Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Oberlin
College, April 2014;
Apresentação: Tese defendida para títulode PhD por Max Coleman na faculdade de Oberlin, em
Ohio nos EUA. A centralidade da discussão e as aproximações teóricas com a escola de Chicago o a
escola francesa são desconhecidas.
Resumo:
Desde Durkheim, anomia tem sido rediscutida como desvio social. O trabalho de Coleman
pretende resgatar a noção durkheimniana de anomia, e o debate por Merton e Parson. Assim
como fazer a crítica do termo. Levanta o declínio da anomia frente ao interacionismo simbólico e
sua não apropriação frente a escolhas políticas dentro da sociologia.
“Finally, we argue that the United States is a highly anomic nation, with its focus on freedom,
eternal striving, and self-advancement. We apply a Durkheimian perspective to contemporary
issues like mental illness, exploring rising rates of depression, anxiety, and suicide as a
consequence of these anomic conditions.” From the abstract.
I. What is Anomie?
Introduction
Phillipe Besnard, principal expoente da discussão sobre o termo, alega em fins da década de 1980
o momento de esquecimento/apagamento da anomia. [Besnard publica um livro francês –
L’anomie, ses usages et ses foncions dans la discipline sociologique depuis Durkheim).
“After a period of disuse, the term resurfaced in the 1930s in the works of Elton Mayo, Talcott
Parsons, and Robert Merton. The 1950s saw a heavy backlash against anomie theory, since it was
associated with functionalism and therefore seen as conservative. But the term revived itself,
again, in the work of criminologists and psychologists who used anomie to explain deviance and
“disaffection”, respectively (Borgatta & Montgomery 2000: 165).”
É parte da tese de Coleman que, apesar da discussão sobre anomia ter decaído, aquilo que
determina como campo científico de análise tem se expandido de modo alarmante nos Estados
Unidos. Da perspectiva da saúde tem disparado taxas de depressão e ansiedade nas últimas
décadas, em comparação ao século anterior; Do lado comportamental (behaviour), suicídios de
soldados e homícidios em massa (mass shootings). (Pg. 7-8)
“It is my contention that anomie theory is declining at the precise moment it is most needed. Put
another way, the term is losing its place in the literature just when its explanatory power is
greatest.” (pg. 8)
Divisão anômica do trabalho – “As society progresses, jobs become specialized, and individuals
rely on each other for specific social functions. (…). Without consistent interaction, individuals
become atomized, performing distinct social functions but not acquiring a sense of mutual need.”
Densidade Dinâmica – “Normally, the division of labor requires what Durkheim calls ‘dynamic
density’, which is not only density of population (an inevitable result of urbanization), but a high
frequency of interaction.”
Solidariedade orgânica – “This mutual dependence creates a sense of shared destiny around which
individuals can coalesce.”
“I say constraint, and not guidance, because anomie is above all a moral concern. It is not that
society should tell us what to do, but rather, that it should tell us what we must not do: it
constrain our desires.”(pg. 11)
Anomie in Suicide
Apresenta uma transição entre um debate econômico sobre a noção de anomia e um debate
filosófico. Tem importância equivalente ao segundo prefácio da Divisão Social do Trabalho.
Individuos não se regulam por conta própria. É necessário uma disciplina de uma autoridade
respeitada pelo indivíduo e frente a qual ele se submete – autoridade compreendida na forma de
sociedade. “Society is the only moral power superior to the individual whose superiority the
individual accepts. It alone has the necessary authority to state the law and to set the point
beyond which the passions may not go (1897/2006:272).” Sociedade é uma força reguladora do
indivíduo. Pg. 14
“When social facts [Num disse!?] do not properly constrain desire, society has failed to perform its
essential function. It was not by accident that Durkheim used ‘social’ and ‘moral’ interchangeably:
he felt that only through shared moral constraints (the conscience collective) could individuals live
together in a stable society. If morality is the set of constraints governing society, then society is
the set of constraints governing morality; they are one and the same.” Pg. 15
“So the pain of anomie is not merely that of unmet desire. It also comes from the profound
confusion—Durkheim says dérèglement or “madness”—of living in a society without proper
ethical rules (Meštrović 1987). When the rate of change in a society occurs faster than new
constraints can form (“acute anomie”) or when those constraints simply do not exist (“chronic
anomie”), the individual is literally unable to be moral. One’s moral character is no longer secure;
suddenly all venues are open to pursuit, and desire and madness emerge in equal measure.”
Diferencia fato social de norma e valores sociais. O fato social compele e age coercitivamente pela
inclusão do indivíduo na sociedade, enquanto os valores derivados de uma tradição podem infligir
sobre a moral individual. Ele utiliza, por exemplo, a noção de liberdade individual e escolha
presente no imaginário das sociedades ocidentais. Essas normas seriam capazes de gerar condição
anômica, inves de remedia-la.
“If there is any simple definition of anomie, this is it: the suffering caused by unrestrained desire.
Everything else follows from this principle. All the symptoms of anomie – anxiety, weariness,
disenchantment, unease, agitation, discontent, and groping, as Durkheim variously wrote – are
linked to ‘frustrations of desire’. (...) It is desire that is painful – specifically, the overflow of desire
that social facts have not properly constrained. When this desire becomes overwhelming, it leads
us to take our own lives.” Pg. 16
O suicídio anômico é portanto a forma mais drástica da condição anômica. Coleman aponta nesse
caso uma crítica a Durkheim, a anomia não seria revelada somente pelo suicídio – este é somente
um ponto no spectrum da anomia, um ponto estrategicamente irrevogável proposto pelo francês.
Argumento conhecido. Base para a discussão sobre o suicídio na sociedade frances, Durkheim
estabelece a influência da mudança econômica sobre a psique do indivíduo – distúrbios na ordem
coletiva – resultantes em sofrimento individual. Analisa, portanto, que tanto em períodos de
crescimento como de crise econômicas, há aumento na taxa de suicídios.
“In the event of an economic disaster, there is something like a ‘declassification’ which suddenly
casts certain individuals into a situation below that which they previously occupied. They
consequently have to lower their demands, to restrict their needs and learn to restrain themselves
more. As far as they are concerned, all the fruits of social action are lost and their moral education
has to be redone. But it is not possible for society to subject them to this new life instantaneously,
and teach them to exercise this additional restraint on themselves when they are not accustomed
to it. The outcome is that they are not adjusted to the condition that they occupy and the very
prospect of it is intolerable to them. Hence the sufferings that detach them from a diminished
form of life even before they have experienced it (1897/2006: 276)” pg. 18 – apud. Durkheim
Anômia crônica – o aumento de riqueza produz anomia a partir da satisfação do indivíduo com sua
condição e incapacidade de lidar com o aumento do desejo e a imaginação irrefreada.
“Indeed, this is probably why he distinguished between integration and regulation, a contrast
many theorists have claimed not to understand. The latter refers only to social facts— moral
constraints on individual will—but not all norms and values are constraining. Some, as
Protestantism shows us, actually demand the exercise of the will. “ p. 27
A meu ver são dois fatores presentes no cerceamento social do individuo. Não podem ser
pensamentos individualmente, ambos se referem ao fato social.
Ainda assim, a depressão não é um problema inquestionavelmente americano. Coleman faltou nas
aulas sobre modernidade e globalização, ao que parece. É um problema em crescente disparada
desde a década de 80 por razões econômicas e sócioculturais. Uma falácia similar seria afirmar
que a violência nos manicômios e a negligência de responsabilidade é um problema
exclusivamente brasileiro.
“This is a crisis, and it is shocking that sociologists have not been more vocal. Psychologists have
certainly had their say, but since psychology is (primarily) a study of the human brain, how could it
possibly explain the rise in depression and anxiety, excepet to say that American brains are
suddenly prone (as never before) to a whole host of mental illnesses?” pp. 121-122
Para Coleman, a sociedade Americana gera como fato social um ciclo contínuo de depressão. O
estímulo recebido pelo indíviduo para “nunca desistir de seus sonhos” (“we are told never to give
up on our goals!”) produz frustrações repetidas. Se a depressão permitiria proteger o indivíduo de
objetivos inatingíveis, o desejo não é frustrado e continua a levá-lo a decepções. O resultado é
uma situação profunda de melancolia. Isso parece muito livro de auto-ajuda.
“Depression, as I have hoped to show, is merely a keen form of the anomie Durkheim described. It
is the painful gap between desires and the ability to fulfill them. In other cultures (especially those
influenced by Buddhism), depression is less of a problem—tremendous value is placed on
“detachment,” accepting that what we want may never come to fruition.” P. 126
“This relative limitation and the moderation that results are what make men content with their lot,
while at the same time giving them moderate encouragement to improve it; and it is this average
contentment that gives rise to feelings of calm, active happiness, to the pleasure at being and
living which, for societies as for individuals, is a sign of health (1897/2006: 274, emphasis added).”
[Tirar conclusões pós-almoço!]
Ainda assim, os excertos parecem mais ricos do que Coleman tira proveito. Não é somente uma
noção de felicidade ou satisfação individual, a noção tem de ser revertida por aspecto social.
Conclusions:
Além da depressão e ansiedade como características da crise anômica, há também esquizofrenia e
transtorno bipolar, histeria em massa. Depressão e ansiedade são os termos mencionados por
Durkheim que se relacionam com anomia.
“As Ethan Watters explains in his brilliant work Crazy Like Us, societies typically draw from
a “symptom pool” of recognized illnesses. This radical claim deserves some elaboration: Watters
writes that individual disorders are often manifestations of a larger social ill. The vague social
unease we feel during, say, the modernization process (Stearns 2012: 24) expresses itself in
different forms depending on particular social circumstances. [...]What I am getting at is that
depression and anxiety may serve the same purpose today. Certainly, the two are more
complicated—there is much evidence for biological as well as environmental causes—but the
prevalence of these phenomena indicates that they are part of the symptom pool. Indeed, there is
no stronger evidence that this is the case than the fact that both are over-diagnosed. Nearly
everyone who seeks out a therapist will be diagnosed with an anxiety or mood disorder, if they so
desire. Diagnosis is the cultural means by which we validate one another’s pain; not to diagnose
would be to deny one’s lived experience.
As I have illustrated, anomie is a social problem whose individual expression varies.
The anomic condition produces symptoms as diverse as anxiety, weariness,
disenchantment, unease, agitation, discontent, and groping. We have already shown how anomie
causes depression and anxiety; I would like to go further and suggest that anomie could cause
many other symptoms, depending on cultural factors. Indeed, anomie could probably cause any
symptom—restless limbs, uncontrollable screaming, haunting by one’s ancestors—as long as
these are part of the symptom pool.
While Durkheim explicitly tied anomie to mental health, he surely recognized the potential
for cultural variation. Depression and anxiety may be good measures of anomie in the United
States, but not in other countries. But because they are so prevalent here, and serve as legitimate
expressions of social unease, they may help us to track changes in the anomic current.” Pp. 130-
131 [Tirar conclusões pós-almoço!]
ARTIGOS
Resumo: Artigo teórico procura trazer a análise histórica da sociologia do desvio, em particular as
teorias interacionistas. Foco em escola de Chicago, Goffman e Becker e comenta tendências nas
causas do desvio: funcionalismo, anomia e culturalismo.
Parte inicialmente da definição de Downes & Rock: “a sociologia do desvio não é uma
disciplina coerente em seu conjunto, mas uma coelção de versões relativamente independentes
dentro da sociologia.” [Condiz com a minha afirmação sobre o pensamento de durkheim e
goffman não propriamente concatenado]
“No final do século XIX o departamento de sociologia da Universidade de Chicago assume
um papel decisivo na ordenação dos textos, às vezes especulativos, sobre o crime na sociedade
americana.”
Reforça o argumento de que a sociologia de Chicago volta seus olhares na virada do século
para a própria cidade de Chicago, onde são notadas séries de questões sociológicas. A partir dos
bairros são mapeadas as relações de imigrantes e o aumento da população, ao mesmo tempo que
são percebidas identidades em emergência entre suas regiões. Ao que Rita afirma: “Para alguns
grupos sociais o ‘desvio’ tornou-se um modo alternativo de sobrevivência que substituía o modelo
tradicional das instituições americanas.”
É a partir desse momento o aprofundamento das pesquisas sobre crime e delinquência na
Escola de Chicago. Rita também aponta o enfoque ‘ecológico’ sobre o desvio nesse momento,
“apoiando-se em modelos de relações sociais num meio geográfico.” Park & Burgess privelegiam
esse estudo ao analisar os fenômenos de imigração e desintegração social.
“A origem da Escola de Chicago é marcada por essas abordagens espaço-temporais. Em
seu conjunto, as análises sociológicas propostas pela Universidade de Chicago se inspiravam no
pragmatismo, no sentido em que tanto as idéias científicas quanto as idéias a respeito do
cotidiano repousavam na experiência. Tais análises incluíam o modo de vida de alguns grupos
sociais, suas relações sociais, a censura de que eram objeto e a punição que eventualmente lhes
era infligida por outros grupos sociais.”p. 187
O estudo do fenômeno do desvio baseia-se no aprofundamento de “princípios ligados às
definições de normas de vida em sociedade.” Algo que, querendo ou não, a anomia também já
compreende. Utilizando Faugeron, o desvio é associado à diferença, sendo o desviante o referente
diferente no grupo social.
George Mead fornecerá a base fundamental e teória sobre a teoria interacionista do
desvio a partir da década de 1920. Ao tempo dessa construção, o interacionismo estabelece o
rompimento com demais correntes teóricas sobre o desvio. O aspecto central dessa dinâmica,
segundo Durand & Well é a construção da sociedade através da”dinâmica dos atos sociais, ou
troca entre as pessoas ou interações.” Rita aponta, com razão, que isso serve para construir as
origens desse fenômeno na sociedade através das interações sociais. Isso também se aproxima de
nosso intuito, não justificar as causas do desvio voltada à saúde mental em indíviduos sociais, mas
compreendê-lo histórico e sociologicamente.
O funcionalismo, a anomia e o culturalismo estão intimamente relacionados, segundo Rita,
para a compreensão do desvio na sociedade. Este último não interessa tanto a nós no momento.
Ela passa, portanto, a construir historicamente o debate principalemte a partir de Durkheim, e
depois desse da antropologia, para compreender como a teoria funcionalista próxima ao francês e
a construção do conceito de anomia são importante à teoria do desvio.
Visualizando Durkheim, ela resgata a relação do funcionalismo com o corpo orgânico e a
construção do organismo social. Porém, seguindo cegamente Downes & Rock, ela afirma
erroneamente que as funções correspondidas entre o organismo para com os fenômenos sociais
tendem a lógica evolucionista. Durkheim não está pensando no evolucionismo, mas no progresso
social – elas detém valores distintos. Merton, em seu texto clássico, Social Structure and Anomie,
demonstra um equilíbrio da estrutura social. Em disassociação a Durkheim, o comportamento
desviante não é derivado das condições biológicas, mas da situação social. Distanciando dessa
forma, a função biológica dentro do desvio e aproximando-o de fatores psicológicos ou
psicossociais. Algo que Rita irá polarizar frente a antropologia funcionalista de Malinowsky e
Mauss, mas que muito bem poderia incluir Radcliffe-Brown.
“No seu conjunto, as teorias funcionalistas tentam estabelcer uma constituição bio-
antropológica ou sócio-patológica da sociedade. Essa corrente é geralmente criticada no que diz
respeito à aceitação não-crítica das estatísticas oficiais, à permeabilidade a um sistema de valor
uniforme na sociedade e a uma concepção do ‘desvio’mais patológica que problemática. (cf.
Downes & Rock, 1988).”
Esta visão funcionalista é algo aproximado de Durkheim, no qual o desvio assume a
imagem de patologia da sociedade. (?)
Durkheim e anomia: “Outro enfoque para analisar o desvio é a teoria da ‘anomia’
durkheimniana, associada aos associada aos aspectos da desorganização estrutural e funcional da
sociedade. Para Durkheim, o desregramento de uma sociedade corresponde à inadaptação social
de seus membros. Boudon & Bourricaud (1982) constatam que o conceito de anomia não tem
exatamente o mesmo significado em O Suicídio e em Da divisão do trabalho social. No que diz
respeito ao segundo, os autores analisam o que Durkheim denomina ‘as rupturas parciais da
solidariedade orgânica’. Eles observam a descrição de certos fenômenos que aparecem como
incompatíveis com a imagem da ‘sociedade-organismo’ inerente a essa noção de ‘solidariedade
orgânica’ (por exemplo, as falências, o antagonismo entre trabalho e capital). Quanto a O Suicídio,
Boudon & Bourricaud apontam o raciocíni de Durkheim:
O mundo da indústria e do comércio é por essência anômico no sentido em que as normas
às quais estão sujeitos os atores sociais lhes deixam uma margem de autonomia. Essa autonomia
conduz, no plano coletivo, aos efeitos de ‘ruptura de solidariedade orgânica’ (crises) e, no plano
individual, à exposição ao risco, à incerteza, eventualmente ao fracasso e à confusão (B&B, 1982, p.
21)
Segundo o Downes & Rock (1988), Durkheim faz dois usos distintos do conceito de
anomia. Em “Da divisão do trabalho social”, o autor caracteriza o estado patológico da economia.
Em “O suicídio”, o conceito designa o estado mental patológico dos indivíduos insuficientemente
regulados pela sociedade.”
Boudon & Bourricaud, analisando os argumentos finais em Da divisão social do trabalho,
alegam/afirmam se tratar de uma sociedade cujos indivíduos são guiados (eu diria constraint) por
uma moral - compreendida em valores e normas – a participarem ativa e solidariamente da divisão
do trabalho em sua compreensão sistêmica. Para os autores: “a noção de anomia evoca, no vazio,
o apego de Durkheim ao modelo simplificador e contestável assimilando sociedade e organização,
ou seja, sociedade e organismo.” (B&B, 82, p.21 apud Rita) Sendo assim, a anomia seria um
conceito esvaziado e simplista, única carcaça a manter o sentido de organismo dentro de uma
lógica sistêmica e estrutural. (Existem, e como! Opiniões contrárias a esta)