Sei sulla pagina 1di 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

LÍVIA SOUZA BARROS GOULART

HISTÓRIA DO BRASIL I

MARIANA-MG
2019
1. Discuta aspectos da estrutura administrativa da sociedade colonial relacionando os textos
de Laura de Mello e Souza e Kenneth Maxwell.

O estudo sobre a administração colonial foi por muitos anos deixado de lado na
historiografia brasileira, no entanto, Laura de Mello e Souza e Kenneth Maxwell o fazem,
levantando reflexões muito importantes para um profundo entendimento do período colonial
brasileiro.
A historiadora afirma que esse tema parece , á primeira vista, conservador e que
estudar os administradores, homens que realizaram na história tarefas ingratas para fazer valer
a voz do rei, pode ser difícil, mas que deve ser estudado com seriedade, tomando cuidado para
não cultuar personalidades da época.
Nos últimos anos se intensificou esse estudo, principalmente pela percepção de que o
Brasil tinha, no século XVII em diante, relevância no contexto Português; a colônia e o
Império estavam separados pelo Oceano Atlântico, mas conectados no que diz respeito à
política.
Uma figura importante no contexto da administração é Marquês de Pombal, ministro
durante todo o reinado de D. José I, que num contexto de instabilidade social e política em
Portugal, tomou posse com experiências diplomáticas e ideias bem definidas. Era um período
de crescente expansionismo por parte das monarquias e principalmente do surgimento de
intelectuais que proporcionaram uma ruptura na forma de pensamento europeu, como
Newton, Locke e Descartes.
Os debates filosóficos em Portugal fizeram suscitar o tema da Companhia de Jesus e
sua influência, se inicia uma verdadeira oposição aos seus membros, os jesuítas, que são
deliberadamente expulsos do Império Português. É nesse contexto em que ocorrem
importantes mudanças no cenário português, como a reforma na Universidade de Coimbra,
propôs medidas arbitristas, e suas ações implicaram efeitos significativos no Brasil.
Diversos autores tentaram buscar um sentido na administração da colônia brasileira,
cada qual com sua análise e levando em conta diferentes enquadramentos. Laura de Mello
evoca alguns desses historiadores para debatê-los, concordando ou não com seus sentidos.
Dentre eles, cita Faoro, Caio Prado Júnior, Alencastro, Hespanha, Gilberto Freyre e outros.
Primeiramente, no que diz respeito à transposição do sistema administrativo português
à colônia, pode-se dizer que existiram obstáculos e peculiaridades, e deve-se levar em conta
as relações complexas entre os administradores coloniais e oligarquias. Deve- se reconhecer,
ao estudar as estruturas administrativas, estar diante de um sistema diferente e com
funcionamento próprio, diferente do que faz Caio Prado Júnior ao caracterizá-las como
irracionais.
O Estado teve presença importante na colonização e administração da colônia
portuguesa, cabe uma análise sobre sua influência e lógica, visto que foi um poder muito
diferente do que se entende hoje. Existe uma divergência sobre seu papel nas possessões
ultramarinas, Laura de Mello aponta para o cuidado com exageros, ao passo que nega total
ausência do seu poder.
Outro ponto importante e que chamou atenção do historiador Russel-Wood, foi o
papel dos agentes locais na flexibilização do sistema administrativo. As estruturas
administrativas no Brasil colonial se organizavam de modo pouco rígido, oscilando de acordo
com as conjunturas históricas e necessidades do momento. A formalidade, os textos jurídicos,
as normas e leis importavam e se tornavam inviáveis diante a dinâmica social
A sociedade nas possessões ultramarinas foi uma recriação daquela do Antigo
Regime, mas com características bem específicas, como o escravismo. A escravidão no
trópico se encaixou com a estrutura européia baseada na hierarquia, ordens e privilégios.
A especificidade da América portuguesa não residiu na assimilação pura e
simples do mundo do Antigo Regime, mas na sua recriação perversa,
alimentada pelo tráfico, pelo trabalho escravo de negros africanos, pela
introdução, na velha sociedade, de um novo elemento, estrutural e não
institucional: o escravismo.1
É evidente que uma sociedade estruturada no escravismo teria organização diferente do que
uma sociedade onde a população é predominantemente branca, mesmo que a lei em ambas
seja, tecnicamente, a mesma.
Em meio a essa busca incessante do sentido da colonização brasileira, vê-se que a
estrutura administrativa na sociedade colonial teve forma única, conciliando aspectos do
Império Português as particularidades da América. De forma alguma essa análise pode ser
resumida a simples explicação por meio dos textos jurídicos e oficiais, visto que a realidade
no continente europeu era muito distinta daquela vivida além do Oceano Atlântico.

1
​SOUZA, Laura de Mello e. O sol e a sombra: política e administração na América portuguesa do século XVIII.
São Paulo: Cia. das Letras, 2006. p.68.
2. Discuta a ação da Igreja e sua relação com a vida comunitária relacionando os textos de
Ronaldo Vainfas e Leila Mezan Algranti

Para iniciar a análise sobre a relação da Igreja com a vida comunitária, Ronaldo
Vainfas, no primeiro capítulo do livro ​A Contra-Reforma e o Além Mar,​ situa a Igreja no
contexto de Contrarreforma. A defesa do cristianismo frente ao protestantismo que crescia
deliberadamente na Europa teve influências práticas na forma como a Igreja se expressava na
vida dos indivíduos. Além disso, cabe pontuar a importância do núcleo familiar para a
consolidação do cristianismo.
A Contrarreforma não se resume somente ao Concílio de Trento, que, apesar de ter
sido um marco importante para o movimento, foi somente uma das ações realizadas pela
Igreja, que encontrou, na evangelização das massas, outra forma de travar a sua fé na vida
social. Então, pode-se dizer que foi por meio do controle dos indivíduos e dos núcleos
familiares que a Igreja pôde fortalecer sua expressão.
Uma das formas de ter controle sobre a vida dos fiéis foi por meio da defesa do
matrimônio como sacramento, contrapondo aos protestantes, que o consideravam apenas uma
necessidade humana. Ao passo que, ao institucionalizar o matrimônio, a Igreja poderia acabar
com os ritos “populares” de casamento, oficializando e padronizando as uniões matrimoniais
e dessa forma reafirmar os dogmas e regras da Igreja.
O casamento foi um importante instrumento durante a colonização da américa
portuguesa, demonstrando a união entre a Coroa e a Cruz, o Estado e a Igreja. Significava, na
sociedade colonial, um ato de dignidade. Era desejável sacramentar a união para uma possível
ascensão social da família, conferia status e segurança aos colonos ao passo que, mesmo
sendo uma instituição predominantemente da elite, pessoas escravizadas e de camadas mais
baixas também se casavam.
Além de preocupar-se com a questão matrimonial, a Igreja também adentrou na vida
particular das pessoas, interferindo no modo como se relacionavam os membros de uma
família e sua convivência dentro do domicílio. A vida doméstica é, nos primeiros séculos da
colonização brasileira, um ponto importante para compreender essas relações e a influência da
religião, pois compreendia grande parte das relações sociais da época.
Por mais que o Concílio não tenha especificado nada sobre a vida familiar, a
Contrarreforma se utilizou muito do aspecto social, espalhando regras de convívio dentro do
lar, catecismos e manuais de confissão, enxergando na família um papel excepcional para a
difusão da fé católica. Desse modo era possível vigiar de perto o comportamento individual e
assim repreender atos considerados transgressores como a sexualidade e as uniões ilícitas.
Por meio do moderno confessionário estipulado no Concílio de Trento, um ambiente
onde o confessionário e o penitente estavam separados por telas, era possível ter um maior
controle sobre as massas e seus comportamentos com maior discrição. Assim a Igreja pode,
mais uma vez, entrar na consciência individual através do sentimento de culpa e perdão.
Um personagem importante na disseminação do catolicismo e que se relacionou
diretamente com a vida comunitária no território colonizado por Portugal, foi o jesuíta. Fica
evidente a preocupação dos colonizadores em transformar a recém invadida terra em católica
e isso acontece principalmente por meio das missões. A ação da Igreja resulta em uma
massiva aculturação e demonização do comportamento, tanto da população nativa quanto dos
colonos.
Não é desconhecida a rejeição dos portugueses pelos ameríndios, a figura do indígena
foi construída desde o primeiro contato como monstros, tanto pelo afastamento geográfico
quanto cultural. O pecado nos trópicos constituía tudo aquilo que inquietava os jesuítas no
modo de viver indígena: a falta de leis, a nudez e as relações sexuais. A demonização dos
ameríndios também perpassou para os negros africanos em condição de escravidão, que além
da exploração social, passaram a ser objeto de culpabilização.
Depois de muito demonizar os costumes indígenas e impor com truculência a fé
católica, condenando-os ao inferno pela poligamia e insistindo na catequese, a Companhia de
Jesus encontrou na pacificação e aculturação um modo de adaptá-los ao sistema católico. Os
jesuítas viam no casamento entre os indígenas a solução, mesmo que com suas peculiaridades
frente às normas da Igreja. Também na criaram as confissões por meio de intérpretes e
incentivaram as missões na língua nativa.
Para a colonização, a Coroa se utilizou do degredo, o que significa que muitos
indivíduos considerados indesejáveis em Portugal vieram no papel de povoar a Colônia.
Então, os jesuítas logo perceberam que o pecado não estava só nos habitantes dos trópicos,
mas também nos portugueses que ali viviam desde o início da colonização e que não agiam
conforme os preceitos católicos.
Vê se que a Igreja se relacionou com os indivíduos de formas diversas, flexibilizando
as normas à realidade dos trópicos, organizando-os com base no ideal de família cristã,
incentivando o casamento e, principalmente, fazendo com que se acreditasse na verdade
divina por meio do medo e culpabilização dos atos considerados imorais. Transformando o
pecado em instrumento de controle das massas, a Igreja pode adentrar no cotidiano das
pessoas.

Potrebbero piacerti anche