os modelos dão, de uma forma simplificada, como algumas partes da economia


funcionam. Um exemplo simples é pensar numa maqueta dum prédio, não nos dá a
complexidade das ligações eléctricas, canalização e outros detalhes só possíveis na
realidade.

Assim, um modelo económico é como uma maqueta de um prédio, pode ser rústico
como sofisticado. A chave para o sucesso do modelo económico é poder explicar e
permitir ao leitor perceber o comportamento económico assim como efectuar
previsões relevantes e úteis sobre o mundo real.

Será que as previsões do modelo sobre as escolhas económicas indicam


exactamente o que acontece no mundo real?

O modelo económico é composto por assumpções ou hipóteses e variáveis


económicas. As assumpções são tidas como hipóteses de comportamento sobre a

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maneira como os agentes económicos numa determinada sociedade são motivados


e como reagem.

Uma hipótese que se assume é que todas as firmas visam maximizar o lucro. Assim
o modelo explica, nessa base, como é que as decisões são tomadas relativamente
ao preço e quantidades produzidas.

As variáveis económicas são as quantidades mensuráveis do modelo tais como


preço, produto, emprego, poupança, rendimento, etc.

As variáveis dependentes são aquelas que o modelo económico pretende


explicar, por exemplo, poupança ou a procura por dinheiro. Também são
denominadas, variáveis explicadas.

As variáveis independentes são aquelas que afectam ou explicam o


comportamento da variável dependente. Também conhecidas como variável
explicativa. No caso do comportamento da poupança a variável independente pode
ser o rendimento, as despesas em bens e serviços e a taxa de juro.

O modelo económico indica uma função que estabelece uma relação entre uma ou mais
variáveis independentes de um lado e a variável dependente de outro lado.

O que os economistas fazem quando um modelo não explica o que acontece no


mundo real?

Depende da situação do modelo, por vezes, o modelo pode ser melhorado com
alteração das assumpções. Vezes há em que modelo não melhora e é rejeitado.
Aliás, esta é a história económica com teorias e modelos que novos vão aparecendo
em substituição dos antigos com a mudança da realidade.

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É preciso ter em mente que existem diferentes tipos de modelos económicos e


teorias que são estudados na micro e macroeconomia.

Esta situação levanta as seguintes perguntas:

 Se são muitas teorias e modelos qual deles é o verdadeiro?

 Qual é o verdadeiro que deverá ser estudado e qual não se considera


verdadeiro que deverá ser rejeitado?

De facto, segundo Alison Johnson em Introdução a Microeconomia, alguns modelos


são mais verdadeiros que outros, mas penso que a melhor maneira de estudar é
examinar cada modelo e analisar as suas virtudes e fraquezas. Para tal será
necessário analisar os factos criticamente.

SECÇÃO 3 - TIPOS DE ECONOMIA


Uma das diferenças centrais da economia é entre as apreciações de carácter
valorativo e as de carácter facultativo dos processos económicos.

A partir do exposto acima, chegamos a distinguir dentro da economia como


ciência:- economia positiva e a economia normativa.

Entende-se por economia positiva, aquela que se preocupa com a simples


descrição de factos circunstanciais e relações da realidade constituída por homens
vivendo na sociedade. Por exemplo: Qual é a taxa de desemprego em Moçambique,
como é que o aumento dos preços de pão afectará o seu consumo. Refere a factos

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que podem ser fáceis ou ainda complicados, mas todos eles se situam na esfera da
economia positiva.

A economia positiva tem a ver com as explicações e previsões. Perguntas positivas


começam com o que é? Ou o que são? O que será?

Análise positiva cuida do mundo como ele é, ou pergunta que efeito terá em levar a
cabo uma política específica sobre um determinado fenómeno.

Ao passo que a economia normativa, como seu nome sugere, envolve julgamentos
éticos e valorativos como tolerados. Deverão os impostos afectar mais os ricos para
ajudar os pobres?

Na economia normativa encontramos aspectos que tem implícitos valores


profundamente enraizados ou julgamentos da natureza moral.

Aqui encontramos uma intervenção forte das opções políticas para dar solução a
estes problemas.

As perguntas normativas lidam com o que deveria ser? E as análises normativas


vão mais para além da explicação e previsão e procuram um julgamento na forma
qual é o melhor?

Então, que tipos de teorias e modelos económicos são estudados em Economia?

Muitas teorias e modelos económicos caem em uma das seguintes categorias:


Microeconomia e Macroeconomia.

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A Microeconomia, grosso modo, é o estudo dos princípios que os economistas


usam para modelar o comportamento individual das unidades económicas tais
como consumidores e produtores e a sua relação. Os assuntos cobertos pelo
Microeconomia são:

 Teoria do Consumidor;

 Teoria do Produtor;

 Estrutura de mercado competitivo e não-competitivo;

 O mercado dos factores de produção;

 Falhas do mercado

 Afectação dos recursos.

Embora o prefixo micro seja derivado do grego que quer dizer pequeno, algumas
das unidades económicas estudadas são de facto muito grandes em volume de
negócios e prestígio internacionais, por exemplo a Microsoft, a General Motors,
General Electrics, Toyota, Mitsubishi, Sony, Nokia, De Beers, etc.

Por exemplo, os economistas utilizam a microeconomia para estudar o


comportamento de um consumidor individual, assim como o comportamento de
uma firma actuando na condição de monopólio e os produtores de um cartel.

Por seu turno a Macroeconomia compreende o estudo dos princípios que os


economistas utilizam para modelar a economia como um todo. Tópicos versados
na macroeconomia são, entre outros, os seguintes:

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 Contabilidade do rendimento nacional;

 A Balança de Pagamentos;

 A relação entre a moeda e o mercado de bens;

 Os modelos clássico, Keynesiano e monetarista do mercado;

 Políticas monetária e fiscal;

 Inflação;

 Emprego; e

 Crescimento económico.

Por outras palavras, a macroeconomia estuda como que os grupos económicos


(consumidores, produtores e governo) interagem; também a macroeconomia
inclui o estudo do papel da moeda no funcionamento da economia de mercado.

Não há conflito entre esses dois ramos da economia. É a ênfase que delineada se
reflecte nas assumpções que sublinham o aspecto micro ou macroeconómico.

O lado microeconómico focaliza a análise e a determinação dos preços e a


afectação dos recursos escassos entre os seus diferentes usos alternativos
assumindo que o total de recursos é dado; enquanto o macroeconómico é o seu
aspecto mais abrangente, mais lato que é determinado.

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SECÇÃO 4 - NECESSIDADES HUMANAS

Caro estudante, agora vamos estudar as necessidades humanas? Sede, fome, nudez,
falta de habitação, etc. O que terão em comum?

A actividade económica assenta nas necessidades definidas de desejos de dispor de


um meio (bens e serviços), para acabar ou diminuir uma sensação desagradável ou
aumentar uma sensação agradável. São, portanto, as diferentes espécies de
necessidades que fazem surgir a actividade económica (produção de bens e
serviços) uma vez que a natureza não oferece espontaneamente toda a possibilidade
de satisfazê-las sem esforço do próprio homem.

O homem, em cada momento, é forçado a encontrar um certo tipo de bens que


satisfaçam as suas necessidades. A vontade de satisfazer tais necessidades é que o
obrigam a trabalhar para produzir bens e serviços.

Os indivíduos para se manterem vivos precisam de se alimentar, vestir, de se


defender, viver em sociedade, etc. Então quando eles não têm tais bens sentem
algumas sensações desagradáveis e assim são compelidos a procurar formas para
supri-las ou então atenuá-las. A essas sensações se designam por necessidades.

As necessidades, além de serem infinitas, são múltiplas e evidentemente muito


diferentes. Da sua diversidade resulta pois a sua classificação. Existem na verdade
várias abordagens sobre como agrupar e ou classificar os diferentes tipos de
necessidades. Contudo, Julgamos que a classificação proposta por «Maslow» pode
explicar e servir de base de entendimento acerca desta matéria. Portanto, de acordo
com «Maslow» as necessidades dividem-se em 5 níveis, da base para o topo:

 Necessidades fisiológicas referem se a alimentação, abrigo, repouso, ar etc;

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 Necessidades de segurança dizem respeito à protecção contra o perigo ou


privação, ou seja, contra a violência, a doença, a guerra, a pobreza, etc;

 Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos grupos, a
aceitação e aprovação pelos outros;

 Necessidades de estima englobam a reputação, o reconhecimento, auto-


respeito, admiração;

 Necessidades de auto-realização referem-se à realização do potencial de cada


indivíduo, à utilização plena dos seus talentos.

Sendo diferentes e variadas as necessidades, pela sua diversidade resultam as que


são classificáveis pela sua origem em dois tipos:

a) Biológicas, as que derivam da natureza do corpo humano (ex: necessidade de


alimentação mínima para sobreviver, sede, protecção relativamente aos fenómenos
naturais, etc). A decisão de satisfação deste tipo de necessidades não deriva da
<consciência> do homem, é uma decisão forçada pelas exigências do próprio corpo
humano.

b) Condicionadas, são as originadas pelos prazeres anteriormente sentidos ou


vívidos, experimentados. (ex: para quem já esteve em Paris de férias desejará voltar
novamente para lá, nas próximas férias). Ou então por prazer ainda não vividos, mas
já ouvidos, criando assim um certo interesse de experimentá-las também. Derivam
as consciências do próprio homem.

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As curiosidades, a esperança de obter um certo objectivo ou bem, cria aquilo que se


pode denominar de necessidades condicionadas.

Tem sempre havido algumas discussões sobre aquilo que são consideradas de
necessidades fundamentais e de luxo ou supérfluas, porém, tais distinções contêm
um juízo de ordem pessoal e moral para cada tipo de indivíduo, mas também se
reconhece um lado objectivo que é o grau de crescimento e desenvolvimento de uma
determinada economia.

Notemos, por exemplo, numa determinada economia, uma viatura pode ser um bem
de luxo enquanto para uma outra, a mesma necessidade é fundamental. Um televisor
pode ser luxo para outra é fundamental. A necessidade de ter um telefone em casa
para algumas sociedades é uma necessidade primária para outras é luxo até demais.

É importante notar que alguns autores defendem que a capacidade que uma
determinada economia tem de ir satisfazendo as necessidades dos seus habitantes,
determina o grau e consideração do tipo de necessidades.

2) Quanto a importância, classificam-se em:


a) Primárias são aquelas cuja satisfação deverá ocorrer imediatamente, não
podendo ser adiadas por muito tempo sob o risco de perder a vida. A satisfação
destas necessidades é de carácter prioritário e estão associadas as necessidades de
origem biológica; e,

b) Secundárias são aquelas cuja satisfação pode ser adiada por algum tempo,
podendo ser satisfeita num plano secundário.

O homem nunca é capaz de satisfazer completamente as suas necessidades, pois, a


satisfação de uma, cria outra necessidade, tornando-as infinitas no tempo. Quando

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ele satisfaz uma dada necessidade, surge imediatamente uma outra, dai se afirme
que a satisfação de uma necessidade ou de um desejo não é mais do que um passo
em direcção a nova necessidade.

(3) Quanto ao número de indivíduo que as sentem:


a) Sendo individuais as sentidas somente por uma pessoa e em separado, não
implicando necessariamente que as outras pessoas estejam a sentir o mesmo. Cada
indivíduo tem necessidades próprias, geralmente não há, necessidades exactamente
iguais entre os indivíduos. Cada indivíduo tem sua escala de preferência, e é a partir
desta, que cada qual efectua a sua escolha de bens para a respectiva satisfação.

b) As Colectivas são sentidas por um certo grupo, por uma família, ou por mais de
uma pessoa. São o caso da falta das chuvas para camponeses. É verdade que elas
correspondem as procuras ou desejos de diferentes pessoas, só que elas são sentidas
por um grupo ou então em colectividade e em simultâneo, como é o exemplo de
quando as donas de casa vão fazer as compras para a família, estas não as fazem
segundo as suas escalas de preferências mas sim aquilo que consideram ser as
necessidades de toda a sua família.

4) Quanto ao custo estas dividem-se em:

a) Económicos, aquelas cuja satisfação exige algum custo financeiro (vestuário, pão,
transporte etc), ou seja as que os meios para a satisfação deverão ser adquiridos no
mercado pois, detém algum valor de troca; e

b) Não económicas são aquelas que podem ser satisfeitas sem incorrer em custo
nenhum, como é o caso de cansaço satisfeito com o sono, necessidade de respiração,
etc.

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Resumidamente, pode-se dizer que as necessidades apresentam, entre outras, as


seguintes características:

As necessidades representam um estado de carência, significando que somente se


sente uma necessidade quando se tem uma sensação de carência do bem ou serviço.
Perante um consumo contínuo de um certo bem se torna impossível sentir as
necessidades do mesmo bem, antes pelo contrário, as pessoas procuram deixá-lo
passando a preferir outro bem de que se dispõe no momento, pelo que são
saciáveis.

São também acompanhadas, pois, para qualquer que se seja a necessidade existe
sempre algum meio ou forma de satisfaze-la, pelo que cada necessidade é
acompanhada por um meio para a sua satisfação. Porém, o alcance de tal meio
depende do poder económico e financeiro de cada indivíduo.

O sentimento de que as necessidades variam de pessoa para pessoa, pois o que é


básico para uns, pode não o ser para outros, logo, as necessidades assumem a
característica de serem relativas.

A forma como sentimento se manifesta é diferente de pessoa para pessoa. Pode-se


também sentir várias necessidades em simultâneo, daí que elas são múltiplas, isto
porque são ilimitadas em número.

A cada momento do desenvolvimento manifestam-se novas necessidades que não


existiam anteriormente, consciente ou mesmo inconscientemente. As necessidades
supérfluas de ontem tornam-se, muitas vezes, hoje fundamentais.

A diminuição de uma necessidade à medida que esta vai sendo satisfeita é objecto de
uma “lei” chamada “lei da saturação das necessidades”- é a lei económica segundo a

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qual à medida que uma necessidade é satisfeita, diminui progressivamente até tornar –
se nula.

O decréscimo do prazer a cada nova satisfação ou saturação pela repetição torna-se


também objecto de uma ‘lei’ chamada “lei da repetição”.

SECÇÃO 5 - BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO


Bens são tudo aquilo que satisfaz uma certa necessidade humana, seja ela sentida
individual ou colectivamente. Todos os bens são de natureza material isto é, tem uma
forma física, daí que é possível palpa-las e vê-los.

Os bens podem resultar do trabalho humano, através da transformação dos recursos


naturais atribuindo-lhes a forma que o próprio homem deseja. A estes se designam
de Bens Económicos. Então bem económico é o que nasce de um esforço do próprio
homem para a satisfação de uma necessidade. Geralmente os bens económicos têm
um preço, e estão em quantidades muito limitadas.

A existência de um bem económico pressupõe, portanto, as condições seguintes:

1. A existência de uma necessidade

2. Haver um meio para satisfazer tal necessidade

3. A necessidade de um esforço, de um custo de produção despendido pelo


homem.

São exemplos dos bens económicos: o vestuário, o pão, o calçado, o caderno, a


esferográfica, a borracha, etc.

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Existem outros tipos de bens que mesmo sem a sua transformação pelo homem,
satisfazem uma necessidade, estes designam-se por Bens Livres. Para sua
existência, não se incorre em custos nem esforços, eles já existem, foram criados
pela natureza não foi o homem quem os colocou a sua disposição. São exemplo, a
água do mar, a terra, o ar, etc.

Tanto os bens económicos como os livres podem ser classificados quanto a sua
durabilidade em duradouros, que são aqueles que podem ser usados mais de uma
vez. Ex. de bens económicos ( a máquina, a esferográfica, etc), ex de bens livres (a
terra, as pedras, etc).

E em não duradouros, que são os que usados uma vez, não é possível voltar a usa-
los. Exemplo de bens económicos (Pão, o arroz, etc), exemplo de bens livres (folhas
das árvores, etc).

Classificação dos Bens Económicos

Os bens económicos podem ser classificáveis:

(a) Quanto a sua função, em:


Bens de consumo, aqueles que se destinam a satisfazer duma forma directa e
imediata de uma certa necessidade (pão, vestuário), estes bens são considerados de
vitais e de utilização directa, e,

Bens de capital, que são os que se destinam a serem utilizados na produção de


outros bens, ou para gerar outros bens. Também são conhecidos de bens indirectos,
isto porque são os que satisfazem necessidades humanas indirectamente como bens

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necessários ao homem. Freqüentemente, se refere aos bens usados para produzir os


bens de consumo (ex: equipamento, máquinas, edifícios, matérias-primas, etc).

(b) Quanto a sua relação na satisfação da necessidade dividem-se em:


Bens sucedâneos ou substitutos satisfazem as mesmas necessidades, não bens
que tem mais ou menos a mesma utilização, ou seja, chamam-se bens substitutos
aqueles que se excluem mutuamente. Existem substitutos perfeitos ou puros, onde o
grau de satisfação é praticamente igual (Carne de galinha, e carne de pato ou de
vaca, etc), e os substitutos imperfeitos que também satisfazem a mesma
necessidade, mas com uma magnitude muito diferente (Fanta, por sumo loumar), e,

Bens Complementares aqueles que para a satisfação completa de uma certa


necessidade exigem que sejam utilizados ao mesmo tempo. Este tipo de bens
distingue-se pelo facto de que a utilização de um se processa em simultâneo com um
outro.Existe um grau de dependência entre ambos. Ex, Sabão e água, carro e pneus,
chá e açúcar, sapatos e atadores, calças e cinto, etc.

SECÇÃO 6 - PROBLEMAS DA ECONOMIA


Vimos que as pessoas dispõem de reduzidos meios para satisfazer as inúmeras
necessidades do seu quotidiano. Por essa razão são compelidas a terem que
efectuar escolhas o que implica ter que decidir sobre o uso alternativo dos
recursos e como afectar a produto entre os diferentes membros de uma
sociedade.

Portanto, entre outras, há cinco escolhas fundamentais que são feitas:

1.Que bem/serviço será produzido e em que quantidade

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Este problema tem a ver com a composição da produção final. A sociedade deve
definir que bem a produzir qual a renunciar. Depois de identificados os bens a
produzir a comunidade deve, por sua vez, a quantidade dos bens a produzir. Na
realidade é difícil encontrar uma decisão de natureza tudo ou nada.
Normalmente decisões de mais deste e pouco daquele, são as mais comuns.

2.Como serão produzidos os bens e serviços escolhidos


A maioria pode ser produzida com recurso a uma variedade de métodos. Por
exemplo, o milho pode ser produzido com uso intensivo em mão-de-obra e menos
capital ou com mais capital e menos força de trabalho. Aplicações eléctricas
podem ser usadas para mover máquinas complexas na produção com poucos
trabalhadores ou técnicamente pouco dotados.

Os métodos de produção podem ser distinguidos um de outro pela diferença na


quantidade de recursos utilizados na produção. Em economia diz intensivo em
capital ou intensivo em mão-de-obra ou trabalho para distinguí-los.

3.Como serão distribuídos os bens e serviços produzidos (Para quem serão


produzidos?)
A produção total terá que ser partilhada por todos membros da sociedade. O
sistema económico determina o tamanho relativo de porção da produção para
cada família. Deverão todos ter partes iguais? A divisão deverá ser proporcional a
contribuição de cada um na produção? Deverá ser o produto distribuído de
acordo com a capacidade de cada um poder pagar o preço de custo? Ou de acordo
com as tradições e costumes?

Esses problemas são comuns a todas as sociedades, independentemente do seu


nível de desenvolvimento. Mas a maneira de como solucionar é que varia de
sociedade para sociedade.

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4.Quando serão produzidos e distribuídos os bens e serviços


Na verdade, ao falar do custo de oportunidade que se incorre na escolha de uma
opção de um bem, está-se a falar também da oportunidade em matéria de tempo
de quando fazer alguma coisa. É resposta a pergunta, será que o problema terá
maturado o suficiente para ter uma solução?

Portanto não basta identificar o que produzir e para quem, mas acima de tudo
saber responder se aquele é o momento correcto para se fazer essa produção.

5.Com que produzir?


Outra pergunta fundamental colocada a economia é com que meios produzir um
determinado bem e serviço. Quando no país se diz “usar soluções locais para
problemas locais”, se está, justamente, a tentar o ultrapassar o problema com que
meios produzir.

ACTIVIDADE 1: AUTO-AVALIAÇÃO

Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte


Leia com atenção os enunciados e responda as questões.

Diga de Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as seguintes afirmações.

a) Não seriamos obrigados a efectuar escolhas se os recursos não tivessem uso


alternativo;

b) O conceito de economia pode estar associado a escassez de recursos,


necessidades ilimitadas e escolha no tempo.

c) A escassez vai acabar a medida que o mundo for rico.

d) O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que
efectuar escolhas.

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e) Os problemas da economia foram sempre os mesmos ao longo do tempo, o que


foi mudando é a resposta que o Homem foi dado com o nível de desenvolvimento
e progresso tecnológico.

f) Escassez é um conceito relativo e está sempre presente, mesmo quando os


recursos materiais são abundantes.

g) A escassez é uma faceta de todas as sociedades desde os países ricos aos países
pobres.

h) A capacidade de um país de produzir mais bens e serviços de todo o tipo


depende das mudanças no que respeita ao aumento da força de trabalho,
aumento no stock de capital e do conhecimento técnico.

i) A economia positiva tem a ver com afirmações que podem ser verdadeiras ou
falsas onde a palavra “verdadeiro” significa “consistência com os factos.”

j) A economia normativa não pode ser verificada olhando para os factos mas
exprime pontos de vista do que pode ser bom ou mau ou ainda, certo ou errado.

k) O mecanismo de mão invisível não funciona quando benefícios e custos


importantes não recaem sobre pessoas que não os próprios decisores.

BIBLIOGRAFIA
 Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
 Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
 Das Neves, J C. Introdução a Economia
 Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
 Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
 Miller, R. Microeconomia
 Vasconcelos, M. Economia Básica

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UNIDADE 2
POSSIBILIDADES PRODUTIVAS E CUSTO DE OPORTUNIDADE

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM
 Compreender as potencialidades e limitações da economia;
 Dominar o conceito de escassez de recursos e sua consequência na decisão de
produção;
 Conhecer as possibilidades produtivas de economia dada a dotação de recursos;
 Ser capaz de explicar o conceito de custo de oportunidade e o seu efeito na
economia;
 Diferenciar os sistemas económicos em função das suas características.

PARA O INICIO DA CONVERSA


O amigo estudante sabe qual é o sistema económico vigente em Moçambique?
Por acaso saberá quais são as consequências de termos que efectuar escolha perante uma
plêiade de opções?
Já ouviu falar de mão invisível?
Sabia que uma economia em função dos recursos tem disponível tem capacidade
potencialidades e limitações?
Então caro estudante, são estes e outros assuntos que vamos abordar nesta unidade e por
isso vamos estudar.

2.1.-ESCASSEZ
GF Stanlake disse no seu livro Introductory Economics "A Economia diz respeito a
satisfação das necessidades materiais". pág. 2, 5ª Edição.

É importante que haja clareza relativamente a este assunto. São as necessidades


que aparecem como o móbil da actividade económica. Nas sociedades modernas e

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monetarizadas, todos trabalhamos para obter um rendimento que nos


possibilitará à aquisição do que precisamos.

Se os recursos disponíveis para satisfazer as necessidades são insuficientes, então,


diz-se que tais recursos são escassos. Como se pode depreender, a escassez é um
conceito relativo e tem a ver com a magnitude das necessidades das pessoas e a
capacidade dos recursos disponíveis em poder satisfazer tais necessidades.

Contudo, importa indicar que nem as necessidades das pessoas e nem as


capacidades de satisfazê-las são constantes. O potencial produtivo expande-se
continuamente, assim como as necessidades.

Neste quadro, constata-se que as necessidades são uma característica inerente a


todas as sociedades e em todos os tempos, das mais ricas às mais pobres, das de
pequena dimensão territorial às de grande.

De facto e finalmente encontramo-nos numa situação de escassez. Não podemos


ter tudo o que queremos. Os recursos disponíveis para satisfazer as nossas
necessidades são, em qualquer momento, limitados e em contrapartida as nossas
necessidades aparecem ilimitadas no tempo.

Os bens e serviços produzidos são escassos face à natureza ilimitada das


necessidades humanas. Ou seja, os bens e serviços são produzidos com a
utilização de factores de produção que existem em quantidades limitadas. Por
outro lado, destinam-se a satisfazer necessidades virtualmente ilimitadas.
Assim, recursos limitados e necessidades ilimitadas em conjunto conferem a
característica de escassez aos bens económicos.

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Este cenário conduz-nos a uma posição que somos compelidos a efectuar escolhas.
Nós podemos ter mais do bem X pela via de ter menos do bem Y. O nosso
rendimento é insuficiente para comprar tudo o que gostaríamos de ter.

Uma pessoa singular com rendimentos limitados e uma gama ilimitada de


necessidades, se verá obrigada a ter que efectuar um exercício de escolha, quando
quiser gastar aquele rendimento ganho. E a sociedade como um todo, enfrenta o
mesmo problema.

Existe um limite de capacidade produtiva de um país, porque a disponibilidade de


oferta de terras, fábrica, máquinas, força de trabalho e outros recursos produtivos
são igualmente limitados.

Os recursos de uma sociedade consistem de: (i) dotações naturais tais como
terra, florestas e minérios; (ii) dotações humanas (físicas e mentais); (iii) meios
técnicos e físicos de produção tais como máquinas e instalações. A estes
recursos é atribuído o nome de factores de produção, uma vez que são
destinados à produção de bens e serviços.

Tais recursos económicos têm uso alternativo que quer dizer, podem ser
utilizados para produzir diferentes tipos e qualidades de bens e serviços. Se parte
destes recursos é empregue na produção de uma coisa, então a sociedade deve
renunciar (abdicar) de outros bens que seriam produzidos com os mesmos
recursos.

Só para citar um exemplo, se empregamos recursos (cimento) para construir


casas de habitação, então o custo real destas casas é a produção potencial de
escolas, hospitais, quartéis e outros que foram sacrificados para que se
construísse as casas.

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Os recursos económicos são escassos e, por isso, as sociedades defrontam-se


com o problema da decisão de escolha de produções e consumos a realizar.
Quem faz esta escolha e o modo como esta se faz permitem diferenciar as
sociedades. Contudo, a necessidade de ter de se fazer a escolha é comum a todas
as sociedades.

O que distingue os dois tipos de economias (desenvolvida e em


subdesenvolvida) é o tipo de bens relativamente aos quais mais se faz sentir o
problema da escassez.

Assim, nos países menos desenvolvidos são escassos os bens de primeira


necessidade, ou seja, para a maioria da população as necessidades básicas como
a alimentação, o vestuário, habitação, não estão em geral satisfeitas. Já nos
países mais desenvolvidos os bens escassos são os chamados bens de luxo (que
não satisfazem necessidades básicas), ou seja, para a maioria da população as
necessidades básicas estão satisfeitas, mas não necessidades secundárias, como
ter um carro, fazer férias no estrangeiro, ir ao teatro, ler um livro.

Observou-se que a escassez implica a necessidade de escolha, mas a escolha


implica a existência de custo. Ou seja, a decisão de ter mais de uma coisa requer
a decisão de ter menos de uma outra coisa qualquer. O menos de outra coisa
pode ser visto como um custo de ter mais de uma coisa.

Estas opções determinam também a quantidade de recursos a utilizar na


produção de cada tipo de bem. Cada combinação de bens a produzir
corresponde à utilização de diferentes quantidades de recursos nas respectivas
produções, pelo que este problema é também conhecido por problema da
afectação de recursos.

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Mas a opção entre diferentes combinações de produção só faz sentido se os


recursos disponíveis podem ser utilizados na produção de mais do que bem, ou
seja se tiverem usos alternativos.

Sumariamente, a escassez implica que escolhas devem ser feitas, e fazer


escolhas implica a existência de custos.

2.2. POSSIBILIDADES PRODUTIVAS


Os problemas da escolha e escassez podem ser ilustrados com a construção de
uma curva de possibilidades produtivas.

Esta é uma curva que mostra o que a sociedade poderia produzir com a existente
quantidade de terras, capital, trabalho e tecnologia (factores de produção).

Com esta limitada quantidade de recursos, a sociedade tem uma vasta variedade
de opções alternativas, assim como de quantidades e tipos de bens e serviços que
podem ser produzidos. Pode produzir mais arroz e menos milho, mais mexoeira e
menos armas, mais pão e menos blindados, mais emprego e menos corrupção e
assim por diante.

Numa economia avançada onde existe capacidade de produzir milhares e


milhares de bens e serviços, as opções de escolha são igualmente enormes.

Mas para tornar o problema didacticamente compreendido, vamos assumir que é


uma sociedade que produz um par de tipos de bens, por exemplo, bens agrícolas
avaliados em toneladas e bens manufacturados, em unidades.

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Igualmente, assumimos que, para a produção daqueles bens (agrícola e


manufacturado), são empregues todos os recursos disponíveis, que como vimos
são limitados.

A tabela a seguir, ilustra a situação, contendo as opções possíveis relativamente a


matéria.

Quadro sobre Possibilidades produtivas

Agrícolas Manufacturados CO=Ag em Mf CO=Mf em Ag


0 60 - -
1 58 2 ½
2 55 3 1/3
3 50 5 1/5
4 42 8 1/8
5 30 12 1/12
6 0 30 1/30
Onde:
CO - Custo de Oportunidade
Ag - Bem agrícola
Mf - Bem Manufacturado
CO=Ag em Mf - Custo de Oportunidade de 1 tonelada de um bem agrícola expressa em
unidades de bens manufacturados
CO=Mf em Ag - Custo de oportunidade de uma unidade de bens manufacturados expressa
em toneladas de bens agrícolas.

As possibilidades produtivas extremas são as seguintes (ou tudo ou nada):

1. Todos os recursos são afectados para a produção dos produtos


industriais e produção nula de bens agrícolas;

2. A economia emprega todos os seus recursos para a produção de


bens agrícolas e nenhum produto manufacturado.

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Estas são hipóteses bastantes teóricas e fora da realidade, aliás, como diz o ditado
popular, o homem não vive só do pão. Assim, a economia escolherá uma certa
combinação dos dois produtos.

As colunas 3 e 4, o que foram anteriormente referidas, mostram que a produção


de um bem envolve o sacrifício, a renúncia de outro.

A coluna 3 mostra o custo de produzir mais de 1 tonelada de um bem agrícola,


medido em termos de bens manufacturados. A quantidade de bens
manufacturados que deverá ser abdicada para permitir a produção de mais bens
agrícolas é descrita como custo de oportunidade de uma 1 tonelada do bem
agrícola.

2.3.CUSTO OPORTUNIDADE
Para a satisfação de uma certa necessidade, (e essa satisfação é encarada como um
benefício), há que fazer um sacrifício directo, que coincide com o próprio trabalho
humano e uso e desgaste de recursos. O sacrifício, porém, também é indirecto no
sentido de que teremos de renunciar às alternativas de utilização dos recursos. Se
usamos os nossos recursos para produzir pão, por exemplo, não poderá usa-los para
produzir bolachas. Deixamos então de as consumir, o que representa um sacrifício.

O facto de não satisfazermos uma necessidade alternativa (isto é, aquilo que


renunciamos ao usar os recursos de outra forma), constitui um custo, que se designa de
oportunidade.

Claramente, o mínimo de bom senso, faz com que a alternativa escolhida seja a melhor.
Em outros termos, o benefício esperado da opção por nós escolhida deve ser maior que
o custo oportunidade da opção, por nós, não escolhida.

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Veja-se pela tabela que o aumento do produto agrícola de 3 mil toneladas para 4
mil, implica imediatamente um custo de oportunidade dessa expansão, de 8 mil
unidades de bens manufacturados.

Por seu turno, a coluna 4 indica o custo de oportunidade dos produtos


manufacturados medidos em termos de bens agrícolas que deverão ser
sacrificados, quando mais recursos forem empregues para a produção de mais
produtos fabris.

Note-se pela tabela anterior, que a medida que a produção de bens agrícolas
aumenta, aumenta igualmente o custo de oportunidade. Esta situação deve-se ao
facto de que alguns recursos são mais apropriados para a produção de bens
agrícolas que para bens manufacturados e pela de rendimentos decrescentes.

Os pontos ao longo da curva de FPP mostram-nos a combinação máxima possível


das duas mercadorias.

A economia poderá produzir em qualquer combinação dentro da curva da FPP


(aquém da curva), mas isso significará que alguns recursos são ociosos (não estão
a ser produtivamente utilizados). Ou ainda, que parte desses recursos estão
desempregados, mais ainda, que tal ponto de combinação (dentro da curva)
representa o ponto de ineficiência.

Ponto dentro da curva da FPP indica tal situação de ineficiência. Neste caso a
economia pode produzir mais de bens agrícolas a medida que vai produzindo
mais de bens manufacturados.

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Pode-se também dizer que produzir ao longo da curva da fronteira das


possibilidades produtivas é produzir no ponto da eficiência porque a medida que
quisermos aumentar a quantidade de um bem será em detrimento (redução)
de outro.

No ponto fora da curva da fronteira das possibilidades produtivas é impossível


produzir qualquer bem com a dotação existente de recursos na economia.

A fronteira das possibilidades produtivas (FPP) representa a máxima


combinação de quantidade de bens que uma economia pode produzir usando
todos os seus recursos disponíveis. E a curva de FPP, não é nada mais que o
lugar geométrico que indica tais combinações.

A fronteira de possibilidades de produção ilustra os três conceitos: escassez,


escolha e custo de oportunidade. A escassez é observável pelas combinações de
produção situadas acima da fronteira; a escolha pela necessidade de selecção de
um ponto entre as combinações de produção alternativas ao longo da fronteira;
e o custo de oportunidade pela inclinação negativa da curva.

A capacidade de um país em produzir mais dos dois bens a partir da fronteira das
possibilidades produtivas implicará um aumento na força de trabalho, um
incremento no stock de capital (fábricas, estações de energia, linhas de
transporte, máquinas e outros equipamentos) e aumento na tecnologia.

Por outras palavras, isso é possível com a expansão da produção global dentro da
eficiência (deslocamento da curva da fronteira das possibilidades produtivas) se
aumentar a capacidade produtiva do país.

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Como se pode depreender ao se estudar a curva da FPP, fica bem patente a ideia
do custo de oportunidade que é fundamentada pela existência da escassez.

Quando nos deslocamos ao longo da linha, é como que se estivéssemos a mudar o


objecto de trabalho das fábricas, a dar novas e diferentes utilizações à terra, ao gado,
aos meios de transporte, etc.

Duas situações se destacam:


 A economia se encontra no interior da fronteira – trata-se de uma economia
ou empresa ineficiente, recursos explorados abaixo da sua capacidade;

 A economia se encontra fora da curva – não é possível, a economia só tem


possibilidade de produzir as máximas combinações sobre a linha da curva e
nunca para além dela.

Suponha que você quer um refresco em garrafa da Coca-cola e uma sandes de ovo
e tem, somente, no seu bolso dez meticais.

Desde o momento que você decida por tomar o refresco e que custa 10.00 MT,
logo você não dispõe de mais dinheiro para comprar a sanduiche de ovo. Se você
gostaria de comer a sandes para além do refresco, então a sandes que você
renunciou (abdicou) é o seu custo de oportunidade.

A partir destes exemplos domésticos pode-se extrapolar aos exemplos mais complexos,
como entre depositar a prazo e investir na criação de uma empresa, os seus rendimentos
ou herança, entre produzir mais armas e menos medicamentos, entre produzir mais
escolas e menos tractores, e outros mais.

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A ideia de custo de oportunidade é fundamental na análise económica. O breve


exemplo dado permite-nos avançar com a definição alternativa deste conceito. O custo
de oportunidade da utilização de recursos para um determinado fim é o benefício
sacrificado pela não utilização desses recursos da melhor forma alternativa.
Pode deste modo concluir-se que, quando se procede a uma escolha, existe sempre um
custo de oportunidade. Este conceito é melhor apreendido com a noção geométrica da
fronteira de possibilidades de produção.

2.4. MODELOS DE FUNCIONAENTO DA ECONOMIA

Teoricamente, existem dois modelos fundamentais e extremos de organização económica,


a saber:
1. O mecanismo de mercado,
2. A economia de planificação centralizada; e de permeio
3. A economia mista

Constitui, nosso interesse, nesta secção, analisar quais os revestimentos importantes que
teoricamente, caracterizam estas duas formas de orientação da economia e fazer uma
avaliação da aplicabilidade prática destes conceitos.

2.4.1. O MECANISMO DE MERCADO


Comecemos por ver, afinal o que será o mecanismo de mercado (ou comummente
conhecido como economia de mercado) que não é mais que aquilo que o famoso
economista americano e prémio Nobel da economia, Paul Samuelson, definiu como sendo,
a forma de organização económica na qual os consumidores e as empresas, agindo
individualmente, interagem através dos mercados para determinar preço e a quantidade
desse bem, dando resposta aos cinco problemas da organização económica: o que produzir,
como produzir, para quem produzir, quando produzir e onde produzir.

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Pode-se constatar a partir da definição acima que o papel do Estado é comparado ao


simples árbitro jogo de futebol, por exemplo, que se limita a corrigir e penalizar infracções
de jogadores sem nunca participar no jogo, muito menos influenciar os resultados directa
ou indirectamente.

Em teoria, neste tipo de modelo, os agentes económicos encontram-se no mercado e


mediante o mecanismo de procura e oferta todos os problemas são resolvidos. O Estado é
um simples assistente, guardião das liberdades individuais e da propriedade privada
perante a lei das velhas máximas de deixa fazer e deixa andar do francês laissez faire et
laissez passer, uma situação de completa não interferência estatal.

Aqui a ideia reinante é da mão invisível escrita pelo pai da economia Adam Smith no seu
livro a riqueza das nações que dizia “cada indivíduo tenta aplicar o seu capital de maneira
que ele renda o mais possível. Geralmente o indivíduo não tem em vista a melhoria do
interesse geral e nem sabe em que medida é que o está a promover, procurando somente a
sua própria segurança, o seu ganho pessoal. Ele é conduzido, deste modo, por uma mão
invisível, na promoção de um fim que não fazia parte das suas intenções iniciais. Na
prossecução dos seus interesses, o indivíduo está frequentemente, a beneficiar a sociedade de
um modo mais eficaz do que quando pretende fazê-lo, intencionalmente.”

Aqui funciona um sistema de preços e mercado. Sem um centro directivo, a economia de


mercado é capaz de resolver os problemas das sociedades. Portanto, as decisões sobre
preço e a afectação de recursos que são escassos são feitas pelo critério de mercado.

Assim o mercado é tido como um processo em que compradores e vendedores de um bem


interagem para determinar o preço e a quantidade desse bem.

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Neste sistema, cada mercadoria e cada serviço têm um preço, incluindo os diferentes tipos
de trabalho humano.

Ninguém o inventou, constitui uma evolução e está em franca transformação e mostra


uma capacidade de auto-superação e de sobrevivência na luta contra os modelos
alternativos de organização.

Para Adam Smith no seu livro a Riqueza das nações enuncia "...cada indivíduo, perseguindo
apenas, egoisticamente, o interesse pessoal, é levado como que por uma mão invisível, a
realizar o melhor para todos (sociedades)..."

2.4.2. ECONOMIA CENTRALMENTE PLANIFICADA


O outro modelo alternativo de mercado, teoricamente como se viu, é a economia
centralmente planificada. Antes de se avançar é importa reter a definição sistematizada
deste modelo como sendo aquele no qual a oferta de recursos é determinada pelos
governos, obrigando os indivíduos e as empresas a seguirem os planos económicos do
Estado. (In Economia 12 a edição pág.50).

Aqui voltando ao exemplo do árbitro, poder-se-ia dizer que, neste modelo, ele aparece
com figura não só é guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante
a lei das velhas máximas de deixa fazer e deixa andar de treinador mas, acima de tudo ele
o Estado (Governo) indica aos agentes económicos o que fazer, como fazer e para quem
fazer. Portanto, ele aparece com papel duplo de árbitro, mas ao mesmo tempo como
jogador.

A situação de Moçambique nos anos passados (1975-1986) pode muito bem servir de
exemplo, por aproximação. Pois, é com directivas do plano que os agentes económicos
trabalhavam, os preços são indicados centralmente, usando critérios que não eram de

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procura e oferta, a afectação dos recursos tinha como base de fundo prioridades definidas
pelo Governo central.

Neste modelo a iniciativa privada, no mínimo, é relegada para o plano secundário ou, no
máximo, necessária no momento de consultas populares com o objectivo de melhorar o
plano reorientar prioridades quando necessário.

Portanto, o Governo central aparece como figura imprescindível na organização da


economia e sine qua non, é possível uma afectação racional dos recursos e na solução dos
cinco problemas fundamentais atrás referenciados.

2.4.3. ECONOMIA MISTA


O estudante pode notar, que, desde início, foi-se enfatizando que estes modelos existem
teoricamente, pois na prática encontramos um bocado de intervenção do governo central
e por outro, também a iniciativa privada, através do livre jogo de procura e oferta, as
chamadas economias mistas.

Portanto, isto quer dizer que o actual conceito de economia de mercado pouco tem a ver
com o conceito clássico anteriormente definido, dado que encerra certo intervencionismo
estatal na economia e é sobre ele que nos vamos debruçar a seguir.

Na realidade, a perfeição que se deixa transparecer no princípio da mão invisível tem tido
falhas.
Ora vejamos, só para elucidar ao estudante: actividades económicas que afectam as zonas
envolventes do espaço do mercado, por exemplo, a poluição do ar ou quando uma fabrica
emana para o ambiente, fumos que afectam a população local e as propriedades -
constatamos que o dono da fabrica perseguindo interesses pessoais acaba colidindo com
os interesses da sociedade.

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Outro aspecto a notar é que nessas economias, sabendo que o consumo depende em
grande parte do rendimento das pessoais conseguindo através do trabalho, o que sucede é
que aparecem pessoais sem emprego, o que afecta sobremaneira o seu padrão de
consumo.

Para resolver este problema e outros o estado intervém no mercado para conseguir três
objectivos:

A) EQUIDADE
O gato de um indivíduo rico pode beber o leite que uma criança pobre necessitaria para se
manter viva e saudável. Será que isso acontece por problema da procura e oferta?

Portanto, uma sociedade não tem que aceitar as consequências do mercado como se de lei
divina se tratasse, assim o Estado é chamado, pois ele é único capaz de estabelecer
políticas redistributivas para se manter mediante acções sociais como subsídios de
desemprego, pensões de reforma, subsídios de segurança social, tentando
minorar/eliminar a pobreza.

B) ESTABILIDADE:
O Estado dedica-se também a função macroeconómica de garantir a estabilidade da
economia, tentando evitar vagas periódicas inflacionistas (subida de preços) e a recessão
que conduz ao desemprego muito elevado e diminuição da produção e, por conseguinte,
provoca subida de preços e depreciação da moeda.

C) EFICIÊNCIA:
Vimos que as economias são afectadas por falhas de mercado que procura ineficiência na
produção como pode ser no consumo, cabendo ao Estado a responsabilidade de corrigir
tais defeitos do mercado.

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Não obstante, importa mencionar aqui, que por vezes o Estado na tentativa de corrigir tais
falhas, agrava a situação.

Exemplos de correcções feitas pelo Estado das falhas do mercado podem ser citados os
casos de proibição da formação de cartéis o caso das leis antitrust, actualmente vigentes
nos Estados Unidos, a autorização de entrada de mais rádios televisões, linhas áreas,
instituições de ensino privadas em Moçambique.

Podemos concluir o tema em jeito de remate como o fez Paul Samuelson "... Ambas as
partes - mercado e estado - são necessárias. Fazer funcionar uma economia apenas com
uma delas é como tentar bater as palmas com uma mão".

ACTIVIDADE 2: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

Diga se Falso (F) ou verdadeiro (V) para as seguintes afirmações:

1. Uma vez que com recursos escassos não é possível satisfazer todas as
necessidades humanas é necessário fazer opções em termos dos bens que se
quer produzir e qual a quantidade desses bens que se vai produzir.

2. A opção entre diferentes combinações de produção só faz sentido se os recursos


disponíveis puderem ser utilizados na produção de mais do que bem, ou seja se
tiverem usos alternativos.

3. Se cada input ao dispor de uma economia só puder ser utilizado na produção de


um bem deixa de se colocar o problema de “O que produzir e em que
quantidades?”

4. A questão de como produzir ou quais os métodos ou técnicas de produção que


devem ser escolhidos para a produção de cada bem coloca-se porque existem em
geral diferentes métodos de produção de um bem.

5. A fronteira de possibilidades de produção (FPP) dá-nos as combinações máximas


de produção que podem ser obtidas por uma economia dados os conhecimento
tecnológicos e a quantidade de factores de produção disponíveis.

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6. Para representar graficamente a FPP temos que saber que pares de bens são
produzidos.

7. Cada ponto da FPP representa uma combinação de produção possível face aos
recursos e tecnologia disponíveis na economia.

8. O problema da escassez está aqui patente na FPP, uma vez que não é possível
produzir combinações de produção que estão no exterior da FPP.

9. Os aumentos de produtividade equivalem a dizer que com os mesmos recursos é


possível obter uma maior produção.

10. A existência de crescimento económico traduz-se por um deslocamento para a


direita da FPP o que, por definição, só é possível se houver um aumento da
disponibilidade de recursos ou progresso tecnológico.

11. Um trade-off é uma situação a escolha de uma alternativa impõe um custo em


termos da outra alternativa.

12. O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que
efectuar escolhas.

13. O custo de oportunidade não existiria se os recursos não tivessem uso


alternativo;

14. O mecanismo de mão invisível não funciona quando benefícios e custos


importantes não recaem sobre pessoas que não os próprios decisores.

15. O custo de oportunidade da obtenção de uma unidade adicional de X é a


quantidade de Y que o consumidor tem de abdicar para obter essa unidade
adicional de consumo de X.

16. Tome presente os seguintes traços característicos: (1) propriedade privada, (2)
concorrência, (3) laissez-faire, (4) propriedade estatal dos meios de produção,
(5) desejo de uma distribuição equitativa de riqueza, (6) desigualdade de
oportunidades, (7) redistribuição, (8) planificação pela direcção central, (9)
liberdade de escolha, (10) interesse próprio como móbil, (11) confiança no
sistema de preços, (12) papel limitado do governo, (13) equidade, (14) valores
sociais e privados, (15) monopólios, (16) estabilização da economia, (17) laissez-

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passer (18) mão invisível (19) pé invisível (20) caridade, (21) agricultura como
única fonte de riqueza.

Coloque as características acima de acordo com os sistemas económicos indicados.


Economia de mercado Economia Mista Economia centralmente planificada

BIBLIOGRAFIA
 Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
 Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
 Das Neves, J C. Introdução a Economia
 Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
 Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
 Miller, R. Microeconomia
 Vasconcelos, M. Economia Básica

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UNIDADE 3
TEORIA DE MERCADO

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

 Identificar o conceito de mercado;


 Identificar os determinantes de procura e de oferta;
 Construir a curva de procura e oferta na base da condição ceteris paribus
 Identificar os movimentos ao longo da curva de procura e de oferta
 Reconhecer as leis de procura e de oferta
 Identificar o ponto de equilíbrio do mercado e o par ordenado preço-quantidade
 Identificar escassez e excesso de bens e serviços no mercado
 Identificar o impacto do controlo de preços no mercado
 Perceber as consequências do abandono da condição ceteris paribus e o
deslocamento das curvas
 Identificar os diferentes tipos de mercado e sua semelhança na economia
moçambicana

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Abordagem geral sobre mercado
Secção 2 Aspectos básicos da procura e da oferta
Secção 3 O preço de equilíbrio
Secção 4 Tipos de mercado

PARA O INICIO DA CONVERSA


Tenho de certeza que o amigo estudante já entrou numa loja e já fez compras. Já entrei
no mercado municipal da sua e fez compras. Nas ruas da sua localidade já interagiu com
vendedores. Naquela barraca ao lado ou em frente da sua casa também já fez compras.

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Na sua capital provincial já entrou no supermercado e também comprou alguns


produtos.
Mas na certa, na loja, no mercado municipal, na barraca ao lado ou em frente da sua
casa, antes de comprar já regateaste o preço, achando elevado aquele que te
apresentaram à primeira vista.
Já te perguntaste de onde saem aqueles produtos de compras? Como chegam ao
mercado? Quando que achas um preço caro ou barato?
Então, estas e outras perguntas vão ser respondidas nesta Unidade e por isso amigo
estudante, vem daí e vamos estudar com afinco esta unidade.

SECÇÃO 1 - ABORDAGEM GERAL SOBRE TEORIA DO MERCADO


Quando se pensa em mercado, parece normalmente a mente a ideia de um lugar cheio
de gente comprando e vendendo frutas, vegetais, roupas, utensílios domésticos e
outros bens. Uma loja ou um supermercado ou ainda um hipermercado são alguns
exemplos de mercado. Pode-se dar o exemplo de uma bolsa de valores.

Como se pode depreender, pensar a partir de exemplos de mercado podemos alistar


desde um simples exemplo de um mercado de frutas e verduras para mais altos e
complexos exemplos de mercado de trabalho ou mercado internacional de divisas.

Entretanto, importa não perdermos de vista a prática de trocas vem desde os tempos
antanhos que consistiam de um bem por outro diferenciando-se no seu valor de uso que
são as conhecidas trocas directas ou simplesmente economia de escambo, resultantes
da então incipiente divisão de trabalho com limitadas alternativas de troca dado ao
nível de desenvolvimento da sociedade. Aliás, matéria que voltaremos a falar quando
estivermos a analisar a origem histórica da moeda.

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Constata-se a partir do acima exposto que o nível de desenvolvimento do mercado está


directamente relacionado com as capacidades produtivas do próprio Homem, na
perspectiva da divisão do trabalho e especialização e do volume de bens produzidos na
sociedade.

Entretanto, embora estejamos perante a evidência de existirem países mais ricos que
outros, os recursos da economia são limitados. Quando é assim é necessário fazer
escolhas e para isso cada economia precisa de um mecanismo para responder às
perguntas fundamentais:

1. Quais os bens e serviços a produzir (como escolhemos entre as alternativas


representadas pela curva de possibilidades de produção)
2. Como produzir estes bens e serviços?
3. Para quem produzir os bens e serviços? Uma vez prontos os bens a quem
distribuí-los.

Há hoje, em teoria económica duas maneiras de obter respostas a estas perguntas. A


primeira é pelo mecanismo de mão invisível de Adam Smith. Caso os indivíduos tenham
liberdade completa na escolha o padeiro, o cervejeiro e outros produzirão o pão, a
cerveja para as refeições. Resumindo, o mercado dará as respostas às três perguntas.

A segunda, como o amigo estudante deve estar a advinhar é utilizar o Estado e sua
máquina administrativa.

Para o presente caso nos interessa a primeira alternativa e para tanto precisamos saber
definir. Deste último ponto, nota-se que a economia é tão complexa que necessita de um
mecanismo para manter a ordem para colocar as coisas no lugar certo e evitar que todo
o açúcar vá para Nampula e todo o sal vá para Manica e todo o sabão vá para
Inhambane.

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Então o mercado é este mecanismo que mantém a ordem.

Pode-se começar a definir mercado como o meio através do qual, compradores e


vendedores interagem e onde transacções ocorrem. Refinando o conceito diria-se que
Mercado é um lugar real e/ou económico de encontro entre produtores (vendedores) e
consumidores (compradores).

Retenhamo-nos às duas palavras sublinhadas lugar real é aquele em que vis-a-vis, tête-
à-tête compradores e vendedores discutem o preço do produto, o preço de um vestido
ou camisa numa loja, o preço de uma dúzia de ovos no mercado central ou do
Xipamanine ou ainda Dumbanengues, Txungamoios e nos Kwatchenas.

Enquanto lugar económico, afasta-se conceptualmente de um lugar físico em


particular em que os agentes económicos não precisam de ver e nem sequer se
conhecer, estamos a falar das operações de importação e exportação (lugar virtual) em
que o importador é comprador e o exportador é o vendedor, intermediados pelas
respectivas instituições financeiras ou ligados por uma terminal de um computador.

Este lugar, distingue-se de qualquer outro lugar pelas seguintes características:


 A existência da procura e da oferta, elementos básicos para a existência e
funcionamento do mercado. Mas normalmente e na vida corrente é mais do que
isso, são importantes os dealers dispostos a fazer o mercado (que juntam
compradores e vendedores).

 Funcionamento livre do mercado que pressupõe a liberdade de escolha dos


agentes económicos condicionados pelos seus diferentes factores que mais
adiante se verá, sempre perseguindo os seus objectivos individuais.

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 Não obstante a liberdade indicada no ponto anterior, o mercado deve ter regras
de conduta e regulamentos a observar de como deve funcionar o mercado assim
como deve haver disponibilidade de informação de forma a que todos os
operadores do mercado saibam o que se está a passar.

Constata-se que num mercado, o preço desempenha duas funções essenciais e inter-
relacionacionadas que evitam situações caóticas de todo o sal parar em Manica e sabão
em Inhambane, como no nosso exemplo:
1. O preço dá informação
2. O preço dá incentivos

Note-se que no caso em que todo o açúcar vai parar em Tete, os beirenses, por exemplo,
estariam desesperados e prontos a pagar um preço alto para obter um pouco do
precioso produto da cana sacarina e da beterraba. Este preço alto é um sinal que indica
aos comerciantes que na Beira há compradores insatisfeitos.

Mas igualmente o preço lhes daria um incentivo para mandar o açúcar para Beira.

Verifique-se que os agentes económicos que fazem o mercado existir e funcionar são
compostos por dois grupos. O primeiro é de compradores ou consumidores que
consistem em indivíduos que procuram ou compram bens e serviços, assim como
empresas que compram o trabalho, capital e matérias-primas necessários para a
produção de bens e serviços.

O segundo é dos vendedores que inclui empresas que vendem os bens e serviços que
produzem e indivíduos que vendem a sua força de trabalho, assim como proprietários
de recursos que vendem os seus recursos naturais como petróleo, ferro e outros.

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Numa situação simples de mercado, encontramos a interacção entre compradores e


vendedores, enquanto mais complexo for o mercado, opera-se a emergência de outros
agentes, como correctores, dealers, intermediários, informadores de mercado, cuja
função é assegurar que o mercado funcione na base de marcação de preços, fornecendo
informação e aproximando vendedores e compradores.

Outro elemento importante do mercado é o papel dos preços que fornecem sinais
através dos quais compradores e vendedores interagem. Para os compradores, o preço
dá-lhes a informação sobre a disponibilidade de bens e serviços no mercado e sua base
tomar decisões sobre o quê e que quantidades adquirir.

Por outro lado, para os vendedores usam a mesma informação para decidir sobre o quê
e que quantidades vender. Como se pode constatar, os preços prestam uma
informação muito importante visando melhorar o processo de tomada de decisões
de mercado.

Contudo, é importante que o estudante entenda que não existe uma decisão coordenada
do lado dos vendedores e compradores ou por outras palavras, não existe uma direcção
consciente relativamente ao funcionamento do mercado. Cada operador do mercado
actua sozinho e não como parte de um plano centralizado ou previamente combinado
entre as partes.

Esta ideia traz consigo a abordagem iniciada no século xviii do laissez-faire que é uma
expressão francesa (deixar fazer) recomendando a não intervenção do governo no
funcionamento do mercado.

Nos nossos dias tal ideia é traduzida no sentido de que a economia funciona melhor
quando ela é livre da intervenção do governo e as decisões económicas são

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determinadas pelo mercado, tal como o cientista austríaco Joseph Schumpeter numa
das suas frases preferidas gostava de dizer: o padrão económico é a matriz da lógica.

Finalmente, é importante notar que estudamos a teoria de mercado porque é neste


onde se opera o processo através do qual as decisões económicas são tomadas, embora
não seja o único.

SECÇÃO 2 - ASPECTOS BÁSICOS DA PROCURA E OFERTA


Neste capítulo vamos estudar os modelos económicos que pretendem explicar os
diferentes tipos de comportamento económico e neste caso concreto explicar o valor de
equilíbrio das decisões económicas.

3.2.1. Procura e Curva da Procura


Como introdução aos importantes conceitos de procura e oferta, considere as perguntas
que se seguem e trate de tomar nota das suas respostas:

1. O que influencia ao consumidor (comprador) na tomada de uma decisão sobre que


quantidades comprar de um bem ou serviço?

2. Que factores influenciam ao produtor (vendedor) na sua decisão sobre que


quantidade produzir ou colocar no mercado?

3. Quais são os determinantes das quantidades e preço de equilíbrios?

Comecemos pelos factores que influenciam ao consumidor na procura de um


determinado bem. O preço do bem se afigura importante na consideração do
consumidor. Mas é o nível de rendimento é o outro factor a tomar em conta.

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A partir dos primeiros dois factores pode-se afirmar que querer comprar uma bicicleta é
uma coisa e nenhum consumidor planificará fazê-lo a não ser que o preço seja acessível
e disponha de rendimento para o efeito. Entretanto, o preço do bilhete dos autocarros,
de sapatos, ou veículos motorizados irão igualmente influenciar a procura pela bicicleta.

A procura de um consumidor é igualmente influenciada pelas preferências ou gostos do


próprio consumidor. Outros factores a tomar em conta é a estação do ano, publicidade,
qualidade, moda, a marca, os hábitos e costumes, etc.

Grosso modo, pode-se afirmar que as quantidades procuradas de um determinado


bem ou serviço são determinadas, ou ainda são a função do seu preço, rendimento
do consumidor, o preço de outros bens e/ou serviços e outros factores como a
publicidade, moda, temperatura (época do ano), hábitos e costumes, qualidade e
outros.

Para representar os conceitos teóricos, os economistas normalmente recorrem à


linguagem gráfica embora a matemática seja igualmente usual.

Para desenhar o gráfico se estabelece a condição ceteris paribus (que quer dizer demais
variáveis constantes) as quantidades procuradas variam unicamente em função da
alteração no preço. Na análise económica habituou-se pôr os preços no eixo vertical ou
y e as quantidades no eixo horizontal ou x.

Fazendo uma relação inversa entre a evolução do preço e as respectivas quantidades


teremos uma curva de procura com inclinação negativa porque os consumidores
quererão comprar mais quando o preço estiver a baixar e o inverso é verdadeiro.

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Preço D

P1 A
(-)
P2 B
D

Q1 Q2 Quantidades
(+)
A curva de procura é o espaço geométrico que combina quantidades procuradas e
preços. Logo, pode-se dizer que a cada preço existe uma determinada quantidade
procurada ao longo da curva de procura. Assim, a curva de procura é a representação
geométrica dessa sucessão de combinações de pontos.

O movimento do ponto A para o ponto B é um movimento ao longo da curva da procura


e representa um aumento da quantidade procurada de Q1 para Q2 já que o preço cai de
P1 a P2.

A curva de procura espelha que a cada preço de mercado corresponde uma quantidade
de bens e serviços que os indivíduos iriam procurar, mantendo os demais factores
constantes. Esta informação pode ser vista igualmente na tabela a seguir.

Pode-se, igualmente, notar que, em geral, os indivíduos estão dispostos a comprar mais
quando o preço baixa e a curva no gráfico reflecte isto porque cai da esquerda para a
direita, obedecendo a lei geral de procura.

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Para a grande maioria dos bens e serviços, a experiência mostra que a quantidade
procurada aumentará sempre que o preço subir. Esta característica da procura pode ser
igualmente ilustrada pela linguagem tabular que se segue.

Preço da mandioca (P) Quantidades procuradas


(Q)
50 50
40 80
30 130
20 190
10 300

O amigo estudante pode ensaiar a representação do gráfico dos dados do quadro


anterior e interpretá-los.

É importante reter que a relação de procura é válida para uma população específica em
um período específico de tempo, logo a curva de procura diz respeito a um momento
determinado.

Uma das assumpções importantes assumidas numa economia de mercado é quanto


mais alto for o preço, menores são as quantidades procuradas e vice-versa.

Este enunciado é conhecido como a lei da procura, onde se assume que os consumidores
comprarão mais de um bem ou serviço se o preço do mesmo baixar e menos se o preço
subir mantendo os demais factores constantes.

O fundamento que sustenta esta afirmação é que se o preço de um bem específico sobe,
os consumidores mudarão a sua procura para um outro bem que tenha utilidade

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próxima. Note-se que esta hipótese é consistente com a ideia de que o objectivo do
indivíduo é maximizar a sua utilidade ou o bem-estar.

Voltando ao exemplo da bicicleta, se o preço da mesma sobe, a procura se reduz porque


os consumidores mais baratas como utilizar os autocarros ou mesmo andar a pé. Mas
em contrapartida se os preços da bicicleta baixarem os utentes dos autocarros e todos
aqueles que andavam a pé planificarão comprar umas bicicletas.

3.2.2.1.-Mudanças na Procura
Um deslocamento da curva de procura pode ser causado por uma mudança em qualquer
um da série de factores identificados anteriormente.

Por outras palavras é procurar verificar o que acontece quando se abandona a condição
ceteris paribus. Ou ainda, agora admitir que as demais variáveis agora sim interferem na
decisão de procura do consumidor.
Os mais importantes são os que se seguem e serão objecto de análise sucinta:

 O rendimento. Quando o rendimento aumenta, as pessoas podem comprar mais e


neste caso a curva de procura desloca-se para a direita tal como se retrata no gráfico
abaixo. Este é o caso de um bem normal ou um bem superior.

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D’
Preço D

P1 A

D’
D

Q1 Q2 Quantidades

Mas em certos bens a subida do rendimento conduz a redução da procura desses


mesmos bens. Este caso de bens denomina-se bens inferiores e compreende aquele
caso de bens básicos como comidas e algumas roupas baratas. Por exemplo, com o
aumento do rendimento as pessoas reduzem o consumo do feijão, da mandioca, da
batata e comer mais carne ou outro alimento mais caro como passar a ter boas bebidas
para aperitivos em casa.
 Alteração do preço de outros bens. Muitos dos bens e serviços que compramos
têm substitutos e na compra estamos influenciados pelos preços relativos.

Pois, depois do aumento do preço da gasolina, as pessoas têm menos vontade de


comprar um automóvel. Isso conduzirá a que a curva de procura pelos automóveis se
desloque para a esquerda. Os bens deste tipo que são utilizados em combinação de tal
forma que o aumento de preço de um deles leva a uma queda na procura do outro -
chamam-se bens complementares.

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Para os substitutos, prevalece a relação oposta. A mandioca e a batata doce são


substitutos e o aumento do preço da mandioca conduzirá que a procura pela batata
doce aumente. O mesmo sucede com outros bens substitutos: chá e café, manteiga e
margarina, passagens de autocarro e de comboio.

Poderíamos continuar com a nossa lista passando a análise para a mudança nos gostos
e na moda, na publicidade, mudança na população a prazo.

3.2.3.- A oferta e a curva de oferta


Contrariamente a procura, a relação de oferta descreve o comportamento dos
vendedores, mostrando o quanto estariam dispostos a vender a um dado preço no
mercado.

Neste caso os vendedores têm uma atitude diferente dos compradores relativamente a
variação dos preços.

Mas para além de preço, as quantidades oferecidas dependem também do custo de


produção que inclui, as matérias-primas, mão-de-obra e gastos gerais de fabrico
(energia, água, combustível), o fisco (impostos e subsídios), invenção e inovação
tecnológica, condições climatéricas, etc.

Como vimos na procura, os preços altos de um bem desalentam os consumidores e os


induz a substituir por outros bens alternativos. Mas é justamente este preço alto que
incentiva, estimula e anima os vendedores a produzirem e a venderem mais, pois o
objectivo é maximizar lucro e latus sensus, o valor da empresa.
Esta situação conduz-nos à lei de Oferta que enuncia que quanto mais elevado o
preço, maior será a quantidade oferecida

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Preço da mandioca (P) Quantidades procuradas


(Q)
50 250
40 220
30 130
20 120
10 50

Graficamente pode ser reproduzida a curva de oferta que sobe da esquerda para a
directa ou simplesmente com inclinação positiva.

P1
(+)
P0

Q0 Q1
(+)
A racionalidade da lei da oferta está no facto de que a subida de preços incrementa os
lucros e isso tenderá a encorajar novas firmas a operar na economia, aumentando a
quantidade produzida do bem em causa.

Docente: Adelino Pimpão Pág.59 de 184


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Tal como foi com a curva da procura, a curva da oferta é construída na base da
assumpção quando o preço do bem muda, outros factores são mantidos inalteráveis,
portanto na condição ceteris paribus.

Pode-se notar que o preço e as quantidades oferecidas têm uma relação directa, ou
melhor, são directamente proporcionais, conduzindo a inclinação positiva da curva
de oferta.

3.2.3.1. Deslocamentos ou movimentos da curva da oferta


A curva da oferta assemelha-se a curva de procura, mostra unicamente de que maneira
a quantidade oferecida muda em resposta da variação do preço, aceitando-se a condição
ceteris paribus. Para traçar a curva de oferta, todos os factores (menos o preço) que
podem afectar a quantidade oferecida são mantidos constantes, são mantidos como se
não tivessem influência na oferta.

Agora vamos ver o que acontece se abandonarmos a condição ceteris paribus, ou seja, se
admitirmos que aquelas outras variáveis voltam a influenciar a decisão do produtor de
produzir do vendedor de colocar bens e serviços no mercado.

 O custo das matérias-primas. Quando o preço dos fertilizantes sobem isso desalenta
aos agricultores a produzir milho ao mesmo preço. Isso retrai a curva de oferta para a
esquerda, como se ilustra abaixo.

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P1

P0

Q0 Q1
 Tecnologia.Com a inovação tecnológica, o custo de produção reduz o que conduz a
expansão do produto no mercado que conduzirá a curva da oferta a se deslocar para a
direita.

 Condições climatéricas. É um factor especialmente importante para a produção


agrícola. Creio que os estudantes estarão recordados dos efeitos da seca no ano de 1992
e ainda mais do fenómeno denominado El Niño que quando acontece cria dilúvios com
grandes prejuízos para o sector produtor da economia definhando as quantidades
oferecidas na economia. Isso contrai a produção agrícola.

Poderíamos continuar a analisar este assunto, a alistar outros factores como mudança
nos preços de outros bens, impostos e subsídios, etc.

Importante: A curva de oferta diz sempre a um determinado momento e


consequentemente determinadas condições influenciadoras do mercado. Caso mudem,
muda igualmente a curva de oferta, o seu formato e inclinação.

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SECÇÃO 3 - O PREÇO DE EQUILÍBRIO


Acabamos de analisar brevemente as duas forças de mercado. Para todo o bem
económico há sempre a sua respectiva relação de procura e de oferta.

Se os dois são trazidos ao mesmo esquema, constatamos que as quantidades procuradas


e oferecidas são iguais a um único e exclusivo preço. Este é o preço de equilíbrio.

Portanto o preço de equilíbrio pode ser determinado a partir das curvas de procura e de
oferta ou o que mais comummente se diz a partir do ponto onde as curvas de procura e
oferta intersectam o se cruzam.

Notemos a tabela abaixo:


Preço (P) Qtdes Qtdes oferecidas
procuradas
50 50 250
40 90 200
30 150 150
20 220 80
10 350 0

Constatamos que é ao preço de 30 que a quantidade procurada (150) iguala a


quantidade oferecida (150).

Ao preço de 40, a quantidade oferecida é maior que a quantidade procurada criando


excedentes no mercado. Devido à pressão exercida pelo aumento indesejado de stocks,
a concorrência entre vendedores levará a uma queda no preço de oferta no sentido do
preço de equilíbrio (30).

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Por outro lado com qualquer preço menor que o preço de equilíbrio, digamos o preço de
20, a quantidade procurada será maior que a quantidade oferecida, os consumidores
procurarão activamente mandioca e aumentarão o preço que oferecem no sentido do
preço de equilíbrio.

3.2.1.-O conceito de equilíbrio


Começando pelo final, o equilíbrio pode ser visto como análogo à balança de duas forças
opostas, ou contrárias, por outras palavras, é o estado no qual não há tendência para
mudança que pode ser visto como ponto de repouso.

Ainda se pode dizer que o equilíbrio, na óptica da balança, é atingido quando os pesos
dos dois lados contrários da balança nivelam, ou igualam. E na linguagem matemática, a
condição de equilíbrio é a solução derivada de um conjunto de equações dado os valores
dos outros parâmetros.

Então consideremos um modelo simples de procura e de oferta de um bem. Neste caso


específico, procuramos explicar como que a procura e a oferta interagem a tal ponto que
o preço ao qual o bem é vendido significa que os consumidores compraram tudo que
tinham para comprar e os vendedores venderam tudo o que tinham para vender do
bem.

Por detrás desta solução de equilíbrio existem hipóteses que devemos assumir acerca
de como os consumidores e vendedores se comportam (tomam as suas decisões) que é
a sua procura e oferta, respectivamente.

Formalmente, podemos dizer que o equilíbrio, no modelo económico, é um conjunto


de valores derivados na base de uma hipótese comportamental e os valores de
outras variáveis.

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D S

E
PE lugar geométrico dos pontos de troca

S D

QE
A intercepção das curvas de procura e oferta determina o par ordenado de preço-
quantidade PE-QE que satisfaz todos os intervenientes no mercado. Portanto, a aquele
preço, PE, os compradores adquirem a quantidade que precisam comprar e os
vendedores vendem as quantidades que desejam vender.

Entretanto, não se está a dizer que o equilíbrio é sempre estático. O equilíbrio pode
alterar, mudar ou variar se uma ou mais variáveis, influenciando-o, mudam ou ainda, se
as hipóteses do estado de equilíbrio se alteram.

Se o preço da mandioca sobe, os consumidores podem alterar as suas despesas a ponto


de eles comprarem menos mandioca e mais de um outro bem. Então teremos novo
equilíbrio baseado em novas circunstâncias.

É igualmente importante notar que o equilíbrio não incorpora nenhuma noção de


desejo ou justiça ou do que é correcto. É, antes pelo contrário, o resultado de um modelo
baseado num conjunto de hipóteses dados os valores de outros factores. Portanto,
equilíbrio é um conceito positivo e não normativo.

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Nos modelos de economias em vias de desenvolvimento é útil entender o conceito de


equilíbrio, porque nos pontos seguintes trataremos de explicar como se atinge o ponto
de equilíbrio e como nos movemos de uma posição de equilíbrio para outra.

Ao longo deste texto, usar-se-ão exemplos de quantidades de equilíbrio, note-se que é


um conceito geral que pode ser aplicável aos preços, rendimentos, taxas de juro, horas
de trabalho, hectares de terra, computadores, casas ou um outro conjunto de objectos
em que as forças de mercado interagem para sua a venda e compra.

A posição onde o equilíbrio não foi atingido, denomina-se desequilíbrio em que se


caracteriza por não haver o balanceamento das forças em presença e por conseguinte
há uma tendência para mudança ao longo do tempo e não é ponto de repouso. Assim, o
desequilíbrio é um estado de instabilidade onde ocorre a tendência para mudança em
uma ou mais variáveis.

P Excesso de bens

D e serviços S
P1

PE

P2
S Escassez de bens D
serviços
QE

Pode-se notar pelo gráfico que quando o preço ultrapassa o nível de equilíbrio regista-
se um desequilíbrio entre as quantidades oferecidas e procuradas gerando o fenómeno
de escassez de bens e serviços ou excesso de quantidades existentes no mercado.

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SECÇÃO 4 - TIPOS DE MERCADO


De forma a aceder aos diferentes graus de concorrência nos diferentes tipos de
mercados é necessário ter algum indicador de comparação. Para tanto, iniciamos a
analisar as condições necessárias para um estado de uma concorrência perfeita que é o
caso extremo em que a concorrência atinge o seu estado mais alto.

3.3.1.-Concorrência Perfeita

O modelo de concorrência perfeita é teórico mas fornece um instrumento de análise


teórica bastante poderoso e ajuda a fazer um juízo sobre o mundo real.

O mundo real é mais complicado e é necessário analisar uma situação em cada época.
Logo o grau de concorrência no mundo real dependerá da sua proximidade aos
modelos.

É importante referir aqui que a concorrência aqui referida é uma concorrência de


preços. No mercado de concorrência perfeita um único preço e estará para além da
influência de cada operador do mercado.

Esta condição só pode ser satisfeita com um mercado que apresenta as seguintes
características:

1. Todas as mercadorias são homogéneas o que quer dizer que uma mercadoria é
exactamente parecida a outra. E se esta condição se verificar, os compradores não terão
preferência por um bem em particular.

Docente: Adelino Pimpão Pág.66 de 184


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2. Existem muitos compradores e muitos vendedores de tal forma que o


comportamento de um comprador ou vendedor não influencia o preço do mercado.
Cada comprador individual compreende uma parte ínfima da quota do mercado e que
uma mudança nos seus planos não influencia o mercado. Logo podemos afirmar que os
compradores neste mercado são tomadores de preço.

3. Compradores têm um perfeito conhecimento das condições do mercado. Conhecem


que preço está em qualquer parte do mercado. De igual modo que os vendedores têm
informação perfeita sobre as actividades dos compradores.

4. Não há barreiras ao movimento de compradores de um segmento de mercado para o


outro. Já que todas as mercadorias são homogéneas compradores abordarão
vendedores a procura de um preço baixo.

5. Finalmente que não há restrições na entrada de empresas no mercado assim como a


sua saída deste.

Tem-se assumido que é no mercado de concorrência perfeita onde existe eficiência na


produção comparativamente aos demais mercados. Escusamos aqui de entrar em
detalhes para mostrar as razões via linguagem matemática, como mostrar que em
concorrência perfeita o Preço = custo marginal = receita marginal. Mas pela lógica, esta
liberdade de movimento e circulação de intervenientes do mercado por um lado e
guiados pela mão invisível, por outro, permite maior produção.

Logo esta é a forma de mercado onde há eficiência na produção e na afectação de


recursos comparativamente aos demais mercados.

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3.3.2.-O Monopólio
O monopólio no mercado indica a existência de um e único vendedor ou supridor de
bens e serviços.

Tal existência de um e único pode tomar a forma de organizações comerciais unificadas


ou uma associação de firmas de controle separado que combinam agir juntos no
mercado, portanto, agem em conluio.

Isso indica que o poder do monopólio tem a ver com a oferta, portanto, não precisa,
necessariamente, de existir um único produtor. O ponto essencial é que os compradores
enfrentam um vendedor singular.

O monopolista tem poder de determinar alternativamente:

 O preço pelo qual venderá o seu produto, ou

 A quantidade que ele precisa de vender.

Ele não pode determinar ambos (preço e quantidade) porque não controla o mercado.

Entretanto o poder do monopolista depende de dois factores essenciais:


 A disponibilidade/existência de um substituto;
 O poder de restringir a entrada de novas firmas no segmento de mercado por ele
controlado

Portanto, estamos a notar que quanto mais efectiva for a restrição contra a emergência
de novas firmas maior será o poder do monopolista de determinar o preço muito acima
do seu custo médio e assim conseguir lucros avultados.

Docente: Adelino Pimpão Pág.68 de 184


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Podemos resumir a diferença entre uma firma operando em concorrência perfeita e


outra em monopólio com as seguintes características:

a) O monopolista não é tomador do preço do mercado. Ele pode variar o seu preço
mudando as quantidades oferecidas. Enquanto uma firma em concorrência perfeita é
tomadora do preço do mercado.

b) A curva de procura para o monopolista é menos que perfeitamente elástica enquanto


para a empresa em concorrência perfeita enfrenta uma curva de procura perfeitamente
elástica;

c) O monopolista tem o poder de restringir a entrada de novas empresas enquanto é


concorrência perfeita existe liberdade de entrada e saída.

Restrições de entrada.

Estas restrições podem ser derivadas de diferentes formas que passamos sucintamente
a analisar:

Concentração de matérias-primas
A distribuição geográfica de recursos é desigual e é sabido que alguns recursos
estratégicos estão concentrados em certas e poucas regiões do mundo e isso permite a
emergência do monopólio e as outras regiões, naturalmente que não têm, passam a ser
simples compradoras. Alguns denominam como monopólio natural.

Barreiras técnicas
Hoje no mundo moderno, existem indústrias dominadas por poucas e grandes firmas.
Onde estas empresas estão a operar numa escala maior usam recursos de capital,
bastante, onerosos e gozam de uma grande economia de escala e, por isso, as barreiras

Docente: Adelino Pimpão Pág.69 de 184


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de entrada de novas firmas são maiores. Entrar neste ramo tem muitos riscos desde o
de investimento a operacionais porque implicará concorrer com os já existentes em
termos de custos, tecnologia e conquista de espaço de mercado.

Barreiras legais
Esta é talvez a maior barreira de entrada a novas firmas onde a lei impera para evitar a
emergência de novas empresas no segmento de mercado. As garantias dos direitos de
patentes é um exemplo evidente de limitações legais para a emergência do monopólio.

3.3.3.Concorrência monopolística ou imperfeita


A concorrência perfeita é difícil de encontrar no mundo real e um monopólio puro ou
absoluto é virtualmente impossível dando que implica operar em ausência de
concorrência.

Enquanto não é difícil para a empresa operar como um simples e singular vendedor com
recurso de patentes e marcas mas já é difícil atingir a situação que não há substituto
para o seu produto.

Portanto uma definição aproximada de monopólio seria um vendedor singular de um


bem que não tem substituto perfeito.

O mundo moderno é caracterizado por um limitado número de casos de monopólios.


Existem fornecedores de produtos de marcas mas outros aparecem a competir com
produtos similares com nomes de marca diferente. Esta é a situação conhecida como
monopolística ou concorrência imperfeita.

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A diferenciação de produto é enfatizada, alguns mesmo dizem, criada por uma


publicidade competitiva que é talvez a característica mais importante desta forma de
mercado.

A publicidade é usada para incutir na mente do consumidor a diferença entre o produto


de marca X com da marca Y.

É importante notar que a diferenciação que estamos a falar é no sentido económico e


não técnico. Porque dois produtos de marca podem ser idênticos na sua composição
química, mas se publicidade cria imagens de dois produtos completamente diferentes
então esses dois produtos são diferenciados porque o consumidor estará disposto a
pagar preço diferente pelos dois.

5.5.4.-Oligopólio
Em muitas indústrias especialmente aquelas cientificamente baseadas e
tecnologicamente avançadas, encontramos a situação de oligopólio.

Assim como o nome sugere, este é o caso de mercado que é dominado por poucos. Por
outras palavras, um número reduzido de grandes empresas que contam para a toda a
produção industrial.

Bons exemplos de oligopólio são encontrados nas indústrias petrolíferas, detergentes,


pneus, automóveis, fibra sintética, cigarros entre outros.

O exemplo de oligopólio não se ajusta ao caso de monopólio ou concorrência imperfeita


pelo facto que não é possível dizer que outros factores permanecem inalteráveis.

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No oligopólio cada firma tem igual influência no mercado de tal modo que qualquer
mudança na sua política vai provocar alterações no mercado que conduzirá a que outras
empresas respondam.

Mas a reacção dos concorrentes é desconhecida.

Se a firma reduz o seu preço que é para aumentar o volume de vendas pode vender
menos. Dependerá de como as empresas vão reagir a esta redução de preços

Por vezes os oligopolistas aceitam a liderança nos preços de firmas maiores.

ACTIVIDADE 3: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1.Tenha em conta o seguinte quadro e analise as diferentes situações de mercado

Situação de
Preço Procura Oferta mercado Pressão s/Preço
A 5 9 18
B 4 10 16
C 3 12 12
D 2 15 7
E 1 20 0

2. Suponha agora que a procura aumentou 20% para todos os níveis de preços, tudo o
resto constante. Refaça o quadro anterior e ponha em evidência as diferenças
encontradas. Sugestão: construa o gráfico com as duas curvas de procura e a curva de
oferta.

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3. Suponha que relativamente à questão 1 houve um deslocamento da curva de oferta


para a direita, tudo o resto invariante. Baseando-se no gráfico acima e inicialmente
construído, demonstre como será restabelecido o equilíbrio no mercado.

4. As afirmações seguintes são Falsas. Mostre a sua falsidade justificando.


a) Uma geada nas regiões produtoras de café do Brasil fará baixar o preço do café.
b) A “protecção” dos produtores norte-americanos de têxteis das importações de
vestuário da China fará baixar o preço do vestuário nos EUA.
c) O rápido aumento das propinas universitárias fará baixar a procura do ensino
universitário.
d) A guerra contra a droga, com a crescente interdição de importação da cocaína, fará
baixar o preço da marijuana produzida internamente.
Sugestão – Utilize gráficos para fundamentar as suas respostas.

5. Em cada uma das seguintes questões, explique se a quantidade procurada varia


devido a uma deslocação da procura ou a uma variação do preço e desenhe um gráfico
para ilustrar a questão.
a) Em resultado da diminuição da despesa militar, o preço das botas da tropa diminui.
b) O preço do peixe baixa após o Papa ter permitido aos católicos comer carne às sextas-
feiras.
c) O aumento do imposto sobre a gasolina baixa o respectivo consumo.
d) Após a devastação da Europa pela Peste Negra no século XIV, os salários
aumentaram.

6. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade
de equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:
i. Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;
ii. Diminuição do preço da energia no produtor;
iii. Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;

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iv. Mau ano agrícola devido a condições climatéricas;


v. Melhorias nos processos produtivos devido a progresso tecnológico;
vi. Subida do preço de um bem substituto;
vii. Diminuição do preço de um bem complementar;
viii. Criação de expectativas de crise económica por parte da população.
(represente graficamente e explicite todas as hipóteses que assumir para a
resolução do exercício)

7. Indica que tipo de deslizamento experimenta a curva de procura do óleo de girassol


como consequência das seguintes variações:

Movimento Deslocamento
Variações
Acima Abaixo Esquerda Direita
Aumenta o preço do óleo de mafurra
Diminui o preço do cimento
Campanha publicitaria a favor do aceite
de mafurra
Campanha publicitária a favor do óleo de
girassol
Aumento do rendimento disponível
Aumento do preço das frigideiras
eléctricas
Diminui o preço do óleo de girassol
Melhora a tecnologia de produção do óleo
Um cantor popular declara na TV que só
consome óleo de soja

8. Suponha que a procura e oferta de um bem podem ser apresentadas pelas seguintes
funções: D= – 13P + 520 ; S= 13P – 130
a) Qual o preço de equilíbrio no mercado deste bem?
b) Represente graficamente o equilíbrio neste mercado.
c) Se num determinado momento o preço fossk2e de 20 u.m., em que situação
estaria o mercado?
C1) Como se designa esta situação?
C2) Que reacções se iriam desencadear no mercado?
C3) E se o preço fosse 30?

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9. Suponha que a procura e a oferta de computadores são dadas pelas expressões: Q= –


40 + 2P ; Q= 160 – 3P
a) Identifique as curvas e explique o seu significado.
b) Calcule o ponto de equilíbrio no mercado de computadores.
c) Represente graficamente o mercado de computadores e a situação de
equilíbrio.

BIBLIOGRAFIA
 Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
 Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
 Das Neves, J C. Introdução a Economia
 Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
 Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
 Miller, R. Microeconomia
 Vasconcelos, M. Economia Básica

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UNIDADE 4
AS FALHAS DE MERCADO E NECESSIDADE DO ESTADO

"Os mercados imperfeitos são superiores à planificação imperfeita"

(Deepak Lal)

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
 Dominar a importância no papel do Estado na economia e no mercado, em
particular;
 Conhecer as externalidades, tipologia e seu efeito sobre o mercado;
 Perceber o papel dos bens públicos numa economia de mercado;
 Identificar as situações de assimetria de informação e como afectam o
funcionamento do mercado;
 Reconhecer o papel e importância da informação no mecanismo de mercado.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 O papel do Estado na economia
Secção 2 As externalidades
Secção 3 Os bens públicos
Secção 4 A assimetria de informação
Secção 5 A procura de 0informação

PARA O INICIO DA CONVERSA


A impermanência do mundo material se interpõe ao conceito puro e simples de
mercado como local onde os indivíduos trocam suas mercadorias por valor. Ao
longo do desenvolvimento do capitalismo ele tornou-se complexo. Um número
cada vez maior de indivíduos e indústrias necessita vender e comprar mercadorias

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a fim de obter lucro. Nessa nova configuração, o estado é convocado a participar


dessa rede económica para regular as relações entre os agentes económicos nem
sempre amigáveis.
Assim, em economia de mercado assume-se que o mecanismo de mercado
funciona e os preços fornecem toda a informação tanto para os consumidores
como para os produtores nos seus principais objectivos, respectivamente, de
maximizar a satisfação utilidade (bem-estar) e os lucros.

O modelo assumido baseava-se na concorrência perfeita de que, pelos critérios de


mercado ocorrerá uma eficiente afectação de recursos entre os compradores e
vendedores de bens e serviços.

Agora ocorre-nos perguntar:


 Sempre isto acontece?
 Será que com o mecanismo de mercado, se consegue sempre a afectação
eficiente de recursos?
 É verdade que a oferta sempre vai gerar a sua própria procura como Jean
Baptiste Say dizia?
 Será que o agente económico produz tudo que a economia precisa?

Para ter a resposta destas e outras perguntas, convido ao amigo estudante a se empenhar
no estudo desta unidade.

SECÇÃO 1 - PAPEL DO ESTADO


Pode ser surpreendente para uns, mas nem sempre o mercado aloca
eficientemente os recursos na economia, nem sempre o que a economia precisa é
produzido pelo agente económico privado, nem tudo que pode ser produzido é
possível colocar preço, nem sempre a informação fluem entre vendedores e
compradores. Mas porque havia de ser assim?

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Precisamente pela existência de falhas de mercado. Pois, como foi visto na unidade
anterior, no mercado existem diferentes graus de poder de mercado (monopólio,
monopsónio, oligopólio, e concorrência monopolística ou imperfeita),
comportamentos que não resultam, necessariamente, numa eficiente afectação de
recursos e os preços e quantidades não são igualmente aqueles que seriam
conseguidos em concorrência perfeita.

Outro aspecto que urge, inicialmente, reconhecer é que nem todas actividades
decorrem na esteira da estrutura do mercado, tais como produção de um bem
público chamado defesa nacional. Alternativamente, se uma fábrica causa a
poluição do ar pela emissão de um fumo tóxico. Esta é uma actividade que não é do
mercado.

As perguntas óbvias são, como distribuir os custos entre produtores e


consumidores, por exemplo, de uma poluição do ar?

Resumidamente, estudaremos três tipos de falhas do mercado, a saber:


 Externalidades
 Bens públicos e
 Assimetria de informação

Antes de continuarmos a analisar a problemática das falhas do mercado, amigo


estudante, detenhamo-nos por instante para abordar as funções do Governo na
economia.

Existe um debate e, terão parcialmente se inteirado do mesmo nas aulas anteriores


desta disciplina, sobre o papel do Governo na economia. Existem uns que advogam

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mínima e limitada intervenção do Governo na economia, enquanto outros são por


uma maior e activa intervenção (economias de mercado, centralizada e mista).

Duma forma geral, uma das formas de intervenção do Governo na economia pode
ser explicada pelas falhas do mercado. Quando o mercado se mostra incapaz de
afectar (eficientemente) os recursos produtivos - trabalho capital e matérias-
primas, duma maneira que nenhum deles seja ocioso (ao longo da fronteira das
possibilidades produtivas).

A afectação eficiente de recursos ocorre quando estes são usados de tal forma que
não seria possível reafectá-los de maneira diferente melhorando a situação de um,
sem que implique a diminuição ou prejuízo da situação de outro. Em princípio o
mercado deve ser capaz de afectar os recursos nesse sentido.

Infelizmente esse não é sempre o caso. No nosso exemplo da fábrica que polui
fumo tóxico ao ambiente, como é que o mecanismo de mercado pode forçar ao
dono da fábrica parar de poluir?

Essa é uma das funções do Governo que visa intervir no mercado de forma a lidar
com as falhas de mercado.

A segunda função do Governo é redistribuir rendimentos e riqueza. Neste caso está


o exemplo do monopolista que como vimos assume que conhece o comportamento
dos consumidores. Esta situação conduz a que o monopolista com pouca produção
consiga lucros fabulosos pois a preços altos. Neste caso, o Governo pode intervir
para quebrar o poder do monopolista e redistribuir o rendimento por outros.

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Nk8ão obstante, é importante chamar a atenção do amigo estudante para o facto


de que o papel que um Governo pode jogar numa determinada economia está
ligado a dimensão política do processo.

Outro aspecto e último a tomar em conta é a componente normativa e positiva do


papel do Governo. Dizer que o Governo pode redistribuir os lucros do monopolista
é a componente positiva. Outrossim, é dizer que o Governo devia (deve)
redistribuir o rendimento dos monopolistas; esse é o seu aspecto normativo.

Desse modo, falhas de mercado podem ser vistas como situações em que a
actuação dos indivíduos em busca de seu puro auto-interesse leva a resultados
que não são eficientes. Falhas de mercado são frequentemente associadas com
assimetrias de informação, estruturas não competitivas dos mercados,
problemas de monopólio natural, externalidades, ou bens públicos.

Ou ainda, o conceito de falha de mercado, dentro da teoria económica também se


refere a circunstâncias específicas que levam um sistema de livre mercado à
alocação ineficiente de bens e serviços. As imperfeições de mercado são os
desvios das condições de mercado competitivo que levam indivíduos privados e
organizações, que buscam maximizar seus interesses próprios, a fazerem coisas
que não sejam de interesse social.

Indivíduos normalmente prestam atenção somente aos custos e benefícios


privados, ignorando os custos e benefícios gerais. Para que se corrija essa
situação, deve-se tentar alinhar os objectivos privados e sociais, criando
programas que induzam os indivíduos privados maximizadores a considerarem
todos os custos e benefícios nos seus cálculos

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A existência de uma falha de mercado é muitas vezes usada como justificativa


para a intervenção governamental em um mercado particular. A microeconomia
ocupa-se do estudo das causas de falhas de mercado, e dos possíveis meios para
corrigi-las, quando ocorrem. Tal análise desempenha um papel importante em
decisões políticas sobre políticas públicas. No entanto, alguns tipos de
intervenções e de políticas governamentais, tais como impostos, subsídios,
salvamentos, controles de preços e salários, e regulamentos, que podem
constituir tentativas públicas de corrigir falhas de mercado, também podem
levar a alocações ineficientes de recursos (às vezes chamadas de falhas de
governo). Nestes casos, há uma escolha entre os resultados imperfeitos, isto é, os
resultados do mercado imperfeito, com ou sem intervenções do governo. Em
qualquer caso, por definição, se existe uma falha de mercado o resultado não é
pareto eficiente. Os economistas neoclássicos e keynesianos acreditam que
actuações governamentais podem influenciar positivamente o resultado
ineficiente de mercados que apresentam falhas. Nesta aula, estudaremos em
maiores detalhes as principais falhas de mercado classificadas pela teoria,
notadamente: competição imperfeita, externalidades, bens públicos, monopólios
naturais, e assimetria de informações.

SECÇÃO 2 - EXTERNALIDADES
Em economia, as externalidades podem ser definidas de diferentes maneiras que
no fundo é dizer a mesma coisa com mais ou menos sofisticação, mais ou menos
palavras.

Assim, as externalidades são:

a) Custos ou benefícios do mercado que não estão reflectidos no preço.


Exemplo, poluição do ar, vacinas diversas, etc.

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b) Todos os efeitos das actividades - produção e consumo - que não foram


reflectidos no preço e nos custos de mercado.

c) Custos e benefícios não quantificados monetariamente no mercado.

Ou ainda, as externalidades podem ser entendidas como os custos ou benefício que não
são internalizados pelo indivíduo ou pela empresa em suas acções e que impõem custos
ou benefícios directamente a terceiros. Qualquer decisão e consequente acção acarretam
custos e benefícios. Quando os custos ou benefícios decorrentes da decisão incidem
apenas sobre o agente decisor, são chamados de custos ou benefícios internos.

Temos ainda, amigo estudante que a externalidade é o impacto da acção de um agente


sobre um terceiro que não participou dessa acção. O terceiro, a princípio não paga nem
recebe nada por suportar esse impacto.

Por regra, quando definimos a existência de externalidades como uma falha de mercado,
pressupomos que a existência de custos de transacção impede a alocação eficiente das
externalidades por meio de trocas.

Em jeito de intróito, vale ressaltar que a questão das externalidades foi, primeiramente,
abordada por Ronald Coase, economista da Universidade de Chicago, que desenvolveu em
1960 um estudo denominado de “O Problema do Custo Social” o que lhe garantiu,
posteriormente, a indicação e a obtenção do Premio Nobel de Ciências Económicas em
1991. Coase procura, basicamente, estudar até que ponto o mercado privado é eficaz ao
lidar com externalidades, e chega a conclusão de que se os agentes económicos envolvidos
puderem negociar, sem custos de transacção, a partir de direitos de propriedade bem
definidos pelo Estado, poderão alocar os recursos de modo mais eficiente, solucionando o
problema das externalidades.

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“Os agentes privados podem solucionar os problemas das externalidades entre si, desde que
os custos de transacção não sejam excessivos. Qualquer que seja a distribuição inicial dos
direitos, as partes interessadas sempre podem chegar a um acordo pelo qual todos ficam
numa situação melhor”

As externalidades podem ser de dois tipos

Externalidades Negativas
Uma externalidade negativa é representada por impacto negativo que atinge terceiros
proveniente da acção de outrem. Consideremos como exemplo, o uso de carros para ir ao
trabalho. Quando um agente decide utilizar seu carro para ir para o trabalho, está em geral
preocupado com factores como seu conforto, a rapidez, o preço da gasolina, a depreciação
do carro, utilização do carro, etc. Essa acção, entretanto, tem efeito na vida de terceiros
dado que, dentre outros factores, contribui para o aumento do trânsito e da poluição.

Esses dois resultados podem ser tidos como negativos do ponto de vista dos terceiros que
o suportam, dado que a emissão de gases pelo veículo é prejudicial à saúde, e que o
aumento do trânsito fará com que o tempo de deslocamento entre diferentes pontos da
cidade seja maior. Dessa forma, o custo dessa acção para a sociedade será maior que para
a pessoa que decide se deslocar por meio de um carro. Isso porque, o custo social é a
somatória dos custos privados de quem age e do impacto suportado pelos terceiros.

Uma solução típica para este tipo de problema seria a imposição de uma taxa, pelo Estado,
sobre esta atividade, a fi m de imputar aos agentes o custo decorrente da externalidade
apontada. No momento em que essa externalidade passa a integrar o custo privado, a
curva de custo privado se iguala à curva do custo social, e o equilíbrio atingindo passa a
igualar-se ao ponto óptimo. Ou seja, quando as pessoas passam a arcar com os custos do
aumento do trânsito e da poluição, provenientes da utilização dos carros, o número de

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carros tende a diminuir de forma a alcançar a quantidade óptima. Dessa forma, o


resultado é a alocação eficiente dos recursos que existiria em um mercado onde não há
falhas.

Externalidades Positivas
A análise feita acerca da externalidade negativa pode ser aplicada de forma semelhante às
externalidades positivas. Nessas últimas, porém, trata-se de acções que geram benefícios
indirectos a terceiros. O morador de uma cidade que mantém a fachada de sua residência
em bom estado está realizando uma acção em benefício próprio, qual seja a boa
conservação de sua propriedade privada. Adicionalmente, sua conduta está sendo
benéfica aos demais moradores daquela cidade, uma vez que contribui para a sensação de
limpeza e boa conservação do ambiente urbano, logo, para o bem-estar de sua população.

À medida que há utilidade para outras pessoas que não o morador que empreendeu a
acção, esse benefício pode ser considerado uma externalidade positiva.

Nesse caso, como há a presença de um ganho, e não de um custo como no caso de uma
externalidade negativa, a curva de valor social se distingue curva da demanda, ou seja, do
valor privado. Como o valor social é superior ao valor privado, a curva do valor social está
localizada acima da curva da demanda. Sendo assim, há um número menor de fachadas
conservadas que o desejável pela população, fazendo com que o ponto equilíbrio,
representado pelo cruzamento das curvas de oferta e demanda, se afaste do ponto óptimo
de encontro das curvas da oferta e do valor social. Para que esse último ponto seja
alcançado é necessário alguma forma de incentivo para que mais pessoas contribuam com
o melhoramento das fachadas, de modo a aumentar a quantidade e deslocar o ponto de
equilíbrio para o ponto óptimo.

Outros exemplos de externalidades positivas são: a) quando um indivíduo se vacina


contra a gripe, todas as demais pessoas com quem ele se relaciona também obtêm

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benefícios, pois a probabilidade de incidência da enfermidade se reduz


consideravelmente; b) uma propriedade vizinha bem conservada implica no aumento do
valor de mercado das casas.

Amigo estudante, por outras palavras, estamos a dizer quer se os custos ou benefícios
incidirem também, parcial ou totalmente, sobre outras pessoas que não o agente decisor,
geram as chamadas externalidades positivas ou negativas. O benefício que uma decisão
trouxer para outras pessoas e chamado de benefício externo ou externalidade positiva; o
custo sobre outras pessoas e chamado custo externo ou externalidade negativa.
Mas antes de continuarmos a analisar as externalidades, importa distinguir dois
tipos de custos:

Custos privados: são aqueles gerados pelos produtores que criam


externalidades.

Enquanto custos sociais: são todos gerados por outros que terão que
acomodar-se com as externalidades.

Para perceber melhor, anotemos um exemplo de um produtor químico que deita


os dejectos (resíduos) químicos ao rio onde o pescador captura peixe. A hipótese é
que o rio é de livre utilização para ambos (não tem dono).

Em contrapartida, tais resíduos representam custos para o pescador porque os


resíduos químicos estão a matar peixes e reduzir a fauna fluvial, assim ele apanha
pouca quantidade de peixe, o que reduz as suas receitas.

Neste caso, as externalidades negativas aparecem porque não há custos do


mercado no uso do rio que é input para ambos, produtor químico e pescador.

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Embora os custos de poluição do rio não façam parte dos custos privados do
produtor químico, deve ser concluído como parte dos custos sociais adicionais de
produzir produtos químicos. Assim, custos sociais resultam da soma do custo
adicional privado mais os custos com a poluição.

Como se pode atingir um equilíbrio social eficiente?

As soluções podem ser várias. Olhemos para algumas delas.

Uma, pode ser com a imposição de um imposto na produção igual aos danos
causados com a poluição. O que requer a intervenção do Estado.

Outra alternativa de solução seria o Governo definir padrões socialmente


aceitáveis a ser observados pelo produtor químico, acima dos quais seria multado,
na mesma proporção da violação.

Uma terceira solução seria privada. Aqui não envolveria o Governo, onde por
exemplo o pescador poderia cobrar o produtor químico no montante das suas
perdas, que tem o mesmo efeito que o imposto. Com esta solução, o produtor
químico compensa directamente o pescador as perdas de produção deste.

Ainda existe uma quarta solução privada que consistiria em o produtor químico
receber do pescador parte do peixe capturado para compensar uma não maior
produção evitando assim poluir a água. Assim o produtor químico estaria
compensado a produzir menos e assim a não poluir o rio. A externalidade seria
paga pelo pescador.

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O resultado destas opções de soluções seria uma eficiente alocação social de


recursos na produção e na troca, mas nem todas são facilmente exequíveis. Aqui
onde a grande diferença entre as opções acima.

Como se pode depreender as soluções privadas são mais difíceis que aquelas que
requerem a intervenção do Governo, mas a probabilidade de as atingir é bastante
reduzida. Outra particularidade é que se assume que a poluição pode ser medida, o
que não corresponde a verdade na vida real.

Outro problema em torno das opções de solução está relacionado com o impacto
da distribuição de rendimento entre as três partes envolvidas (produtor químico,
pescador e Governo)

Agora, incorporemos um elemento novo na nossa análise, estabelecendo o direito


de propriedade com um fazendeiro como dono do rio e que aluga com pagamento
de um preço a ambos, tanto o produtor químico como o pescador.

Mesmo assim, o problema das externalidades não estaria resolvido, aliás a


consignação de propriedade não constitui solução da poluição.

Olhemos para situações, como o que fazer com o barulho dos aviões para as
pessoas que vivem ao pé dos aeroportos? Seria dar espaço? Há muitas partes
envolvidas.

Aqui a intervenção do Governo para fixar padrões de ruído e multando os que


excedam e impor uma taxa para os aviões que usam os aeroportos a noite, seria
uma opção melhor. Prático e fácil de executar e cobrar tais taxas.

Docente: Adelino Pimpão Pág.87 de 184


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SECÇÃO 2 - BENS PÚBLICOS


Vamos assumir que num vale vivem agricultores, onde desenvolvem as suas
actividades agrícolas. Sucede que no tempo das chuvas, o vale sofre grandes
inundações, destruindo culturas e casas.

Solução: construir uma represa para evitar as inundações, protegendo assim as


casas e culturas.

Se um agricultor se decidisse construir a represa sozinho, teria benefícios porque a


sua casa e farma estariam protegidas, mas os custos de construção são maiores que
os benefícios advindos.

Assim e por isso nenhum agricultor estaria encorajado a construir a represa


sozinho.

Contudo, existe a sensibilidade nos agricultores de que tal empreendimento


(represa) cria benefícios externos de grande valor, pelo facto de proteger as
habitações e farmas de todos os agricultores do vale.

Por isso, ou todos os agricultores ou o Governo têm de financiar a construção da


represa.

Esta situação introduz a ideia de BEM PÚBLICO, que pode ser definido como:

 Qualquer coisa que o Governo produz que não pode ser afectado
eficientemente pelo mercado;

 É aquele que produz benefícios que é difícil de vedá-los a indivíduos


que não pagam por ele.

Docente: Adelino Pimpão Pág.88 de 184


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Ex: represa, farol, candeeiros de iluminação pública, etc.

Ou ainda, bens públicos são definidos como aqueles bens que geram benefícios para
todos, mas cujos custos não podem ser distribuídos, pela simples razão de que não se
pode excluir do consumo os indivíduos que se recusam a pagar por eles. Tal costuma ser
o caso de estradas, parques públicos, policiamento, defesa nacional, meio-ambiente, etc.
A diferença mais importante entre os bens públicos e os demais é que os benefícios por
eles gerados, não podendo ser alocados entre os beneficiários de acordo com algum
princípio económico, devem ser objecto de decisões políticas, o que significa que o
Estado é quem deve produzi-los, buscando financiamento na tributação, na inflação e na
dívida interna ou externa.

Características de um Bem Público Puro:


1. Não é rival no consumo ou não há rivalidade no seu consumo. Isto
quer dizer que o consumo de uma pessoa não impede que as outras
pessoas o façam ao mesmo tempo, ou ainda, não reduz a sua
disponibilidade para os outros.

Por exemplo: Defesa nacional. Mesmo que uma pessoa tenha um exército, não
consegue impedir que os outros se sintam protegidos.

. O consumo de uma pessoa não afecta o montante disponível para o


consumo de outras pessoas.
. Novos consumidores não afectam o consumo dos já existentes, isto quer
dizer que o custo adicional é nulo para o consumidor adicional.

2. Não exclusivo no consumo. Não é possível impor o pagamento para ter


acesso ao consumo. O exemplo anterior é válido.

Docente: Adelino Pimpão Pág.89 de 184


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3. Não rejeitável.

Como se pode depreender nem todos os bens produzidos pelo Governo são bens
públicos puros.

Exemplo: estradas, escolas, aeroportos são exclusivos nas taxas, portagens, onde
custos podem ser aplicados no seu uso.

Podem ser rivais no seu consumo.

Voltemos ao nosso exemplo da represa. Porquê uma empresa privada não pode
produzir a represa (como bem público)?

1. Suponhamos existirem no vale, os agricultores A e B como


representantes de vários outros.

2. Suponha que você seja agricultor A ou B e o representante da


empresa privada, construtora da represa, pergunta-lhe sobre os
benefícios do empreendimento.

Quanto você está disposto a pagar para a construção da represa? Como o


amigo estudante responderia?
Você não subestima os benefícios porque se apercebe que a sua resposta não
influenciará na decisão final sobre a construção.

 Decisão é com sufrágio de todos os agricultores.

Docente: Adelino Pimpão Pág.90 de 184


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Agora imagine que a sua resposta afectará directamente o valor que você
tem de pagar como futuro beneficiário.
Neste caso você responde que o sistema é necessário e beneficiará aos vizinhos
mas você, pessoalmente, espera poucos benefícios, por isso está disposto a pagar o
mínimo para garantir a construção do sistema.

PROBLEMA: Todos os vizinhos têm o mesmo incentivo para mentir.

Finalmente, o representante da empresa receberá respostas enviesadas que


culminarão com a não construção da represa. Mais uma vez o que requererá a
presença ou intervenção do Estado.

Este problema de as pessoas não serem honestas para revelar os benefícios


marginais privados, faz com que se produza o bem público e qualquer pessoa se
possa beneficiar sem contribuir, originando o problema do caloteiro (free rider),
onde o bem público é menor que seu benefício.

O problema do caloteiro (free rider) conduz a que não seja possível uma afectação
eficiente dos recursos no mercado.

A constatação empírica já evidenciou que o número dos consumidores influencia a


resposta dos inquiridos sobre os benefícios de um bem público, numa perspectiva
em que quando o número dos consumidores é pequeno, há pouco incentivo a
mentir e assim o problema aumenta, com o aumento do número dos
consumidores.

Caloteiro: alguém que recebe o benefício de um bem, mas evita pagar por ele (calote).

Docente: Adelino Pimpão Pág.91 de 184


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SECÇÃO 3 - A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO


Quando se estudou o mercado de concorrência perfeita, assumiu-se que todos os
intervenientes do mercado tinham perfeita informação sobre os preços que lhes
permitia tomar uma decisão apropriada acerca do nível de consumo e de
produção.

Na vida corrente, pode-se constatar que a assumpção não é realista posto que,
normalmente, no mercado a informação é produto muito bem valorizado.

Neste caso, se a nossa hipótese não persistir, o nosso modelo de concorrência


perfeita desaparece e com ele surge o problema de falha de mercado o que faz com
que os recursos não sejam afectados eficientemente.

Note-se que numa economia de mercado, a informação é indicada pelos preços.


Logo, a informação é imperfeita quando os preços não são determinados pelas
forças do mercado que fornecem aos consumidores e produtores sinais errados
sobre o andamento do mercado.

Imagine uma situação em que os vendedores têm melhor informação que os


compradores. O exemplo é do mercado de viaturas de segunda mão, onde o
vendedor conhece as falhas e virtudes do carro pelo facto de ter conduzido o carro
por algum período, mas o comprador não tem tais informações. Neste caso, o
comprador fica preocupado com a qualidade do carro e o proprietário do carro
tenta vender o seu carro talvez por defeitos técnicos.

Quando o mecanismo de mercado falha e não fornece informação suficiente sobre


qualidade de bens e serviços, os compradores e vendedores procuram outros
métodos de indicação do mercado tais como garantias. Tais garantias podem ser
na forma de reposição do bem/serviço em caso de defeito técnico, originariamente

Docente: Adelino Pimpão Pág.92 de 184


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de fabrico. Também as garantias podem ser aplicadas aos certificados de graus


académicos concluídos ou outras informações que indiquem qualificações para
comprovar a qualidade da força de trabalho.

Agente-Principal
O problema agente-principal ou dilema da agência trata das dificuldades que
surgem em condições de informação incompleta e assimétrica quando um
determinado indivíduo, que denominaremos “principal” contrata outro, que
denominaremos “agente” para a consecução de determinado tarefa que será
custosa para o agente e que o principal não tem como fiscalizar adequadamente.

Vários mecanismos podem ser usados, em diferentes contextos, para tentar alinhar
os interesses do agente em solidariedade com os do principal, tais como taxas de
ineficiência, participação nos lucros, salários de eficiência, avaliação de
desempenho (incluindo demonstrações financeiras), etc.

Ainda assim, em alguns casos pode ser difícil para o principal garantir que o
comportamento do agente esteja em conformidade com seus interesses. O
problema principal-agente é encontrado na maioria das relações
empregador/empregado, por exemplo, quando os accionistas contratam altos
executivos de corporações. A ciência política, tendo registado os problemas
inerentes à delegação de autoridade legislativa para órgãos burocráticos. Como
outro exemplo, a aplicação da legislação está aberta à interpretação burocrática, o
que cria oportunidades e incentivos para o burocrata, como agente, desviar as
intenções ou preferências dos legisladores.

Selecção contrária
Referimo-nos a cenários cuja informação pode facilitar o vendedor. Mas existem
situações onde sucede o contrário, em que o comprador está numa posição

Docente: Adelino Pimpão Pág.93 de 184


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vantajosa relativamente ao vendedor. Sucede com os seguros onde os


compradores de apólices têm melhor conhecimento sobre os riscos a cobrir que o
seu vendedor.

Por exemplo, na compra de um seguro de vida, a pessoa em causa, tem melhor informação
sobre o seu verdadeiro estado de saúde que a companhia seguradora, ao menos que esta
gaste dinheiro para ter um exame médico completo.

Esta situação levanta o problema que em economia é conhecido como selecção


contrária, porque as pessoas sem boa saúde são as mais motivadas para o seguro
de vida que as saudáveis.

Risco Moral
Outro exemplo de selecção contrária é aquele referente a seguro dos bens
imobiliários. As pessoas que vivem nas zonas com elevado índice de criminalidade
são as mais motivadas para comprar serviços de seguros que as das zonas de baixo
índice.

O aumento do número das pessoas procurando os serviços de seguro, faz com que
os prémios igualmente aumentem o que reduz o incentivo das pessoas vivendo em
zonas de baixo índice em procurarem os serviços de seguro.

Existe outro problema no mercado de seguros que é relativo ao risco moral. Este
problema faz com que as companhias de seguro incorram em alto risco resultante
da mudança de comportamento causada pelo facto das pessoas estarem confiantes
de que os riscos estão cobertos pelo seguro.

Por exemplo, se tiver o seguro contra o risco de roubo, as pessoas ficam menos
cuidada em verificar antes de sair se têm as janelas e portas devidamente

Docente: Adelino Pimpão Pág.94 de 184


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trancadas porque sabem que a companhia de seguro lhes reembolsará os danos


que, eventualmente, forem causados resultante da ocorrência de um roubo.

Outrossim, tendo seguro de vida, a pessoa é menos cuidada em, regularmente,


fazer exercícios ou em comer uma dieta equilibrada, e, este é o risco moral dos
seguros.

Na verdade amigo estudante, os problemas da selecção adversa e do risco moral


decorrem de uma assimetria de informações entre as partes: uma das partes
possui informações relevantes para o contrato que a outra parte não é capaz de
obter. Tais problemas são comummente apresentados como razões para a
implementação de regulações de defesa dos interesses dos consumidores. É o caso
de regulações que visam garantir padrões mínimos de qualidade para certos
produtos, estipular regras mínimas de garantia, ou critérios de responsabilização
civil de profissionais liberais como advogados ou médicos.

Os mesmos problemas podem, contudo, ocorrer do lado da demanda. É o caso dos


contratos de seguros, ou de garantia, por exemplo. Nestes casos, o comportamento
dos consumidores, que não pode ser verificado pelo fornecedor, ou prestador de
serviços, é particularmente relevante para a consecução da relação económica,
podendo implicar em ganhos para os consumidores e custos para os ofertantes. Em
casos típicos como estes, a própria regulação já busca soluções para eventuais
falhas de mercado. Nas hipóteses sobre as quais a regulação não se debruçou
caberia às partes encontrar soluções contratuais para lidar com tais problemas.

SECÇÃO 4 - A PROCURA DE INFORMAÇÃO


Na vida quotidiana, sucede que efectivamente as pessoas enfrentam o problema de
procura de informação sobre os preços, na ausência de um banco de dados.

Docente: Adelino Pimpão Pág.95 de 184


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Um exemplo tradicional de um banco centralizador de informação é a bolsa de


valores, onde compradores e vendedores interagem e sempre têm imediatamente
disponível a informação sobre os preços dos activos.

O problema é que em tal mercado não há, necessariamente, o preço de todos os


bens e serviços. Contudo, pode haver um custo para uma pessoa particular obter
uma informação perfeita sobre os preços. Para o consumidor, estes custos
chamam-se custos de transacção.

As empresas sabem que a pesquisa de informação é onerosa e tentam obter


vantagem desta realidade. Também sabem que não perderão todos os seus clientes
se aumentarem os preços das suas mercadorias. Se uma loja baixar seus preços
não atrairá imediatamente todos os clientes de outras lojas. Os clientes têm que
aprender sobre as vantagens dos preços competitivos e isso leva o seu tempo.

Ainda mais, se as pessoas sabem que houve a baixa de preços, elas se preocupam
também com outros aspectos como a qualidade dos produtos, dos serviços
prestados e se os produtos estarão ou não em stock.

Assim, pelo facto de que a procura de informação é onerosa, a empresa enfrenta


uma curva de procura negativamente inclinada, isso quer dizer que a firma pode
mudar (aumentar) o preço dos seus produtos sem perder todos seus clientes.
Recordem que se estudou que em concorrência perfeita, dada a fluidez de
informação, uma firma individual enfrentava uma curva de procura horizontal o
que implicava que uma mudança no preço, a empresa perdia o mercado inteiro.
Logo a concorrência é necessariamente imperfeita.

Docente: Adelino Pimpão Pág.96 de 184


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Examinemos um exemplo, de um indivíduo que está nas instalações no


Supermercado Alan Foia Criações com o objectivo de comprar um par de sapatos.
Primeiro, a pessoa tem uma ideia de quanto deve custar um par de sapatos.
Suponhamos que a loja tenha os sapatos a 3.000 meticais. Mas o mesmo indivíduo
sabe que numa outra loja nas redondezas deve estão a vender os mesmos sapatos
a 20 a 30 meticais menos. Mas para se deslocar até lá, implica um custo adicional.
Só a pessoa comprará os sapatos no Supermercado Alan Foia se constatar que a
diferença dos preços não compensa os outros custos adicionais de transacção
(tempo, deslocação, serviços, entre outros).

Finalmente, o Estado intervém no mercado para prover informação com a criação


de institutos ou buriós de informação de utilidade pública que facilita a tomada de
decisão de investimentos ou de afectação de recursos.

Note-se desta forma que o Estado numa república é o protector supremo dos
interesses materiais e morais dos cidadãos. A sua presença representa uma
garantia das liberdades dos cidadãos.

Notamos desta forma que o Estado continua a prestar um serviço público


garantindo igualdade de oportunidades a todos os cidadãos.

Docente: Adelino Pimpão Pág.97 de 184


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ACTIVIDADE 4: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. Conceitue falhas de mercado e cite alguns exemplos de imperfeições de mercado.

2. Descreva os conceitos de externalidades (a) positivas e (b) negativas, citando


exemplo da realidade da sua zona de residência. Cite também a possível
intervenção governamental desejável nessa situação.

3. Explique o significado dos bens públicos como (a) não rivais e (b) não exclusivos.
Procure dar exemplos práticos.

4. Em que situações as externalidades passam a exigir intervenção


governamental e em quais tal intervenção provavelmente seria
desnecessária?

5. Um imposto sobre emissões é pago ao governo; por outro lado, quando


um causador de danos é processado e condenado, ele precisa pagar
directamente à parte prejudicada pelos prejuízos causados pelas
externalidades. Que diferenças provavelmente ocorreriam no
comportamento das vítimas nessas duas diferentes situações?

6. Os bens públicos são ao mesmo tempo não-disputáveis e não-excludentes.


Explique cada um desses termos, mostrando claramente de que maneira
eles são diferentes entre si.

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7. A televisão estatal é custeada em parte por donativos do sector privado,


embora qualquer pessoa que tenha um televisor possa assistir à sua
programação sem pagar por isso. Você seria capaz de explicar esse
fenómeno, levando em consideração a questão do caloteiro?

8. Por que há uma externalidade criada pelas empresas?

9. Você crê que negociações entre as partes possam resolver o problema?


Explique.

10. Em relação à assimetria de informações, os conceitos de risco moral e de


selecção adversa desempenham importante papel. Analise esses conceitos
e tente ilustrá-los com exemplos práticos.
BIBLIOGRAFIA
Buchanan, M. (1978)., "Public Goods and Natural Liberty", in: Wilson, T. e
Skinner, A.S., "The Market & The State", Oxford University Press, Oxford, págs.
275/276.

Buchanan, M. (1969). "Is Economics the Science of Choice?", in: Streissler, E.,
"Roads to Freedom", Routledge & Kegan, Londres, págs. 56/62.

Calabresi, G. & Melamed, D. (2007). Property Rules, Liability Rules, and


Inalienability: One View of Cathedral. 85 Harvard Law Review 1089 (1972). In:
DAU— POSNER, Richard. A. Economic Analysis of Law. Parte I. Cap. I. New York.

Lucas, R. (1979), "Liberty, Morality and Justice", in: "Cunning, R.L. (ed.), "Liberty
and the Rule of Law", Texas A. & M. University Press, Londres, págs. 157 e segs.

Salama, M. (2008). O que é “Direito e Economia”? In: L. B. Timm (Ed.). Direito &
Economia. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora.

Schmidt, K. & ULEN, T. (2002). Law and Economics Anthology. 2. ed. Cap. 3.
Cincinnati, OH: Anderson Publishing Co.

Zylbersztajn, D. & Sztajn, R. (2005). Direito & Economia — Análise Económica do


Direito e das Organizações. Rio de Janeiro.

Docente: Adelino Pimpão Pág.99 de 184


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UNIDADE 5
A TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
 Dominar o conceito de consumidor;
 Conhecer os axiomas subjacentes as preferências do consumidor;
 Compreender o percurso do estudo da utilidade pelas diferentes escolas de
pensamento;
 Identificar as diferentes características das curvas de indiferença;
 Identificar a importância e papel do rendimento e a sua restrição no consumidor;
 Reconhecer o equilíbrio do consumidor.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Teoria da preferência e utilidade
Secção 2 Análise da Utilidade e curva de indiferença
Secção 3 Características das curvas de indiferença
Secção 4 O rendimento limitado e a maximização do consumidor
Secção 5 O equilíbrio do consumidor

PARA O INICIO DA CONVERSA


A Teoria do Consumidor trata fundamentalmente da teoria da escolha individual.
Assim, o que veremos aqui é uma teoria da escolha individual, que envolve assuntos
como a forma racional de consumo, preferência do consumidor e as curvas de
indiferença.

A Teoria do Consumidor aborda o consumidor como um indivíduo racional, ou seja, ele


calcula deliberadamente, escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfação ou
utilidade do bem/serviço adquirido.

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A Teoria do Consumidor é sustentada por hipóteses de racionalidade, que é dividida em


três partes: preferências, restrições e escolhas.

Comecemos por dizer que existem três grupos de agentes económicos: consumidores,
empresários e proprietários de recursos.

Os proprietários de recursos fornecem factores de produção utilizados para ter bens e


serviços. Em contrapartida, recebem rendimentos. O rendimento recebido capacita aos
proprietários de recursos a agirem como consumidores.

Por seu turno, os empresários organizam a produção e de certa forma determinam a


quantidade de bens e serviços a colocar no mercado. Quando se antecipam aos desejos
dos consumidores são recompensados com um rendimento monetário em forma de
lucro, também conhecido como prémio do empresário. Com este prémio, conseguem
entrar no mercado como consumidores.

Em resumo, todas as pessoas com rendimento monetário, independente da forma como


o ganharam, mas que as capacita para estar no mercado a procurar bens e serviços, são
tidos como consumidores.

Assim, cada consumidor organiza como afectar o seu rendimento entre a vasta
quantidade e variedade de bens e serviços disponíveis no mercado. A agregação destas
decisões é conhecida como a procura de mercado que exprime como a sociedade, como
um todo, pretende afectar os seus recursos financeiros.

Assim esta unidade estuda como comportamento individual do consumidor como o


amigo estudante, logo estudá-la é também fazer uma viagem de auto-conhecimento mas
na vertente económica.

Docente: Adelino Pimpão Pág.101 de 184


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SECÇÃO 1 TEORIA DA UTILIDADE E PREFERÊNCIA

A tarefa de qualquer consumidor é de consumir seu limitado rendimento de forma a


maximizar o seu bem-estar económico que é objectivo das famílias. Lamentavelmente,
até agora nenhum indivíduo ou sociedade já foi bem sucedido nesse empreendimento.

Economistas apontam as razões da desilusão (não conseguir maximizar o bem estar)


como resultantes da falta de uma informação precisa, entre outras.

Analisemos algumas hipóteses simplificadoras das condições que permitiriam o


indivíduo maximizar o bem-estar. Para tanto, se assume que cada consumidor deveria
conhecer todos os problemas pertinentes e as suas decisões de consumo. O que implica:
1. Conhecer a série completa de bens e serviços disponíveis no mercado;
2. Saber exactamente a capacidade técnica do bem/serviço para satisfazer uma
necessidade;
3. Saber o preço exacto de cada bem/serviço e que tais preços não serão alterados
por sua acção no mercado;
4. Finalmente, saber do que será o seu rendimento exacto durante um
determinado período de tempo.

Estas hipóteses não são restritivas. Para derivar a curva de procura e de indiferença,
torna-se necessário ter as seguintes assumpções:
1) Que o consumidor seja informado da existência de alguns bens e serviços;
2) Tenha algumas reacções em relação aos mesmos, por outras palavras, que
prefira uns em detrimento de outros;
3) Disponha de rendimento para dar significado as estas reacções no mercado.

Docente: Adelino Pimpão Pág.102 de 184


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As hipóteses rígidas vistas anteriormente são aplicáveis a teoria do bem-estar. Por


outras palavras, ajudam a explicar porquê a maximização do bem-estar ainda é uma
miragem.

A função preferência
O indivíduo ou família obtém satisfação ou utilidade ao consumidor um determinado
bem ou serviço durante um determinado período de tempo.

Para que a satisfação ou utilidade seja máxima, o consumidor deve ser capaz de
comparar orçamentos diferentes ou cabazes de mercadorias. O que quer dizer que o
consumidor em função do orçamento deve ser capaz de comparar cestas alternativas de
mercadorias e determinar a sua ordem de preferências.

Uma função preferência do consumidor tem as seguintes características:


a. Estabelece um conjunto ordenado (1) de preferências para cada cesta de
mercadorias;
b. Para qualquer das duas cestas de mercadorias A e B, a função preferência
indica se prefere A a B, ou B a A ou que é indiferente.
c. Para cestas de mercadorias A, B e C. Se preferir A a B e B a C, logo A deve ser
preferível a C.
d. Um orçamento maior é preferível a um menor.

Pode-se notar que a função preferência é caracterizada por duas relações:


 Preferência, e
 Indiferença

A função preferência indica a ordem de preferência em relação a duas ou mais cestas de


mercadorias ou de orçamentos: Por outras palavras, que quer dizer:

1
Quer dizer que o consumidor pode posicionar diferentes cestas de mercadorias em primeiro, segundo, terceiro
lugares e sucessivamente.

Docente: Adelino Pimpão Pág.103 de 184


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a. Duas cestas que são indiferentes têm a mesma ordem de preferência;


b. Quanto maior o orçamento, mais alta é a sua classificação na ordenação e é
preferível em relação a outras e maior é a satisfação.

Sinteticamente, para analisar o comportamento do consumidor são necessárias as


seguintes hipóteses:
 Cada consumidor tem o conhecimento exacto e pleno de toda a informação
relevante para as suas decisões de consumo: conhecimento dos bens e serviços,
da sua capacidade técnica de satisfazer suas necessidades, dos preços de
mercado e do seu rendimento.

 Cada consumidor tem uma função preferência (i) que estabelece uma ordenação
entre as cestas de mercadorias (ii) para uma comparação dois a dois, indica que
prefere A a B, B a A, ou que é indiferente (iii) para comparar três ou mais
cabazes, indica que se A é preferido (indiferente) a B e B é preferido
(indiferente) a C, logo A é preferido (indiferente) a C. (iv) estabelece que um
orçamento maior (uma cesta maior) é preferível a um menor.

SECÇÃO 2 ANÁLISE DA UTILIDADE E CURVA DE INDIFERENÇA


Em economia, a utilidade é tida como a qualidade que torna um bem ou serviço
desejado. Por outras palavras, representa um prazer subjectivo, o proveito ou a
satisfação derivada de consumir bens ou serviços. Como se pode depreender é um
fenómeno subjectivo porque naturalmente que uma pessoa tem uma constituição
fisiológica e psicológica diferentes da outra.

Esta apreciação da utilidade que aparentemente hoje é consensual teve um longo


caminho histórico de pensamento para o melhoramento.

A análise inicial tinha na utilidade como uma qualidade:

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a. Mensurável cardinalmente. Por exemplo, que 250g de bife podiam fornecer


80 utis que é a medida de utilidade proposta pelos precursores da análise da
utilidade.

b. Aditiva que a utilidade obtida do pão e da manteiga deveria ser somada.

c. Independente que a utilidade obtida de um bem não é afectada pela taxa de


consumo de outro bem. A utilidade obtida pela manteiga é independente do
pão consumido.

Os economistas modernos mostram que a utilidade não depende da aditividade.


Concordam que a utilidade total depende das quantidades consumidas no período, mas
não era a simples soma das utilidades independentes de cada bem obtidas
independentemente.

Vilfredo Pareto (1906) removeu o último obstáculo sobre a teoria da utilidade, dando
lugar ao conceito ordinal do comportamento do consumidor, dispensando a hipótese de
utilidade cardinal porque irrelevante ou desnecessária.

Um consumidor considera equivalentes todas as cestas de mercadorias produzindo o


mesmo nível de utilidade. O lugar geométrico destas cestas de mercadorias
(orçamentos) é chamado curva de indiferença porque o consumidor é indiferente
quando ao orçamento (cabaz de mercadorias) específico consumido ao longo da mesma.

Quando mais elevada, ou melhor, quanto mais a direita estiver uma curva de
indiferença, tanto maior o nível de utilidade, como é mostrado no gráfico nº 1.

Ainda, quanto mais elevada uma curva de indiferença, mais preferível será cada
orçamento situado nessa curva.

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Mapas de indiferença

Qtde Y

III
II
I

Gráfico nº 1 Quantidade de X

Assim a curva de indiferença é o lugar geométrico de pontos ou orçamentos particulares


ou combinações de bens que proporcionam o mesmo nível de utilidade total, ou ainda,
aos quais o consumidor é indiferente.

O gráfico nº 1 mostra os mapas de indiferença que é um conjunto de curvas de


indiferença. Estas curvas mostram todas as combinações possíveis de X e Y de utilidade
para um determinado consumidor.

O único requisito é que as curvas de indiferença ordenem os orçamentos (cestas de


mercadorias) de acordo com a preferência.

Assim no gráfico nº 1 todas as combinações em III são as mais preferidas. Todas as


cestas de mercadorias em II são mais preferidas que aquelas em I e menos desejáveis
que em III.

A medida ordinal que consistem no ordenamento dos orçamentos como 1º, 2º, 3º, 4º,
5º.... etc. é necessária e suficiente.

O plano X-Y é chamado espaço-mercadoria.

SECÇÃO 3 CARACTERÍSTICAS DAS CURVAS DE INDIFERENÇA

Docente: Adelino Pimpão Pág.106 de 184


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Primeira: As curvas de indiferença são de inclinação negativa. A inclinação negativa


permite que uma mercadoria seja substituída por outra de maneira que o consumidor
mantenha o mesmo nível de satisfação que dá lugar a propriedade de substituição.

Segunda: Uma curva de indiferença passa por cada ponto do espaço-mercadoria, ou


matematicamente, são densas no espaço-mercadoria. Ou melhor, ainda, desenhando
duas curvas de indiferença no espaço mercadoria, pode-se desenhar uma outra
infinidade de curvas de indiferença entre aquelas duas, que é semelhante à propriedade
de números racionais entre 1 e 99, por exemplo, ou outro par de números racionais.
Esta característica dá lugar a propriedade de suposição.

Terceira: As curvas de indiferença não se interceptam, emprestando espaço a


propriedade da necessidade lógica. Pela equivalência de os diferentes pontos se
situarem na mesma curva de indiferença. Pela relação transitiva que foi visto que se A é
indiferente a B e por sua vez B é indiferente a C, então A é indiferente a C. O que não
sucede quando duas curvas se cruzam ou se interceptam, como o gráfico nº 2 mostra.

Qtdade de Y

G II

Quantidade de X
Gráfico nº 2 F

Docente: Adelino Pimpão Pág.107 de 184


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A intercepção de curvas de indiferença tal como o gráfico nº 2 mostra é logicamente


impossível, dada à racionalidade da hipótese.

Quarta: Esta última aparece para o consumidor poder maximizar a sua satisfação para
cada despesa do seu rendimento. A propriedade estabelece que as curvas de indiferença
são côncavas para cima que quer dizer que se localiza acima da sua tangente para cada
ponto.

Quantidades de Y

Gráfico nº 3 Quantidade de X

SECÇÃO 4 O RENDIMENTO LIMITADO E A MAXIMIZAÇÃO DO CONSUMIDOR


A teoria do consumidor está construída sob uma hipótese forte de que o consumidor
procura afectar o seu limitado rendimento entre bens e serviços disponíveis de forma a
maximizar a sua satisfação ou mesmo assim o bem-estar.

Grosso modo, o consumidor organiza suas compras de modo a maximizar a sua


satisfação sujeita ao seu rendimento.

Imagine um consumidor com rendimento ilimitado, ou ainda, uma fonte de recursos


inesgotável, não haveria problemas de poupança e nem mesmo a própria disciplina de
economia.

Docente: Adelino Pimpão Pág.108 de 184


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Essa utopia desejada não existe. Mesmo para os mais abastados das grandes sociedades
são obrigados a manter uma linha de comportamento em função dos seus rendimentos.

Para a teoria do consumidor isso quer dizer que cada um dispõe de um rendimento
máximo para gastar num determinado período de tempo. Agora o problema do
consumidor é gastar esse rendimento por forma obter uma máxima satisfação.

Continuando a pressupor a existência de dois bens X e Y. Estes bens têm os seus preços
no mercado Px e Py, respectivamente. O consumidor tem um conhecido e fixo
rendimento M para o período em consideração.

Assim, a quantia gasta no bem X será (X*Px) e também no bem Y (Y*Py) que não tem
maneira como exceder M que é o seu rendimento.
M  X*Px + Y*Py
Esta desigualdade pode ser apresentada graficamente, considerando primeiro que:
M = X*Px + Y*Py

Resolvendo para Y desde que seja representado no eixo vertical, obtem-se:


Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X

Docente: Adelino Pimpão Pág.109 de 184


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Quantidades de Y

Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X

0 B Quantidades de X
Gráfico nº 5

O primeiro termo do lado direito da equação mostra a quantidade de Y que pode ser
adquirida se nada de X for comprado. Logo (1/Py)*M é o intercepto da ordenada, pela
distância OA. O segundo termo – (Px/Py) é a inclinação da recta que é um valor negativo
da razão de preços.

A linha do gráfico nº 5 é conhecida como recta de orçamento ou recta de restrição


orçamentária que é a combinação de bens que podem ser adquiridos se todo o
rendimento for gasto. E sua inclinação é o valor negativo da razão de preços.

A área triangular limitada pela recta de restrição orçamentária e pelos dois eixos é
chamada de espaço orçamentário que é o conjunto de todas as cestas de bens que
podem ser compradas, gastando uma parte ou todo o rendimento dado. Logo abrange
uma parte do espaço-mercadoria.

Matematicamente, o espaço orçamentário é definido por três desigualdades:


M  X*Px + Y*Py

Docente: Adelino Pimpão Pág.110 de 184


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X  0;
Y  0.

Deslocamento da recta de restrição orçamentária

Aqui serão privilegiadas as mudanças estástico-comparativas nas quantidades


compradas resultantes de variações nos (i) preços ou no (ii) rendimento.

As variações no rendimento resultam em mudanças na recta de orçamento.

Consideremos um aumento no rendimento de M para M*, onde logicamente M* M,


permanecendo constantes os preços das mercadorias. Neste caso o consumidor
pode comprar mais de Y, mais de X ou mais de ambas mercadorias.

O máximo de Y que pode ser adquirido cresceu de (1/Py).M para (1/Py).M* ou de 0A


para 0A* no gráfico nº 6. De igual modo, o máximo de X que pode ser comprado
aumentou de (1/Px).M para (1/Px).M* ou de 0B para 0B*.

Qtde de Y
A*

0 B B*
Gráfico nº 6 Qtade de X

Se os preços permanecerem constantes, a inclinação da recta não muda e com o


rendimento a aumentar a recta se desloca para cima e para a direita e se chama de
deslocamento paralelo. Análise semelhante é aplicável para a redução do
rendimento.

Docente: Adelino Pimpão Pág.111 de 184


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Agora suponhamos que o preço de X aumenta de Px para Px*, permanecendo


constantes o preço de Y e o rendimento. A inclinação da recta muda para (-Px*/Py).
Ou ainda, com o aumento do preço de X o consumidor vai comprar menos de X de 0B
para OB*.

Qtde de Y A

0 B* B
Gráfico nº 7 Qtade de X

No gráfico nº 7, um aumento de preços de X é representado pela rotação da linha de


orçamento em torno do intercepto da ordenada.

Se o rendimento permanecer constante e os preços nominais de ambas as


mercadorias mudam no mesmo sentido, não há mudança no preço relativo.A
variação neste sentido equivale à mudança do rendimento.

Para um determinado rendimento, só os preços relativos é que interessam no


processo de tomada de decisão do consumidor.

Para tanto grande atenção deve ser prestada aos conceitos rendimento nominal e
real, preços nominais e preços relativos.

Docente: Adelino Pimpão Pág.112 de 184


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SECÇÃO 5 O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR

1) Todos os cabazes no espaço-mercadoria estão disponíveis para o consumidor,


caso os queira adquirir.
2) O mapa de indiferença estabelece um ordenamento dos cabazes disponíveis no
espaço-mercadoria.
3) O espaço orçamentário do consumidor é estabelecido por seu rendimento fixo e
preços relativos das mercadorias. Mostra as cestas que o consumidor pode
comprar.
4) Hipótese fundamental: O consumidor procura maximizar a sua satisfação com
um dado rendimento monetário.
5) Significando que o consumidor vai seleccionar os cabazes mais preferidos no seu
espaço orçamentário.

O gráfico nº 8 mostra o problema do consumidor com espaço-mercadoria em todo o


pano Y-X, o mapa de indiferença com curvas de indiferença e o espaço orçamentário.

Bens desejaveis
P

IV
III
Bens possíveis II
I

0 M
Gráfico nº 8

O consumidor não pode comprar nenhuma cesta de mercadoria à direita da recta


orçamentária LM, dada a insuficiência do seu rendimento para poder pagá-lo.

Docente: Adelino Pimpão Pág.113 de 184


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A sua escolha pode ser sobre as cestas localizadas no espaço orçamentário. Mas todas as
cestas abaixo e a esquerda do seu espaço orçamentário não maximizam a sua satisfação.

Assim o único espaço que preenche a hipótese fundamental é sobre a recta


orçamentária.

Esta é maneira que o consumidor maximiza a sua satisfação com um rendimento


limitado.

O ponto de máxima satisfação ou de equilíbrio do consumidor encontra-se em no


ponto P, onde há uma curva de indiferença tangenciando a recta orçamentária. No
ponto onde a taxa marginal de substituição é igual à razão entre os preços. Aqui
ele consegue obter o nível de utilidade máxima que lhe é possível atingir.

Os pontos para cima e para a direita da recta LM estão-lhe vedado, salvo se ele dispor de
um orçamento superior a M para gastar. Abaixo de LM e a esquerda de LM não tem
importância, porque se parte do princípio que ele deseja gastar a totalidade de M
rendimento.

Em condições normais, o consumidor deslocar-se-á para o ponto ou em direcção do


ponto onde consiga maximizar a sua satisfação, ou ainda, para a mais alta curva de
indiferença que lhe é possível.

A taxa marginal de substituição mostra a taxa a qual o consumidor está disposto a


substituir Y por X e a razão dos preços mostra a taxa a que ele pode substituir Y por X.

Docente: Adelino Pimpão Pág.114 de 184


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RECAPITUANDO:

Consumidor racional
Os consumidores escolhem a melhor cesta de bens que podem adquirir

Questões: como determinar as possibilidades de compra?


 Restrição orçamentária

Como determinar a satisfação fornecida pelas cestas?


 Preferências do consumidor

Como determinar a combinação de mercadorias que maximizarão a satisfação do


consumidor?
 Escolhas do consumidor

Preferências do consumidor
Uma cesta de consumo é um conjunto de uma ou mais mercadorias
O consumidor é capaz de ordenar várias cestas em ordem de preferência. Dadas duas cestas
quaisquer, x e y, o consumidor é capaz de identificar se x é melhor do que y ou se y é
melhor do que x ou se as duas cestas são equivalentes em termos de satisfação
ESSA RELAÇÃO É CHAMADA DE PREFERÊNCIA e a representamos por (prefere ou é
indiferente)

Três premissas básicas (“axiomas”):

1) Completas.
Duas cestas quaisquer podem ser comparadas. Para quaisquer cestas x e y, x
≥ y ou y ≥ x ou ambas (são indiferentes)

2) Reflexivas
Qualquer cesta é certamente tão boa quanto uma cesta idêntica: x ≥ x

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3) Transitivas
Se x ≥ y e y ≥ z, então x ≥ z

O axioma da transitividade é crucial para a teoria do consumidor. Sem ele, não é possível
identificar a cesta preferida. Ausência de transitividade => dutch book (sequência de trocas
que levaria o consumidor a perder todo o seu dinheiro)

A curva de indiferença
A curva de indiferença representa todas as combinações de bens que proporcionam o
mesmo nível de satisfação a uma pessoa.

Em geral, a curva de indiferença apresenta inclinação negativa, da esquerda para a direita.


Uma inclinação positiva violaria a premissa de que uma quantidade maior de mercadoria é
preferida a uma menor.

Qualquer cesta de consumo localizada acima e à direita de uma curva de indiferença é


preferida a qualquer cesta de consumo localizada sobre a curva de indiferença

Mapas de indiferença
É um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de uma pessoa com
relação a todas as combinações de duas mercadorias.

Cada curva de indiferença no mapa mostra as cestas de mercado entre as quais a pessoa é
indiferente.

O óptimo do consumidor
O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangência entre a recta orçamental e a Curva de
Indiferença.

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ACTIVIDADE 5: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. Suponha que Walla Cativa tem um rendimento líquido de imposto de 100 unidades
monetárias (u.m) por semana e que o gasta todo em alimentos ou vestuário. Se os
alimentos custarem 5 u.m. o kg e o vestuário 10 u.m. a peça.
a) Desenhe um gráfico da recta de restrição orçamentária, em que os alimentos
estão no eixo vertical e do vestuário no eixo horizontal de Walla Cativa.

b) Calcule a inclinação da recta do rendimento.

2. Qual será a nova curva de restrição orçamentária se o rendimento do Eldrick Layer


subir para 600 unidades monetárias?
a) A inclinação da recta iria mudar, explique evidenciado o seu argumento.

3. Se o rendimento permanecer nas 100 u.m., em contrapartida o preço dos alimentos


subir para 10 u.m., qual será a nova curva orçamentária?
a) Escreva a nova equação da recta, caso conclua que haveria mudanças.

4. O gráfico abaixo mostra uma das curvas de indiferença do estudante Lippi Colin e a
sua recta de restrição orçamentária.

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40
Quantidade
de X

0 80
Quantidade de Y

a) Se o preço do bem X for 25 unidades monetárias, qual será o seu rendimento?


b) Qual é a equação da recta do orçamento?
c) Qual é a inclinação da recta de orçamento?

5. Explique a racionalidade do facto de ser uma característica das curvas de indiferença


de não se cruzarem ou interceptarem.

6. Indique 4 diferenças e 2 semelhanças entre as curvas de restrição orçamental e de


indiferença.

BIBLIOGRAFIA:

C. E. Ferguson (1989) – Microeconomia, Editora Forense-Universitária Ltda, RJ

Mansfield, E. (1996) – Economia Empresarial, Instituto Piaget, Lisboa

Samuelson/Nordhaus – Economia, McGraw-Hill (nas suas diferentes edições)

Stanlake, GF (1989) – Introductory Economics, Longman Group UK

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UNIDADE 6
FLUXO CIRCULAR DA ACTVIDADE ECONÓMICA
E CONTABILIDADE NACIONAL
O que ouço, esqueço;
O que vejo, recordo;
O que faço, compreendo.
-Confúcio -

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
 Dominar as etapas do circuito económico de simples ao complexo
 Conhecer o que é a função da Contabilidade Nacional
 Identificar as diferentes ópticas de cálculo do produto
 Calcular o Produto interno e nacional
 Reconhecer as limitações da contabilidade nacional

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Circuito económico
Secção 2 Noção de Contabilidade Nacional
Secção 3 Cálculo do produto
Secção 4 Limitações da Contabilidade Nacional

PARA O INICIO DA CONVERSA


Amigo estudante já ouviu falar de que o produto nacional bruto de Moçambique cresceu
tantos porcentos no ano passado?
Já ouviste falar dos frutos que concorrem para a formação de uma empresa?
Já ouviu falar que usando três ópticas é possível calcular a produção de um país?
Vai ouviu falar que o produto interno bruto per capita de um país dá uma indicação
preliminar do nível e qualidade de vida da sua população?
Nunca ouviu falar? Já mas sem certeza do que se trata? Não te preocupes amigo
estudante, essas são as matérias que são tratadas nesta unidade. Por isso, é convidado a

Docente: Adelino Pimpão Pág.119 de 184


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estudar com afinco a unidade para se apoderar dos conhecimentos contidos. Vai daí e
avancemos juntos até a ao fim da unidade.

SECÇÃO 1 CIRCUITO ECONÓMICO

Lembremo-nos sempre que a nossa abordagem agora é macroeconómica, portanto


visão global, por outras palavras, o somatório dos consumidores e das procuras
individuais, o somatório dos produtores e das produções individuais, o somatório dos
preços dos mercados individuais, o somatório dos equilíbrios individuais, é por isso a
agregação de elementos individuais da economia para ser vista e analisada numa
perspectiva agregada.

Por isso, situando-nos no quadro nacional, constatamos que todos os indivíduos são
consumidores e que, excluídas as crianças e os velhos, todos os consumidores são
potenciais produtores.

No plano individual como agregado, sempre foi preocupação dos agentes económicos,
procurar maneira de melhor satisfazer as necessidades cada vez mais crescentes e
múltiplas, para tanto tinham que produzir. Para melhor produzir as famílias criam
unidades especializadas para o fazer, dotando-as de recursos para o efeito.

É assim que as famílias, dotadas da sua iniciativa privada e olhando as oportunidades do


espaço onde estão inseridas visando satisfazer o interesse individual, procuram um
espaço de terra (Terra) e neste lugar localizável investe o seu capital instalando
edificações e dentro destas maquinarias e equipamentos diversos (Capital). Para
começar a produzir precisam uma força para manejar as máquinas e gerir o processo
produtivo (Trabalho), formando assim aquilo que normalmente se conhece como firma
ou empresa.

Docente: Adelino Pimpão Pág.120 de 184


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FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho

As famílias que criam empresas também conhecidas como empreendedoras têm como
objectivo o lucro ou prémio de risco ou de empresário através da produção de bens e
serviços para o mercado que trocam com as famílias que tenham rendimentos. Se nos
lembrarmos dos capítulos anteriores, está-se a dizer que trocam os bens e serviços
produzidos pelas suas empresas com os consumidores.

Economia fechada sem estado e nem poupança


Perguntar-nos-íamos, então onde as famílias encontram rendimentos para comprar
bens e serviços. A resposta está no diagrama: Pelo trabalho prestado, as famílias
recebem salários, pela terra arrendada recebem rendas e pelo capital investido na
empresa recebem lucro ou dividendos.
Despesas
Bens e Serviços

EMPRESAS
FAMÍLIAS

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário

Partindo de uma posição simplificadora verifica-se que a economia actual é baseada na


divisão de trabalho, as unidades de produção (empresas) fornecem às unidades de
consumo (famílias) os bens directos que estas precisam. Uma vez que as unidades de
consumo fornecem às empresas os factores de produção - terra, trabalho e capital.

Assim, estabelece-se um circuito económico real: Bens de consumo das empresas para
as famílias, factores de produção das famílias para as empresas, cuja característica
fundamental é a circulação de bens tangíveis (palpáveis) entre os agentes económicos.

Docente: Adelino Pimpão Pág.121 de 184


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Nesta perspectiva, enquadra-se uma velha ideia entre economistas: O dinheiro está para
economia, da mesma forma que o sangue está para o corpo humano. É uma
representação comparada as ciências naturais: A ideia de que o corpo humano está
ligado por dois sistemas: O nervoso (os preços e os custos) e o sanguíneo (dinheiro ou a
moeda).

Mas, as famílias para formarem empresas ou unidades de produção precisam de terra


onde instalarem as unidades de produção. Não é possível pensar em empresa sem
dinheiro para compra de equipamentos (maquinarias, ferramentas, instrumentos, para
não falar das próprias instalações, se aplicável). Postos todos os meios, é necessária a
força motriz que ponha a funcionar a unidade de produção - trabalho humano. Estamos
em presença do circuito económico simples real.
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho

As famílias têm por objectivo o lucro quando formam as empresas, conseguido com a
venda dos bens e serviços produzidos, a força de trabalho empregue é remunerada por
um salário, e, pela ocupação da terra paga-se uma renda. As três categorias constituem o
grupo dos rendimentos, recebidos das empresas, através dos quais as famílias efectuam
despesas tendo como contrapartida bens e serviços.
Despesas

FAMÍLIAS EMPRESAS

Renda, Lucro/dividendo, Salário

Docente: Adelino Pimpão Pág.122 de 184


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Este grupo de fluxos tem uma característica que é comum - o dinheiro, que constitui o
circuito monetário como se ilustra acima.

A separação dos dois circuitos e a demarcação da direcção dos fluxos tem um objectivo
puramente didáctico, pois o circuito económico simples é composto por esses fluxos:
real e monetário, como visto anteriormente.

Circuito económico fechado


No circuito económico simples acima ilustrado, não reflecte o que se passa
efectivamente na realidade. Ele é bastante útil para efeitos didácticos para compreender
a mecânica do que se passa na realidade, assumindo as seguintes hipóteses
simplificadoras:
1. A inexistência de contradições intra e inter grupos

2. Tudo o que as famílias ganham (Y) é gasto na aquisição de bens e serviços (C),
logo Y = C admitindo a não existência de poupanças.

3. Tudo o que é produzido é vendido, por outras palavras, as empresas conseguem


realizar no mercado toda a sua produção;

4. Todas as necessidades das famílias são satisfeitas pelas empresas que representa
a auto-suficiência desta economia de modelo simples.

5. É uma economia fechada ou auto-suficiente, quer dizer, inexistência de relações


com o exterior.

6. As empresas não retêm parte dos lucros para os seus cofres, por outras palavras,
estamos a dizer que não existem hipóteses de extensão da capacidade produtiva
das empresas, nem a constituição de provisões pelo desgaste do equipamento
diverso.

Como se pode depreender, este esquema é bastante simplificador. Agora vamos


introduzir novos elementos que, a cada passo, irão eliminando as hipóteses
simplificadoras bastante rígidas, tomadas a partida.

Docente: Adelino Pimpão Pág.123 de 184


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Na verdade o exercício que vamos fazer de eliminar as hipóteses simplificadoras é para


tornar o fluxo económico mais próximo da realidade corrente da economia.

As famílias, para além de serem simples unidades de consumo, agora não destinam todo
o rendimento (renda lucros ou juros e salários), unicamente, para o consumo, senão que
retêm uma parte que constituem suas poupanças, assim como as empresas não
distribuem todos os lucros, ficando uma parte na rubrica lucros retidos.

Estas poupanças, tal como os lucros retidos pelas famílias como as empresas efectuam
os depósitos em bancos que o sistema financeiro remunera com juros, tal como aqueles
aos bancos em caso de pedidos de financiamento. Com a eliminação de uma das
hipóteses simplificadoras iniciais e a inclusão no circuito económico do sistema
financeiro, o nosso esquema fica como se segue:

Créditos, juros, outros serviços Créditos , juros, outros serviços


BANCOS

Depósitos, juros e o/serviços Depósitos, juros e o/serviços


Despesas
Bens e Serviços Bens de Investimento

FAMÍLIAS EMPRESAS C EMPRESAS I

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário Investimento
Renda, lucro/dividendo, salário

No diagrama anterior, foi vista a economia fechada e sem Estado mas que produz bens
de consumo e bens de investimento. As firmas do tipo C produzem bens de consumo e
do tipo I produzem bens de investimento. Assim o rendimento é produzido pelos dois
tipos de empresa. As famílias recebem e consomem e poupam depositando no sistema
bancário que são canalizados para as unidades de produção para financiar o

Docente: Adelino Pimpão Pág.124 de 184


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investimento. Fica também claro que a poupança é igual ao investimento na economia


fechada sem Governo.

A partir do momento que incluem os bancos, importa reter dois novos conceitos:
Juros: - São remunerações pela utilização do dinheiro alheio. Ou quisermos recuperar o
manancial de conhecimentos anteriores, pode-se dizer que é a medida do custo de
oportunidade das diferentes aplicações alternativas.

O outro é a amortização, partindo da ideia de que as empresas ao utilizarem os


bens de capital (equipamentos e outros), estes se desgastam, incorporando parte
do seu valor no produto até à sua caducidade.

Os agentes económicos, para se protegerem de tal situação, guardam um


montante (amortização) para o que, no final da vida útil do equipamento, seja
possível comprar um semelhante para o substituir e continuar com produção.

Economia fechada com Estado


Vistos os dois conceitos, continuemos, paulatinamente, a representar o circuito
económico aproximando-o da realidade, com a eliminação de mais assumpções e
aproximando-nos a realidade:

 Tal como é irrealístico afirmar que não existem contradições intra-grupos,


pois nas famílias (divórcios, conflitos de terra, diferenças de ideias, os
partidos políticos, a intolerância de toda a espécie, o racismo, o machismo,
o feminismo, etc.) e nas empresas (os conluios, os cartéis, as
concorrências, etc.) e inter-grupos (os acordos colectivos de trabalho, os
salários mínimos, as horas de trabalho, as associações empresariais, os
sindicatos, o desemprego, o mercado informal, etc.).

Docente: Adelino Pimpão Pág.125 de 184


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A eliminação desta assumpção e ao admitir que existem contradições dentro das


famílias assim como dentro das empresas, tal como entre empresas e famílias,
conduz a emergência de uma figura outrora não importante que é o ESTADO.

Protecção, subsídios, transferências Protecção, ambiente de negócio


Impostos e taxas ESTADO Impostos e taxas Outros serviços
Despesas e despesas
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário=(100)
Depósitos, juros e o/serviços Créditos, juros, outros serviços, Défice
BANCOS
Depósitos, juros e o/serviços

O Estado intervém no circuito económico, pagando vencimentos aos seus


funcionários (famílias), assegurando o funcionamento dos serviços públicos,
cobrando impostos às famílias e empresas, subsidiando empresas e preços às
famílias, resolvendo e prevenindo conflitos de interesses intra-grupos e inter-
grupos o que significa assegurar o funcionamento são, da mão invisível, como se
pode depreender a partir do esquema anterior.

No diagrama anterior, o Estado cobra as famílias o imposto e realiza as


transferências para as famílias e compra às empresas bens e serviços. As
empresas compram bens de investimento no valor como financiamento. Aqui a
poupança passa a desempenhar um papel adicional para além de financiar o
investimento passa também a financiar o défice do Governo na economia fechada
com Governo.

Docente: Adelino Pimpão Pág.126 de 184


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Economia aberta com o Estado


 Não é verdade que no mundo real exista uma economia que as suas
empresas produzem todos os bens e serviços que as famílias necessitam.

A redução desta assumpção é um convite tácito de mais um interveniente que é o Sector


Externo para obtermos por aproximação a economia aberta, cujos agentes económicos
residentes efectuam transacções diversas com os não-residentes, portanto, com o
exterior, pois, hoje já é uma realidade confirmada que não existe uma economia auto-
suficiente no mundo.

Protecção, subsídios, transferências Protecção, ambiente de negócio


Impostos, mdo e taxas ESTADO Impostos e taxas Outros serviços
Despesas
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho Exportações


Transferências Renda, lucro/dividendo, salário Importações
Créditos, juros, outros serviços Créditos, juros, outros serviços
BANCOS
Depósitos, juros e o/serviços Depósitos, juros e o/serviços
NECESSIDADE/CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO
SECTOR EXTERNO

Finalmente, temos o sector externo, pois nenhuma economia é capaz de viver


isoladamente. Todos os países e todos os sistemas económicos representados da
maneira muito simples no circuito económico, mantém relações com o exterior, através
de operações comerciais de importação e exportação de bens e serviços, transferências
de rendimentos pela propriedade de factores para às famílias (exemplo um mineiro
moçambicano manda parte do seu salário para a sua esposa em Manjacaze, o mesmo
serve para os trabalhadores estrangeiros a prestarem serviços em Moçambique).

Docente: Adelino Pimpão Pág.127 de 184


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Os bancos garantem a convertibilidade da moeda nacional em moeda estrangeira e vice-


versa, contraem dívidas, concedem empréstimos e aceitam depósitos. Todos os fluxos
de um país com o mundo são, anualmente, registados num mapa, designado de balança
de pagamentos de que terá oportunidade de estudar.

Introduzidos estes dois elementos têm-se o circuito económico complexo, como se


ilustra na página anterior.

SECÇÃO 2 A NOÇÃO DE CONTABILIDADE NACIONAL


Vê-se no esquema anterior que, da relação com o exterior, estabelecida pelo sistema
económico hipotético representado, podia-se ter como saldo líquido que se resume na
necessidade ou capacidade de financiamento.

Esta constatação (capacidade/necessidade de financiamento) só é possível se formos


capazes de quantificar ou efectuar uma medição quantitativa, em termos monetários,
do que é produzido nessa economia em bens e serviços, ou de quanto são remunerados
os factores de produção ou ainda quanto é gasto em termos de despesa pelos agentes
económicos: esta é a ideia da contabilidade nacional.

Então, pergunta-se o que é a Contabilidade Nacional?


 Não é mais que um ramo da Economia que tem por objectivo o estabelecimento
de modelos descritivos da economia como um todo, quer dizer, no seu âmbito
macroeconómico. Portanto, procura medir fenómenos fundamentais da
produção, distribuição e redistribuição dos rendimentos gerados pelo sistema
económico.

O produto de uma economia é a soma de tudo aquilo que se produz e se vende num
período de tempo, geralmente num ano.

Docente: Adelino Pimpão Pág.128 de 184


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Este produto pode ser medido usando diferentes ópticas a saber:

1. Óptica de rendimento que compreende a soma da remuneração dos factores


utilizados na produção (terra - renda, capital - lucros/dividendos ou ainda juros
e trabalho - salários);

2. Óptica da produção ou do produto que é o somatório daquilo que as empresas


produziram, também conhecido por somatório dos valores acrescentados ou
novos valores criados; e

3. Por último, temos a óptica da despesa que consiste na soma de consumos finais
duma economia e logo na despesa total da sociedade para a sua aquisição
(compra).

É importante ter presente que a noção de contabilidade insere dentro de si a ideia de


equilíbrio. Examinemos outra vez, os nossos esquemas relativos a circuitos económicos,
onde as famílias na posse de rendimentos efectuam despesas comprando o que se
produziu (bens e serviços), portanto, para o equilíbrio os rendimentos igualam as
despesas e estas por princípio de partidas dobradas têm contrapartida de bens e
serviços.

Entrega Dinheiro = Recebe Bens e Serviços

Dissemos também que o produto era o somatório de bens e serviços o que quer dizer
que o produto é contabilizado uma e única vez, introduzindo o conceito de valor
acrescentado que é o novo valor criado ou ainda o valor do produto da empresa
menos os custos intermediários comprados pela empresa aos seus fornecedores
que são outras empresas.

Docente: Adelino Pimpão Pág.129 de 184


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Para ilustrar o cálculo do valor acrescentado, assim como concomitantemente


demonstrar a validade de cálculo do produto usando as três ópticas, far-se-á a sua
demonstração com recurso a uma tabela de um sector de actividade que no caso
vertente é das madeiras.

Os estudantes devem notar que as ópticas aqui apresentadas não são utilizadas
simultaneamente para o cálculo do produto, bastando uma delas para o efeito.

Escolheu-se um sector das madeiras, como se poderia escolher um outro qualquer. O


importante a reter é a metodologia utilizada para o cálculo do valor acrescentado que é
a óptica do produto, também conhecida por óptica da produção.

┌───────────────┬─────────┬─────────┬────────┬────────────┐
│ │Compras │ │Receitas│ VALOR │
│ Descrição │de outras│ Lucros │ das │ACRESCENTADO│
│ │empresas │Salários │ Vendas │(NOVO VALOR)│
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│Emp. Florestal │ 0 │ 100 │ 100 │ 100 │
│ │ │ │ │ │
│ Serração │ 100 │ 150 │ 250 │ 150 │
│ │ │ │ │ │
│ Marcenaria │ 250 │ 120 │ 370 │ 120 │
│ │ │ │ │ │
│Casa de Mobília│ 370 │ 50 │ 420
420 │ 50 │
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
00
│ TOTAIS │ │ 420 │ │ 420 │
420 420
└───────────────┴─────────┴─────────┴────────┴────────────┘
0

Da tabela acima, fica claro que a óptica do rendimento que constitui o somatório de
todos os ganhos (salários e lucros) é igual a óptica da produção que é a soma dos
valores acrescentados de cada empresa. Se um consumidor qualquer quisesse comprar
a mesa, o faria na Casa de Mobília à uma despesa de 420, que iguala os outros
resultados. Fica demonstrada a validade da identidade contabilística entre as três
ópticas.

Se somasse as receitas, estaria a cometer aquilo que em contabilidade nacional se


chama problema da dupla contagem ou dupla contabilização, teríamos um produto
avaliado em 1140 u.m.

Docente: Adelino Pimpão Pág.130 de 184


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Para produzir aquele bem cujo valor são 420, parte do valor da maquinaria,
instrumentos de produção sofreu desgaste, ou por outra, transferiu parte do seu valor
para o produto. Esta revelação reclama a presença das amortizações, que como
dissemos, é a provisão constituída para substituir o equipamento, findo o seu período
de vida.

Estas provisões são constituídas a partir do novo valor criado. Isso quer dizer que com
ou sem amortizações, o produto pode ser BRUTO OU LIQUIDO.

Portanto, nota que o produto interno é a soma de toda a produção de todas as unidades
individuais de produção residentes no determinado território. Esse produto é a
diferença entre a produção final e aqueles e aqueles ingredientes (matérias-primas) que
a unidade produtiva comprou de outras empresas. Esta diferença como vimos chama-se
valor acrescentado.

Produto pode ser bruto se não tomarmos em conta as amortizações, caso contrário, se
elas forem retiradas (expurgadas do produto), ele torna-se Líquido. Esta diferença é
fundamental, dado que o valor futuro da capacidade produtiva de uma nação é feito no
presente, pela constituição das reintegrações, dado que os factores de produção têm
anos de vida, findos os quais não prestam mais o seu concurso à produção.

Para o cálculo do produto, toma-se em consideração a residência e nacionalidade dos


factores de produção.

Pode ser PRODUTO INTERNO se os factores produtivos que concorrem para a produção
desses bens e serviços são residentes de um determinado espaço geográfico em estudo,
independente da sua nacionalidade. Por exemplo, a Lomaco empresa de nacionalidade
britânica produção da SIETE, de nacionalidade italiana, produção da Tatenda, lda que é

Docente: Adelino Pimpão Pág.131 de 184


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moçambicana mais que todas são residentes no espaço moçambicano. A soma dos
valores novos criados por estas empresas forma o Produto Interno de Moçambique.

Ao passo que o PRODUTO NACIONAL, é o somatório de bens e serviços finais produzidos


por factores de produção nacionais independentemente na sua localização (residência),
incluem-se rendimentos dos mineiros a trabalharem na África do Sul, a produção da
empresa Tongani, Ltd a operar nas Ilhas Sonhos, a firma Tambulani, Ltd residente em
Malhangaland, mas que sejam de nacionalidade moçambicana e retiram-se rendimentos
de propriedade de factores dos estrangeiros residentes em Moçambique incluídos no
cálculo do produto interno.

O nosso PRODUTO pode ser avaliado (contabilizado) logo a porta das unidades de
produção, quando assim for, diz-se que o produto é a custo de factores (cf). Mas quando
vai ao mercado, sobre ele, podem recair dois tipos de impostos, directo (Te) aplicado às
empresas, transferindo para o Estado e os impostos indirectos (Ti), que constituem os
encargos normais de produção, venda, compra ou uso de bens e serviços, encargos
esses que normalmente se repercutem no consumidor, via preço.

Também podem ser incluídos no preço de vendas não só os impostos que o Estado
cobra como o mesmo faz transferências para as empresas com objectivo de reduzir os
custos de produção, conhecidas por subsídios ou também imposto negativo,
representados pela letra (Z).

SECÇÃO 3 CÁLCULO DO PRODUTO


Nesta secção, mostrar-se-á como se calcula o produto usando as três ópticas.

ÓPTICA DA PRODUÇÃO:
Esta óptica, como tivemos oportunidade de ver, consiste no somatório dos valores
acrescentados que igualam ao PRODUTO INTERNO BRUTO a custo de factores (PIBcf).

Docente: Adelino Pimpão Pág.132 de 184


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ÓPTICA DO RENDIMENTO:
Consiste no somatório de todas as remunerações aos factores de produção (Salários +
Lucros + Dividendos + Juros + Renda + outros rendimentos).

ÓPTICA DA DESPESA:
Esta óptica distingue os produtos consoante a sua utilização (consumo privado ou
público, investimentos e exportações), consistindo na soma dos produtos finais.

Importa vermos com mais detalhe esta óptica:


PIB = CONSUMO PRIVADO (CP) + CONSUMO DO GOVERNO (CG) + INVESTIMENTO PRIVADO (IP) +
INVESTIMENTO DO GOVERNO (IG) + EXPORTAÇÕES (X) – IMPORTAÇÕES (M).

PIB = CONSUMO PRIVADO + GASTOS PUBLICOS + INVESTIMENTOS + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES.

FAMÍLIAS
(CONSUMO)

EMPRESAS
(INVESTIMENTO) VALOR DE BENS E
DESPESA SERVIÇOS
GOVERNAMENTAL AGREGADA PRODUZIDOS
(DESPESAS/GASTOS)

EXTERNO RECEITAS DAS


(EXPORT – IMPORT) EMPRESAS
AGREGADA

Comportamento económico agregado é a soma do comportamento isolado das unidades


económicas, daí procurada agregada, oferta agregada, despesa agregada, despesa
nacional, etc.

Partindo desta situação como chegarmos ao Produto Nacional? - Claro que é simples,
pois do conceito do produto nacional dissemos que era somatório de bens e serviços
finais produzidos por factores de produção nacionais independentemente da sua
localização, daqui é retirar rendimentos dos factores externos e adicionar o rendimento
dos factores nacionais, então teremos:

Docente: Adelino Pimpão Pág.133 de 184


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A este saldo de rendimentos, denomina-se por SRPFx (Saldo de Rendimento de


Propriedade de Factores de e para o Exterior).

Então, o resto é puro exercício de identidades entre as rubricas, como por exemplo:

PIBcf + Ti - Z = PIBpm + SRPFEX = PNBpm = DN (Despesa nacional) - A = PNLpm - Ti + Z


= PNLcf = RN (Rendimento Nacional).

Do ponto de vista de fluxos de rendimentos advindos da produção, o PNBpm é a soma


das despesas de consumo das famílias (C), poupanças de particulares ou famílias (Sf),
poupanças das empresas (Se) e as receitas fiscais do Governo (T). Reescrevendo:

Definitivamente, pode-se dizer se uma unidade de metical de rendimento é criada para


uma unidade de produto, então PIB também é a soma de rendimentos resultantes da
produção do produto interno

Do ponto de vista do fluxo de bens e serviços do comprador final, PIB é igual a soma das
despesas de consumo (C), Investimento (I) compras do Governo (G) e exportações
líquidas (X-M).

Despesas de Consumo são compras feitas pelos consumidores ou famílias dos bens de
consumo e serviços correntes produzidos.

Investimento consiste na compra de novos bens de capital (estruturais e


equipamentos) por firmas, as mudanças líquidas nos inventários das firmas e a
construção de novas casas de residência (formação bruta de capital e variação de
inventários).

Docente: Adelino Pimpão Pág.134 de 184


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Despesas Governamentais consistem em remunerações e salários de funcionários


públicos mais as compras feitas pelo governo de bens e serviços, correntemente
produzidos pelo sector privado.

Exportações Líquidas é o valor de bens e serviços vendidos (exportações) ao resto do


mundo menos aqueles comprados deste (importações).

O PIB corrente é aquele medido a preços correntes (preços que vigoram no dia-a-dia no
mercado). A taxa de subida do PIB nominal é igual a taxa de subida do nível geral de
preços mais a taxa de subida no PIB real.

Enquanto na comparação do PIB nominal de diferentes anos podem variar,


concomitantemente, quantidades de bens e serviços e respectivos preços. Imagine um
país com inflação com hiperinflação.
Resumindo, teremos o seguinte quadro.
Milhões de contos % do PIB

Consumo Privado 7,300 65.2%


Consumo Público 2,000 17.9%
Investimento 3,000 26.8%
Formação Bruta de Capital Fixo 2,800 25.0%
Variação de existências 200 1.8%
Exportações 3,200 28.6%
(-) Importações 4,300 38.4%
PIBpm ou Despesa Interna 11,200 100.0%
(-) Impostos Indirectos + Subsídios 1,600 14.3%
PIBcf 9,600 85.7%
(+) Rendimento de Propriedade de factores
Líquido (entradas – saídas de remessas) 80 0.7%
PNBcf ou Rendimento Nacional 9,680 86.4%
(+) Impostos Indirectos - Subsídios 1,600
PNBpm ou Despesa Nacional 11,280
(-) Rendimento de Propriedade de factores
Líquido (entradas – saídas de remessas) 80
PIBpm 11,200
(-)Tributação (Impostos e outros) 500
(+)Transferências diversas do Estado 100
Rendimento Disponível 10,800

Docente: Adelino Pimpão Pág.135 de 184


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Entre PIB e PNB, embora se reconheça o mérito estatístico de ambos mas para
Moçambique é o PIB aquele que é comummente mais citado, estudo e analisado
justamente porque melhor interpreta o desempenho desta economia que é fortemente
influenciada pelo investimento directo estrangeiro e reduzido investimento nacional no
estrangeiro.

Caso se optasse pelo indicador PNB, estaria omisso o impacto do investimento


estrangeiro na criação de nossos postos de trabalho em Moçambique e dos rendimentos
e tributos daí gerados para além do novo valor criado em bens e serviços visando a
estabilização da economia como um todo.

Assim, para Moçambique PIB é o indicador quantitativo que descreve o desempenho da


economia, portanto, mede o crescimento económico moçambicano.

Na verdade, o indicador Produto Interno Bruto é o mais amplamente usado mesmo para
estudar as politica públicas e nas projecções de longo prazo. Como este não há nenhum
que lhe é comparável na utilização e aceitação entre os países, com cunho de
universalidade nos tempos que correm.

Associado ao PIB e para se fazer uma primeira avaliação e bastante rudimentar sobre o
nível de desenvolvimento económico (variável qualitativa) de qualquer economia
recorre-se a distribuição do PIB pelos seus habitantes. Como se pode depreender, faz-se
uma assumpção teórica de quanto caberia a cada um se o produto fosse distribuído
equitativamente, que é conhecido nos meandros económicos como PIB per capita.

PIB per capita = PIB do período dividido pela população do mesmo período.

Na verdade, o PIB per capita é usado como indicador médio proxy de padrão de vida de
habitantes de uma determinada economia.

Docente: Adelino Pimpão Pág.136 de 184


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Entretanto, deve-se ter presente que a noção de PIB per capita sendo uma média, não
quer dizer que todas as pessoas de Moçambique tenham o mesmo rendimento ou
acesso aos bens. Outrossim, é que a população se dispersa em torno dessa média,
querendo significar que existem pessoas que têm maior rendimento e outras com
menor que, em geral, muitas pessoas com rendimento menor e número reduzido com
rendimento maior.

Contudo, é importante ter presentes alguns problemas decorrentes, do uso do indicador


PIB per capita para medir o bem-estar:
 PIB per capita não fornece informação sobre a forma como o rendimento é
distribuído na economia;
 PIB per capita não toma em consideração as externalidades negativas resultantes
do crescimento económico como poluição, por exemplo.
 PIB per capita não toma em conta as externalidades positivas que resultam dos
serviços da educação e saúde;
 PIB per capita exclui o valor de todas as actividades que ocorrem fora de
mercado (como auto-emprego, lazer sem custo, etc.)

Em Moçambique dados sobre PIB são calculados pelo Instituto Nacional de Estática
(INE) que é igualmente responsável pelo censo populacional, por isso, esta é a
instituição capacitada para prover a informação sobre PIB per capita que é de
periodicidade anual e normalmente calculado o indicador em dólares americanos para
efeitos de comparação com outras economias.

Os economistas estão conscientes das deficiências deste indicador não obstante o seu
amplo e generalizando uso, pelo que deve ser visto como simples indicador e não na
escala absoluta.

Docente: Adelino Pimpão Pág.137 de 184


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SECÇÃO 4 LIMITAÇÕES DA CONTABILIDADE NACIONAL

Produção não contabilizada


 Economia subterrânea: Actividades em que o ramo é legal mas escapam à
contabilidade nacional porque: - evitam o pagamento de impostos - evitam o
pagamento de descontos sociais - fogem ao cumprimento de normas legais
relativamente a salários / segurança / saúde

 Economia Ilegal: Tipo de actividades ilegais - produção de bens e serviços cuja


produção, venda ou posse é ilegal (drogas)- produção legal, mas praticadas por
pessoas não autorizadas (pratica ilegal da medicina)

 Economia Informal: Actividades cujos bens se destinam ao auto-consumo e


escapam facilmente à contabilidade nacional (donas de casa, bricolage)-
produção de bens para auto-consumo - actividades que têm como objectivo
principal proporcionarem trabalho e rendimento às pessoas envolvidas.

Externalidades
Efeitos positivos ou negativos decorrentes de certas situações que não são
contabilizadas, como por exemplo, os efeitos da poluição sobre a saúde dos cidadãos
(externalidades negativas) ou os efeitos da formação profissional sobre a produtividade
(externalidades positivas).

Positivas:
Construção de um hospital (saúde) / Investigação Científica (desenvolvimento
tecnológico) / Construção de uma Estrada (infra-estruturas)

Negativas:
Gases das fábricas (poluição) / produção de armamento

Docente: Adelino Pimpão Pág.138 de 184


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ACTIVIDADE 6 - AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. A macroeconomia preocupa-se com: (a) o nível da produção de bens e serviços, (b)


o nível geral de preços, (c) o crescimento da renda ou (d) todas as respostas acima.

2. São lhe dados os seguintes elementos contidos na tabela que se segue da linha de
produção do açúcar para consumo no mercado.

Fase de produção Volume de vendas Custos de bens intermediários


I. Farma 250 0
II. Refinaria 550 250
III. Empacotadora 650 550
VI. Retalhista 750 650

Diga resolvendo:
a) Qual é o valor acrescentado nas quatro fases?
b) Demonstre que calculando o produto com recurso as três ópticas ter-se-ia o
mesmo resultado do produto desta economia açucareira.
c) O que obteríamos, se decidíssemos somar as vendas das quatro fases?

3. Diga se verdadeiro ou Falso para as seguintes afirmações:


a) O PIB moçambicano inclui as estimativas dos serviços prestados pelos
empregados domésticos.
b) Entretanto o PIB moçambicano não inclui a produção de bens públicos.
c) Entre PIB e PNB, o mais importante é o PNB porque reflecte a produção dos
moçambicanos que é o que interessa.

4. O PIB para qualquer ano é medida de:


a) Trabalho envolvido na produção daquele ano.
b) Crescimento na economia para aquele ano.
c) Bens produzidos na economia para o ano em referência.
d) Eficiência na produção para esse ano.
e) Rendimento bruto criado a partir da produção desse ano.

5. Tomando em consideração os dados que seguem:


Consumo das famílias 8, Consumo do Governo 10, Investimento do sector privado 19,
investimento realizado pelas autoridades 15, tudo que foi produzido mas que foi

Docente: Adelino Pimpão Pág.139 de 184


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vendido ao resto do mundo 8, tudo que foi consumido mas que foi proveniente do
resto do mundo 11.
Rendimentos de Factores de estrangeiros = 6
Rendimentos de Factores de nacionais = 8
Amortização = 5
Impostos Indirectos = 4
Subsídios = 2
População do país 10 Habitantes.

Pretende-se que calcule:


a. PIBpm
b. PIBcf
c. PNLpm
d. PILpm
e. PNBpm per capita.

6. Se tivermos o resultado de todas as vendas de todas as firmas de um


determinado ano, este montante é:
a) Igual ao PIB desse ano;
b) Igual ao PIL desse ano;
c) Maior que o PIB desse ano;
d) Menor que o PIB desse ano;
e) Todas as respostas
f) Nenhuma das respostas

7. O PIL é inferior ao PIB pelo montante de:


a) Lucros das empresas;
b) Receitas de impostos;
c) Exportações;
d) Importações;
e) Consumo de capital.
f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas

8. Quais das seguintes afirmações dizem respeito ao PNB:


a) Inclui somente bens produzidos internamente;
b) Pode incluir bens produzidos fora das fronteiras nacionais;
c) Inclui compra de bens duráveis por consumidores;
d) Inclui despesas de compra de novas casas;
e) Inclui a compra de terra;
f) Inclui a compra de activos financeiros como BT’s e OT’s.

9. Quais dos seguintes dizem respeito as despesas do Governo que entram no


conceito de PNB:

Docente: Adelino Pimpão Pág.140 de 184


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a) O salário do Presidente da República;


b) Salário dos bombeiros municipais;
c) Salário de membros das forças armadas;
d) Bens produzidos somente na economia interna;
e) Compra de terra pelo Governo;
f) Compra de bens produzidos pelo sector privado;
g) Bens comprados no exterior

10. Quais dos seguintes que digam respeito as Despesas de Consumo e entram
no conceito de PNB:
a) Bens e serviços produzidos somente pela economia doméstica;
b) Bens produzidos no exterior e que são comprados pelas famílias;
c) Compra de bens duradouros como viaturas, mobílias, equipamentos da
casa, etc;
d) Despesa do consumidor por uma nova casa;
e) Compra de terra pelas famílias.

11. Todos os países que tiverem o PIB a crescer, terão necessariamente um PNB
com o mesmo comportamento?

BIBLIOGRAFIA:

CÉSAR DAS NEVES; J. (1997); “Introdução à Economia”; Editora Verbo; Lisboa

DORNBUSCH, R. &; FISCHER, S. (1990); “Macroeconomics”; McGraw-Hill;


Lisboa

ROSSETTI; “Introdução à Economia”; pg. 179-223

SAMUELSON, P. & NORDHAUS, W. (1993); “Economia” McGraw-Hill; Lisboa

STANLAKE, G. (1989) – Introductory Economics, Longman Group UK

Docente: Adelino Pimpão Pág.141 de 184


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UNIDADE 7
MOEDA E BANCOS
“A única coisa que pôs mais
homens loucos que o amor é o
problema do dinheiro."
Benjamim Disraeli

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

 Descrever com rigor as diferentes etapas de evolução da moeda


 Identificar os diferentes tipos de moeda
 Reconhecer as várias funções da moeda
 Perceber as diferentes instituições bancárias quanto a sua função, objectivos e
impacto na economia
 Identificar os diferentes motivos que levam as pessoas a procurarem moeda.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Origem histórica da moeda
Secção 2 Tipos de moeda
Secção 3 Funções da moeda
Secção 4 Motivos para procurar moeda
Secção 5 Bancos

PARA O INICIO DA CONVERSA


Amigo estudante, você tem meticais nas suas mãos como moeda moçambicana. Mas
como esse dinheiro que tem nas suas mãos apareceu? Para que serve? Porque todas as
pessoas procuram dinheiro? Quem emite o dinheiro?

Docente: Adelino Pimpão Pág.142 de 184


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Estas e outras perguntas são objecto de estudo desta interessante unidade. Por isso, vai
dai, amigo estudante, que vamos juntos responder as perguntas e desmistificar este
tópico

SECÇÃO 1 - ORIGEM HISTÓRICA DA MOEDA

Estudados que foram os conceitos básicos nos primeiros capítulos desta cadeira. Viram
que o Homem porque incapaz de isoladamente fazer o mundo - de produzir tudo quanto
precisasse para satisfazer as suas necessidades, então se viu compelido a ser gregário.

Nessa perspectiva, o que sucedia na prática é como que cada homem vivesse sob o lema:
trabalhes para mim que eu trabalharei para ti, num clássico exemplo de Robinson e
Sexta-Feira ou ainda, do agricultor pastor e pescador, que entre eles, efectuam permutas
de bens, entregando os que lhes sobram e procurando os que lhes fazem falta.

A história humana testemunha etapas diferentes de trocas, que muito brevemente


podem ser identificadas por troca directa, a que é feita entre mercadorias de consumo
final que mais tarde foi suplantada pela troca indirecta, onde aparece entre as
mercadorias, um elemento de permeio a servir de intermediação.

Igualmente, existem as trocas sem contrapartida imediata, com pagamentos diferidos


no tempo, conhecidas por trocas creditícias ou, simplesmente, crédito.

Começamos com as trocas para perceber a dinámica da história da evolução da moeda


que, muito sinceramente, vos desejo que se fascinem com este assunto.

Para começar, importa recordar, parafraseando Banjamim Disraeli: "A única coisa que
pôs mais homens loucos do que o amor, foi o problema do dinheiro". -Paul
Samuleson in Economia 12ª Edição pág. 323.

Docente: Adelino Pimpão Pág.143 de 184


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O nosso primeiro desafio não é atribuir um juízo de valor à afirmação de Disraeli, antes
pelo contrário, descobrir o seu fundamento.

A fase da troca directa de mercadorias consistiu na permuta de bens por outros bens em
que a aceitabilidade se limitava aos dois intervenientes de troca em presença.

Como se pode depreender, a troca se efectivava na medida em que os produtos por


permutar fossem diferentes, por outras palavras, possuidores de valores de uso e
utilidades, igualmente, diferentes.

Isso quer dizer que, racionalmente, um indivíduo não poderia trocar mapira com
mapira, pelas razões óbvias: da troca não poderia ter a possibilidade de satisfazer
outras necessidades que aquelas saciadas com a mapira.

A consumação de uma troca directa só se tornava possível, quando cada um dos


intervenientes em presença, ficasse a ganhar com a troca, o mesmo que dizer que o
valor atribuído ao bem por cada indivíduo fosse superior ou igual relativamente ao
produto que entregou, e, nunca inferior.

Embora a troca directa apresente, obviamente, inconvenientes, como veremos mais


adiante, ela representou, naquela fase histórica, como um grande passo para a evolução,
dado que é uma escapatória a uma situação de auto-suficiência, em que cada indivíduo
tinha que desempenhar toda a espécie de tarefas, sem hipótese de se especializar em
alguma, para poder sobreviver.

Entretanto existem inconvenientes que podem ser atribuídos à troca directa que se
resumem no seguinte:

Docente: Adelino Pimpão Pág.144 de 184


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 A dificuldade que cada pessoa sentia em encontrar outra que estivesse


interessada, tivesse vontade ou desejo na troca de determinados produtos.

Percebe-se que este inconveniente consiste em que, no geral, pode existir uma pessoa
interessada a trocar uma gazela por vários cachos de banana. Mas já seria difícil
encontrar uma outra pessoa com interesse, vontade ou desejo exactamente oposto que
quisesse a gazela para entregar as suas bananas. Chama-se à esta situação de dupla
coincidência de vontades ou simplesmente, reciprocidade de necessidades.

Tal reciprocidade é muito pouco provável que parafraseando uma expressão económica
clássica: "em vez de se dar uma dupla coincidência de vontades, dar-se-ia, provavelmente,
uma vontade de coincidências" Paul Samuelson in Economia 12ª Edição pág.325.

 A partir do acima exposto, outro inconveniente era o tempo, gastava-se


mais tempo na esfera da circulação na tentativa de coincidir que
propriamente na produção do bem para a troca.

 Sucessivamente, se não se encontrasse o parceiro a tempo, arriscavam-se a


assistir o produto a perecer (perda de utilidade e valor de troca),
perdendo assim, a oportunidade de troca e de consumo directo.

 O facto de as pessoas atribuírem valores diferentes aos produtos, que não


sendo, muitas vezes divisíveis, dificultavam a possibilidade rápida de se
efectuar a troca ou mesmo inviabilizá-la por não se encontrar o mesmo
padrão de medida.

Perante este grupo de inconvenientes identificáveis, reduziam ao mínimo, a divisão de


trabalho e respectiva especialização e a tentativa do homem de diversificar a sua
produção.

Docente: Adelino Pimpão Pág.145 de 184


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Estas situações afligem o homem e compelem-no a procurar novas soluções para os


problemas do seu quotidiano, procurando produtos que servissem em diferentes
épocas e lugares como meios de troca: casos do sal, do arroz, o azeite, o gado (chamada
moeda viva), tabaco, e vários outros.

Esta é a conhecida primeira forma de moeda que se designou por moeda-mercadoria.

Se hoje quiséssemos resumir a evolução histórica da moeda, diríamos que o seu


aparecimento decorreu da necessidade de superar os obstáculos para o
desenvolvimento do sistema de trocas, em economias não primitivas em que a divisão
do trabalho e especialização individual para o exercício de funções produtivas
passaram, progressivamente, a intensificar o regime social de interdependência.

Qualquer uma destas moedas mercadoria surgiu de acordo com as condições específicas
de cada lugar no mundo. Entretanto, importa indicar que esta primeira forma de moeda
apresenta vantagens e desvantagens. Detenhamo-nos, por um instante, para ilustrar as
respectivas:

 Uma unidade de gado não é possível dividí-la em pequenos pedaços e ela


permanecendo ainda viva. Tem ainda o problema de padronização: magra,
gorda, quantos anos de vida, quantos quilos? Com o tempo, chega a uma
determinada altura que começa a perder valor pelo envelhecimento.

 O sal, se o tiver num saquinho como receita de venda da colheita da última


campanha agrícola e de caminho para casa, se cair uma chuva forte, é suficiente
para transformar em nada o suor de um ano produtivo inteiro.

Docente: Adelino Pimpão Pág.146 de 184


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 O azeite podia ser uma simpática moeda líquida, mas era um pouco incômoda
para ser transportada no bolso.

Tantos outros exemplos seriam dados para ilustrar algumas das desvantagens que a
primeira forma de moeda tinha no seu manuseamento. É neste âmbito que surge o
inconformismo do homem vendo-se, evolutivamente, obrigado a procurar novas formas
de moeda que ultrapassassem as desvantagens da forma de moeda então vigente.

É nesta perspectiva que até por volta do século XIX a moeda estava limitada aos metais
preciosos, com o surgimento da segunda forma de moeda: a moeda metálica.

Esta forma de moeda estava, essencialmente circunscrita a ouro e prata que


apresentavam as seguintes vantagens básicas:
 Durabilidade
 Divisibilidade
 Homogeneidade
 Peso igual e valor igual
 Facilmente reconhecíveis
 Fácil de transportar (manuseável)

A aceitação da comunidade de circulação concomitante do ouro e da prata é conhecido


como sistema bimonetarista. Mas, resultante das características químicas da prata de,
facilmente, se oxidar em contacto com a humidade, foi suplantada pelo metal ouro com
o seu peso específico que torna detectável alguma possível falsificação ou adulteração
pela incorporação de outro metal.

Mesmo assim, importa aqui notar que durante muito tempo, este metal foi utilizado
simultaneamente com a prata. A partir da descoberta de mais minas de prata na
América do Sul, situação que fez com que este metal inundasse o mercado europeu e daí

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as pessoas preferissem ouro em detrimento da prata. Basta notar que um grama de


ouro equivalia a doze gramas de prata, ponto que explica a propensão das pessoas de se
libertarem da prata retendo nos seus bolsos o ouro.

Foi a partir dessa, aparentemente, constatação empírica que Sir Thomas Gresham
elaborou a sua lei, conhecida na literatura económica como LEI DE GRESHAM que
enuncia que "a má moeda, a moeda ruim expulsa a boa moeda da circulação".

Esta lei pode ser ilustrada mediante um exemplo de um acampamento de prisioneiros


de guerra.

Assume-se, neste exemplo, que todos os soldados fumam (aceitabilidade no meio dos
soldados) e não têm contacto com o exterior senão com a Cruz Vermelha Internacional,
organismo doador dos bens alimentares e outros mantimentos, incluindo cigarros. Os
fumadores de cigarros não fazem dieta, pois este bem, subjectivamente e para muitos
fumadores, tem servido de "calmante de nervos, activador de memória e de pensamentos,
ajuda para tomada de grandes decisões, etc", situação que torna o seu consumo
rotineiro, produto que acaba primeiro entre todos (tornando-se raro) e é o que sofre
maior pressão de procura.

Do exposto no parágrafo anterior constata-se que o cigarro é suficientemente raro


naquele acampamento, sabe-se que um maço de cigarros tem vinte unidades, portanto o
maço é divisível. A raridade do cigarro naquele espaço faz com que os necessitados
aceitem entregar outros bens em troca de cigarros, pelo que o cigarro passou a ser
equivalente de trocas e geralmente aceite pelos prisioneiros do acampamento.

Os cigarros têm diferentes marcas e por conseguinte a classificação em bons e maus


cigarros. Assim no acto de troca, os intervenientes que sacrificam os cigarros para obter
outros bens, o farão entregando os cigarros maus e retendo consigo os bons cigarros.

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Desta forma passam a circular os maus cigarros, enquanto os bons ficam nas mãos dos
seus utentes.

Com este exemplo, muito simples, fica integralmente, demonstrada a lei de Sir Thomas
Gresham.

Constata-se que o transporte do ouro e prata quando fosse em muita quantidade, era
facilmente detectado, o que acarretava sérios riscos de roubos e assaltos. Então os
homens descobrem que criando casas com segurança para guardar o dinheiro daqueles
que tinham poupanças, contra a emissão de um certificado que confirma que o portador
daquele bilhete era possuidor de valores monetários em casa de moeda, era um negócio
rentável cujos serviços eram muito procurados.

Este certificado de depósito, rapidamente se difundiu entre as sociedades e ganhou


credibilidade e aceitação entre as pessoas de tal forma que muitas transacções foram
sendo pagas mediante a apresentação do certificado em substituição da prata e do ouro
vivos que eram guardados nas casas de moeda.

Este marco histórico cria mais uma forma de moeda que é a moeda-papel. Estes
certificados na sua primeira forma representavam o ouro e prata guardados em casa de
moeda, isto é, o valor inscrito no certificado correspondia exactamente, as quantidades
de metais depositados nas casas de moeda e que o seu portador podia, a qualquer
momento, reclamar o seu montante em ouro e prata na casa de moeda. Esta é a primeira
apresentação da moeda-papel que é a moeda representativa.

Um banqueiro de nacionalidade sueca, PALMSTRUCH (como toda legião de donos de


casas de moeda) constata, empiricamente que os seus clientes nunca levantavam os
seus metais até a nulidade, isto é, nunca sacavam todo o dinheiro. Esta constatação
revolucionou o mundo das finanças naquela época, pois foi a partir de então que os

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donos de casas de moeda começaram a emitir certificados acima do valor real existente
em depósito, na crença de que seriam igualmente aceites.

Se os certificados eram aceites e estes novos sem contrapartida real em casa de moeda,
então se estava perante a criação de nova moeda com contrapartida parcial, que na
realidade circulava e intermediava trocas na base de "fidus", do latim quer dizer
confiança, fé. Portanto, estamos em presença de outra modalidade que toma a moeda-
papel que é a moeda fiduciária, que não era mais que um processo de multiplicação
dos depósitos na base da confiança e aceitabilidade que os certificados já granjeavam
entre as pessoas, já conhecidas como notas de banco. Começa aqui o processo contínuo
da desmaterialização da moeda.

O excedente (a parte que sempre ficava dos levantamentos dos depositantes) era
utilizado para conceder financiamentos a terceiros mediante pagamento de usura pelos
mutuários que constituía uma grande fonte de acumulação de fortuna pelos donos das
casas de moeda. Esta prática veemente proibida tanto pela Bíblia como pelo Alcorão,
pelo que foi desenvolvida pelos judeus e mais tarde pelos protestantes.

Dada a lucratividade do negócio, começaram a surgir muitas casas de moeda no


mercado com o intuito de ganhar mais pelo que as notas sem contrapartida inundaram
o mercado e o descontrolo veio ao de cima.

Assim o sistema, paulatinamente, começou a falhar e a desconfiança instalou-se no seio


dos agentes económicos que culmina com as corridas ao banco - uma situação em que
todos os depositantes ou portadores de certificados vão ao banco e ao mesmo tempo,
exigir a convertibilidade dos seus certificados em metais de ouro e prata, inscritos no
valor facial de cada certificado, ou o mesmo que, reclamar o levantamento de todo o seu
dinheiro depositado nos bancos.

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Perante este quadro assiste-se a um total desordenamento do sistema financeiro


construído. As pessoas perdem confiança na moeda fiduciária, muitos bancos ruíram e
com eles as vidas dos respectivos donos, assiste-se a um desastre financeiro e a
economia ressentiu-se desse facto.

Assim retornou-se a metais para intermediação o que reduziu, substancialmente, o


volume de transacções e o desempenho da economia.

O Estado chama a si a responsabilidade de resolver a questão para recuperar a fé do


sistema que já desvanecia que tornava a velocidade de rotação do dinheiro ainda mais
lenta perante uma crescente divisão de trabalho e especialização.

O Estado no âmbito das suas competências passa a sí a responsabilidade de emitir notas


ou uma instituição por si nomeada (geralmente o Banco Central ou o Tesouro). Esta
nova moeda não tem equivalência de ouro ou prata ou ainda outro metal, nem por uma
pura questão de confiança, mas porque o Estado confere a essa moeda um curso forçado
que dispensa o banco da sua conversão por força da lei, o que conduz ao aparecimento do
papel moeda a que o Estado reserva-se o monopólio de sua emissão.

Como se pode observar o Estado declarou inconvertível o papel-moeda, determinou,


por lei, o seu curso forçado, estabeleceu o seu valor que se concretiza no papel.

Esta é a forma de moeda que circula em todas as partes e países do mundo segundo a
escolha dos respectivos Estados que garantem a sua estabilidade interna e externa com
políticas apropriadas e o seu curso forçado protegido por lei.

Esta é a moeda considerada moeda e não como mercadoria e como Paul Samuelson
dizia "...é desejada não por si mesma, mas pelas coisas que ela é susceptível de comprar.
Não se deseja utilizar a moeda directamente, mas, sim, utilizá-la gastando-a. Mesmo

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quando se decide utilizá-la aforrando-a, o seu valor deriva do facto de a podermos gastar
mais tarde." - Paul Samuelson, in Economia 12ª Edição pág.326.

Não se deseja dinheiro em si porque não tem valor intrínseco, senão pela capacidade de
ser meio de troca, de por meio dele adquirir uma máquina de barbear, uma refeição,
uma consulta médica e outros afins.

SECÇÃO 2 - TIPOS DE MOEDAS


O uso do papel moeda, hoje em dia, como dissemos está generalizado.

Da exposição depreende-se que a moeda sempre foi uma convenção da sociedade,


produto da criação dos homens.

Sabe-se que uma das operações mais importantes realizadas pelos bancos é a aceitação
de depósitos do público.

Comecemos com um exemplo simples, um fulano que deposita em banco e na sua conta
dez mil de Meticais. Seguidamente este mesmo indivíduo precisa de efectuar um
pagamento de 3 mil de MT correspondentes a propinas anuais na sua universidade.

Poderá sacar um cheque sobre o seu banqueiro e entregá-lo à secretaria da sua


faculdade ou sacar o dinheiro directamente no seu banqueiro e entregar em numerário
naquele montante. Caso seja a última situação, o pagamento acaba sendo efectuado com
recurso a papel-moeda.

No entanto, pode suceder que o estudante saque um cheque a favor da sua faculdade e
esta não precise do dinheiro vivo imediatamente e seja cliente do mesmo banco. Neste
caso, remeterá o cheque ao seu banqueiro mediante depósito na sua conta, naquele
montante.

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Assim o pagamento será efectuado mediante um simples jogo de escritas - o banco


debita a conta do devedor (estudante) e credita a conta do beneficiário (a sua
faculdade). Não houve intervenção da moeda corrente, mas o estudante efectuou o
pagamento das suas propinas, portanto liquidou as suas obrigações. Estamos perante
uma forma de moeda, constituída pelos depósitos à ordem que é a moeda escritural ou
simplesmente moeda bancária, porque a circulação dos depósitos se resume a um
simples jogo de escrita nos bancos.

O cheque apresenta vantagens acrescidas sobre a moeda manual (numerário) e uma


delas é a segurança, porque, por exemplo, se perder o numerário fica taxativamente
irrecuperável, enquanto se perder o cheque, não perdeu o seu dinheiro que está
depositado em banco. O que, obviamente, terá que fazer é comunicar o seu banqueiro da
ocorrência para não transaccionar o/s cheque/s perdido/s.

Outra vantagem é conveniência. Imagine que pretende enviar a um amigo ou familiar o


valor de 102,00 MT por correio em cheque ou em numerário.

Outra vantagem adicional por meio de cheque facilmente pode provar a existência da
operação/transacção o que obviamente não pode fazer com recurso ao dinheiro manual
(numerário).

Última vantagem no presente apontamento é que torna o dinheiro extremamente


manuseável porque o dinheiro existe simplesmente como registo de entrada e saída no
banco, portanto, não precisa transportar para transferir para outrem. Depreende-se que
o cheque serve de instrução para o seu banqueiro para sacar o dinheiro da sua conta
bancária para a conta do sacado/beneficiário.

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Entretanto, é preciso notar que o cheque é inconveniente e o seu processamento é


bastante oneroso para transacções envolvendo montantes pequenos.

Nos nossos dias, assiste-se a uma evolução bastante gigantesca nas espécies de moeda
disponíveis. Esta evolução e inovação permitem que hoje em dia sejam encontradas
duas formas de moeda associadas ao desenvolvimento tecnológico, fundamentalmente,
no ramo da informática e fedúcia entre os operadores do sistema.

A primeira forma deste tipo de moeda é a moeda electrónica que resulta da utilização
dos cartões informatizados em máquinas postas pelos bancos a disposição dos seus
clientes em lugares fora das suas instalações (centros comerciais, ruas, grandes
paragens de autocarros e caminho de ferro, etc.), que permite a todo o momento o
acesso a sua conta no banco.

A segunda forma é a moeda informática, que resulta da utilização do computador pelos


agentes económicos para realizar as suas transacções comerciais, bastando uma
terminal na sua empresa que os liga ao seu banqueiro, o que permite a que as instruções
informatizadas agilizem os seus negócios tornando as operações mais rápidas e eficazes.

SECÇÃO 3 - FUNÇÕES DA MOEDA


Depois de nos termos debruçado sobre a origem histórica da moeda, importa ver as
funções que efectivamente são desempenhadas pela moeda.

Não é intenção deste trabalho que K2se pretende que seja um texto de apoio, ser
acabado, mas sim enunciar aquelas funções que por sua natureza se revelem de
importância conhecer. É evidente que com o desenvolvimento económico novas funções
vão surgindo.

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A primeira função que está imediatamente associada a origem histórica da moeda é de


servir de intermediária de trocas o que reduz o tempo de transacções, elimina o
problema da reciprocidade de necessidades, permite por isso, maior especialização e
divisão de trabalho.

Outra função, igualmente, associada a origem da moeda é de servir de meio de


pagamentos.

A terceira função é que serve de medida de valor quer dizer que facilita a avaliação, em
termos quantitativos, dos bens produzidos por ser medida de referência.

A moeda ainda desempenha a função de reserva de valor pela capacidade de


transposição no tempo do valor de uma mercadoria ou da riqueza que pode ser hoje
vendida e o dinheiro guardado para no futuro efectuar outra aplicação financeira. É uma
virtude que a moeda tem sem que se amortize como sucede com muitas mercadorias
correntes.

Ainda, a moeda tem o poder liberatório, uma capacidade reservada a moeda de poder
liquidar todo o tipo de obrigações com terceiros, portanto, capacidade de poder pagar
ou saldar as dívidas.

Outra função desempenhada pela moeda e que se revela de utilidade interessante e que
está associada a trocas creditícias é que a moeda se constitui em padrão de
pagamentos creditícios.

Entre economistas, ainda se considera existir outra função da moeda que se associa ao
seu fetichismo, em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro e marca a
diferença entre os que possuem e não possuidores. Esta é a recente função símbolo de
poder.

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Depois de se ter estudado a evolução histórica da moeda e as suas funções, julga-se de


interesse fazer-se a abordagem da moeda como mercadoria, para além de servir de
intermediário de trocas, ela também constitui objecto de troca.

Do que foi exposto, entende-se que existe um lado que procura a moeda e outro que
oferece e por entendimento, entre eles, estabelece-se um preço de troca.

Neste quadro, a moeda como outra mercadoria qualquer, tem um lugar, seja ele
económico ou real onde ela é trocada e a este lugar denomina-se mercado monetário,
como existe o mercado do chá, do café, do camarão, do açúcar, etc.

Sistematizando, quer dizer que o mercado monetário é o lugar onde se efectuam trocas
com horizonte temporal reduzido (curto prazo), enquanto, se se tratar de operações de
horizonte temporal mais dilatado (longo prazo), envolvendo activos financeiros,
estaremos na presença do mercado de capitais.

Tal como foi feito nas aulas anteriores, quando estudaram a teoria do mercado, vamos
analisar o lado da procura da moeda, começando por encontrar os factores ou motivos
que conduzem as pessoas a procurarem a moeda?

Várias podem ser as razões que pressionam as pessoas a procurarem moeda. Hoje,
existem diferentes tipos de ofícios cuja motivação está o salário pecuniário, desde o
varredor da rua até aos ilustres senhores com doutos nas diferentes áreas do saber,
passando pelos políticos, músicos e outros.

Antes de responder a questão, talvez fosse útil sistematizar o conceito de moeda como
"um bem que, de modo geral, não tem utilidade em si mesmo, apenas tem utilidade
indirectamente por aquilo que permite adquirir. Mas que satisfaz as funções de unidade de
cálculo, instrumento de trocas, reserva de valor e meio de pagamentos diferidos e goza das

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características de aceitabilidade (geral no espaço a que se refere), trocabilidade e liquidez


(disponibilidade) e que, por isso, confere um direito de saque sobre o produto nacional,
direito esse caracterizado pela seguinte indeterminação: obter o que quiser, aonde quiser,
a quem quiser e quando quiser" Maria Irene de Carvalho in Economia Monetária pág 1.4.

SECÇÃO 4 - MOTIVOS PARA PROCURAR MOEDA


Todos os motivos, obviamente, que directa ou indirectamente estarão associados as
funções que muito sucintamente estão a disposição do saber dos estudantes. Aqui
vamos indicar três motivos que, grosso modo, respondem a questão.

O primeiro é o motivo transaccional, quer dizer que as pessoas procuram dinheiro


para fazer compras de tudo quanto necessitam o que está associado a função
intermediação de trocas da moeda e medida de valor.

Também pode-se dizer, simplesmente que é para pagar as contas e este motivo está
dependente do rendimento (Y) numa relação directa. Isso quer dizer que quando mais
tiver, mais transacções estará disposto o individuo a efectuar e nada tem a ver com
a taxa de juro.

Para além disto, ninguém sabe do que vai ocorrer no dia seguinte, nos tempos futuros,
portanto existe uma ideia nas pessoas de se precaverem hoje para a incerteza do
amanhã. Neste quadro, tendo a moeda a capacidade de transportar no tempo o seu
valor, portanto a função reserva de valor, as pessoas procuram o dinheiro hoje por
motivo precaucional.

O terceiro motivo que leva as pessoas a procurarem moeda é a possibilidade de poder


rentabilizar a dotação inicial de dinheiro que tiverem, trata-se do motivo especulativo.

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Por outras palavras, a possibilidade que se coloca de jogar no mercado de acções e


obrigações (títulos) na base da lei: comprar na baixa e vender na alta põe a procura de
moeda para este fim a depender da taxa de juro.

Detenhamo-nos para analisar o conceito das obrigações. Obrigações não são mais nada
que promessas feitas por quem pega/pede emprestado para pagar a quem deve um
certo volume (principal) em uma data específica (data da maturidade da obrigação) e
adicionado a um dado volume de juros por ano.

Enquanto as acções são também promessas de pagamento de uma parte de lucros de


uma empresa. As empresas pagam dividendos, significando que os detentores de acções
recebem um certo volume dinheiro proporcional às suas acções.

Portanto, estamos, duma forma geral, na presença de três motivos que levam as pessoas
a procurarem, a todo o custo, a moeda que por um motivo ou outro ou ainda, todos
conjugados.

Concluindo, pode-se afirmar que a procura de moeda depende das seguintes variáveis:
i. Rendimento (Y).
ii. Inflação que é o nível geral de preços
iii. Taxa de juro ou preço da liquidez ou ainda custos de oportunidade.

Quando tomamos em consideração a evolução do preço, como no caso acima na procura


de moeda, então estamos a falar de procura de moeda nominal ou também se diz procura
por encaixes nominais.

Se pelo contrário, a procura de moeda for em função das quantidades de bens que uma
determinada quantidade de dinheiro pode comprar, portanto expurgando (retirando) o
factor evolução do preço (inflação) ou sem tomar em consideração ou abstraindo-nos

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dos preços, estaremos a falar da procura de moeda real ou procura de moeda por
encaixes reais, que depende exclusivamente do rendimento real e da taxa de juro (Y, i).

Em termos práticos, estamos a dizer que os indivíduos detêm moeda para financiar
as suas despesas que dependem do rendimento. Por sua vez a procura de moeda
depende do custo da sua posse que é o juro que incorre por tal posse ao contrário
do que acontece com os outros activos. Quanto mais alta a taxa de juro mais cara
se torna a moeda em relação aos outros activos.

Sumariamente, a procura por encaixes reais aumenta com o nível do rendimento


real e diminui com a taxa, formalizando fica assim configurado Ld = Y - bi

Onde,
Ld = Procura de moeda
Y = Rendimento
b > 0 = sensibilidade de procura de moeda em relação à variação da taxa de juros
i = níveis de taxas de juro.

Estas variáveis não são as únicas que influenciam a procura de moeda, pois existem
outras, como o próprio quadro institucional quando determina as formas de pagamento.
A procura de moeda para transacções será inferior numa economia que utiliza cartões
de crédito do que numa economia onde predominem meios mais líquidos de
pagamento. Outra variável qualitativa é o nível de desenvolvimento dos meios de
comunicação como o recurso aos correios e efectuar pagamentos com vales de correio e
outras formas de pagamento (Aliás, basta recordar as formas desenvolvidas de moeda
estudadas).

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SECÇÃO 5 - BANCOS

Banco Central
Posto isto, em termos práticos, coloca-se-nos uma pergunta óbvia, quem,
efectivamente, oferece dinheiro ao sistema, quem injecta (na óptica de emissão) o
dinheiro na economia? Quem tem esta responsabilidade de dar o que todos, de
diferentes formas e para propósitos vários, procuram?

Quando estudamos a evolução histórica da moeda na sua fase de papel-moeda,


dissemos que uma das suas características era de que tinha circulação forçada e já
não possuía contrapartida real em ouro e prata, mas pela força da lei, o Estado
designava o seu agente de emissão que era o Banco Central.

Então, é este, o Banco Central, quem determina a oferta monetária no sistema


económico, também conhecido como Banco de 1ª Ordem. O volume dos meios de
pagamento é determinado pela via da programação tendo presente o
comportamento do sector real da economia (produção) e da sua competitividade
externa. São as seguintes as tarefas que o Banco Central realiza:

i. Tem o monopólio da emissão da moeda legal do país.


Importante notar não é em todos os países que a emissão
legal é feita pelo Banco Central, por vezes é feita pelo
Ministério do Tesouro que no caso moçambicano
corresponderia o das Finanças ou Fazenda, nos quadrantes.

ii. Funciona como prestamista da última instância do sistema


bancário, que para tal utiliza o preço chamado taxa de

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redesconto, comummente conhecido como o Banco dos


Bancos.

iii. É o financiador do Estado, funciona como tesoureiro do


Estado o que quer dizer que o Banco Central deveria sempre
estar disponível a financiar o défice do orçamento estatal,
através de compra de títulos ou emissão de mais moeda. Esta
função tende a diminuir, dada a reclamação da autonomia do
Banco Central, naquilo que se chama divórcio entre o Tesouro
e o Banco Central.

iv. Garantir a estabilidade interna e externa da moeda. A


estabilidade interna implica reduzir e controlar a inflação
garantindo a estabilidade do valor interno da moeda.
Enquanto a estabilidade externa tem a ver com a evolução da
taxa de câmbio, portanto da relação que uma determinada
moeda tem com as restantes moedas do resto do mundo.

Importante reter que o Banco Central não se relaciona com o público (singulares e
empresas estatais e privadas). Este papel é reservado às instituições de
intermediação financeira, entre elas, papel importante é desempenhado pelos
Bancos Comerciais e historicamente, os primeiros a surgir, no norte da Itália (Siena
e Florência), zona do Lombard.

Assim os bancos comerciais (Bancos de 2ª Ordem) ao aceitar depósitos com


remuneração, permitem uma maior propensão a poupar facilitando a existência de
fundos para o incremento da propensão a investir.

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A taxa praticada pelos bancos comerciais tanto para operações activas como
passivas, chama-se taxa de juro para crédito e para depósitos respectivamente.

A taxa de juro é o preço ou custo que o possuidor legal de moeda


atribui a perda de liquidez quando empresta a alguém, ou ainda, é o
preço que o utente está disposto a pagar para utilizar a liquidez, logo,
sucintamente, pode-se dizer que a taxa de juro é o preço do uso de
liquidez ou é a medida de custo de oportunidade.

Esta definição conduz-nos a analisar a liquidez como sendo a capacidade que


qualquer activo tem de se transformar imediatamente em outro activo isto é
catana transformar-se em papaia e esta em carne e por sua vez em casa e esta
última em viatura, a viatura em acções e as acções em dinheiro fresco.

Como preço do dinheiro, teoricamente, quer dizer que quanto maior for a taxa de
juro menor será a procura do moeda e vice-versa, ceteris paribus, a curva de
procura é negativamente inclinada.

Para as instituições financeiras, quanto maior for o preço do dinheiro maior será a
disposição de colocar a moeda à disposição do público (singulares e empresas), as
demais condições constantes, posto que os bancos comerciais funcionam como se
de uma empresa qualquer se tratasse, com o objectivo fundamental de maximizar
lucros, a curva de oferta do crédito é positivamente inclinada.

Este comportamento será semelhante aos Bancos Centrais?

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 A resposta, é, obviamente não. Posto que primeiro, como dissemos, os


Bancos Centrais não se relacionam directamente com o público e vimos que
os grandes objectivos do Banco Central, diferentemente dos bancos
comerciais não é maximizar lucros.

Neste quadro, o Banco Central segue objectivos do Governo que são,


genericamente, os seguintes:
 O nível de produção (Crescimento económico);
 Promoção do emprego e por isso redução do desemprego;
 Redução e controlo da inflação (nível de preços);
 Equilíbrio de contas externas (Balança de Pagamentos).

Isso quer dizer que o Banco Central emite a moeda observando o comportamento
da produção cujos meios de pagamento vão financiar, como se viu através da
identidade contábil ou equação de trocas.

Concluindo, pode-se dizer que a emissão monetária, pelo Banco Central, não
depende do comportamento da taxa de juro, senão de variáveis acima indicadas.
Desta forma, a decisão do Banco Central de emitir ou desemitir mais ou menos é
independente do comportamento da taxa de juro.

O Banco Central relaciona-se com os bancos comerciais e estes por sua vez, com o
público, entre singulares e empresas como ilustra a figura abaixo.

As operações realizadas pelos bancos comerciais com o público podem ser de


intermediação, cuja noção veremos a seguir.

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Banco comercial como empresa


Os bancos ocupam uma posição estrategicamente importante no quadro
económico. Esta posição pode ser pontificada pelos episódios sobejamente
conhecidos da história mundial. Só para citar exemplo, os colapsos bancários dos
anos trinta (a grande depressão), fizeram com que a economia se ressentisse,
seriamente, desse facto.

Os bancos com a moeda, separam, definitivamente, as operações e momentos de


poupança e de investimento.

Historicamente, os bancos comerciais desempenharam a função de recolher


fundos em troca de activos financeiros das unidades com superávite e transferir
para as unidades necessitadas e assim, eliminar o risco do investimento.

Os bancos, à feição de empresas industriais, lojas comerciais, podem ser de


propriedade privada ou mista, sendo a obtenção do lucro o seu objectivo principal.

As perguntas que se seguem são como é que os bancos conseguem através das suas
operações, e como que as operações monetárias induzem o sistema bancário a
participar no processo de estabilização económica.

Mas a medida que os bancos comerciais vão participando no processo de


estabilização económica, eles vão criando moeda através da intermediação
financeira consistente na transição de meios financeiros dos poupadores para os
investidores.

Para melhor compreensão de tal mecanismo, importa determo-nos a analisar, com


recurso ao princípio de partidas duplas ou dobradas, como são realizadas tais
operações a ponto de permitir aos bancos comerciais criarem moeda.

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Economicamente, a moeda é o somatório das notas e moeda metálica ou divisória


em circulação (ou ainda nas mãos do público) (NMC) e parte do dinheiro que
sendo do público está depositada à ordem ou à vista (DO) nos cofres dos bancos
comerciais, que representa uma exigibilidade destes.

M1 = NMC + DO

Esta componente representa o activo perfeitamente líquido que pode ser


transformado, com facilidade em outro tipo de activo sem nenhum custo de
transformação ou transacção, que é comprar bens por exemplo.

Se a este activo perfeitamente líquido agregado no M1, associarmos-lhe outro tipo


de depósito que não são à ordem, mas sim depósitos a prazo (DP) ou com pré-
aviso, teremos um agregado mais lato que é o M2.

M1 + DP = M2

Para alguns países, o M2 representa os meios totais de pagamento. Noutras


economias com um mercado financeiro mais desenvolvido, o conceito de meios
totais de pagamentos é mais abrangente e inclui outro tipo de activos e assim
passam para M3, M4, M5, etc.

Como vimos, o Banco Central monopoliza a função de emissão de meios de


pagamento legais de circulação forçada. Mas os bancos comerciais, por sua vez,
podem criar meios de pagamento (moeda), através do passivo do próprio balanço
(exigibilidades), portanto, maioritariamente através dos depósitos seus clientes
que repassam em forma de crédito aos investidores sem dinheiro.

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ACTIVIDADE 7: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

Diga se Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as seguintes afirmações:

1. O papel-moeda tem circuito forçado, quer dizer, que circula na base da


obrigatoriedade da lei emanada pelo Estado, por isso, nessa situação uma
economia monetarizada é difícil retornar ao escambo.

2. Sem a moeda fiduciária não seria possível o surgimento da moeda representativa


que revolucionou a actividade económica com a prática da usura.

3. A credibilidade e a aceitação do certificado de depósito entre as pessoas


precipitou (conduziu) ao surgimento do papel-moeda em substituição do ouro e
prata vivos.

4. O papel-moeda e moeda-papel são, na prática, mesma coisa. Precisam de ser


aceites para serem dinheiro.

5. Dizer que a má moeda expulsa a boa da circulação é o mesmo que dizer que as
pessoas não libertam a boa moeda.

6. Para qualquer coisa ser equivalente geral de trocas deve ter como base o nível de
credibilidade entre as populações.

7. É quase tudo ou nada, mas todo o bem pode ser moeda basta que para tanto as
populações convencionem.

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8. A febre de coincidir as vontades dos intervenientes de troca numa economia de


escambo resultava numa situação aparentemente contrária: a vontade de
coincidir.

9. Dizer hoje que os bancos centrais não perseguem lucros é uma utopia, como
pagariam salários aos seus trabalhadores, como faria investimentos em
delegações e equipamentos informáticos. Por isso que precisam de lucros sim a
par das funções de lei.

10. A moeda electrónica é prova de que quando há confiança o papel moeda vivo é
dispensável nas transacções.

11. Os bancos comerciais ao darem crédito aos seus clientes estão a criar novo poder
de compra e por isso estão a criar moeda.

12. Os bancos centrais ao serem bancos dos bancos quer dizer que lidam com os
bancos comerciais e não com o público, entre outros argumentos.

II PARTE

Escolha múltipla:

1. A economia desejará sempre ter muito dinheiro pelo seguinte:


a) Motivos transaccional, precaucional e especulativo;
b) Fetichismo em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro;
c) Todas funções que desempenha;
d) (a) e (d)
e) Todas as respostas anteriores;
f) Nenhuma das respostas anteriores;

2. A descoberta de Palmustruch trouxe para a evolução histórica da moeda:


a) Benefícios adicionais na vantagem do ouro sobre a prata;
b) Conhecimentos sobre o comportamento do Estado no controlo das casas
de moeda;

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c) Um interesse maior sobre o funcionamento do sistema bimonetarista;


d) Todas as respostas anteriores;
e) Nenhuma das respostas anteriores;
f) a, b.

3. A lei de Gresham trouxe para a evolução histórica da moeda:


a) Benefícios adicionais na vantagem do ouro sobre a prata;
b) Conhecimentos sobre o comportamento das casas de moeda e as suas opções na
prática da usura;
c) Um interesse na importância do crédito na economia e o papel das casas de
moeda;
d) (a), (b)
e) Todas as respostas anteriores;
f) Nenhuma das respostas anteriores;

4. Em economia de escambo, a troca directa só se efectivava (se tornava possível)


quando:
a) Não era possível trocar um artigo por outro de igual valor de uso e de troca;
b) O valor atribuído ao bem por cada indivíduo tivesse avaliação pessoal de um
ganho igual ou superior ao bem abdicado;
c) O tempo de troca era maior que o tempo de produção;
d) Todas as respostas anteriores;
e) Nenhuma das respostas anteriores;

5. Quando se paga um cheque que não tenha dinheiro na conta é como se tivesse
sido dado crédito:
a) Ao sacador do cheque
b) Ao sacado do cheque
c) A ambos (sacado e sacador)
d) Todas as respostas;
e) Nenhuma das respostas.

6. Os bancos centrais são diferentes dos bancos comerciais por:


a) Não se relacionarem com o público;
b) Não concederem crédito aos seus trabalhadores;
c) Emitirem notas e moedas;
d) (a) e (b)
e) Todas as respostas
f) Nenhuma das respostas

7. A função estabilidade interna e externa do banco central tem a ver com:


a) Inflação
b) Taxa de cambio;

Docente: Adelino Pimpão Pág.168 de 184


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c) Investimento no país
d) Ambiente de negócios
e) (a) e (b)
f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas.

BIBLIOGRAFIA
 Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
 Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
 Das Neves, J C. Introdução a Economia
 Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
 Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
 Miller, R. Microeconomia
 Vasconcelos, M. Economia Básica

Docente: Adelino Pimpão Pág.169 de 184


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UNIDADE 8
INFLAÇÃO: UMA ABORDAGEM GERAL
“A inflação constitui hoje um problema
social central. Ultrapassando o económico
invade o político, o ideológico, o psicológico,
o social na sua globalidade.”
Carlos Pimenta
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

 Dominar o conceito de inflação;


 Ser capaz de explicar a inflação através da teoria quantitativa da moeda;
 Identificar os diferentes tipos de inflação;
 Enumerar as diferentes consequências da inflação.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Conceito de inflação
Secção 2 Teoria Quantitativa da Moeda
Secção 3 Tipos de inflação
Secção 4 Consequências de inflação

PARA O INICIO DA CONVERSA


Pelos órgãos de comunicação social, nos discursos de políticos ou nas intervenções de
economistas, acredito que o estudante já terá tido a oportunidade de ver escrita ou
ouvir a falar da palavra inflação, sem que no entanto e, eventualmente, se tivesse
preocupado ou sabido ao certo do que é que tal palavra significava, e, muito menos
porque é que preocupa tanto as autoridades e os especialistas.

Entretanto, creio ter a certeza que já terá ouvido na rua comentários como este e que
quem sabe talvez mesmo saído da boca do amigo estudante:

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 Poderia comprar mais com o meu salário a dois anos atrás do que posso fazer
hoje;
 Os salários sobem pelas escadas enquanto os preços dos produtos sobem pelo
elevador;
 Estava melhor antes que hoje;
 Agora o dinheiro está a ter valor e muita aceitação.

Não pode ser considerada uma utopia acreditar que nos próximos anos, em
Moçambique entrará explicitamente no léxico eleitoralista ou para justificar a reeleição
por ter baixado a inflação ou ainda para indicar que é a pessoa indicada a ser eleita
para reduzi-la e estabilizá-la.

Ainda mais o sentimento popular é forte contra a erosão do poder de compra da moeda
e com ela o aumento do custo de vida a ponto de exigir, individual ou colectivamente,
que o Governo deve fazer algo para parar ou reverter a situação.

Estamos a chegar ao frequente axioma político de que a inflação é má por isso não
desejável.

Sendo assim, o estudante por meio deste curso, terá a rara oportunidade de ver
discutido o assunto nas aulas de que sugerimos que seja um sujeito participante activo.

Para facilitar a sua compreensão será usada uma linguagem simples quanto possível,
para explicar o conceito, origem e consequências da inflação na economia, mas a partir
da teoria quantitativa da moeda.

Metodologicamente, preferimos antes de entrar na própria análise da inflação,


explicarmos os postulados básicos da Teoria Quantitativa da Moeda.

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SECÇÃO 1. CONCEITO DE INFLAÇÃO


Agora, as condições estão criadas para o estudante, perceber a explicação da inflação a
partir da teoria quantitativa da moeda, tomando que a última já é um dado adquirido.

Antes de mais importa, vermos afinal que o será INFLAÇÃO, o fenómeno que é
apontado como objectivo de políticas económicas de todas as autoridades.

Assim, a inflação é um fenómeno de elevação do nível geral de preços.

1)Sua natureza: a inflação sugere a ideia de "inchaço", "inflamação".

HARBERRGER dizia que o elemento que provoca inflação é a moeda, pois sem inflação
monetária, dizia ele não haveria inflação que constitui o ingrediente básico.

2) Magnitude de taxa de elevação dos preços: quando podemos nós afirmar que a esta
taxa de facto existe inflação.

SHAPIRO nisso reconhecia, a ambiguidade deste tipo de reflexão, mas afirmava que
elevação apreciável era como sinónimo de considerável ou suficientemente grande.

3) Dimensão do factor tempo: Portanto, não basta subir hoje os preços para no dia
seguinte se manterem a esse mesmo nível pois, para se dizer que existe inflação, é
necessário que essa subida seja persistente, continuada ou programada, portanto, na
tendência altista a persistir por períodos prolongados de tempo.

4) Abrangência do fenómeno - é necessário que o fenómeno seja macroeconómico que


não se limite a um único produto senão, em média, a muitos.(o aumento do preço do

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pão, da gasolina dos automóveis, aumento dos salários, rendas das casas, dos
vestuários dos transportes, das entradas às pistas de dança, dos cigarros etc...)

Assim INFLAÇÃO, será um fenómeno macroeconómico, dinâmico e de natureza


monetária caracterizado por uma subida apreciável e persistente do nível geral dos
preços.

A medida correntemente utilizada por medir a inflação é o índice do preço ao


consumidor (IPC), que mede o custo de um cabaz de bens e serviços adquiridos pelo
consumidor no mercado. Os principais grupos desse cabaz são os produtos
alimentares, o vestuário, as despesas com habitação, os combustíveis, transportes e
despesas com cuidados com a saúde.

Portanto, segundo a teoria quantitativa da moeda este comportamento dos preços é


motivado pela quantidade de meios de pagamentos que excede bens e serviços
transaccionados.

Caso de estudo
Suponha que a Sra Cristina Raquel é uma mãe solteira do menino Queco Brites. Ela é
uma secretária na importante empresa Tatenda, SA. Usando este caso vamos ilustrar
brevemente a inflação com base no orçamento dela.

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Orçamento ano passado


Janeiro Orçamento este ano
Janeiro
Alimentação Qtdes Preço Despesa Preço Despesa Variação
Feijão 5 3.00 15.00 3.50 17.50 0.50
Frangos 10 10.00 100.00 9.65 96.50 -0.35
Bife 6 15.00 90.00 16.00 96.00 1.00
Sumo 10 2.50 25.00 2.50 25.00 0.00
230.00 235.00
Transporte 200.00 225.00
Gasolina 50 2.80 140.00 3.30 165.00 0.50
Passes de Omnibus 40 1.50 60.00 1.50 60.00 0.00
Despesas Pessoais 100.00 116.00
Cinema 6 5.00 30.00 7.00 42.00 2.00
Restaurante 2 20.00 40.00 25.00 50.00 5.00
Aplicativo/Celular 6 5.00 30.00 4.00 24.00 -1.00
Cuidados Pessoais 110.00 110.00
Farmácia 5 10.00 50.00 10.00 50.00 0.00
Tratamento do Cabelo 2 20.00 40.00 20.00 40.00 0.00
Corte de Cabelo 1 20.00 20.00 20.00 20.00 0.00
Habitação 150.00 155.00
Renda 120.00 120.00 0.00
Energia 15.00 15.00 0.00
Água 15.00 20.00 0.00
Vestuario 70.00 70.00
Vestido 1 40.00 40.00 40.00 40.00 0.00
Camisetes 1 30.00 30.00 30.00 30.00 0.00
Comunicação 50.00 50.00
Celular 30.00 30.00
Internet 20.00 20.00
Artigos da casa 50.00 50.00
Toalhas 2 10.00 20.00 10.00 20.00 0.00
Produtos de limpeza 10 3.00 30.00 3.00 30.00 0.00
Educação 40.00 60.00
30.0
Explicação 2 20.00 40.00 0 60.00 10.00
1,000.00 1,071.00 107.1%

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A Cristina Raquel recebe 1.000 unidades monetárias desde o ano passado e as gastava
todas no orçamento apresentado na tabela anterior.
Para este ano, alguns preços mudaram (uns aumentando e outros reduzindo) que
culminaram com o aumento da despesa.

Amigo estudante está a notar que a despesa neste aumento com o aumento dos preços
é superior ao salário da Cristina Raquel.

Como o salário da Cristina Raquel não aumentou, logo não pode continuar a comprar as
mesmas quantidades, pois o aumento dos preços reduziu o valor de compra do seu
dinheiro o que a obriga a ter que efectuar ajustamentos que passam por:
 Reduzir algumas quantidades e/ou
 Cortar, simplesmente, outras despesas.

Pode-se notar que a inflação afecta o poder de compra dos assalariados, reduzindo a
sua qualidade de vida.
Por isso, importa continuarmos esta matéria.

SECÇÃO 2. TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA


Na unidade sobre Noção de contabilidade nacional, estudamos as múltiplas relações
que se estabelecem entre os agentes económicos numa economia.

Sobre tais ligações, recomenda-se ao estudante que se recorde ou leia por instante
porque se figura de fundamental importância para a compreensão deste tema, tal como
o foi na percepção das identidades contábeis para o cálculo do produto, nas três
ópticas.

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Mesmo assim é preciso ter presente que para a construção do modelo simples de
funcionamento da economia as famílias (que são as unidades de consumo) dispondo de
terras, capital e trabalho, formam e põem empresas a laborar para produzir bens e
serviços para venda no mercado.

Pelo emprego desses três factores de produção, foi dito que as famílias recebiam como
contrapartida, respectivamente, renda, juros/lucros, e salários rendimentos que são
gastos na compra de bens e serviços produzidos pelas empresas.

Portanto, encontramos aqui, que os meios de pagamento existentes na sociedade e na


posse das famílias, devem ser iguais aos bens e serviços produzidos pelas empresas,
grosso modo. Usando um exemplo doméstico, estamos a dizer que os meticais gastos
no mercado devem ser iguais às frutas e vegetais comprados.

Foi a partir dessa ideia e dessa constatação, que serviu de base para se elaborar uma
das formulações mais conhecidas na teoria quantitativa que é a equação de FIHSER
(1912) ou também denominada equação de trocas.

Ela enuncia que num sistema económico que se troca n bens e se indica com o p, o
preço desse bem e q, a quantidade trocada ou transaccionada, com i=1,2,3,......n, então o
valor será a soma da multiplicação dos produtos pelos respectivos preços que será
respectivamente verdade, que o valor total dos bens trocados  pxq é igual a despesas
monetárias, isto quer dizer que na economia deve existir uma quantidade de meios de
pagamento igual ao valor dos bens por transaccionar.

No entanto, deve-se ter bem presente que uma unidade de moeda, num determinado
período de tempo, pode financiar mais de uma troca de bens, e a quantidade de vezes
que esta unidade monetária financia ou intermedeia trocas denomina-se velocidade de

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circulação da moeda. Indicando com V a velocidade de circulação de moeda, então a


despesa monetária será igual MV, logo:
MV =  PixQi

Onde M é o stock de moeda presente no sistema económico num determinado período


de tempo, V é a velocidade de circulação da moeda, Pi o preço do bem, Qi a quantidade
de bens trocados ou também conhecido como quantidade de transacções.

Se se indica com p o nível geral de preços e com T as transacções obtém se célebre


equação de Fisher.

MV =PT

Esta relação, como foi demonstrado nas aulas, não passa de uma pura identidade
contábil (despesa iguala ao ganho) que relaciona o valor dos bens trocados com a
quantidade de meios de pagamentos que foi necessário utilizar, portanto como
qualquer relação contábil, não pode descrever alguma relação de causalidade entre as
variáveis,

Contudo é importante, todavia realçar a utilidade desta identidade contábil, pois,


mostra que as grandezas M, V, T, P devem se relacionar de tal maneira que a equação
seja respeitada.

Por essa mesma simplicidade, esta identidade, pode ser manipulada mecanicamente
interpretando o seu significado de maneira diferente afirmando, numa análise de curto
prazo:

1) P varia directamente com M, se V e T são constantes;

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2) P varia directamente com V, se M e T são constantes;

3) P varia inversamente com T, se M e T são constantes;

Cada uma das afirmações acima é verdadeira desde momento que o vínculo seja
respeitado, porém não é teoria quantitativa da moeda.

Para transformar esta pura identidade contábil em teoria, portanto, numa relação
causa e efeitos, entre as variáveis, são necessárias algumas hipóteses sobre a equação
de Fisher.

Fazendo uma análise de curto prazo as variáveis veremos que:

a).- V - velocidade de circulação de moeda não varia no curto prazo pois as suas
variações dependem dos métodos de pagamento (semanal ou mensal, cash, cheque ou
transferência bancária), desenvolvimento do sistema financeiro, confiança entre os
agentes económicos, cenário que não se consegue alterar no período de um ano.

b).- T - volume das transacções não variam no curto prazo pois depende da
intensificação da divisão do trabalho, o progresso técnico e a acumulação. Como se
pode depreender num espaço de um ano não são possíveis essas transformações de
tamanha qualidade.

c).- P - nível geral de preços varia no curto prazo, basta recordar-se dos movimentos
dos preços nos mercados da capital durante os três períodos do dia para testemunhar
esta constatação ou aos fins de semana.

d).- M - o stock de moeda existente no sistema económico ou simplesmente meios


totais de pagamento, no curto prazo também varia pois depende das autoridades

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monetárias, muitas vezes, das suas necessidades de financiamento, principalmente em


países com crises de políticas e administrativas grandes, ou em países com sistema de
controlo indirecto da actividade económica. são também elucidativos os exemplos
domésticos aqui apresentados durante as aulas.

Pode-se perceber, se análise se concentra sobre os fenómenos de curto prazo, a


afirmação (1) é relevante, é aquela que mantém que as variações da oferta da moeda
não mudem V e T mas só e só o nível geral dos preços que a partir de agora é
transformada em P = f(M), isto é o nível geral de preços é determinado só pela
quantidade da moeda.

SEÇCÃO 3.TIPOS DE INFLAÇÃO


Autores que defendem que as causas fundamentais da inflação são essencialmente as
seguintes:

A) Excesso da demanda agregada relativamente a oferta, que aumenta as necessidades


dos consumidores em adquirir mais bens aos níveis de preços existentes. Se tal procura
não é correspondida por uma expansão da oferta isso conduzirá a uma pressão sobre
os preços que se elevam - esta é a inflação da PROCURA.

A expansão excessiva da oferta monetária resulta da criação do dinheiro novo que pode
decorrer dos seguintes factores.

 Criação monetária por via do multiplicador de crédito. Isto é, os bancos


comerciais por intermédio dos créditos por si concedidos geram novos
depósitos e criam moeda, e

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 Novas emissões feitas pelo Governo principalmente para honrar os seus


compromissos, uma experiência comum em tempos de instabilidade política
com o objectivo de financiar os seus programas.

Estas emissões podem decorrer duma situação em que se registam défices no


Orçamento do Estado.

B) Por vezes, dada a pressão sindical sobre o patronato, no sentido de se aumentar os


salários acima da produtividade das empresas, conduz a que tal atitude seja onerosa
para as unidades de produção. Assim para compensar tal situação pelo aumento dos
salários, as firmas decidem pelo aumento do preço dos bens no mercado que o
consumidor afinal é o próprio trabalhador. Desta forma o patronato consegue
transferir os novos custos para o consumidor decorrentes dos salários altos.

Nesta situação estamos em presença de inflação de CUSTOS, daqui que a inflação ela se
alimenta a si mesma, através deste jogo: salário alto, sua transferência ao consumidor
pelo preços dos produtos e nova pressão dos sindicatos para aumentar os salários; a
inflação reproduz-se é a chamada propriedade que ela tem de retro-alimentação.

As causas possíveis de uma elevação salarial estão associadas à existência de um


sindicato forte e dado ao poder que lhe conferido podem pressionar os empregadores a
subirem os salários dos seus trabalhadores ou por outra se país tem baixíssimas taxas
de desemprego com excesso de oferta de trabalho, então os poucos existentes e
rodeados por uma procura grande podem pressionar ao aumento dos salários sem que
isso tenha resultado do aumento da produtividade.

C) A outra forma de inflação é a inflação de LUCROS que resulta da existência de


mercados imperfeitos e não competitivos tais como os já vistos oligopólios e
monopólios são a condição suficiente para a ocorrência de uma inflação de lucros.

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Neste cenário, as empresas em seu esforço para a obtenção de maiores lucros sem que
para isso tenha concorrido a melhoria da sua produtividade, eleva os preços mais do
que suficiente para compensar os custos.

É preciso anotar que existe uma grande dualidade entre uma inflação de salários e de
lucros pois enquanto os trabalhadores querem salários altos (que provoca o aumentos
dos custos das empresas e por sua vez reduz os lucros destas), os donos das empresas
querem aumentar o lucro e fazem-no aumentando o preço do produto. Os dois factores
concorrem para o aumento do preço.

D) Os outros custos de produção como o custo das matérias-primas, dos combustíveis,


da energia, do transporte e de todas outras componentes dos custos de produção
aumentarem o que concorre para o aumento dos custos das unidades de produção.
Conhecido o interesse dos produtores de pelo menos não baixar os seus lucros, eles
repassam tal custo para o preço do bem final.

Adicionalmente ao acima elucidado, a desvalorização ou a depreciação da moeda


aparecem como sendo uma das razões da inflação e com impacto imediato sobre o
nível geral dos preços sendo uma das razões da inflação de custos que resulta do facto
das empresas usam matérias-primas importadas e sem substitutos na economia
interna. Esses custos incrementam pela força da perda do valor da moeda nacional que
por cada valor de um dólar serão necessários mais meticais para comprar a mesma
quantidade de produtos no exterior o que implicará a sua venda a um preço maior
gerando inflação.

E) Outra forma de inflação está directamente ligada com a estrutura da economia em


análise. Se a estrutura da economia permite a formação de monopólios e porque estes
passam a ter o domínio total sobre os preços, poderão estes aumentar os seus preços

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da sua ineficiência provocando assim uma subida de preços. Esta é conhecida como
inflação estrutural.

As relações de dependência para com o exterior também podem provocar efeitos


inflacionários na economia por via da inflação importada. Se a economia moçambicana
depende fortemente da economia, por exemplo sul-africana, então a elevação de preços
na África do Sul será reflectida na economia moçambicana porque será a tais preços
inflacionados que os compradores (importadores) moçambicanos comprarão as suas
mercadorias

SEÇCÃO 4. CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO


O processo de subida de preços provoca consequências provoca uma série de aspectos
que são muitas vezes penosos tanto para sociedade assim como directamente para o
Estado.

De entre as várias facetas que podem ocorrer, podemos destacar as seguintes:

 Aumento do custo de vida dado que os preços crescem mais do que os salários;

 O dinheiro perde valor, tal quer dizer que uma unidade monetária hoje, valerá
menos no futuro, o que desencoraja a utilização dessa moeda tanto nas
transacções como para poupanças. Neste caso a inflação funciona como um
imposto para o portador dessa moeda, reduzindo o seu valor;

 Aumento da desigualdade social;

 Desincentiva o investimento e por essa via redução do crescimento económico;

 Aumento da instabilidade na economia;

 Difícil uma planificação com o aumento do risco e da incerteza;

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 Torna as taxas de juros nominais altas.

ACTIVIDADE 8: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. Na sua opinião, qual destas duas coisas tem maior efeito sobre o IPC: um
aumento de 10% no preço do frango ou um aumento de 10% no preço do
caviar? Porquê?

2. Explique como um aumento no nível de preços afecta o valor real da nossa


moeda.

3. De acordo com a teoria quantitativa da moeda, qual o efeito de um aumento


na quantidade de moeda circulando na economia?

4. Suponha que medidas para estimular o consumo de fim de ano sejam tomadas
por uma parceria entre bancos e empresas varejistas (retalhistas): os bancos
facilitariam o acesso ao crédito pessoal e as empresas aumentariam os prazos
de pagamentos. Pergunta-se:

a) Se esse evento persistir após o período do final do ano, de que forma


pode afectar os índices de inflação?
b) Se o Banco Central resolver intervir para evitar inflação, que acção
poderia tomar? Explique

5. Um aparelho de som é vendido por um preço P em três parcelas mensais


iguais, sem acréscimo, sendo a primeira dada como entrada. Se o pagamento
for feito à vista, haverá um desconto de 3% sobre P. Qual a melhor alternativa
para o comprador, se a taxa de juros para a aplicação for de 1,5% a.m.?

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6. Comente a frase: “a única coisa que devemos reter é o fenómeno da inflação:


os preços estão sempre a crescer!”

7. Como designa as situações inversas às da inflação, àquelas em que os preços,


em geral, caem de uma forma continuada?

BIBLIOGRAFIA

Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política


Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica

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