Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
I. IDENTIFICAÇÃO
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Os “Maus costumes” de Foucault. IN: _______.
História: a arte de inventar o passado. Bauru: Edusc, 2007. p. 113-131.
III. ESTRUTURA
[OBRAS E VIDAS DE FOUCAULT] .............................................................................................................. 1
[A ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA DE/EM FOUCAULT] .................................................................................... 3
[A ARQUEOLOGIA DOS COSTUMES ou historicidade do termo costumes] ............................................ 3
[A HISTÓRIA DOS COSTUMES DE/EM FOUCAULT] .................................................................................. 5
vitimado pela peste do século em 1984 (AIDS) ataque de riso ao perceber a ascensão
de uma identidade sexual gay sexo/violência/fantasias insensatas/saunas: anonimato
1
NOTA: na produção deste fichamento, todas as notas de rodapé referem-se às reflexões para além do texto
fichado, contudo nele inspiradas. São de inteira e única responsabilidade do autor, Euzebio Fernandes de
Carvalho, professor de Didáticas, Práticas e Estágios em História, da UEG/UnU Porangatu, mestre em história
(PPGH/UFG/Goiânia, 2008)
gesto biográfico: prática de saber e poder que objetiva criar a figura do indivíduo faz
parte da estratégia de memorização dos sujeitos, de sua constituição a serviço de interesses
de um dado momento (1º § p.116) com a Modernidade, emerge no Ocidente, um
dispositivo de verdade constituído por estratégias (escritura ou ação) regidas por
interesse/tensão/luta do qual são índices a construção da biografia de alguém (escrita
biográfica/indivíduo/sujeito/identidade); a atribuição de autoria (noção de autor); noção de
obra, estão relacionadas a uma questão mais ampla: como o singular é inscrito em formas
de linguagem? Que estratégias presidem essa inscrição? a biografização da vida e da
própria escritura é um procedimento relacionado ao trabalho de cisciplinarização do próprio
corpo (p.116-7) nem sempre se escreveram biografias, nem sempre se considerou que
uma vida tinha uma verdade a contar, a revelar “o procedimento biográfico faz parte do
processo de internalização da própria idéia de ‘eu’ no Ocidente, a idéia de que temos uma
verdade interior, uma essência, um segredo que pode ser apanhado, flagrado aos poucos,
em cada atitude nossa, em cada marca que deixamos no mundo” biografar é apresentar
um sujeito absoluto em lugar de um sujeito possível (p.117)
para Derrida, a biografia não é um meio de unir vida e obra; o texto biográfico apenas
dramatiza a distância entre vida e obra. “A biografia é apenas um gênero literário que
instaura uma figura de leitura desta relação e que permanentemente reescreve seus dois
pólos, produzindo vidas e obras diferenciadas” (p.117);
a estética da existência de Foucault: queria contribuir para a mudança dos costumes, dos
usos, dos hábitos, dos códigos, mas, principalmente, das formas de pensamento que
informaram nossas práticas eróticas a verdade não é para ser revelada, descoberta, mas
vivida (vida de autoria de si mesmo): como seres eróticos, o mais glorioso e heróico das
pessoas é o nítido prazer de suas atividades; em vez de falar de sexo, devemos praticá-lo,
das formas mais variadas e prazerosas arte da conduta centrada na coincidência entre o
dizer e o fazer devemos procurar não só um dizer verdadeiro, mas um ser verdadeiro
(sujeito de um saber e um poder sobre si próprio: cuidar, controlar, escrever a si é fazer da
vida uma obra de arte, que exige PERMENTENTE cumprimento) (p.118);
nova erótica: nova forma de atividade, que substitua a simples obediência a um código
moral pela elaboração de uma ética sobre como se transformar num determinado tipo de
pessoa (p.119);
família e devia ficar escondido no interior dos lares agora deve passar pela navalha da
linguagem (deve ser confessado) aquele que confidencia é ao mesmo tempo o que fala e
de quem se fala) (p.119);
séc. 16/início 17: costumes passam a preocupar o Estado emersão da “polícia dos
costumes” (objetificação dos “maus costumes”) gestão sistematizada do cotidiano das
pessoas momento de emersão da noção de natureza humana o costume se torna
“natural” cada povo definirá seus costumes como os naturais/justos/bons e
desqualificará os costumes diferentes como bárbaros/exóticos/estranhos/maléficos 2 no
séc. 18 o dispositivo das nacionalidades associa costumes com espírito nacional (p.121);
no séc. 20, Nobert Elias (O processo civilizador, 1939) a partir de questões colocadas pelo
presente, marcado pela crise da civilização européia, no período entre guerra, o autor
avaliará o caminho seguido pela “civilização dos costumes” potencialidades da obra: Elias
mostra o desenvolvimento dos modos de conduta: não existe atitude natural no homem.
Todos os nossos comportamentos são frutos de acondicionamentos e adestramentos3
Elias vê de forma positiva (diferente de Foucault) a ênfase crescente da sociedade moderna
nos aspectos ligados ao privado/intimidade limites: Elias está preso a uma visão
2
Procedimento presente nas mitologias étnicas ameríndias. Seria este comportamento um universal
antropológico?
3
Pensar esta idéia a partir das sexualidades desviantes: se o acondicionamento/adestramento das pessoas
fosse absoluto, como seria explicada a diversidade de práticas sexuais? Há que se pensar sobre as margens
possíveis às pessoas que possibilitam uma “negociação”.
evolucionista dos costumes, como se o processo civilizatório fosse inevitável (esquece que
este processo exigiu/exige torturas físicas e psíquicas4);
A reflexão foucaultiana sobre os costumes é uma reflexão ética (questão da ética) e não
moral (questão de um código de moral) costume = conjunto de prescrições e proibições
4
A heteronormatização é um exemplo de tortura psicológica/adestramento/condicionamento.
5
Estranho o autor utilizar o termo evolucionista como sinônimo de processual. Penso que eles guardam muitas
diferenças. A concepção evolucionista carrega um juízo de valor ao hierarquizar e submeter o passado ao
presente. Isto não, necessariamente, acontece com a concepção processual da história.
6
Para além destas duas situações, os universais antropológicos são necessários para quê? Por que eles são
importantes para a teoria rüseniana da história?
7
Não desconsiderar a margem de negociação possível a todo indivíduo, no interior de uma sociedade, classe,
grupo social.
8
Assim, a homossexualidade torna-se totalmente uma possibilidade, disponível a qualquer pessoa desde que
ela se permita, por meio da reflexão, a novas experiências. Seria os costumes e a cultura do indivíduo que
necessitaria ser superada por meio da reflexão. Este pensamento elimina do espaço de interepretação da
homossexualidade qualquer elemento que não seja cultural. Ao mesmo tempo, transfere para a cognição, para
a reflexão filosófica, para a crítica histórica aos costumes, a possibilidade da experiência homossexual. Isto,
claramente, submete o desejo e a sexualidade a racionalidade manifesta, retirando dela tudo o que há de
incontrolável, de inconsciente, de subjetivo e quiçá, de biológico.