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SEGREDO DE JUSTIÇA
Trazendo a situação para o âmbito das ações em que se discute a relação entre médico e
paciente, existem dois ângulos sob os quais a questão do segredo de justiça precisa ser
analisada. O primeiro diz respeito à proteção, à intimidade do paciente e ao sigilo dos
dados de saúde, tendo em vista que o sigilo médico profissional é dever inerente ao
desempenho da profissão, caracterizando a violação, infração ética, penal e cível, sendo
certo que, na área do Direito Civil é cabível juridicamente a responsabilização, caso
haja dano material ou moral ao paciente que tiver os dados clínicos tornados
públicos130. O segundo aspecto diz respeito aos efeitos negativos causados pela
publicidade negativa à atividade do profissional da saúde em geral, em especial ao
médico.
SIGILO PROCESSUAL
O sigilo processual, nos processos que envolvem supostos “erros médicos”, visa
garantir o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem
do profissional, nos termos do art. 5°, X, da Constituição34. Isso porque a intimidade e
a vida privada são aspectos pessoais, familiares e profissionais de cada indivíduo,
tutelados pela inviolabilidade constitucionalmente garantida, que não devem ser
transmitidos em determinadas hipóteses ao público em geral sem a certeza da
veracidade da prática do ato tido como ilegal no ordenamento jurídico. Esse caso só será
alcançado de- pois da prolação de sentença transitada em julgado.
Não se deve esquecer também o art. 5°, LVII, da Constituição34, que vem em benefício
de qualquer sujeito com o intuito de preservar a presunção de inocência, enquanto não
houver o trânsito em julgado de sentença, ou seja, não é demais afirmar, ainda, que a
tramitação do processo sob segredo de justiça deverá ser observada como forma de
garantia da intimidade do médico, resguardando-se, assim, o estado de inocência. Essa
hipótese tem sido encampada pelos tribunais de justiça do País, conforme já decidiu o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) ao julgar o agravo de instrumento nº
70057793721, de relatoria da desembargadora Isabel Dias Almeida, assim como o
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) ao julgar o Agravo de
Instrumento nº 20150020317013, de relatoria da desembargadora Maria Ivatônia.