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CADERNO DE RESUMOS

Universidade do Extremo Sul Catarinense


TICCIH-Brasil
COMISSÃO CIENTÍFICA

Alice Bemvenutti (Universidade Luterana do Brasil | TICCIH-Brasil)


Aline Carvalho Luther (UFBA | TICCIH-Brasil)
Cristina Meneguello (UNICAMP | TICCIH-Brasil)
Daniela Pistorello (Unicamp | TICCIH-Brasil)
Denise Geribello (FAUED- MG)
Eduardo Romero de Oliveira (UNESP | TICCIH-Brasil)
Marli de Oliveira Costa (Unesc)
Michele Gonçalves Cardoso (Unesc)
Paulo Sérgio Osório (Unesc)
Ronaldo André Rodrigues da Silva (PUC - Minas Gerais | TICCIH-
Brasil)
Tiago da Silva Coelho (Unesc | Unicamp)

COMISSÃO ORGANIZADORA

Daniela Pistorello (Unicamp | TICCIH-Brasil)


Marli de Oliveira Costa (Unesc)
Michele Gonçalves Cardoso (Unesc)
Paulo Sérgio Osório (Unesc)
Tiago da Silva Coelho (Unesc | Unicamp)
Um vestígio industrial é um objeto da memória coletiva e assim
como as marcas da revolução industrial, deixou de ser uma relíquia
para converter-se em patrimônio cultural. O patrimônio industrial se
consolidou no Brasil nos últimos dez anos a partir do estudo do
conjunto dos remanescentes que testemunharam as
transformações sofridas pelo impacto da indústria sobre os mundos
do trabalho, a paisagem, a territorialidade. Reveste-se de valor
social como parte do registro de vida de homens e mulheres
comuns e, como tal, confere-lhes um importante sentimento
identitário.
Estes vestígios compreendem toda sorte de bens culturais que
remetam à indústria, ao trabalho e as suas várias significações e
tem sido sistematicamente objetos de estudos por parte de
pesquisadores que desenvolvem reflexões sobre o tema.
É com o intuito de reunir interessados/as, estudiosos/as e
pesquisadores/as dos temas que envolvem o patrimônio industrial,
que o Grupo de Pesquisa Patrimônio Cultural: Histórias e Memórias
e o Curso de História, ambos da Universidade do Extremo Sul
Catarinense - UNESC, em parceria com o Comitê Brasileiro para
Conservação do Patrimônio Industrial (TICCIH – Brasil), convidam
para A Jornada Regional de Patrimônio Industrial (Região Sul). Para
tanto, propõe as seguintes linhas temáticas:

1. Patrimônio Industrial, arquitetura e preservação;


2. Patrimônio Industrial, arte e representações audiovisuais;
3. Patrimônio Industrial, meio ambiente e paisagem cultural;
4. Patrimônio Industrial, museus e acervos;
5. Patrimônio Industrial e memórias do trabalho.

Desejamos à todas/os, um ótimo evento!


Patrimônio Industrial e memória
do trabalho
A OLARIA NA PERSPECTIVA FEMININA: REFLEXÕES SOBRE A
PRESENÇA FEMININA NAS OLARIAS DE MORRO DA FUMAÇA-
SC
Gislaine Beretta

A OLARIA NA PERSPECTIVA FEMININA: REFLEXÕES SOBRE A PRESENÇA FEMININA


NAS OLARIAS DE MORRO DA FUMAÇA-SC Gislaine Beretta - UNESC RESUMO A
questão do trabalho feminino nas Olarias de Morro da Fumaça é um tema escassamente
discutido, está foi uma das grandes motivações para a elaboração deste artigo. Por este
motivo nos foi levantado questionamentos quanto a invisibilidade desta proposição nas
bibliografias até então publicadas. Por que essas trabalhadoras não são citadas nas
pesquisas relacionadas a este tema? Levando em consideração está temática, delineamos
uma pesquisa na qual objetivou levantar algumas reflexões acerca da presença das
mulheres no espaço produtivo das olarias, bem como, a trajetória deste setor no município.
Realizamos uma análise qualitativa do tema, traçando a mesma a partir de uma pesquisa
das obras publicadas, seguida por entrevistas livres e reflexivas com algumas mulheres
que já foram trabalhadoras do setor. Utilizando da história oral, elaborou-se um estudo
onde a preocupação não se limita em apresentar a trabalhadora de cerâmica como
mercadoria, somente como força de trabalho, ao contrário, visa-se a mesma como mulher;
ser humano, que vive e têm suas relações sociais; que faz sua história e ao mesmo tempo
faz parte de uma. Nesta linha pretende-se considerar os processos de constituição dos
sujeitos sociais, levando em conta aquilo que realmente lhes é caro, trabalhando a partir de
suas experiências e recordações.

Palavras-Chave: Trabalho, Mulheres, Memória.

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A TRAJETÓRIA DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE
CRICIÚMA 1965 – 2018
Fernando Debrida Martins, João Henrique Zanelatto

As primeiras metalúrgicas surgiram com o objetivo e atender as principais atividades


econômicas de Criciúma e região que foram incialmente a lavoura e em seguida a
mineração. Posteriormente as metalúrgicas passaram a atender a rede de distribuição
elétrica a construção civil, as carboníferas e as cerâmicas. Com a fundação da metalúrgica
Becker em 1962, ampliou a produção para caçambas basculantes para caminhões.
Portanto, podemos afirmar que o crescimento da indústria metalúrgica em Criciúma esteve
durante muito tempo associado a exploração da mineração, em especial nas décadas de
1950 a 1970. Entretanto o processo de diversificação econômica ocorrida na cidade levou a
ampliação do setor metalúrgico que na atualidade é constituído por grandes, médias e
pequenas empresas. Com o processo de expansão do setor, foi ocorrendo a necessidade
de trabalhadores, esses passaram a se organizar, criaram em 1962 uma associação que
em 1965 foi transformada em sindicato. Assim, esse escrito tem por objetivo analisar no
processo de crescimento da indústria metalúrgica de Criciúma a trajetória de organização
dos seus trabalhadores, com ênfase nas mudanças que se processaram no setor, na
constituição de seu Sindicato e suas lutas por melhores salários, condições de trabalhos,
bem como o impacto experimentado pelo Sindicato com a reforma trabalhista.

Palavras-Chave: Trabalhadores, Metalúrgicos, Sindicato.

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COOPERATIVAS DE SANTA CATARINA: ARQUITETURA DE
HANS BROOS E PAISAGISMO DE KOITI MORI E KLARA
KAISER
Guido Paulo Kaestner Neto

A região do Vale do Itajaí possui obras significativas do patrimônio arquitetônico moderno


através do trabalho do arquiteto alemão Hans Broos em sua produção para a CIA Hering
de Blumenau, SC. Entusiasta do paisagismo e amigo pessoal de Burle Marx, suas obras se
destacam pela preocupação com o ambiente fabril e sua paisagem de entorno. Em um dos
desdobramentos das áreas de atuação da Cia Hering, surge a cooperativa de consumo
Cooper, sendo a unidade de Ibirama, SC um dos objetos de estudos e obra desenvolvidos
por Broos. Nesta pesquisa apresentamos 3 anteprojetos onde é possível analisar sua
preocupação com a topografia e a iluminação natural. Além do resgate destes documentos,
registros importantes para a memória do modernismo catarinense e da produção deste
arquiteto, contemplamos um fragmento da sequência de pensamento e de seu partido
arquitetônico. No contexto da produção do paisagismo, é apresentado o trabalho
desenvolvido pelo escritório Koiti Mori e Klara Kaiser para a Cooperativa e Depósito de
Costura da Velha Indústria Têxtil CIA Hering em Blumenau, SC. Para este trabalho
voltamo-nos a relação de Broos e Burle Marx manifesta pela obra desenvolvida para a Cia
Hering Matriz e uma continuidade através deste último escritório. Aqui reside uma
preocupação em relação ao projeto e seu resgate como também as espécies vegetais
selecionadas para a região. Este trabalho em dois momentos e direções, objetiva o resgate
dos documentos projetuais para a memória e produção moderna em Santa Catarina. Para
além do registro cabe a reflexão sobre o pensamento projetual seja na arquitetura ou no
paisagismo, suas reflexões e respostas.

Palavras-Chave: Koiti Mori, Klara Kaiser, Hans Broos, Modernismo.

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ENTRE A LEI E OS DIREITOS: AS EXPERIÊNCIAS DOS
TRABALHADORES ACIDENTADOS NA MINERAÇÃO EM
CRICIÚMA, 1943-1950
Bruno Mandelli

Este trabalho discute os conflitos envolvendo trabalhadores da mineração, companhias de


mineração e seguradoras de acidentes de trabalho em Criciúma/SC na década de 1940. A
partir de uma pesquisa em fontes inéditas de acidentes de trabalho, procurou-se lançar um
novo olhar sobre os trabalhadores acidentados, que trabalhavam em condições insalubres,
de alta periculosidade, e com péssimas condições de moradia. Aborda-se também como a
legislação de acidentes de trabalho que foi criada em 1918, conquistada através das
greves de 1917 pelo país, e que, posteriormente, foi reformada pela lei 7.036/44 durante o
período do Estado Novo, o que trouxe inovações nas demandas de ações por indenizações
na Justiça Comum. Essas ações eram impetradas pelos mineiros individualmente, com ou
sem a participação de sindicato, em busca de uma indenização e/ou reparação médica,
farmacêutica e hospitalar pelo acidente sofrido. Uma leitura atenta dos processos indica
que estes eram abertos pelo trabalhador/a acidentado devido ao não cumprimento da
legislação por parte das empresas seguradoras / mineradoras. O trabalho trás umas
análise quantitativa e qualitativa dos acidentes, fazer um olhar sobre como esses
trabalhadores reivindicavam um direito que consideravam legítimo, e como a legislação
modificada no período do Estado Novo respondia aos casos de acidentes de trabalho.
Trata-se de uma pesquisa desenvolvida durante os anos de 2017 e 2018 junto ao Centro
de Documentação e Memória da UNESC (CEDOC), e defendida no Programa de Pós-
graduação da UFSC, e que agora será apresentada na Jornada Regional de Patrimônio
Industrial.

Palavras-Chave: Acidentes de trabalho, Mineração, Legislação trabalhista.

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O CEDOC/UNESC E A INDÚSTRIA CARBONÍFERA:
EXPERIÊNCIAS DE AÇÕES EDUCATIVAS COM ESCOLAS DA
REDE PÚBLICA DE CRICIÚMA/SC
Nathália Pereira Cabral, Tiago Da Silva Coelho

O presente trabalho tem como objetivo suscitar reflexões a partir de oficinas educativas
promovidas pelo Centro de Memória e Documentação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense – CEDOC/UNESC, no decorrer do ano de 2016. Por meio dos laboratórios de
Educação para o Patrimônio e Laboratório de História, Imagem e Som, o CEDOC ofertou a
oficina Indústria Carbonífera em Criciúma: trabalho, cidade e operários/as. Utilizamos como
referencial teórico: Gadotti (2005), Hagemeyer (2012), Mauad e Lopes (2012), Menezes
(2002), Ribeiro e Torre (2012) e Stephanou (2014). A atividade objetivava oportunizar aos
alunos e alunas da rede municipal de ensino de Criciúma, conhecer o acervo do CEDOC e
refletir sobre a indústria carbonífera e seus impactos na cidade. Estabelecendo um diálogo
entre universidade e educação básica foram realizados sete (07) encontros, atingindo 133
alunos/as e, cerca de 30 professores e professoras atuantes nas áreas de História,
Informática e Artes. A proposta visava relacionar os conteúdos e atividades desenvolvidas
pelos/as professores/as em sala de aula, com materiais disponíveis no acervo no Centro de
Memória, propiciando reflexões sobre o trabalho nas minas de carvão, sobre o patrimônio
industrial da cidade, gênero e infância. A oficina foi dívida em duas etapas; a primeira
utilizamos como recurso fotografias e audiovisuais, demonstrando aos alunos/as as
modificações na urbe e diferentes processos históricos. Na segunda parte, os/as
estudantes tiveram contato com o processo básico de higienização documental, refletindo
sobre a importância da preservação. Por último, foi aplicado um questionário com os/as
alunos/as como forma de perceber seus olhares e interpretação sobre a oficina. O acervo
documental apresentado, nos permitiu outros olhares e interpretações sobre a memória do
trabalho/a e dos trabalhadores/as, especialmente por parte dos educandos/as que
participaram do projeto.

Palavras-Chave: Educação, Industrialização, Fontes Históricas.

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O PATRIMÔNIO ORGANIZATIVO DA CLASSE TRABALHADORA
ATRAVÉS DOS CAMINHOS OPERÁRIOS EM PORTO ALEGRE
Frederico Duarte Bartz

O trabalho que será apresentado trata do patrimônio da classe trabalhadora através de um


curso de extensão chamado Caminhos Operários, que é realizado na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, e que procura problematizar a memória do operariado na cidade de
Porto Alegre. A ideia é abordar uma memória e valorizar um patrimônio que não está ligado
apenas ao trabalho nas fábricas ou à moradia dos operários, mas está essencialmente
vinculado ao processo de formação da classe, como antigas sedes de sindicatos, grupos
políticos e sociedades beneficentes de diferentes categorias. O projeto de extensão
Caminhos Operários em Porto Alegre tem como principais objetivos apresentar e debater a
história da classe trabalhadora em Porto Alegre e de suas organizações, problematizar
suas marcas no espaço da cidade e resgatar a sua memória no tempo presente. O curso
de extensão é oferecido pela Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFRGS e é
composto por quatro aulas e seis trajetos em diferentes pontos da cidade, em que são
vistos locais históricos de solidariedade e de luta. O período abordado é principalmente a
Primeira República (1889-1930), momento em que trabalhadores e trabalhadoras com
diferentes tradições e experiências organizativas formaram associações, participaram de
diversas mobilizações e construíram uma intensa vida cultural no Centro e nos Arrabaldes
de Porto Alegre. Ao longo do século XX, estas memórias foram se apagando,
principalmente nos bairros de classe média, tornando invisíveis os sinais desta presença.
Por esta razão, é necessário retomar esta memória para resgatar a história destes sujeitos
que foram fundamentais para a formação de Porto Alegre. Além disso, na atualidade, o
patrimônio histórico de Porto Alegre passa por um processo de forte degradação pela falta
de políticas públicas voltadas para a sua preservação, colocando em risco a memória da
classe trabalhadora, tornando este debate cada vez mais necessário.

Palavras-Chave: Classe trabalhadora, Patrimônio organizativo, Memória.

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Patrimônio Industrial, arquitetura
e preservação
AS INDUSTRIAS E AS TRANSFORMAÇÕES NO DISTRITO DE
CARAVAGGIO
José Luiz Ronconi

O Distrito de Caravaggio no município de Nova Veneza teve sua fundação por imigrantes
italianos em 1891 por ocasião da criação da Colonia Nova Veneza. Os imigrantes em sua
maioria tinham como profissão a agricultura, mas em Caravaggio não encontraram as
terras com fertilidade que permitisse tal atividade. Com o passar dos anos foi inevitável a
busca por alternativas que garantissem o sustento de suas numerosas famílias. A atividade
industrial foi a alternativa e a industria metalmecânica como fornecedor de implementos
agrícolas foi o setor que obteve maior exito no primeiro momento. Posteriormente o setor
madeireiro, especialmente de esquadrias de madeira foi adquirindo relevância. E a partir
dos anos 70 surgiu o setor de calçados, que no inicio dos anos 90 com a atividade
exportação, aparecia como a maior oferta de empregos do distrito. Com as mudanças de
politica econômica e cambial a partir da metade dos anos 90, quase todas as fábricas de
calçados paralisaram suas atividades. Hoje o setor de calçados encontra-se
completamente extinto no distrito. A industria madeireira seguiu relativamente estável sem
muita evolução, apesar das transformações tecnológicas da construção civil e oferta de
outros materiais mais eficientes sob vários aspectos. Baseada no consumo de madeiras
provenientes da amazônia, vive momentos de instabilidade pelos altos custos da matéria
prima. O setor metalúrgico passa por relativa crise, com certo grau de desemprego e
dificuldades financeiras nas empresas. Direcionadas para a linha automotiva, sofrem
também com a concorrência dos grandes conglomerados do setor. As edificações das
industrias de calçados (todas passaram por processo de falência) encontram-se algumas
com novos usos e outras simplesmente fechadas. As industrias metalúrgicas, por questões
ambientais, se deslocaram para um distrito industrial e seus pavilhões no centro
encontram-se abandonados. O quadro que se tem é de uma comunidade que passou por
várias transformações, viveu vários ciclos de atividades econômicas e de oferta de
trabalho. Hoje o distrito de Caravaggio convive ainda com vários prédios industriais dentro
do seu perímetro. Alguns subutilizados, outros adaptados para novas atividades e outros
em completo abandono. Por suas grandes escalas se comparados com o tamanho da zona
urbana, impactam visualmente a paisagem urbana, sem nenhuma perspectiva de
integração no traçado urbano da pequena comunidade.

Palavras-Chave: Pavilhões, Indústria, Italianos, Caravaggio, Arquitetura, Imigração.

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FERROVIA DO TRIGO: PATRIMÔNIO E TURISMO
Renan Pezzi

O trabalho buscará discutir as questões que abordam o patrimônio ferroviário no Rio


Grande do Sul, sob a ótica da preservação do patrimônio histórico e cultural. Mais
precisamente os estudos estarão ligados à Ferrovia do Trigo. O Objetivo Geral é analisar a
importância patrimonial e histórica da ferrovia, e também o seu potencial turístico para as
regiões de Guaporé e Muçum, no interior do Rio Grande do Sul. Será proposta uma
abordagem do tema com base em documentos oficiais e matérias de jornais regionais,
estaduais e nacionais, para que possa ser justificada a importância da revitalização e
preservação destas obras, e transformação das mesmas em, referencias patrimoniais e
culturais para a comunidade da região. Além disso, conscientizar o poder público para a
prática do turismo na região, hoje aplicado de forma particular e ilegal. Com a análise das
fontes podemos concluir, preliminarmente, que entre os municípios de Guaporé e Muçum,
se encontra o principal trajeto, onde estão localizadas as chamadas “obras de arte”, que
são os vários túneis e viadutos, destacando também a paisagem da região serrana e dos
vales do Rio Guaporé e Taquari. Vários projetos para a implantação de um trem turístico
vinham sendo discutidos e analisados por quase duas décadas, o que demonstra, mais
uma vez, que a Estrada de Ferro pode ser considerada como um patrimônio histórico e
cultural para a região. Recentemente foram iniciados uma série de passeios com um trem
turístico pela região, que possui como objetivo inicial averiguar a possibilidade de
implementar um roteiro permanente.

Palavras-Chave: Ferrovia, Patrimônio, Turismo.

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O RAMAL DE ITARARÉ: CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA
DO RAMAL ENTRE SÃO PAULO E OS ESTADOS DO SUL DA
ESTRADA DE FERRO SOROCABANA
Igor Matheus Santana Chaves, Matheus Jasper

A ferrovia representa um forte traço na história socioeconômica brasileira, sendo


testemunha da ocupação do interior e desenvolvimento econômico do Brasil a partir do
século XIX, principalmente nos estados localizados na região do Sul e Sudeste, quando a
estrada de ferro construiu diversos ramais para interligar o território, integrar a população e
promover o escoamento da produção. Porém, as ferrovias que desempenharam profunda
importância nas dinâmicas territoriais perderam protagonismo ano após ano no século XX,
mediante as novas necessidades do Estado. Dessa forma, esta pesquisa contribui para o
entendimento e resgate sobre o antigo e não estudado Ramal de Itararé da extinta Estrada
de Ferro Sorocabana. Este ramal, foi a única estrada de ferro a conectar o Estado de São
Paulo com as demais regiões do Sul, sua expansão deu impulso na urbanização do
território e promoveu mudanças rápidas e permanentes, tanto na paisagem, no
desenvolvimento de cidades que cresceram e se consolidaram ao longo do seu traçado
férreo, de mesmo modo na vida dos trabalhadores e moradores, ao integrar locais
afastados e diversificando atividades e novos hábitos de consumo. Isto posto, este trabalho
(em andamento) busca apresentar, os resultados preliminares dessa pesquisa, a partir de
um breve levantamento histórico do ramal, com base no acervo documental dos museus
ferroviários de Itapetininga e Sorocaba, bem como, mapear e espacializar informações
sobre as estações, seus usos e estados de conservação.

Palavras-Chave: Ramal de Itararé, Estrada de Ferro Sorocabana, Região Sul.

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REFLEXÕES SOBRE A PROPOSTA DE TOMBAMENTO DA
CERVEJARIA ANTARCTICA EM JOINVILLE AOS OLHOS DA
CIDADE DOCUMENTO
Tiago Castano Moraes

O artigo analisa as singularidades que envolvem os mecanismos de salvaguarda do


patrimônio industrial no tecido urbano de Joinville e as dificuldades para sua preservação.
O recorte temporal está situado entre 2001 e 2016 e abrange: a aquisição da Cervejaria
Antarctica pela Prefeitura de Joinville; seu processo de patrimonialização; e as propostas
de reutilização da edificação. Voltado para os discursos de valor cultural da Cervejaria,
esse estudo procura estabelecer uma relação entre o conceito de cidade documento
(desenvolvido pelo IPHAN na década de 1980) e a proposta de tombamento da Cervejaria.
As reflexões se inserem nos debates historiográficos existentes na área de concentração
dos estudos do Tempo Presente, por isso se optou por abordagens que considerem: a
teoria de um novo regime de historicidade (presentista) proposta por François Hartog; a
tensão entre história, memória e o esquecimento na escolha de elementos patrimoniais, a
partir de conceitos de Pierre Nora, Henry Rousso e Paul Ricoeur; e a teoria dos estratos do
tempo colocada por Koselleck, como forma de se analisar as das estruturas urbanas, suas
transformações e trajetórias temporais.

Palavras-Chave: História do tempo presente, Patrimônio industrial, Processo de


tombamento, Cervejaria, Cidade documento.

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Patrimônio Industrial, arte e
representações audiovisuais
O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NO SUL DE SANTA CATARINA
SOB AS LENTES DE WILLIAM GERICKE: IMBITUBA,
URUSSANGA E CRICIÚMA
Isadora Farias Espindola

Símbolos do progresso, as ferrovias e as fábricas do sul catarinense foram enredo das


filmagens realizadas pelo cineasta paulista William Gericke durante os anos de 1940 e
posteriormente, em 1960. O cineasta em questão, viajava pelo país filmando e vendendo
seus documentários para prefeituras de municípios com objetivo de promover os avanços
que a modernidade trazia. As políticas nacionalistas do governo de Getúlio Vargas
ecoavam nas produções cinematográficas, e por meio de leis de incentivo ao gênero do
cinema- propaganda, cineastas como Gericke desenvolveram produções como as aqui
analisadas. A partir da análise dos vídeos, e dos registros existentes no site da hemeroteca
da Biblioteca Digital sobre o trabalho desenvolvido pelo cineasta no Brasil, foi possível
identificar a vinda do mesmo para o sul catarinense em dois momentos distintos: Em 1940
quando registrou Urussanga e Imbituba e posteriormente em 1960, quando registrou
aspectos da cidade de Criciúma. O documentário produzido sobre a cidade de Imbituba
trata-se na verdade de um documentário sobre a vida de Henrique Lage, suas fábricas e o
Porto. Referente a produção de Urussanga, são abordados os aspectos das tecnologias
das fábricas de queijos, biscoitos e vinhos bem como os representantes políticos do local, e
as atividades da empresa Rio Carvão. A produção realizada em 1960, sobre a cidade de
Criciúma já ocorre em um momento em que o cinema deste gênero estava em declínio,
dando lugar a novos gêneros; ainda assim, aborda questões relativas ao desenvolvimento
fabril da cidade e instituições filantrópicas como o Hospital São José e a escola SATC.
Rupturas, permanências, presenças e ausências são observadas aqui, a partir da
perspectiva da Cultura visual, tornando os vídeos, que se encontram presentes atualmente
em meios digitais, instrumentos de reflexão, e possibilidade de ferramenta no processo de
ensino e aprendizagem acerca do patrimônio industrial no sul de Santa Catarina.

Palavras-Chave: Cinema, Patrimônio industrial, Cultura visual.

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Patrimônio Industrial, meio
ambiente e paisagem cultural
A PAISAGEM CULTURAL COMO INSTRUMENTO DE RECONHECIMENTO
DO PATRIMÔNIO CARBONÍFERO CATARINENSE
Gustavo Rogerio de Lucca, Margareth de Castro Afeche Pimenta

Gustavo Rogério De Lucca (Universidade do Extremo Sul Catarinense) Margareth de Castro


Afeche Pimenta (Universidade Federal de Santa Catarina) As paisagens históricas catarinenses
são marcadas por acervos singelos e modos de vida simples e, por isso, tornam-se frágeis diante
do dinamismo econômico e da falta de ações de salvaguarda. Esses obstáculos se amplificam para
a preservação da memória da mineração de carvão, até hoje negligenciada e, em parte,
estigmatizada pela gravidade dos problemas ambientais que produziu no Sul Catarinense. O
reconhecimento da importância cultural das heranças da mineração de carvão em Santa Catarina
pode ser considerado como um dos mais importantes desafios à memória da industrialização
catarinense. Trata-se de um patrimônio moldado a partir de um circuito produtivo construído para
extrair, transportar, transformar e consumir o minério dentro dos limites de um espaço bem
determinado e, por isso, com uma excepcional diversidade de formas. Nele incluem-se estruturas
dos séculos XIX e XX, com múltiplas qualidades e finalidades, que documentam a evolução das
técnicas e a memória do trabalho. A espacialização dessas heranças conduz à compreensão de
que compõem uma paisagem desigualmente preservada, visto que, nas últimas décadas, a
construção de alternativas à decadência econômica do setor carbonífero conduziu a processos que
ampliaram diferenças entre lugares – ao mesmo tempo que em algumas localizações se assistiu a
dinâmicas robustas de renovação construtiva, noutras o empobrecimento foi determinante para a
preservação da paisagem histórica. A coexistência de peculiaridades e graus de preservação tão
distintos impõe a tomada de diferentes estratégias de reconhecimento e preservação para cada
lugar de memória, desde o tombamento de objetos isolados ao reconhecimento de uma paisagem
cultural, a qual se atribui, seguindo conceituação da Unesco, a expressão máxima da interação
humana com o ambiente e a presença de valores culturais materiais e imateriais compondo uma
paisagem. Nesse sentido esta pesquisa, ainda em desenvolvimento, analisa o patrimônio
carbonífero catarinense e, inserido nele, propõe o reconhecimento como paisagem cultural a uma
fração do território, que se torna particularmente importante porque preserva a síntese entre o
ambiente extrativista e as relações sociais por ele constituídas, o desenho regional do escoamento
do minério e, por fim, a evolução das técnicas para seu beneficiamento e consumo. Esse recorte
prolonga-se linearmente ao longo da ferrovia Tereza Cristina, desde a localidade de Rio Fiorita,
comunidade mineradora pertencente ao município de Siderópolis/SC, até o encontro com o
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda e seu entorno, o que inclui o Lavador de Capivari, no
município de Capivari de Baixo/SC. Embora pouco reconhecido, o amadurecimento das discussões
tem despertado, aos poucos, especialmente no ambiente acadêmico, a redescoberta do patrimônio
carbonífero. Trata-se, aqui, de mais uma contribuição: a da paisagem cultural como instrumento
para que, independentemente do futuro da extração de carvão, tenha-se o necessário registro e a
proteção das formas e dos hábitos que dão base à identidade e à memória da mina no Sul
Catarinense.

Palavras-Chave: Mineração de carvão, Memória, Paisagem cultural.

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ESTRUTURAS CARBONÍFERAS E PATRIMÔNIO CULTURAL EM
SANTA CATARINA NO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX.
Paulo Sérgio Osório

A comunicação que apresentamos nessa Jornada é resultado de uma pesquisa que


objetivou promover estudos acerca do Patrimônio Cultural, expresso nas estruturas
materiais relacionadas à cultura do carvão no estado de Santa Catarina entre o final do
século XIX e o início do século XX, como forma de prover o registro e a sensibilização para
a necessidade de sua preservação. De início, logo constatamos a escassez de fontes
bibliográficas, visto que buscamos analisar as memórias da cultura do carvão “em ruinas”.
Também realizamos parte da pesquisa nos acervos documentais do CEDOC/ UNESC e do
CEDOHI/ UNIBAVE, além do acervo digital da Hemeroteca da Biblioteca Nacional,
buscando compreender os contextos que motivaram a instalação e o abandono da estrada
de ferro, assim como da exploração do carvão ainda no século XIX. As visitas in loco
permitiram localizar, identificar e realizar o registro das estruturas remanescentes da cultura
do carvão em Santa Catarina no referido período. As atividades de campo, por sua vez,
possibilitaram a realização do registro fotográfico e a marcação das coordenadas
geográficas das construções e das ruinas ao longo do primeiro traçado da Estrada de Ferro
Dona Teresa Cristina, entre o Porto de Imbituba e o lugar chamado Minas (Lauro Müller). A
tabulação e a posterior análise dos dados coletados nos permitiu identificar e registrar um
conjunto significativo dessas estruturas que ainda resistem ao tempo, como, ruinas de
pontes, cortes em encostas, boca de mina e a Estação Ferroviária de Pedras Grandes, que
é a única que preserva sua edificação original. São estruturas carregadas de memórias que
marcaram e, de certa forma, ainda marcam a paisagem da região sul catarinense, embora
a condição de abandono contribua para o seu lento e gradual esmaecimento.

Palavras-Chave: Carvão, Estrada de ferro, Paisagem.

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GALPÕES DA MEMÓRIA: DENTRO DELES UMA PAISAGEM
ESSOMERICQ
Alessandra Tereza Mansur Silva, Roberta Barros Meira, João Carlos
Ferreira Melo Júnior

Os galpões da extinta empresa de navegação da Cia Hoepcke no município de São


Francisco do Sul em Santa Catarina, abrigam atualmente o Museu Nacional do Mar-
Embarcações Brasileiras, criado pelo decreto 615 em 10 setembro de 1991. O espaço
pode ser compreendido como um território para salvaguarda do Patrimônio Naval
Brasileiro. O projeto Barcos do Brasil, lançado pelo Iphan em 2008, representa um grande
avanço institucional para preservação e a valorização do patrimônio naval. Entretanto, sua
origem nos remete a ações pioneiras do almirante Alves Câmara que no final do século
XIX, encomendou aos estados brasileiros que reproduzissem réplicas das suas
embarcações tradicionais. A oportuna solicitação derivava da constatação do próprio
almirante da diversidade e riqueza, e do iminente risco de desaparecimento do precioso
patrimônio em função da modernização dos meios de transporte. A iniciativa de Alves
Câmara foi inspirada pela experiência no contexto brasileiro de Câmara Cascudo e no
contexto internacional do almirante Francês François Edmond Paris que documentou e
depois reproduziu em escala embarcações tradicionais de diversos países. Este artigo teve
como objetivo levantar os indícios da embarcação L’Espoir do Capitão Paulmier de
Gonneville que partiu em 1504 de São Francisco do Sul rumo a Normandia na França,
levando a bordo Essomericq, fruto do povo Carijó, terra indígena da região da Baía da
Babitonga, Santa Catarina. A metodologia utilizada neste estudo foi de caráter bibliográfico
com fontes primárias. Os resultados do levantamento documental e do acervo do Museu
Nacional do Mar transbordam memórias de Essomericq e toda uma rica Paisagem Cultural.
Um tesouro memorialístico.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Paisagem cultural, Museu Nacional do Mar.

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PAISAGENS DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL TÊXTIL: BRASIL X
PORTUGAL
Bernardo Brasil Bielschowsky, Margareth de Castro Afeche Pimenta,
Francisco da Silva Costa

O Vale do Ave em Portugal e o Vale do Itajaí no Brasil são compostos por um conjunto de
municípios que constituem um modelo de território mais disperso, estruturados a partir dos
rios Ave e Itajaí-Açú, respectivamente, e caracterizados por padrões de urbanização e
industrialização particulares, ambos com destaque para a indústria têxtil, onde houve a
coexistência da casa, da indústria e da pequena exploração agrícola, que lhe conferem
singularidades específicas em seus países. É a partir dessas relações entre o patrimônio
industrial e o patrimônio hidráulico com o território e a sociedade, acrescentados da
conscientização patrimonial e da atuação das autarquias e sociedade civil, que foi realizado
um estudo comparado para apontar possíveis afinidades e diferenças entre o Vale do Ave
em Portugal e o Vale do Itajaí no Brasil. Esta pesquisa, realizada em Portugal, teve como
objeto revelar a importância das paisagens enquanto patrimônio cultural ainda vigente, pois
são reveladoras das especificidades dos lugares, tomando em conta seu estado de
conservação e contexto em que se inserem. A importância do estudo comparado está na
possibilidade de se criar um olhar de contraposição sobre as realidades brasileiras e
portuguesas, onde é possível perceber a falta de valorização das paisagens e
especificidades dos lugares em função de um excessivo processo de renovação urbana no
primeiro caso, enquanto do outro lado é possível perceber a valorização do seu legado
patrimonial nos processos de reabilitação urbana. A paisagem no Vale do Itajaí revela os
diversos processos de ruptura, pois revela a lógica especulativa atual do período pós-
desindustrialização, com complexos industriais abandonados ou degradados sendo
sucateados ou substituídos, enquanto a paisagem no Vale do Ave revela muito mais um
processo de continuidade desses bens patrimoniais, através da valorização e da
reconversão desses espaços pós-desindustrialização em elementos chave de
potencialidade para a dinâmica urbana da vida contemporânea.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Meio ambiente, Paisagem cultural.

21
PATRIMÔNIO INDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO, PAISAGENS
CULTURAIS E OS RECURSOS HÍDRICOS: CONFLITOS
SOCIOAMBIENTAIS NA LOCALIDADE DO DISTRITO DE SANTO
EDUARDO
Mayara Silva, Simonne Teixeira

O presente trabalho busca realizar uma leitura da paisagem cultural do Distrito de Santo Eduardo a
partir do empreendimento do Patrimônio Industrial sucroalcooleiro e sua relação com o ambiente
natural. Para tanto, será discutido sobre a relação existente entre os conceitos de Patrimônio
industrial, recursos hídricos e a paisagem, bem como a importância da água como elemento
constituinte das mesmas, de importância cultural para determinada sociedade, além da sua
importância vital. Para tanto, o patrimônio industrial, aqui representado pelas usinas de cana-de-
açúcar, está associado aos resquícios do modo de produzir de uma determinada sociedade,
constituindo seu valor cultural, histórico e tecnológico. Assim, como um componente de
documentação de suma importância para a compreensão de uma determinada história, o
patrimônio industrial possibilita o entendimento acerca das mudanças sociais, econômicas e
culturais ocorridas ao longo do tempo, permitindo ao indivíduo o direito à cidadania e inserção na
sociedade a partir do conhecimento e propagação de sua cultura. Ou seja, considera-se o
patrimônio industrial como um elemento que permite compreender os processos de transformação
de conformação do espaço na qual a população se insere, projetando-se nas paisagens. Assim
sendo, entende-se a existência de uma relação estreita entre o patrimônio industrial e a paisagem
cultural, esta última podendo ser entendida como um produto gerado a partir da apropriação e
transformação do homem no que tange a natureza e seu espaço, plasmando traços culturais na
mesma. Neste sentido, entendendo os recursos hídricos como um elemento integrante das
paisagens culturais, se faz necessário discutir a relação entre o empreendimento industrial
sucroalcooleiro enquanto agente de política de desenvolvimento econômico, muito presente no
contexto brasileiro desde a sua formação, que, voltando-se para a exportação, geram conflitos
socioambientais, visto que se insere no ambiente natural, apropriando-se de seus recursos, bem
como dos rios. Como metodologia, o trabalho contará com revisão bibliográfica, pesquisas em
documentos e em materiais disponíveis no arquivo público. Portanto, como resultados, é sabido
que o patrimônio industrial açucareiro aponta para o engendramento de conflitos, culminando,
muitas vezes, em reordenamentos espaciais, nos quais envolve a população inserida no contexto e
os empresários, com seus projetos de apropriação do espaço natural e suas potencialidades, uma
vez entendido a relevância do recurso hídrico para uma empresa agrícola. No entanto, inserido
nesse cenário produtivo, a localidade de Santo Eduardo, situada ao norte do Município de Campos
dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, sofreu um reordenamento espacial por meio de
conflitos socioambientais gerados a partir da implantação da usina de cana-de-açúcar Santa Maria,
cujos resultados circundam na perda de território do distrito, tendo em vista a insatisfação da
população face ao despejo dos resíduos da usina no Ribeirão Santo Eduardo, afluente do Rio
Itabapoana.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Paisagem, Recursos hídricos.

22
Patrimônio Industrial, museus e
acervos documentais
A CONSTITUIÇÃO DA CULTURA DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL:
O ESPAÇO DE MEMÓRIA MARCOPOLO
Ana Paula de Almeida, Eliana Rela
Considerando que a temática do patrimônio industrial está ligada principalmente ao setor privado, a
sua discussão envolve elementos de natureza econômica e financeira, favorecendo assim que a
conservação e a preservação do patrimônio industrial, encontre alguns desafios junto ao setor
privado, dentre eles podemos elencar o fato de não se manterem ações permanentes dentro
dessas indústrias, que tratem sobre a cultura do patrimônio industrial, pois as empresas, não
reconhecem seus objetos, máquinas, ferramentas, processos produtivos entre outros vestígios
como fonte de pesquisa para a compreensão da história do trabalho, das técnicas empregadas,
assim como das transformações sociais e da própria história da indústria. Consequentemente
essas empresas, não identificam suas memórias como parte integrante da identidade individual e
coletiva de uma determinada comunidade, que as suas memórias, que os lugares onde estão ou
deixaram de estar, que seus documentos carregam a história do lugar e das pessoas que viveram
aquele passado. As empresas não se vêm conectadas com as relações estabelecidas entre
pessoas, empresas e a sociedade, que suas mudanças e permanências estão interligadas a um
contexto maior, que são as cidades onde estão inseridas e sua ligação com os variados setores da
sociedade. Dessa forma as indústrias precisam compreender que seus vestígios possuem valor
histórico, tecnológico, social, arquitetônico e científico e por isso necessitam de medidas de
conservação e preservação permanente, assim como constante análise sobre os seus testemunhos
do patrimônio industrial, para que os mesmos dialoguem com a sociedade e possam ser
valorizados. Diante do quadro apresentado, um exemplo de sucesso é a encarroçadora de ônibus
Marcopolo S.A com a criação do Espaço Memória Marcopolo Valter Gomes Pinto. O Espaço teve o
início de sua constituição no ano de 1997, com o objetivo de encontrar e organizar fontes para as
comemorações de seu cinquentenário, que ocorreu no ano de 1999. O acervo foi reunido com
doações de documentos mantidos por alguns setores da empresa e, também, conjuntos de
documentos acondicionados em arquivos de metais, caixas identificados em diferentes espaços
das instalações da indústria. Com os achados e doações foi possível organizar fotografias, material
publicitário em diferentes suportes, periódicos produzidos pela empresa entre outros. Com o
advento das comemorações dos 50 anos da empresa foram realizadas entrevistas com
funcionários com mais de 25 anos de atuação e fundadores constituindo um banco de história oral.
A organização possibilitou a difusão cultural por meio de diferentes produtos, como o livro contando
a trajetória da empresa, documentários, mostra fotográfica. Nesses 20 anos de existência o acervo
ocupou diferentes espaços até conquistar uma sede própria. Atualmente desenvolve ações como:
Programa de Visitas Guiadas na exposição permanente, para escolas, universidades, turistas e
clientes; Integração de novos colaboradores; Exposições temporárias para público interno;
Pesquisas para acadêmicos, busólogos, assim como suporte para ações pontuais e estratégicas da
corporação; Manutenção e organização constante do acervo documental; Programa de
preservação e conservação do acervo que atualmente conta com aproximadamente 100 mil itens.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Acervos, Memória.

24
MAESA: PELA CRIAÇÃO DE UM MUSEU DA METALURGIA EM
CAXIAS DO SUL/RS
Luiza Horn Iotti

Inaugurado em 1948, quando o império de Abramo Eberle completava 52 anos, o complexo


conhecido como a Fábrica 2 concentrava os trabalhos de fundição, mecânica, forja e
produção de talheres. A Maesa, sigla para Metalúrgica Abramo Eberle Sociedade Anônima,
se tornou patrimônio cultural do município em 2015, após doação do governo do Estado. O
complexo compreende todo o quarteirão entre as ruas Plácido de Castro, Dom José Baréa,
Pedro Tomasi e Treze de Maio. Conforme a doutora em Arquitetura Ana Elísia Costa, o
prédio segue o estilo das fábricas de padrão manchesteriano e das primeiras de caráter
moderno no mundo e no Brasil. Idealizada e projetada pelos arquitetos Silvio Toigo e
Romano Lunardi, a Maesa envolve quatro quadras, deixando livre uma grande área verde,
uma pracinha, um lago e algumas ruas internas de acesso, onde estão distribuídas galpões
e edificações de um e dois andares. A relevância do Complexo Industrial Maesa se justifica
por diversos fatores: o primeiro é histórico, pois representa um marco de ampliação da
malha original da cidade na década de 40. Ela veio substituir a cultura agrícola praticada no
lote rural, origem do desenvolvimento local. O segundo, é simbólico, pois seu grande porte,
com aproximadamente 55 mil m² de área, o torna um elemento estruturante, um marco
visual do espaço urbano. Uma das possibilidades para a ocupação do prédio, entre outras
devido a seu tamanho, seria a da criação do Museu da Metalurgia de Caxias do Sul com o
aproveitamento das máquinas que compõem o Grupo Voges que, atualmente, ocupa parte
do local. Conforme estava previsto no Termo de Ajustamento de Conduta entre a prefeitura
e a empresa, o prazo final para que a desocupação fosse realizada era até julho de 2018.
Após o não cumprimento do prazo, o Município ajuizou uma ação na 2ª Vara Cível de
Caxias do Sul contra a empresa. Mas, infelizmente, apesar de todos os esforços da
comunidade, sua ocupação continua passando por uma série de percalços. Chegando ao
ponto de o Estado ameaçar retomar o prédio. É preciso uma mobilização mais efetiva e
imediata da comunidade para que se garanta a ocupação desse patrimônio industrial com
atividades culturais e de lazer a exemplo do que existe em outros espaços do país e do
mundo.

Palavras-Chave: Patrimônio cultural, Maesa, Museu da Metalurgia.

25
MAPEAMENTO DOS MUSEUS FERROVIÁRIOS BRASILEIROS:
ASPECTOS HISTÓRICOS, INSTRUMENTOS LEGAIS E
INICIATIVAS ISOLADAS
Alice Bemvenuti
A comunicação proposta apresenta aspectos relacionados à história dos museus e da museologia
por meio da trajetória dos museus ferroviários brasileiros. A história da ferrovia se confunde com
aspectos da história das instituições museológicas ferroviárias. Na coleta e sistematização de
dados para a pesquisa, foi possível identificar questões importante com relação aos fatos
históricos, aspectos econômicos, políticos e culturais que compreendem ao mesmo tempo o
universo de instauração da ferrovia brasileira e os posteriores esvaziamentos a partir dos
desdobramentos da erradicação, liquidação e extinção da mesma, a destinação de seus bens
patrimoniais, os programas e ferramentas de preservação, salvaguarda e a criação das instituições
museais. Períodos que perpassam diferentes governos, avanços tecnológicos que impulsionam
novas concepções de mundo e geram mudanças significativas que refletem o País, são questões
que fazem parte da discussão desta pesquisa. Faz-se necessário, portanto, identificar e distinguir
da trajetória da ferrovia a história das instituições museológicas, a fim de compreendê-las
separadamente. Comparando documentos históricos e informações orais, identifica-se dados
relacionados ao patrimônio industrial ferroviário e as políticas de preservação em um percurso que
inicia na década de 1960 com ações isoladas em diferentes estados, com a criação de museus
ferroviários, passando pelos programas de preservação da história ferroviária fomentados pelo
governo brasileiro por meio do Ministério dos Transportes, e posteriormente como também as
diversas iniciativas impulsionadas por associações de amigos, ferroviários e ex-ferroviários,
organizações diversas e prefeituras municipais. A comunicação é parte da pesquisa desenvolvida
para mestrado intitulado Gestão de museu: comunicação e público – estudo sobre o Museu do
Trem, São Leopoldo, RS (2009-2012), defendida no Programa de Pós-Graduação Interunidades
em Museologia na Universidade de São Paulo, que se propõem a discutir gestão de museu com
ênfase na subárea da comunicação e público, a luz de teóricos do campo da museologia, da
administração e da educação, com estudo de caso do Museu do Trem de São Leopoldo.
Apresenta, portanto, um panorama geral dos museus ferroviários no Brasil, com um relato histórico
das iniciativas de criação destes museus, com dados da atuação do PRESERVE/PRESERFE
remontados através de entrevistas, além da discussão em torno dos mecanismos de proteção do
patrimônio industrial ferroviário. Neste contexto, são mapeadas as instituições museais ferroviárias
no Brasil, com ênfase no Rio Grande do Sul, apresentando a trajetória histórica e cronológica do
Museu do Trem de São Leopoldo. A investigação passa por análise quantitativa e qualitativa de
aspectos da realidade empírica, encerrando com a reflexão sobre as contribuições desta
experiência para a prática da gestão em museus, comunicação e público.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Ferrovia, Museu.

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MUSEU DE TERRITÓRIO DE GALÓPOLIS: UMA ESTRATÉGIA
PARA A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL E
IDENTIDADE LOCAL
Geovana Erlo

O objetivo deste resumo é analisar se a musealização do território de Galópolis promoveu


a preservação do patrimônio industrial e da identidade dos moradores do então bairro
Galópolis, interior de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul (RS), observando como estes
enxergam a necessidade da preservação do patrimônio existente na região e de que forma
o projeto interferiu na dinâmica cultural e na identidade local, além de avaliar a
possibilidade do projeto de musealização territorial, encabeçado pelo Instituto Hércules
Galló, sob a orientação da museóloga Tânia Tonet, abarcar outros espaços de memória da
região, também remanescentes da dinâmica industrial existente nos processos culturais
locais, iniciados ainda em 1894, com a fundação da primeira cooperativa têxtil – o Lanifício
Societá Tevere e Novitá – de toda a Região de Colonização Italiana (RCI) por imigrantes
italianos expulsos de seu país por organizarem uma greve reivindicando melhores
condições de trabalho no famoso Lanifício Rossi (cidade de Schio, na província de
Vicenza). Baseado nos aportes teóricos de Abreu e Chagas (2009), Candau (2012), Choay
(2006), Herédia (2017), Iotti (2010), Le Goff (1996) e Rubino e Meneguello (2019), o
resumo apresenta, por meio da metodologia analítica, do método histórico e etnográfico,
além de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, resultados que apontam a
função de preservação da memória, identidade e pertencimento local que o Museu de
Território de Galópolis assumiu diante do singular exemplar de patrimônio industrial
existente no “vale profondo”, composto pelo parque fabril do lanifício e uma série de
edificações que remontam as relações de sociabilidade dos seus operários – desde a vila
operária, o círculo operário, o sindicato, a cooperativa de consumo, o cine operário, a
praça, a igreja, a escola, os armazéns, o rio e a cascata, até a casa do proprietário –,
espaços estes que foram ressignificados ao longo do tempo e assumiram a perspectiva
museal em 2019.

Palavras-Chave: Memória, Patrimônio industrial, Museu de Território de Galópolis.

27
O ACERVO EMPRESA BORTOLUZZI: UMA ANÁLISE A PARTIR
DA PERSPECTIVA DO ARQUIVO E DA DOCUMENTAÇÃO
Nathália Pereira Cabral, Michele Gonçalves Cardoso

O presente trabalho, pretende socializar alguns resultados obtidos a partir do projeto de


pesquisa intitulado: “Fundo Empresa Bortoluzzi: da catalogação às relações trabalhistas”,
fomentado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ,
finalizado no ano de 2017. As principais autoras/es utilizadas para a construção deste
trabalho foram: Arlette Farge (2009) na discussão sobre arquivo; Glaucia de Oliveira Assis,
Chiara Pagnotta (2013) e Luis Fernando Beneduzi (1998, 1999, 2004) no debate sobre
imigrantes italianos/as e seus descendentes no sul do Brasil, especialmente em Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. O acervo salvaguardado pelo Centro de Memória e
Documentação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – CEDOC/UNESC, foi doado
a instituição no ano de 2012 por um empresário da cidade de Nova Veneza/SC – local onde
a empresa funcionava. Composto por uma variedade documental, entendemos ser
necessário, inicialmente, identificar a documentação. Desse modo, na primeira etapa
realizamos uma higienização básica do acervo, e posteriormente, sua catalogação. A partir
desse processo, organizamos o acervo instituindo três marcos temporais correspondentes
as transformações da empresa, respectivamente: Bortoluzzi Irmãos (1904), Bortoluzzi
Irmãos & Cia (1929) e Indústria e Comércio Bortoluzzi S/A (1941). Na segunda etapa do
projeto, buscamos analisar as memórias do trabalho e dos/as trabalhadores da empresa,
registradas por meio de cadernetas, livros caixas, cartas, registro de importações,
documentos de contratação dos/as funcionários/as, registro de viagens, plantas da fábrica,
etc. Sendo assim, a análise do acervo documental foi importante para compreender a
perspectiva do patrimônio industrial na região, nos permitiu, também, perceber as tramas e
tensões que envolviam o cotidiano da empresa; sua expansão pelo sul catarinense; a
diversidade de suas atividades, inicialmente vinculadas a fábrica de banha; e, perceber
ainda, como a empresa deteve nos anos inicias da república um monopólio econômico
local.

Palavras-Chave: Colonização, Arquivo, Documentação.

28
O CEDOC E A PRESERVAÇÃO DOS DOCUMENTOS DAS
ATIVIDADES CARBONÍFERAS DE SANTA CATARINA
Marli de Oliveira Costa, Alessandra de Oliveira Tristão, Juliano da
Silva Fabri

Essa comunicação aborda um trabalho efetuado no Centro de Memória e Documentação


da Unesc-CEDOC em 2018 com o acervo Memória e Cultura do Carvaõ- MCC. Tal
documentação é resultado do trabalho que um Grupo de Pesquisas desenvolveu na Região
Carbonífera de Santa Catarina entre 2001 a 2010, da publicação intitulada: “Memórias e
Identidades: As estruturas carboníferas como Patrimônio Cultura de Santa Catarina”,
publicada em 2017 e de várias pesquisas de professores da Universidade do Extremo Sul
Catarinense-UNESC. O objetivo foi compreender a necessidade da preservação desse
acervo observando o valor dos documentos e das memórias, em uma época em que os
espaços como acervos, museu, centros de memória, e centros de documentação sofrem
com diversos atentados a existência, sujeitos ao abandono e acometidos de desvalorização
social. O CEDOC foi criado no ano de 2000 como um centro de documentação apenas. Em
quase 20 anos de existência esse espaço se apresenta como local de preservação,
divulgação, pesquisa e educação do patrimônio material e imaterial de Santa Catarina,
vinculado ao Curso de História da UNESC. A metodologia utilizada seguiu alguns passos:
Estudos sobre os conceitos de memória, história, arquivos, acervos, identidades e história
da mineração em Santa Catarina; orientações sobre higienização, catalogação, inventario e
organização de acervos com profissionais do CEDOC. O acervo MCC do ano de 2018
possuia 30 encadernados (documentos que foram agrupados e encadernados) e 15 caixas
de poliondas, que no total correspondem a 520 documentos aproximadamente, entre
revistas, jornais, livros, dissertações, relatórios, artigos, folder, panfletos, anais, fotografias,
documentários de VHS e DVD). Tal acervo se constitui como patrimônio documental,
relacionado ao patrimônio industrial de Santa Catarina.

Palavras-Chave: Acervo, CEDOC, Memória e Cultura do Carvão.

29
PATRIMÔNIO INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PELOTAS/RS: LEVANTAMENTO DA PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO SOBRE O ACERVO
Francisca Ferreira Michelon, Ana María Sosa González
O objetivo da comunicação é apresentar o levantamento de pesquisas e trabalhos acadêmicos
produzidos no âmbito da Universidade Federal de Pelotas, sobre o acervo edificado fabril e temas a
ele vinculados, que se encontra como patrimônio desta instituição. O levantamento ocorreu como
etapa do projeto de pesquisa coordenado pela segunda autora, de título “Memória, identidade e
patrimônio industrial adquirido pela UFPel” e está publicado no livro "Patrimônio Industrial da
UFPel", organizado pela primeira autora durante o ano em curso. A UFPel possui cinco ex-fábricas
que compõem o referido acervo da Instituição, localizadas em diferentes pontos da cidade. Os
complexos foram adquiridos em um prazo relativamente curto e sem planejamento de uso. As
modificações foram acontecendo em concordância com a necessidade de uso ou ainda não
aconteceram. O estudo no qual ocorre o projeto e deriva-se o livro argumenta que havia uma ideia
imanente, uma percepção de possibilidades e um fluxo de oportunidades que levaram os gestores
a adquirir esses bens. Havia motivos para a ideia imanente, os quais surgiram da aproximação da
universidade com a cidade e do modo como se deu este movimento. Muito possivelmente, se
tivesse ocorrido o planejamento estudado e calculado para a expansão da Universidade, a
aquisição desses bens não teria sido feita. Há vários fatores relacionados, um deles é a própria
trajetória da cidade, que hoje tem o seu conjunto histórico designado como patrimônio nacional. A
Arquiteta Márcia Sant’Anna, relatora dos dois processos: tombamento do Conjunto Histórico de
Pelotas e registro da Tradição Doceira de Pelotas e antiga Pelotas (Arroio do Padre, Capão do
Leão, Morro Redondo e Turuçu), justificou o seu parecer favorável levando em conta a importância
da paisagem urbana deste conjunto que expressa as relações entre o “ambiente natural e social
pré-existente”. Advogamos, portanto, que a ideia imanente reporta à paisagem de uma cidade
industrial em um território produtivo, marcado pela força de trabalho operária e que a universidade
foi influenciada por este fator. Observamos a origem desta ideia no projeto da professora Ester
Gutierrez, denominado Universidade na Cidade, datado de 1986. No período, vários cursos da
UFPel migravam do Campus Capão do Leão para o centro da cidade. Não havia, então, prédios
que os abrigassem. O projeto sugeria que o extenso complexo da antiga fábrica de Fiação e
Tecidos Pelotense, localizado na região portuária, fosse utilizado como campus para os cursos sem
sede. Assim, o levantamento dos estudos e publicações já realizados sobre estas ex-fábricas
adquiridas pela UFPel, evidencia o interesse acadêmico sobre este patrimônio. Apresenta-se o
método empregado para o levantamento e a listagem das publicações encontradas. Não se trata de
uma listagem definitiva, mas ela já indica dados sobre os quais é possível inferir o interesse geral
sobre determinados bens. Sabemos que os dados que compõem a informação de cada fábrica não
totaliza o que se gostaria de conhecer sobre essas. Destacamos que a importância desta produção
bibliográfica está em constituir reação à invisibilidade sobre este patrimônio, que acaba por instituir
o desconhecimento a indiferença e o abandono.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Universidade Federal de Pelotas, Pesquisa, documentação.

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PATRIMÔNIO INDUSTRIAL, MUSEU E INFORMAÇÃO: UM
ESTUDO DE CASO NO MUSEU DO IMIGRANTE CÔNEGO
MIGUEL GIACCA
Leonardo Hermes Lemos, Cezar Karpinski

Os museus, instituições seculares que promovem a exposição e preservação do patrimônio


cultural, também são consideradas unidades de informação, pois coletam, recuperam,
representam, organizam e disseminam informações. A ideia em correlacionar patrimônio
industrial, museu e informação se torna necessária na medida em que estas áreas se
tornam fundamental, nas discussões a cerca do patrimônio cultural, seja ele no âmbito
tangível ou intangível. Primeiro será exposto como objetos de museus se tornam
documentos, a partir das teorias e conceitos da Ciência da Informação. Segundo, será
abordada teoricamente a área da museologia, onde é dissertado sobre o processo de
musealização e como isto está relacionado ao Museu do Imigrante Cônego Miguel Giacca.
Terceiro, os conceitos de patrimônio serão discutidos mostrando a correlação com os
assuntos anteriores. Por fim as três áreas vão se correlacionar no estudo de caso,
mostrando como o Museu do Imigrante Cônego Miguel Giacca (Nova Veneza – SC),
trabalha o seu acervo também considerado patrimônio industrial, evidenciando os
processos técnicos desta instituição. Como resultado será mostrado como o museu é uma
instituição transdisciplinar que estuda, pesquisa, conserva, expõe, dissemina e democratiza
a informação e a cultura.

Palavras-Chave: Patrimônio industrial, Museologia, Ciência da Informação, Museu,


Informação.

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PIONEIRISMO, TRABALHO E ETNICIDADE: UMA ANÁLISE NO
PROCESSO DE REELABORAÇÃO DO PROJETO “INDÚSTRIAS
FAMILIARES DOS IMIGRANTES”
Jennifer Constantino dos Santos, Michele Gonçalves Cardoso

A partir de análise nos documentos presentes no Centro de Documentação Histórica Plínio


Benício (Orleans/SC), o presente trabalho tem por objetivo compreender a influência do
CNRC (Centro Nacional de Referência Cultural) na reelaboração do projeto Indústrias
Familiares dos Imigrantes, bem como perceber nos discursos por ele apresentados as
diversas temporalidades retratas e analisar como os acervos dispostos no atual Museu Ao
Ar Livre Princesa Isabel auxiliam na consolidação de discursos sobre trabalho, etnicidade e
religiosidade. No decorrer do projeto os conceitos utilizados foram os de Koselleck (campo
de experiência e horizonte de expectativa) e Hartog (presentismo). Foi em meio a enchente
que devastou Orleans em 1974 que Pe. Dall’Alba teve a ideia para a criação de um projeto
que visava salvaguardar as tecnologias que haviam sido desenvolvidas e adaptadas pelos
primeiros colonizadores da região. Tal projeto seria um museu ecológico/vivo, se
assemelhando as pequenas indústrias familiares dos primeiros imigrantes da região. Para a
obtenção de apoio financeiro se fez necessário a realização de um convênio com o CNRC,
e do projeto original elaborado pelo padre, ao primeiro convênio estabelecido houveram
algumas mudanças. Na data de inauguração do novo museu em 1980, este ainda não
havia sido concluído, estando ainda hoje divergente do projeto original. A mensagem que
transmite é carregada por uma dose de pioneirismo, trabalho e etnicidade, dando aos
imigrantes italianos oitocentistas o protagonismo para o desenvolvimento da colônia Grão-
Pará, deixando sem créditos aqueles que vieram antes deles e que também colaboraram
com a base para a sua tecnologia.

Palavras-Chave: Imigração, Trabalho, Projeto Indústrias Familiares dos Imigrantes.

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PRATICA DE AÇÃO EDUCATIVA NO MEMORIAL CASA DO
AGENTE FERROVIÁRIO MÁRIO GHISI, CRICIUMA
Cinthia Franco de oliveira Teodoro, Fernanda Crotti Biava, Michele
Gonçalves Cardoso

O trabalho foi realizado para a disciplina de Estágio IV do curso de História no ano 2019 no
primeiro semestre. A ação foi desenvolvida no “Memorial Casa do Agente Ferroviário Mário
Ghisi”, um importante espaço de memória da cidade localizado em Criciúma, tendo como
público alvo, turmas do fundamental I da Escola de Ensino Fundamental Professor
Lapagesse. Atuação foi desenvolvida no dia 28 de maio de 2019, o principal objetivo,
envolver por meio da aplicação dos sentidos (audição, tato e visão) a temática da Infância
e a Mineração em Criciúma em meados de 1920 a 1960, trazendo indagações e reflexões
sobre suas realidades e cotidiano. Para isso, foi realizado umas etapas e, em cada
momento, houve o estímulo de um dos sentidos. Com as réplicas dos brinquedos,
questionamos as diferentes infâncias. Havendo apresentação de fotografias da região
carbonífera, utilização de sons, estimulando a audição e a emoção. No final, cada criança
recebeu um post-it e nele escreveram o que crianças do passado poderiam ter sentido com
relação a seus cotidianos, tais post-it foram anexados em um dos desenhos apresentados
(feliz, triste, normal) anexados no percurso. Como resultado, podemos observar o quanto
as crianças compreenderam sobre os assuntos abordados. E percebemos a importância de
um memorial e principalmente de um memorial que se remeta a história do trabalho e dos
trabalhadores da ferrovia da Tereza Cristina.

Palavras-Chave: Memorial, Mineração, Ação educativa.

33
PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA FABRIL DO
ANTIGO LANIFÍCIO LANEIRA BRASILEIRA S.A – PELOTAS/RS
Jossana Peil Coelho, Francisca Ferreira Michelon

O antigo lanifício Laneira Brasileira S.A, que funcionava na cidade de Pelotas / RS,
atualmente seu espaço fabril é de propriedade da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel), que possui uma proposta de reciclagem e requalificação. A Laneira foi
representativa para o bairro onde foi instalada, o bairro Fragata, contribuindo para o seu
desenvolvimento, tanto econômico quanto espacial, sendo importante vetor para atual
paisagem do local. Instalada em 1949, funcionava com o beneficiamento e comercio de lã,
ao longo dos anos foi expandindo seu espaço fabril e sua produção, até a década de 1990
quando entra em declínio, chegando a desativar alguns setores, e encerrando suas
atividades em 2003 por falência. A UFPel adquire o imóvel em 2010, e após três anos
desenvolve o projeto arquitetônico intitulado Laneira Casa dos Museus, mesmo ano que é
considerado bem patrimonial do município, sendo incluído no Inventário do Patrimônio
Cultural de Pelotas. Neste projeto é previsto a implantação do Memorial da Laneira, que
tem por objetivo ser um espaço da preservação e valorização da memória da fábrica e do
trabalho. Para isso, pesquisa-se o espaço fabril, considerando-o como um patrimônio
industrial, e que possui potencialidade para a sua musealização, assim busca identificar
extramuros da fábrica as memórias do local através de bens móveis que podem contribuir
tanto com a história da fábrica e com a sua musealização. Esses bens móveis estão em
diferentes locais com diferentes proprietários, que em conjunto com o imóvel fabril formam
um acervo que a partir de um inventário único de todo o conjunto, pode muito contribuir
para a conservação, a valorização e também a divulgação da Laneira, contribuindo para as
memórias do espaço que se sugere, o memorial.

Palavras-Chave: Musealização, Patrimônio industrial, Laneira.

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