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S30 REVISÃO REVIEW

Abordagem do câncer da boca: uma estratégia


para os níveis primário e secundário de atenção
em saúde

Strategies for management of oral cancer in


primary and secondary healthcare services

Cassius C. Torres-Pereira 1
Aldo Angelim-Dias 2
Nilce Santos Melo 3
Celso Augusto Lemos Jr. 4
Eder Magno Ferreira de Oliveira 5

Abstract Introdução

1 Curso de Odontologia, Progress in cancer management by health systems A epidemiologia do câncer da boca é assunto
Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, Brasil.
involves improvements in surveillance, organi- bem documentado na literatura, e as diferen-
2 Centro de Ciências da zation of healthcare services, specific programs ças regionais de incidência ao redor do mundo
Saúde, Universidade de focused on primary and secondary prevention, parecem estar relacionadas aos dois principais
Fortaleza, Fortaleza, Brasil.
3 Faculdade de Ciências and scientific and technical advances in diagno- fatores de risco: tabagismo e ingestão de bebidas
da Saúde, Universidade de sis and treatment. Despite well-known progress alcoólicas. A incidência mundial estimada, por
Brasília, Brasília, Brasil.
4 Faculdade de Odontologia,
in the management of malignant neoplasms in ano, é de aproximadamente 275 mil casos para
Universidade de São Paulo, all the above areas, oral cancer displays persis- o câncer da boca e 130 mil de câncer de faringe,
São Paulo, Brasil. tently high morbidity and mortality rates, appar- sendo dois terços destes em países em desen-
5 Departamento de Cirurgia e
ently failing to reflect the accumulated scientific volvimento 1,2. No Brasil, o câncer da boca apre-
Traumatologia Buco-maxilo-
facial, Hospital Municipal knowledge on the disease. The current article dis- sentou estimativas de, aproximadamente, 15 mil
Dr. Mário Gatti, Campinas, cusses the reasons for this mismatch, the need for novos casos em 2010 e, dependendo da unidade
Brasil.
redefining priorities in oral cancer management, da federação analisada, a doença chega a ser a
Correspondência and the implementation of such priorities as a quinta colocada dentre as neoplasias malignas
C. C. Torres-Pereira public health policy. de maior incidência em homens 3. Muito embo-
Departamento de
Estomatologia, Curso de
ra existam descrições de que as malignidades da
Odontologia, Universidade Mouth Neoplasms; Health Public Policy; Oral boca estariam ocorrendo em populações mais
Federal do Paraná. Health jovens e de que poderiam estar associadas a ou-
Av. Lothário Meissner 632,
Curitiba, PR 80210-170, Brasil.
tros fatores de risco, a realidade epidemiológica
cassius@ufpr.br aponta em sua maioria um doente acima de 40
anos de idade, do sexo masculino e de baixo es-
trato socioeconômico e educacional 4,5. Os de-
terminantes socioeconômicos, em estudos mais
recentes, vêm aparecendo como um fator com
associação relevante ao aparecimento de novos
casos de câncer da boca 5.
A despeito dos avanços no diagnóstico e tra-
tamento de várias formas de neoplasia maligna
que resultaram em prevenção, diagnóstico pre-

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ESTRATÉGIA PARA OS NÍVEIS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE ATENÇÃO EM SAÚDE S31

coce e aumento de sobrevida, o câncer da boca cunho governamental. Mesmo assim, para Tor-
permanece como um problema de Saúde Pú- res 16, essas propostas inovadoras quase sempre
blica em que não se nota melhora dos indica- se debatiam no plano teórico, refletindo uma in-
dores epidemiológicos ao longo do tempo 1,2,3,4. tenção no discurso proposto e frustradas em face
Estudos apontam diversos fatores que limitam da ausência das execuções real e prática.
o enfrentamento da problemática do câncer da Segundo Saltz et al. 17, a preocupação com
boca, e dentre estes são descritas as dificuldades a elevada taxa de morbimortalidade do câncer
de estabelecimento de políticas públicas dirigi- da boca no Brasil remonta a 1938, quando Mário
das aos principais fatores de risco relacionados à Kroeff proferia palestras buscando conscientizar
ocorrência de neoplasia maligna oral 1,2,5,6. Além os cirurgiões-dentistas para o diagnóstico preco-
disso, fatores relativos ao paciente e/ou ao pro- ce dessas lesões.
fissional, juntos ou isolados, contribuem para a Em 1970, a Fundação das Pioneiras Sociais
demora no diagnóstico do câncer de boca e suas no Rio de Janeiro elaborou um programa volta-
consequências 7,8. do para a detecção de lesões iniciais de câncer
Embora a doença ocorra em uma topografia da boca, que contou, inclusive, com a criação de
amplamente acessível ao exame clínico e onde, consultórios odontológicos 17.
supostamente, as alterações iniciais neoplásicas O primeiro indício de uma preocupação, no
seriam facilmente detectáveis, estudos acumu- plano nacional, só viria em 1974, quando a Divi-
lam evidências de que esse tipo de câncer ainda é são Nacional do Câncer do Ministério da Saúde
diagnosticado muito tardiamente e, como conse- (DNC/MS) promoveu, em vários estados, cursos
quência, observa-se comumente a necessidade de diagnóstico de câncer bucal, com a intenção
de tratamento mutilador 7,8,9,10. de estender os conhecimentos acerca da doença
Diante desse quadro de demora no diagnós- e como tentativa de sensibilizar os cirurgiões-
tico discute-se na literatura a possibilidade de dentistas quanto ao diagnóstico 17.
ações de rastreamento. Entretanto, ainda não há Um ano mais tarde, o Ministério da Saúde
evidência de que um exame visual, como parte aprovou um plano inicial para elaboração do
de um programa de rastreamento de base popu- Programa Nacional de Prevenção e Diagnóstico
lacional, reduza a taxa de mortalidade por câncer Precoce do Câncer da Boca (CABUL) e, em 1976,
bucal 11,12. Por outro lado, autores têm sugerido a DNC/MS, em colaboração com a Sociedade
que estratégias de identificação de casos, basea- Brasileira de Estomatologia (SOBE, atualmente
das na delimitação do exame visual em indivídu- SOBEP), elaborou um documento que traçou
os com os principais fatores de risco, poderiam as metas básicas delineadoras dos trabalhos do
resultar em uma maior chance de prevenção se- CABUL, nos seus cinco subprogramas (a) pro-
cundária 13,14,15. moção da saúde; (b) proteção específica, diag-
Histologicamente, a maior parte dos casos nóstico precoce e limitação do dano; (c) forma-
é representada pelo carcinoma espinocelular ção de recursos humanos; (d) vigilância epide-
(CEC) ou carcinoma epidermóide 1,2. No presen- miológica; e (e) reabilitação do paciente 17.
te texto, as menções ao câncer oral referem-se Os meios propostos orientaram-se em prin-
principalmente a esse tipo histológico. O obje- cípios inovadores para a constituição de uma
tivo do presente manuscrito é apresentar ações rede permanente e hierarquizada, ainda que
de níveis primário e secundário de atenção à vertical e, de forma especializada, definida em
saúde, que possam modificar positivamente os situações pontuais dos fenômenos saúde/doen-
indicadores epidemiológicos relativos ao câncer ça. Para tanto, por meio do CABUL se formulou a
da boca, relacionando o contexto histórico, as proposta de instalar 252 módulos hierarquizados
ações e os atores envolvidos com a problemáti- e regionalizados, e de treinar 508 profissionais
ca, e as ações de vigilância em saúde que podem liberais, no período de 1977 a 1981. O CABUL
ser implantadas, principalmente no nível de ges- representou um momento de grande importân-
tão local. cia política enquanto movimentação na esfera
pública subsetorial, uma vez que as articulações
desencadeadas em torno dele inauguraram no
Políticas públicas para o câncer da boca: Ministério da Saúde, ainda que timidamente,
o histórico brasileiro propostas inovadoras de articulação interinstitu-
cional na busca de recursos financeiros 17.
Em termos de políticas públicas para o câncer da O momento foi oportuno ao menos pela
boca de âmbito nacional, identifica-se uma preo- oportunidade política da discussão iniciada por
cupação mais institucional por conta do trabalho conta da DNC/MS, que quase culmina com a ins-
quase isolado de profissionais ou de associações tituição de um órgão de coordenação federal da
dos mesmos e menos uma atenção política de Odontologia, no Ministério da Saúde 17.

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S32 Torres-Pereira CC et al.

O Instituto Nacional de Assistência Médica boca. Sabe-se o que essa neoplasia representa,
da Previdência Social (INAMPS) realizou, no pe- quais as suas consequências para o paciente e
ríodo entre 1977 e 1980, cursos sobre diagnós- como tratá-lo; porém, o saber acerca dessa doen-
tico e tratamento de câncer da boca, em vários ça não é difundido para a coletividade e medidas
estados. No Nordeste, duas capitais destaca- relativamente fáceis de serem tomadas não são
ram-se: Recife (Pernambuco), onde se chegou a seguidas 18,20.
instalar um posto do INAMPS para controle do Angelim-Dias 18 registra que, a partir do final
câncer, posteriormente desativado, e Salvador de 2004, um grupo técnico de experts na área de
(Bahia), onde também foi estruturado um am- câncer bucal do Ministério da Saúde começou a
bulatório para controle, igualmente desativado discutir políticas públicas voltadas para o contro-
posteriormente. le dessa doença. Os resultados esperados, porém,
Em 1986, a Campanha Nacional de Combate só poderão ser avaliados quando da real prática
ao Câncer (CNCC), na tentativa de uma atuação das atividades propostas.
mais global para uma atenção eficaz ao câncer,
no país, assinou um protocolo de cooperação
técnica com o INAMPS, criando o Programa de Prevenção primária do câncer da boca
Oncologia (Pro-Onco), sediado no Rio de Janeiro.
Um ano depois é instituído, numa ação con- Os níveis de prevenção das doenças, classica-
junta do Ministério da Previdência e Assistência mente divididos em três: primário, secundário e
Social (MPAS) com o Ministério da Saúde, por terciário, podem ser aplicados ao câncer da boca.
meio do INAMPS e da CNCC, o Programa de Ex- A prevenção primária visa a ações ou iniciativas
pansão da Prevenção e Controle do Câncer da que possam reduzir a incidência e a prevalência
Boca (PEPCCB). O PEPCCB surge como uma das da doença, modificando os hábitos da comu-
estratégias de atuação do Pro-Onco 18. nidade, buscando interromper ou diminuir os
O objetivo geral desse programa era o de “du- fatores de risco como o tabaco, o álcool e a ex-
rante o qüinqüênio 1988-1993 reduzir os índi- posição solar dos lábios, antes mesmo que a do-
ces de morbi-mortalidade por câncer da boca, ença se instale 21,22. A prevenção secundária visa
através da definição de uma política comum para ao diagnóstico precoce da doença em uma fase
as diversas unidades federadas, respeitando as anterior ao paciente apresentar alguma queixa
diferenças regionais e basicamente buscando a clínica. É sabido que o câncer bucal pode levar
integração dos diversos setores envolvidos na meses antes de apresentar algum sinal ou sin-
questão da prevenção e controle dessa forma de toma percebido pelo paciente 23. O diagnóstico
neoplasia” 18 (p. 303-4). precoce dessa doença faz com que os níveis de
Ações antes citadas de forma incipiente em cura alcancem mais de 90% dos casos 14,23. A pre-
outros programas, como reabilitar o paciente venção terciária visa a limitar o dano, controlar a
pós-tratamento cirúrgico, foram enfatizadas pelo dor, prevenir complicações secundárias, melho-
PEPCCB. Foi estabelecido então que essa con- rar a qualidade de vida durante o tratamento, e
dição, embora não fosse o problema mais pre- sempre que possível reintegrar o indivíduo à so-
valente na Odontologia Sanitária, revestia-se de ciedade, tornando-o apto a realizar as atividades
uma prioridade de atuação por conta das altas diárias exercidas anteriormente 24.
taxas de mortalidade e possível diagnóstico pre- Os fatores de risco mais importantes no es-
coce, na grande maioria dos casos, com relação tabelecimento do câncer da boca e, passíveis de
custo-benefício favorável 18. serem modificados, são o tabaco, o álcool e a ex-
Além disso, o PEPCCB previa o trabalho di- posição solar 25. O álcool e o tabaco aumentam o
ferenciado, respeitando-se as características risco dependendo da quantidade utilizada 26, e
regionais diversas presentes no país. Dois anos estão relacionados a mais de 80% dos casos, sen-
mais tarde, o tema câncer da boca volta a entrar do considerados agentes sinérgicos no aumen-
na agenda de saúde bucal no plano federal. “No- to do risco 27. O câncer do lábio apresenta uma
vas mostras de orientações surgiram em 1990 no particular importância no Brasil, por ser consi-
‘Plano Qüinqüenal de Saúde 1990/95: a saúde do derado um risco ocupacional a trabalhadores
Brasil Novo’ do Governo Collor. No item da Saúde expostos ao sol sem a proteção adequada 23,28.
Bucal, foi muito destacado o problema de câncer Foi demonstrado que após 20 anos de interrup-
da orofaringe” 19 (p. 3). ção ou moderação nos hábitos deletérios, como
O período atual pós-desenvolvimento do fumo e álcool, as chances de se desenvolver essa
SUS apresenta uma intencionalidade discursiva forma de câncer são iguais às daqueles pacientes
que assenta sobre densa série de unanimidades que nunca fumaram ou beberam 26.
relacionadas ao processo saúde/doença, mas
que ainda é inoperante em relação ao câncer da

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ESTRATÉGIA PARA OS NÍVEIS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE ATENÇÃO EM SAÚDE S33

Tabaco e álcool dia) parece estar associado à redução do risco de


doenças cardíacas e circulatórias isquêmicas 26.
Estima-se que no mundo existam atualmente Porém, o consumo regular de 4 ou 5 doses diárias
mais de um bilhão e meio de fumantes e que este (40-50 gramas/dia) aumenta o risco de câncer
número deverá chegar a dois bilhões em 2030, bucal em duas ou três vezes em comparação com
estando a maioria dos fumantes concentrada quem não consome álcool 30. No Brasil, estima-se
nos países em desenvolvimento 29. No Brasil, que cerca 11,2% dos homens e 5,2% das mulhe-
em 2008, havia cerca de 25 milhões de fuman- res são consumidores pesados e dependentes de
tes. Iniciativas visando a controlar o tabagismo álcool. As estratégias governamentais que visam
dependem do conhecimento da extensão do a diminuir a incidência de neoplasias relacio-
problema em diferentes subgrupos populacio- nadas ao álcool devem compreender ações fo-
nais e da observação da tendência de hábitos no cadas em diagnosticar e tratar os consumidores
tempo 29. Felizmente, os dados da última década pesados de álcool com estrutura especializada
mostraram que ocorreu um acentuado recuo da médica e social. Do ponto de vista da Saúde Pú-
prevalência de fumantes no país em ambos os blica, a recomendação da total interrupção do
sexos 29. No Brasil, desde 1989, a redução do ta- consumo de álcool encontra uma situação pa-
bagismo ocorre em todas as faixas etárias, sendo radoxal já que há casos em que se recomendaria
mais relevante nos jovens, abaixo dos 35 anos nas a ingestão moderada (10-20 gramas/dia) devido
mulheres e dos 45 anos nos homens 29. Devido a aos seus alegados efeitos cardioprotetores 29,31.
essa tendência, a mortalidade por todos os tipos
de câncer no país, tanto entre os homens como Exposição solar
entre as mulheres, está estabilizada 29. A preva-
lência do tabagismo entre adolescentes é sempre O câncer de lábio é classificado como um dos
motivo de alerta e preocupação; a iniciação pre- mais prevalentes entre as neoplasias malignas
coce torna difícil sua interrupção na vida adulta, bucais. É associado à exposição solar, seja por
por isso são considerados a parcela mais vulne- motivos profissionais ou estilo de vida, possui
rável da população e alvo estratégico constante evolução lenta, facilmente detectável e, quando
das companhias que comercializam cigarro 29. A diagnosticado precocemente, alcança cerca de
intensificação das campanhas de combate ao ta- 100% de cura com pouca ou nenhuma seque-
baco, com medidas educacionais que impeçam la 23,28. Na maioria dos casos o paciente apresen-
o início do hábito de fumar, e uma maior dis- ta previamente uma queilite actínica, resultado
ponibilidade de centros de apoio especializado de muitos anos de exposição ao sol sem prote-
aos que desejam parar de fumar parecem ser a ção 23,28. Medidas preventivas, especialmente
abordagem com maior chance de obter, ao longo em países tropicais como o Brasil, devem ser
do tempo, uma redução na incidência do câncer adotadas pelas esferas governamentais com a
da boca. distribuição de protetores ou bloqueadores so-
O álcool é reconhecidamente um fator de lares, visando primordialmente aos trabalhado-
risco relacionado ao câncer bucal, além de ou- res rurais ou de profissões que necessitam ficar
tros como os de faringe, esôfago, fígado e mama diariamente ao ar livre 23,28.
nas mulheres 26. Seu exato mecanismo de ação
carcinogênica ainda não está bem determinado, Dieta
porém evidências sugerem que seu efeito é mo-
dulado por polimorfismos genéticos que alteram Fatores nutricionais parecem estar envolvidos
o metabolismo do etanol, do folato e da repara- negativamente e positivamente com o risco de
ção do DNA. A plausibilidade biológica do seu desenvolver o câncer da boca 30. São estudos di-
efeito no organismo inclui a ação do acetoaldeí- fíceis de ser conduzidos e de difícil interpreta-
do, o principal metabólito do etanol, aumento da ção, mas a maioria deles parece indicar que ali-
concentração de estrógeno nas mulheres, na sua mentos como frutas e verduras possuem efeitos
ação como solvente dos carcinógenos presentes protetores que diminuem o risco, e alimentos
no tabaco, na produção de moléculas de oxigênio de origem animal como carne e gordura apre-
e nitrogênio reativos e na alteração no metabolis- sentam aumento do risco de desenvolvimento
mo dos folatos 26. dessa forma de câncer 30. A mudança de hábi-
O álcool é provavelmente o principal fator tos alimentares demanda tempo e é dependente
responsável pelo aumento de câncer da boca de fatores econômicos e sociais, mas deve fazer
em países da Europa Central e Oriental, e mun- parte de programas governamentais de preven-
dialmente estaria relacionado com cerca de ção de neoplasias.
1.804.000 mortes, cerca de 3,2% do total 26. Entre-
tanto, o consumo moderado (até duas doses por

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S34 Torres-Pereira CC et al.

HPV servado, por exemplo, nos pacientes com AIDS


ou nos pacientes submetidos ao transplante de
Na última década, inúmeros trabalhos foram medula óssea 36. Pesquisadores que revisaram o
publicados associando a presença do HPV com acompanhamento longitudinal de casos de DPM
o câncer de orofaringe 32. As evidências de sua com alterações epiteliais relataram que a trans-
atuação especialmente em determinados sítios formação maligna é mais provável em pacientes
anatômicos da boca precisam ser mais bem in- do gênero feminino, de maior idade e, curiosa-
vestigadas. Uma parcela importante de casos de mente, com história negativa de uso de tabaco.
câncer da boca em pacientes jovens e não fuman- Quanto à topografia, os sítios de maior risco de
tes parece estar relacionada ao HPV 32. A plau- transformação são o ventre e o bordo lingual, o
sibilidade biológica da ação do HPV é bastante assoalho da boca e o palato mole. Portadores de
discutida, mas o fator mais importante detectado lesões multifocais teriam maior risco de transfor-
é que o HPV em neoplasias bucais parece servir mação maligna do que os de lesões únicas, assim
como um marcador biológico de melhor sobre- como os portadores de lesões não homogêneas.
vida e resposta ao tratamento 32. Ainda existem Tais informações, oriundas de estudos longitu-
poucas evidências quanto as recomendações dinais, trazem profunda implicação para os que
preventivas ao HPV em boca. No momento, a estudam a vigilância do câncer da boca 33,34.
orientação de sexo oral protegido por preserva- O perfil de pacientes com transformação ma-
tivos é a recomendação mais prudente face ao ligna a partir de DPM, principalmente as lesões
conhecimento atual. leuco e eritroleucoplásicas, parece diferir bas-
Do ponto de vista científico, a diminuição tante do perfil epidemiológico descrito para a
dos casos de neoplasias bucais dependeriam de maior parte dos casos de CEC (gênero masculino
um controle e restrição mais efetivos do consu- e tabagista). A prevenção secundária do câncer
mo de tabaco e de álcool. Os profissionais de bucal, portanto, traz implicações mais sérias e
saúde em suas mais diferentes esferas devem mais complexas no treinamento de profissionais
estar atentos a essa situação e investir esforços de saúde, já que acrescenta perfis diferentes ao
financeiros e de pesquisa produzindo, cada vez estereótipo esperado do paciente. Em um estu-
mais, evidências sólidas para direcionar as ações do conduzido na Irlanda 35, os autores descre-
governamentais. veram que apenas 6% dos pacientes com CEC
tiveram uma lesão “precursora” biopsiada. Suge-
riram ainda que lesões leucoplásicas raramente
Prevenção secundária do câncer da boca surgem antecedendo um CEC e que este poderia
se desenvolver em muitos casos sem uma lesão
Apesar de algumas lesões orais, bem como algu- “precursora” observável. Parece, por conseguin-
mas condições sistêmicas, atualmente designa- te, que as ações de vigilância e de prevenção se-
das de desordens com potencial de malignização cundária podem estar mais afeitas ao especialis-
(DPM) 33,34,35 representarem maior risco de ma- ta ou ao profissional com maior treinamento em
lignização, os dados disponíveis de estudos lon- Estomatologia, caracterizando esta como uma
gitudinais demonstram que apenas uma minoria ação tecnicamente mais condizente com a aten-
apresenta transformação maligna 34. Boa parte do ção de média complexidade.
treinamento em Estomatologia enfatiza a identi- Documentos recentes do Ministério da Saú-
ficação de tais desordens como atividade priori- de, tais como, por exemplo, o Manual de Especia-
tária da prevenção secundária 8. Portanto, para lidades em Saúde Bucal 37, procuram disciplinar
dimensionar corretamente o papel da prevenção e orientar os gestores e dentistas da rede pública
secundária no câncer da boca é necessário um de saúde quanto aos agravos e práticas de pre-
esforço de padronização de nomenclatura, dos venção secundária do câncer da boca. O real
critérios de diagnóstico clínico e histopatológi- impacto desses textos na prática cotidiana per-
co, e análise de evidências em relação às ações manecem, entretanto, sem uma avaliação mais
clínico-terapêuticas que possam reverter ou in- rigorosa do ponto de vista científico no Brasil.
terromper processos que aumentem a chance de
transformação maligna oral 33,34,35.
Nas últimas décadas, observou-se que o Estratégia Saúde da Família e os
avanço do conhecimento sobre a etiopatogê- Centros de Especialidades Odontológicas
nese das lesões orais diminuiu a lista de lesões na atenção ao câncer da boca
consideradas com potencial de malignização, ao
mesmo tempo em que permitiu a compreensão A atenção primária, como porta de entrada de
de outros fatores tais como aqueles relaciona- todo o sistema de atenção em saúde, aparece co-
dos à imunossupressão e gênese do câncer ob- mo espaço privilegiado das ações de controle dos

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ESTRATÉGIA PARA OS NÍVEIS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE ATENÇÃO EM SAÚDE S35

fatores de risco, diagnóstico precoce e atenção Educação continuada para a equipe de


em saúde do paciente oncológico. saúde como estratégia para prevenção
Observa-se que frequentemente os usuários e controle do câncer da boca
com essa doença são acolhidos como demanda
espontânea, sendo que, em muitos casos, inicia- O diagnóstico precoce parece ser o meio mais
se na atenção primária um fenômeno de sucessi- efetivo para aumentar a sobrevida e reduzir a
vos atrasos, do diagnóstico à referência, que aca- morbidade, o desfiguração facial provocada por
bam por adiar as possibilidades de abordagem cirurgias para tratamento, a duração do trata-
precoce e consequentemente limitam as chances mento e custos hospitalares 7,43,44. Para estabele-
de sobrevida dos pacientes 5,6,7. cer o diagnóstico de uma lesão bucal é essencial
Apesar dos avanços quantitativos, principal- o exame visual e tátil. No entanto, a despeito da
mente em relação à cobertura populacional e pretensa facilidade, poucos profissionais o rea-
ampliação do acesso aos serviços odontológicos, lizam 8, muito embora o cirurgião-dentista seja
observados recentemente na Estratégia Saúde da considerado o profissional de saúde mais ade-
Família (ESF), com o aumento do número e in- quado para realizar o diagnóstico precoce do
centivo financeiro para equipes de saúde bucal, câncer bucal, pela natureza de sua prática clí-
ainda é possível identificar grande dificuldade nica. Estudos indicam, de forma clara, que há
na modificação do modelo assistencial, com a es- necessidade de educação continuada para que
perada reorientação e reorganização de atenção o dentista realize o exame clínico com o objetivo
prometida pela ESF 38. de detecção de lesões potencialmente malignas
O sistema de saúde brasileiro, entretanto, não ou malignas 8,44,45,46,47,48,49,50,51.
é o único a perceber tais limitações. Estudos que Investir em educação continuada pode redu-
analisam o atraso diagnóstico do câncer bucal zir as barreiras associadas ao diagnóstico precoce,
mostram limitações semelhantes às observadas bem como no tempo gasto entre a autopercep-
no Brasil, mesmo em nações com alto índice de ção dos sinais e sintomas até o tratamento 7,43,48.
desenvolvimento humano (IDH) e com sistemas Qual educação continuada, a periodicidade e o
de saúde pública historicamente mais consolida- público- alvo que deve-se trabalhar? Para que
dos e organizados que o modelo brasileiro 6,7,39. tenha impacto nos indicadores de morbimorta-
As Portarias nº. 1570 e nº. 1571 (2004) e, pos- lidade do câncer da boca, a capacitação deve ser
teriormente, a nº. 599 (2006), todas do Ministério repensada na forma e nos objetivos a que se pro-
da Saúde, que instituíram e indicaram critérios põe. O público-alvo tem de ser a equipe de saú-
para os Centros de Especialidades Odontológicas de, e não apenas o cirurgião-dentista. Além dis-
(CEO) privilegiaram, dentre outra áreas, a Esto- so, todas as oportunidades e formatos de ensino
matologia, com ênfase na prevenção e diagnós- são válidos desde que rompidos com o modelo
tico do câncer da boca como ações prioritárias. tradicional de ressaltar exclusivamente aspectos
A instalação de aproximadamente 900 CEOs até clínicos de lesões. Para além da apresentação de
o final de 2010 coloca a possibilidade de que os lesões, o treinamento deve ser também dirigido
municípios, consorciados ou não, possam ofe- à orientação de controle dos fatores envolvidos
recer informação diagnóstica e de referência na direta ou indiretamente com a gênese do cân-
atenção secundária para o câncer bucal 40. cer, como a cessação de fumar, orientação esta
Alguns estudos começam a abordar o im- na graduação ou na pós-graduação 7,43,48. Nessa
pacto dos CEOs no sistema público de saúde proposta de mudança de paradigma, os educa-
brasileiro 41,42. Os resultados, entretanto, ainda dores usariam, ao invés do método tradicional,
não puderam ser analisados sob o ponto de vista técnicas e estratégias que envolvam e motivem o
da Epidemiologia e do impacto nos indicadores paciente, baseadas na saúde comportamental 46.
de incidência e morbimortalidade do câncer da De acordo com Silverman Jr. et al. 43 e Silverman
boca no país. Esses centros, como iniciativa de Jr. & Rankin 48, os módulos de educação continu-
organização da atenção especializada em Odon- ada devem abordar o uso do tabaco, as formas de
tologia, requerem avaliações que permitam colo- incentivar o abandono e a detecção precoce do
cá-los como estratégia eficaz de organização da câncer da boca. Para a construção do módulo
atenção ao câncer da boca no Brasil 41,42. do tabaco, os autores indicam o seguinte con-
teúdo: apresentar as formas de uso do cigarro, a
dependência da nicotina e a abordagem mínima
do paciente utilizando as orientações do serviço
de saúde pública. Nesse módulo também po-
dem ser apresentados o auxílio medicamento-
so e orientações sobre os grupos existentes de
cessação de fumar 43,48. O módulo específico de

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detecção precoce do câncer bucal deve cobrir tégia exige educação continuada para os mem-
os aspectos epidemiológicos, o diagnóstico dife- bros das equipes de saúde incluindo, além do
rencial, os sinais e sintomas precoces, as lesões ACS, o auxiliar em saúde bucal (ASB), o técnico
orais potencialmente malignas, apresentação em saúde bucal (TSB), enfermeiros, médicos e
clínica das lesões, meios de diagnóstico como cirurgiões-dentistas, abordando os fatores de
a citologia, uso de azul de toluidina e técnicas risco para as doenças bucais, as barreiras que
de biópsia incisional (considerada padrão-ouro) impedem ou dificultam a realização do diag-
para diagnóstico 43,48. nóstico precoce e sinais e sintomas inicias do
Os esforços de combate aos fatores de risco câncer da boca. Essa estratégia visa a responder
para doenças bucais, especialmente nesta doen- se o diagnóstico precoce é possível7 e aponta
ça, não devem ser feitos de forma isolada, levan- para uma ação coletiva, nos moldes propostos
do a uma duplicação de esforços e mensagens por Rosin et al. 54.
conflitantes entregues ao público. Ainda, o trei-
namento em saúde bucal não deve se concen-
trar na mudança de comportamento individual Considerações finais
e nem ignorar a influência de fatores sociopolí-
ticos como os principais determinantes da saú- O câncer da boca continua sendo um proble-
de 52. Cursos de capacitação criados com esse ma relevante de Saúde Pública em que, apesar
novo enfoque coletivo e colaborativo podem ter do avanço científico sobre a doença, tal conhe-
influência positiva sobre as atitudes e comporta- cimento não consegue ser traduzido, mundial-
mentos dos participantes, sobre o conhecimen- mente e a despeito das diferenças entre os países,
to do câncer da boca e, potencialmente, fazer a em ações que impactem positivamente os indi-
diferença na prevenção, detecção precoce e no cadores de incidência e morbimortalidade. Os
rastreamento de pacientes em estágios iniciais movimentos recentes de organização da atenção
ou com fatores de risco 43,48. pública especializada em Odontologia no Bra-
Esse modelo de capacitação deve englobar sil parecem promissores no sentido de dotar o
a releitura da atenção primária e da divisão de sistema público de uma racionalidade que per-
trabalho da equipe de saúde, no âmbito da so- mita a organização de rotinas eficientes de re-
ciologia das profissões e saúde comportamen- ferência e contrarreferência em Estomatologia.
tal 7. Esse modelo, que contempla vários aspectos Há que se considerar, entretanto, que iniciativas
da vigilância em saúde bucal, reconhece que ati- verticais são apenas indutoras da organização
tudes individuais são louváveis, mas ineficazes, de uma rede de atenção. Com a municipalização
porque não atingem a grande parcela da popu- do sistema de saúde, torna-se imperioso que a
lação de risco. avaliação e o controle social voltem sua atenção
No Brasil, pela característica da ESF, uma para as unidades administrativas municipais e
possibilidade de detecção precoce se materia- consorciadas no nível microrregional. São nessas
liza na visita dos agentes comunitários de saúde esferas que, efetivamente, as ações poderão ser
(ACS). Durante a visita, o agente aponta e registra implantadas e avaliadas considerando as dife-
duas das principais categorias de risco para as renças e características epidemiológicas, de in-
neoplasias bucais ao preencher a ficha A do Sis- fraestrutura, socioeconômicas e organizacionais.
tema de Informação da Atenção Básica (SIAB): Há necessidade ainda de produção de evidências
tabagismo e alcoolismo. A visita do ACS é uma científicas que suportem ações que demonstrem
real possibilidade de se realizar, pela inversão do verdadeiro impacto sobre os indicadores epide-
acesso, o encaminhamento do paciente de risco miológicos do câncer da boca em detrimento de
para ser examinado por um cirurgião-dentista ações isoladas, voluntariosas e desconexas de
da atenção básica 53. A implantação dessa estra- ação pública, principalmente no nível local.

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ESTRATÉGIA PARA OS NÍVEIS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE ATENÇÃO EM SAÚDE S37

Resumo Colaboradores

O avanço verificado no enfrentamento de neoplasias Todos os autores participaram da redação e revisão do


malignas por meio dos sistemas de saúde envolve artigo.
melhorias nas áreas de vigilância, organização de re-
des de assistência, programas específicos voltados às
prevenções primária e secundária e, obviamente, aos Agradecimentos
avanços técnico-científicos que caracterizam a abor-
dagem diagnóstica e terapêutica. Embora seja notável Ao Ministério da Saúde por meio do incentivo da Coor-
o reconhecimento de avanços no manejo de neoplasias denação Nacional de Saúde Bucal e do Instituto Nacio-
malignas em todas as áreas citadas, o câncer da boca nal de Câncer, e pela inclusão da temática do câncer da
permanece com indicadores de morbidade e mortali- boca nas Diretrizes Nacionais de Saúde Bucal. À Profes-
dade que parecem não acompanhar o acúmulo cien- sora Dra. Nilcema Figueiredo pelas relevantes contri-
tífico no conhecimento da doença. O presente manus- buições no direcionamento teórico deste manuscrito
crito objetiva discutir os motivos desse descompasso, a por intermédio de sua participação no Comitê Assessor
necessidade de reorientação de prioridades na aborda- de Políticas Públicas para o Câncer da Boca do Minis-
gem do câncer da boca e sua efetivação como política tério da Saúde.
pública de saúde.

Neoplasias Bucais; Políticas Públicas de Saúde; Saúde


Bucal

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