SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA

DE CABEÇA E PESCOÇO
Fundada em 1967 – CNPJ 49.332.307/0001-89
Filiada a AMB
Entidade de Utilidade Pública (SP) Lei nº 6488 de 15/09/89

RECOMENDAÇÃO DA SBCCP SOBRE ATENDIMENTO MÉDICO NA

ESPECIALIDADE DURANTE EPIDEMIA DE COVID-19.
(23 de março de 2020)

A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) tem sido procurada por vários
colegas buscando orientações de como proceder com os atendimentos em vigência da epidemia de
COVID-19 no Brasil. Diante disso, decidimos compilar as respostas aos principais questionamentos
neste documento, alinhadas com as recomendações do Conselho Federal de Medicina (CFM) e demais
órgãos normativos, sempre buscando preservar o exercício de uma medicina ética e segura para toda
a comunidade (pacientes e profissionais de saúde).

I – CONSULTAS E PROCEDIMENTOS ELETIVOS

Em orientação publicada pelo CFM em 20/03/2020, foi recomendado que: “Os leitos hospitalares devem
ser destinados prioritariamente aos pacientes com quadros graves de COVID-19. Recomenda-se aos
gestores a suspensão dos atendimentos ambulatoriais e de procedimentos eletivos”.(1) Além
disso, a publicação recomenda que médicos acima de 60 anos de idade devem ser afastados da
“linha de frente” no combate à epidemia e reforça a necessidade do uso de EPI (equipamentos de
proteção individual) conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).(1)

Alguns conselhos regionais de medicina publicaram restrições mais específicas, recomendando, por
exemplo: “que os consultórios e clínicas ... devem ter seus serviços suspensos temporariamente, com
exceção do atendimento a pacientes com situações ou doenças ‘tempo-sensíveis’: tratamento
oncológico, cirurgias de urgência/emergência, imunoterapia, gestação de alto-risco / final de gravidez,
receitas de uso contínuo ou controladas, dentre outras”.(2)

Isso posto, a SBCCP recomenda aos seus especialistas e gestores de saúde:

1. Consultas e procedimentos cirúrgicos eletivos em geral devem ser suspensos, tanto a nível de
medicina pública quanto privada. Entretanto, casos oncológicos “tempo sensíveis” não
devem ser prejudicados, cabendo ao especialista fazer esse julgamento (quem são os
pacientes que não podem ter atendimento suspenso), principalmente se ele for o único a prover
atendimento especializado na região. Ressaltamos que nem todas as doenças oncológicas em
nossa especialidade demandam atendimento nesse contexto, pois tratam-se de tumores com
progressão muito lenta e/ou em fase inicial. É provável que consultas de seguimento oncológico

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e acompanhamento possam ser postergadas sem prejuízos aos pacientes.

2. A SBCCP já se posicionou, em recomendação publicada em 18/03/2020, para que
TRAQUEOSTOMIAS E PROCEDIMENTOS ENDOSCÓPICOS COM MANIPULAÇÃO DE VIA
AÉREA sejam evitados durante a epidemia. Caso seja imperativa a realização, os cuidados
de proteção da equipe e do ambiente, com uso adequado de EPI, devem ser rigorosamente
seguidos.
3. Sugerimos que os profissionais de saúde com idade igual ou superior a 60 anos, bem como
portadores de comorbidades definidoras do “grupo de risco” para desenvolvimento de
complicações pela COVID-19, adotem o isolamento social ou sejam remanejados para funções
administrativas durante a epidemia, principalmente se em localidades onde a doença já se
encontra em fase de contaminação comunitária. Ressaltamos que profissionais da nossa
especialidade e áreas afins estão entre os mais contaminados pela doença nos relatos de outros
países que se encontram em fase mais avançada da epidemia.
4. Diante das particularidades e realidades distintas em nosso país; tanto no tocante ao exercício
da nossa especialidade, como na situação da epidemia a nível local; sugerimos que os colegas
necessitando de um maior respaldo para a suspensão das atividades façam uma consulta formal
ao seu respectivo conselho regional de medicina, para obtenção de parecer específico para o
seu caso.

II – DISPONIBILIZAÇÃO DE EPI (EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL)

Cabe à instituição hospitalar prover EPI e condições adequadas para o atendimento. Situações onde o
médico não se sentir seguro para prestar atendimento por falta de material essencial ou deficiência de
natureza similar devem ser denunciadas imediatamente e formalmente ao seu respectivo conselho
regional de medicina, principalmente em casos onde o médico se recusou a prestar atendimento.

Solicitamos que os colegas estejam atentos às determinações da CCIH (Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar) de suas respectivas instituições e que leiam a publicação da OMS a respeito do
tema. Pode haver divergência de entendimento, principalmente no manejo de casos não-suspeitos de
COVID-19 em cidades que já estão na fase de contaminação comunitária da doença. O ideal é que um
entendimento sobre cada situação seja buscado previamente, evitando conflitos durante o atendimento.
Há de se ponderar que somos “profissionais da via aérea” e um simples exame físico da boca e
orofaringe já nos coloca em situação de exposição.

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III – TELEMEDICINA DURANTE A EPIDEMIA

O CFM se posicionou sobre o tema através do ofício publicado em 19/03/2020 (OFÍCIO CFM No
1756/2020 – COJUR), permitindo em caráter de excepcionalidade e somente enquanto durarem as
medidas de combate a epidemia, que os médicos realizem: teleorientação, telemonitoramento, e
teleinterconsulta. O documento NÃO LIBERA A REALIZAÇÃO DE TELECONSULTAS E
TAMPOUCO DEFINE A COBRANÇA DE HONORÁRIOS MÉDICOS para tal.

A SBCCP recomenda que seus especialistas sigam as determinações do CFM e, até o momento, é
permitido apenas o que foi acima exposto.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os colegas devem estar atentos para as datas de publicação e validade dos documentos, bem como
para as particularidades da sua cidade ou região. É importante salientar que a epidemia é dinâmica,
com as recomendações de enfretamento passíveis de mudanças a cada dia e variando de acordo
com situação epidemiológica de cada localidade.

Esperamos que todos nós passemos por esta fase terrível, e que possamos logo voltar a prestar nossos
valiosos serviços de forma integral e irrestrita aos nossos pacientes.

Diretoria da SBCCP

REFERÊNCIAS
1) http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28641:2020-03-20-22-16-32&catid=3 e
http://portal.cfm.org.br/images/comunicadocfmcovid.jpg (aceso em 23/03/2020).
2) http://www.cremec.org.br/covid19.html (aceso em 23/03/2020).

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