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XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção


Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

ANÁLISE DO ÍNDICE DE CAPACIDADE


PARA O TRABALHO (ICT) DE
TRABALHADORES DO SEGMENTO
EDUCACIONAL: UM LEVANTAMENTO
COM PROFESSORES DO ENSINO
PÚBLICO INFANTIL E FUNDAMENTAL.
Ricardo Aparecido Govea (UNIARA)
ricardo.govea@hotmail.com
Jose Luis Garcia Hermosilla (UNIARA)
jlghermosilla@hotmail.com
jorge alberto achcar (UNIARA)
achcar@fmrp.usp.br
Ethel Cristina Chiari da Silva (UNIARA)
e-chiari@uol.com.br
Fabio Henrique Ribeiro (UNIARA)
fabiohribeiro@hotmail.com

O índice de capacidade para o trabalho reflete a percepção do


trabalhador sobre sua capacidade de desempenhar as atividades
laborais quando comparado ao seu melhor. Fatores como a
organização do trabalho, características sócio demográficas, estilo de
vida e envelhecimento influenciam esta percepção. O objetivo deste
estudo é identificar associações entre o Índice de capacidade para o
trabalho (ICT) de professores do ensino infantil e fundamental e suas
condições sócio demográficas e de trabalho. A amostra foi constituída
por 94 professores pertencentes a rede pública municipal de ensino de
uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo. O instrumento
de coleta teve como base o questionário ICT cujos dados foram
tratados pelo software Minitab (ANOVA). Dentre as variáveis
investigadas, 3 apresentaram associação com o ICT: idade, acidentes e
especialidade médica. Apesar da classe trabalhadora apresentar boa
capacidade para o trabalho (84,04% condição ótima), não
apresentaram otimismo com relação ao futuro. A pesquisa aponta para
políticas de manutenção da capacidade para o trabalho do profissional
por meio de melhorias das condições de trabalho e das políticas sócio
econômicas que permitam acesso a condições melhores de vida como
moradia e saúde.

Palavras-chave: Índice de Capacidade para o Trabalho; Professores;


Ensino Básico; Serviço Público.
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1. Introdução

Marinho et al. (2011) afirmam que apesar da importância do professor para a sociedade, há
incoerência entre as inúmeras atribuições deste profissional e suas reais condições de trabalho,
como salários incoerentes com suas atribuições, falta de infraestrutura mínima nas escolas,
falta de material didático e tecnológico, precariedade das salas de aula, e instabilidade
profissional no caso dos professores não efetivos, o que incorre em sérios prejuízos ao ensino
e ao trabalhador como exaustão, desmotivação e esgotamento emocional. Este cenário se
torna mais complexo em função da carência de pesquisas que avaliam as repercussões do
trabalho docente na saúde física e mental do profissional, principalmente no Brasil. (REIS et
al., 2005)

A atividade docente tem sido apontada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)
como uma profissão que expõe seu trabalhador a riscos tanto físicos quanto mentais,
suscetíveis a sofrimento psicológico, depressão, doenças musculoesqueléticas e distúrbios
vocais, em função das condições de trabalho, da violência nas instituições e da sobrecarga
sobre o profissional. (CASTELO-BRANCO, 2014; ESTEVE, 1999; GRAZZOTI; COCO,
2002; LAPO; REIS et al., 2005; PEREIRA et al., 2002).

Segundo Reis et al. (2005, p.1481) “no Brasil, pouco se tem feito para avaliar as repercussões
do trabalho sobre a saúde do professor, cujos riscos são menos visíveis quando comparados a
outros trabalhadores como metalúrgicos, petroquímicos etc”.

A realização de estudos relacionando trabalho e saúde são primordiais, justamente por


desenvolver medidas de promoção à saúde e de manutenção da qualidade de vida, tanto no
ambiente de trabalho quanto fora dele. (ANDRADE; MONTEIRO, 2007).

Segundo Moura et al. (2013), as condições de trabalho e o processo de envelhecimento da


população são dois dos fatores que exercem influência sobre a capacidade para o trabalho do
trabalhador, o qual reflete seu bem estar e sua aptidão para executar as atividades laborais.
Ainda segundo o mesmo autor há profissões que além das exigências mentais, demandam
esforços físicos, repetitivos, levantamento e transporte de peso e posturas incorretas, e nestes
casos medidas preventivas de promoção ou até mesmo de manutenção da saúde deveriam ser
adotadas.

Segundo Renosto et al. (2009) o envelhecimento da população, inclusive aquela em idade


ativa, e a conjugação de fatores políticos, sociais e econômicos, tem pressionado o trabalhador

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a permanecer por mais tempo na atividade, expondo-o a riscos mais elevados devido a
diminuição de sua capacidade para o trabalho com a idade.

Para Moura et al. (2013), a diminuição da capacidade para o trabalho, apresenta efeitos
nocivos a saúde e a capacidade do trabalhador, apresentando alterações de natureza
fisiológica, psicológica e comportamentais, com o agravante de estar afetando trabalhadores
em plena vida ativa e ainda longe da aposentadoria.

Uma das formas de se mensurar a capacidade para o trabalho do trabalhador é através do


índice de capacidade para o trabalho (ICT) que foi desenvolvido na década de 1980 na
Finlândia, e toma como base a auto avaliação do trabalhador sobre sua capacidade para o
trabalho (RENOSTO et al., 2009). Este índice tem se mostrado importante diante da
transformação demográfica e da alteração das relações da produção e do trabalho.
(ILMARINEN, 2001).

O processo de envelhecimento funcional do trabalhador é influenciado por demandas mentais


e físicas da atividade, com reflexos diretos sobre sua capacidade para o trabalho, a qual
deveria ser preservada com a adoção de medidas corretivas e principalmente preventivas em
qualquer idade. (MARTINEZ; LATORRE; FISCHER, 2010; SILVA et al.,2010).

Para Andrade e Monteiro (2007) a manutenção da capacidade para o trabalho está relacionada
a boas condições de trabalho e de saúde do profissional, com reflexos na produtividade do
profissional, em sua perspectiva para a aposentadoria e consequentemente na redução dos
custos previdenciários.

A avaliação da capacidade para o trabalho contribui com a identificação de colaboradores


necessitados ou que necessitarão brevemente do auxílio dos órgãos de saúde ocupacional,
constituindo-se em uma política de natureza preventiva para a saúde do trabalhador. (SILVA
et al., 2010).

Neste contexto, o objetivo deste estudo é calcular o índice de capacidade para o trabalho de
professores do ensino infantil e fundamental tomando como referência quatro escolas
municipais de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Outro objetivo desta pesquisa é
levantar as possíveis associações entre o Índice de Capacidade para o Trabalho e as
características sócio demográficas da população trabalhadora.

2. Capacidade para o trabalho

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A capacidade para o trabalho representa de uma maneira geral a capacidade que o trabalhador
tem de realizar suas atividades laborais, considerando suas condições físicas e mentais; esta
característica é influenciada em grande parte por aspectos como idade, estado de saúde e
condições de trabalho. (MARINHO et al., 2011; POHJONEN, 2001; SEITSAMO; TUOMI;
MARTIKAINEN, 2007; TUOMI et al., 2001).

Esta capacidade é influenciada também por outros fatores, além daqueles associados ao
trabalho, como a situação familiar e a prática de atividades esportivas, de lazer e de recreação.
O envelhecimento para o trabalho também influencia a capacidade laboral do indivíduo, cujo
declínio se acentua após os 50 anos, e pode afetar sua produtividade no emprego; esta
capacidade está associada em maior grau as atividades com elevada exigência física em
comparação aquelas com exigência mental, fato que vem despertando interesse por parte do
poder público, tanto no Brasil quanto de diversos outros países, para a prevenção ou mesmo
manutenção da capacidade produtiva do trabalhador. (COSTA et al.,2012; PADULA et al.,
2013; RENOSTO et al., 2009).

Diversos estudos destacam a importância de medidas preventivas para a preservação ou até


mesmo para a promoção da capacidade para o trabalho, não só em idades avançadas como em
qualquer idade, com reflexos na redução da incapacidade do indivíduo e das aposentadorias
precoces, e aumento na produtividade do trabalhador. (HENNINGTON, 2005; MARTINEZ,
LATORRE e FISCHER, 2010; RAFFONE; SILVA et al., 2010; WALSH et al., 2004).

O nível de formação e a remuneração apresentam uma associação direta entre si e benéfica


para com a capacidade para o trabalho. Isso porque um elevado nível de escolaridade propicia
o acesso a trabalhos mais qualificados, com melhor remuneração. Tais condições influenciam
favoravelmente o estado de saúde e a preservação da capacidade para o trabalho por mais
tempo. (PADULA et al., 2013).

O principal instrumento utilizado para medir a capacidade para o trabalho é o índice de


Capacidade para o trabalho (ICT), desenvolvido por uma equipe multidisciplinar (psicólogos,
médicos, bioestatísticos, epidemiologistas e pesquisadores da área de Saúde Ocupacional) do
Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (Finnish Institute of Occupational Health- FIOH),
desenvolvido na década de 80 para acompanhamento de funcionários municipais em processo
de envelhecimento. (MARINHO et al.,2011).

3. Índice de capacidade para o trabalho (ICT)

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Segundo Martinez e Latorre (2009), O Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) é o


instrumento mais utilizado para se medir a capacidade de trabalho e toma como referência a
percepção do próprio trabalhador, através de dez questões agrupadas em sete itens envolvendo
as exigências laborais físicas e mentais como mostra o Quadro1. (FASSI et al., 2013;
MARTINEZ; LATORRE, 2009).

Quadro 1 - Estrutura do Índice de Capacidade para o Trabalho.

Item Nº de Pontuação
questões

1. Capacidade atual para o De 0 a 10 pontos


trabalho comparada com a 1
melhor de toda a vida
2. Capacidade para o trabalho De 0 a 10 pontos (considera a
em relação as exigências do 2 natureza do trabalho física e/ou
trabalho mental)
De 0 a 7 pontos (inversamente
proporcional ao número de
3. Número de doenças atuais 1 (lista de 51
doenças diagnosticadas apenas,
diagnosticadas por médico doenças)
sendo nenhuma doença 0, e 5 ou
mais doenças, 1 ponto)
4. Perda estimada para o De 1 a 6 pontos
1
trabalho por causa de doenças
De 1 a 5 pontos (inversamente ao
5. Faltas ao trabalho (dias) por valor apontado). Para nenhum dia
1
doenças nos últimos 12 meses 5 pontos e no mínimo 100 dias 1
ponto.
6. Prognóstico próprio da 1, 4 ou 7 pontos (respectivamente
capacidade para o trabalho 1 incapaz, incerto e capaz)
daqui a 2 anos
7. Capacidade de apreciar a Cada questão varia de 0 a 4 sendo
vida, de se sentir alerta e da 3 respectivamente nunca e sempre.
esperança no futuro. Os valores das questões são

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somados e a pontuação final varia


de 1 a 4 proporcional a soma.
Fonte: adaptado de TUOMI et al. (2010).

Os resultados obtidos nas sete dimensões do Quadro 1 produz o índice de capacidade de


trabalho que varia de 7 a 49 pontos. Este número retrata o próprio conceito que o trabalhador
tem sobre sua própria capacidade para o trabalho. Através da pontuação alcançada, é possível
definir os objetivos e medidas necessárias a serem tomadas, de acordo com o Quadro 2
(MARINHO et al. 2011).

Quadro 2 - Pontos do ICT e seus objetivos.

Pontos Capacida Objetivos das Ações


de para o medidas
Trabalho

Restaurar a Agir sobre o ambiente de trabalho e a


7 – 27 Baixa capacidade para o capacidade de restaurar as condições
trabalho do trabalhador

Melhorar a Incentivar atitudes positivas como a


28 – 36 Moderada capacidade para o prática de exercícios físicos, dieta,
trabalho sono, repouso e atividades sociais.

Apoiar a capacidade Esclarecer ao trabalhador os fatores


para o trabalho ligados ao trabalho e ao estilo de
37 – 43 Boa
vida que auxiliam ou deterioram sua
capacidade para o trabalho

Manter a capacidade Esclarecer ao trabalhador os fatores


para o trabalho ligados ao trabalho e ao estilo de
44 - 49 Ótima
vida que auxiliam ou deterioram sua
capacidade para o trabalho

Fonte: adaptado de TUOMI et al. (2010).

4. Metodologia

A pesquisa é caracterizada como um estudo transversal de caráter descritivo exploratório com


tratamento estatísticos dos dados. A amostra analisada foi composta por professores do ensino

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infantil e fundamental, pertencentes à rede municipal de ensino de quatro escolas de uma


pequena cidade do interior do Estado de São Paulo, totalizando 94 professores.

O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi o Índice de Capacidade para o Trabalho
(ICT). O instrumento foi acrescido de questões de cunho sócio demográfico e ocupacional
com 23 variáveis como: situação de moradia, número de pessoas com quem mora, raça, tempo
total de trabalho, prática de atividade física, presença de hábitos não saudáveis, frequência ao
médico e sua especialidade, expectativa de trabalho após os 60 anos, e expectativa de
emprego após os 60 anos e o respectivo setor, gênero, idade, estado civil, escolaridade, turno,
tempo na função, dias afastados devido acidente nos últimos 12 meses, condição de
desconforto no ambiente de trabalho, região do corpo que mais sente dor após o expediente,
atividade no exercício da profissão, acidente durante o percurso e dias afastados devido
acidente durante toda carreira.

Os dados do questionário foram submetidos a análise de variância (ANOVA), a fim de


determinar quais variáveis poderiam estar associadas aos valores de ICT. O software utilizado
foi o Minitab, versão 2011.

5. Resultados

A análise foi realizada em quatro etapas: a análise descritiva dos dados com a avaliação
baseada nas evidências qualitativas das informações; a análise estatística com a avaliação dos
dados através das sistemáticas tradicionais de regressão linear simples envolvendo os valores
do ICT e as variáveis individualmente; a regressão ANOVA, como complemento da anterior,
e a análise de regressão múltipla, envolvendo todas as variáveis sobre o valor resposta (ICT).

5.1. Análise descritiva dos dados

O Quadro 3 apresenta as características sócio demográficas e sua distribuição dentre os


respondentes.

Quadro 3 - Distribuição percentual da amostra por categoria.

Variável Categoria Respondentes Percentual

Feminino 85 90,43
Gênero
Masculino 9 9,57

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22 a 35 46 48,94

Idade (anos) 36 a 45 29 30,85

≥45 19 20,21

Solteiro (a) 23 24,47

Casado (a) 59 62,77

Vive com companheiro (a) 4 4,25


Estado Conjugal
Separado (a) 1 1,06

Divorciado (a) 5 5,32

Viúvo (a) 2 2,13

Faculdade Completa 69 73,40

Escolaridade Pós- Incompleta 2 2,13

Pós- Completa 23 24,47

Manhã 36 38,30

Tarde 38 40,42
Turno
Manha e Tarde 19 20,21

Diurno e Noturno 1 1,07

0|-10 54 57,45

Tempo de trabalho na 10|-20 22 23,40


função em anos 20 |-30 14 14,90

30 |-40 4 4,25

Total 94 100

Fonte: O próprio autor.

A maioria dos professores é do gênero feminino (90,43%), com faixa etária entre 22 a 35 anos
(48,94%), casados (62,77%) e nível de escolaridade predominante superior completo
(73,40%), trabalhando no turno da tarde (40,42%) com tempo de experiência na atividade
inferior a dez anos (57,45%). Quanto ao Índice de capacidade para o trabalho (ICT) da
amostra de professores, pode ser na tabela 1 a distribuição percentual por capacidade, sendo N
o número de respondentes em cada categoria.

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Tabela 1 - Capacidade para o trabalho dos docentes

Pontos Capacidade para o trabalho N %

7 - 27 Baixa 0 0,00

28 - 36 Moderada 7 7,45

37 - 43 Boa 8 8,51

44 - 49 Ótima 79 84,04

Total 94 100,00
Fonte: O próprio autor

Como pode ser observado, a maioria dos indivíduos avaliados (84,04%) dispõem de ótima
capacidade para o trabalho.

5.2. Análise estatística dos dados (regressão univariável)

A análise estatística foi precedida do teste de normalidade dos dados, o que indicou a
necessidade de transformação (logito) para efeito de adequação a distribuição normal e
posterior tratamento.

A análise de regressão uni variável dos dados referentes as 23 variáveis analisadas concluiu
que apenas quatro (especialidade médica, setor de emprego após os 60 anos, idade e região do
corpo que mais sente dor ao final do expediente) apresentaram diferença significativa entre as
médias de ICT (índice de capacidade para o trabalho). Indivíduos que procuram a
especialidade médica ortopedia apresentaram menores índices de capacidade quando
comparados aos que procuram as demais especialidades como urologia, ginecologia, clinico
geral e pneumologia, indicando que limitações físicas limitam mais os profissionais, que
outras enfermidades; já quanto a expectativa de emprego futura, indivíduos que indicaram o
setor público como sendo o de maior probabilidade de empregar após os 60 anos,
apresentaram maior ICT, quando comparados aos demais que responderam não saber,
autônomo, empacotador, serviços domésticos ou nenhum, indicando que aqueles dispõem de

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melhores condições atuais e futuras para o trabalho. De maneira oposta, os indivíduos que
responderam que os serviços domésticos serão os de maiores chances de emprego após os 60
anos, apresentaram as menores capacidade para o trabalho, demostrando a percepção
pessimista destes trabalhadores para com suas capacidades futuras de trabalho. Quanto a
influência da idade na capacidade para o trabalho dos docentes, a análise indicou que os
indivíduos com idades mais elevadas tendem a apresentar ICT menores quando comparados
aqueles com idades menores, fortalecendo outras constatações científicas semelhantes como
as de Martinez e Latorre (2009), Monteiro, Ilmarinen e Gomes (2005) e Reis et al. (2005).
Com relação a presença de dores no corpo, indivíduos que sentem dores no pescoço
apresentaram um ICT maior que os indivíduos que sentem dores de cabeça, no braço, nas
costas, nas pernas, no pé e no tornozelo, podendo indicar que este sintoma é característico de
menor limitação que os demais apresentados.

5.3. Análise de Variância (ANOVA)

Os dados das variáveis foram submetidos a análise de variância (ANOVA) para se determinar
quais destas apresentam ou não influência nos valores de ICT. Adotou-se como padrão, os p-
valores menores ou iguais a 0,05 como sendo significativos em um nível de confiabilidade de
95%. O Quadro 4 a seguir mostra as variáveis analisadas e seus valores de p correspondentes.

Quadro 4 - Valores de p para as variáveis da pesquisa (destaque para os


significativos).

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Fonte: O próprio autor

Dentre as variáveis avaliadas, três delas se mostraram associadas aos valores do índice de
capacidade para o trabalho, apresentando p-valor ≤ 0,05, a um nível de 95% de significância
(especialidade médica, setor para conseguir emprego após os 60 anos e turno de trabalho).

O Quadro 5 a seguir mostra que os indivíduos que apresentaram os menores índices foram os
que responderam ter procurado a especialidade médica “Ortopedista”. Isto pode ser explicado
pelo fato de os indivíduos que foram diagnosticados com problemas ortopédicos, passaram a
apresentar menor capacidade para o trabalho, implicando na redução final de seu ICT, fato
que comprova a análise anterior que apontou a mesma evidência.

Quadro 5 - ANOVA dos dados de ICT transformado por especialidade médica.

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Fonte: O próprio autor

O Quadro 6 a seguir confirma a análise anterior mostrando que os respondentes que indicaram
o setor de emprego após os 60 anos “Serviços Domésticos” apresentaram valor médio de ICT
transformado menor, no entanto vale destacar que apenas um indivíduo respondeu esta opção.
Por outro lado, 31 dos 94 indivíduos entrevistados responderam o setor de emprego após os
60 anos como sendo “Nenhum”, evidenciando a falta de expectativa e crenças em um futuro
melhor; curiosamente estes indivíduos foram os que tiveram os mais altos valores de ICT
denotando boas capacidades atuais para o trabalho.

Quadro 6 - ANOVA dos dados de ICT transformado por setor de emprego após os 60 anos.

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Fonte: O próprio autor.

O Quadro 7 aponta para uma questão não evidenciada na análise anterior quando mostra que
trabalhadores com dupla jornada (diurno e noturno) apresentam valores médios de capacidade
menores quando comparados aos demais (manhã, tarde, manhã e tarde), no entanto deve ser
ressalvado que apenas um dentre os respondentes apresentou tal situação. Porém nota-se que
os professores que trabalham em um único turno apresentaram valor de ICT maior, se
comparado aos indivíduos que trabalham em mais de um turno, destacando que os
trabalhadores matutinos apresentarem as melhores condições.

Quadro 7 - ANOVA dos dados de ICT transformado por turno.

Fonte: dados da pesquisa.

5.4. Análise de regressão múltipla

A análise de regressão múltipla dos dados apresentou diferença significativa entre as


médias do ICT para 3 variáveis (idade, acidente durante o percurso e especialidade médica)
como visto no Quadro 8.

Quadro 8 - Valores de p na análise de regressão múltipla.

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Variáveis p-valores

Idade 0,099

Acidente durante percurso 0,015

Especialidade Médica
0,094
(Cardiovascular)
Fonte: dados da pesquisa.

Como pode ser observado no Quadro 8, a variável “Acidente durante percurso”


apresentou p-valor de 0,015, enquanto “Idade” e “Especialidade Médica Cardiovascular”
apresentaram p-valores de 0,099 e 0,094, respectivamente. Esta constatação reforça a
associação entre essas variáveis e a capacidade para o trabalho do docente pesquisado.

6. Conclusões

Apesar da classe trabalhadora ter apresentado boa capacidade para o trabalho, não
apresentou uma visão positiva a respeito do futuro, fato que deveria ser melhor considerado
pelas políticas públicas na proposição de medidas de manutenção das boas condições físicas e
mentais dos profissionais.

Características econômicas como a da moradia, indicam também que trabalhadores


que possuem casa própria apresentam valores mais elevados de ICT, fato que se nota também
dentre os que exercem suas atividades em turnos específicos de trabalho sem duplicação de
jornada e preferencialmente diurnos. Aspectos como este denotam condições de vida
melhores por parte de seus trabalhadores ao mesmo tempo que apontam para a importância de
políticas sócio econômicas que possam beneficiar classes menos privilegiadas quanto ao
acesso a moradia e melhores condições salariais.

A pesquisa aponta para o uso mais frequente do instrumento (ICT) desde o ingresso do
trabalhador na carreira como forma de identificar precocemente alterações no estado físico e
psicológico, e consequentemente agir na promoção da saúde e bem-estar do docente,
implicando em melhores condições de trabalho. Esta medida poderá implicar na redução dos
afastamentos, no aumento da produtividade, e minimização dos custos previdenciários por
parte do estado.

REFERÊNCIAS

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