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CENTRO UNIVERSITARIO UNIFAAT

ENGENHARIA CIVIL

AMÉLIA BENEDITO DA SILVA


DENIS STOPA RANKIN
ISMAR JUNIO MARIANO SARDINHA
LUCAS SUGUYAMA ORLANDINI

MUROS DE ARRIMO: ESTUDO COMPARATIVO


ENTRE ALVENARIA ESTRUTURAL E CONCRETO
MOLDADO IN LOCO

ATIBAIA -SP
2019
AMÉLIA BENEDITO DA SILVA
DENIS STOPA RANKIN
ISMAR JUNIO MARIANO SARDINHA
LUCAS SUGUYAMA ORLANDINI

MUROS DE ARRIMO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ALVENARIA


ESTRUTURAL E CONCRETO MOLDADO IN LOCO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro Universitário
UNIFAAT, para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Ma. Carolina Alvares Camillo Raymundo

ATIBAIA - SP
2019
DEDICATÓRIA
Dedicamos esse trabalho à todas as pessoas que são essenciais em nossas vidas e
foram as nossas maiores inspirações, principalmente pelos incentivos, paciência e
companheirismo.
AGRADECIMENTO

De modo geral, agradecemos primeiramente a Deus, por nos dar a força


e a garra que não sabíamos que tínhamos. A professora e orientadora Ma. Carolina
Alvares Camillo Raymundo, pela adorável paciência e sabedoria em nos guiar no
desenvolvimento deste trabalho, ao professor Henrique Raymundo pelas
observações e ajudas essenciais em momentos de dificuldades, bem como os
demais professores que contribuíram com nossa formação acadêmica.
Agradecimento particular da autora Amélia Benedito da Silva: agradeço ao
meu companheiro Fernando da Rocha Souza, pelo incentivo, por seu amor, por sua
paciência incomparável de todos os anos de graduação e principalmente pelo período
de desenvolvimento desse trabalho. Aos meus pais Elizabeth Benedito da Silva e
Augustinho Antonio da Silva por todo o esforço que tiveram para me ensinar a ter
coragem e garra para encarar o mundo. A todos os meus irmãos, pois sem vocês eu
nada seria, mas em especial a minha irmã Elisa Benedito da Silva Fukui que foi a
primeira pessoa a me incentivar a seguir uma carreira na vida e por cuidar de mim
todas as inúmeras vezes que precisei. Agradecer também,
aos Srs. Ubirajara A. Fernandes Jr. e Sérgio E. Plissari Jr, por acreditarem no meu
potencial. E por fim, agradecer aos amigos que a graduação me deu, aos parceiros
que escolhi compartilhar o desenvolvimento deste trabalho, Denis, Ismar e Lucas,
amigos esses que gostaria manter por perto e ter por toda a vida.
Agradecimento particular do autor Denis Stopa Rankin: Agradeço aos meus
pais Jonas Rankin e Roseane de Curtis Andreucci Stopa Rankin que não mediram
esforços para dar sempre o melhor para mim e meus irmãos e por terem me dado
uma excelente base de educação. Agradeço aos meus irmãos pois foram exemplos
de pessoas boas e contribuíram diretamente para a formação do meu caráter.
Agradeço a minha amada companheira Tassiana Gabriela Rodrigues Alves que, ao
longo de tantos anos juntos, sempre me incentivou, motivou, apoiou e que
principalmente nos últimos cinco anos teve muita paciência, confiança e
compreensão. Agradeço ao meu sogro Dirceu, pois através dele conheci o ramo da
engenharia civil onde despertou em mim o interesse em obter mais conhecimentos
e cursar uma universidade. Por último agradeço aos amigos que formei na
universidade, coautores deste trabalho, pela parceria formada, por longos dias
de estudos e trabalhos realizados, pela dedicação e por momentos inesquecíveis.
Agradecimento particular do autor Ismar Junior Mariano Sardinha: agradeço
primeiramente a Deus, que me deu saúde e forças para superar todos os momentos
difíceis a qual deparei ao longo da minha graduação. Tenho uma profunda gratidão
aos meus pais Vera Mariano Sardinha e Ismar Raimundo Sardinha, que sempre me
incentivaram e sempre mostraram sua presença e amor incondicional, tornando este
trabalho a prova de que os esforços deles pela minha educação não foram em vão e
valeram a pena. As minhas irmãs Rosemeire Mariano Sardinha, Roseane Mariano
Sardinha Baptista e Giovana Sardinha, pela amizade e atenção dedicadas quando
sempre precisei. A minha namorada, pelo amor e paciência que depositou neste ciclo.
É chegado o fim de um ciclo de muitas risadas, choro, felicidades e frustações
compartilhados com meus caros amigos Denis Rankin, Amélia Silva e
Lucas Orlandini, os quais sei que levarei comigo eternamente. Sendo assim,
agradeço a todos que fizeram parte desta etapa da minha vida.
Agradecimento particular do autor Lucas Suguyama Orlandini: saliento o
agradecimento a Deus por me dar capacidade, aos meus pais
Sueli Suguyama Orlandini e José Orlando Orlandini por todos os esforços e
incentivos devotados a mim durante a vida e aos amigos que possuo e que fiz
durante todo o período acadêmico que me apoiaram e fizeram parte dessa
caminhada.
RESUMO

Muros de arrimo são estruturas essenciais para contenção de solo, sejam eles feitos
com materiais comuns, como muro de arrimo moldado in loco (concreto armado), ou
sejam eles feitos com materiais racionalizados, como o muro de arrimo de alvenaria
estrutural. O fato é que independente do conceito utilizado para projetar muros de
arrimo, no fim, sempre serão visadas a praticidade, viabilidade e economia. O estudo
apresentado tem como objetivo projetar um muro de arrimo de concreto moldado in
loco e um muro de arrimo de alvenaria estrutural, comparar ambos os métodos
construtivos e apresentar de forma clara um roteiro de cálculo, projeto e comparação
de custo focando no material da superestrutura. Para tanto, foram realizados
levantamentos bibliográficos de ambos os assuntos e dessa maneira escolheu-se
uma tipologia de muro de arrimo fictícia geral para o dimensionamento e projeto. Além
da tipologia, foi utilizado para ambos os muros a mesma carga acidental e os mesmos
esforços solicitantes para uma comparação mais exata. A análise dos resultados
consistiu em uma comparação de custo quanto aos materiais empregados nos muros
de arrimo em relação a superestrutura, onde em uma tabela foram dispostos os
quantitativos totais dos materiais utilizados com seus respectivos preços levantados
na região de Atibaia/SP. A partir da análise dos resultados foi possível concluir que
tanto o muro de arrimo de concreto moldado in loco quanto o de alvenaria estrutural
atenderam aos requisitos mínimos de estabilidade e comprovaram sua eficiência
estrutural, entretanto uma comparação levando em conta apenas quantitativos de
materiais e seus custos não é suficiente para determinar qual método construtivo é o
mais viável, uma vez que estudos aprofundados de solo, disponibilidade no mercado,
mão de obra especializada e tipo de fundação são considerações que devem ser
levadas em conta no momento da escolha.

Palavras-chave: Muro de Arrimo. Alvenaria estrutural. Concreto armado.


ABSTRACT

Retaining walls are essential structures for soil containment, whether they are made
of common materials such as the on-site molded retaining walls (reinforced concrete),
or made of rationalized materials such as the structural masonry retaining wall. The
point is that regardless of the concept used to design retaining walls, in the end, the
goal will always be aimed at practicality, feasibility and economy. The present study
aims to design an on-site cast concrete retaining wall and a structural masonry
retaining wall, and compare both construction methods while clearly presenting a
calculation, design and cost comparison roadmap focusing on the super structure
materials. In order to achieve this goal, bibliographic surveys of both subjects were
carried out and in this way a typology of a general fictitious retaining wall was chosen
for sizing and design. In addition to the typology, the same accidental load and
requesting efforts were used for both walls for a more accurate comparison. The
analysis of the results consisted of a cost comparison of the materials used in the
retaining walls in relation to the superstructure, where in a table the total quantities of
the materials used in relation to their respective prices, raised in the Atibaia-SP region,
were arranged. From the analysis of the results it was possible to conclude that both
the on-site cast concrete and structural masonry retaining walls met the minimum
stability requirements and proved their structural efficiency, however a comparison
taking into account only quantitative materials and their costs is not sufficient to
determine which construction method is the most viable, since in-depth soil studies,
market availability, skilled labor and foundation type are some of several other
considerations that should be taken into account at the time of choice.

Keyword: Retaining walls. Structural masonry. Reinforced concrete


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Modelo de blocos estruturais ................................................................ 18


Figura 2.2: Modulações de bloco mais comuns ...................................................... 18
Figura 2.3: Família de blocos 14 x 19 x 39 cm ........................................................ 19
Figura 2.4: Família de blocos 19 x 19 x 39 cm ........................................................ 19
Figura 2.5: Família de blocos 14 x 19 x 29 cm ........................................................ 19
Figura 2.6: Amarração indireta e direta ................................................................... 20
Figura 2.7: Amarração com grampo ........................................................................ 20
Figura 2.8: Amarração com Tela ............................................................................. 20
Figura 2.9: Amarrações em fiada ............................................................................ 21
Figura 2.10: Argamassadeira de eixo horizontal ..................................................... 22
Figura 2.11: Aplicação de argamassa ..................................................................... 22
Figura 2.12: Forma de assentamento ..................................................................... 23
Figura 2.13: Graute e armadura .............................................................................. 23
Figura 2.14: Traços de graute grosso ..................................................................... 24
Figura 2.15: Espaçamento das armaduras verticais e horizontais.......................... 25
Figura 2.16: Teste de compressão de um prisma ................................................... 26
Figura 2.17: Ensaio de compressão de um bloco de concreto ................................ 27
Figura 2.18: Teste de compressão de um corpo de prova feito com graute ............ 29
Figura 2.19: Relação prisma / bloco estimadas ....................................................... 30
Figura 2.20: Tipos de modulação do enrijecedor .................................................... 31
Figura 3.1: Perspectiva do ensaio à percussão (SPT) ............................................ 34
Figura 3.2: Tipos de drenagem ............................................................................... 34
Figura 3.3: Muro de arrimo de alvenaria estrutural .................................................. 36
Figura 3.4: Muro de arrimo de gabião ..................................................................... 37
Figura 3.5: Perfil retangular ..................................................................................... 37
Figura 3.6: Perfil trapezoidal ................................................................................... 37
Figura 3.7: Perfil escalonado .................................................................................. 38
Figura 3.8: Muro de arrimo por flexão ..................................................................... 38
Figura 3.9: Tipos de perfis de muros corridos ou contínuos .................................... 39
Figura 3.10: Cortina atirantada ............................................................................... 40
Figura 3.11: Tipos de muro de arrimo com contraforte. ........................................... 40
Figura 3.12: Muro ligado à estrutura ....................................................................... 41
Figura 3.13: Coeficientes de minoração (ɣm) ........................................................... 42
Figura 3.14: Coeficientes de majoração (ɣf) ............................................................ 43
Figura 3.15: Forças de empuxo atuantes. ............................................................... 44
Figura 3.16: Parâmetro interno liso e vertical .......................................................... 45
Figura 3.17: Parâmetro interno liso, inclinado do lado da terra e terreno horizontal 45
Figura 3.18: Parâmetro interno liso, inclinado do lado da terra e terreno com inclinação
α = φ ....................................................................................................................... 46
Figura 3.19: Parâmetro interno liso, vertical e terreno com inclinação α = φ ........... 46
Figura 3.20: Parâmetro interno liso, vertical e terreno adjacente horizontal (Caso usual
dos muros de concreto armado moldado in loco) .................................................... 47
Figura 3.21: Valores de μ ........................................................................................ 49
Figura 3.22: Valores característicos da resistência ao cisalhamento - fvk (Mpa)..... 52
Figura 3.23: Valores mínimos das cargas verticais ................................................. 53
Figura 3.24: Deslizamento (translação)................................................................... 55
Figura 3.25: Ganchos para as armaduras ............................................................... 56
Figura 3.26: Diâmetro dos pinos de dobramento (ganchos) .................................... 57
Figura 4.1: Situação fictícia para o qual os muros serão dimensionados ................ 59
Figura 4.2: Perfil do muro de arrimo ........................................................................ 60
Figura 4.3: Pré-dimensionamento ........................................................................... 60
Figura 4.4: Dimensões finais do muro de arrimo de concreto moldado in loco ........ 61
Figura 4.5: Representação para cálculo do momento atuante na sapata do muro .. 65
Figura 4.6: Valores para cálculo de armadura (KMD) ............................................. 66
Figura 4.7: Corte transversal – disposição de armaduras ....................................... 68
Figura 4.8: Dimensões finais do muro de arrimo de alvenaria estrutura .................. 69
Figura 4.9: Transformação do carregamento triangular em um carregamento uniforme
............................................................................................................................... 70
Figura 4.10: Área de influência para cada enrijecedor ............................................ 71
Figura 4.11: Altura útil do enrijecedor ..................................................................... 72
Figura 4.12: Distribuição da armadura N1 ............................................................... 74
Figura 4.13: Coeficientes para cálculo do momento de ruptura .............................. 76
Figura 4.14: Altura útil do painel para armadura horizontal ..................................... 78
Figura 4.15: Distribuição da armadura horizontal N2 .............................................. 80
Figura 4.16: Altura útil do painel para armadura vertical ......................................... 80
Figura 4.17: Distribuição da armadura vertical N3 .................................................. 82
Figura 4.18: Distribuição das armaduras principais em elevação ............................ 82
Figura 4.19: Modulação para um módulo de muro .................................................. 83
Figura 4.20: Amarração dos módulos com grampos ............................................... 84
Figura 4.21: Complemento do primeiro e último enrijecedor ................................... 84
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores típicos do peso específico de solos ............................................ 48


Tabela 2: Valores típicos do ângulo de atrito interno de solos não coesivos ........... 50
Tabela 3: Quantitativos e custo para o muro de arrimo moldado in loco ................. 85
Tabela 4: Quantitativos e custos para o muro de arrimo em alvenaria estrutural .... 86
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13

1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 13

1.2 OBJETIVOS............................................................................................... 14

1.3 METODOLOGIA ........................................................................................ 15

2. ALVENARIA ESTRUTURAL ........................................................................... 16

2.1 BLOCOS E AMARRAÇÕES ...................................................................... 17

2.2 ARGAMASSA ............................................................................................ 21

2.3 GRAUTE .................................................................................................... 23

2.4 ARMADURA .............................................................................................. 24

2.5 PRISMA ..................................................................................................... 25

2.5.1 Resistência do bloco ........................................................................... 26

2.5.2 Resistência da argamassa .................................................................. 27

2.5.3 Resistência do graute .......................................................................... 28

2.5.4 Relação prisma / bloco ........................................................................ 29

2.6 ENRIJECEDOR ......................................................................................... 30

3. MURO DE ARRIMO ......................................................................................... 33

3.1 TIPOS DE MUROS DE ARRIMO ............................................................... 35

3.1.1 Muro de arrimo de alvenaria estrutural ................................................ 35

3.1.2 Muro de arrimo por gravidade ............................................................. 36

3.1.3 Muro de arrimo por flexão (concreto armado moldado in loco) ............ 38

3.2 PARÂMETROS DE CÁLCULO .................................................................. 42

3.2.1 Empuxo ............................................................................................... 43

3.2.2 Peso específico ................................................................................... 47

3.2.3 Força de atrito ..................................................................................... 48


3.2.4 Coeficiente de atrito............................................................................. 49

3.2.5 Ângulo de atrito ................................................................................... 49

3.2.6 Tensões .............................................................................................. 50

3.2.7 Cisalhamento ...................................................................................... 51

3.2.8 Carga acidental ................................................................................... 53

3.2.9 Equilíbrio de rotação ou tombamento .................................................. 53

3.2.10 Equilíbrio de translação ou deslizamento ......................................... 54

3.2.11 Ancoragem das armaduras .............................................................. 55

4. DIMENSIONAMENTO ...................................................................................... 59

4.1 MURO DE CONCRETO MOLDADO IN LOCO .......................................... 59

4.1.1 Cálculo das armaduras ..................................................................... 64

4.2 MURO DE ALVENARIA ESTRUTURAL .................................................... 69

4.2.1 Cálculo do enrijecedor ......................................................................... 70

4.2.2 Cálculo do painel ................................................................................. 75

4.2.3 Modulação enrijecedor x painel ........................................................... 83

5. RESULTADOS E ANÁLISES .......................................................................... 85

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 88

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 90

8. APÊNDICE A – Projeto muro de arrimo de concreto moldado in loco


(concreto armado) ................................................................................................ 94

9. APÊNDICE B – Projeto muro de arrimo de alvenaria estrutural.................. 94


1. INTRODUÇÃO

Fazer contenções de taludes devido a uma topografia acidentada em terrenos


com diferenças de nível exige, de acordo com a situação de cada obra, estruturas de
contenção. Os muros de arrimo têm como princípio a estabilização destas superfícies,
mantendo-as em equilíbrio, para que não haja movimentos indesejáveis do terreno.
Existem diferentes tipos de muros de arrimo sendo eles de concreto moldado
in loco, alvenaria estrutural, gravidade, flexão podendo ser com ou sem tirante ou
contrafortes. Logo, independentemente da geometria e do tipo de estrutura do muro,
este deve ser devidamente dimensionado e construído para que seja capaz de
suportar as solicitações de esforços críticos durante toda à sua vida útil, com o
máximo de segurança.
Neste trabalho, para uma mesma situação de carregamento, são apresentados
dois métodos construtivos de muros de arrimo, concreto moldado in loco e de
alvenaria estrutural. Posteriormente, são descritos parâmetros de cálculo, com base
em renomados autores e normas pertinentes, indispensáveis para o correto
dimensionamento de ambos os métodos.
O presente trabalho abordará um estudo sobre as situações acima
mencionadas levando em consideração características dos solos, teorias de
determinação das ações atuantes e apresentará, com base em uma situação fictícia,
o dimensionamento das duas metodologias propostas em forma de roteiro de cálculo
visando facilitar outros dimensionamentos para situações semelhantes bem como
buscará definir a eficácia dos muros e apresentar um breve comparativo quanto a
materiais empregados.

1.1 JUSTIFICATIVA
A busca por economia e inovações no setor da construção civil tem sido cada
vez mais constante, buscando também obras mais rápidas e enxutas, ou seja, sem
desperdícios, racionalizando o uso de materiais tornando assim a construção mais
eficiente.
Neste contexto, a alvenaria estrutural vem ganhando espaço nas construções
de residências e até edifícios de múltiplos pavimentos. Visando isso, surge-se a ideia

13
de aplicar a mesma técnica na construção de muros de arrimo, buscando agilidade
na execução e mais organização no canteiro de obra.
O uso do muro de arrimo em alvenaria estrutural é uma metodologia que pode
ser explorada, podendo até se tornar um método construtivo usual e desmistificar a
impressão que se tem em relação a resistência da alvenaria estrutural. Ao buscar
informações sobre o cálculo de estruturas para esta finalidade, pouco se encontra e
o que se encontra normalmente são estudos mais focados no comportamento do
material e não no dimensionamento de um muro típico. Por este motivo, este trabalho
justifica-se, pois busca trazer para o meio profissional um roteiro de cálculo que facilite
aos engenheiros o dimensionamento de muros de arrimo utilizando o conceito de
alvenaria estrutural.

1.2 OBJETIVOS
O presente estudo tem como objetivo principal estudar a viabilidade de
execução de muros de arrimo em alvenaria estrutural, considerando o método
construtivo e sua eficiência estrutural, comparando-o com o muro de arrimo de
concreto moldado in loco.
Mais especificamente, pretende-se:
 Verificar os métodos de cálculos existentes para muros de arrimo executados
em alvenaria estrutural através de levantamentos bibliográficos;
 Comparar a solução, a título de praticidade e viabilidade, do muro de arrimo
em alvenaria estrutural com um muro em concreto armado moldado in loco
(solução convencional);
 Desenvolver um roteiro de cálculo utilizando os métodos existentes a fim de
facilitar o dimensionamento;
 Dimensionar e projetar um muro de arrimo de concreto armado moldado in loco
e um em alvenaria estrutural, conforme os cálculos estudados;
 Concluir se o método em alvenaria estrutural é o mais prático e o mais
econômico quanto a materiais empregados nos painéis e enrijecedores,
comparado ao método de concreto moldado in loco.

14
1.3 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos do trabalho, primeiramente, foi realizado um
levantamento bibliográfico a respeito dos tipos de muro de arrimo existentes, métodos
de cálculo e comportamento de elementos em alvenaria estrutural. Posteriormente, a
partir das pesquisas realizadas, escolheu-se uma geometria de muro de arrimo para
seu cálculo e dimensionamento. Para efeito de comparação foram realizados dois
projetos, um em concreto moldado in loco e outro em alvenaria estrutural.
O projeto do muro foi realizado de acordo com as normas e para um maior
entendimento e possíveis variações de geometria, foi desenvolvido um roteiro (passo
a passo) dos cálculos para ambos os métodos construtivos. Por fim, comparou-se as
duas tipologias de muro a fim de verificar quais deles resistem aos esforços
solicitantes das condições apresentadas.
Após analisados os itens, finalizou-se o estudo e concluiu-se o método mais
prático e o mais econômico quanto a materiais empregados no que se diz respeito a
muro de arrimo em alvenaria estrutural e em concreto armado moldado in loco.

15
2. ALVENARIA ESTRUTURAL

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo, onde a própria alvenaria possui


como conceito principal funcionar como estrutura central, que suporta todas as ações
atuantes na construção e mesmo assim proporciona estabilidade, formando um
conjunto monolítico. Contrastante a isso, o concreto armado moldado in loco possui
como estrutura principal os pilares e as vigas, enquanto a alvenaria é utilizada apenas
como fechamento (SÁNCHEZ, 2013).
Atualmente, quase não se encontram bibliografias nacionais tratando sobre
muro de arrimo em alvenaria estrutural, na maioria das vezes ou quase sempre,
encontram-se ótimas bibliográficas de alvenaria estrutural voltadas unicamente ao
conceito de construções de prédios, englobando projeto e execução, porém esse
sistema construtivo pode ser utilizado em vários seguimentos da construção. Sánchez
(2013) afirma que, umas das grandes vantagens da alvenaria estrutural é a
racionalização dos materiais utilizados na construção e dos métodos construtivos,
produzindo assim uma obra de qualidade.
Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), comentam que com as novas exigências
de paredes mais esbeltas e vão maiores, foram introduzidos dois tipos de alvenarias,
as armadas e as protendidas, onde antes a utilização era apenas de alvenarias não-
armadas. As alvenarias não armadas ocorrem quando não há a utilização de nenhum
tipo de armadura, exceto as construtivas de cintas, vergas e contravergas. Este tipo
de alvenaria resiste muito bem a cargas de compressão, porém seu uso é limitado a
carregamentos que levam as tensões de tração. A alvenaria armada ocorre quando
são consideradas a utilização de armaduras para resistir aos esforços solicitantes,
sendo eles tensões de tração e cisalhamento. Já a alvenaria protendida, utiliza-se de
armaduras ativas onde barras roscadas de aço sofrem uma força de protensão
através de um macaco hidráulico ou pelo simples aperto de porcas de ancoragem.
Basicamente a alvenaria estrutural é composta por quatro principais
componentes: bloco (conhecido também como unidade), argamassa de
assentamento, graute e armadura, conforme demonstrados nos próximos itens.
Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), frisam uma importante observação
quanto a utilização de alvenaria estrutural, o sistema construtivo é indicado quando
não há previsão de alterações na arquitetura, visto que é um sistema limitado para

16
alterações in loco, entretanto é válido observar que o uso de alvenaria estrutural é
uma ótima opção em questão de racionalização, planejamento, controle, rapidez e
custo.

2.1 BLOCOS E AMARRAÇÕES

No sistema construtivo de alvenaria estrutural, basicamente utilizam-se três


tipos de blocos, simplificadamente os autores Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013)
os descrevem como blocos cerâmicos, sílico-cálcário e concreto. Bloco cerâmico, que
por muitas vezes são os mais utilizados pelo fácil acesso e baixo custo, são fabricados
basicamente feitos pela queima da argila por volta de 900°C, já os blocos de sílico-
cálcário, utilizados mais na Europa, Austrália, alguns locais dos Estados Unidos e do
Brasil, são fabricados a partir da mistura de cal e areia, são prensados e submetidos
a processos de autoclavagem (processo de alta pressão e temperaturas em um
forno), e pôr fim, os blocos de concreto, são produzidos com cimento, agregado e
água e hoje com uma produção bem industrializada, a mistura é inserida em uma
forma metálica vibratória, onde é compactada e prensada, o bloco então é
armazenado em um local específico para o processo de cura que demora em torno
de 18 horas (dependendo do processo) e seus ensaios devem seguir a NBR 12118
(2013).
No geral, os blocos utilizados na construção “devem apresentar um aspecto
homogêneo e compacto, com arestas vivas sem trincas e textura com aspereza
adequada à aderência de revestimentos” (Manzione, 2007), detalhes esses que são
fundamentais para que o bloco mantenha uma ótima resistência e durabilidade.
Manzione (2007) ainda afirma que a resistência do bloco estrutural é representada
pelo fbk, dependendo da utilização do bloco sua resistência pode variar, sendo que o
índice mínimo utilizado é de 4,5 MPa podendo utilizar nas paredes internas ou
externas com revestimento. A NBR 6136 (2016), dispõem dos requisitos mínimos
para resistência característica à compressão dos blocos de concreto, e os divide em
três classes.

 Classe A: possui função estrutural, fbk mínimo de 8,0 MPa, indicados para
aplicações abaixo do nível do solo.

 Classe B: possui função estrutural, fbk mínimo de 4,0 MPa.

 Classe C: com ou sem função estrutural, fbk mínimo de 3,0 MPa. Para função

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estrutural, permite-se blocos de concreto com largura de 90 mm para
edificações de um pavimento, de 115 mm para edificações de dois pavimentos,
de 140 mm e 190 mm para edificações de até cinco pavimentos, sem função
estrutural permite-se blocos com largura de 65 mm.

A Figura 2.1 ilustra os blocos estruturais existentes que podem ser usados na
elevação de alvenarias, cerâmico, sílico-cálcário e concreto.

Figura 2.1: Modelo de blocos estruturais

Fonte: (LIMA, 2017). Adaptado

As construções em alvenaria estrutural devem ser projetadas levando em


consideração a dimensão do bloco que será utilizado, uma vez que não deve ser
permitida a quebra de blocos afim de que se usem blocos inteiros e que haja
condições para realizar modulação e amarração nos encontros das paredes.
(PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013).
Os mesmos autores ainda afirmam que, um bloco estrutural usual possui
dimensões nominais de 14 x 29 cm, considerando uma junta de argamassa de 1 cm
tem-se então uma dimensão modular de 15 x 30 cm. Logo, como a Figura 2.2 nos
mostra, para arrimos utiliza-se 20 x 40 cm desta forma o dimensionamento ideal de
planta no projeto deve ter uma base com múltiplos de 20 cm. As Figuras 2.3, 2.4 e
2.5 mostram as dimensões dos blocos da família 14 x 19 x 39 cm, da família de 19 x
19 x 39 cm e da família 14 x 19 x 29 cm, sucessivamente.

Figura 2.2: Modulações de bloco mais comuns

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013)

18
Figura 2.3: Família de blocos 14 x 19 x 39 cm

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013)

Figura 2.4: Família de blocos 19 x 19 x 39 cm

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013)

Figura 2.5: Família de blocos 14 x 19 x 29 cm

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013)

Na alvenaria estrutural, a amarração de paredes serve para unir os blocos


entre si e para que eles trabalhem em conjunto. Segundo Parsekian, & Soares (2010)
pode-se observar nos exemplos da Figura 2.6 a amarração indireta e amarração
direta no encontro de duas paredes.

19
Figura 2.6: Amarração indireta e direta

Fonte: (PARSEKIAN, & SOARES, 2010)

Parsekian, & Soares (2010), afirmam que a amarração direta entre paredes
deve ter um intertravamento dos blocos com uma interpenetração alternada de 50%
das fiadas. Ainda a indireta como não há sobreposição dos blocos deve haver uma
armação metálica (grampo ou telas, conforme ilustram as Figuras 2.7 e 2.8 sobre a
junta entre as paredes, havendo perda no desempenho estrutural devido a essa
amarração, logo recomenda-se uso preferencial das amarrações diretas.
Já na Figura 2.9, observam-se as amarrações em formatos L, T e X
considerando as modulações para 1ª e 2ª fiada.

Figura 2.7: Amarração com grampo

Fonte: (TAUIL, C. A.; RACCA, C. L.; 1988). Apud Freitas, 2013

Figura 2.8: Amarração com Tela

Fonte: (TAUIL, C. A.; RACCA C. L.; 1988). Apud Freitas, 2013

20
Figura 2.9: Amarrações em fiada

Fonte: (PARSEKIAN, & SOARES, 2010)

2.2 ARGAMASSA
A argamassa é fundamental para a estrutura da alvenaria, é ela quem
transmite de forma homogênea todas as ações verticais e horizontais atuantes no
bloco, criando assim uma estrutura única, além disso a argamassa é um componente
de ligação entre os blocos, ajuda a compensar as imperfeições dos blocos e absorve
pequenas deformações, mantendo a parede alinhada e sem irregularidades.
Basicamente, a argamassa é constituída de cimento, cal, areia e água, não
necessariamente em conjunto, ou seja, encontra-se argamassa de cimento
constituída por cimento e areia, argamassa de cal constituída de cal e areia,
argamassas mistas que englobam todos esses agregados e, pôr fim, a argamassa
industrializada que substitui a cal por aditivos, porém é de extrema necessidade
verificar os ensaios desenvolvidos pelos fabricantes. (SÁNCHEZ, 2013).
Manzione (2007) recomenda a utilização das argamassas industrializadas,
porém alerta que para esse tipo de argamassa é necessária a utilização de
argamassadeira de eixos horizontais. Segundo a empresa ANVI, fabricante de
argamassadeira, a principal vantagem de utilizar o equipamento é o ganho de
agilidade de até 4 vezes maior que a betoneira comum, como possui um misturador
de eixo horizontal (Figura 2.10) a argamassadeira proporciona uma mistura mais
eficiente.

21
Figura 2.10: Argamassadeira de eixo horizontal

Fonte: (ANVI, 2019)

A argamassa de assentamento deve ser aplicada respeitando a NBR 15961-1


(2003) que define uma junta de espessura de 10 mm, exceto quando especificado de
forma explicita no projeto. Considera-se a aplicação da argamassa como uma
aplicação simples, podendo utilizar qualquer equipamento comum de obra, observa-
se na Figura 2.11 a aplicação de argamassa com uma bisnaga, que facilita a aplicação
e ajuda a conter desperdícios.

Figura 2.11: Aplicação de argamassa

Fonte: (BRIGIDO, 2012)

Espalhar a argamassa apenas nas laterais ou sobre toda a sua face de


assentamento pode influenciar diretamente na resistência à compressão de uma
parede. Esta escolha deve levar em consideração alguns fatores como: resistência à
compressão, produtividade, forma do bloco, permeabilidade, entre outros parâmetros.
(PARSEKIAN, & SOARES, 2010).
Os mesmos autores completam que esses fatores contribuem para a opção da
forma que se irá utilizar a argamassa. A utilização apenas nas laterais gera uma maior
produtividade, tem-se uma maior estanqueidade pois há argamassa apenas nas
laterais e tradicionalmente a mão de obra aceita melhor esse tipo de procedimento.

22
Porém, considerando a área bruta, a resistência de uma parede com argamassa
apenas nas laterais, caso A, será menor do que em toda face, caso B, conforme
Figura 2.12 abaixo.

Figura 2.12: Forma de assentamento

Fonte: (PARSEKIAN, & SOARES,2010) adaptado

2.3 GRAUTE
Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), explicam que o graute é um concreto de
agregados finos, misturado com água e cimento, utilizado para preencher os vazios
do bloco, onde a sua função principal é de aumentar a resistência a compressão de
uma parede ou de um ponto localizado e unir as armaduras as paredes. O graute
possui um alto slump (test slump mede a consistência do concreto) e uma elevada
relação água/cimento que forma uma mistura bastante fluida e capaz de preencher
todos os vazios do bloco como ilustra a Figura 2.13. Segundo a NBR 15961-1 (2013),
graute é utilizado para solidarizar armaduras à alvenaria ou para aumentar a
resistência da armadura.

Figura 2.13: Graute e armadura

Fonte: (CARNEIRO, 2015)

23
Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), recomendam que o graute não seja
substituído por concreto e nem por argamassa, a não ser que o projetista estrutural
permita isso em projeto, na Figura 2.14 observam-se os traços elaborados para que
se obtenham grautes grossos (com agregados de 10 mm) com diferentes resistências
e slump de 22 cm com variação de 1 cm para mais ou para menos. Os autores
recomendam ainda que para a alvenaria estrutural a resistência do graute não pode
ser inferior a 15 MPa quando possuir armadura, a fim de garantir uma melhor
aderência.

Figura 2.14: Traços de graute grosso

Fonte: (PARSEKIAN, & SOARES,2010) adaptado

2.4 ARMADURA
A principal função da armadura na alvenaria estrutural é de combater esforços
de tração, observa-se na Figura 2.13 a armadura sendo grauteada no bloco, é
obrigatório o uso de graute no vão do bloco toda vez que houver a necessidade de
utilizar armadura (MANZIONE, 2007).
O mesmo aço utilizado em concreto armado é utilizado na alvenaria armada,
afirmam os autores Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) e concluem ainda que o tipo
do aço mais comum é o CA50, com tensão de escoamento de 500 MPa. Além disso,
indicam ainda que de forma geral o diâmetro máximo da armadura utilizada na
alvenaria estrutural é de 25 mm e devem obedecer a uma taxa máxima de 8 % da
área da seção grauteada, além disso nas juntas de assentamento o diâmetro máximo
é de 6,3 mm. Quanto aos espaçamentos da armadura, os mesmos autores utilizam
em seu experimento os limites de distanciamentos conforme representado na Figura
2.15, sendo uma distância de 0,8 m entre armaduras horizontais e 0,6 m entre

24
armaduras verticais.

Figura 2.15: Espaçamento das armaduras verticais e horizontais

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013) adaptado

Os mesmos autores salientam ainda ser importante frisar que todas as


armaduras, independente do seu uso, devem estar armazenadas de maneira que
estejam protegidas de corrosão, que ocorrem quando as mesmas entram em contato
com umidade e oxigênio, uma vez que a armadura está embutida dentro do graute
ela está livre desse problema, assim como quando está em contato com o concreto,
desde que esses estejam com o cobrimento adequado e bem adensadas, indica-se
ainda, que as armaduras nas juntas de assentamento sejam galvanizadas, essas
recomendações auxiliam na durabilidade da alvenaria.

2.5 PRISMA
Prisma é um corpo de provas de blocos unidos por junta de argamassa,
grauteados ou não, a ser ensaiado a compressão, oferece informação básica sobre
resistência à compressão da alvenaria e é o principal parâmetro para projeto e
controle de obra. (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013.
A NBR 15961-2 (2011) considera que a caracterização da alvenaria deve ser
feita através de três ensaios, de prisma, de pequena parede ou parede, executados
com blocos, argamassas e grautes de mesma origem e características dos que serão

25
efetivamente utilizados na estrutura. Cada corpo de prova é um prisma oco ou cheio,
constituído de dois blocos sobrepostos, íntegros e isentos de defeitos, conforme
ilustrado na Figura 2.16, onde pode ser visto o setup de um ensaio de resistência a
compressão do prisma.
,

Figura 2.16: Teste de compressão de um prisma

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013) adaptado

Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), citam vários fatores que influenciam na
resistência do prisma, dentre eles destacam-se a resistência do bloco, da argamassa
e do graute, conforme os itens abaixo:

2.5.1 Resistência do bloco


A resistência à compressão do bloco é a principal característica na resistência
dos prismas e paredes, sendo que esta característica é válida principalmente quando
estes não são grauteados (ROMAGNA, 2000). O bloco é o principal elemento que
resiste aos esforços de compressão, que compõe praticamente 80% do volume de
alvenaria (PARSEKIAN, & SOARES, 2010).
A especificação dos blocos deve ser feita de acordo com a NBR 12118 (2013)
para blocos de concreto. Conforme Figura 2.17, observa-se um exemplo de ensaio à
compressão do bloco de concreto, entretanto independentemente do tipo de bloco a
ser utilizado, todos os ensaios devem ser realizados em laboratórios de pesquisa com
equipamentos apropriados.

26
Figura 2.17: Ensaio de compressão de um bloco de concreto

Fonte: (SANTOS, 2016)

Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) também descrevem que a resistência a


compressão do prisma depende muito da resistência do bloco. Para blocos vazados
de concreto, percebe-se um efetivo aumento de resistência à compressão do prisma
com o aumento da resistência do bloco. Logo, como o mecanismo de ruptura de um
prisma é diferente da ruptura de um bloco, fatores como resistência à tração e
geometria influenciam muito essa relação de resistência prisma/bloco.

2.5.2 Resistência da argamassa


Para parede, de uma forma geral, a resistência da argamassa não é tão
significativa quanto a resistência do bloco, principalmente na alvenaria grauteada.
(ROMAGNA, 2000). A resistência da argamassa deve ser determinada de acordo com
a NBR 13279 (2005).
Mendes (1998), concluiu que para um mesmo bloco cerâmico, os melhores
resultados de resistência à compressão são obtidos com o aumento da resistência da
argamassa, no entanto, as argamassas utilizadas pelo autor, também eram menos
resistentes que o bloco pesquisado. Ou seja, a resistência da argamassa de
assentamento não precisa ultrapassar a resistência à compressão dos blocos, sob
pena de se produzir uma argamassa muito rígida a qual não é adequada para o
desempenho das paredes.

27
É importante notar que uma grande resistência não é necessariamente
sinônimo da melhor solução estrutural. A argamassa deve ser resistente o suficiente
para suportar os esforços que a parede será submetida e a resistência da argamassa
não deve exceder a resistência dos blocos da parede, de maneira que as fissuras que
venham ocorrer devido a expansões térmicas ou outros movimentos da parede
ocorram na junta. (ROMAGNA, 2000).
A NBR 15961-1 (2011) cita que com relação à resistência à compressão, deve
ser atendido o valor máximo limitado a 70% da resistência característica especificada
para bloco, referida à área líquida. Porém Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013)
indicam que a resistência da argamassa deve ser a mínima necessária de acordo
com o uso, sendo recomendável resistência entre 70% e 150%, dentro dessa faixa,
não se espera grande influência da argamassa na resistência do prisma. O limite
inferior é o mais adequado para casos com carga vertical predominante (edifícios) e
o superior quando a ação horizontal é predominante (arrimo).

2.5.3 Resistência do graute


A NBR 15961-2 (2011) cita que o graute deve obter resistência à compressão
de maneira que a resistência do prisma grauteado atinja a resistência especificada
pelo projetista. O graute deve ser ensaiado quanto à resistência à compressão
conforme a NBR 5739 (2018).
De acordo com Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), os ensaios de resistência
à compressão de grautes são importantes tendo em vista o controle de qualidade,
sendo que esta resistência tem influência com comprimento de ancoragem de
armaduras e com a resistência à compressão da parede de acordo com as
especificações estabelecidas pelo projetista. O ensaio dos cilindros de graute
conforme mostra a
Figura 2.18 é uma forma de representar o controle deste material em obra, no
entanto a resistência real do graute depositado dentro do bloco geralmente é maior,
pois, com a absorção da água pelo bloco, a relação da água/cimento é reduzida,
tendo uma resistência (após a absorção de água), cerca de 50% superior ao corpo
de prova do cilindro.

28
Figura 2.18: Teste de compressão de um corpo de prova feito com graute

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013)

A alvenaria totalmente grauteada tem resistência à compressão inferior à


esperada pela simples superposição da capacidade do graute mais a do bloco. Desta
forma, se considerar o aumento da resistência do prisma grauteado, levando em
consideração apenas o aumento da área de material devido ao grauteamento, pode-
se obter resultados contra a segurança. Logo, é importante que o projetista não leve
a ideia de que usar um graute de resistência elevada resultará em um maior ganho à
resistência da parede, porém, mesmo o aumento da área e a resistência obtida não
ser diretamente proporcional, o uso do graute é eficiente para aumento da resistência
à compressão. (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013).

2.5.4 Relação prisma / bloco


Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) ainda afirmam que, antes do início de
uma construção, ensaios de caracterização de prisma e de bloco devem ser sempre
executados, pois a normalização brasileira não menciona tabelas de relação
prisma/bloco, logo indica-se a necessidade dos ensaios. Os autores utilizam uma
tabela, conforme apresenta a Figura 2.19 para indicar algumas relações prisma/bloco
estimadas, levando em conta a resistência do bloco, argamassa e eventual graute.
Salienta-se que esta tabela é apenas indicativa, devendo cada situação ser avaliada
por ensaios ou baseada no histórico do produto.

29
Figura 2.19: Relação prisma / bloco estimadas

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013) adaptado

2.6 ENRIJECEDOR

De acordo com Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), o enrijecedor é um


elemento estrutural vinculado a uma parede estrutural, com um objetivo de construir
um enrijecimento na direção perpendicular ao seu plano, normalmente utilizado
quando a parede está sujeita à ação lateral fora de seu plano ou em paredes altas. O
mesmo autor afirma que o enrijecedor pode ter quatro funções estruturais:
 Como um pilar, para resistir às cargas concentradas em treliças, vigas ou
qualquer outro elemento estrutural apoiado sobre à parede. Ocorrendo uma
significante excentricidade de carregamento na direção perpendicular à
parede;
 Aumento da capacidade de resistir de uma parede alta, que pode servir de
suporte a uma laje, por exemplo, diminuindo a esbeltez da parede e
aumentando a resistência à flambagem;
 Em paredes sob ação lateral, onde o enrijecedor é utilizado em forma de seção
T coexistente com a parede, tendo um aumento considerável da resistência à
flexão;

30
 Aumento da estabilidade de paredes em balanço.
Os mesmos autores, definem ainda que as modulações dos enrijecedores
podem ser de tipos variados, conforme demonstrado na Figura 2.20.

Figura 2.20: Tipos de modulação do enrijecedor

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013).

Para Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), o enrijecedor pode ser calculado
como um pilar, considerando como eventual vantagem o painel (parede) que está
ligado a ele, formando um flange com ligação T, com a largura efetiva dimensionada
com as dimensões em até seis vezes o vão efetivo do painel de cada lado, ou ainda
distância entre eixos. Porém precisam ser consideradas duas condições, o painel
deve ser construído com junta amarrada em seu plano e os seguintes detalhes para
a ligação entre o painel e o enrijecedor devem ser verificados:
 As juntas devem ser diretamente amarradas em 50 %;
 A ligação do painel e do enrijecedor deve ser dimensionado por armaduras
diretamente ancoradas, espaçadas em até quatro vezes a sua espessura
nominal (espessura + 1 cm de junta, usualmente), da parede;
 A resistência a compressão deve ser checada na interface de ligação.
Conforme afirma Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), a transferência dos

31
esforços do painel de alvenaria para o enrijecedor podem ocorrer através do
dimensionamento da combinação de flexão em duas direções, sendo elas horizontal
e vertical, onde na prática os painéis podem ter apoios em dois, três ou quatro lados,
sendo mais comum no caso de muros apoiados em três lados.
A resistência à tração na flexão horizontal, ftk,paralela, pode ser até cinco vezes à
da flexão vertical, ftk,normal, tendo uma análise mais crítica por serem elementos
hiperestáticos. O painel tendo uma boa aderência ou continuidade em sua base, pode
ter atrito suficiente garantindo uma restrição horizontal, onde este apoio terá um
comportamento de engaste. Com aumento de esforços laterais, a combinação de
flexão em duas direções provocará tensões principais de magnitudes e direções
variadas ao longo da parede. Levando as considerações feitas no dimensionamento
dos painéis, o esforço transmitido em cada direção depende das vinculações
admitidas, da relação entre a altura e largura do painel e da rigidez do enrijecedor.
(PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013).

32
3. MURO DE ARRIMO

Muro de arrimo é uma tipologia de estrutura utilizada na construção civil com


o intuito de conter uma carga proveniente de um corte ou aterro de um talude
estabilizando-o com segurança, isolando assim toda carga proveniente do solo, os
muros de arrimo geralmente são constituídos de um elemento vertical ou pouco
inclinado que sustenta a terra, sobrecarregada ou não e, por isso, é importante a
construção de um muro de contenção bem dimensionado garantindo a segurança
(MOLITERNO, 1994).
A NBR 11682 (2009) define muro de arrimo como sendo, um ou mais,
elementos que juntos se opõem aos esforços advindos do solo e de sobrecargas
acidentais e/ou permanentes também a ele aplicados. Segundo Moliterno (1994),
para se ter a ideia de estabilidade deve-se determinar as forças que atuam na
estrutura, tais como seu próprio peso, o empuxo causado pela pressão do solo, as
reações do solo e eventuais cargas que serão aplicadas no topo do mesmo (cargas
acidentais), considerando a estabilidade do conjunto como um todo ao longo do muro
e da fundação.
De acordo com Moliterno (1994), a construção deste tipo de muro pode
representar um elevado ônus em relação ao orçamento total da obra, podendo até
ser mais elevado que o custo da própria edificação. Considerando a observação do
autor, pode-se afirmar que dessa maneira é necessário um estudo aprofundado do
assunto para que assim o custo desse item específico não encareça tanto a obra, a
escolha dos materiais utilizados também pode auxiliar na economia.
Para solucionar qualquer problema relacionado a contenção de solo, bem
como para um correto dimensionamento, deve ser analisado e estudado a natureza
geológica do local a ser implementado o muro de arrimo, com o objetivo de tornar a
estrutura estável. Para se analisar, conhecer e extrair informações do solo, são
realizadas sondagens no local, segundo Almeida (2005) o ensaio mais utilizado é o
Standard Penetration Test (SPT) e de acordo com a NBR 6484 (2001) o SPT é um
tipo de sondagem que determina o índice de resistência a penetração. É feita através
de perfuração e cravação dinâmica de um cilindro amostrador-padrão para a coleta
de amostras do solo de metro em metro, no qual se observa e determina o tipo de
solo, bem como nível do lençol freático.

33
Através da análise da sondagem, da amostra e de ensaios em laboratório é
possível determinar parâmetros como, por exemplo, peso específico, coeficiente e
ângulo de atrito além da capacidade do solo em resistir a esforços de cisalhamento.
(ALMEIDA, 2005). Observa-se na Figura 3.1, uma ilustração do equipamento utilizado
para sondagem do tipo SPT.

Figura 3.1: Perspectiva do ensaio à percussão (SPT)

Fonte: (HIGASHI, 2016) apud Thiesen, 2016. Adaptado

O DER (2005) salienta que, normalmente os muros de arrimo também são


compostos com elementos drenantes e filtrantes para que o solo não fique
sobrecarregado e/ou erodido devido a ação da água. Os elementos mais comuns de
serem utilizados são, filtros de areia ou brita, drenos profundos, barbacãs, drenos
sub-horizontais e canaletas. A Figura 3.2 ilustra alguns dos tipos de elementos
citados.
Figura 3.2: Tipos de drenagem

Fonte: (NARESI JUNIOR, 2019) adaptado.

34
Segundo Barros (2015), existem infinitos registros de obras de grande porte e
com alto custo que foram danificadas e até mesmo perdidas, apenas pelo fato de não
terem sido implementadas obras adequadas de drenagem, que têm como finalidade
a captação e o direcionamento das águas do escoamento superficial, assim como a
retirada de parte da água de percolação interna do maciço de solo arrimado.
Para um correto dimensionamento em obras de drenagem, deve-se
considerar, entre outros fatores, a área de contribuição, os índices pluviométricos e
as características dos materiais por onde percolam as águas a serem drenadas,
partilhando de dois tipos principais de drenagem: superficial e profunda (interna).
A drenagem superficial, como o próprio nome diz, tem por objetivo atribuir a
captação do escoamento das águas superficiais através de valetas, sarjetas,
canaletas, caixas de captação, escadas d’água ou tubulações e conduzi-las para um
local propício, tornando-se imprescindíveis nas obras destes portes, reduzindo ou até
impedindo a evolução dos processos erosivos superficiais e infiltração da água nos
maciços. Já a drenagem profunda tem, como função principal, promover processos
que possibilitam a retirada de água de percolação do maciço (através das fissuras e
fendas ou poros de um maciço rochoso), reduzindo as pressões neutras intersticiais
(pressões internas presentes nos espaços entre as partículas do solo) e a vazão de
percolação. (BARROS, 2015).

3.1 TIPOS DE MUROS DE ARRIMO

3.1.1 Muro de arrimo de alvenaria estrutural


Santos Junior (2014), afirma que a escolha do muro de arrimo para alvenaria
estrutural dependerá de vários fatores, principalmente das cargas aplicadas,
condições especificas do solo, tipo de uso e fatores de economia que devem ser
consideradas no início de cada projeto. Além desses fatores, como visto, a drenagem
também é um ponto importante para a construção do muro de arrimo.
Quase não se encontram bibliografias nacionais sobre o assunto de muro de
arrimo em alvenaria estrutural e seu dimensionamento, encontra-se apenas o
dimensionamento de alvenaria estrutural utilizadas em residências, prédios, edifícios,
entre outros. Segundo Porter (2009), possuem quatro tipos de muro de arrimo em

35
alvenaria estrutural, muro de gravidade, com contrafortes, em balanço e apoiados
sendo estes utilizados em edificações no subsolo. (apud SANTOS JUNIOR, 2014, p.
21). Na Figura 3.3 observa-se um muro de arrimo em alvenaria estrutural.

Figura 3.3: Muro de arrimo de alvenaria estrutural

Fonte: CIMENTO MONTES CLARO, 2017.

3.1.2 Muro de arrimo por gravidade


A NBR 11682 (2009) define o muro por gravidade como sendo uma estrutura
única, maciça, e que utiliza unicamente o seu peso próprio para se opor aos esforços
solicitantes, garantindo a estabilidade do talude.
Segundo Domingues (1997), esse tipo de muro geralmente é utilizado onde o
solo apresenta boa resistência. Pode ser construído com concreto ciclópico –
concreto feito com britas de grande diâmetro e dispostas em camadas e afastadas
para que a massa preencha todos os espaços –, alvenaria de pedra ou solo-cimento
ensacado.
Moliterno (1994), cita que esse tipo de muro, além dos materiais já citados,
também pode ser construído com tijolos ou pedras (onde o peso próprio da mesma
pode conter a carga advinda do solo), peças pré-moldadas de concreto armado,
arame zincado a fogo ou arame revestido de PVC utilizados para fazer cestas cheias
de pedras (gabiões), conforme ilustrado na Figura 3.4. Segundo o mesmo autor, são
três os perfis mais usuais para este tipo de muro, retangular na Figura 3.5, trapezoidal

36
na Figura 3.6 e escalonado na Figura 3.7.

Figura 3.4: Muro de arrimo de gabião

Fonte: (MACCAFERRI, 2019).

Figura 3.5: Perfil retangular

Fonte: (DER, 2005).

Figura 3.6: Perfil trapezoidal

Fonte: (DER, 2005).

37
Figura 3.7: Perfil escalonado

Fonte: (DER, 2005)

3.1.3 Muro de arrimo por flexão (concreto armado moldado in loco)


São muros mais leves e esbeltos em comparação com os muros de gravidade,
são compostos basicamente por duas lajes maciças uma na vertical (também
chamada de painel vertical) engastada noutra horizontal (chamada de painel
horizontal ou base), conforme ilustra a Figura 3.8. A base em contato direto com o
solo serve como sapata e recebe o peso próprio da laje vertical e do maciço de solo
depositado em cima dela. A laje vertical por sua vez, recebe os esforços do empuxo
ativo, ou seja, esforço proveniente do talude e da sobrecarga acidental quando
houver. (DOMINGUES 1997).

Figura 3.8: Muro de arrimo por flexão

Fonte: (CONCRELAJE, 2019)

38
Moliterno (1994) classifica os diferentes tipos de muro de arrimo de concreto
armado em basicamente três categorias, os muros corridos ou contínuos, os muros
com gigantes ou contrafortes e os muros ligados às estruturas. Cada uma delas
possuem suas particularidades além de diferentes perfis.

3.1.3.1 Muros corridos ou contínuos


Os muros corridos ou contínuos, ainda segundo Moliterno (1994), são os mais
viáveis em termos de praticidade de execução e com um custo acessível quando
construído com baixas alturas. Subdividem-se em quatro tipos de perfis, são eles:
 Perfil tipo L, para alturas até 2.00 m;
 Perfil clássico, para alturas que variam entre 2.00 m até 4.00m;
 Perfis especiais, para alturas que variam entre 2.00 m até 4.00m;
 Muro atirantado, para alturas de 4.00 m até 6.00 m.
Pode-se observar na Figura 3.9 a ilustração dos tipos de perfis mencionados.

Figura 3.9: Tipos de perfis de muros corridos ou contínuos

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

Segundo Domingues (1997), a estabilização destes tipos de muro de arrimo,


se dá pela ação da massa de solo depositada sobre a laje horizontal, ou seja, a sapata
do muro e pela ação do atrito entre o solo e a face da base em contato com o mesmo,
garantindo respectivamente o não tombamento e deslocamento do muro. O autor
ainda saliente que, o muro atirantado já não está mais em uso, e que atualmente
estão utilizando outras técnicas como a das cortinas atirantadas que se utilizam de

39
cabos ou vergalhões pré-tracionados e ancorados conforme a Figura 3.10.

Figura 3.10: Cortina atirantada

Fonte: (MARCHETTI, 2007) adaptado.

3.1.3.2 Muros com gigantes ou contrafortes


Moliterno (1994) diz que, em geral estes tipos de estruturas são para muros
com altura entre 6.00 m e 9.00 m, e que podem ser construídos de três diferentes
formas, contrafortes do lado da terra que podem ou não ter vigas intermediárias,
contrafortes do lado externo e contraforte sobre estacas as quais podem ser verticais
ou inclinadas, indicadas pela Figura 3.11, diferenciando esses quatro tipos de muro
com contraforte.

Figura 3.11: Tipos de muro de arrimo com contraforte.

Fonte: (MOLITERNO, 1994).

40
“Os contrafortes são elementos estruturais, que têm por finalidade transmitir as
cargas provenientes das lajes da cortina (lajes verticais) à sapata (laje de fundação) ”
(MOLITERNO, 1994).
No dimensionamento deste tipo de estrutura as lajes verticais são
consideradas contínuas e são responsáveis por receber os esforços horizontais
advindos do maciço de solo a ser contido. Considera-se que a laje tem três lados
engastados, nos contrafortes e na sapata, e um lado livre na borda superior. O peso
próprio da laje, dos contrafortes e os momentos fletores causados pelos esforços
horizontais na laje vertical são utilizados para o dimensionamento dos contrafortes.
Para dimensionar a sapata considera-se o peso total do muro, do maciço de solo
acima da sapata e o somatório do empuxo atuante na estrutura. (DOMINGUES 1997).

3.1.3.3 Muros ligados às estruturas


A terceira e última categoria classificada por Moliterno (1994) se subdividem
em muros junto às estruturas de edifícios e nos encontros de pontes ou viadutos.
Marchetti (2007) apresenta, conforme a Figura 3.12, um muro de arrimo ligado a
estrutura de um edifício, que possibilita a construção de subsolos utilizados como
estacionamento, onde o muro é solidarizado à estrutura do edifício.

Figura 3.12: Muro ligado à estrutura

Fonte: (MARCHETTI, 2007) adaptado.

41
3.2 PARÂMETROS DE CÁLCULO
Neste item, são expostos os parâmetros de cálculo para determinação dos
principais esforços atuantes em uma estrutura de muro de arrimo, cada um deles são
importantes para o correto dimensionamento do mesmo.
Conforme a NBR 15961-1 (2011) e Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), para
o cálculo de estruturas, os valores característicos da resistência dos materiais
correspondentes são em geral minorados por meio do coeficiente (ɣm), que possuem
a função de encobrir as incertezas que não possam ser tratadas estatisticamente,
como a característica do material quanto à sua variabilidade de resistência, incertezas
quanto à correlação obtida em ensaio e o valor real do material, assim como as
definições geométricas e fragilidade ou ductilidade do material. A Figura 3.13
apresenta valores para coeficiente de minoração.

Figura 3.13: Coeficientes de minoração (ɣm)

Fonte: (NBR 15961-1, 2010).

De acordo com Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), os carregamentos


atuantes em um sistema estrutural definem-se como o conjunto de ações que tem
possibilidade de atuação simultânea durante um período de tempo, onde devem ser
combinadas de modo a conhecer os efeitos mais desfavoráveis de sua atuação, para
que a segurança do sistema estrutural seja verificada em relação aos possíveis
estados limites. As ações devem ser majoradas por coeficientes de segurança. De
acordo com a NBR 6118 (2014), os coeficientes de majoração das ações e das
solicitações são representados por ɣf, conforme a Figura 3.14.

42
Figura 3.14: Coeficientes de majoração (ɣf)

Fonte: (NBR 6118, 2014)

Os coeficientes de majoração e de minoração são utilizados em várias


fórmulas que serão dispostas a seguir, tanto para o dimensionamento de muro de
arrimo de concreto moldado in loco quanto para o muro de arrimo em alvenaria
estrutural.

3.2.1 Empuxo
Empuxo ou empuxo ativo é definido como sendo uma força aplicada, contra o
muro de contenção, advinda de pressões laterais exercidas pela terra e/ou água.
(DOMINGUES 1997) (MOLITERNO 1994).
Moliterno (1994), diz que o empuxo também pode ser do tipo passivo, que é
quando a força atua do muro contra o solo, podendo neste caso, ajudar na
estabilização da estrutura.
Marchetti (2007), descreve que enquanto o aterro está sendo depositado atrás
do muro já construído, o muro sofre algum deslocamento, esse deslocamento é a
ação do empuxo. O empuxo do solo irá ter um valor próximo ao do empuxo do solo
ali em repouso, porém, logo que o muro começa a se deslocar devido a esta força, o
solo irá se deformar do estado de repouso para o estado ativo.
O empuxo ativo força a laje vertical para fora causando uma flexão na cortina
vertical e por consequência uma compressão na parte mais baixa (LOBO 2003). A
Figura 3.15 mostra um esquema simples das forças de empuxo atuantes em um muro
de arrimo com perfil clássico.

43
Figura 3.15: Forças de empuxo atuantes.

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

Para Moliterno (1994) e Marchetti (2007) o cálculo do empuxo ativo ou passivo


é dado pelo produto do peso específico do solo, coeficiente de empuxo e a altura do
muro de arrimo, conforme equação 1.

1
𝐸= . 𝐾𝑎 . ɣ𝑠 . ℎ2 1
2

Onde,
E = Empuxo;
Ka = Coeficiente de empuxo ativo;
ɣs = Peso específico do solo;
h = Altura útil do muro, da base ao topo.
Moliterno (1994), utiliza a teoria de Coulomb para uma análise mais profunda
de cálculo de empuxo, o autor afirma que devido ao atrito entre as partículas, a
rugosidade do muro e a inclinação do terreno em relação à horizontal é de extrema
necessidade a inclusão do coeficiente de empuxo (K). O autor descreve alguns
parâmetros para o dimensionamento de diferentes modelos de muro de arrimo onde
em cada caso possui um K diferente e é simplificado conforme as ilustrações abaixo,
o K é conhecido também como coeficiente de empuxo ativo (Ka).
Cada parâmetro possui uma equação distinta para cálculo do Ka, conforme
observa-se nos casos apresentados nas figuras abaixo.

44
Figura 3.16: Parâmetro interno liso e vertical

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

cos 2 𝜑 cos 𝛼
𝐾= 2
[√cos 𝛼 + √sen(𝜑 − 𝛼 )sen φ]2

Figura 3.17: Parâmetro interno liso, inclinado do lado da terra e terreno horizontal

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

cos 2 (Ɵ + φ)
𝐾= 3
cos Ɵ (cos Ɵ + sen φ)2

45
Figura 3.18: Parâmetro interno liso, inclinado do lado da terra e terreno com inclinação α = φ

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

cos 2 (Ɵ + φ)
𝐾= 4
𝑐𝑜𝑠 3 Ɵ

Figura 3.19: Parâmetro interno liso, vertical e terreno com inclinação α = φ

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

𝐾 = cos 2 φ 5

46
Figura 3.20: Parâmetro interno liso, vertical e terreno adjacente horizontal (Caso usual dos muros de
concreto armado moldado in loco)

Fonte: (MOLITERNO, 1994) adaptado.

𝜙
𝐾 = 𝑡𝑔2 (45° − ) 6
2

Caputo (2013) também utiliza a equação 6 para cálculo do empuxo ativo no


mesmo modelo de muro de arrimo dado na Figura 3.20. Caputo (2013), Moliterno
(1994) e Marchetti (2007) utilizam o inverso do coeficiente do empuxo ativo como
cálculo do coeficiente passivo, conforme a equação 7.

1
𝐾𝑝 = 7
𝐾𝑎

Onde,
Kp = Coeficiente do empuxo passivo;
Ka = Coeficiente do empuxo ativo.

3.2.2 Peso específico


Almeida (2005) define que o peso específico (ɣs) de uma partícula sólida é o
peso da substância que a forma por unidade do volume que ocupa no espaço. De
acordo com a equação 8 o peso específico da partícula é determinado pela razão
entre seu peso seco (Ps) e seu volume (Vs).

𝑃𝑠
γs = 8
𝑉𝑠

47
Existem vários processos para a determinação do peso específico do solo.
Uma amostra é colhida sem deformação, sendo então determinados sua massa e seu
volume. Almeida (2005) relata que os principais ensaios são o de cubo esculpido e
do cilindro de cravação.
Barros (2015) afirma que o peso específico do solo pode ser estimado de
acordo com o material obtido no local e classificado conforme a Tabela 1 que informa
os valores típicos do peso específico de solos.

Tabela 1: Valores típicos do peso específico de solos

Peso específico Peso específico


Tipo de Solo
[tf/m³] [kg/m³]
Areia uniforme, fofa 1,7 17
Areia uniforme, compacta 2,0 20
Areia siltosa, fofa 1,8 18
Areia siltosa, compacta 1,9 19
Silte 1,7 - 1,9 17 - 19
Silte Argiloso 1,6 - 1,8 16 - 18
Argila inorgânica 1,5 - 1,7 15 - 17
Argila orgânica 1,3 - 1,6 13 - 16

Fonte: (BARROS, 2015) adaptado.

3.2.3 Força de atrito


Conforme Teixeira (2019), existem duas forças de atrito sendo a estática e a
dinâmica, onde a estática age quando o corpo está parado e quando a força aplicada
a esse corpo é capaz de vencer o atrito estático o corpo se movimenta originando a
força de atrito dinâmica contrária ao movimento. Desta forma ambas são calculadas
através equação 9.

𝐹𝑎 = 𝜇 ∗ (𝑃𝑔 + 𝑃𝑠) 9

Onde,
Fa = força de atrito (estático ou dinâmico);
μ = coeficiente de atrito;

48
N = (Pg + Ps) = Normal dado pela soma do peso do corpo mais o peso solo.

3.2.4 Coeficiente de atrito


Ainda segundo Teixeira (2019) a mesma autora o atrito é gerado por causa de
pequenas rugosidades na superfície do corpo que está em contato com outras
superfícies. O coeficiente de atrito é uma grandeza adimensional que depende das
superfícies de contato. Moliterno (1994) também utiliza a equação 9 e define valores
para o coeficiente de atrito nas seguintes situações, conforme ilustrado na Figura
3.21.

Figura 3.21: Valores de μ

Fonte: (MOLITERNO, 1994).

3.2.5 Ângulo de atrito


Pinto (2011) diz que a resistência por atrito entre as partículas do solo depende
do coeficiente de atrito, e pode ser definida como a força tangencial necessária para
ocorrer o deslizamento de um plano, em outro paralelamente a este. Esta força
também é proporcional à força normal ao plano onde o ângulo formado entre a força
normal e a resultante das forças, tangencial e normal é chamado de ângulo de atrito
(φ).
Barros (2015) completa que assim como o peso específico do solo o ângulo de
atrito também é definido a parir de ensaios no solo, conforme Tabela 2 existem valores
tabelados para o φ.

49
Tabela 2: Valores típicos do ângulo de atrito interno de solos não coesivos

Ângulo de atrito
Tipo de solo
(graus)
Areia angular, fofa 33 - 36
Areia angular, compacta 35 - 45
Areia sub-angular, fofa 30 - 34
Areia sub-angular, compacta 34 - 40
Areia arredondada, fofa 28 - 32
Areia arredondada, compacta 32 - 38
Areia siltosa, fofa 25 - 35
Areia siltosa, compacta 30 - 36
Silte 35 - 25

Fonte: (BARROS, 2015).

3.2.6 Tensões
Caputo (1988), define que tensão é o esforço aplicado sobre uma determinada
área, tal tensão é proveniente de uma carga permanente como o peso próprio da
estrutura, e/ou de uma carga acidental como um estacionamento. Para o muro de
arrimo, as tensões máximas e mínimas são dadas pela soma ou subtração das
razões, força normal por área e o momento solicitante por momento resistente da
base, conforme equação 10.

𝑁 𝑀
𝜎= ± 10
𝐴 𝑊

Onde,
σ = Tensão máxima ou mínima;
N = Força normal;
A = Área da seção da fundação;
M = Momento solicitante;
W = Momento resistente da base.
A tensão admissível consiste no valor limite da tensão a que um solo pode

50
resistir em determinadas circunstâncias. Caputo (1988) ainda completa que, para os
muros de arrimo é necessário satisfazer a condição da equação para garantir uma
das condições de estabilidade, onde a tensão máxima deverá ser menor ou igual a
tensão admissível do solo.

𝜎𝑚á𝑥 ≤ 𝜎𝑎𝑑𝑚 11

3.2.7 Cisalhamento
Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), esclarecem que o dimensionamento
para paredes de contraventamento são realizados para resistir ao cisalhamento
devido à esforços de compressão e de flexão, e também à força lateral, sendo todas
essas ações em seu plano. A ruptura por cisalhamento é caraterizada pelo
escorregamento ao longo das juntas, dependendo da forma construtiva e do efeito
combinado de compressão e momento fletor, por tração diagonal ou por compressão-
cisalhamento.
Os mesmos autores, afirmam ainda que considerando um momento de
tombamento elevado e uma força lateral elevada, situação comum em paredes de
contraventamento, podem resultar em uma combinação de tração e cisalhamento ao
longo da junta de assentamento. A resistência ao cisalhamento da junta diminui, com
o aumento da tração.
Percebe-se que os mesmos fatores que influenciam a aderência entre a
argamassa e o bloco são também aplicáveis à resistência ao cisalhamento inicial por
aderência. Para argamassas tradicionais, admite-se valores entre 0,10 e 0,35 Mpa.
(Parsekian, Hamid, & Drysdale, 2013). Segundo as NBR 15812-1 (2010) e 15961-1
(2011), a resistência característica ao cisalhamento fvk não deve ser maior que os
valores apresentados na Figura 3.22 a seguir.

51
Figura 3.22: Valores característicos da resistência ao cisalhamento - fvk (Mpa)

Fonte: (NBR 15812-1, 2010).

Para vigas com blocos completamente grauteados e com armadura de flexão


perpendicular ao plano de cisalhamento em furo grauteado, conforme mostra a
equação 12, adota-se a resistência ao cisalhamento, levando em consideração as
atribuições de alguns autores como Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) e a NBR
15961-1 (2011).

𝑓𝑣𝑘 = 0,35 + 17,5 ∗ 𝜌 ≤ 0,7 𝑀𝑃𝑎 12

Onde,
ρ = Taxa de armadura.
Sendo,

𝐴𝑠
𝜌= 13
𝑏∗𝑑

Onde,
As = Área de aço adotada;
b = Largura efetiva;
d = Altura útil.
De acordo com Parsekian, & Soares (2010), o cisalhamento no estado limite
útil é denominada através da equação 14.

𝑉𝑘 ∗ 𝛾𝑓 𝑓𝑣𝑘
≤ 14
𝑏∗𝑑 𝛾𝑚

Onde,
Vk = Força cortante;
ɣf = Coeficiente majoração;

52
ɣm = Coeficiente minoração;
b = Largura efetiva;
d = Altura útil;
fvk = Resistencia ao cisalhamento.

3.2.8 Carga acidental


Conforme a NBR 6120 (2019) a carga acidental é toda aquela que pode atuar
sobre uma estrutura em função do seu uso não permanente como pessoas, móveis,
materiais diversos, veículos entre outros. A mesma NBR determina e dispõe em
tabela diversos valores mínimos a serem utilizados no cálculo conforme pode-se
observar na Figura 3.23.

Figura 3.23: Valores mínimos das cargas verticais

Fonte: (NBR 6120, 2019) adaptada.

3.2.9 Equilíbrio de rotação ou tombamento


Domingues (1997), afirma que para garantir a estabilidade estática da
estrutura, isto é, para que não ocorra o colapso do muro devido a uma rotação no
entroncamento do muro com o solo, a somatória dos momentos atuantes deve ser
menor que os momentos resistentes.

53
Marchetti (2007), descreve que para cálculo do momento atuante utiliza-se a
equação 15 e para cálculo do momento resistente utiliza-se a equação 16.


𝑀𝑎 = 𝐸𝑎 ∗ 15
3

Onde,
Ma = Momento atuante;
Ea = Empuxo ativo;
h = Altura útil do muro, da base ao topo.

𝑀𝑟 = 𝑃𝑔 ∗ 𝑥𝑔 + 𝑃𝑠 ∗ 𝑥𝑠 16

Onde,
Mr = Momento resistente;
Ps = Peso do solo;
xs = Centro de gravidade da massa de solo
Pg = Peso da estrutura do muro
xg = Centro de gravidade da seção do muro
Autores como Domingues (1997) e Marchetti (2007), consideram que o fator
de segurança contra tombamento maior ou igual a 1,50 para solo não coesivo e 2,0
para solo coesivo, já a NBR 11682 (2009) indica em sua tabela 3 – fatores de
segurança mínimos para deslizamentos – coeficiente de segurança sendo 1,5,
conforme equação 17.

∑ 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝐹𝑠𝑇𝑜𝑚𝑏𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = ≥ 1,5 17
∑ 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝐴𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠

3.2.10 Equilíbrio de translação ou deslizamento


De acordo com Barros (2015), o deslizamento do muro de arrimo ocorre
quando a resistência contra o deslizamento ao longo da base do muro, somada ao
empuxo passivo disponível a sua frente, não é o suficiente para se contrapor ao
empuxo ativo, conforme a equação 18, onde a soma das forças resistentes com o
empuxo passivo não possa exceder ao empuxo ativo majorado.

54
𝐹𝑎 + 𝐸𝑝 ≥ 1,4 ∗ 𝐸𝑎 18

Onde,
Fa = Forças Resistentes;
Ep = Empuxo Passivo;
Ea = Empuxo Ativo.
Marchetti (2007), afirma que a somatória das forças que contribuem para
resistir ao deslocamento corresponde as forças resistentes Fa, sendo estas as forças
de Empuxo passivo, forças de atritos da base e forças geradas pelo peso do muro
(W), conforme Figura 3.24.

Figura 3.24: Deslizamento (translação)

Fonte: (Marchetti,2007) adaptado.

Onde,
W = Peso próprio;
S = Cisalhamento;
B = Base do muro.

3.2.11 Ancoragem das armaduras


Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), dizem que para uma completa interação
entre a armadura e os elementos é necessário analisar o comprimento de ancoragem

55
(lb), a fim de garantir a transferência da tensão do aço para o graute ou para o
concreto. É de máxima importância o detalhamento da armadura, levando em conta
fatores como comprimento de ancoragem e de emenda, geometria e tamanho dos
vazios dos blocos e pôr fim a sequência de execução devendo-se respeitar os limites
máximos de armadura conforme item 2.4.
Os ganchos são considerados eficientes apenas para armaduras tracionadas,
logo, não é permitido seu uso em barras que sofrerão compressão. A tendência da
força de tração também implica no aparecimento de tensões na ponta da barra, por
esse motivo, ganchos e dobras devem ter dimensões e formatos para que não
provoquem concentração de tensões no graute que os envolve. (PARSEKIAN,
HAMID, & DRYSDALE, 2013).
A NBR 6118 (2014), conforme Figura 3.25 cita que os ganchos nas
extremidades da barra corrugada podem ser:
a) Semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2 Ø.
b) Em ângulo de 45° (interno) com ponta reta de comprimento não inferior a 4
Ø.
c) Em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8 Ø.

Figura 3.25: Ganchos para as armaduras

Fonte: Os autores.

O diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras longitudinais de


tração deve ser pelo menos igual ao estabelecido na Figura 3.26 abaixo (NBR 6118,
2014).

56
Figura 3.26: Diâmetro dos pinos de dobramento (ganchos)

Fonte: (NBR 6118, 2014) adaptado.

Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), citam que em casos de emenda é


fundamental para o comportamento dos elementos estruturais o desenvolvimento de
um comprimento de ancoragem suficiente para transferir a tensão do aço para o
graute. Logo, se não houver algum tipo de ancoragem mecânica, é necessário um
determinado comprimento de ancoragem, lb.
A NBR 6118 (2014) define o comprimento de ancoragem básico, conforme
equação 19.

Ø 𝑓𝑦𝑑
𝑙𝑏 = ≥ 25 Ø 19
4 𝑓𝑏𝑑

Onde,
fyd = Tensão de escoamento do aço;
fbd = Tensão de aderência entre armadura e graute;
Ø = diâmetro da barra de aço.

Sendo,

𝑓𝑏𝑑 = 𝜂1 ∗ 𝜂2 ∗ 𝜂3 ∗ 𝑓𝑐𝑑 20

Onde,
η1 = 1,0 para barra lisa (CA25), 1,4 para barra entalhada (CA60) e 2,5 para barra de
alta aderência (CA50);
η2 = 1,0 para região de boa aderência e 0,7 para região de má aderência;
η3 = 1,0 para barra de diâmetro até 32 mm.

Sendo,

57
0,21 3
𝑓𝑐𝑡𝑑 = ∗ √𝑓𝑐𝑘 2 21
1,4

Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), fazem uma analogia e utilizam o


comprimento de ancoragem para alvenaria estrutural, sendo o mesmo conceito
indicado pela NBR 6118 (2014) de concreto armado, sendo assim, pode-se afirmar
que para um concreto ou graute de 25 MPa, utilizando aço CA50 com boa aderência,
o comprimento de ancoragem (lb) indicado para cada diâmetro é de:
 Ø 6,3 mm = 24 cm;
 Ø 8,0 mm = 30 cm;
 Ø 10 mm = 38 cm;
 Ø 12,5 mm = 47 cm;
No caso de uso de gancho na extremidade da barra, o comprimento de
ancoragem (lb) pode ser reduzido para 0,7 lb.

58
4. DIMENSIONAMENTO

Para efeito de cálculos utilizou-se de uma situação fictícia ilustrada na Figura


4.1 em que seria necessária a construção de um muro de arrimo afim de vencer um
desnível de 3,10 m onde a parte superior do terreno será utilizada como
estacionamento e na parte inferior uma calçada e uma via pública. Para ambos os
muros de arrimo, de concreto moldado in loco e de alvenaria estrutural, com base nas
revisões bibliográficas estudadas no item 3.2 , foram adotados valores referentes aos
dados do solo, tais como peso específico, ângulo de atrito e tensão do solo.
Desta forma os dados que são comuns para o dimensionamento de ambos os
muros são:
 Altura inicial (h) - 3,10 m;
 Comprimento (C) - 10,00 m;

 Peso específico (ɣ𝑠 ) - 18 kN/m³ (solo arenoso);


 Ângulo de atrito (𝜙) - 32°

 Tensão admissível do solo (σ) - 0,19 Mpa


 Carga acidental (q) - 3 kN/m²

Figura 4.1: Situação fictícia para o qual os muros serão dimensionados

Fonte: Os autores.

4.1 MURO DE CONCRETO MOLDADO IN LOCO


Neste item, serão calculados os esforços e o dimensionamento do muro de
arrimo executado em concreto moldado in loco, a Figura 4.2 ilustra o tipo de muro que

59
será dimensionado. Para tal muro adotou-se o perfil clássico conforme ilustrado na
Figura 3.9.

Figura 4.2: Perfil do muro de arrimo

Fonte: Os autores.

Com base nas orientações do Moliterno (1994) para um pré-dimensionamento


das dimensões geométricas do muro de arrimo de concreto moldado in loco e com
perfil clássico conforme a Figura 4.3, foram definidas através de um processo
empírico as dimensões finais do muro conforme Figura 4.4.

Figura 4.3: Pré-dimensionamento

Fonte: (MOLITERNO 1994).

60
Figura 4.4: Dimensões finais do muro de arrimo de concreto moldado in loco

Fonte: Os autores.

Com o tipo de perfil definido, calculou-se o coeficiente Ka de acordo com a


situação mostrada na Figura 3.18 e dado pela equação 6.

𝜙 32
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔2 (45° − ) → 𝐾𝑎 = 𝑡𝑔2 (45° − ) → 𝐾𝑎 = 0,307
2 2

Conforme ilustração da Figura 4.1, o solo e a sobrecarga aplica um esforço no


muro, sendo eles empuxo ativo (Ea) e empuxo ativo advindo da sobrecarga (Ea,s)
consequentemente, para determinação desses valores, calculou-se os valores
conforme equação 1.

1 1
𝐸𝑎 = . 𝐾𝑎 . ɣ𝑠 . ℎ2 → 𝐸𝑎 = . 0,307 . 18 . 3,12 → 𝐸𝑎 = 26,57 𝑘𝑁
2 2

𝐸𝑎, 𝑠 = 𝐾𝑎 ∗ 𝑞 ∗ ℎ = 0,307 ∗ 3 ∗ 3,1 = 2,86 𝑘𝑁

O momento atuante no ponto O (Mo), ilustrado na Figura 4.2, é calculado


conforme a seguir.

61
ℎ ℎ 3,1 3,1
𝑀𝑜 = 𝐸𝑎, 𝑠 ∗ ( ) + 𝐸𝑎 ∗ ( ) → 𝑀𝑜 = 2,86 ∗ ( ) + 26,57 ∗ ( )
2 3 2 3
𝑀𝑜 = 31,89 𝑘𝑁. 𝑚

De acordo com os itens 3.2.9 e 3.2.10 verificou-se o equilíbrio de rotação /


tombamento, conforme equação 15 para cálculo do momento atuante e equação 16
para cálculo do momento resistente.
ℎ 3,10
𝑀𝑎 = 𝐸𝑎 ∗ → 𝑀𝑎 = (26,57 + 2,86) ∗ → 𝑀𝑎 = 30,41 𝑘𝑁. 𝑚
3 3

𝑀𝑟 = (𝑃𝑔 ∗ 𝑥𝑔) + (𝑃𝑠 ∗ 𝑥𝑠)

𝑀𝑟 = ([á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑢𝑟𝑜 ∗ ɣ𝑔] ∗ 𝑥𝑔) + ([á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 ∗ ɣ𝑠] ∗ 𝑥𝑠)

𝑀𝑟 = ([1,8925 ∗ 25] ∗ 0,9085) + ([5,115 ∗ 18] ∗ 1,63) → 𝑀𝑟 = 193,06 𝑘𝑁. 𝑚

Verificou-se a segurança mínima contra o tombamento de acordo com a


equação 17.

𝑀𝑟 ≥ 1,5 ∗ 𝑀𝑎

193,06 ≥ 1,5 ∗ 30,41

193,06 𝑘𝑁. 𝑚 ≥ 45,62 𝑘𝑁. 𝑚

Nesse caso o momento resistente é maior que momento atuante, garantindo o


equilíbrio contra o tombamento.
Para uma análise completa do equilibro de translação / deslizamento, calculou-
se o empuxo passivo conforme equação 1, considerando a equação 7 para cálculo
do coeficiente Kp.

1 1 1
𝐸𝑝 = ∗ 𝐾𝑝 ∗ ɣ𝑠 ∗ ℎ𝑝2 → 𝐸𝑝 = ∗ ∗ 18 ∗ 0,652 → 𝐸𝑝 = 12,38 𝑘𝑁. 𝑚
2 2 0,307

De acordo com o item 3.2.3 calculou-se a força de atrito utilizando a equação

62
9 e os valores do coeficiente de atrito para solo seco 0,50 e solo saturado 0,30
conforme Figura 3.21.

Solo saturado

𝐹𝑎 = 𝜇 ∗ (𝑃𝑔 + 𝑃𝑠) → 𝐹𝑎 = 0,5 ∗ (47,31 + 92,07) → 𝐹𝑎 = 69,69 𝑘𝑁

Solo seco
𝐹𝑎 = 𝜇 ∗ (𝑃𝑠 + 𝑃𝑔) → 𝐹𝑎 = 0,3 ∗ (47,31 + 92,07) → 𝐹𝑎 = 42 𝑘𝑁

A verificação de translação é dada conforme a equação 18.


Verificação solo saturado:

𝐹𝑎 + 𝐸𝑝 ≥ 1,4 ∗ 𝐸𝑎

69,69 + 12,38 ≥ 1,4 ∗ (26,57 + 2,86)

82,07 ≥ 41,20 → 𝑂𝐾!

Verificação solo seco:

𝐹𝑎 + 𝐸𝑝 ≥ 1,4 ∗ 𝐸𝑎

42 + 12,38 ≥ 1,4 ∗ (26,57 + 2,86)

54,38 ≥ 41,20 → 𝑂𝐾!

Para a análise da tensão conforme o item 3.2.6, calculou-se as tensões


máxima e mínima utilizando a equação 10.

Tensão máxima

𝑁 𝑀 𝑃𝑠 + 𝑃𝑔 𝑀, 𝑎𝑡 139,38 30,41
𝜎𝑚á𝑥 = + → 𝜎𝑚á𝑥 = + 2 → 𝜎𝑚á𝑥 = +
𝐴 𝑊 𝐴 1∗𝐿 1,59 1 ∗ 2,452
6 6

𝜎𝑚á𝑥 = 118,06 𝑘𝑁/𝑚²

Tensão mínima

63
𝑁 𝑀 𝑃𝑠 + 𝑃𝑔 𝑀, 𝑎𝑡 139,38 30,41
𝜎𝑚í𝑛 = − → 𝜎𝑚í𝑛 = − 2 → 𝜎𝑚í𝑛 = −
𝐴 𝑊 𝐴 1∗𝐿 1,59 1 ∗ 2,452
6 6

𝜎𝑚í𝑛 = 57,26 𝑘𝑁/𝑚²

Para manter a condição de estabilidade com base na tensão admissível do


solo, utilizou-se a equação 11.

𝜎𝑚á𝑥 ≤ 𝜎𝑎𝑑𝑚

118,06 ≤ 190

Nesse caso a tensão máxima a ser aplicada no solo é menor que a tensão
admissível, de tal modo que não ocorrerá uma ruptura do solo na base do muro.

4.1.1 Cálculo das armaduras

Nesse item serão calculadas as três armaduras necessárias para o muro de


arrimo moldado in loco, considerando as bibliografias encontradas para o tema.

4.1.1.1 Cálculo da armadura (N1)

Para cálculo de armadura, considerou-se as cargas majoradas para as


tensões no solo máxima e mínima, ou seja, 165,28 kN/m² e 80,16 kN/m²
respectivamente. A área da

Figura 3.7 representa a força concentrada que atua na base da sapata. O


momento de atuação é dado pelo produto da força concentrada com o centroide da
figura. Considerando a área de 0,70 m² e 1,57 m², pode-se dizer que a força
concentrada atuante é de F1 = 70 kN e F2 = 157 kN.

64
Figura 4.5: Representação para cálculo do momento atuante na sapata do muro

Fonte: Os autores.

Momento na seção 1:

𝑀𝑠1 = 𝐹1 ∗ 𝑑1 → 𝑀𝑠1 = 70 ∗ 0,23 → 𝑀𝑠1 = 16,10 𝑘𝑁. 𝑚

Momento na seção 2:

𝑀𝑠2 = 𝐹2 ∗ 𝑑2 → 𝑀𝑠2 = 157 ∗ 0,65 → 𝑀𝑠2 = 102,05 𝑘𝑁. 𝑚

Para facilitar na montagem da armadura, utiliza-se a mesma armadura tanto


para a seção 1 quanto para a seção 2, assim conseguirá utilizar uma barra única.
Utilizando um concreto com fck de 25 MPa calcula-se a armadura. Utilizando a Figura
4.6 através do KMD encontra-se os valores de KX e KZ.

65
Figura 4.6: Valores para cálculo de armadura (KMD)

Fonte: (CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO, 2014)

𝑀𝑑 102,05
𝐾𝑀𝐷 = → 𝐾𝑀𝐷 = → 𝐾𝑀𝐷 = 0,0635
2
𝑏 ∗ 𝑑 ∗ 𝑓𝑐𝑑 2 25000
1 ∗ 0,30 ∗ 1,4

Carvalho & Figueiredo Filho (2014), cita que para o cálculo da armadura para
o muro de concreto moldado in loco é dado pela equação 22 abaixo.

𝑀𝑑
𝐴𝑆1 = 22
𝐾𝑧 ∗ 𝑑 ∗ 𝑓𝑦𝑑

Onde,

Md = Momento atuante
fyd = relação do aço pelo coeficiente de minoração
d = altura útil

66
𝑀𝑑 102,05
𝐴𝑆1 = → 𝐴𝑠 = → 𝐴𝑠 = 8,15 𝑐𝑚²
𝐾𝑧 ∗ 𝑑 ∗ 𝑓𝑦𝑑 50
0,9620 ∗ 0,30 ∗
1,15

Espaçamento entre as barras por metro de muro

100
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = → 𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≅ 15 𝑐𝑚
6

Respeitando o espaçamento limite e considerando a área de aço calculada,


utilizam-se 7 Ø 12,5 mm (8,75 cm²), por metro.

4.1.1.2 Cálculo da armadura (N2)

Para o cálculo da armadura N2, utiliza-se o momento atuante já majorada, ou


seja, 45,62 kN.m.

𝑀𝑑 45,62
𝐾𝑀𝐷 = → 𝐾𝑀𝐷 = → 𝐾𝑀𝐷 = 0,0284
2
𝑏 ∗ 𝑑 ∗ 𝑓𝑐𝑑 2 25000
1 ∗ 0,30 ∗ 1,4

Utilizando a tabela do KMD conforme a Figura 4.6, encontra-se KX 0,0449 e


KZ 0,9820.

𝑀𝑑 45,62
𝐴𝑆2 = → 𝐴𝑠 = → 𝐴𝑠 = 3,56 𝑐𝑚²
𝐾𝑧 ∗ 𝑑 ∗ 𝑓𝑦𝑑 50
0,9820,∗ 0,30 ∗
1,15

Espaçamento entre as barras por metro de muro.

100
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = → 𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≅ 15 𝑐𝑚
6

Respeitando o espaçamento limite e considerando a área de aço calculada,


utilizam-se 7 Ø 8 mm (3,5 cm²), por metro. Para facilitar na montagem da obra,
considerou que a armadura N2 também é construtiva.

67
4.1.1.3 Cálculo da armadura (N3)

Para cálculo da armadura N3, considerou-se a área de aço da armadura N2


e assim utilizou-se para todo o muro. Área por metro de muro.

1 8,75
𝐴𝑠4 = 𝑥𝐴𝑠2 → 𝐴𝑠4 = → 𝐴𝑠4 = 1,75 𝑐𝑚²
5 5

Espaçamento entre as barras por metro de muro

100
𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = → 𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ≅ 25 𝑐𝑚
4

Respeitando o espaçamento limite e considerando a área de aço calculada,


utiliza-se 4 Ø 8 mm (2,0 cm²), por metro.

A Figura 4.7 abaixo representa um detalhamento que conta no projeto final


do muro, conforme apêndice A.

Figura 4.7: Corte transversal – disposição de armaduras

Fonte: Os autores.

68
4.2 MURO DE ALVENARIA ESTRUTURAL
Neste item, serão calculados os esforços e o dimensionamento do muro de
arrimo executado em alvenaria estrutural. O detalhamento do cálculo abaixo é
resultado de uma alternativa construtiva do muro de arrimo em alvenaria estrutural.
Outras alternativas, com auxílio de uma planilha de Excel, foram também calculadas
e atendiam aos requisitos de estabilidade do muro, entretanto pensando na facilidade
de execução adotou-se o muro de arrimo conforme demonstra o dimensionamento a
seguir. Devido a fatores de correção do dimensionamento para alvenaria estrutural, a
altura inicial a ser vencida de 3,10 m calculada para o concreto moldado in loco foi
alterada para 3,20 m devido a modulação do bloco de concreto, sendo assim, a altura
final do muro de arrimo terá 16 fiadas de bloco de 19 cm de altura.
Com base nos métodos de Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) e analisando
a geometria necessária, adotou-se alguns requisitos preliminares para auxiliar no
desenvolvimento do cálculo, utilizou-se bloco de concreto com tamanho de 19 cm x
19 cm x 39 cm, e com resistência de 10 MPa que de acordo com a NBR 15961-1
(2003) é a resistência mínima necessária, observa-se na Figura 4.8 as dimensões
finais do muro de arrimo de alvenaria estrutural.

Figura 4.8: Dimensões finais do muro de arrimo de alvenaria estrutura

Fonte: Os autores.

Assim como no muro de concreto moldado in loco, também foi necessário o


cálculo do empuxo para o muro de alvenaria estrutural, porém com um método de
cálculo diferente, pois Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) consideram uma altura
extra (ho) para casos com carga acidental distribuída a qual é calculada utilizando um
artifício matemático, considerando as formas geométricas e suas áreas conforme a
Figura 4.9. Considerou-se o mesmo valor do coeficiente de empuxo ativo utilizado

69
para o cálculo do muro de concreto moldado in loco, Ka = 0,307.

Figura 4.9: Transformação do carregamento triangular em um carregamento uniforme

Fonte: Os autores.

𝑞 3 𝑘𝑁/𝑚²
ℎ𝑜 = → ≅ 0,17 𝑚
𝛾 18 𝑘𝑁/𝑚3
𝐻 = ℎ𝑜 + ℎ → 0,17 + 3,20 → 𝐻 ≅ 3,37 𝑚

𝜎𝑠 = 𝐾𝑎 ∗ 𝛶𝑠 ∗ ℎ𝑜 → 0,307 ∗ 18 ∗ 0,17 → 𝜎𝑠 ≅ 0,94 𝑘𝑁/𝑚²

𝜎𝑖 = 𝐾𝑎 ∗ 𝛶𝑠 ∗ 𝐻 → 0,307 ∗ 18 ∗ 3,37 → 𝜎𝑖 ≅ 18,62 𝑘𝑁/𝑚²

𝑏1 + 𝑏2 18,62 + 0,94
𝐴𝑡𝑟𝑎𝑝 = 𝐴𝑟𝑒𝑡 = → → 𝜎 ≅ 9,78 𝑘𝑁/𝑚²
2 2

4.2.1 Cálculo do enrijecedor


Para cálculo dos enrijecedores, conforme as considerações dos autores do
item 2.6, foi definido uma área de influência do painel nos enrijecedores na qual foi
considerado, a favor da segurança, que o painel possui apenas dois apoios
(enrijecedores), conforme ilustrado na Figura 4.10

70
Figura 4.10: Área de influência para cada enrijecedor

Fonte: Os autores

Considerando uma distância de enrijecedor de 1,60 m e a área de influência


anterior, calculou-se a carga distribuída e o momento atuante (Md) já majorado.

𝑝 = 𝜎 ∗ 𝐴𝑖 = 9,78 ∗ (1,60 ∗ 3,20) = 50,07 𝑘𝑁

𝑝∗𝑙 50,07 ∗ 3,20


𝑀𝑑 = ∗ 1,4 = ∗ 1,4 = 112,16 𝑘𝑁. 𝑚
2 2

A resistência da parede à compressão (fd) é calculada levando em conta a


resistência característica de compressão simples do prisma (fpk), sendo totalmente
grauteado, bloco de 10 Mpa, relação primas/bloco de 1,75 conforme Figura 2.19. A
favor da segurança e seguindo as recomendações mais conservadoras da NBR
15961-1, adotou-se para a argamassa uma resistência de 70% da resistência do
bloco.

𝑓𝑝𝑘
= 1,75 → 𝑓𝑝𝑘 = 1,75 ∗ 10 = 17,5 𝑀𝑃𝑎
𝑓𝑏𝑘

Utiliza-se a equação 23 para cálculo da resistência de compressão simples da


alvenaria (fd) em valor de projeto de acordo com Parsekian, Hamid, & Drysdale
(2013).

71
0,7 ∗ 𝑓𝑝𝑘
𝐹𝑑 = 23
ɣ𝑚

0,7 ∗ 𝑓𝑝𝑘 0,7 ∗ 17,5


𝐹𝑑 = = = 6,125 𝑀𝑃𝑎
ɣ𝑚 2

4.2.1.1 Cálculo da armadura vertical (N1)


Para cálculo do momento resistente (Mmáx), considerando a seção do
enrijecedor entre os domínios 3 e 4, calculou-se o valor da altura da linha neutra (x)
bem como o do braço de alavanca (z). A altura útil (d) do enrijecedor foi considerada
conforme Figura 4.11.
Figura 4.11: Altura útil do enrijecedor

Fonte: Os autores.

𝑋3,4
= 0,45 → 𝑋3,4 = 0,45 ∗ 109,5 = 49,28 𝑐𝑚
𝑑

𝑧 = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 109,5 − 0,4 ∗ 49,28 = 89,79 𝑐𝑚

De acordo com Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), o momento máximo


resistente da seção no estado limite último é dado através da equação

𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 24

Onde,

72
x = Linha neutra;
z = Braço de alavanca;
b = Largura efetiva;
fd = Resistência da parede à compressão simples.

𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 0,4928 ∗ 0,39 ∗ 6125 ∗ 0,8979


𝑀𝑀á𝑥 = 845,59 𝑘𝑁. 𝑚

Como o momento atuante é menor que o momento resistente máximo, verifica-


se que a armadura é a simples.

𝑀𝑑 ≤ 𝑀𝑀á𝑥 112,16 ≤ 845,59 → 𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑆𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

Após o cálculo do momento resistente, calculou-se novamente a altura da linha


neutra (x’), bem como do braço de alavanca (z’), para assim calcular a armadura.

𝑀𝑑 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 112,16 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 0,39 ∗ 6125 ∗ (1,095 − 0,4𝑥)

−𝑏 ± √𝑏2 − 4𝑎𝑐 𝑥′1 = 0,054 𝑚


𝑥´ = {
2𝑎 𝑥′2 = 2,682 𝑚

Sendo assim, o valor da nova linha neutra é de 0,054 m, pois x2 está fora da
seção estudada.

𝑧´ = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 1,095 − 0,4 ∗ 0,054 = 1,073 𝑚

Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013), determinam que o cálculo da armadura


do enrijecedor, bem como, da amadura mínima são dados respectivamente pelas
equações 25 e 26.

73
𝑀𝑑
𝐴𝑠 = 25
0,5 ∗ 𝑓𝑦𝑑 ∗ 𝑧

Onde,
Md = Momento atuante;
fyd = relação do aço pelo coeficiente de minoração;
z = Braço de alavanca.

𝐴𝑠 𝑀í𝑛 = 0,10% ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 26

Onde,
b = Largura útil;
d = Altura útil.

𝑀𝑑 112,16
𝐴𝑠 = = ≅ 4,81 𝑐𝑚²
0,5 ∗ 𝑓𝑦𝑑 ∗ 𝑧 50
0,5 ∗ ∗ 1,07
1,15

0,10
𝐴𝑠 𝑀í𝑛 = 0,10% ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 = ∗ 39 ∗ 109,5 = 4,27 𝑐𝑚2
100

Sendo assim, adotou-se 6 barras com Ø 10 mm = 4,8 cm² para as armaduras,


que serão distribuídas ao longo do enrijecedor, conforme representado na Figura 4.12
denominada N1.

Figura 4.12: Distribuição da armadura N1

Fonte: Os autores

Para a verificação ao cisalhamento foi necessário o cálculo da resistência da

74
seção (fvk) e da taxa de armadura (ρ), conforme as equações 12 e 13
respectivamente. Isso porque em caso de alvenarias armadas, considera-se que a
armadura principal pode resistir ao cisalhamento sem a necessidade da utilização de
estribos.

𝐴𝑠 4,81
𝜌= ∗ 100 = ∗ 100 = 0,1126 %
𝑏∗𝑑 39 ∗ 109,50

𝑓𝑣𝑘 = 0,35 + 17,5 ∗ 𝜌 ≤ 0,7 𝑀𝑃𝑎


0,1126
𝑓𝑣𝑘 = 0,35 + 17,5 ∗ ≤ 0,7
100
𝑓𝑣𝑘 = 0,37 𝑀𝑃𝑎 ≤ 0,7 𝑀𝑃𝑎

Verificação do cisalhamento, conforme equação 14.

𝑉𝑘 ∗ 𝛾𝑓 𝑓𝑣𝑘 50,07 ∗ 1,4 369,67


≤ → ≤ → 0,164 𝑀𝑃𝑎 ≤ 0,185 𝑀𝑃𝑎
𝑏∗𝑑 𝛾𝑚 0,39 ∗ 1,0950 2

Com a verificação anterior, chega-se à conclusão que o enrijecedor não


precisa de armaduras complementares para resistir ao cisalhamento, ou seja, o que
está atuando é menor que o valor resistente.

4.2.2 Cálculo do painel


Para o cálculo do momento no painel foi necessário determinar o coeficiente
de atrito μ conforme a Figura 3.21 e o coeficiente α que é determinado em função da
quantidade de apoios. Utilizou-se a tabela da norma Canadense CSA S304.1 (2004),
conforme indicada pelos autores Parsekian, Hamid, & Drysdale (2013) e
considerando o painel apoiado em três bordas, a partir do valor μ e da relação altura
do painel pelo comprimento do painel, sendo a altura do muro de 3,20 m, o
comprimento do vão entre enrijecedores de 1,21 m e o valor do coeficiente μ = 0,50,
determinou-se o valor de α, conforme a Figura 4.13.
ℎ 3,20
= = 2,65
𝐿 1,21

75
Figura 4.13: Coeficientes para cálculo do momento de ruptura

Fonte: (PARSEKIAN, HAMID, & DRYSDALE, 2013).

Ainda segundo os mesmos autores, é necessário calcular o momento máximo


por comprimento linear nas duas direções do painel, paralelo e normal as fiadas,
sendo que a equação para momento paralelo permite o cálculo do valor do momento
atuante na placa, na direção paralela à junta horizontal de argamassa do muro e a
equação para momento normal permite o cálculo do valor do momento atuante na
direção perpendicular à junta horizontal de argamassa presente entre os blocos
estruturais, conforme as equações 27 e 28.

𝑀𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙 = 𝛼 ∗ 𝑝 ∗ 𝐿² 27

𝑀𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 = 𝜇 ∗ 𝛼 ∗ 𝑝 ∗ 𝐿² 28

Onde,
ρ = carga distribuída linearmente no painel;
L = comprimento do vão entre enrijecedores;
μ = coeficiente de atrito
α = coeficiente em função da quantidade de apoios

𝑀𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙 = 𝛼 ∗ 𝑝 ∗ 𝐿² → 𝑀𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙 = 0,125 ∗ 9,78 ∗ 1,21² → 𝑀𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙 = 1,79 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

76
𝑀𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 = 𝜇 ∗ 𝛼 ∗ 𝑝 ∗ 𝐿2 → 𝑀𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 = 0,5 ∗ 0,125 ∗ 9,78 ∗ 1,212

𝑀𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 = 0,895 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Desse modo, verificou-se a necessidade de armadura horizontal e vertical.


Para tanto calculou-se o momento de inércia (I), considerando uma seção retangular
genérica de dimensões de 1,00 x 0,19 m.

𝑏 ∗ ℎ³ 100 ∗ 19³
𝐼= → → 57158 𝑐𝑚4
12 12

Definiu-se então a tensão na borda (σT), considerando que a armadura será


disposta no centro do bloco, desta forma a distância da aplicação da força até o centro
de gravidade é de 9,5 cm (y), ou seja, metade da espessura do bloco. Sendo assim,
a tensão foi calculada considerando o momento de maior valor, conforme abaixo.

𝑀∗𝑦 1,79 ∗ 0,095


𝜎𝑇 = → → 297,51 𝑘𝑁/𝑚²
𝐼 57158. 10−8

𝑓𝑡𝑘 0,5
𝛾𝑓 ∗ 𝜎𝑇 ≤ → 1,4 ∗ 0,298 ≤ → 0,42 𝑀𝑃𝑎 ≤ 0,25 𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑚 2,0

Como a verificação não é satisfatória, é necessário a utilização de armadura.


Assim como no cálculo do enrijecedor, a resistência da parede à compressão
(fd), conforme equação 23, é calculada levando em conta a resistência de prisma (fpk),
sendo para o painel bloco de 10 Mpa não grauteado, a relação primas/bloco é de
0,70, conforme Figura 2.19. A favor da segurança e seguindo as recomendações mais
conservadoras da NBR 15961-1, adotou-se para a argamassa uma resistência de
70% da resistência do bloco.

𝑓𝑝𝑘
= 0,70 → 𝑓𝑝𝑘 = 0,70 ∗ 10 = 7 𝑀𝑃𝑎
𝑓𝑏𝑘

77
0,7 ∗ 𝑓𝑝𝑘 0,7 ∗ 7
𝐹𝑑 = = = 2,45 𝑀𝑃𝑎
ɣ𝑚 2

4.2.2.1 Cálculo da armadura horizontal (N2)


Para cálculo do momento resistente (Mmáx), considerando a seção do painel
entre os domínios 3 e 4, calculou-se o valor da altura da linha neutra (x) bem como o
do braço de alavanca (z). A altura útil (d) para armadura horizontal do painel foi
considerada conforme Figura 4.14.

Figura 4.14: Altura útil do painel para armadura horizontal

Fonte: Os autores

𝑋3,4
= 0,45 → 𝑋3,4 = 0,45 ∗ 0,14 = 0,063 𝑚
𝑑

𝑧 = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 0,14 − 0,4 ∗ 0,063 = 0,1148 𝑚

𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 0,063 ∗ 0,19 ∗ 2450 ∗ 0,1148


𝑀𝑀á𝑥 ≅ 2,69 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Como o momento atuante é menor que o momento resistente máximo, verifica-


se que a armadura é a simples.

𝑀𝑑 ≤ 𝑀𝑀á𝑥 → 2,51 𝑘𝑁. 𝑚 ≤ 2,69 𝑘𝑁. 𝑚 → 𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑆𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

Após o cálculo do momento resistente, calculou-se novamente a altura da linha


neutra (x’), bem como do braço de alavanca (z’), para assim calcular a armadura.

78
𝑀𝑑 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 2,51 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 0,19 ∗ 2450 ∗ (0,14 − 0,4𝑥)

−𝑏 ± √𝑏2 − 4𝑎𝑐 𝑥′1 = 0,057 𝑚


𝑥´ = {
2𝑎 𝑥′2 = 0,292 𝑚

Sendo assim, o valor da nova linha neutra será de 0,057 m, pois x2 está fora
da seção estudada.

𝑧´ = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 0,14 − 0,4 ∗ 0,057 = 0,117 𝑚

O cálculo da armadura é dado pela equação 25, conferido também o cálculo


para armadura mínima de 10% da área útil do painel.

𝑀𝑑 2,51
𝐴𝑠 = = ≅ 0,99 𝑐𝑚²
0,5 ∗ 𝑓𝑦𝑑 ∗ 𝑧 0,5 ∗ 50
∗ 0,117
1,15

0,10
𝐴𝑠 𝑀í𝑛 = 0,10% ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 = ∗ 19 ∗ 14 ≅ 0,27 𝑐𝑚2
100

Sendo assim, adotou-se 2 barras com Ø 8 mm = 1,0 cm² para as armaduras.


Conforme item 2.4 o espaçamento para armadura horizontal deve ser no máximo de
80 cm, sendo assim, observa-se na Figura 4.15 a indicação da armadura horizontal
N2 no painel.

79
Figura 4.15: Distribuição da armadura horizontal N2

Fonte: Os autores

4.2.2.2 Cálculo da armadura vertical (N3)


Para cálculo do momento resistente (Mmáx), considerando a seção do painel
entre os domínios 3 e 4, calculou-se o valor da altura da linha neutra (x) bem como o
do braço de alavanca (z). A altura útil (d) para armadura vertical do painel foi
considerada conforme Figura 4.16.

Figura 4.16: Altura útil do painel para armadura vertical

Fonte: Os autores

80
𝑋3,4
= 0,45 → 𝑋3,4 = 0,45 ∗ 0,1 = 0,045 𝑚
𝑑

𝑧 = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 0,1 − 0,4 ∗ 0,045 = 0,082 𝑚

𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 𝑀𝑀á𝑥 = 0,8 ∗ 0,045 ∗ 0,19 ∗ 2450 ∗ 0,082


𝑀𝑀á𝑥 ≅ 1,37 𝑘𝑁. 𝑚/𝑚

Como o momento atuante é menor que o momento resistente máximo, verifica-


se que a armadura é a simples.

𝑀𝑑 ≤ 𝑀𝑀á𝑥 → (0,895 ∗ 1,4) ≤ 1,37 → 𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑆𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

Após o cálculo do momento resistente, calculou-se novamente a altura da linha


neutra (x’), bem como do braço de alavanca (z’), para assim calcular a armadura.

𝑀𝑑 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 𝑏 ∗ 𝑓𝑑 ∗ 𝑧 → 1,25 = 0,8 ∗ 𝑥 ∗ 0,19 ∗ 2450 ∗ (0,1 − 0,4𝑥)

−𝑏 ± √𝑏2 − 4𝑎𝑐 𝑥′1 = 0,040 𝑚


𝑥´ = {
2𝑎 𝑥′2 = 0,210 𝑚

Sendo assim, o valor da nova linha neutra será de 0,040 m, pois x2 está fora
da seção estudada.

𝑧´ = 𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥 = 0,1 − 0,4 ∗ 0,040 = 0,084 𝑚

O cálculo da armadura é dado pela equação 25, conferido também o cálculo


para armadura mínimo de 10% da área útil do painel.

𝑀𝑑 1,25
𝐴𝑠 = = = 0,68 𝑐𝑚²
0,5 ∗ 𝑓𝑦𝑑 ∗ 𝑧 0,5 ∗ 50 ∗ 0,084
1,15

0,10
𝐴𝑠 𝑀í𝑛 = 0,10% ∗ 𝑏 ∗ 𝑑 = ∗ 19 ∗ 10 = 0,19 𝑐𝑚2
100

81
Adotou-se 2 barras com Ø 8 mm = 1,0 cm² para as armaduras. Conforme item
2.4 o espaçamento para armadura vertical deve ser no máximo de 60 cm, sendo
assim, observa-se na Figura 4.17 a representação da armadura vertical N3 no painel.

Figura 4.17: Distribuição da armadura vertical N3

Fonte: Os autores

Observa-se na Figura 4.18 uma ilustração da distribuição final no painel e no


enrijecedor das armaduras principais calculadas anteriormente.

Figura 4.18: Distribuição das armaduras principais em elevação

Fonte: Os autores

82
4.2.3 Modulação enrijecedor x painel
O muro de alvenaria estrutural, devida a modulação e amarração direta dos
blocos, será construído em “módulos de muro” de aproximadamente 1,60 m conforme
a Figura 4.19 que representa a modulação dos blocos da 1ª fiada e 2ª fiada.

Figura 4.19: Modulação para um módulo de muro

Fonte: Os autores

Os módulos de muro serão dispostos lado a lado até atingir um comprimento


total de muro de aproximadamente 10 metros. Para amarração entre os módulos por
se tratar de uma amarração indireta serão utilizados grampos e dispostos ao longo
do enrijecedor conforme ilustra a Figura 4.20 e formando assim enrijecedores duplos
com 39 cm de espessura.
As paredes duplas unidas paralelamente (enrijecedores duplos) deverão ser
amarradas de maneira a garantir o comportamento estrutural em conjunto, tanto para
ação vertical quanto horizontal. A rigidez desse tipo de parede (amarrada) é muito
superior a somatória da rigidez entre as duas paredes isoladas. (PARSEKIAN, HAMID
& DRYSDALE, 2013).
Parsekian & Soares (2010) recomendam o uso de grampos metálicos em
formato de “U” invertido (Ո) a cada duas fiadas com dimensões verticais de 50 cm
conforme detalhado em projeto no apêndice B.

83
Figura 4.20: Amarração dos módulos com grampos

Fonte: Os Autores

Afim de garantir a simetria e evitar erros durante a execução do muro, o


primeiro e o último enrijecedor devem também ter uma largura de 39 cm, sendo assim
o módulo de muro deverá ser complementado e amarrado com grampos conforme
mostra a Figura 4.21.

Figura 4.21: Complemento do primeiro e último enrijecedor

Fonte: Os autores

84
5. RESULTADOS E ANÁLISES

Para determinar qual o muro se torna mais viável considerando fatores como
materiais empregados e seus custos, foi necessária uma análise do quantitativo tanto
para o muro de arrimo moldado in loco, quanto o muro de arrimo de alvenaria
estrutural.
Para uma melhor comparação, considerou-se apenas a superestrutura, ou
seja, os painéis e enrijecedores de cada muro visto que são elementos comuns
(painéis fletidos) dos muros de arrimo, sendo assim, nos quantitativos constam
apenas os materiais necessários para a superestrutura, não levando em consideração
a infraestrutura (fundação) dos muros.
As tabelas 3 e 4 destacam os materiais, quantidades e custo total para 10
metros de muro, considerando um acréscimo de 10% relativos a perdas de materiais.
Os custos abaixo foram levantados na região de Atibaia – SP em outubro de 2019 e
representam o menor custo de cada item dentre três orçamentos realizados.

Tabela 3: Quantitativos e custo para o muro de arrimo moldado in loco

Materiais Quantidade Und. Custo total

Concreto - 25 Mpa 10,5 m³ R$ 3.045,00

Aço CA50 – 8 mm (N2 e N3) 254 kg R$ 1.206,00

Conjunto de formas 62 m² R$ 4.612,00

TOTAL R$ 8.863,00
Fonte: Os autores

85
Tabela 4: Quantitativos e custos para o muro de arrimo em alvenaria estrutural

Materiais Quantidade Und. Custo total

Graute - 25 MPa 8 m³ R$ 2.360,00

Bloco Estrutural Inteiro - 10 MPa 880 pç R$ 3.036,00

Meio Bloco Estrutural – 10 MPa 120 pç R$ 216,00

Bloco Canaleta Inteiro – 10 MPa 105 pç R$ 315,50

Meio Bloco Canaleta – 10 MPa 10 pç R$ 21,00

Argamassa – 7 MPa 1.460 kg R$ 2.236,00

Aço CA50 – 6,3 mm 14,7 kg R$ 62,50

Aço CA50 – 8 mm 25,5 kg R$ 121,00

Aço CA50 – 10 mm 65,4 kg R$ 265,00

TOTAL R$ 8.633,00
Fonte: Os autores

Dentre os valores descritos nas tabelas acima é importante destacar que a


argamassa orçada foi do tipo industrializada considerando um consumo de 20 kg por
metro quadrado de muro acabado com juntas de 1 cm conforme especificações do
fabricante Vedacit (argamassa estrutural 250). O graute orçado foi do tipo rodado em
obra no traço em massa de 1:0,06:2,12:2,02 o qual espera-se uma resistência
superior a 25 MPa conforme a Figura 2.14. O conjunto de formas, formado por chapas
de madeira compensada, pontaletes, sarrafos e pregos, foi orçado com base no
quantitativo extraído da TCPO (2014) para cada elemento que compõe o conjunto de
formas, não sendo considerado o custo de mão de obra, somente quantitativo de
material por m² de muro de arrimo.
Analisando as tabelas nota-se que não há uma diferença significativa entre os
custos totais dos muros. No entanto, analisando separadamente os materiais nota-se
que o muro de alvenaria estrutural necessita de uma quantidade muito menor de aço
gerando neste item uma economia em torno de 60% em relação ao muro moldado in
loco. Entretanto, percebe-se que esta economia não se mostra vantajosa para o custo
final do muro, pois essa tipologia de construção possui um elevado custo de blocos e

86
argamassa que somados totalizam R$ 5.824,50, ultrapassando assim o custo das
formas utilizadas no muro de concreto moldado in loco que é de R$ 4.612,00.
O concreto e o graute são materiais que podem ser industrializados que são
fornecidos por usinas de concreto (concreteiras) ou, no caso do graute, de uma
mistura pronta vendida em sacos bastando apenas adicionar água. Podem ainda ser
misturados e rodados na betoneira diretamente na obra.
Durante as pesquisas dos materiais a serem empregados e seus custos, o
graute foi o material que apresentou maior variação de custos sendo encontrados
valores entre R$ 2.360,00 para graute misturado e rodado em obra e R$ 15.782,46
para grautes industrializados. Com o intuito de comparar qual seria a metodologia
mais econômica, foi utilizada neste estudo a opção de graute misturado e rodado em
obra, no entanto, é de suma importância salientar que traços misturados e rodados
em obra necessitam de um maior controle de qualidade dos materiais e da mão de
obra pois estes influenciam diretamente na segurança e no aspecto final do produto
que está sendo construído. Na utilização de produtos industrializados espera-se obter
um produto de maior qualidade, tendo em vista que nas empresas o processo de
fabricação costuma ter maior controle da qualidade dos materiais utilizados e maior
controle da dosagem e mistura do material, pois são feitos por equipamentos
adequados. Seja qual for o tipo de concreto ou graute utilizado, recomenda-se sempre
que sejam feitos corpos de prova na obra para que sejam testados e, assim,
comprovada a resistência do material utilizado garantido a qualidade e segurança do
produto final.
A geometria final do muro de arrimo em alvenaria estrutural apresentada neste
estudo, que contempla enrijecedores com 1,19 m de comprimento espaçados a cada
1,60 m, é resultado de uma análise durante o dimensionamento feito com o auxílio de
uma planilha montada em EXCEL. Esta geometria se mostrou ser a melhor opção por
ser mais econômica em relação a quantidade de graute além de ser mais fácil de se
executar devido ao espaçamento dos enrijecedores. Outras opções também
atendiam as verificações de resistência, dentre elas podemos citar uma que
contemplava enrijecedores mais curtos com 0,99 m de comprimento e espaçados a
cada 1,20m.

87
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho foi possível perceber uma grande deficiência
no que tange à bibliografias, normas nacionais, trabalhos e pesquisas que tratam
sobre o uso de alvenaria estrutural em muros de contenção. Contrapondo-se a isso,
estruturas de concreto armado são mais comumente empregadas no país logo,
possuem vastas bibliografias, normas e pesquisas que tratam a respeito de estruturas
desse tipo e que contemplam a respeito de muro de arrimo em concreto moldado in
loco (concreto armado). Desta forma foram utilizadas para o dimensionamento do
muro de arrimo em alvenaria estrutural, bibliografias básicas sobre alvenaria
estrutural que em sua maioria são para dimensionamentos de edificações.
É certo afirmar que existem outras técnicas cabíveis para cálculo, tanto do
muro de arrimo moldado in loco, quanto do muro de arrimo de alvenaria estrutural e
que não foram contempladas neste estudo, entretanto cada técnica deve ser
estudada e analisada minuciosamente para que assim determine a melhor alternativa.
Dentre os parâmetros apresentados neste trabalho destacam-se que os
parâmetros do solo são de suma importância para o dimensionamento de muros de
arrimo, uma vez que, o solo é o maior responsável pelos esforços atuantes na
estrutura. Desta maneira, ressalta-se a importância de se fazer um estudo mais
aprofundado do mesmo levando em conta o local que o muro será executado.
Importante ressaltar novamente que neste trabalho comparou-se apenas a
superestrutura dos dois muros por se tratar de elementos comuns a ambos, ou seja,
painéis fletidos que no caso da alvenaria estrutural considerou-se também os
enrijecedores.
A partir das pesquisas feitas para este trabalho é possível concluir que o muro
de alvenaria estrutural pode vir a ter uma maior viabilidade de construção, pois seu
método construtivo se mostra mais racional dispensando o uso de formas,
economizando tempo e eliminando resíduos. Além disso, essa metodologia utiliza
uma quantidade significativamente menor de aço na sua construção, diminuindo
também o tempo de execução pois não necessita de uma armação complexa.
Após análise dos resultados é possível concluir que os dois tipos de muros
dimensionados neste trabalho atenderam aos requisitos mínimos passando nas
análises de estabilidade e comprovando sua eficiência estrutural, desta forma

88
qualquer um dos métodos construtivos pode ser empregado para contenção de um
solo com uma altura de aproximadamente 3 metros conforme situação fictícia
estudada.
Conclui-se também que uma comparação levando em conta apenas os
quantitativos de materiais e seus custos, não são suficientes para a determinação da
melhor metodologia de construção do muro de arrimo, assim como não é suficiente
para a determinação de qual método construtivo utilizar, pois diversos outros fatores
devem também ser analisados, como por exemplo o local da obra, a facilidade de
acesso, a disponibilidade dos insumos na região, a disponibilidade e o custo de uma
mão de obra bem qualificada, a produtividade, um estudo aprofundado do solo e o
tipo de fundação a ser utilizada de acordo com cada tipo de solo.
Ainda assim, o presente trabalho se mostrou muito importante pois expandiu
os conhecimentos dos autores deste trabalho, despertando ainda mais interesse em
novas pesquisas sobre os temas aqui abordados.
Espera-se que os conceitos básicos utilizados para o dimensionamento dos
muros de arrimo, bem como os roteiros de cálculos realizados neste trabalho possam
auxiliar estudantes e profissionais ligados a engenharia civil e arquitetura além de
servir como base e motivação para estudos futuros.
Com base no que foi desenvolvido e apresentado neste trabalho, recomenda-
se futuros estudos sobre muros de arrimo com uso de protensão, estudos
aprofundados do solo e tipologias de fundações para muros de arrimo.

89
7. REFERÊNCIAS

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Disponível em:
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 6484: Solo -


Sondagem de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de
Janeiro. 2001.

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Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -
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Alvenaria estrutural - Blocos de Concreto Parte 2: Execução e Controle de
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vazados de concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio. Rio de Janeiro.
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de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

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90
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Blumenau/SC. 2016. 207 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2016.

92
93
8. APÊNDICE A – Projeto muro de arrimo de concreto
moldado in loco (concreto armado)

9. APÊNDICE B – Projeto muro de arrimo de alvenaria


estrutural

94
A N3 N2

N1

B B

N3
A

12 N3 Ø 8.0 c/25 C=20.10

VISTA EM PLANTA
esc: 1/50
N3 N1 NOTAS
1. MEDIDAS EM "m".
2. CONCRETO DEVERÁ TER RESISTÊCIA DE 25
MPa OU SUPERIOR.
3. VOLUME TOTAL DE CONCRETO = 18.90 m³
4. COBRIMENTO DAS ARMADURAS MÍNIMO
8 N3 Ø 8.0 c/25 C=20.46 DOS 5 cm ( CONFORME A NBR 6118 , PARA
CORTE BB ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM CONTATO
COM O SOLO - GRAU DE AGRESSIVIDADE
esc: 1/50 IV).
A
5. AS ARMADURAS DEVEM SER MONTADAS DE
N2 ACORDO COM O PROJETO. HAVENDO
N3
NECESSIDADE DE CORTES NÃO PREVISTOS
EM PROJETO AS EMENDAS POSTERIORES
DEVEM SEMPRE OBEDECER O
COMPRIMENTO MÍNIMO DE ANCORAGEM.
SENDO ASSIM DEVE-SE CONSULTAR O
ENGENHEIRO CALCULISTA RESPONSÁVEL.

RELAÇÃO DO AÇO
COMP. COMP.
DIÂMETRO QUANTIDADE
AÇO N UNITÁRIO TOTAL
N1 (mm) (pç)
(m) (m)
1 12,50 67 5,20 348,40
CA 50 2 8,00 67 7,70 515,90
A 3 8,00 20 20,10 402,00

VISTA EM ELEVAÇÃO RESUMO DO AÇO


COMP.
esc: 1/50 AÇO DIÂMETRO
(mm)
TOTAL
PESO +10%
(kg)
(m)
8,00 917,90 398,83
CA 50
12,50 348,40 369,06

N3 N2
PROJETO DE MURO DE ARRIMO MOLDADO IN LOCO

PROP.: GRADUANDOS:
AMÉLIA SILVA 4515007
DENIS RANKIN 4515047
ISMAR SARDINHA 4515089
N1 N3 LUCAS ORLANDINI 4516109
B
ART Nº: ÁREA DE CONSTRUÇÃO:

B PROJETO:

PLANTA DE FORMA E ARMADURA


67 N2 Ø 8.0 c/15 C=7.70
DATA: DESENHO:
09/10/2019

67 N1 Ø 12.5 c/15 C=5.20 REVISÕES

ASS: PRANCHA:

CORTE AA
1/1
esc: 1/50
NOTAS
1. MEDIDAS EM "cm".
2. GRAUTE DEVERÁ TER RESISTÊCIA DE 25 MPa OU SUPERIOR. ARMADURAS
3. COBRIMENTO DAS ARMADURAS MÍNIMO DOS 5 cm ( CONFORME A esc:1/50
NBR 6118 , PARA ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM CONTATO COM O
SOLO - GRAU DE AGRESSIVIDADE IV).
4. AS JUNTAS DE ASSENTAMENTO HORIZONTAIS E VERTICAIS DEVEM
SER DE 1 cm.
5. A ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO DEVERÁ TER RESISTÊNCIA DE 7
MPa.
6. AS ARMADURAS DEVEM SER MONTADAS DE ACORDO COM O
PROJETO. HAVENDO NECESSIDADE DE CORTES NÃO PREVISTOS EM
PROJETO AS EMENDAS POSTERIORES DEVEM SEMPRE OBEDECER
O COMPRIMENTO MÍNIMO DE ANCORAGEM. SENDO ASSIM DEVE-SE
CONSULTAR O ENGENHEIRO CALCULISTA RESPONSÁVEL.

CORTE AA - ARMADURA ARMADURA VERTICAL CORTE BB - ARMADURA ARMADURA DE LIGAÇÃO


HORIZONTAL DO PAINEL DO PAINEL VERTICAL DOS ENRIJECEDORES (ARRANQUE)

GRAMPOS
esc:1/50

ARGAMASSA

FIA ES
AR
DA SP
S ÍM DA
PA
RE FIA
S

VISTA 1 - ELEVAÇÃO - ARMADURA HORIZONTAL DO PAINEL


esc: 1/50 DETALHE GENÉRICO DETALHE GENÉRICO
AMARRAÇÃO DIRETA ARGAMASSA EM
DISPOSIÇÃO DOS GRAMPOS DETALHE GENÉRICO DA
ENTRE PAINEL E TODOS OS SÉPTOS
NOS ENRIJECEDORES COLOCAÇÃO DO GRAMPO ENRIJECEDOR sem escala
sem escala
V1 sem escala

RELAÇÃO DO AÇO
BLOCOS FAMÍLIA 19 X 40 COMP. COMP.
DIÂMETRO QUANTIDADE
AÇO N UNITÁRIO TOTAL
TIPO DE BLOCO QUANTIDADE (mm) (pç)
(m) (m)
1 10,00 14 1,50 21,00
BLOCO INTEIRO 19 X 19 X 39 880 2 10,00 14 2,10 29,40 PROJETO DE MURO DE ARRIMO EM ALVENARIA ESTRUTURAL
3 8,00 14 1,50 21,00
PLANTA DE MODULAÇÃO DA 2ª FIADA CA 50 4 8,00 14 2,10 29,40
esc: 1/50 MEIO BLOCO 19 X 19 X 19 120 5 8,00 8 104,00 83,20 PROP.: RESP. TÉCNICO:
6 10,00 54 0,85 45,90 AMÉLIA SILVA 4515007
7 6,30 42 1,30 54,60 DENIS RANKIN 4515047
BLOCO CANALETA 19 X 19 X 39 105 ISMAR SARDINHA 4515089

V1 LUCAS ORLANDINI 4516109

RESUMO DO AÇO
MEIO BLOCO CANALETA 19 X 19 X 19 10 COMP.
PESO +10% ART Nº:
AÇO DIÂMETRO TOTAL
ÁREA DE CONSTRUÇÃO:

(mm) (kg)
(m)
OBS.: QUANTIDADCES COM 10 % DE PERDAS CONSIDERADAS 6,30 54,60 14,70 PROJETO:
CA 50 8,00 133,60 58,05
10,00 96,30 65,36 MODULAÇÕES DA 1ª E 2ª FIADAS E ELEVAÇÕES
TOTAL 138,11
DATA: DESENHO:
OBS.: 10 % REFERENTE A PERDAS 09/10/2019

PLANTA DE MODULAÇÃO DA 1ª FIADA REVISÕES

esc: 1/50
ASS: PRANCHA:

1/1

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