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1. Introdução
Nas últimas duas décadas, a política educacional brasileira visou prioritariamente à
universalização do acesso ao ensino fundamental, em cumprimento à exigência
estabelecida pela Constituição de 1988, que determinou a obrigatoriedade desse nível de
ensino e o dever dos sistemas públicos de assegurarem sua oferta.
Apesar disso, as avaliações externas, entre elas a Prova Brasil, têm revelado o
baixo desempenho dos alunos no quesito da competência leitora. Se uma democracia de
qualidade, como afirma Demo (2000), pressupõe saber ler, é urgente pensarmos sobre
as causas desses resultados, a fim de buscar alternativas neste mundo surpreendente da
leitura. Na verdade o que está em jogo são, sobretudo, duas lacunas em nossa realidade
escolar: de um lado, os alunos sequer dominam o código a contento – isto transparece,
por exemplo, na cifra de quase 20% de alunos que, estando já na 4º série do ensino
fundamental, não sabiam quase nada em Língua Portuguesa, em 2003 (INEP, 2004); de
outro, grande parte dos alunos chega à 8º série sem entender o que lê. E, é aí que
surgem alguns questionamentos: Por que os alunos apresentam tantas dificuldades na
Anais do CELSUL 2008
leitura? Está o problema nos alunos, nos professores, nas provas, em todos esses atores
ou, talvez, em outra variável?
Nos testes da Prova Brasil, os estudantes respondem a questões de Língua
Portuguesa, com foco em leitura, e Matemática, com foco na resolução de problemas.
Os alunos também fornecem informações de contextos que podem estar associados ao
desempenho. Professores e diretores das turmas avaliadas respondem a questionários
que coletam dados demográficos, perfil profissional e condições de trabalho. Este artigo
tratará apenas das questões de Língua Portuguesa.
A Prova Brasil avalia alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, da rede
pública de ensino, localizadas na zona urbana. Considerando esse universo de
referência, a avaliação é censitária, e assim oferece resultados de cada escola
participante, das redes no âmbito dos municípios, dos estados, das regiões e do Brasil. É
realizada a cada dois anos, sua primeira edição foi em 2005 e a segunda em 2007.
De acordo com o INEP (BRASIL, 2007), a Prova Brasil é uma avaliação
elaborada a partir de matrizes de referência, em que estão descritas as habilidades a
serem avaliadas e as orientações para elaboração das matrizes reúnem o conteúdo a ser
avaliado em cada disciplina e série. A construção das matrizes de referência teve como
base a consulta aos Parâmetros Curriculares e às propostas curriculares dos estados
brasileiros e de alguns municípios, buscando-se no que havia de comum entre elas. Para
estabelecimento das matrizes também foram consultados professores das redes
municipal, estadual e privada nas séries e disciplinas avaliadas.
leitura começam a surgir após 1970, e a decodificação passa a ser considerada como
uma condição necessária, porém não suficiente para a leitura.
Segundo Colomer e Camps (2002), ler é entender um texto. Ler, mais do que um
ato mecânico de decifração de signos gráficos, é antes de tudo um ato de raciocínio, já
que se trata de saber orientar uma série de raciocínios no sentido de construção de uma
interpretação da mensagem escrita a partir da informação proporcionada pelo texto e
pelos conhecimentos do leitor.
Para Solé (1998), a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto;
nesse processo, segundo a autora, tenta-se satisfazer os objetivos que guiam a leitura.
Essa afirmação tem várias conseqüências. Em primeiro lugar, envolve a presença de um
leitor ativo que processa e examina o texto. Também implica que sempre deve existir
um objetivo para guiar a leitura; em outras palavras, sempre lemos para algo, para
alcançar uma finalidade.
Os PCNs revelam explicitamente sua concepção de leitura:
A leitura não é um processo preciso que envolve uma percepção exata, detalhada
e seqüencial, com identificação progressiva de letras, sílabas, palavras, estruturas,
dentre outros. Ela envolve o uso parcial de pistas mínimas disponíveis, selecionadas a
partir das expectativas do leitor. Segundo Smith (1989), a leitura é pensamento que está
em parte focalizado sobre a informação visual impressa, é pensamento que é estimulado
e dirigido pela linguagem escrita. Para atribuir sentido ao texto é preciso pensar sobre
ele. Durante a leitura, é preciso construir inferências, tomar decisões e solucionar
problemas a fim de compreender o que está acontecendo nas situações que envolvem a
leitura.
Assim, a identificação ou a decifração de palavras é, sem dúvida, considerada
uma condição necessária, mas não suficiente para se compreender um texto. O ato de
leitura implica dois movimentos complementares: de um lado, há que se desvendar um
código, o que é possível após a aquisição de tal código, ou seja, do alfabeto, nas escritas
alfabéticas; de outro lado, há que se atribuir sentido ao que foi decodificado.
Segundo Magda Soares, alfabetização e letramento envolvem habilidades de
leitura e escrita; todavia a primeira restringe-se a ter aprendido a ler e a escrever, não
ultrapassando o significado de “levar à aquisição do alfabeto”, enquanto o letramento
permite ao leitor fazer o uso dessas duas ações e com elas interagir com o meio social
em que se vive.
tudo isso só existe por causa do hábito da leitura. E aí, vamos participar de um projeto
de leitura?
Correio Braziliense, Brasília, 31 jan. 2004. p.7.
No trecho “Ele leva ao mundo inteiro várias notícias...” (l.7), a palavra sublinhada
refere-se ao
(A) carteiro.
(B) jornal.
(C) livro.
(D) poeta.
4ªsérie
Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha
que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados pelo
telhado, fazendo sonetos à lua.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com delírio.
Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
— Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-
Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era
tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de geral
consternação. Dizer é fácil - fazer é que são elas!
Na assembléia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi:
(A) aprovado com um voto contrário.
(B) aprovado pela metade dos participantes.
(C) negado por toda a assembléia.
(D) negado pela maioria dos presentes.
6. Referências
ALLIENDE, Felipe; CONDEMARÍN, Mabel. A leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Porto
Alegre: Artmed, 2005.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua
Portuguesa/ secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
COLOMER,Teresa; CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
DELL’ISOLA, Regina Lucia Péret. Leitura: inferências e contexto sociocultural. Belo Horizonte:
Formato Editorial, 2001.
BRASIL. MEC. INEP. Matrizes curriculares de referência para o SAEB. Brasília, 1999.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.
SMITH, F. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do apreender a ler. Porto
Alegre: Artmed, 1989.