Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Sônia Queiroz
Vissungos no Rosário
cantos da tradição banto em Minas
3a ed. revista e ampliada
FALE/UFMG
Belo Horizonte
2016
Diretora da Faculdade de Letras
Graciela Inés Ravetti de Gómez
Vice-Diretor
Rui Rothe-Neves
Comissão editorial
Elisa Amorim Vieira
Fábio Bonfim Duarte
Luis Alberto Brandão
Maria Cândida Trindade Costa de Seabra
Reinildes Dias
Sônia Queiroz
Fotos
Ilka Boaventura
Preparação de originais
Stéphanie Paes
Diagramação
Olívia Almeida
Revisão de provas
Ágatha Carolline Galdino
ISBN
978-85-7758-289-1 (impresso)
978-85-7758-288-4 (digital)
5 Apresentação
29 Ô caxinganguelê
29 Cuenda
37 Chora, ingoma
41 Capitã Pedrina de Lourdes Santos
42 Abá cuna Zambi pala oso
59 Palavras de línguas
africanas presentes nos cantos
131 Referências
Apresentação
6 Vissungos no Rosário
Jair Teodoro de Siqueira, do Candombe do Matição (Jaboticatubas). Além
desses mestres, incluímos nesta publicação a voz de Maria de Lurdes
Silva, conhecida como Dona Cesária, viúva de um antigo Contramestre
do Catopê do Serro, que assumiu, naquela comunidade, a função de
guardiã dos cantos de tradição.
A ligação rítmica e espiritual do Moçambique (ou Maçambique)
com o Candombe se evidencia na “Saudação à Rainha” interpretada pelo
Capitão João Lopes. O etnomusicólogo Paulo Dias comenta no encarte
do CD Congado mineiro:
Capitão João Lopes e o Maçambique de Jatobá cantam para
uma rainha à porta de sua casa, convidando-a a se incorporar
ao imperiado, conjunto de reis que desfila sob um grande pálio.
O texto cantado faz referência ao poder dos antigos mestres do
caxambu (batuque de terreiro como o candombe) de fazerem
crescer bananeiras no espaço de uma noite. [...]. A ligação rítmica
com o candombe [...] fica evidente neste batido, denominado
maçambique cruzado. Notem-se as brilhantes intervenções das
gungas em sapateio.
Apresentação 7
amarradas em cada perna”. A percussão é a base musical das guardas
de Moçambique, dos Catopês e dos Candombes: caixas, pantangomes,
ganzás... regidos pelo tamborim do Capitão. A caixa é um “tambor com
as duas extremidades cobertas; dependurada no ombro e deslocada para
a lateral do corpo do caixeiro, é percutida com uso de duas baquetas”,
e cada guarda tem duas a quatro caixas. O pantangome é “um cilindro
curto de chapa de zinco com pequenos furos”, enchimento de sementes
ou bolinhas de chumbo, como a gunga, e “duas alças diametralmente
opostas”, pelas quais é “sacudido de um lado para outro ou por movi-
mentos circulares”. O ganzá é “um bambu com cerca de 60 cm de com-
primento, com talhos transversais, que se faz soar raspando nele prego
ou vareta de madeira”. O tamborim, “usado exclusivamente por capitães
e caciques como instrumento de comando”, é uma “caixa retangular ou
quadrada de madeira [...] com couro nas duas faces fixado com prego
ou tachinha; tem alça e é percutido com uma baqueta”. Só o Candombe
usa o ngoma, o tambor ancestral, esculpido em tronco de árvore e afi-
nado no fogo; um instrumento pesado, difícil de carregar, o que com
certeza determina a forma de participação do Candombe nas Festas do
Rosário, em que ele não sai pelas ruas em cortejo. Segundo o Capitão
João Lopes, em entrevista a Leda Martins, citada no livro Afrografias da
memória:
8 Vissungos no Rosário
o único pessoal que adaptou bater os instrumentos como mais
ou menos a semelhança que bate o candombe foi o povo de
moçambique [...] e ficou assim definido entre eles [...] que o
maçambique puxaria o trono, o congo seria o guia do maçambique,
limpando o caminho.
Apresentação 9
Na Comunidade dos Arturos, um modelo de resistência cultural
plantada no centro industrial, em Contagem, percebe-se claramente o
investimento na transmissão das práticas tradicionais, por exemplo, na
formação da Guarda de Moçambique Mirim. O Capitão Regente Antônio
Maria da Silva, no canto aqui reproduzido a partir do CD Congado mineiro,
faz a saudação, o “Saravá ao Reinado”:
Após o levantamento de mastros na Comunidade Negra dos
Arturos, Seu Antônio está saravando, dirigindo saudações rituais
aos reis e rainhas perpétuos e de ano que compõem o Reinado
da Irmandade, enquanto a Guarda de Maçambique Mirim evoca
o nome de Zambi, Deus onipotente. O batido serra-acima é
executado pelas caixas e patangomes, chocalhos circulares me-
tálicos. Ao saírem da Igreja do Rosário, o andamento se acelera
e uma saudação falada aos capitães (líderes das guardas) fecha
os trabalhos do dia, lembrando-lhes que essa tradição é herança
dos mais velhos – a gonga ou engoma de vovô. Note-se nos
versos “Zambi é nossa guia/Nossa Senhora minha companhia” a
convivência de diferentes universos religiosos.
10 Vissungos no Rosário
mão. Um “‘sacerdote de almas’, dom que ele recebeu de sua família –
sua linhagem”, Capitão Julinho, como está no encarte do CD Foi o que
me trouxe, também “é reconhecido como um dos guardiões do conhe-
cimento da língua da costa, uma estranha mescla de português e banto,
antigo idioma das senzalas e que hoje está restrito a poucos falantes,
em sua maioria idosos”. Reproduzimos aqui dois cantos em que essa
língua da costa, também chamada calunga, essa língua da travessia,
revela ainda sua força: “Eu sô filho de negro” e “Chora, ingoma”.
No CD Os negros do Rosário, Pedrina de Lourdes Santos, capitã
do Moçambique de Nossa Senhora das Mercês, de Oliveira, reúne tudo
o que a memória remota ainda pode guardar da língua dos antigos e
improvisa um solo longo, que soa como uma sequência de palavras sol-
tas, trazidas pelos ares de uma história de fragmentação. Após seis qua-
dras em “língua africana”, intercaladas por um refrão característico da
tradição musical dos povos de língua banto – ê ê aruê, aruê, aruê – ela
chama o coro com uma quadra em que mistura a língua portuguesa com
palavras do quimbundo. A partir desse momento entram os instrumen-
tos de percussão, e regente e coro prosseguem o canto em português:
Ajuntei tudo o que sabia, o que já havia aprendido com meu pai,
Capitão Leonídio, o que canto intuitivamente, com coisas que
procuro em livros, coisas dos dialetos africanos, especialmente
Apresentação 11
quimbundo e nagô. Achei também que não deveria ficar só no
tempo da escravidão, mas trazer o assunto para a atualidade.
12 Vissungos no Rosário
que o deixava permanentemente lacrimejante, o barão acabou voltando
atrás e autorizando o batuque, nascendo assim o Candombe do Matição.
Sônia Queiroz
Apresentação 13
Capitão João Lopes
22 Vissungos no Rosário
ô
uôi ai ai ai
minha pai que já era um nego veio
que dormiu no cruzero
meia-noite em ponto
minha pai acendeu candiero
chora, ingoma iá
(coro) ôôôô...
ô, ingoma!
(coro) ô, lê oiá ááá...
ô, mamãe me mandô iá
(coro) ô, lê oiá ááá...
24 Vissungos no Rosário
ô indamba inganazambipunga
auê...
duro cum zambi
dipupi aiovê
auê...
26 Vissungos no Rosário
Capitão Ivo Silvério da Rocha
28 Vissungos no Rosário
Ô caxinganguelê
ô caxinganguelê
vai-se embora com Deus
com Deus, com Deus
vai-se embora com Deus
Cuenda
erê cuenda
cuenda...
erê cuenda
oi cuenda cuenda oi camará
oi cuenda
vamo vê a mãe de Deus
30 Vissungos no Rosário
Capitão Júlio Antônio Filho
eu vem lá da Angola
passei ni Aruanda
conenga agora chegô lá no injó
ê no injó de jequê me conenga tata
aqui nesse reino conenga tata
32 Vissungos no Rosário
ê conenga com tata lá no injó de jequê
aqui nesse reino no injó de jequê
o timbojira cafom de vindero
no injó de jequê ingoma
coração doeu
coração doeu
coração doeu
eu mexeu na gunga
coração doeu
coração doeu
coração doeu
34 Vissungos no Rosário
gunga de meu pai
gunga de papai
meu coração doeu
36 Vissungos no Rosário
Chora, ingoma
mandei lá ni Angola
buscá minha pai
buscá minha pai
buscá minha pai, oia lá
38 Vissungos no Rosário
ê irmão, mundo engana a gente
mundo engana a gente
mundo engana a gente, oia lá
eu mexeu no mundo
mundo me enganô
ô me chora, ingoma
40 Vissungos no Rosário
Capitã Pedrina de Lourdes Santos
42 Vissungos no Rosário
Angana Musambê
Angana Lubambu
oncó utetese
oncó ocolofé
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
ocuacê aiagana
ararecolê
ocuacê aiagana
ararecolê
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
no tempo do cativero
vida de nego era só trabucá
trabucava o dia intero
e ainda ganhava era o chiquirá
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
44 Vissungos no Rosário
ora, viva a liberdade
cativero já acabô
mas ainda nos falta igualdade
de nego para sinhô
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
coro
oooiê oooiá, oooê oê oiá
oooiê oooiá, oooê oê oiá
46 Vissungos no Rosário
Capitão Antônio Maria da Silva
(coro)
Ê Zambi, ê Zambi
Sá rainha me dá a mão
que Papai lá do céu põe a benção
ê Zambi...
viva mundo e viva Deus
viva nego maçambiqueiro
ê Zambi...
viva mundo e viva Deus
ora viva esse povo coroado
ê Zambi...
ei, minha gonga é de nhá pai
essa gonga é de nhá vô ai
ê Zambi...
ei, Maçambique é coisa boa
Maçambique era nego de coroa
ê Zambi...
ei, o menino de papai, ô gente
o menino de vovô
ê Zambi...
48 Vissungos no Rosário
ei, o menino de papai
oi, meu Deus, ô pergunta onde eu vô
ê Zambi...
ei, oia Zambi é nossa guia
oia, Zambi, meu Deus minha companhia
ê Zambi...
ei, ora Zambi é nossa guia
oi mi Nossa Senhora minha companhia
ê Zambi...
Saravá, capitão
(coro)
É coisa boa
52 Vissungos no Rosário
ô minha virge do Rosário
do Rosário mandô chamá
mandô chamá, mandô chamá
ê vô rezá minha incelença
pra podê nós viajá
nós viajá, nós viajá, é...
(coro) é ô...
54 Vissungos no Rosário
Capitão Jair Teodoro de Siqueira
ê barão unoêê...
barão unoêê...
ê barão menapamadepontê
barão unoêê...
ê barão menapamadepondamaxado
barão unoêê...
ê barão unoêê... ah...
56 Vissungos no Rosário
Maria de Lurdes Silva
emo quá
Inganazambi eu sô fia
emo quá
emo quá
lá no campo do Rosário
emo quá
58 Vissungos no Rosário
Palavras de línguas
africanas presentes nos cantos
No glossário que se segue buscou-se uma forma simples, uma vez que se
pretende que a consulta possa abrir possibilidades interpretativas para o
leitor. Para muitas palavras foram encontradas diversas ocorrências, que
foram anotadas com suas respectivas referências (autor e data). As ocor-
rências estão separadas em quatro blocos: no primeiro, assinalado com
um triângulo ▲, estão as palavras encontradas em vocabulários com-
pilados por pesquisadores que buscaram registrar os falares africanos
remanescentes em Minas Gerais no século xx; no segundo, assinalado
com um triângulo invertido q, os nomes de lugares em Minas Gerais;
no terceiro bloco, sinalizado por um losango ♦, estão as ocorrências em
pesquisas de campo realizadas em outras regiões do Brasil; no quarto,
sinalizado por um quadrado ■, as ocorrências encontradas em dicioná-
rios do português brasileiro e em glossários de livros sobre a presença
dos africanos no Brasil, especificamente interessados no que se costuma
chamar de “africanismo”; no quinto, assinalado com um círculo •, estão
os étimos prováveis, identificados em dicionários das três línguas afri-
canas do grupo banto que predominaram no Brasil: umbundo, quicongo,
e quimbundo.
60 Vissungos no Rosário
abá. Os mais velhos. abá cuna Pedrina de Lourdes Santos.
zambi pala oso/aiabá cuiama TITANE, 1999, Oliveira.
cana abá apaninjé/ê ê aruê, ▲ Não encontrada nos registros de
aruê, aruê/ê ê aruê, aruê, aruê. falares africanos em Minas.
Capitã Pedrina de Lourdes q Não encontrada nos registros de
Santos. TITANE, 1999, Oliveira. nomes de lugares em Minas.
▲ Não encontrada nos registros de ♦ Não encontrada nos registros
falares africanos em Minas. de falares africanos em outras
q Não encontrada nos registros de regiões do Brasil.
nomes de lugares em Minas. ■ Não encontrada entre os africa-
♦ abá. Os mais velhos, os idosos. nismos registrados em dicioná-
àgbà. ior. Os mais velhos, os rios e glossários brasileiros.
idosos. CASTRO, 2001, Bahia. • Não encontrada em dicioná-
■ Não encontrada entre os africa- rios de quicongo, quimbundo e
nismos registrados em dicioná- umbundo.
rios e glossários brasileiros. aiabá. Divindade feminina. abá
• Não encontrada em dicioná- cuna zambi pala oso/aiabá
rios de quicongo, quimbundo e cuiama cana abá apaninjé/ê ê
umbundo. aruê, aruê, aruê/ê ê aruê, aruê,
acuacã. [?] acuacã aia gana/ara- aruê. Capitã Pedrina de Lourdes
racolê/ararecolá/acuacê. Capitã Santos. TITANE, 1999, Oliveira.
62 Vissungos no Rosário
angana, ngana. senhor, senhora. 1998, Tabatinga; ganga. parte
angana musambê/angana de Exu, lado de lá. VOGT; FRY,
lubambu/oncó uteleze/ oncó 1996, Patrocínio; ganga, gonga.
ocolofé. Capitã Pedrina de soldado. BATINGA, 1994, Alto
Lourdes Santos. TITANE, 1999, Paranaíba/Triângulo. man-
Oliveira; ganá, ongana. senhora. GON-
ocuacê aia ngana/ararakolê/arare- ÇALVES, 1995, Jatobá. angana,
colá/acuacê. Capitã Pedrina de nganga, uganga. no país de
Lourdes Santos. TITANE, 1999, origem significava feiticeiro,
Oliveira. curandeiro, sacerdote. MACHADO
▲ ganga. chefe, dono. BYRD , Fo, 1943, São João da Chapada;
2005, Patrocínio; arunganga. oronganga. soldado. MACHADO
negro que sabe os mistérios do Fo, 1943, São João da Chapada.
Congado. ziriganga, zirigunga. unganga. Sacerdote, padre, fei-
qualidade de alguém que sabe ticeiro. DORNAS Fo, 1938, Itaúna.
muito; capitão zirigunga é angana-mussambê. Senhora
aquele que domina o canto e do Rosário. GONÇALVES, 1995,
as suas funções do Congado; o Jatobá.
mesmo que ziriganga. PEREIRA; angana-bere. mãe solteira.
GOMES , 2000, Arturos. gana, GONÇALVES, 1995, Jatobá.
inganga. padre. QUEIROZ ,
64 Vissungos no Rosário
■ ganga. 1. Chefe; sacerdote. 2. mpandu. quic. bruxa, feiticeiro.
peça de vestuário. 3. tipo de nganga a Nzambi. quic. sacer-
tecido. LOPES, 2003; CASTRO, dote. COBE, 2010.
2001; AURÉLIO, 1975; BASTIDE, angola. [país africano] eu vem lá
1971; SENNA, 1938. angana. 1. a da Angola passei ni Aruanda/
filha mais velha. 2. denominação conenga agora chegô lá no injó/ê
familiar dos pais às filhas. LOPES, no injó de jequê me conenga
2003; SOARES , 1954; SENNA , tata/aqui nesse reino conengô
1938. tata/ ê conengô com tata lá no
• onganga. umb. bruxa, feiticeiro. injó de jequê/aqui nesse reino
GUENNEC; VALENTE, 2010; WILSON, no injó de jequê/. Capitão Julio
1954. olun. feiticeiro. DICCIO- Antônio Filho. RIOS; CORRÊA,
NARIO PORTUGUEZ-OLUNYANEKA, 2008, Fagundes.
1896. nganga. quimb. sacer- mandei lá na Angola bus-
dote; profeta; que tem ou revela car minha pai/buscar minha
grande saber; doutor, mestre. pai, buscar minha pai, oia lá/
MAIA , 1964; ASSIS JR ., [19--]. eu canto meu ponto, meu pai
ngana. quimb. senhor, homem vai chegar/me chora ingoma.
casado, patrão, chefe, mes- Capitão Julio Antônio Filho.
tre. ngana ia muhatu. quimb. RIOS; CORRÊA, 2008, Fagundes.
senhora. MAIA, 1964. nganga a
66 Vissungos no Rosário
♦ Nação-de-candomblé, de tradição ê aruê, aruê, aruê. TITANE, 1999,
e terminologia religiosa de base Oliveira.
canto. 2. Ritmo de Dandalunda ▲ Não encontrada nos registros de
e Oxum. CASTRO, 2001, Bahia. falares, cantos e contos africa-
■ angola, ngola. 1. país afri- nos em Minas.
cano onde se fala quimbundo, q Não encontrada nos registros de
quicongo e umbundo, três das nomes de lugares em Minas.
principais línguas africanas tra- ♦ injé, onjé. Comida. onjo. ior.
zidas para Brasil pelos negros comida. CASTRO, 2001, Bahia.
escravizados; 2. aqueles que são ■ Não encontrada entre os africa-
naturais desse País. 3. Capim nismos registrados em dicioná-
d’Angola; panicum guineense. rios e glossários brasileiros.
CASTRO, 2001; AURÉLIO, 1975; • Não encontrada em dicioná-
SOARES, 1954; SENNA, 1938 E rios de quicongo, quimbundo e
1921; LAYTANO, 1936; umbundo.
• ngola. quimb. refere-se ao araracolá, araracolê. [?] acu-
nome do país. MAIA, 1964. ngola. acã aia gana/araracolê/arare-
quic. angolano. COBE, 2010. colá/acuacê. Capitã Pedrina de
apaninjé. [?] abá cuna zambi pala Lourdes Santos. TITANE, 1999,
oso/aiabá cuiama cana abá Oliveira.
apaninjé/ê ê aruê, aruê, aruê/ê
68 Vissungos no Rosário
Aruanda” ou “Eu sou negro de ♦ babá. 1. Pai, antepassado, chefe,
Aruanda”. LOPES, 2003; CASTRO, palavra que precede o nome do
2001. egum. 2. Tratamento respeitoso
■ luanda. capital de Angola. para mameto. babá. fon/ior. Pai.
LOPES , 2003; CASTRO , 2001; CASTRO, 2001, Bahia.
AURÉLIO, 1997; SENNA, 1938. ■ abá. Tratamento dado às amas-
• luanda. quimb. embaixada, de-leite. LOPES, 2003; CASTRO,
alfândega. topônimo. MAIA , 2001; MENDONÇA, 1973; SENNA,
1964; ASSIS JR., [19--]. 1938; GARCIA, 1935. baba. pai.
babá. pai. messaquilibu babá AURÉLIO, 1975.
oquê/muendi eledá/muna ualê • Não encontrada em dicioná-
e duaiê/ê ê aruê, aruê, aruê/ê ê rios de quicongo, quimbundo e
aruê, aruê, aruê. Capitã Pedrina umbundo.
de Lourdes Santos. TITANE, 1999, bamba jambê. [?] tanazambê,
Oliveira. ah/bamba jambê, ah/bamba
▲ Não encontrada nos registros de jambê, ah. Capitão Ivo Silvério
falares, cantos e contos africa- da Rocha. DIAS, 2001, Serro.
nos em Minas. ▲ bambaquerê. certa dança.
q Não encontrada nos registros de GONÇALVES, 1995, Jatobá.
nomes de lugares em Minas. q bambaquiri. nomeia córrego
e povoado em Iapu. bamba.
70 Vissungos no Rosário
a aplicação, retirar os excessos. proprietário. Cumbara avura
AURÉLIO, 1975; RAIMUNDO, 1933. aqui, meu fio. Ih! isso aí tem...
• Não encontrada em dicioná- sengue, tem... cavingurão! Da
rios de quicongo, quimbundo e cidade grande, meu fio. Ih!,
umbundo. Isso aí tem... fazenda, tem...
cafom de vindero ocaia. Nossa fazendeirão! QUEIROZ , 1998,
Senhora. cumbara cafom de Tabatinga. vindero. padre.
vindero ocaia/aprendeu falar BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/
língua no injó de jequê/eh nho- Triângulo; vindêro, vinderi.
nhó, mamãe é criola. Capitão branco. DORNAS Fo, 1938, Itaúna.
Julio Antônio Filho. RIOS; COR- q Não encontrada nos registros de
RÊA, 2008, Fagundes nomes de lugares em Minas.
▲ cavinguero, cavinguera, ♦ Não encontrada nos registros
cavunguero, cavunguera, de falares africanos em outras
cafunguera, vindero. 1. regiões do Brasil.
patrão. O cuete seu cavinguero ■ Não encontrada entre os africa-
lá do sengue. O seu patrão lá nismos registrados em dicioná-
da roça. 2. rico. Cê tipura o rios e glossários brasileiros.
cuete... o cuete é cavinguera? • Não encontrada em dicioná-
Cê conhece o cara... o cara é rios de quicongo, quimbundo e
rico? Cavinguerão. grande umbundo.
72 Vissungos no Rosário
♦ calunga. 1. o mar; o fundo da MENDONÇA, 1973; BASTIDE, 1971;
terra, o abismo; divindade pode- BRANDÃO, 1968; BEAUREPAIRE-
rosa; seus símbolos. 2. salve! -ROHAN, 1956; SOARES, 1954;
viva!. 3. bibelô, qualquer ima- SENNA, 1938, 1921; RAIMUNDO,
gem pequena, estatueta. 4. cada 1933. carunga. rio. LOPES, 2003.
uma da duas bonecas eminentes • kalunga. quimb. mar, rio,
do maracatu. 5. rato pequeno, abismo, deus. MAIA, 1964. oka-
doméstico; (p.ext.) vadio, lunga. umb. mar. GUENNEC;
sabido, gatuno. Var. calungo, VALENTE, 2010; WILSON, 1954.
canunga. 6. Ajudante, carrega- okalunga. olun. mar. DICCIO-
dor de caminhão. CASTRO, 2001, NARIO PORTUGUEZ-OLUNYANEKA,
Bahia. carunga. buraco, cemi- 1896.
tério. ANDRADE Fo, 2000, Cafundó. camará. Companheiro. erê cuenda/
■ calunga. 1. o mar. 2. amuleto, oi cuenda cuenda, oi camará.
bonecos de madeira. 3. o pargo, Capitão Ivo Silvério da Rocha.
peixe da família dos sparoides. RAJÃO, 2000, Serro.
4. o mundo dos mortos, o que ▲ Não encontrada nos registros de
está além de nós. 5. ser imagi- falares africanos em Minas.
nário dotado de poderes. 6. ritos, q Não encontrada nos registros de
objetos rituais ou seus efeitos. nomes de lugares em Minas.
LOPES , 2003; AURÉLIO , 1975;
74 Vissungos no Rosário
♦ Não encontrada nos registros ♦ tata-quinçaba. o encarregado
de falares africanos em outras das folhas, da plantação. CAS-
regiões do Brasil. TRO, 2001, Bahia.
■ Não encontrada entre os africa- ■ Não encontrada entre os africa-
nismos registrados em dicioná- nismos registrados em dicioná-
rios e glossários brasileiros. rios e glossários brasileiros.
• Não encontrada em dicioná- • kisaba. quimb folha. MAIA, 1964.
rios de quicongo, quimbundo e caxambu. [tambor] Minha mãe
umbundo. mandô me chamá/lá no pé de
casabá. [?] oia cacumbê iauê/ mulungu/oi de dia plantá bana-
oia cacumbê iauê/oia cacumbê nera/oi de noite tocá caxambu.
iauê/iaqué casabá oaú.../canaú DIAS, 2001, Jatobá.
é devera é /canaú é devera é. ▲ Não encontrada nos registros de
Capitão Jair Teodoro de Siqueira. falares africanos em Minas.
DIAS, 2002, Matição. q 1. tambor grande, tipo de mem-
▲ Não encontrada nos registros de brafone, atabaque. 2. dança
falares africanos em Minas. afro-brasileira, semelhante ao
q Não encontrada nos registros de batuque e com canto, ao som
nomes de lugares em Minas. de tambor e de cuícas; jongo.
Nomeia córrego em Aiuruoca,
Boa Esperança, Carmo da Mata,
76 Vissungos no Rosário
• Não encontrada em dicioná- porco-espinho. 3. fig. sujeito
rios de quicongo, quimbundo e magro e esperto. 4. Cascudo
umbundo. afirma que para muitos, na
caxinganguelê. morto, espírito do Amazônia, a alma sobe ao céu
morto. ô caxinganguelê/vai-se sob a forma de acutipuru (nome
embora com Deus/com Deus, que ali recebe o caxinguelê),
com Deus/vai-se embora com animal admirado por sua capaci-
Deus. Capitão Ivo Silvério da dade de descer de troncos altos
Rocha. DIAS, 2001, Serro. de cabeça para baixo. CASTRO,
▲ caxinganguelê, caxinguin- 2001; CASCUDO, 1984; AURÉLIO,
guelê. defunto. SIMÕES, 2014, 1975; MENDONÇA, 1973; BEAU-
Milho Verde. REPAIRE-ROHAN, 1956; SOARES,
q Não encontrada nos registros de 1954; SENNA, 1938 E 1921; RAI-
nomes de lugares em Minas. MUNDO, 1933.
♦ caxinguelê. indivíduo magro, • xinjangele. quimb. rato. MAIA,
feio e de pequena estatura; mau 1964.
caráter. CASTRO, 2001, Bahia. conenga, conengô. [?] ê no injó
■ caxinguelê, cachinguelê, de jequê me conenga tata/aqui
caxingulê. 1. designa- nesse reino conengô tata/ê
ção comum a várias espé- conengô com tata lá no injó de
cies de mamíferos roedores 2.
78 Vissungos no Rosário
• kongo. quimb. grande exten- oenda. MACHADO Fo, 1943, São
são de terra de antigo reino de João da Chapada.
mesmo nome. ASSIS JR., [19--]. ocundá-bambi. época de frio.
nkunga. quic. canto, cantiga. GONÇALVES, 1995, Jatobá.
COBE, 2010; MAIA, 1964. ocundá-merê. vamos fazer
cuenda. [andar] erê cuenda/ amor. GONÇALVES, 1995, Jatobá.
oi cuenda cuenda oi camará. ocunda-tunda. levar. GONÇAL-
Capitão Ivo Silvério da Rocha. VES, 1995, Jatobá.
RAJÃO, 2000, Serro. q Não encontrada nos registros de
▲ cuendá(r). andar. BYRD, 2005, nomes de lugares em Minas.
Patrocínio; cuenda, cuendar. ♦ cuendá, quendá. andar, par-
andar. VOGT; FRY, 1996, Alfenas; tir, viajar. CASTRO, 2001, Bahia.
uendar. VOGT; FRY, 1996, Milho cuendá. chegar, pôr, vir, pegar,
Verde; ocuenda. entrar. GON- ir, gerar, jogar, buscar, fugir,
ÇALVES, 1995, Jatobá; ocundá. correr, levar, trazer, andar, etc.
ir. GONÇALVES , 1995, Jatobá. indica ação. ANDRADE Fo, 2000,
uenda. andar, entrar. GONÇAL- Cafundó.
VES , 1995, Jatobá; koendar, cuendá pra cogenga carunga.
kuendar. BATINGA, 1994, Alto falecer. ANDRADE F o, 2000 ,
Paranaíba/Triângulo; cuendê, Cafundó.
80 Vissungos no Rosário
2005, Patrocínio; VOGT ; FRY , cumbara uarrufo. cemitério (lit.
1996, Patrocínio; kimbo. cidade, cidade brava). QUEIROZ, 1998,
vila. BYRD , 2005, Patrocínio; Tabatinga.
kumbara. cidade. NASCIMENTO, kumbara maioral. cidade.
2003, São João da Chapada; BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/
cumbara, incumbara. O Triângulo.
orumo é do cumbara avura. O combaro catita. lugar pequeno,
carro é da cidade grande. QUEI- comércio, arraial. MACHADO Fo,
ROZ, 1998, Tabatinga; cumba- 1943, São João da Chapada.
raiêto. cidade grande. VOGT; combaro uonene. cidade.
FRY, 1996, Milho Verde; kum- MACHADO Fo, 1943, São João da
baca, kumbara, kunebara. Chapada.
cidade. BATINGA , 1994, Alto q Não encontrada nos registros de
Paranaíba/Triângulo; com- nomes de lugares em Minas.
baro. lugar habitado. MACHADO ♦ cumbara. cidade. CASTRO ,
F , 1943, São João da Chapada.
o
2001, Bahia. ambara. cidade.
cumbara. cidade, lugar habi- ANDRADE F o, 2000, Cafundó;
tado. DORNAS Fo, 1938, Itaúna. VOGT; FRY, 1996, Cafundó. cum-
cumbara de São Pedro. cemi- bara, umbara. cidade, povo-
tério (lit. cidade de São Pedro). ado. VOGT; FRY, 1996, Mogi das
QUEIROZ, 1998, Tabatinga. Cruzes.
82 Vissungos no Rosário
♦ Não encontrada nos registros ■ Não encontrada entre os africa-
de falares africanos em outras nismos registrados em dicioná-
regiões do Brasil. rios e glossários brasileiros.
■ Não encontrada entre os africa- • Não encontrada em dicioná-
nismos registrados em dicioná- rios de quicongo, quimbundo e
rios e glossários brasileiros. umbundo.
• kuná. quimb. além. ASSIS JR., curiá. comer. aqui neste reino
[19--]; MAIA, 1964. curiô com dambi/eh, dambiojira
cunda. [?] saravá o povo de cafom de vindero ocaia. Capitão
ingomba auê/saravá o povo de Julio Antônio Filho. RIOS; COR-
Moçambique/oia o povo de con- RÊA, 2008, Fagundes.
gado ouê/ô no jira ni cunda no ▲ comer. SIMÕES , 2014, Milho
jira. Capitão João Lopes. LUCAS, Verde. enino. Se tinha muito
[1990], Jatobá. menino aqui, eles tratava
▲ Não encontrada nos registros de criança de curiá. PEREIRA, 2005,
falares africanos em Minas. Contagem- MG . comer. BYRD ,
q Não encontrada nos registros de 2005, Patrocínio. comer. Abre a
nomes de lugares em Minas. porta, meus filin, leite no ub’ro,
♦ Não encontrada nos registros farinha na cuia pa curiá, oi qui!
de falares africanos em outras QCCAP, 2004. 1. Comer. Precisano
regiões do Brasil. fazê cureio, num tem jeito de
84 Vissungos no Rosário
okulia. umb. comer, comida. 1998, Tabatinga; curimar. tra-
GUENNEC; VALENTE, 2010; WIL- balhar, rezar. VOGT; FRY, 1996,
SON, 1954. dya. quic. comer. Patrocínio; dançar. VOGT; FRY,
COBE, 2010. okuria. olun. comer. 1996, Alfenas. curimbar. can-
DICCIONARIO P O RT U G U E Z- tar. VOGT; FRY, 1996, Alfenas;
-OLUNYANEKA, 1896. kurimar. trabalhar. BATINGA,
curimá. trabalhar. oia eu vim lá ,
1994 Alto Paranaíba/Triângulo.
de Angola/eu vim aqui curimá/ q Não encontrada nos registros de
ah, eu vim do calunga/eu vim nomes de lugares em Minas.
aqui trabucá. Capitã Pedrina de ♦ curimá. trabalhar. CASTRO, 2001,
Lourdes Santos. TITANE, 1999, Bahia. curimá. trabalhar, fazer,
Oliveira. produzir, preparar. ANDRADE Fo,
▲ curimá(r). trabalhar. BYRD , 2000, Cafundó. curimar. tra-
2005 , Patrocínio. curimbá, balhar, rezar. VOGT; FRY, 1996,
curimá. trabalhar. Oia, gente, Cafundó e Mogi das cruzes.
eu preciso curimbá um poquinho, curima da mucanda. livro.
porque esse curimbo meu tem ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
que entregá hoje. Oia, gente, curima de jambi. festa religiosa.
eu preciso trabalhá um poqui- ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
nho, porque esse trabalho meu
tem que entregá hoje. QUEIROZ,
86 Vissungos no Rosário
• Não encontrada em dicioná- deus, santo. VOGT; FRY, 1996,
rios de quicongo, quimbundo e Cafundó. jira. 1. oração, reza,
umbundo. Ver dambi, jira. o ato de louvar as divindades
dambi. Ver zambi. em congo-angola; sessão de
dambiojira. [?] aqui neste reino umbanda. CASTRO, 2001, Bahia.
curiô com dambi/eh, dambiojira unjira. caminho, rua. nome de
cafom de vindero ocaia. Capitão Bambojira. CASTRO, 2001, Bahia.
Julio Antônio Filho. RIOS; COR- jambi vimbundo. São Benedito.
RÊA, 2008, Fagundes. ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
▲ Não encontrada nos registros de ■ zambi. 1. deus. 2. chefe. 3.
falares africanos em Minas. topônimo. LOPES, 2003; AURÉ-
q Não encontrada nos registros de LIO , 1975; MENDONÇA , 1973;
nomes de lugares em Minas. BASTIDE, 1971; SOARES, 1954;
♦ zambi, inzambi. deus supremo. SENNA , 1921, 1938. manjira,
gangazambi, ganganzambi, ongira. caminho. LOPES, 2003.
inganazambi, angananzambi, • nzambi, ngana, ngana-
angananzambi-opungo, gan- nzambi, nzambi-pungu.
ganzambi. deus, ser Supremo. quimb deus. MAIA, 1964; ASSIS
CASTRO , 2001, Bahia. jambi. JR., [19--]. nzambi. quic. deus.
deus, santo. ANDRADE F , 2000,
o
COBE, 2010; MAIA, 1964. ngãla
Cafundó. ingananzambe. njambi. umb. deus. GUENNEC;
88 Vissungos no Rosário
BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/ F o, 2000, Cafundó; voz, fala,
Triângulo; verdade. cupopiá, cupopiar.
tupiandaca. mentira. BYRD , falar. ANDRADE Fo, 2000, Cafundó;
2005, Patrocínio. BATINGA, 1994, VOGT; FRY, 1996, Cafundó. cupo-
Alto Paranaíba/Triângulo. piadô. língua, rádio. ANDRADE Fo,
pupiá-indaca. conversar fiado, 2000, Cafundó.
falar língua de negro. GONÇAL- coçumbadô de cupópia. grava-
VES, 1995, Jatobá. dor. ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
pupiá-ocundá. gritar. GONÇAL- cupópia do arambuá. latido.
VES, 1995, Jatobá. ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
pupiá-xiacala. rezar. GONÇAL- cupópia de ingômbi. relin-
VES, 1995, Jatobá. cho, mugido. ANDRADE Fo, 2000,
pupiando undaka. falando Cafundó.
besteira. olhem que não estou cupópia da muchinga. espirro.
pupiando undaka. GONÇALVES, ANDRADE Fo, 2000, Cafundó.
[1994], Jatobá. cupópia do vimbundo. fala
q Não encontrada nos registros de africana do Cafundó e do antigo
nomes de lugares em Minas. Caxambu. ANDRADE F o, 2000,
♦ cupópia. voz, som, ronco, con- Cafundó.
versa, a fala africana do Cafundó
e do antigo Caxambu. ANDRADE
90 Vissungos no Rosário
erê. [?] intj. erê cuenda/oi cuenda Acredita-se ainda serem eles
cuenda, oi camará. Capitão Ivo os assistentes das divindades.
Silvério da Rocha. RAJÃO, 2000, elèèrè, egbére. ior. CASTRO,
Serro. 2001, Bahia.
▲ Não encontrada nos registros de ■ Não encontrada entre os africa-
falares, cantos e contos africa- nismos registrados em dicioná-
nos em Minas. rios e glossários brasileiros.
q Não encontrada nos registros de • Não encontrada em dicioná-
nomes de lugares em Minas. rios de quicongo, quimbundo e
♦ erê. Um dos estados de transe; umbundo.
espíritos infantis também cultu- gana. Ver angana.
ados pelos iniciados ao lado da gimba. cigarro. oia tico-tico subiu
divindade a que foram consagra- no coquero/quando desceu me
dos. Agem como crianças, tra- desceu a cavalo/eh, levou minha
quinas, portam um atori e falam, gimba. Capitão Julio Antônio
com voz infantil, uma linguagem Filho. RIOS ; CORRÊA , 2008,
em português truncado, mistu- Fagundes.
rando palavras e expressões de ▲ cigarro. BATINGA , 1994, Alto
origem africana, com impro- Paranaíba/Triângulo.
périos e obscenidades, como q Não encontrada nos registros de
gará, milonga, misacrê, xibungo. nomes de lugares em Minas.
92 Vissungos no Rosário
2005, Patrocínio; latinhas com ela foram feitas para trabalhar.
esferas de chumbo em seu inte- PEREIRA; GOMES, 2000, Arturos.
rior e que são amarradas aos q Não encontrada nos registros de
tornozelos dos dançantes da nomes de lugares em Minas.
guarda de Moçambique; cam- ♦ gunga. 1. berimbau médio,
panha; sinete usado durante o geralmente acompanhado do
cativeiro, preso ao tornozelo dos contra-gunga; também é ins-
escravos, pra denunciar-lhes as trumento consagrado a Sultão
fugas. PEREIRA; GOMES, 2000, da(s) Mata(s) e usado apenas
Arturos. sino, guiso. VOGT; FRY, durante as festas cerimoniais. 2.
1996, Milho Verde. homossexual. 3. ladrão. CASTRO,
angunga-chique. chique de 2001, Bahia.
vime que atam nas pernas ■ gunga. 1. sino. 2. chefe. 3.
para a dança. DORNAS Fo, 1938, alguns jogos. 4. berimbau. 5.
Itaúna. topônimo. LOPES, 2003; AURÉLIO,
marrá gunga. advertência; 1975; SENNA, 1938; RAIMUNDO,
canto tirado para alguém que 1933.
está com as gungas nas mãos: • ongunga. umb. sino. GUEN-
ele deve amarrá-las nas per- NEC ; VALENTE , 2010; WILSON ,
nas e entrar na dança, pois 1954. olun. sino. DICCIONARIO
PORTUGUEZ-OLUNYANEKA, 1896.
94 Vissungos no Rosário
■ auê. saudação. SENNA, 1938. Patrocínio; indame. fogo,
aiuê. interjeição de alegria mulher. BATINGA , 1994, Alto
zombeteira, de gracejo. AURÉ- Paranaíba/Triângulo; indamba,
LIO, 1975; SOARES, 1954. andambi, mdambi. mulher.
• aiué. quimb. Ai! MAIA, 1964. Andambi, ucumbi u atundá.
aiué. quimb. Oh! MAIA, 1964. Curima aiô mdambi. MACHADO
aiuê. quimb. interjeição de dor. Fo, 1943, São João da Chapada;
ASSIS JR., [19--]. mandumba. DORNAS Fo, 1938,
inganazamba punga. Ver zambi. Itaúna.
indamba. [mulher] ê inganazamba andambe ocaio. mulher da
punga auê.../auê, auê, ô... /ô vida livre. SIMÕES, 2014, Milho
indamba angananzambi punga Verde.
auê... Capitão João Lopes. LUCAS, indame de sukano. moça
[1990], Jatobá; namoradeira. Virgem. BATINGA,
▲ andambe, indambe. mulher; 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.
palavra feia. SIMÕES, 2014, Milho indame oteka. mulher preta.
Verde. indumba. moça. BYRD, BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/
2005, Patrocínio; andambe. Triângulo.
mulher. NASCIMENTO, 2003, São indame sucanada. mulher
João da Chapada; indumba. casada. BATINGA , 1994, Alto
mulher, moça. VOGT; FRY, 1996, Paranaíba/Triângulo.
96 Vissungos no Rosário
visitá no seu palácio te encon- ingoma casaca. revólver. NAS-
trô/chora ingoma iá. DIAS, 2001, CIMENTO , 2003, São João da
Jatobá Chapada.
ô, vô firmá a minha gunga/pro q Não encontrada nos registros de
terreo serená/vamo firmá nossa nomes de lugares em Minas.
bingoma/ô, pra nossa festa ♦ engoma, ingoma, zingoma.
começá. Capitão Dirceu Ferreira tambor cilíndrico, de uma face,
Sérgio. DIAS, 2001, Justinópolis. usado nas cerimônias congo-
▲ Oi, ingoma, oia lá. PEREIRA , -angola. CASTRO, 2001, Bahia.
2005; nagoma. BYRD , 2005, ■ grande tambor de uma só mem-
Patrocínio; grupo de dançan- brana, usado nos candomblés
tes do Congado; referência ou bantos (angolas e congo) e tam-
chamado aos componentes da bém em certas danças folclóricas
guarda de Moçambique; o con- (p. ex. bambelôs, cocos, jongos,
junto da herança recebida dos etc.). LOPES, 2003. ingomba,
antepassados; diz-se ingoma – ingome, ingono. tambor. AURÉ-
vocativo – quando todo canto LIO, 1997.
está bonito. PEREIRA; GOMES, • ngoma. quimb. tambor. MAIA,
2000, Arturos. angoma. GON- 1964; ASSIS JR., [19--]. ngoma.
ÇALVES, 1995, Jatobá. quic. tambor. COBE , 2010 .
ongoma. umb. tambor (termo
98 Vissungos no Rosário
injó de banzo. bordel. BYRD, botequim. BATINGA, 1994, Alto
2005, Patrocínio; BATINGA, 1994, Paranaíba/Triângulo.
Alto Paranaíba/Triângulo. injó de marafo. boteco,
injó de gonga. cadeia. BATINGA, bar, venda, bodega, bote-
1994, Alto Paranaíba/Triângulo. quim. BYRD, 2005, Patrocínio;
injó de grade. cadeia. BYRD, BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/
2005, Patrocínio; BATINGA, 1994, Triângulo.
Alto Paranaíba/Triângulo. injó de manja. loja de roupas.
injó de imbune, injó de BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/
kamano, injó de kimbe, injó Triângulo.
de kimbunde, injó de vim- injó santa. igreja. BATINGA,
bune. casa dos mortos. BATINGA, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.
1994, Alto Paranaíba/Triângulo. injó santo. igreja. BYRD, 2005,
injó de isipaco injó de zipo- Patrocínio.
que. banco. BATINGA, 1994, Alto injó de indiambi. igreja. DOR-
Paranaíba/Triângulo. NAS Fo, 1938, Itaúna.
injó de kamano, injó de injó de zipaque. banco. BYRD,
kibunde, injó de marafa, 2005, Patrocínio.
injó de marau, injó de omeia. onjó-ocó-oronanga. bolso
boteco, bar, venda, bodega, (casa, buraco, roupa). GONÇAL-
VES, 1995, Jatobá.
APOCALYPSE, Mary. Estórias e lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 2. ed.
São Paulo: EDIGRAF. (Col. Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro, 6). p. 325-332: Vocabulário.
BASTIDE, Roger. Negros no Brasil. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes/USP, 1971.
BYRD, Steven Eric. Calunga, an Afro-Brazilian Speech of the Triângulo Mineiro: Its Grammar and
History. 2005. 1 v. Dissertation (Doctorate of Philosophy) – University of Texas at Austin, 2005.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 5. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984.
CASTRO, Yeda P. de. Falares africanos na Bahia (um vocabulário afro-brasileiro). Rio de Janeiro:
Academia Brasileira de Letras, Topbooks, 2001.
DORNAS FILHO, João. Vocabulário quimbundo. Revista do Arquivo Municipal, [São Paulo], n. 5,
v. 49, p. 143-150, jul./ago. 1938.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1975.
GARCIA, Rodolfo. Vocabulário nagô. In: MENDONÇA, Renato et alii. Estudos afro-brasileiros;
trabalhos apresentados ao 1o Congresso Afro-Brasileiro reunido no Recife em 1934. Rio de
Janeiro: Ariel, 1935. v. 1, p. 21-27.
GOMES, Lindolfo. Contos populares brasileiros. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1948. p. 193-
203: Vocabulário.
LAYTANO, Dante de. Os africanismos do dialeto gaúcho. Separata da Revista do Instituto Histórico
e Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 7-66, 1936.
LIMA, Emanoela Cristina. A toponímia africana em Minas Gerais. 2012. 216 f. Dissertação (Mestrado
em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2012.
MACHADO FILHO, Aires da Mata. O negro e o garimpo em Minas Gerais. 2. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1964. (Retratos do Brasil, 26)
NASCIMENTO, Lúcia Valéria do. A África no Serro Frio – vissungos: uma prática social em extinção.
2003. 129 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003.
PEREIRA, Edimilson de Almeida; GOMES, Núbia Pereira de Magalhães. Negras raízes mineiras: os
Arturos. Belo Horizonte: Mazza, 2000.
PIRES, Cornélio. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: [Ed. do Autor], 1921. p. 201-247: Vocabulário.
[“Brasileirismos, archaismos e corruptelas empregadas na ‘Musa Caipira’, ‘Scenas e paisagens
de minha terra’, ‘Quem conta um conto...’ e na presente obra.”]
QUEIROZ, Sônia. Pé preto no barro branco: a língua dos negros da Tabatinga. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 1998.
RAIMUNDO, Jacques. O elemento afro-negro na língua portuguesa. Rio de Janeiro: Renascença, 1933.
SENNA, Nelson de. Africanismos no Brasil. Revista de Língua Portuguesa, n. 10, p. 159-163, mar. 1921.
SENNA, Nelson de. Africanos no Brasil (Estudo sobre os negros africanos e influências afro-negras
sobre a linguagem e costumes do povo brasileiro). Belo Horizonte: Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, 1938.
SILVEIRA, Valdomiro. O mundo caboclo de Valdomiro Silveira. Estudos de Júnia Silveira Gonçalves,
Bernardo Elis e Ruth Guimarães. Rio de Janeiro: José Olympio; São Paulo: Secretaria de Cultura,
Esportes e Turismo; Brasília: INL, MEC, 1974. p. 157-180: Vocabulário.
SILVEIRA, Valdomiro. Os caboclos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: MEC, 1975.
p. 128-164: Vocabulário.
SIMÕES, Everton Machado. África Banta na região diamantina: uma proposta de análise
etimológica. 2014. 196 f. (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
SOARES, Antônio Joaquim de Macedo. Dicionário brasileiro da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Ministério da Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, 1954.
VOGT, Carlos; FRY, Peter. Cafundó: a África no Brasil: linguagem e sociedade. São Paulo:
Companhia das Letras; Campinas: Ed. da UNICAMP, 1996.
Referências 133
Gravações sonoras
DIAS, Paulo (Dir. geral de pesquisa). Congado mineiro. [São Paulo: Cia. de Áudio/Classic Master,
2001]. (Col. Itaú Cultural. Documentos Sonoros Brasileiros Acervo Cachuera!, 1). CD.
LUCAS, Glaura (Pesq.). Gravação em cassete com João Lopes, capitão-mor da Irmandade do
Rosário do Jatobá (BH/MG), feita durante pesquisa de campo para o livro Os sons do Rosário
(Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002).
RAJÃO, Caxi (Dir. geral de pesquisa.). Festa do Rosário. Serro-MG 1724–2000. Nova Lima (MG):
Nas Montanhas, 2000. CD.
RIOS, Sebastião; CORRÊA, Roberto (Dir. geral de pesquisa). Foi o que me trouxe: Moçambique
do Capitão Júlio Antônio Filho. Brasília: Viola Corrêa Produções Artísticas e Clube do Violeiro
Caipira de Brasília, 2008. CD.
TITANE (Dir. geral de pesquisa.). Os negros do Rosário. Belo Horizonte: Lapa Discos, 1999. CD.
[1. ed. 1992. LP.]
Dicionários africanos
ASSIS JR., Antônio de. Dicionário kimbundu-português. Luanda: Edição de Argente, Santos &
Cia., [19--].
Referências 135
Publicações Viva Voz de
interesse para a área de estudos da oralidade
Vissungos
Cantos afrodescendentes em Minas Gerais
3ª ed. revista e ampliada
Neide Freitas
Sônia Queiroz (Org.)
Literarização da oralidade,
oralização da literatura
Jean Derive