Aprofundando o
tema do trimestre
As leis sanitárias da Bíblia
Além dos Dez Mandamentos, o povo
de Israel recebeu do Senhor Deus uma
série de recomendações e orientações
que os protegeriam de vários males
que atormentaram a humanidade por
milhares de anos. Um bom exemplo
dessa preocupação divina está nas
leis de conteúdo sanitário, de caráter
preventivo. A precisão e a objetividade
destas leis impressionam até
os cientistas mais céticos.
Ao conhecer a importância
e o ineditismo destas leis, percebemos
como Deus amou o seu povo e como
ele foi abençoado com estas leis.
O texto que segue foi escrito por Grant
R. Jeffrey, no capítulo 7, que trata do
avançado conhecimento médico da
Bíblia, publicado na obra
“A assinatura de Deus”,
editada no Brasil pela Editora Bom
Pastor, em 1998.
Desde o início da civilização, a hu-
manidade tem sofrido com muitas do-
enças transmitidas por meio dos dejetos
humanos. Quando os homens viviam
em amplas áreas rurais, havia pouco pe-
rigo de infecções. Quando os homens
começaram a se reunir nas vilas, povoa-
dos e cidades, entretanto, o risco de con-
taminação cresceu assustadoramente.
Durante o período medieval e na
época do Renascimento, e em muitas
sociedades atuais no Terceiro Mundo,
os dejetos eram lançados em esgotos nas
ruas e os que ficavam expostos eram car-
regados para os canais pelas águas oca-
sionais das chuvas. O mau cheiro decor-
rente de tal sistema está além da ima-
ginação.
Na época de Shakespeare, o Rio
Tâmisa em Londres era um esgoto aber-
to, contendo dejetos humanos não tra-
tados. Mesmo naquela época, há quatro-
centos anos, os peixes não podiam sobre-
viver no rio devido aos venenos tóxicos.
As pessoas evitavam andar nas proximi-
dades do rio por causa do mau cheiro.
É interessante notar que os sistemas
modernos de tratamento de poluição
foram bem-sucedidos, tornando o Rio
Tâmisa num local onde, atualmente,
pescadores estão fisgando peixes das
pontes de Londres. De acordo com um
artigo da Enciclopédia Britânica, o mau
cheiro que subia do Rio Tâmisa, nos sé-
culos passados, era tão terrível que os
funcionários do Parlamento pendura-
vam sacos cheios de produtos químicos
nas janelas, numa tentativa ineficaz de
diminuir o odor.
O mau cheiro nas cidades e povoados
era tão indescritível e perigoso quanto
os odores que se pode sentir em Calcutá
Diálogo e Ação – Liderança •11
atualmente. O resultado dessas condi-
ções deploráveis é que grande número
de pessoas morre anualmente, sucum-
bindo à contaminação de uma varieda-
de de bactérias, tais como tifóide, disen-
teria e cólera.
Embora seja difícil de acreditar, mes-
mo pessoas esclarecidas ignoram a gran-
de ameaça que a falta de cuidados sa-
nitários representa para a saúde. Não é
exagero dizer que centenas de milha-
res de pessoas têm morrido através da
história, devido a infecções causadas
pela ausência dos princípios sanitários
mais elementares concernentes aos de-
jetos humanos.
A obediência às leis sanitárias de
Deus, promulgadas há milhares de
anos, nas páginas das Escrituras, teria
salvado incontáveis vidas da morte des-
necessária causada por bactérias trans-
mitidas por meio de dejetos não trata-
dos e não enterrados.
A razão pela qual estou tratando des-
te assunto desagradável é para tentar en-
fatizar a natureza extraordinária dos ma-
andamentos sanitários avançados, da-
dos por Deus há mais de três mil anos.
Numa época em que ninguém, huma-
namente falando, entendia nada sobre
a natureza realmente mortal das bacté-
rias microscópicas, causadoras de infec-
ções, Deus instruiu Moisés sobre como
poderia assegurar condições sanitárias
adequadas para aquela grande popula-
ção de israelitas refugiados.
Como a história sobre situações com
refugiados revela, elas, inevitavelmen-
te, levam a terríveis epidemias de infec-
ções, como cólera e febre tifóide, devido
12• Diálogo e Ação – Liderança
à falta de condições sanitárias adequa-
das. As bactérias que se desenvolvem
nos dejetos humanos não tratados, nos
desorganizados grupos de refugiados,
contaminam os mananciais de água e
causam horríveis epidemias.
A ordem sanitária básica de Deus,
concernente aos dejetos humanos, está
registrada no livro de Deuteronômio:
“Também terás um lugar fora do arraial;
e ali sairás fora” (Dt 23.12). Embora
uma lei sanitária tão básica a respeito
da construção de latrinas possa ser vis-
ta como uma coisa normal e muito ób-
via hoje, ela é uma instrução extraordi-
nária, se considerarmos que foi dada há
trinta e cinco séculos antes de ser desco-
berta a existência de bactérias invisíveis.
Como estudante de história bíblica
e militar, tenho notado, há muito tem-
po, que a grande maioria dos soldados
que têm sido mortos durante incontá-
veis guerras sucumbiram vítimas de do-
enças infecciosas, em vez de projéteis e
outras armas de guerra. A história, até
1900 d.C., revela que cinco vezes mais
soldados morriam por doenças, do que
por ferimentos causados pelos inimigos.
Doenças e epidemias, muitas vezes, de-
terminaram o resultado de uma bata-
lha. Frequentemente, o exército que ti-
nha sofrido mais com as doenças perdia
a guerra. Uma grande porcentagem das
doenças da humanidade, especialmente
durante as guerras ou em situações on-
de há refugiados, desenvolve-se devido
à falta de cuidados sanitários com re-
ferências aos dejetos. Mesmo na, relati-
vamente, recente Guerra dos Boers na
África do Sul (1899-1902), uma análi-
se das baixas militares indica que cinco
vezes mais soldados morreram ou foram
tirados do combate devido a infecções,
a maioria causada pela exposição à bac-
téria desenvolvidas nos dejetos. Quando
os exércitos marchavam através de um
país e sitiavam uma cidade, dezenas de
milhares de soldados eram obrigados a
ficar acampados ao ar livre durante me-
ses. Sem a obediência às severas regras
sanitárias prescritas na Bíblia, os deje-
tos não enterrados desses soldados, ine-
vitavelmente, atingiam os reservatórios
de água e, finalmente, todo o exército
era contaminado.
Certamente, a obediência dos sol-
dados israelitas às estritas leis de Deus
permitiu que escapassem das terríveis
doenças que teriam afligido seus inimi-
gos pagãos. Provavelmente, Israel con-
seguia vencer muitas das antigas bata-
lhas contra as tropas pagãs como, por
exemplo, da Síria e de Moabe, porque
os soldados não se expunham às for-
tes infecções que assolavam seus inimi-
gos, que não conheciam as regras sani-
tárias de Deus.
Considere os problemas logísticos,
ao se tentar atender às necessidades hu-
manas de centenas de milhares de isra-
elitas, durante os 40 anos de peregrina-
ção no deserto. A maioria do povo te-
ria morrido por doenças infecciosas du-
rante aqueles anos, se Deus não tives-
se instruído Moisés para ensinar a seu
povo escolhido essas avançadas leis sa-
nitárias. Em seu livro “Uma história da
medicina”, o médico historiador Arturo
Castiglione declarou que os mandamen-
tos sanitários de Moisés para os solda-
dos “eram certamente medidas primi-
tivas, mas muitos eficientes, as quais in-
dicavam uma ideia muito avançada so-
bre cuidado sanitário” (p. 70).
Essas instruções simples, porém, ex-
tremamente importantes, dadas por
Deus, orientavam cada soldado a car-
regar uma pequena pá para enterrar seus
dejetos. Tais instruções assegurariam
que não haveria riscos de infecções pa-
ra o próprio indivíduo e para seus com-
panheiros. Esse mandamento sobre la-
trinas, e tão óbvio para nós, que é fá-
cil ignorar sua importância como pro-
va da inspiração divina das Escrituras.
Antes dos recentes avanços médicos du-
rante os últimos 130 anos, os médicos
não sabiam que bactérias microscópi-
cas existentes nos dejetos humanos e de
animais estavam entre um dos maiores
perigos para a humanidade. E aqui en-
contramos esse avançado conhecimento
médico e sanitário claramente expresso
na Bíblia, escrita há milhares de anos.
Onde Moisés podería ter adquiri-
do esse conhecimento médico extre-
mamente importante – capaz de sal-
var muitas vidas – a respeito dos peri-
gos dos dejetos humanos, a menos que
tivesse recebido uma revelação divina?
Moisés não poderia ter aprendido tais
princípios no Egito. Lembre-se de que
um dos ingredientes favoritos encon-
trados na farmacopeia do antigo Egito,
conforme mencionado no manuscrito
egípcio Papirus Ebers, era, justamen-
te, excrementos de insetos, de animais
e até humanos. Como Moisés poderia
ter escrito essas instruções médicas, in-
crivelmente avançadas e exatas, se Deus
não o tivesse inspirado?
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