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Mussa Moisés Silvestre

Levantamento e Testagem de Plantas Medicinais Usadas no Tratamento de Gonorreia


e Sífilis - Cidade de Manica
Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilitação em Gestão de Laboratório

Universidade Pedagógica
Quelimane
2018
Mussa Moisés Silvestre

Levantamento e Testagem de Plantas Medicinais Usadas no Tratamento de Gonorreia


e Sífilis - Cidade de Manica

Monografia apresentada ao Curso de Biologia, no


Departamento de CNM, Delegação de Quelimane,
para a obtenção do grau académico de Licenciatura
em Ensino de Biologia com Habilitações em
Gestão de Laboratório.

Supervisor:
MSc: Emílio Henriques Razão

Universidade Pedagógica
Quelimane
2018
Índice
Lista de tabelas……………….....……………………….…………………………..……….iv
Lista de gráficos ………………………….......…….……………..…..……………..……….v
Lista de abreviaturas …………………..…………….…....………..………..……..………..vi
Lista de símbolos ……………..…………………………………………………..…..…......vi
Declaração……………...…………………………………………………………................vii
Dedicatória.............................................................................................................................viii
Agradecimentos ………………………………………………………………………..........ix
Resumo…………………………………………………………………………………...…...x
Abstract....................................................................................................................................xi
Capitulo I
1. Introdução……………………………………........…………………………........….......12
1.1. Problematização………………………………………..…………………………...…..13
1.2. Justificativa…………………………………...…………………………….......……....14
1.3. Objectivos……………………………………………...………………………….……15
1.3.1. Objectivo geral……………………………...………………………………….....…..15
1.3.2. Objectivos específicos…………...…………...…………………………………...…..15
1.4. Hipóteses…………...………………………...………………………………….....…...15
1.5. Metodologia…………………………………………………………………………….15
1.5.1. Descrição de área de estudo….…………….……...…………………………….....…15
1.5.1.1. Localização, superfície e população…………….……………………………..…...15
1.5.1.2. Clima e hidrografia……………………….……………………………………..….16
1.5.1.3. Flora e fauna…………………………………………………….………………..…16
1.6. Tipo de pesquisa………...…...…………………….………………………………..…..16
1.6.1. Quanto aos objectivos e abordagem…………………………………………………..16
1.6.2. Técnica de recolha de dados………………………………….…………………..…..17
1.6.2.1. Observação directa………………...…………….……….………………………....17
1.6.2.2. Entrevista semi-estruturada…………………………..………...………..……….…17
1.6.3. Universo, amostra e amostragem..................................................................................18
1.6.4. Descrição das actividades de campo …………………………………..………..……18
Capitulo II
2. Marco teórica………………………………………….............………………………….21
2.1. Definição de conceitos básicos.………………...............................................................21
2.1.2. Fitoterapia e uso de plantas medicinais como conhecimento popular…………...…...21
2.1.3. Uso de plantas medicinais como conhecimento cultural……………………………..22
2.1.6. Infecção de transmissão sexual.............………………………………..…………......23
2.1.6.1. Gonorreia………………………………………………………………………...….23
2.1.6.1.1. Classificação científica…………………………..…………..……………...…...23
2.1.6.1.2. Transmissão………………………..……………………………………..…...…24
2.1.6.1.3. Período de incubação…………………………………………………………....24
2.1.6.1.4. Sintomas…………….…………..……………..……………………………..….24
2.1.6.1.5. Diagnóstico…………………………………………………………………..….24
2.1.6.1.6. Tratamento……………………………………..……………..……………..…..24
2.1.6.1.7. Prevenção…………………………………..……………………………..……..25
2.1.6.1.8. Complicações decorrentes da gonorreia…………..………………………..……25
2.1.6.2. Sífilis………………..…………………..…………………………………………..25
2.1.6.2.1. Classificação científica……………………….........……..……………………...26
2.1.6.2.2. Transmissão……………………………..………………...……………………..26
2.1.6.2.3. Sintomas……………………………………………………...………………….26
2.1.6.2.4. Diagnóstico…………..………………………..……………..………………….27
2.1.6.2.5. Prevenção e tratamento……….……………………………………………,,…..27
2.1.6.2.6. Complicação………….…..….………………………………………..…………28
Capitulo III
3. Apresentação, análise e discussão dos resultados…….……..……………..……………..29
3.1. Apresentação dos resultados…………………........….………………..……………….29
3.2. Discussão dos resultados………………………...……………...……..…...…………...35
3.3. Conclusões/Sugestões……………………..……...…………..………………………...38
Referências Bibliografias…….......................….…………………………..…………...39
Apêndices/Anexos…………..................................................……………………………41
Anexos……………………………………………………………………………………55
iv

Lista de tabelas Pg.


Tabela 1. Resumo das actividades do campo............................................................................18

Tabela 2. Número de plantas indicadas para o tratamento da Gonorreia e Sífilis……………………29

Tabela 3. Quadro resumo das plantas usadas no tratamento da gonorreia e sífilis…………………...33

Tabela 4. Quadro resumo dos resultados dos pacientes………….……...……………………34

Tabela 5. Ficha de observação.……………………………….....……….…………………………….44

Tabela 6. Plantas colhidas e sua classificação sistemática……. ……...............………................…....45


v

Lista de gráficos Pg.

Gráfico 1: Idade dos PMTs entrevistados................……….……....……………...………….29


Gráfico 2: Parte de plantas usadas para as duas doenças…………………………………………….. 30

Gráfico 3: Formas de preparação das plantas………………………………………………...31

Gráfico 4: Dosagem usada………..……………………………..……………………………31


Gráfico 5: Efeitos colaterais.........................................................…….....................................32

Gráfico 6: Duração do tratamento.............................................................................................33


vi

Lista de abreviaturas
Abreviatura Significado
AMETRAMO Associação da Medicina Tradicional de Moçambique
ITS Infecção de Transmissão Sexual
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
MISAU Ministério da Saúde
Nt Numero total
ONUSIDA Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA
OMS Organização Mundial da Saúde
Pg Páginas
PMTs Praticantes da Medicina Tradicional
SIDA Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
SUS Sistema Único de Saúde
PNC Programa Nacional de Controlo
Imag Imagem
P1 Paciente um (1)

Lista de símbolos
Símbolos Significado
o
C Graus celsos
hab/km2 Habitantes por quilómetros quadrado
% Porcento
≥ Maior igual
˂ Menor
No Número

Declaração
Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda, que este trabalho, não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
vii

Quelimane, 12 de Dezembro de 2018

___________________________________

/Mussa M. Silvestre/

Dedicatória

Aos meus pais Moisés Silvestre Chabai Mudzenguerere e Fátima Viagem Chimoio (em
memória), meus irmãos: Silvestre Moisés Silvestre, Tendai Moisés Silvestre, Daesmelto
Mudzenguerere, Marsido Mudzenguerere, Chabai Alfredo e Alsilvio; minhas irmãs: Marta
Moisés Silvestre e Méjuda Mudzenguerere; Meus avós Silvestre Chabai Mudzenguerere e
viii

Alice Mutimbanhoca e Meus tios: David Mudzenguerere, Alfredo Silvestre e Mateus Chabai;
minhas tias: Edna, Esménia, Maria Alzira, Doca e Angelina Silvestre.

Agradecimentos

 À Deus, por todas as forças e graças;


 Ao meu supervisor Mestre Emílio Henrique Razão, pelo apoio técnico, metodológico
e científico, pela paciência, disponibilidade e toda atenção durante o desenvolvimento
deste trabalho;
ix

 À delegada Catarina da AMETRAMO, Delegação de Manica por permitir trabalhar


com os praticantes da medicina tradicional registados na sua área de jurisdição;
 Aos PMTs: Mãe Alice et al., pela disponibilidade e pela participação da entrevista
dando os seus contributos sobre plantas medicinais usadas no tratamento da gonorreia
e sífilis, em especial agradecer a, Sr. Hebeti, Sr. Cardoso e pai Américo que desde do
primeiro dia até o último, sempre se fizeram presente acompanhando cada passo na
colecta de dados;
 Aos pacientes que serviram de objecto de tratamento e confirmaram os resultados da
medicação;
 À minha família que foi o meu porto seguro nas horas de dificuldade, contribuindo
com todo carrinho nesta etapa da minha vida, colaborando para que eu pudesse chegar
até este momento com dedicação. E ainda em especial agradeço aos meus tios David
Mudzenguerere e Esménia Armando, por todos os valores que me passaram, o amor
incondicional, custeando todas as minhas despesas estudantis e tudo quanto necessitei
durante essa jornada.
 A todos os docentes do departamento de Ciências Naturais e Matemática em especial
os do curso de Biologia, pela formação académica;
 Ao dr. Silvestre, pela correção linguística.
 Aos amigos Dolescêncio, Francisco, João, Jorge, Tarcísio, Acácio Mangachaia, Irmã
Elia, Sitina, Maria da Graça, Matias, Dickson, Salazar, Armando e Pedro pelo apoio
moral na realização desse trabalho;
 A todos aqueles cujos nomes aqui não foram mencionados, mas que de alguma forma
contribuíram para que este trabalho fosse realizado.

Muito obrigado!

Resumo

O estudo teve como tema: Levantamento e testagem de plantas medicinais usadas no


tratamento da gonorreia e sífilis, na cidade de Manica. O objectivo principal consistiu em
fazer o levantamento de espécies de plantas medicinais usadas no tratamento da gonorreia e
sífilis, via praticantes da medicina tradicional do local em estudo e teve como foco do
problema conhecer as espécies de plantas medicinais usadas no tratamento das doenças acima
x

mencionadas. Para o alcance dos objectivos traçados, realizou-se trabalho de campo que
consistiu na observação directa de algumas variáveis nas plantas em estudo na sua forma in
nature, como: planta mais usada, a parte da planta utilizada, modo de preparação, forma de
uso, duração de tratamento, a dosagem e possíveis efeitos colaterais nos bairros de Macadeira,
Rassa, Mucumbussa e Txipuwe, ambos suburbanos da cidade de Manica. Usou-se uma
amostra não probabilística intencional, constituída por 25 indivíduos (nt=25), dos quais,
quinze (15), são praticante da medicina tradicional (PMT), e dez (10), pacientes de gonorreia
e sífilis. Todos os 25 indivíduos foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada para a
recolha de informação. Os resultados principais mostram a existência de 15 espécies
diferentes de plantas medicinais usadas no tratamento da gonorreia e sífilis, sendo as mais
destacadas para cura da gonorreia são: Hipoxis rooperi (35%), Aloe vera (25%), Euclea
natalensis (25%) e Andansonia digitata (15%) e para sífilis: Plumeria luncifolia (30%),
Hypoxis angustifolia (25%), Andansonia digitata (20%), Anacardium ocidentales (10%),
Carica papaya (10%) e Musa sp. (5%). E quanto os procedimentos, os mais usados são: a
decocção (60%) e infusão (25%), e sendo os órgãos de plantas mais usadas, a raízes (60%), e
seguida das folhas (25%). E dos pacientes assistidos e entrevistados 5 (50%) acusaram
positivamente no uso de plantas para o tratamento da gonorreia, 4 (40%), para o tratamento de
sífilis, sendo todos isentos de manifestação de efeitos colaterais e 1 (10%), apresentou
resultados negativos. Conclui-se que na cidade de Manica, existem diversas espécies de
plantas com propriedades medicinais que são usadas no tratamento da gonorreia e sífilis.
Sugere-se que os princípios activos das plantas usadas na cura de gonorreia e sífilis sejam
identificados.
Palavras-chave: Levantamento, Plantas Medicinais, DTS (gonorreia e sífilis), Tratamento.

Abstract
The study had as its theme: Survey and testing of medicinal plants used in the treatment of
gonorrhea and syphilis in the city of Manica. The main objective was to survey the species of
medicinal plants used in the treatment of gonorrhea and syphilis via practitioners of traditional
medicine at the study site and had as a focus the problem of knowing the species of medicinal
plants used to treat the diseases mentioned above. In order to reach the objectives outlined,
xi

fieldwork was carried out, which consisted in the direct observation of some variables in the
plants studied in their in nature form, such as: most used plant, part of the plant used, mode of
preparation, form of use, duration of treatment, dosage and possible side effects in the
neighborhoods of Macadeira, Rassa, Mucumbussa and Txipuwe, both suburban of the city of
Manica. An intentional non-probabilistic sample consisted of 25 individuals (nt = 25), of
whom, fifteen (15), are traditional medicine practitioners (PMT), and ten (10) gonorrhea and
syphilis patients. All 25 subjects were submitted to a semi-structured interview for the
collection of information. The main results show the existence of 15 different species of
medicinal plants used in the treatment of gonorrhea and syphilis. The most outstanding ones
for gonorrhea cure are: Hypoxis rooperi (35%), Aloe vera (25%), Euclea natalensis) and
Andansonia digitata (15%) and for syphilis: Plumeria luncifolia (30%), Hypoxis angustifolia
(25%), Andansonia digitata (20%), Anacardium occidentalis (10%), Carica papaya (5%). As
for the procedures, the most used are decoction (60%) and infusion (25%) and the most
commonly used plant organs are roots (60%), followed by leaves (25%). Of the patients
treated and interviewed, 5 (50%) reported positive use of plants for the treatment of
gonorrhea, 4 (40%) for the treatment of syphilis, all of which were free of side effects and 1
(10%), presented negative results. It is concluded that in the city of Manica, there are several
species of plants with medicinal properties that are used in the treatment of gonorrhea and
syphilis. It is suggested that the active principles of plants used in curing gonorrhea and
syphilis are identified.
Key words: Survey, Medicinal Plants, STD (gonorrhea and syphilis), Treatment
12

CAPITULO I

1. Introdução

A fitoterapia constitui uma alternativa na prestação dos cuidados de saúde primários em


muitos países, especialmente onde os custos da medicina moderna são elevados e os
sistemas de Saúde Pública ineficientes.

De acordo com MORAES &SANTANA (2001):

O uso de plantas como medicamento é tão antigo quanto o aparecimento do


próprio homem, através de experiências de ensaio e erro. A preocupação
com a cura de doenças sempre se fez presente ao longo da história da
humanidade. Bem antes do surgimento da escrita, o homem já utilizava ervas
para fins alimentares e medicinais. Em países em vias de desenvolvimento,
as pessoas têm nas plantas medicinais a sua sobrevivência quer usando-as na
cura de diversas doenças quer por fins lucrativos.

Por outro lado, Moçambique é um dos países que ainda usa à medicina tradicional, onde os
praticantes da medicina tradicional (PMTs) gozam de uma grande confiança no seio da
comunidade. E sendo evidente que as práticas e crenças relativas, às doenças devem ser
estudadas e analisadas para melhor se encontrar mecanismos para o melhoramento das
mesmas. Também os conhecimentos dos PMTs podem ser aplicados com bons resultados em
cuidados de saúde primários se estes forem padronizados.

O nosso tempo se caracteriza pelo índice de prevalência das infeções de transmissão sexual
(ITS’s) que tende a variar no seu incremento em cada ano que passa, em Moçambique. De
acordo com Programa Nacional de Controlo das ITS/HIV/SIDA (2015-2016), a tendência
histórica de prevalência das doenças de transmissão sexual vêm aumentando diferentemente
em cada canto do país. Manica é uma das cidades que apresenta uma taxa de prevalência
elevada em relação às doenças de transmissão sexual, sobretudo o distrito fronteiriço de
Manica.

Segundo ONUSIDA (2013), “as doenças de transmissão sexual mais destacadas na cidade de
Manica são gonorreia e sífilis, em que o índice de sua ocorrência verifica-se mais em
indivíduos com idade compreendida entre (15-49 anos) ”.

“Em Manica o uso de plantas medicinais é uma prática comum e cultural, uma vez que as
populações utilizam muitas vezes estes recursos naturais como uma das formas para prestar os
cuidados de saúde” (FUMANE et al., 2003:7).
13

Devido à importância destas, a presente monografia procura fazer o levantamento de plantas


medicinais usadas no tratamento de gonorreia e sífilis na cidade de Manica.

O trabalho está estruturado em três (3) capítulos: (I) - Introdução, (II) - Fundamentação
teórica e (III) - Apresentação, Análise, Discussão dos resultados, Conclusão e Sugestões.

1.1. Problematização

As infeções de transmissão sexual são um grande problema da saúde pública.

Segundo PEREIRA (2010):

Quando não diagnosticadas e tratadas, podem causar serias complicações:


Facilitam a transmissão sexual do HIV, esterilidade no homem e na mulher,
a pessoa não pode ter mais filhos, inflamação nos órgãos genitais
masculinos, podendo levar a impotência, inflamação no útero, nas trompas e
nos ovários e nas mulheres grávidas nascimento de bebés prematuros com
problemas de saúde deficiência física ou mental e até levar a morte.

“No caso da gonorreia e sífilis, vem-se notando desde muito o seu aumento na cidade de
Manica, visto que alguns dos seus sinais e sintomas são de difícil identificação, senão na sua
fase avançada. O que leva no aumento da transmissão da doença de uma pessoa para outra”
(ONUSIDA, 2013).

Um dos motivos associados a esse fenómeno, é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e


de narcóticos, por ser um corredor, muitos camionistas têm de pernoitar ao longo do caminho,
sobretudo nas zonas de Mupedzanhota e Machipanda. E há aqui muita prostituição, e algumas
pessoas propiciando sexo ocasional e desprotegido.

Há queixas frequentes referentes à falta de medicamentos nas unidades sanitárias locais, mas
algumas das ITS’s, como é o caso da gonorreia e sífilis, podem ser tratadas por meio de
utilização de certas plantas com propriedades medicinais. Todavia, são poucas pessoas que
têm o conhecimento destas plantas para o tratamento dessas doenças.

Ainda há necessidade de que as unidades sanitárias e as farmácias sejam aumentadas em


número de forma a cobrir toda a população da cidade de Manica.

Uma parte da população dos países em vias de desenvolvimento ainda usa o


conhecimento popular e tradicional para resolver os seus problemas de
saúde, devido à baixa renda que apresentam para acesso a médicos,
medicamentos e outras necessidades para a sobrevivência. Sendo assim, a
procura de plantas medicinais pode ser feita no próprio quintal ou dos
vizinhos. É uma fonte natural e de baixo custo (FUMANE et al., 2003:7).
14

A cidade de Manica apresenta uma flora rica de espécies de plantas com propriedades
medicinais, que por alguma razão, quando usadas devidamente, poderão contribuir no
tratamento das ITS’s acima citadas, diminuindo assim o problema do género.
Com esta situação descrita acima, levanta-se a seguinte questão de partida: Quais são as
plantas medicinais usadas no tratamento da gonorreia e sífilis na Cidade de Manica?

1.2. Justificativa

O tema em estudo teve como motivação as leituras feitas pelo proponente nos relatórios
anuais das actividades relacionadas ao HIV/SIDA, acompanhamento das reportagens
televisivas e por ser natural da zona de estudo, vêm vivenciando situações relacionados ao
aumento do número de prevalência das ITS’s, nomeadamente: a gonorreia e sífilis, sem
imediata resposta sanitária por falta de medicamentos e fármacos, tornando-se uma
preocupação da população local. O baixo nível económico e social na cidade de Manica é um
dos factores que afecta bastante a população local impedindo esta a recorrer medicação
moderna.

No seio da comunidade, existem conhecimentos trazidos pelos Praticantes da Medicina


Tradicional (PMT) para o tratamento de várias doenças na base de plantas. O uso de plantas
medicinais é de fácil acesso e de baixo custo, quando comparados com medicamentos
industrializados. As plantas medicinais vem sendo uma alternativa terapêutica e/ou uma fonte
complementar muito útil no seio da comunidade quanto ao tratamento de várias doenças como
a gonorreia e sífilis.

As ITS’s, no geral, e a gonorreia e sífilis, especificamente, são uma preocupação para a saúde
pública para muitos países do mundo. Neste contexto, a presente monografia vem para
auxiliar na busca de mais alternativas para solução desse problema na cidade de Manica, em
particular, e no país, no geral.

Além disso, dada a importância que as plantas trazem no seio da sociedade, o seu
conhecimento e divulgação vão permitir que essas sejam respeitadas, conservadas e
protegidas para o benefício das gerações vindouras.
15

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo geral

 Fazer o levantamento e testagem de plantas medicinais usadas no tratamento de gonorreia e


sífilis na cidade de Manica.

1.3.2. Objectivos específicos


 Colectar as plantas usadas no tratamento de gonorreia e sífilis na cidade de Manica com
auxílio de PMTs;
 Identificar taxonomicamente as plantas usadas no tratamento de gonorreia e sífilis na cidade
de Manica;
 Descrever o processo de tratamento de gonorreia e sífilis por meio destas plantas;
 Observar o período de cura e os efeitos colaterais no uso desses medicamentos;

1.4. Hipóteses

H1:As plantas medicinais que servem para o tratamento da gonorreia na cidade de Manica
são: (Aloe vera, Hipoxis rooperi, Euclea natalensis e Andansonia digitata) e para sífilis são:
(Plumeria luncifolia, Anacardium ocidentales, Hypoxis angustifolia, Musa sp., Carica
papaya e Andansonia digitata).

H0:As plantas acima citadas, não servem para o tratamento de gonorreia e sífilis.

1.5. METODOLOGIA
1.5.1. Descrição da área de estudo
1.5.1.1. Localização, superfície e população

Segundo MAE (2014:12):

A cidade de Manica localiza-se na parte central a Oeste da província de


Manica, com formato alongado e estreito, limitado a Norte pelo distrito de
Barué, a sul pelo distrito de Sussundenga, a Este pelo distrito de Gôndola e a
Oeste, em toda a sua extensão pela república de Zimbabwe.

Com uma superfície de 4.400 km2 e sua população está estimada em 257 mil habitantes à data
de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 58.5 hab/km2.
16

1.5.1.2. Clima e hidrografia

Segundo MAE (2014:12), “o clima da cidade de Manica é tipo temperado húmido. Em geral,
a repartição das chuvas é desigual ao longo do ano, observando claramente a existência de
duas estações bem distintas, a estação chuvosa e a seca”.

A estação das chuvas tem início no mês de Novembro e seu término no mês
de Abril, a região possui apenas um período de crescimento do tipo normal
com um período seco que ocorre de Maio a Outubro e permite apenas uma
colheita por ano. A temperatura média anual é de 21,2 o C, a média dos
valores máximos é de 28,4oC, com os valores extremos de 30,9oC (Outubro)
e 24,4oC (Julho). A média anual dos valores mínimos é de 14,0 0C, com os
valores mensais extremos de 18,5 oC (Fevereiro) e no verão e 7,3 oC (Julho)
no inverno (MAE, 2014:12).

1.5.1.3. Flora e fauna


Segundo MAE (2014:14):
As características do habitat no Distrito fazem com que abundem várias espécies faunísticas. A fauna
predominante é constituída por elefantes, búfalos, crocodilos, hienas, leopardos, leões, chacais,
diversos antílopes, hipopótamos, pangolins, para além de variadas espécies de répteis, de entre os
quais a jibóia africana. A floresta predominante é do tipo miombo onde se destacam a Umbila, Panga-
Panga, Pau-preto, Muonha, Chanfuta, dentre outras.

1.6. Tipo de pesquisa

Referente aos objectivos, na óptica de GIL (2006), a pesquisa é exploratória. O autor entrou
em contacto directo com os praticantes da medicina tradicional (PMTs) como forma de se
familiarizar com o problema em investigação e explorando os seus conhecimentos
etnobotânicos a cerca das plantas usadas no tratamento da gonorreia e sífilis na cidade de
Manica.

Ainda de acordo com GIL (2006), perante os procedimentos técnicos, o tipo de pesquisa é
estudo de campo, que consistiu na observação de plantas na sua forma in natura em quatro
bairros na cidade de Manica nomeadamente: Macadeira, Rassa, Mucumbussa e Txipuwe.
Constituíram variáveis de observação: planta mais usada, a parte da planta utilizada, modo de
preparação, forma de uso, duração de tratamento, a dosagem e possíveis efeitos colaterais .

Do ponto de vista da abordagem, foi mista (quali-quantitativa) pois, em termo qualitativa


procurou-se descrever as características das plantas indicadas, modo de preparação, forma de
uso e os possíveis efeitos colaterais.
17

Enquanto quantitativamente, o autor buscou saber o número de plantas usadas na cura de


ambas doenças (gonorreia e sífilis), de cada doença, número de pessoas que foram curadas na
base dessas plantas e os dados estão apresentados e interpretados em forma de gráficos,
construídos a partir do pacote SPSS (pacote estatístico para Ciências Sociais) (GIL, 2006).

1.6.2. Técnicas de recolha de dados

Para a realização desta pesquisa faram usadas como técnicas de recolha de dados a
observação directa e a entrevista semi-estruturada.

1.6.2.1. Observação directa

Segundo MARCONI & LAKATOS (1992:107), esta técnica utiliza os sentidos na obtenção
de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em
examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar, baseando-se nessa técnica, observou-
se directamente as características das plantas, para delas ter um conhecimento claro e preciso
em relação aos objectivos traçados.

Esta técnica cingiu-se mais nas características morfológicas de plantas medicinais usadas no
tratamento de gonorreia e sífilis, verificando as seguintes variáveis: a parte da planta utilizada,
modo de preparação, a forma de uso, duração de tratamento, a dosagem e possíveis efeitos
colaterais e com auxílio de uma câmara fotográfica tirou-se as fotos das plantas indicadas.

Estas variáveis ajudaram na identificação taxonómica das plantas, tendo em conta que o
processo de identificação de plantas ocorre na base da sua estrutura morfológica que foram
anotadas no guião de observação (vide no apêndice II).

1.6.2.2. Entrevista semi-estruturada

Baseando-se nas ideias de LAVILLE & DIONNE (1999), foi usada esta técnica para a recolha
de informações, que se baseou na conversação realizada face a face do pesquisador com os
entrevistados, usando uma série de questões abertas e fechadas tendo a mesma ordem para
todos os entrevistados.

A entrevista decorreu na AMETRAMO, Delegação de Manica, onde os PMTs estavam


reunidos e terminou no campo. O tempo de conversação foi de 10 minutos no máximo para
cada entrevistado, as questões fechadas foram respondidas na Delegação de Manica e as
abertas foram respondidas já no campo, vendo o objecto real em estudo. A entrevista foi
18

direccionada aos PMTs com idade compreendida entre 20 a 60 anos para cima. Deu-se mais
ênfase aos dados etnobotânicos como: planta mais usada, a parte da planta utilizada, modo de
preparação, a forma de uso, duração de tratamento, a dosagem e possíveis efeitos colaterais. A
partir destas variáveis foi elaborado um guião de entrevista (vide no apêndice I).

Após a entrevista com os PMTs e consoante as respostas dadas, o autor analisou e fez a
devida interpretação para chegar às conclusões constantes neste trabalho.

1.6.3. Universo, Amostra e Amostragem

Foram incluídos no universo do estudo três elementos a destacar: número de PMTs, pacientes
com Gonorreia e sífilis e o número de bairros da cidade de Manica.

Nesta pesquisa, foi considerado como universo trezentos (300) PMTs registados na
AMETRAMO Delegação de Manica, treze (13) pacientes reportados pelos PMTs e 9 Bairros
da cidade em destaque. Incluiu-se na amostra vinte e cinco (25) indivíduos e quatro (4)
Bairros da cidade de Manica (nomeadamente: Rassa, Mucumbussa, Txipuwe e Macadeira).
No grupo de indivíduos seleccionados para o estudo, Quinze (15) eram PMTs, (dentre os
quais 6 homens e 9 mulheres onde 5 eram do bairro Rassa, 4 de Mucumbussa, 3 de Txipuwe e
3 de Macadeira) e Dez (10) pacientes (onde 5 com sinais de gonorreia e 5 de sífilis). Este
grupo foi submetido a entrevista a fim de colher informações sobre conhecimento de uso de
plantas medicinais para o tratamento de gonorreia e sífilis. A inclusão dos PMTs e pacientes
na entrevista foi feita de forma não probabilística intencional, pois dependeu do tempo que
estes cediam. E para a selecção dos bairros usou-se a mesma técnica de amostragem, pois foi
mediada de acordo com a moradia de cada PMT, onde colecta as plantas que usa para seu
trabalho (SILVIA & MENEZES, 2001;32).

1.6.4. Descrição das actividades de campo

No mês de Março, o autor apresentou-se na Delegação de AMETREAMO da cidade de


Manica, tendo explicado a finalidade da pesquisa, pedindo ajuda e a colaboração de todos os
PMTs, depois de comprido todo protocolo organizacional, iniciou-se com a entrevista em
Abril, na delegação e nos quatros (4) bairros suburbanos da cidade de Manica.
19

Tabela 1:Resumo das actividades do campo

Etapas Descrição

I. Entrevista

A entrevista foi feita na Delegação da AMETRAMO da cidade de


Manica e nos bairros seleccionadas.
1. Planificação

II. Material usado no campo

Os materiais usados no campo foram: um (1) guião de entrevista, um


(1) caderno de anotações, uma caneta, máquina fotográfica e
aplicativo PLANTNET.

I. Procedimentos usados por PMTs na preparação da


Decocção
1. Cortou-se a raiz em porções menores e lavou-se;
2. Colocou-se no num recipiente (panela de barro) e depois
adicionou-se 1 litro de água;
3. Deixou-se a amostra no fogo durante 15 minutos e de seguida
retirou-se a panela do fogo e deixou-se arrefecer durante 5
minutos;
4. Coou-se por meio de um pano e conservou-se numa garrafa
2. Preparação e plástica (de água mineral), o paciente foi recomendado
uso de guardar em ambientes frescos e tomar duas vezes por dia
medicamento usando metade de um copo;
5. Utilizou-se durante uma.

Infusão

1. Colocou-se as 5g de folhas num recipiente de barro cozido;


2. Adicionou-se 1 litro de água e em seguida tapou-se o recipiente;
3. Esperou-se durante 20 minutos e extraiu-se os princípios activos.
Quanto mais espessa ou dura for a parte da planta utilizada, mais
tempo será necessário para a sua extração;
4. Coou-se por meio de um pano limpo. E conservou-se em
20

ambientes frescos e recomendou-se que o paciente tomasse 2x


(duas vezes), e de 3 em 3 dias devendo-se trocar. Pode ser
aquecido a mistura, mas sem ebulir.

Banhos

Aplicam-se sobre todo o corpo.

1. Colocou-se uma panela de água a ferver com as partes das


plantas caule (cascas);
2. Deixou-se ferver durante 10 minutos com panela tapada.
3. Em seguida, virou-se o decoto numa bacia e o doente sentou-
se durante10 minutos;
4. Depois, o paciente não se limpa e espera até secar de forma
natural. E recomendou-se fazer o banho 2x (duas vezes) por
semana.

NB: o banho foi indicado para pacientes com sífilis.

I. Identificação das plantas indicada

Nesta fase, foi feita a identificação taxonómica de cada espécie de


planta por meio de um aplicativo (PLANTNET) por meio de uso da
3. Identificação
fotográfica da planta e por via de website: www. taxonplants.com.
taxonómica das
espécies Foram identificadas alguns princípios activos através da consulta
bibliográfica e via website da internet (vide no apêndice III).
Fonte: Autor, (2018)

CAPITULO II
21

2. Marco teórico

2.1. Definição de Conceitos Básicos

Na visão de WHO (2003):

Plantas medicinais são aquelas que contêm substâncias que podem ser
utilizadas com finalidade terapêutica. Em outros termos, “planta medicinal”
é o nome dado às espécies vegetais utilizadas com propósito terapêutico,
sejam elas cultivadas ou não, e têm uma história de uso tradicional como
agente terapêutico.

Segundo OMS (2013), “planta medicinal é a espécie vegetal cultivada ou não, utilizada com
propósitos terapêuticos. E ainda preconiza que 85% da população mundial utiliza espécies
medicinais para o tratamento de enfermidades básicas de saúde”.
O conhecimento sobre a acção dos vegetais vem sendo utilizado pelo homem
desde seus primórdios até os dias actuais, e a utilização de plantas
medicinais tornou-se uma prática cotidiana na medicina popular. Além disso,
o conhecimento sobre tais representa muitas vezes o único recurso
terapêutico de várias comunidades e grupos étnicos. Até hoje se observa a
comercialização em feiras livres, nas regiões mais pobres do país e até
mesmo nas grandes cidades. Nos últimos anos houve um aumento na
comercialização de plantas medicinais, e é cada vez mais frequente a
utilização dessas plantas para estudos farmacológicos (TRESVENZOL et
al., 2006).
“A etnobotânica é uma área da ciência que consiste no estudo da interação humana com os
aspectos do meio. Aborda a forma como as pessoas incorporam as plantas em suas tradições
culturais e práticas populares” (HAMILTON et al., 2003).

A etnobotânica é a ciência que analisa e estuda as informações populares que


o homem tem sobre o uso das plantas. É através dela que se mostra o perfil
de uma comunidade e seus usos em relação às plantas, pois cada comunidade
tem seus costumes e peculiaridades, visando extrair informações que possam
ser benéficas sobre usos de plantas medicinais (MARTINS et al., 2012).

2.1.2. Fitoterapia e uso de plantas medicinais como conhecimento popular

A fitoterapia é um conjunto de técnicas utilizadas no tratamento de doenças e recuperação da


saúde através das plantas medicinais e suas diferentes preparações farmacêuticas (infusão,
decocção, maceração, cataplasma, pomadas, xaropes, inalação, extractos, gargarejo ou
bochecho, cremes, etc.), sem isolamento de substâncias activas (ALBUQUERQUE, et al.,
1980).

A Fitoterapia consiste no tratamento através da utilização de medicamentos


fitoterápicos que são medicamentos obtidos empregando-se exclusivamente
matérias-primas activas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da
eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e
22

constância de sua qualidade. Não se considera medicamento fitoterápico


aquele que, na sua composição, inclua substâncias activas isoladas, de
qualquer origem, nem as associações destas com extractos vegetais. Já o
fitoterápico é o “produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados,
excepto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa
(AMOROZO, 2002).

“As plantas medicinais representam a principal matéria médica utilizada pelas chamadas
medicinas tradicionais, ou não ocidentais, em suas práticas terapêuticas, sendo a medicina
popular a que utiliza o maior número de espécies diferentes.” (HAMILTON, et al., 2003).

O conhecimento sobre as plantas medicinais sempre tem acompanhado a


evolução do homem através dos tempos. Remotas civilizações primitivas se
aperceberam da existência, ao lado das plantas comestíveis, de outras
dotadas de maior e menor toxicidade que, ao serem experimentadas no
combate às doenças, revelaram, embora empiricamente o seu potencial
curativo (ARAUJO et al., 2007).

A utilização de plantas medicinais por populações é orientada por uma série de


conhecimentos acumulados mediante a relação directa dos seus membros com o meio
ambiente e da difusão de conhecimentos que são passados de geração para geração,
constituindo um instrumento muito importante para a conservação destes recursos.

“No entanto, essas práticas relacionadas ao uso popular de plantas medicinais são o que
muitas comunidades têm como alternativa viável para o tratamento de doenças ou
manutenção da saúde” (AMOROZO, 2002).

O uso popular de plantas medicinais frequentemente aponta a forte relação


com a baixa renda dos usuários, assim como a concentração do
conhecimento na faixa etária acima dos 50 anos e o fato de que este
conhecimento não está mais sendo repassado. Por esse motivo, é comum,
mesmo entre moradores de comunidades rurais, que as plantas medicinais
sejam adquiridas comercialmente ou por doação de poucos membros da
comunidade que ainda preservam o hábito de cultivá-las (PURI & NAIR,
2004).

2.1.3. Uso de plantas medicinais como conhecimento cultural

De acordo com PILLA et al., (2006):


A cultura é um importante elemento que compõe a identidade social e por
ser dinâmica apresenta constantes alterações. O conhecimento tradicional
pode ser entendido como “o conjunto de saberes e saber-fazer a respeito do
mundo natural e sobrenatural, transmitido oralmente, de geração em
geração” e somente pode ser correctamente interpretado no contexto cultural
em que é gerado.

Muitas comunidades possuem como único recurso terapêutico e medicinal: o conhecimento


tradicional. As culturas tradicionais elaboram ideias sofisticadas de saúde e bem-estar e, para
23

muitas culturas, saúde não é a mera ausência de doença. “Saúde é um estado de equilíbrio
espiritual, de convivência comunitária e ecológica, o que explica provavelmente a inclusão
em sistema de cura tanto de remédios para cura física, quanto para a melhoria e
fortalecimento do bem-estar” (ARAUJO et al., 2007).

Em algumas culturas, a escolha por um tratamento é frequentemente


explicada por esta complexa compreensão de saúde e das prováveis causas
da doença. Plantas e medicamentos podem ser efectivos não apenas em
função de sua essência, mas em função do significado cultural que lhes é
atribuído. Desta forma, as práticas relacionadas ao uso popular de plantas
medicinais são o que muitas comunidades têm como alternativa viável para o
tratamento de doenças ou manutenção da saúde (ARAUJO et al., 2007).

2.1.6. Infeções de transmissão sexual (ITS)

Segundo GENDRON (1972):

É a designação dada a todas as infeções transmitidas principalmente através


do contacto sexual sem proteção com uma pessoa que esteja infectada. Essas
doenças são causadas por micróbios (vírus, bactérias, protozoários e fungos)
e geralmente se manifestam por meio de feridas, corrimentos e bolhas ou
verrugas.

2.1.6.1. Gonorreia

“É uma ITS causada por bactérias que afecta ambos os sexos, mas os sintomas são diferentes
nos dois sexos. O agente etiológico da gonorreia é a bactéria Neisseria gonorrhoeae, também
conhecida como blenorragia ou gonococica.” (GENDRON, 1972).

2.1.6.1.1.Classificação científica

Reino: Monera

Filo: Proteobacteria

Classe: Betaproteobacteria

Ordem: Neisseriales

Família: Neisseriaaceae

Género: Neisseria

Espécie: Neisseria gonorrhoeae (GENDRON, 1972).

2.1.6.1.2.Transmissão
24

“A transmissão ocorre principalmente por contacto sexual sem uso da camisinha, com uma
pessoa que esteja infectada e de mãe para o bebe durante o parto”. (GENDRON, 1972).

2.1.6.1.3. Período de incubação

O período de incubação é de aproximadamente 5 a 9 dias. A sua incidência é


maior nos indivíduos entre 15 a 30 anos, sexualmente activo e sem parceiro
fixo. A bactéria penetra pela mucosa da região genital e se aloja. Pode
também se apresentar na garganta ou recto, em razão de outras práticas
sexuais. Nos bebés se contamina durante o parto normal. (GENDRON,
1972).

2.1.6.1.4. Sintomas

Nos homens, o principal sintoma é a uretrite (inflamação da uretra), que se caracteriza por
corrimento purulento (de aspecto leitoso) e ardência ao urinar. A intensidade de ardência
vária de indivíduo para indivíduo. Pode também ocorrer uma infecção do epidídimo,
provocando edema na bolsa escrotal, levando à esterilidade.

Segundo GENDRON (1972):

Nas mulheres, a bactéria ataca normalmente o colo de útero, não provocando


sintomas aparentes. Em alguns casos, pode atingir as tubas uterinas e os
ovários, levando à infertilidade e à doença inflamatória da pélvis, que pode
levar mulher à morte. Nas pacientes sintomáticas, os sintomas são: coceira,
dor durante o acto sexual e corrimento vaginal purulento.

“Nos recém-nascidos contaminados, apresentam inchaço das pálpebras e secreção purulenta


nos olhos. Há caso de ficar cego, caso não seja tratado” (BANNISTER et al., 2003).

2.1.6.1.5. Diagnóstico

O diagnóstico é feito analisando o corrimento purulento utilizando-se o


método de Gram (microscópia directa) ou método de cultivo da bactéria em
meios específicos. É realizado diagnóstico diferencial de infecção por
clamídea, ureaplasma, micoplasma, tricomoniase, vaginose bacteriana e
artrite séptica bacteriana. Podem ser utilizados também métodos
moleculares, mas estes demandam mais tempo e são mais caros
(BANNISTER et al., 2003).

2.1.6.1.6. Tratamento

O tratamento é feito do mesmo modo para homens e mulheres. Utiliza-se a azitromicina e


outros antibióticos, todos em dose única. A gonorreia disseminada pode causar: artrites
infecciosas em joelhos, tornozelos e cotovelos; lesões da pele; hepatite e endocardite.
25

O casal deve fazer o tratamento junto e também deve ocorrer a abstinência sexual para não
haver nenhuma reinfecção” (BANNISTER et al., 2003).

2.1.6.1.7. Prevenção
 A prevenção se dá com o uso de preservativo nas relações sexuais;
 Duas gotas de nitrato de prata nos olhos do bebe, ao nascer, previnem a blenorragia ocular
nestes;
 Exames de rotina específicos devem ser feitos, principalmente pelas mulheres de vida sexual
activa e sem parceiro fixo;
 Seguir exactamente a prescrição médica.
2.1.6.1.8. Complicações decorrentes da gonorreia

“Se a gonorreia não for tratada, a bactéria pode se espalhar pelo trato reprodutivo ou, mais
raramente, entrar na corrente sanguínea e infecta as articulações, válvulas cardíacas ou
cérebro” (GENDRON, 1972).

A complicação mais comum de gonorreia não tratada é a doença


inflamatória pélvica, a qual aparece imediatamente depois do período
menstrual. A doença inflamatória pélvica causa cicatriz nos tubos de
Falópio. Se o tubo ficar com cicatriz, o ovo fertilizado pode não ser capaz de
passar para o útero. Se isso acontecer, o embrião pode ser implantado no
tudo, causando gravidez tubária (gravidez ectópica). Essa é uma
complicação seria que pode resultar em aborto natural ou causar a morte da
mãe (GENDRON, 1972).

Em homens, a gonorreia pode causar epididimite, uma condição dolorosa dos testículos que
pode ocasionar a infertilidade se não for tratada. A gonorreia também pode afectar a próstata e
causar cicatriz no canal urinário.

“Em crianças e recém-nascidos, se a mãe estiver grávida e tiver gonorreia, ela pode passar a
infecção ao bebe durante o parto. Os médicos recomendam que a mulher grávida faça pelo
menos um teste para gonorreia durante o pré-natal” (GENDRON, 1972).

2.1.6.2. Sífilis

Segundo GENDRON (1972):

É uma ITS de natureza infecto-contagiosa, podendo ser adquirida em


qualquer fase da vida. É conhecida desde o século XV, quando se
disseminou rapidamente pela Europa, e hoje em dia ainda é um problema de
saúde importante em países subdesenvolvidos e desenvolvidos. O seu agente
26

causador é uma bactéria conhecida como Treponema pallidum, que só


acometa seres humanos. Também conhecida através do nome de sua lesão
inicial, cancro duro.

2.1.6.2.1. Classificação científica

Reino: Monera

Filo: Spirochaetes

Classe: Spirochaetes

Ordem: Spirochaetales

Família: Treponemataceae

Género: Treponema

Espécie: Treponema pallidum (GENDRON, 1972).

2.1.6.2.2. Transmissão

Segundo VALLEIRA & BOTTINO (2006:113):

Sífilis é doença transmitida pela via sexual (sífilis adquirida) e verticalmente


(sífilis congénita) pela placenta da mãe para o feto. O contacto com as lesões
contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é
responsável por 95% dos casos de sífilis. Outras formas de transmissão mais
raras e com menor interesse epidemiológico são por via indirecta (objectos
contaminados, tatuagem) e por transfusão sanguínea.

2.1.6.2.3. Sintomas

Segundo PEREIRA et al., (2010:20-23). A sífilis ocorre durante quatros fases:

I. Sífilis primária: após a infecção, ocorre um período de incubação entre 10 e 90 dias. O


primeiro sintoma é o aparecimento de uma lesão única no local de entrada da bactéria.
A lesão denominada cancro duro ou protossifiloma é indolor, tem a base endurecida,
contém secreção serosa e muitos treponemas. A lesão primária se cura
espontaneamente, num período aproximado de duas semanas. As lesões sifilíticas
facilitam a entrada do vírus da imunodeficiência humana – HIV. As análises de
pacientes com infecção simultânea por HIV e T. pallidum indicam alterações tanto na
resposta imune humoral do paciente quanto na resposta à terapia para sífilis. Além
27

disso, a sífilis acelera a evolução para Aids e a infecção pelo HIV altera a história
natural de sífilis.
II. Sífilis secundária: quando a sífilis não é tratada na fase primária, evolui para sífilis
secundária, período em que o treponema já invadiu todos os órgãos e líquidos do
corpo. Nesta fase, aparece como manifestação clínica o exantema (erupção) cutâneo,
rico em treponemas e se apresenta na forma de máculas, pápulas ou de grandes placas
eritematosas branco-acinzentadas denominadas condiloma lata, que podem aparecer
em regiões húmidas do corpo.
III. Sífilis latência: se caracteriza pela não exibição dos sintomas e dura de 2 a 4 anos. Se
não houver tratamento, após o desaparecimento dos sinais e sintomas da sífilis
secundária, a infecção entra no período latente, considerado recente no primeiro ano e
tardio após esse período. A sífilis latente não apresenta qualquer manifestação clínica.
IV. Sífilis terciária: a sífilis terciária pode levar dez, vinte ou mais anos para se
manifestar. A sífilis terciária se manifesta na forma de inflamação e destruição de
tecidos e ossos. É caracterizada por formação de gomas sifilíticas, tumorações
amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, que também podem acometer
qualquer parte do corpo, inclusive no esqueleto ósseo. As manifestações mais graves
incluem a sífilis cardiovascular e a neurossífilis.

2.1.6.2.4. Diagnóstico laboratorial da sífilis

O diagnóstico laboratorial da sífilis depende da associação entre:

“A história do usuário; os dados clínicos; e a deteção de antígenos ou anticorpos por meio de


testes laboratoriais. Por isso, é importante conhecer a evolução da doença, as diferentes fases
da infecção e o que cada teste laboratorial é capaz de detectar para utilizá-los adequadamente”
(PEREIRA, 2010:24).

O diagnóstico serológico é feito com o Teste Rápido, que está disponível no


SUS. Quando há um resultado positivo, uma amostra de sangue é recolhida
para realização de outro teste para a confirmação do diagnóstico. Caso seja
positivo, o tratamento deve ser iniciado prontamente. Por se tratar de uma
DTS, o casal deve realizar o tratamento em conjunto, para que não ocorra
nova infecção (BANNISTER, 2003).

2.1.6.2.5. Prevenção e tratamento

Deve ser tratada o mais cedo possível para evitar a evolução e os danos ao cérebro, que
podem ser irreversíveis. O tratamento mais comummente utilizado é a Benzatina (um tipo de
28

penicilina). Outros antibióticos podem ser usados como a azitromicina, doxiciclina e a


tetraciclina.

Na óptica de BANNISTER (2003):

A transmissão sexual pode ser prevenida através do uso de preservativos


durante o ato sexual. A transmissão vertical pode ser prevenida através do
acompanhamento pré-natal das gestantes, que devem ser tratadas assim que
estabelecido o diagnóstico. As lesões iniciais são contagiosas e devem ser
examinadas com luas.

2.1.6.2.6. Complicação

“Como a doença progride, pode causar espasmos musculares, dormência, perda de visão,
paralisia e demência. As lesões podem aparecer na pele e órgãos internos que podem interferir
com o seu correcto funcionamento” (PEREIRA, 2010:22).

Outras complicações incluem danos cerebrais, apoplexia e problemas de


audição. Uma pessoa infectada com sífilis é um risco maior de contrair o
HIV. Se uma mãe infectou o feto, pode causar consequências devastadoras.
As complicações que o bebé poderia experimentar incluem erupções da pele,
úlceras na pele, aumento do baço ou do fígado, icterícia, anemia e febre. Se
o bebé não receber o tratamento oportuno, pode ocorrer uma complicação
adicional. Tais complicações incluem várias deformidades, danos aos dentes,
perda auditiva, convulsões e lento desenvolvimento. A taxa de mortalidade
dos bebés infectados com sífilis é muito alto (BANNISTER, 2003).
29

CAPÍTULO III

3. Apresentação, análise e discussão dos resultados

3.1. Apresentação dos resultados

Foram entrevistados 15 praticantes da medicina tradicional (PMTs), onde os dados obtidos


foram:
Gráfico 1: Idade dos PMTs entrevistados
28%

72%

Fonte: Autor (2018)


Referente a idade, dos 15 PMTs entrevistados a maioria era de faixa etária inferior de 60 anos,
correspondendo9 (60%) sendo que (4 eram homens e 5 mulheres) e estes mostraram-se
disponíveis em responder ao questionário etnobotânico devido ao conhecimento que trazem
acerca das plantas medicinais. Os 6 (40%), são de faixa etária maior ou igual de 60 anos para
cima, onde (2 eram homens e outras 4 mulheres) e todos praticantes da medicina tradicional
entrevistados conhecem as plantas medicinais usadas no tratamento da gonorreia e sífilis).
Tabela 2: Número de plantas indicadas para o tratamento da Gonorreia e Sífilis.
No de Nome popular das plantas Doença Subtotal das
PMTs citadas plantas
7 Batata africana, Algodoeiro, Gonorreia 6
Mundudho, Mata-pasto, Uva-da-
namibia, Cajueiro;
6 Agoniada, Embondeiro, Sífilis 5
Cebolamento, Bananeira,
Papaieira;
2 Mulala, Babosa, Goiabeira, Gonorreia e 4
Mangueira. Sífilis
30

Tota 15 15 15
l
Fonte: Autor (2018)
De acordo com o número de plantas que foram indicadas para o tratamento da gonorreia e
sífilis, 8 (55%) plantas mencionadas para o tratamento da gonorreia e 7 (45%) plantas
medicinais para sífilis perfazendo um total de 15 (100%) plantas medicinais.
Gráfico 2: Parte de plantas usadas para as duas doenças.

Gonorreia e
sífilis

60%
(8) Gonorreia
Sífilis
25% (4)
15% (3)

Raiz Folhas Caule

Fonte: Autor (2018)


No que se refere a parte da planta usada para o tratamento, ambas doenças mencionadas
podem ser tratadas com todas as partes mencionadas, verificou-se que a raiz é a parte da
planta mais referida por 8 PMTs que correspondeu (60%) para as duas doenças, os (25%) que
corresponde a 4 PMTs representa o uso das folhas para gonorreia e por fim o caule (cascas)
apresentara (15%) mencionadas por 3 PMTs para a sífilis.

Gráfico 3: Formas de preparação das plantas


31

Gonorreia

Sífilis

Gonorreia
60%

(8) Sífilis
25% (4)

15% (3)

Decocção Infusão Banho

Fonte: Autor (2018)


Das formas de preparação das plantas depois de extraídas, verificou-se com mais ênfase a
decocção com (60%), sendo referida por praticantes da medicina tradicional usada no
tratamento de ambas doenças, os (25%) que está para a infusão que foi indicada com 4 PMTs
mencionando para o tratamento da gonorreia e os (15%) está para a forma de preparação
usando o banho que foi indicado por 3 PMTs referindo simplesmente na cura da sífilis.
Gráfico 4: A dosagem usada

Gonorreia e
sífilis

Sífilis
80 % (11)
20% (4)

½ de um copo de chá Banho 2x por semana


duas vezes por dia

Fonte: Autor (2018)


Dos 15 PMTs, 11 (80%) usam como dosagem para as duas doenças, ½ (metade) de um copo
de chá feito de raiz por meio da decocção de plantas para gonorreia (Aloe vera, Hipoxis
32

rooperi, Euclea natalensis e Andansonia digitata) e para sífilis são: (Plumeria luncifolia,
Anacardium ocidentales, Hypoxis angustifolia, Musa sp., Carica papaya e Andansonia
digitata);) e folhas (infusão de folhas de plantas: Psidium guajava, Senna petersiana,
Cyphostemma sp) 2x (duas vezes) por dia, e 4 (20%) indicaram como dosagem o banho feito
de caule (cascas de plantas: papaieira e embondeiro) fazendo 2x (duas vezes) por semana para
o tratamento da sífilis apenas, além da dosagem via oral.

Gráfico 5: Efeitos colaterais


PMTs Pacientes

100% (15) 80%


(8)

20%=2

Não Não Sim


Fonte: Autor (2018)
Sobre o efeito colateral das plantas medicinais, 15 PMTs (100%) entrevistados afirmam que
não há existência de efeitos colaterais ao organismo por se tratar algo natural. Em contra
partida dos 10 (100%) pacientes, apenas 2 (20%) dizem existir algum desconforto durante a
medicação. No caso da gonorreia o paciente sentiu náuseas no momento da medicação
durante de 3 minutos no máximo, para sífilis o paciente diz que sentiu comichão durante 2
minutos no momento de banho.

Gráfico 6: Duração do tratamento


33

40%
(6)
35% (5)
33% (5)
27% (4) 25%
(4)
20%(3) 20% (3)

1 2 1 Mês
Semana Semanas
Fonte: Autor (218)
Dos 15 PMTs entrevistados, 6 (40%), indicaram uma semana de tratamento para a gonorreia,
5 (35%), duas semanas para a sífilis os 4 (25%), 1 mês se maior for o tempo de infecção da
doença, maior é o tempo do tratamento.
Tabela 3. Quadro resumo dos resultados das plantas usadas no tratamento da gonorreia e sífilis
Espécies Nome popular Parte usada Forma de Doença
preparação
Aloe vera Babosa Folha Infusão Gonorreia
Hipoxis rooperi Batata africana Raiz Chá (decocção) Gonorreia
Euclea natalensis Mulala Raiz Chá (decocção) Gonorreia
Plumeria Agoniada Raiz Chá (decocção) Sífilis
luncifolia
Hypoxis Cebolamento Raiz Chá (decocção) Sífilis
angustifolia
Andansonia Embondeiro Caule (casca) Banho Sífilis
digitata
Musa sp Bananeira Raiz Banho Sífilis
Carica papaya Papaieira Raiz, caule e Banho Sífilis
folhas
Anacardium Cajueiro Raiz e folhas Chá (decocção e Gonorreia
occidentale infusão)
Gossypium Algodoeiro Raiz Chá (decocção) Gonorreia
herbaceum
Catunaragem Mundudho Folhas Infusão Gonorreia
spinosa
Cyphostemma sp Uva-da-namibia Folhas Infusão Gonorreia
(Mangifera Mangueira Raiz e caule Chá (decocção) Sífilis
indica),
Psidium guajava Goiabeira Folhas Chá (Decocção) Sífilis
34

Senna petersiana Mata-pasto Folhas Infusão Gonorreia


Fonte: Autor, (2018)
Tabela 4. Quadro resumo dos resultados dos pacientes.
No de Sexo Plantas usadas Tempo de Efeitos Resultados
pacientes tratamento colaterais
Gonorreia

P1 F Decocção Aloe vera, 2 Semanas Isento de


Hipoxis rooperi, Euclea manifestações
P2 F natalensis e Andansonia 1 Semanas colaterais
digitata
P3 M 1 Semana
Infusão de folhas de
P4 M plantas: Psidium 2 Semanas Náuseas no
guajava, Senna momento da
Positivo
petersiana, medicação
Cyphostemma sp
P5 F 1 Mês Isento de
manifestações
colaterais

Sífilis

P1 M Decocção da raiz das 1 Semana Isento de


Plumeria luncifolia, manifestações
P2 F Anacardium ocidentales, 1 Semana colaterais
Hypoxis angustifolia,
P3 F 1 Semana Positivo
Musa sp., Carica papaya
P4 M e Andansonia digitata. 2 Semanas
Banho de casca de
P5 F 1 Mês Comichão
embondeiro, raiz da
sempre que
papaieira e bananeira Negativo
fazia o banho
Fonte: Autor, (2018)
A tabela três (3) apresenta os resultados dos pacientes que estavam em tratamento. Foi um total de dez
(10) pacientes que estavam a medicar, onde dentro deste grupo, cinco (5) apresentavam sintomas de
gonorreia e outros cinco (5) sinais de sífilis. Todos os cinco 5 (50%) pacientes que apresentavam
sintomas de gonorreia apresentaram resultados positivos (melhoria), em quanto que os pacientes com
sintomas de sífilis 4 (40%), excepto 1 (10%), que não apresentou sinais de melhoria.

3.2. Discussão dos resultados

De acordo com os resultados do gráfico 1,da página 29, a faixa etária mais predominante dos
15PMTs entrevistados foi inferior á 60 anos de idade, correspondente 9 (60%), dos quais 4
homens e 5 mulheres com maior disponibilidade na participação da pesquisa, 6 (40%),
35

equivalente 2 homens e 4 mulher (totalizando 6 homens e 9 mulheres). De referir que as


pessoas idosas (6) apesar de apresentarem uma percentagem baixa, estes ainda são
considerados mais experientes sobre os saberes em relação à medicina natural, possivelmente
a idade jovem e adulta vem aprendendo com pessoas idosas.
De acordo com PILLA et al., (2006), “nota-se que as pessoas idosas estão conseguindo
repassar seus conhecimentos para as novas gerações, devido o aumento no consumo por parte
dos mais jovens, gerando o ganho da tradição com o passar das gerações”. E consoante ao
género, destacaram-se mais as mulheres como maiores informantes durante a entrevista em
relação aos homens, e um dos motivos da fraca participação dos homens foi causado por ter
outras ocupações e ausência de muitos no local da entrevista. De acordo com MING, (2006),
o predomínio das mulheres pode ser justificado, por geralmente elas serem responsáveis pelos
cuidados domésticos e dos filhos, buscando conhecimentos sobre as plantas medicinais, de
modo a obter tratamentos caseiros para a cura ou prevenção de doenças dos integrantes da
família. E todos os PMTs dizem conhecer as plantas medicinais que curam gonorreia e sífilis,
e vale salientar que o uso de plantas como medicamento é tão antigo onde muitas
comunidades optaram como sendo a assistência primária da saúde. As plantas medicinais
conhecidas pelos PMTs são obtidas principalmente nos quintais e em áreas próximas.

A tabela 2 da página 29, relata sobre o número de plantas que foram indicadas para o
tratamento de cada doença. Foram indicadas um total de 15 plantas, em que a gonorreia teve
um número maior de plantas indicadas para o seu tratamento, 8 (55%) em relação a sífilis que
teve uma percentagem de 7 (45%). De referir que, dos 15PMT’s entrevistados 8 dos
informantes indicaram para gonorreia e 7 para cura da sífilis. Notou-se que, ainda no processo
de tratamento dessas doenças, a maioria dos informantes utilizam relativamente as mesmas
plantas, como por exemplo: Aloe vera, Hypoxis rooperi, Hypoxis angustifolia, Euclea
natalensis e Andansonia digitata e Plumeria luncifolia, foram mencionadas por quase todos
os PMTs e são usados no tratamento das duas doenças.
De acordo com o gráfico 2, da página 30, verificou-se que à opção pelo uso da raiz nas
preparações medicinais é responsável por 8 (60%), seguida pelo uso das folhas 4 (25%) e
caule (casca) com 3 (15%). Flores, frutos e sementes não foram mencionados por nenhum
praticante de medicina tradicional.

De acordo com YORK et al., (2011): a predominância do uso das raízes está
relacionada com o seu poder fitoterapêutico encontrado nessa parte da planta
e também pode ser atribuída à maior disponibilidade na maior parte do ano,
36

ou dependendo da espécie comparando com outras partes vegetais como


flores, frutos e sementes que não se encontram disponíveis em todas as
épocas do ano.

Segundo o gráfico 3, da página 31, a maioria dos PMTs declararam que a forma de preparo
das plantas medicinais é a decocção via chá8 (60%), seguida da infusão4 (25%) e banho 3
(15%). De referir que, são várias as formas de preparação comumente usadas nos tratamentos
caseiros. A maneira de prepara-las vai, segundo os próprios informantes, os chás podem ser
preparados por decocção ou por infusão dependendo da parte da planta a ser utilizada. A
infusão é recomendada quando se utiliza as partes mais tenras das plantas, como folhas, flores
e frutos, sendo importante não ferver a planta. Decocção é usada para as partes mais duras das
plantas, como cascas, raízes, sementes e caules. Alguns informantes citaram que utilizam
somente um dos tipos para todas as plantas, enquanto outros somente utilizam a decocção se a
parte da planta estiver seca.

De acordo com DORIGONI et al., (2001), apud FUMANE (2003), “a decocção é utilizada
em todas as partes de plantas medicinais tais como raízes, folhas, flores e a cultura popular
muitas vezes faz referência ao chá-forte, bem verdinho, como um indicativo de que desta
forma o chá dará efeito”.
Baseando-se no gráfico 4, da página 31, sobre a dosagem, a medida é feita na base de um
copo de chá (vide no apêndice III), para todos os informantes. De acordo com os dados
obtidos a maior percentagem foi indicado com 11 (80%) informantes foi de por exemplo,
tomar ½ (metade de um copo de chá) duas vezes por dia isto para ambas doenças. Para sífilis
registou-se duas dosagens, além do chá (decocção), também e feito o banho 2x (duas vezes)
por semana. Durante as observações, autor constatou que em algum momento o doseamento é
feito de forma arbitrária sendo um facto muito preocupante que deve ser resolvido e empregar
alguns critérios de socialização.

A falta de rigor e de medidas padronizadas quanto as concentrações do


medicamento produzido, pode trazer consequências adversas ao organismo.
Por exemplo para a produção de um decoto, com a mesma quantidade de
raízes encontrou-se uma grande variabilidade na quantidade de água e o
tempo de fervura do mesmo (OLIVEIRA et al., 2006; ALBUQUERQUE,
1980).

De acordo com o gráfico 5, da página 32, 15 PMTs (83%) considera que essas mesmas
plantas por serem naturais não causam nenhum efeito colateral ao organismo, sendo um ponto
muito importante a ser levantado nas comunidades. Ainda estes voltam a afirmar que, só
37

quando não cumprir com as recomendações indicadas é que se pode ter alguns desconfortos,
mas depois passa.

De acordo com OLIVEIRA et al., (2006) & ALBUQUERQUE, (1980):

As plantas medicinais também podem provocar reações adversas ao ser


humano, quando usadas inadequadamente, a intoxicação de plantas ocorrem
principalmente pelo uso inadequado de plantas medicinais, alucinogénias e
abortivas. Desse modo, vemos que algumas plantas medicinais, possuem
também carácter tóxico e por sua vez possuem substâncias que, por suas
propriedades naturais, físicas, químicas ou físico-químicas, alteram o
conjunto funcional-orgânico em vista de sua incompatibilidade vital,
conduzindo o organismo vivo a reações biológicas diversas.

De acordo com o gráfico 6, da página 32, no que diz respeito a duração do tratamento, muitos
dos PMTs referiram uma (1) semana, representando assim 40%. Em contra partida com os
pacientes que referiram tratamento pode levar duas (2) semanas ou mais. Neste contexto, deu
para perceber que o tempo aqui referido depende do estado da doença e de como o sistema
imunológico de cada paciente vai responder a medicação. Ainda os informantes referiram
aqui que, quanto maior for o tempo da infecção da doença, maior é tempo de tratamento.

3.3. Conclusão
Da presente pesquisa realizada na cidade de Manica, com o titulo levantamento de plantas
medicinais para o tratamento da gonorreia e sífilis, conclui-se que:
 Na cidade de Manica existe plantas medicinais que curam gonorreia e sífilis.
 As plantas colectadas para cura da gonorreia e sífilis são: Hypoxis sp. (Batata
africana), Aloe vera (Babosa) Euclea natalensis (Mulala), Andansonia digitata
(Embondeiro), Anacardium ocidentales (Cajueiro), Gossypium herbaceum (Algodão),
38

Musa sp. (Bananeira), Hypoxis angustifolia (Cebolamento) Carica papaya (Papaieira),


Senna petersiana (Mata-pasto), Cyphostemma sp. (Uva-da-namibia) Mangifera indica
(Mangueira), Psidium guajava (Goiabeira), Plumeria luncifolia (Agoniada) e
Catunaragem spinosa;
 Plantas mais usadas: para gonorreia (Aloe vera, Hipoxis rooperi, Euclea natalensis e
Andansonia digitata) e para sífilis são: (Plumeria luncifolia, Anacardium ocidentales,
Hypoxis angustifolia, Musa sp., Carica papaya e Andansonia digitata);
 Os procedimentos mais usados são: a decocção, infusão e as partes mais usadas são as
raízes e folhas;
 A dosagem indicada foi de tomar 1 copo de chá duas vezes por dia e no caso de banho,
tomar duas vezes por semana;
3.4. Sugestões

Sugere-se que haja a continuidade desde estudo no sentido de;


 Identificar, inventariar e quantificar as áreas de ocorrência de espécies medicinais e suas
partes usadas pelos PMTs no tratamento das DTS;
 Identificar os princípios activos das plantas usadas na cura de gonorreia e sífilis;
 Realizar campos de cultivos experimentais, de espécies de fácil propagação com actividades
terapêuticas reconhecidas, cujos princípios activos já foram identificadas;

Referências Bibliografias
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39

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DORIGONI PA, Ghedini PC, Fróes LF, Baptista KC, Ethur ABM, Baldisserotto B, Bürger
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LAVILLE, C. DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em
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MING, L. C. Plantas medicinais na reserva extractivista Chico Mendes (Acre): uma visão
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MORAES, M.E.A.; SANTANA, G.S.M. Aroeira-do-sertão: um candidato promissor para o
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40

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SILVIA, L.E. MENEZES,L.E. Metodologia da pesquisa e elaboração de
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Www. Táxon.Infopedia. Blog.com. Acesso em: 20 de Abril.2018

YORK T, Dewet H, Van Vuuren SF. Plants used for treating respiratory infections in rural
Maputaland, KwaZulu-Natal, South África. JEthnopharmacol2011.
41

Apêndices

Apêndice I.
42

Universidade Pedagógica de Quelimane

Departamento de Ciências Naturais e Matemática

Curso de Biologia

Guia de entrevista
Este guião de entrevista foi elaborado segundo o modelo em vigor no DCNM no curso de
biologia como requisito na recolha de dados para trabalhos de investigação. Este será dirigido
aos praticantes da medicina tradicional e pacientes, na base de obter informações relacionados
ao uso de plantas medicinais no tratamento de doenças como a gonorreia e sífilis e por fim
fazer o levantamento de todos os dados indicados.

Objectivo

 Fazer o levantamento e testagem de plantas medicinais usadas para o tratamento de Gonorreia


e Sífilis na cidade de Manica.
PARTE I
Guião de entrevista I direcionado aos PMTs

Entrevista semiestruturada

1. Idade? De 20 a 30 (___); de 30 a 40 (___); de 40 a 50 (___); 60 em diante (___);


2. O senhor (a) conhece alguma (s) planta (s) usada (s) para o tratamento da gonorreia e sífilis?
Sim (___); não (___);
3. Se sim, qual (ais) essas plantas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3.1. Quais são as plantas usadas no tratamento da Gonorreia?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3.2. Quais são as plantas usadas no tratamento de Sífilis?


43

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4. Quais as partes utilizadas? Raiz (___); caule (___); folha (___); outras (____);
5. Quais as formas de preparação? Decocção (___); infusão (___); banhos (___); entre outros
(___);
6. Quais são os procedimentos de preparação
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. Qual é a dosagem
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
8. Tem efeito colateral ao organismo depois da utilização da planta? Sim (___); não (___);
9. Quanto tempo leva o tratamento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
PARETE II
Guião de entrevista direcionado aos pacientes
1. Sexo: masculino (___), feminino (___). O autor observa.
2. A doença que apresenta: gonorreia (___), sífilis (___).
3. Tempo de tratamento: 1 semana (___), 2 semanas (___), 1 mês (___).
4. Possíveis efeitos colaterais

Apêndice II.
44

Universidade Pedagógica de Quelimane

Departamento de Ciências Naturais e Matemática

Curso de Biologia

FICHA DE OBSERVAÇÃO

Observador: Mussa Moisés Silvestre

Tabela 5. Aspectos observados:

Categorias Observação

A morfologia da Observou-se nas plantas os seguintes aspectos: o tipo de


planta planta, o tamanho, a cor das folhas e das flores, tipo do caule e
raiz.

Formas de A forma de preparação dos medicamentos vária de acordo


preparação dos com cada praticante da medicina tradicional, de referir que,
medicamentos são várias as formas de preparação de medicamentos, mas as
mais destacadas pelos PMTs foram: decocção, infusão ea
decocção por via banho.

A característica fundamental dos praticantes da medicina


tradicional, muitas vezes faz referência ao chá-forte, bem
A cor do decoto após
verdinho, como um indicativo de que desta forma o chá dará
a preparação
efeito. A cor do chá muitas das vezes depende da parte da
planta usada e a cor da mesma parte ou planta.

Fonte: Autor (2018).

Tabela 6. Fotografias de plantas colhidas na Cidade de Manica


45

Reino: Plantae Contem: aloína,


aloeferon, aloetina
Divisão: Tracheophyta
e barbalodina.
Classe: Liliopsida Usado contra: Dores
musculares,
Subclasse: Asteridae
queimaduras,
Ordem: Asparagales problemas
digestivos, artrite,
Figura 1. Família: Liliaceae
sinusite, asma,
Nome popular: Babosa Subfamília: câncer, AIDS.
Asphodeloideae
Nome específico: Aloe vera L.
Género: Aloe

Espécie: Aloe vera L.

Reino: Plantae Contêm: Hypoxidos


(rooperol), e
Divisão: Magnoliophyta
fitoquímicos
Classe: Liliopsida (esteróis e
esterolinas), usado
Ordem: Asparagales
contra: diabetes,
Figura 2. Família: Hypoxidaceae desordem da
próstata, epilepsia,
Nome popular: Batata africana Género: Hypoxis
HIV/SIDA, gripe e
Nome específico: Hypoxis rooperi L. Espécie: Hypoxis constipações.
rooperi L.

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Liliopsida

Ordem: Asparagales
Figura
3. Família: Hypoxidaceae

Nome popular: Cebolamento Género: Hypoxis


46

Nome específico: Hypoxis angustifolia L. Espécie: Hypoxis


angustifolia L.

Reino: Plantae Contem:


Naftoquinonas.
Divisão: Magnoliophyta
Usado contra:
Classe: Magnoliopsida Previne contra a
cárie, gengivites,
Ordem: Ericales
inflamação da
Figura 4. Família: Ebenaceae garganta e algumas

Nome popular: Mulala doenças


Género: Euclea
respiratórias.
Nome específico: Euclea natalensis L. Espécie: Euclea
natalensis L.

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Clado: Angiospermas

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Gentianales

Figura 5. Família: Rubiaceae

Nome popular: Mundudho Subfamília: Ixoroideae

Nome específico: Catunaragem spinosa L. Género: Catunaragem

Espécie: Catunaragem
spinosa L.
47

Reino: Plantae Contem:


quercetina,
Divisão: Magnoliophyta
flavonóides e
Classe: Magnoliopsida
Quercetina-3-
Ordem: Myrtales arabnosídeo. Usado
contra: bronquite,
Família: Myrtaceae
constipação,
Figura 6.
Género: Psidium diarreia, tosse,
Nome popular: Goiabeira tuberculose, febre,
Espécie: Psidium
gengivite,
Nome específico: Psidium guajava L. guajava L.
hemorragia, e dor de
estômago.

Reino: Plantae Contem: ácido


tânico (tanino).
Divisão: Anthophyta
Usado contra: Tosse,
Classe: Magnoliopsida sinusite, dor de
estômago, Gripe;
Ordem: Sapindales
febre.
Família: Anacardiaceae

Figura 7.
Género: Mangifera

Nome popular: Mangueira


Espécie: Mangifera

Nome específico: Mangifera indica L. indica L.

Reino: Plantae Contem:


glicosídeos:
Divisão: Magnoliophyta
carposida, caricina,
Clado: Angiospermas papaína, alcalóide
carpaína.
Classe: Magnoliopsida

Ordem: Brassicales
Figura 8.
Família: Caricaceae
Nome popular: Papaieira
48

Nome específico: Carica papaya L. Género: Carica

Espécie: Carica papaya


L.

Reino: Plantae Usado contra:

Divisão: Magnoliophyta Malária

Clado: Angiospermas

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Malvales
Figura 9.
Família: Bombacaceae
Nome popular: Mulambe
Subfamília:
Nome específico: Andansonia digitata L.
Bombacoideae

Género: Andansonia

Espécie: Andansonia
digitata L.

Figura
10.
Nome popular: Bananeira
Nome específico: Musa paradisica L. Reino: Plantae
Usado contra:
Divisão: Magnoliophyta
Tosse; bronquite;
Classe: Liliopsida hemorróidas;
infeções parasitárias;
Ordem: Zingiberales
infeções renais;
Família: Musaceae hipertensão;
hemorragia de
Género: Musa
ferimentos;
49

Espécie: Musa tuberculose;


paradisíaca L. coqueluche, Pressão;
Gripe.

Nome popular e específico Classificação sistemática Outras indicações

Reino: Plantae Usado contra: Diarreia,


malária, feridas, dor de
Divisão: Magnoliophyta
estômago, Uretra; Comida
Classe: Magnoliopsida que faz mal; dor de barriga

Cajueiro Ordem: Sapindales

Anacardium ocidentales L. Família: Anacardiaceae

Género: Anacardium

Espécie: Anacardium
ocidentales L.

Reino: Plantae Contem: Ácido plumerico,


Agoniadina, resinas,
Clado: Angiospérmica
plumerina, óleos essenciais
Divisão: Magnoliophyta (farnesol, citranelol),
fulvoplumerina. Usado
Agoniada Classe: Magnoliopsida
contra: Malária, febres,
Plumeria luncifolia L. Ordem: Gentianales cólicas menstruais,

Família: Apocynaceae problemas gástricos,


corrimentos vaginais, gases,
Género: Plumeria edemas, asma, regulação

Espécie: Plumeria luncifolia menstrual.

L.

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida
50

Uva-da-namibia Ordem: Vitales

Cyphostemma juttae L. Família: Vitaceae

Género: Cyphostemma

Espécie: Cyphostemma
juttae L.

Reino: Plantae

Divisão: Traqueófitas

Mata-pasto Subdivisão: Angiospérmica

Senna obtusifolia L. Classe: Magnoliopsida

Ordem: Fabales

Família: Fabaceae

Subfamília:
Caesalpinioideae

Género: Senna

Espécie: Senna obtusifolia L.

Reino: Plantae Usado contra: Gripe; tosse;


dor; Pancada.
Divisão: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida

Algodão Ordem: Malvales

Gossypium herbaceum L. Família: Malvaceae

Género: Gossypium

Espécie: Gossypium
herbaceum L.

Fonte: Autor, (2018) www.taxon-infopedia.com.acesso em: 20 de Abril 2018.


Apêndice III.
51

1 2

3 4

5 6

Imag 1: Copo usado no doseamento; Imag 2: Misturas de plantas usadas por PMTs, Imag 3,4,5:
PMTs no capo a colherem plantas e Imag 6: Autor e uma PMT na AMETRAMO Delegação de
Manica.

Fonte: Autor (2018)


52

Anexos

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