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SÃO PAULO
2020
Sêneca Laboratórios Veterinários Ltda., cujos atos constitutivos estão
arquivados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) desde
1989, veicula um comercial televisivo relacionado ao antibiótico de uso
veterinário de largo espectro por ela produzido, sob a marca MIDAS 2000, a
marca está registrada perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) desde 2015, na Classe 5, número de ordem 050328, “medicamentos
para uso veterinário”.
O comercial televisivo mostra flashes relacionados à criação de gado,
incluindo imagens de tratores derrubando a mata para formar pastos, peões
conduzindo o gado pelas estradas e o curral em que o gado está reunido e
passando por um corredor estreito, no qual funcionários estão aplicando
injeções nos animais. No final do comercial, entra a voz do locutor, que diz:
“Seja um criador consciente e use somente o
antibiótico MIDAS 2000 para combater quaisquer males
de origem bacteriana. O antibiótico MIDAS 2000 não tem
efeitos colaterais, é facilmente absorvido pelo organismo
animal, combatendo e eliminando a infecção em até 24
horas! O antibiótico MIDAS 2000 é o melhor antibiótico de
sua geração! ”
Antônio Monteiro, Diretor-Presidente da Agropecuária MIDAS Ltda.,
registrada na JUCESP desde 1970, vê o anúncio publicitário e fica seriamente
preocupado, não só com as imagens e dizeres do comercial, mas também com
a possibilidade de confusão no mercado, relacionando a marca do antibiótico
aos produtos e serviços desenvolvidos pela sua empresa, já que a Sêneca
Laboratórios Veterinários Ltda. se apropriou do elemento característico do
nome empresarial da empresa agropecuária, bem como reproduziu a própria
marca MIDAS que ela detém desde 1996, mediante registro junto ao INPI, na
Classe 44, que inclui serviços veterinários, agricultura e pecuária. Acrescente-
se que a Agropecuária MIDAS Ltda. é muito conhecida no meio rural em razão
de serviços e cursos oferecidos ao mercado desde os primórdios de sua
criação.
1- Há diferença entre nome empresarial e marca? Justifique.
Sim, nome empresarial é a firma ou a denominação adotada para o
exercício da empresa e a marca é um sinal, uma identidade capaz de
diferenciar um produto ou um serviço.
A marca pode ser nominativa, se composta por palavras, figurativa se
composta por símbolos emblemas ou figuras, ou mista, com a presença de
ambas as características, conforme pode ser observado nos artigos 122 e 123,
inciso I da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996.
A marca divide-se em: Marca de produto ou serviço: É aquela utilizada
para distinguir produtos ou serviços de outro idêntico.
Marca de certificação: É aquela usada para atestar a conformidade de
um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas,
como por exemplo, INMETRO e ISO e a marca coletiva que é aquela usada
para identificar produtos ou serviços produzidos por associações ou
cooperativas.
Algumas diferenças entre ela podem ser encontradas no registro, forma
de proteção e o prazo de duração. O nome empresarial é registrado na junta
comercial, juntamente com o arquivamento dos atos constitutivos da pessoa
jurídica. Esse registro na junta comercial, conforme artigos 33 e 34 da Lei nº
8.934 de 18 de novembro de 1994, se limita ao estado que ela pertence, exceto
se pedido proteção ao nome nas juntas dos demais estados (Art. 1.166, PU do
CC), já a marca é registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) o que confere proteção em todo o território nacional, porém se limita a
classes de atividade, podendo se estender a outros países desde que, sejam
signatários da Convenção de Paris.
Outra diferença está relacionada à proteção do nome empresarial e da
marca, conforme a Fábio Ulhoa descreve:
1
Coelho, Fábio Ulhoa, Manual de direito comercial – 23.Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. pág. 113
A jurisprudência acima se trata de duas empresas do mesmo ramo,
onde a empresa Cetro Indústria e Comércio de Água Mineral LTDA
(recorrente), possui uma marca denominada Acquaset e do outro lado temos o
nome empresarial Aguasete Comércio LTDA (recorrida) e para analisar a
situação foram utilizados o critério da anterioridade e os princípios da
territorialidade e da especificidade para o não provimento do Recurso Especial.
REsp: 949514 / RJ
RECURSO ESPECIAL
2007/0103181-2
Relator (a): Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS (1096)
Órgão Julgador: T3 – TERCEIRA TURMA
Data do Julgamento: 04/10/2007
Data da Publicação / Fonte: DJ 22/10/2007 p. 271
Ementa:
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. COLISÃO DE MARCAS. “MOÇA
FIESTA” E “FIESTA”. POSSIBILIDADE DE ERRO, CONFUSÃO OU
DÚVIDA NO CONSUMIDOR. NÃO CARACTERIZAÇÃO. – Para
impedir o registro de determinada marca é necessária a conjunção de
três requisitos: a) imitação ou reprodução, no todo ou em parte, ou
com acréscimo de marca alheia já registrada; b) semelhança ou
afinidade entre os produtos por ela indicados; c) possibilidade de a
coexistência das marcas acarretar confusão ou dúvida no consumidor
(Lei 9.279/96 – Art. 124, XIX). – Afastando o risco de confusão, é
possível a coexistência harmônica das marcas.
Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso
especial. Os Srs. Ministros Ari Pargendler e Nancy Andrighi votaram
com o Sr. Ministro Relator.
2
COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial – direito da empresa. 16. Ed. V.1. São Paulo: Saraiva:
2012. p.247.
Referências Bibliográficas