TRAUMATOLOGIA E SEXOLOGIA FORENSE

A Traumatologia Forense estuda os aspectos médico-jurídicos das

lesões causadas pelos agentes lesivos. O trauma é o resultado da ação
vulnerante que possui energia capaz de produzir a lesão. As formas mais
comuns de desencadear lesões no corpo humano são através dos traumas
mecânicos, físicos, químicos e biodinâmicos.
Os agentes mecânicos modificam o estado de inercia do corpo
produzindo assim as lesões em parte do corpo ou até mesmo em todo o corpo.
A atuação deste tipo de trauma é que o mesmo age sobre a superfície atingida
podendo ser desencadeado através de pressão, pressão e deslizamento e
choque, que pode ou não estar acompanhado do deslizamento. Estes fatores
podem desencadear três tipos de lesões, sendo estas as lesões punctórias,
lesões incisas e as lesões contusas (DA COSTA FILHO, 2011).

Tabela 1- Tipos de lesão e suas características desencadeantes

FERIDA MODO DE INSTRUMENTO

PRODUÇÃO TÍPICO
PUNCTÓRIA Pressão em um Prego, alfinete,
ponto agulha, furador
de gelo, estilete
INCISA Deslizante Navalha, bisturi,
maior que lâminas,
pressão estilhaços de
vidro, folha de
papel, linha de
cerol
CONTUSA Choque (pode Martelo,
haver ou não marreta, caibro,
deslizamento) tonfa,
cassetete, soco-
inglês, bastão,
pedra
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Figura 1- Características das lesões

Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/3582071/

Os agentes perfurantes são instrumentos de características fina,

alongados, pontiagudos e de diâmetro transversal. São estes os que produzem
as lesões punctórias, para sua penetração ocorre uma pressão que afasta as
fibras dos tecidos atingidos. Os exemplos mais comuns de agentes perfurantes
são o prego, espinho, agulha, estilete, garfo, espeto (de churrasco), seta,
florete, furador de gelo e outros (MOURTHÉ FILHO, 2016).

Figura 2- Agentes perfurantes

 Disponível em:
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As lesões incisas são desencadeadas por agentes cortantes são

aqueles que atuam sobre pressão e deslocamento apresentando assim um
gume afiado, que pode atingir a superfície em diversos ângulos, sendo capazes
de produzir feridas incisas. Dentre estes os mais comuns são navalha, gilete,
cutelo, bisturi, lâminas metálicas afiladas, papel, guilhotina, estilhaços de
vidros, capim, navalha e outros.
As principais características das lesões desencadeadas pelos agentes
cortantes são as lesões incisas diz respeito a nitidez das margens e bordas da
ferida, hemorragia que geralmente é abundante, predomínio do comprimento
sobre a profundidade e afastamento das bordas da ferida de forma mais
acentuada, principalmente nos exames pós-morte (DOS SANTOS ALMEIDA;
BAPTISTA SILVA, 2016).

Figura 3- Lesões incisas causada por um agente cortante

 Disponível em:
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As feridas contusas desencadeadas geralmente pelo choque na

superfície podendo ocorrer de forma ativa, passiva ou mista. Para que a ferida
seja desencadeada de forma ativa, se faz necessário que o instrumento seja
projetado contra a vítima. Na sua forma passiva é a pele que vai de encontro
ao objeto cortante, neste caso é mais comum as quedas. Já na forma mista
ocorre os dois tipos de movimentação.
É importante ressaltar que a pele apresenta grande elasticidade com
isso, quanto mais integra ela se conservar, mais profunda será a lesão. Estes
níveis podem ser divididos em escoriação, equimose, bossas e hematomas. É
importante ressaltar que na maioria destas lesões ocorre também o
extravasamento sanguíneo (DANTAS, 2017).
As escoriações são somente o atrito da pele causada pelo deslizamento
da mesma na superfície. Na equimose ocorre o rompimento dos vasos
sanguíneos e com isso o extravasamento de sangue que se infiltra nos tecidos.
Nas bossas e hematomas o extravasamento sanguíneo para os tecidos não
pode ser absorvido e com isso causa elevações e arroxeamento da pele.
As escoriações são provocadas pelo atrito da pele em alguma superfície
com isso a epiderme será arrancada da derme. Geralmente estas lesões irão
aparecer em casos de quedas ou outros tipos de atrito. É importante ressaltar
que irá ocorrer a formação de uma crosta rica em linfa ou sangue e sua
recuperação é bem rápida. No que diz respeito a medicina-legal as escoriações
sempre serão investigadas nos casos de arrastamento da vítima,
atropelamento e lesões de defesa como as unhas que podem ser passadas
pela pele (SABES; GIRADI; DE OLIVEIRA VASCONCELOS, 2016).

Figura 4- Escoriações

Disponível:
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As equimoses são mais frequentes na prática, onde o tecido externo

irá se apresentar integro, ou seja, não há rompimento da epiderme. Isso ocorre,
pois, o derrame sanguíneo é interno, assim há sempre a criação de uma
mancha arroxeada que varia de tamanho. É importante ressaltar que o sangue
extravasado será absorvido podendo provocar variação de cor de acordo com
o reparo da lesão.
É importante ressaltar que para a medicina-legal a cor da equimose é
mais importante que o seu tamanho, isso ocorrem, pois de acordo com a data
da lesão a mesma irá mudar de cor. Permitindo assim que possa ser
identificado quando o cadáver sofreu o trauma e ainda se existe a possibilidade
de ter sido desencadeada diversas feridas em dias diferentes (ALVES;
TUBINO, 2009).

Tabela 2- Variação de cor de acordo com o tempo da equimose

COR EVOLUÇÃO EM
DIAS
VERMELHOVIOLÁCEO 1-2 dias
AZULADO 3-6 dias
ESVERDEADO 7- 12 dias
AMARELADO 12- 20 dias
NORMAL Acima de 20 dias

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Figura 5- Equimose
Disponível em:
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Figura 6- Variações de cores da equimose de acordo com o tempo

Disponível em: https://docplayer.com.br/83455412-Faculdade-de-educacao-e-

meio-ambiente.html

As bossas geralmente são sanguíneas e ocorrem quando o sangue

acumulado em determinado local não pode se espalhar formando uma espécie
de “galo”. Entretanto, as mesmas podem ser linfáticas quando o conteúdo
acumulado for a linfa. Estas ocorrem quando o agente causador age sobre a
superfície corporal que está sobre o tecido ósseo e com pouca musculatura. É
importante ressaltar que as bossas só podem ser formadas quando ocorrer o
rompimento do vaso sanguíneo ou até mesmo algum vaso linfático (OLIVEIRA,
2009).

Figura 7- Bossa sanguinolenta

Disponível em: http://globoesporte.globo.com/eu-

atleta/saude/noticia/2015/03/sabia-que-os-ossos-incham-edema-causado-por-
colisao-gera-dor-intensa.html

Os hematomas são bem parecidos com as equimoses, entretanto a

principal diferença é que um vaso sanguíneo de maior calibre foi rompido, com
isso o sangramento é maior podendo até mesmo deslocar a pele e formar uma
grande bolsa de sangue. Outra diferença bastante comum entre estes é que os
hematomas ocorrem em superfícies moles e tecido frouxo (DOS SANTOS
ALMEIDA; BAPTISTA SILVA, 2016).

Figura 8- Hematomas
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É importante ressaltar ainda sobre as lesões mistas que na medicina

médico-legal pode identificar crimes qualificados ou até mesmo mais de um
tipo de agressão em um só cadáver. Podendo as ações do agente causador
ser passiva e ativa ao mesmo tempo, com isto estas lesões podem ser maiores
e mais profundas apresentando um grau de violência extremamente alto
(SABES; GIRADI; DE OLIVEIRA VASCONCELOS, 2016).

Tabela 3- Lesões mistas e suas características

LESÃO INSTRUMENTO ATUAÇÃO

Perfuro-incisa Pérfurocortante Perfurante e

(punhal, canivete) cortante

CORTOCONTUSA Cortocontundente Cortante e

(machado, foice) contundente

PÉRFUROCONTUS Pérfurocontundent Perfurante e

A e (projétil) contundente

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 Figura 9- Lesão perfuro-incisa

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Figura 10- Lesão corto-contusa

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Figura 11- Lesão perfuro-contusa

 Disponível em:
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A sexologia forense é considerada como o estudo dos crimes ligados

ao comportamento sexual do indivíduo. A mesma está ligada diretamente a
todos os fenômenos da sexualidade e sua relação com o âmbito jurídico.
Sendo assim, é comum que ocorra um padrão de atos típicos dos criminosos
sexuais.
Dentro deste padrão encontra-se que os criminosos se aproveitam
sempre da vulnerabilidade da vítima, com o objetivo de obter vantagens
sexuais. Dentre os transtornos sexuais mais comuns que se ligam a
criminologia encontra-se as Parafilias que são caracterizadas por anseios,
fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem
objetos, atividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras
áreas importantes da vida do indivíduo (CARVALHO, 2011).
Para entender melhor o que são Parafilias, torna-se necessário que se
saiba sobre outros conceitos sobre a sexualidade. Tais conceitos eliminam a
possibilidade de atuar de modo preconceituoso ou discriminatório. Algumas das
opções sexuais já com a proteção da Lei, concorre para um procedimento
isento de transgressões as normas exigentes e facilitam o convívio com as
diferenças. Alguns conceitos importantes sendo estes:
 Heterossexualismo – Refere-se à atração física, sexual ou sentimental
por pessoas de sexo oposto;
 Homossexualismo – Refere-se à atração física, sexual ou sentimental
por pessoas do mesmo sexo; Também considerados ou denominados
de Gay ou Lesbianismo.
 Travestismo – Está associado ao ato ou efeito de vestir-se ou assumir
posturas do sexo oposto, não necessariamente uma opção sexual:
 Transsexualismo - é a condição em que uma pessoa se identifica como
sendo do gênero oposto ao sexo refletido pelo corpo (sexo psicológico
oposto ao sexo biológico). Existe uma grande discussão com relação a
considerar transsexualismo como uma doença ou não. 3
 Bissexualismo - consiste na atração física, emocional e espiritual por
pessoas tanto do mesmo sexo quanto do oposto, com níveis variantes
de interesse por cada um, e à identidade correspondente a esta
orientação sexual.
 Drag-Queen (King) - são artistas performáticos que se travestem,
fantasiando-se cômica ou exageradamente com o intuito geralmente
profissional artístico. Podem ter qualquer orientação sexual, e sê-lo não
é indicativo de se ser homossexual, bissexual ou heterossexual.
 Transformistas - Vestem roupas usualmente próprias do sexo oposto
com intuitos essencialmente comerciais, sem que tal atitude interfira
necessariamente em sua orientação sexual. Se diferem dos
crossdressers por não vestirem roupas do sexo oposto para prazer
pessoal (sexual, erótico ou emocional).
Cabe notar que as noções de desvio, padrões de desempenho sexual
e conceitos de papel apropriado para o gênero podem variar entre as culturas.
As Parafilias mais comuns são o
 Parafilias mais comuns são o exibicionismo, fetichismo, frotteurismo,
pedofilia, algolagnia, necrofilia, zoofilia, coprofilia, urinofilia, agorafilia, clismafilia
e voyeurismo (RIOS, 2009).
O exibicionismo é considerado como a obtenção de excitação sexual
devido a exposição genital ou um forte desejo de ser observado por outras
pessoas durante a atividade sexual. O fetichismo é considerado como o uso de
um objeto inanimado como método preferido para produzir excitação sexual. O
forutterismo é quando o indivíduo apresenta excitação sexual intensa com o ato
de tocar ou se esfregar em uma pessoa sem o seu consentimento.
A pedofilia é um transtorno que se caracteriza por fantasias sexuais
envolvendo adolescentes, pré-púberes ou jovens que apresentam idade inferior
a 13 anos de idade. A algolagnia é uma Parafilia sexual em que a dor causa
prazer, a mesma pode ser dividida em sadismo ou masoquismo. Sendo que o
sadismo é considerado como uma perversão ativa em que a pessoa sente
prazer em ver o seu parceiro sofrendo. Já o masoquismo é uma perversão
passiva, onde o sofrimento causa prazer na pessoa que está sendo submetida
a estes atos.
A necrofilia é quando o indivíduo apresenta prazer e satisfação sexual
ao realizar sexo com cadáveres. A zoofilia é quando a pessoa apresenta
satisfação sexual praticando o ato com animais de qualquer espécie (porcos,
galinhas, vacas e outros). A coprofilia ocorre quando o indivíduo apresenta
excitação e pode obter prazer em cheirar, manipular ou ingerir fezes.
A urinofilia é bem parecida com o conceito anterior, entretanto nestes
casos o indivíduo apresente prazeres sexuais ao entrar em contato de alguma
forma com a urina. Já na agorafilia o indivíduo que irá ser julgado através da
visão médico legal apresenta interesse e prazer em praticar o ato sexual em
locais públicos. A clismafilia é o prazer sexual desencadeado pela realização
de enemas, ou seja, introdução de líquidos na cavidade retal. E por fim o
voyeurismo é considerado como um ato de espionar uma pessoa se despindo
ou até mesmo praticando ato sexual sem que a mesma saiba que está sendo
espionada (MOTT, 2009).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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