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AUTOLESÃO.
RESUMO
ABSTRACT
The cases of authentication in adolescents expand a lot, as well as impel to investigate how
psychosocial aspects favor psychological suffering, consequently, provoking the
authentication of young people. To this end, a theoretical approach was used based on
psychoanalysis in order to understand psychological factors, therefore, the general objective
of this research is to analyze how psychological suffering can contribute to the authentication
process in adolescents, and the following objectives are: to identify as the main causes that
justify authentication, investigate how psychosocial aspects favor the potentiation of this
suffering. The present study deals with an exploratory and descriptive bibliographic research
with a qualitative approach. How the selections of sources of interest on the topic were made
based on criteria such as publications in national magazines.
INTRODUÇAO
Vista como uma forma pessoal de reagir a emoções desagradáveis, a autolesão está
associada a problemas de dificuldade interpessoais que levam ao pensamento negativo,
gerando sentimentos como: raiva, tensão, angústia e ansiedade, provocando um sofrimento
psíquico. Apesar desse tema ter sido discutido de maneira recente em nosso país, estudos -
que serão discutidos nesse trabalho - mostram que a prática de cortar a pele, arranhar-se,
beliscar-se, morder-se, puxar cabelos e ingerir produtos tóxicos, são as forma mais
costumeiras de se cometer a autolesão.
Então, os autores Barrocas, Hawton & James, Muhlnkaamp, Nock & Mendes,
Whitlock, Eckenrode e Silverman (apud OTTO ;SANTOS, 2015) definem a auto lesão como
um ato de violência infligido a si próprio sem a intenção de suicídio, embora sua constante
repetição possa gerar graves danos ao corpo e ocasionar a morte.
“Nos dias de hoje, vivemos num mundo altamente competitivo, numa sociedade
imediatista que impõem com urgência resoluções rápidas, práticas sem tristeza nem dor”
(VILHENA; PRADO, 2015. p. 95). Partindo desse pressuposto percebe-se como o modelo da
sociedade de consumo no qual estamos imersos interfere nas relações humanas, deixando-as
frágeis de forma a afetá-las pelo individualismo, ideia de autonomia plena e competitividade.
O “ter” ocupa o lugar de importância do “ser”, e a felicidade pode ser vendida e consumida de
forma efêmera. Em meio a esse turbilhão de cobranças sociais, para o adolescente as
mudanças apresentam-se de formas mais intensas, o que contribuem para que ele se sinta
confuso ou perdido. Tais cobranças podem refletir de forma negativa em sua saúde psíquica.
Segundo o filósofo Renato Janine Ribeiro, “estar triste significa sinal de fraqueza”
(VILHENA;PRADO,p.95). Staley Hall considerou a adolescência como um novo nascimento,
um período dramático marcado por fortes conflitos e tensões ( ADÃO ano , p. 8). Discute
sobre a fase da adolescência como um estágio no qual a pessoa experimentava todas as etapas
anteriormente do seu desenvolvimento pela segunda vez ou seja, adolescentes
experimentariam de novo a infância, mas em um nível mais complexo. Por isso, para suportar
essas tensões vividas nessa fase de vida, esses jovens buscam uma forma de escoar sua dor.
Dessa forma, a motivação para essa pesquisa foi suprir, em alguma medida, algumas
lacunas sobre o tema no tocante às especificidades aqui expostas. Percebendo através de
algumas leituras o quanto os casos de autolesão em adolescentes tinham se expandido, fui
impelida a investigar como os aspectos psicossociais favorecem no sofrimento psíquico,
consequentemente, provocando a autolesão desses e dessas jovens. Para tal, utilizei a
abordagem teórica a partir da psicanálise a fim de compreender os fatores psíquicos.
Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar como o sofrimento psíquico pode
contribuir no processo de autolesão em adolescentes, e os objetivos específicos são:
identificar as principais causas que justificam a autolesão, investigar como os aspectos
psicossociais favorecem na potencialização desse sofrimento.
SOBRE A AUTOLESÃO
ADOLESCÊNCIA
1
WEINMANN, Karina; ZACHI, Elaine. Automutilação afeta 20% dos adolescentes e pode estar associado a
transtornos psiquiátricos[Neurokinder Cuidado infantil] Disponível em <
https://www.neurokinder.com.br/2017/03/automutilacao-afeta-20-dos-adolescentes-e-pode-estar-associado-a-
transtornos-psiquiatricos/>
ou fácil de ser compreendida pela nossa sociedade, por não fazer parte de nossa cultura.
Portanto, é comum ouvir pessoas justificando como: falta de amor próprio, uma forma de o
adolescente chamar a atenção de alguém, ou até “falta de Deus”. É necessário perceber, no
entanto, que o jovem está em sofrimento psíquico, e não consegue sair dele sozinho.
Percebemos que é próprio do adolescente ser impulsivo, portanto, existe a dificuldade
para ele analisar com calma uma situação e conseguir responder às consequências de um
evento desagradável que viveu, algo difícil pra quem apresenta tal comportamento. Daí, as
dificuldades para esse jovem se apresentam, inclusive, relacionadas a fazer escolhas
adequadas para sua vida social.
“Conhecida também como automutilação, a auto lesão é um tema que vem sendo
abordado recentemente no Brasil [...] Portanto, o termo “autolesão” neste estudo se
deu por ser uma tradução aproximada dos termos self injury utilizados amplamente
em publicação no exterior, além de o termo já ter sido usado em estudos brasileiros”
(BORGES, 2012; ARCOVERDE, 2013, apud OTTO; SANTOS, 2015; p. 30).
É relevante compreender a utilização do termo pelo fato de que “autolesão” seria mais
apropriado para descrever o fenômeno de que estamos nos reportando, e a “automutilação”
seria uma autolesão maior, tendo como característica a nucleação dos olhos e amputações de
membros, estando geralmente associada às psicoses (FAVAZA, 2006, apud OTTO;
SANTOS, 2015).
“Autores definem a autolesão como um ato de violência, infligindo a si próprio sem a
intenção de suicídio, embora sua constante repetição possa gerar graves danos ao corpo e
ocasionar a morte” (OTTO; SANTOS, 2015; p. 30). Por esse motivo, Hawton e James (2005)
sugerem que o termo autolesão é preferível à “tentativa de suicídio” ou à “parassuicídio”,
“sendo que a gama de motivos e razões pra o ato inclui várias intenções não suicidas”
(HAWTON & JAMES, 2005, apud OTTO; SANTOS, 2015; p. 30). Para os autores, mesmo
quando a morte é o resultado de um comportamento autolesivo, isso pode não ter sido
planejado.
Alguns teóricos mostram também que a “auto lesão ocorre nos transtornos alimentares
e no estresse pós traumático, relacionada principalmente à punição e ao domínio da angústia”.
Portanto, enquanto alguns sintomas são próprios de um determinado sofrimento, “a autolesão
se configura como um sintoma que se adapta a diferentes demandas” (OTTO; SANTOS,
2015; p. 31)
De acordo com as formulações de Lacan, “no inconsciente existe a pulsão enquanto
conceito-limite entre o simbólico e o real, o simbólico carregado dos significantes que
representam a pulsão, e o real enquanto libido, “cuja manifestação dos sintomas se dá pela
angústia e se faz presente como gozo do sintoma” (QUINET, 2008, p.47 apud OTTO;
SANTOS, 2015, p. 33). Esta é a maior diferença entre os dois, o sintoma não é um apelo ao
outro, ou aquilo que se mostra ao outro enquanto que o acting out é algo que pede uma
interpretação e ganha seu valor nesse apelo. O acting out é “antes visível ao máximo e é
justamente por isso que num certo registro é invisível, mostrando sua causa” (LACAN ano ,
apud OTTO; SANTOS, 2015; p. 35). Ou seja, ao mesmo tempo em que é algo que se mostra
de modo evidente, é velado, pois indica outra coisa pra além do que esta sendo atuado.
Podemos pensar a autolesão enquanto acting out, de modo que o sujeito endereça sua
mensagem ao outro. “Da mesma forma como no sintoma, o acting out é uma manifestação do
inconsciente tem valor e tem valor de verdade, mas com uma estrutura de ficção, sendo dois
modos de satisfação (parcial) da pulsão no retorno do recalcado” (QUINET ano apud OTTO;
SANTOS, 2015; p. 36).
É importante entender que muitas de nossas atitudes acontecem a partir da ordem do
inconsciente. Portanto, a pessoa que se autolesiona, muitas vezes, não tem uma explicação ou
justificativa para o ato. Assim, o sofrimento que estava em sua mente é transferido para o seu
corpo, assim o que antes estava invisível agora pode ser visto.
Vários autores falam sobre a importância da perda da infância dos jovens. Porém,
Mauricio Knobel (1992) denomina esse estado como de Síndrome da Adolescência Normal,
onde ressalta que esse período da adolescência é difícil de ser compreendido e respeitado
pelos outros. E pontua, ainda, que o adolescente é um sujeito que tem sofrimento, por não ter
feito o luto da perda da infância.
Portanto, refletindo sobre a contribuição de Knobel, entendemos que essa perda pode
gerar impasses subjetivos, esses impasses são dificuldade para entender a razão de tantas
mudanças e a dificuldade para se adaptar a um mundo novo: o mundo dos adultos. Se é difícil,
normalmente, entender tais obstáculos, imaginemos como é para o adolescente tentar
encontrar uma resolução para um problema que nem ele mesmo sabe definir. Agora,
pensemos sobre essa dificuldade em relação às meninas, que convivem com seu cérebro em
turbulências hormonais.
Dr. Eliezer Berenstein fala que “a mulher é um ser hormonal e que toda a sua vida é
marcada por esta orquestra bioquímica que, por sua vez, tem uma relação direta com as
2
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=ngi_oZVXBWo&feature=youtu.be). Acesso em 15 de fevereiro de
2020, às 23:15.
emoções”. Ele percebia em muitas de suas pacientes que “elas apresentavam uma perturbação
que poderia estar em sua feminilidade” (BERENSTEIN, 2001; PP 10-11). Tal feminilidade é
descrita por ele como um conjunto de fatores (físicos, emocionais e sociais) que caracterizam
o ser humano do sexo feminino.
Os estudos sobre a autolesão apontam como sendo um fenômeno predominantemente
feminino (OTTO; SANTOS, 2015; p. 31). De acordo com a pesquisa realizada no artigo
“Autolesão sem intenção suicida entre adolescentes”, há uma
Fonte:
Titulo da imagem
Figura
1http://www.seer.unirio.br/index.php/psicanalise-
barroco/article/viewFile/7349/6477
Compreendendo o discurso trazido por essas meninas, podemos perceber que há uma
idealização de si mesmas. Cortando a pele, elas trazem para seu corpo o sofrimento que antes
estava apenas em seu psique, mostrando que há uma demanda de amor, e sinalizando o quanto
elas gostariam de ser notadas, amadas e compreendidas. A prática da autolesão é, nesse
sentido, uma tentativa de aliviar sua dor, através dos cortes elas buscam “uma forma de tornar
o desprazer tolerável” como afirmou Freud (1926 apud OTTO; SANTOS, 2015; p. 32).
TRATAMENTO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a construção desse artigo foram selecionados livros de autores essenciais para
esse trabalho. Kleber do Sacramento Adão (1994) foi importante para compreender o conceito
de Stanley Hall sobre adolescência como construção social. Através de Adão (1994), percebe-
se que Hall começou a entender o adolescente, em suas particularidades, descrevendo esse
período de vida com foco nas mudanças que esses jovens apresentavam, tanto corporais
quanto psicológicas. Ele ressaltava que essa etapa de vida do ser humano era descrita por ele
na faixa entre 12 a 25 sendo essa fase marcada por mudanças, conflitos típicos estariam
associados à necessidade sexual. Falava também que essa fase vital seria como viver a
infância novamente, porém, de forma mais complexa.
Tais complexidades foram relatadas por outros autores igualmente importantes para
minha pesquisa. Arminda Aberastury e Mauricio Knobel, ambos psicanalistas, no livro A
adolescência Normal(1992) abordam, pelo enfoque psicanalítico, a “síndrome da
adolescência”. De acordo com os autores, existe um período de vida que não era reconhecido,
tampouco respeitado em suas peculiaridades. Nesse período da vida, ocorre um luto tanto para
os filhos quanto para os pais, considerado a “perda da infância” para os adolescentes,
enquanto os pais vivem o luto pela perda da infância do filho. Mauricio Knobel fala sobre a
síndrome da adolescência normal, e uma experiência clínica psicanalítica quando os
adolescentes são levados, pelos pais, para a análise, como se tivessem uma anormalidade e a
vivência de quem realmente tem patologias. Devo lembrar que Arminda Aberastury, mostra
os problemas que ainda perduram numa sociedade hostil, o que dificulta o ingresso dos jovens
na vida dos adultos. Apesar de o livro ter sido escrito em 1992, foi fundamental para as
reflexões sobre a adolescência, por trazer uma perspectiva atual e complexa sobre tal período
de vida. Através desses autores também foi realizada a discussão pelo viés da psicanálise.
Ainda sobre a questão específica da adolescência, analisei o capítulo Adolescentes e
Adolescências de Elder Cerqueira-Santos, Othon Cardoso de Melo Neto e Sílvia H. Koller, no
livro Trabalhando com Adolescentes (org. Habigzang, Diniz & Koller, 2014). Tais autores
ressaltam a importância de Stanley Hall, teórico sobre o qual se tratou no artigo As
implicações pedagógicas da teoria do desenvolvimento humano em Stanley Hall.
Num segundo momento, partiu-se para a discussão específica sobre gênero e
autolesão. Como fonte, foi inserido o livro A inteligência Hormonal da Mulher (2001), do
doutor Eliezer Berenstein, com objetivo de apurar a visão sobre os aspectos biológicos –
inclusive, sócio-históricos – que interferem na vida das mulheres, especialmente, enquanto
adolescentes. Ele contribui para pensar a menstruação como uma “inteligência hormonal”,
relacionando com as emoções vividas por elas, e que o ciclo menstrual é um “aliado número
um da mulher”. Portanto, o organismo feminino sempre está em sintonia com a natureza
porque seu cérebro vive repleto de hormônios durante todo o mês.
Seguindo na mesma linha de pensamento sobre feminilidade, Stephanie Cristin Otto e
Kátia Alexandra dos Santos, com o artigo (Re)Cortes: O discurso sobre a autolesão feminina
no tumblr (2015), trouxe uma nova possibilidade de recurso para a pesquisa. As autoras
analisaram imagens de meninas que se autolesionam, publicadas na plataforma tumblr, o que
permitiu refletir sobre a autolesão em contextos não clínicos. O estudo foi feito por meio da
plataforma blogging tumblr, onde as adolescentes mostram seu sofrimento psíquico, e sua
demanda de amor. Foram trazidas, para o presente trabalho, as imagens disponibilizadas no
artigo. Assim, foi realizada a análise destas, com base na discussão das autoras. Por meio
delas foi possível desenvolver sobre psicanálise e autolesão, através de referências da
abordagem lacaniana.
Devo citar ainda a valiosa contribuição dos autores Paulo Henrique Nogueira da
Fonseca; Aline Conceição Silva; Leandro Martins e Nadja Cristiane Lappann Botti. No artigo
Autolesão sem intenção suicida entre adolescentes (2018), estes trazem as características da
autolesão entre adolescentes mostrando através de escalas de comportamento autolesivo
(ECA), trazendo resultados e conclusões de números de adolescente que se autolesionam e a
prevalência em público feminino. O artigo também traz dados quantitativos importantes
relacionados à autolesão, com indicativos como gênero, contexto social, idade, dentre outros,
além de possibilitar o acesso a dados da versão do manual estatístico e diagnóstico de
Transtornos Mentais – DMS-5 (Américan Psychiatric Association, 2014). A discussão sobre o
conceito de autolesão também é abordada pelos autores e contribuiu para refletir sobre os
sentidos do termo neste trabalho.
Não obstante à questão do gênero, outros fatores, como orientação sexual do
adolescente, surgiram como fundamentais, uma vez que o presente trabalho esboça as
descobertas dessa fase, e muitas delas estão associadas a um comportamento fora dos padrões
sociais. Mauricio Knobel e Marilha vilhena junto a Yumnah Zein Costa Prado (as duas
últimas com o artigo Dor, Angústia e automutilação em jovens - considerações
psicanalíticas, 2015) foram basilares para nortear essa temática - apesar de este artigo não
pretender se debruçar sobre ela - além de contemplar a discussão sobre a sociedade e o
sentimento de não-pertencimento. Elas falam o quanto as cobranças sociais interferem de
forma negativa na vida dos jovens, fala também do desamparo psíquico que os jovens
apresentam frente à tomada de decisão diante de um problema. A crescente busca pelo setor
de saúde mental por adolescentes que cometem a autolesão em um atendimento clínico
(NESSA) com alunos que dão entrada apresentando sintomas difusos, são atendidos através
de solicitação da escola. Quando o adolescente é incapaz de simbolizar sua dor, na clínica
psicanalítica o profissional deve prestar atenção para decifrar e reposicionar o que é subjetivo.
Dentre essas fontes, foi pesquisada a lei nº Nº 13.819/ 2019 (BRASIL, 2019) pela
Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Apesar de, na construção
oficial do artigo, ser abordada no tópico sobre Tratamento (um dos últimos) ela consistiu num
dos primeiros aspectos a ser trazido para a pesquisa. Isso foi relevante para pensar a
justificativa do trabalho e perceber que, ao menos institucionalmente, a conscientização
adequada sobre a automutilação é recente.
Consequentemente, isso representa um avanço, na medida em que políticas públicas
serão direcionadas ao problema, entretanto, mostra que ainda não há um arcabouço
satisfatório sobre as várias nuances que permeiam o tema.
Em geral, a bibliografia específica sobre autolesão foi possibilitada, majoritariamente,
por artigos publicados e pesquisas recentes.
Outro artigo que contribuiu para a revisão sobre a coleta de dados, elaborado por
Karina Weinmann e Elaine Zachi (2003) foi acessado no site Neurokinder Cuidado infantil.
Foi, igualmente, incluído na discussão sobre comportamento autolesivo, o artigo O que é
comportamento autolesivo, escrito por Eduardo de Rezende (2017), disponível no site
PsicoEdu – Psicologia para educadores.
Para além dos livros, artigos impressos e virtuais, o recurso de vídeo virtual foi
utilizado para expandir as fontes sobre a autolesão e tratamento com psicanálise. Assim,
analisei o vídeo intitulado Automutilação, adolescentes e psicanálise, do psicanalista
Christian Dunker (2017).
Ao final dessa pesquisa de revisão narrativa pôde-se concluir: a adolescência foi vista
durante muito tempo como uma fase natural do desenvolvimento com característica única a
todos os jovens. Reforçando a importância dada a essa fase de vida, pode-se considerar que os
autores psicanalistas presentes nesse estudo delineiam tal período como conturbado por conta
dos lutos vividos, onde perde-se sua condição física e psicológica de criança. Além de que
existem as exigências da sociedade que recaem sobre o(a) adolescente de modo singularmente
pesaroso, justamente por conta desses processos típicos.
Especificamente falando, por questões biológicas hormonais e, não menos importante,
sociais, as meninas sofrem com a autolesão, recorrentemente, em maior numero, quando em
comparação aos meninos. Afinal, como tratado anteriormente, prevalece em nossa sociedade
atual a dominação dos espaços de poder pelo gênero masculino, assim, a subjetividade e
atividade hormonal feminina são diretamente afetadas pelo contexto social em questão.
Não somente as mulheres, mas pessoas que representam um grupo de “minorias”
marginalizadas e que não fazem parte do socialmente e convencionalmente aceito dentro dos
padrões – como jovens LGBTQ+, negros e negras ou de identidade étnica e racial diversa –
têm suas subjetividades afetadas.
Esse sentimento de não pertencimento, na adolescência, é mais um atalho para a
autolesão. Existem diversos trabalhos que lidam com o tema relacionado ao suicídio,
entretanto, como aqui lida-se especialmente com a autolesão, surgiu a dificuldade em
encontrar autores que tratassem, especificamente, sobre a relação do problema psicológico em
questão com a descoberta da sexualidade.
No mais, a intenção da pesquisa não foi suprir integralmente essas lacunas, e sim,
provocar mais possibilidades e questões que estão envolvidas ao comportamento autolesivo
na adolescência, e sensibilizar para o desenvolvimento de outros trabalhos nessa área.
METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FONSECA, Paulo Henrique Nogueira da; SILVA, Aline Conceição; ARAUJO, Leandro
Martins Costa de; BOTTI, Nadja Cristiane Lappann. Autolesão sem intenção suicida entre
adolescentes. Arquivos Brasileiros de Psicologia, vol. 70, n.3, Rio de Janeiro sept./dic. 2018.
OTTO, Stephanie Cristin; SANTOS, Kátia Alexandra dos. (Re) Cortes: O discurso sobre a
autolesão feminina no tumblr. Psicanálise e Barroco em revista. V. 13, n1: 29 – 56. Jul. 2015.
RYAN, K.: et al. Superficial self-harm: Perceptions of Young woman Who hurt themselves.
Journal of Mental Healt Counseling. 30 (3), PP. 237 – 254.
VILHENA, Marília; PRADO, Yumnah Zein Costa. Dor, angústia e automutilação em jovens
- considerações psicanalíticas. Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, v. 122, n.2, p. 94-98,
abr/jun 2015.
WEINMANN, Karina; ZACHI, Elaine. Automutilação afeta 20% dos adolescentes e pode
estar associado a transtornos psiquiátricos [Neurokinder Cuidado infantil] Disponível em <
https://www.neurokinder.com.br/2017/03/automutilacao-afeta-20-dos-adolescentes-e-pode-
estar-associado-a-transtornos-psiquiatricos/> Acesso em 16 de fevereiro de 2020, às 01:10.