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HERBERT SIMON E A RACIONALIDADE LIMITADA: (R)EVOLUCIONÁRIO?

Autor: Prof. M.Sc. Diógenes Lima Neto


Braga – Portugal
Nov - 2010

1. Simon criticou os trabalhos anteriores em ciência da administração e procurou


estabelecer novos elementos necessários para uma teoria científica da
administração. Será que conseguiu?

2. Quais as razões pelas quais Herbert Simon é apontado como o autor que
rompe com a ortodoxia (Weber, Taylor, Wilson, etc) no estudo da
Administração Pública?

3. De que forma é que poderemos considerar Simon (r)evolucionário?

Caros amigos,
Responder a estas questões não será algo trivial, por isso, antecipadamente,
peço desculpas pela longa resposta. Mas, vamos a ela!

Primeiramente, devemos lembrar que Weber, Taylor, Wilson e outros tantos


autores predecessores de Herbert Simon nos forneceram preciosos
embasamentos teóricos e conceituais que permitiram à Administração
apresentar a maturidade que detém hoje.

Weber, por exemplo, olhou a Organização como uma entidade a qual


necessitava de regras claras e limites de responsabilidade/autoridade bem
definidos para cada uma de suas partes. Neste sentido, conceitos como
autoridade, hierarquia, supervisão, especialização e formalização por escrito,
entre outros, tornaram-se perenes. Ou seja, Weber olhou a Organização como
uma entidade normativo-hierárquica que busca atingir seus objetivos com
eficiência.

Taylor, por sua vez, tinha uma abordagem bastante próxima a de Weber,
porém com maior atenção e requinte no que diz respeito ao controle do “fator
humano”, na intenção de aumentar-lhe a produtividade tratando-o como
máquina. Ou seja, uma vez que a face normativo-hierárquica da organização
estivesse estabelecida, era a vez de o fator humano ser posto a operar de
maneira otimizada e eficiente.

Wilson, por outro lado, materializou uma percepção política sobre a


Administração Pública, quer pelo momento histórico que viveu, quer por ter
sido Presidente dos EUA em plena ascensão daquela nação como potência
mundial. A sua dicotomia Política-Administração, apesar de idealista, teve um
sentido bastante prático.

Relativamente às teorias anteriores, é pertinente lembrar, ainda, que o que


preponderava era o conceito de Homo Economicus (homem econômico), ou
seja, alguém “com condições físicas ideais e que seja remunerado
adequadamente” (Albuquerque et. al, 2005). A idéia subjacente deste conceito
é de que o ser humano era onisciente e absolutamente racional, capaz de
avaliar, infalivelmente, todas as possibilidades e conseqüências de suas
decisões.

Diante do até aqui exposto, observa-se que, até então, nenhum dos grandes
pensadores da Teoria da Administração havia vislumbrado o fator
“comportamento humano” como um possível influenciador dos caminhos
seguidos por uma Organização. E este, precisamente, foi um insight brilhante
de Simon, porém não por acaso.

Segundo Albuquerque e Escrivão Filho, tal decorreu de sua percepção ao


realizar um trabalho acadêmico para a disciplina “Governo Municipal”, ainda
quando estudante de Ciência Política na Universidade de Chicago
(Albuquerque et. al, 2005). Consta que, na ocasião, ele se deparou com o facto
de que distribuir os recursos orçamentários às diversas divisões
organizacionais do município de Milwaukee não era uma tarefa isenta de
ingerências ou considerações de caráter pessoal do administrador-decisor,
bem como, ainda, bastante dependentes da percepção da situação por aquele
mesmo decisor. Em outras palavras, ele percebeu que as teorias anteriores
simplesmente não eram mais suficientes para explicar/solucionar determinados
fenômenos (anomalias, segundo Kuhn), apesar de todo um aparato formal
(burocrático e científico) firmemente estabelecido.

Desta feita, Simon racionalizou que a Organização, como um todo, dependia


das diversas decisões que eram tomadas por cada um de seus componentes,
num nível mais micro, pessoal e nem sempre racional. Ele se deu conta que
muitas vezes os gestores tomam decisões que não são necessariamente as
mais lógicas e/ou racionais, até porque as informações de que dispomos para
decidir corretamente são poucas, bem como nossa capacidade de processá-
las e de inferir seus resultados, de sorte que, no final das contas, a tão
propalada “racionalidade” do homem econômico era, em verdade, bastante
limitada.

Um exemplo citado pelo próprio Simon (SIMON, 1965) é o caso da instalação


da nova sede do Corpo de Bombeiros numa cidade, em que se está a procurar
a melhor localização possível. Ocorre que as variáveis a serem consideradas
seriam tantas, que não haveria nem tempo, nem dinheiro, nem capacidade de
processamento, para se dispor delas e se tomar a decisão óptima.
E foi precisamente neste ponto que Simon se diferenciou de seus
antecessores, ao introduzir o conceito de racionalidade limitada.
Adicionalmente a isto, Simon criou o conceito de satisficing, argumentando
que as pessoas não tomam decisões óptimas, via de regra, mas sim decisões
que as satisfaçam e sejam suficientes. Neste sentido, argumentava ele que a
Administração tinha de manobrar a atitude de seus funcionários por meio da
(de)limitação da racionalidade de cada indivíduo enquanto decisor.

Essa “área” (de)limitada seria a “zona de aceitação” entre organização e


indivíduo e qualquer anomalia (ou seja, fora dessa “zona”) deveria ser
negociada ou resolvida “através de recurso a estruturas de decisão externas à
organização” (Tavares, 2010).

Além disso, Simon atacou os aparentes paradoxos entre os diversos princípios


da Administração, aos quais chamou de “provérbios”, especialmente os de
Especialização, Unidade de Comando, Painel de Controle e
Departamentalização, os quais pretendeu demonstrar como incompatíveis
entre si e, por conseguinte, a fragilidade do arcabouço teórico de então.

Claro que, para tanto, ele os tomou da maneira mais rígida possível e
desconsiderou absolutamente qualquer forma de apoio tecnológico e arranjo
ou maturidade organizacional. Além disso, destaco a pouca relevância desse
argumento (provérbios) uma vez que, mesmo a Física, por exemplo, apenas
recentemente pacificou a idéia de fótons com sua dualidade onda-partícula, ao
se compreender, finalmente, o conceito de complementaridade, posto que
“descrevem [onda e partícula] dois aspectos do mesmo fenômeno” (Meneses,
2008). E nem por isso a Teoria Quântica, ou mesmo a própria Física, foi
menosprezada. De sorte que o problema não é o paradoxo dos princípios
contraditórios, mas a negação ao direito de sua existência, numa atitude,
efetivamente, esquizofrênica, uma vez que nega a realidade.

De qualquer forma, como se vê, Simon foi bastante inovador nesta


abordagem, porém não exatamente revolucionário, posto que não jogou
ao solo as teorias anteriores. Em realidade, ele acabou por dar uma visão
complementar, apresentando-nos uma percepção mais interna das
organizações ao incluir o comportamento humano no contexto e a dar-lhe a
devida importância. Note-se, ainda, que este aspecto de complemento e tão
verdadeiro que a abordagem de Simon pode ser perfeitamente aplicada em
conjunto com as teorias anteriores (burocrática, científica).

Desta forma, Herbert Simon nos trouxe uma percepção nova, é bem verdade,
porém manteve o arcabouço teórico anterior praticamente intacto, donde se
conclui que, em realidade, sua visão é mais evolucionária do que
revolucionária.

Fontes bibliográficas e de internet


ALBUQUERQUE, Alexandre F; ESCRIVÃO Filho, Edmundo; “Bibliografia e Obra” in Administrar é
decidir: a visão de Herbert A. Simon, Revista DCS On Line, Universidade Federal do Mato Grosso
do Sul, Brasil, 2005. Disponível em http://www.cptl.ufms.br/dcs/ . Acessado em 23 Out. 2010.

MENESES, Ramiro D. Borges de; “Introdução” in A Complementaridade em N. Bohr: da mecânica


quântica à filosofia, Eikasia - Revista de Filosofía, año III, 17 (marzo 2008), p.75. Disponível em
http://www.revistadefilosofia.com/17-03.pdf . Acessado em 25 Out 2010.

SIMON, H. A. Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações


administrativas. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1965. pp.81.

TAVARES, António F.; “Herbert Simon (1916-2001)” in Clássicos de Administração Pública, Notas
de Aula, Curso de Mestrado em Administração Pública, Escola de Economia e Gestão,
Universidade do Minho, Braga, Portugal. 2010.

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