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DIREITO,

SEGURANÇA E
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Nº 34

MAIO
2016

ENSAIO SOBRE OS CORPOS DE BOMBEIROS E


OS INCÊNDIOS FLORESTAIS

Nelson Manuel Alves Francisco


Mestrando em Direito e Segurança

RESUMO
As áreas florestais ardidas anualmente em Portugal são assustadoras. As severas
consequências ecológicas e socioeconómicas resultantes dos incêndios florestais,
maioritariamente provocados por causas de natureza antrópica, torna premente a definição
de estratégias dirigidas para a redução do número de ocorrências
Como a eficiência ao nível da prevenção não se tem mostrado suficiente apesar de
várias iniciativas legislativas com importantes contributos para uma melhor prevenção e
organização do dispositivo operacional de combate aos incêndios, os corpos de bombeiros
são peça fundamental para atenuar o problema após os incêndios estarem ativos. Com
este trabalho pretende-se relevar para a importância dos corpos de bombeiros no combate
aos incêndios florestais dando-se uma visão geral e genérica sobre a relação entre os
incêndios florestais (impactos, causas e possíveis formas de controlo) e o papel dos corpos
de bombeiros.
Ressaltam se como conclusões deste trabalho a importância em termos de

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organização e gestão da força de combate aos incêndios, continuar a aposta na


sensibilização das populações, formação aos corpos de bombeiros, mais meios técnicos,
continuar a legislar em matérias conotadas com este problema e eventualmente
reestruturar e redistribuir as corporações de bombeiros.

PALAVRAS-CHAVE
Corpos de bombeiros, incêndios florestais; Proteção Civil.

ABSTRACT
In Portugal burned forest areas annually are frightening. The severe ecological and
socio-economic consequences of forest fires, mostly caused by anthropogenic causes,
pressing the definition of strategies aimed at reducing the number of occurrences.
The efficiency in terms of prevention has not proved sufficient despite several
legislative initiatives with important contributions to a better prevention and organization of
the operational mechanism of fighting fires. So, the fire brigades are a key to alleviating the
problem after the fires were active. The aim of this study is to reveal the importance of fire
firefighter in fighting forest fires and give a general and generic view on the relationship
between forest fires (impacts, causes and possible ways to control) and the role of firefighter.
The main conclusions of this work is the importance of organization and management
of fire-fighting force, continue to focus on public awareness, training to firefighter, more
technical means, continue to legislate in matters connoted with this problem and eventually
restructure and redistribute fire brigades.

KEYWORDS
Firefighters, Forest Fires; Civil Protection.

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INTRODUÇÃO
As áreas florestais ardidas anualmente em Portugal são assustadoras. Portugal em
2008 foi o 4.º país da Europa com mais hectares ardidos ficando apenas atrás da Itália,
Espanha, Grécia e Turquia. Aliás, foi o país, entre todos os que são considerados pelo
Eurostat, que mais ardeu em 2002, 2003 e 2005. 1

Figura 1 – Área florestal ardida na europa em 2008 (ha)


Fonte: Eurostat

As severas consequências ecológicas e socioeconómicas resultantes dos incêndios


florestais, maioritariamente provocados por causas de natureza antrópica, torna premente
a definição de estratégias dirigidas para a redução do número de ocorrências. O
conhecimento das causas dos incêndios é fulcral para estabelecer os domínios específicos
onde se deve intervir no âmbito da prevenção, incluindo a sensibilização, a fiscalização e a

1 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=648 (consultado em 25/05/2015)

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responsabilização.
Contudo a eficiência ao nível da prevenção não se tem mostrado suficiente apesar
de várias iniciativas legislativas com importantes contributos para uma melhor prevenção e
organização do dispositivo operacional de combate aos incêndios. Mas como ainda não se
encontrou solução para este tão grave problema daí que a intervenção dos corpos de
bombeiros seja de fundamental importância na tentativa de que as populações suportem
os menores danos possíveis. Ainda que seja do conhecimento o árduo trabalho destes
“homens” pertencentes aos corpos de bombeiros a verdade é que há quem aponte a gestão
do combate aos incêndios como um ponto fraco do sistema de combate.
As atividades dos corpos de bombeiros não se cingem aos fogos (nomeadamente aos fogos
florestais) eles são uma peça fundamental nas mais diversas formas de socorrismo e apoio
às populações.
Contudo neste trabalho o enfoque será dado sobretudo aos corpos de bombeiros e
aos incêndios florestais com o objetivo de dar uma visão geral e genérica sobre a relação
entre os incêndios florestais (impactos, causas e possíveis formas de controlo) e o papel
dos corpos de bombeiros.
Relativamente à estrutura do trabalho, após a introdução, seguir-se-á uma breve
descrição histórica da evolução dos corpos de bombeiros no mundo e em Portugal. Depois
aborda-se a estrutura institucional dos bombeiros, passando-se para uma análise aos
incêndios florestais em Portugal e seguida de uma análise entre as corpos de bombeiros e
os incêndios florestais. O trabalho culminará com as conclusões.

CAPITULO I: Aspetos Históricos


1.1 A história dos bombeiros no mundo
A preocupação e o combate ao fogo tornaram-se indispensáveis para proteger a
humanidade da ameaça que ele representava a partir do momento em que o homem deixou

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de ser nómada. Em épocas remotas a dificuldade em extinguir incêndios de grandes


proporções era grande pelo que a prevenção seria a melhor opção contra o fogo. Contudo,
ao longo da história grandes incêndios marcaram as sociedades por todo o mundo e daí a
necessidade de se criarem corporações de combate ao fogo.
A origem dos Corpos de Bombeiros remonta à origem do emprego do fogo pelo
homem. Uma das primeiras organizações de combate ao fogo de que há conhecimento,
segundo Care Z. Péterson foi criada na antiga Roma. Augusto, que se tornou Imperador
em 27 A.C., formou um grupo de "vigiles". Esses "vigiles" patrulhavam as ruas para impedir
incêndios e também para policiar a cidade, através de patrulhas e vigilantes contra
incêndios.
Uma das normas mais antigas de proteção contra incêndios foi promulgada no ano de 872
em Oxford, Inglaterra, estabelecendo um toque de alerta, a partir do qual se deviam apagar
todos os incêndios que estivessem a ocorrer naquele momento.
Em 1666 com o grande incêndio de Londres, que deixou milhares de pessoas
desabrigadas, Londres passou a dispor de um sistema organizado de proteção contra o
fogo, formado pelas companhias de seguro da cidade e que era constituído por brigadas
particulares para proteger a propriedade dos clientes segurados.
Em Boston, depois de um incêndio devastador que destruiu 155 edifícios e um
grande número de barcos, em 1679 houve a fundação do primeiro Departamento
Profissional Municipal Contra Incêndios na América do Norte. Na mesma época também
eram organizados nas comunidades de Massachusetts sistemas de defesa contra o fogo
tais como exigências que em cada casa houvesse disponível cinco latas, (tipo balde). Em
caso de incêndio era dado alarme através dos sinos das Igrejas e os moradores de cada
casa organizavam-se em grandes filas, desde o manancial mais próximo até ao sinistro,
passando as latas de mão em mão. Aqueles que não ajudavam eram sancionados com
multas de até U$ 10,00 pelo chefe dos bombeiros.

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Devido à falta de organização e disciplina dos bombeiros ¨voluntários¨, a 1 de Abril


de 1853 em Cinccinati, Ohio, entrou em serviço uma organização profissional de bombeiros
com bombas a vapor em veículos puxados por cavalos. Anos mais tarde, também Nova
York substituía os bombeiros voluntários pelos profissionais que utilizavam estas bombas.
As primeiras escolas de bombeiros surgiram em 1889, Boston e em 1914, Nova
York.
No século XVIII Van Der Heyden inventa “a bomba de incêndio” e a “mangueira” de
combate a incêndios abrindo uma nova era na luta contra o fogo. O novo sistema põe fim
à época dos baldes e marca o começo de uma nova era no “ataque” aos incêndios, com o
lançamento de jatos de água em várias direções, o que não era possível no sistema antigo.
A aparição destas bombas de incêndio fez com que se organizasse em Paris (França) uma
companhia de “sessenta guarda bombas”, uniformizados e pagos que estavam sujeitos à
disciplina militar. Este foi um dos primeiros Corpos de Bombeiros organizados, nos moldes
dos sistemas atuais.

1.2 A história dos bombeiros em Portugal


D. João I, através da Carta Régia de 23 de Agosto de 1395, tomou a primeira
iniciativa em promulgar a organização do primeiro Serviço de Incêndios de Lisboa. No
Porto, os Serviços de Incêndio também funcionaram desde o século XV. Em reunião de
Câmara de 14 de Julho de 1513 decidiu: "Eleger diversos cidadãos para fiscalizar se os
restantes moradores da cidade apagavam o lume das cozinhas à hora indicada pelo sino
da noite". Cem anos mais tarde a mesma câmara "ordenou que fossem notificados os
carpinteiros da cidade de que iriam receber machados e outras pessoas de que entrariam
na posse de bicheiros, para que, havendo incêndios, acudissem a ele com toda a diligência"
A instalação, em Lisboa, dos três primeiros "quartéis", foi decidida por D. Afonso VI,
em 28 de Março de 1678. Três anos depois, em 1681, a reorganização, prosseguiu, tendo
sido mandado vir da Holanda, duas bombas e uma grande quantidade de baldes de couro,

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sendo distribuídos 50, por cada bairro. Os pedreiros, os carpinteiros e outros mestres
passaram a ser alistados para o combate aos sinistros, ficando sujeitos a uma pena de
prisão por cada incêndio, a que não comparecessem.
A prevenção continuava a ser considerada fundamental, para se evitarem maiores
catástrofes, tendo apresentado o Senado da Câmara de Lisboa, em 1714, a Sua Majestade,
D. João V, diversas medidas. No reinado do D. João V, em 1722, é fundada no Porto a
Companhia do Fogo ou Companhia da Bomba, constituída por 100 "homens práticos",
capazes de manobrarem a "Bomba, machados e fouces".
O termo "Bombeiro", que está intimamente ligado às bombas, um dos equipamentos
mais avançados para a época, e que as Corporações consideraram da maior utilidade,
surgiu, pela primeira vez, em Lisboa, no ano de 1734. A primeira Companhia de Bombeiros
de Lisboa foi criada em 17 de Julho de 1834 pela Câmara Municipal.
A partir do ano 1868, foram introduzidas as bombas a vapor, originando a
obrigatoriedade dos proprietários instalarem bocas de incêndio nos prédios.
O movimento Associativo dos Bombeiros começou com a Companhia de Voluntários
Bombeiros de Lisboa, criada, em 1868, e que depois, em 1880, passou a Associação de
Bombeiros Voluntários.

1.3 Reporte institucional dos bombeiros municipais e


sapadores
A condução da política de proteção civil é da competência do Governo, que, no
respectivo Programa, deve inscrever as principais orientações a adaptar ou a propor
naquele domínio.
O Primeiro-Ministro é responsável pela direção da política de proteção civil.
Compete ao presidente da câmara municipal, no exercício de funções como responsável
municipal da política de proteção civil, desencadear, na iminência ou ocorrência de acidente

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grave ou catástrofe, as ações de proteção, prevenção, socorro, assistência e reabilitação


adequadas em cada caso2.
São agentes de Proteção Civil:
 Os corpos de bombeiros;
 As forças de segurança;
 As Forças Armadas;
 As autoridades marítima e aeronáutica;
 O INEM e demais serviços de saúde;
 Os sapadores florestais.
O Decreto-Lei 247/2007 pretende concretizar-se uma profunda mudança ao nível da
estruturação dos corpos de bombeiros e da sua articulação operacional. Promove-se uma
redução do número de quadros e definem-se as bases da atividade operacional. No n.º 1
do art.º 7 são mencionados os tipos de corpos de bombeiros que podem existir nos
municípios:
a) Corpos de bombeiros profissionais;
b) Corpos de bombeiros mistos;
c) Corpos de bombeiros voluntários;
d) Corpos privativos de bombeiros.
Nos números 2, 3, 4 e 5 são especificadas as características de cada um.
Em Portugal têm estatuto de sapadores os corpos de bombeiros de cariz totalmente
profissional (alínea a) do n.º1 do Decreto-lei 247/2007), isto é, que não admitem
voluntariado. Sob tutela da Câmara Municipal, a sua existência só se justifica nas cidades
de grande dimensão. Presentemente os corpos de bombeiros designados sapadores são:
 Regimento de Sapadores de Lisboa;

2 http://www.prociv.pt/SistemaNacional/SistemaNacional/Pages/default.asp (consultado em 10/05/2015)

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 Regimento de sapadores do Porto;


 Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra;
 Companhia de Bombeiros Sapadores de Braga;
 Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal;
 Companhia de Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia;
 Companhia de Bombeiros Sapadores de Faro;

De acordo com Bombeiros.pt3 a missão dos bombeiros é descrita como:

Um Corpo de Bombeiros é uma unidade operacional tecnicamente organizada, preparada


e equipada para o cabal exercício de várias missões:
 O combate a incêndios.
 O socorro às populações em caso de incêndios, inundações, desabamentos,
abalroamentos e em todos os acidentes, catástrofes ou calamidades.
 O socorro a náufragos e buscas subaquáticas.
 O socorro e transporte de sinistrados e doentes, incluindo a urgência pré-hospitalar
A prevenção contra incêndios em edifícios públicos, casas de espetáculos e
divertimento público e outros recintos, mediante solicitação e de acordo com as
normas em vigor, nomeadamente durante a realização de eventos com aglomeração
de público.
 A emissão, nos termos da lei, de pareceres técnicos em matéria de prevenção e
segurança contra riscos de incêndio e outros sinistros.
 A colaboração em outras atividades de proteção civil, no âmbito do exercício das
funções específicas que lhes forem cometidas.

3 http://www.bombeiros.pt/missão-dos-bombeiros/ (consultado em 10/05/2015)

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 A participação noutras ações para as quais estejam tecnicamente preparados e se


enquadrem nos seus fins específicos.
 O exercício de atividades de formação cívica, com especial incidência nos domínios
da prevenção contra o risco de incêndio e outros acidentes domésticos.

Deverá ainda ser feita menção à Força Especial de Bombeiros Canarinhos que é uma
força especial de proteção civil, dotada de estrutura e comando próprio, organizada e
inserida no dispositivo operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, criada ao
abrigo do disposto no artigo 19º do Decreto-Lei n.º 247/2007, de 27 de Junho, que aprovou
o regime jurídico dos Corpos de Bombeiros. Esta força tem como missão “responder, com
elevado grau de prontidão, às solicitações de carácter emergente de proteção e socorro, a
ações de prevenção e combate em cenários de incêndios, acidentes graves e catástrofes
em qualquer local no território nacional ou fora do país e em outras missões do âmbito da
Proteção Civil”.4

1.4 Funcionamento institucional da estrutura de bombeiros


Em 1978 através do decreto lei n.º 388/78 de 9 de Dezembro houve a necessidade
de reformular o conselho nacional do serviços de incêndios estabelecido pelo decreto nº
35.746 de 12 de Julho de 1946, originário do serviço de incêndios datado de 1395 por
concessão régia. Esta necessidade adveio da problemática em torno da organização das
estruturas de bombeiros em Portugal, no respeitante ao interesse público, falta de recursos
humanos, equipamento e meios financeiros (Cunha, 2009).
Com a Lei nº 10/79 de 20 de Março, foi criado o serviço nacional de bombeiros sob
alçada do Ministério da Administração Interna, com a atribuição de “Orientar e coordenar

4 http://www.prociv.pt/FEBombeiros/Pages/Apresentacao.aspx (consultado em 10/05/2015)

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as atividades e serviços de socorro exercidos pelos corpos de bombeiros e assegurar a sua


articulação, em caso de emergência, com o serviço nacional de proteção civil” (art.º 1)
O Decreto-Lei n.º 418/80, de 29 de setembro, definiu a sua primeira lei orgânica do
Serviço Nacional de Bombeiros (SNB), tendo vigorado, até 15 de fevereiro de 2001, data
de início da vigência do Decreto-Lei n.º 293/2000, de 17 de novembro, que procedeu à
última alteração orgânica. Com a nova Lei Orgânica, os serviços de inspeção foram
reorganizados numa base distrital, sendo as anteriores inspeções regionais substituídas
por inspeções distritais. Para articulação da intervenção do SNB, dos corpos de bombeiros
e do Serviço Nacional de Proteção Civil, foram criados os Centros de Coordenação de
Socorros a nível nacional e distrital (CCS).
O Decreto-Lei n.º 49/2003, de 25 de março, criou o Serviço Nacional de Bombeiros
e Proteção Civil (SNBPC) em substituição do Serviço Nacional de Proteção Civil e do
Serviço Nacional de Bombeiros. Pretendeu-se com a fusão do SNPC e SNB introduzir
mecanismos que permitissem assegurar atuações atempadas e eficazes na prevenção de
acidentes, prestação de socorros, definir linhas de comando, fixar competências e
atribuições, otimizar recursos e qualificar agentes, sempre com o objetivo de assegurar à
população o socorro atempado em situações de acidente, catástrofe ou calamidade.
O Decreto-Lei n.º 203/2006, de 27 de outubro, veio proceder, no que concerne aos
serviços centrais de natureza operacional do Ministério da Administração Interna, à
reestruturação do Serviço Nacional de Bombeiros e Proteção Civil, que passou a designar-
se Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC). Esta medida visava a modernização da
Administração Pública conferindo à ANPC os instrumentos jurídicos e orgânicos
necessários a garantir, em permanência, a segurança das populações e a salvaguarda do
património, com vista a prevenir a ocorrência de acidentes graves e catástrofes, assegurar
a gestão dos sinistros e dos danos colaterais, e apoiar a reposição das funções que
reconduzam à normalidade nas áreas afetadas.

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Com a entrada em vigor da Lei n.º 27/2006, de 3 de julho, que aprovou a Lei de
Bases da Proteção Civil, foi redefinido o sistema de proteção civil, assumindo a Autoridade
Nacional de Proteção Civil (ANPC) um papel fundamental no âmbito do planeamento,
coordenação e execução da política de proteção civil.
O Decreto-Lei nº 73/2013 de 31 de maio criou uma nova estrutura base do modelo
de organização da ANPC com a introdução de uma nova direção nacional dedicada à
gestão dos meios aéreos, integrando competências da EMA — Empresa de Meios Aéreos,
S.A.. O Decreto-Lei n.º 73/2012, de 26 de março, transferiu também para a Autoridade
Nacional de Proteção Civil as atribuições do Conselho Nacional de Planeamento Civil de
Emergência.
Em Janeiro de 2014 o Governo decidiu proceder à extinção da EMA, que se
concretizou em Outubro de 2014, e concentrar na ANPC as funções anteriormente
desempenhadas por aquela sociedade. Na sequência desta nova realidade publicou-se o
Decreto-Lei n.º 163/2014 de 31 de outubro, dotando a ANPC de uma nova estrutura
orgânica, adequada à nova realidade e às novas exigências.

CAPÍTULO II: Incêndios Florestais em Portugal


De modo geral, os incêndios florestais têm vindo a causar cada vez maior impacto
em diversas regiões do globo. Nos países mediterrânicos, e particularmente em Portugal,
centenas de incêndios atingem, todos os anos, extensas áreas florestais causando
avultadas perdas ambientais, económicas e sociais. Este fenómeno é considerado como
um risco natural, não tanto por se desenvolver espontaneamente, mas por se processar na
Natureza e a sua propagação depender fortemente de factores naturais (Millington, 2005).
Em sentido lato, entende-se como risco de incêndio florestal a possibilidade de ignição do
fogo através de causas humanas (acidentais ou voluntárias) ou naturais (raios) (Macedo e
Sardinha, 1993).
Portugal é um país que sofre de forma sistemática com os incêndios florestais, não

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só pelo número de ocorrências, mas também pela dimensão das áreas queimadas, para o
que muito contribuiu a existência de alguns anos particularmente secos.
De acordo com o Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em
Portugal Continental (2015) em 2013 contabilizaram-se, em Portugal Continental, 19.291
ocorrências, das quais 20% correspondem a incêndios florestais (com área ardida >=1ha)
e 80% a fogachos (ocorrências com área ardida <1ha).
A área ardida foi de cerca de 152.758 ha, dos quais 36% em povoamentos florestais
e 64% em matos, incluindo pastagens espontâneas.
O total de ocorrências de 2013 traduz-se num decréscimo de cerca de 8,9% em
relação a 2012 e de 17,7% face à média do decénio anterior. Esta diminuição verificou-se
quer no número de incêndios florestais quer no número de fogachos. Relativamente à área
ardida de 2013 esta sofreu um incremento de 7,1% face à média dos últimos dez anos
(Quadro 1). (Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em Portugal
Continental, 2015)

Quadro 1 - Distribuição anual do número de ocorrências e área ardida entre 2003 e


2013.
Fonte: Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em Portugal
Continental (2015)

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Os incêndios florestais em 2013 afetaram maioritariamente zonas ocupadas por


matos, à semelhança do que se tem verificado na maioria dos anos anteriores (com
exceção dos anos de 2003 e 2005).
A distribuição das áreas ardidas em Portugal Continental é apresentada na Figura
2.

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Figura 2 – Cartografia das áreas ardidas em Portugal Continental em 2013


Fonte: ICNF; EFFIS/JRC2013 e GMV

Ainda de acordo com a Quadro 1 verifica-se que o ano de 2013 é o terceiro, do


período analisado, com maior área ardida.
O distrito do Porto registou mais de 6 mil ocorrências mantendo-se, historicamente,
como o distrito com maior número de ocorrências (maioritariamente fogachos, 88%),
seguindo-se Braga e Viseu (Quadro 2). O distrito de Viseu é o que regista maior área ardida
de espaços florestais, com 42.009 hectares de superfície queimada. Os distritos de
Bragança e Vila Real são, posteriormente a Viseu, os que registam valores de área ardida
por distrito superiores a 20 mil hectares.

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Quadro 2 – Número de incêndios florestais e área ardida, por distrito, entre 1 de janeiro e
31 de dezembro de 2013
Fonte: Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em Portugal Continental
(2015)

2.1 Consequências dos incêndios florestais


A média de ignições ascendeu a 23.068 nos últimos 11 anos (entre 2003 e 2013)
(quadro 3), tendo havido anos em que se denotou uma manifesta diminuição neste número
e outros em que houve um aumento significativo. Os anos em que as ignições foram em
menor número podem ser atribuídas às condições menos propícias para a propagação do

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fogo em detrimento da desejável mudança de comportamento por parte da população.


Quadro 3 – Distribuição das causas apuradas por tipo de causa em valor e em %.
Fonte: Análise das Causas dos Incêndios Florestais 2003 – 2013 (2014)

Ocorrências Investigadas
Total Total Tipo de causa
de Rea
ocorr Desc Na -
Ano
ên- o- Inten- - Negli- cen
n.º % % % % % %
cias nheci cional tur gente di-
(n.º) da al men
to
200 2621 1358 5,2 234 1 489 3 96 7 539 4 N/A
3 9 7 6 0
200 2216 1084 4,9 272 2 377 3 16 1 419 3 N/A
4 5 5 5 9
200 3582 1488 4,2 383 2 633 4 3 0 469 3 N/A
5 4 6 3 2
200 2044 2454 12,0 1623 6 371 1 69 3 391 1 N/A
6 4 6 5 6
200 2031 7720 38,0 4028 5 1359 1 51 1 2282 3 N/A
7 6 2 8 0
200 1493 7897 52,9 3681 4 1510 1 28 0 2678 3 N/A
8 0 7 9 4
200 2613 1293 49,5 4702 3 3553 2 10 1 4569 3 N/A
9 6 0 6 7 6 5

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201 2202 1351 61,3 6390 4 3386 2 14 1 3593 2 N/A


0 6 2 7 5 3 7
201 2522 1626 64,5 6587 4 4163 2 10 1 5410 3 N/A
1 2 4 1 6 4 3
201 2117 1564 73,9 4796 3 3406 2 58 0 5533 3 185 1
2 9 9 1 2 5 6 2
201 1929 1456 75,5 4057 2 3661 2 78 1 4498 3 227 1
3 1 7 8 5 1 3 6
Tota 2537 9492 37,4 3675 3 2290 2 75 0,8 3038 3 412 2
l 52 3 1 3 9 8 4 2 1 2 9 8

Um dos motivos para que haja uma proporção tão elevada de causas desconhecidas
poderá residir no facto de só se poder atribuir uma causa quando existe certeza absoluta e
não uma “causa provável” (Monitorização e Avaliação do Plano Nacional de Defesa da
Floresta Contra Incêndios, 2009/2010). Por outro lado em 2006, houve a transferência das
competências da investigação das causas dos incêndios para a GNR, o que provavelmente
por falta de formação e de experiência fez aumentar o número de investigações
inconclusivas. Verifica-se, contudo que desde esse ano tem havido uma evolução positiva.
Em média menos de 1% do total de ocorrências investigadas entre 2003 e 2013
resultaram de causa natural. O ano de 2003 teve uma percentagem de incêndios de causa
natural mais elevada, cerca de 7%, devido a uma situação anómala resultante de trovoadas
secas.
Considerando o enviesamento provocado pela não separação dos dados referentes
a reacendimentos até 2011, a figura 3 mostra a distribuição do número médio de
ocorrências investigadas por causa, no período de 2003-2013.

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Figura 3 - Distribuição do número médio de ocorrências investigadas por causa:


desconhecida, intencional, natural ou negligente, no período 2003-2013
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados obtidos em Análise das Causas dos
Incêndios Florestais 2003 – 2013 (2014)

Desconhecida
Intencional
Natural
Negligente

A distribuição das causas apuradas por distrito permite, por exemplo, destacar os
distritos de Braga, Santarém e Viana do Castelo, com as percentagens mais elevadas
associadas às causas intencionais, ao contrário dos restantes distritos onde superam as
percentagens associadas a comportamentos negligentes (Quadro 4). Em qualquer um
destes 3 distritos a intencionalidade está associada maioritariamente a situações
imputáveis de incendiarismo, com percentagens que atingem os 96% e 98% das causas
intencionais nos distritos de Viana do Castelo e Santarém respetivamente. Nestes distritos
importa reforçar a busca e perceção de indivíduos enquadrados no perfil do incendiário e
promover um reforço das ações de dissuasão e fiscalização (Análise das Causas dos
Incêndios Florestais 2003 – 2013, 2014).

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Quadro 4 – Ocorrências investigadas por distrito, entre 2003 e 2013


Fonte: Análise das Causas dos Incêndios Florestais 2003 – 2013 (2014)

Os incêndios florestais podem ter consequências de naturezas diversas como


sociais, económicas e ambientais.
No que diz respeito a consequências sociais tem-se assistido, nos últimos anos, a
várias vitimas mortais e uma multiplicidade de feridos entre populações e bombeiros. Estas
fatalidades conduzem infelizmente a dramas familiares severos e com repercussões ao
longo dos tempos. Por outro lado, a destruição dos modos de vida das populações rurais,

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nomeadamente a perda de culturas por parte de pessoas ligadas à agricultura e silvicultura,


acaba por também afectar estas pessoas de forma muito negativa, como se verificou no
último grande incêndio no Algarve em 2012, estes efeitos irão perdurar durante muito
tempo. Não se pode também descurar o efeito que se gera na sociedade portuguesa, na
sua autoestima, fragilizando a sua confiança na capacidade do país para debelar este
problema. (Silva, 2012).
Em termos económicos pode mencionar-se para além das perdas diretas associadas
à produção primária (material lenhoso) os valores investidos em prevenção e em combate
aos incêndios. Além destes custos outros existem de difícil contabilização como é o caso
da perda de pastagens para a pastorícia com diminuição da qualidade da carne e aumento
dos custos para a criação de animais. Diminuição da caça e da pesca, do turismo, fins
recreativos, gestão hidráulica de rios, qualidade da água potável, etc (Silva, 2012.
Em termos ambientais pode referir-se a poluição devida ao aumento da libertação
para a atmosfera de compostos poluentes (dióxido de carbono, óxido nitroso, metano, etc)
provenientes dos incêndios. Segundo (Pio, Silva e Pereira em Pereira, et al., 2006b) “Os
efeitos geralmente mais considerados incidem na saúde humana, no clima e ecossistemas,
e na química da atmosfera (…) diminuição da visibilidade atmosférica, a deposição de
fuligem nas superfícies, a perda de nutrientes pelo solo, a contaminação de aquíferos, etc.”
Além disso, em termos de ecossistemas e de acordo com Lourenço (2006) os
incêndios tem gerado, especialmente na Região Centro, normalmente sempre a mais
afetada e com a particularidade derivada “(…) do seu relevo e declives mais acentuados,
com velocidades de escoamento elevadas, contribuir para intensificar a ação dos processos
erosivos.”
Referem-se ainda outras consequências ambientais, nomeadamente:
 Impacto paisagístico e perda de massa florestal (degradação da paisagem, vastas
áreas queimadas ficam sem vegetação e a destruição da flora conduz à perda de
ecossistemas, diminuição da biodiversidade e aumento dos processos erosivos);

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 Efeitos na fauna (incêndios de grandes dimensões afetam de forma severa a fauna


florestal: animais que não podem escapar e que morrem queimados, animais
sobreviventes que migram para zonas não ardidas e com alimento com consequente
despovoamento por parte destes das áreas queimadas);
 Degradação substancial das espécies florestais;
 Comprometimento da capacidade de sumidouro de carbono da floresta portuguesa
o que prejudicará o compromisso conjunto europeu para o cumprimento do Protocolo
de Quioto;
 Efeitos no solo (a perda da cobertura vegetal torna o solo mais erodível, aumenta o
escoamento superficial aumentando a erosão do solo e o risco de cheias.);
 Alterações hidrológicas (com o aumento do escoamento superficial e diminuição da
infiltração e retenção ocorrem alterações no regime dos cursos de água e diminuição
das reservas de água subterrâneas)
Na reflecção feita pelo CNADS (2005) aponta-se para o facto de que apesar da
racionalidade económica ser reconhecível nas práticas de certo tipo de proprietários,
começa a ser consensual a ideia de que o elevado risco associado aos incêndios rurais
constitui um sério obstáculo à continuidade dos investimentos e gestão no sector florestal.

2.2 Minimização de incêndios florestais: uma abordagem


genérica
Numa tentativa de minimização dos incêndios florestais várias têm sido as iniciativas
legislativas. Neste âmbito, enumera-se seguidamente alguma da legislação mais recente:
O Decreto-Lei n.º 124/2006 de 28/06 que revoga a Lei n.º 14/2004, de 8 de Maio
estabelece as medidas e ações a desenvolver no âmbito do Sistema Nacional de Defesa
da Floresta contra Incêndios, alterado pelo Decreto lei n.º 17/2009 de 14 de Janeiro.
Compete aos proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que a qualquer título

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detenham terrenos o dever de proceder à sua limpeza de forma a reduzir o material vegetal
e lenhoso e dificultar a propagação do fogo na horizontal e na vertical nesses terrenos. O
não cumprimento das ações de limpeza, são passíveis de aplicação de coimas que poderão
ir dos € 140,00 aos € 5000,00 euros no caso de pessoas singulares, e de € 800,00 aos €
60 000,00 no caso de pessoas coletivas.
O Despacho n.º 4345/2012 de 27/03 que homologa o Regulamento do Plano
Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI).
O Despacho n.º 1583/2014 de 31/01 determina o estabelecimento de um grupo de
trabalho com vista a instituir um plano de trabalho de defesa da floresta contra incêndios.
Os Despachos n.ºs 5711/2014 e 5712 de 30/04 que homologa o Regulamento das
normas técnicas e funcionais relativas à classificação, cadastro, construção e manutenção
dos pontos de água e infraestruturas integrantes das redes de defesa da floresta contra
incêndios e o segundo da rede viária florestal
O Decreto-Lei n.º 83/2014 de 23/05 procede à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º
124/2006, de 28 de junho, e estabelece as medidas e ações a desenvolver no âmbito do
Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, modificando matérias relativas
ao fogo técnico, à instrução do procedimento de contraordenação e à distribuição do
produto das coimas.
Apesar das iniciativas de natureza legislativa o problema dos incêndios florestais
parece não dar tréguas. A aposta dos vários governantes tem sido centrada em apostar na
prevenção e na organização dos dispositivos operacionais de combate aos incêndios
florestais, contudo as constantes vagas de incêndios que vão ocorrendo no nosso país
mostram claramente a ineficácia dos meios e da estrutura de combate aos incêndios e
evidenciam a necessidade de planeamento e de uma gestão florestal integrada e integrante
que aborde diferentes escalas espaciais e temporais. De acordo com Gonçalves (2006)
Parte da solução do problema “incêndios florestais” poderá passar não só pelo reforço dos
recursos humanos e técnicos mas também pela formação, acompanhamento e valorização

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de quem trabalha nas áreas ligadas à floresta , não descurando a sensibilização e educação
da população e apostando seriamente no reforço da fiscalização preventiva.
Em reforço desta posição Amaro (2009) acrescenta que o aumento do nível de
proteção e segurança das populações vai depender da promoção e fomento de campanhas
de sensibilização e de comunicação de uma cultura de segurança, explicitamente
orientadas para as comunidades e grupos mais vulneráveis, sendo crucial potenciar a
participação desses cidadãos e das suas estruturas associativas de âmbito local em tarefas
ligadas à prevenção, socorro e reabilitação.
Uma vez que uma grande parte dos incêndios florestais têm causa humana (Quadro
3) o papel dos corpos de bombeiros assim como de todos os envolvidos direta ou
indiretamente no combate aos incêndios tem um papel fundamental. São estas pessoas
que pelo seu profissionalismo conduta e tomadas de decisão minimizam as consequências,
isto é, da sua atuação depende maiores ou menores áreas ardidas, maior ou menor
duração dos incêndios.
De acordo com Martins (2010) a formação dos elementos do comando no combate
aos incêndios florestais não é orientada para a análise do comportamento do fogo mas
sobretudo para a gestão e organização do teatro de operação. Na verdade existem
comandantes que analisam devidamente os incêndios e que escolhem estratégias
adequadas, o que se deve sobretudo à sua experiência e empenho pessoal e não à
formação de base. A falta de uma boa avaliação do incêndio faz com que os combatentes
facilmente sejam surpreendidos por alterações súbitas de comportamento, muitas vezes
associadas erradamente a mudanças de ventos. Torna também mais difícil a definição de
estratégias que não passem pelo combate direto. Existe pouco uso de métodos de apoio à
decisão. A acumulação de funções COS, de Planeamento, Organização Logística e
Comandante de Combate, poderá também constituir uma grande dificuldade,
especialmente na fase inicial, quando ainda não se tem o conhecimento exato da situação.
Por outro lado existe um uso excessivo de combate direto.

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Por outro lado, o êxodo rural do último meio século, sobretudo a emigração seletiva
da população mais jovem, conduziu ao envelhecimento e ao despovoamento rural, com as
inevitáveis quebras de gestão ativa das terras. Simultaneamente, verificou-se a expansão
da área de floresta e a eliminação do mosaico agro-florestal que permitia um certo tipo de
gestão do combustível. Não sendo um factor diretamente gerador de incêndios rurais, esta
dinâmica ajudou a criar as condições propícias aos fogos de grandes dimensões. A rapidez
e a intensidade com que ocorreu o despovoamento rural, indissociável dos fenómenos de
urbanização e suburbanização acelerada, quebraram a relação tradicional das populações
com a paisagem. O atual perfil socioeconómico do país não incorpora uma cultura do
território indispensável à sustentabilidade do seu usufruto e à manutenção da própria
identidade nacional (CNADS, 2005).

2.3 Breve análise aos corpos de bombeiros/incêndios florestais,


por distrito
Do quadro 5 consta o número total de Bombeiros por distrito, em 2012. Verifica-se que
o distrito com maior número de bombeiros é o Porto seguido de Lisboa e de Aveiro. Tal
situação deve-se sobretudo ao número de população existente nestes distritos e não tanto
à dimensão das áreas florestais. Na verdade, os bombeiros têm uma atividade diversificada
ao nível do socorro às populações. A título de exemplo enumera-se alguma desta
atividade5:

 Incêndios florestais/ agrícolas/ inculto


 Incêndios urbanos/ transportes/ equipamentos
 Acidentes rodoviários

5http://www.bvpenela.pt/pagina-principal/35-bombeiros/982-estatistica-do-servico-operacional-do-ano-2010 (consultado
em 19/05/2015)

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 Queda de árvores/ estruturas


 Intempérie: desabamentos/ deslizamentos/ inundações
 Emergências Pré-hospitalares
 Prevenções
 Abastecimento de água às populações
 Transporte de doentes
 Resgate/ Abertura de porta com socorro/outros
 Simulacros
 Formação/ serviços gerais/ deslocações oficiais
 Falso Alarme
Quadro 5 - Número de Bombeiros por Distrito
Fonte: RNBP em 08 FEV 2012
(http://www.prociv.pt/assbom/Pages/CorposdeBombeiros.aspx)

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QUADRO
DISTRITO Ativo Comando Honra Reserva Sem Total
Quadro Geral
Aveiro 1946 84 535 1386 930 4881
Beja 657 33 143 195 188 1216
Braga 1656 62 476 882 460 3536
Bragança 793 37 129 428 374 1761
C. Branco 1012 38 259 676 438 2423
Coimbra 1687 59 301 942 469 3458
Évora 635 37 252 219 228 1371
Faro 1013 43 158 405 330 1949
Guarda 1155 46 351 1008 775 3335
Leiria 1789 68 375 823 692 3747
Lisboa 3353 145 1384 1222 1444 7548
Portalegre 611 32 160 327 336 1466
Porto 3758 118 798 1446 1973 8093
Santarém 1529 72 467 508 559 3135
Setúbal 1531 59 384 515 576 3065
V. Castelo 620 30 149 383 249 1431
V. Real 1128 54 278 814 577 2851
Viseu 1769 81 409 1520 1005 4784
Total 26642 1098 7008 13699 11603 60050
Geral

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A partir dos quadro 6, que contém informação relativa ao número de


bombeiros, população e área ardida por distrito foram feitos alguns cálculos por
forma a percepcionar a distribuição dos bombeiros e sua importância no socorro às
populações.
Assim, verifica-se que os distritos com maior número de bombeiros no ativo
por habitante é o da Guarda seguido de Bragança, Vila Real e Castelo Branco.
Através da observação da figura 1, são também estes distritos que apresentam uma
área ardida considerável em 2013. Aliás, Bragança, Vila Real e Viseu são os distritos
que apresentam os menores valores para o indicador “bombeiro por área ardida”.
Outra análise que se obtém a partir do cálculo do indicador “bombeiro por área
ardida” é a nítida separação entre o Norte e o Sul de Portugal. Os distritos do Sul,
como Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Faro, Beja e Portalegre com um valor mais
elevado e os distritos do Norte com um valor mais baixo (Leiria, Aveiro, Coimbra, C.
Branco, Porto, Braga, Guarda, V. Castelo, V. Real, Viseu e Bragança) onde se
verifica a maior área ardida.
Analisado o número de bombeiros no ativo com a área do distrito verifica-se
que os distritos do Porto e de Lisboa seguido do de Aveiro são os distritos com maior
número de bombeiros por Km2, enquanto os distritos de Évora e de Beja são os que
estão em último lugar. Por um lado são distritos menos populosos e por outro lado
são também menos arborizados (figura 4). Aliás, o distrito de Beja tem uma média
de apenas 15 habitantes por Km2 enquanto o distrito de Lisboa tem uma média de
813 habitantes por Km2. A média nacional de habitantes por Km2 é de
aproximadamente 113. A cima da média nacional apenas se encontram os distritos
de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Setúbal e Leiria.

Quadro 6 – Informação relativa à população e bombeiros em Portugal Continental


Fonte: Elaboração Própria a partir de informações recolhidas junto da Autoridade

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Nacional de Proteção Civil


(http://www.prociv.pt/CDOS/Faro/Contactos/Pages/CDOS.aspx) e INE (consultado em
10/06/2015)

Nota: A população diz respeito a 2011 uma vez que foi o último ano em que se realizaram
os censos. Após essa data só existem estimativas. Assim apesar de a coluna referente aos
bombeiros no ativo dizer respeito ao ano de 2012 (Fev), optou-se por se utilizar os dados
da população relativos a 2011.

DISTR N.º de Bomb Popul Áre Área Bomb Bomb Bomb Popul
ITO Corpor eiros ação a total eiros eiros eiros ação
ações no (2011) tota ardida no por por por
Ativo l do 6 2013 ativo área Km2 Km2
(2012) dist (km2) /popul ardida do do
rito ação distrit distrit
(km o o
2)
Aveir 30 1946 71435 280 64,48 0,272 30,180 0,693 254,39
o 1 8 9
Beja 15 657 15270 102 11,54 0,430 56,932 0,064 14,935
6 25
Braga 22 1656 84844 267 240,5 0,195 6,886 0,620 317,41
4 3 3
Braga 15 793 13645 660 461,94 0,581 1,717 0,120 20,651
nça 9 8

6 A área total ardida corresponde ao somatório de povoamento, mato e espaços florestais

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C. 12 1012 19594 667 62,38 0,516 16,223 0,152 29,356


Branc 9 5
o
Coim 24 1687 42971 394 63,68 0,393 26,492 0,427 108,87
bra 4 7 1
Évora 14 635 16743 739 5,82 0,379 109,10 0,086 22,648
4 3 7
Faro 17 1013 45048 496 10,6 0,225 95,566 0,204 90,823
4 0
Guard 23 1155 16093 551 196,36 0,718 5,882 0,209 29,165
a 1 8
Leiria 25 1789 47076 351 46,58 0,380 38,407 0,509 133,93
5 5 0
Lisbo 58 3353 22449 276 18,08 0,149 185,45 1,214 813,10
a 84 1 4 5
Portal 16 611 11895 606 15,76 0,514 38,769 0,101 19,613
egre 2 5
Porto 51 3758 18160 239 281,74 0,207 13,339 1,569 758,26
45 5 5
Santa 28 1529 45445 674 12,72 0,336 120,20 0,227 67,357
rém 6 7 4
Setúb 26 1531 84984 506 9,6 0,180 159,47 0,302 167,82
al 2 4 9 0
V. 12 620 24494 225 249,02 0,253 2,490 0,275 108,62
Castel 7 5 4
o

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V. 27 1128 20718 432 464,18 0,544 2,430 0,261 47,871


Real 4 8
Viseu 33 1769 37816 500 840,18 0,468 2,106 0,353 75,527
6 7
Total 448 26642 10041 889 305 51 0,265 0,087 0,300 112,90
Geral 813 44 6,00 0

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Figura 4 – Taxa de arborização (floresta) em Portugal


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_portuguesa

De acordo com o CNADS (2005) a nível distrital é possível constatar duas realidades
distintas: por um lado, o aumento do número de ocorrências associado ao crescimento da
população e, por outro, o aumento da área ardida associado à emigração e à rarefacção
da população rural. Grande número de fogos tem lugar nos distritos com maior densidade

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populacional, tipicamente no litoral, correspondendo-lhe geralmente reduzidas áreas


ardidas. A presença humana, se por um lado é um factor de risco em termos do número de
ignições, por outro conduz a uma detecção e intervenção mais rápidas. Nos distritos mais
despovoados, continuando a recorrer-se ao uso do fogo nas atividades rurais, verifica-se
que tem sido mais difícil fazer a sua contenção, quer devido ao tipo de espaços florestais
entretanto criados, quer por efeito do envelhecimento da população. Este tem sido um
processo em crescendo nas últimas décadas. E, hoje, é particularmente evidente o
desfasamento temporal entre o processo de florestação e a ocorrência de incêndios rurais
(Mather e Pereira, 2006; Pereira et al., 2006a).

CONCLUSÕES
Os problemas na gestão do combate ganharam especial visibilidade a partir de 2003,
devido aos resultados catastróficos dos incêndios ocorridos nesse ano. Desde aí, os
incêndios florestais passaram a ser uma verdadeira preocupação política e institucional,
tendo originado uma verdadeira revolução na área da proteção civil (Martins, 2010).
Com o objectivo de aumentar a eficácia e também a segurança dos combatentes foi
necessário melhorar o planeamento do combate dos incêndios florestais através da análise
do sistema de combate, ações de formação dos recursos humanos que ocupam posições
fundamentais para o seu bom funcionamento assim como fazer uma boa análise do
comportamento do fogo e dos factores condicionantes na definição de estratégias e tácticas
de combate.
Contudo, de acordo com Martins (2010) os dados recolhidos apontam para a
existência de problemas associados ao planeamento na gestão dos incêndios florestais que
poderão estar relacionados com a falta de formação/preparação,
avaliação/responsabilização das pessoas nomeadas para essa função.

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A gestão do combate aos incêndios florestais é apontada como sendo uma das áreas
mais frágeis do sistema de combate. Esta gestão é assegurada maioritariamente pelos
elementos de Comando dos Corpos de Bombeiros Voluntários e, em operações de maior
importância, por elementos da estrutura de Comando da Autoridade Nacional de Proteção
Civil, ANPC.
De acordo com Martins (2010) a gestão do combate aos incêndios engloba duas
tarefas fundamentais. Uma prende-se com a organização e gestão da força de combate,
outra passa pela análise do comportamento e evolução do incêndio, identificando as
oportunidades de combate e elementos expostos. Note-se que são funções bastantes
distintas, a primeira exige capacidade de liderança, organização e de comunicação
enquanto a segunda exige mais competências técnico-científicas. Geralmente são
desempenhadas pela mesma pessoa, em especial em incêndios de pequena e média
dimensão.
Na Reflexão sobre os sistemas de proteção e combate aos incêndios rurais o
CNADS (2005) sublinha “que o tipo de medidas de longo-prazo que serão necessárias para
inverter a tendência de aumento das áreas ardidas em fogos rurais, só poderá ter êxito se
forem assumidas por todos, incluindo a comunicação social, enquanto questão estratégica
do desenvolvimento global do país. Tendo em conta o exemplo de outros países com clima
semelhante, é possível inverter a tendência dos últimos anos. Para além das boas medidas
de política, não é “despicienda” a necessidade de envolvimento dos cidadãos, em
particular, das populações, devidamente precedido de um esforço de esclarecimento e
mobilização. O Conselho considera, ainda, que a imprescindível adopção de um Plano
Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, pode ser uma oportunidade para
englobar as medidas parcelares numa estratégia coerente visando o uso de boas técnicas,
de princípios organizativos ajustados e consequentes, com uma cultura de
responsabilidade e avaliação”.
É possível intervir na alteração de comportamentos e na instrução dos cidadãos para

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reduzir as causas de responsabilidade humana. As ações de sensibilização enquadram-se


como uma necessidade transversal em diversas tipologias de causas, com prioridade para
o uso de maquinaria. No entanto, há lacunas também no âmbito da formação,
nomeadamente, das técnicas de execução de rescaldo e da investigação das causas.
Também no âmbito da legislação há ações e responsabilizações que seriam
importantes reconsiderar, como sendo, o licenciamento para lançamento de foguetes e a
responsabilização no âmbito das redes de comunicação e transportes. É crucial que as
ações a implementar neste âmbito sejam avaliadas, definidas e ajustadas localmente.

LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FUTURAS


Uma das principais limitações para a elaboração deste trabalho foi a dificuldade em
encontrar dados recentes, sobretudo no que diz respeito a dados agregados relativos às
intervenções dos corpos de bombeiros a nível nacional. Contudo algumas corporações
disponibilizam dados úteis e desagregados relativos à sua atuação.
Faltará a este trabalho uma componente prática que poderá vir a ser colmatada mais
tarde através da elaboração de inquéritos aos corpos de bombeiros e à população em geral
para perceber como poderá ser otimizada a reestruturação e redistribuição espacial das
organizações de bombeiros e de outras entidades envolvidas no combate aos incêndios.
Só percebendo a real situação de todas as entidades intervenientes no processo de
“irradicação” ou antes “atenuação” dos incêndios florestais se poderá tomar medidas
assertivas.

BIBLIOGRAFIA
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