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Projeto: Performance

Idealizadora: Gilmara Oliveira

Ano: 2016

CSE SÃO JERONIMO

Objetivo Geral:

Pensar a performance como veículo transformador na sociedade contemporânea

Objetivos Específicos:

 Introduzir a performance como ferramenta de expressão corporal livre, de empoderamento e


pertencimento, no sistema socioeducativo;
 Entender a performance como veículo transformador na sociedade contemporânea;
 Experimentar a arte da ação dentre passantes envoltos em seu cotidiano, pensando na vida em
sociedade como fragmento de um coexistir;
 Expandir o uso da performance no Centro Socioeducativo São Jerônimo para além da sala de aula,
através da não identidade como identidade imagética e por meio de vivências que se aproximem
do cotidiano social das jovens;
 Estimular a realização de ações poéticas de expurgo semiótico, para a melhoria da autoestima e
reconhecimento de pertencimento sociocultural por parte das adolescentes.

Justificativa:

A performance é uma prática artística que se desenvolve como expressão reconhecida, ao longo da
segunda metade do século XX, ou seja, depois da Segunda Guerra Mundial e suas catástrofes correlatas.

Como expressão reconhecida, porque muitos historiadores defendem a ideia de que as origens das
práticas performativas são mais remotas. Alguns propõem que suas raízes estejam ligadas aos movimentos
de vanguarda do início do século XX (dadaísmo, surrealismo, etc), enquanto outros sugerem ser esta
prática tão antiga quanto os rituais.

Mas somente a partir de 1960, encontramos a arte da ação como vemos hoje. Naquela ocasião, inúmeras
manifestações artísticas que não podiam ser classificadas como teatro, dança, pintura, escultura ou
qualquer outra definição conhecida, começaram a acontecer simultaneamente pelo mundo afora. Surge
assim a performance no cenário pós-guerra como uma espécie de denúncia, resposta e proposta de
resistência e questionamento. Ela trata justamente de desnortear classificações e desconstruir os modos
tradicionais de pensar a arte. Não fixa em formas espaciais ou temporais; pode utilizar mídias e materiais
específicos, mas não precisa de nada disso; pode ter a duração de anos, como também de minutos; pode
ser realizada em espaços públicos, como também em galerias, ou mesmo espaços rurais; permite se dar
para alguns espectadores, como também com os espectadores, a partir do momento em que pensamos no
público como testemunhas de um acontecimento ou como assistentes e até co-realizadores da ação. Nesta
amplitude interpretativa e de uso nas artes, a única certeza é que em todas as variantes de apresentação e
utilização desta manifestação, o corpo é o tema e a matéria investigativa e sempre à prova; além da
inexistência de ficção, visto que a grande maioria dos que se envolvem na investigação performática falam
de si, seus questionamentos pessoais e sociais, das políticas de identidade e de experimentações
cotidianas em torno das qualidades de presença do outro no meio em que vivemos.

A performance art no campo educacional, especificamente, pode ser entendida de maneiras distintas,
assim como a arte da ação deslocada do ambiente escolar, já é, por si só, de significados diversos, amplos,
conforme já mencionado. Mas, neste projeto, ela será apresentada, a princípio, segundo o entendimento
das pesquisadoras em performance, Diana Taylor (EUA)¹ e Denise Pedron (BRA)². A primeira, coloca a
performance como um ato vital de transferência de saber social e ou memórias, por meio de dispositivos
corporais, conectados ou não à realidade; a segunda, entende como arte vivencial – o sujeito vivencia a
arte como experiência, na qual encontra-se inserido no espaço-tempo.

O trabalho no campo da performance iniciou em 2015, com quatro alunas em cumprimento de medida, e
resultou em uma ação coletiva, realizada na própria unidade, sobre afeto e preconceito. Em 2016, mais
quatro jovens têm sido estimuladas a falarem de suas inquietações por meio de criações corporais,
pensando desta vez nos passantes das vias públicas como espectadores, pois se tratando de temas
emergenciais segundo o sentimento semiótico de cada uma, precisam estar no lugar comum, perfurando a
lógica cotidiana de quem pela rua passa, coexiste. Como dentro do socioeducativo é complexa a
negociação para a realização de trabalhos corporais em espaços públicos, comuns, partilhados, devido ao
direito de uso da imagem das adolescentes, menores de idade, em cumprimento de medida, a ‘não
identidade imagética’ será explorada nas proposições, como uma espécie de marca do coletivo que surge,
nasce, configura-se entre elas (a priori, sem nome).

E, por que investir neste trabalho com as meninas especificamente? Por questões ativistas emergenciais,
como o fato de, dentre estas adolescentes, o índice de violência e a recorrência na objetização do ‘ser
mulher’ ser tão evidente, e muitas vezes reforçado dentro da própria instituição – questão da qual não
será alvo de pesquisa nesta investigação, se resumindo a esta citação -. Paulo Marco Ferreira Lima5,
procurador de justiça de SP, afirma em seu livro Violência Contra a Mulher (2009):

“De fato, a dominação masculina sobre o feminino é executada de forma contínua para que essas se percebam e concordem
com os esquemas naturais das diferenças anatômicas dos órgãos sexuais e da divisão social do trabalho, o que leva a toda uma
percepção diferente de como devem ser os comportamentos feminino e masculino, que acabam por aceitar sua condição de
forma inconsciente, alimentadas essas razões costumeiramente pela família e depois por toda a ordem social, com suas
instituições, como a Igreja, a Escola e o Estado.”

A sociedade brasileira avançou nas conquistas de direitos das mulheres nas últimas décadas, mas essa
evolução não significa ausência de disparidade entre gêneros. Combater o preconceito, diminuir os índices
de violência, aumentar a participação feminina na política, dentre tantas outras questões, ainda são metas
a serem atingidas. A performance entre adolescentes comumente oprimidas e provenientes de condições
sociais desprivilegiadas, em conflito com a lei, pode ser um meio de empoderamento consciente e poético,
capaz de melhorar a autoestima e o entendimento de pertencimento social.

Quanto ao uso da performance como elemento transformador, no socioeducativo especificamente, parte


do pensamento de: Ernst Fischer6, que “entende o fazer artístico muito mais ligado ao intelecto do que ao devaneio, e a
arte como necessária para que o homem possa conhecer e transformar o mundo” ; e Ana Mae Barbosa7, que entende
que “encorajar o processo criativo permite aos alunos chegarem a novas respostas para a realidade percebida, podendo até
mesmo mudá-la ou transformá-la”.
¹ TAYLOR, Diana. O Arquivo e o Repertório: performance e memória cultural nas Américas. Tradução: Eliana Lourenço de Lima Reis. Belo
Horizonte. Editora UFMG, 2013.
² PEDRON, Denise A.. Um Olhar sobre a performatividade na cultura contemporânea: a performance como conceito e a produção artística de
Diamela Eltit. Belo Horizonte. 2006
Metodologia:

A partir de uma investigação que vem sendo feita desde Março de 2016, com as adolescentes ‘Jaqueline
Paula Barbosa’ do 3º ano do Ensino Médio; ‘Letícia Grabriella’ e ‘Brenda Geovana’, do 8º ano do Ensino
Fundamental; ‘Derjaine Araujo Aureliano’, ‘Gabriela Barbosa Soares’ e ‘Yasmin Cristina Dias’ do 2º ano do
Ensino Médio, sobre sua relação com o próprio corpo, e como utilizá-lo de forma expressiva em questões
que as incomodam, e ou lhe são importantes, alguns vídeos de perfomances serão apresentados como
estimuladores do pensamento criativo. Com as alunas Letícia Gabriella e Jaqueline Paula, tais questões já
vêm sendo trabalhadas desde o ano de 2015, que resultou em uma ação coletiva sobre afeto e
preconceito, no socioeducativo São Jerônimo, no mês de Novembro. Assim, estas já estão mais
familiarizadas com a proposta sendo as adolescentes com as quais pretendo iniciar a ocupação do espaço
público, como palco de empoderamento e voz expressiva e social.

Letícia deseja abordar as questões trans-gênero em suas criações com o corpo na cidade, e, partindo do
pensamento de que “não há expressão artística possível sem auto-identificação com a experiência
revelada(...)” (STORI, Norberto (Organizador). O despertar da sensibilidade na educação. São Paulo: Instituto Presbiteriano Mackenzie: Cultura Acadêmica
Editora, 2003. Vários autores. p. 83) será a primeira a apresentar sua proposta em um trajeto da Praça Sete de Belo

Horizonte, à Praça da Estação.

Na construção criativa da aluna (Letícia), ela organizará oito imagens de mulheres trans violentadas no
chão da praça, em seguida, se pintará de vermelho, pensando na cor como representação venosa, e
distribuirá estas imagens pelo trajeto da cidade, mencionado. A data que vislumbro para viabilizar o início
das experimentações corporais é 16 de maio, segunda-feira, às 17h, por uma questão de disponibilidade
de tempo.

Na sequência, pretende-se as datas 30/05, 13/06 e 27/06, para contemplar as demais alunas de se
apresentarem em público. Como as demais construções criativas estão sendo pensadas, serão incluídas no
projeto como diário de bordo.

Dentre as intenções, está a necessidade de saída da unidade, por parte de todas as meninas mencionadas
no projeto, em todas as datas previstas, para acompanharem as apresentações das demais ou serem
protagonistas da ação, e registrarem por meio de vídeo e fotos todas as vivências.

¹ TAYLOR, Diana. O Arquivo e o Repertório: performance e memória cultural nas Américas. Tradução: Eliana Lourenço de Lima Reis. Belo
Horizonte. Editora UFMG, 2013.
² PEDRON, Denise A.. Um Olhar sobre a performatividade na cultura contemporânea: a performance como conceito e a produção artística de
Diamela Eltit. Belo Horizonte. 2006

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