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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Faculdade de Direito - FDA


Programa de Graduação em Direito
Disciplina de Prática Jurídica - Mediação

LEONARDO BOMFIM CAVALCANTE

RELATÓRIO SOBRE ATIVIDADE CONCILIATÓRIA

Maceió
2016
Foi visitado o 6º Juizado Especial Cível e Criminal da Capital, localizado no Terminal
Rodoviário de Maceió (Feitosa), no dia 03 de novembro de 2016. Para o acompanhamento da
audiência, chamada “una” (dada a conjunção da conciliação com a fase de instrução), requereu-se
ao conciliador da terceira sala, de nome Caio Alberto W. de Almeida, a permissão para adentrar a
sala. O requerimento foi atendido de pronto. A única audiência observada teve na posição de autora
Ilza Araújo da Silva e, na posição de réu, Lsl Loterias e Serviços Ltda – Me. A parte autora alegou
que há alguns meses espera sacar o dinheiro depositado em janeiro de 2016 (a data do depósito foi
confirmada pelo conciliador, já que ela não mais recordava com precisão). Portanto, trata-se de uma
ação de cobrança cumulada com pedido de indenização por danos morais devido às consecutivas
negações de saque. Disse que, em vista de não ter a ciência da leitura suficientemente desenvolvida
para discernir documentos e papeladas formais, não percebeu que na Caixa Econômica Federal lhe
entregaram o novo cartão solicitado a qualificar como usuário do serviço sua mãe, com quem Ilza
teria pouquíssimo contato (é de se supor que o nome da mãe presente no RG de Ilza foi motivo de
confusão com o próprio nome da identificada na hora de se transferir a denominação para o cartão
bancário). O problema, consequentemente, estendeu-se à lotérica, haja vista a referida autora ter
tido insucesso na tentativa de depósito/saque na Caixa e, a partir disso, ter requisitado os serviços da
lotérica, que deveria zelar pela devida identificação do usuário, em contraposição ao que a Caixa
houvera feito, mas isto não ocorreu e, exatamente em face desse problema, a autora entrou com a
ação em contexto. O advogado e o preposto da parte ré apresentaram, a princípio, preliminar de
legitimidade passiva, refutada com determinação incontestável pelo conciliador ao fim da
audiência, concluindo que não se tratava de isentar da problematização a parte ré, mas, sim,
responsabilizar tanto a Caixa como a Lsl Loterias e Serviços Ltda – Me (hipótese de litisconsórcio
ou, alternativamente, de ações que defrontassem a Caixa em dado momento e a lotérica em outro –
como é de se supor que é a hipótese aqui possível). Durante a audiência, a parte demandada insistia
explícita e implicitamente na questão, tornando sua posição mais difícil em relação ao
convencimento do conciliador. Já que havia sido oferecido o serviço pela lotérica a Ilza, esta
realizando depósito duas vezes antes de tentar sacar o dinheiro tido como objeto de devolução na
ação, o conciliador sempre contrapôs tais insistências da Lsl com ligeiras variações na refutação.
Primeiro disse que tal preliminar não lhe parecia adequada porque também estava em jogo o
oferecimento de um serviço pela lotérica, tornando-se inviável a exclusiva responsabilização (em
abstrato, obviamente) da Caixa Econômica. Depois reembarcou na afirmação da intencionalidade
ao discernir a fabricação e registro do cartão na Caixa do serviço alternativo de depósito/saque da
lotérica; congregou todos os serviços numa só emenda e afetou a responsabilidade de cada uma das
etapas de satisfação do cliente pelas empresas em momentos e distinções precisas, o que
possibilitava sem nenhuma hesitação o ajuizamento de ações diferentes para reparação dos danos
causados pelas empresas isoladamente consideradas. Ainda em momento posterior salientou com
ênfase inexorável que a proposta de acordo intentada por ele não se devia à cobrança do valor que
havia sido depositado por ela. O que se pretendia, em verdade, era uma indenização justa que
satisfizesse os interesses da demandante em sua condição de leiga (suposto analfabetismo). O
conciliador, descortinando a situação da demandante com a perspicácia de quem já exerce a função
advocatícia em outros âmbitos, referenciou, após a audiência, a dificuldade de se conseguir sucesso
em ações contra a Caixa Econômica na justiça federal. Percebeu que a insegurança da senhora
justificava suas reiterações no ponto relativo ao analfabetismo, contrapondo tais alegações quando
em conversa posterior à audiência, justamente pelo fato de que várias vezes ela se referia à presença
do “nome” da mãe dela em “tal documento”. O conciliador identificou o problema como
insegurança de alguém que tinha pouco conhecimento das técnicas dos serviços e procedimentos
necessários para os fins econômicos que pretendia alcançar, por conseguinte propôs uma conversa
absolutamente dialógica, deixando às partes a possibilidade de fala quando via que era preciso e
intervindo nas leves divergências com apresentação clara de que ambas as partes deveriam ter agido
de maneira um pouco mais cuidadosa em determinada situação, mas que isto não lhes dava
condição de culpa, apenas tornava claro o reflexo de que em tais contextos os desentendimentos são
notadamente normais e que a busca por um acordo, como se estava a fazer naquela oportunidade,
constituía o meio correto e desejável para uma medida de benefícios e “malefícios” que clarificasse
para ambas as partes a necessidade de tal recorrência à jurisdição (estatal).
A ambiência era a ideal (à primeira imaginação que implode na cuca). Sala pequena mas não
em nível de uma sensação de enclausuramento (sobretudo em virtude da audição do vozerio exterior
ao cômodo), bem iluminada, com a disposição de uma mesa circular (todos, em tese, numa mesma
corrente de interesses; tentativa de negar a inevitável oposição que ali se constrói) e de cadeiras
confortáveis. A escrivaninha do conciliador, em viramento que afrontava o meio da sala (a vista dos
indivíduos), colocava-o em maior aproximação com as partes, sem separações ou divisões que o
privassem de um contato mais direto. Pelo que se viu, esses estratagemas, ao menos em relação à
audiência aqui relatada, possibilitaram e efetivaram em parte o diálogo do conciliador com as
partes, sempre proativo na identificação dos reais problemas a serem resolvidos e possuidor de alta
capacidade de tateio, revelada pela ouvida atenta das partes quando ele se punha a falar e a propor
reviravoltas no modo como se via o enquadramento do conflito. Excessivamente passivos, os
advogados citavam de quando em quando somente uma minoração de culpa, como se estivessem
irremediavelmente atrelados a uma condição de miséria moral. O conciliador, ao largo do
desenvolvimento da autocomposição, tratou de colocar panos quentes (a escolha dessa expressão
coloquial não se dá à toa, pois pretende-se aqui referenciar a postura informal do conciliador
durante o procedimento, evitando termos técnicos quando possível e procedendo à tentativa de
dissipação do conflito em tom de conversa de bar) nos pequenos sinais de que o diálogo poderia
descambar para uma paralelidade de monólogos abusivos e desarrazoados. Apresentou como
solução para a situação de Ilza a ida ao banco (ele utilizou o termo “bobinha”, dizendo que ela
deveria pedir um novo cartão como se nada antes houvesse acontecido) e a feitura do registro de seu
nome no quadro de usuários do banco. Como se pode apreender do que foi relatado, revelam-se
muito nítidas as técnicas de focalização do futuro e da resolução do problema, a escuta ativa e
paciente (sobretudo quando ela se propunha a falar), reenquadre das posições de cada uma das
partes, centralização das discussões no problema (às vezes a recorrer à enfática obstrução das falas
debochadas e desnecessárias para o mantenimento do bom diálogo) e aplicação das possibilidades
de resolução do caso à realidade sistemática (ainda que no caso tenha sido, naturalmente, uma
aplicação superficial) dos bancos e das relações interpessoais. Não houve proposta de acordo,
apesar de o conciliador ter insistido com o demandado que apresentasse um valor como indenização
aos supostos danos sofridos pelo demandante. Em verdade, logo após a última insistência do
conciliador, o demandado chegou a propor acordo, mas o valor era realmente baixo, servindo mais
como uma substituição da indenização pelo ressarcimento do dinheiro que já pertencia a Ilza (ela
negou a proposta, retornando os autos conclusos para prolação de sentença pelo magistrado).

Questões Posições Interesses Sentimentos


SOLICITANTE Dinheiro retido na Merecimento da Satisfação do Desgaste
Caixa; intervição devolução do interesse da emocional com a
errônea da dinheiro demandante no espera infinda de
lotérica; pertencente à sentido de lhe tirar um dinheiro de
problemática autora e de uma a desconfiança nos tanto precisou
relativa ao acesso indenização serviços que ainda para quitar
do cartão adequada ao caso lhe serão pendências;
oferecidos e que espanto com a
lhe reconhecem postura inerte e
como usuária desleixada da
também digna de lotérica
respeito e de
comunicação
atenciosa
SOLICITADO Atribuição de Merecimento de Exclusão do polo Surpresa com o
culpa e de relação uma isenção de passivo no processamento de
da empresa com a responsabilização conflito; uma ação tão
situação pelos danos responsabilização “inescrupulosa”;
contextualizada sofridos pela do devido perseguição ao
demandante; culpado; solução setor empresarial,
alusão à falta de do caso através de sobretudo nos
atenção da usuária mais uma ida de casos em que se
no uso do serviço Ilza à Caixa pretende proteger
os clientes menos
instruídas

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