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DIREITO EMPRESARIAL – 1ª aula

Prof. Vinícius

Bibliografia básica para prova objetiva:

• Marcelo Beltoldi, Curso de Direito Comercial Avançado, Ed. RT.

• Fábio Ulhoa Coelho, Manual de Direito Comercial, Ed. Saraiva.

• Walter Fazzio Junior, Manual de Direito Comercial, Ed. Atlas.

• Paulo Sérgio Restiffe, Manual do Novo Direito Comercial, Ed. Dialética.

1 – Direito Empresarial:

1.1 – Empresário

a) Sua compreensão (art. 966, CC)

“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão


intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento
de empresa.”

Elementos técnicos jurídicos:

• Profissionalismo: Profissional é a pessoa natural ou jurídica que exerce


com habitualidade em nome próprio uma atividade, extraindo dela as condições
necessárias para se estabelecer e se desenvolver (financeiramente).

• Atividade econômica: “animus lucrandi”. O que é essencial para a


atividade empresarial não é o lucro, mas sim o ânimo, a intenção de obtê-lo.
Não é o lucro objetivamente considerado, mas sim subjetivamente
considerado.

• Organização: A doutrina é divergente. Alguns dizem que a organização


consiste na organização do trabalho alheio, da mais valia (esta é a posição
minoritária esposada por Fábio Ulhoa). A segunda teoria, que é a que
prevalece, entende que consiste na organização dos fatores da produção, que
são o capital “latu sensu” (insumos, mercadoria, dinheiro...), trabalho (não
necessariamente de terceiro, por isso o camelô é empresário) e atividade (que
é organizada pelo empresário com o estabelecimento do horário de
funcionamento, ponto comercial de atuação, seguimento e atividade..).

• Produção ou circulação de bens ou serviços: deve visar ao mercado,


ainda que o mercado seja minúsculo e nunca visar o uso pessoal.

b) Excluídos: parágrafo único do art. 966, CC.

O Italiano Cesare Vivante teoriza a unificação do direito privado. Alguns anos


depois Rocco impugnou esta teoria defendendo a necessidade de subsistir
vários ramos. Constata-se que a teoria de Rocco prevaleceu sobre a de
Vivante, especificamente pelo argumento de que existe uma grande diferença
no estado de espírito do empresário e do civil, o que determina uma ética
totalmente distinta entre os dois ramos e, por conseguinte, na impossibilidade
da unificação almejada.

O Código Civil exclue um grupo, “jure et de jure” (presunção absoluta), que não
absolveu a ética do Direito Empresarial, e este grupo é representado pela
Sociedade Simples. São prestadores de serviço de natureza intelectual, que,
mesmo visando o lucro, ainda que contando com auxiliares e a atividade tenha
uma grande envergadura, não são considerados empresários. São eles:
advogados, médicos, clínicas médicas, escritório de contabilidade, Aprobatum
(pois exerce atividade intelectual).

Exceção (dentro da exceção), 2ª parte do parágrafo único do art. 966: se o


exercício da profissão constituir elemento de empresa será a sociedade uma
Sociedade Empresária e não uma Sociedade Simples.

Elemento de empresa é a área meio, é a área de suporte. Toda vez que a


atividade intelectual for o objeto é Sociedade Simples. Toda vez que a
atividade intelectual for área meio é Sociedade Empresária. Ex: Editora é
atividade empresarial, pois ela não vende o trabalho intelectual; um cientista
em uma universidade está na área fim, que é o objeto (sociedade simples), já
um cientista em uma indústria, a atividade intelectual está na área meio, por
isso é Sociedade Empresária.
OBS: - Empresário é o sujeito de direito, é a pessoa física.

- Empresa é a atividade do empresário.

- Estabelecimento é o local de desenvolvimento da atividade do


empresário (art. 1142, CC), é o complexo de bens organizados para o exercício
da empresa, da atividade.

- Objeto social: é a atividade que o empresário desenvolve para alcançar


seu objetivo, ou seja, é a empresa.

- Objetivo: lucro

- Área fim: é aquela que se conjuga com a atividade, com o objeto social.

- Área meio: é aquela que se conjuga com o suporte, é a que dá suporte


para se lograr a área fim.

TEORIA DA UNICIDADE DO ATO: quando o objeto social compreender


trabalho intelectual e trabalho não intelectual a sociedade é empresária. A
lógica disto é a ética empresarial, que engole a ética simples. Ex. Hospital
(trabalho intelectual → área médica x trabalho não intelectual → hotel: todos
dois estão na área fim, por isso é Sociedade Empresária).

Objetos básicos da Sociedade Simples (tipos de atividades da sociedade


simples): Trabalho intelectual (p. único, art. 966

Art. 982, paragrafo único: Cooperativas são consideradas Sociedade simples


independentemente do objeto e as Sociedades por ação são sempre
Sociedades Empresárias, por força de lei (isto é exceção).

* Art. 971: Ruralista. É preciso verificar o registro, se o ruralista quiser ser


empresário, basta se registrar como tal na Junta Comercial; se não registrar,
ele é sociedade simples. O registro, portanto, tem natureza jurídica constitutiva
do empresário.

1.2 – Capacidade:

Pessoa não é sinônimo de seres humanos. É um conceito jurídico que varia de


país para país. Art. 1°, CC define pessoa no Brasil.

Existe sociedade empresária como instrumento de constituição. Ex. contrato


social, estatuto social.

Existe a sociedade empresária como efeito do contrato: Ex. pessoa jurídica.

O sócio de uma sociedade empresária não é empresário, mas sim


empreendedor. O administrador da sociedade também não é empresário, mas
sim mandatário (art. 1.011, § 2°, CC). Portanto, Silvio Santos não é empresário,
mas sim empreendedor, empresário é o SBT. Dentro de uma pessoa jurídica
não existe nenhum empresário. Já o camelô é empresário, é um empresário
individual.

Sócio + sócio = sociedade.

Art. 52, CC: aplica-se às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da


personalidade. Ex. art. 170, caput, CF (dignidade assegurada à p. jurídica, uma
vez que se destina a todos, sem exceção).

a) Para ser empresário: A capacidade para ser empresário é obtida aos 18


anos de idade, onde a pessoa fica habilitada para todos os atos da vida civil
(art. 5°, CC).

Art. 5°, parágrafo único, V: hipótese de suprimento de incapacidade relativa, ao


estabelecer-se o menor empresarialmente com economia própria (com seus
próprios esforços pessoais, não pode herdar, pois se herdar deverá ser
representado – art. 974, CC). Ao emancipar pode praticar todos os atos
relativos ao direito empresarial, mesmo sem registrar a emancipação no
Cartório, é automático.

Perguntas: Pode um incapaz (incapacidade superveniente) continuar a


empresa (atividade do empresário) antes exercida enquanto capaz? Pode um
incapaz continuar a empresa antes exercida pelo autor da herança ou pelo
doador? Depende de prévia autorização judicial (art. 974, CC). Aqui não há
suprimento de incapacidade, este será representado (absolutamente incapaz)
ou assistido (relativamente). Se tiver autorização (com alvará), no ato em que
for concedida a autorização, serão arrolados todos os bens do incapaz que não
estavam expostos aos riscos da atividade empresarial (os bens estarão
desafetados: art. 974, § 2o).

Patrimônio de afetação ou afetamento: trata-se da hipótese de um mesmo


indivíduo ter dois patrimônios. O primeiro, chamado afetado estará exposto aos
riscos da atividade empresarial. O segundo, chamado desafetado, está
blindado quanto aos riscos (o credor não pode penhorar estes bens).

OBS: O empresário individual (este é chamado apenas de empresário) todos


os bens penhoráveis respondem pelas obrigações. Neste caso, se fosse um
incapaz, herdando de pai empresário não seria arrolado nada, exceto os bens
absolutamente impenhoráveis, uma vez que os bens se confundem. Se,
porventura, já tivesse herdado outros bens ou os bens adquiridos com seu
próprio esforço, ao herdar de pai empresário, os bens herdados e os pessoais
serão arrolados, pois não estavam sujeitos aos riscos da atividade empresarial
e são desafetados (o arrolamento é para blindar os riscos da atividade
empresarial). O arrolamento tem utilidade prática e servirá para o caso de
sucessão. O que advier do patrimônio blindado (não afetado), também estará
blindado.

Em todo caso, no momento que o incapaz adquirir a capacidade, ele terá que
optar pelo fechamento da empresa e os bens blindados ficam protegidos, ou
continua a atividade e a blindagem acaba. A blindagem serve para proteger
apenas o incapaz.

Empresário individual: todos os bens se confundem, inclusive o imóvel


residencial.

b) Para ser sócio de sociedade empresária (quando o indivíduo não é


empresário): A capacidade também é adquirida aos 18 anos (art. 5°, CC).

O incapaz pode participar de uma S/A, devidamente assistido ou representado,


mas não pode administrar.

O incapaz pode participar de uma sociedade limitada, desde que preencha dois
requisitos i) não poderá administrá-la ii) o capital social tem que estar
totalmente integralizado (100% pago), isto pelo art. 1.052, CC, pois na LTDA
todos os sócios respondem solidariamente pela parte faltante para a
integralização e neste caso o patrimônio do incapaz ficaria exposto a risco.

Art. 977, CC: Existem precedentes reconhecendo a inconstitucionalidade deste


artigo, por violar o art. 5, XVII, CF, que preceitua ser plena a liberdade de
associação para fins lícito. Este artigo é uma exceção e, por isso, deve ser
interpretado restritivamente.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com


terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de
bens, ou no da separação obrigatória.

Contratar: Não se aplica às sociedades estatutárias (S/A e Comandita por


ações), pois estas são estatutárias e não contratuais (vide explicação adiante)

Entre si ou com terceiros: entre si, significa que a sociedade é composta


apenas pelo marido e pela mulher; com terceiros, a sociedade é composta pelo
marido, pela mulher e por um terceiro.

Comunhão universal: para proteger credores, pois como o casal tem um único
patrimônio, poderia tentar lesar os credores fraudulentamente.

Separação obrigatória: para proteger os herdeiros, contra o famoso golpe do


baú.

Art. 978, CC: se dirige ao empresário individual.

Art. 980, CC: O divórcio para ter validade perante terceiros é preciso ser
registrado na junta comercial.

2 – Sociedade:

2.1 – Conceito: art. 981, CC: celebram contrato de sociedade as pessoas


que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. O artigo
passa uma falsa impressão de que todas as sociedades são contratuais, mas
isto não é verdade (S/A não é, por exemplo)
Conceito para retificar o conceito do art. 981: Celebram contrato ou convenção
(sinônimo de estatuto) em que duas ou mais pessoas mutuamente se obrigam
a contribuir, com esforços ou recursos, visando a atingir fins comuns, cujos
resultados serão divididos.

• Sociedade contratual: a sociedade se diz contratual conforme nela haja


relações jurídicas sócio-sócio e sócio-sociedade. Aqui tece-se uma malha de
relações jurídicas.

• Sociedade estatutária: a sociedade se diz estatutária conforme nela haja


relações jurídicas exclusivamente sócio-sociedade, formando um feixe de
relações jurídicas (não há relações entre os sócios, não há vínculos jurídicos).
É o caso das S/A (sociedade por ações).

O que diferencia um tipo de sociedade de outro é a fração de seu capital


(quotas ou ações) e a responsabilidade dos sócios.

CONCEITOS BÁSICOS:

S/A OU COMPANHIA: Art. 1.088, CC. É a sociedade cujo capital se divide em


ações e a responsabilidade dos sócios acionistas é limitada ao valor/preço das
ações subscritas (no momento da constituição subscreve-se as novas ações)
e/ou adquiridas (na bolsa de valores).

MERCADO PRIMÁRIO: quando a companhia emite novas ações, estas são


subscritas e entra dinheiro no caixa da companhia, capitalizando a companhia.

MERCADO SECUNDÁRIO: quando um sócio vende para outrem suas ações e


o dinheiro entra no seu bolso.

LTDA: Art. 1052, CC. É a sociedade cujo capital se divide em quotas e a


responsabilidade dos sócios quotistas é limitada ao valor do capital social, uma
vez que todos os sócios respondem solidariamente pelo que faltar para a
integralização deste capital.
CAPITAL SOCIAL: é o somatório das parcelas afetadas (o que pode ser
atingido) no patrimônio dos sócios, transferidas para a sociedade a fim de ser
garantia dos credores e o numerário (dinheiro) necessário para o
desenvolvimento da atividade. O capital social não existe, pois ele gira dentro
da sociedade. No momento que o capital é integralizado, os sócios não mais
injetam dinheiro na sociedade. Capital é o quantum que foi investido na
sociedade.

AVIAMENTO é a aptidão para gerar lucros. Subjetivo: é a aptidão do


empresário, pessoa natural ou jurídica. Objetivo: é a aptidão do
estabelecimento de gerar lucro, quando o estabelecimento está montado para
potencializar o lucro. Este é o fator determinante para o bom êxito do
empreendimento.

CAPITAL SUBSCRITO: representa uma promessa jurídica de aquisição e


pagamento de frações do capital social (seja quotas ou ações). É como quando
subscreve uma nota promissória, aqui se faz uma promessa jurídica de pagar.
Se não for pago, será executado para pagar.

CAPITAL REALIZADO (LIBERADO): é o capital efetivamente pago. Na Ltda


consta no contrato social a realização e, com isso, há uma presunção de
veracidade (não é absoluta). O contador lança o balanço contábil e pode abrir
uma conta em nome da pessoa jurídica. Já no caso de S/A a lei é mais rígida
(tem que fazer o pagamento e o comprovante do pagamento é registrado na
junta comercial).

Sinônimo de realizar é liberar (o capital social).

CAPITAL INTEGRALIZADO: é o capital 100% realizado.

Na S/A o sócio responde pelo que subscreveu e pelo que realizou. Já na LTDA
o sócio responde pelo que subscreveu e pelo que faltar para realizar, tanto por
ele quanto pelos outros sócios.
Na LTDA se executa a sociedade e penhora o patrimônio do sócio que não
integralizou (o sócio não é réu). Isto não é desconsideração, mas sim direito
obrigacional (art. 592, III, CPC).

Art. 1003, parágrafo único, CC: responsabilidade solidária do cedente. Se o


cedente não integralizou ainda o capital, responde por 02 anos solidariamente
com o cessionário até os limites de sua obrigação (o que falta para
integralizar). Integralizado o capital, cessa a sua responsabilidade, assim como
a do cessionário.

Regra: Não existe sociedade unipessoal. Exceções:

• art. 251, da Lei de S/A (Lei 6.404/76): Sociedade subsidiária integral (é a


sociedade anônima, cuja totalidade de suas ações é de propriedade de outra
pessoa jurídica nacional). Neste caso há apenas 01 sócio, que é a outra
pessoa jurídica nacional, que pode ser de direito público ou privado. Pessoa
jurídica nacional – art. 1126, CC – é aquela que está organizada de acordo
com a lei brasileira e tem que indicar como sede um lugar no território
brasileiro).

• art. 1.033, IV, CC: não é uma sociedade unipessoal, ela está
temporariamente unipessoal, pelo prazo máximo de 180 dias (caso em que irá
dissolver-se). Exceção para o prazo de 180 dias: art. 206, I “d” da Lei de S/A
que prescreve um prazo diferente para S/A, em que a condição é a termo e não
a prazo. Prazo para girar com um único acionista: mínimo de 08 meses e
máximo 02 anos e 04 meses.

DIREITO EMPRESARIAL – 2ª aula

Prof. Vinícius

CONTINUAÇÃO AULA 10/08

2– Sociedade:
2.1 – Conceito

Regra: Para existir uma sociedade é preciso a pluralidade de sócios, não sendo
admitida a sociedade unipessoal. Exceções:

• art. 251, da Lei de S/A (Lei 6.404/76): Sociedade subsidiária integral (é a


sociedade anônima, cuja totalidade de suas ações é de propriedade de outra
pessoa jurídica nacional). Neste caso há apenas 01 sócio, que é a outra
pessoa jurídica nacional, que pode ser de direito público ou privado. Pessoa
jurídica nacional – art. 1126, CC – é aquela que está organizada de acordo
com a lei brasileira e tem que indicar como sede um lugar no território
brasileiro).

• art. 1.033, IV, CC: não é uma sociedade unipessoal, ela está
temporariamente unipessoal, pelo prazo máximo de 180 dias (caso em que irá
dissolver-se). Exceção para o prazo de 180 dias: art. 206, I “d” da Lei de S/A
que prescreve um prazo diferente para S/A, em que a condição é a termo e não
a prazo. Prazo para girar com um único acionista: mínimo de 08 meses e
máximo 02 anos e 04 meses.

OBS: Exercício social não se confunde com o ano civil, pois para as
sociedades o exercício social tem o lapso temporal de 01 ano, cabendo ao
estatuto social (instrumento de constituição) fixar a data do fim do exercício
social (cláusula obrigatória), que pode terminar em qualquer dia do ano.

Art. 132, Lei de S/A prescreve que a Assembléia Geral Ordinária (AGO) se
realizará em um dos 04 primeiros meses subseqüentes ao fim do exercício
social.

Exemplo de prazo máximo: S/A com exercício social coincidindo com o ano
civil, terminando em 31/12. No exemplo, a AGO poderá ser realizada até o dia
30/04. Suponha-se que faremos a AGO de 2009, relativo ao exercício social
que terminou no ano de 2009, no primeiro dia do prazo, ou seja dia 01/01/2010,
às 09:00. Após encerrada a AGO, um acionista compra a participação de todos
os outros, sendo a companhia reduzida a um único acionista. Com isso, só
será constatada em AGO a existência de um único acionista no ano seguinte,
com a realização de nova AGO. Constatada a existência em AGO no ano de
2011, só será necessário a recomposição da pluralidade na próxima AGO a ser
realizada em 2012. Se for realizada no último dia do prazo, ou seja, em
30/04/2012, a Sociedade girou com um único acionista por 2 anos e 04 meses.

Exemplo de prazo mínimo: S/A com exercício social coincidindo com o ano
civil, terminando em 31/12. AGO realizada em 30/04/2010, às 16:00 hs. 12:00
do dia 30/04, ou seja, antes de realizada a AGO, um acionista compra a
participação de todos os outros, sendo a companhia reduzida a um único
acionista. No mesmo dia constato na AGO a redução ocorrida. Constatada a
redução em AGO, tenho que obrigatoriamente recompor a pluralidade na AGO
do ano seguinte. Se for realizada nova AGO em 01/01/11, a companhia girará
com um acionista por 08 meses.

Retomando o conceito de sociedade:

Art. 981: Sociedade é o contrato ou convenção (sinônimo de estatuto) em que


duas ou mais pessoas mutuamente se obrigam a contribuir, com esforços ou
recursos, visando a atingir fins comuns, cujos resultados serão divididos.

A partir do conceito é possível extrair os elementos da SOCIEDADE:

• Ajuste de vontade, sob forma de contrato ou estatuto;

• presença mínima de 02 sócios, com exceções;

• contribuição dos sócios com esforços ou recursos;.

• busca de um empreendimento comum;

• partilha de resultados.

Sócio de indústria é aquele que realiza sua participação no capital social,


mediante trabalho; Esta é uma anomalia, pois a lei veda sócio de indústria em
LTDA e S/A (1055, § 2°, C.C. e art. 7°, S/A), cujo capital tem que ser
constituído por dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação em dinheiro
Art. 997, V e art. 1.006, ambos do CC, permitem expressamente sócio de
indústria na sociedade simples.

Principais objetos da Sociedade Simples: trabalho intelectual, cooperativa e


ruralista que não queira ser empresário. O principal objeto é o trabalho
intelectual (Ex. clinica médica). Como muitas vezes a única coisa que a pessoa
pode oferecer é o trabalho, a lei admite o sócio de indústria na sociedade
simples.

Retomando os elementos da Sociedade:

• Busca de um fim comum: todos os sócios têm que visar um mesmo fim,
um mesmo empreendimento e foco, para evitar a dissolução da sociedade.

Art. 1008, CC: Sociedade Leonina (oriunda da Fábula de Tocqueville) é a


sociedade em que há 01 sócio ou um grupo de sócios, que se apropria de todo
resultado positivo da sociedade e há ao mesmo tempo um outro sócio ou um
outro grupo de sócios a quem se imputam todos os resultados negativos
(prejuízo, ônus sociais). Um embolsa o dinheiro e o outro nada. Antes do novo
Código Civil a Sociedade Leonina era nula; com o novo Código Civil, não é
mais nula este tipo de sociedade, mas sim a estipulação leonina, que impede
que um dos sócios participe dos lucros e resultados. Se anula a estipulação
contratual e não a sociedade (isto é um problema).

Os resultados podem ser de 03 espécies:

• nulo: a sociedade não dá lucro nem prejuízo

• positivo: a sociedade dá lucro.

• negativo: a sociedade dá prejuízo.

Em toda e qualquer sociedade o sócio participa do resultado negativo, mesmo


na S/A e LTDA, só que nestas sociedades há uma prévia limitação a um
quantum, determinado no capital social.
Por isso o sócio em falência não pode habilitar o dinheiro que deu para formar
o capital social, pois este valor que ele deu é a predeterminação do seu
prejuízo. Ainda que sobre valores ele não habilita, neste caso a sociedade
poderá ser reativada e se os sócios quiserem posteriormente poderão extingui-
la.

Contrato social: art. 997, CC

Estatuto: art. 83, S/A

2.2 - CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES (divisão):

Estudaremos as duas principais:

a) Quanto à responsabilidade dos sócios:

• Limitada (gênero): S/A e LTDA (espécies). Sempre que vier falando


Limitada pensar na espécie.

Conceituação da Limitada (gênero): São aqüelas sociedades em que todos os


sócios têm uma pré-fixação de participação nos prejuízos sociais. O sócio
responderá limitadamente a um valor predefinido, na constituição do capital
social.

• Ilimitada: são aquelas em que todos os sócios respondem


subsidiariamente, porém solidáriamente e ilimitadamente (art. 1024, CC). Em
relação à sociedade, primeiro o credor tem que exaurir o patrimônio da
sociedade e só depois vai ao patrimônio dos sócios: benefício de ordem.

Ex: Sociedade em nome coletivo, sociedade de fato (é a sociedade que ou será


verbal por algum vício de forma, ou será nula por qualquer outro fundamento:
objeto ilícito; agentes incapazes → art. 997, caput, CC), sociedade em comum
(é a antiga sociedade irregular: tem toda aptidão para ser regular, inclusive
contrato de constituição, só lhe faltando o registro, para dar eficácia perante
terceiros; ela é plenamente válida entre os signatários do documento → art. 1°,
I, Lei 8.934/94).

É possível ter uma sociedade de fato registrada na junta comercial, no caso,


por exemplo, de haver uma nulidade que não impeça o registro. Isto porque a
Junta Comercial não analisa as nulidades.

Normalmente não existe sociedade em que o sócio é solidário com ela, no


entanto o art. 990, CC a prevê. Qual explicação?

Isto é uma sanção, que é superior à infração cometida. Todo empresário tem
que registrar e, para conseguir isso, a lei marca um prazo de 30 dias para
apresentação do ato constitutivo assinado na Junta Comercial (art. 36, lei
8934/94). Se o ato constitutivo assinado for encaminhado para a Junta
Comercial dentro do prazo da lei, ao ser proferido o despacho que conceder o
arquivamento, os seus efeitos retroagirão à data da constituição (natureza
declaratória). Se o ato constitutivo for encaminhado fora do prazo, o registro
terá natureza constitutiva e o arquivamento só terá eficácia a partir do
despacho que o conceder, ou seja, do efetivo registro e os sócios responderão
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais contratadas naquele
período em que funcionou irregularmente (art. 990 CC). Com isso, o sócio não
poderá contrair obrigações em nome da sociedade antes do registro definitivo,
que se feitas por algum dos sócios, ele responderá solidariamente por aquelas
obrigações contraídas e os demais sócios que não contraíram obrigações
responderão subsidiariamente. Para os contratos celebrados depois da
sociedade personificada não haverá sanção.

• Mistas: sociedades em que há um sócio ou um grupo de sócios que


responderá com limitação e ao mesmo tempo outro sócio ou outro grupo de
sócios que responderá subsidiária, porém solidária e ilimitadamente.

EX: Sociedade em comandita simples (temos sócio comanditado, que


responde sem limitação e o comanditário, que responde com limitação) e
sociedade em comandita por ações (temos sócio comanditado, que responde
sem limitação e o comanditário, que responde com limitação) e sociedade em
conta de participação (sócio ostensivo responde sem limitação e os sócios
ocultos/participantes respondem com limitação).
OS vários tipos societários nasceram de acordo com a necessidade dos
empresários.

b) Quanto à estrutura econômica:

• Sociedades de capital: sociedades intuito rei (intuito de coisa). Os sócios


se agremiam por uma questão puramente econômica (independente da raça,
sexo, cor). Ex. S/A e Comandita por ações. Não há relações entre os sócios.

OBS: Existe decisão do STJ que considerou S/A como sociedade de pessoas.

• Sociedades de pessoas: intuitu personae: os sócios se associam, em


função de um liame subjetivo. Ex: Todas demais sociedades, excluídas as de
capital (S/A e comandita por ações) e as híbridas (LTDA).

• Híbrida: Segundo STF, a LTDA é híbrida institucionalmente considerada,


ou seja, como um instituto previsto em lei é híbrida, na medida em que faculta
aos sócios, conforme seus interesses, no caso concreto, constituírem a
sociedade como de pessoas ou de capital. E isto só é possível na Ltda. O
contrato social nunca é híbrido, mas o instituto é híbrido. E para saber se é de
pessoas ou de capital é preciso analisar a cláusula que regula cessão de
quotas. Se o elemento que amarra os sócios for a pessoa (é de pessoas) se
for o dinheiro (é de capital). Quando é permitido ao sócio vender as quotas
independentemente da anuência dos outros ou caso faleça o sócio, admitindo-
se a sucessão dos herdeiros é de capital. Quando, ao contrário, não é
permitido ao sócio vender suas quotas independentemente da anuência dos
demais ou quando um dos sócios vem a falecer, não admitindo-se a sucessão
pelos herdeiros, é de pessoas (aqui não se viola direito de herança, pois as
quotas serão pagas pelos demais sócios aos herdeiro, é perfeitamente
aceitável que os sócios não queiram que certa pessoa ingresse na sociedade).

3 – Sociedade Limitada

3.1 – Referência Legal (arts. 1052 a 1057, CC):


3.2 - Conceito: art. 1052, CC, é a sociedade cujo capital se subdivide em
quotas e a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor do capital social,
uma vez que todos os sócios respondem solidariamente pelo que faltar para a
integralização do capital social.

3.3 - Instrumento de constituição: Contrato social

Art. 1053: Nas omissões a LTDA rege-se no que couber pelas normas da
sociedade simples.

Art. 997, V e VIII não se aplicam às sociedades limitadas, pois o V trata do


sócio de indústria, que é proibido na LTDA (art. 1055, § 2°, CC) e o VIII, trata
da possibilidade dos sócios responderem ou não subsidiariamente e nos
termos do art. 1052, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de
suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização. Os
demais incisos do art. 997 se aplicam à S/A.

Não existe artigo de lei que trata sobre contrato da LTDA e, portanto, nos
reportamos à sociedade simples (ver art. 997 e seguintes)

3.4 – Nome empresarial (te dá muitas informações: é importantíssimo):


Identifica o sujeito

a) Conceito: é a expressão pela qual o empresário, pessoa natural ou jurídica,


se apresenta no mercado a fim de contrair obrigações e exercer direitos. O
nome é assegurado no art. 5, XXIX, CF e em várias outras leis.

b) Princípios: art. 34, lei 8934/94:

• Novidade: ao registrar um nome é necessário inovar. Problema: as


juntas comerciais não se comunicam e não se comunicam os cartórios de
registro e nem estes entre si. Portanto, a coisa mais comum é o choque entre
nomes, entre nome e marca.
Marca é o sinal visual distintivo de produto ou serviço (art. 122, CPI – Código
de Propriedade Industrial – lei 9279/96). Se houver colidência aplica-se o art.
1166, CC.

Art. 1166, caput: a proteção ao nome está limitada ao Estado, segundo o caput.

§ único: estende o uso do caput a todo território nacional se registrado nos


moldes do estabelecido na lei 8934/94. Pela Convenção da União de Paris
para Proteção da Propriedade Industrial, cujo Brasil é signatário, a proteção ao
nome empresarial tem caráter mundial.

Este princípio subdivide-se, segundo decisões judiciais, em:

- anterioridade: quem registrou primeiro é o dono, não interessando se


registrou como nome ou marca.

EXCEÇÃO: proteção ao nome sem registro prévio, quando notório (art. 126,
CPI).

- especificidade: ao inovar é necessário fazê-lo especificamente no ramo


de atividade. Se os ramos de atividades são distintos (bem distintos), de
maneira a não confundir o consumidor, não há colidência.

EXCEÇÃO: Marcas notórias, em que tenho proteção em todo segmento, pois


ela tem tamanho valor agregado que chega a transcender para todos os
segmentos o produto original, conseguindo, desta maneira, captar os clientes
(art. 125 e 126 CPI). Compõe, inclusive, o aviamento.

Marca de alto renome # marca notória: a diferença é o registro no INPI (vide


art. 125 e 126 CPI).

• Veracidade (p. da autenticidade):


Deste princípio podemos tirar duas informações:

1ª) a partir do nome empresarial se extrai a modalidade de responsabilidade


dos sócios. Tenho que dizer no final do nome qual a verdadeira modalidade no
nome. (art. 1158, CC).

§ 3°: aplica-se uma sanção pela omissão consistente na fixação da


responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios administradores que
contraíram obrigações, nos limites destas. Também é assim para as S.A. (pode
vir identificada por S/A no início, meio ou fim do nome), que também pode ser
identificada por Cia (no início, meio ou fim.

O art. 1160, CC derrogou o art. 3° da Lei de S.A, que proibia o emprego de


companhia no final do nome para designar uma S.A., para não se confundir o
nome da S.A, com o nome das sociedades que têm responsabilidade ilimitada
(comandita por ações, comandita simples, de fato) e como ficou? Resposta: art.
1157, CC: a diferença ficou no & do “& Cia”).

2ª) tratando-se de sociedade em que haja sócio de responsabilidade


ilimitada o nome empresarial identificará um, alguns ou todos os sócios que
respondem sem limitação (art. 1157). Somente poderá operar sob firma.

3.5 – Espécies de nomes empresariais (art. 1155, CC).

a) Firma social (quando se trata de sociedade) ou razão social (quando se


trata de empresário individual): é a espécie de nome empresarial que
identificará sócios (um, alguns ou todos). Pode ou não trazer o objeto.

b) Denominação: é a espécie de nome empresarial abstrata, na medida em


que não identificará membros componentes do quadro societário. EX: Rede
Globo de Televisão; Curso Aprobatum.

Toda S/A só pode fazer uso de denominação (sem exceção): art. 1160. O §
único se destina a homenagear pessoas, que não tem que ser sócios
obrigatoriamente, podendo ser coincidentemente sócios.
Toda denominação tem que mencionar o objeto social (a firma pode ou não
mencionar).

Denominação não é o mesmo que nome fantasia.

3.6 – Título do estabelecimento (nome fantasia): identifica o objeto (é a


placa dependurada na porta do estabelecimento). É o apelido do empresário.

O objetivo é a captação do cliente, é um apelo mercadológico. Pode ter o nome


coincidente com o título.

Não há proteção legal ao título do estabelecimento, tanto é que existe pessoas


que registram título, como se marca fosse, para proteger o título; porém, por
construção doutrinária, a jurisprudência estendeu ao título, tudo o que foi falado
para nome.

Apenas 02 ramos do direito aceitam no processo a confusão entre nome e


título. E a solução adotada, nos casos de relações de consumo e Justiça do
Trabalho, é apenas a retificação do pólo passivo e não a extinção do processo
por ilegitimidade passiva, como é o caso dos outros ramos do direito.

3.7 – Exceções à regra sobre nome empresarial:

a) Art. 1161, CC: Sociedade em comandita por ações, (exceção ao art. 1157).
Aspectos importantes: 1°) fazendo uso de firma ou denominação ao final, tem
que trazer a expressão comandita por ações 2°) Não poderá vir a expressão
abreviada, pois a lei não autorizou expressamente (sempre que for autorizado
abreviar a lei dirá).

b) Art. 1162: Sociedade em conta de participação é uma sociedade de


gaveta regular (o registro é meramente facultativo e ainda que registrada nunca
terá personalidade jurídica, art. 993). Ex: Contratos de aparte hotel em que só
aparece o sócio ostensivo. Se a sociedade não tem personalidade jurídica, não
tem como ter nome, pois não tem existência própria. Por isso, é uma sociedade
que não pode ter nome. Se quiser processá-la tem que processar o sócio
ostensivo, uma vez que só ele aparece (sua responsabilidade é ilimitada
perante terceiros, mas entre os sócios é preciso analisar o que o contrato social
prevê, que pode estabelecer ação de regresso contra os sócios ocultos: art
991, §. único).

c) Art. 1158, § 2°: Sociedade LTDA.

Art. 1158, caput: toda S/A é denominação. Tipos societários que os sócios
podem escolher entre firma ou denominação: Ltda e Comandita por ações.
Todas as demais tem que ser firma.

§ 1°: firma com nome de sócio, indicando a responsabilidade.

§ 2° e § 3°: A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade


solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a
denominação da sociedade.

Denominação deve designar o objeto da sociedade, podendo nela figurar o


nome de um ou mais sócios.

Fábio Ulhoa explica: Distinguo firma de denominação pelo objeto e não pelo
nome. Quando aparece o objeto só pode ser denominação. Na firma aparece
apenas o nome de sócio, sem aparecer o objeto.

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

A marca pode ser vendida, o nome não.

A principal diferença entre cota e ação envolve a cessão.

• A cessão da cota implica na modificação da estrutura da sociedade, mas


não no efeito do registro do contrato (que é a criação da personalidade
jurídica). Isto significa que toda cessão de cota numa sociedade só se opera
mediante alteração do contrato social, é obrigatório mudar a sociedade
enquanto instrumento de constituição, que deverá ser levada a registro. Não
opera alteração no efeito, pois as obrigações e direitos da sociedade persistem
como obrigações e direitos da sociedade, não importando se entrou fulano ou
se saiu beltrano.

Vide art. 1003, § único, CC: A obrigação do sócio na LTDA é a integralização;


integralizado o capital acabam-se as obrigações. Com a cessão responde
solidariamente cedente e cessionário pela integralização. Se já integralizou não
respondem por nada.
• Já a cessão de ação não implica na modificação da estrutura (ou seja,
no estatuto da companhia) nem dos efeitos. A instrumentalização da venda
(cessão) de ações é feita mediante averbação no livro de registro de ações
nominativas.

COTA e a AÇÃO são compostas por 03 elementos (não significa que são
iguais)

• Formas de divisão de capital social: É a fração em que divide o capital


social. (ações de sociedades estatutárias e cotas de sociedades contratuais).
• “status socii” ou posição. O poder político ao sócio é atribuído pela
participação de quotas e ações que possui.
• Participação dos Fundos econômico, que são de duas modalidades:
- Acervo (Patrimônio Líquido): Ativo menos passivo, vendidos os
ativos e pagos os credores, o que sobra partilha segunda a participação no
capital social.
- Participação dos resultados da sociedade, que são pagos
segundo o número de cotas e ações. São de 03 espécies: nulo, prejuízos (aqui
não importa, pois há pré-fixação de participação dos prejuízos, os sócios
respondem limitadamente a um quantum) e os lucros.

OBS: Só há duas maneiras de se distribuir os lucros:

• via dividendos (distribuição dos lucros em dinheiro entre os sócios);


• via quotas ou ações de bonificação ou filhote: é a quota/ação resultante
da capitalização dos lucros, que será atribuída aos sócios na proporção dos
lucros que eles fariam jus receber/perceber. A sociedade pode deliberar em
assembléia ou reunião de sócios em reter os lucros ou parte dos lucros. Neste
caso os lucros são transformados em capital social e, para tanto, é preciso
transformá-lo em cotas ou ações e posteriormente distribuir entre os sócios,. a
fim de capitalizar a sociedade; o lucro distribuído vira capital social e os sócios
recebem quotas ou ação (funciona como uma dação em pagamento das
quotas).

3.5– Cotas (numeração atribuída pelo professor, pois o certo seria 3.8 para dar
continuidade à sequência da aula anterior):

a) aquisição pela própria sociedade:

A sociedade pode ser sócia de si mesma?

Na Lei de S/A, art. 30 é vedado à S/A negociar com seus próprios títulos
(ações), salvo exceções previstas no § único do mesmo artigo.

Na LTDA o CC é omisso. A doutrina afirma que em Direito Privado tudo que


não é proibido é permitido. A intenção do legislador é nítida e não quer dizer
que o legislador se esqueceu. Portanto, a LTDA pode adquirir cotas do seu
próprio capital. Requisitos:

• o capital tem que estar integralizado, pois, como todos os sócios


respondem solidariamente pela integralização, se o capital não estiver
integralizado a própria sociedade seria chamada para integralizar, o que seria
feito com seu próprio patrimônio. Com isso, não se estaria assegurando os
credores do recebimento dos seus créditos, se estaria garantindo com a própria
garantia.
• a LTDA também tem que ter dois sócios além da própria sociedade:
esse é o mínimo possível de sócios, que só acontece quando a sociedade
adquire quotas do seu próprio capital.
• a sociedade tem que ter fundos disponíveis para pagar pelas cotas que
estará adquirindo (cotas que terá no seu próprio capital social).

OBS: Cotas que a sociedade terá no seu próprio capital social são as cotas em
tesouraria.

Efeitos:

• Quem exercerá o direito de voto pelas quotas que a sociedade tenha no


seu próprio capital social? Ninguém, e estas cotas também não são
consideradas para nenhum cálculo de quórum.
• A quem caberá o lucro que acaso couber aquelas cotas? A ninguém,
senão à própria sociedade. O lucro é apropriado pela própria sociedade.
Operação estritamente contábil: debita a conta lucros a distribuir e credita a
conta reserva de capital (é como se fosse a dispensa da “república”): isto é a
sociedade pagando lucros a si mesma.

b) Valor

Art. 1.055, CC, as quotas poderão ter valores iguais ou desiguais cabendo uma
ou diversa para cada sócio.

Na prática, todas as quotas ganham o mesmo valor, mas isto é uma faculdade
e não uma obrigação. Todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social, mesmo que as quotas tenham valor desigual.

Novidade do CC/02: art. 1.010. O voto passou a ser considerado segundo o


valor de quotas e não o número de quotas (cada centavo equivale a 01 voto).
Em caso de empate financeiro na deliberação, o critério de desempate é per
capito (por cabeça, quem tem mais cotas ganha). Persistindo o empate, o
critério de desempate é o “vale tudo”, se não chegarem a um consenso o Juiz
decidirá. A lei de S/A prevê o sorteio para desempatar.

c) cessão e divisibilidade:

Cessão: Art. 1057, CC: o contrato social rege a cessão de cotas e também
deverá definir se a sociedade é de pessoa ou de capital (se há liberdade ou se
depende de aceitação dos sócios), porém, se o contrato social for omisso
quanto à cessão de cotas, o CC diz que os sócios poderão ceder quotas entre
si, independentemente da audiência (oitiva) dos demais, isto se não houver
oposição de mais de ¼ (25%) de titulares do capital social, neste caso poderá
notificar a sociedade informando que não aceita a cessão
Divisibilidade: no silêncio do contrato social as quotas podem ser fracionadas
(art. 1056). Ex. A pode ceder 1/3 de suas cotas a C, ficando apenas com 2/3, e
assim por diante. O sócio poderá ceder suas quotas total ou parcialmente.

d) penhora de cotas: podem as cotas de um sócio ser penhoradas para pagar


um credor exeqüente?

Se a LTDA for de capital as quotas podem ser penhoradas, mas se for de


pessoas não pode, pois o art. 5°, XX, CF blinda. Com isso, abriu-se\ uma
brecha para fraude contra credores. A jurisprudência diz que não pode
penhorar, pois não tem como entregar o status socii,. Como solução foi firmado
o entendimento de que pode penhorar, mas não levá-las à hasta pública → em
seguida desassocia-se compulsoriamente o sócio executado, que se torna ex-
sócio credor por seus haveres (apura-se os seus haveres): art. 655, VI, CPC,
c/c art. 1026, CC → a partir de então traça-se 02 possibilidades: aguardar os
lucros (na prática não se faz isso, pois é a sociedade que delibera sobre a
distribuição do lucro, que poderão ser distribuídos em dinheiro ou em cotas de
bonificação), ou dissolve parcialmente a sociedade, apura-se os haveres que
cabe àquele sócio que garantirão a execução.

3.6 – Órgãos sociais:

a) Assembléia ou reunião de sócios (faz às vezes do poder legislativo):

É o órgão de cúpula e deliberação máxima em uma sociedade. Órgão de


cúpula é o órgão que congrega, reúne a comunidade de proprietários, pois só
podem estar presentes na reunião os sócios ou seus procuradores (art. 1074,
§1°, só pode ser procurador outro sócio ou um advogado, pois na assembléia
ou reunião tem-se acesso a informações altamente privilegiadas; na S/A
também pode o administrador). É o único órgão que pode modificar o
instrumento de constituição da sociedade (por isso deliberação máxima).
Assembléia ou reunião é espécie, o gênero é conclave social, que será
estudado depois.

Art. 1074, §2°: “disclosure” é a obrigação de informar. Toda vez que o sócio
tiver um conflito de interesse com a sociedade ele é obrigado a informar e se
abster de votar.

A regra geral é que a alteração do contrato social de uma LTDA exige


deliberação de no mínimo 75% do capital social (art. 1076, I, c/c art. 1071, V,
CC). A LTDA que tenha até 10 sócios tem um direito de opção a ser exercido
no contrato social de deliberar mediante assembléia ou mediante reunião; se
não deliberar no contrato é necessariamente Assembléia. Com mais 10 sócio
não tem direito de opção, necessariamente será Assembléia.

Principal diferença entre assembléia e reunião: Formalidades. A assembléia


todas as formalidades que a revestem (de convocação, deliberação, entre
outras) estão prescritas em lei e devem ser observadas sob pena de nulidade.
A as formalidades da reunião está fixada no contrato social e no que o contrato
for omisso observa-se as formalidades da assembléia geral.
Súmula 265 STF.

b) Conselho fiscal (faz às vezes do poder judiciário).

É um órgão meramente facultativo para a LTDA. Ou seja, no silêncio do


contrato social a sociedade não terá conselho fiscal. Na S/A é obrigatória.

É um órgão destinado a examinar e dar parecer nas contas dos


administradores.

O parecer é vinculante ou meramente indicativo? Art. 1071, I CC sepulta a


discussão. É meramente opinativo, quem dá a palavra final é o conclave, por
aprovar ou rejeitar as contas.

c) Administradores (faz às vezes do poder executivo)

Os administradores são o órgão de representação da sociedade. Representar


ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente a sociedade, assim como a
representa interna corporis (dentro de suas relações internas, ex. empregados)
e externa corporis (perante terceiros).

Art. 1060: Os administradores na LTDA podem ser uma ou mais pessoas


naturais ou jurídicas, o que é vedado na S/A. Estas pessoas serão indicadas no
contrato social ou em documento apartado, que é o termo de posse.

A Lei prescreve que no silêncio do contrato social todos os sócios serão


administradores. Cuidado: Pode ser que o contrato seja silente, mas o
documento apartado haja previsão. O correto seria no silêncio do contrato
social e do documento apartado todos os sócios serão administradores.

Seja o contrato silente, ou mesmo que o contato social preveja que todos os
sócios serão administradores, se novo sócio vier a integrar a sociedade ele não
será automaticamente investido na qualidade de administrador, pois o
administrador é um mandatário e todo mandado pressupõe fidúcia (confiança)
(art. 1011, §2°); para tanto, é preciso estender-lhes a fidúcia, fazendo-se uma
alteração do contrato social ou documento apartado para também elegê-lo
como sócio administrador, estendendo a ele o poder de gestão.

Art. 1061: no silêncio do contrato só sócio pode administrar LTDA. Para que
possa ser administrada por terceiro é necessária expressa previsão no
contrato.

Súmula 340 STJ

NÃO VEREMOS S/A: estudar à parte, principalmente para área federal.

4 – Teoria dos títulos de crédito.

4.1 – Crédito: é a troca de bens no tempo.


O crédito não cria nada, pelo crédito apenas se usa algo que é ocioso no
patrimônio de terceiro.

O crédito se caracteriza por 02 elementos:

• Existência de lapso temporal entre prestação e contraprestação


• A confiança, que decorre de elementos objetivos, como a capacidade
patrimonial do devedor, garantia real, fiador. Muitas vezes o Estado privilegia a
confiança em detrimento até mesmo da boa-fé (senão as pessoas não
emprestariam).

4.2 - Título de crédito:

“É o documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele


mencionado”. Vivante.

Art. 887, CC: Não é contido e sim mencionado (o legislador foi incoerente). Isto
porque os títulos de crédito não contêm créditos, pois o título de crédito é
autônomo, não gera novação; em regra as obrigações são autônomas, o título
se desprende da obrigação original. Prova disso, é que ainda que o cheque
esteja prescrito o crédito não estará (Súmula 299 STJ).

Em regra o título de crédito não gera novação, pois ele não contém o crédito,
ele apenas o menciona, faz referência ele é autônomo ao negócio jurídico que
lhe deu origem. Se contivesse a obrigação estaria contida nele e transferida.
Ele é autônomo, pro solvendo, não extinguindo o negócio jurídico que lhe deu
origem.

OBS: O contrário de pro solvendo é pro soluto.

4.3 – Elementos (ou princípios ou atributos)

a) essenciais (mencionados no conceito de Vivante):

• princípio da cartularidade (da documentação ou da incorporação): não


há título de crédito sem papel que mencione o crédito, papel esse que deverá
ser exibido no original.

Art. 889, §3º: um dos requisitos mínimos do título é a assinatura do devedor


(ato de gravar o próprio nome à mão). O Código civil não mitigou a
cartularidade, apenas permitiu que a pessoa digite o título de crédito, imprima e
ao final o assine.

• Literalidade: O título vale pelo que houver nele escrito.

Modalidades de literalidade:

1ª) Positiva: tudo o que se escreve em um título de crédito a ele se incorpora e


contra ele pode ser oposto e discutido em eventual demanda judicial.
CHEQUE ESPECIAL: Foram várias os caminhos utilizados pelos banqueiros,
no intuito de executar o cheque especial de maneira eficiente, consoante
historiado a seguir.

- Súmula 258/STJ (caso de literalidade).

Contrato de abertura de crédito é o nome técnico do contrato de cheque


especial. Custo operacional para o banqueiro é zero, mas é muito desprezado
pelo judiciário.

Súmulas importantes: S. 380/STJ, S. 381/STJ, S. 382, S.385 e S. 323 (contra


art. 43, CDC).

1ª Saída: Art. 8º, LUG (Lei Uniforme de Genebra – anexo I do Dec. 57663/66):
Assunção de dívida cambiária por procurador. Os bancos passaram a instituir
como mandatário o próprio banco e, com isso o banco preenchia a Nota
Promissória, assinava pelo cliente contratante do cheque especial, como seu
procurador e em seguida executava a dívida do cheque especial. No entanto,
todo contrato de mandato pressupõe a fidúcia (Súmula 60 STJ).

2ª Saída: Art. 585, II, CPC → os banqueiros pegavam o contrato de cheque


especial, apunham 02 testemunhas e executavam, no entanto, o título tem que
ser exeqüível (vencido) certo, líquido e exigível. O furo do cheque especial é a
liquidez, pois as taxas de juros variam muito de caso a caso, para se liquidar a
dívida é necessário perícia e se precisa de perícia não é líquido (Súmula 233
STJ).

3ª saída: ação monitória (Súmula. 247, STJ) → problema: a ação monitória


converte no transcurso do procedimento, caso haja embargos, em ação
ordinária e aí abre-se a possibilidade de discutir a dívida e os juros. Por isso
não se mostrou interessante.

OBS: O analfabeto só contrai obrigações cambiais por procuração com


poderes específicos. Hoje o juros legal é a taxa SELIC, que compreende juros
e correção monetária, com isso, não incide nova correção monterária quando
da condenação, senão haveria bis in idem (hermenêutica do art. 406, CC):
Resp. 1070154/RJ; Resp. 1102552/CE e Resp 1112743/BA.

OBS: 1ª e 2ª turma (STJ): direito público; 3ª e 4ª turma: direito privado; 5ª e 6ª


turma: direito penal.

4ª saída: Súmula 387 STF → O banco tenta conseguir uma maneira de cobrar
os juros do cheque especial. Solução: Súmula 26 STJ → vincular um título de
crédito a um contrato e um terceiro também assiná-lo, além de assinar uma
Nota Promissória posso cobrar também o terceiro: é a literalidade positiva, tudo
que for escrito pode ser oposto; problema se o contrato é ilíquido a nota
promissória também é ilíquida – Súmula 258 STJ.

5ª saída: Criação de novo título de crédito, por meio de Medida Provisória, que
já foi reeditada várias vezes → Cédula de Crédito Bancário, que nada mais é
que o contrato de cheque especial como título de crédito. Ocorre que a dívida
ainda é ilíquida, solução é assinar contrato de confissão de dívida (Súmula 300
STJ): RESOLVIDO O PROBLEMA. OBS: Mesmo que exista cláusula de
novação no contrato de confissão de dívida, ainda é possível, nos embargos,
discutir tudo para trás, inclusive os juros (Súmula 286, STJ)

Ilícito mas comumente praticado pelo banco: Anatocismo (vedado pela Súmula
121 STF). Anatocismo é os juros capitalizados (juros de juros). Ex: Deve
100,00, juros de 10% A.M → no primeiro mês cobra sobre o 100,00, a dívida
vai para 110 → no segundo mês cobra os juros em cima dos 110,00 e não
mais sobre a dívida originária → o correto seria cobra o juros sobre a dívida
originária.

MP 2170-36/2001: veda anatocismo no Brasil, exceto nos contratos bancários.

Súmula 121 STF: Tratando de mútuo é possível a capitalização uma vez por
ano (a cada ano)

Hoje a discussão é o art. 591, CC e a MP 2170: discussão MP é lei especial e,


por isso ela afasta o CC. Defesa para o consumidor: A MP é inconstitucional,
pois MP não pode dispor sobre sistema financeiro, mas sim Lei Complementar.

2ª ) Negativa: nada que tenha sido escrito no título de crédito contra ele pode
ser oposto e discutido em eventual demanda judicial.

• Autonomia: Tem duplo vértice:

1º) diz respeito ao negócio jurídico subjacente .

2º) diz respeito aos coobrigados: cada signatário de um título de crédito tem
uma obrigação própria que independe da dos demais (independe da validade,
regularidade e até mesmo da existência). Nos títulos de crédito, cada signatário
tem uma obrigação própria que independe do outro, os vícios não transcendem
de um co-devedor para outro.

b) não-essenciais:

• abstração:

X (é um ou outro, nunca os dois ao mesmo tempo)

• causalidade

4.3 – Elementos (ou princípios ou atributos)

a) essenciais (mencionados no conceito de Vivante): falados na aula anterior.

b) não-essenciais:

abstração x causalidade → é um ou outro, nunca os dois ao mesmo tempo


• Abstração: se diz conforme a lei que o tenha instituído não tenha
prescrito os negócios jurídicos que autorizem a sua criação.

Ex. cheque, nota promissória e letra de câmbio.

• Causal: se diz conforme a lei que o tenha instituído tenha prescrito


também os negócios que autorizam sua emissão.

EX: cédula de crédito bancário. Art. 26, Lei 10.931/2004. Negócio jurídico
subjacente é o mútuo bancário, pois o art. 26 o assim o previu.

“Warrant”, que é um título que só pode ser emitido se houver depósito de


mercadoria nos armazéns gerais, pois a causa de sua emissão é um contrato
de depósito de mercadoria. Emitir título causal sem a causa subjacente é
crime.

Duplicata, pois só poderá ser sacada mediante uma compra e venda mercantil
(não pode ser a civil) ou prestação de serviços (Lei 5474/68).

4.4. Natureza jurídica dos títulos de crédito:

Primeiro é preciso entender o que é natureza jurídica: é aquilo que é essencial


do instituto, do objeto estudado por aquela ciência e que não pode por
interpretação ser corrompido, sob pena de estar estudando instituto diverso.

Segundo Vivante os títulos de crédito têm dois momentos:

- contratual: é aquele em que o devedor e credor estão um diante do outro no


processo não apenas por uma relação cambial (por um ser devedor e outro
credor de um título de crédito), mas também porque tiveram uma relação
negocial subjacente ao título. É o momento negocial (o título de crédito ainda
não circulou).

- promessa unilateral de pagamento: é aquele em que o devedor e o credor


estão um diante do outro no processo exclusivamente por uma relação
cambial.

4.5. Oponibilidade e inoponibilidade de exceções pessoais:

Opor exceções significa apresentar argumentos e provas que


impedem/afastam a pretensão da parte contrária.

Estudaremos as exceções de natureza pessoais e não estudaremos as


exceções cambiais, que são vícios de forma. Ora, os títulos de créditos são
absolutamente formais, pois salto o processo de conhecimento, indo direto à
execução. As exceções cambiais sempre são argüíveis e provocam a nulidade,
devendo ser alegadas de ofício pelo Juiz (a parte argui se quiser, quando
quiser e do jeito que quiser), pois é função do Juiz decretara a nulidade.

Oponibilidade significa admissibilidade de discussão da causa debendi, que


deu causa à emissão e circulação do título.
A inoponibilidade é o revés, é a proibição da discussão da causa debendi, da
origem da dívida.

Literalidade positiva, quando há inscrição da causa debendi no verso do título.

O momento contratual atrai a oponibilidade e o momento da promessa


unilateral atrai a inoponibilidade, até mesmo porque não as tenho, é um
momento estritamente cambial.

Endossante é quem transfere por endosso e endossatário quem recebe por


endosso.

O endosso não atrai o momento cambial, mas sim é atraído o momento


cambial quando o endossatário resolve executar o devedor. Caso o
endossatário resolvesse executar o endossante, que transferiu a ele o título em
função de uma relação negocial, aí sim o momento contratual seria atraído e
também a oponibilidade de exceções.

Com isso, é preciso sempre perquerir a posição das pessoas e a relação


estabelecida entre elea.

O aval, se dado em função de uma relação cambial, atrai a inoponibilidade, é o


momento da promessa unilateral.

4.6 – Código Civil: art. 903.

Art. 914, CC, c/c art. 897, § único CC: proibição do aval parcial. Mas aval
parcial não é nulo nos títulos de créditos típicos (pelo disposto no art. 903, CC).
(DECORAR ART. 903).

Todos os títulos de crédito estão tratados em lei especial. Pra que serve o
Código Civil então em matéria de direito cambial? O legislador externou adesão
à teoria de Vivante, que classificava os títulos de crédito em 02 grupos (típicos
ou nominados e os atípicos ou inonimados: os primeiros são aqueles que
estudamos, os mais comuns e os segundos são aqueles inventados pelo
cidadão). Antes do CC 20002 a doutrina consentia que não havia títulos de
crédito atípicos, pois a lei não autorizava. O CC 2002 teve a finalidade de
introduzir no país os títulos de crédito atípicos e também prescrever os
requisitos formais mínimos necessários para que um documento seja
considerado um título de crédito atípico (art. 899, CC: assinatura do devedor,
indicação precisa dos direitos que confere e a data da emissão). Ex recibo de
cartão de crédito, com assinatura → cartão com senha não é título, pois não há
assinatura)

OBS: Cheque pré-datado é título de crédito inválido, pois a lei do cheque


(7357/85: art. 32) proíbe a emissão de cheque pós datado, esta é considerada
cláusula não escrita. Súmula 370 STJ (contra-censo) → O dano moral não
emerge do título cambial, mas sim do negócio jurídico subjacente ao cheque. O
cheque é apenas meio de prova do parcelamento ou data futura da dívida.
Tecnicamente, somente a nota promissória e Letra de Câmbio (Lei uniforme de
Genebra: LUG é anexo I, Dec. 57663/66) são cambiais.

Os demais títulos são cambiariformes, pois extraem sua forma de uma cambial.

PERGUNTAS:

• Qual é ação judicial para se cobrar um título de crédito atípico?


Os típicos são títulos executivos extrajudiciais, mas os atípicos não. Art. 585,
VIII, CPC traz o princípio da reserva legal na enumeração de títulos executivos
extrajudiciais. Somente a lei poderá dar força executiva a um título de crédito e
não existe esta lei para os atípicos, portanto, a ação é a Monitória (art. 1042, A,
CPC).
• Qual o prazo prescricional para se cobrar um título de crédito
atípico? Art. 206, §3º, VIII, CC, fixa o prazo prescricional para se cobrar um
título de crédito atípico em 03 anos a contar do vencimento.
• Podem os títulos de crédito atípicos serem protestados? A
doutrina majoritária afirma que sim e o amparo legal é o art. 1º da Lei de
protestos (9492/97), que conceitua o protesto. Como o título de crédito atípico é
um documento de dívida ele poderá ser protestado.

Alterações trazidas pelo CC. 2002 que impactaram nos títulos de crédito típicos
e atípicos:

• Súmula 153, STF, em que pese não ter sido cancelada, ela
caducou, pois confronta com a literalidade do art. 202, III, CC, que passou a
admitir a interrupção da prescrição pelo protesto cambial. Antes somente era
admitido pelo protesto judicial. Se a lei especial prevê a possibilidade de
interrupção da prescrição, mas não cogita das causas de interrupção, temos
que socorrer no Código Civil (ver art. 71, LUG). OBS: art. 71, LUG é diferente
do direito civil, que estabelece que, quando há co-devedores solidários, se a
prescrição interrompe com relação ao um dos co-devedores principal, também
haverá interrupção para os demais co-devedores solidários. Mas, no direito
cambial, em função do princípio da autonomia das obrigações cambiais não
haverá interrupção (se protestou apenas o devedor principal, por exemplo, não
operou a interrupção da prescrição em relação aos avalistas que não foram
protestados).
• Art. 1647, III, CC e aplicação por analogia da Súmula 332 STJ:
ressalvado o caso de suprimento judicial da vontade de um dos cônjuges (art.
1648), nenhum dos cônjuges poderá, exceto no caso do regime de separação
absoluta de bens (legal ou consensual: Resp 1.163.074/Paraíba, o STJ
concluiu que o regime é o da separação de bens consensual), não poderá
prestar fiança ou aval. A doutrina diz que é nula a fiança ou aval sem a outorga
uxória (da mulher) do outro cônjuge, tanto para os típicos ou atípicos. A Súmula
332 STJ diz que a fiança dada sem outorga conjugal é nula, mas é uma
nulidade que só pode ser argüida pelo cônjuge prejudicado e o cônjuge que
deu a fiança não pode alegar a própria torpeza. Além disso, a nulidade tem que
ser argüida em incidente autônomo pelo cônjuge e é considerado nulo o aval
dado sem a outorga conjugal, não atingindo o patrimônio de nenhum dos
cônjuges. Antes, o STJ entendia que o aval era ineficaz e se protegia a meação
do cônjuge que não autorizou o aval.
5 – Falência

5.1 – Referência legal: Lei 11.101/2005 e LC 118/2005.

5.2 – Conceito: Trajano de Miranda Valverde conceituou, à época da lei antiga,


mas o conceito não mudou → É o processo promovido contra o devedor
empresário em estado econômico especial (insolvente). Segundo o professor,
há casos de empresários que não podem falir e há casos de não empresários
que podem falir, desta forma, o correto no lugar de empresário seria ter
devedor legitimado (empresário como regra).

É um processo mercantil, empresarial. Tem artigo específico que afasta a


aplicação do CPC. Tem normas de direito material e processual envolvendo a
ação de falências.

5.3 - Competência: art. 3º lei de falência. O juízo competente é o do principal


estabelecimento do falido e a competência é absoluta (é decretada de ofício).
Sobre o que seja o principal estabelecimento há três teorias:

* aquele com maior movimentação financeira. Crítica: Como vou saber onde o
devedor ganha mais dinheiro?

* é a sede social, mencionada no estatuto. Crítica: Qual a relevância jurídica


disto?

* Para o STJ é a sede administrativa, seguindo a doutrina do próprio Valverde:


o local de onde partem os atos de gestão, onde estão os administradores, a
cabeça da sociedade deve fixar a competência. Isto porque o Falido deverá ser
intimado pessoalmente de todos os atos processuais e, para boa dinâmica da
ação e celeridade, fixa-se a competência no local da sede administrativa,
evitando-se expedição de cartas precatórias.

A falência não extingue a personalidade jurídica. Se assim o fosse como seria


a falência do empresário individual, pois senão extinguiria a personalidade
individual.

Não confundir a falida com a massa falida. Falido é representado na sua forma
estatutária, é o empresário individual ou a sociedade empresária. Decretada a
falência haverá uma entidade personificada, a massa falida, a qual será
representada pelo administrador.

- Massa falida subjetiva: é formada pela comunidade de credores que habilitou


o seu crédito. Somente a fazenda pública está dispensada de habilitar, mas
não está proibida.

- Massa falida objetiva é formada pelos bens e direitos arrecadados do falido


pelo administrador judicial.

Se a falência não extingue a personalidade, o que ela ocasiona? Uma limitação


na capacidade civil do devedor, que perderá a posse e a administração de seus
bens e direitos; não perde sequer a propriedade, que só é perdida com a venda
(art. 102 e 103).

Art. 1044, CC e 206, II, “c”, Lei S/A: a falência ocasiona a dissolução do
devedor, no sentido de dissolver as relações jurídicas do devedor, do falido.

5.4 – Finalidade: art. 75.

A lei é regra, que é um direcionamento de condutas e, neste caso, a intenção é


direcionar a conduta do Juiz. O legislador tirou do intérprete a escolha do
método hermenêutico e fixou o método teleológico, para determinar qual a
conduta que o juiz deverá adotar. A finalidade da falência é preservar a
empresa (a atividade da empresa). Ao promover o afastamento do sujeito, do
empresário, busca-se a preservação da atividade. Preservar a empresa é pela
nova processualista falimentar.

5.4.1 – Meio de implementação:

Na lei antiga (DL 7661/45) o processo falimentar se desenvolvia da seguinte


forma: iniciava-se com o pedido (fase pré-falimentar: coleta de provas, defesa,
audiência una), após, vinha a sentença de falência, iniciando-se a fase de
sindicância e terminava com o edital (art. 114) quando o síndico dizia que seria
iniciada a fase de liquidação; após, iniciava-se a fase de liquidação, em que os
bens e direitos do falido são vendidos e pagos os credores. Os bens não
poderiam ser vendidos antes da fase de liquidação, devido à concordata
suspensiva que era um incidente que se pedia no prazo de 05 dias contados da
publicação do edital do art. 114. Para pedi-la era preciso pesquisar
previamente a vida do devedor (que era feita na sindicância) para somente
posteriormente ser possível pedir a concordata suspensiva. Às vezes a
liquidação durava em torno de 30 anos e quando chegava o momento de
venda dos bens, estes já estavam sucateados.

Com a nova lei, mais pragmática, acabou com a concordata suspensiva (não
existe recuperação judicial suspensiva) guinando toda processualística na lei
11.101/05. Agora, inicia-se o processo com o pedido que abre a fase pré-
falimentar (fase de conhecimento), vem a sentença falimentar e começa a
tramitar concomitantemente duas fases, a fase de administração e a fase de
liquidação. Como não tenho mais a possibilidade de retomada, já posso vender
os bens antes que estes se sucateiem, realiza-se o ativo, com a venda dos
bens. Implementa-se a preservação da empresa, tão logo haja a sentença,
vendendo os bens e direitos e preservando a atividade (a empresa).

Art. 192, da nova lei: todas as falências decretadas com a lei antiga continuam
direcionadas pela lei antiga.

Art. 47: Recuperação de empresa.

5.4.1.1 – Realização do ativo:

a) ordem: art. 140. Na impossibilidade de vender a empresa in totum (porteira


fechada) serão vendidos os estabelecimentos isoladamente considerados
(porteira fechada). Na impossibilidade, faço a venda dos bens em bloco, pois
assim potencializo a preservação da atividade que antes era exercida naquele
estabelecimento. Na impossibilidade, faço a venda dos bens isoladamente
considerados (aí não preserva a atividade, é uma falência liquidatória).

Art. 141, II: decretada uma falência, todos os ônus reais caem, pois o direito do
credor não será mais um direito de seqüela, mas sim um direito de habilitar o
seu crédito na classe respectiva (de direitos reais). Não há sucessão de
nenhuma natureza para os compradores. ADI 3934 e RE 583.955/RJ (com
repercussão geral). O STJ estendeu isto também para a recuperação de
empresa. Os créditos trabalhistas que extrapolem 150 salários mínimos são
quirografários. Art. 186 CTN e art. 192. Antiga lei de falência deu preferência
aos créditos trabalhistas. Pela lei trabalhista o crédito é quirografário. Com isso,
afastou-se a sucessão de crédito de acidente trabalhista pela ADI 3934 (o art.
60, § único é omisso).

b) modalidade de realização do ativo:

- extraordinária: art. 35, II, “c”.

A Assembléia Geral de credores (AGC) tem liberdade de fixar modalidades


alternativas de realização do ativo, desde que tenha aprovação de 2/3 dos
credores (financeiros) presentes a assembléia.

- ordinárias: art. 142 (são três a ser escolhido pelo Juiz a mais adequada para
ser aplicada no caso concreto). Modalidades:

* Leilão a ser realizado por leiloeiro oficial.

* Propostas lacradas: na realidade o juiz fixa data para que os interessados


protocolizem no processo envelopes lacrados com as ofertas. Após, será
designada audiência para abertura das propostas.

* Pregão: se desenvolverá em 2 fases e na segunda só poderá participar quem


se habilitou na primeira. Primeira fase: propostas lacradas e segunda fase:
leilão. Critério é ofertar valor que corresponda no mínimo a 90% do maior preço
no envelope lacrado. Se ninguém ofertar 90% não haverá ao menos o leilão.

OBS: aquisição na falência seria muito próxima à aquisição originária, pois não
herda nada (não há sucessão tributária ou previdenciária, por ex). A LC 118/05
prescreveu a não sucessão tributária. A discussão estava nos créditos
trabalhistas citada anteriormente

OBS: art. 142, § 7º: o MP é o fiscal → O único caso em que a intimação do MP


é obrigatoriamente pessoal, sob pena de nulidade. Para evitar que a falência
seja utilizada como fonte de enriquecimento de maus pagadores.

OBS: Na falência não existe preço vil, podendo ser vendido o bem por qualquer
preço, mesmo bem abaixo da avaliação.

5.5. Legitimidade.
a) passiva (quem pode falir): regra geral art. 1º lei falência: empresário, pessoa
natural ou jurídica.

Exceções:

Não empresários que podem falir:

* Espólio do empresário individual: até 01 ano após o óbito do empresário


individual é possível a falência do espólio (art. 96, § 1º Lei falência).

* Sócio de responsabilidade ilimitada: art. 81 → a sentença que decreta a


falência que tenha sócio de responsabilidade ilimitada acarretará a falência dos
sócios de responsabilidade ilimitada, com responsabilidade pessoal. Sócio de
sociedade não é empresário.

* Sociedade de trabalho temporário (professor acha que esta sociedade é


empresária). Lei 6019/74 (art. 16) é uma sociedade especial que faz locação de
mão-de-obra em períodos sazonais. Para professor não é trabalho intelectual,
por isso é empresário, mas o art. 16 é expresso.

Art. 2º, Lei falência:

Lei S/A previa no art. 242 o afastamento da sociedade de economia mista da


falência. A empresa pública sempre podia falir. Com o advento da CF/88, art.
173, §1º, II, o qual prevê a isonomia entre o público e privado, não falir seria
um privilégio, o que não é admissível (devo, não pago e mando a conta para o
Estado pagar).

Discussão: a recepção ou não do art. 242, com o advento da CF/88?

O STF fez uma interpretação absolutamente técnica e conforme a Constituição,


fazendo uma dicotomia, para, primeiramente determinar que se verifique se a
sociedade de economia mista pratica ato administrativo puro. Em caso positivo
não poderá falir, mas se explorar atividade econômica poderá falir.

Com a lei 10.303/01 foi revogado o art. 242 e,com isso , qualquer sociedade de
economia mista pode falir, pois não há amparo legal para evitar isto. Ocorre
que o art. 2º, I, da nova lei de falência ressucita a questão estabelecida pelo
art. 242 e inclui as empresas públicas, para agravar a situação.

O STF ainda não examinou a constitucionalidade do art. 2º, II, da Nova Lei
Falência. Cuidado, pois é preciso conjugar este inciso com o art. 197, que
suspendeu a eficácia do inciso II do art. 2º ( A lei LILE, lei 6024/74, art. 21, “b”
fixa os dois casos em que um banco pode falir: quando seu ativo não cobrir
nem ao menos metade do passivo quirografário e quando houver fundados
indícios de crime falimentar, diga-se, previsto na lei de falência →o ideal é dizer
crimes falenciais, pois os crimes poderão ser dar em falência, recuperação
judicial ou até mesmo em recuperação extrajudicial; se não incorrerem estas
hipótese continua o processo administrativo de intervenção) o art. 2º, II impede
que o credor peça a falência; é possível que o devedor requeira auto-falência,
mediante processo administrativo de intervenção/liquidação.
OBS: art. 180, Lei falência: A sentença é condição objetiva de punibilidade das
infrações praticadas em crime falencial.

b) ativa. Art. 97

Se o credor for empresário, só o empresário regular (registrado na Junta


Comercial) pode requerer a falência de outro empresário. Só a auto-falência
pode ser requerida pelo empresário irregular (art. 105, IV), como é o caso de
empresário de fato (irregular).

Existe falência de ofício no Brasil? Não. O MP também não pode requerer


falência. Ele pode recorrer, ainda que a parte se conforme com a sentença.

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