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All content following this page was uploaded by Márcio C. Fredel on 24 February 2015.
RESUMO
É necessário manter uma umidade suficiente durante a hidratação do cimento para que as
propriedades desejadas do concreto sejam atingidas. Se por falta de água a hidratação do
cimento diminui ou pára, a evolução das características mecânicas do concreto cessam e/ou
ficam inadequadas. A proposta deste trabalho é determinar a resistência à compressão e a
perda de massa do concreto, aos 28 dias, quando submetido à diferentes procedimentos de
cura: por imersão em água e por confinamento com plástico adesivo (como se estivessem nas
próprias formas de moldagem com auto-dessecação) em diferentes intervalos (1, 3, 7 e 28
dias) de cura. As dosagens foram realizadas com dois tipos de cimento Portland: o comum
com adições (CP I - S 32) e o composto com pozolana (CP II - Z 32), nas proporções de 300,
350 e 400 kg/m3. Os resultados indicam que a contribuição da cura para a resistência à
compressão e perda de massa no cimento tipo CP I – S 32 é mais importante nas primeiras
idades até o terceiro dia de auto-dessecação, e até o sétimo dia de imersão, apenas para as
dosagens menos ricas em cimento (300 kg/m³). Porém, para o cimento CP II - Z 32, registrou-
se mudanças significativas até o sétimo dia para ambos procedimentos de cura. Confirmou-se,
também, que a influência da cura no concreto depende muito da dosagem em cimento.
INTRODUÇÃO
A resistência mecânica do concreto tem sido o parâmetro de principal interesse dos
projetistas de estruturas de concreto. Sendo assim, é relevante considerar que a resistência
aparece sempre como um indicador da durabilidade. Porém, o crescimento e o custo de
reposição das estruturas degradadas, está forçando os engenheiros a tomarem consciência dos
aspectos do desempenho do concreto em função do tempo de uso [ OLIVEIRA 1995].
As características do concreto certamente dependem da natureza e das proporções dos
constituintes mas, também, das condições de conservação durante o endurecimento,
principalmente nas primeiras idades, pois determinam o desenvolvimento de hidratação.
A cura, denominação dada aos procedimentos aos quais se recorre para promover uma
boa hidratação do cimento e que consiste em controlar a temperatura e a variação de
umidade do concreto, tem como objetivo manter o concreto saturado até que os capilares da
pasta de cimento, inicialmente preenchidas com água, tenham sido preenchidos
adequadamente pelos produtos da hidratação. Na prática das obras, quase sempre a cura do
concreto é interrompida bem antes que tenha ocorrido a máxima hidratação possível.
(NEVILLE 1997).
As condições de hidratação do concreto para efetuar a cura, realmente praticadas, não
ultrapassam um dia, consistindo basicamente em molhar a parte superior das lajes. Para os
demais componentes estruturais como vigas e pilares, a cura se limita ao tempo de
permanência nas formas. [LEVY e HELENE 1996].
Por outro lado, a classe de resistência à compressão do concreto é determinada a partir
do ensaio de rompimento de corpos de prova conservados continuamente dentro da água, até
o momento que o teste se efetue, aos 28 dias [DIAFAT 1996].
Estudos têm demonstrado, através de vários traços de uso bastante comuns, que a perda
do desempenho do concreto, em função de uma conservação inadequada, é compensada pelo
acréscimo de cimento, o que logicamente contribui para o desperdício, onerando os custos
[BALAYSSAC et al 1997].
De fato, logo após a retirada das formas, por causa da sua microestrutura, o concreto é
muito vulnerável. Colocado num ambiente propício à dessecação, ele perde rapidamente sua
água livre. Este fenômeno pode prejudicar e até interromper o desenvolvimento das reações
de hidratação do cimento, perto das faces expostas, ao nível das superfícies externas, numa
zona de espessura tal, que pode ser comparada à camada de cobrimento das armaduras. Nestas
zonas, a estrutura torna-se pouco resistente e porosa.
Pergunta-se então, como evoluirá a hidratação do cimento para elementos submetidos a
condições de dessecação precoces, e quais seriam as conseqüências mecânicas e
microestruturais no concreto endurecido.
No processo de secagem ou de dessecação dentro de certas condições, não somente a
água excedente, necessária à trabalhabilidade da mistura vai evaporar, mas também, uma
parte da água necessária à hidratação do ligante (cimento). A secagem natural do concreto
tem pois, conseqüências importantes sobre o comportamento mecânico das estruturas e sobre
sua durabilidade, donde vem o interesse de um amadurecimento higrométrico controlado nas
idades mais recentes [ BALAYSSAC et al 1997].
Estudos recentes não têm sido conclusivos quanto às diferentes formas de cura, mas a de
imersão em água demonstra dar mais impermeabilidade ao concreto do que qualquer outra
[NOLAN et al 1997]. A cura influencia as demais propriedades do concreto, como: (i) a
resistência mecânica; (ii) a durabilidade; (iii) a permeabilidade; (iv) a porosidade; (v) a
densidade e; (vi) a resistência ao desgaste, entre outras.
Consequentemente, uma cura adequada tem um efeito imediato na aquisição das
características mecânicas do concreto.
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Foram realizadas seis formulações na dosagem do concreto em relação ao cimento,
sendo: (i) três variações nas quantidades (300, 350 e 350 kg/m3) e; (ii) dois tipos (CP I – S 32
e CP II – Z 32). A resistência à compressão foi medida ao final de 28 dias para períodos de 1,
3, 7, 28 dias de cura e, para verificar a perda de massa, os corpos de prova foram pesados no
descimbramento e, então, medidas periódicas foram realizadas até a data de rompimento.
Para a resistência característica do concreto (fck) foi almejado entre 15 MPa e 35 MPa,
onde o desvio padrão (Sd) adotado foi de 4,0 MPa. A dimensão máxima (Dmáx) do agregado
graúdo empregado foi de 19 mm, proveniente da jazida de Biguaçu/SC (granito cinza rosado).
A areia foi classificada como média (zona 3) [NBR 7211] e [NBR 7217]. O teste da
consistência, através do abatimento na forma tronco-cônica (slump test) [NBR NM 67],
adotado foi 70 10 mm. Os corpos de prova foram moldados no formato cilíndrico de 10 x
20 cm, sendo três para cada idade de cura.
O método de dosagem utilizado foi o método cubano [O’REILLY 1998] por se adequar
ao objetivo da pesquisa, isto é, obter o melhor empacotamento levando em conta a forma dos
agregados empregados. Dessa maneira, tem-se um concreto não somente com a resistência
desejada, mas também, com maior densidade e menor índice de vazios.
A cura úmida foi efetuada em água saturada de cal. Para a auto-dessecação utilizou-se
recobrimento com filme de PVC adesivo transparente. Após cada período de cura os corpos
de prova eram deixados ao ar até a data de rompimento, aos 28 dias, que foi realizado em
Máquina Universal de Ensaios Eletrônica [NBR 6156], com as faces de aplicação de carga
(topos inferior e superior) rematadas com enxofre [NBR 5739].
RESULTADOS E ANÁLISES
A figura 1 mostra a evolução da resistência à compressão do concreto, aos 28 dias,
dosado com 300, 350 e 400 kg/m³ de CP II – Z 32 para diferentes durações de cura por
imersão (3, 7 e 28 dias) e, na Figura 2, se constata evolução semelhante para o CP I – S 32
quando submetido às mesmas condições.
300 kg/m3
45 350 kg/m3
400 kg/m3
35
30
25
20
0 5 10 15 20 25 30
300 kg/m³
45
350 kg/m³
400 kg/m³
Resistência à compressão (MPa)
40
35
30
25
20
0 5 10 15 20 25 30
41
300 kg/m3
350 kg/m3
45
400 kg/m3
Resistência à compressão (MPa)
40
35
30
25
20
15
10
0 5 10 15 20 25 30
cura selada
45
Resistência à compressão (MPa) cura imersão
42
39 400
350
36
33
300
30
27
24
21
18
15
0 5 10 15 20 25 30
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 5 10 15 20 25 30
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 5 10 15 20 25 30
CONCLUSÃO
As principais conclusões sobre as contribuições das curas, úmida e selada, para a resistência à
compressão em cimento Portland com adições (CP I – S 32) e compostos (CP II – Z) podem
ser resumidas nos seguintes destaques:
1. a contribuição da cura por imersão é maior quando as dosagens em cimento são reduzidas;
2. a maior contribuição da cura por imersão é nas primeiras idades, diminuindo nas idades
mais avançadas para o CP I – S 32;
3. a contribuição da cura selada é menor que a da cura por imersão, havendo uma tendência
para a redução de sua contribuição após 7 dias;
4. a influência da cura selada é mais apreciável para o cimento CP II – Z 32;
5. a resistência em função da cura está correlacionada com a gradativa perda de massa;
Considerando os resultado obtidos, maior contribuição pode ser dada, correlacionando cura e
resistência, para outras idades. Podendo ser analisado e envolvido outros parâmetros, tais
como; a durabilidade e o desempenho. Procedimentos já em elaboração de nossa pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NEVILLE A.M. (1997). Propriedades do concreto, 2a Edição, São Paulo, Pini.
NOLAN É., ALI M. A., BASHEER P. A. M., MARSH B. K. (1997). Testing the
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OLIVEIRA L.A.P. (1995). Durabilidade do concreto : considerações sobre métodos de
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PRATT P.L. (1988). Physical methods for studying microstructure. Materials and
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NBR 7217 (1987) – Agregados - determinação da composição granulométrica.
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NBR 9479 (1994) - Câmara úmida e tanques para cura de corpos de prova de argamassa
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NBR 5739 (1994) - Concreto – Ensaios de compressão de corpos de prova cilíndricos.
NBR 5738 (1994) - Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos ou prismáticos de
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NBR NM 67 (1998) - Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do
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NBR 6156 (1983) - Máquina de ensaio de tração e compressão - verificação - método de
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