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º ano
Contos
Domínios Descritores de desempenho Conteúdos
Educação EL14.3. Identificar temas, ideias principais, pontos de vista e • Contos:
Literária universos de referência, justificando. – “George”, de Maria Judite de
EL14.4. Fazer inferências, fundamentando. Carvalho
EL14.9. Identificar e explicitar o valor dos recursos expressivos – “Famílias Desavindas”, de Mário
mencionados no Programa. de Carvalho
EL15.5. Escrever exposições (entre 130 e 170 palavras) sobre RETOMA
Teste de avaliação 5
Português, 12.º ano
Contos
GRUPOI (100 PONTOS)
A
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.
Famílias desavindas
No dobrar do século XIX, Gerard Letelessier, jovem engenheiro francês, fracassou em Paris e em
Lisboa, antes de convencer um autarca do Porto de que inventara um semáforo moderno, operado a
energia elétrica, capaz de bem ordenar o trânsito de carroças de vinho, carros de bois e landós 1 da
sociedade. A autoridade gostou do projeto e das garrafas de Bordéus que o jovem engenheiro oferecia.
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Os semáforos estiveram ensejados para a Ponte, mas, de proposta em proposta (sempre se tratava de
uma implantação experimental), acabaram na infrequentada Rua Fernão Penteado, na interseção
com a travessa de João Roiz Castel-Branco.
O sistema é simples e, pode dizer-se com propriedade, luminoso. Um homem pedala numa bicicleta
erguida a dez centímetros do chão por suportes de ferro. A corrente faz girar um imã dentro de
1 uma bobina. A energia gerada vai acender as luzes de um semáforo, comutadas pelo ciclista. Durante
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a Primeira Guerra foi introduzida uma melhoria. Uma inspeção da Câmara concluiu que a roda da
frente era destituída de utilidade. Foi retirada.
Houve muitos candidatos ao cargo de semaforeiro, embora um equívoco tivesse levado à exigência
de que os concorrentes soubessem andar de bicicleta. A realidade corrigiu o dislate 2 porque acabou
por ser escolhido um galego chamado Ramon, que era familiar do proprietário dum bom restaurante e
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5 nunca tinha pedalado na vida. Mas Ramon era esforçado, cheio de boa vontade. A escolha foi acertada.
Durante anos e anos o bom do Ramon pedalou e comutou. Por alturas da segunda Grande Guerra
foi substituído pelo seu filho Ximenez, pouco depois da revolução de Abril pelo neto Asdrúbal, e, um
dia destes, pelo bisneto Paco. A administração continua a pagar um vencimento modesto, equivalente
ao de jardineiro. Mas não é pelo ordenado que aquela família dá ao pedal. É pelo amor à profissão.
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Altas horas da madrugada, avô, neto e bisneto foram vistos de ferramenta em riste a afeiçoar pormenores.
0 Fizeram questão de preservar a roda de trás e opuseram-se quase com selvajaria a um jovem engenheiro
que considerou a roda dispensável, sugerindo que o carreto bastasse.
CARVALHO, Mário (2014). “Famílias desavindas”, in Contos Vagabundos. Porto: Porto Editora, p. 72-73.
1. landós: antigas carruagens de tração animal, de quatro rodas, com dois bancos frente a frente. 2. dislate: disparate; asneira.
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica as expressões que conferem verosimilhança à narrativa, fundamentando a tua opção.
(20 PONTOS)
Lê a cantiga.
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
G R U P O II (50 PONTOS)
Lê o texto.
Não é o que és, é o que fazes
Na qualidade do trabalho profissional, o que assenta no talento natural e o que assenta na mes-
tria que vem da prática? O que se sabe hoje sobre a performance de topo? Como ser um profissio-
nal excecional? É mesmo necessário trabalho, trabalho e mais trabalho? Sim, mas não chega…
A investigação destes últimos anos mostra, por um lado, que ser um profissional de topo não é pos-
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sível sem anos de prática dedicada, focada em aprender, melhorar e inovar. Por outro lado, essa mesma
investigação indica também que a performance verdadeiramente excecional não fica só a dever-se à
prática dedicada, esforçada em melhorar e inovar, tecnicamente chamada prática deliberada. Há algo
mais.
>>
A aprendizagem, a existência de feedback e a melhoria no dia a dia são necessárias para atingir um
1 alto desempenho, mas a sua relevância varia de atividade para atividade. Na música ou no xadrez, por
0 exemplo, a prática deliberada parece ser mais relevante do que na liderança ou no empreendedorismo.
Outro aspeto importante que o estudo do desempenho de topo tem vindo a apontar é que quanto
maior é o sucesso menos parece ser explicado pela prática deliberada, pelo trabalho dedicado e pela
melhoria contínua. No 1 ou 2 por cento do topo, seja na alta competição, na música ou nas empresas,
todos os profissionais praticam intensamente, inovam e melhoram. Nesses níveis o que parece, de
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novo, diferenciar os profissionais são diferenças fisiológicas, influenciadas pela genética, bem como a
personalidade, a vontade, e o tempo efetivamente afeto à competição com os outros.
A inclinação de cada um, os gostos e habilidades, desde a infância à idade adulta – por exemplo,
mais jeito para atividades em grupo ou individuais, a curiosidade, a vontade de liderar, a facilidade no
raciocínio lógico ou no relacionamento pessoal –, são características que podem pesar no sucesso que
2 podemos vir a ter. E podem manifestar-se decisivamente quando competimos no topo dos topos.
0 O natural, o talento à nascença, o que fazemos bem e gostamos de fazer, com prática dedicada e
esforço, pode de facto transformar-se em capacidades profissionais relevantes. Mas, diz Angela Duck-
worth na investigação publicada na obra Grit, a verdadeira excecionalidade, o topo do topo só se atinge
quando essas capacidades, que nos fazem ser um profissional muito bom, são sujeitas a novos esforços,
a nova prática intensa, a melhorias e inovações. E aí, mais uma vez, a vontade, a confiança e a determi-
2 nação são o que fazem a diferença.
5 Não é por isso o que somos ou deixamos de ser que é importante. O que faz a diferença é o que fize-
mos, o que fazemos e o que vamos fazer. O talento natural pode fazer bons profissionais, mas não faz
profissionais excecionais. A prática deliberada é importante, mas não chega. A determinação e a von-
tade fazem sempre parte do sucesso.
ILHARCO, Fernando. “Não é o que és, é o que fazes” [Em linha].
Jornal de Negócios, 06-11-2016 [Consult. em 09-11-2016].
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2. O segmento que introduz o texto (ll. 1-3) tem como objetivo introduzir o tema (5 PONTOS)
(A) com recurso a sucessivos eufemismos.
(B) com base numa atitude de questionamento.
(C) de forma objetiva e sintética.
(D) apresentando explicitamente o ponto de vista que vai ser defendido.
6. A oração “quando competimos no topo dos topos.” (l. 21) desempenha a função sintática de
(5 PONTOS)
(A) complemento direto. (C) modificador (do grupo verbal).
(B) complemento oblíquo. (D) sujeito.
7. A oração “O que faz a diferença” (l. 28) classifica-se como subordinada (5 PONTOS)
(A) substantiva completiva. (C) adverbial comparativa.
(B) substantiva relativa. (D) adjetiva relativa restritiva.
8. Identifica os valores temporais expressos no enunciado “o que fizemos, o que fazemos e o que
vamos fazer” (ll. 28-29). (5 PONTOS)
10. Identifica o processo fonológico ocorrido na evolução do vocábulo sempre (semper > sempre).
(5 PONTOS)
Redige um texto de opinião (de duzentas a trezentas palavras) em que apresentes a tua perspetiva
sobre a seguinte questão levantada por Fernando Ilharco:
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (ex.: /2017/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e trinta e um máximo de cento e setenta
palavras –, há que atender ao seguinte:
• um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
• um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
G R U P O II (50 PONTOS)
Ite Cotação Cenário de resposta
m
1. 5 pontos (D)
2. 5 pontos (B)
3. 5 pontos (D)
4. 5 pontos (C)
5. 5 pontos (D)
6. 5 pontos (C)
7. 5 pontos (B)
8. 5 pontos “o que fizemos” – valor de passado / localização de uma ação no passado.
“o que fazemos” – valor de presente / localização de uma ação no presente.
“o que vamos fazer” – valor de futuro / localização de uma ação no futuro.
9. 5 pontos Valor genérico / situação genérica.
10. 5 pontos Metátese.
G R U P O III
Cenário de resposta Critérios específicos de classificação
Dada a natureza deste item, não é apresentado cenário de resposta. • Estruturação temática e discursiva – 30 pontos
• Correção linguística – 20 pontos
NÍVEL INTERCALAR
NÍVEL INTERCALAR
Trata, sem desvios, o tema Trata o tema proposto, embora Aborda lateralmente o tema
proposto. com alguns desvios. proposto.
Mobiliza informação ampla e Mobiliza informação suficiente, Mobiliza muito pouca
diversificada, com eficácia de acordo com o género texto informação e com eficácia
argumentativa, de acordo de opinião, mas nem sempre argumentativa reduzida, sem
Género com o género texto de com eficácia argumentativa: ter em conta as marcas
de texto opinião: • define o seu ponto de vista, específicas do género texto
e tema • define com clareza o seu eventualmente com lacunas de opinião:
ponto de vista; que não afetam, porém, a • não define um ponto de vista
• fundamenta a perspetiva inteligibilidade; concreto;
adotada em, pelo menos, • fundamenta a perspetiva • não apresenta argumentos e/
dois argumentos, distintos e adotada em, pelo menos, dois ou exemplos pertinentes;
pertinentes, cada um deles argumentos adequados, • produz um discurso
ilustrado com, pelo menos, apresentando um único geralmente inconsistente e,
um exemplo significativo; exemplo significativo (ou dois por vezes, ininteligível.
10 8 6 4 2
Redige um texto bem Redige um texto Redige um texto com
estruturado, refletindo uma satisfatoriamente estruturado, estruturação muito deficiente
planificação adequada e refletindo uma planificação e com insuficientes
NÍVEL INTERCALAR
NÍVEL INTERCALAR
evidenciando um bom com algumas insuficiências e mecanismos de coesão
domínio dos mecanismos de evidenciando um domínio textual:
coesão textual: suficiente dos mecanismos de • apresenta um texto em que
• apresenta um texto coesão textual: não se conseguem identificar
constituído por três partes • apresenta um texto claramente três partes
(introdução, constituído por três partes (introdução,
desenvolvimento e (introdução, desenvolvimento desenvolvimento e
Estrutura conclusão), individualizadas, e conclusão), nem sempre conclusão) ou em que estas
e coesão devidamente proporcionadas devidamente articuladas estão insuficientemente
e articuladas entre si de entre si ou com desequilíbrios articuladas;
modo consistente; de proporção mais ou menos • raramente marca parágrafos
• marca corretamente os notórios; de forma correta;
parágrafos; • marca parágrafos, mas com • raramente utiliza conectores
• utiliza, adequadamente, algumas falhas; e mecanismos de coesão
mecanismos de coesão • utiliza apenas os conectores textual ou utiliza os de forma
textual diversificados para e/ou outros marcadores inadequada;
assegurar a articulação discursivos mais comuns, • raramente constrói cadeias
interfrásica (ex.: conectores e embora sem incorreções de referência;
outros marcadores graves;
discursivos);
NÍVEL
INTERCALAR
• estabelece conexões entre as coordenadas de
INTERCALAR
adequadas entre enunciação (pessoa, tempo,
coordenadas de espaço) ao longo do texto.
enunciação
(pessoa, tempo, espaço)
ao
longo do texto.
5 4 3 2 1
Mobiliza, com Mobiliza, com alguma Não mobiliza de forma
intencionalidade, recursos intencionalidade, recursos da satisfatória recursos da
da língua adequados ao língua adequados ao género língua adequados ao género
género solicitado: solicitado: solicitado:
NÍVEL INTERCALAR
NÍVEL INTERCALAR
e pertinente, associado à género solicitado, mas pouco elementar e restrito (muitas
área em questão; variado; vezes redundante) ou
• figuras de retórica e • procedimentos de globalmente inadequado ao
tropos, procedimentos de modalização (ex.: uso género solicitado;
modalização (ex.: uso expressivo do adjetivo e do • não recorre a
expressivo do adjetivo e do advérbio, pontuação) que procedimentos
Léxico e advérbio, pontuação) que atestem o ponto de vista de modalização (ex.: uso
atestem o ponto de vista adotado. expressivo do adjetivo e do
adequação
adotado. advérbio, pontuação) que
do discurso Utiliza, em geral, o registo de atestem o ponto de vista
Utiliza o registo de língua língua adequado ao texto, mas adotado.
adequado ao texto, apresentando alguns
eventualmente com afastamentos que afetam Utiliza indiferenciadamente
esporádicos afastamentos, pontualmente a adequação registos de língua, sem
que se encontram, no global. manifestar consciência do
entanto, justificados pela registo adequado ao texto,
intencionalidade do ou recorre a um único
discurso e assinalados registo inadequado.
graficamente (com aspas
ou sublinhados).
Correção linguística
Fatores de desvalorização Desvalorização (pontos)
• Erro inequívoco de pontuação 1
• Erro de ortografia (incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra minúscula ou de
letra maiúscula e erro de translineação)
• Erro de morfologia
• Incumprimento das regras de citação de texto ou de referência a título de uma obra
• Erro de sintaxe 2
• Impropriedade lexical