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Emergências em ruminantes! O que fazer?

José Renato Junqueira Borges (jrborges@unb.br); Augusto Ricardo C. Moscardini; Eduardo F. da Fonseca.
Hospital Escola de Grandes Animais da Granja do Torto
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UnB

As principais emergências em ruminantes são obstétricas, principalmente a distocia e o


prolapso de útero. As doenças neurológicas também podem ser emergenciais, assim como as
doenças hepáticas (intoxicação por braquiária), principalmente nos ovinos, mas normalmente
os animais chegam ao Hospital para realização do diagnóstico, pois na maioria das vezes são
problemas de rebanho e nem sempre compensa o tratamento, com algumas exceções. Como as
emergências citadas acima serão objeto de outras palestras, iremos citar somente casos que
aparecem com freqüência ou esporadicamente no Hospital Veterinário da UnB (HVet-UnB)

1. Emergências Médicas ou com Intervenção Cirúrgica Simples

Dificuldade respiratória: acidente ofídico – traqueostomia

O acidente por serpentes do gênero Bothrops causa geralmente alterações


teciduais locais uma a três horas após a picada, e é caracterizado por mionecrose,
hemorragia e edema. O local da picada e a quantidade do veneno são de
fundamental importância, pois quando na região da cabeça pode provocar
compressão das vias aéreas e edema de glote. Esse edema atinge o grau máximo
cerca de 48 horas, perdurando por mais ou menos 120 horas (Melo et al., 1999).
Uma novilha mestiça foi atendida na propriedade apresentando edema,
necrose de língua e posição ortopnéica. Foi imediatamente transportada para o
HVet-UnB e submetida à traqueostomia, solucionando a disfunção respiratória. Foi
realizada fluidoterapia e aplicado soro antiofídico, flunixin meglumine, dexametasona
e penicilina, com melhora acentuada do edema de língua nas primeiras 48 horas,
mas evoluiu para necrose e queda da língua com necessidade de sacrifício do
animal. Não foi observado o local da picada, mas os sinais foram sugestivos de
acidente ofídico, devendo ser excluída a possibilidade de infecção por Clostridum
spp., pois o animal não apresentava febre nem crepitação local.

Dificuldade respiratória: traumatismo pescoço - traqueostomia

Os acidentes por predadores são comuns na criação de pequenos ruminantes


podendo levar a sérios prejuízos econômicos. O HVet-UnB recebeu uma cabra com
intensa dispnéia produzida por lesões decorrentes de ataque de cães, com
dilaceração da pele no pescoço, perfuração da traquéia, edema e crepitação na
região da laringe. Foi adaptada uma seringa no local da ruptura da traquéia
substituindo o aparelho para traqueostomia e o animal foi tratado com
antiinflamatórios e antibióticos e em cinco dias foi retirada a seringa e suturada a
traquéia e a pele com alta em 10 dias.
A traqueostomia é um procedimento muito fácil ser realizado com resultados
positivos nos casos de obstrução das vias aéreas anteriores. Necessita de material
apropriado de baixo custo, além de anestesia local.

Mastite com Endotoxemia

A mastite com endotoxemia é muito comum em vacas com alta produção


principalmente no período puerperal. Têm sido observados casos causados por
coliformes ou Staphylococcus spp.. Nos ovinos a principal causa é o Staphylococcus
aureus muitas vezes cursando com necrose. Os animais além de apresentarem
prostração e febre, podem estar caídos, têm sinais locais como úbere endurecido e
com secreção de sanguinolenta a aquosa, perdendo o aspecto de leite. O tratamento
de eleição é antibioticoterapia, antiinflamatório não esteróide e fluidoterapia.
Recomenda-se a aplicação de gluconato de cálcio, pois as endotoxemias podem ser
acompanhadas de hipocalcemia.

Metrite Tóxica Puerperal

A metrite tóxica geralmente ocorre em vacas com alta produção em rebanhos


com alto índice de retenção de placenta. Os sinais são semelhantes aos da mastite
puerperal com as alterações típicas de metrite, tais como secreção vulvar de odor
fétido geralmente de cor escura e avermelhada. O tratamento é o mesmo da mastite
com endotoxemia. Não se recomenda tratamento local.

Indigestão em bezerros

A indigestão em bezerros lactantes no primeiro mês de vida é relativamente


comum em animais que bebem o leite direto no balde, geralmente muito frio e sem
obedecer a horários determinados, ou também são muito ávidos na ingestão.
Geralmente é uma falha no funcionamento da goteira esofágica. Pode ocorrer
também como refluxo abomasal em bezerros com fitobezoários ou que ingeriram
grandes quantidades de leite, normalmente acima de 2 litros em uma refeição.
Bezerros, para produção de vitelos, que são mantidos como pré-ruminantes por
muito tempo (3-4 meses) também estão sujeitos à indigestão. Os bezerros
apresentam acúmulo de gases (timpanismo) e líquido no rúmen muitas vezes com
presença de som metálico à auscultação com percussão e/ou balotamento. É comum
a presença de diarréia. O conteúdo geralmente se apresenta fétido ou de odor ácido,
dependendo do substrato pode estar ácido (fermentação da lactose) ou alcalino
(putrefação). O tratamento consiste no imediato esvaziamento do rúmen por meio de
sonda e lavagem com água morna. Recomenda-se reposição de fluidos uma vez que
a maioria se encontra desidratada. Profilaxia: corrigir os erros de manejo.

Anemia Severa
A anemia é uma das principais doenças observadas na clínica de ruminantes.
No bezerro é causada pela tristeza parasitária (babesia e anaplasma) e nos
ovinos pela presença de haemonchose, sendo que as outras causas não são tão
freqüentes. Quando o hematócrito está em torno de 15-18% nos casos agudos e
12% nos casos crônicos recomenda-se a transfusão de sangue, repondo-se 10-20
mL de sangue por kg de peso vivo. O animal deve ser tratado da causa primária da
anemia. Os bovinos geralmente respondem melhor do que os ovinos, mas temos
observados casos crônicos em ovinos que muitas vezes se recuperam sem
necessidade de tratamento.

Obstrução Esofágica

A obstrução esofágica ocorre esporadicamente em animais que ingerem frutas


(manga, laranja, maçã) e tubérculos. É mais comum em animais jovens e em raças
pequenas como a Jersey. Normalmente após a obstrução o animal fica inquieto e
com sialorréia, podendo apresentar tosse com expulsão de grande quantidade de
saliva. Muitas vezes o corpo estranho é palpável no esôfago cervical. Quando o
corpo estranho é arredondado e com bordas lisas o timpanismo ruminal é severo
sendo muitas vezes necessária a punção ruminal de emergência, pois o animal pode
morrer de asfixia. No caso de tubérculos, devido a sua borda irregular os gases
podem ser expelidos, e o animal não apresenta timpanismo. O tratamento de eleição
é o uso de sondas especiais para retirada do corpo estranho. Caso não se tenha a
sonda é preferível empurrar com uma mangueira grossa. Evitar puxar com a mão
quando o corpo estranho estiver na entrada do esôfago ou tentar amassar o corpo
estranho quando presente no esôfago cervical. Sempre há o risco de lesões no
esôfago.

2. Emergências com tratamento médico ou cirúrgico

Acidose lática aguda

A acidose lática aguda ocorre quando ruminantes ingerem grandes


quantidades de carboidratos solúveis (grãos e melaço) de forma abrupta sem um
prévio condicionamento. É comum em exposições, principalmente concursos
leiteiros, ingestão acidental e trocas abruptas de alimentos no período de seca. É
mais comum nos bovinos de leite, mas pode ocorrer também em pequenos
ruminantes. O animal geralmente se apresenta apático, muitas vezes caído, rúmen
parado e repleto de líquido, além de diarréia com odor ácido. O animal pode
apresentar sinais neurológicos como ataxia. O conteúdo ruminal se apresenta com
aspecto leitoso e com odor ácido. O tratamento de eleição é a ruminotomia quando o
animal ainda se encontra em bom estado clínico, caso contrário se utiliza a lavagem
com água morna e bicarbonato. A transfaunação é indicada assim como o uso de
bicarbonato de sódio. Deve ser realizada a fluidoterapia para corrigir a acidose
metabólica. Muitas vezes atinge vários animais inviabilizando a cirurgia.
Timpanismo Ruminal Agudo: Espuma

O timpanismo espumoso ocorre principalmente quando os animais recebem


muito concentrado moído demais com pouca fibra ou com a fibra muito triturada sem
lastro para estimular o rúmen. O diagnóstico é realizado pelos sinais clínicos, com
abaulamento de todo o flanco esquerdo e a não saída de gás no caso de se utilizar
sonda ou punção ruminal. O tratamento recomendado é o uso de silicone ou
ruminotomia nos casos mais graves. Muitas vezes atinge vários animais
inviabilizando a cirurgia.

3. Emergências com intervenção cirúrgica complexa

Urolitíase

A urolitíase ocorre principalmente em pequenos ruminantes machos que se


alimentam com grande quantidade de concentrado e pouca fibra. Os animais
apresentam cólica severa, podem estar levemente a severamente deprimidos,
fazem tentativas infrutíferas de urinar, muitas vezes com saída de pequenas gotas e
presença de pequenos cálculos aderidos aos pelos prepuciais. Normalmente a uretra
se rompe com aumento de volume na região ventral do abdômen. Existem duas
técnicas para tratamento, a primeira com abertura da uretra no períneo e a outra com
colocação de uma sonda vesical fixa por meio de laparoscopia e abertura da bexiga.
A primeira técnica tem se mostrado ineficiente e a segunda técnica ainda não
testamos.

Deslocamento e torção do abomaso à direita

O deslocamento do abomaso é uma doença comum em vacas de boa


produção leiteira tendo ocorrência alta em certas regiões do Brasil. Na maioria dos
casos o deslocamento ocorre à esquerda, quando não se caracteriza como uma
emergência. O deslocamento à direita quando vem acompanhado de torção
necessita de pronta atuação para repor o abomaso à sua posição anatômica
original. Além da cirurgia há necessidade de repor fluídos, principalmente soro
fisiológico. O animal normalmente apresenta cólica, depressão severa e fezes
escassas de cor escura ou ausentes. O exame do flanco direito demonstra a
presença de som metálico na auscultação com percussão e/ou balotamento. Os
sinais clínicos são muito semelhantes à torção do ceco, mas no exame retal
observa-se a presença de um balão arredondado enquanto que na dilatação do ceco
palpa-se um balão comprido se insinuando na bacia, a não ser quando está
flexionado ventralmente.

Dilatação e torção do ceco


Os sinais da torção do ceco são muito semelhantes aos do deslocamento e
torção do abomaso e o tratamento também é cirúrgico. Normalmente há ausência de
fezes com presença de muco no exame retal.

Obstrução intestinal

A obstrução intestinal é mais comum nos bovinos, ocorrendo raramente nos


pequenos ruminantes. As principais causas são invaginação, estenose por presença
de fibrina, estrangulamento e presença de tumores (linfossarcoma). Os animais
apresentam cólica e na palpação retal ausência de fezes e presença de muco com
timpanismo intestinal severo. O tratamento é cirúrgico.

Bibliografia Recomendada

Dirksen, G.; Gründer, H.D.; Stöber, M. Innere Medizin und Chirurgie des Rindes.
Parey Buchverlag, 2002.
Howard, J. L. Fluid Therapy, transfusion and shock therapy. In Howard. S. (editor)
Current Veterinary Therapy: Food Animal Practice IV. Saunders, 1999. p. 1-7.
Melo, M.M.; Viana, F.A.B.; Lago, L. A. Diagnóstico e tratamento dos acidentes
ofídicos. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG. N. 28, p. 53-
66, 1999.

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