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Montes Claros - MG
2016
FACULDADE DE SAÚDE IBITURUNA - FASI
Montes Claros – MG
2016
BIOGRAFIA DO AUTOR
Escritor e também jornalista, Veríssimo nasceu na cidade de Porto alegre, em
1936. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto
Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá por
dois anos, em virtude do trabalho de seu pai seu pai. Voltou ao Brasil e sua estreia
na literatura se dá em 1973 com o livro de crônicas "O Popular". Daí não parou mais:
hoje, tem mais de quarenta títulos publicados. Foi colaborador de importantes
jornais, como Zero Hora, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Na televisão
forneceu material para a famosa série "Comédias da Vida Privada", entre outros
trabalhos. O autor é conhecido e admirado por suas obras repletas de humor.
Possui textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia,
Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo,
Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo. Além de contribuir
diariamente com textos para revistas e jornais de todo o país, parte de seu trabalho
está reunido em livros, que figuram na lista dos mais vendidos atualmente. É
cronista, romancista, contista, cartunista e músico, mas é na crônica que se destaca.
Os textos de Veríssimo exploram os mais diversos aspectos, e trazem mensagens
que não são vistas pelo leitor logo de imediato, é preciso uma leitura eficaz para
compreender o que está implícito. Seus textos não querem mostrar soluções para os
problemas abordados, mas levar o leitor a uma reflexão e uma análise crítica a
realidade na qual está inserido. Veríssimo em seus textos denuncia padrões sociais
pré-estabelecidos que, muitas vezes, impede o ser humano a agir de acordo com
sua vontade para torna-se um alienado e, por isso passa a uma aceitação passiva,
sem direito a contestação. Por meio de diálogos leves e irônicos, Veríssimo nos
apresenta muitas situações que envolvem o cotidiano de forma crítica. E é,
justamente, o fato de retratar a realidade das pessoas no dia a dia que faz de
Veríssimo um grande escritor.
HISTÓRIA
É um texto narrativo que apresenta o envolvimento amoroso de dois jovens que se
relacionam desde criança, de forma irônica e bem humorada que é a grande
característica do autor. Veríssimo retrata momentos da infância e da adolescência
aparentemente sem muita importância, mas que na vida adulta torna-se verdadeiro
tormento na vida de um dos personagens. O casal se encontra somente nos bailes
de carnaval durante anos seguidos, onde ocorrem brincadeiras e algumas trocas de
carinhos, e isto, por vários anos tendo como resultado a afetividade, mas pelo
trabalho do pai da garota, (sistema capitalista) a família vai morar em uma cidade
distante e ocorre a separação definitiva. É na vida adulta que aparecem as
frustrações, narradas num tom melancólico e com uma pitada de humor. O conto é
um retrato da vida humana, contada de forma comovente com certa dose de humor.
No conto o narrador-personagem, Píndaro, faz a pergunta: "mudou o carnaval ou
mudamos nós"? Com o passar do tempo tudo muda e não é preciso de muitas
reflexões para perceber que a existência está muito ligada a questão do tempo.
Nesta perspectiva, “temos como parâmetros os confetes, as serpentinas, as
fantasias e o ritmo das marchinhas carnavalescas”. E de máscaras e fantasias a
vida de cada um vai sendo construída e de vez em quando a dura realidade com
suas surpresas e desilusões.
CONTEXTO
Podemos perceber uma progressão ao longo do texto, primeiramente eles fazem um
montinho de confetes espalhados pelo chão, depois eles ficam de mãos dadas, no
carnaval seguinte, eles se falam, então dançam juntos e se despedem com um beijo,
acontece o tão esperado beijo, e quando estão maiores, não se falam direito e por
fim não se falam mais.
O narrador é em terceira pessoa, onisciente, e sempre nos conta a história pela
visão do Píndaro, mas no final, revela alguns pensamentos de Janice. Ele sempre
apresenta os fatos de cima, mas muda a sua perspectiva quando ele fala dos
sentimentos do personagem principal. O narrador faz com que nós, leitores,
entendamos Píndaro, e que partilhamos de seus mesmos valores sentimentais. Uma
forma de fazer isso é mostrar como Píndaro sofria por Janice, tanto que em um dos
bailes ele bebeu demais e depois vomitou até a alma.
A construção dos personagens não é muito profunda, ou seja, não há muitos
detalhes. Um aspecto muito forte do texto é que o narrador sempre caracteriza os
personagens principais com a fantasia que estão usando no baile, então não temos
uma ideia de como eles são fisicamente, por isso eles são considerados
personagens multifacetados, pois evoluem a partir das ações. Um recurso muito
peculiar que Luís Fernando Veríssimo usa para se referir à Píndaro e Janice é como
uso de pronomes “ele” e “ela”, por exemplo: “Ele: tirolês. Ela: odalisca”; “Ele com o
mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia”. O espaço do conto é
quase sempre o mesmo, no salão de festas do Clube, que também não temos uma
ideia de como ele é, pois o narrador não o apresenta tão detalhadamente. Na última
cena o cenário passa a ser o aeroporto, quando se reencontram depois de muito
tempo.Um aspecto muito interessante do conto é que há uma repetição da situação
inicial a cada ano que se passa. Assim, nos familiarizamos com a história e com os
personagens, e percebemos como e por quê Píndaro se apaixonou por Janice.
Outro aspecto que se destaca bastante ao longo da história é que a cada fase da
vida (infância, adolescência e adulta) dos personagens principais, começa um novo
bloco (há uma separação gráfica entre eles).
UM OUTRO FIM
[...] Píndaro desejou que aquela dança nunca tivesse fim, nem eu para isso fizesse
com que os músicos repetisse a varias e varias vezes. Mas enfim acabou-se a
canção, o carnaval também e lá iria sua amada. Ele ate tentara uma despedida
dizendo: - chegue mas perto preciso lhe falar! – inútil, ela foi levada na multidão dos
foliões.
Alguns anos depois, os dois se reencontram. Não exatamente em um carnaval, este
ano o baile seria da formatura de Marcelão, aquele amigo contrabandista de gim
acabará de se formar em medicina. Marcelão estava compromissado com uma
prima de Janice eu morava no interior. Essa mesma teria chamado Janice para a
formatura. Ao se encontrarem ele a reconheceu bem depressa, – ela não mudou
nada! – Já Janice por sua vez tinha lhe esquecido e custou a reconhecê-lo. No
ultimo carnaval mal se despediram e nos carnavais seguinte ela não comparecerá.
Explicou eu conseguira uma bolsa de estudos para fora e passou algum tempo
longe.
E você o que fez nos últimos anos? Disse ela com – nada de muito extraordinário.
Ele não admitiria eu passou os últimos a sua procura e que jamais havia lhe
esquecido. Ainda mais depois dos olhares de Janice para um homem sentado a
mesa ao lado, eu por ironia usava calças curtas de couro a qual lembrava um certo
halterofilista burro e talvez até criminoso.