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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História

HO171 - HISTÓRIA
ECONÓMICA II
Da Revolução Industrial à Partilha de África

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
CED
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passivel a
processos judiciais.

Elaborado Por dr. Luís ,

Licenciado em ensino de História pela UP- Beira,

Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino de História no Centro de Ensino à


Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância-CED
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa·
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

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Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Luís Manuel Chazoita e Johane Faz-Tudo, gostaria de agradecer a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela revisão final dr. Edgar Quinicie

Pela Coordenação edição dra Georgina Nicolau


i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a História Económica II Da Revolução Industrial à Partilha de África............ 1
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 3
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 3
Como está estruturado este módulo................................................................................ 4
Ícones de actividade ...................................................................................................... 4
Acerca dos ícones ........................................................................................ 5
Habilidades de estudo .................................................................................................... 5
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 6

Unidade I 9
A Revolução Industrial .................................................................................................. 9
1.1. Definição e surgimento da Revolução Industrial ............................................ 9
1.2. Causas da emergência da Revolução Industrial ............................................ 10
1.3. As Fases da Revolução Industrial ................................................................ 11
1.3.1. A primeira fase da Revolução Industrial ................................................... 12
1.3.2. A Segunda Fase da Revolução Industrial .................................................. 13
1.3.3. A Terceira Fase da Revolução Industrial ................................................... 14
Sumário ....................................................................................................................... 15
Exercícios.................................................................................................................... 15
Unidade II ................................................................................................................... 15
A Revolução Industrial ................................................................................................ 15
2.1. A especialização de trabalho no decurso da Revolução Industrial ................ 16
2.2. Consequência da Revolução Industrial ......................................................... 17
Sumário ....................................................................................................................... 18
Exercícios.................................................................................................................... 19

Unidade III 20
A Revolução Industrial e a consolidação do novo modo de produção .......................... 20
3.1. Acumulação e Concentração de Capital ....................................................... 20
3.1. O novo modo de roducao – o Capitalismo.................................................... 24
3.2.1. Breve historial do Novo modo de Produção ..................................... 24
Luta entre a pequena e a grande produção na agricultura. 25
ii

Sumário ....................................................................................................................... 25
Exercícios.................................................................................................................... 26

Unidade IV 26

As Teorias Socialistas no decurso da Revolução Industrial 26


4.1. Principais teóricos socialistas ....................................................................... 27
Sumário ....................................................................................................................... 29
Exercícios.................................................................................................................... 29

Unidade V 30
A Revolução Agrícola ................................................................................................. 30
5.1. Definição e surgimento da Revolução Agrícola ........................................... 31
5.2. As transformações agrícolas: o processo de apropriação de terra .................. 32
5.2.1. A Agricultura Europeia no Século XIX no processo da sua Modernização 34
Sumário ....................................................................................................................... 35
Exercícios.................................................................................................................... 36

Unidade VI 36
A Revolução Agrícola ................................................................................................. 36
6.1. A Agricultura no Mundo Extra-Europeu ...................................................... 37
6.2. A Crise Agrícola nos Anos 80 do Século XIX: ensinamentos para Revolução
Verde em Moçambique ...................................................................................... 39
Sumário ....................................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 40

Unidade VII 41
Burguesia x Proletariado Capital x Trabalho ................................................................ 41
7.1. O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o proletariado.................. 41
7.2. O Capital e o trabalho na economia capitalista ............................................. 42
Sumário ....................................................................................................................... 44
Exercícios.................................................................................................................... 44

Unidade VIII 45
O Capitalismo Industrial<> ......................................................................................... 45
Introdução ............................................................ Erro! Marcador não definido.
8.1. Conceito de Capitalismo Industrial .............................................................. 45
Sumário ....................................................................................................................... 47
Exercícios.................................................................................................................... 47

Unidade IX 48
O Imperialismo, Século XIX e XX .............................................................................. 48
Introdução .......................................................................................................... 48
iii

9.1. Definição e Caracterização de Imperialismo ................................................ 49


9.2. Estudiosos, do Imperialismo ........................................................................ 51
Sumário ....................................................................................................................... 52
Exercícios.................................................................................................................... 52

Unidade X 52
O Imperialismo, Século XIX e XX .............................................................................. 52
Introdução .......................................................................................................... 52
10.1. Principais países imperialistas .................................................................... 53
10.2. Alguns exemplos do Imperialismo Britânico .............................................. 53
Sumário ....................................................................................................................... 54
Exercícios.................................................................................................................... 54

Unidade XI 55
Contradições Imperialistas ........................................................................................... 55
Introdução .......................................................................................................... 55
11.1. Expansão Imperialista ................................................................................ 55
11.2. A Conferencia de Berlim ........................................................................... 57
Sumário ....................................................................................................................... 58
Exercícios.................................................................................................................... 58

Unidade XII 59
África Diante do Desafio Colonial ............................................................................... 59
12.1. Razões Económicas que levaram a colonização de África .......................... 59
Sumário ....................................................................................................................... 63
Exercícios.................................................................................................................... 63

Unidade XIII 64
The Scramble for África, A Partilha de África ............................................................. 64
13.1. Antecedentes ............................................................................................. 64
13.2. Teorias da Partilha ..................................................................................... 66
Sumário ....................................................................................................................... 70
Exercícios.................................................................................................................... 70

Unidade XIV 71
A Conferência de Berlim ............................................................................................. 71
Introdução .......................................................................................................... 71
14.1. Antecedentes da Conferência ..................................................................... 72
14.2. Sua Realização .......................................................................................... 72
iv

Sumário ....................................................................................................................... 75
Exercícios.................................................................................................................... 76

Unidade XV 78
A Modernização da Economia Mundial ....................................................................... 78
Introdução .......................................................................................................... 78
Sumário ....................................................................................................................... 81
Exercícios.................................................................................................................... 81

Unidade XVI 82
Trafico de escravos............................................................................................. 82
Sumário ....................................................................................................................... 87
Exercícios.................................................................................................................... 88

Unidade XVII 89
O papel de África na Economia do Mundo – África do norte e Oriental ....................... 89
17.1. O Egipto. O Magreb. O Marrocos ...................................................................... 89
Economia ........................................................................................................... 90
Criação de Animais ............................................................................................ 90
Comércio............................................................................................................ 90
Transportes......................................................................................................... 91
Agricultura ......................................................................................................... 91
Forjamento de Metais ......................................................................................... 91
Agricultura ......................................................................................................... 92
17.2. Economia Etiópia ............................................................................................... 93
Sumário ....................................................................................................................... 94
Exercícios.................................................................................................................... 94

Unidade XVIII 95
O papel de África na Economia do Mundo – África Central e Austral ......................... 95
Introdução .......................................................................................................... 95
 cracterizara a economia do Sahel – Sudão Congo e os reinos ovimbundos de
Angola no periodo da dominacao colonial ......................................................... 95
 cracterizara a economia da África Austral : Madagascar e a África do Sul
no periodo da dominacao colonial ...................................................................... 95
18.1. A África Austral : Madagáscar e a África do Sul........................................ 95

África do Sul: perspectiva económica 96


Crescimento económico ............................................................................ 97
Desafios: fornecimento de energia ............................................................. 98
v

Sumário ....................................................................................................................... 98
Exercícios.................................................................................................................... 98

Unidade XIX 99
Economia de Moçambique nos séc. XVI-XIX ............................................................. 99
Sumário ..................................................................................................................... 102
Exercícios.................................................................................................................. 103
2. Quais foram as principais actividades económicas que caracterizaram
Moçambique no período pré colonial? .............................................................. 103

Unidade XX 103
Economia de Moçambique nos séc XIX-XX.............................................................. 103
Sumário ..................................................................................................................... 108
Exercícios.................................................................................................................. 108
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 109
1

Visão geral
Bem-vindo a História
Económica II Da Revolução
Industrial à Partilha de África
A Revolução Industrial transformou significativamente a vida da
humanidade, e na pior das hipóteses ela engendrou ódio entre a burguesia
e o proletariado na qual esta última a sua sobrevivência fez com que
emergissem defensores que pretendiam uma “equidade’’ entre estas duas
classes sociais, a burguesia e o proletariado.

A industrialização não é um processo acabado, como sublinha Eric


Hobsbawm, no seu decurso se atinge o Capitalismo Industrial, causou a
procura de novos espaços territoriais tanto para pôr mercadorias como
para tirar matéria-prima das colónias, que culminaria na rivalidade entre
as próprias potências imperialistas. Para tentar pôr fim das contendas
havidas entre estas potências, os Imperialistas reuniram-se na capital
alemã, Berlim, no final do século XIX cujas consequências se fazem
sentir até hoje em África que viu a sua total scramble, extinção de
Estados, Impérios e submissão de culturas.

Ainda na procura de novos espaços territoriais em que causou rivalidades


entre as potências Imperialistas, este factor levaria a formação de blocos
militares opostos e de seguida findaria com a Primeira Guerra Mundial
em 1914.

O presente Módulo, História Económica II, resulta de uma análise crítica


de várias bibliografias concernente a Disciplina, e de entre as quais
seleccionou-se e elaborou-se nove unidades subdivididas em
subunidades.
2

O seu objectivo é adoptar o estudante de História conhecimentos básicos


sobre História Económica da Idade Contemporânea séc. XVIII e XIX,
que para este Módulo, inicia com a Revolução Industrial e termina com a
Partilha de África, ou seja, Scramble for África, e as consequências do
processo da industrialização.

O Módulo inicia com uma Unidade sobre “A Revolução Industrial’’, na


qual se faz a conceptualização e caracterização do processo da
Industrialização.

A Segunda Unidade deste Módulo intitula-se “Teorias Socialistas no


Decurso da Revolução Industrial’’. Aqui, analisa-se as duas teorias sobre
o socialismo, sendo a primeira, utópica e a segunda cientifica que se
assenta em Karl Marx.

A Terceira Unidade debruça-se sobre “A Revolução Agrícola’’. A


Unidade debruça-se sobre os pioneiros da Revolução Agrícola que eram
figuras políticas, agricultores influentes e instituições de ensino agrárias.
A Unidade chama a nossa atenção, no caso de Moçambique actual em
que se debate com a Revolução Verde, que o sucesso desta Revolução no
País depende em grande medida de um debate aberto profundo e à
prática. Neste sentido, a Unidade demonstra as soluções depois de uma
crise da Revolução Agrícola.

E mais ao fim do Módulo aborda-se a partilha de África e Conferência de


Berlim cujas consequências se ressentem hoje em África, como a divisão
de fronteiras e inclusão de algumas tribos noutras.
3

Objectivos da cadeira
Quando terminar o estudo de História Económica II - Da Revolução
Industrial à Partilha de África; o cursante será capaz de:

 Explicar a Revolução Industrial;


 Explicar as Teorias Socialistas no Decurso da Revolução Industrial;
 Descrever a Revolução Agrícola;
 Caracterizar o Capitalismo Industrial;
Objectivos
 Descrever o Imperialismo no Século XIX e XX;
 Explicar as contradições Imperialistas, dos finais do séc. XIX até a Iª
Guerra Mundial;
 Descrever a África Diante do Desafio Colonial: a Invasão do
Continente;
 Compreender a Partilha de África;
 Compreender a Conferência de Berlim.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distância.
Estende  se a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre
a História Económica II.
4

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumario da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
5

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por
dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-te
que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a
data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar
(sozinho, com colegas, outros).

Lembre-te que o teu sucesso depende da tua entrega, tu és o responsável


pela tua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir,
controlar e avaliar o teu próprio progresso.
Evite plágio.

Precisa de apoio?
Caro estudante:
Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção. Em caso de


problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa
fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da
natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante
6

que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período


presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor

Avaliação
Tu serás avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para


os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.


Nesta cadeira o estudante deverá realizar: realizar 3 (três) trabalhos, 2
(dois) teste e 1 (um) exame.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações,
os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência
textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito pelos
7

direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão


indicados no manual. Consulte-os.
9

Unidade I
A Revolução Industrial
Objectivo geral

Compreender o processo da revolução industrial na evolução da


humanidade.

Objectivos específicos
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Revolução Industrial;

 Explicar as causas da emergência da Revolução Industrial na


Objectivos Inglaterra;

 Identificar as fases desta Revolução;

 Caracterizar as fases da revolução industrial;

1.1. Definição e surgimento da Revolução Industrial

A mecanização industrial a partir da segunda metade do século


XVIII, iniciada na Inglaterra para o sector da produção trouxe
grandes mudanças de ordem tanto económica quanto social,
contribuindo para o desaparecimento de modo de produção feudal e
a implantação do modo de produção capitalista. A esse processo
denominou-se de Revolução Industrial - o processo histórico que
levou a substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia
humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico
pelo sistema fabril constituiu a produção industrial.

O termo Revolução Industrial foi inventado por um grupo de


socialistas ingleses e franceses, por volta de 1820, supostamente
por analogia com a revolução política da França. A revolução
10

industrial como tal já existia na Inglaterra, antes de a expressão se


generalizar.

Assim, é comum entre os historiadores, com dados conviventes


como estatísticos, mostrarem que algures nos anos de 1780 a
Revolução Industrial arrancara. Porém, observa-se com nitidez, a
partir dos meados do séc. XVIII, o processo ganhar ímpeto para o
arranque, onde os historiadores mais antigos datam a revolução
industrial de 1760.

Segundo Obstam, a Revolução Industrial não foi efectivamente um


episódio com princípio e fim. O processo ainda esta em curso. Na
Inglaterra, o período do inicio da industrialização coincidira quase
exactamente com o período dos anos 1780, Porém, a revolução em
si, o período de arranque, data de algures, entre 1780 e 1800, logo e
contemporâneo da Revolução Francesa, embora o início seja
ligeiramente anterior.

1.2. Causas da emergência da Revolução Industrial


O início do processo industrial na Inglaterra deve-se,
principalmente, aos seguintes factores:

 A acumulação de capitais com o comércio internacional;

 O derrube do absolutismo e do mercantilismo inglês com a


revolução burguesa, possibilitando maior desenvolvimento
da produção manufactureira e do comercio;

 A revolução agrícola que consistiu no aprimoramento das


técnicas de cultivo e de criação, impulsionou o aumento de
produção e demográfico;

 A existência na Inglaterra de grandes quantidades de


matéria-prima como carvão mineral, ferro e algodão;
11

 A promulgação dos Actos de Navegação de 1651, em que a


Inglaterra saia com maior proveito em comparação a
outras potências colónias,

 O fomento das relações coloniais pelo Banco da Inglaterra


conjuntamente com a Companhia das Índias, estimularam a
produção de algodão

 O desaparecimento dos pequenos proprietários devido aos


cerceamentos estimulou a com técnicas e instrumentos
inovadores

 A eliminação de barreiras alfandegárias internas e o


estabelecimento de uma rede mais densa de estradas e de
canais.

Estes são alguns dos factores que ditaram com que a Inglaterra
fosse uma supremacia mundial e consequentemente favoreceram a
emergência da Revolução Industrial naquele país.

. A mecanização da indústria têxtil logo foi aplicada no sector


metalúrgico, tendo as instituições financeiras servido de respaldo
aos crescentes investimentos.

1.3. As Fases da Revolução Industrial

Como acima referimos, que a revolução industrial arrancou na


Inglaterra, mas esta revolução o seu processo duro ate aos nossos
dias, por isso a escala mundial pode se distinguir quatro fases no
processo da industrialização:
12

1.3.1. A primeira fase da Revolução Industrial


Esta fase da Revolução Industrial compreende o período desde
1760 a 1850, esta fase a revolução se restringiu apenas a Inglaterra,
marcada por:

 Invenções técnicas como máquina de fiar de James


Hargreaves, de 1767, o tear hidráulico, de Richard
Arkwright, de 1768, e o tear mecânico de Edmund
Cartwright, de 1785. Todos esses inventos ganharam
maior capacidade quando passaram a ser acoplados a
máquina à vapor, inventada por Thomas Newcom, em
1712, e aperfeiçoada por James Watt em 1765.

 Mecanização do sector têxtil e aumento da produção e


geração de capitais, que eram reaplicados em novas
máquinas. Cuja produção tinha amplos mercados nas
colónias, inglesas ou não, da América, África e Ásia na
segunda metade do séc. XVIII

Após o sector têxtil, a mecanização alcançou o sector metalúrgico,


impulsionou a produção em serie e levou a modernização e
expansão dos transportes.

A descoberta do vapor como força motriz, além de impulsionar a


produção industrial, atingiu também os transportes. Em 1805, o
norte-americano Robert Fulton revolucionou a navegação marítima
criando o barco ao vapor e, em 1814, George Stephenson
idealizou a locomotiva ao vapor.

Na década 30 do séc. XIX, começaram a circular os primeiros


transpõe de passageiros e cargas. Além disso, a impressão de
13

jornais, revistas e livros com o uso do vapor impulsionou as


comunicações e a difusão cultural, que permitiram o surgimento de
novas técnicas e invenções. A expansão industrial estimulou o
imperialismo do séc. XIX, verdadeira corrida colonial por novos
mercados.

1.3.2. A Segunda Fase da Revolução Industrial


A segunda fase desta revolução (1850-1900), foi caracterizada por
expansão da revolução industrial que alcançou outros continentes e
o resto do mundo, atingindo a Bélgica, a França, e posteriormente a
Itália, a Alemanha, a Rússia, os Estados Unidos e o Japão, novas
invenções e novas fontes de energia; tais como:

 A descoberta da electricidade e o petróleo (energia


hidroeléctrica e de derivados de petróleo) a formação do
ferro em aço, as invenções do automóvel e do avião, e mais
tarde dos meios de comunicação, como a invenção do
telégrafo, telefone, o desenvolvimento da indústria química
e de outros sectores.

 O desenvolvimento dos meios de transporte, marcada por


ampliação das ferrovias.

Nesta fase pode – se destacar o motor a combustão interna de


Nikolaus Otto, aperfeiçoado por Gottlieb Daimler, Karl Benz e
Rudolf Diesel, que introduziu o uso do petróleo. O uso da energia
eléctrica e do petróleo permitiu a intensificação e diversificação do
desenvolvimento tecnológico. Cresce concorrência e desenvolve-se
a indústria de bens de produção.

Os avanços científicos
A descoberta de novas técnicas foi possível graças aos avanços
científicos. Em 1905, Albert Einstein formulou a teoria da
relatividade, na qual apresentou uma nova explicação do Universo.
14

Os estudos de óptica e a termodinâmica revolucionaram a física. Os


estudos da radioactividade lançaram as bases para o conhecimento
da energia atómica.
Os raios foram utilizados pela primeira vez em 1895.
Em 1870, o russo Mendeleiev divulgou a tabela periódica de
química, classificando todos os corpos, inclusive os elementos
desconhecidos pelo homem. Em 1866, o sueco Nobel inventou a
dinamite.

Na biologia, o francês Louis Pasteur realizou avanços notáveis no


campo da bacteriologia. A pasteurização dos alimentos, eliminando
bactérias prejudiciais, foi uma de suas grandes descobertas. As
vacinas contra doenças e a anestesia
Foram descobertas do fim do século. No campo da psicologia, o
austríaco Sigmund Freud foi o criador da psicanálise, a disciplina
que estuda o inconsciente

1.3.3. A Terceira Fase da Revolução Industrial


A terceira fase (1900-1980) esta revolução ganhou impulso na
segunda metade do séc. XX. Suas características estão associadas:

 Avanços ultra-rápidos como na microelectronica, na


robótica, na química fina, uma informática dos serviços e
na biotecnologia.

 Formam-se conglomerados indústrias multinacionais, a


produção se automatiza, intensifica-se a produção em serie
e a sociedade de consumo de massas com a expansão dos
meios de comunicai.

 Avançam as indústrias químicas e electrónicas engenharia


genética e robótica;

A partir deste período em diante a revolução tecnológica ganha


enorme impulso com a disseminação da informática com o
surgimento da internet.
15

Sumário
A Revolução Industrial processa, que iniciou-se na Inglaterra, de
grandes transformações que trouxeram grandes mudanças de ordem
económica e social, causando o desaparecimento do feudalismo e a
implantação do modo de produção capitalista.

Exercícios
1. Defina Revolução Industrial.
2. Indique os factores que contribuíram para o da Revolução na
Inglaterra.
3. Refira-se das fazes da Revolução Industrial.
4. Caracterize as fases da Revolução Industrial.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

Unidade II

A Revolução Industrial

Objectivo geral

Compreender o processo da revolução industrial na evolução da


humanidade.

Objectivos específicos
16

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar como é que a Revolução Industrial na Inglaterra contribuiu


para a especialização de trabalho;

Objectivos  Explicar o impacto socioeconómico e político da Revolução;

2.1. A especialização de trabalho no decurso da Revolução


Industrial
Na busca dos maiores lucros em relação aos investimentos feitos,
levou-se ao extremo a especialização do trabalho. Além disso,
ampliou-se a produção, passando-se a produzir artigos em serie, o
que tornava barato o custo por unidade produzida. Surgiram as
linhas de montagem, esteiras rolantes por onde circulavam as partes
do produto a ser montado, de modo a dinamizar a produção.

Implantada primeiramente na indústria automobilística Ford, as


esteiras levavam o chassi do carro a percorrer toda a fábrica. Dos
lados delas ficavam os operários, que montavam o carro com peças
que chegavam a suas mãos em outras esteiras rolantes. Esse
método de racionalização da produção em massa foi chamado de
fordismo, também ligado ao princípio de que a empresa deveria
dedicar-se a apenas um produto, além de dominar as fontes de
matérias-primas. O fordismo integrou-se as teorias do engenheiro
norte-americano Frederick Winslow Taylor, O taylorismo, que
visava buscar o aumento da produtividade, controlando os
movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção.

Essa forma de produção em serie proporcionou o surgimento de


grandes indústrias e a geração de grandes concentrações
económicas, que culminaram nas holdings, trustes e carteis.
17

2.2. Consequência da Revolução Industrial

O surgimento da mecanização industrial operou significativas


transformações em quase todos os sectores da vida humana.

Assim na estrutura socioeconómica;

- Surgimento de duas classes burguesia (a detentora de capital) e o


proletariados (os trabalhadores assalariados) que vendias a sua
forca de trabalho para garantir a sua sobrevivência;

- Eliminação da corporação de artesão e uso de ferramentas


submissão a disciplina da fábrica passando a uso de máquinas na
produção; crescimento das cidades; inicio das doenças profissionais
e más condições de trabalho;

- Marcou o inicio de conflitos (luta de classes) entre o


proletariados e a classe burguesa devido a sujeição de maus tratos e
baixos salários, e longas horas de trabalho;

- os trabalhadores associaram-se em organizações trabalhistas


como as Trade Unions, que buscavam catalisar as insatisfações e
organizar a luta da classe operária, e surgiram ideias e teorias
preocupadas com o quadro social da nova ordem industrial.
Estabeleceu-se, claramente, a luta de interesses entre a burguesia e
o proletariado.

- O estabelecimento definitivo da supremacia burguesa na ordem


económica;

-acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da


classe operaria.

Na estrutura política;
18

- Inaugurou uma nova época, na qual a política, a ideologia e a


cultura gravitariam entre dois pólos, a burguesia industrial e o
proletariado.

- Fixou as bases do progresso tecnológico e científico, visando a


invenção e ao aperfeiçoamento constante de novos produtos e
técnicas para o maior e melhor desempenho industrial. Abriu
também as condições para o imperialismo colonialista e a luta de
classes.

- A luta de classes conduziu a formação de partidos políticos e


disseminação de ideologias socialistas;

A intensa urbanização e o crescimento económico acelerado


criaram uma nova sociedade, a sociedade contemporânea.
Durante a primeira metade do século XIX, os resultados
desse processo foram os seguintes:
 A expansão do capitalismo industrial fortaleceu a burguesia
capitalista;
 Iniciou-se o processo de concentração urbana da população.
O êxodo rural e a concentração industrial originaram o
proletariado industrial. Em consequência, surgiram agudos
problemas sociais, frutos da desigualdade social;
 O aumento da produção de manufacturas detonou a luta
pelos mercados;
 A civilização europeia, criadora das novas técnicas,
aumentou seu domínio
 Sobre outros povos. Os impérios coloniais europeus se
expandiram
 E se ampliaram durante o século XIX;
 A Inglaterra tornou-se a potência hegemónica. Dominou o
comércio mundial
 Ampliou seu império colonial formal (na África e na Ásia)
e informal (nas Américas).

Sumário
O termo Revolução Industrial foi inventado por um grupo de
socialistas ingleses e franceses, por volta de 1820, supostamente
por analogia com a revolução política da França. A revolução
19

industrial como tal já existia na Inglaterra, antes de a expressão se


generalizar.

Exercícios
5. Em que consiste o fordismo.
6. Explique como se formaram os Truste, Carteis e Holding.
7. O que entende por luta de classes.
8. Mencione as consequências da Revolução.
20

Unidade III
A Revolução Industrial e a
consolidação do novo modo de
produção
Objectivo geral

Compreender como é que a revolução industrial consolidou o novo modo de


produção.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


- identificar o Novo modo de Produção resultante da revolucao indsutrial
Ac - explicar as foramsa de concentração de Capital
– carterizar o modo de Produção capitalista;
Objectivos

3.1. Acumulação e Concentração de Capital

Analisando o processo de constituição da economia mundial que


integra as economias nacionais ao mercado global, observa-se que as
relações de produção são desiguais porque o desenvolvimento de certas
partes do sistema ocorre às custas do subdesenvolvimento de outras.

As relações tradicionais são baseadas no controle do mercado por parte


das nações hegemónicas e isto leva à transferência do excedente gerado
nos países dependentes para os países dominantes, tanto na forma de
lucros quanto na forma de juros, ocasionando a perda de controle dos
dependentes sobre seus recursos. E a geração deste excedente não se
dá, nos países periféricos, por conta da criação de níveis avançados de
21

tecnologia, mas através da super-exploração da força de trabalho


(MARINI, 1991).

Nessas circunstâncias, a acumulação de capital assume suas próprias


características. Em primeiro lugar, ela é caracterizada por profundas
diferenças em nível doméstico, no contexto local de um mercado de
trabalho barato, combinado com uma tecnologia capital-intensiva. O
resultado, sob o ponto de vista da mais-valia relativa, é uma violenta
exploração da força de trabalho, que se dá justamente como
consequência do já mencionado intercâmbio desigual e dos
mecanismos de transferência de valor que ele reforça.

Ocorre que o resultado imediato destes mecanismos é uma forte saída


estrutural de recursos, que traz consigo graves problemas de
estrangulamento externo e restrições externas ao crescimento. E a única
atitude que torna possível às economias periféricas garantir sua
dinâmica interna de acumulação de capital é o aumento da produção de
excedente

Através da super exploração da força de trabalho, “o que implica no


acréscimo da proporção excedente / gastos com força de trabalho, ou,
na elevação da taxa de mais-valia, seja por arrocho salarial e/ou
extensão da jornada de trabalho, em associação com aumento da
intensidade do trabalho” (CARCANHOLO, 2004: 11). Ou seja, a
dinâmica do intercâmbio desigual culmina em super exploração e não
em estruturas capazes de romper com os mecanismos de transferência
de valor, e isto implica necessariamente numa distribuição regressiva
de renda e riqueza e em todos os agravantes sociais já conhecidos deste
processo.
22

Dadas estas características estruturais da dependência, a intenção é a de


identificar, a partir daqui, os aspectos da acumulação capitalista que
explicam o recurso à super exploração do trabalho por parte da
periferia para dar prosseguimento ao seu processo interno de
acumulação. Mais

Especificamente, pretendemos, de início, mostrar a formação de um


exército industrial de reserva como consequência imediata do
funcionamento lei geral da acumulação capitalista, para depois
desenvolver as relações existentes entre esta superpopulação relativa e
os mecanismos de super exploração do trabalho característicos da
dependência e dos processos de transferência de valor (da periferia para
o centro) que lhe são próprios.

A Lei Geral da Acumulação Capitalista

Para levar a cabo a discussão proposta, devemos inicialmente recorrer


ao tratamento daquilo que Marx chamou de “A Lei Geral da
Acumulação Capitalista”, numa tentativa de esclarecer como se dá o
processo de acumulação de capital e qual a sua influência (ou quais são
seus impactos) em relação à classe trabalhadora.

O argumento inicial desta formulação é o de que a procura por força de


trabalho aumenta à medida que se amplia a acumulação, desde que seja
mantida constante a composição do capital, devendo esta última ser
entendida como a composição orgânica do capital. É necessário aqui
esclarecer o significado destes termos.

A composição do capital deve ser apreciada em duas esferas: a esfera


do valor (composição valor ou composição orgânica do capital) e a
esfera material – da matéria utilizada no processo produtivo –
23

(composição técnica do capital). A primeira é determinada pelo valor


dos meios de

Produção e pelo valor da força de trabalho (resultado da soma global


dos salários), ou seja, envolve as proporções nas quais o capital se
divide em constante e variável, respectivamente, e pode ser
representada matematicamente na forma c/v, onde c representa o
capital constante e v diz respeito ao capital variável.

A segunda, a composição técnica, se refere à quantidade de força de


trabalho (FT) necessária para operar determinada quantidade de meios
de produção (MP), tendo em vista que no processo produtivo todo o
capital empregado se decompõe nestes dois factores. Formalmente, a
composição

Técnica se expressa na forma MP/FT, ou seja, quanto de força de


trabalho é necessário para operar uma quantidade dada de meios de
produção.

Como já dito, Marx considera a composição orgânica como sendo a


própria composição do capital (e sempre que se refere àquela utiliza
este último termo). Isto se justifica no reconhecimento de que a
composição orgânica do capital (ou a composição do capital segundo
seu valor) é determinada pela composição técnica – na medida em que
a proporção de valor empregado em meios de produção e em força de
trabalho depende da combinação mesma entre ambos os factores, ou
seja, depende da quantidade de cada um deles que é empregada quando
do ingresso na esfera produtiva – e, ao mesmo tempo, é capaz de
reflectir quaisquer modificações ocorridas nesta combinação de
factores. Dito de outra maneira, se aumenta ou diminui a
produtividade, expressa pela composição técnica, a composição
24

orgânica reflecte isto em valor, embora não necessariamente em termos


proporcionais. Sendo assim, a composição orgânica do capital torna-se
representativa da própria

3.1. O novo modo de roducao – o Capitalismo

3.2.1. Breve historial do Novo modo de Produção

A produção industrial em serie nasceu do desaparecimento gradual e


quase completo do pequeno artesanato e da pequena indústria.

Para compreender esta evolução, é preciso primeiro observar que a


propriedade privada e a produção de mercadorias tornam inevitável a
luta pelo comprador: a concorrência. Quem triunfa nesta luta? Aquele
que sabe conquistar para si o comprador e separa-lo de seu concorrente
(seu rival). Ora, o comprador é atraído principalmente pelo preço mais
baixo das mercadorias. Mas quem pode vender em melhores
condições? É claro que o grande fabricante pode vender mais barato
que o pequeno fabricante ou o artesão, porque a mercadoria lhe custa
menos.
Esta relação deve-se a seguintes diferenças: na indústria é composta
de melhores máquinas, instalação própria e melhores aparelhos, com
incentivos e proteccionismo alfandegário, adquire matérias-primas
importando e moldes industrias; enquanto o artesão ou manufactura, é
composta por máquinas manuais; escassez de recurso produtivo
moderno, com matéria-prima local revendido pelo importador.

As indústrias carecem a vantagem de marketing em relação ao


pequeno produtor. Estas diferenças contribuíram para o
25

desaparecimento das manufacturas e o surgimento dos trusteis e cartéis


cuja produção era em serie.

Luta entre a pequena e a grande produção na agricultura.

As desigualdades entre o pequeno produtor e as grandes indústrias


criaram um ambiente económico de disputa entre a pequena é a grande
produção que se trava na indústria de regime capitalista.
No campo como nas cidades, a grande propriedade está melhor
organizada do que a pequena. O grande proprietário pode lançar mão
de uma boa técnica. As máquinas agrícolas (arados eléctricos, arados a
vapor, ceifadoras, enfeixadoras, semeadoras, batedeiras, etc.) são quase
sempre inacessíveis ao pequeno agricultor ou ao camponês.

A completa utilização das máquinas e dos instrumentos depende do


volume da produção da dimensão do mercado.

Assim podemos afirmar, que em geral, que a pequena produção melhor


se defende na lavoura do que na indústria. Nas cidades, os artesãos e os
pequenos empreiteiros desaparecem muito rapidamente, mas, em todos
os países, a lavoura camponesa se mantém um pouco melhor. Se há,
também, aí empobrecimento do maior número, é ele, muitas vezes
menos aparente.

Sumário
As relações tradicionais são baseadas no controle do mercado por parte
das nações hegemónicas e isto leva à transferência do excedente gerado
nos países dependentes para os países dominantes, tanto na forma de
lucros quanto na forma de juros, ocasionando a perda de controle dos
dependentes sobre seus recursos. E a geração deste excedente não se
26

dá, nos países periféricos, por conta da criação de níveis avançados de


tecnologia, mas através da super exploração da força de trabalho.

Exercícios
1. Relacione a acumulação e a concentração de Capital
2. Refira-se do Novo modo de Produção e o surgimento do
capitalismo
3. Faca um breve resumo do historial do Novo modo de Produção

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo desta unidade em duas páginas.

Unidade IV
As Teorias Socialistas no decurso da Revolução Industrial

Objectivo geral

Compreender o surgimento das teorias socialistas.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as principais teorias socialistas;

 Identificar os seus defensores;


Objectivos  Distinguir a teoria Utópica do Cientismo;
27

4.1. Principais teóricos socialistas


A revolução industrial proporcionou grandes mudaras dentro da
sociedade europeia e fora dela. Uma das mudanças foi o surgimento de
uma sociedade capitalista e uma economia liberal, a chamada laisser
faire e a propriedade privada. Nesta ordem de ideia o Estado passou a
ser pouco activo na vida económica de um país, assim passando a vida
económica do país a ser controlada por um pequeno número de
burgueses.

Como acima refere-se que um dos impactos da revolução foi o


surgimento de duas classes distintas o proletariado e a classe burguesa
que mais tarde originou a luta de classes.

Assim o surgimento das ideias socialistas, explica-se pelos problemas


económicos criados pelo capitalismo, tais como: elevadas horas de
trabalho, baixos salários, a proibição de greves e associações de
trabalhadores, os lacais de trabalho não auferiam segurança. Por
outro lado a sociedade capitalismo caracterizava-se pelo alcoolismo,
prostituição, desemprego, miséria.

Como forma de solucionar esta situação formulam-se numerosas ideias


socialistas criticando o capitalismo e preconizando uma nova
organização da sociedade. Assim, constituíram-se as teorias socialistas
designadas: Socialismo Utópico e científico.

O Socialismo Utópico

Foram assim chamadas por não se terem encontrado os mecanismos


necessários para a eliminação dos males da sociedade capitalista. Estas
teorias tiveram como defensor: Robert Owen, Saint-Saimo; Charles
Fourier.

Robert Owen que defendia a criação de aldeias cooperativas onde o


trabalho agrícola é associado ao industrial e doméstico como também
28

defendia o aumento do salário, melhoria de higiene, educação e


diminuição de horário de trabalho.

Saint-Saimo; Charles Fourier, este último defendia a abolição de


salário.

Em geral os utópicos defendia o estabelecimento de uma sociedade


sem exploração, através de socialização dos meios de produção,
supressão da moeda, produção sem finalidade de lucro, completa
igualdade de direitos.

Socialismo científico

Esta teoria foi assim denominada por não procura constituir


abstractamente uma sociedade ideal, mas sim baseando-se na análise
das realidades económicas, da evolução histórica e do capitalismo,
formula leis e princípios determinantes da história em direcção a uma
sociedade sem classes e igualitária.

Os grandes teóricos desta teoria socialista foram: Karl Marx e


Friedrich Engels, estes dois elaboram a o Manifesto Comunista e o
Capital. Nela ele afirma que os operários devem se organizar como
forca revolucionaria a fim de tomar o poder politico organizando a
ditadura do proletariado.

Na análise marxista, o agente transformador da sociedade é a luta de


classes, onde as c. Ainda na definição marxista, mais-valia
corresponde ao valor da riqueza produzida pelo operário além do valor
remunerado de sua força de trabalho. Essa diferença é apropriada pelos
capitalistas.
29

Marx e Engels elaboraram suas análise com base no método


dialéctico, pelo qual o desenvolvimento de contrários-tese e antítese-
resulta em uma unidade transformada-síntese.

4.2 Os economistas liberais e suas teorias


As teorisa liberais surgem com a exalataco da liberdade politico,
economico e socil pela burguesia apos a revolucao francesa. Os
defenosres do economistas liberais são: jean-jaques rassoeau,
Abraham Lincoln No seculo XIX do capitalismo o liberalismo
assumiu formas distintas:
Liberalismo economico – exlatava o direito de propriedade individual
e a riqueza, opondo-se a intervencao do estado na economia, liberdade
de producao circulacao e venda.
Liberalismo politico – defende governos representativos,
constituicionais e paralamentares.

Sumário
Com processo de industrialização emerge a classe de operário, muito
numerosa e miserável, face a esta miséria emergem os defensores de
uma vida equitativa entre a classe burguesa e a do proletariado. Dando
lugar as primeiras ideias denominadas Socialismo Utópico.

Exercícios
4. Concorda que todas as ideias dos teóricos do socialismo utópico são
de carácter negativo? Justifique a sua resposta.
5. Que ensinamento pode-se tirar do socialismo utópico?
6. Diferencie o socialismo utópico do científico.
7. Dê exemplo prático da trimensal de Marx: tese, antítese e síntese.
30

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo desta unidade em duas páginas.

Unidade V
A Revolução Agrícola

Objectivo geral

Compreender o processo de revolução agrícola.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar principais transformações decorridas na agricultura


Objectivos tradicional na Inglaterra;

 Identificar os pioneiros das transformações agrícolas;

 Explicitar os objectivos das inovações no campo agrícola;

 Relacionar a Revolução Agrícola com a Revolução Verde,


propalada em Moçambique.
31

5.1. Definição e surgimento da Revolução Agrícola


Paralelamente às inovações tecnológicas em finais do século XVIII
inicia-se no continente europeu a transformação da agricultura através
da revolução agrícola, que envolveu a adopção de uma serie de novos
métodos e que teve técnica s de cultivo e criação.

Ao conjunto de inovações técnicas sócias e económicas que


modificaram a agricultura em métodos e estrutura feudais para uma
dinâmica capitalista na 2ª metade do século XVIII com vista a
aumentar a produtividade e as necessidades de mercado – denominou-
se revolução agrícola.

O processo iniciou na Inglaterra, nos finais do séc. XVII e o primeiro


quartel do século Seguinte. Os promotores desta revolução agrícola
foram capitalistas burgueses, os gentry, e indivíduos pertencentes a
classes sociais os noblity, interessados em conseguir a delimitação das
suas propriedades, as enclousers, herdadas ou compradas com
objectivo melhora-la, mediante a introdução de praticas que decorriam
no continente.

Factores da revolução agrícola

A estrutura da propriedade mudou devido a:

- O cerceamento dos campos, extinção de terras comunais; a expulsão


dos arrendatários agrícolas; o aumento demográfico; a procura de
matéria-prima para as indústrias. Contribuíram para o surgimento da
revolução agrícola.
32

As principais inovações dos primeiros agricultores da época consistem


na supressão do aquele mediante a rotação das culturas, de acordo com
as necessidades nutritivas de cada planta, e a extensão da forragem
artificial que permitia alimentar o gado durante o inverno, e com isso
aumentar as possibilidades produtivas da terra. Muito difundido foi o
Norfolk system, preconizado por Townsend, que consistia na rotação do
trigo, trevo e cevada, aveia ou nabos.

Para este efeito, os intelectuais e os políticos na época estavam a par


das transformações agrícolas que se operavam. A Escola Fisiocrática,
por exemplo, introduziu no continente o gosto pela moderna
agricultura. E o rei da Inglaterra, Jorge III, criou Board of Agriculture,
um organismo de promoção agrícola. Emergiram criadores modernos
de gado, peso embora não conhecessem as pratica genéticas,
conseguiram, mediante cruzamentos e selecções empíricas, qualidades
tipos de carneiros e vitelas, destinados a produção de carne, e raças de
cavalos especiais para tiro. Estes criadores de gado, introduziram a
estabularão e alimentaram o gado com forragem artificial, raízes e
tubérculos.

5.2. As transformações agrícolas: o processo de apropriação de terra


Os métodos da nova agricultura, profundamente individualistas, não
eram praticáveis em explorações comunitárias e, alem disso, exigiam a
concentração de parcelas. Por esta razão, os economistas e filósofos
reformadores reclamaram. Este facto conduziu ao aparecimento de
seguintes transformações agrícolas:

 A liberdade de cultivo e de circulação de sementes e a


derrogação das leis que imobilizavam a propriedade e
restringiam a sua alienação;
33

 Cerceamento das propriedades agrícolas; uso de máquinas nos


trabalhos agrícolas e alterações no regime de exploração de
terra;

 Uso de novas técnicas para solucionar a tendência do solo em


perder a sua fertilidade: substituição de uso de adubos animais,
pratica de pousio, rotação de cultura, para manter a fertilidade
da terra e plantio de leguminosas forrageiras.

 A substituição do sistema de rotação trienal pelo quatrienal


possibilitando o rendimento da produção;

 Abandono dos adubos natural com a fabricação de adubos


químicos artificias a práticas e do século XIX bem como a
ampliação de terras cultiváveis acarretando maior produção de
alimentos.

 Difusão de cultivos (como a batata e o beterraba);

Na Inglaterra, perante a elevação dos preços dos produtos agrícolas que


abria perspectivas aos proprietários visados, o movimento de evicção
dos colonos hereditários e a concentração da terra recomeça desde
1730. E a legislação favorecia-o em detrimento do camponês simples.
A partir de 1845, começa uma nova fase de visão, ou melhor, de
concentração da terra. Agora, para alem de nobres são banqueiros e
capitalista a expropriarem as terras aráveis ingleses.

No resto do Continente europeu, o processo de transformação do


regime de propriedade foi muito diferente e conduziu a resultados
diversos, segundo a evolução política e os sistemas de posse da terra
em cada país. Na Europa Ocidental, a revolução liberal burguesa
conduziu a uma parcelaçao da propriedade senhorial e a criação dum
campesinato proprietário da terra. Na Europa Oriental, pelo
34

contrário, libertou-se o camponês da sua servidão a terra, mas a


propriedade concentrou-se nas mãos da nobreza ou da burguesia.

Na Europa Central e Oriental, o panorama social era diferente.


Predominava uma aristocracia latifundiária que explorava directamente
a terra, mas utilizando mão-de-obra sujeita a servidão. O camponês não
só estava ligado a terra, como também exercia servidão doméstica na
cozinha e no estábulo do senhor.

Na Rússia a situação do camponês, submetido ao regime servil e


comunitário era muito grave. Contudo, a libertação do camponês da
terra representa um passo decisivo na aceleração do processo de
industrialização, necessitada da mão-de-obra do campo.

5.2.1. A Agricultura Europeia no Século XIX no processo da sua


Modernização
No decorrer do século XIX a agricultura na Europa, em geral,
caracterizou-se por;

- Diversidade no tipo de cultivo e na sua lenta modernização na


utilização do adubo mineral e a introdução de maquinaria.

- Aumentou da produção como resultado de uso dos fertilizantes. Os


primeiros adubos minerais que se aplicam na Europa nos anos 30 do
século. XIX são os nitratos naturais do Peru, guano. E mais tarde,
1861, começam a utilizar-se a potassa e os fosfatos de Stassfurt e
Alsácia

- Emergência de instituições modernas vocacionadas a ensina agrário,


como por exemplo, The Royal Agricultural College, na Inglaterra.
35

A agricultura na Europa foi cada vez mais rentável, o que fez com que
os capitalistas e bancos de credito rural facilitassem os investimentos
para a melhoria e a adubagem da terra e para a aquisição de
maquinaria, desenvolvendo-se algumas exploração e em grandes
escalas. Idêntica diversificação se nota no gado.

Entre as culturas, continuavam a predominar os cereais, com rotação


trienal ou bienal, nas terras mas. Em terrenos bons ou bem adubados, a
nova agricultura sem alqueive encontra-se representada pela produção
cerealífera com vista a exportação, as plantas forrageiras, a beterraba
açucareira, a batata e as plantas têxteis. As beterrabas foi um dos
produtos que revolucionou a agricultura, ao proporcionar importantes
benefícios e permitir a criação duma pequena indústria semi-rural.

Segundo Valentim V. Prada citando Wilhem Abel, entre 1837 e 1875,


foi o período áureo da agricultura na Europa, salvo na Inglaterra, os
agricultores de todo o continente conseguiram boas colheitas que lhes
permitiram introduzir melhoramentos técnicos.

Sumário
A transformação da agricultura tradicional inicia-se em finais do sec.
XVIII no continente europeu, e teve como fase previa a mobilização da
propriedade rural das suas velhas estruturas. O processo iniciou na
Inglaterra. Os promotores desta revolução agrícola foram capitalistas
burgueses, os gentry, e indivíduos pertencentes a classes sociais os
noblity, interessados em conseguir a delimitação das suas propriedades,
com objectivo de melhora-la, mediante a introdução de práticas que
decorriam no continente.
36

Exercícios
1. Indique as principais transformações decorridas durante a revolução
agrícola;
2. Explique a influência da Revolução Agrícola para o processo da
industrialização.
3. Em Moçambique, actualmente, fala-se bastante da Revolução Verde,
como historiador, que ensinamento pode-se tirar do apontamento em
alusão.
4. Caracteriza a agricultura Europeia depois da revolução agrícola.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

Unidade VI
A Revolução Agrícola
Objectivo geral

Compreender o processo de revolução agrícola no mundo extra-


Europeu.

Objectivos específicos
37

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as transformações agrícolas no mundo extra-


Objectivos europeu;

 Mencionar o impacto socioeconómico havido no processo de


transformação agrícola;

 Identificar principais causas da depressão agrícola;

 Relacionar a Revolução Agrícola com a Revolução Verde,


propalada em Moçambique.

6.1. A Agricultura no Mundo Extra-Europeu

Nos países em que a colonização europeia se fez sentir, o tipo de a


agricultura praticada nestes foi bem diferente com aquela praticada na
própria Europa. Não existia um regime senhorial com direitos
tradicionais nem havia escassez de terra, antes pelo contrário, do que se
tratava era de fomentar a entrada de colonos para ocupar vastos
espaços despovoados. Os concessionários, geralmente homens de
negócios ou funcionários públicos, alugavam ou revendiam estas
propriedades uma vez parceladas.

Na década de quarenta, iniciou-se a conquista agrícola fora da Europa:

- Na América do norte - onde tinham penetrado alguns pioneiros que se


dedicavam a criação de gado. Neste espaço de terra, instalaram-se
britânicos, alemães e escandinavos, e a sua aceitação foi sancionada
pela criação jurídica de novos membros da União. A expansão
colonizadora recebeu um forte impulso graças ao Homestead Act de
38

1862, que favorecia o progresso duma agricultura livre face aos


domínios escravistas do Sul. Ainda mais, a expansão agrícola no Norte
da América foi apoiada pela penetração do primeiro caminho-de-ferro
transcontinental.

- Na América do Sul, com uma agricultura de tipo escravidão e menos


avançado em relação a do Norte, os europeus promoveram a expansão
de algodão, mas existiam também outras culturas como o tabaco, o
açúcar e o arroz. O algodão era uma monocultura que se exportava para
a Europa na sua quase totalidade. A Inglaterra absorvia cerca de 70%
da produção, a França uns 15%.

A escassez de mão-de-obra escrava, a guerra de secessão Nos anos 50,


a economia do Sul atravessou um momento crítico, nas estruturas
económicas, estas colónias passaram a depender, a do Norte que se
orientava no sentido de protecção do fomento da sua industrialização, e
a do Sul, que necessitava da liberdade de comércio e da manutenção da
escravatura para subsistir. O triunfo do Norte assegurou a pujança
industrial dos Estados Unidos, enquanto o Sul declinava.

Em África, particularmente, nas ricas terras do Nilo, deu-se uma


grande produção, graças as reformas e aos regadios empreendidos por
técnicos franceses. A cultura mais cultivada foi a do algodão,
introduzido pelo empresário francês Louis Alexis Jumel por volta de
1819, que anos posteriores da sua produção salvaram a indústria
europeia no momento da cotton famine provocada pela guerra da
América do Norte.
39

6.2. A Crise Agrícola nos Anos 80 do Século XIX: ensinamentos para


Revolução Verde em Moçambique
Ate a década 80 a agricultura havia atingido o auge da sua
prosperidade. Mas a partir dos finais de 80, a indústria mantêm-se no
seu ritmo ascendente de progresso, a agricultura com um crescimento
descendente, diminuiu a rentabilidade da agricultura, que se traduziu
na descida das rendas agrícolas e do valor do solo.

As causas causa desta crise são:

- A incapacidade da agricultura para se adaptar às novas condições


criadas pela economia urbana e pelo desenvolvimento industrial.

- À crescente concorrência introduzida pelo desenvolvimento de países


extra-europeus e à baixa rentabilidade, contribuíram para que os
capitalistas recusassem em investir na terra, pelo que a agricultura se
atrasou consideravelmente em relação a outros sectores económicos.

- O aumento considerável da produção de cereais fora da Europa e a


baixa dos fretes marítimos, foram factos paralelos que se repercutiram
no mesmo sentido. Os grandes mercados mundiais de cereais, como
Chicago, Buenos Aires, Odessa, oferecem os seus produtos a preços
muito reduzido que os europeus.

Face a depressão agrícola neste período alguns países europeus, por


exemplo a Irlanda, onde a situação agrícola foi tão grave, em 1870 e
1881 teve que; ser ditada a primeira legislação protectora dos
colonos, assegurando-lhes uma renda equitativa, a continuação dos
contratos de arrendamentos e a liberdade de venda dos produtos. Na
Europa a concessão de créditos para compra de terras solucionaram
em grande parte um problema ancestral e permitiram a 50% dos
camponeses adquirir terras.
40

Para outros países europeus agrícolas, foi preciso melhorar as terras,


introdução da maquinaria e aumentar o consumo de adubo. Com um
cultivo mais racional, elevaram-se consideravelmente os rendimentos,
de 1878 a 1910, nas melhores terras do Ocidente, os rendimentos por
hectare aumentaram até uns 50%.

Sumário
Nos países em que a colonização europeia se fez sentir, o tipo de a
agricultura praticada nos respectivos países foi bem diferente com
aquela praticada na própria Europa. Não existia um regime senhorial
com direitos tradicionais nem havia escassez de terra, antes pelo
contrário, do que se tratava era de fomentar a entrada de colonos para
ocupar vastos espaços despovoados.

Exercícios
1. Em Moçambique, actualmente, fala-se bastante da Revolução
Verde, como historiador, que ensinamento pode-se tirar do
apontamento em alusão.
2. Explique o sucesso da agricultura no Norte da América que no
Sul comparativamente a América do sul.
3. Caracterize a agricultura extra Europeu no exemplo de África.
4. Explique as causas que estiveram detrás da crise agrícola nos
finais da década 80 do século XIX.
5. Indique as medidas adoptadas pelos países Europeus para
solucionar a crise agrícola da década 80.

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


41

Unidade VII
Burguesia x Proletariado Capital x Trabalho

Objectivo geral

Compreender o processo de revolução agrícola.

Objectivos específicos

No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a


relação entre a burguesia e o proletariado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o proletariado;

 Realcionar os componentes capital e o trabalho na economia


Objectivos
capitalista

7.1. O Impacto económico da luta entre a Burguesia e o proletariado

De vários lados nos censuraram por não termos exposto as relações


económicas que formam a base material das lutas de classes e das lutas
nacionais nos nossos dias. De acordo com o nosso plano, tocámos
42

nestas relações apenas quando elas vêm directamente ao de cima nas


colisões políticas.

Tratava-se, antes de mais, de seguir a luta de classes na história do dia-


a-dia e de provar, de maneira empírica, com o material histórico
existente e diariamente renovado, que, com a subjugação da classe
operária, que fizera Fevereiro e Março, foram ao mesmo tempo
vencidos os seus adversários: em França os republicanos burgueses, e
em todo o continente europeu as classes burguesas e camponesas em
luta contra o absolutismo feudal; que a vitória da “República honesta”
em França foi ao mesmo tempo a queda das nações que tinham
respondido à revolução de Fevereiro com heróicas guerras de
independência; que por fim a Europa, com a derrota dos operários
revolucionários, voltou a cair na sua antiga dupla escravatura, a
escravatura anglo-russa.

A luta de Junho em Paris, a queda de Viena, a tragicomédia do


Novembro berlinense de 1848, os esforços desesperados da Polónia, da
Itália e da Hungria, a submissão da Irlanda pela fome — tais foram os
principais momentos em que se resumiu a luta de classes europeia entre
burguesia e classe operária, com os quais nós demonstrámos que todos
os levantamentos revolucionários, por mais afastado que o seu
objectivo possa parecer da luta de classes, têm de fracassar até que a
classe operária revolucionária vença; que todas as reformas sociais
permanecerão utopia até que a revolução proletária e a contra-
revolução feudal se meçam pelas armas numa guerra mundial.

7.2. O Capital e o trabalho na economia capitalista


43

Apesar da diversidade das suas indicações, o salário é a soma em


dinheiro que o capitalista paga por um determinado tempo de trabalho
ou pela prestação de determinado trabalho.

Parece portanto que o capitalista compra a forca de trabalho com


dinheiro aos operários. Estes vendem-lhe o seu trabalho a troco de
dinheiro - capital. Na realidade, o que os operários vendem ao
capitalista em troca de dinheiro é a sua força de trabalho. O capitalista
compra essa força de trabalho por um dia, uma semana, um mês, etc. E
depois de a ter comprado, utiliza-a fazendo trabalhar os operários
durante o tempo estipulado. Com essa mesma quantia com que o
capitalista lhes comprou a força de trabalho, os dois marcos, por
exemplo, poderia ele ter comprado duas libras de açúcar ou uma certa
quantidade de qualquer outra mercadoria.

A força de trabalho é portanto uma mercadoria, nem mais nem menos


como o açúcar. A primeira mede-se com o relógio, a segunda com a
balança.

Os operários trocam a sua mercadoria, a força de trabalho, pela


mercadoria do capitalista – dinheiro. É essa troca que faz com que o
capital e o trabalho na economia capitalista tenham uma proporção
directa e uma relação de dependência.

Portanto, o salário é apenas um nome especial dado ao preço da força


de trabalho, a que se costuma chamar preço do trabalho; é apenas o
nome dado ao preço dessa mercadoria peculiar que só existe na carne e
no sangue do homem.

Também o capital é uma relação social de produção. É uma relação


burguesa de produção, uma relação de produção da sociedade
44

burguesa. Os meios de subsistência, os instrumentos de trabalho, as


matérias-primas de que se compõe o capital — não foram eles
produzidos e acumulados em dadas condições sociais, em determinadas
relações sociais? Não são eles empregues para uma nova produção em
dadas condições sociais, em determinadas relações sociais? E não é
precisamente este carácter social determinado que transforma em
capital os produtos que servem para a nova produção?

O capital não consiste só de meios de subsistência, instrumentos de


trabalho e matérias-primas, não consiste só de produtos materiais;
consiste em igual medida de valores de troca. Todos os produtos de
que consiste são mercadorias. O capital não é só, portanto, uma soma
de produtos materiais, é uma soma de mercadorias, de valores de troca,
de grandezas sociais.

Sumário
A força de trabalho é portanto uma mercadoria, nem mais nem menos
como o açúcar. A primeira mede-se com o relógio, a segunda com a
balança. Os operários trocam a sua mercadoria, a força de trabalho,
pela mercadoria do capitalista, pelo dinheiro, e essa troca tem lugar na
verdade numa determinada proporção: tanto dinheiro por tantas horas
de utilização da força de trabalho.

Exercícios
1. O Capital e o trabalho na economia capitalista

2. Refira-se do Impacto económico da luta entre a Burguesia e o


proletariado
45

Resolva os exercícios indicados.

Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.


Auto-avaliação

Unidade VIII
O Capitalismo Industrial

Objectivo geral

Compreender as fases da evolução do capitalismo

Objectivos específicos

No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre a


conceptualização do Capitalismo, como também caracterizar a segunda
fase deste processo de industrialização.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o capitalismo;

Objectivos  Caracterizar as fases do capitalismo industrial.

8.1. Conceito de Capitalismo Industrial


Com efeito, em primeiro lugar, que é o capitalismo? È uma economia
que tende a fazer de todo o consumo uma mercadoria, animada por
empresários em concorrência, onde o capital adquire e comanda o
46

trabalho assalariado, onde a produção está submetida a princípios de


rendibilidade e de lucro, necessitando de inovação, de crescimento da
acumulação do capital e de crescimento nos mercados, in, Gèrard
Vindt, 500 Anos de Capitalismo, p.10.

A definição do capitalismo supracitado è mais na perspectiva


economicista-mercadologisca que no global que por definição è um
sistema político, económico e social que surgiu na Europa, em
particular Inglaterra, no séc. XV e XVI, substituindo o Feudalismo.

O capitalismo industrial é uma nova fase desse sistema económico,


que surge em meio a um processo de revoluções políticas e
tecnológicas, na segunda metade do século XVIII:

O Capitalismo Industrial é uma fase da história do capitalismo que


ocorreu de 1780 a 1870, na qual as classes sociais dividem-se em:
trabalhadores assalariados (trabalhadores), proprietários de terra
arrendada (emprestada sob determinadas condições) e a burguesia
industrial.

Características do capitalismo industrial

No período do capitalismo industrial verifica-se;

- Uma forte aliança entre a classe dos mercadores e os Estados o que


permitiu a aceleração da expansão mundial da economia mundo europeia.

- No plano internacional, os círculos dos negócios passam a ter uma


protecção régia que confere às suas investidas comerciais a forma de uma
expansão colonial.

- A pilhagem dos mundos subjugados e do comércio com as colónias, juntam-


se as necessidades das indústrias, a matéria-prima e mercados para colocação
de seus produtos.
47

- As rivalidades entre os países europeias; a lógica política da expansão


territorial, aguçada pelas rivalidades entre as grandes potências europeias,
Holanda, França, Inglaterra, conjuga-se a partir desse momento com uma
dinâmica de crescimento industrial, que justifica a protecção dos mercados
internos perante a concorrência estrangeira e a penetração em novos
mercados.

- Novas relações entre Estados e mercados que se caracterizou pela


intervenção colonial no seio dos mundos periféricos. Esta aliança dos poderes
económico e político, realizada no seio de cada nação à revelia das
sociedades, explica os contornos das lógicas do sistema inter-Estado e do
sistema económico internacional a partir da época mercantilista.

Sumário
O capitalismo é uma economia que tende a fazer de todo o consumo
uma mercadoria, animada por empresários em concorrência, onde o
capital adquire e comanda o trabalho assalariado, onde a produção está
submetida a princípios de rendibilidade e de lucro, necessitando de
inovação, de crescimento da acumulação do capital e de crescimento
nos mercados assim sendo nele verifica-se uma forte aliança entre a
classe dos mercadores e os Estados o que permitiu a aceleração da
expansão mundial da economia mundo europeia. No plano
internacional, os círculos dos negócios passam a ter uma protecção
rugia que confere às suas investidas comerciais a forma de uma
expansão colonial.

Exercícios
1. Définir o Capitalisme.

2. Caractérisa a secundo fasse do capitalisme industrialo.


48

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Em quadro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

Unidade IX
O Imperialismo, Século XIX e
XX
Introdução
Objectivo geral

Compreender as fases da evolução do capitalismo.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o Imperialismo;

 Explicar as manifestações do Imperialismo;


Objectivos  Identificar as principais características Imperialistas;

 Distinguir os estudiosos Liberal e Marxistas do Imperialismo.


49

9.1. Definição e Caracterização de Imperialismo


Imperialismo é a política de expansão e domínio territorial,
cultural e económico de uma nação sobre outras, ou sobre uma ou
várias regiões geográficas1.

O conceito de imperialismo evoluiu ao longo do tempo. O conceito de


imperialismo moderno. . “Um país imperialista era um país que
dominava economicamente o outro”,Este conceito constituiu-se em
duas características fundamentais: o investimento de capital externo e a
propriedade econômica monopolista.

No entanto, o Imperialismo segundo Heinz Gollwitzer è uma politica


que visa para a exterior animada de tendências expansionistas. O autor
acrescenta, è uma politica destinada a apertar os laços dos Estados
europeus com o resto do mundo.

Ainda o mesmo autor, Gollwitzer,, comenta que o termo imperialismo


foi empregue pela primeira vez em França durante o reinado de Luís
Filipe. Exprimia a ideia de que o regime do rei-cidadão era capaz de
exercer uma poderosa acção política

Já por volta de 1900, o Imperialismo era considerado como um


prolongamento da política nacional no quadro da política internacional
activa.

A palavra tinha acabado por significar construir um império com base


em aquisições coloniais, desenvolver a marinha e o exército como
instrumentos desta politica., conquistar uma posição cimeira entre as
potências mundiais. E para o pessoal da época, o Imperialismo

1
A enciclopédia livre (1999:425)
50

consistia em desenvolver as exportações e os investimentos no


estrangeiro em proveito da economia nacional, mercê de fortes médias
proteccionistas tomadas pelo Governo.

Origens

O imperialismo tem a sua origem nas transformações económicas do


século XVIII, onde a. Tecnologia da Revolução Industrial que
aumentou ainda mais a produção, o que gerou uma grande necessidade
de mercado consumidor para esses produtos e uma nova corrida por
matéria-prima.

Características

 Expansionismo

Uma das características essências do imperialismo é a conquista de


novos territórios. Assim, no final do século XIX e começo do XX, os
países imperialistas se lançaram na corrida pela conquista global o que
desencadeou rivalidade entre os mesmos e concretizou o principal
motivo da Primeira Guerra Mundial, dando princípio à nova era
imperialista, onde os EUA se tornam os pais cardeal.

Tomando a base da posição de 1900, pode-se dizer, hoje, que a politica


imperialista foi expansionista efectuada por potências europeias e não-
europeia. Esta política expansionista estava estreitamente ligada aos
interesses dos diversos ramos da economia nacional do tempo.

 Monopólio de mercado e fonte de matéria-prima

Gollwitzer sublinha que a característica fundamental do Imperialismo è


a politica expansionista, isto è, supranacional, onde esta estava
estreitamente ligada aos interesses dos diversos ramos da economia
nacional. E para Valdemiro Lenine, a característica fundamental do
Imperialismo `e o monopólio.
51

De certa forma, os dois autores supracitados não divergem tanto no que


refere as ideias do Imperialismo, na medida em que este sistema tem
por feito o domínio do mundo, principalmente, no âmbito económico.
Contudo, Lenine pões em maior relevância a economia ao definir e
caracterizar o Imperialismo ao passo que Gollwitzer faz a fusão dos
conceitos, economia e expansão, ao definir e caracterizar este
Imperialismo.

9.2. Estudiosos, do Imperialismo


Estudiosos liberais do Imperialismo

John Hobson - foi o primeiro estudo sistemático de Imperialismo que


surgiu em 1902, para quem o fenómeno se devia a acumulação de
capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações
importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matéria-
prima e de mercados.

Joseph Schumpeter - este economista mostra as suas ideias em relação


ao imperialismo na sua obra Capitalism, Socialism and Democracy,
1942.

Estudiosos do Imperialismo por parte de Marxismo

Vlademir Lenine, na sua obra clássica intitulado Imperialismo, etapa


superior do capitalismo, explica a Primeira Guerra Mundial como
consequência do carácter expansionista do capitalismo monopolista.
Do ponto de vista teórico, Lenine encara o Imperialismo como a
culminação necessária do capitalismo. O investimento estrangeiro
desempenha papel fundamental na teoria leninista do Imperialismo.
52

Sumário
A concepção de Imperialismo foi perpetrada por economistas alemães
e ingleses no inicio do século XX, este conceito constituiu-se em duas
características fundamentais, o investimento de capital externo e a
propriedade económica monopolista.

Exercícios
1. Qual é a posição tomada por Lenine na definição e
caracterização do Imperialismo.
2. Define e caracterize o Imperial segundo Lenine.
3. Mencione as causas da Guerra Anglo – Boer.

Resolva os exercícios acima indicados.


Auto-avaliação Faça um breve resumo da unidade em estudo em apenas três
páginas.

Unidade X
O Imperialismo, Século XIX e
XX
Introdução
Objectivo geral

Compreender as fases da evolução do capitalismo.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


53

 Identificar principais países Imperialistas;

 Explicar as manifestações do imperialismo a exemplo do imperialismo


Objectivos Britânico;

10.1. Principais países imperialistas

No decorrer do século XIX muitos países Europeus e Não-Europeus


ataram a pratica do imperialismo, tais como:

Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha, Portugal,


Espanha, Países Baixos, Japão, Rússia, Estados Unidos, Império
Otomano.

10.2. Alguns exemplos do Imperialismo Britânico

África do Sul e a Guerra Anglo-Boer, 1899-1902. A actual África do


Sul era uma região dominada por holandeses que eram os africânderes
ou boers, que significa camponês. Com a descoberta de minas de
diamantes na região, a Inglaterra queria dominar e explorar esse
território, dando incido a Guerra dos Boers pela dominação dele.

O Historiador Brasil Davidson, sublinha que os Africânderes


chamaram a esta guerra a sua Guerra de Libertação, como também foi
uma guerra que apenas envolveu brancos, a guerra dos brancos.

No entanto, a Inglaterra ganhou a guerra e consequentemente o


domínio efectivo do mesmo, dando origem à União Sul-Africana em
1910.
54

A Índia foi mais uns pais afectado pelo Imperialismo Britânico, que
impôs através da formalidade o domínio militar e cultural através da
justificativa do Darwinismo Social e do Eurocentrismo.

Com o fim de acabar com o imperialismo britânico na Índia a


população fez a Revolta dos Capados, em que nacionalistas indianos
apoiados pela população local e pelo exército da Índia reivindicavam o
direito indiano à liberdade. Mas a revolta foi sufocada pela Inglaterra.

Sumário
Os imperialistas dominaram, os povos de quase todo o planeta. Porem,
a maioria parte dos capitalistas e da população desses países
acreditavam que suas acções eram justas e ate benéficas à humanidade
em nome da ideologia do progresso.

Exercícios
1. Mencione as causas da Guerra Anglo – Boer.
2.Explique o papel de Mahatma Gandhi na liberdade da Índia.
3. Faça uma ponte de análise nas figuras de Mahatma Gandhi na Índia,
Nelson Mandela na África do Sul e Martin Luter King nos Estados
Unidos quanto à luta de liberdade nos respectivos países.
55

Resolva os exercícios acima indicados.

Auto-avaliação Faça um breve resumo da unidade em estudo em apenas três


páginas.

Unidade XI
Contradições Imperialistas
Introdução
No fim desta unidade o estudante deve possuir conhecimentos sobre os
factores que explicam as contradições entre as potências imperialistas nos
finais do séc. XIX até a Iª Guerra Mundial

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as causas que estiveram por detrás das contradições entre


as potências imperialistas;

Objectivos  Explicar que as contradições entre as potências imperialistas


culminaram com o Primeiro Conflito Mundial de1914.

11.1. Expansão Imperialista


A segunda metade do séc. XIX, intensificou-se o processo de expansão
imperialista que se estenderia ate o inicio do século XX. Começando
56

por países europeus industrializados, principalmente a Inglaterra, esse


processo levou à partilha dos continentes africanos e asiático. Na
mesma época, também Estados Unidos e Japão exerceram actividades
imperialistas em suas regiões influentes.

O colonialismo do século XIX diferiu bastante do século XVI, que se


restringiu ao capitalismo comercial, cuja meta era a obtenção de
especiarias, produtos tropicais e metais preciosos, e concentrou-se no
continente americano. Nesse período, o Estado impulsionou a
expansão, segundo moldes mercantilistas.

O neocolonialismo ou imperialismo contemporâneo, por sua vez


necessitava de mercados consumidores de manufacturados e
fornecedores de matéria-prima, além de as grandes potencias buscarem
colónias para a colocação de seu excedente populacional e novas áreas
de investimentos de capital sua intervenção deu-se principalmente na
África e na Ásia, motivada pelo capitalismo industrial e financeiro.

No final do século XIX o capitalismo industrial transformou-se em


capitalismo financeiro ou monopolista, e surgiram grandes
conglomerados económicos que usaram os poderes para explorar áreas
coloniais. Este facto originou rivalidades entre as potências pela
divisão de mercados que culminariam na Primeira Guerra Mundial, em
1914.

O neocolonialismo alem da necessidade de novas fontes de matéria-


prima, como ferro, cobre, petróleo, trigo, algodão e mais produtos, e de
outros mercados consumidores para crescente produção industrial, as
57

principais causas da expansão e contradições imperialistas explicam-se


no seguinte, a necessidade de aplicação dos capitais excedentes da
economia industrial e a obtenção de bases estratégicas visando a
segurança do comércio marítimo nacional.

Na Unidade 5 fez-se referência de potências imperialistas, Europeus e


Não Europeus, que as disputas entre esta potências por áreas coloniais
agravaram conflitos e estimularam o armamentismo, o que levou à
formação de blocos de países rivais, criando uma tensão e
proporcionou ate a Primeira Guerra Mundial em 1914.

11.2. A Conferencia de Berlim


A Conferencia de Berlim, 1884-85, na qual participaram 14 potencias
imperialistas, não conseguiu eliminar as divergências entre estas
potencias quanto as suas ambições expansionistas, como se pode ver, a
França continuou com a sua expansão em África, a Inglaterra liderando
o imperialismo, realizou o domínio vertical do continente, desde o mar
Mediterrâneo ate ao cabo da Boa Esperança e destacou-se a actuação
do seu ministro Benjamin Disrael, que obteve o canal de Suez na sua
posse.

Ainda mais, as incursões inglesas se fizeram sentir com o conflito bóer


na África do Sul. A Bélgica tomou o Congo, como propriedade pessoal
do rei Leopoldo II, segundo o decido na Conferencia de Berlim.

Em África, até o inicio do séc. XX, apenas a Libéria, habitada por


negros emigrados dos EUA, e actual Etiópia, constituíam Estados
africanos livres.
58

Para as metrópoles imperialistas, a expansão colonialista do SIC. XIX


trouxe enormes lucros e a solução parcial para as suas crises de
mercado. Conseguiu, ainda, amenizar as divergências políticas e as
lutas sociais internas, embora tenha também acirrado as divergências
internacionais, conduzindo o mundo a Primeira Guerra Mundial.

Sumário
As potências imperialistas, Europeus e Não Europeus, envolveram se
em disputas entre estas potências por áreas coloniais agravaram
conflitos e estimularam o armamentismo, o que levou à formação de
blocos de países rivais, criando uma tensão e proporcionou ate a
Primeira Guerra Mundial em 1914.

Exercícios
1. Indique as causas das contradições entre as potências
imperialistas.
2. Qual foi o fim das contradições entre esta potencias.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Em duas páginas no mínimo resuma a unidade em estudo.
59

Unidade XII
África Diante do Desafio Colonial
Objectivo geral

Compreender a situação social e político-económica de África diante da


dominação colonial.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as razões que levaram a dominação colonial do


continente africano;
Objectivos
 Identificar as mudanças operadas no seio das sociedades
políticas em África com presença de Imperialistas;

 Explicar as consequências da Revolução Industrial para África.

12.1. Razões Económicas que levaram a colonização de África


60

Nos princípios do séc. XIX, a África atrai cada vez mais a atenção do
mundo devido o movimento abolicionista de escravos como também a
curiosidade cientifica que impeliu os europeus para a África e espírito
de aventura. Porém neste princípio do deste século a África ainda era
livre da colonização.

Mas o renascer do interesse pela África, segundo Joseph Ki-Zerbo,


História da África –II, explica-se sobretudo por razões económicas.
São apontadas como razoes económicas da colonização de África as
seguintes:

- Mutação de estruturas que muitos países da Europa Ocidental vão


sofrer uma como resultado da Revolução Industrial durante o século
XVIII e XIX.

- A crescente busca de matéria-prima e mercado para a produção


industrial europeia.

Em suma a prosperidade de África no sector das plantações e minas,


controlar as fontes de produção, e dispor de um mercado de consumo,
esta é uma das razões dos capitalistas europeus invadirem a África.

Neste sentido, na história de África sucederam rápidas mudanças


durante o período entre 1880 e 1935, marcado pela conquista e
ocupação de quase todo o continente africano pelas potências
imperialistas e depois pela instauração do sistema colonial.

Boanhe (1999:269) afirma que “ate 1880, em cerca de 80% do


território, Africano era governada por seus próprios reis, rainhas,
61

chefes de clãs e linhagens, em impérios, reinos, comunidades e


unidades políticas de porte e natureza variados.”

No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a uma mudança


enorme. Em 1914, com a única excepção da Etiópia e da Libéria, a
África inteira vê-se submetida a dominação de potências europeias.
Nessa época a África não è assaltada na sua soberania e na sua
independência, mas também em seus valores culturais.

Perante a presença europeia em África coloca-se a seguinte pergunta,


qual foi a atitude dos africanos perante a irrupção do colonialismo,
que traz consigo tão fundamental mutação na natureza das relações
existentes entre eles e os europeus nos últimos séculos?

A resposta à esta questão è clara e inequívoca, na sua maioria,


autoridades e dirigentes africanos foram profundamente hostis a essa
mudança e declararam-se a manter o status quo e, sobretudo, a
assegurar a sua soberania e independência como também, sua religião e
seu modo de vida tradicional. Como forma de se de defender aos
imperialistas, numa primeira fase, os africanos em vésperas de
confronto físicos reais, muitos deles recorriam às orações, aos
sacrifícios e a feitiços.

Alguns dirigentes africanos acolheram muito favoravelmente as


inovações que com regularidade foram sendo introduzidas depois do
primeiro terço do sec, XIX, pois até então elas não tinham feito pesar
nenhuma ameaça sobre a soberania e independência. Na África
Ocidental, por exemplo, os missionários fundaram, em Serra Leoa em
1826, o Fourah Bay College, assim como escolas primárias e duas
62

secundárias, uma na Costa do Ouro e outra na Nigéria, nos anos de


1870.

12.2 A colonização e a economia africana

Mas, em 1880, devido ao desenvolvimento da Revolução Industrial na


Europa e ao progresso tecnológico que ela acarretara, os europeus que
eles iam enfrentar tinham novas ambições políticas, novas necessidades
económicas e tecnológicas relativamente avançadas.

Os europeus, neste período, já não queriam apenas trocar bens, mas


exercer controlo político directo sobre a África. Foi aí que os dirigentes
africanos cometeram um erro de cálculo, que, em muitos casos, teve
consequências trágicas: os chefes africanos foram vencidos e perderam
a soberania.

A colonização alterou a estrutura económica de Africana de seguinte


forma;

 Integrou a África no contexto da economia mundial com a


exportação de matéria-prima e importação de produtos
europeus manufacturados;

 Passagem da economia natural para uma economia de


mercado (monetária) baseado no sistema de plantações,
exploração de recurso.

Para os africanos, as primeiras evidências da nova economia


manifestavam-se como estradas, ferrovias e linhas telegráficas. A
construção de sistemas de transporte e comunicações era o prelúdio da
conquista: constituíam meios logísticos. A revolução industrial
resultou na dominação e colonização do continente africano.
63

Sumário
Nos princípios do século XIX, a África atrai cada vez mais a atenção
do mundo devido o movimento abolicionista de escravos como
também a curiosidade cientifica que impeliu os europeus para a África
e espírito de aventura. E sobretudo por razões económicas decorrentes
da Revolução Industrial. Os capitalistas europeus invadiram a África
com propósito de controlar as fontes de produção, e dispor de um
mercado de consumo.

Exercícios
1. Identifique as principais transformações decorridas no final do
sec. XIX e principio do seguinte em África,
2. Comente a seguinte afirmação: ‘’ sempre os africanos se
mostraram hostis a presença colonial’’.
3. Explique o papel da religião no seio dos africanos perante a
presença colonial.
4. Porque com a Revolução Industrial, os africanos foram
excluídos nas plantações coloniais?

Resolver os exercícios indicados.


Auto-avaliação Elabora um breve resumo desta unidade.
64

Unidade XIII
The Scramble for África, A
Partilha de África

Objectivo geral

Compreender a situação social e político-económica de África diante da


dominação colonial.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as mudanças ocorridas no seio dos africanos com a


invasão europeia;
Objectivos
 Explicar as diferentes Teorias sobre a partilha de África;

 Mencionar convergências e divergências entre a Teoria


Económica e Teoria da Dimensão Africana quanto a partilha de
África.

13.1. Antecedentes
Após a abolição de hediondo2 tráfico de escravos, os africanos tinham
se mostrado capazes de se adaptar ao sistema económico baseado na
exportação de produtos agrícolas.

Parafraseando RODNEY citado por BOAHEN (1991: 344) diz:

2
Condenado ou feio.
65

“As zonas provedoras de escravos, que se estendiam do Senegal a


Serra Leoa, da Costa do Ouro á Nigéria, do rio Congo a Angola,
foram às faixas do litoral onde os europeus primeiro se fixaram e,
certos traços económicos colonial já se manifestavam nessas regiões
antes mesmo do estabelecimento oficial da dominação estrangeira,
pois tanto os africanos como europeus procuravam incentivar a
produção de géneros exportáveis, de modo a poderem substituir o
tráfico de escravos por um comércio legítimo”.

Na época de 1820, o cultivo de terra constitui a ocupação económica


dominante da maioria dos diferentes grupos africanos, onde entre as
colheitas mais difundidas e importantes incluíam-se o milho-miúdo, a
batata-doce, o amendoim, o tabaco, o algodão, arroz, feijão e
mandioca.

A agricultura era suplementada com a recolecção de frutos, mel e


diversas raízes, pela caça aos animais selvagens e pela criação de
galinha, porcos e outros animais domésticos. Os gados bovinos
constituíam uma fonte importante de riqueza que intensificava o
poderio económico nas zonas que se encontravam livres da mosca tsé-
tsé.

A geração de 1880-1914 assistiu a uma das mudanças históricas mais


significativas dos tempos modernos. Com efeito, foi no decorrer deste
período que a África se viu retalhada, subjugada e efectivamente
ocupada pelas nações industrializadas da Europa.
66

A importância dessa fase histórica vai muito além da guerra e das


transformações que a caracterizaram. O que há de notável nesse
período, é do ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade relativa
com que, mediante um esforço coordenado, as nações ocidentais
ocuparam e submeteram um continente assim tão vasto.

13.2. Teorias da Partilha


Para a partilha da África existem teorias que explicam porque razão a
África foi esquadrilha:

Teoria Económica; Teorias psicológicas que se dividem em


Darwinismo social, cristianismo evangélico e atavismo social; Teorias
Diplomáticas que se dividem em prestigio nacional, equilíbrio de
forças e estratégia global e por fim Teorias da Dimensão Africana.

Teoria Económica;

As origens teóricas desta noção surgem em 1900 quando Rosa


Luxemburgo apresenta o imperialismo como último estágio do
capitalismo. A clássica forma desta teoria esta contida na afirmação de
John Hobson:”a superprodução, os excedentes de capital e o sub-
consumo dos países industrializados levaram-nos a colocar uma parte
crescente de seus económicos fora de sua esfera política actual e a
aplicar activamente uma estratégia de expansão política com vistas a
se apossar de novos territórios”.

Para Hobson esta seria a raiz económica do imperialismo, e mesmo


com a actuação de outras forças, e apesar delas, a decisão final ficaria
com o poder financeiro. Lênin salientava que o novo imperialismo
caracterizava-se pela transição de um capitalismo de orientação “pré-
67

monopolista”, no qual predominava a livre concorrência e que


prosperava exportando mercadorias, para o estágio do capitalismo
“monopolista”, em que o avanço depende da exportação de capitais, e
intimamente ligado a intensificação das lutas pela partilha do mundo.

Nacionalistas, revolucionários do terceiro mundo, uniram-se a


numerosos especialistas marxistas, na aceitação do imperialismo como
resultado de uma exploração económica descarada. Muito embora nem
Lênin nem Hobson tenham se ocupado do caso específico da África,
não resta dúvidas de que suas observações contribuíram na análise da
história da África.

Teoria da Dimensão

Os teóricos desta, afirmam que, embora a causa imediata da partilha da


África fossem as rivalidades económicas entre os países
industrializados da Europa, ela constituía ao memo tempo uma fase
determinante nas relações de longa data entre a Europa e a África.
Estes teóricos, julgam que a resistência africana à crescente influência
europeia precipitou a conquista efectiva, tal como as rivalidades
comerciais cada vez mais exacerbadas das nações industrializadas
levaram à partilha. Acresce-se, motivos de ordem essencialmente
económica que animaram os europeus e que a resistência africana à
invasão crescente da Europa precipitou a conquista efectiva.

As teorias psicológicas
Preferimos analisar aqui em termos psicológicos as teorias que
comummente se classificam como darwinismo social, cristianismo
68

evangélico e atavismo social, porque seus adeptos acreditam na


supremacia da “raça branca”.

O darwinismo social
A obra de Darwin, A origem das espécies por meio da selecção
natural, ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida
publicada em inglês em Novembro de 1859, parecia fornecer caução
científica aos partidários da supremacia da raça branca, tema que,
depois do século XVII, jamais deixou de estar presente, sob diversas
formas, na tradição literária europeia.

Os pos-darwinianos ficaram, portanto, encantados: iam justificar a


conquista do que eles chamavam de “raças sujeitas”, ou “raças não
evoluídas”, pela “raça superior”, invocando o processo inelutável da
“selecção natural”, em que o forte domina o fraco na luta pela
existência. Pregando que “a forca prima sobre o direito”, eles achavam
que a partilha da África punha em relevo esse processo natural e
inevitável. O que nos interessa neste caso de flagrante chauvinismo
racista – já qualificado, e com muita razão, de “albinismo” – e que ele
afirma a responsabilidade das nações imperialistas10.

Resta concluir que o darwinismo social, aplicado a conquista da África,


e mais uma racionalização tardia que o móvel profundo do fenómeno.

Cristianismo evangélico
O cristianismo evangélico, para o qual A origem das espécies era uma
heresia diabólica, não tinha, por sua vez, o menor escrúpulo em aceitar
as implicações racistas da obra. As conotações raciais do cristianismo
evangélico eram moderadas,
Todavia, por uma boa dose de zelo humanitário e filantrópico
sentimento muito disseminado entre os estadistas europeus durante a
conquista da África. Sustentava-se, assim, que a partilha da África se
devia, em parte não desprezível, a um impulso “missionário”, em
sentido lato, e humanitário, com o objectivo de “regenerar” os povos
africanos11. Já se afirmou, alem disso, que foram os missionários que
prepararam o terreno para a conquista imperialista na África oriental e
central, assim como em Madagascar12. No entanto, se e verdade que os
missionários não se opuseram a conquista da África e que, em certas
regiões, dela participaram activamente, esse factor, por si só, nao se
sustenta como uma teoria geral do imperialismo, em razão de seu
carácter limitado.

Atavismo social
69

Foi José Schumpeter o primeiro a explicar o novo imperialismo em


termos sociológicos. Para ele, o imperialismo seria a consequência de
certos elementos psicológicos imponderáveis e não de pressões
económicas. Seu raciocínio, exposto em termos antes humanistas do
que da preponderância racial europeia, funda-se no que ele considera
ser um desejo natural do homem: dominar o próximo pelo prazer de
domina-lo. Essa visão agressiva inata seria comandada pelo desejo de
apropriação, próprio do ser humano. O imperialismo seria,
Portanto, um egoísmo nacional colectivo: “a disposição, desprovida de
objectivos, que um Estado manifesta de expandir-se ilimitadamente
pela forca”. O novo imperialismo, por conseguinte, seria de carácter
atávico, quer dizer, manifestaria uma regressão aos instintos políticos e
sociais primitivos do homem, que talvez se justificassem em tempos
antigos, mas certamente não no mundo moderno. Schumpeter
demonstra então como, pela sua própria natureza, o capitalismo seria
“anti-imperialista” e benevolente. Dirigido por empresários inovadores,
seria totalmente oposto as motivações agressivas e imperialistas das
antigas monarquias e classes de guerreiros, cujas ambições não teriam
objectivos precisos.
Ao contrário destas, o capitalista teria objectivos claramente definidos
e por isso seria inteiramente hostil aos comportamentos atávicos
próprios de antigos regimes. Assim, conclui Schumpeter, a explicação
económica do novo imperialismo, baseada no desenvolvimento lógico
do capitalismo, e falsa.

Por mais sedutora que seja, essa tese apresenta um defeito grave: e
nebulosa e a histórica. As teorias psicológicas, embora possam conter
algumas verdades que ajudam a compreender a partilha da África, não
conseguem explicar por que essa partilha se deu num determinado
momento histórico. No entanto, fornecem elementos para explicar por
que a partilha foi possível e considerada desejável.
70

Sumário
A importância dessa fase histórica vai muito além da guerra e das
transformações que a caracterizaram. O que há de notável nesse período, é do
ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade relativa com que, mediante
um esforço coordenado, as nações ocidentais ocuparam e submeteram um
continente assim tão vasto. O que é explicado por algumas teorias como a
Económica, psicológicas, Diplomáticas, da Dimensão Africana.

Exercícios
1. Mostre as diferenças entre a teoria económica e da dimensão africana
quanto a partilha de ‘África.
2. Explicite as ideias de Lenine quanto ao fim do capitalismo.
3. Explique em consiste as terias psicológicas e diplomáticas.

Resolva os exercícios indicados.


Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.
Auto-avaliação
71

Unidade XIV
A Conferência de Berlim

Introdução
A Partilha de África, foi a proliferação de reivindicações europeias
conflituantes ao território africano durante o período do Neo-
imperialismo, entre a década de 1880 e a Primeira Guerra Mundial em
1914, que envolveu principalmente as nações europeias. Na segunda
metade do século XIX, em torno do ano 1880, assistiu a transição do
"Imperialismo informal", que exercia o controlo através da influência
militar e da dominação económica para um domínio mais directo. As
pretensões de mediar a concorrência imperial, tal como a Conferência
de Berlim (1884 - 1885), entre o Reino Unido, França e Alemanha não
pôde estabelecer definitivamente as reivindicações de cada uma das
potências envolvidas.

Objectivo geral

Compreender o processo de partilha de África.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as conferências que anteciparam a de Berlim;

 Identificar os países participantes da conferência de Berlim;


Objectivos  Identificar os objectivos traçados nesta conferência;

 Explicar o impacto político e económico desta conferência para


72

África.

14.1. Antecedentes da Conferência


Antes da conferência de Berlim (1884-1885), os imperialistas puseram-
se em outra reuniões de carácter internacional nomeadamente
Conferência Geográfica de Bruxelas, convocada pelo rei belga, o
Leopoldo I, em 1876, a qual redundou na criação da Associação
Internacional Africana e no recrutamento de Henry Morton Stanley, em
1879, para explorar o Congo em nome da Associação.

No inicio da década de 1880, Portugal receando ser alijado da África,


propôs a convocação de uma conferência internacional com o fito de
resolver os litígios territórios na África central.

Assim dava-se a Conferência de Berlim. A ideia de uma conferência


internacional que permitisse resolver os conflitos territoriais
engendrados pelas actividades dos países europeus na região do Congo
foi lançada por iniciativa de Portugal, mas retomada por Bismarck.

14.2. Sua Realização


A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro de 1884 ao
26 de Janeiro de 1885. A essência desta conferência era na tentativa
pôr em mesa das conversações para se chegar a um consenso sobre a
ocupação colonial.

Nesta conferência participaram 14 países europeus: Estados Unidos e


Rússia. Objectivando delimitar fronteiras coloniais e normas a serem
73

seguidas pela potências colonizadoras. A conferência não conseguiu


eliminar as divergências entre os países quanto há suas ambições
imperialistas.

Assim convocou uma conferência que se reuniu em Berlim, onde


participaram 14 nações: Franca, Alemanha, Áustria, Portugal, Hungria,
Bélgica, Dinamarca, Espanha, EUA, Inglaterra, Itália, países baixos,
Suécia, Noruega, e Turquia para regular o comércio.

Objectivos da conferência de Berlim:

Liberdade de comércio na bacia e na embocadura do Congo;


adaptação e aplicação aos rios Níger e Congo dos princípios da
conferência de Viena; estruturação das normas a serem observadas
para as ocupações nas costas de África;
Não foi a Conferência de Berlim onde se fez a partilha da África e
delimitação de fronteiras, o processo de delimitação já estava em curso.
Antes desta conferência, as potências europeias já tinham suas esferas
de influência na África por várias formas: mediante a instalação de
colónias, a criação de entrepostos comerciais, etc.

Como consequência desta partilha, as fronteiras nacionais nasceram da


imposição desta conferência. Várias nações passaram a estar reunidas
dentro de novas fronteiras. Tribos amigas e inimigas passaram a
pertencer o mesmo espaço colonial.

No inicio do séc. XX, a África estava quase completamente retalhada


pelos ocupantes imperialistas. Ver o mapa em anexo.
74

Mapa de partilha de África entre as potências europeias

Fonte: htt://www.tamandare.g12.br

Parafraseando UZOIGWE citado por BOAHEN (1991: 53):

“A conferência que, inicialmente, não tinha como objectivo a partilha


de África terminou distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a
livre navegação no Níger, no Benze e os seus afluentes, e ainda por
estabelecer, as regras a ser observada no tutoro em matéria de
ocupação de territórios nas costas de africanas”.

Assim sendo, a distribuição dos territórios africanos ficara da seguinte


maneira:

Portugal: Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São


Tomé e Príncipe.
75

Inglaterra: Sudão-anglo-egipcio, Egipto, Nigéria, Costa do Ouro,


Serra Leoa, Somália, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul, Suazilândia,
Kenya, Botswana, Lesotho e Malawi. Bélgica: Congo Belga e R. D. C.

França: África Ocidental Francesa (Senegal, Alto Volta actual


Burkina Faso, Doamé actual Líbia, Costa de Marfim, Guiné Konacry,
Niger, Mauritânia, Mali e Togo), Argélia, Marrocos, África Equatorial
Francesa (Congo, Ubangui-Chari actual Republica Centro Africana,
Gabão Chade e Madagáscar). Alemanha: Camarões, TANZÂNIA,
NAMÍBIA, Togo, Togo, Burundi e Ruanda. Itália: Líbia, Somália
Italiana e Eritreia.

14.3 A dimensão económica da Conferência


Portanto, quando a partilha foi concluída na Europa houve a
necessidade de determinar onde se encontravam realmente no terreno
os limites das colónias em África, que culminaram com a instalação de
administração e ocupação efectiva que pudessem controlar os
territórios e os povos que viviam dentro das fronteiras das colónias.

A conferencia marcou o inicio da integração económica de África na


economia mundo, pois no sistema da ocupação efectiva as metrópoles
passaram a administrar e gerir os recursos a favor das necessidades da
economia mundial e o comercio.

Assim em África nota-se a presença das companhias de exploração


passando a ser palco de investimento europeu.

Sumário
A ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver os
conflitos territoriais engendrados pelas actividades dos países europeus
na região do Congo foi lançada por iniciativa de Portugal, e foi
76

retomada por Bismarck. A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de


Novembro de 1884 ao 26 de Janeiro de 1885. A essência desta
conferência era na tentativa pôr em mesa das conversações para se
chegar a um consenso sobre a ocupação colonial e a modernização
económica de África (construção de infra-estruturas, e vias de
comunicação)

Exercícios
1. A Conferência de Berlim realizou como resultado dos conflitos
imperialistas. a) Indique dois exemplos dos conflitos que
levaram a realização desta conferência.

2. A Partilha de África foi feita na Conferência de Berlim.


Comente a frase.
3. Fale do impacto económico da partilha de África na economia
mundo.

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em
estudo.
77
78

Unidade XV
A Modernização da Economia
Mundial
Introdução
Objectivo geral

Compreender o Papel da Economia Colonial na modernização da Económia


Mundial;

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o Papel da Economia Colonial na modernização da Económia


Mundial
Objectivos
 Caracterizar as relações comerciais entre a Europa e o resto do
mundo

15.1 O Papel da Economia Colonial na modernização da


Económia Mundial

As economias do litoral africano rapidamente viram-se reduzidas a


entidades dependentes no âmbito da economia de cada uma das
potências colonizadoras, diferentemente das populações do interior,
que, no conjunto, foram as ultimas a entrar no circuito de colheita dos
produtos, cultivos comerciais e trabalho remunerado. Consideráveis
investimentos foram necessários para a construção de portos de águas
profundas com capacidade adequada de descarga, e mesmo assim
menores do que aqueles exigidos pela construção de redes de estradas e
ferrovias que penetrassem o sertão.
79

A construção de sistemas de transporte e comunicações era o prelúdio


da conquista: constituíam meios logísticos que permitiriam novas
agressões a partir das bases formadas pelas zonas ocupadas. Para
entender a evolução da economia mundial do Século XV ao Século
XX, é preciso retroagir no tempo, desde as origens do capitalismo.

Além disso, é necessário entender o capitalismo da forma como


concebeu Braudel (1982), que admitiu ser ele constituído por uma
camada superior de uma estrutura em três patamares: a camada
inferior, a mais ampla, de uma economia extremamente elementar e
basicamente auto-suficiente, que denominou de vida material, a
camada da não-economia, o solo em que o capitalismo crava suas
raízes, mas na qual nunca consegue penetrar.

Acima dessa camada, vem o campo da economia de mercado, com


suas muitas comunicações horizontais entre os diferentes mercados em
que há uma coordenação automática que liga a oferta, a demanda e os
preços. Depois dessa camada e acima dela, vem a zona do
antimercado onde circulam os grandes predadores e vigora a lei das
selvas.

Segundo Arrighi (1996), em parte alguma do planeta essa metamorfose


aconteceu, à excepção da Europa onde algumas nações foram
impelidas à conquista territorial do mundo e à formação de uma
economia mundial capitalista poderosa e verdadeiramente global.

as necessidades produtivas da Economia Colonial é que contribuiu


para a modernização da Económia Mundial na medida que estabelceu-
se novas fontes de materia prima e novos mercados e
consequentemente novo circuito comercial.
80

15.2 As relações comerciais entre a Europa e o


resto do mundo

A expansão geográfica da economia-mundo europeia significou, com o


passar do tempo, a eliminação de outros sistemas mundiais, bem como
a absorção de outros sistemas menores.

A economia da Europa era composta pelas cidades italianas de Génova,


Veneza, Milão e Florença, que mantinham laços comerciais e
financeiros com o Mediterrâneo e o Levante, onde possuíam
importantes feitorias e bairros comerciais. Bem mais ao norte, na
França setentrional, encontrava-se outra área comercial significativa na
região de Flandres, formada pelas cidades de Lille, Bruges e Antuérpia,
vocacionadas para os negócios com o Mar do Norte.

No Mar Báltico encontrava-se a Liga de Hansa, uma cooperativa de


mais de 200 cidades mercantes lideradas por Lübeck e Hamburgo, que
mantinham um eixo comercial que ia de Novgorod, na Rússia, até
Londres na Inglaterra. No sudeste europeu, na mesma época, agonizava
o comércio bizantino (que actuava no mar Egeu e no mar Negro),
pressionado pela expansão dos turcos que terminaram por ocupar
Bizâncio em 1453, enquanto a Rússia via-se limitada pelos Canatos
Mongóis que ocupavam boa parte do leste do país.

A África, dividida pelo deserto do Saara numa África árabe ao Norte,


que ocupa uma faixa de terra a beira do Mediterrâneo e o Vale do rio
Nilo, com relações comerciais mais ou menos intensas com os portos
81

europeus e, ao Sul, numa outra África, a África negra, isolada do


mundo pelo deserto e pela floresta tropical, formava um outro planeta
económico totalmente a parte, voltado para si mesmo.

Por último, mas desconhecida das demais, encontrava-se a economia-


mundo formada pelas civilizações pré-colombianas da América, a
Azteca no México, a dos Maias no Yucatan e no istmo e a Inca no
Peru, organizadas ao redor do cultivo do milho e na elaboração de
tecidos, auto-suficientes e sem interligações entre si, nem terrestres
nem oceânicas.

As relações comerciais entre a Europa e o resto do mundo se


intensificaram e tornarm internacioanl com o inicio da coloniazacao.
Antes do Século XV, as economias-mundo desconheciam-se e nem
imaginavam que algum dia poderiam estabelecer entre si relações
significativas. Se é certo que em suas bordas havia escambo ou
comércio, eles eram insignificantes.

Sumário
A expansão geográfica da economia-mundo europeia significou, com o
passar do tempo, a eliminação de outros sistemas mundiais, bem como
a absorção de outros sistemas menores. A economia da Europa era
composta pelas cidades italianas de Gênova, Veneza, Milão e Florença,
que mantinham laços comerciais e financeiros com o Mediterrâneo e o
Levante, onde possuíam importantes feitorias e bairros comerciais.

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia Colonial na modernização da
Económia Mundial

2.Explique as relações comerciais entre a Europa e o resto do


mundo
82

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.

Unidade XVI

Trafico de escravos

Objectivo geral

Compreender o Desenvolvimento da economia esclavagista em África;

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Explicar o surgimento da economia esclavagista em africa


Consequências do tráfico de escravos para a economia africana
Objectivos

16. 1 O Desenvolvimento da economia esclavagista em


África

Escravo refere-se ao individou que perdeu a sua identidade de


homem , um ser social. prolongando indefinidamente seu estado de
celibatário sem acesso às esposas e a possibilidade de constituir
família que lhe permitiria pela paternidade sua reprodução física e
social.
83

Origem da escravidao - se observada em perspectiva histórica, não se


pode afirmar que a escravidão encontra sua gênese no continente
africano. Ao contrário, o fenômeno se inicia dentro de um processo
histórico secular, compreendendo povos de todos os continentes.

Como afirma Meillassoux, “a escravidão se desenvolveu na África,


como provavelmente por todos os outros lugares, pelo contato entre
civilizações diferentes” (Meillassoux, 1995, p.35) e “se existe uma
gênese da escravidão na África, é na escala de uma história que
ultrapassa o continente que se deve procurá-la” (Ibid., p.31).

Assim podemos afirmar que a escravidao não tem a sua origem em


africa mas sim ela é reinventada entre os africanos, adquirindo
contornos únicos e características próprias – e mesmo circunscrita no
continente, apresenta diferentes funções, como variável de ambientes
pastoris, agrícolas ou urbanos (Silva, 2002, pp.80-82).

No periodo de formaco de reinos e imperios africanos, os escravos


eram os cativos, obreviventes de povoados destruídos, ou de guerra, ou
ainda indivíduos castigados por crimes que cometeram dentro da
comunidade. Em todos os casos, há o consentimento de que continuem
vivos desde que reduzidos a um estado servil (Silva, p.80).

“Se o estranho não é introduzido no ciclo reprodutivo, mas apenas na


produção, ele não é ressocializado na sociedade de adoção, pois não
estabelece nela nenhum laço de parentesco. Por isso mesmo, como
vimos, ele se encontra logo de saída na situação objetiva de explorado”
(Meillassoux, p.27) .

Com o aumento das complexidades na teia social – propiciada, em


particular, pela vida urbana –, a escravidão passa a ter significações
diferentes, adquirindo o status de instituição social. “Só há escravidão,
84

como modo de exploração, se se constitui uma classe distinta de


indivíduos, com um mesmo estado social e renovando-se de forma
contínua e institucional” (Ibid., 1995, p.28) e “é em relação com essas
estruturas sociais institucionais e não em sua relação individual com o
senhor que seu estado se afirma” (Ibid., p.10).

Além disso, vale observar a importância do fator islâmico nas


transformações da concepção africana de escravidão. Os muçulmanos,
aproximando-se pelo comércio, além de difundirem suas idéias,
adquirem escravos para o fornecimento de empregados especializados
para a aristocracia árabo-berbere (Niane, 1988, p.634). Tal fato refletia
na organização do escravagismo dentro do continente, dando início a
um tráfico sistemático de escravos, que aumenta em importância o
escravismo de grande escala, sobretudo em sociedades ligadas ao
tráfico trans-saariano e, mais tarde, ao transatlântico (Silva, p.89) – o
que, de certo modo, corrobora algumas teses, tal como a de Walter
Rodney, que argumenta que o tráfico de longa distância é o principal
responsável pelas transformações na escravidão.

O tráfico trans-saariano, iniciado no século VIII, teve seu apogeu entre


1100 e 1500 (chamada “era de ouro” do comércio entre as regiões),
desenvolvendo um permanente, ainda que relativamente limitado (se
comparado ao tráfico com os europeus), comércio de homens.
Contudo, mesmo sem a importância central que lhe seria conferida
mais adiante na economia africana, desenha-se o “papel fundamental
do tráfico de escravos na formação de estruturas sócio-políticas
complementares” (Hernandez, 2005, p.35).

As vantagens oferecidas pelo comércio de escravos incitaram certos


grupos, sobretudo durante o período medieval, a multiplicar as
incursões contra seus vizinhos, a fim de se obter o que pudesse servir
de troca para os produtos mediterrâneos ou asiáticos (Gueye, 1979,
85

p.194). Nesse sentido, é possível desmistificar a idéia aparente de que


os africanos escravizavam seus “irmãos”, uma vez que, na verdade,
eram seus inimigos políticos que eram capturados (Lovejoy, p.55).

Ainda, havia rotas comerciais que “cortavam” as savanas e florestas da


África subsaariana – que, diga-se de passagem, também desmontam o
preconceito da “imobilidade” africana, trazido com freqüência pelos
ocidentais (Niane, p.645) – com a finalidade de complementar suas
economias e que, inevitavelmente, as abasteciam com escravos de
outras regiões.

E diante desse quadro, norteados por uma racionalidade capitalista que


alimentava, dialeticamente, a dominação política, a chegada dos
europeus ao continente africano dá ensejo à construção do comércio
atlântico de escravos, e sua intervenção “deu ao tráfico proporções
gigantescas e perturbou grandemente a sociedade africana” (Gueye,
p.193), o que será abordado na seção seguinte.

A Escravidão Moderna e o Espaço Atlântico

A partir do século XV, o fluxo de ouro que corre da África para a


Europa é tido como imprescindível para a acumulação necessária de
capital que pudesse ser investido no expressivo custo da expansão
atlântica. Este incremento do capital circulante na Europa teria sido,
assim, necessário para possibilitar o surgimento de crédito aos
investidores – sempre endividados – que se estabeleceram na América
para a produção de açúcar. Esta forma de empreendimento já existia
nas ilhas mediterrâneas, mas em uma escala pequena e utilizando
apenas mão-de-obra servil européia.

A primeira experiência de utilização de mão-de-obra escrava africana


foi na ilha de São Tomé, na costa da Guiné. A este acontecimento
histórico, o autor atribui uma série de eventos circunstanciais reunidos.
86

Entre eles, destaca o estabelecimento de contato com populações da foz


do rio Congo, o que permite aos portugueses a constituição de relações
comerciais não-monetarizadas – dado que não possuíam capital na
forma de metais, os quais estavam concentrados na Europa – que
abaixavam, então, o custo da mão-de-obra africana.

Importante destacar que os portugueses, com isso, evitavam as


caravanas de comercio que existiam no interior da África, as quais
ligavam essas regiões ao norte, mas controladas, principalmente, por
grupos especializados no comércio. Assim, iniciava-se um processo
que permitia aos europeus a aquisição de produtos e pessoas em troca
de produtos que não eram considerados dinheiro na Europa, o que lhes
garantia a manutenção dos metais preciosos dentro de suas fronteiras.
Ainda mais, o escravo africano, dentro do complexo comercial
europeu, adquiria um valor monetário tal que funcionava como garantia
de crédito entre produtores de açúcar e investidores (Miller, 1997,
p.14).

Ainda que a produção em São Tomé tenha sido curta (terminando em


1560 com uma rebelião escrava) e estivesse muito distante do
complexo açucareiro de produção em larga escala na América, importa
a nós que, ali, se deu a primeira experiência de utilização de mão-de-
obra escrava africana, como também houve o estabelecimento de uma
relação comercial voltada para o fornecimento de escravos.

16.2 A Consequências do tráfico de escravos para a economia


africana

A escravidão trouxe conseqüências e modificações estruturais nas


sociedades africanas:
87

 expansão da poligamia, A demanda por cativos homens na


América implicou, por exemplo, em uma com alteração na
idade de acesso as mulheres, além de fazer recair sobre estas a
responsabilidade sobre o trabalho agrícola (Manning, 1988,
p.17).

 As rotas de mercado sofreram modificações que foram sentidas


nas estruturas de produção africanas voltadas tradicionalmente
para o comercio intercontinental e para a troca de bens de
consumo. Além do desvio das rotas, o tráfico levou ao
surgimento de uma classe mercantil e aristocrática que atuava
diretamente junto ao Estado.

 Desestruturacao nas comunidades camponesas pelo


esvaziamento populacional, ainda sujeito a migrações e
deslocamentos como forma de fugir ao tráfico de escravos (Ki-
Zerbo, 1982, p.281).

No mesmo sentido, Patrick Manning aponta que se deve compreender


o desenvolvimento de uma dinâmica das relações entre africanos e
europeus na qual os primeiros ora se adaptaram dentro de seus valores
culturais, ora se sujeitaram às pressões externas importas pelo mercado
de pessoas (Manning, 1988, p.28).

Sumário
Como nos indica Roger Meunier, “ao caráter institucional da parte
européia do tráfico, corresponde uma organização não menos
regulamentada do lado dos reinos africanos, para os quais o comércio e
tráfico com os europeus é muitas vezes um negócio de Estado. Paul
Lovejoy destaca que as guerras promovidas por Estados centralizados
foram a principal fonte de cativos a serem direcionados para o mercado
de escravos estabelecido com os europeus. Mas, para além disso, outras
88

formas de escravização de indivíduos (como seqüestros, razias e o


endurecimento das punições legais cabíveis de escravidão) denotam a
erosão de costumes tradicionais africanos e de suas instituições
políticas (Lovejoy, 2002, pp.141-146). A guerra transformou-se de um
combate entre elites em uma guerra operacional que visava a conquista
territorial para aquisição de cativos.

Exercícios
1. Indique os factores que contribuiram para o inicio de comercio
de escravo nos estados modernos
2. Explique o processo de Desenvolvimento da economia
esclavagista em África
3. Refira-se das Consequências do tráfico de escravos para a
economia africana

Resolva os exercícios indicados.


Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em
estudo.
89

Unidade XVII
O papel de África na Economia
do Mundo – África do norte e
Oriental
Objectivo geral

Conhecer o papel de África na economia do mundo;

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o contributo económico das colónias no contexto


da economia mundo, a exemplo de: O Egipto. O Magreb. O
Objectivos Marrocos
 Explicar o contributo económico das colónias no contexto
da economia mundo, a exemplo de Sahel – Sudão

 Explicar o contributo económico das colónias no contexto


da economia mundo, a exemplo de Etiópia e o corno de
África

17.1. O Egipto. O Magreb. O Marrocos

O Egipto tem quatro principais fontes económicas, em primeiro lugar


vem o turismo, que tem como atracões as pirâmides, e o litoral do Mar
Mediterrâneo. Em segundo lugar vem a extracção e a exportação de
petróleo, que gera emprego e lucros para o governo. Em seguida vem
os impostos e as taxas alfandegárias que são cobradas sobre os navios
que passam pelo canal de Suez, e em último vem as ajudas que são
arremetidas por egípcios que vão para outros países e mandam dinheiro
90

para suas famílias. No tempo antigo, a economia do Egipto era à base


de trocas.

Economia

A economia é toda baseada na agricultura, com o método de produção


asiático. O faraó é o dono de todas as terras do país, organizando todo
trabalho agrícola. Também administrava as construções, pedreiras, e
minas. No Egipto predominava o regime de servidão colectiva, onde
todos eram obrigados a trabalhar para sustentar o faraó, ou pagavam
tributos na forma de bens para o estado. As principais actividades
económicas exercidas no Egipto eram a agricultura, criação de animais,
comércio externo e firmamento de metais. Agriculturas Na agricultura
destacaram-se no cultivo do trigo, cevada, linho e papiro. Com o trigo
os egípcios faziam pão, com a cevada, faziam cerveja, bebida muito
apreciada pelos camponeses, com o linho fabricavam tecidos para
confecção de roupas, e finalmente o papiro, natural do delta do Nilo,
servia para fabricar cordas, sandálias, barcos e principalmente papel
(papiro), muito usado até a Idade Média.

Criação de Animais

No Egipto se criava: bois, carneiros, cabras, porcos, aves e asnos. A


criação de cavalos só começou no Egipto quando os hicsos invadiram o
país em 1750 a.C., que usaram os cavalos contra o exército egípcio,
que copiou a estratégia depois da invasão. A carne era um alimento de
luxo, só os ricos podiam desfrutar dos prazeres das carnes. A
população pobre só comia carne em ocasiões festivas e especiais.

Comércio

O comércio no Egipto funcionava a base de trocas, pois não conheciam


o dinheiro naquela época. Essa prática se tornou mais intensa no novo
Império, quando as importações e exportações se intensificaram com os
contactos comercias com a ilha de Creta, a Palestina, Fenícia e a Síria.

Além disso, desenvolveram uma indústria bastante artesanal, com


produção de armas, barcos, cerâmica, tijolos, tecidos, objectos de
vidro, couro e metais. Todos esses produtos que eram produzidos pelos
artesãos eram exportados. Os produtos mais importados pelos egípcios
eram o marfim, peles de animais, perfumes e outros utensílios usados
pelos ricos. Forjamento de Metais Os egípcios primitivos aprenderam a
usar o cobre e o ouro. Forjavam ferramentas, armas e jóias. Depois
começaram a fabricar bronze mais duro de cobre e estanho em
fornalha.
91

Já no novo Império, inventaram foles que eram operados com o pé. O


metal derretido era despejado em formas.

Transportes

Com as construções das pirâmides era necessário transportar as pedras


de navio. Durante as cheias do Nilo, os egípcios faziam as pedras
flutuar até a orla do deserto. Esses navios eram construídos de madeira
do Líbano.

Esses navios eram dirigidos com a ajuda de grandes remos, presos à


popa. Os egípcios foram os primeiros a usar velas. Mas, para atravessar
o Nilo, os homens comuns do Egipto utilizavam barcos de junco para
pescar e caçar.

Agricultura

Na agricultura destacaram-se no cultivo do trigo, cevada, linho e


papiro. Com o trigo os egípcios faziam pão, com a cevada, faziam
cerveja, bebida muito apreciada pelos camponeses, com o linho
fabricavam tecidos para confecção de roupas, e finalmente o papiro,
natural do delta do Nilo, servia para fabricar cordas, sandálias, barcos e
principalmente papel (papiro), muito usado até a Idade Média.

Forjamento de Metais

Os egípcios primitivos aprenderam a usar o cobre e o ouro. Forjavam


ferramentas, armas e jóias. Depois começaram a fabricar bronze mais
duro de cobre e estanho em fornalha.

Já no novo Império, inventaram foles que eram operados com o pé. O


metal derretido era despejado em formas.

A economia dos Marrocos é considerada a economia liberal


governado pelo lei da fonte e da demanda. Desde 1993, o país seguiu
uma política de privatização de determinados sectores económicos que
se usaram estar nas mãos do governo.

O sistema económico do país apresenta diversos facetas. É


caracterizado por uma abertura grande para o mundo exterior.
Remanesce o preliminar comércio sócio (fornecedor e cliente) de
Marrocos. A França é também o preliminar credor e investidor
92

estrangeiro em Marrocos. No Mundo árabe, Marrocos tem o GDP


second-largest do non-óleo, atrás de Egipto, até à data de 2005.

Entre o vário comércio livre os acordos que Marrocos ratificou com


seus sócios económicos principais, são Área de comércio livre Euro-
Mediterranean acordo com União europeia com o objectivo de integrar
Associação comercial livre do europeu nos horizontes de 2012; Acordo
de Agadir, assinado com Egipto, Jordão, e Tunísia, dentro da estrutura
da instalação do Zona árabe da troca livre; Acordo de comércio livre de
Marrocos com EUA qual veio na força dentro Janeiro 1, 2006 e
ultimamente o acordo da troca livre com Turquia.

Agricultura

A produção agricultural Moroccan consiste na laranja, nos tomates, nas


batatas, na azeitona, e no óleo verde-oliva. Os produtos agrícolas da
alta qualidade são exportados geralmente para Europa. Marrocos
produz bastante alimento para o consumo doméstico à excepção dos
grãos, do açúcar, do café e do chá. Mais de 40% do consumo de
Marrocos dos grãos e da farinha é importado do E.U. e França.

A indústria da agricultura em Marrocos aprecia a termine a isenção de


imposto. Há umas centenas dos milhares dos hectares da terra da alta
qualidade que não está sendo explorada e está nas mãos do estado
Marroquino. Estas terras foram adquiridas dos fazendeiros/colonos
franceses anteriores esse Marrocos esquerdo após a independência em
1956. O estado recusa retornar as terras ao origina proprietários. O
estado tende a d ar muitos hectares da terra como recompensas aos
políticos aposentados, oficiais elevados do ranking e a nivelá-los aos
atletas nacionais.

Marrocos é o mercado de prata o maior em África e em terceiro lugar


no exportador o maior do fosfato no mundo após ESTADOS UNIDOS.
E China. O fosfato é encontrado principalmente na região ocidental do
país. Casablanca é centro industrial principal de Marrocos com as 39%
das unidades de produção do país e o 60% do trabalho industrial. Com
93

o investimento Tânger está transformando-se um centro considerável


da indústria também.

17.2. Economia Etiópia

A economia de Etiópia está baseada na agricultura que absorve o 45%


do Produto interno bruto, o 90% das exportações e o 80% da mão-de-
obra. O produto principal é o café destinado em sua quase integridade à
exportação, do que vivem directa ou indirectamente o 25% da
população. Este alto volume, unido à variabilidade dos preços
internacionais do café, faz que a balança exportadora seja muito
vulnerável

Os processos de seca, agravados na década dos 80 do século XX,


converteram grandes extensões de terreno de cultivo em áridas ou
semi-áridas, em parte pelas condições climáticas, em parte por devasta-
a de árvores para lenha. As deslocações de população e de refugiados
por motivo das múltiplas guerras com Eritreia, facilitaram o
assentamento de grande número de população em zonas com mal
recursos agrícolas e ganaderos, o que provocou fomes e persistentes
degradações do solo que não se recuperou. Na actualidade, e depois da
assinatura da paz definitiva com Eritreia, o número de pessoas
dependentes de ajuda-a interior ou exterior para a sobrevivência
reduziu-se de 4,5 milhões de pessoas em 1999 , a 2,7 milhões de
pessoas em 2003 .

Quanto à mineira, Etiópia tem reservas de ouro e tantalizo, bem como


mármore, potássio, mineral de ferro e gás natural. As explorações deste
último têm sofrido diversas convulsões e por motivo dos múltiplos
conflitos bélicos até 2002.

O alto nível de dependência do sector energético (petróleo) e as


elevadas despesas militares, mantêm ainda debilitada a economia, que
apresenta grandes mudanças segundo a zona do país da que se trate. A
tensa relação com Eritreia impede o uso dos portos eritreus de Assab e
Massawa, deixando o de Yibuti para a saída ao mar dos produtos
etíopes.

Na actualidade desenvolve-se um plano económico baseado no


incremento do uso da energia hidroeléctrica, a exploração do gás
natural, a recuperação de zonas agrícolas e a diversificação das
actividades económicas, dentro de uma economia ainda muito
centralizada e dependente do sector público e da ajuda estrangeira.
94

Os países aos que lhes dão produtos de exportação são: Alemanha,


Japão, Yibuti e Arábia Saudita. Os países que lhe dão produtos a
Etiópia são: Arábia Saudita, Estados Unidos, Itália e Rússia. Os
produtos de exportação são: café, couro, legumes e petróleo e os de
importação são: animais, petróleo e maquinaria.

A ajuda estrangeira representa mais de 90% do orçamento do governo,


só o 2% da população do país tem acesso a telefones celulares.

Sumário
O sistema económico do país apresenta diversos facetas. É
caracterizado por uma abertura grande para o mundo exterior. França
remanesce o preliminar comércio sócio (fornecedor e cliente) de
Marrocos. França é também o preliminar credor e investidor
estrangeiro em Marrocos.

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia do Egipto na Económia Mundial

2. Explique os resultados do desenvolvimento do comércio árabe na


costa oriental de África

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.


95

Unidade XVIII
O papel de África na Economia
do Mundo – África Central e
Austral
Introdução
Objectivo geral

Conhecer o papel de África na economia do mundo;

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 ccaracterizar a economia do Sahel – Sudão Congo e os


reinos ovimbundos de Angola no período da dominação
Objectivos
colonial

 Caracterizar a economia da África Austral : Madagáscar e a


África do Sul no período da dominação colonial

18.1. A África Austral: Madagáscar e a África do Sul

A economia de Madagáscar assenta essencialmente na agricultura e


na criação de gado. Embora o arroz seja a principal cultura, é o café
que representa fatia ao nível da exploração. Destacam-se outras
culturas, como a cana-de-açúcar, da mandioca e de frutos como
banana, a maça, o ananás ou laranja. Quando à agronomia, saliente-se a
dificuldade do governo de Madagáscar em fomentar a criação de gado
bovino para consumo alimentar, em virtude do carácter religioso que
estes animais assumem perante certas camadas da população. Contudo,
é abundante a criação de outros animais como as ovelhas, as cabras, as
galinhas e os porcos.

A indústria mineira está pouco desenvolvida, sobretudo por causa dos


escassos recursos minerais, havendo a destacar, apenas os depósitos de
titânio, considerados os maiores do mundo. Em relação a indústria
96

manufactureira, ela incide sobretudo no tratamento do arroz, da


madeira e do papel.

Após a turbulência interna de 1972/75, o regime militar emergente


resolveu transformar Madagáscar num país socialista, através da
completa nacionalização de todas as empresas, mesmo aquelas que
estavam nas mãos de instigadores estrangeiros. Esta iniciativa revelou-
se catastrófica para a economia deste país, pois as exportações
desceram, a inflação subiu e a dívida externa disparou para níveis antes
impensáveis, levando Madagáscar a uma situação de bancarrota
técnica. Só através da pressão exercida pelo Fundo Monetário
Internacional é que o governo retrocedeu na sua política,
reliberalizando a economia a todos os níveis.

África do Sul: perspectiva económica

A África do Sul é o motor económico do continente africano, líder na


produção industrial e produção mineral, gerando uma larga parte da
electricidade de África.

O país tem recursos naturais abundantes, um sistema legal e financeiro


bem estruturado, dispõe de comunicações, energia e transportes, tem
uma bolsa de valores classificada entre as 20 maiores do mundo e uma
estrutura moderna que suporta uma eficiente distribuição de bens e
produtos por toda a África Austral.

A África do Sul tem uma estrutura legal progressista e de primeiro


nível. A legislação sobre comércio, trabalho, mão-de-obra e assuntos
marítimos está particularmente bem estruturada, assim como as leis
sobre política da concorrência, copyright, patentes, marcas registadas e
disputas se enquadram nas normas e convenções internacionais.

Os sistemas financeiros do país são robustos e sofisticados. Os


regulamentos bancários estão entre os melhores do mundo e o sector há
muito que está classificado entre os 10 melhores do mundo.

Não só é a África do Sul um mercado económico emergente


importante, como também representa uma porta de saída para os outros
mercados africanos. O país desempenha um papel vital no
fornecimento de energia, auxílio, transporte, comunicações e
investimento estrangeiro no continente. A sua rede viária e ferroviária
bem estruturada é uma base forte do transporte via terrestre bem no
coração de África.
97

Crescimento económico

A economia Sul-africana tem vivido uma fase ascendente desde


Setembro de 1999 – o período mais longo de expansão económica na
história do país.

Durante esta fase de incremento (em preparação o período até ao


quarto trimestre de 2007), a taxa anual de crescimento económico
ultrapassou os 4%. Na década antes de 1994 o crescimento económico
fora inferior a 1% ao ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul subiu 3,7% em 2002,


3,1% em 2003, 4,9% em 2004, 5% em 2005, 5,4% em 2006 – o mais
elevado desde 1981 – e 5,1% em 2007. No quarto trimestre de 2007, a
África do Sul registou o seu 33º trimestre de expansão constante no
PIB real desde Setembro de 1999.

A economia da África do Sul foi completamente recondicionada desde


o advento da democracia no país em 1994. Grandes reformas
económicas trouxeram competitividade, crescimento económico,
formação de emprego e uma abertura total do país face aos restantes
mercados do mundo.

Ao longo dos anos estas políticas reformistas construíram uma


estrutura macroeconómica sólida e robusta. Os impostos desceram, as
tarifas baixaram, o défice fiscal foi refreado, a inflação desacelerada e o
controlo cambial aliviado.

O crescimento económico e uma gestão fiscal prudente fizeram com


que o défice orçamental da África do Sul (diferença entre as despesas
do estado e o total das receitas, excluindo empréstimos) baixou
drasticamente, de 5,1% do PIB em 1993/94 para 0,5% em 2005/2006 –
o segundo mais baixo na história do país depois do 0,1% durante o
boom do ouro em 1980.

Em 2006/07 o país anunciou o seu primeiro excedente orçamental de


0,3%. O índice de preços ao consumidor tem vindo a descer desde
2002, quando os preços ao consumidor aumentaram uma média de
9,3% depois do terrível 11 de Setembro em Nova Iorque. O índice de
preços ao consumidor rondou os 4,3% em 2004, 3,9% em 2005, 4,6%
em 2006 e 6,5% em 2007.

Com as tarifas e impostos mais baixos para cá da fronteira, o


optimismo da economia, uma melhor conformidade fiscal e uma
administração fiscal e alfandegária coerente e forte levaram a um
98

avolumar das receitas do estado, atingindo os 475,8 biliões de rands em


2006/07 – mais do triplo do que em 1996/97.

Desafios: fornecimento de energia

A maior ameaça imediata ao contínuo crescimento económico da


África do Sul é uma restrição na capacidade, que surgiu precisamente
devido ao desempenho económico forte dos últimos anos.

Este crescimento, juntamente com uma industrialização rápida e um


programa de electrificação massivo na última década, conduziu
finalmente, em Janeiro de 2008, a um excesso na procura de
electricidade.

Os cortes de energia daí resultantes fizeram com que o governo agisse


rapidamente para ultrapassar a crise. O plano de resposta inclui uma
despesa de cerca de 343 biliões de rands nos próximos cinco anos para
financiar novas centrais eléctricas, assim como uma série de medidas
com vista a reduzir a procura doméstica e industrial.

As agências de classificação Standard & Poor e Fitch afirmaram em


Janeiro de 2008 que a escassez energética não era considerada uma
ameaça imediata na classificação de crédito ao investimento da África
do Sul, mas podia vir a ser um problema se refreasse severamente o
crescimento económico.

Sumário
A economia de Madagáscar assenta essencialmente na agricultura e na
criação de gado. Embora o arroz seja a principal cultura, é o café que
representa fatia ao nível da exploração. A África do Sul é o motor
económico do continente africano, líder na produção industrial e
produção mineral, gerando uma larga parte da electricidade de África.

Exercícios
1.Refira-se do Papel da Economia de Madagascar na Económia Mundial

2. Explique os desafiso da economia Sul africana


99

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.

Unidade XIX
Economia de Moçambique nos séc. XVI-
XIX
Objectivo geral

Caracterizar a economia moçambicana nos períodos entre o século XVI e


XIX.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as actividades económicas que caracterizaram os


estados africanos no período pré colonial em Moçambique;
Objectivos  Descrever as relações Económicas dos estados pré-coloniais em
Moçambique;

19.1 A Economia dos estados pré-coloniais em


Moçambique

Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os


Khoisan, que eram caçadores-recolectores.

A economia agrícola (natural) em Moçambique inicia nos séculos I a


IV, quando a região começou a ser invadida pelos Bantu (ver expansão
bantu), que eram agricultores e já conheciam a metalurgia do ferro. A
base da economia dos Bantu era a agricultura, principalmente de
100

cereais locais, como a mapira (sorgo) e a mexoeira; a olaria, tecelagem


e metalurgia encontravam-se também desenvolvidas, mas naquela
época a manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e
o comércio era efectuado por troca directa.

A economia mercantil inicia entre os séculos IX e XIII começaram a


fixar-se na costa oriental de África populações oriundas da região do
Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial.
Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos
daquela época referiram-se a um activo comércio com as "terras de
Sofala", incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros
metais.

De facto, o ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de


ferro - em forma de X, com cerca de 30 cm de comprimento, que
formam abundantes achados arqueológicos nesta região - eram
utilizadas como moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda" foi
substituída por outra: tubos de penas de aves cheias de ouro em pó - os
meticais cujo nome deu origem à actual moeda de Moçambique.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com


a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais
complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se
verdadeiros estados na região. Um dos mais importantes foi o primeiro
estado do Zimbabwe.

O Estado de Zimbabwe

Embora os povos que falavam a língua ci-shona - ainda hoje a principal


língua do Zimbabwe, com cerca de sete milhões de falantes, em vários
dialectos - se tenham instalado na região cerca do ano 500, o primeiro
estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450
aproximadamente na região da actual República do Zimbabwe.

Economia; Na região onde floresceu o estado de Zimbabwe, a


fertilidade da região permitiu a prática de agricultura, o apogeu do
primeiro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração e
metalurgia do ouro, muito procurado pelos mercadores originários da
zona do Golfo Pérsico que já demandavam as "terras de Sofala", pelo
menos desde o século XII.

O império de Muenemutapa

A invasão e conquista do norte do planalto zimbabueano pelas tropas


de Mutota, em 1440-1450, deram origem a um novo estado dominado
pela dinastia dos Mwenemutapas. No século XVI, o Império dos
101

Mwenemutapas tinha estendido o seu domínio a uma região limitada


pelo rio Zambeze, a norte, o Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a
sul e chegando a sua influência quase ao deserto do Kalahari a
sudoeste.

Economia: por ser uma região fértil e não estar afectada pela mosca
tsé-tsé, permitindo a agricultura e a criação de gado, o que contribuiu
para a estabilidade e crescimento das populações, as minas de ouro
estavam principalmente localizadas no interior. Por essa razão, o
comércio, conferiu aos Mwenemutapas uma grande riqueza.

Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico,


primeiro dos mercadores e colonos árabes oriundos da região do Golfo
Pérsico, ainda no século XII, e depois dos portugueses, no dealbar do
século XVI.

Os estados Marave foram um conjunto de pequenos reinos formados


na margem norte do rio Zambeze e que se tornaram importantes na
história da penetração portuguesa nesta região.

Economia: nestes estados a base da economia era a agricultura.

19.2 A Economia de escravos em Moçambique

Os prazos: Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para


Moçambique colonos, muitos de origem indiana, que queriam fixar-se
naquele território. Esses colonos, muitas vezes casavam com as filhas
de chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre o comércio e a
agricultura, podiam tornar-se poderosas.

Economia: organização de um sistema de cobrar o "mussoco" aos


camponeses que cultivavam nas suas terras. Mineração, minoravam
ouro; comerciavam marfim e escravos, que comerciavam em troca de
panos e missangas que recebiam da Índia e de Lisboa. Até 1850, Cuba
foi o principal destino dos escravos provenientes da Zambézia.

Mas a agricultura familiar não produzia as quantidades desejadas, era


necessário organizar plantações. É nessa altura que o governador da
"província ultramarina", Augusto de Castilho, cuja administração
estava desejosa de ter uma base tributária para manter a ocupação do
território, emite em 1886 uma "portaria provincial" regulando a
cobrança do "mussoco" nos Prazos (que tinham sido "extintos" pela
terceira vez seis anos antes), que incluía a obrigatoriedade dos homens
válidos pagarem aquele imposto, se não em produtos, então em
trabalho; é dessa forma que começam a organizar-se as grandes
plantações de coqueiros e, mais tarde, de sisal e cana sacarina.
102

Em 1890, o futuro "Comissário Régio" António Enes decreta, numa


revisão do Código de Trabalho Rural de 1875 (que estabelecia apenas a
obrigação "moral" dos colonos [leia-se camponeses indígenas] de
produzirem bens para comercialização), que o camponês já não tem a
opção de pagar o "mussoco" em géneros: "…O arrendatário [dos
Prazos] fica obrigado a cobrar dos colonos em trabalho rural, pelo
menos metade da capitação de 800 réis, pagando esse trabalho aos
adultos na razão de 400 réis por semana e aos menores na de 200
réis."

Os estados Ajauas No rico planalto do Niassa, fixaram-se os bantu


ajaua (ou yao e também pronunciado jauá).

Economia: agricultores e caçadores, mas também comerciantes que,


no século XVIII, já islamizados, muito contribuíram para o tráfico de
escravos. No século XIX, esta população expandiu-se para oeste
(incluindo o Malawi) e organizou estados poderosos no planalto, entre
os quais, o Mataca, o Mutarica, o Mukanjila e o Jalassi.

O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também conhecido


por Manicusse, 1821-1858) como resultado do Mfecane.

Economia: O rei de Gaza dominou os reis Tonga através dos membros


da sua linhagem, os Nguni, comerciando marfim, que recebia como
tributo, com os portugueses, estabelecidos na costa (principalmente em
Lourenço Marques e Inhambane).

Os estados afro-islamicos da costa A partir do século X, os


mercadores árabes que demandavam as costas de "Sofala" foram
difundindo o islão entre as populações costeiras, mas foi apenas após a
instalação em Zanzibar dum xeicado dependente do sultanato de Oman,
no século XVII, que começaram a organizar-se pequenos estados de
organização islâmica. Na província de Nampula, no norte de
Moçambique, formaram-se o "Xeicado de Quitangonha", "Reino de
Sancul", "Xeicado de Sangage" e "Sultanato de Angoche".

Economia: os estados afro-islamicos da costa tinham como principal


actividade económica o comércio de escravos.

Sumário
O ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de ferro - em
forma de X, com cerca de 30 cm de comprimento, que formam
abundantes achados arqueológicos nesta região - eram utilizadas como
moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda" foi substituída por
103

outra: tubos de penas de aves cheias de ouro em pó - os meticais cujo


nome deu origem à actual moeda de Moçambique.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com


a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais
complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se
verdadeiros estados na região. Um dos mais importantes foi o primeiro
estado do Zimbabwe.

Exercícios
1. Refira-se dos estados pré-coloniais em Moçambique

2. Quais foram as principais actividades económicas que caracterizaram


Moçambique no período pré colonial?

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.

Unidade XX
Economia de Moçambique nos séc XIX-
XX
Objectivo geral

Caracterizar a economia moçambicana nos períodos entre o século XIX e XX.

Objectivos específicos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as características da economia colonial em


Moçambique (1890 - 1930)
Objectivos
 Identificar as características da economia colonial em
Moçambique (1930 - 1960)
104

 Identificar as características da Economia colonial em


Moçambique (1960 – 1975)

20.1 A Economia colonial em Moçambique (1890 - 1930)

As companhias majestáticas Em 1878, Portugal decide fazer a


concessão de grandes parcelas do território de Moçambique a
companhias privadas que passaram a explorar a colónia, as companhias
majestáticas, assim chamadas, porque tinham direitos quase soberanos
sobre essas parcelas de território e seus habitantes. As principais foram
a Companhia do Niassa e a Companhia de Moçambique.

Economia: Como Portugal tinha sido obrigado a ilegalizar o comércio


de escravos em 1842, apesar de fechar os olhos ao comércio
clandestino, e não tinha condições para administrar todo o território,
deu a estas companhias poderes para instituir e cobrar impostos. Foi
nessa altura que foi introduzido o "imposto de palhota", ou seja, a
obrigatoriedade de cada família pagar um imposto em dinheiro; como a
população nativa não estava habituada às trocas por dinheiro (para
além de produzir para a própria sobrevivência), eram obrigados a
trabalhar sob prisão - o trabalho forçado, chamado em Moçambique
"chibalo"; mais tarde, as famílias nativas foram obrigadas a cultivar
produtos de rendimento, como algodão ou tabaco, que eram
comercializados por aquelas companhias. Cabia as companhias: a
cobrança de imposto de palhota; exportação de mão-de-obra;
utilização do trabalho forcado; utilização dos homens e mulheres no
transporte a longa distancia; desenvolvimento das actividades
especulativas baseadas na apropriação da terra; comércio de
excedente; prospecção mineira; monopólio de taxas aduaneiras de
importação e exportação;

A administração colonial portuguesa


105

Até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa em


Moçambique limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da costa.
Portugal, bem estabelecido em Goa, de onde vinham directamente as
ordens relativas a Moçambique, contava que os comerciantes que se
iam estabelecendo no interior do território formassem o substrato para
uma administração efectiva. Naquela época, o fundamental era o
controlo do comércio, primeiro do ouro, nos séculos XVI e XVII,
depois do marfim e dos escravos. No entanto, a administração colonial
não conseguia sequer cobrar os impostos relativos a esse comércio.

Entretanto, em 1686, o Vice-Rei português baptizava, em Diu, a


"Companhia dos Mazanes", formada por ricos comerciantes indianos, à
qual eram dados privilégios no comércio entre aquele território e
Moçambique. Ao abrigo desta companhia, começaram a fixar-se em
Moçambique dezenas de comerciantes indianos, suas famílias e
empregados. Apesar das boas relações entre os indianos e os
governantes coloniais, a situação financeira da colónia não melhorou.

Só depois da visita do "Emissário Régio", António Enes, em 1895 e


dos acordos com o Transvaal para a edificação da linha férrea, decidiu
o governo colonial mudar a capital da "província" para Lourenço
Marques e, com a debandada das companhias majestáticas, organizar
uma administração efectiva de Moçambique. Essa administração, que
foi encetada no então distrito de Lourenço Marques (que incluía as
actuais províncias de Maputo e Gaza), tinha a forma de "circunscrições
indígenas", cujos administradores tinham igualmente as funções de
juízes. Eram coadjuvados pelos régulos, nas "regedorias" em que as
circunscrições se dividiam, que eram membros da aristocracia africana
(portanto, aceites pelas populações) que aceitavam colaborar com o
governo colonial; as suas principais funções eram cobrar o "imposto de
palhota" e organizar a mão-de-obra para as minas do Rand e para as
necessidades da administração.

Com a abolição da escravatura por decreto régio, em 1875, e o seu


declínio real, uns dez anos depois, o governo colonial viu-se obrigado a
transformar Moçambique de uma colónia para extracção de recursos
naturais, num território que devia produzir bens para seu consumo e
para exportação para a "metrópole". Essa foi a motivação principal para
o estabelecimento duma administração efectiva, embora também
pesassem as pressões internacionais decorrentes da Conferência de
Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses.

A ocupação militar de Nampula


106

Os estados islâmicos da costa (Xeicado de Quitangonha, Reino de


Sancul, Xeicado de Sangage e Sultanato de Angoche), em aliança com
os pequenos reinos macuas do interior conseguiram, até ao fim do
século XIX, resistir à dominação portuguesa. Com uma técnica que, já
naquela época, era considerada de guerrilha (Teixeira Botelho. 1936.
História Militar e Política dos Portugueses em Moçambique. 1º vol.
Centro Tipográfico Colonial, Lisboa, citado em UEM, 1982).

Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram uma


nova táctica, enviando grandes colunas militares a partir da Ilha de
Moçambique e Mossuril, que avançavam ao longo dos rios,
submetendo os chefes macuas. Nos locais onde conseguiam a
colaboração destes, organizaram "Circunscrições" com uma
administração incipiente, mas efectiva; onde não o conseguissem,
instalavam "Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma,
conseguiram dividir o território e as suas populações, incentivando as
rivalidades entre si e com os estados islâmicos, que acabaram por
entrar em declínio e foram finalmente subjugados à administração
colonial.

A política económica colonial entre 1900 e1930

A migração de trabalhadores para as minas sul-africanas, firmou um


acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi
submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade,
regulamentando o trabalho migratório e assegurando o tráfico através
do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da
Província recebia uma taxa por cada trabalhador recrutado; mais tarde,
o acordo incluía a retenção de metade do salário dos mineiros, que era
pago à colónia em ouro, sendo o montante respectivo entregue aos
mineiros no seu regresso, em moeda local.

20.2 A Economia colonial em Moçambique (1930 - 1960)

Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para


seu ministro das finanças, a administração das colónias como fonte de
matérias-primas para a indústria da "metrópole" tornou-se mais
eficiente. Em 1930 foi publicado o Acto Colonial, legislação que
organizava o papel do Estado nas colónias portuguesas:

 A nomeação de administradores para as circunscrições


"indígenas", que passaram a organizar os seus pequenos
exércitos de sipaios;
 Os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e
a "venda" de mão-de-obra para as minas sul-africanas;
107

 A criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas";


 A definição da Igreja Católica como principal força
"civilizadora" dos indígenas, passando a ser a principal forma
de educação.

Depois, com a nova constituição portuguesa em 1933, Salazar e os seus


braços nas colónias transportaram para África (e Índia) a repressão
mais brutal sobre os indígenas, ao mesmo tempo em que incentivavam
os seus cidadãos mais pobres a emigrarem para essas terras.

Economia Na década de 1950, o governo colonial lançou os Planos de


Fomento para as colónias, incluindo o financiamento à construção de
infra-estruturas (principalmente as que estavam relacionadas com o
comércio regional, como os portos e caminhos de ferro) e à fixação de
colonos. O I Plano de Fomento, relativo aos anos 1953-1958, previa
um investimento em Moçambique de 1.848.500 contos, com 63%
destinados às infra-estruturas e 34% ao "aproveitamento de recursos e
povoamento". Ao abrigo deste investimento, em 1960 já tinham sido
instaladas no colonato do Limpou 1400 famílias.

Apenas na década de 1960 se deu início a alguma industrialização.

20.3 A Economia colonial em Moçambique (1960 - 1975)

Para além das várias acções de resistência ao domínio colonial, a


última das quais culminou com a prisão e deportação do imperador
Gungunhana, a fase final da luta de libertação de Moçambique
começou com a independência das colónias francesas e inglesas de
África. Em 1959-1960, formaram-se três movimentos formais de
resistência à dominação portuguesa de Moçambique:

 UDENAMO - União Democrática Nacional de Moçambique;


 MANU - Mozambique African National Union (à maneira da KANU
do Quénia); e
 UNAMI - União Nacional Africana para Moçambique Independente.

Estes três movimentos tinham sede em países diferentes e uma base


social e étnicas também diferentes mas, em 1962, sob os auspícios de
Julius Nyerere, primeiro presidente da Tanzânia, estes movimentos
uniram-se para darem origem à FRELIMO - Frente de Libertação de
Moçambique - oficialmente fundada em 25 de Junho de 1962.

O primeiro presidente da FRELIMO foi o Dr. Eduardo Chivambo


Mondlane, um antropólogo que trabalhava na ONU e que já tinha tido
contactos com um governante português, Adriano Moreira. Nesta
108

altura, ainda se pensava que seria possível conseguir a independência


das colónias portuguesas sem recorrer à luta armada.

No entanto, os contactos diplomáticos estabelecidos não resultaram e a


FRELIMO decidiu entrar pela via da guerra de guerrilha para tentar
forçar o governo português a aceitar a independência das suas colónias.
A Luta Armada de Libertação Nacional foi lançada oficialmente em 25
de Setembro de 1964, com um ataque ao posto administrativo de Chai
no então distrito e, mais tarde, província de Cabo Delgado.

A guerra de libertação, uma luta de guerrilha, expandiu-se para as


províncias de Niassa e Tete e durou cerca de 10 anos. Durante esse
período, foram organizadas várias áreas onde a administração colonial
já não tinha controlo - as Zonas Libertadas - e onde a FRELIMO
instituiu um sistema de governo baseado na sua necessidade em ter
bases seguras, abastecimento em víveres e vias de comunicação com as
suas bases recuadas na Tanzânia e com as frentes de combate.

Finalmente, a guerra terminou com os Acordos de Lusaka, assinados a


7 de Setembro de 1974 entre o governo português e a FRELIMO, na
sequência da Revolução dos Cravos. Ao abrigo desse acordo, foi
formado um Governo de Transição, chefiado por Joaquim Chissano,
que incluía ministros nomeados pelo governo português e outros
nomeados pela FRELIMO. A soberania portuguesa era representada
por um Alto-comissário, Vítor Crespo.

Economia: a economia Moçambique continuou a servir o estado


colónia mas de uma forma reduzida dada a de luta pela independência.

Sumário
Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do
território de Moçambique a companhias privadas que passaram a
explorar a colónia, as companhias majestáticas, assim chamadas,
porque tinham direitos quase soberanos sobre essas parcelas de
território e seus habitantes. As principais foram a Companhia do Niassa
e a Companhia de Moçambique.

Exercícios
1.Refira-se da economia de Moçambique nos três principais períodos
colonial
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2. Relacione a administração colonial portuguesa e o desenvolvimento de


Moçambique

Resolva os exercícios indicados.

Auto-avaliação Faça uma breve síntese em quatro páginas da unidade em estudo.

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Gama a Bill Gates. Lisboa.

♦ Os dados estão incompletos, pois a obra temo-la parcialmente (cópias)

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