Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Sebastião Salgado
A fotografia é a arte do olhar. É a arte do registro, onde o agora pode ser eternizado, pode
ser revisto por anos e anos. Fotografia é a mágica de pegar nas mãos (mesmo em
dispositivos eletrônicos) um momento que passou. Quantas histórias nos recordamos ao
olhar uma foto, quantas memórias saudosas, engraçadas ou até menos convenientes.
Fotografia treina o olhar e para muitos esse olhar se torna mais atento. Em tempo de
efemeridades, um olhar demorado aquece o coração, aquece a alma. E uma fotografia para
ser expressiva nos tempos de câmeras ao alcance das mãos e selfies constantes. Um bom
olhar ainda é mais raro do que parece.
Luiz Braga
Esse gênero fotográfico é por vezes confundido com o fotojornalismo, mas as atividades
possuem fins diferentes. O fotojornalismo visa informar, contextualizar, esclarecer de
maneira objetiva um determinado acontecimento. Já a fotografia documental visa um
trabalho interpretativo, poético e mais elaborado acerca de determinado tema/local,
previamente estudado antes da execução do projeto fotográfico. É um gênero que herdou
muito do fotodocumentarismo consolidado nos anos 30, como o enfoque social e sua tríade:
verdade, objetividade e credibilidade. Como testemunho de uma realidade, a verdade é
fator inquestionável em seus retratos.
Esse pesquisa, esse compromisso com a verdade, esse retrato de uma sociedade ou
situação é o que evidencia a delicadeza característica da fotografia documental. Um olhar
atento, disposto a conhecer e retratar de maneira mais fiel uma realidade que não pertence
ao fotógrafo. E aí entra a sensibilidade e poesia do olhar, a disposição em viver nem que
seja por alguns cliques aquela verdade do outro. É uma fotografia que despe, que aceita
aquela vivência em sua forma mais crua. É um olhar que compadece, tem empatia com
tantas realidades diferentes. Não digamos que é um olhar imparcial, mas é um olhar que
imerge no outro.
Guy Veloso
O Brasil é um país de rica diversidade até nos fotógrafos documentais. Berço de um dos
maiores fotógrafos do mundo, o nosso Sebastião Salgado e de muitos outros criadores de
imagens que tocam a alma que revelam e a de quem vê. De norte a sul, temos grandes
fotógrafos com trabalhos lindos de fotografia documental. Aqui cito alguns como: Luiz
Braga, Guy Veloso, Walter Firmo, Araquém Alcântara, José Caldas, Marcelo Rosa,
Alexandre Schneider, André Paiva, Luiz Mascarenhas e Silvestre Silva. E esses são apenas
alguns nomes de peso.
Grandes mestres esses e tantos outros que nos ensinam através da fotografia documental a
beleza de um olhar profundo. Olhar que pretende revelar uma alma, que não se prende aos
limites do corpo. Olhar que quer saber de gente, saber de sua história, saber daquelas vidas
tão únicas perante aquela lente. É um olhar que outorga importância àquele ser retratado. É
uma imagem que fala, grita, que nos faz chorar juntos, nos faz sonhar junto. Olhar esse que
deve ser levado para nosso corriqueiro dia-a-dia. Talvez um olhar atento que alguém que
passa precisa, talvez um sorriso correspondido, talvez uma palavra qualquer que precisa
ser dita, partilhada.
Quantos de nós estamos dispostos a olhar as almas com as quais cruzamos? Amigos,
família ou até estranhos que em um dia dividem a vida conosco. Pessoas. Almas além dos
corpos. Olhos que contam vidas. Esse olhar profundo é o qual a fotografia documental nos
dá de presente. Cada um desses grandes fotógrafos estuda, planeja e passa por um
período de enxergar aquela alma como ninguém. Descobrir em um primeiro olhar
registrado, uma história que ouvirá posteriormente. Tornar eterno um sorriso que talvez seja
tão raro de se ver. Promover culturas lindas que em um mundo tão grande podem passar
tão despercebidas. É poesia em forma de registro fotográfico. É história com rimas visuais.
Não faladas. Não cantadas. Apenas olhadas com sinceridade.
Walter Firmo