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OS MECANISMOS DE DEFESA DO EU

A Psicanálise clássica concebe a defesa essencialmente numa perspectiva


“intrapsíquica” (mecanismos de defesa do Eu) colocando o conflito no centro da vida
psíquica.

Na infância precoce, personalidade e aparelho psíquico estariam confundidos numa


única instância, que reuniria as forças vitais instintivas, o ID (ISSO). As pulsões
primitivas exprimem as necessidades orgânicas fundamentais e tendem à satisfação
imediata e “cega” (princípio do prazer). Mas este “ID”, que aspira à satisfação dos
instintos, vê-se confrontado com uma força mais poderosa do que ele próprio: o
mundo exterior (princípio da realidade). As pulsões primárias encontram uma
realidade externa que limita, sanciona, reprova. Para sobreviver e se adaptar, para
fazer face a estas ameaças externas, uma parte do Id modifica-se pouco a pouco.
Esta parte modificada do Id individualiza-se cada vez mais e acaba por se tornar
radicalmente diferente: trata-se da aparição do “Ego”(Eu).

No decurso do processo de diferenciação intrapsíquica, no interior do próprio Ego,


surge uma nova instância, o “Super-Ego”(Super-Eu). O Super-Ego deriva das
influências exercida pelos pais, educadores e sociedade. Continua, no interior do
psíquismo, a cumprir estas funções, exercendo uma pressão constante sobre o Ego
para que ele controle o Id, em conformidade com as normas.

O Ego tem, então, por missão:

Controlar as pulsões.
Evitar o que é susceptível de as revelar.
Encontrar caminhos/ vias/ desvios para a satisfação pulsional.
Encontrar um arranjo harmonioso entre as pulsões e as exigências exteriores
(principio de realidade), entre as pulsões e as exigências morais do Super-Eu e evitar
os conflitos internos entre as pulsões.

É para poder levar a cabo estas missões que o Ego utiliza “mecanismos de defesa”.
Um mecanismo de defesa do Ego é assim, antes do mais, um processo psíquico do
Ego que visa dominar as pulsões.
E porque é que é preciso “dominar as pulsões”?

Porque deixadas à solta...


.Arriscariam a tornar-se incontroláveis...
.Porque, por outro lado, a decepção e a frustração seriam penosas, fonte de
sofrimento insuportável para o Ego ... e, enfim,
.Porque o Super-Ego impõe as suas exigências e o Ego teme a angústia que surgiria
se transgredisse estas exigências e os sentimentos de culpabilidade que se seguiriam
à desobediência.

É então o medo, medo das pulsões, das frustrações, da angústia, do Super-Ego, do


real , que é o motor dos mecanismos de defesa do Eu. A finalidade profunda destes
mecanismos é a de evitar um desprazer (interno) insuportável, escapar a um
aniquilamento, proteger a integridade do Ego.

Como refere Ana Freud em “O Eu e os mecanismos de defesa”(1949) “...todo o acto


defensivo tem por objectivo a segurança do Eu e evitar um desprazer”.

“Os processos de defesa, como refere Freud (em “Sobre a técnica psicanalítica”,
1905) são os equivalentes psíquicos dos reflexos de fuga e destinam-se a impedir a
eclosão do desprazer que deriva das fontes internas e, neste sentido, agem como
reguladores automáticos das operações psíquicas”.

Os principais aspectos dos mecanismos de defesa são os seguintes:

.Podem ser tanto normais e adaptativos quanto patológicos;


.São uma função do Ego;
.São geralmente inconscientes;
.São dinâmicos e em constante mudança, mas podem organizar-se em sistemas
rigidos e fixos, nos estados patológicos e na formação do carácter;
.Continuam a funcionar quando o “perigo” já não está presente;
.Estão associados a niveis de desenvolvimento, sendo algumas defesas consideradas
primárias e outras maduras;
Os Principais Mecanismos de Defesa do Ego

1- A Clivagem

Consiste na divisão de um objecto em “bom” e “mau”. Ao manter o bom e o mau estritamente


separados, o sujeito procura evitar o conflito ambivalente amor/ódio, protegendo uma parte
“idealizada” do objecto e do “Eu”. Este mecanismo permite, no interior do próprio sujeito, a
manutenção simultânea de ideias contraditórias.
É um mecanismo muito arcaico, característico dos primeiros momentos da construção da mente e da
personalidade. Uma criança pequena irá, por exemplo,na sua mente, cindir a sua mãe em duas
pessoas separadas: a mãe frustradora que ela odeia e a mãe boa e idealizada que ela ama. Ao manter
mentalmente separadas a boa e a má mãe consegue evitar o conflito ambivalente entre amar e odiar
uma mãe que é , na realidade, uma só pessoa e uma mistura de bom e de mau.
A clivagem pode ser benigna ou patológica. A ordenação do mundo interno conta com a clivagem. O
seu êxito, poderiamos dizer, que é uma pré-condição para uma posterior integração e a base da
faculdade de pensar. É também utilizada para se prestar atenção, para se suspender a ansiedade
emocional, de modo a chegar a uma decisão, para fazer escolhas morais ou formar um juizo. A
tendência para dividir o mundo em bom e mau, certo e errado, preto e branco, céu e inferno, persiste
ao longo da vida e afecta profundamente as nossas atitudes, não só para com os indivíduos mas
também para com as instituições sociais e politicas, religosas e outras organizações. Quando a
clivagem é extrema, leva a uma distorsão da percepção, a uma diminuição na capacidade de pensar e
à fragmentação dos objectos.

2- A Projecção

Consiste em negar para si próprio um sentimento ou desejo difícil, intolerável ou inaceitável e em


atribui-lo a um elemento/pessoa exterior (ex: culpar os que estão próximos de nós pelas nossas
próprias limitações). De agente, o sujeito transforma-se em vítima - não podendo confessar a si
mesmo odiar tal pessoa, diria que “ela me odeia”. A exteriorização permite que o individuo se
desaposse da responsabilidade e que tenha um sentimento ilusório de domínio sobre os seus
impulsos. Se o ciclo se completa e os impulsos e afectos indesejáveis são reflectidos, teremos uma
situação de bumerangue, resultando num sentimento de estar constantemente a ser atacado,
prejudicado, podendo dar origem a ideias persecutórias, paranóides e a forte ansiedade (virou-se o
feitiço contra o feitiçeiro…). Pode ser igualmente responsável, quando predomina, de um sentimento
de esvaziamento e empobrecimento do self e dos mecanismos internos para lidar, controlar e gerir o
conflito interno, dificultando o crescimento emocional.

Na Identificação projectiva as partes inaceitáveis do self são clivadas e projectadas para “dentro
do outro”, com a consequente crença de que o outro se tornou nessas partes “más”de si mesmo.
É possível que, “em espelho”, o receptor da projecção possa ser induzido a sentir ou a agir de formas
que têm origem na projecção. Os sentimentos do interlocutor face a essa situação podem, entretanto,
permitir captar aspectos do mundo interno doindivíduo que está a projectar. Se não estamos cientes
destes sentimentos, podemos ser levados a agi-los em resposta (rejeição, agressão, indiferença, etc).
Também é possível projectar nos outros partes boas do self, aspectos positivos de que o sujeito não se
acha merecedor, podendo deixar o individuo privado/desconhecedor de aspectos essenciais da sua
própria personalidade, ao colocá-los num outro idealizado e de quem o individuo se acha dependente,
e, em consequência, frequentemente invejoso e a quem faz exigências constantes. Torna-se então
essencial ajudar o indivíduo a recuperar estes aspectos “perdidos do self”.
3 - Identificação

Processo pelo qual as representações do self são construidas e modificadas, assimilando aspectos ou
características de um objecto externo, com especial significado afectivo. É uma forma de incorporação
do Outro dentro do sujeito.

4 - Recalcamento

Consiste em manter afastadas da consciência representações inconfessáveis, inaceitáveis ou


dolorosas, associadas a um desejo/pulsão. Assegura que desejos incompatíveis com a realidade, com
as exigências do Super-Eu, ou com outros impulsos, se mantenham inconscientes ou disfarçados. A
lembrança dos sentimentos e desejos, assim recalcados, mobilizam em permanência uma grande
quantidade de energia psíquica para serem mantidos afastados da consciência. A tendência destes
desejos recalcados para voltarem à consciência, o chamado “ retorno do reprimido” (por ex, nos
sintomas), signigfica que a tensão e a ansiedade se mantêm, mobilizando-se outras defesas para aliviar
o conflito, mas tudo isto decorre à custa da distorsão da realidade interna.

5- O Isolamento

Trata-se, por assim dizer, de um recalcamento parcial. Os afectos associados a uma representação são
dissociados dessa representação e são relegados para o inconsciente. Fica o “conhecimento intelectual
do facto, em estado puro”, mas não dos afectos.
A Ideia é discutida, numa “estranha indiferença afectiva”

6- O deslocamento

O afecto ou a pulsão associada a uma representação desligam-se desta última e investem-se sobre
outra representação ou um objecto substitutivo para se manifestarem ( ex: bode-expiatório, fobias)

7- A formação reactiva

Transforma no seu contrário o desejo ou a pulsão desagradáveis ou impracticáveis. Opõe-se a um


desejo ou a uma necessidade, dando origem a uma atitude estereotipada contra este desejo ou
sentimento. Assegura desta forma uma protecção contra “retorno do reprimido” ( ex: o desejo de
agradar é substituido pela modéstia, o orgulho pela humildade, o ciúme pela complacência.
Poderemos também ter a escrupulosidade excessiva, a mania das limpezas)

8- Identificação com o agressor

É um processo pelo qual o Eu se substui ao papel de um Outro ameaçador. Um indivíduo que tem
medo de ser agredido, torna-se subitamente agressivo, o que tem medo de ser repreendido, agride a
pessoa de quem espera a reprovação. Freud utilizou o termo para descrever o comportamento de
uma criança em relação a um adulto, na qual a submissão à agressividade do adulto era total,
verificando-se posteriormente uma interiorização de sentimentos profundos de culpa. Este processo é
particularmente importante na transmissão intergeracional do abuso da criança, no qual a vitima de
uma geração se torna no agressor na geração seguinte.
Contém traços comuns à formação reactiva ( inversão de afectos) e à identificação.
9- A inflexão contra si próprio

A pulsão impossível de se descarregar sobre o verdadeiro objecto, pela angústia insuportável que daí
resultaria, vira-a o individuo contra si próprio .
O ódio tranforma-se em auto-punição, a agressão auto-mutililação.

10- A Regressão

Consiste na perca de aquisições e comportamentos aprendidos, para retroceder a tipos de conduta


progressivamente mais antigos. Assim, a pulsão combatida deixa de ter razão para o ser ( ex: a criança
ciumenta do nascimento de um irmão regride e torna-se bébé, perde a linguagem, o controle dos
esfíncteres já adquirido, etc.)

11- A Inibição/ Evitamento

Trata-se do evitamento de uma situação que revelaria as pulsões penosas: o indivíduo bloqueia-se,
apaga-se, paralisa as forças do Eu para não entrar na situação receada ou angustiante.
Ex. impotência sexual.

12- Retracção/ Evitamento

Trata-se de uma fuga perante situações exteriores susceptíveis de trazer um desgosto temido
( ex: evitar situações provocantes ou humilhantes).

NB - Para Freud quer a inibição quer a retracção são mecanismos muito primitivos, ligados à inibição
biológica e à fuga animal. São desencadeados para evitar perigos vindos do interior ou do exterior.

13- Anulação retroactiva

Consiste na organização de condutas destinadas a reparar uma acção cometida ou uma intenção
culpabilizada. Através de um comportamento mágico, que visa apagar (anular) o pensamento que se
teve ou a acção que se cometeu ( ex: rituais conjuratórios na obsessão).

14- Negação

Em contraste com o recalcamento, que procura manter fora da consciência um aspecto da realidade
interna, a negação ou recusa da realidade, lida com a realidade externa e permite ao individuo recusar
ou controlar afectivamente a sua resposta a um aspecto específico do meio exterior. Envolve uma
clivagem, na qual existe aceitação cognitiva de um acontecimento doloroso em paralelo com a recusa
das emoções dolorosas associadas...nega-se que “esses sentimentos” nos pertençam.
15- Intelectualização

É um processo pelo qual o Eu tenta controlar as pulsões, ligando-as a ideias com as quais se pode
conscientemente jogar, é um modo de manter à distância e neutralizar os afectos. Abrange uma série
de sub-defesas, incluindo o “pensar em vez de sentir”, o prestar demasiada atenção ao abstracto,
visando um evitamento da intimidade. (ex: o adolescente, com receio da sua sexualidade em
desenvolvimento, pode falar de forma intelectualizada acerca do sexo ou discutir com empenho o
comportamento sexual dos jovens).

16 - A racionalização

É um processo de apresentação para tornar aceitáveis e plausíveis as motivações pulsionais,


oferecendo explicações lógicas e credíveis para comportamentos irracionais, que foram incitados por
desejos inconscientes.

17- Sublimação

O afecto ou pulsão são reconhecidos, modificados e canalizados para um fim que é aceite
socialmente, é enriquecedor para o indivíduo e para a sociedade ( ex: o sadismo em profissões como
talhante ou cirurgião, o narcisismo através de uma carreira bem sucedida, impulsos agressivos podem
ter expressão no desporto e outros jogos). Freud viu a sublimação como um veículo pelo qual os
desejos mais básicos e profundos de uma sociedade, bem como as aspirações e ambições dos
indivíduos, ganham expressão, através do Carnaval, do Drama, das artes, da religião ou da política.

Ainda...

18- O Humor

Permite-nos partilhar a emoção, muitas vezes agressiva, sem desconforto, regredir sem embaraço,
jogar com liberdade, rir com impunidade e relaxar com prazer. Inclui, em vez de rejeitar e permite,
por vezes, tornar uma terrível tragédia suportável.

Para saber mais:

BATEMAN, A., HOLMES, J., “INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE- TEORIA E PRÁTICA CONTEMPORÂNEAS”,


Edições CLIMEPSI.

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