Sei sulla pagina 1di 29

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
NUTRIÇÃO E METABOLISMO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

1
CURSO DE
NUTRIÇÃO E METABOLISMO

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

2
SUMÁRIO

MÓDULO I
INTRODUÇÃO
1 HISTÓRICO DA NUTRIÇÃO
1.1 NUTRIÇÃO
1.1.1 O quê é?
1.1.2 E para que serve?
1.2 METABOLISMO
1.2.1 O que é?
1.2.2 E para que serve?
1.2.3 Como funciona?
1.3 METABOLISMO BASAL
1.3.1 O que é?
1.3.2 E para que serve?

MÓDULO II
2 BASES NUTRICIONAIS E SUAS FUNÇÕES NO ORGANISMO
2.1 MACRONUTRIENTES
2.1.1 Carboidratos
2.1.1.1 Estrutura química
2.1.1.2 Classificação dos carboidratos
2.1.1.3 Monossacarídeos
2.1.1.4 Oligossacarídeos
2.1.1.5 Polissacarídeos
2.1.2 Proteínas
2.1.2.1 Estrutura química
2.1.2.2 Classificação das proteínas
2.1.2.3 Classificação dos aminoácidos

AN02FREV001/REV 4.0

3
2.1.2.4 Valor biológico
2.1.3 Gorduras
2.1.3.1 Estrutura química
2.1.3.2 Classificação dos lipídeos
2.1.3.3 Lipídeos Simples
2.1.3.4 Ácidos Graxos Saturados
2.1.3.5 Ácidos Graxos Insaturados
2.1.3.6 Lipídeos Compostos
2.1.3.7 Lipídeos Derivados
2.2 MICRONUTRIENTES
2.2.1 Vitaminas
2.2.2 Minerais
2.3 ÁGUA

MÓDULO III
3 PROCESSO DE METABOLIZAÇÃO DOS NUTRIENTES
3.1 MACRONUTRIENTES
3.1.1 Carboidratos
3.1.2 Proteínas
3.1.3 Gorduras
3.2 MICRONUTRIENTES
3.2.1 Vitaminas
3.2.2 Minerais
3.3 ÁGUA

MÓDULO IV
4 RECOMENDAÇÕES E CÁLCULOS PARA QUANTIFICAR A QUANTIDADE DE
INGESTÃO DIÁRIA DE MACRO E MICRONUTRIENTES
4.1 DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE CALÓRICA DIÁRIA
4.2 DETERMINANDO AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS
4.2.1 Macronutrientes

AN02FREV001/REV 4.0

4
4.2.2 Micronutrientes
4.3 CÁLCULO PARA A ESTIMATIVA DA NECESSIDADE DE INGESTÃO DE ÁGUA
4.4 DIVISÃO DAS REFEIÇÕES
4.5 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E DE HÁBITO DE CONSUMO
ALIMENTAR
4.5.1 Antropometria
4.5.2 Instrumento para a avaliação do hábito de consumo alimentar
4.6 TABELAS NUTRICIONAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AN02FREV001/REV 4.0

5
MÓDULO I

INTRODUÇÃO

Com a crescente divulgação do estilo de vida ativo repleto de hábitos


saudáveis têm gerado na população o interesse em conhecer e entender as
relações entre os aspectos nutricionais e o funcionamento metabólico. Nesse
sentido, faz-se necessário o conhecimento básico dessas relações entre os
profissionais da área da saúde, para que possam de forma segura diagnosticar
possíveis falhas alimentares ou o mau funcionamento metabólico e dessa forma
orientar de modo seguro e eficaz seus pacientes/clientes ou até mesmo encaminhá-
los para outros especialistas.
Uma alimentação saudável é essencial para toda vida. O equilíbrio
nutricional se faz necessário para o crescimento e desenvolvimento físico e mental,
desempenho e produtividade no dia-a-dia, além de promover e/ou manter a saúde
geral e o bem-estar, devido a sua alta capacidade de proporcionar ao organismo os
“instrumentos” necessários para a sua defesa e recuperação nos casos de doenças
e enfermidades (EUROPEAN HYDRATION INSTITUTE, 2012).
Hoje em dia temos acesso a uma vasta e crescente gama de produtos
alimentícios: frescos (naturais, transgênicos e orgânicos) e industrializados
(biscoitos, salgadinhos, fastfoods, etc.). Ao mesmo tempo, as pessoas parecem
estar perdendo a inclinação e habilidade para planejar e preparar as suas refeições.
O objetivo da dieta de todos (praticantes de atividade física, exercício, esporte ou
não), deve ser o de consumir uma ampla variedade de alimentos saudáveis e em
adequadas. Entretanto, uma nutrição equilibrada por meio da alimentação saudável
parece ser simples na teoria, mas muitas vezes torna-se difícil de conseguir na
prática do dia a dia, especialmente para as pessoas que têm um estilo de vida
agitado.

AN02FREV001/REV 4.0

6
Temas relacionados à nutrição e alimentação saudável são apresentados
quase que diariamente na mídia e nas campanhas publicitárias, tornando-nos mais
sensíveis às informações sobre alimentos e práticas nutricionais saudáveis. No
entanto, muitas vezes, essas fontes apresentam informações tendenciosas ou
contraditórias atendendo aos interesses industriais de consumo de suplementos,
principalmente nos casos relacionados à perda de peso e aumento de massa
muscular.
A nutrição é um fenômeno complexo, assim como tudo que está relacionado
ao ser humano (MORIN, 2007) e envolve diversos fatores que muitas vezes são
negligenciados pelos profissionais que atuam na área. A ciência de forma geral tem
passado por uma revolução devido ao surgimento do pensamento não linear
(CAPRA, 2006a; 2006b; MORIN, 2010a, 2010b). Os conceitos e princípios que este
pensamento revelou à humanidade exigiram, e ainda exigem mudanças dos
paradigmas sociais. Esses conceitos e princípios ampliaram e continuam ampliando
nossas percepções, formulando e (re) formulando nossas ideias e pensamentos.
Dentro desta perspectiva, tendo como pano de fundo a teoria da complexidade
discutiremos a nutrição, pois:

Uma vez que todas as coisas são causas e causadoras, ajudadas e


ajudantes, mediatas e imediatas, e todas estão presas por um elo natural e
imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero
impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer
o todo sem conhecer, particularmente as partes. (BLAISE PASCAL apud.
b
MORIN, 2010 , p. 25)

Nesse sentido, se imaginarmos a nutrição (o todo) como uma luz branca e


olharmos para ela passando por meio de um prisma, veremos a sua dispersão (as
partes) mostrando seus elos com a história, antropologia, sociologia, psicologia,
biologia, fisiologia e química.

AN02FREV001/REV 4.0

7
FIGURA 1 – DISPERSÃO DA NUTRIÇÃO

FONTE: Adaptado da dispersão da luz. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/fisica/a-


dispersao-luz-branca.htm>. Acesso em: 21 out. 2013.

Por esse motivo entre outros é necessário olhar para a nutrição para além
do simples ato de comer.
Neste curso vamos abordar as questões relacionadas à nutrição com foco
na população em geral levando em consideração as diferentes realidades
socioculturais e sua relação com os processos bioquímicos e fisiológicos de
metabolização, além de fornecer aos profissionais subsídios para recomendar,
quantificar a quantidade e qualidade de ingestão diária de macro e micronutrientes e
diagnosticar possíveis falhas alimentares ou mau funcionamento metabólico.

AN02FREV001/REV 4.0

8
1. HISTÓRICO DA NUTRIÇÃO

Segundo a antropologia, a história da nutrição remonta a história da


humanidade. De acordo com os antropólogos necessitamos nos alimentar para
sobreviver, e nenhum outro tipo de comportamento que não seja autônomo interage
tão intimamente em relação à nossa sobrevivência. Assim, o desenvolvimento dos
hábitos alimentares ocorreu em paralelo ao desenvolvimento social e cultural das
sociedades (GEERTZ, 2008; MINTZ, 2001). Dessa forma, ao nos alimentarmos não
estamos apenas ingerindo quantidades de nutrientes e calorias para manter o bom
funcionamento orgânico, pois o ato de comer em sua essência é complexo
envolvendo: a seleção e escolha, ocasiões e rituais, sobrepondo-se com a
sociabilidade, ideias e significados, interpretações de experiências e situações. Os
alimentos antes de serem comidos, ou comestíveis precisam ser escolhidos de
acordo com as preferências, preparados ou processados pela culinária, e todo este
processo implícito é matéria cultural. O antropólogo Audrey Richards (1948 [1935])
afirmou há muito tempo, que o impulso de comer é mais forte do que o impulso
sexual.
Hipócrates em 430-429 a. C, já reconhecia a importância do equilíbrio entre
o consumo de alimentos que fornecem combustível para o corpo (consumo
energético) e atividade física (gasto energético) para a saúde. Hipócrates também
notou que as pessoas obesas morriam mais cedo. Os gregos eram orgulhosos de
seus atletas e a ginástica não era exclusividade de poucos, mas sim parte integrante
das atividades diárias da vida de todos. Para Hipócrates, a alimentação e a atividade
física eram fatores preponderantes para a saúde, pois a preservava e suplementava
a medicina que alterava o estado do corpo, passando de doente para o saudável
(PEREIRA, 2003; GIORDANI, 1992).

AN02FREV001/REV 4.0

9
“Deixe sua comida ser seu remédio e seu remédio ser sua comida.”
Hipócrates (460 a 370 a. C), Grécia, cerca de 400 a.C. (Documentário Food Matters,
www.foodmatters.tv)

FIGURA 2 - HIPÓCRATES

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3crates>. Acesso em: 21 out. 2013.

A influência da alimentação e da atividade física na saúde tem sido alvo de


investigação há dezenas de séculos e uma enorme quantidade de evidências a
respeito tem sido acumulada desde então (GARCIA, 2003; MONTEIRO & MONDINI,
1994; WILLET, 1994; REGO, 1990). À medida que a ciência e a medicina evoluem,
mais evidências a respeito da importância da alimentação saudável e da prática de
atividade física na saúde são encontradas a cada dia.
Em contra partida a Sociedade ao longo da sua evolução foi modificando os
seus padrões de vida e a crescente dinâmica das relações industriais e comerciais
levaram à modificação dos hábitos alimentares.
Cerca de 50% da mortalidade por doenças crônicas podem ser atribuídas a
fatores do estilo de vida das pessoas. A alimentação está entre esses fatores, em
conjunto com o hábito de fumar e o de beber álcool em excesso. Já está

AN02FREV001/REV 4.0

10
comprovado que uma alimentação saudável associada à prática de atividade física
promove a saúde e reduz o risco de desenvolvimento de doenças crônicas tais
como: as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, certos tipos de
cânceres, hipertensão arterial e obesidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012;
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010; SOCIEDADE BRASILEIRA
DE DIABETES, 2009). Tratar e prevenir doenças por meio da alimentação já se
provou ser eficiente e econômico.

1.1 NUTRIÇÃO

1.1.1 O quê é?

A nutrição pode ser entendida por diversos níveis do macroscópico ao


microscópico. No nível macroscópico estão às relações socioculturais de cada
região (bairro, cidade, estado e país). Em que por meio da história foi-se construindo
os hábitos alimentares de acordo com a oferta de alimento, cultura e crenças. Ainda
no nível macroscópico encontramos às questões psicológicas em que as escolhas
alimentares são inculcadas desde muito cedo, na infância, pelas sensações táteis,
gustativas e olfativas sobre o que se come. As análises sociológicas a respeito do
consumo estabelecem uma relação com a cultura e se preocupam com as escolhas
alimentares. Nelas podemos encontrar as contradições de nossa cultura atual,
mercantilizada. A persistência das diferenças estruturais de consumo entre os
grupos de renda, classe, gênero e estágio de vida, bem como a não solução dos
constrangimentos materiais e das idiossincrasias individuais (GEERTZ, 2008;
MINTZ, 2001).
No nível microscópico estão os processos biológicos, fisiológicos e químicos
por meio dos quais um organismo vivo ingere, digere, absorve, transporta, utiliza e
excreta nutrientes (GUYTON & HALL, 2006; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

AN02FREV001/REV 4.0

11
FIGURA 3 – CICLO DOS PROCESSOS FISIOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS
DA NUTRIÇÃO

FONTE: Adaptado de GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 2006 e MCARDLE;
KATCH; KATCH: Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e desempenho Humano, 2003.

A ingestão é o processo pelo qual um organismo consome um alimento ou


substância química. Nos animais a ingestão normalmente é realizada pela
introdução do alimento no tubo digestivo pela boca (comendo ou bebendo)
passando pelas fases de mastigação (fracionamento do alimento em partes
menores) e deglutição (transporte do alimento para o estômago através da faringe e
esôfago). Em organismos celulares, a ingestão ocorre por meio de absorção da
substância química através da parede celular (GUYTON & HALL, 2006).
A digestão é o processo onde ocorrem as transformações químicas (ação
das enzimas que quebram as moléculas para serem absorvidas) e físicas
(contrações dos órgãos) dos alimentos orgânicos, ao longo do sistema digestivo,
para se converterem em compostos moleculares mais simples de menor tamanho,
podendo dessa forma atravessar as paredes do tubo digestivo (meio externo) para o
meio interno (sangue e linfa) sendo conduzidos até às células, onde são utilizados
no decurso do metabolismo celular. O processo digestivo tem a função de manter o

AN02FREV001/REV 4.0

12
suprimento de água, eletrólitos e nutrientes do organismo, em um fluxo contínuo
(GUYTON & HALL, 2006).

FIGURA 4 – TRATO ALIMENTAR

FONTE: Disponível em: GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 2006.

A absorção se refere ao processo pelo qual os nutrientes, resultantes da


simplificação molecular dos alimentos durante a digestão, passam para o meio
interno do organismo, através das paredes do sistema digestivo. O processo de
absorção ocorre no intestino delgado, principalmente na região do jejuno, com
exceção de algumas pequenas moléculas, como o álcool e a cafeína, cuja absorção
se dá na boca e estômago. No intestino grosso, na região do cólon, ocorre a
absorção de determinadas substâncias, como alguns aminoácidos e vitaminas
resultantes da ação das bactérias da flora intestinal. Nesta região do intestino, os

AN02FREV001/REV 4.0

13
nutrientes absorvidos em maior quantidade são a água e os sais minerais. A
superfície interna do intestino delgado é especializada em processos absortivos,
devido a sua grande superfície de contato em razão de seu aspecto ondulado
formado por inúmeras projeções em forma de luva (vilosidades intestinais), que
possuem no seu interior uma pequena rede de capilares sanguíneos e um vaso
linfático (quilífero).
Os nutrientes podem ser absorvidos por duas formas: direta ou indireta. Um
nutriente é absorvido de forma direta quando não necessita da ajuda de outras
substâncias para serem absorvidos pelo organismo, já a forma indireta necessita da
ajuda de outras substâncias para sua absorção, como por exemplo, o cálcio, que
necessita da presença de vitamina D, ou o ferro, cuja passagem para o meio interno
depende da presença da vitamina B12 (GUYTON & HALL, 2006).
O processo de transporte dos nutrientes é realizado pelo sistema circulatório
e linfático. A veia porta hepática é responsável por transportar até o fígado os
aminoácidos, glicose, sais minerais, alguns ácidos graxos e as vitaminas
hidrossolúveis. A maior parte dos ácidos graxos e vitaminas lipossolúveis são
transportados pelos vasos linfáticos através do canal torácico até à veia cava
superior, onde entram na corrente sanguínea, através da qual são distribuídos às
células (GUYTON & HALL, 2006).

AN02FREV001/REV 4.0

14
FIGURA 5 – SISTEMA CIRCULATÓRIO E LINFÁTICO

FONTE: Adaptado de Sobotta: Atlas de Anatomia Humana, 2000.

A utilização dos nutrientes pelo organismo se refere aos processos de


fornecimento de energia, construção e manutenção dos tecidos corporais, controle
dos processos metabólicos como crescimento, atividade celular, produção de
enzimas e regulação da temperatura corporal (GUYTON & HALL, 2006; MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003).
A excreção é o processo final pelo qual os produtos metabólicos residuais da
ingestão, digestão, absorção e utilização são eliminados do organismo (GUYTON &
HALL, 2006).

1.1.2 E para que serve?

A nutrição é necessária para a manutenção dos diferentes tecidos do


organismo. Os benefícios de uma dieta saudável incluem o aumento da energia e

AN02FREV001/REV 4.0

15
vitalidade, melhora da função do sistema imunológico, controle do ganho de peso e
manutenção e/ou redução do risco de muitas doenças crônicas (EUROPEAN
HYDRATION INSTITUTE, 2012; RONDÓ JÚNIOR, 2007; MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003).
Deficiências, excessos e desequilíbrios nos aportes têm o potencial de
produzir efeitos negativos sobre a saúde, que podem desencadear uma série de
distúrbios relacionados à dieta.
Nos distúrbios relacionados à deficiência do aporte nutricional podemos citar
o escorbuto (falta de vitamina C), a osteoporose (falta de cálcio) e a anemia (falta de
ferro), quanto aos distúrbios causados pelo excesso do aporte nutricional podemos
citar a obesidade (excesso de energia) e a doença arterial coronariana (excesso de
gordura). Os desequilíbrios de ingestão podem ocorrer durante os períodos de alta
demanda nutricional, tais como o crescimento ou a gravidez, durante os eventos de
vida estressantes ou quando as dificuldades físicas ou psicológicas tornam-se
difíceis de conseguir os níveis nutricionais adequados, tais como durante a velhice
(EUROPEAN HYDRATION INSTITUTE, 2012).
A nutrição em seu nível microscópico (nutrientes) se divide em dois tipos:
macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e
minerais), além da água que não é um nutriente, porém desempenha funções vitais
no organismo. Dentro desta divisão de macro e micronutrientes existe outra que os
classifica de acordo com sua função metabólica: energéticos (fornecem energia para
as atividades do dia a dia), construtores (são importantes para a construção e
manutenção do organismo, como os nossos ossos, pele e músculos) e reguladores
(são necessários ao bom funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de
doenças e no crescimento) (BUSHMAN, 2011; PHILIPP, 1999).

AN02FREV001/REV 4.0

16
FIGURA 6 – MACRO E MICRONUTRIENTES

FONTE: Disponível em: <http://nutrischoolnutricaoinfantil.blogspot.com.br/2010/10/o-que-sao-e-para-


que-servem-os.html>. Acesso em: 21 out. 2013.

1.2 METABOLISMO

1.2.1 O que é?

O metabolismo se refere ao conjunto de transformações que as substâncias


químicas sofrem no interior dos organismos vivos. É uma atividade celular altamente
dirigida e coordenada, que envolve sistemas multienzimáticos que tem como
objetivo a manutenção da vida. O termo "metabolismo celular" é usado em
referência ao conjunto de todas as reações químicas que ocorrem nas células
convertendo os nutrientes em energia e produtos químicos celulares complexos.
(NEWSHOLME; LEECH, 2010; RONDÓ JÚNIOR, 2007; MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003). Aproximadamente mais de mil reações enzimáticas estão
organizadas em vias metabólicas.

AN02FREV001/REV 4.0

17
FIGURA 7 – SISTEMA DA REDE INTEGRADA DAS VIAS METABÓLICAS DO SER
HUMANO

FONTE: Disponível em: <http://www.finanzaonline.com/forum/arredamento-edilizia-


impianti/1477396-palestra-casa-un-consiglio-8.html>. Acesso em: 21 out. 2013.

As vias metabólicas consistem em etapas sequenciais catalisadas por


enzimas atuando de maneira consecutiva e interligada de tal forma que o produto de
uma primeira reação enzimática torna-se substrato para uma seguinte e assim por
diante. As enzimas podem estar separadas ou formarem um complexo
multienzimático de 2 a 20 enzimas ou ainda estar ligadas a uma membrana. Novas

AN02FREV001/REV 4.0

18
pesquisas indicam que os sistemas complexos multienzimáticos são mais comuns
que outros (NEWSHOLME; LEECH, 2010; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

FIGURA 8 – DISPOSIÇÃO ENZIMÁTICA

FONTE: Adaptado de NEWSHOLME; LEECH: Functional Biochemistry in Health and Disease, 2010.

Uma via metabólica pode ser linear, cíclica ou espiralada. Os sucessivos


produtos de uma reação enzimática são chamados de metabólitos ou intermediários
metabólicos. A cada passo da via metabólica é provocado uma pequena mudança
química específica, geralmente, a remoção, transferência ou adição de um átomo,
molécula ou grupo funcional (NEWSHOLME; LEECH, 2010; MCARDLE; KATCH;
KATCH, 2003).

AN02FREV001/REV 4.0

19
FIGURA 9 – ORGANIZAÇÃO DAS VIAS METABÓLICAS

FONTE: Adaptado de NEWSHOLME; LEECH: Functional Biochemistry in Health and Disease, 2010.

As vias metabólicas mais importantes são a Glicólise onde ocorre a oxidação


da glicose obtendo-se desta forma ATP (adenosina trifosfato); o Ciclo de Krebs
sendo oacetil-CoA oxidado para obtenção de energia; na Fosforilação Oxidativa são
eliminados os elétrons libertados na oxidação da glicose e do acetil-CoA. Grande
parte da energia libertada neste processo pode ser armazenada na célula sob a
forma de ATP. Já via da pentose-fosfato processa a síntese de pentoses, obtendo-
se também o poder de redução das reações anabólicas. O Ciclo da Ureia contribui
para a eliminação de NH4+ (amônia) em formas menos tóxicas. Na β-oxidação dos
ácidos graxos ocorre a transformação de ácidos graxos em acetil-CoA. Finalmente
na Glicogênese se produz a glicose a partir de moléculas menores (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003; HALPERN, 1997).
As diversas vias metabólicas relacionam-se entre si de forma complexa, de
modo a permitir uma regulação adequada. Este relacionamento envolve a regulação

AN02FREV001/REV 4.0

20
enzimática de cada uma das vias, o perfil metabólico característico de cada órgão e
o controle hormonal (HALPERN, 1997).
O metabolismo é dividido em dois grupos: anabolismo e catabolismo. O
anabolismo ou biossíntese é fase construtiva do metabolismo onde as moléculas
precursoras são reunidas para se tornarem as grandes macromoléculas que
constituem as células. O processo de anabolismo promove o aumento do tamanho e
complexidade da molécula, ele também requer o fornecimento de energia livre na
forma de ATP e equivalentes redutores NADPH (fosfato de dinucleótidio de
nicotinamida e adenina) e NADH (dinucleótidio de nicotinamida e adenina).
O catabolismo se refere à fase de degradação do metabolismo. Nele as
moléculas organizadas (nutrientes), provenientes do meio ambiente ou do próprio
organismo serão degradadas por reações consecutivas a produtos finais menores e
simples, assim acompanhando a liberação de energia na forma de ATP e
equivalentes redutores (NADPH e NADH).
O anabolismo e o catabolismo apresentam diferenças na regulação de
maneira a não acontecer ciclos fúteis, levando apenas ao funcionamento da via
metabólica que está sendo necessária naquele momento. Quando o catabolismo
supera em atividade o anabolismo, o organismo perde eficiência, o que acontece em
períodos de jejum prolongado ou doença; mas se o anabolismo superar o
catabolismo, o organismo cresce e aumenta eficiência. Se ambos os processos
estão em equilíbrio, o organismo encontra-se em equilíbrio dinâmico ou homeostase
(GUYTON & HALL, 2006; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

AN02FREV001/REV 4.0

21
FIGURA 10 – CATABOLISMO E ANABOLISMO NO METABOLISMO CELULAR

FONTE: Adaptado de GUYTON & HALL: Tratado de Fisiologia Médica, 2006 e MCARDLE;
KATCH; KATCH: Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 2003.

1.2.2 E para que serve?

Estas reações são responsáveis pelos processos de síntese e degradação


dos nutrientes na célula e constituem a base da vida, permitindo o crescimento e a
reprodução das células, mantendo suas estruturas e adequando as respostas
necessárias no seu relacionamento com o ambiente (NEWSHOLME; LEECH, 2010,
RONDÓ JÚNIOR, 2007; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003, HALPERN, 1997).

AN02FREV001/REV 4.0

22
1.2.3 Como funciona?

As reações químicas do metabolismo estão organizadas em vias


metabólicas, que nada mais são do que sequências de reações em que o produto de
uma reação é utilizado como reagente da reação seguinte. As vias metabólicas são
reguladas em três níveis: enzimas alostéricas, regulação hormonal e concentração
celular de uma dada enzima.
As enzimas alostéricas possuem um sítio de ligação alostérico (regulatório)
no qual se ligam compostos químicos chamados de moduladores alostéricos. A
ligação dos moduladores no sítio alostérico afeta profundamente a atividade
enzimática, a qual pode ser aumentada ou diminuída. Quando a ligação do
modulador promove o aumento da atividade enzimática ele é chamado de
modulador alostérico positivo, e quando a ligação do modulador promover
diminuição da atividade enzimática ele é chamado de modulador alostérico negativo
(NEWSHOLME; LEECH, 2010).

AN02FREV001/REV 4.0

23
FIGURA 11 – MODULAÇÃO ALOSTÉRICA

FONTE: Disponível em: <http://biointerativafisio.blogspot.com.br>. Acesso em: 21 out. 2013.

A presença adequada de nutrientes para a célula resulta na produção de


moléculas ricas em energia como a de adenosina trifosfato (ATP) e outras moléculas
que serão moduladores alostéricos positivos ou negativos, ativando ou inibindo
muitas enzimas regulatórias de vias metabólicas importantes. Manter uma relação
ATP e a ADP (adenosina difosfato) alta é um dos parâmetros fundamentais para a
manutenção da vida celular. Em condições normais a razão ATP/ADP é
aproximadamente de 10/1 e toda vez que esta razão é alterada ocorre profundas
alterações no metabolismo celular. O metabolismo oxidativo de alimentos como
carboidratos, lipídeos e proteínas é o gerador principal de ATP. O intermediário
comum dessas oxidações é o acetil-CoA, o qual inicia o ciclo do ácido cítrico
levando ao aumento da produção de citrato e resultando na formação das
coenzimas reduzidas NADH e FADH2 (dinucleótidio de flavina e adenina), as quais
alimentarão a cadeia respiratória e propiciarão a produção de ATP via fosforilação
oxidativa (HARDIE; HAWLEY, 2001; STEIN et al. 2000; KEMP et al., 1999).

AN02FREV001/REV 4.0

24
Portanto, o aumento das concentrações de acetil-CoA, citrato, NADH ou
FADH2 também pode ser considerado como sinalizadores de alta energia celular,
uma vez que os mesmos alimentam a principal via de produção de ATP, a
fosforilação oxidativa. Por outro lado, a diminuição ou ausência de nutrientes na
célula, resulta na produção de moléculas de baixa energia como o ADP, AMP
(adenosina monofostato) e NAD+ (dinucleótidio de nicotinamida e adenina), os quais
também são moduladores alostéricos de várias enzimas reguladoras. O aumento
das concentrações de AMP intracelulares além de regular a atividade de inúmeras
enzimas por alosteria irá ativar enzimas quinases dependentes de AMP, resultando
em uma enorme cascata de reações celulares. De tal modo, que o perfil metabólico
das células será profundamente modificado em função do nível de energia, o qual,
em última instância, depende do aporte nutricional (NEWSHOLME; LEECH, 2010;
HARDIE; HAWLEY, 2001;STEIN et al. 2000; KEMP et al., 1999).
A regulação hormonal é externa à célula, essa regulação é integrada e
simultânea a vários tecidos, sendo controlada através da regulação neuroendócrina.
Os hormônios são importantes moduladores da atividade enzimática, este fato se
deve, porque sua ação na célula pode resultar na ativação de proteínas quinases ou
de fosfoproteínas fosfatases, as quais atuam sobre as enzimas, de forma que estas
ganhem ou percam um grupamento de fosfato, que está intimamente relacionado à
modulação da atividade enzimática, esse mecanismo também é conhecido como
regulação covalente. As enzimas sofrem regulação covalente por fosforilação de um
ou mais de um resíduo de serina, treonina ou tirosina através da ação de enzimas
quinases. Esta fosforilação pode ser revertida pela ação de enzimas fosfoproteínas
fosfatases. A presença do grupo fosfato modifica a atividade catalítica de várias
enzimas importantes do metabolismo celular, ativando-as ou inibindo-as
(NEWSHOLME; LEECH, 2010).

AN02FREV001/REV 4.0

25
FIGURA 12 – MECANISMO GERAL DE REGULAÇÃO ENZIMÁTICA COVALENTE

FONTE: Adaptado de NEWSHOLME; LEECH: Functional Biochemistry in Health and Disease, 2010.

Vale ressaltar, que muitos hormônios têm natureza hidrofílica e por esse
motivo, são incapazes de atravessar a membrana plasmática. Estes hormônios só
conseguem atuar nas células através de ligações a um receptor de membrana,
quase sempre por uma proteína transmembranar, que possui um sítio específico
para ligação hormonal. A ligação hormônio-receptor promove alterações no
ambiente interior da célula que resultará na síntese ou ativação de uma molécula
intracelular, chamada de segundo mensageiro, o qual passa a ser a responsável
pela ação do hormônio dentro da célula.
Alguns hormônios, como o glucagon e a adrenalina têm como segundo
mensageiro a molécula de nucleotídeo de adenina na forma cíclica, o AMP cíclico ou
AMPc. A principal característica do AMPc é funcionar como um ativador de proteínas
quinases, bem como inibidor das fosfoproteínas fosfatases. Consequentemente, na
presença destes hormônios, várias enzimas são moduladas pelo processo de
fosforilação. Sabe-se ainda, que a insulina antagoniza os efeitos do glucagon e da
adrenalina por mecanismos distintos dependentes ou não do AMPc, porque sua
presença leva a ativação das fosfoproteínas fosfatases, o que culmina na
desfosforilação das enzimas regulatórias das células em que atua (NEWSHOLME;
LEECH, 2010; CHIN; YANG; RAVATN et al., 2002; DANIEL; WALKER; HABENER,
1998).

AN02FREV001/REV 4.0

26
Dentre os principais hormônios que influenciam diretamente o metabolismo
celular temos: a insulina, o glucagon, as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, o
cortisol, o hormônio do crescimento entre outros. Como a presença da insulina
sempre está associada a uma situação inicial de hiperglicemia, a sua ação
primordial é, a de diminuir a glicemia. No entanto, a presença deste hormônio
também significa uma situação de alto suprimento energético para células, e, neste
momento as reações anabólicas, as quais necessitam de energia para ocorrer, são
favorecidas. A ação da insulina sobre a maioria das vias metabólicas é justamente
de ativação da síntese de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol, proteínas e
glicogênio (NEWSHOLME; LEECH, 2010; WILLIAMS; MOBARHAN, 2003;
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
Já a concentração celular de uma dada enzima se refere aos fatores que
irão afetar a velocidade de uma reação catalisada devido à diferença de
concentração entre enzimas e substratos, isso se deve pelo fato das quantidades de
substratos variarem durante o curso de uma reação, na medida em que os
substratos são convertidos em produtos (NEWSHOLME; LEECH, 2010).

1.3 METABOLISMO BASAL

1.3.1 O que é?

Hoje em dia se comenta muito sobre o metabolismo basal, as pessoas


possuem grande interesse em conhecer seu próprio ritmo metabólico. Surgindo
várias dúvidas a respeito dessa questão, entretanto, ela é mais simples do que
parece. Não existe uma fórmula mágica que torne o metabolismo menos ou mais
acelerado, são diversos os fatores que envolvem essa questão e que devem ser
considerados e avaliados individualmente para se ter ideia de qual tipo é o
metabolismo de cada um. Em geral o metabolismo basal é classificado como: a
quantidade de energia utilizada em 24h por um indivíduo deitado, 12-18h após a
refeição.

AN02FREV001/REV 4.0

27
O peso, idade, gênero e o nível de atividade física são fatores importantes
na regulação do metabolismo. Por exemplo, as pessoas que apresentam o peso
mais alto necessitam de um valor calórico maior, a idade mais avançada torna o
metabolismo mais lento, os homens possuem maior massa muscular em relação às
mulheres e, com isso possuem um metabolismo mais rápido. Além desses fatores, a
prática de exercícios físicos deixa o metabolismo mais rápido. Todos esses dados
devem ser considerados quando o assunto refere-se ao metabolismo de cada
pessoa (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

1.3.2 E para que serve?

O metabolismo basal representa a quantidade de calorias que um organismo


necessita para se manter vivo num período de 24 horas. A partir deste valor é
possível estimar a quantidade ideal de calorias a serem ingeridas por uma pessoa.
Por exemplo, para as pessoas que desejam reduzir o peso corporal é necessário
fazer um balanço energético negativo elevando o seu gasto calórico diário por meio
de atividades físicas ou reduzir a quantidade de calorias ingeridas diariamente e/ou
associar as duas formas, já as pessoas que desejam aumentar o seu peso é
necessário fazer o balanço energético positivo aumentando o consumo calórico
diário e para aqueles que desejam manter o peso corporal basta manter o balanço
energético em estado neutro, ou seja, manter o equilíbrio entre o gasto calórico do
metabolismo basal e o consumo calórico diário. Com esses exemplos, podemos
notar que em todas as situações, seja ela para perda, ganho ou manutenção do
peso corporal a necessidade do balanço calórico será diferente de uma pessoa para
outra. Por isso, é importante ter o acompanhamento de um profissional
especializado (BUSHMAN, 2011; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

AN02FREV001/REV 4.0

28
FIGURA 13 – BALANÇO ENERGÉTICO

FONTE: Adaptado de MATSUDO, S.; MATSUDO, V.: Actividad física y obesidad: Prevención &
tratamento, 2008.

FIM DO MÓDULO I

AN02FREV001/REV 4.0

29

Potrebbero piacerti anche