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Ó homens, não pensem que o evangelho é algo deixado a escolherem ou
não, conforme acharem! Ó pecadores, não imaginem que podem desprezar
uma Palavra do céu e não incorrer em culpa! Não pensem que podem
negligenciar o evangelho, e nenhuma conseqüência má lhes sobrevirá. Essa
negligência e desprezo aumenta a medida da iniqüidade de vocês. É a
respeito disso que clamamos: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos
tão grande salvação?” (Hb 2.3). Deus ordena que vocês se arrependam! O
mesmo Deus diante de quem o Sinai se abalou e foi tomado por escuridão
— esse mesmo Deus, que proclamou a Lei, com som de trombeta, com
raios e trovões, falou-nos de modo mais gentil, porém divino, mediante seu
Filho unigênito, quando disse: “Arrependei-vos e crede no evangelho”.
Além disso, há outra palavra também usada no original grego que significa
arrependimento; não é usada com freqüência, eu admito. Ela significa “uma
preocupação posterior”, aproximando-se mais do sentido de tristeza ou
ansiedade do que aquela que significa mudar a maneira de pensar. No
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verdadeiro arrependimento, deve haver tristeza e ódio para com o pecado;
do contrário, li a minha Bíblia sem qualquer propósito... O arrependimento
significa realmente uma mudança na maneira de pensar. Mas é uma
mudança completa do entendimento e de tudo que está na mente. Por isso,
inclui iluminação, a iluminação do Espírito Santo. Acho que inclui uma
descoberta da iniqüidade e ódio para com o pecado, sem os quais não pode
haver arrependimento autêntico. Penso que não devemos subestimar o
arrependimento. É uma graça bendita de Deus, o Espírito Santo; é uma
graça absolutamente necessária para a salvação.
Oh! quão bendito é saber onde estas duas linhas se encontram, o despir do
arrependimento e o vestir da fé. O arrependimento que despeja o pecado
como um inquilino maligno e a fé que recebe a Cristo para ser um único
Senhor do coração; o arrependimento que limpa a alma de obras mortas e a
fé que enche a alma com obras vivas; o arrependimento que destrói e a fé
que a edifica; o arrependimento que espalha pedras e a fé que ajunta
pedras; o arrependimento que ordena um tempo de chorar e a fé que dá
um tempo de saltar de alegria — essas duas coisas juntas constituem a
obra da graça no íntimo pela qual a alma do homem é salva. Mas deve ficar
estabelecido como grande verdade, escrita com bastante clareza em nosso
versículo, o fato de que o arrependimento que devemos pregar está
vinculado à fé. Assim, temos de pregar o arrependimento e a fé juntos, sem
qualquer dificuldade...
Então, queridos amigos, aqueles que têm uma fé que lhes permite pensar
levianamente sobre os pecados passados, esses têm uma fé dos demônios
e não a fé dos eleitos de Deus... Têm uma fé que lhes permite viver de
modo leviano, no presente. Eles dizem: “Bem, eu sou salvo por uma fé
simples” e, em seguida, assentam-se na mesa de cerveja, com os bêbados,
ou permanecem no bar com os ébrios, ou seguem companhias mundanas e
desfrutam de prazeres carnais e da concupiscência da carne — eles são
mentirosos. Não têm a fé que salva a alma. Têm uma hipocrisia enganosa;
não têm a fé que os levaria ao céu.
Há outras pessoas que têm uma fé que não as leva ao ódio pelo pecado.
Não sentem qualquer vergonha quando vêem o pecado dos outros. É
verdade que não se comportariam como os outros se comportam, mas se
alegram com o que eles fazem. Acham prazer nos erros dos outros, sorriem
de suas atitudes profanas e de sua linguagem imprópria. Não fogem do
pecado como se este fosse uma serpente, nem o detestam como o
assassino de seu melhor amigo. Não. Elas flertam com o pecado. Cometem
em privacidade o que condenam em público. Chamam as ofensas graves de
erros leves e pequenas falhas. Nos negócios, elas fingem não ver
afastamentos da retidão e consideram-nos apenas coisas do comércio. O
fato, porém, é que elas têm uma fé que se assenta lado a lado com o
pecado, come e bebe à mesma mesa com a injustiça. Oh! se vocês têm
esse tipo de fé, peço a Deus que a retire de seu coração. Não lhes serve de
modo algum! Quanto mais rápido se livrarem dela, tanto melhor será para
vocês; pois, quando este fundamento de areia for removido, talvez
comecem a edificar sobre a Rocha.
Meus queridos amigos, quero ser bastante fiel para com sua alma e atingir
o seu coração. Qual é o seu arrependimento? Vocês têm o arrependimento
que os faz olhar para fora de si mesmos, para Cristo, tão-somente para
Cristo? Por outro lado, têm aquela fé que os leva ao verdadeiro
arrependimento? Que os leva a odiar até o pensamento de pecado, de
modo que desejam remover do trono o seu ídolo mais querido, não importa
qual seja, para que adorem a Cristo, apenas a Cristo? Assegurem-se disto:
nada aquém desse arrependimento lhes será proveitoso, no final. Um
arrependimento e uma fé de outro tipo podes lhe agradar agora, como as
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crianças agradam-se com ilusões. Mas, quando chegarem ao leito de morte
e perceberem a realidade das coisas, serão compelidos a dizer que seu
arrependimento e sua fé eram uma falsidade e um refúgio de mentiras.
Descobrirão que enganavam-se a si mesmos. Diziam a si mesmos: “Paz,
paz”, quando não havia paz.
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encorajou-o a avançar através de todos os desalentos, fazendo-o indiferente
tanto ao riso sarcástico do mundo como ao temor do homem; igualmente
indiferente ao sorriso do cético ateniense, da carranca do luxurioso coríntio e
da fúria do judeu de mente fechada? Que diz o próprio apóstolo? Temos sua
explicação do mistério nas palavras seguintes: "O amor de Cristo nos
constrange".
CONSTRANGEDOR AMOR DE CRISTO
Desde que a morte de Cristo é apontada por todos como o exemplo de Seu
amor, torna-se óbvio pela explicação seguinte que aqui se trata do Seu amor
para com o homem e não do nosso amor para com Ele. (Veja 2 Coríntios
5:15). Foi a visão da extraordinária compaixão do Salvador, movendo-o a
morrer pelos Seus inimigos, a sofrer tremendamente por todos os pecados
deles e provar a morte por todos os homens, que deu a Paulo o impulso em
cada combate, que tornou qualquer sofrimento leve para ele e fez com que
nenhum mandamento lhe fosse pesado. Ele correu com paciência a carreira
que lhe estava proposta. Por que? Porque -olhando para Jesus ele viveu
como um homem "crucificado para o mundo e o mundo crucificado para
ele". De que forma? Olhando para a cruz de Cristo.
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- e examinamos as diferentes formas em que Deus age para trazer as
pessoas a Si.
Agora quero apresentar alguns sinais ainda mais evidentes que mostram
que uma pessoa é cristã autêntica. A fé é um desses sinais, pois a fé é
necessária para que sejamos salvos do pecado. Como Paulo e Silas disseram
ao carcereiro em Filipos, "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo" (Atos
16:31).
Apesar disso, às vezes as pessoas pensam que a fé é misteriosa - tão
estranha e misteriosa que jamais a podem atingir. Para elas eu diria: a fé
não é tão difícil como muitos pensam. Sim - a fé é dádiva de Deus, e não
podemos produzida. Mas, "Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo"
(Rom. 10:9). Leia a passagem inteira em Romanos, capítulo 10, versículos 5
a 13, e verá que Paulo está dizendo que a fé não é coisa difícil. De fato é uma
questão da vontade e do coração. Significa chegar-se a Jesus Cristo,
descansar e confiar nEle, apoiar-se nEle e achar nosso tesouro nEle. Fé é
questão de querer a Jesus Cristo, e procurá-1o para salvação do pecado.
Significa receber a Jesus desse modo. João diz: "a todos quantos o
receberam, deu lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (João 1:12). Fé
significa vir a Cristo, buscando-O com anseio. "Tudo o que o Pai me dá virá a
mim", diz Jesus, e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (João
6:37). Fé significa buscar a Jesus e querer a Sua salvação -"Olhai para mim,
e sereis salvos, vós todos os termos da terra" (Is. 45:22).
Assim a fé, do modo que estou falando no momento, não é algo difícil;
não significa ter o entendimento de coisas difíceis sobre Deus. Inicialmente,
fé não implica em crer que Deus me escolheu, ou que Deus me ama, ou que
Cristo morreu por mim. Essas coisas são, de fato, difíceis. Mas a fé que traz a
todos nós para as bênçãos de Deus não é assim; a fé que nos traz à salvação
é questão de querer a Cristo, ser levado a Ele, apoiar-se e ter confiança
nEle.
Mesmo assim, para alguns, essa fé salvadora é reivindicação excessiva.
Dizem-nos que é excesso de confiança dizer que foram levados a Jesus
Cristo. Entretanto, se devemos ser salvos, temos que ter aquela fé que nos
conduz a Jesus Cristo e não nos deixa afastar dEle. Sem essa fé confiante,
nada mais será suficiente. A não ser que creiamos, ainda estamos
condenados por Deus. "Quem não crê já está condenado; porquanto não crê
no nome do unigênito Filho de Deus" (João 3:18). Assim, ter fé salvadora não e
nada demais para reivindicar. Se não podemos reivindicá-la, não temos
esperança nenhuma.
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Ainda assim, as pessoas dizem que não podemos ter certeza de possuirmos
fé. O apóstolo João, no entanto, nos diz em sua Primeira Epístola que aquele
que crê tem um testemunho em si mesmo (1 João 5:10). Noutras
palavras,podemos saber que estamos confiando em Cristo. Como podemos
saber disso? Bem, no último capítulo expliquei que muitas vezes
descobrimos que Deus nos predispôs para a fé. Ficamos convencidos de
que estamos perdidos; percebemos que não podemos nos salvar do pecado,
e que somente Cristo é capaz de nos salvar completamente. Sabemos que
essa é a única coisa boa que podemos fazer. Esse tipo de predisposição
ocorre muitas vezes antes da vinda da fé verdadeira.
Outras coisas vêm com essa fé verdadeira. Se estamos confiando em
Cristo, vamos querer que Ele controle as nossas vidas; aprenderemos do Seu
ensino; vamos querer nos entregar completamente e sem reserva a Ele.
Todas estas coisas, e outras mais, acompanham a fé autêntica; mas embora
sejam evidências para nós, devo dizer ainda que, à parte delas, podemos
saber em nós mesmos, pela ajuda costumeira do Espírito Santo, se
realmente temos fé no Senhor Jesus Cristo -ou se não a temos.
Talvez ajude se eu disser um pouco mais sobre a natureza desta fé. A Bíblia a
descreve de vários modos -pois a fé é uma experiência diferente para
pessoas diferentes. Às vezes é descrita como querer se unir a Deus e à Sua
paz. Isaías chama isso de "olhar para Deus": "Olhai para mim, e sereis
salvos, vós, todos os termos da terra" (Is. 45:22). Olhar pode parecer um ato
de fé muito fraco, pois podemos olhar àquilo que não devemos aproximar
nem tocar; podemos olhar a alguém a quem não temos coragem de falar.
Contudo, Deus prometeu que aqueles que olharem para Ele com fé serão
salvos do pecado. Isso é simplesmente evidenciado como olhar para Deus,
querer ser unido a Deus. É dessa fé que a Bíblia fala ao se referir como
"querer": "Quem quiser, tome de graça da água de vida" (Apoc. 22:17). Essa
fé que olha para Deus também é descrita como ter "fome e sede de justiça"
(Mat. 5:6).
Às vezes a fé é descrita com "dependendo do Senhor", ou "descansando"
em Jesus Cristo. É colocada também como "confiando em Deus". Isaías nos
diz que Deus conservará em paz perfeita aqueles cujas mentes estão fixas
nEle, porque confiam nEle (Is. 26:3).
A fé também é descrita como "esperando por Deus". Deus prometeu: "os
que confiam em mim não serão confundidos" (Is. 49:23). De fato, a Bíblia nos
mostra claramente que Cristo pode fazer o bem aos pecadores segundo a
necessidade deles. A fé nos leva a Cristo nos modos como Ele é descrito:
quando ouvimos sobre Cristo como o pão da vida, a fé tem fome dEle; quando
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ouvimos sobre Cristo levantado da morte, a fé crê que Deus O levantou. A fé
crê no nome de Jesus, conforme todos os modos em que Jesus é descrito.
Deixem-me repetir, entretanto, que nem todos experimentam a fé do
mesmo modo ou com o mesmo ímpeto. No Novo Testamento Jesus fala de
certas pessoas que tinham uma grande fé. Um caso desses é o centurião
(Mat. 8:10). Dessas falas de Jesus podemos perceber que enquanto outros
tinham a fé autêntica, nem todos tinham uma grande fé. Assim, não imaginem
que a fé tenha que se mostrarem todas as formas que descrevi, a fim de ser
real.
Lembrem-se também, que a fé varia em vigor, até na mesma pessoa. As
vezes a fé de alguém está forte e pode ser facilmente percebida; depois pode
se tornar fraca e a incredulidade se torna mais forte.
Então, a fé se evidencia de muitos modos; mas o que está no âmago da fé
verdadeira é o seguinte: estar contente e satisfeito com o plano da salvação
de Deus, através de Jesus Cristo. Quando alguém está agradecido pela
morte de Cristo no lugar dos pecadores (o que significa que Deus pode, em
justiça, perdoar pecadores), então aquela pessoa tem a fé que salva
pecadores. A fé salvadora significa desistir totalmente de pensar em conseguir
o favor de Deus por meio das obras, e em lugar disso, descansar no que
Cristo fez para tomar sobre Si o castigo devido ao pecador. Essa fé está em
todos os que nasceram de novo - em todo o verdadeiro cristão -mesmo que
não seja evidenciada por todas as maneiras sobre as quais falei.
Assim, o que devemos perguntar a nós mesmos é simplesmente o
seguinte: estou satisfeito com o Senhor Jesus Cristo? Ele é aquele a quem
dou mais valor do que a qualquer outra coisa? É precioso para mim, por ser o
único caminho para Deus? Estar satisfeito com Jesus Cristo como aquele que
carregou os nossos pecados e é o nosso único Salvador, é fé autêntica. Isso
é crer com o coração. É estar satisfeito com o caminho de Deus para a
salvação de pecadores através de Cristo; é concordar com o caminho de
Deus para a salvação, e recebê-lo com alegria, através de Jesus Cristo.
Deixem-me repetir, podemos saber se temos fé assim, pois não podemos ter
dúvidas sobre isso se estamos descansando inteiramente em Jesus Cristo
para nos levar a Deus, e se valorizamos o Senhor Jesus Cristo acima de todos
e de tudo o mais. Aquele que crê desse modo não perecerá, mas terá "a vida
eterna" (João 3:16).
Todavia, seria possível existir uma fé falsa que seja como a verdadeira e
tão parecida que não podemos perceber a diferença? Ora, muitos admiram
Jesus hoje, assim como muitos creram nEle quando viram os milagres que fez.
Como poderemos distinguir essa falsa fé, fé simulada, da fé genuína,
verdadeira?
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Primeiro, a fé falsa nunca desiste totalmente da idéia de que podemos
ajudar, ao menos um pouco, em nossa própria salvação do pecado. Fé falsa
faz com que as pessoas perguntem, como o homem em Lucas 10:25: "que
farei para herdar a vida eterna?" A falsa fé também quer apegar-se a outras
coisas além de Cristo. Assim, a falsa fé nunca confia completamente em
Cristo, e somente em Cristo.
Em segundo lugar, pessoas com falsa fé não querem que Cristo as dirija,
ou faça a paz entre elas e Deus em todos os tempos, ou ensine-as e as guie.
A falsa fé de fato não recebe a Cristo como rei, sacerdote e profeta.
Em terceiro lugar, a falsa fé não está pronta a seguir a Cristo pelas
agruras, perdas e sofrimentos. A fé verdadeira quer somente a Cristo, não
importa o que custe.
Explicarei depois outras diferenças entre a fé autêntica e a falsa. Por
exemplo, somente a fé autêntica tem o efeito de purificar a vida interna da
pessoa (Atos 15:9). Onde houver fé autêntica, sempre haverá também todas
as virtudes espirituais (Gal. 5:22-23).
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