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sociedade1
Introdução
Restringir o jornalismo a tão somente uma atividade desenvolvida a partir do
emprego de técnicas específicas pode nos conduzir a uma pesquisa que parta do
pressuposto de que sua prática obedecerá sempre ao mesmo padrão, independente do
local onde se dá a comunicação. Assim, é preciso pensar o jornalismo como uma
ciência social, desenvolvida dentro de uma/e para uma sociedade.
O debate a respeito do assunto, ainda incipiente no universo acadêmico, já foi
levantado por estudiosos como José Marques de Melo (2005), Beatriz Dornelles (2004),
Isabelle de Anchieta Melo (2007) e Cecília Peruzzo (2003). Confrontando a teoria
repassada na Academia e a observação da prática em cidades de pequeno e médio
portes, os pesquisadores observaram que o jornalismo no interior guarda algumas
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Trabalho apresentado no GT de História do Jornalismo, integrante do 9º Encontro Nacional de História
da Mídia, 2013.
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Pós-Doutorando realizando pesquisa na Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG), com o tema: “Na
rua, na mídia: o lixo em evidência e a desestabilização do discurso crítico”. Doutor em Literatura
Comparada pela UFMG. Jornalista e Professor Universitário.
Graduada em Comunicação Social pela Fundação Presidente Antônio Carlos de Conselheiro Lafaiete
(Fupac/CL). Jornalista e assessora de imprensa.
particularidades, influenciadas, principalmente, pela dinâmica temporal e a proximidade
espacial entre moradores e os profissionais da comunicação:
Assim, ao escrever, o jornalista, ao contrário do profissional da capital,
conhece “algo a mais” sobre as pessoas que descreve. E, esse “algo a mais”
refere-se à personalidade dos moradores da cidade, seus casos de família, os
aspectos polêmicos e banais que constituem a história particular de cada um,
sua rotina na cidade, as roupas que costuma usar etc. Ou seja, tem uma
informação em que a compreensão do que os contatos superficiais ditados
pelo tempo acelerado do amplo espaço dos grandes centros urbanos
inviabilizam: conhecer a complexidade que envolve esse ser humano, fonte
de suas matérias. (DORNELLES, 2004)
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Dados de 2010, extraídos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep)
A posição de Bueno é debatida por Fernando Ortet. Em seu artigo A realidade
do jornalismo no interior é desconhecida, o jornalista cabo-verdiano transcreve pontos
que suscitam a discussão:
Bueno defende que a imprensa do interior se caracterizava por ser “uma
imprensa mais opinativa do que informativa, que discute todos os problemas,
intromete-se nos bastidores da política, provoca adversários, denuncia e,
principalmente, fofoca. Diz ainda este pesquisador que a participação da
imprensa do interior na vida do município “é compromissada e
comprometida e, comumente, reflete as tensões, a disputa, a liderança e as
paixões políticas presentes no grupo social em que se insere (ORTET, 1998,
p. 123) .
Ainda segundo relato de Ortet (1998, p. 123-125), Bueno não pouca críticas
relacionadas ao estilo dos periódicos, afirmando que esse “não admite eufemismos ou
metáforas, nem é formal e educado, mas sim agressivo, sem meias-palavras, polêmico e
desrespeitoso”. Os aspectos técnicos também passam pelo crivo do pesquisador:
MELO, José Marques de. Os jornais do interior estão mais receptivos às demandas
comunitárias. Revista Eletrônica Temática, 2005. Disponível em:
<http://www.insite.pro.br/2005/29-Os%20jornais%20do%20interior%20estão%20mais
%20receptivos%20às%20demandas%20.pdf>. Acesso em: 18 abr 2013.