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Os Construtores do Brasil

Portugal: Passado e Presente – tradição e modernidade

Portugal, oficialmente República Portuguesa,


localiza-se no sudoeste da Europa e seu ter-
ritório, compreende a parte continental e
as regiões autônomas, os arquipélagos dos
Açores e da Madeira.

Inicialmente, a região foi povoada por pré-


Brasão de Armas de Portugal
celtas e celtas, dando origem a povos como
os galaicos e os lusitanos. Por ali também passaram fenícios, cartagineses e romanos,
que a incorporaram a seu império como Lusitânia, depois de 45 a.C. Posteriormente,
foi invadida por suevos, búrios e visigodos e conquistada pelos mouros. O Reino
de Portugal foi fundado em 1143 e, em 1249, definiram-se suas fronteiras, vigentes
até hoje. Portugal é considerado o mais antigo estado-nação moderno europeu.
Bandeira de Portugal

Formação e consolidação do reino Monumento dos Descobrimentos – Lisboa, Portugal

Durante os séculos XV e XVI, o país foi pioneiro na exploração maríti-


ma, que resultou no império colonial de amplitude global, uma potência
mundial econômica, política e militar, com possessões na África, Ásia e
América do Sul.

Portugal é um país mundialmente reconhecido pela vinicultura e gastro-


nomia, além de seu legado e patrimônio cultural. Tornou-se um dos vinte
maiores destinos turísticos do mundo, por sua história, seus monumen-
tos, suas aldeias. Foi Capital Europeia da Cultura em 1994 e acolheu a
Exposição Mundial de 1998.

País tradicionalmente agrícola, hoje sua estrutura econômica baseia-se em


serviços e na indústria, sobretudo a têxtil, de calçados, mobiliário, mármore
e cerâmica. Possui ampla atividade no campo da ciência e da tecnolo-
gia, desenvolvido em universidades públicas e instituições estatais.

Há empresas portuguesas trabalhando para a Nasa e para a Agência


Espacial Europeia. Outras foram responsáveis pelo desenvolvimento do
sistema de cartão pré-pago, usado em rodovias e em celulares, bem como
em jogos para esse tipo de dispositívo móvel.

Portugal ocupa hoje lugar de vanguarda mundial em energias renováveis:


solar, das ondas do mar (primeira exploração comercial do mundo) e eólica.
Esta última é a mais nova forma alternativa de geração de energia im-
plantada no país, situando-se em terceiro lugar no ranking europeu nesse
segmento. Ela já atende a cerca de 13% do total do consumo energético
desse país. As previsões apontam que a potência instalada alcançará um
crescimento de 65% nos próximos quatro anos.

Parque eólico da EDP, Portugal


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As GrAndes descobertAs MArítiMAs


... e se MAis Mundo houverA lá cheGArA... (l uís de cAMões, os lusíAdAs, cAnto vii)

Nos séculos XIV e XV, as rotas comerciais do Mediterrâneo eram monopolizadas pelos venezianos e
genoveses. As especiarias (pimenta, canela, noz-moscada, gengibre, cravo) e outros produtos, como o
algodão indiano, a seda chinesa, louças, perfumes, pedrarias e açúcar, vindos do Oriente, eram consu-
midos na Europa. Quebrar tal monopólio e se inserir nesse mercado foi o principal motivo das grandes
navegações portuguesas, consideradas, em seu conjunto, um dos maiores feitos da humanidade.

O Infante D. Henrique ´O navegador´ (Porto, 4/3/1394; Sagres, 13/11/1460) tem o principal papel
na condução das navegações que resultam nos descobrimentos marítimos portugueses do século XV.
Surgem ou lá estudam em Portugal todos os grandes comandantes que levam ao conhecimento de novas
terras, prestando grandes serviços à nação. Entre eles, destacam-se: Gil Eanes, Diogo Cão, Bartolomeu
Dias, Vasco da Gama, Nicolau Coelho. Apesar de prestarem serviços à Espanha, Cristóvão Colombo e
Fernão de Magalhães também aprenderam em Portugal os segredos de navegar.

A Escola de Sagres
Após seu regresso de Ceuta, o Infante D. Henrique estabelece-se em Sagres por volta de 1418. Rodeia-se
Infante D. Henrique. (Porto, 4/3/1394; Sagres,
de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval, mais conhecida como a 13/11/1460). Gomes Eanes de Zurara, Crônica dos
feitos da Guiné. Bibliothèque Nationale: Paris.
Escola de Sagres. Não era uma escola no moderno conceito da palavra, mas um centro de arte náutica.
Dali ele organiza as expedições em direção à costa ocidental da África e desbravam-se os oceanos.

Evolução técnica e tecnológica e a exploração do Atlântico Sul


Os grandes descobrimentos portugueses só foram possíveis graças ao empenho do Infante D. Henrique,
na fundação da Escola de Sagres, onde reuniu cartógrafos, astrônomos e navegadores, e à evolução da
técnica de navegação por latitude, ao desenvolvimento da cartografia, ao aprimoramento tecnológico
do astrolábio e da bússola, à invenção da caravela e à disponibilidade de capital.

Bússola Astrolábio
De origem chinesa, a bússola foi Instrumento de navegação conhecido
introduzida na Europa pelos desde a Antiguidade, serve para medir a
árabes e se tornou instrumento altura dos astros acima do horizonte.
de orientação fundamental nas O astrolábio moderno de metal foi
grandes navegações. aprimorado por Abrão Zacuto, em Lisboa,
a partir de versões árabes pouco precisas.

Caravela, uma invenção portuguesa


Típica caravela utilizada nas grandes navegações, tinha de 20 a 30 metros de compri-
mento, de 6 a 8 metros de largura, 50 toneladas de capacidade e era tripulada por
cerca de 45 homens. Com vento a favor, chegava a percorrer 250 quilômetros por dia.
Havia a vela latina e a vela redonda. A primeira era utilizada para navegar à bolina,
entrar e sair de estuários, explorar trechos acidentados do litoral. A segunda era adequa-
da para as longas travessias e áreas de ventos estáveis pela ré.

O Périplo Africano. Saga: a grande história do Brasil, São Paulo: Abril Cultural, 1981. v. 1, p. 40.

Réplica da Nau do Descobrimento do Brasil. Acervo do Museu da Marinha, Rio de Janeiro, RJ.

O périplo africano
O marco inicial foi a conquista de Ceuta em 1415, seguida pela
descoberta das Ilhas da Madeira (1419) e dos Açores (1428).
Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, em 1434. Chega em seguida
ao Senegal (1450), às Ilhas de Cabo Verde (1456) e a Serra Leoa
(1460). Em 1483, Diogo Cão chega ao Congo e Bartolomeu Dias
dobra o Cabo da Boa Esperança em 1488, comprovando a comu-
nicação entre os oceanos Atlântico e Índico.

A necessidade de encontrar novos caminhos marítimos para se atin-


gir a Índia leva D. João II de Portugal a intensificar os preparativos
para esse propósito. Mas seu falecimento em 1495 coloca no trono
seu primo, D. Manuel (1495-1521), que prossegue com o plano.
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Os descObrimentOs pOrtugueses

Até 1400, o Atlântico era o mar Tenebro-


so, povoado por monstros, perigos,mas
também riquezas. No início do século
XV, Portugal já realizava o comércio de
cabotagem pela costa atlântica.

Com os descobrimentos ocorridos entre


1415 e 1543, Portugal mudou o mapa
do mundo.
Fonte: Álbum da Colônia Portuguesa no Brasil. Rio de Janeiro, 1929. Torre de Belém, Lisboa, Portugal. Concluída em 1520, essa fortificação integrava
o plano defensivo da barra do rio Tejo. Foto: Sônia M. Freitas

O Tratado de Tordesilhas
Após chegar ao Novo Mundo em 1492, em seu retorno Colombo refugia-se no Tejo devido
a tempestades, sendo recebido por D. João II, que o fez saber que as ilhas descobertas
se situavam na área de influência portuguesa, pelo Tratado de Alcáçovas. Ao saber que
as ilhas descobertas pertenciam a Portugal, Colombo sugere aos Reis Católicos a adoção
de uma nova delimitação entre os territórios ultramarinos luso-castelhanos: o Tratado de
Tordesilhas, estabelecido em 7 de junho de 1494, definindo uma linha de demarcação
a 370 léguas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde, “forçado” por D. João II, talvez
já conhecendo as terras do Brasil.

Tratado de Tordesilhas, 1494. Fonte: Instituto Camões, Comissão Nacional para as


Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. p. 9.

Descobrimento do caminho marítimo para a Índia


D. João II (1481-1495) solicita pesquisas sobre caminhos terrestres para atingir a Índia, caso se revelasse
impossível fazê-lo por mar. Afonso Paiva e Pero de Covilhã colhem informações sobre a costa oriental
da África e da Índia em 1487. Bartolomeu Dias já havia dobrado o Cabo das Tormentas, depois
denominado pelo monarca de Cabo da Boa Esperança.

Em 8 de julho de 1497, Vasco da Gama inicia a viagem em Lisboa, comandando duas naus, São
Gabriel e São Rafael, a caravela Bérrio e um navio de apoio. Em 2 de março de 1498, contorna a
África depois de enfrentar temporais, correntes e o escorbuto, passa por Moçambique, chegando a
Calicute e, em 20 de maio de 1498. Estava descoberto o caminho marítimo para a Índia. Três meses
depois deixam Calicute sob intenso fogo e voltam a Lisboa. No caminho, queima-se a São Rafael.
A Bérrio chega a Lisboa em 10 de julho de 1499 e a São Gabriel, sob o comando de Vasco da Gama,
em agosto. Retrato de Vasco de Gama, obra de Gregorio Lopes, Lisboa, c.1524.
Fonte: Letteratura Universale vol.19. p.24

Rotas das viagens do século XV e XVI. Saga: a grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981. v. 1, p. 39.
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A viAgem de CAbrAl
Após seis meses do regresso de Vasco da Gama da Índia, Portugal organiza uma nova esquadra, com
a finalidade de estabelecer bases permanentes na Ásia.

Constituída por dez naus e três caravelas e com navegadores experientes, como Nicolau Coelho e
Bartolomeu Dias, é comandada por Pedro Álvares Cabral, soldado e diplomata. Participam dessa
expedição um total de 1.500 homens.

A esquadra parte da Torre de Belém em Lisboa em 9 de março de 1500, com a presença do rei
D. Manuel I. Em 22 de março passa pelo arquipélago de Cabo Verde. Chega às terras de Vera Cruz
em 22 de abril de 1500, onde hoje se situa Porto Seguro. Estava descoberto o Brasil. A primeira
missa é realizada em 26 de abril por Frei Henrique de Coimbra. E em 2 de maio a esquadra de Cabral
continua sua viagem rumo à Índia.

Comandantes da armada
1 Nau Capitânia Pedro Álvares Cabral (comandante)
2 Nau Sota-capitânia El Rey Sancho de Tovar (vice-comandante)
3 Nau Simão de Miranda de Azevedo
4 Nau Aires Gomes da Silva
5 Nau Vasco de Ataíde
6 Nau Anunciada Nuno Leitão da Cunha
7 Nau Simão de Pina
8 Nau Luís Pires
9 Nau Nicolau Coelho
10 Caravela São Pedro Pêro de Ataíde
11 Caravela Bartolomeu Dias
12 Caravela Diogo Dias
13 Naveta de mantimentos Gaspar de Lemos
Pedro Álvares Cabral (Belmonte, c.1467; Santarém, c.1520), Armada de Pedro Álvares Cabral. Memória das Armadas.
de Aurélio de Figueiredo. Escola Nacional de Belas Artes, RJ. Portugal: Academia de Ciências de Lisboa, c. 1568

Descoberta da Terra
de Vera Cruz
Atinge a latitude da atual cidade de Salvador (13° S)
por volta de 18 de abril e, na terça-feira das oitavas de
Páscoa, 21 de abril, vê-se o Monte Pascoal. Em 22 de abril
de 1500, à hora de vésperas, afirma Caminha, “houvemos
vista [...] doutras serras mais baixas ao sul dele, e terra
chã com muitos arvoredos”, batizada por Cabral de Terra
de Vera Cruz. No dia seguinte, quinta-feira, por volta das
10 horas, todos os navios lançam âncora próximo a um rio.
Na praia, sete a oito homens, prova de que a nova terra
era habitada.

Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pêro Vaz de


Caminha descreve o contato entre os portugueses e dois
tupiniquins, a 24 de abril de 1500. “Acenderam-se tochas. Carta com as novas do achamento da Terra de Vera Cruz envia-
E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de da a D. Manuel por Pêro Vaz de Caminha, 1º de maio de 1500.
Acervo: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa, Portugal
falar ao Capitão, nem a ninguém.” Primeira Missa no Brasil (detalhe) l, 1861. Victor Meirelles
(Brasil 1832- 1903.) Óleo sobre tela. Acervo: Museu
Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.

Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro (1500). Pintura de Oscar Pereira da Silva. Acervo: Museu Paulista da USP.
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Os pOvOs indígenas
Os homens que os lusitanos encontram são os tupini-
quins, do ramo tupi da grande família tupi-guarani,
originários da Amazônia (área entre os rios Madeira
e Xingu), mas que teriam passado por um processo de
expansão há cerca de 2 500 anos. No início da nossa
era, chegaram às bacias fluviais do Paraguai-Paraná-
Uruguai. A partir daí, teriam se irradiado para leste,
dividindo-se em dois ramos (tupis e guaranis) e gradual-
mente fragmentando-se em vários subgrupos.
Habitação dos Apiacás sobre o Arinos, de Hercules Florence (1828).
Aquarela sobre papel. Arquivo da Academia de Ciências da Rússia, Moscou.
Coleção: Cyrillo Hércules Florence.

Essas sociedades viviam da agricultura. Caçavam uma grande variedade de animais, que eram atingidos com
flechas ou pegos com armadilhas, covas recobertas de ramos e folhas. Quando habitavam o litoral, margens
de rios e lagoas, dispunham de grandes quantidades de peixe, moluscos e crustáceos. Usavam matéria-prima
vegetal para confecção de cordões, cordas, fios, peneiras, abanadores de fogo, esteiras, cestos, gaiolas e
armadilhas de pesca. Confeccionavam redes de dormir e fabricavam objetos de cerâmica, cuias e maracás.
Hábeis artesãos, criavam canoas e jangadas, arcos e flechas, mas não conheciam os metais preciosos.
Saga: a grande história do Brasil. São Paulo:
Abril Cultural, 1981. v. 1, p. 71.

Jesuítas atuam na catequização dos índios Colonizadores. Obra de Clóvis Graciano, 1969.
Acervo: Câmara Municipal de São Paulo, SP.

Padre Manoel da Nóbrega Padre José de Anchieta Padre Antônio Vieira


Nasce em Sanfins do Douro, em 18 de outu- Nasce em 19 de março de 1534 em San Nasce em Lisboa, Portugal, em 6 de fevereiro
bro de 1517. Em 1544 ingressa na Compa- Cristóbal de la Laguna, capital de Tenerife, ar- de 1608. Orador, religioso da Companhia de
nhia de Jesus e vem para o Brasil em 1549, quipélago das Canárias. Com 17 anos entra Jesus, escritor e autor dos famosos Sermões, é
juntamente com o governador-geral, Tomé de na Companhia de Jesus e, em 1553, incor- um dos mais influentes personagens do século
Sousa, chefiando a primeira missão jesuítica. pora-se à missão jesuítica que acompanha o XVII por sua atuação pública. Conselheiro do
segundo governador-geral, Duarte da Costa. rei de Portugal, desafia a Inquisição sugerindo
Em 25 de janeiro de 1554 funda São Paulo aliança do Estado com mercadores judeus.
de Piratininga, auxiliado pelo padre José de Colabora com o padre Manoel da Nóbrega
Anchieta, então com 19 anos de idade. Falece na fundação, em 1554, do colégio de Pirati- Combate a escravidão indígena e a escravidão
no Rio de Janeiro em 18 de outubro de 1570. ninga, núcleo inicial da cidade de São Paulo. africana. Ensina retórica em Olinda e teologia
Em 9 de junho de 1597 falece em Reritiba, na Bahia. Falece em Salvador, Bahia, em 18
hoje Anchieta, no Espírito Santo. de julho de 1697.

Aldeia dos Tapuias, de Johann Moritz Rugendas, (c. 1835). Litografia colorida. Coleção particular.
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Primeira fase na Colônia


Da descoberta ao início da colonização, 30 anos se passaram sem a Coroa portuguesa
definir o seu interesse pelo Brasil. As primeiras expedições visam adquirir conhecimento
da costa e de seus habitantes.

A terra descoberta parece oferecer apenas o pau-brasil, que começa a atrair comer-
ciantes e corsários franceses. Para a exploração dessa madeira, estabelecem-se feitorias
ao longo da costa, e os índios passam a derrubar e embarcar os troncos.

Em 1502, a Coroa portuguesa, a fim de acabar com o contrabando, concede o mono-


pólio de extração e comercialização do pau-brasil a Fernando de Noronha.

Em 1516 a expedição de Cristovão Jacques vem


para observar e combater as atividades dos corsá-
rios franceses na costa brasileira. Em novembro
desse mesmo ano, aporta em uma grande baía,
que denomina de Baía de Todos os Santos.

Em 21 de julho de 1521, zarpa de Lisboa com


destino ao Brasil, fundando a feitoria de Itamaracá,
em Pernambuco.

Terra Brasilis, mapa do Atlas Miller, de Lopo Homem,


1515-1519. Biblioteca Nacional, Paris, França.
As feitorias. Em Saga: a grande história do Brasil. São Paulo:
Abril Cultural, 1981. v.1, p. 92.

As feitorias
Assumindo as funções de fortaleza e entreposto comercial, no geral construída junto a
um porto natural, a feitoria é a primeira forma de estabelecimento permanente dos portu-
gueses no Brasil. Entre 1500 e 1530, foram fundadas as feitorias de Cabo Frio, Pernam-
buco, Igaraçu, Itamaracá, Bahia, São Vicente, Porto Seguro, Santo Aleixo, dos Marcos
e Rio de Janeiro. Mantidas pela Coroa ou por particulares, outras foram estabelecidas.

A fundação
de São Vicente
O nobre e militar português Martim Afonso de Sousa
(Vila Viçosa, c. 1490; Lisboa, 21/7/1571), enviado
por D. João III para demarcar e explorar a nova colônia,
torna-se donatário de duas capitanias hereditárias. Em
22 de janeiro de 1532, funda a primeira vila do Brasil,
São Vicente, onde são erigidos um pelourinho, uma igreja
e uma câmara.
“Fundação de São Vicente” (1900), de Benedito Calixto de Jesus. Acervo: Museu Paulista da Universidade de São Paulo, SP.

As aventuras de Caramuru e
do capitão João Ramalho nos trópicos
Diogo Álvares Correia (Viana do Castelo, Portugal, 1475; Tatuapara, Bahia, 5/10/1557), náufrago português
que passa a vida entre os índios tupinambás na Baía de Todos os Santos e facilita seu contato com os primeiros
administradores e missionários. Recebe dos tupinambás o nome de Caramuru e por esposa a índia de nome
Paraguaçu.
Fundação da Vila de Santos
pelo capitão Brás Cubas,
João Ramalho (Vouzela, Viseu, Beira Alta 1493; Piratininga, 1580). Embarca em uma nau para o Brasil em 1512 de Benedito Calixto
e naufraga na costa da futura capitania de São Vicente (SP), por volta de 1513. Encontrado pelos guaianases, Acervo: Bolsa Oficial do Café,
Santos, SP.
passa a viver com eles, vindo a se casar com Bartira, filha do cacique
Tibiriçá. Cria no planalto de Piratininga uma povoação, de nome Santo
André da Borda do Campo, e ajuda Martim Afonso de Sousa na fundação
de São Vicente em 1532.

Brás Cubas (Porto, dezembro de 1507; Porto, 1592). Chega ao Brasil


na expedição de Martin Afonso de Sousa, em 1531. Em 1536 desenvolve
na capitania de São Vicente a agricultura da cana e monta engenho de
açúcar. Maior proprietário de terras da baixada santista, cria um porto, uma
capela e um hospital – a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos –
em 1543, que dariam origem à vila de Santos, em 1545.
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Colonização
Capitanias Hereditárias
O sistema de capitanias hereditárias foi instituído por D. João III em 1530 para um maior
controle da colônia e repressão ao contrabando do pau-brasil e de outras riquezas. O
território foi dividido em quinze lotes entregues a doze donatários ou capitães-generais
que eram pequenos fidalgos, soldados ou funcionários ligados à administração colonial.
Após dez anos, apenas as capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram com
a lavoura de açúcar e núcleos populacionais. Mas o sistema foi extinto em 1759.

A criação dos governos-gerais


Em 1534, muda-se o sistema de colonização com a criação do governo-geral.
Com sede em Salvador, Bahia, centraliza o poder subordinado a Lisboa, introduz o
sistema de sesmarias, incentiva a cristianização dos nativos com a vinda dos padres
jesuítas e cria condições para o aumento da exploração das riquezas coloniais.

Tomé de Sousa: primeiro governador-geral


O governador Tomé de Sousa era fidalgo, com experiência nas empresas ultramarinas.
Impulsiona a ocupação do Recôncavo para os pecuaristas baianos e a indústria açuca-
reira. Sede do governo geral em 1549, Salvador foi a primeira capital do Brasil.

Duarte da Costa: segundo governador-geral


Entre 1553 e 1558, Duarte da Costa assiste à paralisação dos órgãos governamen-
tais, ocorrem levantes indígenas. Os tamoios chegam a aliar-se aos france-ses no Rio de Saga: Abril, 1981. v.1. p. 98
Janeiro. Há cisão entre os partidários do bispo D. Pêro Fernandes Sardinha e os seguidores de D. Duarte da Costa.

Mem de Sá: terceiro governador-geral


Assume o posto em janeiro de 1558 e reorganiza a administração da Colônia e o controle dos indígenas rebelados.
Nas reduções, os indígenas são catequizados e protegidos da escravidão. Expulsa os franceses no Rio de Janeiro.

Brasão Duarte Coelho Brasão Jorge Figueiredo Brasão Lucas Giraldes Brasão Fernando Alvares de Andrade Brasão de Aires da Cunha Brasão de João de Barros Brasão Vasco Fernandes Coutinho Brasão Pero de Góis
IEB, USP Biblioteca Municipal de São Paulo Biblioteca Municipal de São Paulo Saga. Abril/SP, 1981. Saga. Abril/SP, 1981. Saga. Abril/SP, 1981. Saga. Abril/SP, 1981. Saga. Abril/SP, 1981.

Fundação do Rio de Janeiro Fundação de São Paulo


Em fevereiro de 1565, sob o comando de Estácio de Sá, duzentos portu- Em 25 de janeiro de 1554, surgiu a povoação de São Paulo
gueses desembarcaram no Rio de Janeiro, erguendo uma fortaleza no morro de Piratininga, por ordem do padre Manoel da Nóbrega, supe-
Cara de Cão. Em 1° de março de 1565, era inaugurada a povoação de rior da Companhia de Jesus. O nome “São Paulo” foi escolhido
São Sebastião do Rio de Janeiro. porque no dia 25 de janeiro a Igreja Católica celebra a con-
versão do apóstolo Paulo de Tarso.
No ano seguinte, navios franceses e mais de cem canoas de guerra dos Ta-
moios atacaram a cidade, mas Estácio de Sá resistiu. Em janeiro de 1567, Um colégio jesuíta foi construído por doze padres, entre eles o
Mem de Sá, seu tio e terceiro governador-geral, chegou da Bahia com três noviço José de Anchieta, no alto de uma colina escarpada, entre
navios de guerra e, no dia 20, dia de São Sebastião, desalojou o inimigo os rios Anhangabaú e Tamanduateí. O povoamento da região
do morro do Flamengo. do Pátio do Colégio teve início em 1560, quando Mem de Sá,
em visita à Capitania de São Vicente, ordena a transferência da
Estácio de Sá, devido a ferimentos recebidos em combate, falece em 20 de
população da Vila de Santo André da Borda do Campo para
fevereiro de 1567 defendendo o Rio de Janeiro, cidade que havia fundado.
a proteger dos ataques dos índios. São Paulo adquire condição
Logo depois chegava ao fim a França Antártica.
de cidade em 1711.

Partida de Estácio de Sá de Bertioga para o Rio. 1565, detalhe, Benedito Calixto.


Acervo: Palácio São Joaquim, RJ. Estácio de Sá travou batalha e expulsou os franceses do Rio de Janeiro.
Fundação de São Paulo (de-
talhe), óleo de Oscar Pereira
da Silva.
Acervo: Museu Paulista da USP

Largo do Palácio do Governo


e Igreja do Colégio dos Jesui-
tas, 1847, Miguel Dutra.
Acervo: Museu Republicano de
Itu/Museu Paulista –USP.
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CiClos eConômiCos
Ciclo da cana-de-açúcar
Originária de Bengala, a cana-de-açúcar foi introduzida pelo Inafante D. Henrique nas Ilhas da
Madeira e dos Açores. Martim Afonso de Souza inicia seu plantio em São Vicente, montando um
engenho de açúcar em 1532.
Em 1542, o primeiro engenho começa a funcionar em Pernambuco; em 1570 registram-se 23 enge-
nhos; por volta de 1583-1584, o número sobe para 66. Por volta de 1580, havia 115 engenhos
no litoral brasileiro, produzindo 350 mil arrobas de açúcar por ano. Os solos apropriados, o
clima, a menor distância para a Europa fizeram de Pernambuco a capitania do açúcar, embora
também produzido na Bahia. O produto traz prosperidade, formando no Nordeste a aristocracia
do açúcar. Até o final do século XVIII, as exportações do açúcar ultrapassam 300 milhões de
libras, superando a mineração.
Com o fim do período colonial, o açúcar con-
tinua gerando riquezas ao Brasil. Desde o
século XVIII a cultura da cana-de-açúcar se ex-
pande em São Paulo. Mas, principalmente no
século XX, a produção se intensifica no Estado
de São Paulo. Na atualidade, os produtos
derivados da cana-de-açúcar - introduzida pe-
los colonizadores - ocupam lugar de destaque
na pauta de exportações brasileiras. Johann Moritz Rugendas. Engenho de Açúcar
Saga: Abril, 1981. v.1. p. 165
Litografia colorida à mão. Acervo Museu Afro Brasil

Tráfico negreiro
A escravidão já existia na Antiguidade clássica e os escravos eram prisioneiros de guerra. Na época moder-
na, os portugueses detêm exclusividade de acesso às terras africanas pelo Tratado de Alcáçovas de 1479.
Mas a partir do século XVII, enfrentam a concorrência dos traficantes holandeses, ingleses e franceses. Em
1670, os holandeses dominam o maior entreposto de escravos, tornando-se os maiores negreiros do mundo.

Por volta de 1538, os primeiros escravos africanos chegam ao Brasil. São vendidos aos portugueses por seus
chefes tribais que os faziam prisioneiros de guerra. Necessidade econômica daquela época, a escravidão
não pode ser julgada pelos juízos de valores atuais. A produção açucareira ocupou 70% dessa mão de obra;
as plantações de tabaco e outras atividades, 30%.
Moagem da Cana, Benedito Calixto.
Acervo: Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Principais grupos étnicos africanos no Brasil


Em 1590 havia cerca de 10 mil escravos na Colônia e, dois séculos depois, mais de 500 mil. Contudo,
alguns historiadores estimam que mais de 6 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil. No século
XVII, os escravos vêm predominantemente do Congo e de Moçambique; no século XVIII, de Gana e
Togo, Benin e Nigéria; no século XIX, das colônias portuguesas de Moçambique e Angola. Estima-se
que ao final do período colonial, 1/3 da população brasileira era de origem africana.
Engenho manual que faz caldo de cana,
Debret, 1822, aquarela.
Acervo: Museu Castro Maya, RJ
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A civilizAção do couro
A pecuária garante a subsistência na região canavieira nesse
período. Além disso, o gado gera força motriz para as moen-
das, transporta a cana e a lenha, fundamental nos engenhos.
As primeiras cabeças de gado são introduzidas no Brasil em
1532 por Da. Ana Pimentel, esposa e procuradora de Martim
Afonso de Sousa. Em 1550, o governador-geral Tomé de Sousa
traz mais gado bovino, além de cinco cavalos e dois burros
de Cabo Verde.

O Piauí é o único Estado nordestino colonizado a partir do inte-


rior pelo avanço dos rebanhos. Domingos Afonso Mafrense e o
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho são seus desbrava-
dores, que implantam os primeiros currais por volta de 1670,
entre os rios Piauí e Canindé e, mais tarde, estendem-se junto ao
Parnaíba. As fazendas piauienses tornam-se as mais importantes
do Nordeste, e seu rebanho tem como destino o mercado baia-
no, distante cerca de 1.500 km.

A pecuária possibilita a interiorização da Colônia pelo Nor-


deste, Centro-Oeste e Sul. Seguindo o rastro da boiada, surgem
currais, feiras e vilas, de Norte a Sul do Brasil. Permite o des-
bravamento e a ocupação da região do sertão e do agreste,
onde se formam latifúndios. Com o tempo, ela se desen-
volve de Norte a Sul do País, criando uma cultura própria:
a do vaqueiro, com suas tradições, músicas e vestimentas.

Próximo aos canaviais desenvolve-se a criação de cavalos, utili-


zados como montaria e no transporte de carga. A montagem
de uma fazenda de gado não exige grandes investimentos e
tampouco um grande número de homens, que eram geralmente
mestiços. Do gado bovino obtinham-se a carne seca e o curtume.
O couro torna-se produto de exportação e, assim, mais uma fon-
te de renda. Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho bovino
comercial do mundo.
Saga. Abril, 1981. v. I. p. 186.

Vaqueiros conduzem boiada. Curvelo/MG, c. 1966. Maureen Bisilliat/ Acervo Instituto Moreira Salles
B4
Os Construtores do Brasil

A expulsão dos holAndeses


Os Grandes Herois
As Imagens dos herois são de autoria de Ostervaldo.

FRANCISCO BARRETO
DE MENEZES
Nasce em 1616, no Peru, à
época da união das coroas
ibéricas. Valoroso militar, foi
escolhido para comandar as
tropas luso-brasileiras na Insur-
reição Pernambucana. Foi
governador de Pernambuco e
posteriormente, governador-
geral do Brasil, falecendo, em
Portugal, em 1668.

JOÃO FERNANDES VIEIRA.


Nasce em 1613, em Funchal,
Ilha da Madeira. Lidera a
rebelião contra os holandeses,
comanda o Exército nas duas
Aldeia e Capela com Pórtico, Frans Post, focaliza uma cena festiva numa vila pernambucana durante
Batalhas dos Guararapes.
o período Nassau, óleo sobre tela, século XVII, Recife. Acervo: Galeria do Instituto Ricardo Brennand
Após a guerra, é nomeado
governador da Paraíba e,
mais tarde, capitão-general
de Angola. Falece em
Recife em 1681.
O Nordeste brasileiro era motivo de cobiça estrangeira. Em Amsterdã amadurecida a ideia de
dominar a indústria açucareira. O comércio holandês com a América era controlado desde 1621
pela Companhia das Índias Ocidentais. Durante a União Ibérica (1580-1640), os holandeses rea-
ANDRÉ VIDAL DE NEGREIROS
giram ao embargo econômico espanhol, impedindo que se comercializasse o açúcar do Nordeste Nasce em 1620, na Vila da
brasi-leiro: primeiro invadem Salvador (1624-1625) e depois Pernambuco (1630-1654), o Ceará Paraíba, PB e participa de todas as
fases da Insurreição Pernambucana,
e Alagoas. Dominam os engenhos na região pernambucana, investem na empresa açucareira, além considerado um dos melhores
soldados de seu tempo. Toma parte
das capitanias de Alagoas, Paraíba, Itamaracá e Rio Grande do Norte. nas duas batalhas dos Guararapes.
Foi governador-geral do Maranhão e
do Grão-Pará e, posteriormente, de
Em 1637, a Holanda envia Maurício de Nassau para governar seus domínios no Brasil, que aqui Pernambuco e de Angola. Falece em
Goiana-PE, em 1660.
permanece até 1644. A cidade de Recife, então sede do governo holandês, passa por reformas
urbanas e recebe novas edificações.
HENRIQUE DIAS.

Somente após a separação das Coroas Ibéricas, em 1640, é que se inicia o movimento pela Nasce no início do século XVII, em
Pernambuco. Apresenta-se voluntário
expulsão dos holandeses no Nordeste e a volta do domínio português. A luta é iniciada pelos para lutar contra os holandeses,
decidindo a vitória em Porto Calvo,
senho-res de engenho da região, mas a expulsão ocorre após a Insurreição Pernambucana, entre quando teve a mão esquerda
estraçalhada por um tiro de arcabuz:
1645 e 1654: uma série de combates com a participação de colonos, índios e negros. À frente mas ele não abandonou o combate.
Comanda as duas batalhas
da resis-tência, destacam-se Francisco Barreto de Menezes, João Fernandes Vieira, André Vidal de dos Guararapes. Recebe o título
Negreiros, Antônio Dias Cardoso, Martim Soares Moreno, o índio Felipe Camarão e o filho de es- de “Governador dos crioulos,
pretos e mulatos do Brasil”.
cravos africanos libertos Henrique Dias. Esse último recrutava africanos dos engenhos conquistados Falece em Recife em 1662.

pelos invasores, tendo participado de inúmeros combates.


ANTÔNIO FELIPE CAMARÃO
Nas batalhas dos Guararapes, ocorridas em 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1649, os
Nasce, o índio Poti, em 1580,
luso-brasileiros derrotam os holandeses. Em 1653, Recife é atacada e, no ano seguinte, o Brasil em Igapó-RN. Desloca uma tribo
de potiguares para Recife,
holandês é devolvido ao rei de Portugal pela Companhia das Índias Ocidentais. Pela primeira vez participando de inúmeros combates
contra os holandeses. Comendador
na história do mundo se organiza um exército de pessoas de diferentes origens étnicas e surge a da Ordem de Cristo, ganha
consciência de brasilidade. também a mercê de “Dom”
e o título de “Governador de
todos os índios do Brasil”.
Falece em agosto de 1648, por
ferimentos recebidos em Guararapes.

Batalha dos Guararapes (detalhe), Victor Meirelles, 1879, óleo sobre tela.
Coleção: Museu Nacional de Belas Artes.
B5
Os Construtores do Brasil

Os bandeirantes: expandindO frOnteiras


O desbravamento e povoação do Brasil foram ini- Bandeiras de Preação
ciados por expedições pioneiras denominadas de
Entradas e Bandeiras. As Entradas eram expedições
oficiais organizadas pela autoridade colonial e as
Bandeiras, iniciativas de colonos que se estabelece-
ram nos povoados.

Bandeiras de Preação e
Prospecção
A busca de ouro já atraía os luso-paulistas e portu-
Domingos Jorge Velho e seu ajudante-de-campo, óleo de gueses para o sertão desde o início da colonização.
Benedito Calixto, 1903. Acervo: Museu Paulista da USP.

As bandeiras saiam outras regiões, mas principalmente de São Paulo. As expedições de apre-
samento ou preação têm seu auge por volta de 1640. Elas buscam índios e ouro. Entram em
choque com os jesuítas fundadores de colégios e aldeamentos, além de defensores dos índios.
A escravidão indígena torna-se ilegal em 1595. Bandeirismo de Prospecção
seculos XVII e XVIII
A partir de 1599, o governo incentiva a busca de ouro e prata na colônia, dando um caráter
oficial às bandeiras. As expedições de prospecção buscam metais preciosos. Por volta de 1625,
uma bandeira paulista chega a reunir milhares de combatentes, incluindo índios flecheiros. March-
ando para o Oeste do País nos séculos XVII e XVIII, os bandeirantes avançam as fronteiras tra-
çando os contornos aproximados do Brasil atual.
Como recompensa ao desbravamento do continente, os paulistas encontram o ouro das Minas
Gerais. Com a descoberta das minas em Cuiabá, monções começam a seguir o rio Tietê. Antes
disso, evitavam as vias fluviais, locais onde os índios se concentravam.

Bandeira de Antônio Raposo Tavares:


Português nascido em São Miguel da Beja em 1598, chega ao Brasil com 20 anos. Em 1648,
uma expedição por ele chefiada percorre as regiões de Mato Grosso, Bolívia, Peru (chegando
ao Pacífico) e Amazônia, retornando a São Paulo em 1652.

Bandeira de Fernão Dias Pais:


Sai de São Paulo em 21 de julho de 1674, aos 66 anos, acompanhado por seu filho, Garcia Rodri-
gues Pais, e seu genro, Borba Gato, além de outros experientes sertanistas. Segue as cabeceiras do
rio das Velhas, Minas Gerais, atravessa a serra da Mantiqueira, e o vale do Jequitinhonha até a lagoa de
Vupabuçu. Após sete anos de marcha, o bandeirante encontrou pedras verdes (turmalinas) Mapas: Saga. Abril, 1981, v. II, p. 59, 67.

pensando se tratar de esmeraldas. Essa bandeira lançou as bases de


futuras expedições que descobriram as jazidas de ouro em Minas Gerais.

Bandeira de Domingos Jorge Velho:


Nascido na vila de Parnaíba em 1614, foi o bandeirante que mais se desta-
cou. Entre 1674 e 1680, acompanhou Domingos Afonso em uma expe-
dição ao Piauí, percorrendo depois o Maranhão e o Ceará. Em 1692-95,
combate os rebeldes dos quilombos de Palmares, no sertão de Alagoas.

A Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera


Um dos mais importantes bandeirantes a desbravar o interior do Brasil durante
o período colonial. Natural de Santana de Parnaíba, nasce em 1672. Acom-
panhou seu pai, Francisco Bueno, na sua primeira expedição, que partiu de
São Paulo em 1682, e atravessou o território do atual Goiás e seguiu até o
rio Araguaia. Após colocar fogo em uma tigela com aguardente, os índios
admirados, informaram-lhe onde havia ouro e o chamam de Anhanguera
Estudo da Partida da Monção, Almeida Jr, óleo sobre tela.
(em tupi, alma antiga). Acervo: Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

Igreja Santo Antonio de Lisboa - Florianópolis.


Os historiadores indicam o ano de 1750 como o marco inicial
da sua construção, e 1756 como término.
Açorianos na Região Sul do Brasil
Para estabelecer a defesa e o domínio português no Sul, ameaçada por colônias espanholas, a Coroa
portuguesa promove a colonização da região. A fundação de Florianópolis ocorre em 1675 com a
chegada do bandeirante Francisco Dias Velho. Em março de 1748, estabelece-se a primeira colônia
de portugueses açorianos em Florianópolis, às margens da Lagoa da Conceição, no interior da Ilha
de Santa Catarina e a segunda, Santo Antônio de Lisboa, em 1751. Outras colônias são fundadas
no continente: São Miguel, São José de Terra Firme, Enseada de Brito e Vila Nova.

A cidade de Porto Alegre surge com a vinda de casais dos Açores em 1772. Trazidos para povoar a
região das Missões, uma parte vai para a freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, depois cha-
mada de Porto de Viamão, Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre e, em 1773, Porto Alegre
era uma região inóspita que exigiu muito sacrifício dos pioneiros.
B6
Os Construtores do Brasil

O CiClO dO OurO
Diferentemente dos Maias, Astecas e Incas, o índios do Brasil não conheciam os metais preciosos,
por ocasião do descobrimento do Brasil pelos portugueses. No final do século XVII, foram os ban-
deirantes que encontram as primeiras minas, depois de 200 anos de colonização.

Presume-se que a expedição de Fernão Dias Pais descobre o metal precioso. Em 1694, Bartolomeu
Bueno de Siqueira encontra o ouro na serra de Itaberaba. As jazidas de Vila Rica (atual Ouro Preto)
e outras descobertas provocam um grande afluxo de pessoas à região, que obriga as autoridades
a tomar uma série de medidas restritivas e administrativas. Em 1709, a região aurífera é sepa-
rada da jurisdição do Rio de Janeiro, surgindo a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro que,
em 1720, se subdividiu, surgindo Minas Gerais. A Coroa Portuguesa é informada pelo governa-
dor do Brasil, da descoberta de diamantes na região de Cerro Frio, em Minas Gerais, em 1729.
A extração de pedras preciosas em Diamantina passa a ser monopólio real.

Desenvolvem-se arraiais, vilas e cidades como Sabará, Tiradentes, São João Del Rei, Mariana e
Vila Rica, que, fundada em 1711, torna-se a capital da Capitania. Nessas localidades são constru-
ídos igrejas, teatros, escolas e órgãos públicos. Ampliam-se as atividades comerciais e profissionais.
Para abastecer a região aurífera, da África e do Nor-
deste vêm os escravos; da Região Platina, o gado;
da Europa, as manufaturas, o ferro, o sal e o azeite.
Ciclo do ouro. Rodolfo Amoedo, 1924, óleo sobre tela.
Acervo: Museu Paulista da USP.

A procura pelo ouro se alastra em outras direções da Colônia. Minas são também encontradas em Mato
Grosso e Goiás. As minas exigem cada vez mais braços para executar os trabalhos de extração do
ouro, demandando grandes quantidades de escravos diretamente da África ou da região canavieira.
Comboio de Diamantes, Rugendas, sec. XIX.
Fonte: Voyage Pittoresque au Brésil, 1835, Paris

A parte da Coroa
As minas pertencem a particulares e a Coroa só recebe um imposto conhecido como ‘quinto’ (20 por
cento) sobre todo o ouro fundido. Grande parte desses recursos é aplicada na própria colônia em
investimentos como fortes, estradas, obras de saneamento e serviços públicos como educação, segurança
e rotina burocrática.

Tensões e conflitos na Colônia


Fachada de casas, Diamantina, MG.

Ao longo do período colonial, a sociedade organizava-se, formava-se uma elite e tensões explodiram
em diversos pontos do Brasil. Os negros fundaram o Quilombo dos Palmares, irromperam a Revolta dos
Beckman no Maranhão, a Guerra dos Mascates em Recife, a Guerra dos Emboabas em Minas Gerais.
O aumento de impostos provocou agitações na Bahia e em Minas Gerais.

Vista Parcial
de Ouro Preto,

Inconfidência Mineira MG.

A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi a conspiração de uma pequena elite de Vila Rica – atual Ouro
Preto (MG) –, ocorrida em 1789, contra a Coroa portuguesa. Faziam parte do grupo militares, fazendeiros, intelec-
tuais, religiosos, entre eles: Claudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Mas o alferes Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes, é sempre lembrado como principal líder do movimento.

A causa principal da Inconfidência foi a “derrama”, operação de cobrança dos impostos atrasados – 20% (o “quin-
to”) sobre a quantidade de ouro extraído anualmente. Com o não pagamento do quinto, os valores se acumulavam
e a Coroa realizava a derrama, chegando a confiscar bens dos devedores.
Alferes Tiradentes, óleo de Washt Rodrigues.
Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro

Marques de Pombal (Lisboa, 13/05/1699 - 08/05/1782), por Louis-Michel


van Loo e Claude-Joseph Vernet. Acervo: Museu da Cidade, Lisboa, Portugal.
A política do Marquês de Pombal na Colônia
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (Lisboa 13/5/1699 - Pombal
8/5/1782), nobre e estadista português, ministro de D. José I entre 1750 e 1777, extingue as
capitanias hereditárias, fortalece as autoridades dos vice-reis, reativa a economia das regiões Norte
e Nordeste, com a criação da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão em 1755, e de Per-
nambuco e Paraíba, em 1759.

A Região Norte vive período de prosperidade graças às culturas de arroz, algodão e tabaco.
Afasta a Igreja das escolas e universidades, e expulsa os jesuítas de Portugal, do Brasil e de todo
o império colonial. Combate o contrabando das riquezas das Minas e ameaça executar a derra-
ma, a cobrança dos impostos atrasados das minas. Para garantir o controle da Amazônia, Pombal
muda a sede do norte da Colônia de São Luís para Belém em 1751. Cria a Capitania de São José
do Rio Negro em 1755. Transfere a capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Visando
uma maior uniformidade cultural, torna obrigatório o uso do idioma português.
C1
Os Construtores do Brasil

EpopEia dE pEdro TEixEira na amazônia


A Amazônia brasileira é reconhecida mundialmente pela riqueza e di- Chega a Quito em 1638 e em 16 de fevereiro de 1639 inicia o regres-
versidade de seus ecossistemas, despertando o interesse de todas as so a Belém. Em 16 de agosto de 1639, às margens do Rio do Ouro
nações. Se a Amazônia pertence ao Brasil deve-se ao capitão-mor por- executa o ato que estabelece a divisão entre as terras portuguesas e
tuguês Pedro Teixeira. espanholas. Disse então:

Nascido em Cantanhede, distrito de Coimbra, em 1585, chega ao Brasil “Tomo posse destas terras, se houver entre os presentes, alguém que a
em 1607 e logo se distingue, participando da expulsão dos franceses contradiga ou a embargue, que o escrivão da expedição o registre.”
do Maranhão e dos holandeses e ingleses da Amazônia.
Termina a expedição em Belém em 12 de dezembro de 1639, 26
Em 28 de outubro de 1637 inicia a sua maior façanha comandando uma meses depois de seu início, sendo recebido pela população do Pará
missão oficial para desbravar a bacia Amazônica. Tem grande apoio de com grande festividade. Em 28 de fevereiro de 1640 é designado
Bento Rodrigues de Oliveira e Pedro da Costa Favela. Essa expedição capitão-mor do Grão-Pará. Falece em 4 de julho de 1641. A epopeia
era composta por 2.500 pessoas, entre militares, índios e familiares, e de Pedro Teixeira assegurou o reconhecimento da presença portuguesa
percorreu mais de 10 mil quilômetros de rios e trilhas empregando 50 na Amazônia.
grandes canoas, que transportaram os combatentes, e 20 pequenas,
com famílias, munições e provisões.

O Exército Brasileiro e a Amazônia. Centro de Comunicação Social do Exército -CCOMSEx/Odebrecht, 2009.


Fonte: Município de Cantanhede
Autoria: M. Martins Gabinete de Design do Município de Cantanhede

Amazônia Brasileira:
O legado de Pedro Teixeira

• 20% da água doce não congelada do planeta


e 80% da água doce brasileira
• Rede Hidroviária com 22.000 km, base da
circulação interna da Região

• Maior banco genético do planeta


• 30% das florestas mundiais
• 11.248 km de fronteiras terrestres
• 1.620 km de litoral

• 5.100.000 km2 (56% do Território Nacional)


C2
Os Construtores do Brasil

ArquiteturA militAr: fortes e fortificAções no BrAsil


Nos primeiros anos do domínio português,
uma das preocupações maiores da Coroa
era assegurar a posse do território. Por isso,
as primeiras povoações foram fortificadas
com muralhas, paliçadas e fortins.

A primeira fortaleza erguida no Brasil foi o Forte do Presépio, Belém, PA - 1616


Forte das Cinco Pontas, Recife, PE - c.1630

forte de São Tiago, em 1532, que ainda Forte dos Remédios, Arquipélago de
sobrevive com o nome de Forte de São Fernando de Noronha, PE - 1737

João, em Bertioga, na Baixada Santista.

As primeiras fortificações surgiram nas feito-


rias, quando da exploração do pau-brasil,
erigidas em paliçada e depois reformadas
em alvenaria, adquirem sua configuração
atual. Outras fortificações foram erguidas
mais tarde em todo o litoral e em alguns pon-
tos do interior, principalmente para assegu-
Fortaleza de Santa Cruz, Niteroi, RJ - 1555
rar nossas fronteiras resultantes das epope-
ias dos bandeirantes e de Pedro Teixeira.

Estimam-se em 501 o número de fortalezas,


fortes, fortins, baterias e outras obras de
arquitetura militar no Brasil entre os séculos
XVI a XX. Hoje, ainda existem cerca de
110 fortes, sendo 95 eregidos no perío- Fonte: Projeto Fortalezas
Multimídia, Universidade
do colonial e 15 após a independência; Federal de Santa Catarina
- UFSC
43 tombados pelo Instituto do Patrimônio
Bateria da Praia de Góes, Guarujá - SP -
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 1766
Antigos instrumentos de defesa militar,
os fortes tornaram-se atrações turísticas
e históricas. Forte Príncipe
da Beira,
Costa Marques,
RO, 1776.
Fonte: Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres,
CCOMSEx. Ilha do Mel, Paranaguá, PR - 1767

Tabela de Fortificações existentes no Brasil


NOME CIDADE UF ANO NOME CIDADE UF ANO

1 Forte de Santa Tecla Bagé RS 1774 56 Forte de São João Batista do Brum Recife PE 1629
2 Forte Dom Pedro II de Caçapava Caçapava do Sul RS 1850 57 Forte Madame Bruyne (Buraco) Olinda PE Depois de 1630
3 Bateria de São Caetano da Ponta Grossa Florianópolis SC 1765 58 Quartel Velho do Castelo do Mar Cabo de Santo Agostinho PE Depois de 1630
4 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba Florianópolis SC 1742 59 Reduto de Santa Cruz do Morro do Pico Fernando de Noronha PE Depois de 1757
5 Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim Governador Celso Ramos SC 1739 60 Reduto de Santana Fernando de Noronha PE Depois de 1757
6 Fortaleza de Santo Antônio de Ratones Florianópolis SC 1740 61 Reduto de São João Fernando de Noronha PE 1757
7 Fortaleza de São José da Ponta Grossa Florianópolis SC 1740 62 Reduto de São Joaquim Fernando de Noronha PE 1739
8 Forte de Santa Bárbara da Praia da Vila Florianópolis SC antes de 1774 63 Reduto de São Pedro da Praia do Boldró Fernando de Noronha PE Depois de 1757
9 Forte de Santana do Estreito Florianópolis SC depois de 1760 64 Reduto do Bom Jesus Fernando de Noronha PE 1778
10 Forte de São João do Estreito Florianópolis SC antes de 1793 65 Reduto dos Marcos Ilha de Itamaracá PE Antes de 1700
11 Forte Marechal Luz São Francisco do Sul SC 1909 66 Bateria da Praia de Góes Guarujá SP 1766
12 Forte Marechal Moura de Naufragados Florianópolis SC 1909 67 Casa do Trem Bélico de Santos Santos SP antes de 1734
13 Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá Paranaguá PR 1767 68 Fortaleza de Itaipú Praia Grande SP 1902
14 Casa da Torre de Garcia D’Ávila Mata de São João BA 1551 69 Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande Guarujá SP 1584
15 Fortaleza do Morro de São Paulo Cairu BA depois de 1536 70 Forte da Ponta das Canas Ilhabela SP 1770
16 Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat Salvador BA 1586 71 Forte de São João da Bertioga (São Tiago) Bertioga SP depois de 1532
17 Forte de Nossa Senhora do Monte do Carmo (Barbalho) Salvador BA 1638 72 Forte de São Felipe da Bertioga Guarujá SP 1552
18 Forte de Nossa Senhora do Pópulo e São Marcelo Salvador BA 1608 73 Forte de São Luís da Armação Guarujá SP depois de 1770
19 Forte de Santa Cruz do Paraguaçu Maragogipe BA antes de 1630 74 Forte de Vera Cruz de Itapema Guarujá SP antes de 1573
20 Forte de Santa Maria Salvador BA depois de 1614 75 Forte dos Andradas Guarujá SP 1938
21 Forte de Santo Alberto (Lagartixa) Salvador BA 1590 76 Bateria de Nossa Senhora da Ilha da Boa Viagem Niterói RJ antes de 1695
22 Forte de Santo Antônio Além do Carmo Salvador BA antes de 1624 77 Bateria do Quartel da Petitiba Parati RJ depois de 1822
23 Forte de Santo Antônio da Barra Salvador BA antes de 1583 78 Fortaleza da Praia Vermelha Rio de Janeiro RJ antes de 1710
24 Forte de São Diogo Salvador BA antes de 1609 79 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição Rio de Janeiro RJ depois de 1711
25 Forte de São Joaquim de Jequitaia Salvador BA antes de 1863 80 Fortaleza de Santa Cruz da Barra Niterói RJ 1555
26 Forte de São Lourenço na Ponta da Ilha de Itaparica Vera Cruz BA 1631 81 Fortaleza de São Francisco Xavier da Ilha de Villegaignon Rio de Janeiro RJ depois de 1560
27 Forte de São Paulo da Gamboa Salvador BA 1646 82 Fortaleza de São João da Barra Rio de Janeiro RJ antes de 1568
28 Forte de São Pedro Salvador BA 1627 83 Fortaleza de São José da Ilha das Cobras Rio de Janeiro RJ 1738
29 Fortificações de Porto Seguro Porto Seguro BA depois de 1503 84 Forte Barão do Rio Branco Niterói RJ
30 Real Forte Príncipe da Beira Costa Marques RO 1776 85 Forte da Ilha das Bexigas Parati RJ antes de 1818
31 Forte de Óbidos Óbidos PA 1698 86 Forte da Ponta da Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana Rio de Janeiro RJ 1908
32 Forte de Santo Antônio de Gurupá Gurupá PA antes de 1601 87 Forte da Ponta do Anel Rio de Janeiro RJ antes de 1769
33 Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém Belém PA 1616 88 Forte da Ponta do Leme de Angra dos Reis Angra dos Reis RJ antes de 1912
34 Forte Gurjão Óbidos PA antes de 1862 89 Forte da Ponta Grossa de Paraty Parati RJ antes de 1703
35 Forte de Santa Catarina do Cabedelo Cabedelo PB 1583 90 Forte de Caetano Madeira Rio de Janeiro RJ depois de 1793
36 Forte velho de São Filipe Cabedelo PB 1583 91 Forte de Iticopé Parati RJ depois de 1703
37 Palácio dos Governadores Ouro Preto MG 1741 92 Forte de Nossa Senhora da Glória de Campinho Rio de Janeiro RJ 1822
38 Fortim dos Bandeirantes Entre Rios de Minas MG depois de 1701 93 Forte de São Domingos de Gragoatá Niterói RJ 1696
39 Forte 13 de Junho Corumbá MS 1872 94 Forte de São Luís Niterói RJ antes de 1769
40 Forte Novo de Coimbra Corumbá MS depois de 1791 95 Forte de São Matheus do Cabo Frio Cabo Frio RJ 1618
41 Presídio de Albuquerque Ladário MS despois de 1778 96 Forte Defensor Perpétuo Parati RJ 1703
42 Forte de São Francisco Xavier de Piratininga Vila Velha ES depois de 1702 97 Forte do Morro do Pico Niterói RJ depois de 1567
43 Forte de São João Vitória ES 1796 98 Forte Dom Pedro II do Imbuhy Niterói RJ 1863
44 Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção Fortaleza CE 1812 99 Forte Duque de Caxias Rio de Janeiro RJ 1913
45 Arraial Velho do Bom Jesus Recife PE antes de 1630 100 Forte Marechal Hermes Macaé RJ antes de 1850
46 Bateria da Calheta Cabo de Santo Agostinho PE Depois de 1630 101 Forte Tamandaré da Laje Rio de Janeiro RJ depois de 1644
47 Forte das Cinco Pontas Recife PE Depois de 1630 102 Fortaleza de São José do Macapá Macapá AP 1764
48 Forte de Nossa Senhora de Nazaré Cabo de Santo Agostinho PE 1631 103 Forte de São Joaquim do Rio Branco Boa Vista RR depois de 1775
49 Forte de Nossa Senhora dos Prazeres da Praia do Pau Amarelo Paulista PE 1729 104 Forte de Santo Antônio da Barra São Luís MA 1614
50 Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha Fernando de Noronha PE 1737 105 Forte de São Marcos São Luís MA 1694
51 Forte de Santa Cruz de Itamaracá (Orange) Ilha de Itamaracá PE 1631 106 Forte de São Sebastião de Alcântara Alcântara MA depois de 1697
52 Forte de Santo Antônio de Fernando de Noronha Fernando de Noronha PE 1737 107 Forte de Vera Cruz de Itapecuru Icatu MA 1620
53 Forte de Santo Inácio de Tamandaré Tamandaré PE 1646 108 Forte de São Luís São Luís MA 1612
54 Forte de São Francisco da Barra Recife PE 1608 109 Forte dos Reis Magos Natal RN 1598
55 Forte de São Francisco de Olinda Olinda PE 1629 110 Forte Maurício do Penedo Penedo AL depois de 1637

Fonte: Projeto Fortalezas Multimídia, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC


C3
Os Construtores do Brasil

A vindA dA Corte PortuguesA PArA o BrAsil


Em 1806, o imperador Napoleão Bonaparte decretou o bloqueio continental à Inglaterra
e ameaçou de invasão o país que com ela comercializasse. Tornar o Brasil a sede do império por-
tuguês é um velho projeto e assunto frequente na Corte de Lisboa. Em 27 de novembro de1807,
o príncipe-regente D. João VI e sua corte emba cam em Lisboa, mas só em 29 de novembro de
1807 há vento favorável para zarpar.

A esquadra composta de 8 naus, 4 fragatas, 3 brigues e 30 navios mercantes chega à costa


da Bahia em 18 de janeiro de1808 e desembarca no Rio de Janeiro em 8 de março de 1808.
São em torno de 12 mil pessoas: famílias nobres, padres, militares, juízes, ministros e todo um
sistema de governo.

Desembarque da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro - Rei D. João VI,


Jean Baptiste Debret. Litogravura colorida à mão, sec. XIX.
Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ

A primeira medida do príncipe regente D. João ao chegar ao Brasil, em 28 de janeiro de


1808: assina a carta régia abrindo os portos da Colônia às nações amigas de Portugal, que
deixa de ser colônia portuguesa para se tornar sede do império. Durante 300 anos proibida de
comercializar com outros países, agora torna-se importante mercado para os produtos manufatura-
dos da Inglaterra, que passa a importar matéria-prima brasileira, principalmente o algodão.

O fim do pacto colonial permite que ingleses e outros países comercializem com o Brasil. Para
emissão de papel-moeda e organizar um sistema monetário, cria-se o Banco do Brasil, em 12 de
outubro de 1808. Em 1810, é assinado o Tratado do Comércio, Navegação e Amizade com a
Inglaterra, beneficiando os ingleses com menos impostos que os produtos portugueses. Em 1815,
o Brasil é elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves. Volta a Portugal contra a sua vontade
em 26 de abril de1821.
Rei D. João VI, de Paul Tassaert, sec.XIX.
Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ.

Principais realizações de D. João VI


Com a chegada da corte, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em sede do Império Ultramarino
português. A presença dos nobres portugueses não altera os costumes de escravos e trabalhadores assa-
lariados, mas a mudança é grande para a elite, que passa a consumir produtos e adotar padrões de
comportamento à moda europeia.

A cidade do Rio de Janeiro cresce e se destaca como centro cultural e científico. D. João incentiva a música, sua
grande paixão, mas também as letras, as artes plásticas e as ciências, criando bibliotecas, museus e escolas.

São as suas mais importantes realizações:


Escola Superior de Matemática, Ciências, Física e Engenharia, Academias Militar e da Marinha, Escola
Médico-Cirúrgica, Jardim Botânico em 1808 e o Real Hospital Militar, Real Biblioteca, em 1810, a Escola
Real de Ciências, Artes e Ofícios, em 1816. Cria o Banco do Brasil em 12 de outubro de 1808, os
Correios. Funda a Casa da Moeda, o Observatório Astronômico, a Imprensa Régia, hoje Imprensa
Nacional, o Museu Real, o Real Teatro de São João. Cria Escola de Cirurgia, em Salvador, Academia
de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro em 1808.

Funda a Real Junta do Comércio. As indústrias surgem no território brasileiro. A Real Fábrica de São João de
Ipanema é fundada por ordem régia em 1810, na então vila de Sorocaba, na capitania de São Paulo.

Palmeiras Imperiais, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ.

A missão artística francesa: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, RJ.

À convite de D. João VI, a missão francesa chegou ao Rio de Janeiro em 26 de março de 1816, compos-
ta de cerca de 40 pessoas, incluindo grandes artistas, pintores, escultores, arquitetos, gravadores, mestres
ferreiros, serralheiros, carpinteiros, fabricantes de carros, peritos em construção naval e surradores de peles.
Em 1816, é então fundada a Imperial Academia de Belas Artes.

Quinta da Boa Vista, palácio em


estilo neoclássico, utilizado como
residência pela Família Imperial
Brasileira, abriga hoje o Museu Na-
cional. RJ.
C4
Os Construtores do Brasil

A IndependêncIA do BrAsIl
Em 24 de agosto de 1820, eclode a Revolução Liberal do Porto, os constitucionalis-
tas vitoriosos exigem o regresso de D. João VI, deixando seu primogênito D. Pedro de
Alcântara como Príncipe Regente, que se torna o primeiro imperador do País.

D. Pedro chega ao Brasil com a família real com 9 anos. Educado por religiosos, gosta de
esportes e de música – é o compositor do Hino à Independência do Brasil. Casa-se em
1818, com Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, arquiduquesa da Áustria.

O dia do “Fico” D. Leopoldina, esposa


de D. Pedro I, e filhos

A corte portuguesa ordena o regresso de D. Pedro a Portugal, pois queriam estabelecer novamente o pacto colonial.
Em janeiro de 1822, D. Pedro recebe uma petição solicitando a sua permanência com 8 mil assinaturas. Em 9 de
janeiro de 1822 anuncia a sua decisão: “ Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto:
diga ao povo que fico”, aderindo publicamente à causa brasileira. Em 13 de maio, o título de Defensor Perpétuo
D. Pedro I, do Brasil lhe é concedido.
Jean Baptiste Debret, Litogravura colorida à mão,
sec. XIX. Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ.

O Grito do Ipiranga, Pedro Américo, óleo sobre tela, 1888. Acervo: Museu Paulista da USP, SP.

“Independência ou morte” Legado de D. Pedro I


Meses depois, D. Pedro vem a São Paulo apaziguar os ânimos dos pau- Tem papel decisivo no processo de emancipação política do Brasil.
listas descontentes com Portugal. Sua esposa, Dona Leopoldina, chefe Desobedecendo as cortes portuguesas, declarou a Independência do
interina do governo, aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Sil- Brasil, que se torna a maior potência da América Latina. O Exército e a
va, reúne-se com o Conselho de Estado, na manhã de 2 de setembro de Marinha foram bem equipados.
1822, e assina o decreto que declara o Brasil independente de Portugal.
Envia esse e outros documentos a D. Pedro, que toma a histórica decisão Entre outras medidas, incentiva a cria-
de cortar os laços que unem o Brasil a Portugal, em 7 de setembro de ção de indústrias, concede a liberdade
1822. Com a morte de Dona Leopoldina em dezembro de 1826, casa- de imprensa e garante a integridade
se com Dona Amélia de Leuchtenberg, que chega ao Rio de Janeiro em territorial de um Império de dimensões
16 de outubro de 1829. continentais.
Bandeira do Império

Retorno a Portugal
D. Pedro I abdica do trono brasileiro em 7 de abril de 1831 e parte para Portugal com o propósito
de recuperar o trono para a sua filha. D. Maria da Glória. É o 27º rei de Portugal, com o título de
Pedro 4º. Aqui ficaram Da. Januária, Da. Francisca e o príncipe D. Pedro, então com 5 anos de
idade, aos cuidados do tutor José Bonifácio de Andrada e Silva. Estava assim assegurada a continui-
dade da monarquia brasileira.

Falece em Lisboa, em 24/09/1834. Nas comemorações dos 150 anos da Independência do Brasil,
A partir de 1808 abrigou a Família Real, recebendo o nome de Paço Real. em 1972, seus restos mortais foram transladados para o Monumento do Ipiranga, em São Paulo.
Passou a ser chamado de Paço Imperial depois da Independência.

José Bonifácio, Óleo de Benedito Calixto.


Acervo: Museu Paulista da USP, SP.

José Bonifácio de Andrada e Silva -


O Patriarca da Independência
Um dos principais construtores de nacionalidade brasileira, nasce em Santos, em 1763, e é filho de um rico
comerciante e funcionário do governo colonial. Estuda na Universidade de Coimbra, formando-se em direito
e filosofia. Ocupa cargos públicos em Portugal retornando ao Brasil aos 56 anos. Defensor da ideia de um
império luso-brasileiro e da igualdade de representação nas cortes, bem como da supressão gradativa da
escravidão. Em 16 de janeiro de 1822, é o primeiro brasileiro nomeado ministro do Reino e dos Estrangeiros
por D. Pedro. Elabora o Manifesto às Nações Amigas, assegurando a ´Independência do Brasil´, mas como
reino irmão de Portugal, lançado por D. Pedro em 6 de agosto de 1822. Os Andradas (José Bonifácio e
seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco) tornam-se figuras políticas de destaque nacional. Com a ab-
dicação de D. Pedro I em 1831, José Bonifácio é indicado o tutor de seu filho, o futuro Imperador.
C5
Os Construtores do Brasil

Período regencial
Com a abdicação de D. Pedro I, em 1831, seu filho, Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos, herda o trono
imperial. O Brasil passa a ser governando por regentes, que conduzem o governo até que o herdeiro atinja a
maioridade e assuma o trono. Durante o período regencial, de 1831 a 1840, ocorrem várias rebeliões no Brasil.

Da regência provisória à permanente


Após a abdicação de Pedro I, as três correntes políticas (Partido Moderado, Partido Exaltado e Partido
Português, depois Restaurador) competem para influenciar os rumos do governo regencial. O Poder Le-
gis-lativo fica encarregado de eleger uma regência para governar o País. Institui-se a Regência Trina Pro-
visória, com um breve mandato, de abril a junho de 1831. Para ocupá-la, são escolhidos os senadores
Nicolau de Campos Vergueiro e José Joaquim de Campos, e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva.
Ao fim do mandado provisório, o Parlamento estabelece a Regência Trina Permanente, composta por José da
Costa Carvalho, Bráulio Muniz e pelo brigadeiro Lima e Silva. Exercem um mandato de 1831 a 1835.

A Regência Trina Permanente marca a ascensão do grupo dos moderados ao poder. A figura de maior
destaque desde período é o padre Diogo Antônio Feijó. Nomeado para o cargo de ministro da Justiça,
Feijó cria, em 18 de agosto de 1831, a Guarda Nacional.

A Guarda Nacional, um instrumento policial empregado para impor a lei e a ordem pública, reprime com
violência as constantes agitações populares e revoltas militares. Serve, basicamente, aos interesses da oli-
garquia agrária, preservando as grandes propriedades rurais, a escravidão e reprimindo os movimentos
oposicionistas ao governo regencial.

Regência Una
Em 1834, os políticos moderados fazem uma reforma na Constituição
do Império, instituindo o Ato Adicional, pelo qual a Regência Trina
Permanente seria exercida por uma única pessoa – Regência Una –,
com mandato de quatro anos. O padre Diogo Antônio Feijó é eleito
para o cargo e exerce o mandato de 12/10/1835 a 19/09/1837,
atuando pela conciliação de correntes políticas divergentes. O sena-
dor pernambucano, Pedro Araújo Lima, assume a Regência e perma-
nece no cargo até 23/07/1840, quando é antecipada e declarada
a maioridade de D. Pedro II. Adepto de um governo centralizado,
suprime a autonomia política das províncias e fortalece o poder
Diogo Antônio Feijó (n.17/08/1784 - f. central, assumindo o comando da Guarda Nacional.
10/11/1843), regente único de 1834 a 1837.
óleo de Pinto Vedras.

O Juramento da Regência Trina Permanente (estudo), de Manuel Araújo Porto Alegre, sem-data. ”óleo sobre tela”. Fonte Saga: Abril, 1981, v.3, p.134 e 135.
C6
Os Construtores do Brasil

Rebeliões no PeRíodo Regencial


O período foi marcado por revoltas e rebeliões separatistas que amea-
çaram a ordem e a unidade territorial do Brasil, como a Cabanagem, no
Pará, em 1835, a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, a Sabinada na
Bahia, em 1837. As revoltas e rebeliões provinciais foram reprimidas e
Feijó renuncia em 1837.
Homem e mulher da etnia
Mura que participaram
da Cabanagem, de
Alexandre R. Ferreira,
em Viagem Filosófica.
Acervo: Biblioteca
do Instituto dos Estudos
Brasileiros - IEB, USP.

A cidade de Santarém, às margens dos rios Amazonas e Tapajós, é oriunda de uma missão, fundada em 1661,
e de uma fortaleza, construída em 1797. Teve uma importante papel na repressão contra os cabanos. Desenho
de E. Riou a partir de F. Biard, In Biard, François, Deux Année au Brésil, Paris., 1862, IEB, USP.

Breves, às margens do rio


Pará, é hoje o mais
Cabanagem
importante porto na ilha
de Marajó. Em 1842, Ocorre no Grão-Pará (Amazonas e Pará atuais), de 1833 a 1839, com
havia ali moradias típicas
da população pobre, a participação de mestiços e índios. O movimento começa com a re-
que participou da
Cabanagem. sistência do presidente do conselho da província, que impede o desem-
Coleção: Adalberto, barque das autoridades nomeadas pela Regência. Os cabanos chegam
príncipe da Rússia,
c. 1843 a tomar Belém, mas depois de prolongada resistência, são derrotados.

Revolução Farroupilha
Movimento republicano e federalista de amplas
proporções, ocorre no Rio Grande do Sul, de
1835 a 1845. Nele, dois grupos se defron-
tam: o conservador monárquico (os caramu-
rus) e o liberal (chimangos), constituído so-
bretudo por estancieiros, com o apoio das
camadas populares. Os chimangos protestam
contra a pesada taxação do charque e do
couro. Depois de várias batalhas, o armistício
é negociado e a anistia concedida a todos.
Bento Gonçalves, óleo anônimo.
Cena de Batalha no sul do Brasil, Oscar Pereira da Silva, óleo sobre tela.
Acervo: Museu Julio de Castilhos,
Tela inspirada na Revolução Farroupilha. Coleção Particular.
Porto Alegre, RS.

Sabinada
Inicia-se na Bahia em 7 de novembro de 1837, com objetivo de implantar uma república. A tropa local adere ao movi-
mento, é cercado pelo exército governista. Os revoltosos resistem até meados de março de 1838. Milhares de pessoas
foram mortas ou presas.

Os revoltosos pregavam a libertação dos escravos e um governo igualitário (em que as pessoas fossem vistas de acor-
do com a capacidade e merecimento individuais), além da instalação de uma República na Bahia e da liberdade de
Cipriano Barata, Domingos A Siqueira.
comércio e o aumento dos salários dos soldados. Tais ideias eram divulgadas sobretudo pelos escritos do soldado Luiz
Acervo: Museu Nacional de Arte Antiga, Gonzaga das Virgens e panfletos de Cipriano Barata, médico e filósofo.
Lisboa, Portugal.

Balaiada
Movimento insurrecional que ocorre no Maranhão, parte do Piauí e do Ceará,
de 1838 a 1841, reivindicando o restabelecimento dos juízes de paz, mas ganha
proporções maiores. Os rebeldes chegam a reunir 11 mil homens armados. As tropas
são anistiadas, esvaziando a insurreição, e um dos líderes é condenado à forca.

Panorama de Salvador, Igreja do Rosário, na Praça do Pelourinho, em Salvador, foto de Revert Henry Klum.
Coleção: Haroldo Korte.

A Balaiada foi basicamente uma rebelião de escravos. Apesar de seu contingente numeroso,
os rebeldes limitaram sua ação à zona rural, não tendo chegado a ameaçar mais de perto a
capital, São Luís. Acima, vista da cidade de São Luís, Timóteo Zani, abaixo, escravos fabri-
cantes de balaios. Acervo: IEB, USP.
D1
Os Construtores do Brasil

O SegundO ReinadO

O Ato de Coroação do Imperador D. Pedro II, 1842. Óleo sobre tela, de François-René Moreaux (1807-1860). Realizado na Capela Imperial, em 18 de julho de
1841, e testemunhado pelas mais importantes personagens da Corte. O Imperador, então com 14 anos de idade, recebe a Coroa Imperial das mãos do Primaz
do Brasil, Dom Romualdo Antonio de Seixas. Acervo: Museu Imperial, Petrópolis, RJ.

O jovem monarca D. Pedro II


A instituição das Regências é apontada como a causa da instabilidade no País. A partir de 1837, projetos de lei
que preveem a antecipação da maioridade são apresentados por parlamentares liberais. Em abril de 1840, surge
o Clube da Maioridade, cuja atuação resulta na emenda constitucional que antecipa a maioridade do imperador.

Aos 15 anos de idade, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula
Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga é coroado, recebendo o título de Pedro II e dando início ao Segundo
Reinado. Em 18 de julho de 1841 a cidade do Rio de Janeiro é palco da sagração do novo rei. D. Pedro II
ocupou o trono até 1889.
D. Pedro II, n.02/12/1825, RJ - f. 05/12/1891, Paris.
Armand J. Pallière. Acervo: Museu Imperial, Petrópolis, RJ.

O legado de D. Pedro II
Um dos políticos mais admirados do cenário nacional, D. Pedro II incentiva a contração de mão de obra europeia
para atender as necessidades da cafeicultura. Durante o seu governo é criada a Sociedade Promotora da Imigra-
ção, em 1886. Dá grande apoio à arte e à cultura, tornando-se mecenas de alguns artistas brasileiros (compositores
e pintores). Promove a industrialização do País, sendo o responsável pela introdução do trem no Brasil, através da
concessão dada ao Visconde de Mauá.

Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá


Com o apoio de D. Pedro II, Mauá implanta a primeira estrada de ferro do País, que ligava o porto Estrela (em
Magé) à raiz da serra de Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1854. Mauá constrói com os ingleses a segunda fer-
rovia brasileira, a Recife and São Francisco Railway Company, e a terceira, a Dom Pedro II, inaugurada em 1858 –
após a proclamação da República foi renomeada Estrada de Ferro Central do Brasil. Por fim, implanta a São Paulo
Railway, em 1867, ligando Jundiaí ao porto de Santos, dinamizando a economia cafeeira ao diminuir o tempo e Visconde de Mauá, n. 28/12/1813, RS
f. 21/10/1889, Petrópolis - Vienot.
os custos do transporte de café. Constrói estaleiros, navios, caldeiras para máquinas a vapor, guindastes. É respon- Coleção: Roberto Paulo César de Andrade.

sável pela instalação dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa.

Maria Fumaça. Tiradentes, MG.


D2
Os Construtores do Brasil

A GuerrA do PArAGuAi

Batalha Naval de Riachuelo (detalhe), de Victor Meireles.


O Brasil do século XIX na Coleção Fadel.p. 230.

Guerra do Paraguai
O mais longo conflito internacional do Império, a Guerra do Paraguai tem duas
fases: na primeira (1864-1865), os paraguaios estiveram na ofensiva; e na segunda, a
Tríplice Aliança (1865-1870). Termina em 01 de março de 1870 com a derrota do
Paraguai pelos países da Tríplice Aliança: Brasil, Argentina e Uruguai. Sob o comando
do Almirante Barroso, na Batalha de Riachuelo, a Marinha brasileira impede que os
paraguaios ultrapassem Corrientes. Pelos rios Paraná e Paraguai, o Almirante Tamandaré
assume o comando naval. O ge-neral Osório e outros militares brasileiros têm grande
atuação durante o conflito, mas o destaque é do general Luís Alves de Lima e Silva, o
futuro Duque de Caxias.
Batalha Naval de Riachuelo, de Victor Meireles.
O Brasil do século XIX na Coleção Fadel.p. 229.

A Retirada da Laguna, Oscar Pereira da Silva,


óleo sobre madeira. Coleção Particular

Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro.

O Duque de Caxias
Acervo: Centro de Comunicação Social do Exército-CCOMSEx.

Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, nasce no Arraial do Porto da Estrela,
depois Magê, RJ, em 25 de agosto de 1803. Filho do tenente-coronel Francisco
de Lima e Silva, que integrou as duas regências (provisória e permanente). Aos 20
anos conclui com distinção o curso da Real Academia Militar. Combate as rebeliões
regenciais, domina movimentos revoltosos dos liberais em Minas Gerais e São Paulo
em 1842.

No plano externo, participa de todas as campanhas platinas do Brasil independente.


Em 1866, assume o comando do Exército na Guerra do Paraguai, tornando-se
no conflito um grande estrategista, reformulando as táticas de combate. Assume o co-
mando das forças da Tríplice Aliança, obtendo importantes vitórias: Tuiuti, Humaitá,
Itororó, Avaí, Lomas Valentinas. Após a tomada de Assunção e dada a guerra por
encerrada, retorna ao Rio de Janeiro em 1869. Nesse ano, recebe o título de
duque, conferido por D. Pedro II.

Desempenha papel importante na reorganização do Exército, obtendo armas e


equipamentos. Por sua longa ação militar e habilidade política, sempre respeitando
os vencidos, obtém postos militares e honrarias e é cognominado O Conselheiro da
Paz e o Pacificador do Brasil.

Por sua atuação, Duque de Caxias contribui para a consolidação da unidade nacio-
nal brasileira e para o fortalecimento do poder central. Em 07 de maio de 1880,
falece no interior do Rio de Janeiro. Desde 1932, a Academia Militar das Agulhas
Negras entrega o Espadim de Caxias aos Cadetes do Exército, que consiste numa
cópia fiel em escala da espada de 6 campanhas do Duque de Caxias. Em 1942
torna-se patrono do Exército Brasileiro.
D3
Os Construtores do Brasil

Economia no império
O império do café
Introduzido no Brasil pelo militar português Francisco de Mello Palheta, que
traz mudas da Guiana Francesa, plantadas em Belém do Pará, por volta
de 1727. Grandes fazendas de café surgem no Rio de Janeiro, desde São
Gonçalo até a região de Campos. Indo em direção ao sul do Estado, ocupa
o vale do Paraíba do Sul paulista e fluminense. Vassouras é o maior produtor
de café no século XIX. Valença, Rio das Flores, Piraí, Paty dos Alferes, Parambi,
Barra do Piraí e Barra Mansa, respondem por volta de 1860, por 78% do
café consumido no mundo.

A partir de meados do século XIX, o café ruma em direção ao oeste paulista,


de Campinas a Ribeirão Preto, encontrando um solo fértil, a terra roxa. A pro-
dução dessa região ultrapassa a do vale do Paraíba fluminense. No século XX, Colheita de café, Prancha 43, do álbum Lembrança de São Paulo. Guilherme Gaensley.
Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ.
o norte do Paraná torna-se um grande produtor de café.

Fazenda Ibicaba Colônia Nova Louzã


Em 1840, o primeiro grupo de imigrantes portugueses chega, Outra experiência de introdução de imigrantes portugueses ocorre na
pelas mãos do senador Nicolau de Campos Vergueiro, à fazenda Colônia Nova Louzã, de João Elisário de Carvalho Monte-Negro,
Ibicaba, de sua propriedade, onde se adota o sistema de parceria considerado o primeiro a empregar unicamente o trabalho livre e as-
entre 1847 e 1862. Ali também trabalham alemães e suíços. salariado em sua fazenda, em 1867.

Fazenda Ibicaba, Cordeirópolis, SP. Colônia Nova Louzã, Espirito Santo do Pinhal, SP

A borracha da Amazônia
A seringueira é originária do Brasil. Extraída pelos seringueiros da
Região Amazônica, desde o final dos anos 1870, a borracha já era
produto de exportação brasileiro.

O algodão do Nordeste
A exportação de algodão produzido no Nordeste se intensifica devido
à Guerra de Secessão Americana (1861-1865). Com o fim do conflito,
Desembarque em Belém, Pará, de trabalhadores nordestinos, durante a febre da borracha na Amazônia, 1840. os ingleses voltam a importar algodão dos Estados Unidos, e o nosso
Desenho de E. Riou a partir de F. Biard, In Biard, François, Deux Année au Brésil, Paris, 1862, Acervo: IEB, USP.
produto passa a ser consumido pela nascente indústria nacional.

Principais produtos de exportação


(1820-1881, em % do volume total)
100
80
60
40
20
0
1821/30 1831/40 1841/50 1861/60 1861/70 1871/80 1881

Café Açúcar Algodão Fumo Cacau Total

Algodão no Brasil, pintura de Fumagalli. Acervo: Fundação Raimundo de Castro Maya, RJ. Fonte: Alice Canabrava, A Grande Lavoura, in História Geral da Civilização Brasileira,
T.II, v. 4, São Paulo, Difel, 1974, p.119.

Industrialização
A Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1865 e 1870, impulsiona
a indústria no País, iniciada na segunda metade do século XIX.
A industrialização se intensifica a partir de 1886 e, em poucas
décadas, setores industriais da química, metalurgia e transporte
são ampliados. O surgimento da indústria da eletricidade incre-
menta o transporte urbano movido à tração elétrica e a produção
e distribuição de eletricidade para a iluminação pública e do-
méstica e de uso industrial. O aumento do mercado consumidor
favorece a expansão das atividades econômicas.
Fleiuss & Linde. Machina vertical a simples effeito;
Machina Tachigraphica; Bomba de incêndio. In Recordações
da Exposição Nacional de 1861. Rio de Janeiro, 1862.
D4
Os Construtores do Brasil

A vidA no tempo de d. pedro ii: cotidiAno, Arte e culturA


Um cotidiano com ares europeus
A corte ganha melhorias: iluminação a gás, calçamento com paralelepípedo, pavimenta-
ção das avenidas, rede de água e de esgoto. Os cabriolés dão lugar aos tílburis. Arma-
zéns de secos e molhados dividem espaço com lojas de artigos finos e da moda. Cafés,
confeitarias, restaurantes, livrarias, teatros, chafarizes. Tudo isso completa o cenário da
elegante vida da elite na corte.

Em 1857, D. Pedro II cria a Imperial Academia de Música e a Ópera Nacional, destinadas


a formar músicos e difundir o canto lírico. Financia o estudo de médicos brasileiros e apoia
a criação do primeiro hospital psiquiátrico do País.

Bandeira do II Reinado
bordada em ouro e prata.
Acervo: Instituto Geográfico e
Retrato da Familia Imprerial. Acervo: Museu Historico Nacional, Rio de Janeiro, RJ. Histórico da Bahia.

Aspectos culturais
O Romantismo no Brasil elege o índio e o bandeirante como heróis nacionais. Gonçalves
Dias reverencia o índio em poemas como“I-Juca Pirama” e “Os timbiras”; José de Alencar,
em romances como O guarani, Iracema e Minas de prata. Castro Alves, em defesa
da abolição da escravidão, escreve livros e poemas como Espumas Flutuantes, 1870;
Os Escravos, 1883; Navio Negreiro, 1869.

No romance urbano destaca-se Joaquim Manuel de Macedo, preceptor dos netos


do imperador D. Pedro II. Escreve, entre outras obras, A moreninha (1844). No mes-
mo grupo inclui-se Manuel Antônio de Almeida escreve Memórias de um sargento de
milícias (1854-1855). No romance regionalista pontificam Bernardo Guimarães, com
A escrava Isaura (1875); Alfredo d’Escragnolle Taunay, oficial do exército brasileiro
na Guerra do Paraguai, com A retirada da Laguna (1871,
inspirada no conflito) e Inocência (1872).

Já no realismo sobressaem Aluísio de Azevedo, com O mu-


lato (1881), O cortiço (1890). No Rio de Janeiro, Macha-
do de Assis publica, entre outras, A mão e a luva (1874),
Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), Memórias póstumas
de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1900) e Quincas
Borba (1891).

Na música, a maior expressão é Carlos Gomes, paulista


natural de Campinas. Estuda na Europa desde 1863, sob
o patrocínio de D. Pedro II, e estreia em 1870, no Teatro
Scala de Milão, sua ópera “O guarani”. Na pintura desta-
O Guarany.1857. José de Alencar.
cam-se Victor Meirelles, Pedro Américo e Almeida Junior. Folheto da ópera O Guarany, de Antonio Carlos Gomes, apresentada no Teatro Scalla
Acervo: Biblioteca Nacional. RJ. de Milão, em 1870. Acervo: Biblioteca Nacional, RJ.

Palácio do Itamaraty, RJ, final do século XIX, por Juan Gutierrez. Itamarati é uma
O violeiro, 1899, de José Ferraz de Almeida Júnior (Brasil, 1850- 1899) palavra de origem tupi. “Ita” significa “pedra” e “marati” significa “cor de rosa”.
Acervo: Pinacoteca do Estado de São Paulo. Esse palácio tem sua fachada na cor rosa. Coleção: Jamil Nassif Abib.
D5
Os Construtores do Brasil

Abolição dA EscrAvidão E A ProclAmAção dA rEPúblicA


A abolição da escravatura resulta
de diversos fatores, como a influên-
cia das ideias do liberalismo e do
iluminismo, que defendiam o dire-
ito à liberdade, resistência escrava
decorrente da participação de ex-
escravos na vida social.

Esse processo ganha adeptos na so-


ciedade: são artistas, intelectuais,
integrantes do Exército que voltaram
da Guerra do Paraguai com ideias
abolicionistas e republicanas – es-
cravos foram alistados no Exército
e muitos conquistaram a liberdade
ao retornar do conflito.
Fac-símile da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. Acervo: Arquivo Nacional, RJ. Loja de Barbeiro, Debret, 1821, aquarela. Coleção: Castro Maya, RJ.

Na verdade, a abolição da escravatura foi uma longa sequência de acontecimentos:

4 de setembro de 1850 – extinção do tráfico negreiro pela Lei Eusébio de Queiroz

1866 – D. Pedro II concede liberdade aos escravos recrutados para o serviço militar

1870 – a Sociedade de Libertação e a Sociedade Emancipadora do Elemento Servil são fundadas


no Rio de Janeiro

1880 – criada a Sociedade Brasileira contra a Escravidão

1883 – publicação póstuma de Os escravos, de Castro Alves, e O abolicionismo, de Joaquim Nabuco

25 de março de 1884 – abolida a escravidão no Ceará e, em julho, no Amazonas

28 de setembro de 1885 – promulgada a Lei do Sexagenário

1887 – o Exército manifesta-se a favor da abolição, os soldados não poderiam mais ser usados para
capturar escravos
– Republicanos de São Paulo aderem à causa abolicionista

13 de maio de 1888 – Da. Isabel, filha de D. Pedro II, regente do Império do Brasil (1846-1921),
ou Princesa Isabel – A Redentora, assina a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil.
Princesa isabel e D. Pedro II

A Proclamação da República
Proclamação da República (detalhe) óleo de Benedito Calixto.
Prefeitura Municipal de São Paulo.

Em maio de 1889, ocorre o I Congresso Nacional do Partido Republicano em São


Paulo, sendo Quintino Bocaiúva eleito presidente do partido. Em 15 de novembro de
1889 é proclamada a República Brasileira. Dois dias depois, a família imperial parte
para o exílio na Europa.

A Constituição dos Estados Unidos do Brasil é promulgada em 14 de fevereiro de 1891.


Em 25 de fevereiro, o marechal Deodoro é eleito presidente e Floriano Peixoto, o seu vice.

Com o processo iniciado em 1822 com a Independência do Brasil, seguido pelo Primeiro
e, principalmente, Segundo Império, estavam lançadas as bases para a construção do
Brasil como um dos principais países do mundo em termos populacionais, econômicos e
sociais. Nação de uma enorme riqueza multicultural.

Comemoração da assinatura do decreto da abolição da escravidão no Paço


Imperial. RJ. 1888. Luis Ferreira (fotógrafo). Coleção: George Ermankoff.
D6
Os Construtores do Brasil

Um gigante chamado Brasil:


510 anos após o seU descoBrimento

Brasão de Armas

O Brasil, oficialmente República Federativa do Brasil, é uma república fede-rativa presidencialista localizada na América
do Sul, formada pela união de 26 estados federados e por um distrito federal (Brasília), divididos em 5.565 municípios.
Quinto maior país do mundo, depois de Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, e o terceiro maior das Américas, com uma
área total de 8.514.876,599 km², incluindo 55.455 km2 de água.

Sua população é de aproximadamente 190 milhões de habitantes (22,31 habitantes por km2), conforme registrado
pela PNAD de 2008, sendo 83,75% definida como urbana. Maior economia naci nal na América Latina, oitava maior
do mundo, o PIB (PPC) per capita brasileiro é de 10.200 dólares, colocando o País na 64ª posição, de acordo com dados do
Banco Mundial.

O Brasil tem os setores agrícola, de mineração, manufatura e serviços bem desenvolvidos, assim como um grande mercado
de trabalho. Com um crescimento constante de suas exportações, o País é hoje o maior exportador mundial de café, cana-
de-açúcar, laranja e carne. Além disso, desde 2003 passou a ser também o 1º em soja, frango (desde dezembro de 2003
e carne bovina (desde junho de 2003). E é o 3º em produção de frutas e de milho, exportando seu agronegócio para
209 países.

Seus principais produtos enviados para o exterior incluem equipamentos elétricos, automóveis, álcool, têxteis, calçados, minério
de ferro, aço, zinco, níquel e alumínio. O Brasíl é um dos dez maiores produtores mundiais de cimento, concreto e agregados.

O Brasil é visto por muitos economistas com grande potencial de desenvolvimento, assim como outros emergentes, Rússia,
Índia e China, compondo com eles o grupo denominado BRIC.

Votorantim Metais/Companhia Brasileira de Alumínio – CBA Votorantim Cimentos/Unidade Rio Branco do Sul, PR. Data: 14.03.2010
PCH Rio Bonito-ES Alumínio, SP. Data: 2010. Foto: Paulo Vitale. Acervo: Memória Votorantim Foto: Adriano Gambarini Acervo: Memória Votorantim
E1
Os Construtores do Brasil

Legado assistenciaL, artístico, arquitetônico e cuLturaL

Assistência médica e hospitalar:


as Santas Casas de Misericórdia
Brás Cubas trouxe a semente das “Misericórdias” para a Terra de
Santa Cruz. A primeira a ser criada foi a Santa Casa de Misericórdia
de Santos, em 1543. Durante séculos têm sido estabelecidas em diferen-
tes locais, prestando até hoje relevantes serviços no campo médico-assisten-
cial em todos os rincões do País.
Santa Casa de Misericórdia de Santos (prédio antigo), 1912. Coleção: José Carlos Silvares.

As Beneficências Portuguesas
A partir de 1822, com a Independência do Brasil, imperava um
clima de inquietação devido às lutas internas e às terríveis epi-
demias que dizimavam a população. As Santas Casas de Miser-
icórdia não eram suficientes para cuidar da saúde de todos.
Os portugueses, que passaram de colonizadores a imigrantes, fun-
daram uma instituição assistencial, “Sociedade de Beneficência
Portuguesa”, em diversas capitais e cidades brasileiras, sendo a
primeira no Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1840.
Beneficência Portuguesa de São Paulo (prédio antigo). Beneficência Portuguesa de Santos (prédio antigo).
Coleção: Prof. Benedito Lima de Toledo. Coleção: José Carlos Silvares.

Entidades e instituições culturais


Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro

O Real Gabinete Português de Leitura se destaca não apenas pela beleza ar-
quitetônica de sua construção em estilo neomanuelino, mas também por seu im-
portante acervo, as atividades que realiza e o prestígio de que desfruta no meio
intelectual.

Sua história remonta a 14 de maio de 1837, quando um grupo de


43 imigrantes portugueses reuniu-se no Rio de Janeiro, com intuito de
criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos da população
da capital do Império.

Fachada, Real Gabinete Português


Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro, RJ de Leitura, Rio de Janeiro, RJ

Gabinete Português de Leitura, Recife, PE Gabinete Português de Leitura, Salvador, Bahia

Gabinete Português de Leitura, Recife


Fundado em 3 de novembro de 1850, foi idea-
lizado por Miguel José Alves e criado pelo mé-
dico e jornalista Dr. João Vicente Martins, seu
primeiro presidente. Tinha por finalidade instruir
e melhorar o nível cultural da população.

Gabinete Português de Leitura de Salvador


O edifício, em estilo neomanuelino, apresen-
ta três frentes e foi idealizado pelo arquiteto
português Alberto Borelli. Fundado em 2 de
março de 1863 pelo comendador Manuel
Joaquim Rodrigues, reúne um acervo que res-
gata grande parte da tradição lusitana. Hoje,
a biblioteca dispõe de 36 mil livros.
E2
Os Construtores do Brasil

O legadO lusitanO nO Brasil


A miscigenação
A construção do Brasil como nação ocorreu pelo
encontro de vários povos, que para cá trouxeram
suas culturas, formando um caleidoscópio étnico de
grupos de diferentes regiões e continentes. Entretanto,
foi a partir da vinda dos portugueses, no período
da colonização do País, que teve início o fenômeno
da miscigenação, que em nenhum lugar do mundo
ocorreu nessa proporção. Quando os portugueses
chegaram encontraram uma numerosa população
indígena. Estima-se que, entre os séculos XVI e XIX,
mais de seis milhões de africanos foram trazidos
para o Brasil, como mão-de-obra escrava. Espanhóis,
holandeses, italianos e judeus também vieram no
período da colonização.
Operários, 1933. Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela. Acervo Artístico-Cultural
dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

A língua portuguesa
A língua portuguesa se originou no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim
vulgar, falado pelos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da Península Ibérica
(galaicos, lusitanos, celtas e cónios) há cerca de dois mil anos.

Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro Império colonial e comercial, a
língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde a costa africana até Macau,
na China, e Timor-Leste, na Indonésia, e ao Brasil, nas Américas. Com mais de 260 milhões de
falantes, é a quinta mais falada no mundo e a terceira mais falada no ocidente. Idioma oficial
de Portugal, Açores e Madeira, além do Brasil, e idioma oficial em conjunto com dialetos locais
em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, SãoTomé e Príncipe e Timor-Leste.
Luís de Camões (Lisboa (?), C. 1524 – Lisboa, 10/10/1580),
é considerado uma das maiores figuras da literatura portugue-
sa e um dos grandes poetas do Ocidente.

Trocas Culturais
Um dos aspectos mais importantes das navegações e coloni-
zações portuguesas foi a troca de elementos culturais. Por seu
pioneirismo, Portugal incorpora a África e a Ásia ao chamado
mundo civilizado da época. Deve-se ao povo lusitano a cir-
culação e a introdução de produtos vindos de outros países
e continentes para o Brasil, bem como o envio de bens de
consumo para lugares distantes. Esse foi o caso do trigo, do
arroz, da cana-de-açúcar, do cultivo de frutas e verduras, da
criação de vários animais, como cavalos, vacas, bois, cabras,
carneiros, galinhas, patos e gansos.

Culinária, doçaria Doces Caseiros, Pocos de Caldas, MG.

Na culinária brasileira, a maior contribuição por-


tuguesa foi a doçaria, com doces, bolos, pastéis,
sonhos, compotas e conservas feitas com as frutas
da terra, como caju, figo, maracujá, goiaba, mar-
melo, laranja, cidra. Algumas de nossas especialidades são de origem portuguesa: quindins,
rabanadas, arroz doce, aletria (doce de macarrão cabelo-de-anjo), pão doce com ovos,
pão-de-ló, papo de anjo, suspiros, cocadas.

Além disso, temos no nosso cardápio diversos


pratos da cozinha portuguesa, entre eles: varia-
das receitas de bacalhau, salada de grão de
bico, galinha ao molho pardo, cuscuz, cozido
à portuguesa, leitão assado, sopas e caldos.
Doces, Pastel de Coimbra, Pastel de Belém, Pastel de Santa Clara e Toucinho do Céu.

Bacalhau a Gomes de Sá.


E3
Os Construtores do Brasil

Herança cultural
Rendas de bilro, Natal, RN, e bordados típicos da Ilha da Madeira. São Paulo, SP.

Artesanato
Do artesanato português, são hoje familia-
res os tapetes tipo arraiolos, bordados de
lã e a arte do bordado. Hoje, as “rendas
do Norte” são conhecidas mundialmente,
entre elas as feitas com bilros.

Na cidade de Santos (SP), no morro de São


Bento, descendentes de portugueses repro-
duzem bordados da Ilha da Madeira. Em
Santa Catarina, o bordado é de tradição
açoriana. Elementos da arte portuguesa
foram misturados com a arte africana nos
bordados, rendas, toalhas e tecidos.
Bordados típicos da Ilha da Madeira, confeccionados por Ir. Maria Lucilia G. F. Relva e Maria da Encarnação de Aguiar. Fotos: Carla Roeher de Abreu.

Tradições brasileiras introduzidas pelos colonizadores


Bumba-meu-boi
O auto do bumba-meu-boi se prolonga do ciclo de Natal até o dia de Reis, em 6 de janeiro, sendo comemorado de
várias formas no Norte e no Nordeste brasileiros. Em Santa Catarina, é chamado Boi-de-Mamão, levado ao sul do
País por gente do Nordeste, provavelmente por tropeiros.

Santo Antônio (Festa Junina)


Um dos santos mais populares no Brasil, é comemorado em 13 de junho e seu culto vem desde o século XIII em
Portugal. Sua festa no mês de junho chama para si as práticas ligadas à fecundidade, tornando Santo Antônio o
protetor do amor e do casamento, dando origem a inúmeras superstições e costumes.

Folia de Reis
Dedicada aos três reis magos em sua visita ao Deus menino, é a época de dar e receber presentes. Com indumentária
própria, os participantes visitam amigos na tarde ou noite de 5 de janeiro, véspera de Reis, cantando e dançando.
A origem da comemoração de Reis na Bahia situa-se na segunda década do século XVIII, marcando o final do
Ciclo de Natal.

São João (Festa Junina)


É festejado em 24 de junho desde o século XV, cercado de superstições e crendices ligada aos cultos agrícolas, por
ocasião das colheitas. A fogueira tem a função de afastar o demônio da esterilidade e da fome e mantém a tradição
das danças ao redor do fogo e o salto sobre as chamas.

Bumba-meu-boi, São Luis, MA. Festa Junina, São Paulo, SP Folia de Reis, São Paulo, SP
E4
Os Construtores do Brasil

Herança religiosa
Festas Religiosas
Dos portugueses herdamos o catolicismo, a religião mais praticada no
Brasil. Das festas religiosas de origem portuguesa realizadas no País,
entre outras, destacam-se:

Círio de Nazaré
O Círio de Nazaré é a maior procissão católica do mundo. Realizada
desde 1793, sempre no segundo domingo do mês de outubro na cidade
de Belém (PA), o evento chega a reunir mais de 2 milhões de pessoas todos
os anos nas ruas da capital paraense.

Nossa Senhora dos Navegantes


A imagem da santa foi trazida pelos portugueses ao Brasil no século XVIII
e o dia dedicado a ela é 2 de janeiro. Na região Sul, a imagem é levada
pelos rios e lagoas em embarcações devidamente embandeiradas para
participar do cortejo.

Festa de Nosso Senhor do Bonfim


Círio de Nasaré,
Belém, PA Festa comemorada em janeiro, reunindo milhares de pessoas. Em 1745, o
Festa do Divino, SP. crédito:Eunice Pinto
capitão da marinha portuguesa, Teodósio Rodrigues de Faria, trouxe uma
imagem do Senhor Crucificado semelhante à que era venerada em Setúbal,
Portugal, que foi exposta na Capela de N. Sra. da Penha, em Itapagipe, MG.
As novenas eram na Páscoa e, a partir de 1773, começaram a ser cele-
bradas no dia de Reis.

Festa do Divino
Tradição iniciada com os açoreanos que chegaram ao Brasil entre 1748 e
1756. Sua origem é atribuída a Santa Isabel, esposa de D. Dinis (1261-
1325). Os festejos começam após a quaresma, com a Bandeira do Divino,
na qual aparece bordada uma pombinha branca, acompanhada de um
grupo de músicos e cantadores. A Festa é realizada em diversas cidades
do Brasil.

Corpus Christi
A mais concorrida e rica procissão católica em Portugal manteve sua tradição
no Brasil. Em Portugal data do século XIII – a Santa Hóstia ia numa custódia
de ouro, como demonstração de fé. No Brasil, o padre Manuel da Nóbrega
cita em suas cartas a procissão na Bahia em 1549.
Corpus Christi, Ouro Preto, MG. Corpus Christi, Santana de Parnaiba, SP.

Sincretismo Religioso
Os africanos trouxeram em sua bagagem crenças, costumes e tradições praticados em seu continente
de origem. No Brasil, por meio da religião, mantinham viva a sua memória: cantos marcavam o
ritmo do trabalho e um culto disfarçado homenageava seus deuses. Deidades africanas passaram Congados
a ser identificadas com santos católicos, num fenômeno conhecido como sincretismo religioso. Autos brasileiros de assuntos africanos, ligados
às festas religiosas católicas, de N. Sra. do Rosário
e S. Benedito e celebrados no Brasil desde 1711.
Divinópolis, MG.
E5
Os Construtores do Brasil

ArquiteturA ColoniAl BrAsileirA

Os portugueses deixaram suas marcas na arquitetura brasileira,


em cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Olinda, São Luís, Ouro
Preto, entre outras.

São considerados Patrimônio Mundial da Humanidade: Cidade


Histórica de Ouro Preto (1980), Centro Histórico de Olinda
(1982), Missões Jesuíticas Guarani (1983), Centro Histórico de
Salvador (1985), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em
Gongonhas do Campo (1985), Centro Histórico de São Luís
do Maranhão (1997), Centro Histórico de Diamantina (1999),
Centro Histórico de Goiás (2001). Convento Franciscano de Santo Antônio, Olinda, PE.

Teatro Ópera de Ouro Preto, MG.

Aqueduto da Carioca, RJ, conhecido


como Arcos da Lapa, inaugurado
em 1750. É considerada a obra
arquitetônica de maior porte erigida
no Brasil no período colonial..

Azulejaria
Os azulejos são designação portuguesa e castelhana, derivada do termo árabe al zulaicha ou zuleija,
que significa “ladrilho”. Os primeiros painéis chegaram ao Brasil a partir do século XVII e os azulejos
das igrejas da Bahia passaram a ser encomendados nas oficinas de Lisboa.

São Luís, capital do Estado do Maranhão, é conhecida como a Cidade dos Azulejos.Foi edificada
sob domínio português durante os séculos XVIII e XIX e em suas construções foram utilizados azulejos
vindos de Portugal.
Capela de Nossa Senhora da Conceição, Recife, PE

Barroco brasileiro
Originário da Espanha, difundiu-se pela Europa e América, chegando em Portugal no ano de 1580 e no Brasil
em 1601. Na arte, o barroco caracteriza-se pelo gosto das contradições, do conflito e dos paradoxos. O Barroco
mineiro sofreu influências de Portugal e do Brasil: eram arquitetos, pintores, músicos, poetas, escultores, entalhadores;
muitas vezes operários anônimos. Na pintura, o mulato Manuel da Costa Ataíde se destacou. Na música, José Joaquim
Emérico Lobo de Mesquita e Francisco Gomes da Rocha. Igreja e Convento Franciscano de Santo Antônio, Igarassu, PE.

A arte de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho

Nasceu em 29 de agosto de 1730, no Bom Sucesso, Ouro Preto. Filho natural do mestre-arquiteto português
Manuel Francisco Lisboa, natural de Lisboa, e de uma escrava deste, Isabel. A partir de 1759, dedica-se à
profissão de marceneiro, entalhador, escultor e, mais tarde, de arquiteto. Construiu fachadas, portais, ergueu
estátuas e produziu altares e retábulos em diversas igrejas das Minas Gerais.

Entre os anos de 1800 e 1805, sexagenário e bastante enfermo, rea-liza seu último projeto de vulto, os Igrejas de Nossa Senhora do Carmo e de
doze profetas em pedra-sabão, de tamanho quase natural, feitos para o adro dianteiro do Santuário do São Francisco, Mariana, MG.

Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo.


Manuel da Costa Ataíde pintou o teto da nave da
igreja de São Francisco de Assis (abaixo) e Aleijadinho
Por volta de 1812, agrava-se o seu estado de saúde e passa a depender de seus discípulos na execução foi o arquiteto e entalhador dessa igreja.
das obras. Aleijadinho perde completamente a visão e as capacidades motoras são quase nulas. Morre
em 18 de novembro de 1814, sendo sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, junto ao
altar de Nossa Senhora de Boa Morte.

Profeta Isaías, Santuário do Senhor


Bom Jesus de Matozinhos, Congonhas, MG.

Adro dos Profetas, Santuário do Senhor Bom Jesus


de Matozinhos, Congonhas, MG. Igreja Matriz de Santo Antônio, Tiradentes, MG.
E6
Os Construtores do Brasil

Criação e Realização
Conselho da Comunidade Luso-Brasileira
do Estado de São Paulo

Presidente
Antonio de Almeida e Silva

Idealização
Vital Vieira Curto

Secretário-Geral
Fernando Gouveia

Ficha Técnica

Curadoria, Pesquisa e Textos


Sônia Maria de Freitas

Edição de Texto
José Roberto Miney

Designer Gráfico
Cláudia Varella Ferreira Magalhães

Fotografias e Reproduções
Alex Salim

Pesquisa Iconográfica
Maria Alice Bragança

Revisão
Zepa Ferrer

Montagem/Execução/Itinerância
Oficina de Artes/Marcos Albertin

Agradecimentos

Casa Ilha da Madeira de São Paulo (Acervo)


Casa de Portugal de São Paulo (Biblioteca)
Clube Português (Biblioteca)
Centro de Comunicação Social do Exército
Brasileiro-CCOMSEx.
Projeto Fortalezas Multimídia, Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC

Realização Patrocínio

Apoio Cultural

FRenTe ConsulAdo GeRAl


PARlAmenTAR de PoRTuGAl
luso-BRAsileiRA em são PAulo

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