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Nº 35 . Ano 03
Publicação mensal da S.A. Media Holding . Novembro de 2010 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR
O poder da Comunicação
The power of communication
MOzAMBIQUE FASHION WEEK Suplemento
9 estilistas pan-africanos ‘CAPITAL EMPREENDEDOR’
e 8 internacionais em Maputo Descubra como vencer!
6 SUMÁRIO
15 17 20 2
aniversário
44
Revista Capital faz novas apostas
Três anos decorridos e a CAPITAL, inicialmente apresentada ao público-
leitor como a primeira revista moçambicana especializada em Econo-
mia, Gestão e Negócios, ainda vinga no mercado, e em prol do mercado,
com a expectativa de melhorar o seu conteúdo, a cada mês que passa.
indústria
46
Acumula-se know-how
no Estado e não na Indústria
O investimento em viagens de cooperação feitas pelo Executivo moçambi-
cano constitui um meio de acumulação de conhecimento no seio dos seus
funcionários em detrimento do sector privado industrial. A constatação foi
feita à margem da Conferência sobre a Competitividade Industrial.
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(+258) 21 303188
SUMÁRIO 7
22 24 27 36
indicadores
49
Clima económico em baixa
A conjuntura económica, avaliada pelo indicador do clima económico
das empresas, continuou desfavorável no mês de Setembro, encerrando
assim o 3.º trimestre com uma diminuição relativamente ao segundo
trimestre, apesar das medidas governamentais para conter o custo de
vida. Esse facto continuou, principalmente, a dever-se à queda pro-
gressiva de expectativas da procura.
investimento
62
CPI revela estado do investimento
no País
O Centro de Promoção de Investimentos (CPI) já recebeu para análi-
se, aprovação e assistência institucional, ao longo do primeiro semestre de
2010, 104 projectos de investimento, totalizando a quantia de 1.210.790.729
dólares americanos e gerando um potencial para a criação de 8.728 postos de
trabalho.
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
A Economia, os Média
e os seus poderes
1.
O Poder já não se identifica única e exclusivamente com o poder político, graças
ao advento do domínio económico e financeiro. Os Média dependem cada vez
mais da economia de mercado. Ao mesmo tempo, o cidadão duvida da essen-
cialidade do Quarto Poder (o Poder dos Média), e a hierarquia estabelecida per-
de a validade perante a ascensão da economia enquanto Primeiro Poder. Ou seja, agora
já se fala de três poderes instituídos: 1º, a Economia; 2º, os Média; e em 3º, a Política.
Contudo, e apesar de uma possível nova hierarquia de poderes, a pretensão acalentada
pelos meios de comunicação social em serem o contra-poder cai em ‘saco roto’, na medi-
da em que a imprensa escrita é dominada por um jornalismo cada vez mais parcial, de- Helga Nunes
pendente de grupos industriais e financeiros, e manipulada por pensamentos de mercado helga.nunes@capital.co.mz
e redes de conivência. Nesse sentido, a informação vem assumindo, cada vez mais, um ca-
rácter de mercadoria ao serviço dos interesses dos ‘Donos do Mundo’. E uma análise mais
atenta aos conteúdos deixa antever a manipulação de algumas matérias jornalísticas.
A desconfiança global face aos Média remonta ao início dos anos 90 do séc.XX. Até
então, a Imprensa parecia ser radical na sua vontade de denunciar abusos, de revelar a
verdade ou de formular críticas aos líderes, desenvolvendo atitudes de objectividade, im-
parcialidade, respeito e ética profissional. Um bom exemplo é o caso de Bob Woodward
e de Carl Bernstein, ambos jornalistas do Washington Post, face aos abusos do então
presidente Nixon (Watergate), e outro exemplo mais próximo de nós, é o do jornalista
Carlos Cardoso.
2.
Do jornalismo - de índole económica ou não – o leitor espera naturalmente
a seriedade, a objectividade, o rigor na apresentação dos factos, a capacidade
selectiva, a clareza, entre outros atributos próprios de uma área que além de
informar, deve igualmente formar.
A equipa da CAPITAL tem a clara noção da sua responsabilidade, sobretudo numa era
em que a importância da Economia e dos Média parecem intercruzar-se. Como tal, e após
três anos de vida, renovamos aqui os votos, assumindo o compromisso de melhorar o seu
conteúdo, a cada edição que passa, em função do interesse do leitor.
Nesta edição, apresentamos-lhe um Caderno Especial dedicado à temática do Empre-
endedorismo, como resultado de uma parceria entre a SA Media Holding e a Empresa
Júnior do ISTEG (SIC). O Suplemento chama-se ‘Capital Empreendedor’ e pretende in-
centivar a juventude para o auto-emprego e para o desenvolvimento de um espírito de
iniciativa mais apurado.
Dentro da mesma senda, a SA Media Holding irá editar, em 2011, uma publicação dedica-
da à temática da Arquitectura, Urbanismo, Paisagismo, Design de Interiores e Imobiliá-
ria, e, produto de uma parceria com a Associação Visão Jovem Moçambicana que envolve
a participação da Empresa Júnior do ISTEG, uma revista mensal dedicada à Juventude.
Por último, a SA Media Holding, ao abrigo duma parceria com o grupo de Média portu-
guês OJE, co-editou uma revista intitulada ‘Investir em Moçambique’, a qual será distri-
buída juntamente com a ‘Capital’ em Moçambique e em Portugal com o diário ‘Oje’, e que
pretende abrir uma janela de oportunidades aos investidores.
Estas são algumas das novidades que a CAPITAL reserva para os seus leitores, mas ainda
existem outras na calha para o ano de 2011. Até lá, desejamos-lhe uma boa leitura!c
FICHA TÉCNICA
Propriedade e Edição: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Av. Mao Tse Tung, 1245 – Telefone/Fax (+258) 21 303188
– revista.capital@capital.co.mz – Director Geral: Ilidio Bila – ilidio.bila@capital.co.mz – Directora Editorial: Helga Neida Nunes – helga.
nunes@capital.co.mz – Redacção: Arsénia Sithoye - arsenia.sithoye@capital.co.mz; Sérgio Mabombo – sergio.mabombo@capital.co.mz –
Secretariado Administrativo: Márcia Cruz – revista.capital@capital.co.mz; Cooperação: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados;
PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Federico Vignati; Fernando Ferreira;
Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI);
Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço – Foto Capa: Sérgio Costa; Fo-
tografia: gettyimages.pt, Luís Muianga; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. – Paginação:
Benjamim Mapande – Design e Grafismo: SA Media Holding – Tradução: Alexandra Cardiga – Departamento Comercial: Neusa Simbine
– neusa.simbine@capital.co.mz; Márcia Naene – marcia.naene@capital.co.mz – Impressão: Brinrodd Press – Distribuição: Nito Machaiana
– nito.machaiana@capital.co.mz; SA Media Holding; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares.
Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total,
é autorizada desde que citada a fonte.
EM ALTA
BCI
O banco BCI integra, pela primeira vez, a lista
dos 100 maiores bancos de África, ocupando
a 95.ª posição, segundo a classificação da re-
vista African Business. Na África Austral, o
BCI já ocupa a 19.ª posição numa classificação
que é elaborada anualmente, de acordo com o
Capital “Tier 1” de cada instituição. O BCI é a
segunda maior instituição financeira de Mo-
çambique, com uma quota de mercado supe-
rior a 30%.
BANCA
Moçambique contará, a partir de 2011, com
um novo banco comercial detido maioritaria-
mente pelas empresas portuguesas Corticeira
Amorim SA, e o Grupo Visabeira, SGPS, SA.
Trata-se do Banco Único, que será detido em
51% pelas duas empresas portuguesas, segun-
do o presidente do Conselho de Administração
designado para esta instituição, João Figuei-
redo. As restantes acções serão detidas por
investidores moçambicanos, incluindo a Em-
presa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).
A instituição financeira já foi autorizada pelo
Banco Central a operar no mercado moçambi-
cano.
EM BAIXA
GOVERNO MOÇAMBICANO
Moçambique é o terceiro pior país da África
Austral em termos de transparência orçamen-
tal. O país fornece informações “mínimas” aos
cidadãos sobre as finanças públicas, segundo
conclui o Índice do Orçamento Aberto 2010,
um estudo internacional realizado pela orga- COISAS QUE SE DIZEM…
nização não governamental americana Inter-
national Budget Partnership (IBP).
O Índice apresenta os resultados de uma pes- Renda Fiscal vs. Ajuda Externa
quisa sobre transparência orçamental efec- «A renegociação dos acordos com os megaprojectos poderia, a curto prazo, gerar
tuada em 94 países de todo o mundo, até Se- uma renda fiscal adicional equivalente à totalidade da ajuda geral ao Orçamento
tembro de 2009, que inclui a África Austral. do Estado, sem que a economia fosse forçada a correr riscos de endividamento»,
O estudo pretende aferir os níveis de acessi-
bilidade pública aos processos e documentos Excerto extraído da obra «Economia Extractiva e Desafios da Industrialização em Moçambi-
orçamentais e a efectividade dos órgãos de que», lançada recentemente pelo IESE.
execução e fiscalização, como a Assembleia
da República e o Tribunal Administrativo, no Obras monumentais não matam fome…
caso moçambicano. «Não construam monumentos nem pirâmides porque isso vai-vos obrigar a recor-
rer a empreiteiros internacionais. Façam infraestruturas simples e resolvam os
INVESTIMENTOS EXTERNOS problemas básicos dos vossos cidadãos. Não é um edifício de 40 andares que vai
resolver o problema de emprego e de falta de habitação no país»,
A falta de garantia do retorno dos investimen-
tos efectuados em Moçambique está a levar Paul Collier, consultor do Banco Mundial para a Região da África, aconselhando o governo
alguns investidores estrangeiros a retirarem moçambicano a deixar de fazer “obras monumentais” e a apostar na construção de hospi-
os seus negócios em Moçambique. É o caso tais, escolas e casas de baixa renda para trabalhadores, promovendo o emprego e a habita-
das multinacionais Corridor Sands e BHP- ção para os cidadãos.
Billiton, que abandonaram a exploração das
Areias Pesadas de Chibuto. A mesma razão é Oportunidade ou alternativa para o Ocidente!?
apontada como estando na origem do cance- «A economia moçambicana é uma oportunidade em si, pelos recursos disponíveis,
lamento da construção de duas refinarias em potencial de consumo e localização geográfica, e não uma alternativa à recessão/
Moçambique, especificamente em Matutuine,
estagnação que se vive nas economias ocidentais»,
na província de Maputo, e Nacala-a-Velha, na
província de Nampula. Esta análise é do direc- Daniel David, presidente do Conselho de Administração do Grupo Soico, em entrevista ao
tor do Gabinete dos Estudos Económicos do Jornal «O País».
Millennium bim, Omar Mithá, em entrevista
ao Canalmoz.
ÁFRICA DO SUL
Será erguida a maior
refinaria de África
A maior refinaria do continente africano
pertence à empresa estatal Petro SA e será
construída em Cabo Oriental. A mesma
permitirá poupanças anuais da ordem dos
12,6 mil milhões de rands aos cofres públi-
cos.
A zona industrial de Coega (entre Port Eli-
Castanha de caju
de Machaze não
sacia demanda asiática
Sérgio Mabombo [texto e foto]
Feira da castanha
de caju na forja
O distrito de Machaze irá contar, a partir cento da sua produção de castanha de caju
de 2011, com uma feira de castanha de na forma bruta. Devido ao facto, deixam
caju, uma iniciativa que irá permitir a tro- de ser criadas mil empresas que podiam
ca de técnicas de cultivo e comercialização gerar cerca de 300 mil empregos, na óp-
entre os produtores. tica da ACA. Na esteira do presente cená-
Gaudêncio Silota, director da Agricultura rio, o distrito de Machaze poderá marcar
no Serviço Distrital das Actividades Eco- a diferença em relação a muitas regiões
nómicas (SEDAE) em Machaze, acredita africanas ao apostar no processamento da
que a feira irá marcar o início do processa- castanha de caju.
mento da castanha de caju a nível local. O Por outro lado, o lucro poderia ser larga-
dirigente reconhece que o processamento mente encorajador se o processamento
do caju não é um problema particular de passasse a ser feito a nível local, segun-
Machaze e acredita que a feira irá marcar do a constatação dos produtores. Para o
uma nova era em termos de negócios. efeito está em curso a montagem de pe-
Este ano, a região norte do País prevê que quenas unidades de agro-processamento
a produção da castanha de caju atinja as que poderão empregar entre sete a 12 tra-
40 mil toneladas. A quantidade representa balhadores. Ao mesmo tempo, os produ-
um crescimento de 33 por cento, conside- tores reclamam o facto dos compradores
rando as 30 mil toneladas do ano passado. paquistaneses, chineses e originários do
Por outro lado, e para o caso particular de Bangladesh demonstrarem pouco interes-
Machaze, o crescimento da produção terá se na compra da castanha de caju proces-
pouco impacto em termos de lucro, caso sada, pois estes preferem fazê-lo nos res-
não se invista no processamento, segundo pectivos países.
Gaudêncio Silota,
Gaudêncio Silota. Estima-se que a feira, que se projecta para Director do SEDAE em Machaze
Durante a V Conferência Anual da Aliança Machaze em 2011, possa vir a atrair turis-
Africana do Caju (ACA), realizada recente- tas para o distrito, pois a mesma compre-
mente em Maputo, questionou-se o facto ende a componente gastronómica à base
do continente africano exportar 90 por da castanha de caju.c
DR
ias
nicação no país
DR
Smartphones conquis
mercado moçambican
No advento da entrada da terceira operadora de telefonia móvel no mer-
cado moçambicano, a Intercampus, do Grupo GfK, disponibiliza nesta edi-
ção os dados relativos à venda de telemóveis e smartphones no país.
O número de telemóveis vendidos em Comparando o período de Janeiro a Se- unidades e um crescimento de 74,9% em
Moçambique continua a aumentar de ano tembro de 2010 face ao período homólogo termos de valor comercializado, apesar de
para ano, apesar de em termos de valor de em 2009 encontramos uma diminuição de ter havido uma diminuição do preço médio
mercado ter vindo a diminuir, o que signi- preço médio em 19,5%. Este facto significa destes equipamentos em 11,9%. Os Smar-
fica que os preços praticados por equipa- que apesar do aumento do número de tele- tphones representaram apenas 4% do total
mento estão a diminuir. móveis vendidos, o valor total do mercado de unidades comercializadas, no entanto
Na realidade, o número de telemóveis de telemóveis e Smartphones diminuiu em significam 27,2% do total do valor de mer-
vendidos no país, em estabelecimentos 14% nos períodos considerados. cado, no período de Janeiro a Setembro de
formais, de Janeiro a Setembro de 2010, O preço médio dos Smartphones para o 2010.
foi de cerca de 570 milhares de unidades, mês de Setembro de 2010 foi de 592 dóla-
contra cerca de 533 milhares em período res, enquanto o preço médio de telemóveis Ficha Técnica
homólogo em 2009, representando um foi de 50 dólares. Em Janeiro deste ano,
crescimento 6,8%. Anualmente, são vendi- os preços médios eram de 753 e 80 dóla- Os dados acima foram extraídos do pai-
dos em estabelecimentos formais cerca de res, respectivamente. De acrescentar que nel retalhista Telecom da GfK que é um
800 mil equipamentos, representando um 62,4% do total do mercado corresponde a estudo de grupo constante de estabeleci-
valor de mercado de cerca de 8 milhões de telemóveis de valor abaixo dos 50 dólares. mentos formais que periodicamente par-
dólares. A grande estrela deste mercado em Mo- ticipam disponibilizando a sua informação
Em contrapartida, os preços médios des- çambique é o Smartphone que registou em mais de 80 países. O painel de Telecom
tes equipamentos têm vindo a diminuir. um crescimento de 98,5% em termos de teve início em 1998 a nível global e em
Gráfico. 1 - Variação do número de unidades e valor de mercado de Telemóveis e Smartphones, de Janeiro a Setembro de Gráfico. 2 - Evolução do número de telemóveis e Smartphones v
2010, em comparação com período homólogo.
stam
no
DR
Julho de 2007 em Moçambique, auditan-
do os principais produtos nesta área com
destaque para os telemóveis. A periodici-
dade deste painel é mensal para o caso de
Telemóveis e de Smartphones, e cobre os
especialistas de telecomunicações e canais
de retalho multiespecialistas.
A Intercampus
vendidos em Moçambique Gráfico. 3 - Evolução do preço médio de Telemóveis e Smartphones Janeiro a Setembro 2010
‘Corre’ dinamiza
serviços de correio FOTO: LUIS MUIANGA
A empresa Correio Expresso de Moçam- formação. ser um dos principais operadores de refe-
bique (CORRE) foi oficialmente inaugura- O primeiro-ministro de Moçambique, Ai- rência no mercado africano do sector dos
da em Maputo, numa parceria em partes res Ali, salientou que a vantagem do COR- correios.
iguais entre os Correios de Moçambique e RE passa por ter como empresa parceira Segundo o PCA dos CTT, os serviços ex-
os Correios de Portugal (CTT). os CTT, uma organização com larga expe- presso dos Correios de Portugal lideram
A empresa foi concebida em 2009 pelos riência no que diz respeito aos serviços de o mercado da União Europeia em termos
serviços de correio dos dois países, tendo correio expresso. de qualidade dos serviços prestados. Mata
como principal área de acção o mercado A expectativa é que ao aproveitar a rede Costa disse ainda que para além do capi-
das encomendas urgentes. A Corre encon- dos correios moçambicanos se possa vir tal, os CTT trouxeram para Moçambique
tra-se a operar há cerca de três meses em rapidamente a possuir balcões em todo o alguns meios técnicos e experiências do
regime experimental nas cidades de Ma- país, tanto mais que um dos objectivos do mercado europeu e admitiu que, no próxi-
puto, Beira e Nampula e prepara-se igual- governo moçambicano é dotar o serviço mo ano, poderá haver novas parcerias en-
mente para chegar a Tete, no norte de Mo- postal de acesso universal. tre as duas empresas, nomeadamente face
çambique. «A amplitude das mudanças, que implica ao chamado "correio híbrido".
O empreendimento resulta dos esforços o desenvolvimento do sector postal, exi- Por sua vez, Luís José Rego, presidente
levados a cabo pelo Conselho de Adminis- ge recursos que não estão facilmente ao do Conselho de Administração do Cor-
tração na busca de estratégias com vista à alcance da própria empresa. Por isso, os reios de Moçambique, sublinhou que este
revitalização e modernização da empresa Correios de Moçambique olharam estra- projecto surge no âmbito das recomenda-
Correios de Moçambique. tegicamente para a necessidade de mu- ções do Governo no sentido de combater
O avanço tecnológico, o desuso da carta dar e procuraram reforçar e desenvolver a baixa qualidade na prestação de serviços
convencional ao longo dos últimos anos, parcerias para a introdução da sociedade e os problemas de falta de segurança dos
as exigências cada vez mais crescentes do Correio Expresso de Moçambique», expli- objectos com que o Correio de Moçambi-
mercado e a necessidade de modernizar a cou o governante. que vinha-se debatendo desde os anos 90.
empresa Correios de Moçambique cons- Por seu turno, o presidente do Conselho Luís Rego salientou que um dos maiores
tituíram factores impulsionadores para a de Administração do Correios de Portu- desafios do CORRE, é garantir a prestação
concretização deste projecto, num inves- gal, Estanislau Mata Costa, afirmou que a de serviços, de forma eficiente e moderna
timento orçado em 35 milhões de meti- expectativa dos CTT em relação a este in- de modo a fazer chegar as cartas e outras
cais. O valor foi aplicado na reabilitação vestimento, é que o Corre se torne um líder encomendas o mais rápido possível, sobre-
das infraestruturas, na aquisição de meios no mercado moçambicano, no que diz res- tudo às zonas rurais e aos pontos mais re-
materiais, equipamentos, transporte e na peito aos envios urgentes de encomendas e cônditos do País.c
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como
28 EDITORIAL
ISTEG – Av. Da Namaacha ponto de vista técnico de pessoas que são conhecedoras da
Boane matéria.
Cel. 826704172 Procuramos parceiros e foi inesperado o que deles ouvimos.
Esperávamos algumas respostas positivas mas o que rece-
IMPRESSÃO bemos foi um “boom” de aceitação, e o nosso entusiasmo
Brinrodd Press cresceu.
Com os nossos humildes recursos decidimos: ‘vamos es-
TIRAGEM crever até a mão doer, gritar que somos capazes de mostrar
7.500 exemplares ao mundo o potencial que cada um tem de ser um bom
empreendedor na sua área’.
O que pensa sobre o Empreendedoris- Primeiro, porque aprecio muito os mo- ano de funcionamento do ISTEG?
mo em Moçambique? çambicanos que tomam iniciativas na Os principais desafios estão relaciona-
Há coisas que fazem um país crescer. área do empreendorismo. Acredito que dos com o facto de o ISTEG estar loca-
O trabalho como actividade produtiva são os moçambicanos que devem ser lizado no distrito de Boane. Segundo,
ou activa, a educação para o trabalho. os primeiros a terem iniciativas econó- iniciámos com professores que estão
Quando uma mãe diz à sua filha: «vai micas e de desenvolvimento do País. E trabalhando a tempo parcial. O nosso
buscar uma panela ou um prato», e o o facto de ser a primeira instituição de maior desafio é, a partir do próximo ano,
pai diz ao filho: «vai buscar uma en- ensino superior a ser instalada no dis- começarmos a ter professores a tempo
chada», tal trata-se de uma maneira de trito de Boane me motivou bastante. inteiro.
educar para criar uma actividade pro- Esta localização veio a dar resposta ao
dutiva. Empreendedorismo está na ne- encorajamento que o Governo tem fei- O que pensa sobre este empreendi-
cessidade de educar, inovar e criar uma to aos empreendedores a pensarem em mento o ISTEG?
actividade rentável. expandir os seus negócios aos distritos. Penso que é um empreendimento sério,
O segundo motivo que me levou a acei- ousado. Como vocês sabem, o ensino
Quais foram as razões que o levaram a tar embarcar no projecto funda-se no superior privado sobrevive do seu pró-
aceitar o convite para ser reitor do IS- facto de os proponentes do projecto prio recurso ou propinas, e as propinas
TEG, embora a sua localização no dis- serem indivíduos sérios. Por outro lado, do ISTEG são as mais baratas, o que
trito de Boane constitua um constran- um plano de projecto de construção mostra a ousadia dos empreendedores
gimento para quem vive na cidade de das instalações me fez acreditar que do ISTEG. E com dois anos de funciona-
Maputo? os seus proponentes eram indivíduos mento não tivemos tantos poblemas.
Quando criaram a Escola, procuraram sérios. Eles solicitaram-me para lançar Pelo contrário, tivemos uma explosão
alguém que fosse reitor, contactaram- o projecto do ensino superior em 2009, de estudantes. No primeiro ano, esperá-
me. Nesse momento, eu hesitei bas- que, por sua vez, deveria iniciar com um vamos 350 estudantes e tivemos 700.
tante, pois não pensava em ser mais processo de melhoramento dos planos No segundo ano, tivemos mais ainda.
reitor, uma vez já ter sido reitor da UEM, de estudos, de selecção de professores Temos perto de 1.500 estudantes, o que
durante quase 11 anos e meio. Queria credíveis para os objectivos do projec- é muito bom. No próximo ano, vem o
descansar. Ser reitor, ser gestor, ser pla- to. 3.°ano e veremos o que vai dar. Depois
nificador não é uma tarefa muito fácil, há as novas parcerias. Eu penso que é
mas depois de muita conversa acabei Quais foram os desafios que enfrentou um projecto de futuro próspero.
aceitando o convite por duas razões. e como foi a experiência do primeiro
sobre o seu produto ou serviço, precisa narem novos parceiros que aceitariam «O marketing viral tornou-se
trabalhar uma dessas três regras. Pense apoiar outras pessoas no seu hobby - ar-
numa empresa finlandesa de 360 anos tes ou artesanato. (Perceba o elemento
uma maneira barata e “hype”
chamada Fiskars, que faz tesouras de de “serviço público” adicionado.) Desde de atingir muita gente com
base laranja. Se há um desafio para o que o projecto foi lançado, houve um rapidez e pouco esforço. Mas
marketing viral, é o das tesouras – um aumento de 600% nas menções da mar-
produto com todo o glamour de uma ca na Internet.
para profissionais de marke-
memória RAM. A Brains on Fire, uma Um viral não precisa ser um vídeo “ma- ting, incluindo gigantes como
consultoria de identidade de marca lo- luco” no youtube. Comece a pensar em a Anheuser-Busch, Coca-Cola,
calizada na Carolina do Sul, ajudou a emoções, “serviço público” e “gatilhos”.
Fiskars a encontrar a emoção. “Sabíamos Nós não dissemos que seria algo fácil.
e Procter & Gamble, “viral”
que seria preciso mover de um diálogo de Na verdade, isso pode levar a repensar precisa significar mais do
produto para um diálogo de paixão”, dis- a forma como funciona o seu negócio. que “grátis” e dependente da
se Spike Jones, um dos sócios. Jones e Mas, se funciona para tesouras e para
seus colegas perceberam que havia uma um autocarro movido a óleo vegetal,
sorte. Criar uma ideia conta-
comunidade que era realmente apaixo- funcionará para você. giosa não é uma arte miste-
nada por tesouras: a dos artistas e arte- riosa do marketing e pode ser
sãos. Eles encontraram quatro zeladores
das “artes e artesanatos” e nomearam- (*) Os irmãos Dan Heath e Chip Heath são au-
resumida em algumas regras
nos “Fiskateers”. Então, a Brains on Fire tores do best-seller «Ideias que Colam: por que básicas»
pediu aos “Fiskateers” para seleccio- Algumas Ideias Pegam e Outras Não».
para ser
conseguem fazer as ideias transforma-
rem-se em realidade, isto é, implemen-
tar as ideias. A maioria das pessoas fica
apenas na "boa ideia" e não passa para
um empreendedor!
a acção. O empreendedor passa do pen-
samento à acção e faz as coisas aconte-
cerem;
O que é ser
Empreendedor?
“Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: “Por quê”?
Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: "Por que
não?".
Bernard Shaw
Actualmente, a palavra de ordem no é pura sorte, mas para o empreende-
mercado tem sido o empreendedoris- dor, é apenas o resultado de sua visão
mo. Diversas escolas estão voltando acompanhada de uma acção, pois to-
seus ensinos para o comportamento dos os dias são feitos para se realizar
empreendedor e, por isso, as pessoas algo. Não ficam reclamando do sol ou
estão mudando a sua concepção com da chuva, pois estão ocupados em atin-
relação aos empreendimentos e pro- gir o que planearam para a sua vida. Os
fissões. Movidas por uma necessidade obstáculos que surgem são retirados
(perda de emprego, por exemplo) ou da sua frente com trabalho e garra, não
por visualizar uma oportunidade no servindo nunca como “desculpas” para
mercado, algumas pessoas podem ini- afastá-lo de seus objectivos.
ciar um pequeno negócio, e ter sucesso A ousadia é outra característica de pes-
durante toda a vida. Outras, podem não soas de sucesso e o empreendedoris-
ser tão bem sucedidas, e terem que se mo requer muita garra e perseverança.
deparar com um fracasso, apesar de seu As dificuldades são extremas e poucas
esforço. pessoas têm coragem para enfrentar os
Por que isto ocorre? Para responder desafios que surgem em seu caminho.
a essa pergunta, temos que saber pri- Por isso, o verdadeiro empreendedor
meiro o que é um empreendedor, para não pode, em primeiro lugar, buscar o
depois conhecermos o seu perfil e as lucro, porque ele será o resultado das
causas de sucesso e fracasso dos em- acções da empresa. Ele tem que estar
preendimentos. sempre ligado ao mundo, buscando
De acordo com Joseph A. Schumpeter cada vez mais novos conhecimentos
- "O empreendedor é aquele que destrói para enfrentar os desafios.
a ordem económica existente pela intro- Então qual será a razão de alguns em-
dução de novos produtos e serviços, pela preendimentos serem bem sucedidos e
criação de novas formas de organização outros fracassarem? Entre os diversos
ou pela exploração de novos recursos e motivos, estão a falta de planeamento, DR
matérias". pesquisa, conhecimento do negócio e
Outro conceito, da Amar Bhide/Harvard do mercado. Outro factor é que existem
Business School, define que "trata-se pessoas que não possuem característi-
simplesmente daquele que localiza e cas comportamentais empreendedoras
aproveita uma oportunidade de merca- necessárias para os negócios como co-
do, criando a partir daí um novo negó- ragem para assumir riscos, persistên-
cio". cia, planeamento, rede de contactos, O verdadeiro empreendedor é um
Ambos os conceitos levam-nos a pen- comprometimento, entre outras; ou se campeão que não desiste jamais, pois
sar nas atitudes das pessoas empre- as têm, não as identificaram ou as apri- acredita na sua capacidade, e vê os fra-
endedoras: são inovadoras, inquietas, moraram para se lançarem no mercado. cassos como oportunidade de aprender
criativas, ousadas, além de terem sem- Além disso, deve-se ter um profundo cada vez mais. Não fica esperando a
pre a sua visão voltada para o futuro. conhecimento do negócio que deseja vida passar. Ele somente tem olhos para
Por isso, elaboram todo um projecto empreender. o futuro, sendo capaz de investir todo
que vai permitir-lhes criar as condições Muitas pessoas têm ideias, porém ficam o seu tempo na realização dos seus
vitais para o alcance dos seus objec- somente nelas, não passando nunca sonhos! Enquanto não se levantarem e
tivos, e têm sempre em mente que é para a acção, atitude necessária para tomarem uma atitude que as levem a
importante alcançá-los tanto no plano transformá-las em realidade fazendo alcançar os seus objectivos, as pessoas
profissional, quanto no familiar e pes- as coisas acontecerem. E isto somente ficarão na plateia, aplaudindo aquelas
soal. Motivadas por isto, criam sempre ocorrerá se a pessoa tiver uma verda- que tiveram coragem de subir ao palco
oportunidades e se envolvem com elas, deira paixão por aquilo que faz, pois da vida! Em qual dos dois lugares você
entregando-se de corpo e alma para al- este é o combustível necessário para quer ficar? Faça a sua escolha e aja rá-
cançar os seus objectivos. entusiasmar-se pelo seu projecto de pido, ou então contente-se em apenas
Para alguns, o sucesso dos negócios vida. jogar confettis!!!
DR
Jornalismo moçambica
A verdade sobre os funcionários do Conselho de Administração da empre-
sa Aeroportos de Moçambique que delapidaram os recursos financeiros
daquela empresa pública foi despoletada graças ao contributo da Impren-
sa. Hoje, e muito embora a Imprensa revele uma dinâmica em crescendo,
persiste a falta de lei específica que facilite o acesso à informação junto das
instituições públicas, prejudicando a avaliação global do país em termos
de boa governação. Tomás Vieira Mário, presidente do Instituto de Comu-
nicação Social da África Austral (MISA), debruça-se sobre o assunto e faz
um scanning ao sector, no contexto do terceiro aniversário da revista Ca-
pital.
Mozambican Journalism
shows strength
The truth about the employees of the Board of Directors of the company
Aeroportos de Moçambique (Mozambican Airports) who ruined the finan-
cial resources of that public company was disclosed thanks to the compa-
ny’s cooperation. Presently, and despite the company revealing increasing
dynamics, there is still a lack of a specific law which gives easy access to
the information on public institutions, thus impairing the country’s global
assessment in terms of good governance. Tomás Vieira Mário, MD of the
Southern African Institute of Social Communications (MISA) is focusing
on the matter and scanning the sector in the context of the Capital maga-
zine’s third anniversary.
How do you consider the journalis- active and dynamic and characterised by is a good sign, because the sector shows
tic work delivered by the media, in varied means of social communication in strength, it shows growth. Also, in terms
Mozambique and in Africa? what refers to its nature, this is, from writ- of the different ways of approaching the
I think that the practise of journalistic ten to electronic press. Therefore, we have diverse issues of public interest, interna-
activities in Mozambique has been very a multiplicity of means. In principle, this tionally and locally, I think that there is a
big qualitative development, despite the many examples of the media contributing «In this perspective, the
fact that we cannot forget to make strong towards Democracy, namely in the cases of
but professional self-criticism in regard to the exposure of bad conduct by public fig- Capital magazine and other
some lazy journalism based in speculation ures, and in the cases of money embezzle- business are bringing to the
and rumours. Although it is only an excep- ment by the Treasury. If you still recall, the
tion existing in the means of communica- case of the Airports was defused because of Press sector the effort being
tion, it leaves stains on the work of other the anonymous letter written by the em- made, also at government
colleagues, without nevertheless annihi- ployees of that company and sent to the
lating the great value of the overall work Press. And it was due to that anonymous level, which consist in
done. letter that the law officials, namely the At- promoting the spirit of
We have noticed the efforts and also some torney General of the Republic, felt a bit
specialization in the area of journalism. As more encouraged to accelerate the investi-
entrepreneurship. I am
you are aware, by tradition, Mozambican gation which resulted in severe convictions talking about the creativity
journalism is general, non-specialized. of those leaders who managed the public in business, not only for
The only area which is specialized is that affairs destructively. This is a clear ex-
of Sports. However, we are starting to have ample of the contribution of the Freedom self-employment but also in
specialized sectors in the editorials of the of the Press towards Democracy; to expose the sense of creating jobs for
social media, and media specialized in one bad management, power abuses, and cor-
topic, as in the case of the Capital magazine ruption. others. The Capital magazine
which focuses on economic and business The same can be seen with the electoral conforms perfectly to this
issues. process. If many Mozambican have the
In this perspective, the Capital maga- opportunity to participate in the elections effort of creating the spirit of
zine and other business are bringing to the they are not given the information by their creativity in the Mozambican
Press sector the effort being made, also at political parties, but by the Press, which
government level, which consist in pro- consists of the radio and newspapers, but
people. It is an expression
moting the spirit of entrepreneurship. I mainly the radio. The voters become aware of the Press development
am talking about the creativity in business, of the electoral census, of the date of elec- in what concerns its
not only for self-employment but also in tions, and the where-about of voting sta-
the sense of creating jobs for others. The tions through de media. The media ren- specialization.»
Capital magazine conforms perfectly to ders educational training about the entire
this effort of creating the spirit of creativity electoral process, which for many Mozam- but professional self-criticism in regard to
in the Mozambican people. It is an expres- bicans is the only time they may intervene some lazy journalism based in speculation
sion of the Press development in what con- in the governance. It is the only moment, and rumours. Although it is only an excep-
cerns its specialization. in every five years, in which they may ex- tion existing in the means of communica-
press an opinion on the governance of the tion, it leaves stains on the work of other
One of the subjects under debate country. In this manner, the media have colleagues, without nevertheless annihi-
has been the Freedom of the Press. been decisive in the disclosure of the elec- lating the great value of the overall work
Up to what point has this contrib- toral processes, in divulging the political done.
uted to the transparency in the pro- debate existing in the country. We have noticed the efforts and also some
cesses of Democracy? specialization in the area of journalism. As
In fact, the Freedom of the Press is one of The Southern African Institute of you are aware, by tradition, Mozambican
the irreplaceable factors in the building of Social Communications (MISA – journalism is general, non-specialized.
democracy, without which democracy may Moçambique) launched last Sep- The only area which is specialized is that
well collapse. It is an inherent institute to tember the second Report on the of Sports. However, we are starting to have
Democracy. Either there is Freedom of the Research of the «Most Open» and specialized sectors in the editorials of the
Press and there is Democracy, or there is «Most Closed» Public Institutions social media, and media specialized in one
no Freedom of the Press and there is no in the Access to Information. What topic, as in the case of the Capital magazine
Democracy. There is no middle-term. is your view in regard to the trans- which focuses on economic and business
The democratic system is a system in parency of public institutions? issues.
which leaders may be questioned by those In this perspective, the Capital maga-
lead by them. It is assumed that those How do you consider the journalis- zine and other business are bringing to the
who rule should be accountable to those tic work delivered by the media, in Press sector the effort being made, also at
who have elected them. In this system of Mozambique and in Africa? government level, which consist in pro-
accountability and transparency, the Free- I think that the practise of journalistic moting the spirit of entrepreneurship. I
dom of the Press is the means through activities in Mozambique has been very am talking about the creativity in business,
which journalists detain the right to allow active and dynamic and characterised by not only for self-employment but also in
this accountability to be rendered to the varied means of social communication in the sense of creating jobs for others. The
people, once the people do not get together what refers to its nature, this is, from writ- Capital magazine conforms perfectly to
with government every day to talk about ten to electronic press. Therefore, we have this effort of creating the spirit of creativity
the said accountability. Therefore, it is a a multiplicity of means. In principle, this in the Mozambican people. It is an expres-
system inherent to Democracy. is a good sign, because the sector shows sion of the Press development in what con-
I think that in Mozambique the media strength, it shows growth. Also, in terms cerns its specialization.
has been active and contusive in their exer- of the different ways of approaching the
cise of Freedom of the Press, and in terms diverse issues of public interest, interna- One of the subjects under debate
of research, as often as they can they de- tionally and locally, I think that there is a has been the Freedom of the Press.
mand that government is accountable to big qualitative development, despite the Up to what point has this contrib-
its citizens. Throughout history we have fact that we cannot forget to make strong uted to the transparency in the pro-
training, may well assist in direct- stand the real benefits or the lack thereof
ing investments? which the local communities will receive
The means by which the media may con- from these large capital investments hap-
tribute towards better information of the pening in the country. Not only an eco-
quality of the investments and the quality nomic approach of the investment but
of the investors is a great challenge. Our also that of a social nature, in order for us
country still has a very fragile fiscal con- to understand what the money is bringing
trol system, and with very long borders or taking from the communities. I believe
with complicated control. Then, in a global that, in this respect, the Capital magazine
world the idea of the opening to the mar- has a privileged approach. It can bring a
ket has to be done with the assistance of a new school of economic journalism to Mo-
company which is focused and can point zambique.
out a good quality investment as well as a
bad one. You mentioned a perspective in
which the Press would act as a fil-
The Capital magazine will be three ter?
years old in this present month of As a filter, yes. It is not seldom that
November. What are your thoughts countries such as ours are sought after by
on the expansion and the perfor- businessmen liaised to crime gangs. Also
mance of the magazine? by businessmen who have a bad reputa-
I believe that the country will need the tion in other countries, in search of ref-
magazine more and more in the future. uge in countries where the institutions
There are very sound activities which are are weak. If a trustworthy magazine such
drawing near and which only very special- as the Capital could trace the profile of a
ized and sound information can approach company based on serious data and not
with precision. speculation, it can well assist the authori-
I am referring, for example, to the ex- ties to better perceive the international
tracting industries, namely the mining, market and thus understand who is com-
fishing and wood extraction. All the econo- ing to visit and with what intentions. One
my which is based on resource extraction. of the major problems in the country is re-
It seems like our country is more and lated to safety. This is due to the human
more drawn to this type of economy. And traffic, drug traffic and to the smuggling of
the business world as well as the this type of matter requires great special- products and brand counterfeit. The imi-
Mozambican Business Sector En- ization of the media in order to follow the tation of the trade mark may give us a false
trepreneurship? rules of the relevant Legislation, and with idea of a developing country, when in real-
I think that information is essential for the understanding of the language, the ity we are growing under a web of dealers
the success of any undertaking. Business- contexts and the capability to analyse the and criminals. In this context, a magazine
men need information. Mainly small scale economic, the people’s and environmental such as Capital with a trustworthy means
businessmen, like the Mozambicans, need impacts. of information, not speculative but investi-
to know which paths are open by the law A magazine such as the Capital is, accord- gative, can be useful to the country as well
for their activities. They need to know ing to me, one of the most adequate to keep as to government to filter and educate the
which markets are open in the country and up with the development phases of our people on the difference between genuine
in which region, for his associations and Country in terms of business challenges. and false businesses.
products. The Capital magazine can in a On the other hand, with its accumulated
very plain form contribute towards busi- experience it can set high standards, a cer- Is there something that we might
nessmen more informed regarding the tain school for business journalism, not yet not have asked but that you would
issues pertaining to fiscal opening, credit existent, but from which other experiences like to share with us?
policies, markets existing or not in the re- may arise outside Maputo. To end this interview, I wish to state
gion. Then, this principle in a country as We can mention, as an example, the ex- the importance to have magazines such
large as Mozambique is a very important tracting industry based in the north and as Capital, which establish a certain stan-
contribution as it is not easy for business- central regions. Capital magazine may dard. We now have many training schools
men to obtain information on the Nam- serve as a model so that other publications on social communication which also offer
pula, Pemba and Maputo´s markets, or of the same nature, raising these same is- courses on journalism. It is necessary that
vice-versa. Such a magazine can very well sues, may turn up locally. the good work is in the limelight so as to
contribute as a means of useful informa- What I would like to see in the Capital serve as a model in schools, a pattern in the
tion for the decision-making of Mozambi- magazine in this course of economic ap- editorials so that the good work becomes
can businessmen. proach besides the reference to large in- visible – and not the bad work. We must
vestments, would be perhaps an approach make an effort to become the most visible
Do you believe that economic pub- more directed to the social impacts of these and not the other way round, or allow the
lications, further to informing and large investments. I would like to under- mediocre to become visible.c
Acumula-se know-how
no Estado e não na Ind
O investimento em viagens de coopera- Por outro lado, é apontada por Elias se construa uma economia que não seja
ção efectuadas pelo Executivo moçambi- Come a falta de capacidade dos próprios pintada por um ‘’punhado’’ de empresas.
cano constitui um meio de acumulação de empresários da área industrial. «Muitos Como exemplo, o representante da AIMO
conhecimento no seio dos seus funcioná- dos nossos empresários começaram a refere que a balança de pagamentos do
rios em detrimento do sector privado in- sua carreira no gabinete, contrariamen- país, sem a Mozal e outros mega-projectos
dustrial. A constatação foi feita à margem te àquilo que acontece em outros países, é insignificante. A solução passa por de-
da Conferência sobre a Competitividade onde o empresário se lança no mercado senvolver Pequenas e Médias Empresas (
Industrial realizada em Maputo, durante fabricando o seu produto». PMEs) que tenham as mesmas facilidades
a qual foi sublinhado o pouco envolvimen- Grandes projectos, que vêm sendo insta- que os mega-projectos, o que pode servir
to do sector privado nas referidas viagens, lados em Moçambique, deparam-se com a de balanço real daquilo que é a economia
facto que impossibilita que os industriais falta de mão-de-obra qualificada, optando real do país.
absorvam o know-how essencial à dinâmi- por contratar técnicos estrangeiros. Elias
ca da produção industrial moçambicana. Come revela que muitos trabalhadores Factores limitativos
Elias Come, director executivo da As- moçambicanos não se encontram prepara-
sociação dos Industriais de Moçambique dos para serem um motor de crescimento A conferência sobre a competitividade
(AIMO), refere que o conhecimento que se das empresas e da economia nacional. industrial ofereceu espaço aos empresá-
acumula no Estado não é posteriormente rios para descortinarem os factores que
transferido para o sector privado, embora Investidores querem Parques limitam o mecanismo das exportações mo-
envolva grandes investimentos. O facto Industriais e não parcelamentos çambicanas. Dentre os factores, aponta-se
limita o desenvolvimento da indústria na- a falta de infraestruturas que assegurem
cional pois o conhecimento dos outros pa- A montagem dos Parques Industriais em que a produção nacional tenha aceitação
íses devia ser transmitido directamente ao curso no País não deve consistir apenas na no mercado de destino.
sector privado nacional na qualidade deste demarcação de terrenos, segundo a cons- A urgência em organizar-se a questão
ser o ‘fazedor’ directo do crescimento eco- tatação dos industriais reunidos na Confe- infraestrutural prende-se com o facto dos
nómico. rência sobre a Competitividade Industrial. mercados dos outros países tomarem com-
Calcula-se que a viagem de uma comiti- Caso não haja a colocação de infraestrutu- plexas medidas de precaução, colocando,
va de quatro funcionários do Estado, no ras nos espaços demarcados, dificilmente desta feita, autênticas barreiras técnicas
âmbito da cooperação com outros países, a experiência poderá resultar na óptica ao produto nacional. O País possui poucas
poderia ser efectuada somente pelo Pre- dos mesmos. Os industriais pretendem possibilidades para ultrapassar o imbró-
sidente da República e um empresário ou igualmente que o Executivo moçambicano glio, na medida em que nem sequer certi-
mesmo um operário, que são entidades forneça os recursos básicos como forma fica com credibilidade devido aos poucos
que melhor colheriam a aprendizagem de garantir a sustentabilidade dos empre- laboratórios acreditados.
prática do intercâmbio. endimentos, e para que o risco do inves- Neste cenário, todo o risco de recusa do
Por seu turno, o presidente da AIMO, timento não seja assumido apenas pelos produto nacional recai sobre o empresário
Carlos Simbine, sublinha que a indústria empresários. «Onde houver oportunidade que tem a missão de custear todo o proces-
transformadora nacional possui capacida- de negócio, não será necessário que o Es- so de venda, desde a produção até à entre-
de para processar determinadas matérias tado faça o investimento», garante Carlos ga do produto no mercado de exportação.
mas que a respectiva mão-de-obra não é Simbine, dirigente da Associação dos In- Os industriais são unânimes em apontar
qualificada nem está preparada para os dustriais de Moçambique (AIMO). o pouco investimento nas infraestrutu-
novos desafios de um sector, cuja exigência Perante esta óptica, pouco impacto se ras como a causa da pouca produtividade
de conhecimento é cada vez maior. Nestas pode esperar dos parques industriais da das empresas nacionais. Por outro lado,
circunstâncias, a solução passa por um es- Matola e de Nacala, enquanto grandes o empresariado nota que a banca só tem
forço redobrado nas escolas, na formação pólos dinamizadores da indústria, se não motivação para financiar os sectores co-
profissional ou num upgrade no que diz existir investimento nas infraestruturas. O merciais.
respeito às engenharias, segundo aquele parque de Nacala é, aliás, apontado como No sector da agricultura descreve-se um
líder. exemplo do que pode vir a ser a repetição cenário ainda menos encorajador. En-
Elias Come explica que as áreas mais dos erros do passado, caso venha a ser quanto a África do Sul e outros países da
prejudicadas pela falta de formação dos ignorada a questão infraestrutural. O re- Região apostam em sistemas de regadio,
quadros nacionais são as que exigem um ferido cenário só permite a existência de com uma vasta rede de infraestruturas de
uso intensivo de tecnologia. Perante este uma minoria de empresas, geralmente de transportes que motiva a aposta do empre-
imbróglio, a solução passa por importar mega-projectos cujo poder de investimen- sariado na agricultura, do lado moçambi-
técnicos, sobretudo para as áreas de ma- to é forte. cano observa-se o oposto, segundo Elias
nutenção, montagem e design. Entretanto, Elias Combe sugere que Come. A privatização da terra por iniciati-
w
dústria
vas ociosas também mereceu destaque na
conferência sobre a competitividade eco-
nómica. A terra está tomada e até o Banco
Mundial aponta a existência de muita terra
sem que nela se produza alimentos.
Ainda sobre o sector agrícola, a AIMO en-
tende que os investimentos são aplicados
em áreas que não estimulam a produção.
O subsídio aos combustíveis - que ronda
cerca de 100 milhões de dólares - poderia
estimular a investigação agrária e a pro-
dutividade. O impacto do investimento
na agricultura pode verificar-se em um ou
dois anos com a sustentabilidade a longo
prazo, segundo a análise feita pelos indus-
triais.c
«O presidente da AIMO,
Carlos Simbine, sublinha que
a indústria transformadora
nacional possui capacidade
para processar determinadas
matérias mas que a
respectiva mão-de-obra
não é qualificada nem está
preparada para os novos
desafios de um sector, cuja
exigência de conhecimento
é cada vez maior. Nestas
circunstâncias, a solução
passa por um esforço
redobrado nas escolas, na
formação profissional ou num
upgrade no que diz respeito
às engenharias»
1. ANÁLISE AGREGADA Ao nível mensal, o Indicador do clima Os ramos de Alojamento incluindo a res-
económico prolongou a tendência negati- tauração e ainda de Construção registaram
A confiança dos empresários na econo- va, pelo quinto mês consecutivo, tendo-se um aumento de expectativas de procura,
mia foi, em média, desfavorável durante situado ao nível da média da série (Fig.1.1), mas não o suficiente para inverter o senti-
todo o terceiro trimestre de 2010 facto que em consequência da progressiva deterio- do do indicador da procura agregada.
interrompe a sua tendência positiva que ração das expectativas de procura, assim No que se refere ao emprego futuro, o in-
se registava desde o II trimestre de 2009 como da redução das expectativas de em- dicador de expectativa de emprego voltou
(Fig.1). Esta situação não surpreende pois prego no mês em análise. a mostrar sinais de redução em Setembro,
o indicador de clima económico (ICE) vem Por sectores inquiridos, a confiança em- facto influenciado grandemente pela ava-
registando uma diminuição progressiva presarial na economia continuou em recu- liação em baixa no sector de Transportes
desde Maio do corrente ano. peração apenas nos sectores de Alojamen- e ainda uma ligeira redução das expecta-
Em relação, ao indicador de expectativa to incluindo a restauração e de Construção tivas de emprego no sector de produção
de emprego, outra medida de confiança da (Fig.1.2). Os restantes sectores empresa- industrial, incluindo os ramos de produção
economia, regista-se que este manteve-se riais registaram uma diminuição da con- e distribuição de electricidade, gás e água
estável durante o terceiro trimestre, após fiança na sua actividade no período em (Fig1.4).
a recuperação verificada no II trimestre de análise. No mesmo período em análise, o empre-
2010, e uma queda aparatosa no IV trimes- A trajectória descendente do indicador go actual exibiu, também, sinais de recuo
tre de 2009. das expectativas da procura, já referida relativamente ao mês de Agosto (Fig.1.4).
O aumento de expectativa de empre- anteriormente, deveu-se ao contributo O facto referido anteriormente é atribuído,
go, que aparentemente contradiz o ICE dos mesmos sectores que influenciaram a principalmente, aos contributos da apre-
no período em análise, representa algum redução do indicador do clima económico ciação negativa de todas as actividades,
optimismo empresarial de curto prazo na no mês em análise, com maior realce nas com excepção de Transportes e ainda de
economia, sobretudo em relação à procura quedas de confiança da procura futura nos Alojamento e restauração, esta última ac-
– principal determinante do indicador do sectores da produção industrial e de Ou- tividade que teve aumento da procura dos
clima. tros Serviços (Fig.1.3). seus serviços no mês análise.
O indicador de expectativa de preços de principalmente pelo aumento da procura perspectiva futura do volume de negócios
bens e de serviços em geral interrompeu actual dos serviços do sector bem como aumentou substancialmente no mesmo
a sua tendência positiva em Agosto, ao da avaliação positiva das perspectivas de período de referência.
recuar em Setembro face ao mês anterior, procura. O volume de negócios actual re- Por outro lado, tanto a carteira de enco-
situando-se o seu valor ao nível do mês de gistou, contrariamente, uma diminuição mendas, como as tarifas terão aumentado
Maio do corrente ano (Fig.1.6). ligeira no mesmo período. em Setembro relativamente ao mês ante-
Os agentes económicos de todos os sec- Essa recuperação da confiança pode, rior (Fig.2.2.1).
tores inquiridos tiveram uma expectativa também, ser relacionada com a aprecia- Cerca de 62% das empresas do sector
de redução dos preços em Setembro face ção favorável das perspectivas da capaci- dos Transportes tiveram algum constran-
ao mês de Agosto. Porém, os empresários dade hoteleira, bem como à previsão de gimento na sua actividade em Setembro,
dos sectores de Transportes, bem como de aumento dos preços dos serviços do sector facto que representa um agravamento da
Alojamento foram as únicas excepções das (Fig.2.1.1.), tendo em vista a época alta do quebra do ambiente de negócios face ao
actividades inquiridas que têm expecta- sector que se aproxima. mês anterior (Fig.2.2.2). Os custos opera-
tivas de aumento dos preços, facto que se Cerca de 19% das empresas do sector, em cionais elevados, as dificuldades financei-
deve à época de maior procura dos servi- análise, enfrentaram alguma limitação de ras e os outros factores não especificados
ços dos sectores que se aproxima. Cerca de actividade no mês de referência, facto que foram os principais obstáculos enfrentados
38% das empresas inquiridas enfrentaram representa um incremento de empresas pelo sector.
algum obstáculo em Setembro, facto que em mau ambiente de negócios do sector
representa um aumento de empresas com face ao mês anterior (Fig.2.2.). 2.3. Inquérito de Conjuntura à produção
constrangimentos relativamente ao mês Os principais factores por detrás dessa Industrial
anterior (Fig.1.7). Os serviços de Trans- situação continuaram, como nos meses A actividade da produção Industrial, in-
portes e de Construção continuaram, à se- anteriores, a ser a concorrência, falta de cluindo a produção e distribuição de água,
melhança dos meses anteriores, a registar pessoal qualificado bem como de outros gás e de electricidade, voltou a cair em
maior proporção de empresas com cons- factores não especificados. Setembro, ainda que tenha sido a um bai-
trangimentos, com 62% e 59% respectiva- xo ritmo relativamente ao mês de Agosto
mente. 2.2. Inquérito de Conjuntura ao sector dos (Fig.2.3). Esta situação pode ser atribuída,
Transportes principalmente, à deterioração das pers-
2. ANÁLISE SECTORIAL No sector de Serviços de Transportes in- pectivas de procura e ainda a actividade
cluindo os serviços relacionados ao ramo, actual que apresenta quedas progressivas.
2.1. Inquérito de Conjuntura ao sector de a confiança continuou em abrandamento, No mesmo período de referência, o vo-
Alojamento e Restauração ainda que a um baixo ritmo, pelo segundo lume de negócios actual continuou a au-
Em Setembro, a confiança nas activida- mês consecutivo (Fig.2.2). mentar, facto que não se reflectiu na dimi-
des de Alojamento e Restauração conti- Esse facto foi resultado da redução das nuição dos stocks actuais (Fig.2.3.1), pois
nuou em recuperação, pelo terceiro mês perspectivas de emprego e diminuição do estes estiveram acima do normal. A previ-
consecutivo (Fig.2.1), situação favorecida volume de negócios actual. No entanto, a são dos preços dos produtos industriais foi
avaliada no mesmo mês de análise como 58.3% delas tiveram algum obstáculo em tros factores não especificados foram os
de diminuição, provavelmente devido às Setembro, o que representa uma ligeira re- problemas mais destacados por empresas
medidas governamentais para conter o cuperação face ao mês anterior (Fig.2.4.2). do sector no período em análise (Fig.2.5.2).
alto custo de vida no país, principalmente Os principais problemas do sector conti-
na indústria de panificação. nuaram a ser, como anteriormente, a baixa 2.6. Inquérito de Conjuntura ao sector de
Cerca de 40% das empresas deste sector procura (pouca adjudicação de obras), fal- Outros Serviços
enfrentaram algum constrangimento em ta de equipamento e de materiais e outros O indicador de confiança do sector de
Setembro, facto que representou um recuo factores não especificados. Outros Serviços - que abrange actividades
pois o número de empresas em má situa- de consultoria diversa, aluguer e activi-
ção aumentou em Setembro (Fig2.3.2). 2.5. Inquérito de Conjuntura ao Sector do dades imobiliárias, tecnologias de comu-
A concorrência, a falta de matéria-prima, Comércio nicação e informação, agência de viagens
a falta de acesso ao crédito, equipamento O sector do Comércio - que inclui ainda e turismo, clínica e consultórios privados
obsoleto foram, entre outros, os principais actividades de manutenção e reparação de de saúde e veterinários, de Ensino privado,
obstáculos do sector no mês de referência, veículos automóveis, bens de uso domés- despacho aduaneiro, Serviços Sociais, co-
como anteriormente. tico e pessoal – continuou em queda de lectivos, culturais, desportivo e artísticos,
confiança ao registar em Setembro uma entre outros – continuou o prolongamento
2.4. Inquérito de Conjuntura ao sector da diminuição relativamente aos últimos dois da trajectória descendente pelo quinto mês
Construção Civil e Obras Públicas meses (Fig.2.5). consecutivo (Fig.2.6).
O indicador de confiança do sector de Este abrandamento, a exemplo do mês O perfil do sector, descrito acima, deveu-
Construção continuou no mês de Setem- passado, foi influenciado pelas opiniões se à apreciação desfavorável de todas as
bro, em recuperação pelo terceiro mês con- desfavoráveis em todos componentes do variáveis componentes, com maior realce
secutivo, ao ser apreciado favoravelmente indicador síntese do sector, com maior para as perspectivas de procura.
(Fig.2.4). destaque à manifestação de pessimismo Os agentes económicos do sector aprecia-
A recuperação do sector de construção nas expectativas da procura. ram, também, desfavoravelmente a procu-
deveu-se à avaliação favorável das pers- No mesmo sector, o volume de negócios ra actual e o volume de negócios (Fig.2.6.1).
pectivas de emprego e ainda do aumento actual, as previsões do volume de negócios No que respeita aos constrangimentos,
da carteira de encomenda, que permitir e ainda as previsões de preços registaram 20% das empresas deste sector, no mês em
suplantar as perspectivas do volume de ne- também uma diminuição (Fig.2.5.1). análise, foram afectadas por algum factor,
gócios que tiveram um abrandamento. Cerca de 30% de empresas deste sector situação que é uma melhoria ligeira do am-
Os agentes económicos do sector con- enfrentaram alguma limitação na sua ac- biente de negócios face ao mês anterior. Os
sideraram, também que em Setembro, a tividade no mês em análise, facto que re- factores que influenciaram essa situação
actividade corrente e a previsão de preços presenta um incremento de empresa em foram, principalmente, a concorrência e a
do sector registaram uma diminuição rela- mau ambiente de negócios do sector face baixa procura, com 21% (Fig.2.6.2).c
tivamente ao mês de Agosto (Fig.2.4.1). ao mês anterior.
Das empresas inquiridas deste sector, A concorrência, a baixa procura e os ou-
Construtoras portuguesas
consideram Moçambique "estratégico"
para a internacionalização
A Associação dos Industriais da Cons- tunidade estratégica para as empresas nossa participação no sector da constru-
trução Civil e Obras Públicas de Portugal da construção civil, pelo seu potencial de ção civil em Moçambique», anotou o pre-
(AICCOP) considera Moçambique "estra- crescimento». sidente da AICCOP.
tégico" para a internacionalização do em- O presidente da AICOOP realçou que o Nesse esforço, ainda de acordo com Reis
presariado português, apontando "a alian- Governo de Moçambique decidiu que as Campos, as construtoras portuguesas con-
ça" com as construtoras moçambicanas infra-estruturas são um dos vectores da tam com a aliança com as empresas mo-
como importante para o crescimento dos economia moçambicana. «Nós queremos çambicanas, dado que estas têm condições
dois países, de acordo com informações da pertencer a esse futuro de crescimento de para parcerias em igualdade de circunstân-
Lusa. Moçambique», referiu aludindo também cias com os empreiteiros estrangeiros.
O presidente da AICCOP, Reis Campos, ao segmento da habitação, como outro ni- Ainda com o objectivo de estabelecer par-
manifestou a aposta das empresas de cons- cho de mercado apetecível para os emprei- cerias com empresas locais, foram assi-
trução portuguesas em expandir "activa- teiros portugueses. nados protocolos de cooperação entre a
mente" a sua presença em África, quando Reconhecendo a atracção que o sector da AICCOP, Federação Moçambicana de Em-
falava aos jornalistas à margem do semi- construção civil exerce sobre empresas de preiteiros (FME) e Confederação da Cons-
nário "O Mercado da Construção em Mo- outros países, como China e África do Sul, trução e Imobiliária dos Países de Língua
çambique", promovido no âmbito de uma Reis Campos mostrou confiança na capa- Portuguesa (CCIMPLP).
missão de empresários da construção civil cidade de os empreiteiros portugueses se A missão portuguesa da construção civil
de Portugal a Maputo. imporem e consolidar a sua penetração no que esteve em Moçambique congregou
Segundo Reis Campos, num momento par- mercado moçambicano. 30 empresários de todos os segmentos do
ticularmente de alguma necessidade em «Temos uma capacidade técnica e capa- sector em Portugal, incluindo das maiores
Portugal, devido à crise económica que o cidade de mão-de-obra qualificada e dis- construtoras do País.c
País atravessa, Moçambique «é uma opor- ponibilidade, para podermos expandir a
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GESTÃO E CONTABILIDADE ERNST YOUNG 53
Félix Sengo*
Procedimentos da Contabilidade produtos, mas simplesmente somada ao A FEE, Federação Europeia de Peritos em
da Gestão Ambiental overhead geral. Contabilidade (Fédération dês Experts
O facto de os custos ambientais não serem Comptables Européens) recomenda que
A nível das empresas, os procedimentos totalmente registados conduz frequente- os custos incorridos para a prevenção dos
da Contabilidade da Gestão Ambiental mente a cálculos distorcidos das opções impactos ambientais futuros sejam capi-
incluem: medições físicas do consumo de de melhoria que deveriam ser reflectidos talizados, enquanto que os custos para re-
materiais e energia, fluxos e deposição nos projectos de salvaguarda ambiental mediar danos ambientais passados devem
final, avaliação monetária de custos, pou- que são implementados pelas empresas ser considerados despesas, uma vez que
panças e receitas relacionadas com acti- para prevenir emissões e resíduos na ori- não estão associados a nenhum benefício
vidades que apresentam potenciais im- gem, através de uma melhor utilização futuro. Portanto, os custos de tratamento
pactos ambientais. O procedimento mais das matérias-primas e secundárias e de das contaminações ambientais devem ser
útil para a tomada de decisões depende matérias auxiliares menos perigosas. considerados como despesas do exercício
do tipo de organização (p.e.,produção fa- O que são então os custos ambientais da social. A capitalização dos custos ambien-
bril vs. prestação de serviços) e do tipo de empresa? O que nos vem logo à mente tais só é permitida se futuras poupanças
decisões a tomar (p. e., decisões de com- são os custos relacionados com o trata- económicas ou melhorias da segurança
pra quanto às matérias primas; decisões mento dos locais contaminados, com as forem esperadas a partir das despesas a
de investimento em utilização racional de tecnologias do controlo dos efluentes e eles associados.
energia; alterações de design do produto, com a deposição dos resíduos. Na verda-
entre outras). de, os custos ambientais compreendem Considerações conclusivas
tanto os custos externos como internos
Custos ambientais da empresa e referem-se a todos os cus- Os custos das empresas com a protecção
tos relacionados com a salvaguarda e de- ambiental, incluindo redução da polui-
Um dos principais problemas da Conta- gradação ambientais. ção, gestão de resíduos, monitorização,
bilidade que trata dos registos dos actos conformidade, impostos e seguros, têm
e factos ambientais é a falta de defini- Os custos da salvaguarda ambiental in- aumentado rapidamente nos últimos
ção normalizada de custos ambientais. cluem os custos de prevenção, deposição, anos com a crescente e mais exigente re-
Dependendo do tipo de abordagem, en- planeamento, controlo, alterações e re- gulamentação ambiental. Os sistemas de
contramos uma variedade de custos, por paração de lesões ambientais e da saúde contabilidade de gestão convencionais
exemplo, custos de deposição ou custos humana relacionados com empresas, go- atribuem muitos destes custos ambien-
de investimentos, e, por vezes, incluem vernos ou pessoas. Neste documento são tais aos overheads, o que pode levar ao
também custos externos (i.e., custos in- apenas referidos os custos ambientais da desincentivo dos responsáveis do pro-
corridos fora da empresa, na sua maioria empresa. Os custos externos resultantes duto e da produção na luta pela redução
pelo público em geral). Esta realidade da actividade da empresa são geralmen- dos custos ambientais nas empresas, bem
verifica-se também do lado dos lucros te incorporados na sua estrutura de cus- como acarretar aos gestores de topo difi-
das actividades ambientais da empresa tos através da regulamentação e preços. culdades em compreender e interiorizar a
(poupança em custos ambientais). Para É papel do governo aplicar instrumentos amplitude dos custos ambientais.
além disso, a maior parte destes custos políticos tais como eco-taxas e regula- Na contabilidade convencional de custos
não é sistematicamente identificada nem mentação de controlo de emissões e de a agregação dos custos ambientais e não
atribuída aos respectivos processos e resíduos de forma a reforçar o princípio ambientais na rubrica dos overheads con-
do poluidor-pagador, e a integrar assim os duz a que eles fiquem “escondidos” dos
custos externos nos cálculos da empresa. gestores, e que estes tendem a subesti-
«A Contabilidade da Gestão mar a sua dimensão e o seu crescimento
Ambiental, ao identificar, As medidas de salvaguarda ambiental nas empresas.
compreendem todas as actividades adop- A Contabilidade da Gestão Ambiental, ao
avaliar e imputar os tadas para satisfazer a conformidade re- identificar, avaliar e imputar os custos am-
custos ambientais permite gulamentar, compromissos próprios ou bientais permite aos gestores identificar
voluntários. Os resultados económicos oportunidades para poupar custos. Exem-
aos gestores identificar não são critério, mas sim o efeito na pre- plos de base tirados da literatura são as
oportunidades para poupar venção ou redução do impacto ambiental. poupanças que podem resultar da substi-
custos. Exemplos de base tuição de solventes orgânicos tóxicos por
As despesas de salvaguarda ambiental da não tóxicos, de gestão de resíduos perigo-
tirados da literatura são empresa incluem todas as despesas com sos e outros custos associados à utiliza-
as poupanças que podem a implementação de medidas de protec- ção de materiais perigosos. Muitos outros
ção ambiental de uma empresa ou sob exemplos referem-se a uma mais eficien-
resultar da substituição de sua responsabilidade para prevenir, re- te utilização de materiais, evidenciando
solventes orgânicos tóxicos duzir, controlar e documentar os aspectos o facto de que os resíduos são onerosos,
ambientais, impactos e riscos, assim como não tanto pelas taxas de deposição im-
por não tóxicos, de gestão de a deposição final, tratamento, saneamen- postas pela regulamentação ambiental
resíduos perigosos e outros to e despesas com a descontaminação. mas devido ao desperdício, em termos de
valor de compra, dos materiais em si.
custos associados à utilização Custos ambientais capitalizáveis
de materiais perigosos.» e não capitalizáveis
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56 FISCALIDADE PRICEWATERHOUSECOOPERS
Leila Madeira
O IVA no arrendame
por sujeitos passivo
No presente texto propomo-nos abordar a ços em zonas urbanas está sujeito ao IVA,
questão da liquidação e dedução do Im- nos termos da interpretação, a “contrario
posto sobre o Valor Acrescentado (IVA) sensu”, do artigo 9, nº 5 da CIVA.
no arrendamento de imóveis para fins
comerciais, efectuado por sujeitos passi- Portanto, parece importante a correcta
vos que desenvolvam actividades isentas, destrinça daquelas que (i) são actividades
abordando, em concreto, o caso das insti- bancárias e financeiras levadas a cabo pe-
tuições bancárias e financeiras. las respectivas entidades licenciadas para
o efeito que, em regra, abrangem a acti-
No exercício das suas actividades, as ins- vidade de intermediação ou aplicação de
tituições bancárias e financeiras realizam recursos financeiros próprios ou de ter-
operações comerciais marginais ao seu ceiros, em moeda nacional ou estrangeira,
objecto principal, nomeadamente, e entre e a custódia de valor de propriedade de
outros, o arrendamento de imóveis. terceiros e (ii) o arrendamento que “per
se”, não constitui uma actividade bancária
Dada a actividade principal destas insti- ou financeira, mas tão só uma actividade
tuições enquadrar-se, no âmbito da le- comercial, porquanto não consta do rol de
gislação do IVA em vigor, no conceito de actividades sujeitas a licenciamento es-
isenção simples (e.g. não conferem direi- pecífico pelo Banco de Moçambique.
to à liquidação e/ou dedução do IVA), urge
questionar (i) se haverá obrigatoriedade Ora, muito embora a locação de imóveis
de liquidação do IVA no arrendamento para fins comerciais em zonas urbanas
de imóveis para fins comerciais em zona não se considere uma actividade isenta
urbana, quando efectuado pelas entida- do IVA e as instituições bancárias e finan-
des em causa e (ii) se tais entidades terão ceiras sejam consideradas sujeitos passi-
direito a dedução do imposto suportado vos com actividades isentas, não parece
no arrendamento de imóveis nas zonas que haja qualquer isenção do IVA na lo-
urbanas para o desenvolvimento das suas cação de imóveis em zonas urbanas para
actividades comerciais. fins comerciais, quando levada a cabo por
uma instituição bancária e financeira.
Regra geral as transmissões de bens e as
prestações de serviços, incluindo o ar- Assim sendo, as referidas instituições
rendamento, estão sujeitas a IVA, salvo bancárias e financeiras deverão efectuar a
algumas excepções, como o caso das ope- devida liquidação do IVA, à taxa de 17%,
rações bancárias e financeiras, nos termos aquando da emissão da factura da renda
do disposto no artigo 9, nº 4 do Código do aos inquilinos dos imóveis sujeitos a ar-
IVA (CIVA), aprovado pela Lei nº 32/2007, rendamento.
de 31 de Dezembro.
Por outro lado, de acordo com o que in-
O arrendamento de imóveis para fins co- directamente preconiza a legislação do
merciais, industriais e prestação de servi- IVA, as instituições em causa, se envolvi-
o investimento
decrescente - são a Província de Maputo, Tabela 3. Países de Origem do IDE
Cabo Delgado e a cidade de Maputo.
1 Portugal 17 58.951.732
O Investimento Directo Nacional totali-
zou o valor de 20.386.981 dólares. As três 2 Itália 2 41.325.000
províncias que registaram o maior volume 3 Espanha 1 30.000.000
de investimento directo por ordem decres- 4 China 8 29.300.000
cente foram a cidade de Maputo, província
de Maputo e Cabo Delgado. 5 Africa do Sul 18 22.376.342
Os três principais sectores que acolheram 6 Suiça 1 12.307.970
maior volume de Investimento Directo Na- 7 Jordania 1 5.000.000
cional são a Indústria, a Agricultura e o Tu-
8 Líbano 3 4.533.333
rismo.
Por seu turno, o Investimento Directo Es- 9 Tanzania 1 3.400.000
trangeiro atingiu um total de 219.310.486 10 Maurícias 2 2.780.000
dólares e teve como os cinco maiores in-
11 India 5 2.148.750
vestidores, Portugal, Itália, Espanha, Chi-
na e África do Sul. 12 Zambia 1 1.466.667
As posições ocupadas por Portugal e Es- 13 EUA 2 1.248.333
panha são justificadas pela aprovação do
14 Bélgica 1 1.000.000
projecto CAM – Companhia Agro-Empre-
sarial de Moçambique, no qual cada um 15 Ruanda 1 511.000
dos dois países comparticipa com 50% do 16 Sudão 1 500.000
valor total. 17 Guiné Bissau 1 500.000
A Itália (2.ª posição) deve-se ao projecto
Afroils Corporation, a China pelo projecto 18 Alemanha 1 392.467
Henan Haode Mozambique Industrial Par- 19 Paquistão 1 392.000
que, avaliado em 26.500.000 dólares, a ser 20 Holanda 1 248.333
implementado em Marracuene, no sector
de indústria têxtil. 21 Australia 1 248.333
A Suiça investe no projecto MCNET – 22 Reino Unido 1 145.975
Mozambique Community Network, um 23 Zimbabwe 1 100.000
projecto que resulta de um Concurso Pú-
24 Malawi 1 100.000
blico lançado pelo Ministério das Finan-
ças, através da Autoridade Tributária de 25 Irão 1 100.000
Moçambique, visando a Concessão, para 26 Japão 1 100.000
a Concepção, Desenho, Implementação e
27 Senegal 1 74.250
Exploração de um Sistema de Janela Única
Electrónica para o Desembaraço Aduanei- 28 Hong Kong 1 60.000
ro das Mercadorias.c Total 219.310.485
Para além dos 52 modelos moçambicanos, moda na cidade das acácias, juntaram-se
passearam sua classe nas passarelas mo- aos grupos moçambicanos de canto e dan-
çambicanas modelos internacionais como ça, dois Djs vindos de Berlim, bem como
Adeola Ariyo da Nigéria, Abayomi Buys e artistas e músicos da nossa praça.
Vila Cacimba
e os objectivos do Milénio
N
o primeiro episódio da 2ª sé-
rie do programa “Príncipes do
Nada” na RTP, em conversa
com a enfermeira Laura, em
Tete, contaram-se várias histórias de uma
sociedade onde o SIDA invade a vida de
crianças e determina o seu futuro.
Catarina Furtado viajou até ao interior de
na boca do mundo
Empreendedorismo
em Moçambique
não se compadece com acções pontuais de há ainda possibilidade de os empresários
lucro fácil imediato que envolvem normal- portugueses aumentarem os seus negócios
mente a alienação de património empre- em Moçambique. Vale a pena incentivá-
sarial estruturante para o desenvolvimen- los. As relações políticas são boas, mas
to. A constituição de grupos empresariais precisam de ser alimentadas por investi-
familiares moçambicanos que possam ter mentos.
um papel relevante nos processos de priva- Em Moçambique o «ambiente» comercial
tização de unidades produtivas em sectores não é mau, e apesar dos grandes desafios
estruturantes – energia, telecomunicações, a enfrentar, como sejam, a luta contra a
cimentos, celuloses, siderurgia, transpor- burocracia ou a reforma do sector da jus-
tes, construção civil e imobiliário – e que tiça, não existem dúvidas de que o inves-
desenvolvam parcerias internacionais para timento estrangeiro desempenhará um
o desenvolvimento de projectos na área papel crucial na aceleração do processo
dos serviços – financeiros, tecnologias de de desenvolvimento empresarial e, neste
informação, media, turismo, etc. – é ur- âmbito, as empresas portuguesas poderão
gente e inadiável. Este processo que se ini- desempenhar um papel particular e muito
cia com as empresas familiares, é o modelo relevante.
típico de desenvolvimento de uma classe Mas os interesses de Moçambique só es-
empresarial autónoma que foi seguido pela tarão salvaguardados com a aplicação de
maioria dos países em vias de desenvolvi- um quadro legal claro deste investimento
mento com resultados animadores. estrangeiro e com uma distribuição equi-
Convém lembrar que Moçambique foi pio- librada entre empresários nacionais e es-
neiro nas relações com os países da bacia trangeiros nos sectores fulcrais da econo-
do Índico, assistindo-se actualmente ao mia. As alianças estratégicas entre grupos
crescente desenvolvimento dos investi- empresariais moçambicanos e portugueses
mentos asiáticos, nomeadamente india- poderão desempenhar um papel prepon-
nos e chineses. São os asiáticos que neste derante no desenvolvimento equilibrado
momento estão a investir no relançamento das relações empresariais entre os dois
da grande produção de açúcar em Moçam- países. Os próximos passos de alteração
bique. A Ásia apresenta-se hoje como um da especialização sectorial da economia
Maria Carlos [texto]
mercado alternativo aos mercados oci- moçambicana, actualmente baseada nos
O
dentais e, ao mesmo tempo, uma fonte de recursos naturais, para uma presença mais
desenvolvimento económico e investimento e financiamento para os pró- significativa na indústria transformadora e
empresarial de Moçambique prios projectos moçambicanos. A intensi- nos serviços, serão fundamentais na cria-
terá de ser realizado a partir dos ficação do comércio entre a África e a Ásia ção dos pilares de consolidação dos grupos
empresários moçambicanos. Por aumenta a importância dos portos da cos- empresariais moçambicanos.
muito que esta afirmação custe a alguns ta do Índico e Moçambique tem também Se os grupos empresariais portugueses
empresários portugueses com saudades aqui uma posição estratégica fundamental. estiverem atentos, com disponibilidade e
dos «velhos tempos» ou com uma esperan- Muitos países da região já importam pro- humildade intelectual para apreenderem
ça remota num novo neocolonialismo de dutos da Ásia. O Zimbabwe celebrou muito a realidade moçambicana e preparados
padrão português. Este é o grande desafio recentemente vários acordos com a China. do ponto de vista técnico e financeiro para
actual que Moçambique terá que vencer. Estas importações têm de passar pelos os desafios que se avizinham, poderão ter
Trinta anos depois da independência, as portos moçambicanos, razão bastante para um papel relevante neste processo. Caso
elites moçambicanas têm de se concentrar lembrar a extraordinária importância dos contrário assistiremos, como aconteceu no
na criação de riqueza através de uma classe corredores da Beira, de Nacala ou da linha Brasil, ao aumento da influência de grupos
empresarial sólida, diversificada, actuante do Oriente. empresariais de outros países europeus,
e competente. Só deste modo garantirão o Paradoxalmente, o último relatório do nomeadamente franceses, italianos e espa-
seu papel num grande país da África-Aus- Banco de Portugal indica uma queda dos nhóis. E é pena, porque Portugal não pode
tral dum modo global, ou seja, integrando investimentos directos portugueses em continuar a ser o país das oportunidades
as vertentes política, militar e económica. Moçambique. É verdade que Portugal se perdidas.
Mas este trabalho é árduo, longo e persis- encontra numa crise económica profunda, *) Maria Carlos é investigadora
tente. mas não é menos verdade que o que mais e advogada da sociedade Vasconcelos
Este caminho de afirmação empresarial importa é mudar a atitude e acreditar que Porto & Associados