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Vídeo Aula 7 3
Adolescentes em Conflito com a Lei e a Escola
Irandi Pereira
Além disso, se observarmos o tipo de delito ou de ato infracional cometido por
estes adolescentes, nós vamos ver que mais de 70% estão cumprindo medida judicial,
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Maria Helena Zamora é doutora em Psicologia e professora da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Também é professora convidada da especialização em Psicologia
Jurídica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Psicologia Jurídica da Universidade
Potiguar (RN) e vice-coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção
Social (LIPIS/PUC-Rio).
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Irandi Pereira. Graduada em Pedagogia, e doutora em Educação pela USP. É docente no
mestrado profissional "Adolescente em Conflito com a Lei" da UNIBAN, foi membro do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente / CONANDA (gestão 2002-2004)
e é ativista do movimento dos direitos da criança e do adolescente.
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Foram feitas apenas as adaptações necessárias à transposição do texto falado para o texto
escrito. 1
que nós chamamos de medidas sócio-educativas, como a prestação de serviços à
comunidade, ou a liberdade assistida, que são medidas de restrição de direitos, por
envolvimento em delitos de natureza leve. Apenas 26,6% cometeram atos infracionais
de natureza grave, estando em regime de internação, ou seja, de privação da
liberdade.
Apesar desta grande diferença entre o mundo adulto e o mundo juvenil, nós
educadores, entendendo como educador todo profissional da escola, devemos refletir
sobre como colaborar para que tenhamos cada vez menos adolescentes cometendo
atos infracionais, pois para nós, se tiver um único adolescente cometendo ato
infracional, nós temos que nos preocupar. Temos que pensar que à medida que este
adolescente infraciona, ele está perdendo parte da vida que poderia ter. À medida que
ele está livre para, em tese, praticar um ato infracional, significa que está privado do
efetivo direito de estar numa escola de qualidade, em atividades de lazer, de esporte,
ou de formação profissional.
É importante verificarmos que quando os adolescentes cometem algum tipo de
ato infracional, mais de 50% deles estão fora da escola, não estão estudando naquele
momento em que estão cometendo o ato infracional. Eu acho que nossa primeira
tarefa, enquanto educadores, é trazer de volta estes adolescentes para a escola.
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Irandi Pereira
A prática nos mostra que quando o adolescente volta a infracionar é porque, na
verdade, a sociedade não cuidou deste adolescente. Quando dizemos que a
sociedade não cuidou da sua adolescência e da sua juventude, é levando em
consideração o entendimento maior que nós temos desta sociedade, abrangendo o
Estado, a própria família e a comunidade. Na medida em que nós começamos a
abandonar a nossa adolescência e a nossa juventude, ela vai procurar outros afazeres
que não sejam os que levam esta juventude a ser criativa enquanto busca
oportunidades positivas para a sua vida.
A escola, ao receber um adolescente em cumprimento de medida, podemos
dizer um adolescente “repatriado para a instituição escolar”, precisa compreender o
que diz a lei. Hoje não dá mais para trabalharmos com crianças e adolescentes sem
que a gente compreenda que existe uma lei especialíssima, que é o Estatuto da
Criança e do Adolescente. Uma lei que trata não só da política de educação para a
defesa e proteção de crianças e jovens, mas também da legislação de saúde, do
trabalho, do esporte, lazer etc.
Cabe aqui, para nós que somos da área da educação, repensar um pouco mais
o que estamos fazendo com os nossos estudantes. De fato nós estamos aplicando o
Estatuto da Criança e do Adolescente no cotidiano da nossa escola?
Independentemente se estes estudantes cometeram ou não um ato infracional? Nós
sabemos que esta é uma legislação de natureza interdisciplinar, que busca a chamada
intersetorialidade das políticas na promoção e defesa das nossas crianças e dos
nossos adolescentes.
Maria Helena
Estes direitos estão assegurados pela legislação e são o caminho único para
que possamos construir uma sociedade diferente. Algumas pessoas pensam que
realmente as saídas repressivas, punitivas, vingativas vão trazer alguma mudança,
mas o Brasil é um dos países, que mais mata adolescentes e jovens no mundo. Nós
temos um recorde, um nível altíssimo de mortalidade de adolescentes e jovens,
comparável ou superior a países que estão em guerra, em conflitos que já duram 60
anos.
Nós precisamos considerar uma outra realidade, fazendo aplicar um
instrumento que envolve a todos. Vale citar que o outro eixo do sistema de garantias é
o da participação, ou seja, o do Controle Social, e este controle só será efetivo com a
participação de todos. É por este caminho, do Estatuto da Criança e do Adolescente,
que nós vamos construir um outro Brasil.