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ENSINO FUNDAMENTAL
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ENSINO FUNDAMENTAL
EDUCAÇÃO FÍSICA
ENSINO FUNDAMENTAL
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................... 2
2. ORIENTAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO DO ENSINO E A ORGANIZAÇÃO
DAS AULAS ................................................................................................................................ 4
2.1 Competências Gerais da BNCC ....................................................................................... 6
2.2 Competências específicas de Linguagens - Ensino Fundamental (BNCC, 2017, p. 63)
................................................................................................................................................... 7
2.3 Competências específicas de EDUCAÇÃO FÍSICA para o Ensino Fundamental ...... 8
2.4 Dimensões do Conhecimento .......................................................................................... 13
3. UNIDADE TEMÁTICA JOGOS E BRINCADEIRAS ................................................. 17
3.1. Unidade temática, habilidades e objetos do conhecimento de Jogos e brincadeiras 17
4. UNIDADE TEMÁTICA ESPORTES ................................................................................. 28
4.1. Quadro unidade temática, habilidades e objetos de conhecimento de Esportes ...... 28
4.2. Exemplos e Sugestões Didáticas .................................................................................... 29
5. UNIDADE TEMÁTICA DANÇA ........................................................................................ 39
6. UNIDADE TEMÁTICA GINÁSTICA................................................................................ 55
7. UNIDADE TEMÁTICA LUTAS ......................................................................................... 66
8. UNIDADE TEMÁTICA PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA, SAÚDE E MEIO
AMBIENTE ............................................................................................................................... 68
9. A INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA ....................................................................................................................................... 73
10. A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................. 78
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 84
1
APRESENTAÇÃO
Estimado Professor,
Neste sentido, este Caderno visa apoiar e explicar de maneira mais concreta
como organizar o ensino da Educação Física de acordo com o novo Documento
Curricular. Porém, para um melhor entendimento deste Caderno, os/as professores/as
precisam ler o Documento Curricular de Referência para Mato Grosso. Sugerimos que
os professores imprimam a parte da Educação Física tanto do Documento Curricular,
quanto deste Caderno Pedagógico e façam uso para planejar o ensino da Educação Física
nas escolas de Mato Grosso.
2
ajudem os professores no planejamento, no ensino e na avaliação de seus alunos e do
processo educativo.
No entanto, cada professor tem autonomia e criatividade para inovar e até mesmo
ir além do que é exposto. Entendemos que os professores são profissionais reflexivos,
que podem encontrar soluções originais e autênticas no seu agir pedagógico.
Defendemos também que o professor seja um pesquisador da sua própria prática,
identificando o que funciona bem, ou seja as experiências exitosas, e o que não funciona
tão bem para modificar e melhorar nas aulas futuras. Lembramos que uma inovação
curricular ou uma nova forma de ensinar o currículo requer um processo de
aprendizagem por parte do professor e dos alunos. Isto pode trazer algumas dificuldades
iniciais, mas que não pode ser um empecilho para que se ouse inovar.
Esperamos que este Caderno seja um instrumento que suscite novas ideias e
experiências pedagógicas na Educação Física escolar, tornando as aulas mais
significativas e prazerosas, tanto para os estudantes das nossas escolas quanto para os
professores. Desejamos a todos e todas um excelente trabalho!
Um abraço.
Equipe de Redatores:
Marcos Godoi
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2. ORIENTAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO DO ENSINO E A
ORGANIZAÇÃO DAS AULAS
Seu conhecimento dos alunos, suas diferenças, suas habilidades e interesses, seus
comportamentos em sala de aula e hábitos de trabalho, bem como os “casos
problemáticos”, para os quais devem providenciar medidas educacionais
especiais: estudantes com dificuldades aprendizagem, de comportamento. Enfim,
a realização da avaliação diagnóstica – traçar o perfil do grupo.
Atividades passadas e presentes, pois elas definem as etapas pelas quais os alunos
devem passar;
A natureza da matéria a ser ensinada, seu grau de dificuldade, seu lugar no
currículo, as relações a serem feitas com outras matérias, protagonismo, etc.
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As atividades de ensino: apresentações, exercícios, trabalho em equipe, perguntas
para os alunos, comentários, etc.
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2.1 Competências Gerais da BNCC
6
2.2 Competências específicas de Linguagens - Ensino Fundamental (BNCC, 2017,
p. 63)
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2.3 Competências específicas de EDUCAÇÃO FÍSICA para o Ensino Fundamental
Deste modo, sem querer engessar o planejamento do ensino anual, pois existem
muitas formas de fazê-lo, apresentamos a seguir um roteiro de planejamento que os
professores podem fazer uso ou adaptá-lo de acordo com suas necessidades:
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EXEMPLO DE ESTRUTURA DE PLANO DE AULA
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consta que vários autores abordaram as diferentes fases da aula de Educação Física. Freire
e Scaglia (2003) propõem na primeira parte a roda de conversa sobre o que será feito na
aula, na segunda parte as práticas propriamente ditas e na terceira parte a roda de conversa
sobre o que foi feito na aula. Soares et al. (2012) indicam a primeira fase da aula, em que
os conteúdos e objetivos da unidade são discutidos com os alunos, buscando as melhores
formas de organizar a execução das atividades, a segunda fase que se refere a apreensão
do conhecimento e a terceira fase da aula, na qual se amarram as conclusões, avalia-se o
realizado e levantam-se perspectivas para as próximas aulas. González, Darido e Oliveira
(2014), observam que nas rodas de conversas final das aulas, é lembrado o que foi
desenvolvido naquela aula e trazida a reflexão algum fato ou observação, os erros e
acertos, o que foi aprendido naquela aula e o que falta complementar nas próximas aulas.
Ainda sobre a estrutura e organização das aulas, de uma forma mais detalhada,
Gal-Petitfaux (2011) apresenta a seguinte estrutura das aulas de Educação Física:
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das danças de salão, regionais, folclóricas e circulares bem como suas transformações
históricas e os grupos de origem. As competências também estão centradas na capacidade
de ler, interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes
práticas corporais, bem como, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. Além
disso, elas nos levam, enquanto professores, a refletir criticamente sobre as manifestações
corporais contemporâneas e históricas. Então, é importante que as dimensões sejam
observadas na hora de propor as atividades.
Além das Unidades Temáticas, que articulam os saberes, deve-se levar em conta,
também, as seis dimensões do conhecimento propostas pela Base, que são de suma
importância para o planejamento. A saber:
Experimentação
Uso e apropriação
Fruição
Construção de valores
Análise
Compreensão
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Uso e apropriação: refere-se ao conhecimento que possibilita ao estudante ter
condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática corporal.
Trata-se do mesmo tipo de conhecimento gerado pela experimentação (saber
fazer), mas dele se diferencia por possibilitar ao estudante a competência
necessária para potencializar o seu envolvimento com práticas corporais no lazer
ou para a saúde. (BRASIL, 2017, 218).
Fruição: implica a apreciação estética das experiências sensíveis geradas pelas
vivencias corporais, bem como das diferentes práticas corporais oriundas das mais
diversas épocas, lugares e grupos. (BRASIL, 2017, 218).
Reflexão sobre a ação: refere-se aos conhecimentos originados na observação e
na análise das próprias vivencias corporais e daquelas realizadas por outros. Vai
além da reflexão espontânea, gerada em toda experiência corporal. Trata-se de um
ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e
análise para: (a) resolver desafios peculiares à prática realizada; (b) apreender
novas modalidades; e (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades
próprios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização. (BRASIL,
2017, 219).
Construção de valores: vincula-se aos conhecimentos originados em discussões
e vivencias no contexto da tematização das práticas corporais, que possibilitam a
aprendizagem de valores e normas voltadas ao exercício da cidadania em rol de
uma sociedade democrática. A produção e partilha de atitudes, normas e valores
(positivos e negativos) são inerentes a qualquer processo de socialização. No
entanto, essa dimensão está diretamente associada ao ato intencional de ensino e
de aprendizagem e, portanto, demanda intervenção pedagógica orientada para tal
fim... (BRASIL, 2017, 219).
Análise: está associada aos conceitos necessários para entender as características
e o funcionamento das práticas corporais (saber sobre). Essa dimensão reúne
conhecimentos como a classificação dos esportes, os sistemas táticos de uma
modalidade, o efeito de determinado exercício físico no desenvolvimento de uma
capacidade física, entre outros. (BRASIL, 2017, 219)
Compreensão: está também associada ao conhecimento conceitual, mas,
diferentemente da dimensão anterior, refere-se ao esclarecimento do processo de
inserção das práticas corporais no contexto sociocultural, reunindo saberes que
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possibilitam compreender o lugar das práticas corporais no mundo. [...] (BRASIL
2017, 219).
Protagonismo comunitário: refere-se às altitudes/ações e conhecimentos
necessários para os estudantes participarem de forma confiante e autoral em
decisões e ações orientadas a democratizar o acesso das pessoas às práticas
corporais, tomando como referência valores favoráveis à convivência social.
Contempla a reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou
não) de acessar uma determinada prática no lugar em que moram os recursos
disponíveis (públicos e privados) para tal, os agentes envolvidos nessa
configuração, entre outros... (BRASIL, 2017, 220).
Vale notar que durante a prática, os professores estão trabalhando com os alunos
a dimensões da experimentação e fruição das práticas corporais, tal qual definidas pela
BNCC. A experimentação é a vivência e o envolvimento corporal na realização das
práticas corporais. Por sua vez, a fruição implica a apreciação estética das experiências
geradas pelas vivências corporais. A experimentação e a fruição podem levar os alunos
ao uso e apropriação das práticas corporais futuramente, não só durante as aulas, como
também para além delas, no contexto do lazer e da promoção da saúde (BRASIL, 2017).
No final da aula, o professor pode fazer uma atividade de volta a calma com os
alunos e a roda de conversa final, na qual o professor e os alunos retomam o que foi
desenvolvido nas práticas e fazem um balanço e avaliação do trabalho. Este é um
momento importante para reforçar a aprendizagem e apontar novos caminhos para as
próximas aulas. Além disto, é um momento privilegiado para desenvolver as dimensões
de análise, reflexão sobre a ação, construção de valores e compreensão do contexto
das práticas corporais sugeridas pela Base Nacional Comum Curricular.
Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), nas aulas Educação Física não basta apenas
o fazer pelo fazer, há conhecimentos importantes que precisam ser abordados. Assim, é
importante analisar as vivências e práticas desenvolvidas visando:
15
c) promover a aprendizagem e a construção de valores e normas voltadas ao
exercício da cidadania em prol de uma sociedade democrática;
Fonte: http://blog.ceicriart.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Brincadeiras-e-Din%C3%A2micas- 16
Atividades-e-Desenhos-colorir.jpg
3. UNIDADE TEMÁTICA JOGOS E BRINCADEIRAS
Objetos de 6o 7o 8o 9o
Habilidades
conhecimento ano ano ano ano
A/
(EF67EF01) Experimentar e fruir, na escola e fora dela, Jogos eletrônicos I/A
C
jogos eletrônicos diversos, valorizando e respeitando os
sentidos e significados atribuídos a eles por diferentes Brincadeiras com
grupos sociais e etários. A C
cordas
(EF67EF02) Identificar as transformações nas Jogos de estafeta A C
características dos jogos eletrônicos em função dos
avanços das tecnologias e nas respectivas exigências Jogos de
A C
corporais colocadas por esses diferentes tipos de jogos. perseguição
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como refletir sobre o processo de esportivização
dessas práticas.
Acreditamos que esta é a unidade temática que os professores têm mais facilidade
em ensinar, por este motivo não vamos nos ater muito a ela. Queremos entretanto, fazer
algumas sugestões para o trabalho com os Jogos dos povos indígenas, pois Mato Grosso
é o terceiro maior estado do país, de acordo com o Censo do IBGE de 2010, nosso estado
tem 42.538 índios, divididos em 42 etnias e tem ainda 5.821 indígenas vivendo em áreas
urbanas. Segundo a FUNAI, dos 141 municípios mato-grossenses 55 tem territórios
indígenas. O mapa abaixo mostra na cor verde mais escuro os municípios em que há
presença de indígenas, bem como a lista de cidades correspondentes. Porém, este mapa
não representa as terras indígenas e sim os municípios que tem terras indígenas.
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Toda esta diversidade de povos indígenas vivendo em Mato Grosso já é um bom motivo
para aprendermos mais sobre suas culturas, jogos, danças, costumes, rituais, etc. Além
disto, a lei federal 10.639/2003 estabelece a obrigatoriedade da temática da história e
cultura afro-brasileira e indígena nos currículos escolares, mas como abordar esta
temática nas aulas?
__________________________________
1
Os professores também podem pesquisar outras brincadeiras e jogos na Internet. Sugerimos por
exemplo o site: https://mirim.org/como-vivem/brincadeiras
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Alguns destes jogos podem ser tematizados nas aulas de Educação Física. A peteca por
exemplo, que estava presente na cultura indígena brasileira, mesmo antes dos
colonizadores portugueses chegarem no Brasil. A prática deste jogo é muito comum entre
várias etnias indígenas até hoje. Além disto, o jogo foi esportivizado em Minas Gerais,
por volta de 1940. O professor pode contar a história da peteca para seus alunos e propor
a construção de uma peteca artesanal, confeccionada com material alternativo. Depois,
pode propor exercícios e brincadeiras em duplas, trios ou quartetos.
Outra brincadeira indígena presente em algumas etnias é formar figuras com fios
ou barbante. Este jogo que também é conhecido como cama de gato, e consiste em
entrelaçar um barbante nos dedos das mãos e construir imagens que representam situações
de seu cotidiano, como: peixes, tamanduá, arria, a lua. Em 1909, um pesquisador
constatou que os Karajás sabiam formar 20 figuras diferentes com os fios. Esta é uma
brincadeira individual ou de duplas1.
1
Para saber mais, consulte: http://www.terrabrasileira.com.br/folclore/i31-jcama.html
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O jogo da onça ou adugo é praticado principalmente pelos Bororos de Mato
Grosso, mas há relatos de jogos similares em outros países, mas mudando o nome das
peças do jogo: nos países nórdicos (raposa e gansos), no Nepal (tigre e cabras), na Índia
(leopardo e vacas) e entre os Incas, no Peru (pumas e carneiros). Os indígenas jogam
riscando o “tabuleiro” no chão e as peças são sementes ou pedras. Na escola é possível
jogar no chão ou construir um tabuleiro, sendo que as peças poderão ser tampinhas de
garrafa ou pedras. As figuras abaixo mostram o tabuleiro e as peças no início do jogo.
O jogo da onça é jogado por dois jogadores, um fica com a onça e o outro com os
14 cachorros. O objetivo do jogo é fazer a onça capturar 5 cachorros. O jogador que
estiver com os cachorros deve encurralar a onça, deixando-a sem possibilidade de se
mover em qualquer parte do tabuleiro. O jogador com os cachorros não pode capturar a
onça. A movimentação das peças é similar ao jogo de damas.
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O jogador com a onça inicia a partida movendo sua peça para qualquer casa vazia.
Depois, o outro jogador deve mover qualquer uma de suas peças de cachorros para uma
casa vazia. A onça captura um cachorro quando salta sobre ele para uma casa vazia (como
no jogo de damas), em qualquer sentido e retira-se a peça do jogo. A onça pode fazer
mais de uma captura, se for possível (também como no jogo de damas), mas os cachorros
não podem capturar a onça, somente encurralar. Os jogadores alternam as jogadas até que
um dos dois vença a partida. A partida termina quando a onça captura 5 cachorros ou
quando os cachorros imobilizam a onça.
2
Disponível em: https://mirim.org/como-vivem/brincadeiras
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A brincadeira do tucunaré surgiu da observação que os peixes menores só ficavam
nas partes rasas dos rios e o peixe grande tucunaré não saia do fundo, por mais que
tentasse pegar os peixes menores, o tucunaré ia até certo ponto e depois voltava para o
fundo. O terreno do jogo é marcado por dois quadrados, um dentro do outro, com paus
enfincados no chão e barbantes amarrados que demarcam o espaço, separando o “raso”
do “fundo” do rio. No “fundo” do rio (quadrado menor) ficam quatro tucunarés que
querem pegar os peixes pequenos. No "raso" do rio (quadrado de fora) há 6 “portas” por
onde uns 8 a 10 peixinhos podem escapar dos tucunarés, que por sua vez não podem sair
pelas portas porque elas estão na parte rasa do rio.
Arco e flecha: antigamente foi muito usado para Acertar o alvo. Para associá-lo às
guerrear. Hoje é usado para caça, pesca e em culturas, os indígenas decidiram que o
alguns rituais. alvo seria o desenho de uma anta.
Prova individual masculina.
Cabo de guerra: prova para medir a força física, Competição por equipes de 10 atletas,
que entre os indígenas é de suma importância, mais dois reservas. Prova masculina e
dando o caráter de reconhecimento entre todos. feminina.
Corrida com tora: vários povos indígenas Equipe de 10 atletas corredores e mais
praticam e faz parte de certos rituais, com três reservas. Depois de um sorteio
significados sociais, religioso e esportivo. Para os prévio, duas equipes competem. As
Krahô de Tocantins, esta corrida ocorre no final toras são escolhidas pela comissão
da tarde depois que eles chegam da caça ou da organizadora, que define o número de
roça. Para os Porkahoks ela é realizada no fim do voltas no estádio e o local de largada e
luto pela morte de algum membro da comunidade. chegada.
Os Xavantes de Mato Grosso também praticam,
com duas equipes de 15 ou 20 pessoas, que correm
mais de 5km, até chegar ao centro da aldeia, onde
dançam Uwede'hore. As toras geralmente são
feitas com o buriti.
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é praticado no Yãkwai, festa espiritual realizada
durante seis meses.
Natação: a vida dos povos indígenas está sempre É uma prova de meia distância e
associada à água. Na primeira hora depois do resistência, praticada por homens e
nascimento a mãe leva seu filho para o primeiro mulheres, realizada em águas abertas e
mergulho em um rio ou lago. Grande parte da não na piscina.
recreação das crianças indígenas é na água,
atravessando os rios, mergulhando e saltando na
água. Um dos rituais dos Xavante de Mato Grosso
é dentro da água, numa cerimônia para a furação
da orelha dos adolescentes, em que mergulhados
até a altura do peito começam a bater os braços,
realizando uma coreografia aquática.
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amazônicos (Matís, Zuruahas e Kokamas) para em um tripé). Ele tem que atingir o
caçar animais e aves, por ser silenciosa e precisa. alvo com a zarabatana o maior número
de vezes possível.
Rõkrã: jogo coletivo praticado pelos Kayapó, do É uma prática parecida com o hóquei
Pará. Ele é jogado em um campo de tamanho sobre a grama, mas a bola não precisa
semelhante ao do futebol, por duas equipes de 10 entrar dentro do gol, mas ultrapassar a
ou mais atletas. Todos os jogadores usam uma linha de fundo da equipe para marcar
espécie de borduna (bastão) para rebater uma um ponto.
pequena bola (coco) que deve ultrapassar a linha
de fundo da equipe oponente para marcar um
ponto.
3
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=218
27
4. UNIDADE TEMÁTICA ESPORTES
Habilidades Objetos de 6o 7o 8o 9o
conhecimento ano ano ano ano
(EF67EF03) Experimentar e fruir esportes de marca,
precisão, invasão valorizando o trabalho coletivo e o
Esportes de
protagonismo.
marca
(EF67EF04) Praticar um ou mais esportes de marca, A C
precisão, invasão oferecidos pela escola, usando
habilidades técnico-táticas básicas e respeitando regras.
Esportes de
(EF67EF05) Planejar e utilizar estratégias para solucionar
precisão
os desafios técnicos e táticos, tanto nos esportes de marca, A C
precisão, invasão como nas modalidades esportivas
escolhidas para praticar de forma específica.
(EF69EF06) Analisar as transformações na organização e Esportes de
na prática dos esportes em suas diferentes manifestações invasão
A A A C
(profissional e comunitário/lazer).
(EF69EF07) Propor e produzir alternativas para
experimentação dos esportes não disponíveis e/ou
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acessíveis na comunidade e das demais práticas corporais Esportes de rede A A A C
tematizadas na escola. ou parede
(EF89EF01) Experimentar diferentes papéis (jogador,
árbitro e técnico) e fruir os esportes de rede/parede,
campo e taco, invasão e combate, valorizando o trabalho Esportes de
coletivo e o protagonismo. campo ou taco
A A A C
(EF89EF02) Praticar um ou mais esportes de rede/parede,
campo e taco, invasão e combate oferecidos pela escola,
usando habilidades técnico-táticas básicas.
(EF89EF03) Formular e utilizar estratégias para Esportes
solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto nos Paralímpicos
I A A C
esportes de campo e taco, rede/parede, invasão e combate
como nas modalidades esportivas escolhidas para praticar
de forma específica.
(EF89EF04) Identificar os elementos técnicos ou técnico-
táticos individuais, combinações táticas, sistemas de jogo
e regras das modalidades esportivas praticadas, bem
como diferenciar as modalidades esportivas com base nos I/A A/C
critérios da lógica interna das categorias de esporte:
rede/parede, campo e taco, invasão e combate. Doping,
corrupção,
(EF89EF05) Identificar as transformações históricas do preconceito e
fenômeno esportivo e discutir alguns de seus problemas violência nos
(doping, corrupção, violência etc.) e a forma como as esportes
mídias os apresentam.
(EF89EF06) Verificar locais disponíveis na comunidade
para a prática de esportes e das demais práticas corporais
tematizadas na escola, propondo e produzindo
alternativas para utilizá-los no tempo livre.
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questões que o professor pode fazer para os alunos: “Vocês sabem o que é um esporte de
rede ou parede? Vocês sabem me dizer algum exemplo? Alguém tem alguma ideia? ”
O professor pode perguntar então para os alunos: “E agora, vocês sabem dar outros
exemplos de esportes de rede ou parede? ” Caso não saibam, o professor cita: o voleibol,
o vôlei de praia, o voleibol sentado (paralímpico), o tênis, o tênis de mesa, o badminton,
o squash, o futevôlei, a peteca, o tamboreu, o mambol e o quimbol 4. Em seguida, o
professor pode passar no quadro negro algumas diferenças entre estes esportes de rede ou
parede, ou pedir para que os alunos façam uma pesquisa em casa e traga como tarefa para
ser corrigida na aula seguinte. No entanto, a tarefa deve estar apropriada ao nível da
turma.
Tamanho do
campo de jogo
18m x 9m 16m x 8m 10m x 6m 18m x 9m
4
Alguns destes esportes exigem equipamentos e quadra específica, e poucos jogadores participam o que
fica mais difícil para praticar nas aulas de Educação Física. Outros podem ser adaptados na escola mais
facilmente.
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Nº de jogadores
em quadra por Duplas, trios
equipe ou quartetos
6 jogadores Uma dupla 6 jogadores
Esporte de rede
Peteca Tamboreu Mambol Quimbol
ou parede
15m x 7,5m
Tamanho do (duplas)
34m x 10m 10m x 5m 18m x 9m
campo de jogo 15m x 5m
(indiv.)
1 jogador,
Nº de jogadores
1 jogador ou por duplas, trios,
em quadra por 1 jogador ou equipes quartetos ou Quartetos
equipe duplas sextetos
31
O professor pode citar estes esportes, perguntar se alguém conhece e então propor
um trabalho de pesquisa como tarefa para os alunos. Sendo que estes deverão pesquisa o
lugar e quando surgiu o esporte, qual é o tamanho do campo de jogo, o sistema de
pontuação, o número de jogadores e o objeto de jogo. Se possível explicar as regras
principais do jogo. Os alunos podem elaborar cartazes com estas informações e com fotos
e apresentar para a turma. O professor pode sugerir os sites que os alunos podem pesquisar
e inclusive links de vídeos.
Depois de fazer esta abordagem geral dos esportes de rede ou parede, o professor
pode especificar uma modalidade que será estudada pela turma, como por exemplo, o
voleibol. O professor pode fazer o levantamento de conhecimentos da turma: “Quem
conhece o esporte voleibol? Como se joga? Como que é o campo de jogo? Quantos
jogadores têm em cada equipe? Quais são os equipamentos necessários para a prática do
jogo? Alguém já viu um jogo de futebol na TV? Vocês conhecem alguma equipe de
voleibol profissional?”
Fonte: Wikipédia
32
No entanto, o professor deve deixar claro para os alunos que uma coisa é o esporte
oficial, com suas regras e normas, outra é o esporte praticado no contexto do lazer ou o
esporte no contexto da escola que podem ter as regras adaptadas para ser mais prazeroso
e incluir um maior número de pessoas.
33
Figura – outra forma de exercício de fundamento de passe
Cabe notar que este exercício e o anterior podem ser desenvolvidos em outros
esportes como o basquetebol, o handebol, o futsal.
34
Depois o professor pode realizar a prática do jogo, sendo que as equipes podem
ter jogadores reservas que entrarão em quadra sempre que sua equipe rodar. Quando a
equipe fizer um ponto e roda, o jogado da posição 2 que ia para o saque na posição 1, sai
de quadra e dá o lugar para o próximo reserva, que entra na posição de quem vai sacar. O
jogador que saiu de quadra vai para o último lugar na fila de jogadores reservas e aguarda
sua vez de entrar novamente. Pode ser que isto não seja necessário, vai depender de
quantos alunos tem na aula e em cada equipe.
Na prática do jogo propriamente dito, o professor pode fazer adaptações nas regras
oficiais para deixar o jogo mais adequado para o contexto escolar e para o nível de
desenvolvimento dos alunos. Por exemplo, a duração da partida será de um set de 10
pontos. Adaptar a distância do saque para mais perto da rede, mas à medida que o aluno
vai conseguindo sacar corretamente o professor pede para ele ir se afastando cada vez
mais até que consiga realizar o saque no fundo da quadra. O toque e a manchete no 6o ano
não precisa ser perfeito, mas com a prática do jogo os alunos podem ir melhorando, além
disto, em algumas situações de saque incorreto o professor pode dar uma segunda chance
para os alunos que sacaram errado. Além disto, durante a supervisão da prática o professor
pode fazer pausas para corrigir os alunos, individual ou coletivamente.
Com a turma do 6o ano, permitir que além dos três toques que cada equipe pode
dar antes de passar a bola para o outro lado da rede, que a bola pode dar até três quiques
no solo, não consecutivos, sem perder a posse da bola. Se a equipe ganha o jogo assim,
na próxima partida tira o direito de um quique, se ganha novamente, deixa somente um
quique e se ganhar mais uma vez a equipe terá que jogar sem direito a quique nenhum.
Ao longo dos anos do Ensino Fundamental esta mesma lógica pode ser aplicada, sendo
que ao chegar ao 9o ano, os alunos devem jogar o vôlei, sem nenhum direito ao quique da
bola no chão.
35
Nas aulas seguintes, o professor também pode propor outras variações do voleibol,
como por exemplo, propondo um jogo de futevôlei ou fut-tênis com a rede mais baixa,
mas jogado com os pés, sendo que cada equipe tem o direito de tocar na bola três vezes
antes de passar para o outro lado. As regras podem ser flexíveis, por exemplo, o saque
tem que ser com o pé, a recepção com manchete ou toque e o passe final para o outro lado
tem que ser obrigatoriamente com o pé. Outra possibilidade interessante é apresentar e
vivenciar o esporte paralímpico de voleibol sentado, isto permitirá que os alunos
vivenciem as limitações e se coloquem no lugar das pessoas com deficiência, num
exercício de alteridade.
36
No caso do atletismo, nas corridas, saltos e arremessos é interessante organizar
provas coletivas, buscando formar equipes equilibradas (quanto ao gênero e nível de
habilidade), ao invés de provas individuais. O professor pode dividir a turma em três ou
quatro equipes mistas que terão seus pontos somados para vencer a prova (no caso de
saltos ou arremessos) e nas corridas de revezamento é interessante dar um tempo antes da
prova para que as equipes façam uma reunião para definir as estratégias de corrida (ordem
na fila dos corredores, quem corre primeiro, quem corre por último, etc.).
PLANO DE AULA
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violência no futebol, seja entre jogadores ou contra o juiz e também entre as torcidas
organizadas.
- Prática 1: o professor divide a turma em quatro grupos. Cada grupo vai ter como
tarefa pesquisar na internet, nos jornais ou em outras fontes de informação, situações ou
casos de preconceito no futebol: grupo 1 (racismo); grupo 2 (sexismo ou preconceito
contra mulheres); grupo 3 (homofobia ou preconceito contra gays); grupo 4 (violência no
futebol). Caso tenha laboratório de informática, tablets ou celulares com acesso à Internet
a pesquisa pode ser no horário de aula, se não tiver, fica como tarefa de casa.
- Prática 2: cada grupo terá que elaborar uma dramatização sobre seu tema para a
turma toda, mas que tenha uma mensagem final contra o preconceito e a violência no
futebol e no esporte de uma maneira geral e também na sociedade. Os alunos podem
planejar a dramatização com a ajuda do professor, que deve supervisionar o trabalho.
Depois que os alunos tiverem uma ideia de como será a dramatização, eles começam os
ensaios.
- Prática 3: cada grupo faz uma apresentação da sua dramatização para a turma
toda. O professor pode pedir a permissão para gravar as apresentações com o celular para
depois exibir para a turma toda. Uma outra possibilidade é de cada grupo gravar no
telefone celular a sua dramatização e depois apresentar a gravação do vídeo para a turma
toda.
38
- Roda de conversa final: depois das apresentações das dramatizações o professor e os
alunos refletem sobre os aprendizados em termos de objeto de conhecimento,
conhecimentos e valores da não violência e do respeito as diferenças, seja no futebol
profissional, nos outros esportes, como também na sociedade e na escola.
39
Felizmente, nos dias atuais existem inúmeras possibilidades de reverter este
quadro, dentre eles, é possível citar: a busca por formação continuada presencial (aulas,
cursos, palestras, seminários, oficinas, etc.) ou mesmo, pesquisas e/ou estudos presenciais
ou online (como vídeo-aulas de manifestações dançantes e acesso ao YouTube por
exemplo), para se apropriarem dessa temática, a dança, e deste modo evitarem a
negligência/ inexistência total de tais vivências nas aulas de Educação Física Escolar.
Esta temática, a dança, é uma das práticas corporais que tem sido apresentada nos
currículos nacionais, inclusive na Base Nacional Comum Curricular e no Documento de
Referência Curricular para Mato Grosso, não só na disciplina de Educação Física como
também na de Arte. No documento anterior à BNCC, os PCN’S, ela estava associada às
Atividades Rítmicas e Expressivas, que continha dentre outras atividades, as brincadeiras
cantadas, brincadeiras de roda e a mímica.
Vale notar que “a dança é tão antiga como a própria vida humana. Nasceu na
expressão das emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do homem
com a natureza. ” (BREGOLATO, 2006, p. 73). A dança é uma das expressões artísticas
mais antigas e que ao longo dos tempos tem sofrido grandes transformações. Na
antiguidade, por exemplo, o homem primitivo valia-se dos movimentos e dos gestos
rudimentares para representar emoções. Bregolato (2006) nos apresenta que a dança tinha
muita importância na vida do homem primitivo, porque estava inserida em praticamente
todos os acontecimentos de sua vida, desde o nascimento até sua morte.
40
Portanto, a dança é uma das práticas corporais que vem acompanhando a evolução
da humanidade. Deste modo, a dança tem disseminado várias culturas, dando sentido e
significado à várias manifestações da humanidade ao longo do tempo.
Habilidades Objetos de 6o 7o 8o 9o
conhecimento ano ano ano ano
41
danças de salão. Danças I/A A/C
circulares
(EF89EF14) Discutir estereótipos e preconceitos relativos às
danças de salão e demais práticas corporais e propor
alternativas para sua superação.
Ano 6º e 7 º ano
Unidade
Dança
Temática
42
Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos
povos e grupos.
Fonte :
https://novaescolaproducao.s3.amazonaws.com/tht8YfdvCMkkAbnGMVss7ph8N5RzDNK3Jf3ykKjC2q
Vf8ujNCeYPYkqZ2ecg/educacao-fisica-danca-2-ne271.jpeg
43
Figura 2 – Mascarados de Poconé - MT Figura 3 – Chorado de Vila Bela – MT
http://www.mt.gov.br/documents/21013/152960/291021+-
+MKT_3064-3/d9b1315d-4120-4053-b873- https://s2.glbimg.com/QY93UuubqN86XKlH6FKBWtItMC8=/810x45
b9a273d6734c?t=1442765885561 6/top/smart/s.glbimg.com/jo/g1/f/
original/2016/03/18/dancavilabela1700.jpg.jpg
Figura 5 – Siriri
Fonte: https://10festivalcururusiriri.files.wordpress.com/2011/10/incluart_reduzida3.jpg
Viola de Banda
Cocho, mocho Municipal
Principais Viola de (tamboril) e Atualmente composta por
Instrumentos Cocho e Ganzá Ganzá instrumentos vários
variados Tambores e canto
instrumentos
44
Todos os
dançarinos
são homens e
Cunho Por ser alegre e Dançado em dançam Apenas mulheres;
religioso; festivo; é um casais; mascarados.
Característic originalmente dos ritmos Às vezes, dançam
as específicas Os de equilibrando uma
manifestado regionais mais vestuário
em frente a trabalhado nas garrafa de bebida
masculino são na cabeça.
altares nas escolas os “galãs” e o
festas de santo femininos são
as “damas”.
Outra possibilidade de intervenção deste conteúdo nos anos finais, seria propor a
elaboração de um breve texto descritivo, abordando as manifestações dançantes
apresentadas, o que chamou atenção, o que gostou ou não gostou, se achou bonito, etc.
45
A dança criativa seria propor vivências, fazendo uso de músicas, movimentos
corporais diversos, atividades de expressão corporal e facial, buscando diminuir a
timidez, melhorar a expressão e a interação entre os participantes. Essas atividades podem
ser introduzidas aos poucos, de forma gradativa e lúdica. Foi possível verificar que uma
das formas de inserir esta proposta é iniciar as atividades de alongamento corporal ao som
de música por exemplo.
Por não requerer técnicas e movimentos específicos, pode ser utilizada em todos
os anos finais, variando apenas o grau de exigência e complexidade das atividades
propostas.
Após a apresentação individual, agora todos do grupo (do circulo) irão reproduzir
o nome e movimento de cada um dos alunos simultaneamente; o participante
poderá repetir ou alterar o movimento que usou e após demonstrar, todos do grupo
reproduzem.
46
“Trenzinho imitador” ou “Siga o Mestre”: as duas atividades são semelhantes.
Escolher uma música bem animada e todos em fila indiana devem seguir os
movimentos propostos pelo “maquinista”, o primeiro da fila. O maquinista deve
se deslocar pelo espaço realizando qualquer movimento, com qualquer parte do
corpo, todos os outros devem reproduzir este movimento; ao sinal do professor, o
1º da fila vai para o final da fila e a pessoa seguinte passa a ser o maquinista. A
atividade termina quando todos da fila passarem pela posição de maquinista.
Espelho: o grupo se divide em duplas por afinidade; Definem entre si quem será
o número 1 e 2; O professor explica a atividade: ao som de uma música, tudo que
o número 1 da dupla fizer, o 2 deverá reproduzir , será o “espelho” do número 1.
Quanto mais movimento melhor, após alguns segundos, o professor solicita que
as ações sejam invertidas ( o número 1 passa a ser o espelho do 2).
Escultura: o grupo se divide em duplas por afinidade; definem entre si quem será
o número 1 e 2; O número 1 será a “argila” e o 2 o “escultor”, ao som de uma
música agradável, o escultor deverá modelar sua estátua de argila, após alguns
segundos de manipulação da escultura, o professor sinaliza que será iniciada a
exposição e todos os escultores poderão circular pelo espaço e apreciarem as obras
de arte dos outros artistas (que não devem ser tocadas pelos visitantes). Ao sinal
do professor, as posições da dupla serão invertidas.
Imagens com expressões: o professor leva para a sala de aula, várias imagens
(figuras) de expressões de alegria, tristeza, raiva, etc., ou atividades humanas
dirigindo, dançando, etc. Divide a sala em pequenos grupos, que deverão escolher
uma das figuras distribuídas no centro e o grupo deve tentar reproduzir a imagem
47
proposta. Depois de um tempo, os grupos apresentarão o que construíram para os
colegas.
Após a realização das atividades propostas o grupo estará mais à vontade para
realizar praticas dançantes de baixa complexidade. Sugerimos a prática de “passos
instrumentais”, movimentos de dança simples, ensinados pelo professor e executados
individualmente pelos alunos. A partir desses passos poderão ser “construídos” outros
movimentos e sequências coreográficas. A seleção das músicas é primordial, pois devem
possuir pulsação forte e que facilitem a identificação do ritmo por parte dos alunos. Após
a vivência de alguns passos e a repetição no ritmo da música, propor que os alunos façam
a junção dos movimentos aprendidos em uma sequência coreográfica simples realizada
em pequenos grupos.
Após a prática dos passos acima no ritmo da música, pode sugerir o acréscimo de
movimentação de outras partes do corpo. Por exemplo: Passo lateral com movimentação
de ombros, bater palma ao final do giro.
Unidade Dança
Temática
Objeto de
Danças urbanas
Conhecimento
49
Assim, o professor de Educação Física da escola X, teve como proposta no projeto
trabalhar com a unidade temática dança. Visando ao protagonismo e à autoria do aluno
frente à construção do conhecimento, o professor fez um mapeamento sobre possíveis
saberes dos alunos relacionados à dança, quais tipos/estilos de danças os alunos mais
gostam ou conhecem, e verificar também, quais estilos de danças que eles conhecem são
de origem africana ou tiveram alguma influência africana. No caso da escola X, após
discussões sobre o mapeamento relacionando as danças de origem e/ou de influência
africanas em conjunto, os professores decidiram tematizar a dança funk.
Apesar que o estilo musical funk ter surgido norte nos Estados Unidos, ele é
permeado de influência de músicos afro-americanos, que fizeram uma mistura do jazz,
soul e o blues, e ao longo do tempo criaram uma nova forma de música rítmica e dançante.
O funk ainda não é bem visto por alguns grupos sociais, no entanto para muitos
alunos do ensino fundamental bem como os do ensino médio, é um dos ritmos mais
apreciados. É comum vê-los nos espaços da escola dançando e cantando esse ritmo.
Essa manifestação da cultura corporal iniciou na região sudeste - São Paulo e Rio
de Janeiro - entrando no gosto dos jovens Brasil a fora a partir do início do século 21 e
hoje é reconhecido mundialmente como um ritmo brasileiro. Mas para trabalhar com essa
temática, é importante que o professor de Educação Física da escola X juntamente com
as turmas não foque apenas no ritmo do funk, mas nas possibilidades de se dançá-lo.
Ao reconhecer que o funk é uma das manifestações mais cantada e dançada pelos
alunos, esta temática irá contribuir muito para o enriquecimento, valorização e
contextualização dessa manifestação cultural, bem como sua simbologia, suas
representações, seus praticantes e suas identidades. E essa manifestação cultural corre
um forte risco de ser proibida no país visto que em 2017 houve uma audiência pública
realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a
respeito da medida de ementa que faz Sugestão Legislativa 17, que tramitou no senado
que queria tornar o funk um crime de saúde pública. Os autores dessa medida alcançaram
quase 22 mil assinaturas acusando que os bailes realizados na periferia eram um
recrutamento de criminosos, pedófilos e estupradores. Porém, essa ementa foi rejeitada
pela Comissão em decisão terminativa (art. 91, § 5º, do RISF).
50
Imagem – publicada em 23 de junho de 2017 -
https://www.buzzfeed.com/raphaelevangelista/uma-proposta-para-criminalizar-o-funk-chamou-a-atencao-
no
Após pesquisas sobre o tema, conversas com outros professores, gestão e com os
alunos as aulas de Educação Física sobre a dança funk tem a proposta de acontecer da
seguinte forma: Depois de delimitado o tema, ampliar os conhecimentos dos alunos a
partir do funk, conhecendo e compreendendo seu processo de transformação e
reconhecimento da história do negro no Brasil (esse assunto pode ser trabalhado com o
professor de História). O professor de Educação Física pode começar um mapeamento
sobre o que os alunos conhecem sobre a temática, em seguida perguntar sobre o tema: O
que é funk? O que conhecem a respeito do Funk? Alguém sabe dançar, tocar algum
instrumento? Perguntar se gostavam de funk, quais músicas, compositores, cantores,
grupos conheciam
Primeiramente o professor poderá trazer para discussão com a turma sobre quais
práticas corporais já sofreram muitas críticas e preconceito por parte do grupo social que
o pratica e até mesmo pelo local em que essas manifestações foram criadas. O professor
poderá citar como exemplo: o RAP, o samba e até mesmo algumas manifestações da sua
região ou de sua localidade. Mostrar que essas práticas corporais já sofreram muita
discriminação e crítica, e que o funk atualmente é o grande protagonista dessa condição.
51
Após a identificação de algumas danças que sofreram críticas na sociedade
brasileira, no segundo momento o professor poderá trazer as danças discutidas no
primeiro momento com o propósito de fazer uma leitura mais crítica e reflexiva sobre
essas práticas corporais, e como ela acontecem em outros locais do nosso país. Nesse
momento é interessante que o professor proponha aos alunos dançar esses ritmos,
podendo dividir em grupos e cada um escolher uma das danças discutidas nas aulas para
que eles dancem e pesquisem mais sobre elas. Outra atividade que pode ser proposta aos
alunos é criar coreografias do Funk em diferentes épocas (no quadro abaixo tem um
exemplo desta proposta). É importante que o professor faça com que os alunos
compreendam o que é dançar e que passem a construir suas próprias formas de dançar,
tentando fazer com que eles rompam com a reprodução de movimentos e de coreografias
prontas.
No próximo momento ou aula, como sugestão o professor5 pode trazer para aula
algumas letras de músicas dos variados ritmos e estilo de funk. O professor poderá trazer
uma 3 ou 4 músicas (é interessante trazer ritmos e estilo de música funk diferente uma da
outra), ou pode pedir que os alunos tragam algumas letras que eles mais gostam de dançar
ou cantar referente ao funk. Obs.: Ao propor que os alunos tragam as letras de músicas
funk, solicite a eles que apresentem a letra ao professor antes do dia da apresentação,
5
Esta aula pode ser sugerida para os professores de Língua Portuguesa trabalharem com os alunos, um
trabalho interdisciplinar.
52
principalmente porque muitas letras não são apropriadas para menores e tampouco para
o ambiente escolar.
O funk na
sala de
Rosilene Maria https://www.escrevendoofuturo.org.br/arquivos/5491/ok-
aula:
Nascimento textosseminarios-09dez2015-texto-22-funk2-ok.pdf
quebrando
paradigmas
Na aula seguinte o professor de Educação Física poderá propor que turma trabalhe
sobre: a origem e o processo histórico do funk; quebrar alguns paradigmas sobre o funk;
as vestimentas e trajes; quem são os representantes, suas identidades7, dentre outros. O
6
Música gospel com ritmo de funk: O crime não presta de MC Yuri, UNK GOSPEL 2017 - Felipe Brito e Dj
Robinho de Jesus Só Quem é Cristão...
7
Para contribuir na pesquisa do professor sobre as representações e identidades, relação de poder sobre
alguns grupos sociais em detrimento de outro, leiam a pesquisa do autor Vanderlei Cristo Mendonça: A
53
funk está visivelmente presente em qualquer grupo social, e não é mais vista, tocada ou
dançada apenas nos bairros periféricos. No entanto, os funkeiros, a dança e suas músicas
ainda são vistos de forma negativa, associados à pobreza, à violência; e o
‘‘comportamento dos funkeiros à uma representação de um habitus precário, isto é, a
comportamentos, gostos e valores que reproduzem a pobreza, já que não seriam os
adequados para quem quer “vencer na vida”. MENDONÇA (2011).
http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundament
al-1/o-funk-%E2%80%A8na-escola/
O funk na escola Marcos Garcia Neira
http://www.gpef.fe.usp.br/index.php/gpef-na-midia/
identidade funkeira e a luta contra a incriminação e discriminação da juventude pobre a partir do funk.
http://periodicos.ufes.br/SNPGCS/article/viewFile/1495/1089
54
6. UNIDADE TEMÁTICA GINÁSTICA
No entanto, a ginástica está inserida como unidade temática na BNCC, bem como,
no Documento Curricular de Referência para Mato Grosso e por este motivo não deve ser
negligenciada nas práticas escolares.
56
demanda internacional, a Ginástica Geral teve sua nomenclatura alterada para
Ginástica para Todos ou GPT.
Objetos de 6o 7o 8o 9o
Habilidades
conhecimento ano ano ano ano
57
procedimentos de segurança.
58
Assunto/Texto Autor/Revista Fonte
O UNIVERSO DA Profª. Drª. Elizabeth SOUZA, Elizabeth Paoliello Machado de. Ginástica
GINÁSTICA Paoliello Grupo de Pesquisa Geral: uma área de conhecimento da Educação
em Ginástica Geral – FEF - Física. 1997.163f.Tese (Doutorado em Educação
UNICAMP Física) – Faculdade de Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas. Campinas,
1997.
http://www.ggu.com.br/
http://www.ggu.com.br/
Capítulo III: Música e Roseli Aparecida Bregolato BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal
Coreografia da ginástica: livro do professor e do aluno/ São
Paulo: Ícone, 2006.
60
Figura 5 – Conteúdos da Ginástica Geral
Fonte: https://www.efdeportes.com/efd134/oficin3.jpg
Ginástica Artística: avião, vela, estrela, rolamento, peão, espacate, ponte, etc. De
acordo com o interesse e características do grupo.
61
Figura 5 – Ginástica Geral Figura 6 – Hope Skipping
Fonte :http://s2.glbimg.com/LnBbkdmuHlumnfSXJx2Kw5dPqS4 Fonte : https://www.sescsp.org.br/files/programacao/d2fb2ae6-
=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2015/11/06/ginastica.jpg d27a-4ebb-be82-ec50e6c67a86.jpg
Fonte : https://annunziatta.files.wordpress.com/2014/08/cropped-foto0062.jpg
Uma outra opção, sugerida para os anos finais do ensino fundamental, após a
vivência de algumas modalidades de ginástica, seria interessante apontar a temática sob
o ponto de vista da valorização e aprofundamento dos conhecimentos e saberes que são
praticados em seu bairro e em seu município. Portanto, o professor pode propor a turma
uma pesquisa utilizando algumas ferramentas de registro como: caderno de campo, fotos
e sobre as atividades de ginásticas praticadas em nossa cidade.
63
A pesquisa pode ser em duplas, trios ou pequenos grupos, o professor, juntamente
com os alunos, poderá fazer um roteiro de perguntas para nortear a atividade como: Que
tipo de ginástica praticam? Por que fazem neste local? Realizam sozinhos ou em grupo?
Onde aprenderam os exercícios? Tem alguém para orientar? Entrevistar alguns
praticantes de ginástica quanto ao seu objetivo em fazer ginástica. Questionar se podem
filmar ou fotografar algum exercício.
Figura 9 – Ginástica
Fonte:http://agencia.sorocaba.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/05/2016-05-09-ce-brigtobiasginastica-no-
parque-dia-das-mes-ft-roberto-menna-170-15.jpg
Outro ponto que poderá ser aproveitado seria a reflexão e troca de ideias sobre os
objetivos das pessoas em fazer ginástica. Poderão ser abordados inúmeros temas como:
finalidade estética, saúde e/ou lazer; conhecer e interagir com pessoas; para
condicionamento físico; para trabalho; para competir em campeonatos, como no
fisiculturismo e inúmeros outros temas.
64
O professor também pode levar a turma em alguma academia ou parque onde
ocorram estas atividades para que eles possam vivenciar alguma dessas práticas
pesquisada por eles e discutidas em sala. Ou até mesmo, poderá escolher alguns tipos de
ginástica que se enquadra nestes estilos de ginástica e trabalhar na quadra com os alunos.
A escola pode desempenhar a função de demonstrar aos alunos uma análise mais
crítica e reflexiva sobre a formulação dessas representações, indagando e mediando o
processo de construção dos diferentes significados, para que os alunos possam estar
preparados para compreender a vida e saber se posicionar diante dela. Segundo Neira e
Nunes (2009a), isso só é possível “se essas expressões corporais forem vistas como uma
linguagem, um patrimônio da humanidade, consequentemente será passível de leitura e
significação, releituras e ressignificações, afinal, a linguagem corporal constitui um
texto”.
65
7. UNIDADE TEMÁTICA LUTAS
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSM54HZlaYDRBWaUMSVFnF0LvtrDZRb1zOcU1kdgxrIOhROLdAebQ
Habilidades Objetos de 6o 7o 8o 9o
conhecimento ano ano ano ano
a) a compreensão histórica das lutas no Brasil, no que diz respeito a quais são as
modalidades típicas brasileiras, quais foram introduzidas no país ao longo dos anos e
como elas se manifestam nos dias de hoje;
b) a identificação das regras e normas de segurança para a prática das lutas, visto
que grande parte das lutas pressupõem contato físico entre os praticantes;
https://blogeducacaofisica.com.br/tudo-sobre-esportes-radicais/
68
Temática relativamente nova, as práticas corporais de aventura urbana exploram
formas de experimentação corporal em ambientes urbanos, centradas em perícias e
proezas provocadas pelas situações de imprevisibilidade que se apresentam quando o
praticante interage com um ambiente desafiador. Valorizar a própria integridade física e
as dos demais significa reconhecer que, como as práticas corporais de aventura não
possuem regras ou normas de conduta, os participantes devem utilizar os conhecimentos
sobre si, sobre os materiais a serem utilizados e sobre o ambiente no qual irão se
movimentar para criar suas próprias práticas, tomando cuidado com o bem-estar de todos.
Por exemplo, durante uma prática de skate, os alunos que não têm contato com o
equipamento devem procurar formas de práticas seguras, como andar inicialmente
sentados, apoiando na parede ou com o auxílio dos colegas.
Habilidades Objetos de 6o 7o 8o 9o
conhecimento ano ano ano ano
69
de aventura e as possibilidades de recriá-las,
reconhecendo as características (instrumentos,
equipamentos de segurança, indumentária, organização)
e seus tipos de práticas.
(EF89EF19) Experimentar e fruir diferentes práticas
corporais de aventura na natureza, valorizando a própria
segurança e integridade física, bem como as dos demais,
respeitando o patrimônio natural e minimizando os
impactos de degradação ambiental.
(EF89EF20) Identificar riscos, formular estratégias e
observar normas de segurança para superar os desafios Práticas
na realização de práticas corporais de aventura na corporais de I/A A/C
natureza. aventura na
(EF89EF21) Identificar as características natureza
(equipamentos de segurança, instrumentos,
indumentária, organização) das práticas corporais de
aventura na natureza, bem como suas transformações
históricas.
(EF89EF21.1MT) Discutir as transformações
históricas nos padrões de desempenho, saúde e
beleza, considerando a forma como são apresentados
nos diferentes meios (científico, midiático, etc.).
(EF89EF21.2MT) Problematizar a prática excessiva
de exercícios físicos e o uso de medicamentos para Transformaçõe
ampliação do rendimento ou potencialização das s nos padrões I/A A/C
transformações corporais. de beleza e de
saúde
(EF89EF21.3MT) Compreender os diversos
paradigmas contemporâneos do ser humano e sua
corporeidade, a partir das discussões sobre as
questões da saúde, do lazer e do exercício físico,
oportunizando a formação de hábitos e estilos de
vida saudáveis.
Saúde e
qualidade de I A C
vida
72
9. A INCLUSÃO DOS ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQlFTEg2f197ffG3_0Lm4ViW_WUvJ5R1ouRXBYrmszOwmmTed76Tg
Nesta parte serão abordadas algumas dicas e sugestões didáticas no que se refere a
inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física, ou seja, alunos com
deficiência auditiva (surdos), visual (cegos), física, mental ou deficiências múltiplas. No
entanto, existem diferentes gradações para cada deficiência e aos poucos o professor vai
conhecendo melhor seus alunos, seus limites e possibilidades. Para isto, é importante
também que o professor converse com outros professores e com os pais ou responsáveis
pelos alunos com deficiência.
Segundo Diehl (2008), no caso de turmas com alunos surdos, na arbitragem dos
jogos o apito deve ser substituído por bandeira. O terreno de jogo pode ser demarcado
com materiais (por ex. cones) que auxiliem visualmente a delimitação do espaço. Alguns
alunos usam próteses auditivas, mas nas práticas corporais de contato o professor precisa
pedir para que os alunos tirem, pois, seu uso durante a atividade pode causar lesões ou
pode ser danificado. Se o estudante quiser permanecer com o aparelho, o professor deve
pedir para que ele tome cuidado.
73
Em relação as unidades temáticas, os jogos precisam ser visualmente
interessantes, utilizando-se cores, materiais de diferentes tamanhos e formas e com
disposição variada que chamem a atenção dos participantes. Os grupos não devem ser
muito grandes, no caso de estafetas o ideal é que cada coluna tenha poucos participantes
para que os estudantes não tenham que aguardar por muito tempo. Nas atividades de
dança e expressão corporal, o ideal é que tenha pouco acompanhamento musical e que
sejam exploradas diferentes técnicas corporais, com ou sem o uso de materiais. Os jogos
de imitação são importantes para estimular a expressão corporal. Além disto, o uso de
filmagem das atividades (até mesmo com telefones celulares) pode auxiliar na avaliação
com a turma, pois os alunos podem assistir depois e isto auxilia no aprendizado das
técnicas do esporte ou da ginástica e da dança (DIEHL, 2008).
Nos casos de alunos cegos ou com baixa visão, as atividades devem ser explicadas
de maneira clara e objetiva. Neste momento o professor não deve mudar de local para que
os alunos saibam de onde está vindo a informação. As informações podem ser
complementadas com o uso do tato, mas sempre buscando oferecer uma melhor
percepção do espaço utilizado e à forma de auxílio prestado. Além disto, as atividades
propostas devem ser realizadas em locais que facilite sua execução, sem interferência de
sons externos. O uso de cordas (presas no chão ou suspensas) ou fitas em alto relevo pode
ajudar a delimitar o espaço ou o caminho percorrido. Outro recurso importante é o uso ou
adaptação de instrumentos sonoros nas aulas (bolas com guizos8, pandeiros, chocalhos
etc.) para dar maior direção ao grupo, sobretudo para os alunos cegos ou com baixa visão
(DIEHL, 2008).
8
Uma forma de adaptar a bola com guizo é colocar a bola dentro de uma sacola de plástico e amarrar. Ao
rolar no chão a bola fará barulho e chamará a atenção dos alunos com deficiência visual.
74
deixar de praticá-lo ou entender a forma que é jogado. Outros já são mais indicados, por
exemplo o goalball, a natação, o atletismo, a ginástica olímpica, o futsal (DIEHL, 2008).
É importante frisar que as pessoas com deficiência mental não têm um único perfil
comportamental, pois estas receberam e recebem diferentes estímulos e valores morais e
educativos. Por isso, o ideal é que o professor conheça o histórico de cada aluno para
personalizar a aula ou adaptar as atividades para adequá-las para todos. É preciso levar
em conta que eles podem apresentar dificuldades de abstração e no entendimento das
tarefas propostas, por exemplo, as regras e estratégias de jogo. Por isto é importante
checar se todos entenderam o que foi proposto e o professor pode demonstrar a sequência
da tarefa ou do jogo e estimular o aluno para que realize a atividade (DIEHL, 2008).
Segundo esta autora, quando o professor realizar uma aula com jogos mais
complexos, é importante começar com as regras mais simples e ir introduzindo as outras
regras aos poucos. Além disto, alguns alunos com deficiência mental podem ter
comprometimentos no desenvolvimento motor. Assim, nas aulas o professor deve
contemplar atividades simples para que estes alunos consigam realizar e participar.
Também é importante que o professor incentive os alunos com deficiência mental e
parabenize-os pela realização das tarefas, comemorando com ele o sucesso alcançado.
Diehl (2008) também observa que alguns alunos com deficiência mental podem
apresentar instabilidade emocional e ficar emburrados ou teimar, mas o professor deve
conversar com eles fazendo com que eles entendam a situação e se ele não compreender,
deixe-o sozinho e quando se acalmar ele pode voltar a participar como se nada tivesse
ocorrido.
No caso das pessoas com lesão no SNC (Sistema Nervoso Central), o sistema
motor e sensorial é afetado, ocasionando distúrbios nos movimentos. Assim, as atividades
recreativas e esportivas adaptadas devem ser oferecidas, sobretudo aquelas de consciência
corporal, de lateralidade, de orientação espacial e de equilíbrio. Cabe notar que elas
podem apresentar perda de equilíbrio, mas as atividades que desenvolvem esta habilidade
devem ser utilizadas. As atividades aquáticas são de grande importância para estas
pessoas, sendo que elas poderão desenvolver autonomia na locomoção no meio líquido,
auxiliadas por flutuadores ou pranchas. Além disto, estas pessoas têm melhores resultados
nas atividades de motricidade ampla do que na motricidade fina, mas as duas podem ser
trabalhadas.
Outro aspecto que merece destaque é que as pessoas com lesão no SNC
apresentam muitas vezes comprometimento da fala, com a comunicação um pouco
truncada, o que requer paciência do professor. No caso de pessoas com paraplergia,
cadeirantes ou não, recomenda-se alongamentos de toda a musculatura, mesmo a afetada.
Os músculos superiores são sobrecarregados durante a locomoção em cadeira de rodas,
por isto o reforço da musculatura do tronco e de equilíbrio do tronco, como pegar uma
bola afastada do corpo, são importantes (DIEHL, 2008).
76
se deve esperar que um cadeirante faça tudo aquilo que é proposto em um dia, pois ele
tem receios (inclusive de cair da cadeira de rodas) e ele precisa perceber que tem o apoio
do professor. Por isso, é bom iniciar com tarefas que ele é capaz de fazer e aumente
gradativamente o grau de exigência. Depois que ele estiver bem treinado, ele se sentirá
mais seguro, inclusive se acontecer uma queda, ele estará preparado para não a considerar
grave, conseguindo subir na cadeira com mais habilidade.
Além disto, tal como consta no documento curricular de Mato Grosso, foi sugerido
que na unidade temática esportes seja abordado com os alunos os esportes adaptados que
fazem parte dos Jogos Paralímpicos: Voleibol sentado, futebol para cegos, goalball,
bocha adaptada, etc. A vivência destes esportes pela turma toda pode promover um
exercício de alteridade e incluir mais os alunos com deficiência nas aulas de Educação
Física11.
9
https://institutorodrigomendes.org.br/portas-abertas/relatorios/coletanea2016/ ou
https://institutorodrigomendes.org.br/portas-abertas/files/coletanea-de-praticas-2016.pdf
10
https://institutorodrigomendes.org.br/instituto-rodrigo-mendes-lanca-curso-online-gratuito-
educacao-fisica-inclusiva/
11
Ver também a reportagem do programa de TV Fantástico que abordou um grupo de dança gaúcha que
colocou os dançarinos para dançar todos vendados:
https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/11/25/dancarinos-de-grupo-gaucho-se-apresentam-
totalmente-vendados.ghtml
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10. A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
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Alguns autores consideram a avaliação uma das tarefas mais difíceis nas quais os
professores de Educação Física tiveram que enfrentar no decorrer das últimas décadas
(LÓPEZ-PASTOR et al., 2013; PALMA, OLIVEIRA e PALMA, 2008; LENTILLON-
KAESTER, 2008). Bem que os currículos sejam cada vez mais precisos, os professores
frequentemente devem construir por eles mesmas grades de avaliação e a escolha de
padrões de desempenho pode ser problemática. Segundo Lentillon-Kaester (2008),
diferentes pesquisas mostraram que existe uma grande dificuldade quanto à
implementação de uma avaliação objetiva com a definição e aplicação de critérios de
avaliação padronizados. Neste sentido, para construir classificações coerentes não é
suficiente dar uma escala de notas, é preciso ter uma representação das performances
esperadas dos alunos.
12) Quais aspectos do meu comportamento eu deveria melhorar nas próximas aulas?
Eu participei de todas as 4 3 2 1
atividades sem que o professor me
pedisse
Fonte: Doolittle e Fay (2002 apud. MÉNDEZ GIMÉNEZ, 2005)
80
Cumpro as regras do jogo
É importante notar que a geração de alunos que está na escola atualmente é muito
atraída pelas novas tecnologias. Neste sentido, quando possível, os vídeos-game
“exergaming”12 ou “fitness game” como o X-Box e o Nintendo Wii, que são igualmente
uma forma de exercício, podem ser um recurso interessante à ser explorado nas aulas e
na avaliação. O professor pode dividir a turma em subgrupos e promover uma competição
com os “exergamings”. Hoje, estes vídeos-games dispõem de uma grande variedade de
práticas virtuais de esportes, de danças, de lutas. Na intervenção pedagógica, o
desempenho de cada aluno será pontuado para sua equipe. O professor pode também
compara a progressão de cada grupo ou de cada aluno no decorrer de duas ou três aulas
práticas.
Em resumo, nós concordamos com Hay (2006), que defende que a avaliação em
educação física deve considerar o movimento dos alunos e captar os processos cognitivos,
psicomotores e do domínio afetivo implicados na performance nas práticas corporais. Nós
sabemos que o trabalho docente é complexo e frequentemente os professores estão
sobrecarregados em função das múltiplas turmas de alunos que eles devem assumir nas
suas tarefas de ensino. Apensar disto, nós acreditamos que é possível promover inovações
e experimentar novas abordagens de ensino e de avaliação, como começar escolhendo
uma ou duas turmas de alunos para realizar os procedimentos de avaliação alternativos.
12
“Exergaming se apoia na tecnologia que segue o movimento ou a reação do corpo. O gênero foi criado
para derrubar o estereotipo do videogame como uma atividade sedentária, e para a promoção de um
modo de vida ativo” (Fonte: Wikipédia : https://en.wikipedia.org/wiki/Exergaming, Trad. livre).
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propostos. Bem que isto seja um desafio para o professor no início, são os desafios que
fazer que as práticas mudem e sejam inovadoras. Enfim, nós esperamos contribuir para a
difusão destes instrumentos e procedimentos de avaliação afim de instrumentalizar os
professores de Educação Físicas na sua prática pedagógica com o Documento Curricular
de Referência para de Mato Grosso, visando melhorar a aprendizagem dos alunos.
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REFERÊNCIAS
ARTAXO, I.; MONTEIRO, G. de A. Ritmo e movimento: teoria e prática. 5. ed. São Paulo:
Phorte, 2013.
CABRAL, V. 12% do território de MT tem reserva indígena. In: RDNews portal de notícias de
MT. Disponível em: https://www.rdnews.com.br/rdnews-exclusivo/embates-indigenas/12-do-
territorio-de-mt-tem-reserva-indigena-populacao-chega-a-42-mil/51335
DIEHL, R. M. Jogando com as diferenças: jogos para crianças e jovens com deficiência. 2a ed.
São Paulo: Phorte, 2008.
FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
HAY, P. J. Assessment for learning in physical education. In: KIRK, D., D. MACDONALD, D.,
SULLIVAN, M. O. (org.). The handbook of physical education. London: Sage, 2006, p. 312-
325.
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LÓPEZ-PASTOR, V. M. et al. Alternative assessment in physical education: a review of
international literature. Sport, Education and Society, v. 18, n. 1, p. 57-76, 2013.
MÉNDEZ GIMÉNEZ, A. Hacia una evaluación de los aprendizajes consecuente con los modelos
alternativos de iniciación deportiva. Tándem, Didáctica de la Educación Física, v. 17, p. 38-58,
2005.
______. Linguagem e cultura: subsídios para uma reflexão sobre a educação do corpo.
Caligrama (ECA/USP online), v.3, p.1-16, 2007b. Disponível em: <
http://www.revistas.usp.br/caligrama/article/view/66201 >. APA. Neira, M. G., & Nunes,
M. L. F.
PENNEY, D. et al. Curriculum, pedagogy and assessment: three message systems of schooling
and dimensions of quality physical education. Sport, Education and Society, v. 14, n. 4, p. 421-
442, 2009.
SANTOS, M. C.; VIANA, É. Jogo da onça: aprenda a jogar. São Paulo: Prefeitura Municipal
de São Paulo, 2016.
SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
http://base-nacional-comum-curricular.blogspot.com/2018/03/412-arte.html
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Créditos Institucionais e Ficha Técnica
Analista de Gestão
Hugo Bovareto de Oliveira Horsth