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SEGURANÇA E
DEMOCRACIA
Nº 34
MAIO
2016
RESUMO
As áreas florestais ardidas anualmente em Portugal são assustadoras. As severas
consequências ecológicas e socioeconómicas resultantes dos incêndios florestais,
maioritariamente provocados por causas de natureza antrópica, torna premente a definição
de estratégias dirigidas para a redução do número de ocorrências
Como a eficiência ao nível da prevenção não se tem mostrado suficiente apesar de
várias iniciativas legislativas com importantes contributos para uma melhor prevenção e
organização do dispositivo operacional de combate aos incêndios, os corpos de bombeiros
são peça fundamental para atenuar o problema após os incêndios estarem ativos. Com
este trabalho pretende-se relevar para a importância dos corpos de bombeiros no combate
aos incêndios florestais dando-se uma visão geral e genérica sobre a relação entre os
incêndios florestais (impactos, causas e possíveis formas de controlo) e o papel dos corpos
de bombeiros.
Ressaltam se como conclusões deste trabalho a importância em termos de
CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 34 | maio de 2016 1
DIREITO,
SEGURANÇA E
DEMOCRACRIA
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PALAVRAS-CHAVE
Corpos de bombeiros, incêndios florestais; Proteção Civil.
ABSTRACT
In Portugal burned forest areas annually are frightening. The severe ecological and
socio-economic consequences of forest fires, mostly caused by anthropogenic causes,
pressing the definition of strategies aimed at reducing the number of occurrences.
The efficiency in terms of prevention has not proved sufficient despite several
legislative initiatives with important contributions to a better prevention and organization of
the operational mechanism of fighting fires. So, the fire brigades are a key to alleviating the
problem after the fires were active. The aim of this study is to reveal the importance of fire
firefighter in fighting forest fires and give a general and generic view on the relationship
between forest fires (impacts, causes and possible ways to control) and the role of firefighter.
The main conclusions of this work is the importance of organization and management
of fire-fighting force, continue to focus on public awareness, training to firefighter, more
technical means, continue to legislate in matters connoted with this problem and eventually
restructure and redistribute fire brigades.
KEYWORDS
Firefighters, Forest Fires; Civil Protection.
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INTRODUÇÃO
As áreas florestais ardidas anualmente em Portugal são assustadoras. Portugal em
2008 foi o 4.º país da Europa com mais hectares ardidos ficando apenas atrás da Itália,
Espanha, Grécia e Turquia. Aliás, foi o país, entre todos os que são considerados pelo
Eurostat, que mais ardeu em 2002, 2003 e 2005. 1
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responsabilização.
Contudo a eficiência ao nível da prevenção não se tem mostrado suficiente apesar
de várias iniciativas legislativas com importantes contributos para uma melhor prevenção e
organização do dispositivo operacional de combate aos incêndios. Mas como ainda não se
encontrou solução para este tão grave problema daí que a intervenção dos corpos de
bombeiros seja de fundamental importância na tentativa de que as populações suportem
os menores danos possíveis. Ainda que seja do conhecimento o árduo trabalho destes
“homens” pertencentes aos corpos de bombeiros a verdade é que há quem aponte a gestão
do combate aos incêndios como um ponto fraco do sistema de combate.
As atividades dos corpos de bombeiros não se cingem aos fogos (nomeadamente aos fogos
florestais) eles são uma peça fundamental nas mais diversas formas de socorrismo e apoio
às populações.
Contudo neste trabalho o enfoque será dado sobretudo aos corpos de bombeiros e
aos incêndios florestais com o objetivo de dar uma visão geral e genérica sobre a relação
entre os incêndios florestais (impactos, causas e possíveis formas de controlo) e o papel
dos corpos de bombeiros.
Relativamente à estrutura do trabalho, após a introdução, seguir-se-á uma breve
descrição histórica da evolução dos corpos de bombeiros no mundo e em Portugal. Depois
aborda-se a estrutura institucional dos bombeiros, passando-se para uma análise aos
incêndios florestais em Portugal e seguida de uma análise entre as corpos de bombeiros e
os incêndios florestais. O trabalho culminará com as conclusões.
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sendo distribuídos 50, por cada bairro. Os pedreiros, os carpinteiros e outros mestres
passaram a ser alistados para o combate aos sinistros, ficando sujeitos a uma pena de
prisão por cada incêndio, a que não comparecessem.
A prevenção continuava a ser considerada fundamental, para se evitarem maiores
catástrofes, tendo apresentado o Senado da Câmara de Lisboa, em 1714, a Sua Majestade,
D. João V, diversas medidas. No reinado do D. João V, em 1722, é fundada no Porto a
Companhia do Fogo ou Companhia da Bomba, constituída por 100 "homens práticos",
capazes de manobrarem a "Bomba, machados e fouces".
O termo "Bombeiro", que está intimamente ligado às bombas, um dos equipamentos
mais avançados para a época, e que as Corporações consideraram da maior utilidade,
surgiu, pela primeira vez, em Lisboa, no ano de 1734. A primeira Companhia de Bombeiros
de Lisboa foi criada em 17 de Julho de 1834 pela Câmara Municipal.
A partir do ano 1868, foram introduzidas as bombas a vapor, originando a
obrigatoriedade dos proprietários instalarem bocas de incêndio nos prédios.
O movimento Associativo dos Bombeiros começou com a Companhia de Voluntários
Bombeiros de Lisboa, criada, em 1868, e que depois, em 1880, passou a Associação de
Bombeiros Voluntários.
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Deverá ainda ser feita menção à Força Especial de Bombeiros Canarinhos que é uma
força especial de proteção civil, dotada de estrutura e comando próprio, organizada e
inserida no dispositivo operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, criada ao
abrigo do disposto no artigo 19º do Decreto-Lei n.º 247/2007, de 27 de Junho, que aprovou
o regime jurídico dos Corpos de Bombeiros. Esta força tem como missão “responder, com
elevado grau de prontidão, às solicitações de carácter emergente de proteção e socorro, a
ações de prevenção e combate em cenários de incêndios, acidentes graves e catástrofes
em qualquer local no território nacional ou fora do país e em outras missões do âmbito da
Proteção Civil”.4
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Com a entrada em vigor da Lei n.º 27/2006, de 3 de julho, que aprovou a Lei de
Bases da Proteção Civil, foi redefinido o sistema de proteção civil, assumindo a Autoridade
Nacional de Proteção Civil (ANPC) um papel fundamental no âmbito do planeamento,
coordenação e execução da política de proteção civil.
O Decreto-Lei nº 73/2013 de 31 de maio criou uma nova estrutura base do modelo
de organização da ANPC com a introdução de uma nova direção nacional dedicada à
gestão dos meios aéreos, integrando competências da EMA — Empresa de Meios Aéreos,
S.A.. O Decreto-Lei n.º 73/2012, de 26 de março, transferiu também para a Autoridade
Nacional de Proteção Civil as atribuições do Conselho Nacional de Planeamento Civil de
Emergência.
Em Janeiro de 2014 o Governo decidiu proceder à extinção da EMA, que se
concretizou em Outubro de 2014, e concentrar na ANPC as funções anteriormente
desempenhadas por aquela sociedade. Na sequência desta nova realidade publicou-se o
Decreto-Lei n.º 163/2014 de 31 de outubro, dotando a ANPC de uma nova estrutura
orgânica, adequada à nova realidade e às novas exigências.
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só pelo número de ocorrências, mas também pela dimensão das áreas queimadas, para o
que muito contribuiu a existência de alguns anos particularmente secos.
De acordo com o Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em
Portugal Continental (2015) em 2013 contabilizaram-se, em Portugal Continental, 19.291
ocorrências, das quais 20% correspondem a incêndios florestais (com área ardida >=1ha)
e 80% a fogachos (ocorrências com área ardida <1ha).
A área ardida foi de cerca de 152.758 ha, dos quais 36% em povoamentos florestais
e 64% em matos, incluindo pastagens espontâneas.
O total de ocorrências de 2013 traduz-se num decréscimo de cerca de 8,9% em
relação a 2012 e de 17,7% face à média do decénio anterior. Esta diminuição verificou-se
quer no número de incêndios florestais quer no número de fogachos. Relativamente à área
ardida de 2013 esta sofreu um incremento de 7,1% face à média dos últimos dez anos
(Quadro 1). (Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em Portugal
Continental, 2015)
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Quadro 2 – Número de incêndios florestais e área ardida, por distrito, entre 1 de janeiro e
31 de dezembro de 2013
Fonte: Relatório Anual de Áreas Ardidas e Incêndios Florestais em Portugal Continental
(2015)
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Ocorrências Investigadas
Total Total Tipo de causa
de Rea
ocorr Desc Na -
Ano
ên- o- Inten- - Negli- cen
n.º % % % % % %
cias nheci cional tur gente di-
(n.º) da al men
to
200 2621 1358 5,2 234 1 489 3 96 7 539 4 N/A
3 9 7 6 0
200 2216 1084 4,9 272 2 377 3 16 1 419 3 N/A
4 5 5 5 9
200 3582 1488 4,2 383 2 633 4 3 0 469 3 N/A
5 4 6 3 2
200 2044 2454 12,0 1623 6 371 1 69 3 391 1 N/A
6 4 6 5 6
200 2031 7720 38,0 4028 5 1359 1 51 1 2282 3 N/A
7 6 2 8 0
200 1493 7897 52,9 3681 4 1510 1 28 0 2678 3 N/A
8 0 7 9 4
200 2613 1293 49,5 4702 3 3553 2 10 1 4569 3 N/A
9 6 0 6 7 6 5
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Um dos motivos para que haja uma proporção tão elevada de causas desconhecidas
poderá residir no facto de só se poder atribuir uma causa quando existe certeza absoluta e
não uma “causa provável” (Monitorização e Avaliação do Plano Nacional de Defesa da
Floresta Contra Incêndios, 2009/2010). Por outro lado em 2006, houve a transferência das
competências da investigação das causas dos incêndios para a GNR, o que provavelmente
por falta de formação e de experiência fez aumentar o número de investigações
inconclusivas. Verifica-se, contudo que desde esse ano tem havido uma evolução positiva.
Em média menos de 1% do total de ocorrências investigadas entre 2003 e 2013
resultaram de causa natural. O ano de 2003 teve uma percentagem de incêndios de causa
natural mais elevada, cerca de 7%, devido a uma situação anómala resultante de trovoadas
secas.
Considerando o enviesamento provocado pela não separação dos dados referentes
a reacendimentos até 2011, a figura 3 mostra a distribuição do número médio de
ocorrências investigadas por causa, no período de 2003-2013.
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Desconhecida
Intencional
Natural
Negligente
A distribuição das causas apuradas por distrito permite, por exemplo, destacar os
distritos de Braga, Santarém e Viana do Castelo, com as percentagens mais elevadas
associadas às causas intencionais, ao contrário dos restantes distritos onde superam as
percentagens associadas a comportamentos negligentes (Quadro 4). Em qualquer um
destes 3 distritos a intencionalidade está associada maioritariamente a situações
imputáveis de incendiarismo, com percentagens que atingem os 96% e 98% das causas
intencionais nos distritos de Viana do Castelo e Santarém respetivamente. Nestes distritos
importa reforçar a busca e perceção de indivíduos enquadrados no perfil do incendiário e
promover um reforço das ações de dissuasão e fiscalização (Análise das Causas dos
Incêndios Florestais 2003 – 2013, 2014).
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detenham terrenos o dever de proceder à sua limpeza de forma a reduzir o material vegetal
e lenhoso e dificultar a propagação do fogo na horizontal e na vertical nesses terrenos. O
não cumprimento das ações de limpeza, são passíveis de aplicação de coimas que poderão
ir dos € 140,00 aos € 5000,00 euros no caso de pessoas singulares, e de € 800,00 aos €
60 000,00 no caso de pessoas coletivas.
O Despacho n.º 4345/2012 de 27/03 que homologa o Regulamento do Plano
Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI).
O Despacho n.º 1583/2014 de 31/01 determina o estabelecimento de um grupo de
trabalho com vista a instituir um plano de trabalho de defesa da floresta contra incêndios.
Os Despachos n.ºs 5711/2014 e 5712 de 30/04 que homologa o Regulamento das
normas técnicas e funcionais relativas à classificação, cadastro, construção e manutenção
dos pontos de água e infraestruturas integrantes das redes de defesa da floresta contra
incêndios e o segundo da rede viária florestal
O Decreto-Lei n.º 83/2014 de 23/05 procede à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º
124/2006, de 28 de junho, e estabelece as medidas e ações a desenvolver no âmbito do
Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, modificando matérias relativas
ao fogo técnico, à instrução do procedimento de contraordenação e à distribuição do
produto das coimas.
Apesar das iniciativas de natureza legislativa o problema dos incêndios florestais
parece não dar tréguas. A aposta dos vários governantes tem sido centrada em apostar na
prevenção e na organização dos dispositivos operacionais de combate aos incêndios
florestais, contudo as constantes vagas de incêndios que vão ocorrendo no nosso país
mostram claramente a ineficácia dos meios e da estrutura de combate aos incêndios e
evidenciam a necessidade de planeamento e de uma gestão florestal integrada e integrante
que aborde diferentes escalas espaciais e temporais. De acordo com Gonçalves (2006)
Parte da solução do problema “incêndios florestais” poderá passar não só pelo reforço dos
recursos humanos e técnicos mas também pela formação, acompanhamento e valorização
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de quem trabalha nas áreas ligadas à floresta , não descurando a sensibilização e educação
da população e apostando seriamente no reforço da fiscalização preventiva.
Em reforço desta posição Amaro (2009) acrescenta que o aumento do nível de
proteção e segurança das populações vai depender da promoção e fomento de campanhas
de sensibilização e de comunicação de uma cultura de segurança, explicitamente
orientadas para as comunidades e grupos mais vulneráveis, sendo crucial potenciar a
participação desses cidadãos e das suas estruturas associativas de âmbito local em tarefas
ligadas à prevenção, socorro e reabilitação.
Uma vez que uma grande parte dos incêndios florestais têm causa humana (Quadro
3) o papel dos corpos de bombeiros assim como de todos os envolvidos direta ou
indiretamente no combate aos incêndios tem um papel fundamental. São estas pessoas
que pelo seu profissionalismo conduta e tomadas de decisão minimizam as consequências,
isto é, da sua atuação depende maiores ou menores áreas ardidas, maior ou menor
duração dos incêndios.
De acordo com Martins (2010) a formação dos elementos do comando no combate
aos incêndios florestais não é orientada para a análise do comportamento do fogo mas
sobretudo para a gestão e organização do teatro de operação. Na verdade existem
comandantes que analisam devidamente os incêndios e que escolhem estratégias
adequadas, o que se deve sobretudo à sua experiência e empenho pessoal e não à
formação de base. A falta de uma boa avaliação do incêndio faz com que os combatentes
facilmente sejam surpreendidos por alterações súbitas de comportamento, muitas vezes
associadas erradamente a mudanças de ventos. Torna também mais difícil a definição de
estratégias que não passem pelo combate direto. Existe pouco uso de métodos de apoio à
decisão. A acumulação de funções COS, de Planeamento, Organização Logística e
Comandante de Combate, poderá também constituir uma grande dificuldade,
especialmente na fase inicial, quando ainda não se tem o conhecimento exato da situação.
Por outro lado existe um uso excessivo de combate direto.
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Por outro lado, o êxodo rural do último meio século, sobretudo a emigração seletiva
da população mais jovem, conduziu ao envelhecimento e ao despovoamento rural, com as
inevitáveis quebras de gestão ativa das terras. Simultaneamente, verificou-se a expansão
da área de floresta e a eliminação do mosaico agro-florestal que permitia um certo tipo de
gestão do combustível. Não sendo um factor diretamente gerador de incêndios rurais, esta
dinâmica ajudou a criar as condições propícias aos fogos de grandes dimensões. A rapidez
e a intensidade com que ocorreu o despovoamento rural, indissociável dos fenómenos de
urbanização e suburbanização acelerada, quebraram a relação tradicional das populações
com a paisagem. O atual perfil socioeconómico do país não incorpora uma cultura do
território indispensável à sustentabilidade do seu usufruto e à manutenção da própria
identidade nacional (CNADS, 2005).
5http://www.bvpenela.pt/pagina-principal/35-bombeiros/982-estatistica-do-servico-operacional-do-ano-2010 (consultado
em 19/05/2015)
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QUADRO
DISTRITO Ativo Comando Honra Reserva Sem Total
Quadro Geral
Aveiro 1946 84 535 1386 930 4881
Beja 657 33 143 195 188 1216
Braga 1656 62 476 882 460 3536
Bragança 793 37 129 428 374 1761
C. Branco 1012 38 259 676 438 2423
Coimbra 1687 59 301 942 469 3458
Évora 635 37 252 219 228 1371
Faro 1013 43 158 405 330 1949
Guarda 1155 46 351 1008 775 3335
Leiria 1789 68 375 823 692 3747
Lisboa 3353 145 1384 1222 1444 7548
Portalegre 611 32 160 327 336 1466
Porto 3758 118 798 1446 1973 8093
Santarém 1529 72 467 508 559 3135
Setúbal 1531 59 384 515 576 3065
V. Castelo 620 30 149 383 249 1431
V. Real 1128 54 278 814 577 2851
Viseu 1769 81 409 1520 1005 4784
Total 26642 1098 7008 13699 11603 60050
Geral
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Nota: A população diz respeito a 2011 uma vez que foi o último ano em que se realizaram
os censos. Após essa data só existem estimativas. Assim apesar de a coluna referente aos
bombeiros no ativo dizer respeito ao ano de 2012 (Fev), optou-se por se utilizar os dados
da população relativos a 2011.
DISTR N.º de Bomb Popul Áre Área Bomb Bomb Bomb Popul
ITO Corpor eiros ação a total eiros eiros eiros ação
ações no (2011) tota ardida no por por por
Ativo l do 6 2013 ativo área Km2 Km2
(2012) dist (km2) /popul ardida do do
rito ação distrit distrit
(km o o
2)
Aveir 30 1946 71435 280 64,48 0,272 30,180 0,693 254,39
o 1 8 9
Beja 15 657 15270 102 11,54 0,430 56,932 0,064 14,935
6 25
Braga 22 1656 84844 267 240,5 0,195 6,886 0,620 317,41
4 3 3
Braga 15 793 13645 660 461,94 0,581 1,717 0,120 20,651
nça 9 8
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De acordo com o CNADS (2005) a nível distrital é possível constatar duas realidades
distintas: por um lado, o aumento do número de ocorrências associado ao crescimento da
população e, por outro, o aumento da área ardida associado à emigração e à rarefacção
da população rural. Grande número de fogos tem lugar nos distritos com maior densidade
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CONCLUSÕES
Os problemas na gestão do combate ganharam especial visibilidade a partir de 2003,
devido aos resultados catastróficos dos incêndios ocorridos nesse ano. Desde aí, os
incêndios florestais passaram a ser uma verdadeira preocupação política e institucional,
tendo originado uma verdadeira revolução na área da proteção civil (Martins, 2010).
Com o objectivo de aumentar a eficácia e também a segurança dos combatentes foi
necessário melhorar o planeamento do combate dos incêndios florestais através da análise
do sistema de combate, ações de formação dos recursos humanos que ocupam posições
fundamentais para o seu bom funcionamento assim como fazer uma boa análise do
comportamento do fogo e dos factores condicionantes na definição de estratégias e tácticas
de combate.
Contudo, de acordo com Martins (2010) os dados recolhidos apontam para a
existência de problemas associados ao planeamento na gestão dos incêndios florestais que
poderão estar relacionados com a falta de formação/preparação,
avaliação/responsabilização das pessoas nomeadas para essa função.
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A gestão do combate aos incêndios florestais é apontada como sendo uma das áreas
mais frágeis do sistema de combate. Esta gestão é assegurada maioritariamente pelos
elementos de Comando dos Corpos de Bombeiros Voluntários e, em operações de maior
importância, por elementos da estrutura de Comando da Autoridade Nacional de Proteção
Civil, ANPC.
De acordo com Martins (2010) a gestão do combate aos incêndios engloba duas
tarefas fundamentais. Uma prende-se com a organização e gestão da força de combate,
outra passa pela análise do comportamento e evolução do incêndio, identificando as
oportunidades de combate e elementos expostos. Note-se que são funções bastantes
distintas, a primeira exige capacidade de liderança, organização e de comunicação
enquanto a segunda exige mais competências técnico-científicas. Geralmente são
desempenhadas pela mesma pessoa, em especial em incêndios de pequena e média
dimensão.
Na Reflexão sobre os sistemas de proteção e combate aos incêndios rurais o
CNADS (2005) sublinha “que o tipo de medidas de longo-prazo que serão necessárias para
inverter a tendência de aumento das áreas ardidas em fogos rurais, só poderá ter êxito se
forem assumidas por todos, incluindo a comunicação social, enquanto questão estratégica
do desenvolvimento global do país. Tendo em conta o exemplo de outros países com clima
semelhante, é possível inverter a tendência dos últimos anos. Para além das boas medidas
de política, não é “despicienda” a necessidade de envolvimento dos cidadãos, em
particular, das populações, devidamente precedido de um esforço de esclarecimento e
mobilização. O Conselho considera, ainda, que a imprescindível adopção de um Plano
Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, pode ser uma oportunidade para
englobar as medidas parcelares numa estratégia coerente visando o uso de boas técnicas,
de princípios organizativos ajustados e consequentes, com uma cultura de
responsabilidade e avaliação”.
É possível intervir na alteração de comportamentos e na instrução dos cidadãos para
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BIBLIOGRAFIA
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