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Paulino Sozinho
1. Introdução
A Filosofia do Direito coloca para si mesma a permanente pergunta acerca dos objectivos,
finalidades e metas que precisa alcançar a fim de ser significativa e oferecer uma contribuição
específica e diferenciada aos académicos e profissionais do Direito. Diversas são as respostas
oferecidas pelos Filósofos do Direito às questões que perguntam sobre as finalidades dessa
disciplina. Afirmam que ela cumpre a função de problematizar o Direito; de implementar a tarefa
conceitual; de depurar a linguagem jurídica etc.
2. Filosofia do Direito
De acordo com Morrison (2006), Filosofia do Direito é o “campo de investigação filosófica que
tem por objecto o direito. Com o intuito de obter decisões mais justas”. A Filosofia do Direito,
por meio de reflexões e questionamentos, busca a verdade real e processual visando aplicá-las no
mundo jurídico. Ela pode ser definida como o conjunto de respostas à pergunta “o que é o
direito?”, ou ainda como o entendimento da natureza e do contexto do empreendimento jurídico.
Não só diz respeito a perguntas sobre a natureza do fenómeno jurídico, mas ainda sobre quais
elementos estão em jogo quando ele é discutido. Tem sido abordada tanto de um prisma
filosófico, por filósofos de formação, quanto de um prisma jurídico, por juristas de formação.
Essa ciência possui o objectivo de conhecer e contemplar a verdade, bem como se preocupa em
chegar às causas das coisas por meio da razão. Nas palavras de Nader (2010), a Filosofia é " o
método de reflexão pelo qual o homem se empenha em interpretar a universalidade das coisas".
Um uso mais estrito do termo "Filosofia do Direito" poderia delimitar seu conteúdo de maneira
bem menos abrangente, principalmente quando contraposto com o conteúdo de chamada Teoria
do Direito. Nesse sentido, caberia à "Filosofia do Direito" apenas questões relacionadas à
essência do fenómeno jurídico, enquanto a análise da substância do direito, isto é, as questões
relativas à definição, as funções, fontes, critérios de validade do direito e etc., caberia à teoria do
direito.
Em relação a análise da razão, à luz da Filosofia do Direito, verifica-se que busca a ciência
chegar às causas das coisas por meio da razão, onde a reflexão e o conjunto de ideias,
possibilitam o alcance do direito. Segundo Oliveira (2012), “filosofar sobre o direito seguirá os
mesmos objectivos da filosofia, qual seja, se preocupar com as causas primeiras”. Para ele a
filosofia do direito implica indagar-se a respeito dos elementos que constituem o que há de
fundamental para a compreensão do fenómeno jurídico.
jurídica. Filosofia do direito não é uma disciplina jurídica, mas é a própria filosofia voltada para
uma ordem de realidade, que, segundo Reale (2002), é uma “realidade jurídica”.
O direito é universal, ou seja, em qualquer lugar do mundo onde existir o homem haverá a
necessidade do direito regulando a convivência e a vida social das pessoas e justamente por essa
universalidade do direito que se pode dizer que é susceptível de indagações filosóficas.
Segundo Reale, (2002, p. 5-13) “Filósofo autêntico, e não mero espectador de sistemas é, como o
verdadeiro cientista, um pesquisador incansável, que procura sempre renovar as perguntas
formuladas, no sentido de alcançar respostas que sejam condições das demais”. A filosofia não
se aquieta diante das explicações postas e através de incansáveis questionamentos ela busca
explicações para entender a realidade diante da vida.
A filosofia enquanto ciência vai acumulando os saberes históricos culturais da humanidade e vai
procurando explicação, para os conceitos e sentidos dos princípios jurídicos, pois essa é sua
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função, enquanto ao aplicador do direito cabe procurar conhecer as normas e aplicá-las com
conhecimento da filosofia.
Para o universo jurídico, a filosofia traz a inquietação para lidar com todo um processo de busca
da verdade para compreender dentro do caso concreto as respostas necessárias para satisfazer
não a vontade daquele que julga estar com a razão, mas encontrar dentro do que foi apresentado
qual a verdadeira razão e tentar a melhor forma de aplicar a lei.
Segundo Gualtier (2012), o estudo do direito fica incompleto se não alcança seu nível filosófico.
A ciência jurídica depende de conteúdos filosóficos. Tanto a interpretação do direito como a
forma de desenvolver do jurista têm fundamentos em alguma filosofia, por isso que a filosofia
não pode ser afastada do direito.
Para André Gualtieri (2012), "a filosofia do direito implica indagar-se a respeito daqueles
elementos que constituem o que há de fundamental para a compreensão do fenómeno jurídico.
As perguntas que a filosofia do direito busca esclarecer são as seguintes; o que é o direito e o que
é a justiça".
Para Oliveira (2012), a filosofia do direito tem a função de esclarecer o que é o direito a e justiça,
tendo como objectivo a própria ciência jurídica, que por sua vez, busca através da pessoa do juiz
dizer " se uma relação jurídica está ou não de acordo com a lei.
Baseado na ideia de Aristóteles, no seu livro V, que faz referência sobre justiça e injustiça,
quando menciona a pessoa do juiz como sendo o intermediário entre as partes litigantes, pelas
quais ele busca uma maneira de resolver a situação de forma a ter um equilíbrio para ambas.
Aristóteles afirma: “o justo é um meio-termo já que o juiz o é".
Aristóteles em seu texto, quando menciona sobre o justo e injusto, ele fez comparação entre a
sociedade de hoje e de séculos atrás, afirmando que a sociedade evoluiu e a lei não conseguiu
acompanhar no mesmo ritmo. Então como bem prevê Aristóteles na sua época, que" nem tudo o
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que é justo está na lei, mas a lei é justa". O que se pode perceber é que tudo se concretizou.
Quando o filósofo diz que a lei é um parâmetro de justiça, mas não na sua totalidade.
Desde seu início, a filosofia é, portanto, um conhecimento que se preocupa em chegar às causas
por meio da razão. O direito é interpretado como sendo um conjunto de leis, que amparam as
pessoas do que elas necessitam quando se sentem injustiçadas, enquanto a justiça é algo que
concretizam o nosso direito. Porém sabe-se que a filosofia do direito trás uma ampla discussão
sobre o assunto. Ao entender desta valiosa matéria e a contribuição de livro de Aristóteles, pode-
se concluir que dizer o que uma decisão judicial é justa ou injusta, depende do lado em que
estamos.
3. Filosofia no Direito
De acordo com Kaufmann (2004), a filosofia no direito deve ser entendida, antes de tudo, como
a disciplina filosófica e não exclusiva da ciência jurídica, que permite ao jurista pensar as
questões filosóficas mais caras e fundamentais ao direito, e não do direito. Para Cotta (1983), a
filosofia no direito deve ser entendida como o locus privilegiado que permite ao jurista dar conta
do facto de que o direito é muito mais complexo do que parece num primeiro momento, visto
que opera normativa e objectivamente com todas as dimensões ligadas aos existenciais humanos,
isto é, com todas as questões atreladas às condições humanas.
Isso, contudo, requer alguns cuidados, conforme alerta Stein (2004), haja vista que as aplicações
da filosofia no direito são ora consideradas um corpo estranho, ora assimiladas como algo que é
próprio do direito e que pouco, ou quase nada, tem a ver com a filosofia propriamente:
Para podermos encontrar um caminho que não leve a esses impasses repetidos temos que rever o modo
como é pensada a Filosofia como um correctivo para o positivismo e o dogmatismo no Direito. Em
qualquer época usaram-se recursos estranhos para a orientação no universo da positividade. É privilégio
de nosso tempo termos chegado a uma exacerbação do positivismo e a um superfatualismo nas tentativas
de fundamentação. É por isso que estamos postos diante da alternativa: ou encontramos um modo de
pensar a relação entre Filosofia e Direito em uma nova dimensão, ou permanecemos na corrida
interminável de um Direito que se especializa para esconder o impasse de seu vazio Streck (2013, p. 153-
154).
A partir disso, pode-se compreender que o grande problema relativo à filosofia no direito
encontra-se atrelado, ao fim e a cabo, ao facto de o jurista se mover, geralmente, no raso da
filosofia, que é a linguagem comum, natural, científica-positivista, no caso do direito,
negligenciando esta dobra sobre a qual ela se estrutura e cujas consequências são incontornáveis
para se pensar e aplicar o direito.
Nessa linha, Stein (2004, p. 161) ensina que a filosofia “possui um papel exclusivo no nível do
discurso jurídico, uma vez que apenas ela é que pode trazer os elementos que constituem não só
o campo conceitual e argumentativo do direito, mas, sobretudo, o espaço em que ele se move,
que é sustentado, ao fim e a cabo, pelo modo como se realiza a filosofia”.
É preciso entender, portanto, que é inadmissível continuar acreditando ser possível fazer direito
sem filosofia. O direito é, inevitavelmente, filosofia aplicada; e a filosofia, por sua vez, não é
mero ornamento ou orientação, mas, sim, condição de possibilidade. Ou melhor, poder-se-ia até
mesmo dizer que, para o estudo do direito, a filosofia, mais especificamente no que diz respeito
aos paradigmas de racionalidade atrelados ao fenómeno jurídico, é tão importante como, para o
estudo da física ou da engenheira, é a matemática.
Ou seja, apenas através da filosofia no direito é que se torna possível pensar pós-metafisicamente
o direito, superando a afirmação baseada na diferença entre uma semântica jurídica, que trata dos
objectos jurídicos no mundo, e a uma semântica filosófica, que não trata de objectos, de que no
direito não se pensa, uma vez que o direito não se move no mesmo nível linguístico da filosofia.
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Assim, sem concorrer com a filosofia do direito, cujo objecto de estudo é o pensamento
filosófico acerca de questões ético-jurídicas pensadas desde a antiguidade Saldanha (2006), e
tampouco com a dogmática jurídica, cujo objecto de estudo é o arcabouço técnico-instrumental
do direito Kaufmann (2004), a filosofia no direito exsurge como elemento central e
intransponível para a reflexão das teorias do direito contemporâneas, para quem é necessária uma
filosofia do direito de juristas, e não uma filosofia do direito de filósofos Troper (2003).
Dito de outro modo, a filosofia no direito assume, portanto, especial relevância neste início de
século XXI, na medida em que ela se apresenta como o campo apropriado para se pensar os
problemas filosóficos implícitos e inerentes à tríplice questão pós-positivista que move as teorias
do direito contemporâneo, como se interpreta, como se aplica e como se fundamenta, em busca
do alcance das condições interpretativas capazes de garantir uma resposta correcta diante da
indeterminabilidade do direito.
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4. Considerações Finais
O Direito é um produto cultural, feito pela razão do homem e como tal, precisa de oportunidade
de submeter o que produz aos critérios da racionalidade. A Filosofia do Direito é disciplina que
exerce de forma intensa a tarefa de pensar e repensar de forma crítica, profunda e ampla o
fenómeno jurídico. Por mais que o Direito tenha que se apresentar como um ser gerador de
segurança; por mais que certo grau de rigidez lhe seja indispensável, a Filosofia tem o poder de
oferecer a ele elementos que contribuem para seu aperfeiçoamento.
A Filosofia do Direito investiga o Direito do ponto de vista conceitual; exerce sobre ele uma
rigorosa crítica; problematiza-o; viabiliza ao jurista abrir sua mente diante do fenómeno jurídico;
abre espaço para a percepção de verdades que se escondem por traz dos discursos: estabelece,
enfim, com o Direito uma relação dialéctica capaz de fazer com que o jurista tenha cada vez mais
uma melhor percepção de seu instrumento de trabalho. A filosofia no direito exsurge como
elemento central e intransponível para a reflexão das teorias do direito contemporâneas, para
quem é necessária uma filosofia do direito de juristas, e não uma filosofia do direito de filósofos.
5. Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, André Gualtieri de. (2012). Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva.