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11.

ANÁLISE DINÂMICA POR INTEGRAÇÃO DIRECTA


NO DOMÍNIO DO TEMPO
11.1 DETERMINAÇÃO DE MATRIZES DE AMORTECIMENTO
11.1.1 Formulação Proporcional de Rayleigh

A matriz de amortecimento de Rayleigh assume a seguinte hipótese de


proporcionalidade à massa e à rigidez:

C =α M +β K
Aplicando o duplo produto pelo modo de vibração genérico n, vem:

( ) (
Cn = φ n C φ n = α φ n M φ n + β φ n K φ n
T T T
)
⇒ Cn = α M n + β K n

mas ao nível do modo n, também se escreve:

Cn
Ccr ,n = 2 M n wn ξn =
Ccr , n
α Mn β Kn 1α β Kn 
⇒ ξn = + =  + 
2 M n wn 2 M n wn 2  wn M n wn 

1α 
∴ ξ n =  + β wn 
2  wn 

Casos particulares:
10

β = 0, a matriz C é apenas
9
• Se 8


7
proporcional à massa logo ξ decresce
ξ=
6
5
%

com a frequência ou com a ordem do 4


2w
3
modo, o que não tem contrapartida real 2
1
directa. 0
0 20 40 60 80 100
w (rad/s)

• Se α = 0, a matriz C é apenas 10
9
8
proporcional à rigidez logo ξ cresce 7
6
1
ξ= βw
%

5
com a frequência ou com a ordem do 4
3
modo, também não é muito realista. 2 2
1
0
0 20 40 60 80 100
w (rad/s)

FEUP - 2010 António Arêde 101


No caso geral em que α e β não sejam nulos, o ξ , tem uma variação mista
traduzida pela figura que apresenta um mínimo.

10
9
8
ξ 7
1 α 
6
ξm ξ=  + β w
2 w 
%

5
4 ξn
3
2
1
0
wn wm
0 20 40 60 80 100
w (rad/s)

Os coeficientes α e β estabelecem-se então impondo os factores de


amortecimento ξ para dois modos com frequências wi e wj devidamente
escolhidas (frequentemente são as primeiras, não sendo forçoso que assim
seja). Se for então:
ξ n para w = wn
ξ m para w = wm

Resulta o seguinte sistema, do qual se pode calcular os valores de α e β :

1 
wn 
1  wn α  ξ  ξ = K
 ⋅  =  n  ⇒  n
2 1 wm  β  ξ m  ξ m = K
 wm 

Se o factor de amortecimento for o mesmo ξ para os valores da frequências


escolhidas, vem então as expressões de α e β :

1 
α = 2ξ wn wm (wn + wm )
wn 
1  wn α  ξ 
 ⋅  =  n  ⇒ 
2 1 wm  β  ξ m  β = 2ξ (wn + wm )
 wm 

Conforme se observa na figura, fica garantido que o amortecimento está


limitado por ξi e ξi, entre as frequências escolhidas.
Fora desse intervalo de frequências o factor ξ cresce amortecendo mais os
correspondentes modos.

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11.1.2 Formulação Proporcional por Sobreposição de Matrizes Modais

Cn = φ n C φ n = 2 ξ n M n K n
T
Conforme se definiu:

se se trabalhar com a matriz Φ dos modos Φ = K φn K [ ]


C =Φ C Φ
* T
vem então a matriz diagonal , onde

C = diag (C1 K Cn K C N )
*

Resolvendo em ordem a C , obtém-se C= Φ ( ) T −1


C Φ
* −1

o que requer a inversão da matriz Φ.


Este processo pode no entanto ser simplificado, com o seguinte raciocínio.
Procedendo de igual modo para a massa modal e definindo a correspondente
matriz diagonal das massas modais:

M =Φ M Φ M = diag (M 1 K M n K M N )
* T *
, onde

vem:

−1
M Φ = Φ M ΦΦ = Φ M
* T −1 T
⇒ Φ = M
−1
( ) * −1
ΦM
e igualmente:

(Φ )T −1
M = Φ
*
( ) T −1
Φ M Φ= M Φ
T
⇒ (Φ )T −1
=MΦ M ( )
* −1

Por substituição na expressão de C , resulta

C=MΦ M ( ) * −1
C M
*
( ) * −1
ΦM
expressão que se obtém muito facilmente porque a inversa de M* (matriz
diagonal) é imediata, podendo então escrever-se a seguinte expressão que
resulta da expansão da anterior e que permite especificar o amortecimento
desejado nos diversos modos, mantendo a sua ortogonalidade em relação à
matriz C :
 N 2 ξ n wn 
C = M  ∑ φ n φ Tn  M
 n =1 M n 
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11.2 MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRECTA NO TEMPO

11.2.1 Fundamentos

As equações de equilíbrio dinâmico são M u&& + C u& + K u = p (t )

Explícitos – não requerem


Métodos de inversão da matriz de rigidez
integração
directa
Processos de integração Implícitos – obrigam à
numérica das equações inversão da matriz de rigidez
diferenciais

Sobreposição modal e integração numérica de


cada equação de equilíbrio modal desligada

Métodos de integração directa baseiam-se na subdivisão do intervalo tF em


intervalos ∆t nos quais se impôem certas
aproximações às acelerações ou velocidades

determina-se
• Conhecendo u n , u& n e u
&&n (em tn ) u n +1 , u& n +1 e u
&&n +1 (em t n + ∆t )

• Conforme o método, assim se estabelece a equação de equilíbrio no passo n


ou n+1 (ou outro), a fim de obter a resposta no passo n+1.

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11.2.2 Método das diferenças centrais

O equilíbrio é expresso por equações diferenciais que podem ser resolvidas pelo
método das diferenças finitas, que se baseia na aproximação das derivadas por
meio de diferenças correspondentes a intervalos de tempo discretos.

Considerando primeiro a aproximação da 1ª derivada:

- no instante t - antes e após t

u t+ ∆ t
u t+∆ t 2
u t- ∆ t ut u t- ∆ t
2

t
t- ∆ t t t+∆ t t- ∆ t t t+∆

u& t =
1
[u t + ∆t − u t −∆t ] 
 t − ∆t 2 ∆t [u t − u t − ∆t ]
1
2 ∆t u& =

u& t + ∆t 2 = [u t + ∆t − u t ]
1
 ∆t
Exprimindo a aceleração no instante t :

u&&t =
1
∆t
[
u& t + ∆t 2 − u& t − ∆t 2 ] vem u&&t =
1
∆t 2
[u t + ∆t − 2u t + u t −∆t ]

E escrevendo a equação de equilíbrio no instante t, obtém-se:

 1 1   2 
 ∆t 2 M + C u
 t + ∆t = p −  K − M  ut −
 2 ∆ t  t
 ∆ t 2

 1 1 
− 2 M − C  u t − ∆t
 ∆ t 2 ∆ t 

Para iniciar o processo (t=0) é necessário conhecer u − ∆t

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Conjugando as expressões de diferenças finitas de ~u&t e ~u&&t obtém-se

∆t 2
u − ∆t = u 0 − ∆t u& 0 + u&&0
2

Neste método é muito útil quando M e C são diagonais já que u t + ∆t pode ser
obtido sem inversão de matrizes – Método Explícito.
Nessas condições, também não é necessário agrupar as matrizes de rigidez dos
vários elementos porque a sua contribuição no 2º membro pode ser obtida
elemento a elemento.
Principal inconveniente: ∆t < ∆tcri ⇒ Método de estabilidade condicionada

11.2.3 Método de Houbolt

Também usa a técnica das diferenças centrais para aproximar as velocidades e


acelerações, usando dois valores anteriores, t-∆t e t-2∆t, e um posterior t+∆t,
donde se pode obter as expressões:

1  
u& t + ∆t = 11 − 18 u + 9 u t − ∆t − 2 u t − 2 ∆t 
6 ∆t
t
 

1  
u&&t + ∆t =  2 u + ∆ − 5 u + 4u − ∆ − u − ∆ 
∆t 2
t t t t t t 2 t
 

∆t para determinar
Exprime-se o equilíbrio no intante t+∆ u t + ∆t resultando em:

 2 11   5 3 
 ∆t M + C + K  u = p +  ∆t M + C ut −
∆t 
+ ∆
6 ∆t
2 t t t + ∆t 2

 4 3   1 1 
− 2 M + C  u t − ∆t +  2 M + C u t − 2 ∆t
 ∆t 2 ∆t   ∆t 3∆t 
• Para o arranque pode usar-se outro algoritmo (ex.: diferenças centrais);
• É necessário inverter a matriz K – Método implícito
• ∆t pode ser qualquer método incondicionalmente estável
• Fazendo nula a massa e amortecimento pode-se resolver problemas estáticos

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θ
11.2.4 Método de Wilson-θ

θ∆t
θ∆ com θ > 1.0.
Hipótese: Variação linear de acelerações entre t e t+θ∆

u t+∆ t u t+θ∆ t
ut

t t+∆ t t+ θ∆ t
τ

τ
u&&t +τ = u&&t + (u&&t +θ∆t − u&&t )
θ∆t (1)

Integrando, obtém-se

τ2
u& t +τ = u& t + u&&tτ + (u&&t +θ∆t − u&&t ) (2)
2θ∆t
τ3
u t +τ
1
= u t + u& tτ + u&&t τ +
2
(u&&t +θ∆t − u&&t ) (3)
2 6θ∆t
Fazendo τ = θ∆t
θ∆

θ∆t
u& t +θ∆t = u& t + (u&&t +θ∆t + u&&t ) (4)
2
θ 2 ∆t 2
u t +θ∆t = u t + θ∆t u& t + (u&&t +θ∆t + 2 u&&t ) (5)
6
Pode determinar-se u& t +θ∆t e u&&t +θ∆t em função de u t +θ∆t

O equilíbrio é estabelecido no instante t + θ∆t,


θ∆ o que requer projectar pt
para esse instante.

[
p t +θ∆t = p (t + θ∆t ) = p (t ) + θ p (t + ∆t ) − p (t ) ] (6)

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Substitui-se u& t +θ∆t , u&&t +θ∆t , p t +θ∆t na equação de equilíbrio para t + θ∆t
θ∆

⇒ determina-se u t +θ∆t , que, substituído em (5), permite obter u


&&t +θ∆t

&&t +θ∆t em (1), (2) e (3) para τ = ∆t obtém-se u t + ∆t , u& t + ∆t e u&&t + ∆t


⇒ substituindo u

• É necessário inverter a matriz K Método implícito

• Não necessita de procedimento especial para o arranque


• Fazendo nula a massa e amortecimento pode-se resolver problemas estáticos
• O procedimento é incondicionalmente estável quando θ > 1.37 (de um modo
geral faz-se θ = 1.4)

11.2.5 Método de Newmark

Este método é análogo ao Método de Wilson-θ θ, admitindo também uma


hipótese de variação linear das acelerações condicionada por dois
parâmetros, de tal forma que após integração corresponde às duas
seguintes expressões para as velocidades e deslocamentos:

 
u& t + ∆t = u& t + (1 − δ ) u&&t + δ u&&t + ∆t  ∆t
 
 
u t + ∆t = u t + u& t ∆t + (0.5 − α ) u&&t + α u&&t + ∆t  ∆t 2
 

δ e α são parâmetros que podem ser determinados de modo a obter-se


precisão e estabilidade no processo de integração.

1 1
Newmark propôs: δ= ;α =
2 4

Exprime-se u&&t + ∆t e u& t + ∆t em função de u t + ∆t e, impondo o equilíbrio no


instante t+∆t, e determina-se u t + ∆t que permite conhecer toda a resposta
nesse instante e avançar para o seguinte.

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11.2.6 Algoritmo típico para Integração pelo Método de Newmark

Duas partes:
1 – Cálculos iniciais
2 – Em cada intervalo de tempo determinam-se u t + ∆t e
prepara-se o vector solicitação para o instante t+2∆t

1 – Cálculos iniciais

1 δ 1 1
A0 = ; A = ; A = ; A = −1
α ∆t 2 α ∆t α ∆t 2α
1 2 3

δ ∆t  δ 
A4 = − 1 ; A5 =  − 2  ; A6 = ∆t (1 − δ ) ; A7 = δ∆t
α 2 α 

– Leitura valores iniciais u 0 , u& 0 e u&&0


– Leitura das características da solicitação

– Cálculo de matrizes M, C e K

– Definição da lei de variação das forças exteriores ou de acelerograma

– Cálculo do valor das forças nodais em t0

– Cálculo da matriz de rigidez efectiva K eff = K + A0 M + A1 C

2 – Em cada intervalo de tempo

– Preparação do vector de solicitação efectiva

f eff , t + ∆t = f t + ∆t + M ( A0 u t + A2 u& t + A3 u&&t ) + C~ ( A1 u t + A4 u& t + A5 u&&t )


– Agrupamento das matrizes de rigidez (só no primeiro intervalo de
tempo) e resolução do sistema de equações.

M eff u t + ∆t = f eff , t + ∆t
&&t + ∆t
– Cálculo de u e u& t + ∆t , necessários para o passo seguinte
– Cálculo das tensões e esforços nos pontos que interessam

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12. ANÁLISE DINÂMICA COMPLEXA NO DOMÍNIO DA
FREQUÊNCIA
12.1 ASPECTOS BÁSICOS PARA SISTEMAS LINEARES

12.1.1 Relação excitação-resposta. Matriz das funções de transferência

Em sistemas de 1 g.l. foi obtida a seguinte relação no domínio da frequência:

U (w ) = H (w ) ⋅ P(w ) (1)

onde:


P(w ) = ∫ p(t )e − iw t dt (2)
t = −∞

transformada directa de Fourier da solicitação p(t)

u (t )e − iw t dt

U (w ) = ∫ (3)
t = −∞

transformada directa de Fourier da resposta u(t)

1/ k 1
H (w ) = = (4)
1 − ( w w) + i 2ξ w w k − w m + i c w
2 2

função de transferência

que, uma vez calculadas as funções complexas do 2º membro, permite obter a


função resposta do deslocamento no domínio do tempo através da
transformada inversa de Fourier, dada por:

∞ U (w ) iw t
u (t ) = ∫ e dw (5)
w = −∞ 2π

A amplitude e ângulo de fase podem ser calculadas através das expressões:

1/ k  − 2ξ w w 
H (w ) = , ϕ ( w ) = atan  2
(6)
[1 − (w w) ] + (2ξ w w)
2 2 2
1 − ( w w) 

cujo traçado se ilustra na Figura 1 para vários níveis de amortecimento:

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Figura 1 – Espectros de Fourier em amplitude (a) e fase (b) de um sistema
de 1 g.l. em função da frequência normalizada ( w → f ; w → f r ) (extraído de
Caetano, E., 1992, Tese de Mestrado em Estruturas de Eng.ª Civil, FEUP).

O pico do espectro de amplitude fornece a frequência natural da estrutura.


Este ângulo de fase (φ) é o mesmo (α) da resposta a solicitações harmónicas, a
menos do sinal negativo que no caso de α não aparecia por ser no sentido
oposto ao ângulo directo wt.

Os mesmos conceitos e relações similares podem ser estabelecidas para


sistemas de N graus de liberdade, mas em termos matriciais (ver Caetano, E.,
1992, Tese de Mestrado em Estruturas de Eng.ª Civil, FEUP):

U ( w ) = H (w ) ⋅ P( w ) (7)
~ ~ ~

onde:

{
U (w ) = U i (w )
~
} é um vector de N componentes, funções complexas que
definem a resposta de deslocamentos no domínio da
frequência, cada uma consistindo na transformada directa de
Fourier da resposta ui(t);
{ }
P( w ) = P j ( w )
~
é um vector de N componentes, funções complexas que
definem solicitação no domínio da frequência, cada uma das
quais consistindo na transformada directa de Fourier da
solicitação pj(t);

H (w )
(
é a matriz de NxN componentes, cada uma das quais H ij (w ) , )
~ consistindo na função de transferência entre a solicitação no
grau de liberdade j e a resposta (deslocamento) no grau de
liberdade i.

Formalmente, a matriz H ( w ) pode ser obtida por uma expressão análoga a (4):

( )
~
−1
H (w ) = K − w 2 M + i w C (8)
~ ~ ~ ~

Porém, a obtenção desta matriz com recurso a esta expressão é muito pouco
eficiente, devido à necessidade de inverter uma matriz para cada frequência.

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12.1.2 Obtenção da Matriz das funções de transferência por sobreposição
modal

A matriz das funções de transferência pode ser obtida recorrendo ao método


de sobreposição modal que fornece um meio mais simples de determinar cada
um dos termos daquela matriz.
De facto, considerando cada uma das N equações de equilíbrio desligadas no
espaço modal dadas por:

M k &y&k + Ck y& k + K k yk = Fk (t ) (9)

pode definir-se a função de transferência entre a solicitação modal Fk(t) e a


resposta modal yk(t) por aplicação da expressão (4), substituindo cada um dos
termos nela envolvidos pelos correspondentes ao modo k. Ou seja, fazendo:

w → wk ; r = w / w → rk = w / wk ; ξ → ξ k ; k = m w 2 → K k = M k wk
2

a expressão (4), que também pode ser escrita do modo seguinte:

1/ k 1/ m
H (w ) = = 2 (10)
1 − ( w w) + i 2ξ w w w − w 2 + i 2ξ w w
2

assume o aspecto que se segue para a resposta modal yk(t) :

y 1/ Kk 1/ M k
H k (w ) = = (11)
1 − ( w wk ) 2 + i 2ξ k w wk wk2 − w 2 + i 2ξ k wk w

e representa a função de transferência associada ao modo k.

A passagem desta função do espaço modal para o espaço físico, é feita com
recurso aos modos de vibração através da seguinte operação matricial:

y
H ( w ) = Φ ⋅ H ( w ) ⋅ ΦT (12)
~ ~ ~ ~

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y
em que H ( w ) é uma matriz diagonal (NxN) com os N termos (complexas) H ky (w )
~
na diagonal principal e a matriz Φ consiste na matriz dos modos de vibração
~
(cada coluna é um modo).
A expansão da forma matricial expressa por (11), dá então origem a cada uma
das N2 funções de transferência H ij (w ) em termos de quantidades modais,
expressa da seguinte forma:

N φik ⋅ φ jk
H ij ( w ) = ∑ (i = 1,K, N ) , ( j = 1,K, N ) (13)
k =1 wk − w + i 2ξ k wk w
2 2

Tal como nos sistemas de 1 g.l., cada uma das funções complexas H ij (w )
fica caracterizada pela sua amplitude e ângulo de fase dados por

φik ⋅ φ jk  − 2ξ k w wk 
H ij ( w ) = , ϕij ( w ) = atan  2
[1 − (w w ) ] + (2ξ
k
2 2
k w wk )
2
1 − ( w wk ) 

que, graficamente, para um sistema de 2 g.l. apresentam o aspecto seguinte:

Figura 2 – Espectros de Fourier em amplitude e fase de um sistema de 2 g.l.


em função da frequência ( w → f ) (adaptado de Caetano, E., 1992, Tese de
Mestrado em Estruturas de Eng.ª Civil, FEUP).

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Os picos revelam as frequências associadas aos dois modos de vibração da
estrutura (correspondem às ressonâncias) e a fase varia mais ou menos
abruptamente de 180º (conforme o valor do amortecimento), passando por 90º
exactamente para a ressonância com cada uma das frequências estruturais.
Este par de figuras designa-se habitualmente por gráficos de Bode. O espectro
de amplitudes também pode ser expresso em termos de coordenadas
logarítmicas assumindo o aspecto:

Figura 3 – Espectros logarítmicos de Fourier em amplitude de um sistema


de 2 g.l. em função da frequência ( w → f ) (adaptado de Caetano, E., 1992,
Tese de Mestrado em Estruturas de Engenharia Civil, FEUP).

A determinação de frequências próprias de vibração de cada um dos modos


pode então ser feita com recurso ao traçado das funções de transferência do
sistema (as várias componentes da matriz H ( w ) ).
~

A obtenção experimental destas pode ser feita por diversos métodos que
variam consoante se conhece apenas a solicitação (input-only methods) ou
apenas a resposta (output-only methods) ou ambas (input-output methods).

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12.2 APLICAÇÃO À IDENTIFICAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DE
SISTEMAS DE VÁRIOS GRAUS DE LIBERDADE

Há diversos métodos para fazer a identificação das características dinâmicas


de sistemas de N g.l. (Caetano, E. 1992, Tese de Mestrado), designadamente os
métodos de 1 g.l. e os métodos de N g.l., mas aborda-se aqui apenas um dos
métodos do 1º grupo, o método da amplitude de pico (Peak-picking) porventura
o de mais simples compreensão e mais divulgado, que tem apresenta bons
resultados quando as diversas frequências estão suficientemente afastadas.

O método da amplitude de pico baseia-se na premissa de que na vizinhança de


um modo, a resposta é predominantemente dominada por esse mesmo modo
(designado o modo ressonante).
Nesse caso, a Função de Resposta em Frequência (FRF), ou função de
transferência, pode ser aproximada por uma outra de um sistema equivalente
de 1 g.l. apenas com a mesma frequência e amortecimento do modo
ressonante.

Na prática, isso significa dizer que, na vizinhança de um modo de vibração k,


se admite a seguinte aproximação (Caetano, E. 1992, Tese de Mestrado):

N φik ⋅ φ jk φik ⋅ φ jk
H ij ( w ) = ∑ 2 ≅ 2 (14)
k =1 wk − w 2
+ i 2 ξ w
k k w wk − w 2 + i 2ξ k wk w
que, para factores de amortecimento pequenos como os que existem em
estruturas de engenharia civil, fornece uma via de estimar frequências,
amortecimentos e componentes de deslocamento modais (ou seja, os modos
de vibração).
De acordo com (Caetano, E. 1992, Tese de Mestrado), esse processo envolve
então as seguintes tarefas:

a) Determinar abcissas correspondentes aos picos de amplitude das FRF,


para estimar as frequências wk do sistema e registar os correspondentes
valores de amplitude.
b) Uma vez conhecidos os valores de wk e correspondentes amplitudes,
adoptar o método da ½ potência (half-power bandwidth method) já visto
na resposta de um sistema de 1 g.l. a solicitações harmónicas para obter
o amortecimento. O método consiste então em estimar as frequências w1k
e w2k, em torno de wk, para as quais a respectiva amplitude é igual à de
pico dividida por 2 .

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O factor de amortecimento pode então ser estimado por:

w2 k − w1k
ξk ≅ (15)
2 wk

c) Com base nos valores de wk e de ξk, pode-se estimar os valores das


amplitudes φik e φ jk da configuração deformada relativa ao modo k. De
facto, tirando partido de na ressonância com cada modo se ter w ≅ wk , a
expressão (14) resulta em

φik ⋅ φ jk
H ij ( wk ) ≅ (16)
i 2ξ k wk2

da qual se pode tirar a amplitude máxima

Os mesmos conceitos e relações similares podem ser estabelecidas para


sistemas de N graus de liberdade, mas em termos matriciais:

φik ⋅ φ jk
H ij ( wk ) = H ij ≅ (17)
max k , max 2ξ k wk2

que é o valor que se mede no pico do gráfico da FRF em termos de


deslocamentos.
Pretendendo-se uma FRF em termos de acelerações, como é mais habitual
obter a partir de análise experimental, aquela resposta complexa pode ser
derivada duas vezes o que corresponde a multiplicá-la por (iw)2; em termos de
amplitude (em valor absoluto) corresponde a multiplicar expressão (17) por w2,
obtendo-se então:

acel wk2φik ⋅ φ jk φik ⋅ φ jk


H ij ≅ = (18)
k , max 2ξ k w 2
k 2ξ k

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ou seja, as diversas componentes i e j de um dado modo de vibração k,
relacionam-se com o factor de amortecimento modal ξk e com as amplitudes
máximas da FRF que relacionam essas mesmas componentes (i e j) através de:

acel
φik ⋅ φ jk ≅ 2ξ k H ij (19)
k , max

Tratando- se da FRF dum dado g.l. i nele próprio (i = j), resulta:

acel
φik ≅ 2ξ k H ii (20)
k ,max

acel
que pode ser obtida por leitura do pico no gráfico de H ii ( w ) correspondente
à frequência wk.
Os restantes valores φ jk ( j ≠ i ) , podem ser obtidos da leitura na correspondente
acel
função de transferência H ij ( w ) , por leitura do pico associado à frequência
wk, e recorrendo a (19) e (20) calcular:

acel
2ξ k H ij (21)
φ jk ≅ k , max

φik

Este procedimento sucessivo para as várias funções de transferência permite


obter as amplitudes das componentes modais.
O correspondente sinal, obtém-se observando o ângulo de fase. Valores de α
próximos de 0º significam sinal positivo, enquanto que valores próximos de
180º significam valor negativo (ou o contrário no caso de se estar a utilizar a
convenção do ângulo ϕ ).

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13. RESPOSTA A ACÇÕES SÍSMICAS DE
SISTEMAS COM N GRAUS DE LIBERDADE

13.1 EQUAÇÃO DE EQUILÍBRIO DINÂMICO

A generalização da equação de equilíbrio dinâmico de sistemas de 1 g.l.


sob solicitação sísmica, agora para sistemas de N g.l. (por exemplo de um
pórtico com massa concentrada nos pisos) conduz a

M u&& + C u& + K u = 0
t

u = u + 1u g
t
e atendendo a que

u&& = u&& + 1u&&g


e que t

Resulta: M u&& + C u& + K u = p eff

em que p eff = − M 1u&&g


e 1 representa uma matriz coluna de valores
unitários (influência pseudo-estática).

Se além da componente horizontal o movimento da base tiver componente


vertical simultânea, há que considerar também graus de liberdade verticais
na estrutura onde se desenvolvem acelerações e forças de inércia verticais.
Nesse caso, o vector dos deslocamentos e acelerações totais escrevem-se:

u = u + 1X u g X + 1Z u g Z u&& = u&& + 1X u&&g X + 1Z u&&g Z


t t

onde a componente horizontal é considerada na direcção X e a vertical na


direcção Z, surgindo então as matrizes coluna seguintes:

1X com valores unitários nos g.l. horizontais (X) e nulos nos restantes
1Z com valores unitários nos g.l. verticais (Z) e nulos nos restantes

Resulta então a seguinte equação, apenas modificada no 2º membro:

M u&& + C u& + K u = − M 1X u&&g X − M 1Z u&&g Z


onde as matrizes e vectores incluem agora novos termos para os g.l. X e Z.

FEUP - 2010 António Arêde 118


13.2 ANÁLISE MODAL

13.2.1 Resposta e parâmetros modais básicos

De acordo com o que foi visto no método de sobreposição modal, a


equação de equilíbrio dinâmico associada ao modo de vibração n é

M n &y&n + Cn y& n + K n yn = Fnef

em que, conforme se tem uma ou duas componentes de acção sísmica, se


obtém

Fnef = φ n M 1u&&g Fnef = φ n M 1X u&&g X + φ n M 1Z u&&g Z


T T T
ou
123 1424 3 1424 3
Ln LnX LnZ

sendo Ln o Factor Modal de Excitação Sísmica para o modo n (com os


respectivos sub-índices X e/ou Z conforme as componentes da acção.

Dividindo pela massa modal, obtém-se

Ln Ln
&y&n + 2 ξ n wn y& n + w2n yn = u&&g = Γ n u&&g com Γn =
Mn Mn

onde Γn representa o Factor de Participação Modal da acção sísmica no


modo n.
Novamente, no caso de duas componentes da acção, virá:

&y&n + 2 ξ n wn y& n + w2n yn = Γ n X u&&g + Γ nZ u&&g

Γ n = Ln Mn Factor de participação modal da acção


X X
sísmica X no modo n
com

Γ n = Ln M n Factor de participação modal da acção


Z Z sísmica Z no modo n

Estes factores de participação modal (adimensionais) fornecem já uma


indicação da contribuição de cada modo na resposta sísmica, pelo que,
uma análise do valor relativo entre eles (no conjunto de todos os modos)
permite fazer uma selecção prévia de quais podem ser desprezáveis.

FEUP - 2010 António Arêde 119


A resolução do sistema de um grau de liberdade sujeito a uma aceleração
sísmica na base
u&& + 2 ξw u& + w 2 u = u&&g

conduziu a Sd(w,ξ), que representa o deslocamento relativo máximo que


pode ser obtido no espectro de resposta.

Assim, a equação para o modo de vibração n conduzirá ao valor máximo


da correspondente coordenada modal dado por

Γn
yn ,max = Γ n S d (wn , ξ n ) = 2
S a (wn , ξ n )
wn

que permite então obter o vector dos deslocamentos modais máximos, bem
como o das correspondentes pseudo-acelerações totais dadas por

u n ,max = φ n yn,max u&& n ,max = wn2 φ n yn ,max = φ n Γ n S a (wn , ξ n )


t

13.2.2 Combinação de respostas modais

O processo mais corrente para obter a máxima resposta total a partir dos
valores espectrais é calcular a raiz quadrada da soma dos quadrados das
respostas modais, designado de CQS (Combinação Quadrática Simples) ou
de SRSS (em inglês). A aplicação a uma dada componente j do vector dos
deslocamentos conduz à seguinte expressão do seu valor máximo absoluto:

N
u j ,max = u 2
j1, max +u 2
j2 , max + Ku 2
jN , max = ∑u
n =1
2
jn , max

O mesmo processo deve ser adoptado para toda e qualquer quantidade Q


cujo valor máximo Qn,max no modo n, se pode obter a partir do vector de
deslocamentos (ou acelerações) máximos do mesmo modo.

Tal quantidade Q pode ser uma reacção, um esforço, um deslocamento


relativo, uma rotação, etc., e o correspondente valor máximo Qmax é obtido
segundo a mesma regra adoptada para os deslocamentos, i.e.:

N
Qmax = Q 2
1, max +Q 2
2 , max + KQ 2
N , max = ∑Q
n =1
2
n , max

FEUP - 2010 António Arêde 120


Este método é aplicável sempre que as frequências próprias dos modos de
vibração que contribuem de forma significativa para a resposta estiverem
bem separadas (i.e., se a relação entre duas quaisquer frequências estiver
fora do intervalo 0.67 a 1.5).
Caso não seja aplicável aquele método, deve-se adicionar as respostas
modais correspondentes às frequências que não estão bem separadas, e o
resultado ser sobreposto quadraticamente às restantes componentes modais
para depois se obter o valor máximo de novo pela raiz quadrada.

Se, por exemplo f2 e f3 não estão bem separadas, virá então para a
componente j dos deslocamentos:

u j ,max = u 2j1,max + (u j2 ,max + u j 3,max ) + u 2j 4,max + K u 2jN ,max


2

e o mesmo para a quantidade genérica Q cujo valor máximo final Qmax:

Qmax = Q12,max + (Q2,max + Q3,max ) + Q42,max + K QN2 ,max


2

Alternativamente, quando as frequências dos modos não estão bem


afastadas pode ser usado o Método da Combinação Quadrática Completa,
(CQC) válido para qualquer relação de frequências.

Para a quantidade genérica Q cujos valores máximos nos modos n e m, são


Qn,max e Qm,max , respectivamente, o valor máximo final vem então dado por

N N
Qmax = ∑∑ Q
n =1 m =1
n , max ρ nm Qm,max = QTmax ρ Q max

onde Qmax é o vector de todos os valores máximos modais Qn,max e em que o


coeficiente de correlação ρnm (termo genérico da matriz de correlação ρ ), no
caso geral de amortecimentos diferentes ξn e ξm nos modos n e m, é dado por

8 ξ nξ m (ξ n rnm + ξ m ) rnm
32
wn
ρ nm = ; rnm =
(1 − r )
2 2
nm (
+ 4 ξ n rnmξ m 1 + rnm
2
)
+ 4 rnm
2
(
ξ n2 + ξ m2 ) wm

Quando se considera igual ξ em todos os modos o termo ρnm vem então:

8 ξ 2 (1 + rnm ) rnm
32
ρ nm = = ρ mn
(1 − r )
2 2
nm + 4 ξ rnm (1 + rnm )
2 2

FEUP - 2010 António Arêde 121


EXEMPLO: Continuação do problema do capítulo anterior

e) Determinação das massas generalizadas

16.33 0  1 
M 1 = φ1 M φ1 = {1 0.618}  = 22.57
T

 0 16.33 0.618

16.33 0  − 0.618
M 2 = φ2 M φ2 = {− 0.618 1}  = 22.57
T

 0 16.33  1 

f) Determinação dos factores modais de excitação sísmica

16.33 0  1
L1 = φ1 M {1} = {1 0.618}   = 26.42
T

 0 16.33 1

16.33 0  1
L2 = φ 2 M {1} = {− 0.618 1}   = 6.24
T

 0 16.33 1

g) Valores do espectro de resposta (seg. RSA)

Seja ξ = 5% ; Terreno tipo 2 ; Acção Sísmica tipo I; Zona Sísmica D

f1 = 2.7 Hz → S a1 = 310 cm / s 2

f 2 = 7.0 Hz → S a2 = 400 cm / s 2

h) Coordenadas modais

26.42 3.1
y1 = × × 0.3 = 0.00388 m
22.57 16.7572
coef. de sismicidade da zona (0.3)

6.24 4.0
y2 = × × 0.3 = 0.00017 m
22.57 43.862

FEUP - 2010 António Arêde 122


i) Deslocamentos modais

1º Modo 2º Modo
0.00388 − 0.000106
u1 = φ1 y1 =   u 2 = φ 2 y2 =  
0.00240  0.00017 

j) Deslocamentos máximos

u1max = 0.00388 2 + 0.000106 2 = 0.00388 m

u 2max = 0.0024 2 + 0.00017 2 = 0.00241 m

l) Forças modais por andar

 12000 − 12000 0.00388 17.78


f s = K u1 =   =  kN
1
− 12000 24000  0.00241 11.04

ou, recorrendo às forças de inércia

L1 S a L
f s = M w12 φ1 y1 = M w12 φ1 2
= M φ1 1 S a1
1 M 1 w1 M1

16.33 0   1  26.42 17.78


=   × × 31 ×4
.12
4 .3 = 
03  kN
 0 16.33 0.618 22.57 Sa 1
10.99 

− 3.336
Operando de forma análoga para o 2º modo, vem fs =  kN
2
 5 .4 

1º MODO 2º MODO

Corte Basal Máximo: Rmax = 28.82 2 + 2.064 2 = 28.89 kN

FEUP - 2010 António Arêde 123


13.3 FACTORES DE CONTRIBUIÇÃO MODAL

13.3.1 Decomposição modal da solicitação

O vector de forças p eff (t ) = − M 1u&&g é um vector do tipo p (t ) = s f (t )

onde s é um padrão de forças (invariável no tempo)

e f (t ) =u&&g (t ) é a variação no tempo das forças efectivas

Tal como se fez para os deslocamentos u (t ) decompostos em numa série de


vectores expressos na base dos modos de vibração através de:
N N
u (t ) = ∑ u n (t ) = ∑ φ n yn (t )
n =1 n =1

Também se pode decompor as forças p(t), ou melhor, a distribuição s, em


termos das distribuições de forças de inércia de cada modo.

Para cada modo, já se viu que as forças de inércia são proporcionais a Mφn
,portanto o que se pretende é então escrever:
N N
s = ∑ sm = ∑αm M φ m
m =1 m =1

onde os coeficientes de proporcionalidade α se obtêm multiplicando a


expressão acima por φn e aplicando a propriedade da ortogonalidade.
Resulta então:
N φ Tn s
φ n s = ∑α m φ n M φ m = α n φ n M φ n ⇒ α n =
T T T

m =1 Mm

e assim, a componente (projecção) sn do vector de forças s no modo n (i.e.,


com o mesmo padrão de distribuição das forças de inércia do modo n), vem
dado por:
φ Tn s φ Tn s M φ n
sn = αn M φ n = M φn =
Mn φ Tn M φ n
expressão que é independente da forma de normalização dos modos (porque
φn cancela-se entre o numerador
qualquer factor de escala que afecte o modo
e o denominador), o mesmo já não acontecendo com o factor αn .

FEUP - 2010 António Arêde 124


Particularizando agora o vector de forças s para o caso da acção sísmica (e
abstraindo do sinal - ), então o factor αn vem dado por:

φ Tn M 1
αn = =Γn = factor de participação modal
Mn
o que significa que a componente modal do vector das forças efectivas se
obtém por:

sn = Γ n M φ n ⇒ pn (t ) = Γ n M φ n u&&g (t )
,eff

N N
tal que p eff (t ) = ∑ p n (t ) = ∑ Γ n M φ n u&&g (t )
, eff
n =1 n =1

Note-se a semelhança com o que se fez com os deslocamentos em que


também:
N
u n (t ) = φ n y (t ) ⇒ u (t ) = ∑ u n (t )
n =1

Também já se viu que a equação de equilíbrio desligada no modo n é:

&y&n + 2 ξ n wn y& n + w 2n yn = Γ n u&&g

pelo que, se for d(t) a resposta de um oscilador de 1 g.l. com frequência


w=wn e amortecimento ξ= ξ n, quando solicitado por u&&g (t ) na base, a sua
equação de equilíbrio dinâmico é dada por:

d&&(t ) + 2 ξw d& (t ) + w2 d (t ) = u&&g (t ) ⇒ yn (t ) = Γ n d (t )


e portanto a resposta modal em deslocamentos no modo n escreve-se:
Γn
u n (t ) = Γ n φ n d (t ) = φ n a(t )
wn2
em que a (t ) = wn2 d (t ) é a pseudo-aceleração.

As correspondentes forças estáticas equivalentes no modo n são dadas por:

f n (t ) = K u n (t ) = Γ n K φ n d (t ) = Γ n wn2 M φ n d (t ) = Γ n M φ n wn2 d (t ) = s n a (t )

FEUP - 2010 António Arêde 125


Se a análise for feita em termos com recurso a espectros de resposta, resulta
então (conforme já obtido) a seguinte resposta máxima no modo n:

u n , max = Γ n φ n S d (wn , ξ n )

e as correspondentes forças estáticas equivalente máximas são

f n ,max = Γ n M φ n wn2 S d (wn , ξ n ) = s n S a (wn , ξ n )

Para os casos em que seja legítimo a aproximação de massas concentradas


nos nós (ou em correspondência com os g.l considerados) de modo a obter
uma matriz de massa diagonal, mas com particular interesse para as
estruturas porticadas em que a massa está concentrada nos pisos, a
decomposição modal apresentada é particularmente útil.
No caso dos pórticos planos analisados apenas com 1 g.l. por piso (para
acção sísmica horizontal) as distribuições modais de forças estáticas
equivalentes (proporcionais a sn ) e dos deslocamentos de piso permite obter
directamente parâmetros de resposta modais importantes.

1 ≡ 1X = 1 e Ln ≡ Ln X = Lhn
h
Nestes casos (pórticos planos) tem-se:

E de acordo com a figura seguinte (adaptada de Fig.13.2.2, Chopra)

é possível definir os seguintes valores modais estáticos equivalentes:

FEUP - 2010 António Arêde 126


N
Corte sob o piso i (Vi) V = ∑ s j ,n
st
i ,n
j =i

= ∑ (h j − hi )s j ,n
N
st
Momento derrubador sob o piso i (Mi) M i ,n
j =i

N
= ∑ s j ,n = 1 s n = Γ n 1 M φ n = Γ n Lhn
st T T
Corte basal (Vb) V b,n
j =1

N
M bst,n = ∑ h j s j ,n = h s n = Γ n Lθn
T
Momento derrubador na base (Mb)
j =1

h = {h j }j =1,K, N Lθn = φ n M h
T
em que: e factor modal de excitação
sísmica para momentos
derrubadores

Todas estas grandezas são designadas por modais estáticas equivalentes,


de tal forma que multiplicadas pela pseudo-aceleração a(t) no tempo ou
pelo valor espectral Sa, conduzem ao valor dinâmico pretendido.

De forma idêntica podem ser definidos os deslocamentos estáticos modais


de piso e os correspondentes deslocamentos relativos entre pisos (drift)
que constituem uma medida importante da resposta cinemática e dos
possíveis danos introduzidos na estrutura.

Γn
Deslocamento de piso i (ui) uist, n = φi ,n
wn2

Deslocamento relativo entre pisos i (∆i)


Γn
∆sti ,n = (φi , n − φi , n −1 )
wn2
Identicamente devem ser multiplicadas pela pseudo-aceleração a(t) no
tempo ou pelo valor espectral Sa, para obter o valor dinâmico pretendido.

FEUP - 2010 António Arêde 127


13.3.2 Massa e altura modais efectivas

O valor estático equivalente do corte basal (Vn,b) no modo tem um significado


particular

Lhn h (Lhn )
2

V st
b,n =Γn L = h
n Ln = = M n*
Mn Mn

Tem unidades de massa, razão por que se denota por M n* , e designa-se de


massa modal efectiva por ser a massa do sistema que realmente é mobilizada
no modo n.
Tem a particularidade de ser independente da normalização adoptada para os
modos, atendendo a que se pode exprimir da forma seguinte onde qualquer
factor de escala no modo não afecta o resultado:

φ Tn M 1 φ Tn M 1
M =
*

φ Tn M φ n
n

Além disso, tratando-se de massas concentradas em correspondência com


cada g.l. j (o piso j neste caso), a soma das massas modais efectivas dá a
massa total do sistema, conforme se comprova a seguir.
N
De facto partindo novamente da expressão: s = M 1 = ∑ Γn M φ n
n =1

e atendendo a que, sendo diagonal a a matriz de massa, o produto M1


corresponde a um vector com as massas dos pisos, a pré-multiplicação daquela
expressão por 1T resulta na massa total da estrutura. Vem então:

N N N
M t = 1 M 1 = ∑ Γ n 1 M φ n = ∑ Γ n φ n M 1 = ∑ Γ n Lhn
T T T

n =1 n =1 n =1

N
M n* N N
Ou seja: Mt = ∑ M *
n ⇔ 1=∑ ∑m *
n
n =1 n =1 M t n =1

onde mn* representa a fracção (relativa, e portanto adimensional) da massa total


que efectivamente se mobiliza no modo n.

Percebe-se assim a importância da massa modal efectiva (absoluta ou relativa)


de cada modo, que dá uma medida eficaz para determinar o nº de modos a
incluir na análise de forma a garantir que toda a massa (e portanto as forças de
inércia mobilizadas) do sistema é incluída a menos de uma tolerância (ex. 5%)

FEUP - 2010 António Arêde 128


Assim, o nº de modos (J) a incluir de forma a que o corte basal venha
traduzido correctamente a menos de e=5%, será o que satisfaz a condição:

∑m
n =1
*
n ≥ 1 − e = 0.95

Outro conceito interessante relaciona-se com o valor estático equivalente do


momento derrubador modal na base.
Um vez que M n* representa uma medida da massa (e das forças de inércia)
envolvidos no modo n, a altura efectiva hn* a que deve ser considerada aquela
massa efectiva é a que originar o mesmo momento derrubador modal.
Ou seja:

θ Γ n Lθn ΓM *θ
n L Lθn
M h =M
* * st
= Γ n Ln ⇒ h = *
= =
n n
n n b,n n
M n* Γ n Lhn Lhn

Tal como a massa modal efectiva, a altura modal efectiva também é


independente da forma de normalização dos modos, já que se pode escrever
na forma expandida:

Lθn φ n M h
T

hn = h = T
*

Ln φ n M 1

Na prática, M n* e hn* , correspondem à massa e à altura do oscilador de 1 g.l.


que tem a mesma frequência e amortecimento do modo n e que gera a mesma
resposta modal:

M n*
S a ( wn ; ξ n )

hn* Vb , n = M n* S a ( wn ; ξ n )
M b , n = M n*hn* S a ( wn ; ξ n )

Vb ,n
M b ,n

FEUP - 2010 António Arêde 129


13.4 MÉTODO DE RAYLEIGH

Considere-se na análise apenas o 1º modo e admita-se que pode ser obtido


pelo seguinte processo:

Solicitação gravítica na horizontal


F1
d1

F2 Fi = mi g
d2

F3
 d1 
d3 d 
 
F4 Kd = F → d = 2
 ... 
d4

d N 

K1 K1 = d K d e M1 = d M d
w12 =
T T
Resulta então em que
M1
 F1 
F  N
 
K1 = d F = {d1 ... d N } 2 ∑ Fi d i
T
Mas: d2
 ...  i =1
 FN 
e:
m1   d1   F1d1 
  d  Fd  N
m2  2  2 2
  = {d1 , d 2 , ..., d N }⋅ 
T  
g M1 = d g M d = d g  = ∑ Fi di
T 2
 O  M   M  i =1
   FN d N 
 mN  d N 

Donde:

g ∑i =1 Fi di g ∑i =1 Fi di
N N

→ Sa = Sa (w, ξ )
1
w= ⇒ f =

N
Fi d 2 2π ∑
N
Fi d 2
i =1 i i =1 i
(Espectro de Resposta)

A aceleração modal máxima vem então

∑ ∑
N N
L Fd Fi d i2
= 1 Sa L1 = d M1= i =1 i i
= i =1
T
&y&1,max com com M1
M1 g g


N
Fi di
w2
⇒ &y& T
= Γ 1 Sa com Γ1 = i =1
=

1,max N 2
Fd g
i =1 i i

FEUP - 2010 António Arêde 130


Donde a componente j do vector aceleração devida ao 1º modo vem

w2 Sa
T
u&&
1 j , max = &y& T
1, max d j = Γ 1 Sa d j ou
T
u&&
1 j ,max = dj
g

E as correspondentes forças de inércia vêm dadas por:

Sa 2 S
Fj1,max = m j u&&Tj1,max = m j w d j = a2 w2 Fj d j
g g

Estas forças (depois de divididas pelo coeficiente de comportamento) são


aplicadas na estrutura para obter a sua resposta aproximada à acção
sísmica, verificando-se que este método conduz a resultados que comparam
bem com os obtidos pela análise modal, sobretudo para estruturas que
sejam essencialmente dominadas pelo 1º modo de vibração.

Trata-se de um método muito prático, facilmente programável numa simples


folha de cálculo e que só requer um programa de análise estática para obter
os deslocamentos na direcção em que são aplicadas as forças gravíticas.

Resolução do problema em estudo pelo método de Rayleigh

160 kN
d1 = 0.0399
0.0399
d = 
160 kN
d 2 = 0.0266 0.0266

∑F d i i
=
∑d i
= 28.918 f =
1
9.8 × 28.918 = 2.7 Hz → Sa = 310cm/ s 2
∑F d i i
2
∑d i
2

3.1× 0.3 160 0.0399 17.52


w = 16.83 rad/s F= ×16.832 ×  =  kN
9.8 9.8 0.0266 11.68
17.52 kN

A resposta da estrutura à acção


sísmica obtém-se determinando os
11.68 kN
deslocamentos e esforços devidos a
esta acção.

FEUP - 2010 António Arêde 131


13.5 MÉTODO SIMPLIFICADO DE ANÁLISE ESTÁTICA

Tal como o método de Rayleigh considera-se na análise apenas o 1º modo,


mas assumido com uma configuração linear (triangular invertida) que é
uma aproximação aceitável apenas para estruturas regulares em altura.
Partindo desta hipótese e admitindo que o corte basal, que equilibra a
resultante de todas as forças de inércia em altura, é imposto como uma
fracção β do peso total da estrutura, é possível então estabelecer o
seguinte raciocínio:

un Fn
mn

u n-1 F n-1

hi  u&& 
mi
ui u&&i = u&&n ⇒ Fi
Fi = mi u&&i = mi hi  n 
hn  hn 
hn

F2
hi u

F1

h1

Vb

n n
 u&&   u&&  n
em que o corte basal Vb se escreve: Vb = ∑ Fi = ∑ mi hi  n  =  n  ∑ mi hi
i =1 i =1  hn   hn  i =1
n
Como se admite que o corte basal é uma fracção do peso total: Vb = β ⋅ g ∑ mi
n i =1

u&&n n n
 &&  ∑m i
⇒ ∑mh i i = β g ∑ mi (∴)  un  = β g n
i =1
hn  hn 
i =1 i =1
∑mh
i =1
i i
declive da deformada

Resulta então:

n n
Distribuição de
∑ mi ∑ Gi forças proporcionais
Fi = mi hi β g n
i =1
= β Gi hi n
i =1
ao peso Gi do piso e
∑mh
i =1
i i ∑G h
i =1
i i à respectiva altura hi.

FEUP - 2010 António Arêde 132


14. DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS DA ACÇÃO
SÍSMICA SEGUNDO O RSAEEP

14.1 METODOLOGIAS CONTEMPLADAS

Há diversos métodos com diferentes graus de rigor, generalidade e de


complexidade.

Métodos Gerais e
“Exactos”

Método Simplificado
de Análise Estática

14.1.1 MÉTODO PADRÃO


Estrutura Tridimensional, Análise Dinâmica e Não-Linear

Pouco prático, ficando reservado a estudos mais específicos,


estruturas menos correntes, calibração de parâmetros e métodos

F
Fe,máx.
u
60%
40%

u
u&&g

Elástico

Redução para 60%


Redução para 40%

Desde que a estrutura tenha DUCTILIDADE adequada, podem obter-se


menores esforços, ou melhor: podem ser adoptadas menores forças sísmicas
de dimensionamento.

FEUP - 2010 António Arêde 133


14.1.2 Estrutura Tridimensional, Análise Dinâmica , Comportamento Linear e
Coeficientes de Comportamento

Metodologia adequada para projecto, correntemente implementada


em programas de cálculo automático comerciais.

14.1.3 Estruturas Planas, Análise Dinâmica, Comportamento Linear,


Coeficientes de Comportamento e Correcção de Efeitos de Torção

Metodologia também adequada para projecto, mas mais simplificada


e prática quando não se pretende fazer uma modelação 3D que é de
mais difícil interpretação e sistematização para o dimensionamento.

14.1.4 Método Simplificado de Análise Estática

Reservado para estruturas regulares em altura, claramente


dominadas pelo 1º modo de vibração..

14.1.5 Método de Recurso 0.22 α Fi


Muito limitado, fortemente penalizador do dimensionamento e a usar
apenas em casos complexos mas cuja análise sísmica não seja um
factor de grande importância.

14.2 ASPECTOS GERAIS COMUNS


Em qualquer dos métodos existem um limites para o efeito da acção dos
sismos, de modo a garantir resistências adequadas a forças horizontais.

Vb (θ) – máxima força de reacção horizontal na direcção θ (ex: X ou Y)


P – peso da estrutura; Vb – mínimo de Vb (θ)

Vb
Limite Inferior δ= ≥ 0.04 α
P
Se δ < 0.04 α multiplicar resultados por 0.04 α δ

Limite Superior δ < 0.16 α


Se δ > 0.16 α pode dividir - se os resultados por δ 0.16 α
desde que a estrutura apresente uma certa ductilidade.

As massas a considerar na análise correspondem ao valor médio das cargas


permanentes + valor quase-permanente das cargas variáveis.
As características de rigidez e amortecimento devem corresponder a valores
médios das propriedades dos materiais.

FEUP - 2010 António Arêde 134


14.3 ASPECTOS PARTICULARES do
Método Simplificado de Análise Estática

Condições de Aplicação

i) A distribuição de massa e de rigidez em planta deve ser proporcionada

Centro de Rigidez de um piso (Cr) F~Iy


Ponto no qual a aplicação de uma CR
força horizontal, origina apenas
Rx
translação na direcção da força
(não provoca rotação).
F~ Ix
Ry

A distância entre os centros de rigidez e de


massa (onde actuam as forças de inércia), Cg < 0,15b b
deve ser limitada a 15% da dimensão do CR
desenvolvimento da estrutura.
< 0,15a

ii) Distribuição vertical de massa e de rigidez sem grandes variações

iii) Malha ortogonal e pouco deformável


d i − d i −1
f > 0.5 Hz ou f >
8
Hz (n = nº de pisos) < 1.5%
n hi ,i −1

iv) Pisos indeformáveis no seu plano (para boa repartição da acção pelos
elementos resistentes verticais – pórticos e7ou paredes)

A acção do sismo é quantificada através do corte basal imposto: Vb = β P


β = α β0 η Coeficiente de
Comportamento
S a , β0
ξ =5 %

Coeficiente 400 Espectro Envolvente


β
Sísmico 0

200 A S2
A S1
Coeficiente Sísmico
de Referência 1 2 3 4 5 6 7 f(Hz)
0.04 α < β < 0.16 α

FEUP - 2010 António Arêde 135


Estimativa (grosseira) da Frequência:

12
Estrutura Tipo Pórtico f = Hz (n = nº de pisos)
n
16
Estrutura Tipo Pórtico - Parede f = Hz
n
6b
Estrutura Tipo Parede f = Hz
h

Valores e Distribuição das Forças Estáticas n

∑P j =1
j

Fki = β hi Pi
Proporcionais ao peso Pi de cada piso
n

∑h
Proporcionais à altura hi de cada piso
j Pj
j =1

Estas forças são aplicadas, em cada piso i, com as seguintes excentricidades


relativas ao centro de massa:

e 2i e1i
CRi
e1i = 0.5bi + 0.05a
Cgi

e2i = 0.05a
bi Fi

As forças Fki nos pisos devem ser consideradas todas com as excentricidades e1i
ou todas com e2i, conforme o que for mais gravoso para o elemento em estudo.

Quando há simetria e distribuição uniforme de rigidez em planta pode afectar-se


os resultados do seguinte factor de correcção dos efeitos de torção

0.6 x
ξ = 1+
a
onde x é a distância do elemento em estudo ao centro de massa (ou de rigidez,
uma vez que ambos coincidem).

FEUP - 2010 António Arêde 136


Significado das Excentricidades Adicionais das forças sísmicas (RSA)

e1i = 0.5bi + 0.05 a // e2i = 0.05 a

bi
c ri cgi
e 2i e1i

0.05 a – Parcela que se destina a atender à componente da rotação do sismo


(ou melhor à diferente intensidade com que actua nos diversos
elementos verticais da base do edifício ao longo da direcção normal
à da acção sísmica), e ainda ao facto de, havendo comportamento
não linear, se gerarem assimetrias de rigidez porque um dos lados
pode entrar primeiro em regime não-linear do que o seu simétrico,
ficando portanto com menor rigidez.
No caso de haver simetria estrutural e de massa, Cr = Cg , as
excentricidades coincidem em valor (mas não em sentido, pelo que
há que considerar ambos)

0.5 bi – Parcela para atender à incerteza na determinação da posição do


centro de rigidez devido à natureza dinâmica do problema que na
realidade inclui diferentes modos na resposta, aos quais estão
associadas forças distintas, tornando muito difícil (porventura
impossível mesmo) de nos casos correntes definir uma posição
única do centro de rigidez.
No método simplificado estático e no de Rayleigh isto é possível
porque só há uma distribuição de forças assumida, mas a incerteza
na posição “real” do centro de rigidez permanece, razão pela qual
nestes dois métodos que envolvam apenas análise plana (sem um
modelo 3D da estrutura onde a distribuição de rigidez e massa já
entra automaticamente) se torna necessário esta “margem de
segurança” na posição do centro de rigidez.

O factor de correcção para efeitos de torção em estruturas simétricas com


rigidez uniformemente distribuída (ξ = 1+0.6 x/a) pode ser deduzido a partir da
condição de que |e1i| = |e2i| = 0.05a e da distribuição uniforme de rigidez (ou
seja, da distribuição uniforme de forças resistentes ao nível do piso).

FEUP - 2010 António Arêde 137


14.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DE RAYLEIGH E
DO MÉTODO SIMPLIFICADO DE ANÁLISE ESTÁTICA

Estrutura Porticada Simples – Análise Sísmica na maior direcção (simétrica)


4.0m

Dimensões:

Vigas: b = 0,2m; h = 0,5m


4.0m

Pilares: b = 0,35m; h = 0,35m


(até ao 3º piso)
b = 0,25m; h = 0,25m
(restantes pisos)
E = 21.0 GPa
Cargas
3.0m

G = 5,5 kN/m2 ; Q = 2,0 kN/m2


Peso próprio de vigas e pilares:
3.0m

1.0 kN/m2
3.0m

Cargas permanentes por piso:


(8x15,0)x(5,5+1,0) = 780 kN
3.0m

Sobrecargas por piso:


8,0 x 15,0 x 2,0 = 240 kN

Gi = 780 + ψ2 x 240 =
4.0m

= 780 + 0,2 x 240 = 828 kN

5.0m 5.0m 5.0m

Coeficientes de comportamento: Esforços: η = 2,5

Deslocamentos: η = 1,0
Terreno tipo I

Local: Porto ( α = 0.3)

FEUP - 2010 António Arêde 138


14.4.1 Análise Dinâmica (Método de Rayleigh) S a w2
Fi di Fi d i Fi d i2 Fi d i
g 2η
828
828 .2987 243.3 73.88 24.24

828
828 .2656 219.9 58.4 21.56

828
828 .2013 166.7 33.56 16.34

828
828 .1569 129.92 20.38 12.74

828
828 .0975 80.74 7.88 7.92

844.6 194.1

24.24
0.71 cm

21.56

16.34 f =
1
g
∑F d
i i
=
1
42.64 = 1.04 Hz
2π ∑F d
i i
2

SaII = 1.84 m/s 2


12.74
SaI = 1.48 m/s 2

7.92 S a = SaII × α =1.84 m/s 2 × 0.3 = 0.55 m/s 2

S a w2
= 0.098
44.46 49.77 g 2η

Máximo deslocamento horizontal = 0.71 x 2.5 = 1.775 cm


Momento nos pilares extremos = 44.46 kN.m
Momento nos pilares interiores = 49.77 kN.m
Soma das reacções horizontais = 82.8 kN
Verificação de corte basal mínimo e máximo: 0.04α < 82.8 /(828 * 5) < 0.16α

RAZÃO ENTRE AS CARGAS GRAVÍTICAS E ACÇÕES HORIZONTAIS


24.24 / 828 = 0.03 ; 21.56 / 828 = 0.026 ; 16.34 / 828 = 0.020
12.74 / 828 = 0.015 ; 7.92 / 828 = 0.010

Na zona D, em geral, a maior força sísmica não ultrapassa 10% das


cargas gravíticas.

FEUP - 2010 António Arêde 139


14.4.2 Análise Estática (método simplificado)

14.4.2.1 Usando a estimativa do R.S.A. para a frequência

12 12 α 0.3
f = = = 2.4 Hz β 0 = 0.17 f = 0.26 β = β0 = 0.26 × = 0.031
n 5 η 2.5
0.04α = 0.012 < 0.031 < 0.16α = 0.048

Fki = β hi Gi
∑G i
= 0.031 hi 828
(1 + 1 + 1 + 1 + 1) = 2.567 hi
∑h G i i (4 + 7 + 10 + 13 + 16)
41.072
1.14 cm

33.371

25.67

17.969

10.268

68.96 77.27

COMPARAÇÃO COM A ANÁLISE DINÂMICA (método de Rayleigh)


Máximo deslocamento horizontal = 1.14 x 2.5 = 2.85 cm (+ 61%)
Momento nos pilares extremos = 68.96 kN.m (+ 55%)
Momento nos pilares interiores = 77.27 kN.m (+ 55%)
Soma das reacções horizontais = 128.35 kN (+55%)

14.4.2.2 Usando a frequência calculada pelo método de Rayleigh

β 0 = 0.17 1.04 = 0.173

Máximo deslocamento horizontal: 2.85 x (.173/.26) = 285 x .67 = 1.9cm (+ 7.0%)


Momento nos pilares extremos = 68.96 x .67 = 45.88 kN.m (+ 3.0%)
Momento nos pilares interiores = 77.27 x .67 = 51.4 kN.m (+ 3.3%)
Soma das reacções horizontais = 128.35 x .67 = 85.4 kN (+3.1%)

FEUP - 2010 António Arêde 140


15. ANÁLISE DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS SOB
ACÇÕES HORIZONTAIS
15.1 MODELOS DE ANÁLISE

• Modelo Espacial (3D) da Estrutura (Método “exacto” – padrão)

Vigas e pilares Elementos de barra com 6 g.l. por nó

Lajes e paredes Elementos finitos de laje e casca

• Elevado nº de g.l. e dificuldade de analisar e sistematizar resultados

• Modelo de 3 g.l. por piso

Associação de sub-estruturas planas de contraventamento (pórticos


e/ou paredes) em qualquer direcção
SIMPLIFICAÇÃO

Compatibilização pelo piso rígido, segundo 3 deslocamentos


horizontais (X, Y e rotação)

• Nº razoável (baixo) de g.l. (3 x Nº de pisos)


• Consideração de comportamento 3D
• Análise e sistematização de resultados mais fácil (por pórtico)

• Associação plana (estrutura comboio)

Associação de sub-estruturas planas de contraventamento (pórticos


e/ou paredes) numa só direcção

Compatibilização pelo piso rígido, apenas segundo um deslocamento


horizontal por piso nessa direcção

• Facilidade de utilização com um programa de pórticos planos


• Consideração de comportamento numa só direcção
• Facilidade de análise e sistematização de resultados (por pórtico)

FEUP - 2010 António Arêde 141


15.2 ESTRUTURAS PLANAS RESISTENTES A ACÇÕES HORIZONTAIS:
PÓRTICOS, PAREDES E MISTAS

15.2.1 Estrutura tipo PÓRTICO

Figuras adaptadas de “Sismos e Edifícios”, ed. Orion, Cap.6

• Em cada piso i o deslocamento entre pisos ∆i depende essencialmente da


força de corte sob esse piso, uma vez que as rotações dos nós são
parcialmente restringidas pelas vigas. Se estas forem de grande rigidez de
flexão (“infinita”, por comparação com a dos pilares), então o drift ∆i
depende mesmo exclusivamente da força de corte Vi sob o piso, sendo
dado pelo quociente dessa força pela rigidez de corte do piso.
• Como a força de corte aumenta de cima para baixo (por acumulação das
forças de piso), também o drift ∆i aumenta de cima para baixo. Sendo o
deslocamento de cada piso a acumulação dos drifts desde a base até ao
topo, a curvatura típica da deformada média de um pórtico tende a reduzir
em altura, apresentando o aspecto ilustrado na Figura.

15.2.2 Estrutura tipo PAREDE

• Em cada piso i o drift ∆i depende não só da


flexão entre pisos, mas também das
rotações da parede ao nível inferior.
• Como as rotações estão sempre a
aumentar em altura, então o drift ∆i tem
uma taxa de crescimento em altura sempre
positiva, donde a deformada final típica de
consola tem sempre o sentido da carga.

FEUP - 2010 António Arêde 142


15.2.3 Estrutura MISTA tipo PÓRTICO-PAREDE

Figuras adaptadas de “Sismos


e Edifícios”, ed. Orion, Cap.6

• Se a parede e o pórtico estivessem separados e sujeitos a uma idêntica


distribuição de forças em altura as configurações deformadas seriam bem
diferentes conforme indicado na figura a).
• As lajes de cada piso i, se forem rígidas, impõem igual deslocamento de
piso na parede e no pórtico, gerando forças de interacção entre ambos.
• Nos pisos inferiores, os deslocamentos da parede seriam menores do que
os do pórtico se fossem independentes; como tal a parede tende a travar
o pórtico (“puxando-o”) e este a forçar mais a parede (“empurrando-a”);
nos pisos superiores dá-se o contrário, originado o diagrama de forças de
interacção indicado em b).
• A distribuição final de forças (c) altera-se; em particular no pórtico, em
que as forças finais mudam sempre de sentido, os esforços de corte nos
pilares já não serão máximos na base mas algures acima.

FEUP - 2010 António Arêde 143


15.3 ANÁLISE PLANA DE ESTRUTURAS PÓRTICO-PAREDE SOB
ACÇÕES ESTÁTICAS HORIZONTAIS

15.3.1 Notação de forças globais e locais

Piso i

GLOBAL (Estrutura) LOCAL (Pórtico p)

NO PISO SOB O PISO NO PISO SOB O PISO


p
F3 ALÇADO f 3
ALÇADO
p p
V3 = F 3 V3 = f 3

F2 f 2p
p p p
V2 = F 3 + F 2 V 2 = f 3 +f 2

F1 f 1p
p p p p
V1 = F 3 + F 2 + F 1 V1 = f 3 +f 2 +f 1
p
Vb Vb

N N
Vi = ∑ Fl Vi = ∑ f l p
p

l =i l =i

NO PISO SOB O PISO


f i p = Vi p − Vi +p1 ; i = 1, K , N − 1

f Np = VNp
PLANTA

xF 0 xT
i i
N
Fi
Vi
∑F x l Fl
xVi = l =i
Vi

Vi p = força de corte sob o piso i (ou na base, i=0), no pórtico p,


devido aos movimentos de translação e rotação.

I ip = força de corte sob o piso i (ou na base), no pórtico p,


devido apenas ao movimento de translação.

Ript = forças de corte sob o piso i (ou na base), no grupo de Npt


pórticos iguais de tipo pt, devido apenas ao movimento de
translação (igual ao somatório das forças I ip nos pórticos pt).

FEUP - 2010 António Arêde 144


15.3.2 Estruturas simétricas com solicitação simétrica

• Associação em comboio (ligação de pórticos/paredes por bielas rígidas)


• Distribuição de forças e esforços proporcional à rigidez dos pórticos
• Não há torção global
PLANTA

• Pisos rígidos no próprio plano


2
Deslocamentos horizontais iguais
nos pórticos e nas paredes,
obrigando à compatibilização de 3

deformadas de diferentes tipos F

• Modelação
5

4 pórticos “simples” tipo PT1 (1,2,5,6)


2 pórticos “mistos” tipo PT2 (3,4) 6

F5
PISOS CORTE
5

F3

4
F1

4xPT1 2xPT2

2
BIELAS AXIALMENTE EA ≅ ∞
RÍGIDAS EI ≅ 0
1

EA = 1000 EAvig
Exemplo: 0

EI = EIvig / 1000

Cuidados particulares:
A deformabilidade axial das vigas pode introduzir erros, pelo que, para os evitar
deve-se artificialmente incrementá-la, condicionando as dimensões das secções.
A modelação da parede com um elemento de barra (com dimensões de iguais à
da secção transversal da parede) deve ser complementada com troços rígidos
nas extremidades das vigas adjacentes

FEUP - 2010 António Arêde 145


• A modelação adoptada permite obter directamente as forças de corte Ript ,
para cada grupo de pórticos pt sob o piso i, através da soma dos esforços
transversos dos correspondentes pilares/paredes que suportam esse piso.
F5

F4 R 15 R 52

F3 R 14 R 24

F2 R 13 R 23

F1 R 12 R 22

R 11 R 12

R 1T R T2

• Para cada pórtico p, as forças de corte I ip sob o piso i, obtêm-se dos


anteriores dividindo pelo número de pórticos do grupo em que aquele se
insere.

PT1 → I i1 = I i2 = I i5 = I i6 = Ri1 / 4

PT 2 → I i3 = I i4 = Ri2 / 2

• Como só há translação, as forças de corte finais do pórtico Vi p coincidem


com as de corte só devidas á translação I ip .

• Para cada pórtico p, as forças no piso f i p obtêm-se das anteriores por


equilíbrio, subtraindo as forças de corte de entre-pisos sucessivos, i.e.:

f i p = Vi p − Vi +p1 = I ip − I ip+1 ; i = 1, K , N − 1

f Np = VNp = I Np
Claro que também pode ser feito logo ao nível das forças Ript (e Ript+1 ) e
depois dividido pelo número de pórticos do grupo (Npt):

Ript − Ript+1 RNpt


fi = p
; i = 1, K , N − 1 ; f =
N
p

N pt N pt
• Por serem obtidos por imposição de igual deslocamento (de piso e
relativo entre pisos) nos vários pórticos, essas forças dão uma medida da
rigidez de corte de cada pórtico p sob o piso i.
• Assim, o quociente de cada uma dessas forças para a força de corte total
sob o piso i (Vi ) , dado por: p
Ii
ri p =
Vi
fornece uma medida da rigidez relativa entre pórticos que pode ser usada
para repartir as forças de corte sob aquele piso.

FEUP - 2010 António Arêde 146


15.3.3 Estruturas simétricas com solicitação qualquer (simétrica ou não)

• Associação em comboio (ligação de pórticos/paredes por bielas rígidas)


• Distribuição de forças e esforços proporcional à rigidez dos pórticos
• Correcção de efeitos devido à torção global resultante da excentricidade
entre a força actuante (por piso) e o centro de rigidez (no eixo de simetria)

i) Só translação (e = 0)
PLANTA
• Modelação (“em comboio”) 1
F5

2
F3

3
F1
CR

4
4xPT1 2xPT2 e
F

4 pórticos “simples” tipo PT1 (1,2,5,6)


F 5
2 pórticos “mistos” tipo PT2 (3,4)

• Cálculo de rigidez relativa

a) obtenção de esforços de corte PISOS CORTE


entre pisos e na base, para cada 5

grupo de pórticos tipo:

 Ri1 = corte abaixo do piso i 4


PT1 ⇒ 
 RT1 = corte basal
3

 R = corte sob o piso i


i
2

PT 2 ⇒ 
 RT2 = corte basal 2

b) Repartição pelos pórticos de


1
cada grupo
0
PT1 → I i1 = I i2 = I i5 = I i6 = Ri1 / 4

PT 2 → I i3 = I i4 = Ri2 / 2

FEUP - 2010 António Arêde 147


ii) Correcção com efeito da torção (F.e)

• A excentricidade refere-se ao centro de rigidez do piso CRi

• As forças I ip obtidas para cada pórtico p abaixo do piso i (devidas só à


translação) dão uma medida da rigidez desse pórtico ao nível desse piso
(porque foram obtidos por imposição de iguais deslocamentos de piso),
que totalizam a força de corte global Vi sob o mesmo piso.

• Podem assim ser usadas como “rigidez” para quantificar o efeito da


rotação!!
u = TRANSLACÇÃO ROTAÇÃO = θ

I1 ∆I 1
1 1
d

I2 ∆I 2
2 2
d

I3 ∆I 3
3 3
d
CR u CR

I 4
∆I 4
d4 4 θ
e
V
θ
kP ~ I P
V 5 I5 ∆I 5 P
d 5 d

δP =u+θ d P

d
6 I6 ∆I 6
6

• A figura reporta-se ao piso genérico i (ou à base i=0), pelo que se


considera a seguinte notação simplificada:

V = Vi ; eV = eVi ; u = ui ; θ = θ i
d p = d ip ; I p = I ip ; ∆I p = ∆I ip

onde

Ip
V = ∑I p
⇒ ∑ = ∑r p =1
p p V p

FEUP - 2010 António Arêde 148


Só devido à rotação (θ) provocada pelo momento (V.e), i.e. para translação
nula (u = 0), vem, em cada pórtico p:

∆I p = K p ⋅ δ p = α I p ⋅ θ d p = (α ⋅ θ )I p ⋅ d p

Kp ~Ip δ p = 0 +θ d p
⇔ K p =α I p

Por equilíbrio tem-se:

V ⋅ eV = ∑ ∆I p ⋅ d p = ∑ (α θ )I p ⋅ d p =
2

p p V ⋅ eV
∴αθ=
= (α θ )∑ I ⋅ d p2
∑I
2
p p
⋅d p
p p

donde:
V ⋅ eV
∆I p = ⋅I p ⋅d p
∑I
p
p
⋅d p2

A força de corte total em cada pórtico vem então

V ⋅ eV
V p = I p + ∆I p = I p + ⋅ I p ⋅d p
∑I p
p
d p2

ou seja, atendendo a que V = ∑I p


p

 e ⋅ Ip     
  V ∑     e ⋅ d p 
⇔ V p = I p ⋅ 1 +  p
 ⋅ d p  = I p ⋅ 1 +  V  = I p ⋅ ξ p
  ∑ I d    ∑ r d 
p p2 p p2

  p  
   p 

onde
 
eV ⋅ d p  ∑ I p 
 = 1 + eV ⋅ d
p
ξ p = 1+  p
∑I p d p ∑rp d p
2 2

p p

representa o factor de correcção devida aos efeitos de torção, que permite


obter a força de corte final sob um dado piso i do pórtico p a partir da força
de corte devida só à translação.
As forças por piso obtêm-se como anteriormente, por diferença das de corte.

FEUP - 2010 António Arêde 149


15.3.4 Estruturas não-simétricas com solicitação qualquer (simétrica ou não)

• Associação em comboio (ligação de pórticos/paredes por bielas rígidas)


• Distribuição de forças e esforços proporcional à rigidez dos pórticos
• Determinação da posição do centro de rigidez por piso
• Correcção de efeitos devido à torção global resultante da excentricidade
entre a força actuante (por piso) e o centro de rigidez

PT1
1
i) Só translação (e = 0)

PT2
• Modelação (“em comboio”) 2

3 pórticos tipo PT1 (1,4,5) PT2


3
0
2 pórticos tipo PT2 (2,3) xF

F PT1
4
x+
F5

F4 PT1
5
F3

F2

F1

PISOS CORTE
R 1T R T2
5
3xPT1 2xPT2

4
• Cálculo de rigidez relativa
3

Obtenção de esforços de corte entre


pisos e na base, nos pórticos tipo e 2
repartição pelos pórticos de cada
grupo como no caso das estruturas 1
simétricas
0

 PT1 → I = I = I = R / 3
1
i i
4
i
5 1
i

 PT2 → I = I = Ri / 2
2 2 3
i i

FEUP - 2010 António Arêde 150


ii) Obtenção da posição do centro de rigidez de cada piso i

• Com base nas forças I ip que são uma medida da rigidez do pórtico p
sob o piso i.
• O centro de rigidez encontra-se na linha de acção da resultante
dessas forças.
PT1 I1
1 1
x

I2
2
PT2
2 xC R ⋅ ∑ I p = ∑ I p ⋅ x p
x p p

CR
PT2 I3
xC
R x 3
0
3
∑I ⋅x p p

= = ∑r p ⋅ xp
p
xC R
p
∑I p
p
d PT1 I 4 p
(+) x4 4
x+

PT1 I5
x5 5

iii) Correcção com efeito de torção

Redefinição prévia de coordenadas, agora em relação ao centro de


rigidez (CR):

• De cada pórtico d p = x p − xCR

p/ piso
• Dos pontos de aplicação das forças
eF = xF − xCR
totais de piso (F) e de corte (V):
(excentricidades eF e eV) eV = xV − xCR

Aplicação directa da expressão já atrás obtida:

  e ⋅ Ip  
  T ∑  
V p = I p × 1 +   ⋅
p p
d  força de corte sob o piso i ou na base
  ∑ I d 
p p2

  p  

e obtenção das forças de piso f i p por subtracção das de corte.

FEUP - 2010 António Arêde 151


15.4 ANÁLISE SÍSMICA PLANA DE ESTRUTURAS PÓRTICO, PAREDE
ou MISTAS
Baseada no Método de Rayleigh ou
no Método Simplificado de Análise Estática (Forças Estáticas Equivalentes)

15.4.1 Estruturas simétricas (em termos de rigidez e massa)

i) Modelação “em comboio” e cálculo para a totalidade das cargas


gravíticas Gi em cada piso. Obtém-se os deslocamentos de piso di.

ii) Cálculo da frequência e das acelerações espectrais regulamentares

f =
1
g
∑G d i i
→ S a = max ( S aI , S aII )
2π ∑G d i i
2
R.S . A.

S a w2
iii) Determinação das forças sísmicas Fi = 2 Gi d i

iv) Cálculo da associação de pórticos para as forças sísmicas Fi :


- os esforços obtidos são os devidos à acção sísmica e
- os deslocamentos devem ser multiplicados por η.

v) Os esforços e deslocamentos finais obtêm-se multiplicando


os anteriores pelo factor correctivo de torção: 0.6 x
ξ = 1+
a
Este coeficiente é válido se a rigidez for uniformemente
distribuída em planta, caso em que se pode considerar:

dp →x eT ≡ eF = 0.05a

Ip
r = p
→ r ( x).dx com r ( x) = r = const.
T
∑r p =1→ ∫
a/2
r ( x)dx = r ⋅ a = 1
−a / 2
p

eT ⋅ d p 0.05a ⋅ x x
∴ ξ = 1+ p
→1+ = 1 + 0 .6
∑r
2 a/2
∫ r ⋅ x 2 dx a
p
dp
−a / 2
p

FEUP - 2010 António Arêde 152


15.4.2 Estruturas não-simétricas (em termos de rigidez e/ou massa)

1ª Fase: Como nas estruturas simétricas – só translação

i) Modelação “em comboio” e cálculo para a totalidade das cargas


gravíticas Gi em cada piso. Obtém-se os deslocamentos de piso di.

ii) Cálculo da frequência (estando-se aqui a desprezar o efeito de torção na


determinação da frequência) e da aceleração espectral regulamentar Sa .

iii) Determinação das forças sísmicas globais Fi

iv) Cálculo da associação de pórticos para as forças sísmicas globais Fi

2ª Fase: Correcção com o efeito de torção

v) Cálculo da rigidez relativa dos pórticos e do centro de rigidez, com


base nos resultados da análise para as forças sísmicas globais Fi

vi) Correcção da excentricidade relativa ao centro de rigidez com as


excentricidades definidas no Art.º 32.2 do RSA

e1i = 0.5bi + 0.05a CRi e 2i e1i

e2i = 0.05a Cgi


d Gi = − xCRi = bi
bi Fi
eF 1i = d Gi + e1i ou eF 2i = d Gi − e2i
a

eVi ⋅ ∑ I ip
v) Agravamentos das forças de corte nos pórticos
ξ p = 1+ p
dp
pelo factor ξ i p , sendo a excentricidade eVi calculada i
∑p I i . di
p p2 i

para eF1i ou eF2i conforme o que for mais gravoso


para o elemento considerado, mas considerando eVi
= 1+ dp
e1i ou e2i em todos os pisos simultaneamente. ∑ ri . d i
p p2 i

vi) Obtenção das forças por piso a partir da diferença das forças de corte

FEUP - 2010 António Arêde 153


15.5 ANÁLISE TRIDIMENSIONAL DE EDIFÍCIOS
- MODELO DE 3 GRAUS DE LIBERDADE POR PISO

RIGIDEZ INFINITA NO PLANO

3 graus de liberdade / piso

θi
vi
ui

z
y x

15.5.1 ANÁLISE ESTÁTICA.


DESLOCAMENTOS, FORÇAS E EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO

ui − Deslocamento do andar i na direcção x

vi − Deslocamento do andar i na direcção y

θi − Rotação do andar i

a = [u1 v1 θ1 u 2 v2 θ 2 ... u N v N θ N ]
T

[
F = Fx1 Fy1 M θ 1 Fx 2 Fy 2 M θ 2 ... FxN FyN M θ N
T
]
• Matriz de rigidez K (3N × 3N ) sendo N o nº de andares

Ka=F

FEUP - 2010 António Arêde 154


15.5.1.1 Matriz de Rigidez e Vector Solicitação Global

A matriz de rigidez da estrutura global é devida:


- aos pórticos e paredes que só têm rigidez no seu plano e
- às caixas de escadas e de elevadores, que têm rigidez nas 2 direcções
horizontais e rigidez à torção

i) Contribuição da rigidez dos pórticos e paredes nos seus planos


A matriz de rigidez K p do pórtico pode
p p
ser obtida:
fi di
− Pela via Directa
(impondo deslocamentos unitários
num dos andares e zero nos outros)
− Através da matriz de flexibilidade
(impondo forças unitárias
sucessivamente em cada andar)

d1p   f1 p 
   
Kp dp = f p
dp = M  f p = M 
d p   f p
 N  N
Uma força f i p na direcção do pórtico é equivalente a:
y
f i p cos α p força na direcção x
p
f
i f i p sen α p força na direcção y

fi p ρ p momento em relação a 0
p
f sen α p
i e corresponde ao sub-vector:
p
f.i ρp cos α p 
αp
 
F i = f i p sen α p  = f i p t p
p
0 x
ρp f pcos αp
i  ρp 
1424 3
Oxy é o referencial global da estrutura. tp
 F 1, p 
 
tal que: F p =  M 
F 
 N,p 

FEUP - 2010 António Arêde 155


Também ao nível dos deslocamentos se tem:
y
d ip = ui cos α p + vi senα p + θ i ρ p
ui 
 
e definindo o seguinte sub-vector: a i = vi 
θ 
di
p  i
vem d i = t p ⋅ a i
p T
θi
vi
αp
ui x

Ou seja, em termos dos vectores relativos a todos os pisos:

 a1  t Tp 0~ 
a   
 
d p =T p a a= 2 Tp =
T T T
com e tp 
 M  0 T
tp
a N   ~ 

}
Pelo que a relação de rigidez local se pode transformar do seguinte modo

Kpdp = f p

T
T a
p
⇔ T p K pT p a =T p f
T
p

Tp⋅ Tp⋅
Kp a=Fp
G

Contribuição da rigidez Solicitação no pórtico p expressa


do pórtico p para a no referencial global.
matriz de rigidez global

e assim obter a equação de equilíbrio global sobrepondo as contribuições


de todos os pórticos e paredes (pp):

K G , pp a = F G , pp K G , pp = ∑ K p
G
onde = matriz de rigidez global
p devida a pórticos e paredes

Relativamente à rigidez de translação, as paredes dos núcleos de caixa


de escadas e/ou elevadores também podem (geralmente, devem) entrar
deste modo, especialmente quando se encontram ligadas a outros
elementos verticais através de vigas com rigidez à flexão significativa.

FEUP - 2010 António Arêde 156


ii) Contribuição da rigidez à torção dos núcleos

Se forem núcleos abertos, essa rigidez é praticamente desprezável.


Se forem núcleos fechados ou ligados por padieiras com rigidez elevada
pode usar-se a teoria de Saint-Venant que relaciona o momento e
curvatura de torção através da rigidez torsional GIt :

ϕt = M t / GI t G = E / 2(1 + v )
Procura-se substituir a zona das aberturas por uma parede mais delgada
com uma espessura devidamente calibrada que garanta ao conjunto
uma rigidez equivalente à do núcleo com as aberturas.

Ac
I
s
IN l
A espessura da parede fictícia pode
l
ser estimada por s=
 l 2 2l I N + h I l 
G h  ⋅ + 
onde:  12 EI 2 I N GAc 

h − Distância entre meios pisos vizinhos

l − Vão da viga padieira


Ac − Área reduzida de corte da viga padieira
I − Momento de inércia da viga padieira

IN − Momento de inércia da parcela da parede vertical do núcleo


que condiciona a rotação de extremidade da à padieira (são
os troços de parede adjacentes)
o que permite calcular o momento de inércia de torção It do núcleo
fechado equivalente como um tubo de paredes delgadas de espessura
variável, e daí a respectiva rigidez torsional sob o piso i de pé-direito li:

Kθ ,i = GI t / li
O núcleo dá origem a uma matriz de rigidez local referida apenas às
rotações em torno do eixo vertical em cada piso, cujos termos são
depois directamente adicionados nas posições correspondentes da
matriz de rigidez global da estrutura (tal como se faz para as bielas).

FEUP - 2010 António Arêde 157


15.5.1.2 Resposta Global e Repartição pelos Elementos Estruturais

A resolução do sistema de equações global Ka = F ,

onde a matriz K recebe a contribuição dos pórticos e paredes K G , pp bem como


a dos núcleos K G , Nuc e o vector F contém a solicitação exterior, permite obter
os deslocamentos globais a .

A partir destes últimos pode-se calcular os vectores dos deslocamentos


locais de cada pórtico ou parede e das correspondentes forças dados por:

dp =T p a
T
f p =Kp dp

Estas forças, aplicadas em cada pórtico plano, permitem a sua resolução em


conjunto com outras acções e assim obter resultados combinados.

15.5.2 ANÁLISE DINÂMICA

15.5.2.1 Matriz de massa


Admitindo massa concentrada ao nível dos pisos, pode-se definir
a seguinte sub-matriz para o piso i:
 m 0 − myG 
 
Mi = 0 m mxG 
− myG mxG I p 
G 
y onde Ip é o momento polar de inércia do piso i
x referido ao eixo vertical que passa pelo centro de
0
coordenadas geral O.

As várias sub-matrizes de cada piso são espalhadas na matriz de


massa global ao longo da diagonal principal de blocos de 3x3.

15.5.2.2 Determinação de frequências, modos de vibração, etc.

Obtêm-se da forma habitual usando a matriz de rigidez e de massa


com 3 g.l. por piso.
Os modos de vibração correspondem agora a movimentos puros ou
mistos nas direcções X e Y, envolvendo simultaneamente ou não,
rotações globais de piso.
As frequências têm agora valores mais próximos entre si nos modos
com a mesma ordem, mas em direcções distintas (ex.: modo 1X e 1Y).

FEUP - 2010 António Arêde 158


15.5.2.3 Análise modal - equações de equilíbrio desligadas

Para cada modo de vibração &y&n + 2ξ n wn y& n + wn2 yn = Γ nx u&&Xg + Γ ny u&&Yg + Γ nθ θ&&g

}
Γ nx = φnT M [1 0 0 1 0 0 ....] / φnT M φn
T

~ ~ ~ ~ ~
Factores de participação modal Γ nj
Γ ny = φnT M [0 1 0 0 1 0 ....] / φnT M φn
T
e correspondentes massas modais
( )
~ ~ ~ ~ ~
efectivas M j* = L j 2 M
Γ n = φ M [0 0 1 0 0 1 ....] / φ M φn
θ T T T n n n
n n
~ ~ ~ ~ ~

15.5.2.4 Resposta máxima recorrendo a espectros regulamentares

θ):
Máxima coordenada modal n relativa à direcção de vibração j ( j = x,y,θ

ynj = S djn ⋅ Γ nj S dXn = S aXn wn2 ; S dYn = S aYn wn2 ; S dθn = S aθn wn2

deslocamento espectral para o modo n e devido à direcção j

S aXn = S aYn = S an − valores regulamentares de aceleração espectral (modo n)

2 S an
S aθn = − aceleração espectral de rotação (modo n)
2 wn c
c − velocidade de propagação do movimento sísmico

Recorrendo à combinação quadrática simples (CQS), a resposta


máxima para um parâmetro genérico Q da resposta vem

∑∑ (q )
2
Qmax = n ⋅ S djn ⋅ Lnj
n j

valor da quantidade genérica Q para a


configuração do modo n

ou usando uma combinação quadrática completa (CQC) nos modos seguida


de uma combinação quadrática simples (CQS) nas direcções:

∑∑ (q ) ( )
N N
j
Q max = m ymj ⋅ ρ mn qn ynj Máximo por direcção da acção
n =1 m =1
j = X ,Y ,θ
!! SINAIS !!

Qmax = (Q ) + (Q ) + (Q )
X
max
2 Y
max
2
max
θ 2

onde o coeficiente de correlação dos modos ρ mn foi já atrás definido.

FEUP - 2010 António Arêde 159


16. DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS DA ACÇÃO
SÍSMICA DE ACORDO COM O EC8
16.1 ASPECTOS GERAIS DE EDIFÍCIOS SISMO-RESISTENTES

A concepção deste tipo de estruturas deve atender o mais possível aos


seguintes requisitos (a tentar impor logo na definição arquitectónica):
Simplicidade da estrutura
Uniformidade, simetria e redundância estrutural
Resistência e rigidez adequadas em duas direcções principais de translação
Resistência e rigidez de torção global
Comportamento de diafragma rígido
Fundações adequadas

16.2 ESPECTRO DE PROJECTO PARA ANÁLISE ELÁSTICA

Para projecto, o EC8 fornece explicitamente o designado ESPECTRO DE


PROJECTO PARA ANÁLISE ELÁSTICA, que resulta do Espectro de Resposta
Elástico atrás apresentado, dividido pelo coeficiente de comportamento q,
calibrado para 5% de amortecimento.

Para os diversos ramos, as expressões do valor de cálculo Sd da aceleração


espectral assim obtida são as seguintes:

2 T  2.5 2 
0 ≤ T ≤ TB : S d (T ) = a g ⋅ S ⋅  + ⋅  − 
 3 TB  q 3 

S d (T ) = a g ⋅ S ⋅
2.5
TB ≤ T ≤ TC :
q

2.5  TC 
TC ≤ T ≤ TD : S d (T ) = a g ⋅ S⋅ ⋅ ≥ β ⋅ ag
q  T 

2 .5  T C T D 
TD ≤ T : S d (T )= ag ⋅S ⋅ ⋅ 2  ≥ β ⋅ag
q  T 

onde β=0.2, é a fracção mínima de aceleração espectral de projecto para


análise elástica, e o coeficiente de comportamento q é dado para cada tipo
de material, em função da tipologia estrutural e da classe de ductilidade
adoptada para a estrutura (baixa, média ou alta).

FEUP - 2011 António Arêde 160


16.3 ELEMENTOS ESTRUTURAIS SISMO-RESISTENTES

Introduz-se a noção de elementos PRIMÁRIOS e elementos SECUNDÁRIOS, no


sistema resistente à acção sísmica.
Embora não formalmente incluída no RSA, a prática corrente já atendia a isto,
por exemplo desprezando pilares e/ou vigas claramente secundários e de
algum modo isolados e dispersos, que não se incluíam em nenhum pórtico
embora na verdade contribuíssem para a resistência lateral.

Elementos secundários: não precisam de se incluídos no modelo estrutural


de análise, mas no seu detalhe de projecto deve-se atender a que estão
também submetidos aos deslocamentos impostos na estrutura global,
embora não estejam obrigados ao requisitos de projecto e detalhe previstos
no EC8. A totalidade da sua contribuição para a rigidez estrutural não deve
exceder 15% da que é conferida pelos elementos primários.
Elementos primários: todos os restantes que não são considerados
secundários (i.e. que formam sistemas porticados simples ou mistos) e que
obviamente constituem o modelo estrutural de análise e estão sujeitos às
regras de projecto e detalhe previstas no EC8

16.4 REGULARIDADE E IRREGULARIDADE ESTRUTURAL

A classificação de estruturas quanto à sua regularidade em planta e em altura é


mais detalhada e consistente do que a do RSA, baseando-se em características
essencialmente geométricas de relativamente simples aplicação (pontos 4.2.3.2
e 4.2.3.3 do EC8 - EN 1998-1:2004) e muito bem explicados em Sismos e
Edifícios (secções 12.4.3.1 e 12.4.3.2, da 1ª edição, 2008).

Esta classificação tem influência nos seguintes aspectos importantes:

Tipo de modelo estrutural a adoptar, simplificado plano ou espacial.


Método de análise, que pode ser simplificada com espectros de resposta
(aplicação de forças laterais equivalentes) ou análise modal.
Valor do coeficiente de comportamento, que é mais reduzido no caso de
estruturas irregulares em altura.

FEUP - 2011 António Arêde 161


Esta influência é sistematizada no Quadro 4.1 do EC8:

A classificação mais consistente da regularidade em planta reflecte-se ainda na


consideração dos efeitos de torção que requer excentricidades acidentais no
centro de massa de cada piso i de apenas eai = ±0,05Li, sendo Li a dimensão do
piso i na direcção normal à da acção sísmica em estudo.

No contexto de análises planas com método simplificado de forças laterais


estáticas equivalentes, isto traduz-se por afectar os resultados em cada
subestrutura resistente vertical por um factor idêntico ao do RSA (ξ = 1+0.6 x/a),
onde se prevê um agravamento do coeficiente 0.6 para 1.2 em certos casos.

No âmbito de análises espaciais, a alteração da posição de centro de massa é


muito complexa de materializar no processo de cálculo, pelo que é sugerida a
consideração de momentos de torção adicionais por piso Mai = eai Fi, sendo Fi
a força horizontal actuante no piso i na direcção em estudo, calculada com
base no método simplificado de análise estática.

FEUP - 2011 António Arêde 162


16.5 COEFICIENTES DE COMBINAÇÃO PARA ACÇÕES VARIÁVEIS

A acção sísmica, pelas suas particularidades de recorrência, é combinada


apenas como acção fundamental, acompanhada dos valores característicos das
acções permanentes e dos valores quase-permanentes das acções variáveis,
este último definido através do coeficiente  2i tal como definido no EC0 – EN
1990:2002, Anexo A1.
A combinação para EXIGÊNCIA DE NÃO COLAPSO (NCR), correspondente à
verificação em Estado Limite Último, é então dada por:

onde é de notar que a acção sísmica (AEd), conforme já obtida do espectro de


projecto, é já um valor de cálculo (não devendo portanto ser majorada porque
tal já está contemplado no novo espectro de resposta). Isto é uma diferença
importante relativa ao RSA.
A combinação para EXIGÊNCIA DE LIMITAÇÃO DE DANOS (DLR), para a
verificação em Estado Limite de Serviço, é dada pela mesma expressão, mas
depois os deslocamentos horizontais relativos entre pisos (dr = drift) assim
obtidos são afectados do coeficiente de redução ν, que vale 0,4 ou 0,55,
conforme a Acção Sísmica é do Tipo 1 ou 2, respectivamente.

Para a quantificação dos efeitos sísmicos, a massa mobilizada é calculada com


os novos coeficientes ψEi=φ.ψ2i em vez dos ψ2i como no RSA. O coeficiente φ,
designado de coeficiente de ocupação, está tabelado no EC8 (Quadro 4.2).

16.6 MÉTODOS DE ANÁLISE (secção 4.3.3 do EC8)

O método de referência é o método de análise modal por espectros de


resposta, usando um modelo linear-elástico da estrutura e o espectro de
projecto já apresentado.
No domínio das análises lineares elásticas, podem ser usados os métodos:
a) de forças laterais estáticas equivalentes (só em certos casos)
b) de análise modal por espectros de resposta, válido para todos os
casos.
Alternativamente à análise linear elástica, podem ser usados os métodos:
c) de análise estática não linear sob dois padrões possíveis de
distribuição em altura de forças horizontais nos pisos (pushover)
d) de análise não linear dinâmica no domínio do tempo, usando um
conjunto adequado de acelerogramas na base.

FEUP - 2011 António Arêde 163


16.7 COMBINAÇÃO DE EFEITOS DAS COMPONENTES DA ACÇÃO SÍSMICA

O EC8 admite como processo de referência, a combinação quadrática


simples (CQS) das respostas a cada uma das componentes da acção
sísmica (tal como já analisado anteriormente).
Como alternativa, admite também a conhecido regra do 1-1/3, impondo o
cálculo e análise das duas seguintes combinações:

onde “+” significa “a combinar com”, EEdx e EEdy representa os efeitos


resultantes da aplicação da acção sísmica, respectivamente, nas direcções X e
Y da estrutura.

16.8 VERIFICAÇÕES DE SEGURANÇA (secção 4.4 do EC8)

16.8.1 Estado limite último (NCR) - lista não exaustiva

Condição de resistência em ELU: Ed ≤ Rd


Efeitos de 2ª ordem podem ser desprezados se for cumprida a condição
seguinte:

onde θ, é o designado coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo (dr)


entre pisos cujo pé-direito é h, Ptot é a carga gravítica vertical total até ao piso
em estudo e Vtot é a força de corte sísmica sob esse piso. Na prática aquela
relação impõe que o momento global de 2ª ordem no piso devido ao drift não
seja superior a 10% do momento derrubador provocado por aquela força de
corte em relação ao piso inferior.

Verificações globais e locais de ductilidade, que podem incluir:

i) requisitos de dimensionamento por capacidade resistente, de forma a


obter uma hierarquia de resistência dos elementos que assegure a formação
de zonas dissipativas (rótulas plásticas) em locais devidamente escolhidos
(nas extremidades da vigas e não dos pilares) e evite modos de rotura
frágeis (corte) capacity design
ii) garantia de não formação de pisos fracos (soft-storey)
iii) imposição de sobre-resistência
dos pilares face às vigas nos nós

FEUP - 2011 António Arêde 164


16.8.2 Estado limite de serviço (DLR)

O EC8 impõe limites máximos ao drift entre pisos, consoante o tipo de


elementos não-estruturais que podem ser afectados por drifts excessivos,
admitindo três situações distintas:
Elementos frágeis não estruturais ligados à estrutura:

Elementos dúcteis não estruturais ligados à estrutura:

Elementos não estruturais inexistentes ou ligados à


estrutura de modo a não interferir com as
deformações desta (isolados, portanto):

onde o significado de todos os símbolos já foi antes apresentado.

16.9 CLASSES DE DUCTILIDADE E COEFICIENTES DE COMPORTAMENTO


EM EDIFÍCIOS DE BETÃO ARMADO

16.9.1 Classes de ductilidade

Baixa (L = Low), a utilizar apenas em zonas de baixa sismicidade, onde a


aceleração espectral na base agS não exceda 0.98m/s2 (≈0.1g).

Média (M = Medium), a utilizar nas zonas de média e alta sismicidade,


incluindo já requisitos de capacity deisgn (controle de formação de rótulas
plásticas e de prevenir roturas por corte)
Alta (H = High), a utilizar nas mesmas zonas, com requisitos ainda mais
exigentes de capacity design (tratamento detalhado dos nós, imposição de
restrições de armadura longitudinal máxima, maior quantidade e mais
estribos, etc.

16.9.2 Coeficientes de comportamento

Baixa (L = Low): qmax = 1.5


Média e Alta (M e H): secção 5.2.2.2 EC8, Quadro 5.1

FEUP - 2011 António Arêde 165

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