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Ethos, educação e economia mercantilista no Brasil Colônia: uma releitura da obra de

Antonil (“Cultura e Opulência do Brasil”)

Alexandre Augusto Fernandes da Silva1

O trabalho tem por objetivo analisar a obra “Cultura e opulência do Brasil” de João
Antônio Andreoni ou A. Antonil (pseudônimo), abordando o caráter moral que permeia sua
narrativa, que está subjacente na sua análise sócio-econômica do Brasil colonial. Neste
sentido, intenta-se ressaltar a relevância deste caráter moral quanto à conjuntura da obra,
não desconsiderando a importante análise econômica, social e política feita pelo autor, mas
integrando tais vertentes com o escopo de melhor compreensão da época, dos sujeitos
históricos e ideais envolvidos no sistema colonial, ampliando assim a leitura dos
componentes existentes no texto documental de Antonil.
Como apresentou A.P. Canabrava na introdução da obra (edição de 1967, Editora
Melhoramentos):
“Andreoni, sem deixar de considerar o social, teve sua atenção voltada para as
condições da economia da Colônia. Para ele, a consideração dos fatos sociais [...] está
sempre ligada direta ou indiretamente ao fato econômico, que é o centro de suas
cogitações” 2
Assim Canabrava orienta uma leitura do texto indicando as preocupações principais que
incitam o autor ao decorrer da obra que é de valor econômico, contudo a leitura da obra de
Antonil não deve se restringir neste sentido, não deve limitar a riqueza que compõe sua
narrativa; deve-se perceber em seu discurso outros pontos relevantes à sua análise, não
apenas de cunho econômico.
Há na obra de Antonil preocupações com fatos sociais, com a organização social dentro
dos engenhos de cana-de-açúcar, nas lavouras de fumo, nas minas de ouro e nas fazendas
de gado; as relações de trabalho existentes, as relações entre escravos e senhores de
engenhos nos engenhos de cana-de-açúcar, atentando-se à disposição da correta conduta
moral, ética e comportamental do senhor de engenho quanto à condução da administração

1
Graduando do 7º período em História , Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

2
ANTONIL, A. Cultura e opulência do Brasil. Introdução: Alice P. Canabrava. São Paulo, Melhoramentos,
1967; pág. 32.
1
dos engenhos, tendo por finalidade almejada o lucro, com a educação da família, com o
trato com o escravo o que significa acima de tudo, um dever com Deus. Assim, a conduta
moral do senhor de engenho tem a finalidade de conduzir harmoniosamente a
administração econômica dos engenhos e das obrigações religiosas com Deus. Neste
sentido, a obra de Antonil revela seu importante valor não apenas informativo das técnicas
e da organização colonial nos engenhos de açúcar, mas um documento que transmite a
forma correta, aconselhável de condução ética e moral dos sujeitos inseridos neste sistema.
Estes e outros pontos analíticos, são observados em todo o texto e serão de forma
sintética enumerados aqui.
O texto de Andreoni é objetivo, sem discurso verborrágico exaltando qualquer elemento,
sem muitas pretensões literárias rebuscadas, orientando-se numa escrita clara, na descrição
empírica minuciosa das técnicas, como a do preparo do açúcar nos engenhos e do preparo
do fumo, descrevendo pormenorizadamente por ordem como “se semear, plantar, alimpar,
capar, desfolhar, colher, espinicar, torcer, virar, ajuntar, enrolar, encourar e pisar” esta
droga. Mas sua narrativa não se deve ser reduzida à apenas informativa e técnica, mas tal
característica é um elemento narrativo importante para a análise econômica e social dos
mecanismos que compunham a organização produtiva colonial. Antonil, divide sua obra ao
tratar dos quatros elementos que geravam a riqueza à Colônia e que sustentava sua
respectiva opulência, que são na ordem: o açúcar, o fumo, as minas e o gado. Cada
elemento é discutido de forma separada e é analisada toda a organização social, política, de
trabalho que envolve o seu tratamento especifico; o açúcar é o produto que Antonil
apresenta com maior extensão, discorrendo todo o preparo, as mudanças técnicas ocorridas,
as relações de trabalho, a importância econômica do produto, das relações sociais e do
tratamento com o escravo, importante indivíduo no interior deste sistema.
E na parte do açúcar que se retira e observa, de forma considerável, os princípios morais
que devem nortear as ações e comportamentos do senhor de engenho quanto ao escravo, à
sua família, à administração do engenho.
Na parte referida ao açúcar, Antonil, primeiramente, ressalta a importância social do
papel do senhor de engenho, sendo portanto alvo de aspirações devido aos benefícios que
tal papel social comporta (ser servido, obedecido, etc). Expressa Antonil:

2
“O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, por que traz consigo o ser
servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e
governo, bem se pode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto
proporcionalmente se estima os títulos entre os fidalgos do Reino.”3

A partir daí, Antonil expressa as condutas morais que devem regular as relações do
senhor de engenho com os indivíduos que integram o engenho de açúcar e com ele se
interage para o bem estar e a concórdia na organização social da Colônia nos engenhos. Ou
seja, Antonil delineia a ética que deve orientar este homem de “cabedal e governo” na
administração dos negócios que são lucrativos (já que a fase que Antonil escreve, há o
renascimento da produção açucareira no Brasil colonial) e na organização social, nas
relações com a família e com os escravos.
Antes de apresentar alguns pontos importantes, vale ressaltar um trecho que Antonil
reforça a importância econômica do escravo no interior da Colônia, ao expressar a notória
frase:

“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, por que sem eles no Brasil
não é possível fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente.”4

Neste sentido, o tratamento correto com o escravo indica e garante a própria


permanência e organização do engenho, já que este é sujeito histórico importante no Brasil
colonial. Como explicou Fernando Novais, no texto “O Brasil nos quadros do Antigo
Regime Colonial”, ao buscar uma explicação sistêmica da colonização brasileira:

“A maneira de se produzirem os produtos coloniais fica, também, necessariamente,


subordinada ao sentido geral do sistema; isto é, a produção se devia organizar de modo a
possibilitar aos empresários metropolitanos ampla margem de lucratividade. Ora, isto
impunha a implantação, nas áreas coloniais, de regimes de trabalho necessariamente
compulsórios, semi-servis ou propriamente escravistas.”5

3
ANTONIL, A. Ibidem; pág.
4
ANTONIL, A. Ibidem; pág.
3
Tendo portanto, a introdução do escravo no sistema colonial, é necessário que o senhor
de engenho deva ter um tratamento para a manutenção desta ordem, visando o lucro; assim
a conduta assume tanto uma preocupação econômica quanto ética, nesta sociedade, que
como salientou Laura de Mello e Souza, no texto “Política e administração colonial:
problemas e perspectivas”, de características específicas destacando seu caráter escravista.
O trecho que sintetiza esta idéia, é o seguinte:

“A especificidade da América portuguesa não residiu na assimilação pura e simples do


mundo do Antigo Regime, mas na sua recriação perversa, alimentada pelo tráfico, pelo
trabalho escravo de negros africanos, pela introdução, na velha sociedade, de um novo
elemento, estrutural e não institucional: o escravismo.”6

A apresentação do trecho destes autores tem por finalidade apenas salientar a idéia de
Antonil da importância do escravo no interior da sociedade colonial, no engenho de cana-
de-açúcar, e da indireta exigência de uma conduta moral nas relações entre este escravo,
indivíduo importante social e economicamente nesta sociedade, e o seu respectivo senhor.
Sendo assim, Andreoni concordava com a escravidão negra, as implicações jurídicas do
sistema escravocrata, apenas deixava disposto no seu texto às normas de conduta
comportamental, ética e moral que deveriam guiar os senhores no emprego do escravo. A
vida religiosa foi um importante fator no desempenho de integrar o escravo no sistema
social por meio da evangelização, o ensino das doutrinas cristãs, das festas religiosas e
cultos, das irmandades e missões jesuíticas e da pregação. As tarefas do engenho exigiam
rígida disciplina, quando necessária a violência era empregada como forma de tratamento
do escravo quanto negligências no trabalho. O castigo e a possibilidade de folga faziam
parte das condições normais e aceitáveis do trabalho do escravo. Condutas indesejáveis por
parte do escravo, usava-se punições exemplares como quando um escravo ofendia o seu
senhor, ele poderia ser mutilado ou até morto; o uso do açoite é muito recorrente, quando
necessário.

5
NOVAIS, Fernando A. O Brasil nos quadros do antigo regime colonial. In: MOTA, Carlos Guilherme. Brasil
em perspectiva. 20º edição, Bertrand Brasil, pág. 59.
6
SOUZA, Laura de Mello. O sol e a sombra – Política e administração na América portuguesa do século XVIII,
Companhia das Letras, pág. 68.
4
O trabalho escravo, como apresentou Antonil não era a única forma existente, havia
também o trabalhador-livre. Estes se localizavam em alguns setores do engenho de cana-
de-açúcar, como o fornecimento de linha, de transporte, o preparo de tijolos e de telhas e
outros ofícios específicos e qualificados como o de pedreiro, barqueiro, caldeireiro de
cobres, caixeiros, entre outros.
Interessante é apontar as “reações negativas” que tinham os escravos perante ao
enquadramento e ajustamento a nova ordem social. Como apresentou Antonil, havia
resistência quanto as condutas, normas e ensinamentos impostos; são alguns exemplos
citados e analisados por Antonil: o assassinato do senhor, as fugas para os mocambos ou
para o mato, o suicídio, a embriaguez, a vingança, práticas de feitiçaria e outros. Todos
eram tratados como enfermidades de natureza psíquica ocasionadas por “desconsolo”,
“melancolia” que os afetam levando-os ao aborrecimento e até a morte. O senhor de
engenho, tem por obrigação tratar este escravo de forma de tais situações não aconteçam e
prejudicam a administração dos engenhos e os indivíduos que compõem todo o conjunto de
trabalho.
Quanto a conduta do senhor de engenho ante sua família, Antonil define que deve ser
um bom exemplo para sua família e filhos, para que estes sejam bons administradores de
engenho posteriormente. Deve criar os filhos com caráter de uma educação formativa, tanto
para os negócios quanto para vida pública moral. O senhor deve ser cortês, característica
comportamental apreciada na vida colonial. Outras condutas morais são apresentadas por
Antonil, como o tratamento com os hospedes de casa, sempre prezando a educação e
preservação da família e seus componentes. Neste sentido, a intenção de Antonil na sua
obra, caminha para o que observou Canabrava, no seguinte trecho:

“Pretendia Andreoni que suas informações servissem de guia prático para orientar os
principiantes nas tarefas da lavoura ou da mineração.”7

Assim, não apenas no plano econômico, mas também no moral, para melhor condução
dos negócios e das relações sociais existentes.

7
ANTONIL, A. Op.cit; pág.33.
5
Ao tratar do fumo, Antonil não estende como o faz no engenho de açúcar. Todavia,
nesta parte ele apresenta importantes pontos quanto à conduta moral que circunda as
lavouras de fumo, já apontando certo declínio da moralidade que guia a produção do
tabaco. Isto é verificável quando Antonil, expressa a importância econômica do fumo no
Brasil colonial, pois tal “droga” ganha status de vício em todas as partes do mundo, sendo
portanto comercializável internacionalmente de forma rentável, só que tal produto começa a
revestir-se de um caráter negativo, já é conjugado a prática viciosa e reprimida em certos
lugares. Outro aspecto que sustenta a idéia negativa apresentada anteriormente, é quando
Antonil descreve as formas de despacho do tabaco para o comércio exterior, surgindo
práticas ilegais que não temem as sanções repressivas, em face do lucro que se obtém. Vale
ressaltar que o tabaco ganhou importância, também, como produto de troca no trafico
negreiro. Quanto a organização do trabalho nas lavouras de fumo, Antonil pouco descreve,
apenas apresentando que se apresenta neste lugar um trabalho coletivo:

“que a todos dá que fazer, por que nela [fábrica e cultura do tabaco] trabalham
grandes e pequenos, homens e mulheres, feitores e servos”8

Portanto, não apenas a mão de obra escrava é empregada no preparo do tabaco.


Quando o tabaco, passando de um produto com finalidades médicas, para vício, sendo
proibidos em certos ambientes, “e, em algumas religiões mais observantes, se proibiu o
uso público do tabaco nas igrejas, com privação de voz ativa e passiva, isto é, sob pena de
não poderem ser eleitos os transgressores nem poderem escolher a outros para superiores
e para outros ofícios da Ordem”9 e ganhando importância econômica no comércio exterior,
surgem práticas ilícitas quanto ao despacho do tabaco, figurando o contrabando que
contraria os princípios morais e administrativos da colônia, pois não são pagos os impostos
devidos nem o dízimo que cabe a Igreja. Surge assim interessantes práticas apontadas por
Antonil e sentimentos como ambição que travam a recusa de tais atos censuráveis, que ele
sintetiza no capítulo XII (“Das penas dos que levam tabaco não despachado nas
alfândegas,e das indústrias de que se usa para se levar de contrabando”):

8
ANTONIL, A. Op.cit; pág.243
9
ANTONIL, A. Op.cit; pág. 248
6
“Mas, ainda maior prova do grande valor e lucro que dá o tabaco, é o perderem muito,
por ambição, o temor destas penas, arriscando-se a elas com desprezo do perigo de se
verem compreendidos nas mesmas misérias a que outros se reduziram por serem tão
confiados [...] que uns mandaram o tabaco dentro de peças da artilharia, outros dentro
das caixas e fechos do açúcar, muito bem encouradas. Serviram-se outros dos barris de
farinha da terra, dos de breu e dos de melado, cobrindo com a superfície mentirosa o que
ia dentro em folhas-de-flandres. Outros valeram-se das caixas de roupa, fabricadas a dous
sobrados, para dar lugar a esconderijos, de frasqueiras que estão à vista, pondo entre os
frascos de vinho outros também de tabaco [...] E não faltou quem lhe desse lugar até
dentro de umas imagens ocas de santos, assim como uns carpinteiros de navios o
escondera em paus ocos, misturados entre os outros de que costumam valer-se [...] Nunca
acabaríamos, se quiséssemos relatar as invenções que sugeriu a cautela ambiciosa, porém
sempre arriscada e muitas vezes descoberta, com sucesso infeliz. O que claramente prova
a estimação, o apetite e a esperança do lucro, que ainda entre riscos acompanha o
tabaco.”10

Ao tratar da mineração, Antonil relata desde o descobrimento das minas de outro na


região das gerais, o papel importante dos paulistas nesta descoberta, a figura do mulato
neste contexto, as mudanças que surgiram na organização tanto espacial com o surgimento
das vilas, e da organização social que se apresentou neste novo ordenamento que emergia,
até a decadência da economia mineradora. Com a descoberta das minas de ouro e o declínio
da economia açucareira no interior da Colônia, há um grande fluxo migratório de pessoas
para as regiões das minas , já que a atividade não necessita de um capital significativo nem
mão de obra especializada como ocorrera gradualmente nos engenhos de açúcar, o que gera
um desenfreado número de pessoas que se concentram nestas regiões, ocasionado
transformações sociais significativas. Surgem as vilas, devido a pobreza do solo a
conseqüente impossibilidade de plantio, fez emergir um notável comércio, surgindo,
portanto, outras camadas sociais, como comerciantes e outros; o trabalho escravo
permanece, mas a extração de ouro permite que inúmeros escravos ajuntem o excedente do
mineral e por decorrência comprem a liberdade, havendo a instauração de diversas medidas

10
ANTONIL, A. Op. cit; pág. 253.
7
para regulamentar a extração aurífera. Tal libertação do escravo no período de apogeu da
economia mineradora é apontada por Rafael de Bivar Marquese, no texto “A dinâmica da
escravidao no Brasil”:

“a tendência a libertar-se mais no período do apogeu”11

Outro aspecto que tange a esfera moral na economia mineradora, onde se constata já a
decadência ética, é o que se refere ao pagamento do quinto para a Coroa Portuguesa, o que
representa uma questão moral, definindo portanto a relação entre metrópole e colônia e o
teor moral em que a sociedade se circunscreve.
Quanto ao gado, Antonil reserva apenas quatro capítulos que não seguem o esquema
descritivo dos demais, importando-se com a relação da atividade criatória do gado com a
expansão territorial do Brasil ocorrida no período colonial. Contudo apresenta, de forma
concisa e rápida as relações de trabalho, revelando que na atividade pecuarista não se exigia
muitos trabalhadores, sendo portanto reduzido seu número e a predominância de trabalhado
livre e da diversidade quanto a etnia:

“Os que as trazem [boiadas], são brancos, mulatos e pretos, e também índios, que com
este trabalho procuram ter algum lucro.”12

Sendo assim, este trabalho objetivava fazer uma leitura que se constata na obra não
apenas aspectos econômicos como muitos historiadores tendem a considerar a obra, mas
também aspectos morais que devem ser seguidos pelo senhor de engenhos de açúcar, das
lavouras de fumo, nas minas de ouro e nas fazendas de gado. Para tanto, foi observado nas
entrelinhas os princípios morais que devem estar articulados com os fatores econômicos,
sociais e políticos, na condução das ações praticadas, para as medidas mercantilistas que
visam o mercado internacional, o exclusivo comércio com a metrópole, e a organização
social e a administração dos engenhos, das lavouras e das fazendas aconteçam de forma

11
MARQUESE, R. B. . A dinâmica da escravidão no Brasil. Resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII
a XIX. Novos Estudos. CEBRAP, São Paulo, v. 74, p. 107-123, 2006.
12
ANTONIL, A. Op. cit; pág. 311.
8
satisfatória equilibrando as finalidades: o lucro, a conduta moral e a concórdia das relações
sociais que sustentam determinado sistema, com suas características específicas.
Esta discussão acerca dos códigos morais que devem guiar as ações do senhor de
engenho e estar aliado não apenas a mera educação religiosa, mas com os assuntos
econômicos, pode ser sintetizada no seguinte trecho retirado da introdução feita por
Canabrava para a obra de Antonil. Ao referir-se da presença de resíduos de doutrinas
medievais na narrativa de Antonil e no seu pensamento norteando a sua análise que ganha
na apreciação de Canabrava um teor “espiritual”, destacando o pensamento de Santo Tomas
de Aquino quanto à relação à economia e a responsabilidade na administração nos
negócios. Sendo assim, analisa Canabrava:

“Segundo a inspiração escolástica,as relações humanas que observa na ordem


econômica estão presas à moral religiosa. É esta que fornece a diretriz do esquema das
normas que deviam regular essas relações nos engenhos de açúcar [...] A ética que serve
de base ao seu pensamento, na constante preocupação de indicar a conduta moral em
assuntos econômicos, tem um sentido utilitário [...] servindo à realidade econômica que
tinha diante dos olhos. O exercício do poder encontra-se intimamente associado à idéia da
doutrina da justiça comutativa, com acento na responsabilidade, interpretada no sentido
nos deveres para com Deus. A maior obrigação do senhor de engenho, segundo Andreoni,
é ‘doutrinar ou mandar doutrinar a família e os escravos’, e de suas falhas daria contas a
Deus. Os contratos e as dívidas repousavam no fundamento moral da verdade, e o não
cumprimento tinha a significação do pecado, com base na falsidade e na omissão às
promessas”13.

13
ANTONIL, A. Op. cit; pág. 34-35.
9

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