Teoria da Constituição Ex.
: Organização do Estado, Acesso ao poder,
> Constituição
Conceito:
- Conceito genérico – É o documento fundamental
do Estado. Conjunto de regras fundamentais,
básicas do Estado.
Porém, existem outros conceitos do que é
Constituição, dependendo do enfoque adotado.
- Conceito político (Carl Schmitt) – é algo que emana
de um poder soberano.
- Conceito sociológico (Ferdinand Lassalle) – é o
reflexo das forças sociais que estruturam o poder.
Deve haver coincidência entre o que está escrito na
Constituição e o que desejam as forças
determinantes do poder.
- Conceito Jurídico ou formal (Kelsen) – é o conjunto
de normas que se situa num plano hierarquicamente
superior a outras normas.
1) Quanto à origem:
a) Outorgada – É aquela imposta, anti-democrática,
ditatorial, ilegítima. Não é fruto da vontade popular,
é imposta unilateralmente, não é fruto da vontade
popular.
b) Promulgada ou votada – É fruto do consenso
popular, democrática, legítima. Fruto do Poder
Constituinte originário, aquele constituído pelo voto
popular para representar os interesses do povo.
2) Quanto à forma
a) Escrita ou dogmática – se encontra em um único
documento formal.
b) Histórica ou costumeira ou não escrita – não se
encontra em um único documento escrito, mas em
vários documentos e até mesmo costumes, decisões
judiciais, etc.
Ex.: Constituição da Inglaterra.
3) Quanto ao conteúdo
a) Formal – mais ampla com normas essenciais e
outras normas de natureza não constitucional. Não
se restringem às normas materialmente
constitucionais, são chamadas de normas
formalmente constitucionais.
Ex.: Definição de crimes hediondos, Zona Franca
de Manaus.
b) Material – traz matérias essenciais, típicas à uma
Constituição.
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limites ao poder do Estado e Direitos fundamentais.
Alguns autores a classificam ainda, quanto ao
conteúdo, como:
a) Constituição-garantia – visa garantir liberdade,
limitando o poder do Estado.
b) Constituição-balanço – reflete um estágio de
compromisso socialista, cada mudança evolutiva da
sociedade requer uma nova Constituição.
c) Constituição-dirigente – apresenta compromissos
sociais e os meios para atingi-los.
4) Quanto à estabilidade ou mutabilidade
a) Flexíveis – pode ser modificada como se fosse
legislação ordinária, infra-constitucional.
b) Rígidas – para ser modificada exige processo
mais dificultoso de modificação.
c) Semi-flexíveis ou semi-rígidas – parte da
Constituição é flexível e outra parte requer processo
mais dificultoso de modificação.
5) Quanto à dogmática ou ideologia
a) Ortodoxa – uma única orientação em sua
elaboração (política, filosófica, etc).
b) Heterodoxa ou eclética – se vale de várias
orientações distintas (Capitalismo, socialismo,
política, economia).
6) Quanto à sistemática
a) Reduzida – apresenta-se em um único texto
escrito.
b) Variada – os textos estão espalhados em diversos
diplomas legais.
* Classificação das Constituições brasileiras
- 1988 – promulgada (Constituição Cidadã);
- 1967/69 – outorgada (Constituição do Golpe
Militar);
- 1946 – promulgada (Constituição do Processo de
democratização do País);
- 1937 – outorgada (Constituição do Estado Novo ou
Constituição Polaca);
- 1934 – promulgada (Constituição Social);
- 1891 – promulgada (Constituição Republicana);
- 1824 – outorgada (Constituição Imperial).
* Classificação da Constituição brasileira de 1988.
- Quanto à origem – promulgada;
- Quanto à forma – escrita;
- Quanto ao conteúdo – formal e dirigente;
- Quanto à estabilidade – rígida;
- Quanto à sistemática – reduzida.
Poder Constituinte
De forma genérica é o poder de criar ou reformar
uma Constituição, Federal ou Estadual.
* A titularidade do Poder Constituinte pertence ao
povo, que a exerce indiretamente, através da
Assembléia Constituinte.
- Poder Constituinte Originário (poder
criar a Constituição)
Derivado
O Poder Constituinte Derivado pode ser ainda:
- Poder Constituinte derivado Reformador
(poder de reformar a Constituição)
Decorrente
Instituidor
Decorrente
Reformador
- Poder Constituinte Originário (também chamado
Inicial ou Inaugural) – É o poder que estabelece
nova leitura do ordenamento jurídico anterior, ou
seja, institui uma nova ordem constitucional,
abandonando a anterior ou ele cria uma
Constituição em um país que não a possuía.
- Características do Poder Constituinte Originário:
1) Inicial – inicia novo ordenamento jurídico,
rompendo totalmente com a ordem anterior.
2) Incondicionado – não está vinculado a processo
de manifestação anterior, ou seja, não está obrigado
a seguir modelos pré-estabelecidos.
3) Ilimitado – Não respeita os limites impostos pelo
ordenamento jurídico anterior. Somente respeita os
limites que são fruto da própria evolução da
sociedade.
4) Autônomo – Só o exercente do PCO decide em
quais termos será estruturada a nova ordem
constitucional.
* Princípio da vedação do retrocesso social – veda
ao Poder Constituinte Originário retroagir,
suprimindo direitos e garantias fundamentais, fruto
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de conquistas sociais (é na verdade um limite ao
Poder Constituinte Originário).
ex.: Escravidão, institucionalizar a tortura,
Princípios Fundamentais do Estado, etc.
> Formas de manifestação do Poder Constituinte
Revolução ou outorga
Assembléia Nacional Constituinte
> Efeitos da manifestação do Poder Constituinte
Originário:
de 1) Em relação à Constituição anterior – revoga a
Constituição anterior no todo, contrária ou não à
nova ordem constitucional.
2) Em relação ao ordenamento jurídico infra-
constitucional anterior – pode ser recepcionado ou
não (falar sobre recepção).
- Poder Constituinte Derivado (também chamado
instituído, constituído, secundário ou de segundo
grau)
É aquele criado e instituído pelo PCO.
1) Reformador – é o poder dado ao Constituinte
Derivado de revisar, emendar ou estabelecer novas
interpretações acerca de dispositivos
Constitucionais.
2) Decorrente instituidor – é o poder que tem o
Constituinte derivado de instituir uma Constituição
Estadual, através da Assembléia Legislativa do
Estado.
3) Decorrente reformador – é o poder que tem o
Constituinte derivado de reformar a Constituição de
um Estado, através da Assembléia Legislativa do
Estado.
* Processos ou procedimentos de modificação
Formais (revisão e emenda)
Informais (interpretação)
- Características do Poder Constituinte Derivado
Reformador
1) Secundário
2) Condicionado
3) Limitado
* Limites ao Poder Constituinte derivado:
1) Materiais – determinadas matérias são
“petrificadas”, em regra não podendo ser
modificadas, salvo se para estender seus efeitos.
Ex.:
Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado (forma de estado,
não de governo. O Poder Constituinte Derivado não
pode modificar forma e sistema de governo, quem o
faz é o Poder Constituinte Originário, mediante
plebiscito);
II - o voto direto, secreto, universal e periódico (o
voto obrigatório não é cláusula pétrea);
O voto indireto só é possível em uma única
hipótese (art. 81, § 1º da CRFB/88).
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos
do período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
2) Circunstanciais – a Constituição não poderá ser
modificada em determinadas circunstâncias (art. 60,
§ 1º da CRFB/88 – A Constituição não poderá ser
emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio).
3) Procedimentais – o processo de emenda é
previsto na própria CRFB/88, não podendo o Poder
Constituinte Derivado esquivar-se a ele (art. 60, § 5º
- A matéria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa).
* Princípio da Simetria – segundo este princípio,
algumas normas dispostas na Constituição Federal,
no que for aplicável, devem ser objeto de
reprodução simétrica nas Constituições Estaduais.
Ex.:
Algumas matérias são de iniciativa exclusiva
do Chefe do Poder executivo Federal, sendo de
repetição obrigatória nas Constituições estaduais tal
exclusividade.
> Eficácia e Aplicabilidade das Normas
Constitucionais
Nem todos os dispositivos de uma Constituição são
auto-aplicáveis, isto é, seus efeitos não são
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imediatos. Em função do momento da aplicabilidade,
as normas constitucionais podem ser classificadas
em: plena, contida e limitada.
Eficácia plena e aplicabilidade direta imediata e
integral – são aquelas que no momento em que
entram em vigor estão aptas a produzir todos os
seus efeitos, não dependem do Poder Constituinte
Derivado para sua regulamentação. A doutrina
norte-americana chamou de normas auto-aplicáveis
(self-executing, self-enforcing ou self-acting).
Ex.: Remédios constitucionais
Eficácia Contida e aplicabilidade direta imediata,
mas possivelmente não integral - aquelas em que
o legislador constituinte regulou os interesses
relativos à determinada matéria, mas deixou
margem à atuação restritiva por parte do poder
público, nos termos que a lei estabelecer.
Ex.: Art.5º, XIII é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer.
Eficácia Limitada de aplicabilidade mediata,
reduzida ou diferida - são aquelas que de imediato
não tem o condão de produzir todos os seus efeitos,
necessitando de uma lei integrativa
infraconstitucional para desenvolver a aplicabilidade.
Ex.: Art.5º, XXXII – defesa do consumidor.
Exercícios
1) (FGV 2008 – Oficial de Cartório PCERJ) A
respeito do poder constituinte derivado, assinale a
afirmativa incorreta.
a) O procedimento que deve ser adotado para a
reforma do texto constitucional está
necessariamente previsto na própria Constituição.
b) A aprovação de uma emenda constitucional
depende dos votos favoráveis de 3/5 dos membros
de cada Casa do Congresso Nacional, obtidos em
dois turnos de votação em cada uma delas.
c) As chamadas cláusulas pétreas da Constituição
estabelecem limitações materiais ao poder
constituinte derivado.
d) É vedada a aprovação de emenda constitucional
que altere o regime constitucional da previdência
social, tal como instituído no art. 201 e seguintes da
Constituição de 1988.
e) Norma aprovada pelo poder constituinte derivado
está sujeita ao controle judicial de
constitucionalidade.
2) (FCC 2010 – TRE/RS) Em matéria de Poder
Constituinte analise:
I. O poder que a Constituição da República
Federativa do Brasil vigente atribui aos estados-
membros para se auto organizarem, por meio da
elaboração de suas próprias Constituições.
II. O poder que tem como característica, dentre
outras, a de ser ilimitado, autônomo e
incondicionado.
Esses poderes dizem respeito, respectivamente, às
espécies de poder constituinte:
a) decorrente e originário.
b) derivado e reformador.
c) reformador e revisor.
d) originário e revisor.
e) decorrente e derivado.
3) (Del. Pol. PCERJ 2006) Certo Poder Constituinte
está sujeito à limitações temporais, circunstanciais e
materiais. As limitações materiais, também
denominadas cláusulas pétreas, impedem a reforma
constitucional sobre determinadas matérias. O
referido Poder é o:
a) derivado, que ilimitado e condicionado.
b) originário, que é ilimitado e incondicionado.
c) derivado, que é limitado e incondicionado.
d) originário, que limitado e condicionado.
e) derivado, que é limitado e condicionado.
4) (CESPE 2010 – MPS/Agente Administrativo) O
poder constituinte derivado, ou de revisão ou
reforma, caracteriza-se por ser inicial, autônomo e
incondicionado, corporificando-se por meio de
instrumento denominado emenda constitucional.
( ) certo
( ) errado
5) (FGV 2008 – Inspetor PCERJ) O Poder
Constituinte Originário tem por características ser:
a) incondicionado e irrestrito.
b) permanente e limitado.
c) primário e condicionado.
d) autônomo e restrito.
e) ilimitado e transitório.
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6) (CESPE 2010 – MPU/Técnico Administrativo) As
normas de eficácia plena não exigem a elaboração
de novas normas legislativas que lhes completem o
alcance e o sentido ou lhes fixem o conteúdo; por
isso, sua aplicabilidade é direta, ainda que não
integral.
( ) certo
( ) errado
7) (CEPERJ 2010 – Del. Pol. PCERJ) Diz-se que a
Constituição brasileira de 1988 é rígida porque:
a) não admite a ocorrência do fenômeno da
mutação constitucional.
b) classifica como inafiançáveis os crimes de
racismo e tortura, entre outros.
c) prevê, para sua reforma, a adoção de
procedimento mais complexo, em tese, do que o
adotado para a modificação das
leis.
d) estabelece penalidades severas para os crimes
de responsabilidade.
e) foi promulgada por Assembléia Nacional
Constituinte convocada na forma de Emenda à
Constituição anterior.
8) (CONSUPLAN 2008 – TRE/RS) O método de
interpretação da Constituição segundo o qual o
intérprete aplicador deve considerar e trabalhar com
dois tipos de elementos de concretização: um
formado pelos elementos resultantes da
interpretação do texto da norma e o outro, resultante
da investigação do referente normativo, é chamado
de:
a) Método normativo-estruturante.
b) Método tópico-problemático.
c) Método científico-espiritual.
d) Método hermenêutico-concretizador.
e) Método jurídico.
9) (EJEF 2007 – TJ-MG) Assinale qual alternativa
corresponde à classificação das normas
constitucionais adotada por José Afonso da Silva em
sua obra Curso de Direito Constitucional Positivo.
a) Normas substantivas que configuram o esqueleto
jurídico e político do modelo de sociedade ínsito na
Constituição e as normas adjetivas ou de garantia
que surgem como acessórios daquelas e visam
promover o seu cumprimento, via meios preventivos
ou repressivos.
b) Normas constitucionais de eficácia plena são
aquelas que, desde a entrada em vigor da
Constituição, produzem ou têm possibilidade de d) toda Constituição costumeira é, ao menos
produzir todos os efeitos essenciais, relativamente conceitualmente, flexível.
ao que o legislador constituinte, direta e e) nem toda Constituição escrita é rígida.
normativamente, quis regular; normas
constitucionais de eficácia contida são aquelas que 11) (CESPE 2010 – DPU) O termo constituição
o legislador constituinte regulou suficientemente os possui diversas acepções. Dessa forma, ao se
interesses relativos a determinada matéria, mas afirmar que a constituição é norma pura, sendo fruto
deixou margem à atuação restritiva por parte da da vontade racional do homem e não das leis
competência discricionária do poder público, nos naturais, considera-se um conceito próprio do
termos em que a lei estabelecer ou nos termos de sentido:
conceitos gerais nelas enunciados; normas a) culturalista.
constitucionais de eficácia limitada são aquelas que b) sociológico.
compreendem as normas constitucionais de c) político.
princípio institutivo e normas constitucionais de d) filosófico.
princípio programático. e) jurídico.
c) Normas constitucionais preceptivas de eficácia
imediata ou, pelo menos, de eficácia não
dependente de condições institucionais ou de fato e
normas constitucionais programáticas que se
dirigem a certos fins e a transformações não só da
ordem jurídica mas também das estruturas sociais
ou da realidade constitucional implicam a
verificação, pelo legislador no exercício de um
verdadeiro poder discricionário, da possibilidade de
as concretizar.
d) Normas com eficácia absoluta são normas
constitucionais insuscetíveis de emenda, com força
paralisante de toda a legislação que vier a contrariá-
las; normas de eficácia plena são normas
constitucionais que, apesar de suscetíveis de
emenda, não requerem normação subconstitucional
subseqüente; normas com eficácia relativa
restringível são normas constitucionais que o
legislador constituinte regulou suficientemente os
interesses relativos a determinada matéria, mas
deixou margem à atuação restritiva por parte da
competência discricionária do poder público, nos
termos em que a lei estabelecer ou nos termos de
conceitos gerais nelas enunciados; normas com
eficácia relativa complementável ou dependentes de
complementação que abrangem as normas de
princípio institutivo e as programáticas.

10) (FCC 2009 – TJMS) Relativamente às espécies

de Constituições, é INCORRETO afirmar que:
a) uma Constituição pode ter partes rígidas e partes
flexíveis.
b) Constituições escritas excluem a possibilidade de
costumes constitucionais.
c) toda Constituição rígida é escrita.

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