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6 de janeiro de
2017
FACULDADE DE PSICOLOGIA
OURO PRETO – MG
OUTUBRO DE 1999
“Todas as coisas são produzidas pelo tao e nutridas pelo seu constante fluir. Recebem
suas formas de acordo com sua própria natureza e se completam de conformidade com
suas contigências existenciais. Portanto, todas as coisas, sem exceção, honram o tao e
exaltam o seu constante fluir. Honrar o tao e exaltar o seu fluir não é o resultado de
qualquer lei coercitiva, mas de um tributo espontâneo. Assim, o tao produz todas as
coisas, nutre-se e leva ao pleno conhecimento, completa-as, amadurece, mantém e
difunde. Ele as produz e em troca não exige qualquer posse. Guia-as no seu processo,
mas não exerce qualquer autoridade. Esta se chama a operação misteriosa.” (Lao-Tsé,
Tao Té Ching)
“A visão lúcida de uma situação, por mais sombria que seja, já é em si mesma um ato de
otimismo; implica que essa situação é possível de reflexão, isto é, que não estamos ali
perdidos, como numa floresta escura, e que dali podemos, ao contrário, desprender-nos
pelo menos em espírito, mantê-la sob o nosso olhar, já que ultrapassá-la, portanto, e
tomar nossas resoluções em face dela.” J. P. Sartre
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA NO EXISTENCIALISMO FENOMENOLÓGICO
HUMANISTA
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O trabalho será apresentado durante o III Fórum Brasileiro da ACP, a realizar-se em
Minas Gerais – Ouro Preto. Objetiva aprofundar os conhecimentos e de como raízes
conceituais e experienciais da Abordagem Centrada na Pessoa se situam no
existencialismo fenomenológico humanista.
A autora sempre priorizou as visões mais holísticas de lidar com o homem. Esta postura,
facilita o trabalho terapêutico.
Fenomenologia – tudo indica que este termo foi criado por LAMBERT em 1764 na quarta
parte do NEVES ORGANON (1996 – LALANDE, ANDRÉ – pg. 397). Este termo foi citado
depois por KANT, tratando do movimento e do repouso na relação com a representação
enquanto características gerais do fenômeno. Hegel, intitulou de Fenomenologia do
Espírito a história das etapas sucessivas das aproximações e das oposições pelas quais o
Espírito se eleva da sensação individual até à razão universal.
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Fenômeno, para KANT, significa a “imagem sensorial, que se origina no sujeito
cognoscente sob o influxo da coisa na qual, esta nos aparece na forma correspondente à
peculiar maneira de ser dos nossos sentidos”. Refere-se a uma coisa em si, pela qual foi
produzida de acordo com as leis, (LALANDE, 1996, 394), ainda KANT – o fenômeno
(ERSCHEINUNG) como impressão sensorial formada com sujeição ao espaço e ao tempo,
é todavia “subjetivo converte-se em fenômeno objetivo, por ele denominado,
Phaenomenon, ao ser-pensado por uma categoria (LALANDE, 1996, 394).
O escritor inglês que introduziu pela primeira vez, fenomenalismo como equivalente a
positivismo foi John Grote, na sua Exploratio Philosophica (1865), 1ª parte, cap. I.
(LALANDE, 1996, pág. 393).
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A psicologia como ciência autônoma surgiu na segunda metade do século passado em
1879 quando WUNDT, fundou o laboratório de psicologia experimental, em LEIPZIG.
Pertencia, anteriormente a outras ciências, principalmente à filosofia e à fisiologia, já que
utilizava os conteúdos e os métodos destas. As duas ciências são consideradas como
que deram origem à psicologia.
DILTHEY na sua filosofia, sua visão pessimista da existência, cede lugar a uma concepção
mais confiante e correspondente às exigências de domínio do homem sobre a natureza,
de eterna conquista a ser o artífice do seu mundo e da sua verdade.
“Para a compreensão da verdade, todas as idéias, conclusões e opiniões devem cair por
terra, como as folhas secas de uma árvore. A verdade não pode ser achada em livros,
mas no contato verdadeiro com as vivências.
J. Krishnamurti
Freud (1856 – 1937) não entrou nos aspectos superiores inerentes a espiritualidade e
aos potenciais criativos. O pai da psicanálise, deu-se conta de haver parado no primeiro
piso da psicologia dinâmica. A ele, sucederam-se vários, sem atentar que se Freud não
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tivesse morrido naquele momento sua concepção da psicanálise teria evoluído
consideravelmente., haja vista, quando se observa os seus filmes, atenta-se a várias
colocações existencialistas. O próprio Freud, numa sua carta a BINSWANGER, da
daseinanálise (corrente existencialista) expressou-se: “Mantive-me sempre no primeiro
piso do edifício” (Cyntia G. Olsen, 1992, 155)
“Cada pessoa é seu ditador absoluto, seu provedor particular de glórias ou catástrofes; o
governante da própria vida, sua recompensa, sua punição.” Mabel Collens
4 – EXISTENCIALISMO
Para KIERKEGAARD “a verdade existe no homem, só quando ele a traduz em ação”. Quer
dizer: só se conhece a si através da ação. A metodologia, é a tentativa de entender o
comportamento e a experiência do homem, com base nos pressupostos constituintes de
seus fundamentos. Entender o humano de maneira existencial é experienciar o seu
experienciar. Assim, comprova-se a significação do termo que se origina do latim –
EXISTIR, literalmente traduzido como SAIR, EMERGIR.
A corrente existencialista defende que o homem é um ser, cuja relação com o mundo, o
amarra e o compromete. Ele é um ser comprometido.
“Tenho uma paixão: compreender os homens”. “Inventando sua própria saída, inventa-se
a si próprio”.
J. P. Sartre
5 – HUMANISMO
A palavra humanismo é mais antiga que o seu uso no Renascimento. A Renascença foi
assinalada por várias mudanças em todos os aspectos, originando uma civilização
brilhante bem diferente da que antecedeu – a medieval. Ficou conhecida como época do
humanismo – indica, nova sensibilidade no homem. Com o surgimento da literatura
clássica, principalmente a latina – considerada a mais alta expressão dos valores
propagados pelo humanismo e também o mais eficiente instrumento para elevar o
homem ao clímax da sua humanidade – homo humanus.
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“O ‘caso bem-sucedido’ não é uma ‘cura’ no sentido de um produto acabado, mas uma
pessoa que sabe que possui ferramentas e equipamentos para lidar com os problemas à
medida que estes surjam. Ele ganhou espaço para trabalhar, sem ser estorvado pelas
bugigangas acumuladas de transações iniciadas, mas não acabadas”. B. Steevens
6 – HUMANISMO x EXISTENCIALISMO x FENOMENOLOGIA E ROGERS
“Se por um lado o autor precisou praticamente rebaixar o ideal de suas aspirações
filosóficas ao de um simples principiante, por idade, a plena certeza de poder chamar-se
um efetivo principiante (…)vê estendida diante de si a terra infinitamente aberta da
verdadeira Filosofia, a “Terra Prometida” que ele mesmo já não verá plenamente
cultivada (Husserl, 1913, tradução publicada em 1986, pág. 304 apud FORGHIERI,
1993;20).
A filosofia de Husserl foi uma grande contribuição na relação da filosofia com a
psicologia, principalmente, a psicologia de Rogers; deu ênfase ao mundo vivido, como
marco inicial do seu empreendimento. E não concluiu o seu ideal quanto a
fenomenologia, por estar sempre recomeçando até o fim de sua vida. Quando já no
leito, prestes a morrer, verbalizou à enfermeira que o assistia. “Eu precisaria começar
tudo de novo” (Forghieri:21).
Essas citações nos leva a reflexão da não conclusão da sua fenomenologia, reflexão esta,
confirmada por HEIDEGGER:
“O que ela possui de essencial não é ser real como corrente filosófica (Heidegger,
1971:49, Apud Forghieri 1993:21).
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…Ela não é nenhum movimento, naquilo que lhe é mais próprio. É possibilidade de
pensamento…de corresponder ao apelo do que deve ser pensado” (Heidegger,
1972:107, apud Forghieri, 1993:21).
Carl Rogers, com toda a sua educação voltada ao positivismo lógico americano,
contrariando todo o pensamento reinante, não conseguiu impedir, com toda a sua
educação preconceituosa, que a sua sensibilidade ímpar, percebesse que todo o tipo de
relação, leva as pessoas a se defender, acentuando suas neuroses, e que tipo de relação
as leva a procura da terapia para se “curar”.
Rogers, com essa capacidade perceptiva tão rara, chegou à essência do comportamento
humano por meios empíricos, o que por coincidência outros teóricos europeus
alcançaram a mesma essência por outras vias.
Para que não haja momentos mágicos – “insiglts”, é imprescindível uma preparação, um
alicerce, uma facilitação. Eles não provêm do nada.
Acreditou nas tendências sociais positivas, das pessoas e que estas emergem de dentro
para fora e que a experiência organísmica é uma fonte interna de direção vital que cria
sentido e valores.
Essa crença no potencial humano se opôs às crenças dos outros profissionais da época.
Estes defendiam que todos os valores e formas de viver têm que ser impostas ou eram
impostas pela sociedade sobre cada pessoa. Essas inovações foi motivo de muitos mal
entendidos dos seus colegas de época.
Ensinou que uma teoria deve ser experienciada além dos conceitos. Recomendou aos
seus seguidores que usassem o seu método a título de hipótese.
Não necessitava está de acordo com as suas suposições. O que defendeu foi que: à
partir de se estar inteiramente com o outro, o outro resolveria tudo por si mesmo, desde
que não se impusesse outros conceitos e valores.
“A visão lúcida de uma situação, por mais sombria que seja, já é em si mesma um ato de
otimismo; implica que essa situação é passível de reflexão, isto é, que não estamos ali
perdidos, como uma floresta escura, e que dali podemos, ao contrário, desprender-nos,
pelo menos em espírito, mantê-la sob nosso olhar, já ultrapassá-la, portanto, e tomar
nossas resoluções em face dela…” J. P. Sartre
7 – CONCLUSÃO
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profundezas do mar, estabelecer-se na Lua ou em Marte, porém não poderá esquecer-
se de si mesmo. Não terá sentido que os descobrimentos científicos e tecnológicos que
ele está empenhado, não tenham como resultado melhorar sua condição humana.
O existencialismo defende o homem, como um ser cuja relação com o mundo, o amarra
e o compromete. Ele é um ser comprometido. Sua vivência tem limites invioláveis que
não podem ser transgredidos.
O pico culminante da ACP, é o encontro existencial. Para isso, o terapeuta, necessita ter
uma postura de total empenho, tornar-se a cada momento mais ativo na relação. Daí, o
processo terapêutico, a cada momento irá se distanciando da técnica, e os dois,
terapeuta e terapeutizando, vivenciam a cada momento, mais e mais, uma expressão da
riqueza de suas potencialidades humanas.
“A saída é pela porta. Por que será que ninguém a quer usar?” (Confúcio)
BIBLIOGRAFIA
• DARTIGUES, A., O que é Fenomenologia. 3ª ed., São Paulo: Ed. Moraes Ltda., 1992.
• DILTHEY, W., Idées em Le Monde, L’esprit. Trad. Remmy, Paris: Aubier, 1947.
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• GONDRA, J. M., A Psicoterapia de Carl Rogers. Bilbao: Desclée de Brouwer, 1975.
• HUSSERL, E., A idéia da Fenomenologia. Rio de Janeiro: Textos Filosóficos. Edições 70,
1990.
• LALANDE, A., Dicionário Técnico e Crítico da Filosofia. 2ª ed., Martins Fontes, 1996.
• _____________, Liberdade para Aprender em nossa década. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul Ltda., 2ª ed., 1985.
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