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Sendo assim, os Salmos são a escola onde os cristãos aprendem a orar, pois como Peterson diz, “é
esta fusão de Deus nos falar (Bíblia) e nós falarmos a ele (oração) que o Espírito Santo usa para
formar a vida de Cristo em nós”.11 Ou, como Ambrósio escreveu, “a Ele falamos, quando oramos, a
Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos”.12 E Bonhoeffer completa: “Portanto, se a Bíblia
também contém um livro de orações, isso nos ensina que a Palavra de Deus não engloba apenas a
palavra que Deus dirige a nós. Inclui também a palavra que Deus quer ouvir de nós… (…) Que
graça imensurável: Deus nos diz como podemos falar e ter comunhão com Ele! E nós podemos
fazê-lo orando em nome de Jesus Cristo. Os Salmos nos foram dados para aprendermos a orar em
nome de Jesus Cristo”.13
Se insistirmos em aprender a orar sozinhos, sem depender dos Salmos, nossas orações serão pobres,
uma repetição de frases prontas: agradecemos as refeições, arrependemo-nos de alguns pecados,
suplicamos bênçãos para nossas reuniões e até pedimos orientação. Por outro lado, toda nossa vida
deve estar envolvida na oração. Peterson exemplifica esse fato com o livro do profeta Jonas, que
gira inteiramente em torno das relações entre Deus e o profeta.14 Essas relações se originaram por
meio do chamado profético, do qual Jonas procurou fugir. Mas este personagem não é entregue a si
mesmo. Na primeira parte da historia, Deus deixa que o profeta chegue ao extremo de quase perder
a própria vida, somente para em seguida restaurá-lo à posição onde se encontrava antes dele tentar
evitar o chamado do Senhor.
No centro da narrativa bíblica está a oração que Jonas proferiu após ser engolido por um grande
peixe. Sua primeira reação ao se encontrar no ventre do peixe foi fazer uma oração (cf. Jonas 2.2-9),
o que não é surpreendente, pois geralmente oramos quando estamos em situações desesperadas.
Mas existe algo surpreendente na oração de Jonas. Como Peterson destaca, sua oração não é
original ou espontânea: “Jonas aprendeu a orar na escola, e orava como aprendera. Sua escola eram
os Salmos”. Como o mesmo autor demonstra, frase após frase a oração de Jonas está repleta de
citações dos Salmos:
“Minha angústia” de Salmos 18.6 e 120.1.
• “Profundo” de Salmo 18.4-5.
• “As tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim” de Salmo 42.7.
• “De diante dos teus olhos” de Salmo 139.7.
• “Teu santo templo” de Salmo 5.7.
• “As águas me cercaram até à alma” de Salmo 69.2.
• “Da sepultura da minha vida” de Salmo 30.3.
• “Dentro de mim, desfalecia a minha alma” de Salmo 142.3.
• “No teu santo templo” de Salmo 18.6.
• “Ao Senhor pertence a salvação” de Salmo 3.8.
Uma ilustração prática a partir do pequeno livro Praying the Bible, de Don Whitney, usando o
Salmo 23.
Leia o primeiro verso – “O Senhor é o meu pastor” – e ore algo como isto:
“Senhor, agradeço-te que sejas meu pastor. És um bom pastor. Por toda a minha vida me tens
pastoreado. Por favor, grande Pastor, pastoreia minha família hoje: guarda-os dos caminhos do
mundo; guia-os nos caminhos de Deus. Não os deixe cair em tentação; livra-os do mal. Ó grande
Pastor, oro por meus filhos; induze-os a serem tuas ovelhas. Possam eles amar-te como pastor
deles, como eu amo. E Senhor, por favor pastoreia-me na decisão que se me assoma sobre meu
futuro. Tomo ou não essa medida? Faço ou não essa mudança? Também oro por nossos co-
pastores na igreja. Por favor, pastoreia-os como eles nos pastoreiam”.
E você continua orando qualquer outra coisa que venha à sua mente enquanto considera as palavras
“O Senhor é o meu pastor”. Então, quando nada mais vier à mente, você parte para a próxima linha:
“E nada me faltará”. E talvez você ore:
“Senhor, agradeço-te por nunca ter passado necessidade, de fato. Não perdi muitas refeições. Tudo
que sou e que tenho vem de Ti. Mas sei que é do teu agrado que eu traga meus desejos a Ti. Desse
modo, poderias prover os recursos de que precisamos para pagar essas contas, para a escola, para
esse carro?”
Talvez você conheça alguém que esteja necessitado, e você ora pela provisão de Deus para essa
pessoa. Ou então se lembra de algum de seus irmãos e irmãs perseguidos ao redor do mundo, e ora
por suas inquietações.
Após ter terminado, você olha para o próximo verso: “Ele me faz pousar em pastos verdejantes” (v.
2a). Honestamente, quando você lê a palavra “deitar”, o que vem à mente talvez seja simplesmente
“Senhor, eu ficaria agradecido se me possibilitares deitar e tirar um cochilo hoje”.
O termo “pastos verdejantes” possivelmente faz você pensar na alimentação do rebanho de Deus
nos pastos verdejantes de sua Palavra, e isso impele você a orar por um ministério de ensino bíblico
que você conduz, ou por um professor ou pastor que o alimenta com a Palavra de Deus. Quando foi
a última vez que você fez isso? Talvez você nunca o tenha feito, mas orar por meio desse salmo o
induz a fazê-lo.
Em seguida você lê: “Leva-me para junto das águas tranquilas” (v. 2b). E talvez você comece a
implorar,
“Sim, Senhor, guia-me nessa decisão que tenho de tomar sobre meu futuro. Quero fazer o que
queres, ó Senhor, mas não sei o que isso é. Por favor, guia-me na tua vontade nesta questão. E
leva-me para junto das águas tranquilas nisto. Por favor, acalma as águas aflitas em minha alma
acerca dessa situação. Permita-me experimentar a tua paz. Que a turbulência em meu coração
possa ser acalmada mediante a confiança em Ti e na tua soberania sobre todas as coisas e todas as
pessoas”.
Seguindo isso, você lê essas palavras do verso três: “Refrigera-me a alma”. Isso nos leva a orar no
sentido de:
“Meu Pastor, venho a Ti tão espiritualmente seco hoje. Por favor, restaura a minha alma; restitui-
me a alegria da tua salvação. E oro para que restaures a alma daquela pessoa do trabalho, da
escola, da rua ao lado com quem estou esperando compartilhar o evangelho. Por favor, restaura
sua alma das trevas para a luz, da morte para a vida”.
Você pode continuar orando desse modo ou até que (1) o seu tempo acabe ou (2) o salmo acabe. E
se o salmo acabar antes do seu tempo acabar, simplesmente vire a página e vá para outro salmo. Ao
fazer isso, você nunca fica sem nada para dizer, e, o melhor de tudo, você nunca mais diz as
mesmas coisas de sempre sobre as mesmas coisas de sempre.
Então, o que você está fazendo é basicamente pegar as palavras que se originaram no coração e
mente de Deus e difundindo-as através de seu coração e mente de volta para ele. Por meio disso,
suas palavras tornam-se as asas de suas orações.
Os Salmos formam o maior conjunto de um dos gêneros mais únicos do cânon bíblico, a saber, o
gênero de música e poesia. Cristãos evangélicos tendem a negligenciar esse gênero por diversas
razões. Em nosso modo de pensar ocidental pós-Reforma, pós-iluminismo, a maioria pensa que as
partes mais didáticas da Escritura são mais importantes porque são cheias de afirmações lógicas e
proposicionais. Alguns pensam que poesia e música são, de alguma forma, menos masculinas. Isso
é uma visão completamente não ortodoxa de música, adoração e masculinidade. A maioria dos
homens não gostariam de encontrar com o rei Davi em um beco escuro; ainda assim, o melhor poeta
e compositor que esse mundo já viu! Biblicamente falando, enxergamos um forte laço entre canto,
poesia e masculinidade. Ainda há aqueles que não percebem as qualidades únicas da poesia e
música hebraica. Por exemplo: a poesia hebraica tende a “rimar” pensamentos e temas, ao invés de
rimar o sons das palavras, embora também faça isso. É por essas e outras razões que muitas vezes
sentimos dificuldades, quando se trata de ler qualquer poesia ou canção na Bíblia – sem falar de um
livro com 150 delas!
Ao mesmo tempo, e de uma forma única e culturalmente esquizofrênica, somos obcecados com
devocionais e literaturas especializadas. Queremos canja de galinha para nossa alma, o manual de
estudo para a mulher e o guia devocional do homem para evangelismo no golfe. Um bufê de comida
chinesa tem menos opções do que uma livraria cristã tem de material devocional extra-bíblico.
Somos uma cultura obcecada com devocionais com um pé atrás com a poesia canônica. Você está
começando a ver o problema? Duas mudanças na igreja cristã contribuíram substancialmente para a
forma com que os cristãos negligenciam os Salmos como material devocional.
Primeiro, cristãos agora tem acesso à Bíblia de formas que nunca tiveram antes. Da impressora ao
aplicativo no celular, cristão tem aumentado cada vez mais o acesso à Palavra de Deus. Devemos
notar que isso é um maravilhoso dom de nosso Deus gracioso. Mas também devemos considerar o
quanto isso mudou a forma com que a comunidade cristã aborda a Bíblia. Até a Bíblia se tornar
presente em todas as casas e todos os celulares, o acesso predominante à palavra inerrante de Deus
para o cristão comum se dava por meio dos componentes litúrgicos, especialmente as partes
cantadas, da adoração cristã. E até pouco Séculos atrás, essa era uma dieta composta quase
unicamente de Salmos.
Em segundo lugar, os cristãos dos últimos dois milênios de existência da igreja da nova aliança
estão cantando cada vez menos os salmos. Eu não sou contra cantarmos músicas fora do saltério, de
forma alguma. Creio que devemos incluí-los como parte do repertório. Mas também é inegável que
cantar salmos está em declínio na adoração cristã, não no auge.
Então temos uma série de coisas agindo em conjunto. Temos cristãos obcecados com devocionais e
avessos a poesia interagindo cada vez menos com os salmos na adoração. Pode ser que esses
aspectos da minha avaliação caricata do evangelicalismo tenham ressoado em você, e você gostaria
de integrar os salmos na sua vida devocional. Como é que se faz isso?
Considerações Preliminares
O título hebraico dos Salmos é Tehillim, que significa "louvores"; o título na Septuaginta
(tradução do Antigo Testamento para o grego, feita em c. 200 a.C.) é Psalmoi, que
significa "cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas". O título em
português, "Salmos", deriva da Septuaginta.
A música desempenhava papel de importância no culto do antigo Israel (cf. Sl 149; 150; 1
Cr 15.16-22); os salmos eram os hinos do povo de Israel. Bem diferente de boa parte da
poesia e do cântico do mundo ocidental, compostos com rima ou metrificação, a poesia e
o cântico do Antigo Testamento tem por base o paralelismo de pensamento, em que a
segunda linha (ou linhas sucessivas) da estrofe praticamente faz uma reiteração
(paralelismo sinônimo), ou apresenta um contraste (paralelismo antitético), ou, de modo
progressivo, completa (paralelismo sintético) a primeira linha. Todas as três formas de
paralelismo caracterizam o Saltério. O salmo mais antigo conhecido vem de Moisés, no
século XV a.C. (Salmo 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. (e.g., Salmo
137). A maioria dos salmos, no entanto, foi escrita no século X a.C., durante a era áurea
da poesia em Israel.
Os títulos descritivos que precedem a maioria dos salmos, embora não pertençam ao
texto original, logo não inspirados, são muito antigos (anteriores à Septuaginta) e
importantes. O conteúdo desses títulos varia, e forma diferentes grupos de salmos, como
(1) o nome do autor (e.g., Salmo 47, "Salmo... entre os filhos de Corá"); (2) o tipo de
salmo (e.g., Salmo 32, um "masquil", que significa uma poesia para meditação ou ensino);
(3) termos musicais (e.g., Salmo 4, "Para o cantor-mor, sobre Neguinote [instrumentos de
cordas]"); (4) notações litúrgicas (e.g., Salmo 45, "Cântico de Amor", i.e., um cântico para
casamento); e (5) breves notações históricas (e.g., Salmo 3, "Salmo de Davi, quando
fugiu... de Absalão, seu filho"). (Nota do Editor - em quase todas as Bíblias atuais,
dependendo da agência publicadora e da respectiva versão e edição, cada salmo traz,
antes de tudo, uma epígrafe [ou título], elaborada por essas agências. É evidente que
essas epígrafes [bem como as demais através da Bíblia] não são inspiradas).
Propósito
Os salmos, como orações e louvores inspirados pelo Espírito, foram escritos para, de
modo geral, expressarem as mais profundas emoções íntimas da alma em relação a
Deus. (1) Muitos foram escritos como orações a Deus, como expressão de (a) confiança,
amor, adoração, ação de graças, louvor e anelo por maior comunhão com Deus; (b)
desânimo, intensa aflição, medo, ansiedade, humilhação e clamor por livramento, cura ou
vindicação. (2) Outros foram escritos como cânticos de louvor, ação de graças e
adoração, exaltando a Deus por seus atributos e pelas grandes coisas que Ele tem feito.
(3) Certos salmos contêm importantes trechos messiânicos.
Visão Panorâmica
O Saltério, uma antologia de 150 Salmos, abarca ampla gama de temas, inclusive
revelações a respeito de Deus, da criação, da raça humana, do pecado e do mal, da
justiça e da santidade, da adoração e do louvor, da oração e do juízo. Alude a Deus de
modo ricamente variado: como fortaleza, rocha, escudo, pastor, guerreiro, criador, rei, juiz,
redentor, sustentador, aquele que cura e vingador; Deus expressa amor, ira e compaixão;
Ele é onipotente, onisciente e onipresente. O povo de Deus é também descrito de várias
maneiras: como a menina dos olhos de Deus, ovelhas, santos, retos e justos que Ele
livrou do lamaçal escorregadio do pecado e pôs seus pés na rocha, dando-lhes um
cântico novo. Deus dirige os seus passos, satisfaz seus anseios espirituais, perdoa todos
os seus pecados, cura todas as suas enfermidades e lhes provê uma habitação eterna.
Características Especiais